A BUSCA AMOROSA PELO SERVO PERDIDO

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    A BUSCA AMOROSA PELO SERVO PERDIDO

    porOm Vishnupada ParamahamsaParivrajakacharya Varya

    Sarva Shastra Siddhanta VitAstottara Sata Sri Srimad

    SRILA BHAKTI RAKSAKASRIDHARA DEVA GOSWAMI MAHARAJA

    traduo de Indumukhi devi dasiCuritiba, setembro de 1998

    PREFACIO

    Um telogo cristo predisse que o cristianismo estava beira de uma revoluo

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    coperniquiana. Antes de Coprnico, acreditava-se que a terra era o centro do universo, e queo sol e outros planetas orbitavam a terra. At recentemente, no mundo ocidental se pensavaque o cristianismo era a concepo central da divindade no universo testa. Mas como ohomem ocidental comeou a olhar para o oriente, descobriu uma pluralidade de concepestestas orbitando a Suprema Verdade.

    Aceitando essa pluralidade, devemos tambm aceitar as gradaes de tesmo que vemacompanhando, superior e inferior. Como os planetas esto situados de acordo com sua

    atrao gravitacional pelo sol, as variedades de concepo testa situam-se na esfera superiorou inferior conforme sua atrao pelo Centro Absoluto. A concepo Krishna da divindade de ser irresistivelmente atrado numa atrao pelo centro infinito de todo amor, beleza eharmonia.

    O infinito pode Se dar a conhecer ao finito, e o agente divino atravs de quem essa funo semanifesta Sri Guru ou o guia divino. Sua Divina Graa Srila Bhakti Raksaka Sridhara DevaGoswami um agente da divindade e um mensageiro dessa realidade suprema. Ele noslembrou que somos todos "filhos do nctar" e que teremos que "morrer para viver","mergulhar fundo na realidade" e entrar na "terra da dedicao". Na medida em que nossacrificamos neste plano, nos tornaremos libertos de sua influncia e seremos atrados atravsda dedicao para o plano mais elevado da realidade onde os divinos passatempos "semovimentam de maneira tortuosa". E ali encontraremos o "tesouro oculto do Doce Absoluto"no servio de Srimati Radharani.

    Sua Divina Graa nos informou que o anelo ntimo do corao pelo xtase, encanto e doura,guia-o na busca por Sri Krishna - a Realidade, o Belo. A concepo Krishna da divindade to irresistvel que at mesmo o prprio Krishna subjugado por Sua prpria potncia e estloucamente ocupado em provar de Sua prpria doura, danando extaticamente, e assimdistribuindo essa doura aos outros.

    No Sri Chaitanya-charitamrta, Srila Krsnadasa Kaviraja Goswami descreve que enquantodanava no Ratha-yatra, Sri Chaitanya Mahaprabhu s vezes caa num desmaio exttico e

    parecia "uma montanha dourada rolando no cho". Srila Sridhara Maharaja descreve que:"Na agonia da separao de Krishna, erupes extticas de xtase fluam como lava docorao do Vulco Dourado de Amor Divino, Sri Chaitanya Mahaprabhu."

    E agora naBusca Amorosa Pelo Servo Perdido, descobrimos que o corao do Senhor tal,que Ele tambm sente a agonia da separao de Seus devotos cados, e como eles estoocupados em procurar por Ele, tambm Ele se ocupa numa busca amorosa por Seus servosperdidos.

    Bhakti Sudhira Goswami

    HISTORIA

    A BUSCA AMOROSA PELO SERVO PERDIDO FOI COMPILADA DE PALESTRASDADAS POR SUA DIVINA GRAA SRILA BHAKTI RAKSAKA SRIDHARA DEVAGOSWAMI NO LINDO SRI CHAITANYA SARASWAT MATH AS MARGENS DOSAGRADO RIO GANGES EM NAVADWIP DHAM, INDIA. A DATA DE SUA

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    MANIFESTAO 14 DE MARO DE 1987, DIA DO DIVINO APARECIMENTO DESRI CHAITANYA MAHAPRABHU.

    INDICE

    Pgina

    INVOCAO 4

    INTRODUO 6

    PLANETAS DE F 11

    O MEIO-AMBIENTE 22

    SOB O OLHAR AMOROSO DE DEUS 34

    SENHOR DAS VACAS 41

    A ILUSO DE BRAHMA 45

    DEUS COMO FILHO 57

    DEVOO LIVRE DE CONHECIMENTO 66

    O SANTO NOME 81

    O SERVIO DE SRI RADHA 92

    que foi sancionado por Sri Chaitanya atravs de Seu advento era conhecidointimamente apenas por Svarupa Damodara. Foi adorado por Sanatan e servido porRupa e seus seguidores.

    Raghunatha Dasa provou plenamente dessa coisa maravilhosa e realou-a com suaprpria realizao. E Jiva Goswami apoiou e protegeu-a citando as escrituras. O sabor

    dessa verdade divina a aspirao de Brahma, Shiva e Uddhava, que a respeitam comoa meta suprema da vida. Qual essa maravilhosa verdade? Que o mais alto nctar denossa vida o servio de Sri Radha. a mais elevada ddiva jamais conhecida pelomundo. Bhaktivinoda Thakura, est em teu poder permitir que concedam a graaDela a ns. Bhaktivinoda Thakura, por favor seja bondoso para conosco e conceda-nostua misericrdia.

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    Uma vez, enquanto Krishna e as vacas estavam retornando da floresta de Vrndavana aofinal do dia, um menino acabava de alcanar a emancipao espiritual e entrou emVrndavana como um vaqueirinho. Vendo Seu servo h muito perdido, Krishnaabraou-o e ambos desmaiaram de xtase.

    INVOCAO

    amnayah praha tattvam harim ihaparamam sarva-shaktim rasabdhim

    tad bhinnamshams ca jivan prakrti-kavalitan tad vimuktamsh ca bhavatbhedabheda-prakasham sakalam apihareh sadhanam shuddha-bhaktim

    sadhyam tat pritim evety upadishatiharir-gauracandro bhaje tam

    Aqui, num s verso, Bhaktivinoda Thakura forneceu a prpria essncia da filosofia GaudiyaVaisnava. Ele diz: "No estamos interessados na opinio de qualquer pessoa comum: no hvalor em qualquer opinio alm do que verdade revelada (amnaya). Amnaya significaverdade revelada ou escritura que est vindo de uma fonte confivel: o guru-parampara, umagenuna sucesso de gurus.

