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capítulo IV A Aula como Unidade Estrutural e Articulada do Processo de Ensino A aula é a forma organizativa básica do ensino, pela da qual o professor organiza, dirige, impulsiona, mobiliza a atividade cog- noscitiva de um grupo de alunos; considerando as peculiaridades destes, utilizando métodos de trabalho que criam, desenvolvem e transformam as condições propícias e necessárias para que todos os alunos dominem os fundamentos dos conteúdos, bem como para o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, a partir de objetivos previamente estabelecidos. Na aula, encontramos todos os elementos fundamentais do processo didático escolar (objetivos, conteúdos, métodos, ensino, aprendizagem e as condições - meios, recursos, instrumentos, orga- nização administrativa) em manifestação, conexão e determinação recíproca. A aula sintetiza, pois, o processo pedagógico escolar como um processo de mediação onde se conjugam todos os elementos fun- damentais do processo educativo, bem como a multidimensionalida- de do processo didático, em seus aspectos filosófico-ideológico-ético, sociológico, político, psicológico, epistemológico e técnico. Não se trata aqui da aula como estrutura estática e isolada no tempo e no espaço escolar, mas como processo em que se manifesta e se estrutura a aprendizagem de uma unidade didática, que na

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capítulo IV

A Aula como UnidadeEstrutural e Articulada do

Processo de Ensino

A aula é a forma organizativa básica do ensino, pela da qual oprofessor organiza, dirige, impulsiona, mobiliza a atividade cog-noscitiva de um grupo de alunos; considerando as peculiaridadesdestes, utilizando métodos de trabalho que criam, desenvolvem etransformam as condições propícias e necessárias para que todos osalunos dominem os fundamentos dos conteúdos, bem como para odesenvolvimento de suas habilidades cognitivas, a partir de objetivospreviamente estabelecidos.

Na aula, encontramos todos os elementos fundamentais doprocesso didático escolar (objetivos, conteúdos, métodos, ensino,aprendizagem e as condições - meios, recursos, instrumentos, orga-nização administrativa) em manifestação, conexão e determinaçãorecíproca. A aula sintetiza, pois, o processo pedagógico escolar comoum processo de mediação onde se conjugam todos os elementos fun-damentais do processo educativo, bem como a multidimensionalida-de do processo didático, em seus aspectos filosófico-ideológico-ético,sociológico, político, psicológico, epistemológico e técnico.

Não se trata aqui da aula como estrutura estática e isolada notempo e no espaço escolar, mas como processo em que se manifestae se estrutura a aprendizagem de uma unidade didática, que na

a) da relação entre objetivos e conteúdos;

b) da lógica interna da matéria a ser ensinada (os fatos, osconceitos fundamentais, as leis, os modelos, as teorias e osmétodos próprios de cada área do conhecimento);

c) do nível de conhecimentos alcançado pelos alunos;

d) da capacidade de sistematização, organização e criatividadedidática do professor; e) das condições organizativas, mate-riais, técnicas, administrativas da escola;

f) das funções didáticas, fases, passos ou momentos metodo-lógicos gerais do processo de ensino.

DIDÁTICA DE CIÊNCIAS NATURAIS NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CRíTICA I 153152 I ANTONIO CARLOS HIDALGO GERALDO

maioria das vezes não se resume a uma aula, mas a um conjuntode aulas, isto é, um processo de aulas. Outro aspecto importante aconsiderar é que o processo didático, que se sintetiza na aula, en-volve, além dos fatores internos ao professor e alunos, os princípioscientíficos e metodológicos dos conteúdos e do processo educativo,e as condições objetivas quanto à sociedade, à política, à cultura,isto é, quanto às condições concretas que determinam o processode ensino-aprendizagem.

A estrutura da aula segue a estrutura lógica do processo docente,que por sua vez depende:

sistematização e compreensão das funções essenciais, nucleares,desse processo, e que a manifestação concreta do fenômeno didáticodepende também de outros determinantes fundamentais, como oscitados anteriormente.

Modelo de Plano de Aulas

Desenvolvido pelo autor deste trabalho com base nos trabalhosde Gasparin (2002), Klingberg (1978), Libâneo (1990) e Saviani, D.(2000 e 2003).

