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ASSAS EM DEFESA DA REVOLUÇÃO E DITADURA PROLETÁRIAS ÓRGÃO BISSEMANAL DO PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIO MEMBRO DO COMITÊ DE ENLACE PELA RECONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL ANO 21 - Nº 393 - DE 03 a 17 DE JUNHO DE 2010 - R$ 3,00 Resolução do POR sobre as eleições-2010 A guerra, sob o capitalismo imperialista, é inevitável Um mês de greve no Judiciário-SP A burguesia e seus candidatos procuram arrastar as massas para a farsa do circo eleitoral. A frente de esquerda faliu e se desintegrou. VOTO NULO PROGRAMÁTICO Combater a burguesia e defender a independência de classe, o programa da Revolução Proletária, as reivindicações dos oprimidos e o método da luta de classes: Lições das greves de Fortaleza Apeoesp: conluio de burocratas Bolívia: significado político da greve dos professores Uma vida dedicada à luta pela revolução 1º ano da morte de Guillermo Lora

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ASSAS

EM DEFESA DA REVOLUÇÃO E DITADURA PROLETÁRIAS

ÓRGÃO BISSEMANAL DO PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIOMEMBRO DO COMITÊ DE ENLACE PELA RECONSTRUÇÃO DA IV INTERNACIONAL

ANO 21 - Nº 393 - DE 03 a 17 DE JUNHO DE 2010 - R$ 3,00

Resolução do POR sobre as eleições-2010

A guerra, sob o capitalismo imperialista, é inevitável

Um mês de greve no Judiciário-SP

A burguesia e seus candidatos procuram arrastaras massas para a farsa do circo eleitoral.A frente de esquerda faliu e se desintegrou.

VOTO NULOPROGRAMÁTICO

Combater a burguesia e defender a independência de classe,o programa da Revolução Proletária, as reivindicaçõesdos oprimidos e o método da luta de classes:

Lições das grevesde Fortaleza

Apeoesp: conluiode burocratas

Bolívia: significado político da greve dos professores

Uma vida dedicada à luta pela revolução

1º ano da morte deGuillermo Lora

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� – MASSAS – de 03 a 17 de junho de �010

NacionalPosição do Partido Operário Revolucionário diante das eleiçõesEm outubro de 2010, estão previstas as eleições para a presidência da República, Congresso e governadores. As duas can-didaturas em disputa são a de Dilma do PT e José Serra do PSDB. A candidatura de Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, pelo PV, foi posta para arrancar votos de Dilma e favorecer Serra. As esquerdas concorrem com quatro candidaturas: PSTU, PSOL, PCB e PCO. Assim, o quadro é de três postulantes da política burguesa e 4, de correntes que se reivindicam do socialismo. Nas eleições de 2006 disputaram Lula e Alckmin. PSOL,PSTU e PCB constituíram a frente de esquerda em torno da candidata Heloisa Helena do PSOL. O PCO teve a candidatura de Rui Costa Pimenta cassada

pela Justiça Eleitoral, sob a alegação de que não havia prestado conta do dinheiro recebido do Estado. Na presente eleição, a tentativa do PSTU de reeditar a frente de esquerda fracassou. O POR defendeu a convocação de uma plenária das corren-

tes que se reivindicam da revolução socialista para se discutir o programa e as candidaturas revolucionárias. Diante da impossibilidade de uma frente programática, decidiu pelo VOTO NULO.

Resolução eleitoral do POR1. Aseleiçõessãouminstrumentodademocraciaburgue-

sa.Têma funçãoderesolveradisputaperiódicaentreosparti-dosdaburguesiaemtornodopoderdoEstado.Trata-sedeummecanismocondicionadopelapropriedadeprivadadosmeiosdeproduçãoepeladitaduradeclassedaminoriaexploradorasobreamaioriaexplorada.Quantomaisperfeitaademocraciaeleitoral,melhor para a dominação de classe. Reflete o desenvolvimento do capitalismoedaclasseburguesa.

Nascondiçõesdecriseeconômicaedeataqueabertoàvidadasmassas,asfraçõesburguesassedigladiameprojetamainsta-bilidadenaseleições.Foioqueocorreunosiníciosde1960emqueogovernoconstitucionalmenteeleitofoiremovidoporumgolpemilitar.Comopaísdeeconomiaatrasadaesemicolonial,incorpo-radonodomínioimperialista,ademocraciasemprepadeceudeinstabilidade.

AascensãodeLulaàpresidência,galgandoumpartidonãoorgânico da burguesia, que é o PT, refletiu a fraqueza dos par-tidos orgânicos, como o PSDB, PMDB, DEM etc. A fortaleza dos partidosdaordemestáemsuacapacidadedearrastarasmassasportrásdesuapolíticaeleitoraledemanterseucontrolecomofa-tordegovernabilidade.Naseleições,asmassassofrempoderosapressão para se manterem perfiladas aos partidos capitalistas.

2. Aseleiçõesdesteanoocorrememcondiçõesdeestabi-lidadepolítica.Lulaterminaagestãocontandoaseufavorcoma retomada do crescimento econômico e com o refluxo do movi-mentooperário,queperpassouseusdoismandatos.Asgrevesdofuncionalismo foramfragmentadaseperderamalcancepolítico.O movimento dos sem-terra não avançou. O reflexo da crise mun-dialnoBrasilfoiimediatoeprofundo,masodescensoeconômicoe as demissões em massa não se prolongaram. Em fins de 2009, afirmava-se o reanimamento e em 2010 se confirmava a volta do crescimento,estimadaparaoanoentre6%e6,5%,apesardein-cidir sobreabase rebaixadapela crise iniciadaemsetembrode2008.

OprimeiromandatodeLulafoibombardeadopelaoposição,que se aproveitou dos flagrantes de corrupção envolvendo a alta cúpuladoPT.Noentanto,ocontinuísmodapolíticaeconômicapró-grandecapitaleosfatoresfavoráveisdaeconomiafrustraramosintentosdoPSDBeDEMdederrubarLulapormeiodeumim-peachment.Jánosegundomandato,osescândalosdecorrupção

atingiramoPMDB,noSenado,querecebeuapoiodeLula.Em contrapartida, a oposição foi castigada com o escândalo

doDEMemBrasília,cujogovernadorcomandavaumadasqua-drilhasquehabitamoEstado.Amovimentaçãopolíticaesteveafavor da estabilidade governamental, embora inúmeros conflitos ganharamproporçãodecrise,principalmenteosqueenvolveramoPlanoNacionaldeDireitosHumanos3.Lulaoscontornouce-dendoàdireitaoposicionistaeaosmilitares.Oquadroeconômicofavorávelpermitiuaocaudilhoresolverosimpasses,caminhandosempreparaadireita.

Noplano internacional,aadministraçãodeLulaéadecoe-xistênciacomoimperialismosemalinhamento.Opõem-sediplo-maticamente,emdeterminadoscasos,aexemplodoIrãeHaiti,àsdeterminaçõesdosEstadosUnidos,semcontudoconfrontá-lo.Abandeira do pacifismo, das saídas negociadas e da aplicação dos acordos internacionaisocolocacomoesquerdaresponsável.Narealidade,cumpreopapeldeauxiliardoimperialismoemques-tões espinhosas, como as da Venezuela, Bolívia e Irã. De forma que Lula pôde administrar o capitalismo por cima das fraçõesburguesasedosexplorados,contandoparaissocomacolabora-çãodaburocraciasindical.Casopudesseterumterceiromandato,nãoteriaconcorrentequeoatingisse.

3. Os oito anos de estabilidade econômica e financeira, comuminterregnodepoucosmesesderetração, jánãopodemse reproduzir em seguida. A explosão da crise na Europa conti-nuaquebrandoforçasprodutivas,processoiniciadoem2008nosEstadosUnidos.Aavaliaçãodesetoresdogovernodequeacriseficou para trás, está sendo desmentida pela falência da Grécia e pelasituaçãopré-falimentardeváriospaíseseuropeus.

Ofatodeaeconomiabrasileiraandarnacontracorrentedastendênciasrecessivasmanifestadasnaspotênciassedeveàpolíti-cadeincentivosaomercadointernoedefavorecimentoaocapitalexternoespeculativo.AburguesiavemapoiandoasiniciativasdeendividamentodoTesouroedapopulação,embuscadesustentaralucratividade.Masessaviasedepararácomoslimitesdacrisemundialdesuperproduçãoeanecessidadedoscapitalistasdes-truíremmaciçamenteforçasprodutivas.

Nãosepodedeterminaroritmodessemovimento,masomaisprovável é que o governo eleito em outubro não encontrará ascondições de estabilidade econômico-financeiras que sustentaram agovernabilidadedeLula,aopontodelhepermitirmontarumdosmaioresprogramasassistencialistasquesetevenoBrasil.

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de 03 a 17 de junho de �010 – MASSAS – 3

NacionalDilma não inspira confiança entre os capitalistas, não devido

aoseupassadodemilitantequeparticipoudaresistênciaarmadaàditadura,maspornãoexpressarasforçaspolíticasdaburguesia.Serranãoéunanimidade,maséumpolíticoorgânicodaclassecapitalista. É avaliado como melhor timoneiro em caso da crisemundialarrastaroBrasilemudaroquadropolíticodopaís.Cer-tamente,acandidatalulo-petistacontacomapoiodeimportantesgruposeconômicoscujosnegóciosdependemdoEstado,comoéocasodasempreiteirasqueselocupletamcomprogramas,comooPAC.

Masestrategicamenteoex-governadordeSãoPauloerepre-sentantedoPSDBéamelhorviasegundoasnecessidadesdabur-guesia. O fato do Estado de Minas Gerais, governado por Aécio Neves, unir-se a São Paulo, desta vez com empenho, fortaleceu a disputadoPSDBcomoPT.Adireçãopeessedebistavemresolven-doasdivisõesinternas,obtendocoesãopartidáriaeconquistandoterrenonaaliançaquesustentaDilma,principalmentenoPMDB,como no caso do Estado de São Paulo, Pernambuco e Rio Grande doSul.Noentanto,acandidaturaSerrasedeparacomumaim-portanterejeiçãonoNordesteenecessitaganharforçanoCentro-Oeste.Oseumaisimportantealiado,odireitistaDEM,estáemde-clínio.OescândalodomensalãonoDistritoFederaldefenestrouseuúnicogovernador.

Ao contrário, desta vez, a candidatura petista não conta com acoesãoobtidapelocarismadeLula.Opartidoestáprofunda-mente oligarquizado. Os interesses regionais se mostram mais imperativosparaconstituirasaliançaseleitorais.OPMDBpassouaserpeçachaveparaelegerDilma,assimcomoofoiparaLulagovernar. Os peemedebistas ficaram com o destino da petista em suasmãos.Puderamditarparaocargodevice-presidenteMichelTemer.FrustrouatentativadeinterferênciadeLulanaescolhadonome, dando um ultimato para que a aliança se concretizasse.

Está dada a polarização eleitoral. A questão posta é até quanto ocaudilhismodeLulaseimporásobreasmassasparaarrastá-lasavotaremDilma.OPSDBarregimentouforçasnaburguesiasu-ficientes para derrotar a obscura Dilma. Não obstante, depara-se comaascendênciadocaudilho,queseapoiandonaondaeconô-micafavorávelpôdeenganarosexploradoscomobilionárioassis-tencialismoecontrolaraclasseoperáriacomacolaboraçãodiretada burocracia sindical. Há um evidente declínio do PT peranteasmassas,porseigualaraosgrandespartidosoligárquicos.Lulapôdemascararseugovernoburguês,pró-grandecapital.Masoseu partido, o PT, não teve como ocultar que abjurou o ideárioreformistadogovernodemocráticoepopular.Atáticadereuniras chamadas forças progressivas no idealizado “campo democrá-ticoepopular”descambouemcoligaçõescomquadrilhascoman-dadaspelavelhaoligarquiadospartidosburgueses,quevaidossarneístas aos malufistas.

Lulacontinuacomocaudilhoimaculado,oPTsecurvacomopartidocorrupto,vendilhão.Nãoporacaso,acandidaturadeDil-madependeinteiramentedocaudilho.AdeSerraesbarra,princi-palmente,nesseobstáculo.

4. Nas hostes da burguesia, edificaram-se três candidatu-ras,quenaverdadesãoduas–adeMarinaSilvaserveaoPSDB.Nocampodasesquerdas,sãoquatro.Doispartidossereivindi-cam do trotsquismo (PSTU e PCO), um se diz socialista (PSOL), na verdade socialdemocrata, e outro ostenta o nome comunista(PCB),defato,estalinista.

A identidade política do PSTU se encontra nas posições deNahuelMoreno,queprimouporrevisaroProgramadeTransiçãoda IV Internacional e concebeuumacorrente internacional cen-trista.NaArgentina,omorenismovicejouporumperíodoelogosefragmentouemváriastendências.NoBrasil,encontrouterrenoparaprogredir.

Anoçãobásicadomorenismoédeaglutinarastendênciasquese dizem “socialistas” em um partido amplo, com força eleitoral e implantaçãonaburocraciasindical.Atáticadefrentedeesquerdatem a função de aproximar “os socialistas”.

O PSTU é o resultado de um processo de aglutinação nessesentido, cujo ponto de partida se manifestou na “Convergência Socialista”.OsmorenistasestiveramnaorigemdoPT,conceben-do-osegundoaposiçãodepartidosocialistadeNahuelMoreno.ApoiaramLulaatéquandopuderam,mesmodepoisdeexpulsosdo PT. Por um período, o PSTU fez campanha por uma Frente de EsquerdacomoPT,comLulacandidato.

Em 2006, enfileirou-se atrás da candidatura de Heloisa Helena, ex-senadorapeloPT,queveioaformaroPSOL.Comabandeiradefrentedeesquerdaclassistaesocialista,oPSTUalbergousuapolíticaeleitoral.AcandidatadoPSOL,apoiadaemseucurrícu-loeleitoralnoPT,comportou-secomocandidataarraigadamentepequeno-burguesa. Fez campanha para arrebanhar votos da clas-semédia,principalmenteestudantil.Os6milhõesdevotoforamsaudados pelos componentes de esquerda, principalmente peloPSTU,comoosaldopositivodaFrente.Masacandidatadaalian-ça não expressou o acordo programático e a campanha não foiunitária. Ou seja, a Frente de Esquerda ficou reduzida a convocar asmassasavotarememHeloisaHelena.

Aessênciadessebalançoé importantepara secompreenderofracassodatentativadesereeditarafrente.Cadaumadascor-rentestemsuaavaliaçãodopassado.Certamente,ofundamentalestáemqueoPSTU,porseroresponsávelpelatáticadaFrentedeEsquerda,escondequeoacordoeleitoralde2006foioportunista,baseadopuramenteemcálculoseleitorais.

Alutaparaqueosexploradosvotememcandidatosrevolucio-nárioséalutaparaqueasmassasentendameseaproximemdoprograma.Exatamenteoquenãopoderiaocorrercomumafrentedestituídadeumadireçãomarxista.AfrenteseconstituiuapartirdacandidaturadeHeloísaHelenaenãodoprograma,cujadiscus-são e aprovação foram para “inglês ver”. Segundo a avaliação do PCB,sequerhouveprograma.EdoPSTU,oPSOLdescumpriuoacordoprogramático.Paraomarxismo-leninismo-trotsquismo,oprogramaéencarnadocoletivamentepelopartido.Quaisquerquesejam os candidatos devem estar a ele submetidos. Uma frenteimplicarigorosadecisãonestaquestão,tendoclaroqueoobjetivoéuniraquelesquemarchamrumoàrevolução,enãoaquelesqueposamdesocialistanaseleições.

Recordemosqueosmorenistasabrirammãodadefesadocar-go de vice-presidência. O PCB também o fez para se igualar ao PSTU e o PSOL ficou com a faca e o queijo nas mãos. Esse foi o resultado da frente de esquerda de 2006. Por que então não foipossível reeditá-la? Devido ao severo balanço do oportunismo,como fariam os marxista-leninista-trotsquistas? Não! A razão está em que Heloisa Helena não aceitou sacrificar sua carreira par-lamentar em troca de nova candidatura à presidência. O PSTUreproduziu a defesa veemente de que Heloisa deveria ser a can-didata.CriticouoPSOLporaceitarqueestasenegasseaacatar

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NacionalumadecisãodeCongresso.OmorenistaJoséMariacompareceuaoCongressojustamenteparadefendereapelarparaqueHeloisasaísse dali consagrada como pré-candidata e assim viabilizasse a frentedeesquerda.Fracassou.Sem os 6 milhões de votos e com o PSOL dividido em torno da candidatura de Plínio, que somente vingou depois que frustrou a orientação de apoiar Marina Silva e de armar uma coligação com o PV, aí sim o PSTU respondeu Não ao chamado de frente de esquerda pelos partidários de Plí-nio.

Oquadroderelaçãopolíticafoisedeprimindoesetornandodeprimente.NomomentoemqueHeloisaHelenahaviacondu-zido o PSOL a se aproximar dos verdes, o proeminente e errático Gabeira selou um acordo no Rio de Janeiro com o PSDB e DEM. ÉdessepântanoqueemergiuacandidaturadePlínio.EratardeparaoPSTUePCBembarcaremnafrentedeesquerdacomumadasdissidênciasdoPSOL.Osmorenistaspodiamchafurdaratépróximoaopescoço,comochafurdounaseleiçõesde2006,masnãoalémdoqueixo.Eratempodelevantarabandeiradoprogra-ma nas alturas, criticar o reformismo do PSOL, afirmar o socialis-moeencherobalãodacandidaturadeJoséMaria.

Esseéofenômenopolíticomaisimportantedascandidaturasdeesquerda.OPCBéumacorrentesemvigor.Estásereestrutu-randodepoisdeinúmerascisões.Pretendeseapresentarrenova-do,semapegocompletoàstesesestalinistas,comoindicaseuXXCongresso.OPCBnãotemcomosevalerdeconquistaspassadas,quando em 1946 ganhou a confiança de uma importante parcela das massas, potenciou-se eleitoralmente e constitui uma fraçãoparlamentar. Acontecimento que horrorizou a burguesia nacional eoimperialismo,quetrataramdecolocá-lonaclandestinidadeecassar os seus mandatos parlamentares. O PCB estalinista, comsuasoscilaçõesentreocolaboracionismoburguêseoesquerdismoputchista,esgotousuavigênciahistórica.OPCOcomparececomouma seita exitista. Perdeu o rumo depois da revisão estratégicaoperadaemfunçãodaprojeçãoeleitoraldeLula,quandoaindaeracorrenteinternadoPT.Adaptou-seàseleiçõescomabandei-ra de governo dos trabalhadores, originalmente defendida pelomorenismo, em substituição ao governo operário e camponês.Parasuadireção,dánomesmodesfraldarumououtro,dependeapenasdascircunstânciasedacriatividade.Deformou-senonas-cedourooembriãodopartidorevolucionário.

