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INSTITUTO MACHADENSE DE ENSINO SUPERIOR Mirian Krema da Encarnação Rafaela Helena Silva Sena Renata Pereira de Almeida Thiago Aparecido Faria A Batalha de Cajamarca

A Batalha de Cajamarca

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Page 1: A Batalha de Cajamarca

INSTITUTO MACHADENSE DE ENSINO SUPERIOR

Mirian Krema da EncarnaçãoRafaela Helena Silva SenaRenata Pereira de Almeida

Thiago Aparecido Faria

A Batalha de Cajamarca

MACHADO – MG15/03/2012

Page 2: A Batalha de Cajamarca

Mirian Krema da EncarnaçãoRafaela Helena Silva SenaRenata Pereira de Almeida

Thiago Aparecido Faria

A Batalha de Cajamarca

Trabalho apresentado ao Curso de Direito do Instituto Machadense de Ensino Superior.

Prof. Pablo Viana Pacheco

MACHADO – MG15/03/2012

Page 3: A Batalha de Cajamarca

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO ....................................................................... 01

2 DESENVOLVIMENTO ........................................................... 03

3 CONCLUSÃO ......................................................................... 14

4 BIBLIOGRAFIA ....................................................................... 15

Page 4: A Batalha de Cajamarca

1 INTRODUÇÃO

As civilizações que povoaram a América antes da chegada dos

europeus viviam em comunidades; onde a organização social e política

tinham por objetivo o bem de todos. O espírito de comunidade e partilha

era visível.

Especificamente os Incas, tinham cultura e crença diferenciada

em relação aos demais povos americanos. Adoravam o deus sol.

Acreditavam na reencarnação, que cada Inca tinha um pouco deste

poder transmitido pelo sol.

A comunicação acontecia através de códigos, sinais, onde cada

corpo transmitia sua postura, afinal o corpo era algo divino. Talvez

fossem movidos pela emoção e fanatismo. As notícias eram transmitidas

constantemente. O imperador era considerado filho de deus-sol. Cada

Inca devia favores e oferendas ao “sol”. Com o passar, suas descobertas

chamaram a atenção dos europeus que depararam com uma agricultura

desenvolvida, com várias plantas e ótimos canais de irrigação. Com

técnicas específicas trabalham com metais preciosos, como ouro, prata,

cobre, bronze, o que despertou a cobiça e o interesse dos

conquistadores.

Em 1553 Pizarro, invadiu a terra dos Incas e estabeleceu uma

nova norma, sob as ordens da Coroa espanhola. Com a chegada dos

espanhóis a cultura dos Incas foi sofrendo alterações, ou melhor, foi

substituída. Os colonizadores mataram uma nação e com ela todo um

conhecimento que fora acumulado e aprimorado ao longo da vida dos

Incas. Atualmente restam apenas ruínas de palácios, templos e

monumentos.

Muitos historiadores pesquisam as antigas civilizações

americanas. Alguns deles abordaram o Estado Inca, como “paraíso

perdido”, no qual inexistia desigualdade, exploração e violência.

Acredita-se que todos tinham ou estavam no mesmo estágio de

desenvolvimento social.

Page 5: A Batalha de Cajamarca

Quanto à organização político-administrativo o Estado cobrava um

imposto para manter os velhos e doentes. Acredita-se que cada um

desta civilização deviam favores ao imperador (que os protegia social e

espiritual) regido pelo poder do sol. Esta crença os fortalecia.

As evidências deste estudo histórico podem ser encontradas ao

longo de 4.000 km da Cordilheira dos Andes. Ainda não possuíam meios

de transportes eficientes. Porém sua engenharia física e técnicas

avançadas de conhecimento causam inveja para a Engenharia moderna.

Estima-se que 98% da população estava empenhada nestes projetos. O

Estado mantinha uma ordem e estrutura para que as obras não saíssem

do controle.

Segundo estudos históricos específicos em 1532, inicia-se uma

guerra civil entre os dois meio irmãos Ataualpa e Huáscar. Todo o país

sentiu este impacto onde Ataualpa saiu vitorioso. No mesmo ano Pizarro

atingiu o Peru com seu pequeno exército espanhol. Ele entrou pelo litoral

e conseguiu vencer os soldados Incas. Nos primeiros meses foram

adentrando e assassinando o exército Inca.