Será apresentado a seguir um modelo de planos de aula de-senvolvido com base na proposta metodológica apresentada porDermeval Saviani, nas leis e nos princípios didáticos e nos princípiosmetodológicos expostos anteriormente, que servirão como orien-tação e como critério de organização, sistematicidade e efetividadepara os professores das ciências naturais no planejamento, desen-volvimento e avaliação dos processos de ensino e aprendizagem. Épreciso lembrar que os esquemas da estrutura didática do processode ensino não devem ser apreendidos como esquemas rígidos paraa estruturação de uma unidade didática ou de uma aula, mas como

1) Tema:

2) Objetivos:

3) Conteúdos (principais tópicos).

4) Técnicas Didáticas:

5) Introdução: a prática social inicial (a visão sincrética inicial).

5.1) Problematização Inicial:

• Organização de questões que problematizem o temacentral da aula, utilizando uma linguagem acessívelaos alunos, buscando trazer à tona os conhecimentosque estes já têm sobre o tema, despertar a curiosidade,motivar os alunos para que se concentrem nos estudose nos objetivos da aula.

5.2) Contextualização:

• Apresentar e iniciar a discussão sobre a importância dotema no cotidiano dos alunos, para a sociedade e paraa ciência.

• Levantamento, problematização e discussão dos conhe-cimentos que os alunos têm sobre o tema da aula.

• Situar os conhecimentos da aula na sequência lógica dosconteúdos já trabalhados.

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• Apresentar os conceitos básicos do tema da aula.• Introdução, delimitação e orientação didática dos ob-

jetivos propostos.• Apresentar resumidamente, de forma esquemática,

sistematizada e problematizada as dimensões históricas(sociais e do desenvolvimento interno da ciência) dosconceitos básicos a serem assimilados-apropriados.

A contextualização e a problematização inicial, não sãoestanques, nem fixas nem rigidamente subsequentes, mas vãocomplementando-se, alternando-se, conforme as necessida-des e possibilidades da situação concreta de aprendizagem edeverão ser retomadas, aprimoradas e sobrepostas ao longodas demais fases do desenvolvimento da aula.

Um aspecto muito importante dessa fase inicial do pro-cesso de ensino e aprendizagem diz respeito à preparaçãomediata e imediata dos alunos para a aula: como preparaçãomediata, refiro-me às leituras preliminares, e/ou observaçãode fenômenos, e/ou entrevistas com profissionais Ou pessoasexperientes na área que se vai estudar, e/ou visitas a locaisrelacionados ao tema da aula, e/ou coleta de materiais paraserem utilizados na aula; como preparação imediata, refiro-me à recapitulação dos conhecimentos já assimilados, ou,melhor dizendo, a reativação dos conhecimentos e capa-cidades que são necessários para compreender a matérianova, a organização da turma para os estudos, a adequadaapresentação e discussão problematizada dos objetivos daaula relacionados com os objetivos já alcançados e com osobjetivos gerais do processo educativo escolar, uma vez quea aprendizagem significativa depende da concatenação dasideias, dos conceitos, das habilidades, com os conhecimen-tos e habilidades já assimilados-apropriados pelos alunos(Klingberg, 1978, p. 231).

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6) Desenvolvimento: O momento analítico-sintético.

Corresponde às funções didáticas de trabalho com anova matéria. Envolve um grande número de ações didáticasinter-relacionadas que só podem ser separadas teoricamentepara efeito de sistematização e planejamento. É o momentode instrumentalizar e mobilizar os alunos para os procedi-mentos de identificação, classificação, quantificação, genera-lização, análise, síntese, proposição de hipóteses, assimilaçãoe interpretação de fenômenos, modelos, teorias, solução deproblemas, exercícios didáticos, discussões, debates etc.

Nesta etapa, os princípios gerais da didática e os princípiosmetodológicos deverão manifestar -se com toda sua efetividade,oportunidade, exequibilidade e objetividade, como: a responsa-bilidade diretiva e mobilizadora do professor; a auto atividadedo aluno; a exequibilidade das tarefas; a sistematização lógicados conhecimentos; a organização dos procedimentos didá-ticos; a instrumentalização dos estudos; a problematizaçãoanalítica, crítica e totalizadora dos conteúdos; a dialogicidade;a interdisciplinaridade; a aplicação dos conteúdos; os enfoques:ambiental, evolutivo e metodológico das ciências naturais; e aênfase em educação para a saúde. Valealertar que os princípiosdidático-metodológicos serão utilizados e aplicados na medidade sua oportunidade e possibilidade, não necessariamentetodos estarão presentes numa mesma aula e ao mesmo tem-po; a sua aplicação efetiva no trabalho docente e discente vaidesenvolvendo-se juntamente com o aprimoramento profis-sional do professor e o desenvolvimento dos conhecimentos edas habilidades intelectuais dos alunos.