OcorrequeaproliferaçãodecandidatosàpresidênciadaRe-pública,ostentandoosocialismoeocomunismocomosiglas,nãocontribuiparaalutapelaindependênciadaclasseoperáriadiantedos partidos da burguesia e, particularmente, das candidaturasburguesas.Expressaacrisededireção,ouseja,aausênciadeumpartidocomprovadonalutadeclassecomoprogramadarevo-luçãoproletária.Nãohácomofugirdasleishistóricas.Opartidoseforjaconstituindooprogramanoseiodoproletariado,testadonalutadeclasse.Cumpreatarefadeformaradireçãomarxistadarevoluçãoproletária.Osatalhoseleitoraisparaseganharpro-jeção,queobrigamadaptaraestratégiaàdemocracia,contrariamocursodeformaçãoematuraçãodoprogramanoseiodaclasseoperáriaedosdemaisexplorados.

5. O desenvolvimento embrionário do partido operáriorevolucionárioéumenormeobstáculoparaa tarefadeauxiliaraclasseoperáriaedemaisoprimidosasuperaremasilusõesde-mocráticas.Somenteopartidomarxista-leninista-trotsquistatemcomo combater os partidos, instituições e agentes da burguesia

queusamdaseleiçõesedoparlamentoparapreservareexerceraditadura de classe da burguesia. Mesmo desmoralizado pela cor-rupçãoepordesfecharataquesàvidadasmassas,oparlamentopermite aos partidos capitalistas realizarem manobras de conven-cimentodasmassasdequeesseéomelhorpoderparasuasneces-sidades.MuitodinheiroédespendidopeloEstadoepelosgrandesgruposeconômicosparasustentaramáquinaparlamentardedo-minação.Asdisputasentregovernoeoposiçãocriamaesperançaentre as massas que a mudança é possível, que uma variante émelhorqueoutra.

No processo da crise política, aberto com o esgotamento daditaduramilitar,ecomaascensãodoPT,abandeiraoposicionistaera de “votar certo”. Se o desemprego cresce e a miséria recru-desce,aculpaédosexploradosqueescolheramosmauspolíticos– a saída é o “voto consciente”. A Igreja trabalhou amplamente comessabandeiraparalevarLulaaopoder.Aausênciadoparti-domarxistaparaintervirsobreasilusões,atuandonaseleiçõeseelegendoumafraçãoparlamentarrevolucionária, impossibilitouàsmassasabreviarasexperiênciascomademocraciacapitalistaeabrirumcaminhoprópriopormeiodalutadeclasse.

Faz parte da tática comunista a utilização das eleições e do parlamento como tribuna para demonstrar aos explorados queesseaparatoéinstrumentodedominaçãodaminoriacapitalistasobreamaioriatrabalhadora.Oproletariadoevoluiránoterrenodaindependênciadeclassecomaintervençãodopartidoemde-fesadoprogramadeexpropriaçãodaclassecapitalista,dedefesadasmaiselementarescondiçõesdevidados trabalhadoresedaestratégiadetomadadopoder,pormeiodaaçãodireta.

A luta no campo democrático da burguesia para separar osexplorados dos exploradores, para afastar a classe operária dospartidosdaburguesiaeaproximá-ladopartidomarxistaéumaimposiçãoquevemdascondiçõespolíticasditadaspelaclasseca-pitalistaepeloatrasodasmassas.Enquantooproletariadoestiverdominadoporilusõeseleitoraiseparlamentares,nãotemcomosedirigir como classe organizada contra o Estado, desmontar a dita-dura de classe da burguesia e realizar a supressão política do par-lamento, substituindo-o pela democracia proletária. A ausênciadopartidoimplantadonoseiodasmassasfacilitaotrabalhodospartidosburguesesdearrastaremosexploradosperiodicamenteparaaseleiçõeseperpetuaremocapitalismo.

A burguesia somente admitirá que o partido marxista atuecomseuprogramaetáticaporimposiçãodasmassas.Apresençadasesquerdasnaseleiçõesnãoconstituiameaça.Apresentam-secomocaricaturadosocialismo.Mesmoassim,atuanosentidodelimitar mais ainda o seu espaço. Obtiveram o registro legal e oconservam,adaptando-sepelaesquerdaàdemocracia.Ascorren-tesquesereivindicamdotrotsquismodariamumpassoprogres-sivoseconstituíssemafrenterevolucionária,comumprogramadeindependênciapolíticaedelutadeclasse.Permitiria,pormeiodaexperiência,dalutapolítica,separarafraçãodedispostaafor-mar o partido marxista-leninista-trotsquista da fração centrista,oportunista.Nascondiçõesdecalmariaedesupremaciadasilu-sõesdemocráticas,acabaporprevalecernasesquerdasocentris-mo,quesemascarademarxismo.

O POR decide pelo voto nulo, defendendo o programa e aconstruçãodopartido.

26demaiode2010

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de 03 a 17 de junho de �010 – MASSAS – �

NacionalDisputa eleitoral

Métodos burgueses de dominaçãoComapropagandaeleitoral,DilmaalcançouSerra.Ofato

trouxepreocupaçãoaoPSDBealiados.Umpassoimportantefoidado,obteve-seacoesãopartidáriaeabriu-seapossibilida-dedacandidaturapeessedebistaganharapoioempartidosdabasegovernista,aexemplodoPMDBePP.Estandonadian-teiradaspesquisas,obtidoaunidadepartidáriaeoapoiodesetores decisivos da burguesia, Serra estava confiante na pro-jeçãodesuacampanha.Masosnovosnúmerosdaspesquisasprovocaram um primeiro abalo na confiança dos serristas. O PPdePauloMalufresolveuprotelarasuadecisãodeabando-naraaliançacomogovernoLulaedebandarparaashostesdoPSDM/DEM. Caso as projeções eleitorais continuassem firme-menteafavordeSerra,partedacoligaçãodeDilmamudariadeamo.ÉassimquefuncionaapolíticaburguesanoBrasil,equasesemprenasdemocraciassemicoloniais.

Aindaécedoparaseterumaestimativadovencedordo1ºturno.Asmáquinasdepropaganda,aderramadedinheirama,as organizações empresariais, os sindicatos e as igrejas ainda nãoentraramcomtodaforçaparaarrastarasmassasparaumadefinição em que governo burguês votar. Dilma é uma obscura figura que depende do brilho do caudilho Lula. Por enquanto o Presidente está com as mãos amarradas pela Lei Eleitoral.Foi coibido pela Justiça de fazer campanha antecipada. Está aí porqueamudançadaintençãodevotoemfavordacandidatapetistaassinalouperigoparaSerra.

Acampanhaeleitoraléaespinhadorsaldaseleições.Cons-tituiemumdosmétodospolíticosdedominaçãoburguesa.Ospartidos que concorrem à mudança de governo são instru-mentos da classe capitalista.As candidaturas das esquerdasparaPresidênciasãoumaexcrescênciadademocraciaburgue-sa,aturadasnascondiçõeseconômicasepolíticasestáveisdoapós-ditaduramilitar.Sãotidascomoexotismoporenquantoadmissível.

Paraasmassas,semprearrastadaspelosgrandespartidosdaburguesia,nãohácomoentenderoqueremoscandidatosdas esquerdas, uma vez que são transformados em figuras quixotescaspelospoucossegundosdeacessoaosmeiosdeco-municação.Masnãosóporisso.Contribuemparaqueassimseja,comumapropagandaadaptadaàsexigênciaseleitorais,àdemocraciaeaoatrasodosexplorados.Nenhumadascor-rentesdeesquerda–comsuasquatrocandidaturas–expres-saumafraçãodoproletariadoedosdemaisexplorados.Nãotêm como combater a campanha eleitoral da burguesia comapropagandaeaagitaçãorevolucionárias,métodosdaclasseoperária.Somenteumpartidomarxista,queganhouposiçõesnaclasseoperária,aindaquepormeiodeumadesuasfrações,temcomousardevidamenteatribunaeleitoraleparlamentar.Portanto,terácomodistinguirperanteasmassasométododearregimentaçãoeleitoraldasmassaspelaburguesiadométododeaçãodireta.Nãoporacaso,aproliferaçãodecandidatosdeesquerdamaisconfundedoqueajudaosexploradosaprocu-raremodiscernimento.

Nas atuais circunstâncias, haverá polarização entre as duas candidaturas.ApostulanteMarinaSilvaserveaoPSDB/DEM.

As candidaturasdoPSTU,PSOL,PCBePCOsediluirãonatempestade eleitoral provocada pelas instituições burguesas.EvidenciaráofracassodareediçãodaFrentedeEsquerdade2006.Seriaprogressivaumafrentedefatorevolucionária,quepartisse do programa, da decisão de realizar um amplo traba-lhodeagitaçãoepropagandaproletárias,docombateàsilu-sõesdemocráticasdosexploradosedo rechaçoaosmétodosburgueses.Umafrentequesoldasseoprograma,ométodoeascandidaturaseque impossibilitasseooportunismoeleito-reiro,comosedeucomafrentede2006comHeloisaHelena.Masascorrentesemquestãoalimentamafalsaperspectivadeconstruirumpartidopelasviasdademocraciaburguesaedosindicalismoburocrático.

Por onde caminha o processo eleitoralLula,PTeDilmaestãonasmãosdoPMDB.Omaiorpar-

tidoburguês,quemaispesotemnoCongressoenoSenado,queobteveseisministériosnogovernofederal,quegarantiuagovernabilidadedeLulaequecomandaafraçãooligárqui-ca mais poderosa no Estado, desta vez, decidiu exigir a vice-presidênciaparagarantirapoioaDilma.Nãoháunanimidadenesteacordo.MasoPMDBéumaconfederaçãodasfederaçõesdepolíticos locais,depequenos,médiosegrandes caciques,vinculadosaosmaisdiversos interessesdaburguesia.Éper-mitidoqueosdissidentesdoacordoseladoentreLulaeTemerapóiem Serra, refletindo a política fisiológica, como no caso já evidenciadodeSãoPauloePernambuco.

Em 2002, os peemedebistas entraram na coligação doPSDB, em 2006, ficaram na espreita, depois se aproveitaram da fraqueza do governo Lula para tomar conta de parte da admi-nistração do Estado e finalmente condicionaram uma aliança comDilmaaobteravice-presidência,partilhardocomandodacampanhaeteraspectosdeseuprogramaabsorvidospelacan-didatura petista. Tudo isso foi precedido por um “pré-compro-misso”, como revelou Michel Temer. O PT não monopolizará a aliança.AdireçãodoPMDBdeixouclaroqueháumcondomí-niocomseloeassinatura.Aforçadopartidoéinquestionável.

O processo político que perpassou os dois mandatos deLulacondicionouoprocessoeleitoralatual, tantoparaoPT/Lula,quantoparaoPSDB/Serra.OPMDBgarantiuaestabi-lidadedogovernopetistade2002a2006.Oturbulentoescân-dalodomensalãodoprimeiromandatodeLulapermitiuaoPSDBeDEMchegarempertodopedidodeimpeachmentdoPresidente.OPMDBcommaioriaparlamentargarantiuLula.Mascobroucaroaproteção.Nosegundomandato,acompo-siçãodogovernosofreuumamudançasensível,oPTperdeuforçaeoPMDBaganhou.

Lula detinha e detém apoio das massas, engambeladaspeloassistencialismoepelaretóricareformistadoPT.Essefe-nômenoéimportanteparaadominaçãoburguesaeparaumagovernabilidade pacífica. Mas Lula não tinha o apoio de po-derosasinstituiçõesdapolíticaburguesa,anãoserdaIgreja.OcaudilhotevedeapoiaropédireitonascostasdoPMDBeequilibraroesquerdosobreosombrosdosmiseráveis.Logo

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Nacionalficou evidente para Lula que não basta arregimentar os explo-radoseganharaseleições.OmaisdifícilécomandaroEstado,cujasforçasreaisestãonasmãosdospartidoscapitalistas.Asdisputasefestividadeseleitoraispassameoqueveméade-mocraciadodiaadia,quemovimentaaditaduradeclassedaburguesia,queéocultadaaosolhoseàconsciênciadospobreseoprimidos.

OPSDBperdeuogovernodepoisdedoismandatos.Fer-nandoH.Cardosoarregimentouasforçasburguesasemtornodo plano de estabilização ditado pelo imperialismo. Houve uma pilhagem do patrimônio estatal, abertura do mercado,quebra econômica, desnacionalização, expropriação salarial e desemprego maciço. O ataque violento às massas foi des-fechadopelogovernodoPSDB.Luladepoisdetrêsderrotasemergiu das águas turbulentas das reformas pró-imperialis-taseantipopularesdoPSDB.OPMDBcolaboroucomFHCepermaneceu desmoralizado como opção de poder. O PT/Lula deslocou parte do eleitorado peessedebista, deparou-se comcrescimentoeconômicomundialegalgou tranquilamentenoplanoherdadodeFHC.Enfrentouumbreveperíododacriserecente,atuandodecididamenteemapoioaograndecapital.

Abriu-se,depoisdeoitoanosdelulismo,apossibilidadedoPSDBvoltaraopoder,medianteosperigosfuturosdacrise.DuascandidaturasserviamaSerra:adeMarinaSilva,petistahistórica que bandeou para o insignificante PV e Ciro Gomes, do PSB, da base aliada. Lula fez com que os socialistas burgue-sesliquidassemacandidaturadeCiro.Aimprensavemdandoimensa cobertura a Marina Silva, objetivando deslocar partedo eleitorado lulista. O PV fez um acordo com o PSDB/DEM em apoio à candidatura de Fernando Gabeira para governador doRiodeJaneiro,recebendoemtrocaapoioaJoséSerra,deforma que Marina ficou descartada nesse Estado.

Asposiçõesdascorrentesquecompuseramafrentedees-querdanaseleiçõespassadasestãomarcadasporesseproces-so.HeloisaHelena,doPSOL,haviarechaçadooseunomeàcandidatura pela segunda vez e assim inviabilizou a reedição

dafrentedeesquerdacomoPSTUePCB.OcorrequeasuafraçãopretendiacoligaroPSOLcomoPV.OapoioaMarinahaviasidoanunciadoporHeloisaHelena,quandoosverdesaceitaram a oferta do PSDB/DEM de apoiar Fernando Gabeira. O PSTU vinha reivindicando a constituição da frente de es-querdacomHeloisaHelena,enquantonosbastidoresadireçãodoPSOLnegociavacomoPV.Esseoutro ladodamoedadoprocessoeleitoralrevelaumaesquerdadependentedosmovi-mentosdapolíticaburguesa.

Comoassim,retrucaráummilitantedoPSTU,quecrênalutadeseupartidopelaindependênciadosexplorados.Bastaquetenhaocuidadoparaanalisarosacontecimentosqueen-volveramofracassodafrentedeesquerdaparasecompreen-der. O PSTU qualifica falsamente o PSOL de socialista, quando setratadeumpartidopequenoburguêsconciliador,socialde-mocrata. Ao se desenvolver a diretriz de frente de esquerda comHeloisaparapresidente,depoisdeaexperiênciamostrarinequivocadamentequesetratadeumaimpostora,oPSTUsevinculou ao processo burguês, ainda que tenha repudiado acondutadeadesãodoPSOLaoPV.

Frustrada a tentativa de aliança com o PSOL e PCB, a afir-mação da candidatura de José Maria ficou como a última alter-nativa.OchamadoparaconstruiracandidaturasocialistadoPSTU pelo jornal Opinião Socialista se mostrou sem sentidoe refletiu o processo de relação oportunista entre as correntes que em 2006 convocaram os trabalhadores, a juventude e avanguardaavotarememHeloisaHelenaenoscandidatosdafrenteparagovernadoreCongresso.

A crítica do POR e a sua negativa em apoiar uma frentefraudulentasemostroucorreta.AquestãofoirecolocadapeloPSTUempiorescondições,demonstrandoqueacríticamar-xistanãolheinteressaequeaexperiênciapodemuitobemserposta de lado.Não serápor esse caminhoque se combateráa influência da política burguesa sobre as massas. Não será constituindoumaaladeesquerdadoprocessoeleitoralqueseatrairáaatençãodoproletariadoparaosocialismo.

Ceará: PT e PSDB disputam o apoio de Cid Gomes para candidatos ao Senado

O governo burguês de Cid Gomes (PSB) chega ao final de seuprimeiromandato.Asucessãoestadualestásendomarca-dapeladisputaentreoPTeoPSDBemtornodoapoiodeCidaseusrespectivoscandidatos.DasduasvagasaoSenado,Cidjásecomprometeuaapoiaruma:adopré-candidatodoPMDBEunícioOliveira.OPSDBhámuitojáanunciouapré-candida-tura de Tasso Jereissati. O PT, por sua vez, acaba de homologar apré-candidaturadeJoséPimentel,ex-ministrodeLula,famo-soporlevaracaboareformadestruidoradaPrevidência.

Cid conseguiu, desde o início de seu governo, em 2006,aliar praticamente todas as frações burguesas ao redor desua administração. Os principais partidos burgueses (PSDB,PMDB,PTB)eoutrosaburguesados(PT,PCdoB)compõemseusecretariado.EisporqueCidseapresentacomocandida-tonaturalàreeleiçãocomapoioincontestáveldestessetoresepraticamentesemopositores.AdesistênciadacandidaturaaogovernoestadualporpartedoprefeitodeMaracanaú(região

metropolitana de Fortaleza), Roberto Pessoa/PR, e por parte do PSDB que ficou um tempo a sondar algum nome em uma candidaturaapenasformal(paraassegurarpalanqueparaSer-ranoestado)sãoprovasvivasdesteenormeapoiodequedes-frutaCid.OpapeldoPTnos4anosdegovernoCidfoimaisquedeumcoadjuvante.OPTdetevealiderançadogovernonaAssembléiaedefendeuoarrochosalarialsobreofunciona-lismo,odesmontedasuniversidadesestaduais,oprogramaderepressão(rondadoquarteirão)etodaademagogiasobreasescolas profissionalizantes e as grandes obras estruturais (refi-naria,siderúrgica,transnordestina,etc).