Por meio de uma armadilha conseguiram prender Ataualpa e o

mataram. Dois anos depois os espanhóis haviam conquistado todo o

território Inca.

Page 6: A Batalha de Cajamarca

2 DESENVOLVIMENTO

Com as lutas internas, inicia-se a decadência de Cuzco. Com a

morte do Inca Huayna Capac, em 1525, Huáscar assume o poder e

instala a sua residência na capital do Império.

Em Quito Ataualpa e os seus generais preparavam-se para a

guerra. Enquanto crescem os desajustes políticos; guerreiros brancos e

barbudos, vindos do mar, cobiçam o grande Império. Enquanto os dois

príncipes disputam a posse do reino, os espanhóis avançam. Primeiro

apalpam o litoral, depois se desmancham em amabilidades com os ricos

habitantes de Tumbez. Corre o ano de 1525, este é o primeiro contato

entre os espanhóis e os índios. Mas Cuzco, onde se desenrola os

grandes acontecimentos, fica muito longe da costa, escondida nos

Andes. E, 1526, os espanhóis levam para a Espanha, algumas riquezas

e dois índios, que servirão mais tarde como intérpretes. “Pizarro fez a

Carlos V o relato das terríveis provações que enfrentaram durante as

viagens de exploração; depois enumerou as descobertas que fizera e

expôs as perspectivas do futuro.”

Ano de 1530, Pizarro, zarpa do posto de Sevilha. No mar e em

terras desconhecidas D. Francisco Pizarro vive emocionantes aventuras.

Para quem espera e anseia o tempo não passa, e o aventureiro Pizarro,

precisava chegar.

Enquanto isso, os doze milhões de habitantes do vasto Império

Inca iam diminuindo. As guerras internas e as doenças européias, que

os espanhóis, haviam deixado como lembrança no litoral, eram as

causas das destruições das massas indígenas.

Enquanto o fogo do ódio e da vingança ardia no coração dos dois

príncipes herdeiros, Huáscar e Ataualpa, Pizarro e seus homens

desembarcavam pela segunda vez em Tumbez. A cidade, já não era a

Page 7: A Batalha de Cajamarca

mesma, as lutas intestinas tinham passado por ali. Os guerreiros haviam

saqueado e incendiado tudo. Os que reatavam, e eram poucos, estavam

famintos e revoltados.

Pizarro ávido de glórias e de riquezas inicia a penosa escalada,

são 700 quilômetros de Tumbez a Cajamarca. Enquanto caminha

desconfiado pelas estradas perigosas que serpenteiam os Andes, ouve

de um grupo de índios que o acompanha, os funestos acontecimentos.

Huáscar que havia levado vantagens no início da contenda e

aprisionado seu irmão, se encontrava agora, praticamente derrotado.

Ataualpa havia sido libertado com o auxílio das virgens do sol, mas

habilmente, fez propalar que devia sua liberdade aos deuses, que viam

nele o verdadeiro filho do sol. Com o apoio dos seus valorosos generais

Chalicuchima e Quizquiz, Ataualpa reuniu as forças e com grande

astúcia tinham vencido os exércitos inimigos e aprisionado em Cuzco, o

seu irmão, o príncipe Huáscar. O príncipe protegido pelos valentes

guerreiros, aproximadamente quarenta mil homens, que zelam pela sua

garantia. Em Cuzco, são torturados e mortos todos os parentes e amigos

de Huáscar. Ataualpa é implacável com os inimigos, sabe por

experiência dos seus antepassados, que os adversários devem ser

massacrados e reduzidos a cinzas.

Peritos “espiões” traziam os seus relatórios diariamente ao

príncipe. Os homens brancos e barbudos estavam próximos e “alguns

deles montavam grandes carneiros”. Os capitães, impacientes,

aguardavam a ordem de desfechar o cerco fulminante. O Inca

permanecia impassível; a princípio pensou tratar-se de Viracocha com a

sua guarda de honra, depois arrefeceu da idéia. Os espanhóis eram

constantemente vigiados e por isso, Ataualpa já tinha tomado

conhecimento, que não eram deuses, mas simples mortais. Os

estrangeiros haviam cometido erros, tinham atacado aldeias em busca

de alimentos e assassinado alguns índios. Os observadores solicitaram

do soberano a autorização para destruir aquela tropa de vagabundos.