Devemos considerar, também, que, nesta etapa da aula,a criatividade e o domínio dos conhecimentos necessáriosao professor, a flexibilidade e adequação do planejamentoà situação concreta da aula, a capacidade de liderança, de

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equilibrar autoridade, responsabilidade, liberdade, amizade,empatia; entrarão em seu momento máximo de tensão, e omovimento do processo didático-pedagógico de forma en-riquecedora da personalidade, de forma reflexiva, prazerosa,concentrada e ao mesmo tempo descontraída e harmoniosa,deverá ser a tônica do desenvolvimento da aula. E essascaracterísticas do processo didático não são naturais ougratuitas, são frutos do trabalho, da concentração, da buscade aprimoramento do professor e dos alunos como sujeitosdo processo educativo escolar.

Apenas para feito didático, podemos subdividir estaetapa em três momentos nucleares, que se relacionam, sesobrepõem e se impulsionam reciprocamente.

6.1) InstrumentalizaçãoUtilização dos recursos materiais (laboratórios, ins-

trumentos, coleções de zoologia e de botânica, materiaiscoletados etc.) e dos recursos teóricos (roteiro de questões,livros, textos, exposição de ideias, apresentação de problemas,cartazes, painéis, vídeos etc.), para o aprofundamento doconhecimento sobre o tema da aula.

6.2) AnáliseA partir de um roteiro de questões mais detalhadas, ela-

boradas pelo professor a partir dos tópicos específicos e dosconceitos fundamentais a serem desenvolvidos ao longo daaula, o aluno faz: observação, registro, sistematização, iden-tificação, classificação, quantificação, relaciona fenômenos,conceitos, teorias, levanta e testa hipóteses, debate, participada discussão e reflexão sobre os materiais que lhe são apre-sentados, acompanha e assimila as exposições apresentadaspelo professor, realiza apresentação escrita ou oral; desen-volvendo uma problematização detalhada, analítica, crítica,totalizadora do tema, dos tópicos em que está dividida a

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matéria, dos conceitos básicos em estudo e das habilidadesa serem desenvolvidas.

6.3) Síntese.a catarseNesta fase, o aluno relaciona os dados, tira conclusões,

responde às questões, relaciona sua experiência com o novoconhecimento, relaciona as partes analisadas entre si e com otodo do tema estudado, suas estruturas e funções: apresentapara os colegas e para o professor as hipóteses e as conclusõesa que chegou, aplica os conhecimentos através de exercíciosou práticas, relaciona o novo conhecimento com a realidadesocial, supera o conhecimento sincrético e, a partir da aná-lise e da reflexão totalizadora, desenvolve o conhecimentosintético (de síntese). "Trata-se da efetiva incorporação dosinstrumentos culturais, transformados agora em elementosativos de transformação social" (Saviani, D., 2003, p. 72).

7) Conclusão: a prática social final do conteúdo, transformadae transforrnadora como finalidade.

As principais perguntas que o professor deverá fazer paraos alunos nesta fase, e responder junto com eles, são: O quefoi aprendido com esta aula? Os objetivos propostos foramatingidos? Vamos fazer um resumo do conteúdo estudado?Que conceitos gerais, teorias e/ou princípios podem servirde referência para uma visão de totalidade do conteúdo es-tudado, para sua aplicabilidade social, e para a continuidadedos estudos?

Uma marca distintiva desta etapa é trazer à tona, à cons-ciência e ao debate, as várias dimensões dos conteúdos edu-cacionais, como: a dimensão filosófica, a dimensão social, adimensão econômica, a dimensão política ete. Nas fases ante-riores, essas dimensões estão presentes, mas são as dimensõesepistemológica, psicológica e lógica que se manifestam commaior evidência e mais conscientemente. Na conclusão da

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aula todas as dimensões do processo educativo deverão virà tona e ser objeto consciente do debate; aquilo que ficoulatente, nas entrelinhas, agora deverá ser problematizado eretomado, na busca de uma contextualização mais aprofun-dada, crítica, totalizadora e concreta, tornando-se conscienteque o conhecimento, que se desenvolve a partir da realidadee das práticas sociais, é síntese de múltiplas determinações epara estas mesmas práticas sociais deverá estar voltado.