TudopareciatranqüilonaaliançaPSB/PTatéoPSDBlançarTassoàpré-candidatoaoSenadoe,pormeiodeseusantigoslaços com os Ferreira Gomes, ganhar elogios de Ciro e, depois, de Cid Gomes que o chamou de “o maior político vivo do Cea-rá”.A candidatura de Ciro à presidência pôs, à época, maislenha na fogueira. O PT fez pose de principista e ameaçou não

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de 03 a 17 de junho de �010 – MASSAS – 7

NacionalapoiarareeleiçãodeCidlançandoumcandidatopróprio(quecumpririaamissãoprincipaldegarantirumpalanqueàDil-manoCeará).Tudobravata.QuandooPTnacionalconseguiudesmantelaracandidaturaCiro,negociandocargosealiançasestaduaiscomoPSBnacional,veionovodesgasteentrePTePSBnoestado.CidalegouqueaaçãodoPT,eliminandoseuir-mãodacorridapresidencial,lhedavaodireitoderetaliaroPTnoestadoeque,portanto,estesóteriadireitoàvagadeVice-Governador. Até agora, porém, Cid não definiu apoio oficial senãoaocandidatodoPMDBparaumadasvagas.

Os trabalhadores precisam rechaçar a disputa eleitoralista interburguesa e defender a independência de classe através do voto nulo

O duelo entre PT e PSDB em torno de uma acomodaçãocomCidparaadisputaaoSenado,bemcomoaprópriacan-

didaturadeCidaogoverno,precisaserrejeitadapelostraba-lhadores. O burguês e antipopular governo Cid em nada sediferenciadosantigosgovernoscambebistasdeTassoeCiro.TantoéassimqueoPSDBengajou-sedesdeoiníciodogover-noao ladodeste.PSDB,PTePSBaliadosaoPMDBformamumsólidoblocodaburguesiacontraostrabalhadoreseseusreivindicações.Nãohágrevenoestadoqueestebloconãocon-dene!Nãohálutaemquenãolanceanátemasouameacecomaproibiçãojudicial!Osexploradosnecessitamdefenderasuaindependênciadeclasse,empunharoVotoNuloProgramáticoedefenderaconstruçãodoPartidoOperárioRevolucionário.

Nenhum apoio às candidatu-ras burguesas! Pelo Voto Nulo Programático!PeloPartidoOperárioRevolucionário!PelaRevoluçãoProletá-riaeoSocialismo!

Organizar a categoria já! Convocar uma assembléia para preparar a luta PCCR!

O governo Cid Gomes, em julho de 2009, fez uma peque-nareformanoPlanodeCargoseRemuneraçãodomagistério.Por meio da Lei nº 14.413, modificou, extinguiu e incorporou as gratificações. Trata-se do mecanismo utilizado pelo governo estadualparaseadaptaràLeidoPisoNacional(11.738/08)eparapassaraidéiadequejápagabemacimadoPisoNacional.TodaessaadequaçãocontoucomosilêncioeavaldadireçãodaAPEOC,porqueosaláriobaseaumentando,aumentaodes-contosindicalparaocofredosindicato.

AmudançapromovidapelogovernodoEstadoqueincor-porou parte da gratificação da regência de classe (código 0183) e da gratificação por tempo de serviço (código 0108) no venci-mento base, extinguiu as gratificações por exercício funcional em determinados locais (código 0106 – gratificação exclusiva dos professores efetivos de Fortaleza) e o incentivo profissio-nal(código0281).Alémdisso,nomomentodaadaptaçãodoPCCR, o governo vai dificultar ao máximo a ascensão vertical e horizontal da categoria através da avaliação de desempenho, provaporméritoetc.

As pretensões do governo Cid na adequação do PCCR àLei do Piso são de reduzir o interstício de 5% para 2%, passar suaconcessãode12mesespara24meses, imporaavaliaçãodedesempenhoeestabelecerlimitedepercentualdestavan-tagem.Ogovernotambémvaitentarimporadiminuiçãodopercentualdamudançadenívelquecorrespondeatualmentea40%donível13paraareferência21,poisaprópriadireçãodaAPEOCpropõeareduçãopara20%noProjetodeLeiapre-sentadoaogoverno.

Nodia18demaio,adireçãogovernistadaAPEOCsentoucomogovernodoEstadoparanegociaremnomedacatego-ria(quasetodasasmigalhasnegociadasestãocondicionadasaconsulta ao TSE), sem realizar uma única assembleia dos pro-fessoresparadiscutireaprovarumapautadereivindicaçõese

retirar os membros da comissão em que deveria fazer a nego-ciaçãodoPCCRcomogoverno.MasoqueaconteceufoiqueosvendidosdaAPEOC,àreveliadosprofessores,formaramacomissãosemapresençadeumúnicorepresentantedabase.

A comissão formada por Penha, Juscelino, Anízio e Regi-naldo vai fazer acordos espúrios com o governo e conspirar contraacategoria.Depoisdenegociararetiradadedireitoscomogoverno,vamosreceberalgumasmigalhaseelesvãocantarvitóriapelosquatroscantos.Oquesepercebeéqueháum acordo tácito entre sindicato e governo do Estado parasóreceberenegociarcomaentidadesenãohouveraassem-bleia, mobilização e manifestação dos professores. Por que falamosisso?Aburocraciaagiusemprecomtruculêncianasaudiênciaspúblicasenossemináriosquandoabaseeaopo-sição questionavam por que até hoje não houve uma únicaassembléia.

ACorrenteProletárianaEducação/PORpartedoprincípiode que é necessário convocar uma assembleia urgente parapreparar a categoria e mobilizar para barrar as pretensões de Cid Gomes. Sem os professores em discussão permanente e mobilizados, seremos derrotados. A direção da APEOC cria a falsailusãodequebastaacomissãoformadapeladireçãodosindicatoparagarantiralgumaconquista.Puroengano!Paravencerederrotarosobjetivosdogovernoéprecisoconstruiragreveportempoindeterminadodomagistérioestadualcapitaleinterior.

A luta dos professores não deve se restringir a aspectoseconômicos,mastambémdeveserpolíticaparacombaterore-gimecapitalistaquemantémamisériaeexploraçãodostraba-lhadores. Por fim, para resolver essa contradição no modo de produçãocapitalistaénecessárioconstruirosocialismoatra-vés da revolução social para colocar um fim na exploração de classeeaopressãosocialexistente.

Milite no POR, um partido de quadros, marxista-leninista-trotskista. Discuta nosso programa.CAIXA POSTAL Nº 01171 - CEP 01059-970 - SÃO PAULO – www.pormassas.org

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Em meados do mês de maio de 2009 explodiu em Fortaleza umaondadegrevesdo funcionalismo.Tantonacapitalcea-rensecomono interior,omovimentofoimassivoe tendeuàradicalização, tendo como destaque as greves conjuntas prota-gonizadas pelos professores da rede estadual e municipal.

Dasváriasliçõesqueextraímosdestajornadadelutagre-vista,iremosdestacarasmaisexpressivasparaquesirvamdesustentaçãoparaosacertosdospróximos.

Condições objetivas das greves do magistérioA destruição sistemática do ensino no capitalismo pelos

governosobrigaostrabalhadoresareagiremcommétodosdelutaprópriosdaclasseoperária:greves,bloqueios,ocupaçõesdeprédiospúblicosetc.Cabeàsdireçõestransformaremestadisposiçãodelutainstintivaemcargaexplosivacontraosgo-vernos.

Sejaemâmbitoestadualoumunicipal,osprofessoresvivemsemelhantessituaçõesdeataqueaseusalárioecondiçõesdetrabalho. A precarização sistemática das condições de ensino, como a superexploração do trabalho (ampliação de jornada,fim dos horários de planejamento); implantação de contratos temporários (4 mil na prefeitura e 11 mil no estado); tentativa deaplicaçãodeavaliaçãodedesempenho,comoformadecon-cessão de gratificação e de demissão; ampliação das doenças ocupacionais; violência generalizada nas escolas e ataque à de-mocraciaescolar(eleiçãodediretoresecoordenadores)etc.

Masoqueaglutinouessesdoissetoresdofuncionalismo,apesar de suas especificidades, foi a luta pela implantação do PisoSalarialNacional(PSN-LeiFederalnº9.249/07).Tãopro-pagandeadopelosgovernospetistasesuasdireçõessindicais,nãovemsendoimplantadonosgovernosemqueessepartidocontrola.

Essefoiomotorqueligouossetoresparaumalutacom-bativacontraosgovernosequepermitiriaagrevesetransfor-maremreferênciaparaoutrossetoresdofuncionalismo,quehá temposvêemseus salários sendo rebaixados.Contudo,oresultado final do movimento foi de obtenção de migalhas.

Greves de outros setores do funcionalismoConjugadaàgrevedomagistérioestadualemunicipal,ou-

tras greves de setores do funcionalismo de Fortaleza ecolodi-ram. As razões do movimento não se diferem: baixos salários e péssimascondiçõesdetrabalho.

Osucateamentodosserviçospúblicos,evidenciadonafal-tadeequipamentos,veículosdetrabalhoprecários,estruturafísica deficiente, jornadas de trabalho extensas e, o mais impor-tante,osbaixossaláriosforamfatoresdaeclosãodasgreves.Aexigênciadosgrevistasseconcentravanaimplantaçãodasgratificações já previstas nos PCCS, no combate ao fim da iso-nomiasalarialenoaumentodesalários.

Contavamainda,tantoprofessorescomoosdemaisservi-dores,comasmanifestaçõesdosestudantesuniversitários,emlutacontraoaumentoabusivodaspassagensdeônibus.

Este é o contexto das mobilizações e greves ocorridas em Fortaleza. A possibilidade de vitória, pela envergadura dos movimentos(20milservidoresparalisados),eraiminente.Ca-bia às direções sindicais dos vários setores unificar os movi-mentoscomocaminhoparaoembatecontraosgovernos.

1) Posição dos governos: repressão e divisionismoTanto o governo estadual (Cid Gomes- PSB/PT) como a pre-

feitura(LousianneLins-PT)usaramamesmatáticaparalevaromovimentoàderrota:ameaçasdedemissãoeretiradadebo-nificação, repressão, demora no processo de negociação e, por último,tornaragreveilegal,seguidademultasaosprofessoreseaosindicato.

Mesmoassim,osprofessoressemantiveramresolutosemcontinuaromovimentogrevista,ignorandoasameaças,oter-roreasmedidasjurídicaspunitivas.

Quantoaosservidoresdeoutrossetoresdofuncionalismo,aprefeitaLousianneLinsprocurouimporascondiçõesdene-gociação:negociaçãoemseparadocomascategoriasenãone-gociarcomelasemgreve.

Frenteaessemétodopatronal,aburocraciafraquejou.Aospoucos, cadaumadascategorias foi cedendoàspressõesdaprefeitaeretornouaotrabalho.Asreivindicaçõeselementaresnãoforamatendidas.

2) Posição da Burocracias Sindicais: rechaço à unidade grevista

a) MagistérioEstadualeMunicipalAsdireçõessindicaisdomagistério(Apeoc/estadualeSin-

diute/municipal),controladas,respectivamente,pelosgruposPenha,Articulação/PTeOTrabalho,agiramcomotodaburo-cracia governista: traindo o movimento, evitando se chocarcomogovernoparamanterseusprivilégiosnoaparelhosin-dical.

Asgrevesdesteperíodoforamdecretadascontraavontadede suas direções. Isso ficou evidente ao não conseguirem usar aunidadedasburocraciasparavetarasdecisõesdabaseecer-cearademocraciasindicalnasassembléias.

Entreoutrasmanobrasparadestruiromovimentogrevistaestáofatodasdireçõespelegastentaremdividiracategorianomomentodasnegociações.Porúltimo,colaboroucomadecre-taçãopelogovernodailegalidadedagreve.

A conseqüência não poderia ser outra: mesmo resistindonaprimeirasemana,omovimentogrevistaperdeuforça.Che-gandoaoabsurdodaApeocsuspenderagrevesemconsultaraassembléia.

Comosevê,asburocraciasvendidasnãopouparamesfor-

Sintetizamos as principais considerações do folheto “Balanço das greves do magistério e das eleições para o Sindiute”, publi-cado pela regional do Ceará. A critica ao divisionismo burocrático e à posição conciliadora da esquerda petista como a prefeita

do PT traz inúmeros ensinamentos. A corrente O Trabalho se reivindica do trotskismo, no entanto, se coloca sob a política reacionária do reformismo. Sua conduta servil na greve mostra quanto mal provoca ao se reivindicar da IV Internacional. O

folheto se encarrega de desmascarar a política liquidacionista desenvolvida pela burocracia e pela esquerda petista.

Lições das greves de Fortaleza

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Educação

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ços para se manterem no aparelho. Promoveram constantestraições e manobras espúrias para conter o embate entre osgrevistaseseuspatrões,osgovernos.

b) OutrossetoresdofuncionalismoAs direções sindicais do Sindifort e Sindilurb fizeram de

tudo para não unificar os movimentos. Eram pelo menos sete setoresqueestavamdispostosaenfrentarogoverno.Aceita-ramacondiçãoimpostapelaprefeitadenegociaremsepara-do,porcategoria.Cadadireçãoburocráticaevitavaoscalendá-rios unificados de luta, mesmo sendo uma exigência da base. Quandonãorecorreramaintermediáriosparaasnegociações(vereadores,deputadosestaduais,cúriametropolitanaetc.)

O resultado final não poderia ser outro: desmonte do movi-mento grevista com obtenção de promessas vazias e migalhas.

Sendo assim, podemos sintetizar o método burocrático praticadopelasburocraciasdosservidoresdaseguinteforma:aceitação da imposição da prefeitura de negociar em separado; busca de intermediários para negociação; fuga das ações mas-sivas e radicalizadas; utilização da justiça burguesa e proposta degrevedefomeeacampamento,semteresgotadotodoopo-tencialgrevistadelutademassa.

3) Posição da Corrente Proletária/POR – Unidade grevista

ACorrenteProletária/POR,prevendooriscododivisionis-mo,lançouaconsignadeformaçãodeumcomandogeraldeluta unificado.

A unificação do movimento deveria iniciar com a forma-çãodeumcomandogeraldelutacomrepresentanteseleitosna base, seguir com assembléias unificadas e concluir com um únicocalendáriogeraldeluta,umaúnicacomissãodenego-ciação e uma pauta unificada de reivindicações.

Este amplo movimento unificado começaria por unir os servidores de Fortaleza, do magistério municipal e estadual e ossetoresforadosservidores(estudantesuniversitários).

OfatodoPORnãopossuirpenetraçãonasoutrascatego-riasdeservidorescontribuiuparaasmanobrasburocráticaseparaodivisionismo.

Esta é a razão do fracasso da unidade que contou com o própriofracionamentodascorrentesdeoposição,emespecialoPSTU/Conlutas.

4) Conclusões• Dez categorias estavam em greve em Fortaleza (capital e

interior), totalizando 20 mil servidores. As reivindicações comunsentreoselaspermitiriaaunidadedosmovimen-tos.

• Unificar todas as lutas seria criar um potente movimento grevista,ondecadasetordofuncionalismo,apoiando-senooutro, reforçaria os flancos e atuaria como um bloco coeso, que adquiriria um enorme impulso, dificultando o seu con-trole pela burocracia sindical;

• A falha capital do movimento foi não conseguir rompero cercododivisionismoeda fragmentação impostosporsuasdireções,asburocraciasindicais.Ouseja,assembléiasemseparado,atopúblicoemseparado,negociaçõesemse-parado, ausência de um único comando geral de mobiliza-çãoqueunissetodosossetoresemação.

• Avançar no método de luta pela ação direta (bloqueios,ocupações de prédios públicos, piquetes, mobilizações constantes) contra os movimentos pacifistas impostos pelas direçõessindicais.

• Aurgêncianaconstruçãodeumacombativadireçãosin-dical,alinhadacomadefesadarevoluçãoproletáriaedosocialismocomoformadesuperaracrisededireção.

Sintetizamos o boletim da Corrente Proletária na Educação, do município de Osasco

Rejeitar o reajuste apresentado por Emídio- PTHámuito tempoestamosdenunciandooarrochosalarial

imposto aos trabalhadores da Educação, no município deOsasco.Umsaláriomiserável!Nãochegaadoissaláriosmí-nimosenemtampoucoatendeaopisonacionalde fome,deR$950,00.Comosejánãobastasse,ogovernopetistamantémostrabalhadoresnamiséria,anunciandoumpacotede3%dereajustesalarialatodosostrabalhadoresdomunicípio.

Aausênciadeisonomiasalarialéoutroataqueaostraba-lhadores. Mesmo depois do enquadramento dos PDI’s, estescontinuam tendosalárioedireitosdiferenciadosdosdemaisprofessores.Paraosgestores(diretor,vice-diretorecoordena-dor) e cargos em comissão, impera a política de bonificação, pelaqualosmantémsubmissosàpolíticadogoverno.

Apesardetantosataquesaostrabalhadores,quenãoseli-mitamaosalárioeàscondiçõesdetrabalho,asdireçõessindi-cais(APÓS,SINTRASPeASSO)nãotêmrespondidoàaltura.Não têm cumprido o papel de organizar a luta dos trabalhado-resemdefesadoemprego,dosalárioedascondiçõesdetraba-lho.Suapolíticaédesubmissãoeconciliaçãocomogoverno.

Essasdireçõesprocuramarrastarostrabalhadores,criandoa ilusão nas mesas de negociação. Dizemos isto porque este anonemsequerhouvecampanhasalarialdefato.Asdireções

alimentaramfalsasesperançasnasmesasdenegociaçãoe,sóagora,depoisdeanunciadooreajustepelogoverno,équecha-mam os trabalhadores para se manifestarem. Na verdade, oqueobservamoséaomissãodaAPOSedaASSOeadisputaeleitoreiradoSINTRAST-ForçaSindical.

Nestesentido,oREconvocadopeladireçãodaAPÓS,tema tarefa de convocar uma assembléia massiva para corrigir ocursodomovimentoeaprovarocaminhodalutadireta.Umaassembléiapararejeitarapropostadoprefeitopetistaeapro-varométodocoletivoparaarrancarnossasreivindicações.Oprefeito do PT aproveitou a desmobilização dos trabalhadores paraimporumreajustedefome.Aassembléiadeverechaçaraesmoladogoverno.