Os seus oficiais já haviam planejado o ataque, os espanhóis seriam

massacrados, na “bacia afunilada de Cajamarca”.

Page 8: A Batalha de Cajamarca

Em 1513, quando Vasco Nunez de Balboa, atravessou o istmo do

Panamá, Pizarro foi um dos primeiros a avistar o Oceano Pacífico. Nesta

época tomou conhecimento, através de um índio, que numa terra

distante, existia um monarca, que possuía muitos palácios de ouro.

Pizarro, obstinado nos seus propósitos, suporta privações, ameaças,

doenças e derrotas; são 8 anos de sonhos e de lutas. Finalmente, em

1524, angaria a confiança de dois fortes aliados: Diogo Almagro, um

aventureiro sem escrúpulos “e o religioso Ferdinando de Luque, sábio e

ponderado”.

Em setembro de 1524, sob o comando de Francisco Pizarro,

partem do Panamá, duas pequenas embarcações com destino ao sul.

Pizarro, depois de muitos sofrimentos, retorna ao Panamá, com apenas

50 homens. Cento e poucos dos seus leais companheiros, tinham pago

com a vida na primeira experiência.

Em 1526, Pizarro, organiza a segunda expedição. Foi essa uma

verdadeira viagem de exploração. Pela primeira vez os espanhóis

encontraram numa aldeia índia, ouro e pedras preciosas. Tumbez, uma

cidade do litoral do Peru, deslumbrou os ambiciosos aventureiros.

Quando regressaram à Pátria, levaram a sua majestade o rei da

Espanha, enorme quantidade de jóias confeccionadas em ouro e prata e

dois índios, que se transformaram em intérpretes.

Em 26 de julho de 1529, foi assinada a carta que concedia ao

Pizarro, o título de marques e a nomeação como governador, capitão

geral, juiz supremo e comandante chefe “da futura província de nova

Castela”. D. Francisco Pizarro, orgulhoso dos títulos conquistados, parte

do movimentado porto de Sevilha “a 19 de janeiro de 1530”, com destino

“ao país do ouro”. Para a grande empreitada leva em sua companhia,

os seus irmãos João, Fernando, Gonçalo e Martim.

Os obstáculos não quebraram o animo de Pizarro, que realizou

verdadeiro prodígio, encorajando seus companheiros contra moléstias

traiçoeiras.

As cidades do litoral estavam abandonadas e Pizarro aproveitou para

saqueá-las não havendo muita resistência por parte dos indígenas.

Page 9: A Batalha de Cajamarca

São menos de duzentos espanhóis e sessenta cavalos, um

misero regimento, com pretensões tão altas. A ambição é audaciosa,

não conhece limites e não pressente perigos. No início de setembro de

1532, inicia-se a grande caminhada.

Os índios acompanham os seus movimentos, as notícias

alarmantes multiplicam-se; o Inca pretendia liquidá-los nas proximidades

de Cajamarca e as informações davam conta da existência de um

poderoso exército, um efetivo com mais de quarenta mil homens. O

otimismo estava longe de reinar entre os conquistadores.

Francisco Pizarro estava cego de ambição: ou a conquista do

poder e da glória, ou a morte; com este ânimo, conduzia os seus

homens.

Os espanhóis sem serem molestados, subiam sempre pelos

caminhos tortuosos da montanha. Um dia, num mês de novembro,

quando o exército já se encontrava perto de Cajamarca, “saiu-lhe ao

encontro de um nobre Inca de alta hierarquia, enviado de Ataualpa.

Gravemente o nobre anunciou que o Inca desejava fazer amizade com

os espanhóis e os aguardava pacificamente em Cajamarca”. Pizarro

correspondeu às amabilidades e enviou presentes ao grande soberano.

Ataualpa estava acampado a poucos quilômetros de Cajamarca, no

“balneário de Pultamarca”. O grosso do seu exército permanecia de

prontidão.

Pizarro e seus homens chegaram às portas da cidade de

Cajamarca. A cidade estava vazia, dominada por um silêncio profundo.