    E o que dizem? Eles enumeram estes fatos: Hari o todo de tudo (harim iha paramam).Qual a natureza Dele? Ele o mestre de todas as potncias (sarva-shaktim). E Ele mesmo o oceano da rasa, xtase (rasabdhim).

    E a almajiva no parte direta Dele, mas uma parte de Sua potncia ( tad bhinnamshams cajivan). No uma poro plenria (shvamsha), mas uma poro parcial (vibhinnamsha). Tudo parte de Hari, porm shvamsha significa um avatara e vibhinnamsha significa uma parte deSua potncia, tatastha-shakti. E por natureza, algumas almas esto absortas na potnciaexterna, e encontramos algumas no colo da potncia interna (prakrti kavalitan tad vimuktamsca bhavat). Por sua prpria existncia, algumas almas esto dentro da svarupa-shakti.Algumas almas so liberadas e algumas no liberadas (mukta e amukta). Tudo uma parte deHari e tem algo em comum com Ele e algo diferente (bhedabheda-prakasham sakalam apihareh). E o nico meio de alcan-lo devoo pura, devoo exclusiva (sadhanamshuddha-bhaktim). O prprio Hari, na forma de Gaurachandra, est dando a compreenso deque o amor divino a meta mais elevada da vida (sadhyam tat pritim evety upadishati harir-gauracandro bhaje tam)

    * * *

    BRHAD-BHAGAVATAMRTA

    Porque te afastaste? Porque estiveste vivendo longe do lar por tanto tempo? Como foipossvel para ti? Como suportaste a separao de Mim? Tu Me deixaste e estiveste

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    passando vida aps vida sem Mim? Todavia sei do esforo que empreendeste pararetornar a Mim. Buscaste por Mim em todo lugar, e foste mendigar de casa em casa, efoste repreendido por muitos, ridicularizado por muitos, e derramaste lgrimas porMim. Sei de todas essas coisas. Eu estava contigo. E agora, aps grande dificuldade,novamente retornaste para Mim."

    INTRODUO

    A Busca Amorosa do Senhor pelos Seus Servos Perdidos: Grande intensidade se expressaaqui, de maneira simples. uma busca louca - uma campanha urgente. Com grandesinceridade Krishna vem para salvar Seus servos perdidos. Krishna vem para nos levar paracasa.

    No Brhad-Bhagatamrta, est escrito que uma vez, enquanto Krishna e as vacas estavamretornando da floresta de Vrndavana ao final do dia, um menino acabava de alcanar aemancipao espiritual e entrou em Vrndavana como um vaqueirinho (sakhya rasa). VendoSeu servo h muito perdido, Krishna abraou-o e ambos desmaiaram de xtase.

    Todos outros vaqueirinhos amigos de Krishna ficaram espantados, pensando: "O que isso?Krishna perdeu Seus sentidos por abraar um novato? Como isso possvel!" Ento, todos osvaqueirinhos presenciaram atnitos, que Balarama veio ao socorro de Krishna e de algumaforma conseguiu acord-Lo.

    Ento Krishna se dirigiu a Seu amigo com grande afeio: "Porque te afastaste? Porqueestiveste vivendo longe do lar por tanto tempo? Como foi possvel para ti? Como suportaste aseparao de Mim? Tu Me deixaste e estiveste passando vida aps vida sem Mim? Todaviasei do esforo que empreendeste para retornar a Mim. Buscaste por Mim em todo lugar, efoste mendigar de casa em casa, e foste repreendido por muitos, ridicularizado por muitos, ederramaste lgrimas por Mim. Sei de todas essas coisas. Eu estava contigo. E agora, aps

    grande dificuldade, novamente retornaste para Mim." Dessa maneira, Krishna dirigiu-se a Seuservo h muito perdido e o acolheu dando boas-vindas. E quando Krishna retornou a casa,levou o novato junto Consigo para tomarprasadam. Desse modo, um novo recruta recebido sinceramente pelo prprio Krishna.

    Assim a busca do Senhor por Seus servos perdidos uma busca amorosa; no comum, massim do corao. E o corao do Senhor no um corao comum. Quem pode avaliar qual otipo de busca na qual Ele est ocupado? Embora Ele seja pleno em todos aspectos, aindaassim sente as dores da separao de cada um de ns, por menores que sejamos. Apesar deSua posio suprema, Ele tem lugar para ns num canto de Seu corao amoroso. Essa natureza do infinito. Tal autocrata absoluto, bem absoluto, Krishna.

    Um autocrata no est sob a Lei. No que se Krishna Se der para um, outro ficar carente.O infinito no assim; em vez disso, h um infinito suprimento a Seu comando. Portanto Ele o emprio de rasa (akhila-rasamrta-murtih). E Ele est buscando por Seus servos perdidos,para traz-los ao lar.

    Seno no temos esperana. Nosso consolo, nosso lenitivo na vida, que afinal estamos sob

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    os cuidados de um Senhor amoroso. Os amigos de Krishna pensam: "Pr que ligar paraoutros? Temos Krishna, nosso amigo." Esse tipo de encorajamento interno, esseencorajamento desesperado, vem de dentro. "Krishna est ali, Ele nosso amigo. Para o quligamos? Podemos tomar veneno, podemos pular na cabea daquela grande serpente Kaliya, podemos fazer qualquer coisa. Com Krishna por trs da gente, para que ligarmos?" Essesentimento expressado por Bhaktivinoda Thakura em seu Sharanagati.

    raksa koribo tuhum nishcaya jani

    pana korobun hama yamuna pani

    "Destemido e confiante na Tua proteo, hei de beber as guas do Yamuna, quer estejamenvenenadas ou no.