Unidade do funcionalismo A unidade com outros setores do funcionalismo público

deOsascoéfundamentalparaampliaroenfrentamentocomo governo. Daí a importâncias das Assembléias Conjuntas.Nadadeacordosdecúpula.Nadademesadenegociação.QueaAPOSchameaunidadecompaiseoutrossetoresdofuncio-nalismo.Emdefesadeumapautadereivindicaçãoaprovadaemassembléiapelosprofessores.

de 03 a 17 de junho de �010 – MASSAS – �

Educação

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Educação

Apósasuspensãodomovimento,veioàtonaofundodegreve. Na reunião do Conselho de Representantes do dia7demaio,oPSTUdenunciouaArticulaçãoeseusaliadosdenãoaceitaremdevolverossaláriospagospelosindicato.Os grevistas tiveram os descontos e os diretores liberadostiveram os salários integrais.Até ai a denúncia era proce-dente. Mas a burocracia se enfureceu. Acusou o PSTU denão ser ‘leal” ao acordo realizado em reunião de diretoria. Eotesoureirochefetomouapalavraparaexigirque,senãohá “lealdade”, tudo deveria ser cortado. Ameaçou com a po-lícia, caso algum diretor se recusasse a entregar as chavesdoscarros.Ordenouqueosdiretoresentregassemochequenovalordodepósito,oscelulares,osvalesdealimentaçãoeoutras benesses. A braveza dos burocratas foi intermediada peloPSOL,quealertousobreaimportânciadenãoparalisarasatividadesdaApeoesp(viagensetc).Airadosburocratastraídos foi se desfazendo com as “preocupações” do PSOL. Enfim, a burocracia deu uma solução: discutir o problema emreuniãodediretoria.

Restabelecimento da “lealdade” Nareuniãoseguinte(dia21/5)doConselhodeRepre-

sentantes,aburocraciatrouxeoresultadododesfecho.Nenhu-mapuniçãoaosdiretores.Devoluçãodocelular.Entregadoscarrosecartãodecombustível.Nadadedescontosnosalário.Tudocomoantes.Lamentavelmente,nenhumadascorrentesdeOposição,quecompõemadiretoria,secontrapôsaoresta-belecimento da “lealdade”.

Airadaburocraciaeraapenasumsinalparaascor-rentesqueusamosrecursosdosindicato.Orecebimentoim-plicacompromisso.Arecusaemdenunciarousododinheiroe outros recursos sinaliza o quanto essa ala da Oposição é de-pendente da burocracia.Alguns setores oposicionistas argu-mentamquesetratadedinheiroparaaluta.Masseéparaa

luta,quemdecideoquepegarecomopegarnãoéodiretore nem a corrente política do qual faz parte. Quem decide é a assembléia, devidamente convocada para esse fim.

Os professores devem rechaçar os acordos de dire-toriaeexigirqueosrecursosdosindicatosejamdefatoparaa mobilização, para a greve e para movimentos em defesa da educaçãogratuitaedascondiçõesdetrabalho.

Uma fábula de dinheiro A diretoria apresentou no Conselho do dia 21 uma

prestaçãodecontas.Trouxeoseconomistaseotesoureiroparajustificar o uso de milhões de Reais. Nada menos do que 51 milhões. Esta fábula de dinheiro não foi suficiente para pagar osgastosdosindicato.AApeoespcontinuatendoosaldone-gativo. Mesmo assim, a diretoria propôs que se realizasse um congressocomumcustodequase2milhõesdeReais,naestân-ciadeSerraNegra.

Trata-sedeumbalançomontadopelostécnicospagospara justificar as enormes despesas da Apeoesp. Um balanço verdadeiro é aquele que é controlado pelos professores debase,eleitosemassembléia.Achavedocofredosindicatonãoéprivilégiodediretoria.Ocofreeousododinheirodospro-fessoresdevemestarinteiramentesobavigilânciadabase.Issoédemocraciasindical.

ACorrenteProletárianaEducaçãovotoucontraoba-lançodaburocraciae,também,semanifestoucontráriaaumcongressodemilhõesdeReais.Trêsreivindicaçõessãofunda-mentais: 1) redução do valor das mensalidades dos filiados da Apeoesp.Odescontodeveserequivalenteaoqueoprofessorganha por hora-aula, portanto, R$ 7,58 por mês; 2) que os con-gressos sejam para aprovar o Plano de Lutas, o que significa o fim do congressos de hotel-fazenda e de festividades; 3) que as finanças do sindicato sejam inteiramente controladas por pro-fessoreseleitosemassembléia.

Apeoesp – Política sindical e dinheiro

Conluio de burocratas

Rondönia

Em defesa da greve na educaçãoÉprecisorespeitarasdeliberaçõesdasassembléias.Relem-

bramos, mais uma vez, que as deliberações de assembléias es-tãosendodesrespeitadas.

Nodia06/05,foiaprovadoemassembléiaqueosservido-resdaeducaçãodomunicípioentrariamemgreve.Adireto-riadoSindicatotrouxearespostadapautadereivindicações:0,5%dereajustesalarial.Tratava-sedeumanegociaçãoquesearrastavadesdeoiníciodasaulas.Adata-baseéomêsdemaioeapropostadoprefeitopetistaeraumaafrontaaostrabalha-doresdaeducação.

A burocracia do sindicato começou a manobra.A assem-bléiaaprovouquesearespostadoprefeitonãofossesatisfató-ria, a greve deveria ser deflagrada no dia 17 de maio. A direto-ria marcou nova assembléia e firmaram o compromisso de que iriam mobilizar as escolas para que a assembléia fosse massiva. Masissonãoaconteceu.Convocaramoutraassembléiaparaodia 25 de maio. Tudo para cansar e desmobilizar os que esta-

vamdispostosàgreve.OfatoéqueaburocraciaapóiaoprefeitoRobertoSobrinho

eagrevepoderiadesgastaraimagemdopetista.

Corrente Proletária da Educação reafirma que não existe outro caminho senão a greve

ACorrenteProletáriaalertasobreaimportânciadagreve.OprefeitodoPTsóatenderáasreivindicaçõesseagrevefordecididamenteaprovada.E seos trabalhadoresdaeducaçãoparalisaremasescolaseganharemàsruas.Paraqueissoacon-teça,éprecisocombaterapolíticadaburocraciadosindicato.Esta faz corpo mole para defender o prefeito. Ajuda a descarre-garoarrochosalarialeasprecáriascondiçõesdasescolassobreostrabalhadoresdaeducação.

Aindependênciapolíticadosindicatofrenteaosgovernosé fundamental. O apoio ao governo significa submissão do sin-dicatoàpolíticaburguesa.Nessesentido,éimportanteadefe-

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de 03 a 17 de junho de �010 – MASSAS – 11

Educação

Rio Grande do Norte

A constituição da Frente de Mobilização Estudantil (FME) e a política centrista

O novo regulamento da graduação foi elaborado peloCONSEPE (Conselho Superior de Pesquisa e Ensino), com-postoporcercade15membros(13professores,01estudantee 01 funcionário). Portanto, é um órgão antidemocrático desustentaçãodopoderdaburocraciauniversitária,manipuladopeloReitor.NadaseconseguedentrodoCONSEPE,tampou-co,pressionando-o.AsdiscussõesnoCONSEPEsobreonovoregulamentodagraduaçãoiniciaram-seemabrilde2009.Nodia 03 de dezembro foi concluído.

Durante todo esse processo, a direção do DCE (PT e “in-dependentes”-independentesdospartidosdeesquerda)nãoconvocou os estudantes nenhuma vez para discutir e aprovar umaposiçãocoletiva.Aocontrário,tudoocorreunasurdina.

OproblemaéqueestadireçãodoDCEépartidáriadaRei-toria e, assim, acredita que no “diálogo” é possível convencer a burocraciadauniversidadeemnãoatacarosdireitosestudan-tis.Resultado:onovoregulamentodagraduaçãodiminuiuotempodetrancamentodedisciplina,ameaçadedesligamentodauniversidadeoestudantequeforreprovadomaisdeduasvezes em uma mesma disciplina ou que tranque todo o progra-ma,instituiuumhoráriodeaulanoturnoimpraticávelparaosestudantestrabalhadores,etc.

A revolta estudantil empurrou a direção do DCE para aassembleiageral.Nasassembleias,adireçãodoDCE(PT,in-dependentes) comportou-se como a tropa de choque da bu-rocracia universitária/Reitoria, impedindo qualquer posturacoletivadosestudantescontráriasaonovoregulamento.Ape-lou para a falta de quórum em uma, dificultou a discussão em outra com quórum, chamou assembleias sem mobilizar, fez de ouvido de mercador para qualquer proposta de encaminha-mentodalutacontraonovoregulamento.Aomesmotempoqueimpediaomovimentodosestudantesdeconfrontocomonovoregulamentotentava,desesperadamente,algumacordocom a burocracia. Implorava à sua Reitoria que fizesse pelo menos uma concessão aos artigos criticados pela CP.Assim,apareceriam aos estudantes como capazes de conseguir mu-danças através do “diálogo” com o “reitor democrático”.

A formação da frente de mobilização estudantilCom a entidade geral dos estudantes universitários na

UFRNforadecombate,impedidaporsuadireção,asestudan-tes da direção do CA de Serviço Social – orientada politica-

mentepelaestudantedoPSTU–convocouoslutadoresàuni-ficação e ao encaminhamento da luta, independente da direção atualdoDCE.

AprimeirareuniãoocorrenasededoCAdeServiçoSocial.Nele,aCorrenteProletária/PORapresentoupropostasdemo-bilização da base, o plano era fortalecer a frente de combate. Apresenta-seumapropostadenotaaserentreguenoatopro-posto pelo PSTU. O nome de Frente de Mobilização Estudan-til(FME)sainasegundareunião,juntamentecomapropostade eixo da luta: “suspensão imediata do novo regulamento dagraduaçãoeaberturadediscussãocomtodaacomunida-deuniversitária”.TantononomedaFrentequantonoeixodaluta,aspropostasforamaprovadascomaCPvotandodividi-da,assim,sófoipossívelaspropostasseremaprovadascomovotodosoutrosestudantesquenãoeramdaCP.

Na questão do eixo da luta, por exemplo, a proposta domembro da CP foi de “abaixo o novo regulamento...” (e segue orestantedotexto)enquantoqueaideiadesuspensãofoidomembrodoPSTU.ApropostadoPSTUfoiaprovadaporqueaCPvotoudividida.Oqueexigeumadiscussãocriticapro-funda.

A Frente organizou dois atos, passou em salas, promoveu discussõesnoscursossobreonovoregulamentodagraduaçãoe, como ponto culminante de sua atividade realizou a ocupação doCONSEPE.Foramtrêssemanasdeatividadesemconjuntoquedemonstraramaforçadauniãodosgruposoposicionistaseestudanteslutadores.

Porém,aocupaçãodoCONSEPEresultounamanutençãodosconselheirosburocráticosemrefém,ao trancaraportaenão deixá-los sair enquanto não revogassem o novo regula-mentodagraduação.Naverdadeoqueocorreufoiumares-postaatruculênciadavice-reitora,presidentadoCONSEPE.Aburocrataimpediuafaladosestudantes,cortoumicrofoneeaindateveaousadiadeproporafalaasomentealgunsdosestudantespresentes.Emdetrimentodaquantidadedeestu-dantespresentes,avice-reitoraburocratapresidentadoCON-SEPEantidemocrático,queriaimporafalaamenosde10%dosestudantespresentes.

Aoverqueosestudantesnãoaceitariamtamanhafaltadedemocracia,suspendeuareuniãoecorreudasalapelaportamaisperto.ACP,rapidamente,juntocomumgrupodeestu-dantes, trancou as portas e não deixou mais nenhum conse-

sadaindependênciafrenteaoEstadoeaosgovernos.Na assembléia, a Corrente Proletária da Educaçãodefen-

deu:1.Reajustesalarialparareporasperdassalariais.Aburo-

cracia do sindicato diz que o reajuste deve ser de 34,41%. Cer-tamente,asperdassãomaiores.Rejeitaraesmolade0,5%,quenãocorrespondesequeràcompradeumsaquinhodepipocaao mês;

2.Nenhumtrabalhadoremeducaçãorecebendomenosdoque o piso equivalente ao salário mínimo vital, R$ 3.500,00;

3. Estabilidade a todos os professores emergenciais;4.Aplicaçãodaescalamóveldashorasdetrabalhoesalá-

rio;5.Diminuiçãodonúmerodealunosporsala,construçãode

novas escolas;6.Rejeitarqualquertipodeopressãodentrodasescolase

parte da secretaria;7.Defesadaescolaúnica,pública,gratuitaemtodososní-

veisevinculadaàproduçãosocial.

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Bahia

Debate sobre a luta armada na ditaduraO Diretório Acadêmico de História

da Universidade Jorge Amado (Unijor-ge), em Salvador, realizou um debate sobreasesquerdasarmadaseaditaduramilitarnoúltimodia26demaio.Parti-cipamosentreosdebatedoresjuntamen-tecommilitantesdeoutrascorrenteseprofessores da Universidade Estadualde Feira de Santana (UEFS). O debatecontou com a participação de um bomnúmero de estudantes de história e deoutros cursos das ciências sociais e apresençademilitantesdecorrentespolí-ticasdachamadaesquerda,inclusivedoPartidodosTrabalhadores(PT).

Aproveitamos os estudos realizados pelopartidosobreosdocumentos,pro-gramas e textos das correntes políticasdas décadas de 1960 e 1970, que parti-ram para a luta armada contra a dita-dura, para expor a posição do partido

frente ao tema, mostrando as relaçõesdaconjunturapolítica,econômicaeso-cialdaépocacomoquesepassanopla-no internacionalda lutadeclasses.Emsíntese fizemos as seguintes críticas às correntespolíticasquepegaramemar-mascontraaditaduraedesenvolveramofoquismo.

Asmais importantescorrentespolí-ticasqueatuaramdeformaarmadacon-traaditaduraforamresultadodecisõesoriundasdacrisedoPartidoComunistaBrasileiro(PCB)edoPartidoComunistadoBrasil(PCdoB).Paratanto,acompre-ensão das razões que levaram inúmeros militantesaracharemcomoPCBestãoligadasàcriseabertanoestalinismocomasdenúnciasdoscrimespraticadosporStalin por Nikita Kruchov em 1956 noXX Congresso do Partido ComunistaSoviético,bemcomoaoprocessodein-

tegraçãodoPCbrasileiroaoEstadoeàpolíticaburguesa.Bastalembrarque,nalinhadoPCrusso,oPCBadotouateseda via pacífica para o socialismo desde o final da década de 1950, o que signi-ficou o aprofundamento da conciliação declassesemaiordegeneraçãodoesta-linismonoBrasil.

O processo de desagregação do es-talinismo se ampliou com a adesão doPCB ao governo de João Goulart (Jango), submetendo os explorados do campoedacidadeaocontroledoEstadobur-guês,direcionandoas insatisfaçõesdasmassasparaasinstituiçõesdademocra-ciaburguesa,iludindo-ascomacaracte-rização de que o que se passava no go-verno de Goulart era a primeira etapa da revoluçãobrasileira,quedenominavamrevolução democrático-burguesa, noestilodarevoluçãoporetapasestalinis-

1� – MASSAS – de 03 a 17 de junho de �010

Educaçãolheirosair.

OdiretordoDCEmaisoseurepresentantenoCONSEPE,tomaramasdoresdaburocraciaetentaramabriraportaàfor-ça,provocandooconfronto.

O PSTU faz coro com a burocraciaGrande parte dos estudantes que participavam da ocupa-

ção no CONSEPE não tinha experiência de participação domovimentoestudantil.DesconheciaopapeltraidordadireçãodoDCEaocolaborarcomaburocraciadoCONSEPEeacredi-tavamnapossibilidadedeconvencerosconselheirosavota-rem nas propostas estudantis. Assim, ficou horrorizada com oconfrontoe,sobpressãodaburocracia,condenouaaçãodaCP. Estes estudantes, apesar de presentes na ocupação, rele-varamtodaarepressãodoConselhosobreelesprópriosparacondenaremaúnicaCorrentepolíticaegrupodeestudantesquederamumarepostaàalturadatruculênciadaburocraciauniversitária.

OPSTUpressionadopelaseleiçõesdoDCE,comesperançadecomporchapacomestesestudantesemdetrimentodaCP,tambémcondenouaaçãoeseretiroudaFME.AseleiçõesdoDCE fragmentaram a FME. Seja os estudantes aterrorizados pelaburocraciauniversitária,sejapelapolíticaoportunistadoPSTU, a FME perdeu força e se fragilizou. Os cálculos do PSTU eramdequeacondenaçãodaCPpelosestudantes,mesmoquepela direita, conduziria ao nosso isolamento e assim poderia escantearaCP.Aosataquesdesectárioeaventureiros,oPSTUfez coro com a burocracia universitária na condenação da CP. OPSTUrebaixouaconsciênciadosestudantessemexperiên-cianomovimentoestudantil,aoinvésdetentarelevá-lapoli-ticamente.

AburocraciauniversitáriaameaçouosmembrosdaCPdepuniçãodisciplinar,condenouunanimementeotrancamentoda

portacomodesrespeitoademocracia–purocinismo–ecaracte-rizou como crime a manutenção dos conselheiros como reféns.

Somente a força da ação direta coletiva vence a burocracia

DevidoàmovimentaçãonoCONSEPE,aReitoriarevogouumartigodonovoregulamentotentandoarrefecera lutadaFME.Aaçãodiretacoletivaradicalconseguiuenvergarabu-rocraciauniversitária.Ascríticasfeitasàação,caloufundonosestudantes aterrorizados pela burocracia e na política oportu-nistadoPSTU.

AReitoriaquispassaraideiadequevoltouatrásdepoisdeumaconversacomosestudantesdadireçãodoDCE.Ora,des-de janeiroqueadireção imploraumaconcessãodaReitoria,maselasóveiodepoisdaocupaçãodoCONSEPE.Portanto,quemfoiquerealmenteconseguiuarevogaçãodeumartigodonovoregulamento:adireçãopelegadoDCE (PTeos in-dependentesdospartidosdeesquerda)outodosaquelesquebloquearamaportadoCONSEPE?DeixemosqueoPSTUeosestudantesqueforampressionadospelaburocracianaocupa-çãodoCONSEPErespondam.

A FME ficou fragilizada com o ataque da burocracia, a in-compreensão política dos estudantes novatos no movimentoestudantil e o incentivo à despolitização dos estudantes pelo PSTU ao fazer coro com a burocracia. Mas a Corrente Prole-tária/PORtemaconvicçãodequesomenteaforçadaaçãodi-retacoletivaradicalconquistaasreivindicaçõesestudantis.EaseleiçõesatuaisparaadireçãodoDCEondeaCPconseguiuorganizar a chapa 2, PODER ESTUDANTIL, e o PSTU ficou àmargem,demonstraquenemtodososestudantesaterrori-zam-se com a burocracia universitária/Reitoria, e que a des-politização e a política oportunista só conduz à submissão e à debandadadaluta.

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de 03 a 17 de junho de �010 – MASSAS – 13

Educaçãota.Aindamais, jogandotodasasforçasno governo Goulart e suas reformas de base,oPCBsubestimouapossibilidadedeumgolpemilitar.