Os bravos soldados sentiram calafrio da morte, havia um prenúncio

sinistro e eles estavam perdidos num mundo desconhecido.

Na tarde de 15 de novembro de 1532, os espanhóis acampavam

em Cajamarca, desconfiados e temerosos. Os soldados escondidos nas

fortalezas da cidade aguardavam impacientes à hora fatal. Todos

estavam preocupados com a passividade dos índios, e depois ecoavam

ainda boatos, propalados por alguns habitantes, de que, Cajamarca

seria o palco do aniquilamento de todos eles. Perdidos e desamparados,

sem as mínimas condições de figa, os aventureiros já se julgavam

derrotados. Pizarro não se deixava abater, apesar da situação

Page 10: A Batalha de Cajamarca

alarmante, o intrépido soldado continua dando ordens, inspecionando

posições e prometendo a todos muita recompensa.

Nas termas de Pultamarca, as tropas disciplinadas do exército

Inca aguardam ordens régias. Ataualpa, cercado pelos mais ilustres

membros da corte, permanecia sereno e confiante.

Era energético e intransigente com seus inimigos. A ambição o

havia transformado num tirano. Huáscar estava encarcerado, na

fortaleza de Jauja, sofrendo sozinho os seus infortúnios. Os seus

familiares e amigos de confiança estavam mortos. Atualpa era o senhor

absoluto, o poderoso, o invencível. Movido pela curiosidade, desejava

conhecer e examinar os estrangeiros, depois provavelmente, os

espanhóis seriam massacrados.

Francisco Pizarro, percebendo a armadilha em que se

encontrava, arquitetou um audacioso plano: o Inca seria raptado.

Imediatamente enviou De Souto e 15 cavaleiros ao acampamento de

Ataualpa. Em Pultamarca, De Souto e seus homens, perdem todo o

entusiasmo da conquista. Como vencer com menos de 200 homens

aquele exército. Eram milhares de guerreiros, bem treinados,

destemidos e organizados. Os chefes traziam armas incrustadas de ouro

e prata, machados de guerra de bronze, maças eriçadas de pontas e

pregos, espadas metálicas ou de madeira de palmeira endurecida ao

fogo, espécies de armadura de tecido de algodão alcochoado e escudos

de madeira, de cipós entrelaçados ou feitos de carapaça de tartaruga.

De Souto e seus homens receberam ordens de se aproximarem

do Inca. Ataualpa estava assentado num tamborete, com os olhos

voltados para o chão. Embora estivesse de semblante fechado, os

espanhóis acharam-no simpático. De Souto e os demais permanecendo

em suas montarias e um tanto preocupados, receberam ordens de falar

ao Inca. De Souto o cumprimentou respeitosamente e lhe transmitiu uma

mensagem: o seu comandante solicitava com grande empenho a honra

da sua visita. A princípio Ataualpa nada respondeu, causando o silêncio,

mal estar nos soldados espanhóis. Depois erguendo a cabeça, os fitou

com dureza e com voz firme, declarou que visitaria o comandante no dia

seguinte.

Page 11: A Batalha de Cajamarca

De Souto freou sua montaria, alguns centímetros do Inca. Alguns

índios fugiram meio assombrados, com tal façanha, mas Ataualpa

permaneceu impassível, parecia ser feito pedra. Os espanhóis ficaram

perturbados, o Inca demonstrou na sua frieza, a grandeza do seu valor e

coragem.

Despediram-se cordialmente do grande imperador e partiram com

destino a Cajamarca. Comunicaram ao capitão Francisco Pizarro o

resultado da entrevista, a promessa da visita e tudo quanto puderam

observar. Um exército bem montado, dirigido por um soberano astuto de

vontade férrea. Esta notícia fez com que os soldados espanhóis

rezassem e implorassem proteção do céu. Mas, o comandante

espanhol, manteve-se inflexível, as suas ordens teriam que ser

cumpridas. Nesta noite, os espanhóis não puderam dormir. Pizarro

tornou-se mais energético e exigente. Ou aprisionamos o Inca ou

seremos todos massacrados.

Na madrugada do dia 16 de novembro de 1532, Pizarro dá ordens

severas aos seus oficiais e os preparativos bélicos tem inicio.