    "Sou Tua propriedade. Deves cuidar de mim; no podes abandonar-me."

    kaliya-dokha korobi binashashodobhi nadi-jala badobi ashabhakativinoda tuwa gokula-dhanarakhobi keshava! korato janana

    "Embora o veneno da serpente Kaliya tenha envenenado as guas do Yamuna, sei que oveneno no atuar. Tua presena limpar as guas e assim aumentar nossa confiana na Tua proteo. Bhaktivinoda agora propriedade de Gokula, Tua morada sagrada. Keshava,bondosamente proteja-o com cuidado."

    Como faremos para entrar numa relao amorosa assim com o Senhor? Por meio da graa deSri Gauranga. Um devoto disse: "Se Gauranga no tivesse vindo, como poderamos viver? Equem nos informaria sobre a perspectiva final da vida?" Temos essa grande perspectiva. Eno entanto, sem Gauranga, quem teria vindo nos informar de que temos tanta fortunainternamente? E Sri Gauranga diz: "No sabeis, mas tendes essa grande magnitude defortuna." A vinda Dele para nos informar como o astrlogo que l o horscopo de um

    pobre e lhe diz: "Porque ests vivendo esta vida pobre? Tens imensa fortuna enterrada nosolo. Tenta recuper-la. s to grande e teu guardio to amoroso e to elevado, e noentanto ests vagando como um pobreto na rua? Que isso! No s um desamparado, no que no tens um guardio. Apenas tens que lembrar de teu misericordioso guardio."

    No Srimad-Bhagavatam 11.5.32 onde se menciona o Kali-yuga avatara, encontramosevidncia do advento de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Ali est escrito:

    krsna-varnam tvisha 'krsnamsangopangastra-parshadam

    yajnaih sankirtana-prayair

    yajanti hi su-medhasah

    "Na era de Kali, pessoas de grande piedade e inteligncia iro adorar o Senhor como SriChaitanya Mahaprabhu. Ele aparecer numa forma dourada cantando o nome de Krishna,acompanhado por Seus associados e squito."

    E depois disso, h dois outros versos sobre Sri Chaitanya Mahaprabhu:

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    dhyeyam sada paribhava-ghnamabhishta-doham

    trithaspadam shiva-virinci-nutam sharanyambhrtyarti-ham pranata-pala

    bhavabdhi-potamvande maha-purusha te caranaravindam

    O Srimad-Bhagavatam 11.5.33 explica aqui, que "aquela mesma personalidade que veiocomo Ramachandra e Krishna novamente apareceu. Ele veio para nos dirigir na verdadeirarealizao da vida. Ele est atraindo o mais doce nctar l do alto para todos. Meditem s Nele e todos problemas acabaro. Ele purifica todos locais sagrados de peregrinao egrandes pessoas santas atravs de Seu toque e por meio de Seu sankirtana. Ele atrai para cas coisas mais elevadas l do plano mais alto. E mesmo Brahma e Shiva, confundidos porSua nobre ddiva, comearo a louv-Lo. Eles aspiraro ansiosamente por tomar refgio sobSeus ps de ltus, em rendio. As dores de todos que vm para serv-Lo sero removidas, esuas necessidades internas sero realizadas. E Ele tomar conta daqueles que tomam refgioNele; eles recebero proteo bem como tudo que possam precisar. Nesse mundo no qual amortalidade governa, onde estamos continuamente experimentando as indesejveis mudanasde repetidos nascimentos e morte, nessa rea onde ningum quer viver, um grande navio virpor nossa causa e nos levar para dentro, e carregar para longe dessa desagradvel posio.Caiamos aos ps dessa grande personalidade que veio para nos dar o mais elevado nctar."

    tyaktva sudustyaja-surepsitarajya-laksmim

    dharmistha arya-vacasa yad agad aranyammaya-mrgam dayitayepsitam anvadhavadvande maha-purusha te caranaravindam

    " Senhor Supremo, deixaste a deusa da fortuna e sua grande opulncia, que muito difcil deabandonar, e buscada at mesmo pelos deuses. A fim de estabelecer perfeitamente os

    princpios da religio, saste para a floresta a fim de honrar a maldio de um brahmana. Parasalvar as almas pecaminosas que perseguem prazeres ilusrios, procuras por elas e lhesconcedes Teu servio devocional. Ao mesmo tempo, ests ocupado numa busca por Tiprprio, numa busca por Sri Krishna, a Realidade, o Belo."

    Esse verso em geral se aplica ao Senhor Ramachandra, que deixou Seu reino, e depois de irpara a floresta com Sitadevi para cumprir com seus deveres designados por Seu pai, perseguiuo maya-mrgam, veado dourado. Srila Visvanatha Chakravarti Thakura entretanto, mostracomo esse verso tambm se aplica a Sri Chaitanya Mahaprabhu. Ele diz que a palavra maya-mrgam significa que Sri Chaitanya Mahaprabhu corria atrs das almas que esto envolvidaspor maya ou a concepo equivocada. A palavra maya-mrgam, quando aplicada a

    Ramachandra, significa que Ele correu atrs de Marici, que tomara a forma de um veadodourado. Quando aplicadas no caso de Sri Chaitanya Mahaprabhu, as palavras maya-mrgamanvadhavatsignificam "Ele perseguiu aquelas almas que esto na iluso a fim de salv-las.Ele correu no encalo das almas cadas como um salvador, para salv-las da maya ou iluso."

    Visvanatha Chakravarti Thakura tambm deu outra interpretao: ele diz que dayitayaipsitam significa " desejado pelo amado", isto , a busca por Krishna. Dessa forma, ele

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    identifica duas qualidades no Chaitanya avatara: Ele alivia as almas cadas, e Ele busca porKrishna no humor de Sua amada (dayitayepsitam anvadhavat). Inspirado pelo humor dedayita, Sua amada, Srimati Radharani, Ele correu atrs das almas aprisionadas para salv-las.Aqui encontramos a referncia escritural, a semente dessa concepo. Ele est em busca dasalmas perdidas, absorvido numa procura amorosa por Seus servos perdidos.

    E por toda vida de Sri Chaitanya Mahaprabhu e de Seu outro ser, Nityananda, muito claroque Eles, sendo Eles prprios a Suprema Entidade, esto procurando pelas almas cadas para

    salv-las. Isto ser a espinha dorsal de nossa concepo da busca amorosa do Senhor porSeus servos perdidos.