Como processo de conhecimento, o processo educativoescolar pode ocorrer no âmbito de uma prática muito pró-xima do formalismo: pode "naufragar" e perder-se, aindaque parcialmente, no mar da dimensão epistemológicalógico-formal do conhecimento científico (dos conceitose teorias em si, por si e para si), numa lógica internalista ereducionista dos conceitos e teorias científicas, isto é, numalógica isolada do seu conteúdo concreto que é composto pordiversas dimensões: como visão de mundo, como instrumen-to de poder, como manifestação e determinação das relaçõessociais em sentido geral e das relações sociais de produção emsentido estrito. E, neste sentido, novamente chamo a atençãopara a responsabilidade diretiva e mobilizadora do professor:sua síntese, sua visão de totalidade, sua concepção crítica,concreta, dos conteúdos e das práticas sociais, entrarão agorano seu momento de máxima tensão; na sua relação com oobjeto de estudos e na sua relação com os alunos e com osobjetivos do processo educativo (a formação e o desenvol-vimento intelectual crítico, criativo, independente, ativo,fundamentado cientificamente, problematizador, totalizadordos alunos). Portanto, na conclusão da aula, a experiência doprofessor, sua visão de totalidade, sua capacidade de reunir asdiversas contribuições e sínteses parciais realizadas pelos alu-nos e sua capacidade de relacionar e de aplicar os conteúdos

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nas práticas sociais, deverão ser acionadas: para contribuir naconstrução de uma síntese totalizadora nos pontos em queos alunos não conseguiram desenvolver sozinhos ao longoda aula, como forma de garantir e ampliar a apropriação deconhecimentos e habilidades por todos os alunos.

Serão mostradas, a seguir, algumas sugestões de proce-dimentos que podem contribuir para a conclusão da aula,lembrando que nada, nenhum método ou critério meto-dológico, pode substituir a importância da criatividadedo professor, sua capacidade de inovar, sua capacidade desistematização e de síntese, com isso não estou defendendouma atitude espontaneísta e improvisadora. Defendo sim,e com ela procuro contribuir por meio deste trabalho, umaatitude organizada, sistemática, planejada do professor, noprocesso de ensino, mas isto não pode significar um enrije-cimento, uma cristalização metodológica, como se houvesseuma "receita de bolo" para a prática de ensino, pois, aindaque houvesse, essa receita não seria adequada às diversassituações concretas da realidade educacional:

• Fazer (e/ou estimular os alunos a fazer e debater) umresumo da matéria estudada, buscando uma visão detotalidade sobre o conteúdo estudado, relacionando-ocom as práticas sociais.

• Responder e/ou pôr em discussão todas as questõeslevantadas ao longo da aula: aquelas que foram res-pondidas, aquelas que não foram respondidas, e novasperguntas que surgirem pela iniciativa dos alunos.

• Retomar, aprofundar e debater a importância daqueleconteúdo para a vida dos alunos e para o desenvolvi-mento da ciência.

• Anunciar a sequência da matéria para a próxima aula,fazendo uma introdução à problematização inicial da

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próxima aula, para motivar os alunos a continuar os estu-dos e estimular uma busca da construção de uma visão decontinuidade e de totalidade concreta dos conteúdos.

o Sugerir as "tarefas para casa", em parte para a consolida-ção do que foi aprendido e em parte para a preparaçãopara a próxima aula e a continuidade dos estudos.

8) AvaliaçãoA avaliação diagnóstica e formativa deve ser um processo

dinâmico que qualifique, mobilize e subsidie a transformaçãoe adequação das ações didáticas para o desenvolvimento doprocesso educativo escolar na situação didática concreta.