Uma liteira de ouro, conduzida pelos mais ilustres fidalgos,

traziam Ataualpa, majestoso e imponente.

Ataualpa desconfia das intenções dos estrangeiros. A dúvida dura

um instante de tempo. O padre Vicente de Valverde vem ao seu

encontro. O Inca lhe pergunta onde estão os espanhóis. O religioso

comunica-lhe que Pizarro e seus homens estão à sua espera e que eles

pretendem oferecer-lhe uma grande recepção. Depois, acrescenta

Valverde, os espanhóis estamos aqui pra pregar o cristianismo.

O Inca irrita-se e com energia responde: eu sou o maior soberano

da terra, rei dos reis; os meus inimigos estão mortos, e dos que restam,

são meus prisioneiros. “Quanto à minha religião, não a deixarei. O

senhor afirma que seu deus foi morto, mas o meu apontou para o sol”,

“ainda está vivo”. O missionário coloca em suas mãos o livro das

Sagradas escrituras, o Inca examina com atenção, depois o

aproximando do ouvido e nada escutando, como era lógico, atirou o livro

ao chão, declarando com desdém: Isso nem fala. O Padre Valverde

afastou-se correndo.

Page 12: A Batalha de Cajamarca

Com o grito “Santiago y A ellos!” ouviu-se o ensurdecedor tiro de

canhão. Pizarro e seus homens deixam os esconderijos, inicia-se o

massacre. Os índios fogem apavorados com o fogo e a fumaça das

armas. A cavalaria esmaga a multidão aparvalhada e os gritos de guerra

se misturam com os gemidos da morte. Desesperadamente os

servidores de Ataualpa se aglomeram em torno da liteira real a fim de

proteger seu soberano. A chacina continua, corpos inertes rolam na

poeira. Pizarro avança resoluto e toma em seus braços a pessoa

sagrada do soberano, num momento em que a liteira desprotegida cai

por terra. Ataualpa é arrastado para os fundos de uma residência de

pedra. Os espanhóis redobram seus esforços e afugentam os índios.

A grande tragédia de Cajamarca chegara ao fim. Meia hora de

massacre, de pesadelo, de agonia... Na pequena praça, o sangue de mil

e tantas vítimas assina a rendição do grande imperador.

Pizarro havia realizado a sua maior ambição. O Peru estava

conquistado. Os espanhóis estavam eufóricos, todos estavam vivos;

naquela tarde um único incidente, Pizarro mostrava um leve ferimento no

dorso da mão direita.

Nos acampamentos os índios desorientados e sem chefe, falavam

da vingança dos Viracochas.

Em Cajamarca, era quase noite, os espanhóis estavam exaustos,

mas o calor da vitória fazia com que se gesticulassem e comentassem

alto, os últimos acontecimentos. Na praça os mais notáveis e os

servidores leais do inca, amontoados e mortos estavam abandonados.

Pizarro, aventureiro velho e experiente, escalou um pelotão para

guarnecer as muralhas da cidade. Os cozinheiros apressaram em servir

a ceia. Pizarro, tranqüilo e seguro do seu êxito, foi encontrar Ataualpa,

cuprimentou-o com amabilidade, prometeu ao Inca um tratamento digno

da sua posição. O aventureiro cumpriu a promessa, fez instalar no mais

importante dos edifícios, a corte do grande monarca e exigiu dos seus

homens, que dispensassem a Ataualpa, o tratamento de rei. A ceia fora

servida com todas as honras aos dois grandes personagens. Através do

Page 13: A Batalha de Cajamarca

intérprete Felispillo, conquistador e conquistado dialogaram. “Pizarro

sentou-se ao lado de seu prisioneiro, que revelou notável compostura e

observou, com dignidade”: “Assim é a guerra: conquistar ou ser

conquistado”. A história foi sempre assim, as guerras decidem os

destinos dos homens.

Com a queda de Cajamarca, os índios estavam desorganizados e

aflitos. Pizarro procurava tratar com muito tato e cortesia seu prisioneiro.