    E tambm foi dito:

    yada yada hi dharmasyaglanir bhavati bharataabhyuthanam adharmasyatadatmanam srjamyaham

    paritranaya sadhunamvinashaya ca dushkrtam

    dharma-samsthapanarthayasambhavami yuge yuge

    "Onde quer que haja declnio na religio e a irreligio prevalea, Eu apareo. A fim deproteger as pessoas santas e punir os maus, bem como restabelecer os princpios religiosos,Eu apareo milnio aps milnio. "Aqui Krishna diz: "Eu venho aqui de vez em quando paraajudar a reestabelecer as injunes escriturais, bem como para acabar com os demonacos."Estas so as referncias das escrituras que descrevem como Krishna vem em busca de Seusservos. Aceitando estas declaraes como nosso ponto de partida, podemos ver que Ele estsempre vindo a esse mundo para ajudar as almas cadas, Seus prprios servos.

    Qual a posio das almas cadas? No Sri Chaitanya-caritamrta, Srila Krsnadasa Kavirajaregistra Sri Chaitanya Mahaprabhu instruindo Sanatana Goswami:

    jivera 'svarupa 'haya - krsnera 'nitya-dasakrsnera 'tatastha-shakti bhedabheda-prakasha

    krsna bhuli sei jiva anadi-bahirmukhaataeva maya tare deya samsara dukha

    "A natureza constitucional da almajiva de uma serva eterna de Krishna; a alma jiva umamanifestao da divindade que una com Krishna e diferente Dele. As almas jivas so a

    potncia marginal do Senhor. Embora na realidade sejam servas de Krishna, desde temposimemoriais, elas tem se ocupado na concepo equivocada, como agentes exploradores." Afim de salvar Seus servos perdidos, o Senhor vem de vez em quando para lev-los de voltapara Seu prprio lar.

    Em outras religies podemos encontrar muitos messias vindo para auxiliar-nos a reencontrarnosso caminho de volta para a conscincia de Deus, a partir da conscincia mundana.

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    Entretanto embora vejamos essa concepo em outros pases e outras tradies religiosas, naIndia a encontramos de modo mui profuso e sistemtico.

    No Srimad-Bhagavatam 11.14.3 Krishna diz:

    kalena nasta pralayevaniyam veda-samjnita

    mayadau brahmane prokta

    dharmo yasyam mad-atmakah

    "Pela influncia do tempo, o som transcendental do conhecimento vdico foi perdido napoca da devastao. Novamente, na poca da criao, Eu primeiro inspirei Brahma, ocriador, de dentro de seu corao. E ento, atravs de Brahma, tantos discpulos foramiluminados. Estes por sua vez iluminaram seus discpulos. E dessa maneira, a linhagem daverdade revelada descende de Mim."

    E noBhagavad-gita Krishna diz:

    imam vivasvate yogamproktavan aham avyayamvivasvan manave praha

    manur iksvakave' bravitevam parampara-praptamimam rajarshayo viduhsa kaleneha mahatayogo nastah parantapa

    "Primeiro, instru o deus do sol Surya nesse conhecimento, e de Surya foi passado para Manu,e de Manu para Iksvaku; assim desde os primrdios do tempo, estou dando Meusensinamentos a outros, transmitindo a verdade de que Eu sou a meta por meio dessa sucessodiscipular, gerao aps gerao."

    Dessa maneira, Krishna aparece repetidamente para reivindicar Seus servos desde muitoperdidos. E, como Sri Chaitanya Mahaprabhu, Krishna tambm est provando Sua prpriadoura. Quando deseja distribu-la aos devotos, a causa Sua potncia exttica ( hladini-shakti). Quando Krishna Se combina com Sua potncia como Sri Chaitanya Mahaprabhu, EleSe torna o acharya. Assim Krishna diz: acharyam mam vijaniyan: "Saibam que Eu sou oacharya". Sua acharya-lila Sua auto-distribuio, e atravs disso Ele est levando Seusservos perdidos para casa. Sua forma de recrutar distribuir conhecimento sobre Si mesmo edevoo por Si prprio, e ento lev-los ao lar.

    Em Vrndavana, Krishna est saboreando rasa dentro de Seu prprio crculo, e em Navadvipa,

    como Sri Gauranga e Seu grupo, Ele est saboreando a Si prprio e distribuindo o sabor paraoutros. Sua distribuio e recrutamento so uma e mesma coisa. Distribuindo a Si mesmo,Ele est atraindo nossos coraes para Ele, levando-nos para o lar. A auto-distribuio doAbsoluto destina-se a atrair-nos de volta para casa, de volta para Deus, e desta maneira, oSenhor est eternamente ocupado em Sua busca amorosa por Seus servos perdidos.

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    A GRADAO

    Assim como no mundo tangvel existe o sol, a lua, e tantos outros planetas, no mundo daf h uma gradao de sistemas planetrios. Temos que examinar cuidadosamente asescrituras, aproveitar da orientao dada por santos e entender como o progresso da fat o plano mais elevado alcanado por eliminar planos inferiores.

    * * *

    PLANETAS DA F

    F o nico meio pelo qual podemos ver, ouvir ou sentir o mundo superior; seno fica tudosem sentido para ns. Para entender aquele plano, necessrio um despertar interno.Podemos conectar com o mundo superior apenas atravs de uma fonte mais elevada. Por issodivyam jnanam, conhecimento do plano superior, no conhecimento comum; transcendental, sentimento e sentido supramental. Mas para perceber isso, a rendio compulsria. Depois disso, poderemos continuar a ouvir e cantar, lembrar e adorar e louvar oSenhor, ou prestar tantos outros tipos de servio, mas a primeira coisa - o fundamento dadevoo - deve ser auto-rendio. Seno nada se efetuar; nossa demonstrao de devooser tudo imitao.

    Devemos sentir sinceramente: "Serei fiel em meu servio ao Senhor Supremo. Destino-me aEle. Estou pronto para morrer a fim de viver. Quero viver para Ele apenas e no para realizarqualquer interesse separado. No quero nada menos que o absoluto. Quero ser todo Dele."Este tipo de intensidade uma necessidade indispensvel para um devoto. Um devoto temque conceber, sentir, que se destina a Krishna. Ele no uma entidade independente; eledepende de Krishna - o mais elevado centro absoluto - e nada mais.