O fato é que de 1964 a 1967, as di-vergências internas ao PCB se amplia-ram levando à cisão e expulsão de al-gunsgrupospolíticosdopartidocomoaAliança Libertadora Nacional (ALN),deCarlosMarighela,eoPartidoComu-nista Brasileiro Revolucionário (PCBR)deMárioAlves,ApolôniodeCarvalhoeJacob Gorender. Já antes, em 1962, o es-talinismohaviasofridoumgravegolpecomacisãopromovidapelogrupolide-rado por João Amazonas, Maurício Gra-boiseDiógenesArruda,queresultounaformação do PCdoB. Este cindiu comoPCBnadefesadoestalinismo,contraas denúncias dos crimes de Stalin e aadoção da via pacífica para o socialismo pelo “partidão”. Divergindo do PC rus-so, passou à órbita de influência do PC chinês, aderindo ao maoísmo. Após ogolpede1964,alimentouaidéiadalutaarmada a partir da guerrilha rural, noestilomaoísta.Ascisõesemseuinterior,que deram origem ao Partido Comu-nistaRevolucionário(PCR)eaoPCdoB–AlaVermelha,ocorreramsobacríticadapassividadeedemoradadireçãodoPCdoBemrelaçãoaodesencadeamentodalutaarmada.

Ofatoéqueosgrupospolíticos,in-cluindooPCdoB, ingressaramnaclan-destinidade e desencadearam a lutaarmada foquista contra a ditadura.Dizemos luta armada foquista porque não se tratava, como defendiam essascorrentes, de uma guerrilha, forma delutaporexcelênciadosexploradoscon-

tra a burguesia, mas de uma atividadedegruposmuitopequenosdeintelectu-ais, estudantes epessoasda classemé-dia arruinada, de modo que as massasseencontravaminteiramentealheiasàsatividades desses grupos. Aqui temosderealçarqueessascorrentes,resultadodas cisões, não realizaram uma verda-deira autocrítica quanto ao stalinismo,que tanto defendiam contra o trotskis-mo,nemabandonaramastesesdarevo-luçãoporetapasedosocialismoemumsó país. Continuaram defendendo, sobasmaisvariadasconsignas,aestratégiada revolução democrático-burguesa,o que significava, em última instância, uma aliança com setores da burguesianacional, dita “progressista”.

Não desconhecemos que correntescomo a Organização Revolucionária Mar-xista – Política Operária (ORM - Polop)chegaramadefenderocarátercapitalistado Brasil (embora caracterizasse de capi-talismo subdesenvolvido e não semico-lonial,comosercorreto),emoposiçãoàtese da natureza feudal ou semifeudal da economiabrasileirapeloPCB.Mas,mes-mo a Polop não deixou de cair na valacomumdofoquismo.Nofundo,confun-dindo guerrilha com a ação armada degrupos(foquismo)edefendendoarevo-luçãoporetapas,ascorrentesmostravama incompreensão das experiências dasRevoluçõesemCubaenaChina.Defato,tentaramtransplantarmecanicamenteasparticularidades dessas revoluções paraoBrasil, semumareal compreensãodocapitalismoedocaráterdarevoluçãoso-cial.

Porúltimo,poderiasealegarohero-ísmodosmilitantesaopegaremarmas

contra a ditadura e travar a luta até amorte ou que nas circunstâncias histó-ricas pós-1964 não havia possibilidadedeatuar juntoaossindicatoseaosmo-vimentos dos trabalhadores, campone-ses, estudantes e demais explorados.Reconhecemos o heroísmo de grandeparte da militância da época. O queprocuramos criticar é a estratégia e atática adotadas pelas correntes. Não setratavadeseaventurarnumalutaarmadegruposcompletamenteafastadosdaluta de classes e das organizações dos explorados, mas de conduzir um traba-lhoclandestinoepacientedepenetraçãonaclasseoperáriaedemaisoprimidos,deelaboraçãodoprogramaeconstruçãodopartidorevolucionário.

Oresultadodetodoesseperíododahistória do Brasil foi a destruição dasdiversas organizações, prisões, desa-parecimentos e assassinatos de grandepartedamelhormilitânciadaépoca.Oproletariado,poroutrolado,traídonasdécadasanteriorespeloPCBestalinista,amargou desde então anos a fio de de-sorganização e ausência de uma direção revolucionária.Adistânciaqueessami-litânciaestavadapolíticarevolucionáriamarxista,mesmoatuandoemcertame-dida sob a bandeira de Marx e Engels,sedesdobroucomaaberturapolíticanaadaptaçãodemuitosdelesaoregimeca-pitalista,aoestadoeàdemocraciabur-guesa.

A tarefa da construção do partidooperárioedesuperaçãodacrisededi-reção revolucionária está aberta paraosmarxistas.PartidoesteassentadonoPrograma de Transição da IV Interna-cional.

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Greve do judiciário/SP completa trinta dias Nomassasanterioriniciamosumbalançoparcialdagreve

do judiciário deflagrada no dia 28/04. Paramos na assembleia dodia05/05,ondeacategoriadecidiumanteragreve,aguar-dar o resultado da reunião de conciliação do “dissídio por greve”propostopelasassociaçõesquedirigemomovimentoe realizar uma nova assembléia no dia 12/05.

Nestaassembléia,asdireçõesinformaramqueareuniãododissídio,ocorridanodiaanteriornãodeuemnada.Osrepre-sentantesdoTribunaledogovernodisseramquenãotinhampoderesparadecidirnadaequeogovernonãotinhadinheiropara atender a reivindicação da categoria de reposição sala-rial.

Diantedofracassodareunião,asdireçõesdomovimentogrevista informaram que “a questão seria encaminhada para a esfera jurídica” e que seria designado um desembargadorcomorelatordoprocessoequeestepoderiacolocaraquestãoemvotaçãonoplenodedesembargadoresdodia19/05eque,portanto,aquestãododissídioaindanãohaviasidodecidida.

A Corrente Proletária denunciou a manobra das associa-çõesdelevaragreveparaodissídioequeestaposiçãoacaboufavorecendooTribunal.

Plano de cargos e carreiras do TJ é aprovado com ajuda das associações

Nestamesmaassembléia,informaramtambémqueogover-no havia autorizado a votação do plano de cargos e carreiras doTribunalnaquelemesmodia(12/05).Apósesseinforme,asassociações apresentaram a proposta de “acabar rapidamente comaassembleiaeirparaaAssembléiaLegislativaacompa-nhar a votação do plano” e que ônibus seriam disponibilizados porelasparalevarosgrevistas.Aassembléiaaprovouapro-postaesedispersouparairaolegislativo.Aprovoutambémarealização de mais uma assembléia para 19/05.

Ofatoéqueasassociaçõesdividiramagreveentrearei-vindicaçãodereposiçãosalarialeaaprovaçãodoplanodoTri-bunal. Depois que o PCC foi aprovado, passaram a dizer que foiumavitória.Naprática,procuraramsubstituirareposiçãosalarialpeloplanoque,naverdade,éumataqueaoconjuntodos servidores. Basta ver a justificativa dada pelo TJ/governo de que “seu objetivo é dar suporte à modernização da justi-ça estadual por meio de uma reestruturação organizacional”. Todos já estão sentindo na pele o significado dessa reestrutu-ração organizacional. O fato é que o plano do Tribunal é mais um passo na aplicação da reforma do judiciário. Trata-se deenxugaramáquina,comreduçãodoquadrodepessoal,rebai-xamentogeraldos saláriosparaadequaresseórgãoàs reco-mendaçõesdoCNJ(ConselhoNacionaldeJustiça).Portanto,aposiçãodequeaaprovaçãodoPCCéumavitórianãopassadeumengodo.Elenãovaiatenderàsreivindicaçõesdacategoriaem seu conjunto. Apenas uma pequena parcela será beneficia-da,oscomissionados.

Início da campanha terrorista do tribunal contra a greveDurante a assembléia foi dado o informe de que “o TJ iria

editarumaresoluçãosobreagreve”.Defato,aresoluçãofoieditadaeseuconteúdofoioiníciodeumacampanhaterrorista

do Tribunal contra a greve. Quando o TJ decidiu que “As faltas decorrentesdaparticipação…emgreveensejarãoodescontodevencimentosenãopoderão,emnenhumahipótese,serob-jeto de : compensação,… abono; cômputo de tempo de serviço ouqualquervantagemqueotenhaporbase”,eleantecipou-seà decisão sobre o dissídio da greve, que as associações diziam quepoderiaserfavorávelàcategoria.

Diante disso, as associações correram a dizer que “mesmo se o dissídio não fosse favorável à greve, todos poderiam ficar tranqüilos,poisasassociaçõesiriamtomartodosasmedidascabíveis”.

ACorrenteProletáriadefendeuademocraciasindicaleagrevedenunciandoqueasassociaçõesestavamapenasrefor-çando as posições legalistas e ilusórias existentes no seio dacategoriadequeopoderjudiciáriopoderiabarrarasmedidaspunitivasqueestavamsendodesfechadascontraosgrevistas,escrevendo que os trabalhadores não poderiam se esquecerque as “medidas judiciais cabíveis” também seriam julgadas pelopróprioTribunal,oSTFequeofracassodasnegociaçõesatravésdodissídio,propostopelasassociaçõesrevelouserumgravíssimoerroerepresentouumgolpenagreve.Queaacei-taçãododissídioacaboudesviandoomovimentogrevistaparaasaçõesjudiciais,ouseja,acaboudeixandoemsegundoplanoa ação coletiva, política, direta e ativa da categoria por umasimplesdecisãojudicial,atravésdaqualtodoopoderdede-cisão, inclusive sobre o destino do movimento, ficou nas mãos dacúpuladoTJeconcluiuescrevendoqueeraprecisocorri-giroerroimediatamente.Queostrabalhadoresnãopoderiamdeixarqueagrevefosselevadaparaoprecipício.Paratanto,eraprecisorechaçarasposiçõeslegalistaseantidemocráticasdasassociações,ondeosgrevistaseramimpedidosdediscu-tir coletivamente e manifestar-se sobre as decisões tomadas.Apenaslevantaramão,semsaberoconteúdodaspropostas,semodebate,semasdefesascontraouafavor,tornava-seumperigoparaomovimento,principalmentequandoessasdeci-sõesafetamdiretamenteascondiçõesdevidadamaioriadostrabalhadores.

Associações tentaram acabar com a greveNaassembléiade19/05,asdireçõesinformaramqueode-

sembargador relator do processo do dissídio “havia decreta-do a greve ilegal” e que o sindicato seria multado. Em razão disso, o pelego do sindicato soltou um comunicado dizendo que estava fora da greve. Informaram também que as asso-ciações iriamentrarcomváriasações judiciais (mandadossesegurança,agravos,pedidodeprevençãoetc.)contraodesem-bargador/relatoreotribunal.Quantoaumareuniãoocorridanaquelemesmodia(19/05) comoTJ, foiditoqueoprocessodo dissídio teria seu “andamento normal como peça jurídica” e que os prazos teriam de ser cumpridos. Disseram ainda que era preciso “aguardar os procedimentos jurídicos” que elas estavam encaminhando ao STF. Dados os informes, encami-nharamqueosrepresentantesdasassociaçõesiriamfalaremnomedesuasbasessobreacontinuidadeounãodagreve.Nosdiscursos falaram que “a assembléia devia votar com consciên-cia”,quesócontinuariamnagreveemrespeitoàssuasbases,

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Movimento

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que “tinha que sair unido” (sic), que nossa infelicidade foi en-contrarumdesembargadorrelatorcontrárioaodissídio”,que“a decisão do dissídio poderia demorar meses”, que “a greve não faz pressão sobre o andamento do dissídio”, que “tinha váriaspeçasjurídicasemandamento”etc.

Ouseja,quasetodososdiscursosforamnosentidodeen-cerrar o movimento naquele mesmo dia. Como uma grandeparceladaassembléiaestavadispostaamanteragreve,nãodefenderam o seu fim abertamente. Disseram apenas que “eram pelo estado de greve”. Mesmo aqueles que discursaram em favor da continuidade da greve, disseram que “apesar das dificuldades, era pela manutenção até quarta (26/05), e “pela continuidadeatéquartaemrespeitoàassembléia”equenessemeio tempo “as associações estariam fazendo os recursos junto ao STF”, que “iriam buscar em Brasília” urgência em seus pe-didos, concluindo que, afinal “nós temos direitos”.

ACorrenteProletáriaatuouescrevendoquesóamanuten-ção e radicalização da greve garantiriam o atendimento das reivindicações.Queasdireçõestransformaramomovimentogrevista em mero expectador das “peças jurídicas”, colocando

a greve em segundo plano. Que este era o resultado da im-plementaçãodapolítica legalistadasassociações:agrevefoilevadaparaodissídio,quenãodefendiaareposiçãojá,apenaspropunhaque fosse incluídanoorçamentodopróximoano.DiantedacampanhaterroristadoTribunal,elasavisaram:nãoseesqueçam,assimcomoosindicatosaiu,outrasassociaçõestambém poderão sair”.Ou seja, as associações colocaram agreveinteiramentenasmãosdoTJ/governoparadepoistentarenterrá-la de vez.

Assembléia passa por cima da posição das associações e mantém a greve

Mesmosemnenhumareivindicaçãoatendidaeatémesmosemnenhumanegociaçãoemtornodosdiasparados,amaio-ria das associações defendeu o fim da greve. Apesar disso, os trabalhadores votaram pela continuidade da greve e a realiza-çãodemaisumaassembléianodia26/05.Estáclaroquenãobastamanteragreve.Énecessárioqueostrabalhadoresdoju-diciário ganhem as ruas e radicalizem as ações de massa, o que temsidobloqueadopelaburocraciasindicalvendida.

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Movimento

Fortaleza: Prefeitura do PT e Sindiônibus unidos contra trabalhadores rodoviários

Desdeomêsdeabrilostrabalhadoresdotransportecoleti-vo de Fortaleza iniciaram sua campanha salarial. As negocia-çõesentreosindicatodacategoria(SINTRO)edosempresá-rios(Sindiônibus)vinhamsendomediadapeloTRT.Apautade reivindicações aprovada em assembléia, que deu início àcampanha salarial, exige: 45% de reajuste, aumento do vale-alimentação de R$ 5,00 para R$ 8,00 e aumento no valor dacestabásicadeR$55,00paraR$80,00,entreoutraspropostas.

OsaláriodeummotoristaéhojedeR$1.059,00porjornadadequase8horas.EnquantoqueodecobradornãoultrapassaosR$800,00.Muitossãosuperexploradosemmicroônibusquenão têm cobrador e onde o próprio motorista é quem faz o tro-co.Alémdisso,osrodoviáriostêmdesuportaraperseguiçãoporpartedospatrões,ainsegurançanasviagens(onúmerodeassaltoseriscodemortesãocrescentes),direitosdesrespeita-doscomoaimposiçãoeopagamentoatrasodehorasextras,etc.

A pauta rebaixada defendida pela direção do SINTRO (PSTU/Conlutas)

Na eleição para o Sintro, realizada em março, a categoria indignadacomatraiçãodaantigadiretoria(ligadaaoPTePCdo B) votou maciçamente pela oposição (Conlutas). No mêsseguinte, teve início a campanha salarial cuja pauta propos-tapeloPSTU/Conlutasnãoincluíaadenúnciadafalênciadosistema integrado e proposta de estatização do mesmo, nem a reduçãodajornadadetrabalhoparaquehouvesseempregoatodosostrabalhadoresrodoviáriossemtrabalho,nemadefesadeumasaláriovital.

ETUFOR e Empresários partem para o ataqueEmmeioàsnegociações,adiretoriadoSintrotemchamado

os rodoviários a fazerem paralisações-surpresa nas garagens. NãodemoroumuitoparaqueaEtufor(autarquiadaprefeitu-ra)ingressassenaJustiça,aoladodoSindiônibus,paraproibirestasdeocorrerem.Ditoefeito.Ajustiçaproibiuastaisparali-saçõeseestipuloumultadeR$50milpordiaaosindicatoemcasodedescumprimento.EstaposturadaPrefeitura/empresá-rioséumademonstraçãodoqueocorreráemcasodegreve.AcontrapropostadoSindiônibusédereajustede4,5%,R$0,20no vale alimentação e acréscimo de R$ 2,50 na cesta básica.Umaverdadeiraprovocaçãoquetemindignadoosrodoviáriose os empurrado para a radicalização.

Greve é a única saídaOsempresáriospretendem,depoisderesolvidooproble-

madoreajustedosrodoviários,aumentarapassagemparaR$2,00,oumais.Hojetentamjogarapopulaçãocontraosrodo-viários (dizendo que a greve prejudica os usuários), amanhã estesmesmosusuários, istoé, apopulaçãopobreéque serápenalisadacomumnovoaumentoinsuportáveldostranspor-tes.OPORvemintervindoregularmentecomoboletimRo-doviários em Luta e tem defendido a greve radicalizada, com bloqueiosnosterminaiseexigidodadireçãodoSintroquefaçaumaamplacampanhajuntoàpopulaçãopobrenosterminais,esclarecendoosmotivosdagreve,buscandoseuapoioede-nunciandoafalênciadosistemaeapretensãodoSindiônibusdeaumentodatarifa.

Milite no POR, um partido de quadros, marxista-leninista-trotskista. Discuta nosso programa.CAIXA POSTAL Nº 01171 - CEP 01059-970 - SÃO PAULO – www.pormassas.org

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Nesta edição:– Guilhermo Lora – uma vida dedi-

cadaàlutapelarevoluçãoBolívia: Significado político da greve

dosprofessores– Paraguai:FimdoEstadodeExce-

ção,masacrisecontinua...– Aguerra,sobocapitalismoimpe-

rialista,éinevitável

Guilhermo Lora – uma vida dedicada à luta pela revolução

Em 17 de maio de 2009, perdemos um dos marxistas mais sólidos. Certamente, Guilhermo Lora tenha sido o mais pro-fícuo teórico comunista da segunda metade do século XX e começo do XXI. Soldou com tal força a prática e a teoria que se compara aos grandes dirigentes marxistas, da primeira me-tade do século XX, como Lênin, Trotsky e Rosa Luxemburgo.

O fato das condições históricas não ter permitido ao Partido Operário Revolucionário destruir o poder da burguesia e ela-borar sua obra em um país de capitalismo tão atrasado contri-buíram decisivamente para ocultar o valor inestimável dos es-critos de Lora para o movimento revolucionário mundial. Mas não são as únicas razões. Apontamos ainda o obstáculo que foram e têm sido as correntes revisionistas do trotsquismo.

A dissolução da IV Internacional com a traição de Michel Pablo e a incapacidade de seus opositores (Pierre Lambert, etc) de sustentar o internacionalismo baseado no Programa de Transição isolaram o POR boliviano. Para isso, contribuí-ram as incompreensões e, sobretudo, os ataques difamadores do pablismo sobre um suposto nacionalismo do POR. O que tem sido até hoje reproduzido e repetido cada vez que surge uma divisão no seio das inúmeras correntes que desgraçada-mente se reivindicam da IV Internacional.