Para que sejam efetivos e atendam às suas funções, osinstrumentos da avaliação diagnóstica deverão:

Medir resultados de aprendizagem claramente definidos

a partir dos objetivos didático-pedagógicos;

Medir uma amostra adequada dos resultados de apren-

dizagem e o conteúdo da matéria de ensino;

Conter os tipos de itens que são mais adequados para

medir os resultados de aprendizagem desejados;

• Ser planejados para se ajustar aos usos possíveis e, em

consequência, ser interpretados com cautela;

Ser utilizados para melhorar a aprendizagem dos estu-

dantes e do sistema de ensino

(LUCKESl, 1999, p. 83).

O professor deverá lançar mão de diversos meios einstrumentos de avaliação ao longo de todo o processo deensino: observação e registro do comportamento dos alunos,questões dissertativas, questões objetivas, apresentação oral,debates, questionamentos, reflexões, participação ativa doaluno na problematização, nas atividades de aplicação teóricae prática dos conteúdos, nas tarefas para fazer em casa etc.

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9) Recursos

10) Cronograma

11) Bibliografia'

Exemplo de um Plano de Aula

1) Tema: Introdução ao estudo da água.

2) Objetivos:

o Levantar informações sobre o nível de consciência dosalunos em relação às questões da utilização e da con-servação da água em nosso planeta e em nossa região,

o Desenvolver conhecimentos sobre a água como recursonatural.

o Desenvolver a consciência crítica dos jovens sobre asquestões do uso e da conservação das águas, como di-reitos e obrigações de todos,

o Estimular a mobilização dos jovens quanto às açõesnecessárias para a utilização sustentável da água,

o Iniciar o estudo do Rio Cuiabá como fonte de vida paraas populações de nossa região.

3) Conteúdos:

o A origem da água na Terra.

o Distribuição da água no planeta: a formação dos ocea-nos, rios, lençóis subterrâneos, geleiras, nuvens.

o A utilização das águas pelas populações.

. A importância das águas para os seres vivos.

4) Técnicas didáticas:o Leitura e análise do livro didático e de um texto com-

plementar.• Visita ao Aquário Municipal.

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• Exposição oral do professor• Utilização de cartazes, fotos, mapas, filme e discutir as

questões levantadas na problernatização e na contex-tualização da aula.

• Resolução de questões sobre o tema da aula, em gruposou individualmente.

• Elaboração pelos alunos de cartazes e textos (escritose orais) para serem apresentados e discutidos com oscolegas.

5) Introdução:

5.1) Problematização inicial:

a) Como as águas se formaram em nosso planeta?

b) Quais os tipos de reservatórios de água no ambientenatural?

c) Qual a importância da água para os seres vivos?

d) Todos os homens têm acesso igual para a utilização daságuas?

e) Você sabe como é feito o tratamento das águas para autilização humana?

f) Existem leis para a utilização das águas?

5.2) Contextualização (texto didático de referência para aintrodução da aula):

Como se formaram os oceanos, rios e lagos na crosta daTerra?

A água existente atualmente na crosta terrestre surgiu e acu-mulou-se ao longo das transformações ocorridas desde os temposremotos da formação do nosso planeta, expelida na forma de vaporde água a partir das rochas incandescentes do magma que formava

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a Terra primitiva. A água, na forma gasosa, subia pela atmosferaformando as nuvens primitivas. Quando essas nuvens atingiam asregiões frias da atmosfera, formavam-se as chuvas primitivas, e aágua voltava à Terra na forma líquida. Ao entrar em contato com asrochas quentes que formavam a superfície da Terra, ela evaporavanovamente, formando novas nuvens e novas chuvas; ao longo dotempo, esse ciclo de evaporação da água e chuvas foi resfriando asuperfície da Terra, formando as rochas e solos da crosta terrestrecomo conhecemos hoje.

Ao longo de milhões de anos, essas chuvas primitivas, as diferentesformas de relevo, os diferentes tipos de rochas, de solos e de climas,formaram as águas da crosta terrestre, nas diferentes formas emque podemos encontrá-Ia: os oceanos, os rios, os lagos, os lençóissubterrâneos, as geleiras, as nuvens, o vapor de água existente naatmosfera, e que possibilitaram o surgimento e o desenvolvimentodos diferentes tipos de seres vivos na Terra.

Aproximadamente 97% da água que existe na crosta da Terra éágua salgada, dos 3% restantes de água que não é salgada, aproxi-madamente 2% formam as geleiras polares, assim, apenas 1% daágua existente na superfície da Terra é potável, isto é, própria paraa utilização pelo homem. Algumas regiões têm grande quantidadede água doce, como o Pantanal e a Amazônia, outras têm muitopouca água potável disponível, como, as regiões desérticas e ossemiáridos.