    Identificar-nos com nossa famlia, sociedade ou pas egosmo estendido, contudo toda falsaidentificao deve ser eliminada. Temos que ser nem egostas nem enredados em egosmo

    extrapolado. Em vez disso, toda sorte de contaminao externa deve ser eliminada de nossaconcepo do eu. Todas as demandas exteriores devem ser canceladas. Ento sentiremos naintimidade de nossos coraes que estamos conectados com todo o infinito, o absoluto.

    E nada externo necessrio para nosso sucesso. A nica coisa que se pede da nossa parte que desmantelemos a cobertura do ego. O ego est acumulando alguns elementos externos,mas essa caixa coletora externa tem que ser dissolvida - destruda - e ento, no mago denossos coraes, encontraremos nossa conexo com o plano fundamental de servio amorosoao todo orgnico.

    Tanto o gozo como a renncia so abnormais. So dois tipos de demnios: desfrute ou

    explorao, eterno descanso ou renncia. Estas duas tendncias so nossas inimigas. Umavida positiva mais elevada s possvel quando nos tornamos totalmente independentes tantoda explorao quanto da renncia.

    Tudo nos auxiliar se conseguirmos ver em conexo com o centro. Por outro lado, o tipo derenncia exclusiva praticada pelos shankaritas e budistas no recomendada por nossa linha.Estamos interessados em harmonizar as coisas de modo que tudo nos lembre de nosso dever

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    para com o absoluto, e nos encoraje a nos dedicar a Ele.

    prapancikataya buddhyahari-sambandhi-vastunahmumukshubhih parityago

    vairagyam phalgu kathyate

    anasaktasya visayan

    yatharham upanyunjatahnirbandhah krsna-sambandhe

    yuktam vairagyam ucyate(Bhakti-rasamrta-sindhu)

    Negligenciar o meio-ambiente, pensando que est cheio de coisas materiais indesejveis, nonos auxiliar. Isso no correto. Tudo dentro do meio-ambiente deve nos lembrar doabsoluto. Nesse esprito devemos nos movimentar, pensando: "Aceite e conecte-me com oservio de nosso Senhor." Quando o meio-ambiente visto com a viso correta, tudo ajudara encorajar e incitar-nos em nosso servio ao centro. Estamos vivendo num todo orgnico,um sistema. E esse sistema composto de proprietrio e propriedade, o possuidor dapotncia e os diferentes tipos de potncias (shakti-shaktiman).

    EMPORIO DE RASA

    A potncia do Senhor dinmica, e esse dinamismo est sempre produzindo rasa ou o sabordo xtase. A lila inteira est produzindo xtase (anandam, rasam). O prprio Krishna oemprio de rasa (akhila rasamrta murtih... anan-damaya vilasa). Movimento dinmico uma necessidade em Sua lila; no pode ser eliminado. E esse movimento est sempreproduzindo um novo xtase que alimenta cada tomo do mundo espiritual. Nessa moradatranscendental, Krishna o centro que atrai tudo e provoca rasa e anandam, xtase e jbilodentro de tudo. Essa a natureza do movimento do absoluto. No exttico, mas dinmico -cheio de movimento. E esse movimento prati-padam-purnamrtasvadanam: a cada ponto, a

    cada passo, produz um novo tipo de alegria que infinita. No a velha e estril alegria queencontramos por aqui.

    Essa a devida concepo do absoluto. O todo orgnico, que est sempre trabalhando emovendo, pleno, e sua plenitude sempre nova. No est parado ou esttico. Move-se detal maneira que a cada segundo, cada minuto, est sempre produzindo jbilo novo,desconhecido, infinito. E podemos adquirir esse jbilo apenas pagando o mais alto preo:auto-sacrifcio. Esse bilhete muito valioso, pode conseguir nosso ingresso no plano dojbilo automaticamente movimentado, que sempre novo a cada segundo. E o bilhete oauto-sacrifcio integral.

    Esse sacrifcio jubiloso, e pode-se provar desse maravilhoso jbilo at mesmo aqui nessemundo, onde a cada momento tudo est morrendo. dar e tomar. Se quisermos obter algonobre, devemos tambm dar. Temos que ser generosos em nossa dedicao, e entoreceberemos amplamente daquele lado. Auto-sacrifcio integral o preo, e em troca,seremos abarrotados de xtase: anandam budhi-vardanam. Sentiremos que estamos em meioa um oceano de jbilo. No presente, estamos procurando um sentimento jubiloso - tal comoquem procura por um copo d'gua no meio do deserto. Porm pela dedicao, descobriremos

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    que estamos num oceano de jbilo cuja doura suavizante est aumentando a cada momento.

    A qualidade do jbilo possui variedade, e vem para nos auxiliar em nossa atitude de servir, demodo que a cada momento poderemos sentir novo encorajamento. Assim temos que indagardo devido agente, seguir seu conselho, e tentar entender como melhorar nossa condio. Aomesmo tempo, devemos estar conscientes de que a chance que temos de prestar serviodevocional se encontra raramente. No muito barato. Portanto, temos que utilizar cadaminuto, cada segundo, cada momento. Devemos estar muito alertas para no perder sequer

    um momento, para que nossa tentativa de nos dedicar possa continuar constantemente sem serinterrompida. Esse estgio de dedicao se chama nistha, e quando alcanamos esse estgio,nosso paladar melhora mais e seremos mais e mais encorajados a ir adiante e fazer progressorumo realizao mxima.

    SETE DIAS PARA VIVER

    Sukadeva Goswami disse para Pariksit Maharaja que sete dias de longevidade suficientepara obter a perfeio. Ele disse: "Restam-lhe apenas sete dias de vida; acha que poucotempo? tempo suficiente. O que de importncia mxima a devida utilizao de cadasegundo." Quanto tempo temos em nossas mos incerto, mas temos que tentar o melhorque pudermos, utilizar corretamente cada segundo. Isso no deve ser negligenciado. Nodevemos pensar: "O futuro est diante de mim; qualquer hora que eu queira, posso me ocuparno vantajoso assunto da vida espiritual." No se deve perder um segundo. Longfellowescreveu:

    No confia em nenhum futuro, por mais agradvel que seja!Que o Passado morto enterre seus mortos!Age, - age, no Presente vivo!Com o corao dentro, e Deus acima!