Guilhermo respondeu a todas injúrias, mas bastavam os abundantes documentos escritos no fogo da luta para se pôr de lado os adversários desleais. Convivemos com o dirigente do POR e vimos o quanto lamentava o isolamento imposto, mas encolhia os ombros em sinal de desprezo àqueles que atavam o POR sem tomar em conta os documentos e a his-tória do partido – o partido trotsquista mais antigo da América

Latina. Não há dúvida de que a possibilidade da revolução na Bolí-

via é a que mais tem sido maturada em nosso continente. Por outro lado, o proletariado mundial está diante de uma crise do capitalismo que se estenderá e provocará ondas inimaginá-veis da luta de classes.

É no combate pela revolução proletária na Bolívia e pela construção dos partidos nos demais países que a obra de Guilhermo Lora se imporá como uma condição programática, como se impõe a de Marx, Engels, Lênin e Trotsky. Um bom trabalho no Brasil para abreviar a construção do POR, recupe-rar o proletariado de seu atraso e avançar a revolução contri-buirá decisivamente para que a rica experiência boliviana seja assimilada e os trabalhos de Lora sejam melhor aproveitados para a revolução proletária.

No Massas anterior, publicamos um texto sobre a tática. Dando continuidade à homenagem revolucionária a 1 ano da morte de nosso camarada, publicamos alguns textos que iluminam conflitos e problemas na ordem do dia. O leitor se deparará com dois escritos da revista número 1 do Comitê de Enlace, de novembro de 1993: “A Internacional tem de ser colocada em pé” e “Nossa posição frente Cuba”. Os textos “Al-gumas conseqüências do estalinismo” e “Cuba na atualidade” se encontram no folheto “Lições Cubanas” (“La Colmena”, nú-mero 1 – Edições “Mola del Diablo”). A tese sobre “Os Estados Socialistas da América Latina” se encontra no livro “Revolução e Foquismo – crítica marxista ao ultra-esquerdismo aventurei-ro”. Nos próximos números do jornal Massa, continuaremos a publicar escritos de Guilhermo Lora.

A IV Internacional tem de ser posta em péSuportamos as conseqüências desastrosas da atual crise

econômica estrutural do capitalismo. Se somos marxistas te-mosdeconcluirqueestácolocadaapossibilidadedarevolu-çãoproletária.IstonosobrigaavoltartodososesforçosparapôrempéaIVInternacional,marxista-leninista-trotskista.

Somosmilitantesrevolucionários,oquelevaaqueesteja-mosimersosnasmassasemtodosospaísesondenosencontra-mos.Partimosdarealidadeconcretaenãodeumaabstração.Não partimos do zero, mas do trabalho que ocorre nos dife-

rentespaíseseimpulsionamosaformaçãodeseçõesondenãoexistam.

Parece-nos absurdo os esquemas de que primeiro deveapareceraInternacional,paradepoismodelarasuaimageme semelhança as seções nacionais; ou que devemos começar trabalhandoacriaçãodospartidosemcadapaís,paradepoisreuni-los em uma poderosa organização mundial. A experiên-ciaatéagoranosensinaqueambostrabalhosdevemsersimul-tâneos.

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PartimosdoProgramadeTransição,que-juntocomoMa-nifestoComunista,as resoluçõesdosQuatroPrimeirosCon-gressos da Internacional Comunista - constituem a base denossomovimento.Nãoconsideramos,comotantasseitasau-todenominadas “trotskistas”, o Programa de Transição como umamontoadodeconsignas,masummétodoquenospermiteprojetarparaasmassas,partindoda lutapelassuasnecessi-dades diárias, até a conquista do poder. Para nós, a finalidade estratégica - a revolução e ditadura proletárias - permaneceinvariável,porquecorrespondeàessênciada lutadeclasses,dasleisdodesenvolvimentoetransformaçãodocapitalismo.Declaramos isso deliberadamente, por considerar necessáriotraçaralinhaquenosseparadetantosrenegados,revisionistase democratizantes assumidos que perambulam pelo mundo.

O Programa de Transição da IV Internacional, apesar desuaslimitaçõesemmuitosaspectos,constituiopontoculmi-nantedadiscussãofeitanocampomarxistasobrecomosupe-raradivisãodoprogramamáximoemínimo,divisãoqueseconverteuemumdosingredientesdoreformismo,dasocial-democracia,doestalinismoetc.

OProgramadeTransiçãofoiescritoporTrotskynoverãode1938,tendocomoantecedentemaispróximooprogramadeaçãoelaboradoparaaLigaComunistadaFrança.

OpróprioTrotskyassinalouqueodocumentodeveriaserconsiderado “como uma primeira aproximação”, “havia coisas que faltavam”, “não se falava da tomada do poder, da revolu-çãosocial,datransformaçãodasociedadecapitalistanadita-dura, da ditadura no socialismo”. “Muitas coisas apenas eram umesboço,oscomentáriosepolêmicas,nãoeramdeconjuntoprópriosdeumprograma”.Poroutrolado,comotodoprogra-ma,eraumarespostaaoseutempo,levavasuamarca(olon-gocapítulodedicadoaofascismo,porexemplo),eéclaroquemuitasdesuasconsignaspodiamcaducareoutrasestaremau-sentesconformeodesenvolvimentodosacontecimentos.

Sabemos que a parte final de capítulo II do Manifesto Co-munista, a plataforma de luta de dez pontos caducou muito rápido.Apartededicadaaospaísesatrasadosémuitobreve,apenas indicativa, se nota que fez falta um maior desenvolvi-mento.

Partindo das observações críticas do próprio Trotsky, seubiógrafoeex-militantedaOposiçãodeEsquerda,IsaacDeuts-cherseesmerouempontuarsuaslimitações.Maistardeopa-blismofalarádeumprogramasuperadopelosacontecimentos,comaintençãoreformistadesubstituí-loporoutro.

Apesar de tudo, trotskistas de quase todos os países (naArgentina, os moreno-peronistas, etc.) incorreram numa de-formação programática que já foi descrita por Trotsky: “ficar naslinhasgerais”doprograma,semlevaremcontaasparticu-laridadesnacionais,ouseja,nãoelaboraroprogramaeateoriadarevoluçãodessepaís.Outrodefeitoconsisteemnãoligaroprogramaquearrancadasparticularidadesnacionaiscomostraçosgeraisdocapitalismo,dalutainternacionaletc.

A experiência mundial, realizada pela tentativa de estrutu-raraIVInternacional,deixousualição-lamentavelmentenãoassimiladaatéagora-dequeosgruposnembemseformamesãoganhospelorevisionismo,peloultra-esquerdismo,peloreformismo democratizante, mudam de conteúdo de classe, e issose transformaemfenômenoirreversível.Nãorestamais

esperanças que ganhar militantes soltos destes grupos, coma condição de que, com ajuda de uma profunda autocrítica,compreendam as raízes de seus equívocos e os superem real-mente.

O objetivo é a estruturação da Internacional forjada nomarxismo-leninismo-trotskista,baseadanoProgramadeTran-sição.Nãopodemosesquecerqueprocuramosconstruirumadireçãorevolucionáriamundialeestanãopodesersubstituí-daporummontedetendênciaseindivíduos,masporsecçõese revolucionários bolcheviques (profissionais) temperados no programa, cuja finalidade estratégica se sintetiza na revolução editaduraproletárias.ConstruiremosaInternacionalcomoaplataformapara forjarcoletivamentea linhapolítica interna-cional e também as políticas nacionais; este cenário permitirá atodasassecçõesassimilarcriticamenteaexperiênciadaslu-tasoperáriasnacionaiseescalainternacional.Assecções,queatuamnospaísesemqueocorreramumimportanteavançodaconsciênciadeclassedos trabalhadores, terãona IV Interna-cionaladireçãoquelhespermitaavançaremsualutarevolu-cionária.Assecçõesqueseestruturamempaísestantopolíticacomoteoricamentemaisatrasadosdarãoumsaltoadiante.

De qualquer forma, nada parecido como esta “Internacio-nal dos Trabalhadores”, organização difusa, que certamente não pode dirigir a revolução internacional e que, com certeza, seconverterianumaforçadesorientadora.

Sabemosquenossotrabalhoserátitânico,obrigatoriamen-telento.Semdúvida,somenteaIVInternacional,superandotodososensaiosfeitosatéaqui,poderácontribuiraoavançodarevoluçãopolíticanaex-URSS,nospaísesdoLesteEuropeu,naChina,emCubaetc.,aomesmotempoemqueimpulsiona-ráarevoluçãoproletárianorestodomundo.Estagigantescatarefaexigequegrandesesforçoscontribuamparasuamate-rialização.

Umdoscaminhosquenecessariamenteteremosdepercor-rerserefereàurgênciadeassimilaresuperarautocriticamenteasmúltiplasexperiênciasvividasnesteterreno.Istonãosigni-fica ignorar as lutas que os explorados e oprimidos vivem em todososrincõesdomundo.Buscamosaprendercomanossaprópria experiência,parapotenciaro combateque travamosporalcançaropoder.

As páginas da revista “Revolução Proletária” nos permiti-rãoofereceratodoomundoasexperiênciasmaisvaliosasdotrotskismointernacional,istoporquesomentedestaformapo-deremospotenciareunirotrabalhotitânicoqueoscamaradasvêm realizando em todos os países.

Umexemplo.Teremosmuitointeresseemlevaraoconhe-cimentodetodosos trotskistasquequeiramlerariquíssima--equaseignorada--experiênciadoPartidoOperárioRevo-lucionário boliviano. Que de forma decisiva contribuiu paraatransformaçãodaclasseoperáriadopaísaltiplanoequetãovigorosamentepenetrounasmassasexploradaseoprimidas,na própria historia e cultura nacionais. Ultimamente, seusavançosnoproblemacrucialdalibertaçãodasnacionalidades(aimarás,quéchuas,tupis-guaranis)subjugadaspelominoritá-rioEstadobrancóide,serventedo imperialismo, temenormeimportância. Toda esta riqueza teórica e política tem de ser co-locadaàdisposiçãodosqueestãoempenhadosemconsumararevoluçãoproletárianosseusdiversospaíses.

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Queremos vencer as muralhas dos prejuízos do revisionis-moemtodasasáreas,dadeslealdadeedaignorâncianapolê-mica.Tratando-sedoPORboliviano,serámuitoaproveitáveladiscussãosemprequepartadosdocumentos-quesãomui-tos-elaboradospelostrotskistascoletivamentenocombateequeestãoàdisposiçãodetodosenãoseguindoasfalsidadesecalúniasamplamentedifundidaspelosrevisionistasdasmaisdiversasplumagens.

Sabemos que a contribuição mais importante para a es-truturação da IV Internacional é realizando o trabalho de de-senvolvimentodarevoluçãoproletáriaemnossosrespectivospaíses. A assimilação crítica e generalizada da experiência al-cançada nos permitirá a adequada atualização e superação das basesteóricaseprogramáticas.Todarevoluçãoésempreinédi-

ta da mesma forma como são as modificações que ocorrem na situaçãopolíticaimperante.Otrabalhocotidianonoseiodasmassas nos permite atualizar e superar todas as colocações es-quemáticas.Énestecampoquesedãoascriaçõesteóricas.Asnovasidéiassãorespostasàmaturidadedarealidadesocial.

NestenúmerodarevistadoComitêdeEnlace,estãopublica-dososestatutoseneleseestabelecequesetratadeumaorgani-zação internacional centralizada e que atua nos marcos do cen-tralismodemocrático,quesópodefuncionarcomamaisamplademocraciainternaeaaçãounitárianoexterior.Atéopresentemomento, realizaram-se onze conferências e está programado paraoanode1995seuprimeiroCongressoInternacional.

Extraído da Revista do Comitê de Enlace“Revolução Proletária” nº 01 de novembro de 1993

Nossa Posição Frente a CubaOs que dizem defender o trotskismo devem fazer uma au-

tocríticaseverasobreaposiçãoadotadafrenteàquestãocuba-na,tãocheiadeoportunismo,deexitismoedefaltadecompre-ensãodofenômenodoestalinismo.

Reiteramosqueiniciamosadiscussãocolocandoemrelevoquemantemosindeclinávelnossapolíticadedefesa incondi-cionaldeCuba frenteàagressão selvagemdo imperialismo.Sublinhamos que, sem duvida, esta defesa é concretizada na luta que realizamos para impulsionar a revolução nos países emquetrabalhamos.Eéinseparáveldacríticaàpolíticanadarevolucionáriadogovernocubano,docastrismo,que,inevita-velmentenãosecircunscreveàilha,masseprojetanoterrenointernacional.Esteúltimoaspectotemenormeimportâncianaelaboraçãodapolíticadotrotskismo.Chegouomomentodeuma clara definição a respeito.

Aquestãonãose limitaasublinharoscontornostrágicosqueadquiriramoisolamentodeCubaeolongoembargode-cretadopelosEstadosUnidos.Apolíticarevolucionáriadeveassinalarascausasquelevaramaumasituaçãotãolamentável.Amisériaporquepassaapopulaçãocubanaéumpreçoaltís-simoqueestãopagandopeloserrospolíticoscometidospelocastrismo.

Alutaarmada(aguerrilha)cubanasesoldouàresistênciapopular contra Batista. O Movimento “26 de julho”, que en-cabeçouaarremetidacontraoditador, foi indiscutivelmentedemocrático.

Essa experiência foi incorretamente generalizada pelo fo-quismo,cujotraçoessencialconsisteemquetransformaalutaarmadadasmassas-verdadeiraguerrairregularouguerrilha- em elitista, protagonizada por grupos bem armados e trei-nados,masdecostasparaasmassas,estranhosaelas.Tudoissodemonstrouqueasaçõesheróicaseespetaculares,apesardedespertaraadmiraçãodasmassas,nãocontribuemparaaevoluçãodasuaconsciência.

O foquismo não se diferenciou substancialmente do ter-rorismoindividual.FoilutandocontraelequeomarxismoseformounaRússia.Nãoprecisamosdemuitoesforçoparade-monstrarqueofoquismo/terrorismoindividualéestranhoàsmassas,eportantoaomarxismo.

Então, por que alguns grupos que se dizem trotskistas, como os pablistas do Secretariado Unificado, por exemplo, ca-pitularam diante o castrismo foquista? Nunca é demais dizer

que,paranós,otrotskismoéomarxismo-leninismodenossaépoca.OSWP-queporalgummomentodeuaimpressãodedistanciar-se do Secretariado Unificado - terminou abandonan-doo trotskismopara transformar-seemcastrista incondicio-nal.Tudoistodemonstraquequandoospretensosmarxistasse tornamfoquistas/terroristas individuaismudamdeconte-údodeclasse,abandonamapolíticarevolucionáriadaclasseoperária, substituem a finalidade estratégica da revolução e ditadura proletárias pela luta armada; o que os leva a ficarem presosnoestágiodemocráticodarevolução.Nãopecamosemdizer que por este caminho marcharão para trincheiras opostas àsmarxistas.

A atual experiência do maoísta “Sendero Luminoso”, cuja indiscutível influência em importantes setores das massas cam-ponesasedapequena-burguesiadascidades,principalmente,repete o caso do “ERP” argentino e dos “Tupamaros” do Uru-guai, não quer dizer que são a expressão da luta armada das massas. O “Sendero Luminoso” demonstra que se trata da elite armadaque invadeumaregiãoe impõemseusplanosesuapolítica à força.As chamadas paralisações armadas não sãooutra coisa que mostrar a capacidade de impedir uma verifi-cação nas eleições recorrendo aos fuzis, à margem da evolução políticadasmassas,semconstatarseasilusõesdemocráticasdesapareceramounão.

Emoutro lugar,dissemosquea lutadosfoquistascontraos órgãos de repressão do Estado burguês - por mais êxitosquepossamobter-seassemelhaàlutaentreogatoeorato,estácondenadaaterminarcomavitóriadosdonosdopodereconômicoepolítico.Ofoquismocastrista,queestevepresenteemváriospaísesdocontinente,acabousendoderrotado.Nomelhor dos casos, Cuba confiava seu fortalecimento na vitória dofoquismo.Assimcomeçouseuisolamento,quenaatualida-desetransformouemumaverdadeiratragédia.

Os erros políticos do castrismo chegaram a seu extremoquandoabraçoue seguiuapolítica contra-revolucionáriadoestalinismo.

Castroandoualgumtempodebraçoscomomaoismo,mas,com o pretexto que Pequim não lhe deu a ajuda econômicanecessária, terminou atuando juntamente com a burocraciatermidoriana do Kremlin, que foi convertida no farol “revo-lucionário”enãosomentenopoderquesalvouailhadesuasdificuldades materiais.

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OativoprocessoderestauraçãocapitalistaedequebradoestalinismonosoutrorasEstadosOperáriosdegeneradoscon-firma a validade do marxismo-leninismo-trotskismo e ensinam que não devemos seguir caminhos equivocados no processodarevoluçãosocial,queformapartedodolorosonascimentodanovasociedade,ouseja,comunista.Éaissoquedevemosanalisareassimilar.

Referimos seguidamente - no caso particular de Cuba etambém da influência destruidora do fenômeno de desloca-mentoedissoluçãodoestalinismosobreospartidocomunis-tas,particularmentenaAméricaLatina.

Reiteração da defesa incondicional de CubaNuncaocultamosnossascríticasaoprocessocubanoesa-

bemosqueasortedailhacaribenhaestádeterminadaporseuisolamentodomovimentorevolucionáriomundialedetersesomado-deformaempíricaeoportunista-àpolíticainterna-ciona1esta1inistacontra-revolucionária,primeirodePequimedepoisdeMoscou.TudoistoexplicanossapermanentecríticaàpolíticadeFidelCastro.Deformareiterada,assinalamosaausênciadeumverdadeiropartidorevolucionário,adissolu-ção do proletariado nos Comitês de Defesa da Revolução, afaltadadireçãoproletáriaemtodooprocessoetc.

Naatualidade,nosencontramosdiantedarealidadecon-creta:ogorbatchovismoestásendoempurradopelaspressõesimperialistasarifarCubaparaquegarantaasuaprópriaso-brevivência.Voltaa se repetir a sujavendada revoluçãoes-panholaao imperialismoporpartedeMoscou, issonasvés-peras da Segunda Guerra Mundial, ato reprovável que tanta influência teve no desenvolvimento desse acontecimento de transcendente.