O velho comandante, esperto e desconfiado temia uma represália e Ra

bastante inteligente para perceber que a unificação do império dependia

do Inca. Por isso, Ataualpa gozava de todas as regalias. Os espanhóis

procuravam proporcionar-lhe o conforto a que estava habituado. Faziam-

lhe companhia; os nobres, as concubinas e os serviçais. Embora fosse o

seu palácio fortemente guardado, lhe era permitido receber visitas. O

seu comportamento, discreto e elegante, fez com que angariasse

amigos e admiradores. De Souto, Fernando e Pedro Pizarro lhe

devotavam grande simpatia e respeito. Por ordem de Ataualpa, os

espanhóis não eram molestados; saquearam Pultamarca e outras

cidades próximas sem a mínima resistência.

Algum tempo depois do massacre de Cajamarca, Huáscar,

prisioneiro de Chalicuchima e Quizquiz, tomando conhecimento do

ocorrido reivindicou seus direitos. Disse Huáscar em tom severo para o

general Chalicuchima, sou o verdadeiro soberano, sou o herdeiro

legítimo da “Mascapaicha”. Chalicuchima retrucou, não passa de um

prisioneiro e preocupado e de mau humor abandonou a prisão.

Alguns dias depois, Ataualpa recebe uma mensagem do seu

valoroso general. Este pedia autorização para invadir Cajamarca,

destruir os invasores e libertá-lo da prisão. A mesmo tempo, comunica o

Inca das pretensões de Huáscar. Ataualpa ficou tão preocupado e

abatido com a notícia, que os espanhóis chegaram a notar. A vigilância

foi redobrada.

O Inca depois de muito meditar, despachou às escondidas um

mensageiro com a seguinte instrução: Huáscar deve desaparecer,

quanto aos espanhóis não devem ser maltratados enquanto eu estiver

Page 14: A Batalha de Cajamarca

preso. Chalicuchima cumpriu imediatamente as ordens, Huáscar foi

assassinado.

Ataualpa estudava meios para escapar da prisão; Pizarro nervoso

e apreensivo tenta afirmar sua posição em território alheio. A s notícias

que circulavam em Cajamarca amedrontavam os aventureiros. Os

espanhóis temiam ser rechaçados pelas tropas indígenas que se

reorganizavam em Cuzco.

Os meses iam correndo e a situação continuava a mesma. Um dia

Ataualpa propôs a Pizarro comprar a sua liberdade. O Inca sabia que

pelo ouro, aqueles aventureiros eram capazes de dar a própria alma. O

acordo foi firmado. Pizarro e seus homens receberiam um tesouro

jamais sonhado por qualquer conquistador. Um dos aposentos do

palácio, medindo aproximadamente 5 m por 7 m, seria entulhado de

ouro até a altura que um homem de 1,80, na ponta dos pés, alcançasse

na parede com o braço esticado, à ponta do dedo médio da mão.

Fizeram um marco, mais ou menos a altura de 3 metros distantes do

solo. Pizarro imediatamente comunicou aos aventureiros a grande

fortuna. De olhos esbugalhados, os seus soldados nem puderam crer.

Os conquistadores se julgavam cavaleiros da fé, mas estavam muito

longe da paz e do amor messiânico, da beleza e da verdade dos

evangelhos.

Ataualpa esperançoso e confiante, dá ordens aos seus imediatos

para que providenciem o ouro para seu resgate. Diariamente, escravos

carregando ouro , aportavam em Cajamarca; a missão devia ser

cumprida o mais rápido possível. Dia após dia, o tesouro vai crescendo

em quantidade e valor, dentro do aposento real. Os mensageiros

apressam o trabalho, querem de volta o soberano. Finalmente o Inca se

desincumbiu do seu compromisso. Ali estava um tesouro acumulado, á

disposição dos aventureiros, calculado em milhões de coroas.

Por essa época formavam-se dois partidos, os de Pizarro e

Almagro. As forças são equilibradas. Os partidários de Almagro são

violentos, gananciosos, mais ferozes e menos escrupulosos. O soberano

nota a indecisão e percebe que os aventureiros não levam muito a sério

a palavra empenhada. Cobra de Pizarro o cumprimento da promessa.