    O Presente est em nossas mos. No sabemos sobre o futuro. Temos que tentar usar o tempodisponvel da melhor maneira. E como nosso tempo poder ser melhor utilizado? Na

    associao de santos e escrituras.

    A pureza deve ser medida pela unidade do sacrifcio. E no o sacrifcio a qualquer interesseparcial, mas sacrifcio ao todo. O todo absoluto foi nos mostrado como sendo o emprio derasa (akhila rasamrta murtih) - o bem absoluto, o autocrata, o desenhista e destinador de tudoque vemos. Nosso ideal de sacrifcio deve ser to alto que possamos abandonar at mesmo osresultados correspondentes do sacrifcio. Auto-abnegao, ou auto-rendio, em geral conhecido como atma-nivedanam. Contudo, atmaniksepa uma palavra mais forte pararendio. Significa: "jogar-se desesperadaamente ao infinito". Devemos ser desesperados noauto-sacrifcio. No auto-sacrifcio temos que ser muito cuidadosos para no aspirar por umegosmo maior ou mais extenso, mas de rendermo-nos apenas ao centro. Sacrifcio destina-se

    ao centro - Krishna - que atrai todos.Ao realizarmos essa posio, estamos interessados em duas coisas - conhecimentotranscendental (sambandha), e os meios para alcanar a meta (abhideya). Se realizarmosestes corretamente, ento a realizao da meta mxima (prayojana) vir automaticamente.Estaremos muito conscientes do centro ao qual estamos dedicando tudo. O objeto de nossarealizao (sambandha), e nossa dedicao ou pureza de propsito (abhidheya) - estas duas

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    coisas so de importncia mxima. Isso pode ser entendido pelas escrituras e os santos. E senos interessarmos pela meta mais pura e o sacrifcio mais elevado, a meta vir por si mesma.No devemos nos preocupar com qualquer remunerao. S temos que fazer nosso dever e aremunerao vir. A quem nos dedicaremos e o que iremos receber - essas coisas devem serdiscutidas, pensadas, meditadas, e colocadas em prtica. Dessa maneira, devemos tentar viverno infinito. Devemos sempre ficar ocupados no cultivo do amor infinito e da beleza infinitaconforme recomendado por Sri Chaitanya Mahaprabhu.

    OCEANO DE F

    Embora o objeto da f de nosso corao seja infinito, ainda assim, algumas concepes Deleforam dadas pelos homens com experincia no oceano da f. No oceano da f, muitostiveram sua experincia especial, e isso foi registrado nas escrituras. Atravs disso podemosnos aproximar dos santos que se alam como faris para nos auxiliar a cruzar o oceano denesciedade. Mas tem que ser fidedigna e no meramente uma criao misturada ou umaimitao. Pode ser possvel tambm imitar a coisa verdadeira, pegando nossa experinciamundana e introduzindo-a no mundo da f. Portanto devemos nos aproximar daquele planocom muito cuidado atravs da linhagem dos santos confiveis.

    Devemos cuidar bem para sabermos as qualificaes de um verdadeiro santo. Seus sintomasso dados nas escrituras. E quem um discpulo e qual deve ser sua atitude. Todas essascoisas esto nas escrituras.

    E a f requisito para se trabalhar nesse substancial mundo consciente, que subjetivo. Isso a coisa mais importante que temos de lembrar: o infinito subjetivo. Pode nos guiar e serafetuoso para conosco. Devemos contar com todas essas coisas. Ele pode nos guiar. Averdade revelada repousa sobre este fundamento: no podemos nos aproximar de Krishnapelo mtodo ascendente, porm Ele pode descer at nosso nvel para dar-Se a conhecer.Devemos entender este ponto muito fundamental e substancial: Ele pode vir at ns, e spela f que ns podemos chegar a Ele.

    Shraddha - f - mais importante que a verdade calculista. O exemplo de grandes almas mais valioso para ns que nosso clculo humano. A verdade externa, material, fsica no temmuito valor. Em vez disso, uma atitude falsa da mente que muito forte. Essa verdadefsica no deve receber mais respeito que as prticas intuitivas dos devotos puros; mas sim, aintuio de um devoto puro deve ter preferncia aos clculos da verdade feitos por homenscomuns.

    F no possui nenhuma coneco com a assim chamada realidade desse mundo. completamente independente. H um mundo que guiado apenas pela f (shraddha-mayam-lokan). F tudo ali, e infinita e oniabarcante. No mundo da f, tudo pode ser verdade peladoce vontade do Senhor. E aqui, na terra da morte, o clculo inconclusivo e destrutivo em

    sua meta final; no tem nenhum valor no final das contas. Deve ser rejeitado. Oconhecimento no qual os materialistas se encaixam, o clculo falvel das almas exploradoras,no tem nenhum valor. Mas no mundo do infinito, a f o nico padro de acordo com oqual tudo se movimenta.

    svayam samuttirya sudustaram dyumanbhavarnavam bhimam adabhra-sauhrdah

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    bhavat padambhoruha-navam atra tenidhaya yatah sad-anugraho bhavan

    Srimad Bhagavatam 10.2.31

    Aqui, o Srimad-Bhagavatam diz que assim como no vasto oceano, quando nada mais pode servisto, o compasso a nica orientao, tambm no mundo do infinito, nossa nica guia so ospassos daquelas grandes almas que viajaram no caminho da f. O caminho foi marcado pelossantos passos daqueles que foram para o quadrante mais elevado. Isso nossa nica

    esperana. Yudhishthira Maharaja tambm diz que o verdadeiro segredo est oculto nocorao dos santos, assim como um tesouro se esconde numa misteriosa caverna (dharmasyatattvam nihitam guhayam). A larga linha que leva verdade demarcada por aqueles queesto indo para o mundo divino. E isso nossa guia mais segura. Todos outros mtodos deorientao podem ser eliminados porque o clculo falvel.