Sublinhamosnossaatualposiçãofrenteaoproblemacuba-no e que não se distancia um milímetro de nossa condutatradicional: defesa incondicional de Cuba. Não dizemos que defendemosesteerepudiamosaquelediantedapolíticacon-tra-revolucionária da burocracia estalinista encabeçada por

Gorbatchov e Yeltsin e da agressão colonialista do imperialis-monorte-americano.

A defesa de Cuba, realizamos com os métodos da revolução proletária,potenciandonossalutacontraaburguesianativaeoimperialismo,emnossoprópriopaís.Sabemosqueavitóriadarevoluçãoboliviana-trabalhamossistemáticaeincansavel-mente para materializar esse objetivo estratégico - debilitará o imperia1ismoopressoresaqueadorefortaleceráoprocessodetransformaçãosocialcomoocubano.

Alguns traços de Cuba explicam seus flancos débeis - enor-memente potenciados agora por seu isolamento mundial -.Umpaísdesuperfícieterritorialde110.860Km2de10.300.000habitantes.OcupaoextremonortedoMardasAntilhaseéamaioremaisocidentaldasilhasantilhanas,oqueadeixanasportasdoimperialismonorte-americano,queaaprisionacadavez mais por todos os costados. Guantánamo é uma base mi-litarianqueemplenoterritóriocubano,quesepotenciacomoameaçadorarealidadefrenteàdecisãodeMoscouderetirardailhaas tropas soviéticas.Conseguiramuma rendaanualporhabitante de US$ 2.650; reduziram o analfabetismo a 4% da população, etc. Não conseguiram uma ampla diversificação econômica,oqueagravasuadependênciadoexterior.Aajudaeconômicasoviéticatemsidodiminuídaenormementeesupri-midadoCOMECON.

O IV Congresso do Partido Comunista Cubano preten-dedarrespostaamuitosdestesproblemaseemsuaagendaencontramos, entre outros pontos, os seguintes aspectos: so-lução de importantes problemas sociais (moradia, educação,saúde), que se agravam com a acentuação do isolamento deCuba; diversificação das relações externas, como resposta ao isolamentoemrelaçãoaospaísesdoLesteEuropeu(turismo,biotecnologia,indústriafarmacêutica,dealimentos,promoçãode empresas mistas com capitais estrangeiros); resposta ao de-safio de aumentar o consumo de bens e melhorar os serviços para a população; papel do mercado, descentralização da ges-tão; planificação central; incentivos materiais; converter o PCC

A queda do estalinismo selou seu destino e levou a extremos seu isolamento

AtransformaçãodeCubaesuaprojeçãoparaosocialismosópodemserpossíveisseseapoiassenarevoluçãointernacio-nal,ouseja,seseguisseumapolíticamarxista-leninista,contrá-riaaoestalinismo.Atragédiadocastrismovoltaademonstrarque a política do “socialismo em um só país” não conduz ao comunismo,masàderrotadoprocessorevolucionárioqueseisoladoproletariadointernacional.

Depoisdaquedadoestalinismo,ocastrismoabandonasuaidentificação com o marxismo e começou a girar para o mal chamado “pensamento latino-americano”, uma forma de se voltar aos governos burgueses esperando que estes possamsalvarCubaeinclusivepressionaroimperialismonorte-ame-ricano para que se acerte com Castro. Esta falta de condutachegaàsraiasdoabsurdo.

Mais uma vez se chega à conclusão de que uma revolução

vitoriosasomentepodeseapoiarnoproletariado internacio-nal,navitóriarevolucionáriaquesedêemoutrospaíses,edenenhumamaneiranosdefensoresdagrandepropriedadepri-vadaburguesa.

NãosetratadecantarloasaCuba.Porqueistopodeper-mitiragruparalgumaspessoasemtornodaidéiadequeoexi-tismobaratopossadarlucros,semprecisarfortaleceromovi-mentorevolucionáriointernacional.Paraissoéindispensávelumacríticaprofundaàequivocadapolíticadocastrismoedequem se limitou a segui-lo em seu périplo, buscando colheralgunsaplausos.

Sabemosperfeitamentequesomenteotrabalhorevolucio-nárionosdiferentespaíses,buscandoavitóriadoproletariado,permitiráarrancarCubadasgarrasdoimperialismo.

Extraído da Revista do Comitê de Enlace“Revolução Proletária” nº 01 de novembro de 1993

LA COLMENA – Nº 564 -- La Paz, outubro 1991

Algumas conseqüências do estalinismo

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departidodevanguardaemumintegradordoprojetonacio-nal(democraciainterna,mecanismosdeconsenso,hegemoniaativa,respeitoàsdiferentescorrentesdeopinião,ingressodediferentes confissões religiosas); acentuar o debate interno, buscando a identidade nacional enraizada no pensamento la-tino-americanoeuniversal,ressurreiçãodasciênciashumanase sociais, revalorização do papel dos intelectuais e aperfeiçoa-mento da política de informação; revisão da questão da demo-cracia, dos defeitos do Controle Popular, da insuficiência de participação das massas no debate das definições e decisões potenciar a capacidade de mobilização e de representativida-de das organizações políticas e de massas; revisão integral dos

métodos, mecanismos e estilo de lar, instituições do sistemapolítico; reforçar o controle do povo sobre o governo; maior autoridadeparaosdelegadosdebase(eleitosporvotodiretoesecreto) e das assembléias municipais; controle sobre o Estado pela Assembléia Nacional do Poder Popular; continuidade do processorevolucionárionaperspectivasocialistaetc.

Existe a tendência de fazer concessões às pressões capitalis-tasdoexterior.Castrobuscaapoiointernacionalemtodosospaísesetendências.SurpreendeuomundocomseuabraçoaopresidenteespanholFraga,quefoiministrododitadorfascis-ta Franco e com sua afirmação de que ele sempre tratou bem Cuba.

Cuba na atualidadeNovembro de 1991

A seu modo, a experiência cubana confirma as colocações marxistas, ratifica a validade do marxismo-leninismo-trotskis-mo.

Novamente se comprova que não é possível o “socialismo emumsópaís”equesomenteemescalainternacionalsepodeconstituirasociedadesemclasses.Apolíticacontra-revolucio-náriaestalinistasópoderiaserviraosinteressesdaburguesiainternacional.Ocastrismo,empurradoporsuasnecessidadesmateriais,somou-seaoestalinismo.

VimosoMovimento26deJulhodesviando-sedeumapos-tura inconfundivelmente burguesa e democratizante para a esquerda marxista e logo depois para o maoismo e finalmente paraapolíticadoKremlin.Porum instante, colocou-sepelaposiçãocorretadetrabalharpelarevoluçãointernacionalela-tino-americana como a única forma de defender e potenciarCuba. Mas o método que empregou - o foquismo capaz de in-cendiar um país e um continente - foi equivocado, pela razão fundamental de que foi idealizado e desenvolvido às costas das massas. O foquismo - idealizado e alimentado no meio pequeno-burguês-écontrárioàrevoluçãoproletária,oúnicocaminho que pode materializar a liberação nacional e social. Ficou demonstrado que foquismo conduz à derrota do movi-mentorevolucionárioequenãoconseguealimentá-lo.Emcer-to momento - quando o movimento dirigido por Che Guevara se encontrava no seu ponto culminante - o POR propôs aoscastristastransformarofoquismoemummovimentodemas-sasetransladarsuadireçãopolíticadasmontanhasaoscentrosproletários.Otemanãochegouaserdiscutido.

OfracassocontinentaldofoquismoacabouisolandoCuba,obrigando-aasejogarnosbraçosdaburocraciaestalinistacon-tra-revolucionária.Foientãoqueseassentaramaspremissasdesuaatualsituaçãodramática.Arevoluçãocubanacorresé-rioriscodeserdestroçadapelasrelaçõesemanobrasdo im-perialismo - particularmente do norte-americano -, em cum-plicidade com a cúpula estalinista dirigida por Gorbatchov e Yeltsin.

AanálisecríticadacondutadocastrismolevaàconclusãodequeCastronãoassimiloudevidamenteomarxismo-leninis-mo,oquelheempurrouaseguirumalinhaempírico-oportu-nista.Nãoseexplicadeoutraformaseusaplausosàpolíticainternacionaldoestalinismo,quesesubordinaaosinteressesdaburguesiaeatuacomoumobstáculoaocaminhodosocia-

lismo.Cubaaparececomooúltimobastiãodosocialismo,darevolução. As massas horrorizadas perante o avanço da res-tauração capitalista na URSS e nos países do Leste Europeuconsideramocastrismocomoaúltimareferênciarevolucioná-ria, como a força capaz de conter e derrotar o imperialismo. ApolíticadeFidelnãoestáàalturadetantaesperança,tudopodeacabaremumadramáticafrustração.

É de estranhar a afirmação de Castro no sentido de que o socialismopersistenaURSS,ondejásedesenvolveaeconomiademercadoeapolíticadeconstituiçãodesociedadesmistascomasmultinacionais,orientaçãoquetambémsetentamate-rializar em Cuba. Como explicar o abraço de Castro ao fascista Fraga?Somenteporumaperdatotaldereferênciarevolucio-náriaesocialista.

Nãotentaretomaralutainternacionalcontraoimperialis-mo, contra a burguesia. Havana procura fortalecer-se com oapoio e a solidariedade dos governos burgueses latino-ame-ricanos. Não faz nada para que a ajuda venha do movimento operáriomundial.

Existeumfatocapitalquenãofoidevidamenteexplicado.Apesardotempotranscorrido,oproletariadonãocontrolaoaparato estatal e produtivo, continua dissolvido nas organiza-çõespopulares,nãoédireçãopolítica.Parece-nosqueessefatoconstituiumdescomunalobstáculoparaoavançodoprocessodetransformaçãoemCuba.

O castrismo vem se afastando do materialismo dialético.Somenteassimpode-seexplicaro ingressonoPCcubanodetendênciasreligiosaspraticantes.Oidealismoconcluiráarras-tandoocastrismoparaposturasconservadorasereacionárias.NoIVCongresso,começaramaadotarposiçõesdeconcessõesàpressãocontra-revolucionáriadoimperialismo.

Apesardetudo,persistimosemnossaposiçãodedefesadeCubafrenteàarremetidaimperialistaegorbatchovistaesus-tentamosqueessadefesaobrigaapôrempéoPartidoMun-dialdaRevoluçãoSocialista,aIVInternacional.

Reiteramosquenossotrabalhoemfavordoavançodopro-cessorevolucionárioemnossopaísconstituiamelhorformadecontribuirparaadefesadeCuba.

Bush e Gorbatchov esperam que a oposição interna, po-tenciada pela miséria crescente, acabará “democraticamente”, chegandoaovotocomocastrismo.

Novembro de 1991

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Os Estados Unidos Socialistas da América Latina

Documento apresentado pelo POR-Bolívia à Conferência Latino-americana1-Historicamente,aunidadedaAméricaLatina(naforma

deumsóEstadoeumasónaçãoecomoconfederaçãodeesta-dos)foiformuladanoiníciodoséculoXIXcomoumareivin-dicaçãodemocráticaburguesamuitoavançada.Senãopôdematerializar-se então, foi devido aos interesses das grandes potênciascapitalistas,queimpuseramàAméricaLatinasuaincorporação à economia capitalista mundial e que, paraoprimi-la e explorá-la melhor, utilizaram o fácil recurso de fragmentá-la, seguindo a divisão introduzida pela adminis-traçãoespanholaeatéosinteressesdogamonalismo.

2-AlgunsEstados,comooboliviano,porexemplo,nas-

cerampela imposiçãodaaristocracia latifundiáriacontraascorrentes sindicalistas, que expressavam os interesses dascamadas mais avançadas daqueles que lideraram a revolu-çãoemancipadora.Osprojetosdeunidadecontinentalforamsubstituídosporoutrosregionaiseatébilaterais,mastodosfracassaramaonãoconseguiremvencerosminguadosinte-ressesdosgovernosregionaisemenosaindaodaoposiçãodas metrópoles capitalistas. O vasto movimento da UniãoAmericana, que teve seu maior florescimento como respostas aosaprestos invasoresdaEspanha (SéculoXIX),naufragoucomumaposeliterária.Muitomaistarde,aintelectualidadepequeno-burguesadiscursoueprovocouescândalosjornalís-ticos ao redor da antiga bandeira. Por sua natureza de classe, adireçãopequeno-burguesanãopôdedesenvolveressapo-líticapormuitotempoeconcluiudejoelhosperanteoimpe-rialismo.A história da unidade continental, como reivindi-cação limitadamentedemocrática,éahistóriado fracassoedasubserviênciadasburguesiasnacionais.Aburguesianãopôdecriarascondiçõesmateriaiseoquadronecessárioparao grande desenvolvimento capitalista da América Latina:converteu-se em instrumento de sua balcanização, servindo assimaosinteressesimperialistaseatéfeudais.

3-Noperíododedesintegraçãomundialdoimperialismo,

osgovernosmarionetesdasrepubliquetasamericanasnãosecansaramdereivindicarfórmulasdeunidadeeconômicare-gional, mas não o fizeram para se emancipar da metrópole ou para lhe oporem tenaz resistência, e sim para viabilizar seusplanosdecontroleemaiorexploraçãodocontinente,oumesmo para se beneficiarem das migalhas jogadas pelos Esta-dosUnidosemtrocadoalargamentodomercadointerno,dauniformização das imposições aduaneiras, das modalidades depagamentoetc.,todasmedidaspráticasquefacilitavamamaior penetração imperialista. Estes pactos regionais favo-receram certos países, aqueles que conseguiram um maiordesenvolvimento industrial às custas dos outros. Não sãocertamenteocaminhodalibertaçãoenãopodemnemdevemser confundidoscoma ideiaoriginaldeBolívar, cujamaiorpreocupação era a de unir todos os latino-americanos paraquenãofossemengolidospelavoracidadedoseuropeusounorte-americanos. Seria absurdo esperar que pelo caminho

dospactosregionaissepudessecumprir,mesmoqueparcial-mente,atarefademocráticaformuladanoséculoXIX.

4 -A unidade continental, como todas as tarefas demo-

cráticaspendentes,passouàsmãosdoproletariado,quelutaparaseconverteremdireçãonacional,eassimsetransformafundamentalmente.

SenoséculoXIXfoidebandeirasdemocráticas,agora,noséculo XX, expressadas pela classe operária, adquire proje-çõessocialistas.Jánãosetratadeunirocontinenteparapos-sibilitarodesenvolvimentodocapitalismolatino-americano,e sim de utilizar a unidade continental para resolver as ta-refasemergentesdasrevoluçõeslideradaspeloproletariado,einiciadasnasfronteirasnacionais.ArevoluçãopermanenteseguiráocaminhodosEstadosUnidosSocialistasdaAméri-caLatina.

Aunidadecontinentalnasmãosdoproletariadodeixoudeserlimitadamentedemocráticaparasetransformaremumdospré-requisitos imprescindíveisparaaconstruçãodoso-cialismo.

5-Comonãoháesperançadequesejamosgovernosma-

rionetes do imperialismo,ou aquele que obedecem a linhanacionalistaciviloumilitar,queconstituirãoaunidadeconti-nental,somentesepodeconcebê-lacomoaobracriadoradosfuturosgovernosoperário-camponeses.

Ofatodequeaunidadecontinentalsópossasedar,emnossaépoca,sobaformadosEstadosUnidosSocialistasdaAmérica Latina é consequência da mecânica particular dasclassessociaisnospaísesatrasados.Asburguesiasnacionaiseseussubstitutospequeno-burguesescontinuamfalandoemunidade e integração continental e até tentam realizá-las de maneira reduzida, como demonstram os planos regionais. Porém,nemaspromessasnemosplanospoderãoser total-mente materializados, já que os setores burgueses mais ou-sados ou as cúpulas pequeno-burguesas mais radicalizadas são, em definitivo, empurrados à trincheira contra-revolucio-náriapeloproletariado,queseencaminhaasuperá-laspoliti-camente e a destruir pela raiz seus interesses e privilégios. A unidadecontinentalsópodeserconcebidacomopartedalutadoproletariado,cujoinstintosocialistaoobrigaadestruiroregimedapropriedadeprivada.Nãofoipossívelestruturaraunidadedospaíses latino-americanosporquea revoluçãodirigidapeloproletariadosofreumconsiderávelatraso.Searevoluçãosedetivernaetapademocrática,nãoserápossívelmaterializar a unidade continental. O governo operário-cam-ponês(tomadoaquiemsuaconcepçãoequivalenteàditadu-radoproletariadoapoiadapeloscamponeses)nãoteráoutroremédio senão estruturar os Estados Unidos Socialistas daAméricaLatina,porquetemdeseguiresterumoparapoderestruturarosocialismo.Aunidadecontinental,portanto,pas-saparanóspelarevoluçãoproletária,éumdeseusaspectosde continentalização, é a forma prática do internacionalismo.

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Bolívia

Significado político da greve dos professores

Nãoseopõeà revoluçãomundial:aocontrário,desembocanela.Searevoluçãodospaísesatrasadosésomenteumas-pectodarevoluçãosocialistamundial,osEstadosUnidosSo-cialistas da América Latina fazem parte deste processo. Sua estruturaçãoéaprojeçãodarevoluçãopermanentenoplanointernacional.Otremendodesnívelqueseconstatanaevolu-çãodaconsciênciadoproletariadodosdiversospaísesimpe-dequearevoluçãonaAméricaLatinasedêsimultaneamenteem todas as suas latitudes; porém, o proletariado vitorioso em umadasrepúblicasnãopoderádeixar(sedesejaconsolidarsuavitóriaefundarasbasesmateriaisdafuturasociedade)deseprojetarinternacionalmente,deconectar-seaoprocessodarevoluçãointernacional,quecomoobjetivoimediatonãopodemenosdoqueserconsideradacomolatino-americana.

6-OestalinismonãofaladosEstadosUnidosSocialistas

daAméricaLatina,porqueesteseopõecomaconcepçãoderevoluçãodemocrático-burguesaeporetapas.Sustentadoresdasburguesiasnacionais,proponentesdacoexistênciapací-fica, os estalinistas podem naturalmente defender os projetos deintegraçãoregionalalmejadospelosorganismosimperia-listas. Para o estalinismo, o estabelecimento dos governosoperário-camponeses e a revolução politicamente dirigidapelo proletariado não passam de utopias ultraesquerdistas; nãohálugaremseusesquemascapituladoresparaosEsta-dosUnidosSocialistasdaAméricaLatina.