Page 15: A Batalha de Cajamarca

Os espanhóis meio apavorados, temem a ira de Ataualpa e de seus

guerreiros. Almagro que desconhece os deveres de honra, declarou sem

hesitação: o Inca não será libertado. Enquanto estiver em nosso poder,

estaremos mais seguros. Pizarro manteve-se indiferente a esta

argumentação. De Souto com energia e grandeza de caráter defendeu a

tese de que a honra vale mais do que a vida. Irritado com a baixeza dos

seus companheiros, o amigo sincero de Atualpa exigiu que o Inca fosse

libertado.

Para complicar a situação do soberano, Felipillo estava

apaixonado por uma de suas favoritas. Atualapa fez queixas a Pizarro e

este reprovou a atitude do intérprete. Desde este dia, Felipillo passou a

desejar a morte do monarca, pois ele sabia que se o Inca fosse

libertado, o seu crime seria punido com castigos terríveis.

Os índios, que haviam pertencido às fileiras de Huáscar

distribuíam notícias falsas, de que o acampamento dos espanhóis seria

atacado pelo poderoso exército de Chalicuchuima e Quizquiz. Pizarro

revoltado com estes rumores, proibiu visitas ao prisioneiro e o interpelou

com aspereza. Ataualpa lhe respondeu que as notícias não tinha

fundamento. Mas o astuto Felipillo, o seu maior inimigo, era um

intérprete parcial, despeitado e temeroso, alarmava os espanhóis.

Deturpava sempre as palavras do Inca. A desconfiança e o

desassossego minavam a discórdia entre os aventureiros.

Pizarro incubiu Fernando e Pedro, de conduzirem até a Espanha

o ouro que pertencia ao rei. A De Souto coube a tarefa de verificar se os

guerreiros indígenas se reuniram em alguma parte, com intanções

hostis. Agora o comandante Francisco Pizarro estava livre, podia

atender as exigências de Almagro e de todos os aventureiros que

desejavam a morte do Inca. Imediatamente providenciaram de instaurar

o processo, ouviram-se testemunhas. Segundo Jonathan Norten

Leonard, quase todas as acusações versaram sobre idolatria,

poligamias, casamento incestuoso entre irmão e irmã, e outras práticas

que eram costumeiras no Império inca, aquela época. Com as falsas

interpretações dadas por Felipillo às palavras das testemunhas

indígenas, o Inca foi imediatamente declarado culpado e a ser queimado

Page 16: A Batalha de Cajamarca

vivo. Pizarro mandou que se registrasse a sentença proferida em 3 de

agosto de 1533. No dia seguinte, 4 de agosto,no entardecer, conduziram

Ataualpa para o mastro, onde seria consumido pelas chamas. Os

espanhóis queria livrar-se o mais depressa possível do prisioneiro.

Fernando e Pedro estavam na Europa, mas o valente e nobre De Souto

poderia voltar a qualquer instante, e com o seu regresso, eles tinham

certeza da mudança da sentença. Antes de atearem fogo nos paus

cruzados, que circundavam o mastro, o padre Valverde se aproximou do

Inca com o crucifixo na mão e o convenceu de abraçar a fé cristã e como

prêmio prometeu-lhe preservar o seu corpo das chamas, exigindo dos

espanhóis uma morte rápida. Ataualpa foi batizado e em seguida com

uma corda, o carrasco o estrangulou.

Com a morte de Ataualpa, o último Inca, morria também o grande

Império e desapareceria para sempre a glória de um povo que foi no

passado, o orgulho da América.

Quem teria conferido direitos a Francisco Pizarro e a Almagro, de

decretarem sentença de morte ao monarca do Império mais poderoso da

América? A esse respeito, nota Pedro Pizarro, cheio de remorsos que

esses senhores (seu tio Francisco Pizarro e Almagro) tinham vaga

noção do que era a lei, quando proferiram essa sentença contra um

infiel, que ignorava o Evangelho.

Os espanhóis, após a morte de Ataualpa, desorientados e

perdidos no meio de tanto ouro, penetravam por todos os lados,

conquistando, massacrando e saqueando palácios e templos. Por onde

passavam, deixavam a destruição e a morte. Cuzco, a magnífica capital,

foi o último baluarque da resistência. Em 15 de novembro de 1533,

Pizarro e seus soldados invadem a cidade e em 22 de março de 1534,

toma posse de Cuzco em nome do rei da Espanha.