    Orientao vem do absoluto infinito. E a orientao Dele pode vir de qualquer forma, emqualquer lugar, a qualquer hora. Com esta larga viso, devemos perceber o significado deVaikuntha. Vaikuntha significa "sem limites". como se estivessemos num barco flutuandonum infinito oceano. Muitas coisas podem vir nos ajudar ou atrapalhar. Mas somente nossaboa f otimista poder ser nossa guia, nossogurudeva. O guia Sri Guru.

    nr-deham adyam sulabham sudurlabhamplavam sukalpam guru-karnadharam

    mayanukulena nabhasvateritampuman bhavabdhim na taret sa atma ha

    Srimad-Bhagavatam 11.20.17

    No infinito oceano embarcamos em nosso pequeno barco, a forma humana de vida, e nossodestino incerto e inconcebvel. Porm concebvel para nosso gurudeva (gurukarnadharam) Nosso guru nosso guia - o capito do barco. E ns temos que progredir comf sincera. Estamos tentando atravessar um oceano horrvel com grandes ondas e perigosostubares e baleias que engolem outras baleias. cheio de perigo. A orientao de santos

    nossa nica esperana. Temos que depender deles. Eles se alam como faris no infinitooceano para nos guiar terra da f.

    F significa "esperana no infinito". Vaikuntha significa "infinito". E shraddha significa"boa f". Assim como existe um local chamado Cabo da Boa Esperana,shraddha significasupercarregado de boa esperana no infinito. Vaikuntha infinito, e se desejarmos atrair aateno do infinito, o nico caminho aberto a ns shraddha.

    Somente atravs de shraddha, podemos atrair o infinito. E quandoshraddha se desenvolvenuma forma definitiva, aps progredir porbhava, emoo exttica,shraddha se tornaprema -amor divino. Colombo partiu em viagem, e aps longa jornada, finalmente chegou na

    Amrica; ele chegou na terra da boa esperana. Da mesma maneira, com esperana,shraddha, f, podemos, aps atravessar Vaikuntha, chegar no local mais elevado do cosmosespiritual. Shraddha nossa luz na escurido.

    Somenteshraddha pode nos guiar quando somos viajantes no infinito. "Escutei que esse ocaminho para aquele lugar" - esse esprito manter nossos coraes vivificados. A definiode shraddha dada no Chaitanya-caritamrta: "F a convico firme de que por servir

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    Krishna, todos outros propsitos automaticamente so servidos." Nenhum risco, nenhumganho. Maior risco, maior ganho. Krishna nos assegura: "Eu estou em todo lugar - no hnenhuma necessidade de ter medo. Basta realizar que Eu sou teu amigo. Sou o todo de tudo,e tu s Meu. Acreditar nisso teu nico bilhete para a jornada at a terra da f."

    A Verdade Absoluta, a substncia transcendental que objeto de nossa indagao atravs daf, est dotada de todo poder e toda conscincia. Ele bondoso, benevolente, e doce. Seupoder infinitamente superior ao nosso, e ns somos infinitamente menores que Ele. Nossa

    atitude deve ser que comparados a Ele, somos insignificantes.

    Qual ser ento, o verdadeiro sintoma de um discpulo? Quem um verdadeiro buscador daverdade? Qual a qualificao de quem est buscando pela verdade - qual sua atitude, suanatureza? E qual ser o sintoma do guru, o guia?

    NoBhagavad-gita Sri Krishna diz:

    tad viddhi pranipatenapariprashnena sevaya

    upadekshyanti te jnanamjnaninas tattva-darshinah

    "Pode-se aprender a verdade somente aproximando-se submissamente e indagando daquelesque viram e experimentaram a verdade. E por render servio a eles, nos tornamos iniciadosno conhecimento transcendental."

    O que preciso? Pranipat, submisso, e seva, servio. Ento a indagao ser fidedigna;outrossim ser uma transao falsa: poder no ter valor. Pode ser tudo desperdcio deenergia. F genuna no nos permite acharmos que temos liberdade para fazer qualquer coisae tudo. Se for uma transao verdadeira, deve haver alguma orientao superior. Assimshraddha, f, a coisa mais importante para um devoto.

    Quando se desenvolve f, fazemos tudo para nos aproximar do reino subjetivo superior.Quem tem f quer conectar-se com essa substncia superior, composta de eternidade,conhecimento e xtase. A f se movimenta considerando a existncia, conhecimento e amor.E quando estes trs pontos principais so realizados, nossa existncia se satisfaz plenamente.A f nos solicita para nos aproximarmos do mundo superior, no do inferior. E pensar: "Detodas maneiras Krishna superior. Ele nosso guardio e bem-querente", a base da f.

    Os racionalistas esto sempre procurando com seus crebros cientficos por diferentesmaneiras de utilizar e comandar as coisas que descobriram em sua pesquisa. Porm a f lidacom uma substncia bem superior em todos respeitos, que o prprio buscador. Quem umindagante quanto a uma substncia superior deve inquirir com o que em geral conhecemos

    por f.A devida orientao na f tambm necessria, e esta dada pelo plano superior. Essa deveser a atitude de nossa indagao ou busca, se for para termos sucesso. Portanto oBhagavad-gita aconselha: pranipat, pariprashna, sevaya - Rendam-se, indaguem, e sirvam." NosUpanishads dito:

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    tad vijnarnartham sa gurum evabhigacchetsamit panih shrotriyam brahma-nishtham

    "Para compreender o Absoluto, devemos nos aproximar de um guru que est fixo noconhecimento espiritual e bem versado nas escrituras. E devemos aproximar-nos do guruestando preparados para sacrifcios." Essa a instruo geral dos Upanishads.

    O Srimad-Bhagavatam 11.3.21 tambm aconselha semelhantemente:

    tasmad gurum prapadyetajijnasuh shreyah uttamamshabde pare ca nishnatambrahmany upashamashrayam

    "Quem deseja buscar seriamente por sua mais elevada perspectiva deve tomar completorefgio de um guru que tenha profundas realizaes do Senhor Supremo e do sentido internodas escrituras. Tais mestres espirituais deixaram de lado todas consideraes em favor dasuprema considerao absoluta."