Aultraesquerdapartedopressupostodequearevoluçãolatino-americanaserásimultâneaenãosecansadeelaborarplanosfoquistascomaintençãodeacenderafagulhadarebe-liãoemtodoocontinente.Éexplicávelestaatitudesesecon-sideraqueosfoquistasconfessose tambémosenvergonha-dos atuam e fazem planos às costas das massas, pretendendo substituí-las.ElesnãolevantamosEstadosUnidosSocialistascomopartedoprocessodarevoluçãolideradapeloproleta-riado,porqueparaelesestaúltimanemsequerexiste.Falamda revolução do povo e do governo do povo (em suas de-claraçõesedocumentos,opovoéumaabstração,enãoalgoconcretoe formadopor classes sociaisque têm interessesecomportamentos diferentes). Para eles, não existem tarefasdemocráticas não cumpridas, e ainda menos fazendo parte darevolução,quesonhamserpuramentesocialista.Nãopo-

dem se dar conta do significado que adquire o fato de que a bandeiradaunidadecontinentalpassedasmãosdacaducaburguesianacionalàsdoproletariado.

Ésomenteotrotskismo,forçapolíticachamadaaajustarsuacondutaàsleisdarevoluçãopermanente,quesãoasleisdarevoluçãonospaísesatrasadosdenossaépoca,queincluiemseuprogramaabandeiradosEstadosUnidosSocialistasdaAmérica Latina, não como uma abstração teórica, e simcomo uma norma para a ação militante e como um nortepara a mobilização das massas exploradas. Essa bandeira nospermitedesmascararocaráterreacionárioeentreguista,emúltimaanálise,dosgovernosdenominadosnacionalistas.Poroutrolado,tendocomonorteaunidadecontinentalsobosgovernosoperário-camponeses, facilmente sedescobreocaráterpró-imperialistadastentativasintegracionistasregio-nais.

7-ComoassinaladopeloPrograma de Transição,alutapela

libertação dos países atrasados da opressão imperialista éumadastarefasfundamentaisdarevolução.Atéomomento,a tática da frente antiimperialista e a própria luta contra aopressão estrangeira têm sido consideradas dentro da con-cepçãoestalinista:umafrentequeanulaalutadeclasses,quedevedesembocarnaunidadenacionalequedeveserdirigidapelaburguesiaoupelapequena-burguesia.

Aefetivalutacontraoimperialismo,aformaçãodafrenterevolucionáriaantiimperialistadirigidapelaclasseoperárianão pode ser concebida à margem do objetivo dos EstadosUnidos Socialistas da América Latina; só assim o proletariado unido em escala continental, firmemente conectado à revolu-ção mundial, pode opor resistência e derrotar o imperialis-mo,queatuaeoprimeporcimadasfronteirasnacionais.Ostrotskistaslevantamaltoabandeiradalutaantiimperialistae estamos certos de que concluirá na vitória por ser dirigi-dapeloproletariado,porqueparanósoantiimperialismoésomente um aspecto da revolução liderada por esta classe.Aqueles que pregam o antiimperialismo como uma etapaprévia desta revolução, como um período de subordinaçãoda consciência proletária às direções políticas que lhes sãoestranhas, não fazem outra coisa senão preparar as condições paraaderrotadomovimentorevolucionário.

O movimento de professores urbanos, juntamente com arebelião camponesa-popular de Caranavi, faz parte da eman-cipaçãodeamplascamadasdaclassemédia,dostrabalhadoresassalariadosedealgunssetoresdoscamponeseseindígenascomo os representados pela CONAMAC e pelo CIDOB docontroledogoverno.Amedida,nãopodeserconsideradoli-mitadamentereivindicativocomomuitosoutrosqueexplodi-ramduranteogovernodoMAS.Omovimentoinicioureivin-dicandoobjetivos concretosque incorporamasnecessidadesdegrandessetorestrabalhistasesociaisquesentemnapeleasconseqüênciasdacriseestruturaldocapitalismo.Nestesenti-do e na perspectiva de generalizar a mobilização, criou-se um programadelutaqueincorporaoaumentodosvencimentosesaláriosdeacordocomacestabásicafamiliar,anecessidadede

umaleidepensõesquegarantarendaparaqueoaposentadopossaviveremcondiçõeshumanas,arejeiçãodareformadaeducação “Sinai-Pérez”, a rejeição da nova legislação laboral e do estatuto dos funcionários públicos, o problema do fim dos latifúndiosparadarterraaoscamponeses,oproblemadalivrecultivo, comercialização e industrialização da folha de coca, etc.Oobjetivopolíticoquesevislumbrouclaramenteeraim-pulsionar, aprofundar e generalizar o processo até que o prole-tariadoeosexploradasvoltemaoseueixorevolucionário.

Quevariantesocorreramnocaminho?Nósconsideramosque as condições para uma mobilização geral deveriam ama-durecer,osexploradostêmanecessidadededesenvolverumamudançaemsuaconsciênciaapartirdaexperiênciaconcreta,observando que eles estão contra um governo que é incapaz de

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satisfazer suas necessidades básicas, tirar a conclusão política que-paraconseguirmelhorescondiçõesdevida-hánecessi-dade de desenvolver uma política independente, superandoasatuaislimitaçõesdasdireçõesabertamenteenvolvidascomo governo, sob o pretexto de “apoiar o processo de mudan-ça”.Masosacontecimentossociaisnãopodemserplanejadoscomo um tabuleiro de xadrez, aparecem fatores que não eram visíveis e que definem o rumo dos acontecimentos, contrarian-doasprevisõespolíticasfeitas.

Neste conflito, precipitou-se uma greve geral iniciada por algunssetoresradicais,comoaCODdeOruro,omagistériodessedistritoepeloslíderesgovernistasemconluiocomogo-verno,apostandonoseufracassoeacabandocomomovimen-toquandoaindaseencontravaemgestaçãocomoacordodePanduro.Comacumplicidadedaliderançadosmineiros,queendossouoacordoetentaramdissolveramarchaàdinamite.

A atitude firme dos professores de La Paz e Oruro, dos ope-ráriosfabriseoutrossetores,quedesconheceramoacordoedecidiramcontinuarcomamarcha,frustraramamanobradogoverno. Os manifestantes e as fortes mobilizações dos pro-fessores e operários fabris em La Paz e Oruro aparecem como umareferência claraaosexploradosdopaís.Noentanto, asmassasnãotinhammaturidadeparaexpulsardesuadireçãoos agentes do oficialismo, os mesmo que lentamente irão re-mover qualquer possibilidade de generalizar o movimento, apesardaplataformadelutaelaboradainterpretarointeressematerialdetodosossetores.Aretiradadosfabrisedeoutros

setores,nasmanifestaçõesdaúltimasemana,encorajouogo-verno a tomar a ofensiva, organizando suas hordas de choque epressionandocommultaseameaçasospaisatomarasruascontraosprofessores.Amanobracaiudiantedadenúnciadosprópriospais, no sentidodeque marchavam forçadospeloscapangasdoMASdosconselhosescolares,sobpenade lhesserem aplicadas multas. Alguns dos manifestantes finalmen-te se rebelaram contra os capangas extorcionários, fazendo-os fugir.

Como entender a fraca radicalização dos atores deste confli-to?Surpreendeuatodosaforçaearesistênciadosprofessores,especialmente os de La Paz e dos outros setores que voltaram a La Paz para ajudar nas manifestações de rua. A explicação está em que eles encarnam o mal-estar e tornaram-se porta-vozes dosmanifestantesquenãoconseguemseexpressarcomasuaprópria voz. Desnudou as limitações políticas e materiais de um governo que, até à véspera, fazia campanhas demagógicas sobreaeconomia.

Independentemente dos resultados alcançados, quasenada,devidoàtraiçãodeseusdirigentes,ogovernosaiudoconflito gravemente ferido. A luta do magistério inaugura um novoprocessodechoquesqueirãodesgastandoogoverno,jáque é incapaz de satisfazer as necessidades vitais dos explo-rados e a libertação destes do controle político oficialista irá aumentar cada vez mais.

(Extraído do jornal Massas da Bolívia, nº 2173 de 28 de maio de 2010)

Paraguai: Fim do Estado de Exceção, mas a crise continua...Em23demaioconcluiuoEstadodeExceçãoquevigorou

porummêsemcincodepartamentosdoParaguai.Estamedi-dahaviasidotomadadiantedosupostoperigodequeoEs-tadoestavaexpostopelaaçãodoExércitodoPovoParaguaio(EPP), organização foquista, a qual o governo acusa de realizar seqüestrosedetervínculoscomasFARC.

DuranteoEstadodeExceção,militaresepoliciaisprende-ramcentenasdecamponesesetrabalhadores,revistaramveí-culoseresidênciassemordemjudicial,masnãoencontraramnenhum dirigente do EPP. Chega ao fim de forma melancólica operíododeexceçãodecretadopelogoverno.

Amedidaforatomadasobapressãodamajoritáriaoposi-çãoaopresidenteLugonoCongressoNacionaleserviuparadescomprimiromovimentoqueseencaminhavaparaoimpe-achmentdopresidente.Dasoperaçõesparticiparamaomenos3.300militaresepoliciais–semcontaroapoiodasinteligên-ciasdoBrasiledaColômbia–oqueagravaofracassomilitardasoperaçõesdebuscaerepressão.NãosónãoprenderamumúnicointegrantedoEPPcomoduranteavigênciadoEstadodeExceção houve um brutal atentado de narcotraficantes contra umsenadorparaguaionumdosdepartamentosondevigoravaamediadeexceção,nafronteiracomoBrasil,conhecidoterri-tório de traficantes paraguaios e brasileiros.

Alémdisso,ecomonãoenfrentassemossupostosguerri-lheirosdoEPP,asforçasdoexércitonãoacharamnadamelhordoqueseenfrentarnumtiroteiocomasforçasdapolíciaqueparticipavamdeumafestadeaniversárionumdistritorural.

Mas,ogovernoganhoufôlegoefoibuscarapoiosdefora.O casal Kischner e o presidente Lula se colocaram publica-

mentecontraogolpismonoParaguai.OassessordeLulaparaquestões internacionais fez declarações duvidando até da exis-tênciadoEPPeosenadorSarneydissequeoEstadobrasileirodeveriaajudarogovernoLugoparaseevitarqueoParaguaivirasse uma Colômbia, território controlado pelo narcotráfico.

A oposição, embora majoritária, é uma anã que não temcomo se enfrentar com o Brasil eArgentina. Retoma outrostemasparacontinuardesgastandoogoverno.Principalmentedenuncia que o governo Lugo não seria capaz de garantir a cacarejadasoberania energética,termocomoqualdemagogica-menteprometiaexigirdoBrasilarenegociaçãodotratadodeItaipu.Tendorenunciadoarenegociação,LugohaviacantadocomograndevitóriaapromessadeLula depagarumvaloradicional pela energia não utilizada pelo Paraguai e que a Ele-trobrásconsome.AoutrapromessaqueaindaestápendenteéaajudadoBrasilparaconstruirumalinhadetransmissãodaenergiadeItaipuatéocentrodopaíseoChaco.

Aoposiçãoburguesavemdenunciandoqueogovernonãosó é incapaz de garantir sequer esta esmola, como se prestou aserdespuradamenteenroladopelalábiadopresidentebrasi-leiro.E,emboraamotivaçãosejaprosseguirdesgastandoogo-verno,defatoaoposiçãoapontaumdadoverdadeiroeéqueogovernodoBrasilnãotemporquepatrocinarousode50%daenergia de Itaipu pelo Paraguai, pois, se assim o fizesse, esta-riaconspirandocontraaburguesiabrasileiraqueprecisadessaenergiaedemaisainda.Nãosepodeesquecerqueageraçãodeenergiaparaaindústriaestánolimiteesónãoémaisgravedevidoàcrisequepororalimitaaexpansão.

O outro elemento de crise do governo Lugo é sua impo-

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A guerra, sob o capitalismo imperialista, é inevitável Muitas promessas de paz foram feitas após o “fim da

Guerra Fria”. Em 1995, ocorreu uma Conferência nuclear, que ti-nhacomoobjetivocriarospassosparaodesarmamentomundial.Aediçãode2000dessaConferênciaconseguiuqueamaiorpartedos países assinassem um “Tratado de Não Proliferação Nucle-ar”, cujo conteúdo estabelecia treze passos para o desarmamento. Em2010,umanovaConferêncianuclearacabouemcompletofra-casso,comdesacordoentreosprincipaissignatáriosdoTratado.Fechou-se o ciclo das “promessas de paz”. O cinismo e a interven-çãoimperialista,decunhobélico,tendeaaumentar.

RússiaeEUAcontinuamaserospaísescommaiorpo-tencialnuclear.AsbombasatômicasquedestruíramHiroshi-maeNagasakiparecemfogodeartifíciodiantedopoderiodedestruiçãodasatuaisarmasnucleares:umsubmarino,classeOhio, tem um potencial de destruição mil vezes maior que o utilizado para destruir Hiroshima na 2º Guerra Mundial. Só os EUAcontamcom14desses submarinos.Estima-sequeexis-temmaisde23.000ogivasnuclearesdistribuídasdesigualmen-teentrenovepaísessomente(EstadosUnidos,Rússia,França,China,Inglaterra,Paquistão,Índia,IsraeleCoréiadoNorte).“Desigualmente distribuídas” significa que 95% de todo po-tencialdedestruiçãonuclearestánasmãosdosEUAeRússia.

Desde o início da “Era Obama”, os otimistas supu-nhamque,dapartedosEUA,essecenáriopoderiacomeçaramudar.Noentanto,issosemostraimpossível.OacordoentreEUAeRússia,chamadoSTARTII(TratadodeReduçãodeAr-masEstratégicasentreEstadosUnidoseRússia),dependeain-dadaaprovaçãodoCongressodosdoispaíses.OsEUAacei-tam-noporquejásãosuperioresemrelaçãoàRússiaequeremmanter-seassimeporquecontinuamgastandobilhões todososanoscomarmamentonão-nuclear,mantendoaburguesiabélicasobocomandodaeconomiadopaís.

No final de 2009, Obama assinou o maior orçamento militardahistóriadosEUA,chegandoa680bilhõesdedolá-res. A máquina de guerra continua a todo vapor, uma vez que ascorporaçõesnorte-americanasmaisimportantestemvíncu-locomaindústriabélica.Antesdeserumproblemapolítico,aguerraéumproblemaeconômico.Acoberturaideológicaquecoloca os EUA como potência militar, que luta por sua “Se-gurançaNacional”econtraoterrorismo,escondeogigantes-co parasitismo da indústria de guerra. Algumas organizações norte-americanas como a “Physicians for a National Health Program” (http://www.pnhp.org/) estimam, por exemplo, que

cerca de metade desse orçamento possibilitaria um sistemauniversalepúblicodesaúdeparatodososnorte-americanos,nãoobstantehojemaisde50milhõesdapopulaçãodosEUAvive semqualquerplanode saúdeprivado.Ouseja,mesmonointeriordomaisricopaísdomundo,aindústriadaguerraoprime os mais pobres, parasitando as riquezas nacionais.

Além disso, o mesmo governo Obama, do “desarma-mentomundial”,mantémoPrograma,daEraReagen-Bush,denominado Ataque Global Imediato (Prompt Global Strike; PGS). Mas o faz de modo mais “humanitário”, pois utiliza ar-masconvenciais,nãonucleares(mísseiscomoo “Tomahawk” com uma velocidade próxima dos 1.000 Km/h). O PGS tem o objetivodepoderatacarqualquerpartedoplanetaemmenosde1hora.Paraisso,contacomasbasesmilitares,maisde800espalhadaspeloplaneta,queservemdepontodeapoioparainvasãoelançamentodosmísseis.

Com efeito, enquanto Obama prega um discurso “paci-fista”, mantém sem alarde toda a estrutura bélica, incrementan-do-atantoemvirtudedacriseeconômicaquantopelanecessi-dadedeintervençãopolíticasobospaísesnãoalinhadosàssuasdiretrizes. Os demais países seguem o seu caminho e aumentam seus efetivos e seus orçamentos militares. China aparece em2010comoosegundomaiororçamentodoplaneta,algoemtor-node85bilhõesdedoláres–emboraagênciasnorte-americanassuponhamqueovalorjádevaestarem170bilhões.

Acrisedesuperproduçãotambémafetaaindústriabélicae obriga uma desova dos produtos mais “arcaicos”. O armamento de países como Chile, Colombia, Venezuela e mesmo Brasil, os quaisaumentaramseusgastoscomcompradearmasdospaísesimperialistasfabricantes,antesdeseralgoopostoaosinteressesnorte-americanos,mostra-seumanecessidadematerial.

Asguerras,nessaépocadeimperialismoecapitalis-mo decadentes, são inevitáveis. Um conflito de magnitude mundial se acumula desde o fim da Segunda Guerra Mundial enquantolocalmentepipocamasguerrasporfontesdematé-rias-primas,envolvendoospaísesatrasados.

Contudo, se as guerras são inevitáveis no capitalismo,tambémoéosocialismoeasrevoluçõesdasquaisderiva.AurgênciadereconstruiraIVInternacional,defenderospovosoprimidoseacabarcomaopressãoimperialistacolocanaor-demdodiaanecessidadedeconstruirospartidosoperáriosemcadapaíse levantaraestratégiadaditaduraerevoluçãoproletárias.

tênciaparadistribuir terrasaosmaisde600milcamponesesempobrecidos que vivem abaixo da linha de pobreza. Nem a oposiçãoquecontrolaoparlamentoenemojudiciáriotambémcontrolado por esta permitiram qualquer avanço nessa dire-ção.Piorainda.Foidenunciadaumanegociataemprocessodedesapropriaçãodeterrasparareformaagráriadeiniciativadogoverno.Poroutrolado,osgrandeslatifundiáriosbrasileirosqueexploramterrasnasregiõesorientaiseocidentaisdopaís–e conseguem lucros excepcionais pela generosa estrutura fiscal paraguaia–,sãoassuntodesegurançanacionalparaogovernobrasileiro,deacordocomadoutrinadesegurançarecentemen-teaprovadapelogovernoLula.TudoissorestringeamargemdemanobradeLugonosentidodeseapoiarpoliticamentenos

trabalhadoresdocampo.O governo continuará enfrentando oposição e desgastes,

pois,nãoestáemsuasmãosalteraraestruturadepartidoseasparticularidadesdaeconomiaparaguaiaherdadadaditaduradeStroessner.OfatodeterdeseescorarnoapoiodoBrasiledaArgentinaexpõeapenasaimpossibilidadedeseestabelecerdemaneiraestávelumregimedemocrático.Estesupõeaexis-tênciadeumaburguesianacionalpoderosa,oquesópodecor-responderaumcapitalismopoderoso.Certamente,estenãoéocasodoParaguai.Daí,queodestinodasilusõesreformistasnaspotencialidadesdogovernoLugomudaraestruturaeco-nômicaepolíticamontadapeladitaduraestaremcondenadasaofracasso.

�� – MASSAS – de 03 a 17 de junho de �010

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