Quase todos os meses, Pizarro recebia reforços da Espanha,

homens e armas. O valente D. Francisco Pizarro não cessa de lutar, os

seus homens são destemidos e cruéis, continuam escravizando índios,

cometendo estupro, saqueando e matando. Agora se voltam uns contra

os outros. Felipillo foi acusado de traição e por ordem de Almagro foi

esquartejado em praça pública. Almagro foi processado por desrespeitos

Page 17: A Batalha de Cajamarca

às Leis Régias e condenado à morte por Pizarro. O comandante Pizarro,

autor de tantas façanha, morreu quando enfrentava os adeptos de

Almagro. Pedro Pizarro, também pereceu nos campos de batalha. O

padre Valverde, com a morte de Pizarro, fugiu de Lima para Puna, lá

teve um fim trágico. Os índios deitaram ouro derretido nas suas

cavidades orbitárias.

De Souto, deprimido e amargurado, abandonou as misteriosas

terras do peru, para nunca mais voltar.

Assim é o mundo, assim são os homens materiais, nascem,

crescem e desaparecem.

“Só Deus é infinito e eterno, grande e soberano”.

Page 18: A Batalha de Cajamarca

3 CONCLUSÃO

A partir do exposto acima possibilitou-nos uma visão geral

sobre a vida política e social da civilização Inca.

Ainda não é possível ter uma única linha de pesquisa,

afinal muitos mistérios envolvem a história, em um estudo científico,

onde a evolução pode ser percebida como um todo. Segundo pesquisas

históricas os Incas eram movidos por fé fervorosa e sentimento

humanitário. Toda a sociedade era beneficiada com suas obras e as

decisões do imperador.

Nota-se que este povo é o resultado de um longo processo

de evolução intelectual e social. Ainda, organizados e estruturado, tudo

girava em torno do deus-sol.

Foi percebido ao longo desta pesquisa que os Incas são

apenas uma peça ainda não lapidada do quebra cabeça chamado

História.

Page 19: A Batalha de Cajamarca

4 BIBLIOGRAFIA

ARAÚJO, Paulo Marques – O Império dos Incas – Litotipografia

Escola Profissional de Pouso Alegre – M.G. 1973

ZIERER, Otto – História da América – 1º Volume, Tradução de

Humberto Well – Ed. Vozes Limitada, Petrópolis – Rio de Janeiro – R.J.

GALVÃO, Gilberto – Raças Mistas das Américas – Consórcio

Editorial Brasileiro Ltda. – São Paulo – S.P.

DOZER, Donald Marquand – América Latina – Direitos exclusivos

de tradução em língua portuguesa, da Ed. Globo S.A. – Porto Alegre –

R.S. 1966

WELLS, H. G. – História Universal – Tradução de Anísio Teixeira

– Volume 6º - 8ª Edição – Companhia editora Nacional – São Paulo –

S.P. 1970

Page 20: A Batalha de Cajamarca

RESENHA CRÍTICA

Estudar as Antigas civilizações americanas consiste em

buscar compreender como estava organizado estes povos. Uma marca

histórica para o novo mundo foi a captura e o assassinato do chefe Inca,

reverenciado como filho de Deus sol. Este deus teria outorgado poderes

e dons divinos.

A vida Inca era “equilibrada” e instável politicamente, onde

todas as obras visavam o benefício de todos. Com a chegada e a

ganância dos colonizadores, mataram toda uma cultura. Os espanhóis

eram fiéis a seu rei e tentaram impor suas crenças e normas, julgando

serem senhores da verdade e únicos abençoados que tinham por

missão tornar a população nativa em uma cópia de seus próprios atos.

Eliminaram uma civilização avançada e sábia. Onde a

estrutura era invejável. Com o domínio da terra, foi chamado de Velho

Mundo, afinal os espanhóis diziam ser superiores.

Pizarro conseguiu vencer a tribo Inca, pois os soldados

Incas haviam lutado o dia inteiro e não dispunham de cavalos e armas.

Estavam desesperados, eram pacíficos e acabaram caindo em uma

armadilha.

Os espanhóis não estavam interessados na evangelização

dos nativos, mas queriam apoderar de todo ouro e riquezas que os Incas

possuíam. Contudo, conseguiram eliminar os Incas e uma riqueza

milenar, que a história busca explicações, através de teorias e hipóteses.