Será que todos nós temos acesso igual aos recursos hídricos? Porque vemos nos noticiários que os bairros onde moram as populaçõesmais pobres, em nossas cidades, têm o fornecimento de água cortadoconstantemente, enquanto nos bairros onde mora a população maisrica raramente sevê a mesma reclamação? Como se poluem as águas?Quem polui as águas? Quais as consequências da má utilização daságuas? Qual a importância da água no nosso dia a dia? Na higiene,na alimentação, no lazer, na agricultura, na indústria?

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Vamos estudar todas essas questões! Vamos estudar, também, oRio Cuiabá e seus afluentes, que são a maior fonte de água de nossaregião, por onde começou a colonização portuguesa e a formação denossas cidades. Qual a sua importância para nossa população? Estamospoluindo as águas do Rio Cuiabá? Como? Quais as consequências?

6) Desenvolvimento:

a) Instrumentalização: Utilização do livro didático e de umtexto complementar desenvolvido para contextualizaro conteúdo sobre águas, utilizando o Rio Cuiabá comotema de problernatização; preparação de uma visita aoAquário Municipal, para observação das espécies depeixes existentes no Rio Cuiabá.

b) Análise: estudo de textos sobre a formação, a distribui-ção' a utilização e a poluição das águas na sociedadecontemporânea; utilizar cartazes, fotos, mapas, filmes,para servir de referência para os alunos discutirem asprincipais questões levantadas na problernatização e nacontextualização da aula; resolução de questões sobre otema da aula, em grupos ou individualmente.

c) Síntese: elaboração de cartazes e textos (escritos e orais)para serem apresentados e discutidos com os colegas,demonstrando o ciclo das águas, a distribuição das águasna forma de bacias hidrográficas; discussão sobre os di-ferentes tipos de águas, sua evolução nos diferentes am-bientes, sua relação com os seres vivos e a interferênciahumana utilizando os recursos hídricos; apresentaçãoe discussão das respostas da questões resolvidas pelosalunos na forma de exercícios didáticos.

7) Conclusão:Possibilitar aos alunos uma visão totalizadora da im-

portância do reconhecimento do processo de formação

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das águas, de seus diferentes tipos de reservatórios, de suadistribuição pelo planeta, de sua distribuição em nossopaís e em nossa região e de sua importância para a vida naTerra; buscando desvelar a realidade daqueles que detêm opoder sobre as águas, daqueles que a utilizam como formade sobrevivência, e daqueles que a utilizam de forma abu-siva, desperdiçando e contaminando as águas. Mobilizandoos alunos para participarem ativamente do debate final,aplicando e demonstrando os conhecimentos e reflexõesaprendidos e desenvolvidos ao longo da aula.

8) Avaliação:A avaliação será feita pela observação e registro das ações,

questões, respostas, iniciativas, participação dos alunos du-rante a aula, e pela elaboração individual de um pequeno eresumido texto sobre o tema da aula e as principais questõeslevantadas, para ser feito em casa e entregue na aula seguinte,e que servirá de contextualização inicial para esta próximaaula.

9) Recursos: texto didático, cartazes, transparências, retro-projetor, DVD, mapas.

10) Cronograma: 3 horas/aula.

11) Bibliografia da aula:

BARROS,Carlos. Ciências: o meio ambiente. São Paulo, Ãtica, 2004.BRANCO,S. M. Agua: origem, usos e preservação. 7. ed. São Paulo,Moderna, 1993, 7lp. (Coleção polêmica)BRITSKI,H. A. et aloManual de peixes do Pantanal. Brasilia, Embrapa,2000, 184p.COSTA,M. L. M. Vivendo ciências. São Paulo, FTD, 1999.GEWANDZNAjDER,F. Ciências: oplaneta terra. São Paulo, Ãtica (2002:75).MlRANDA,L. & Amorim, L. Mato Grosso: atlas geográfico. Cuiabá,Entrelinhas, 2000.

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SILVAIúnior, c. Ciências: entendendo a natureza. São Paulo, Saraiva,1999 (5. série).SIQUElRA, E. M. História de Mato Grosso. Cuiabá, Entrelinhas,2002.