    Devemos ficar muito atentos a estas coisas. Devemos tentar compreender atravs de auto-exame se estamos realmente nos aproximando da divindade atravs da f. Tambm devemostratar de garantir que nossa f seja real. A f correta e credulidade no so o mesmo. preciso considerar se somos buscadores fidedignos da verdadeira f ou algum cuja f estadulterada. E h sintomas de verdadeira f. Temos que consultar autoridades superiores paranos guiar, porque f uma coisa de muita importncia.

    Se estamos buscando pela verdade, estamos insatisfeitos com nossa presente aquisio.Estamos aceitando um risco para lanarmo-nos a uma perspectiva superior. Portanto temosque aceitar orientao cuidadosamente. Temos que estar atentos ao mximo possvel.Dizem-nos que nossa atual razo no suficiente para nos ajudar; que mais que a razo, precisoshraddha, e esta tambm possui seus sintomas. Ainda assim, aplicaremos nossa razo

    o mximo possvel.

    Inicialmente quando vim para a misso, pensei: "As verdades transcendentais que ouodesses devotos no entram dentro do mbito da inteligncia mundana, contudo quando euquiser me atirar nessa associao, empregarei minha razo e intelecto ao mximo possvel,entendendo que vou atirar-me em algo que est alm de meu controle, alm de meus clculos.Assim devemos cuidadosamente compreender o que shraddha, com a orientao de santos,escrituras, e gurus.

    claro, mesmo se estivermos indo pelo caminho certo, nunca certo que o caminho serlivre de obstculos. Mesmo se estamos fazendo progresso, inesperados obstculos podero

    perturbar-nos e atrasar nosso avano. Embora vejamos muitos ao nosso redor caindo oubatendo em retirada, devemos ir adiante. Devemos ter a convico de pensar que emboramuitos iniciaram na senda conosco e agora esto retrocedendo, ns vamos ter que continuar.Vamos ter que fortalecer nossa energia e seguir adiante - sozinhos caso necessrio. Nossa fdeve ser to forte que tenhamos a convico de seguir adiante sozinhos caso necessrio e pelagraa do Senhor atravessar quaisquer dificuldades que encontrarmos em nosso caminho.Dessa maneira devemos tornarmo-nos aptos. Devemos desenvolver devoo exclusiva.

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    claro, sempre tentaremos encontrar boa associao. Contudo s vezes poder parecer que noh associao, que estamos sozinhos. Mesmo assim, devemos seguir adiante e buscar o farolda verdade.

    Progresso significa eliminar uma coisa e aceitar outra. Entretanto devemos ter capacidade dever que h tantos outros que podem nos ajudar em nosso progresso na linha da dedicao;devemos seguir adiante com nossos olhos abertos. E as escrituras descrevem muitos nveisque teremos de atravessar em nosso progresso. Por eliminao, a senda do progresso

    mostrada de Brahma a Shiva at Lakshmi. Afinal se mostra que Uddhava superior a todos.Mas a opinio dele que as gopis so as mais elevadas devotas. Isso confirmado por RupaGoswami:

    karmibhyah parito hareh priyatayavyaktim yayur jnaninas

    tebhyo jnana-vimukta-bhakti-paramahpremaika-nishthas tatah

    tebhyas tah pashu-pala-pankaja-drshastabhyo 'pi sa radhika

    preshtha tadvad iyam tadiya-sarasitam nashrayet kah krti

    - Sri Upadeshamrta (10)

    "Existem aqueles no mundo que regulam sua tendncia explorao de acordo com as regrasescriturais e assim buscam gradual elevao ao domnio espiritual. Contudo, so superiores aestes, os sbios que, abandonando a tendncia de dominar os outros, tentam mergulhar fundono reino da conscincia. Porm bem superior a estes, so os devotos puros que esto livres dequaisquer ambies mundanas e esto liberados do conhecimento, no pelo conhecimento,tendo alcanado o amor divino. Eles conseguiram ingressar na terra da dedicao e estoespontaneamente ocupados ali no servio amoroso do Senhor. Entre todos devotos,entretanto, asgopis so as mais elevadas, pois elas deixaram todos, inclusive suas famlias, e

    tudo, inclusive as escrituras dos Vedas, e tomaram refgio completo aos ps de ltus deKrishna, aceitando-O como sua nica proteo. Mas entre todas gopis, Srimati Radharanireina suprema. Pois Krishna deixou a companhia de milhes degopis durante a dana darasa para procurar somente por Ela. Ela to querida por Sri Krishna que a lagoa na qual ElaSe banha o local favorito Dele. Quem, alm de um louco, no aspiraria a prestar servio,sob o refgio de devotos superiores, nos mais exaltado de todos locais sagrados?"

    APROFUNDA-TE, ELEVA-TE

    Em Suas conversas com Ramananda Raya, Sri Chaitanya Mahaprabhu disse repetidamenteeho bahya, age kaha ara. Aprofunda-te, eleva-te! Existem tantos que consideram sua

    posio como sendo a mais elevada, e que chegando a certo estgio, param por ali. Masdescobrimos no Brhad-Bhagavatamrtam de Sanatana Goswami, que Gopa-kumara,comeando desde o mais baixo estgio de devoo, gradualmente progrediu atravs dosdiferentes nveis, e afinal chegou concepo Krishna na doura da amizade - sakhya rasa.Ali se descreve como ele gradualmente elimina um estgio e continua a progredir at osestgios mais elevados de devoo.

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    Conforme progride de um nvel ao seguinte, todos parecem ajud-lo bastante, pormgradualmente, a companhia deles parece-lhe tornar-se sem graa, ultrapassada. Nessa hora,uma chance mais elevada lhe dada atravs de um agente da divindade e, deixando aqueleplano para trs, ele vai para um plano novo e mais elevado. Dessa maneira, o progresso dadedicao mostrado noBrhad-Bhagavatamritam.

    LUZ SUPERIOR

    Assim como no mundo tangvel existe o sol, a lua, e tantos outros planetas, no mundo da fexiste uma gradao de sistemas planetrios. Temos que perscrutar as escrituras, aproveitar aorientao dada pelos santos, e entender como se consegue o progresso da f at o plano maiselevado, por eliminar os planos inferiores. E sempre que houver alguma dvida, devemosconsultar algum agente mais elevado a fim de fazermos progresso.

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    A realidade espiritual a existncia eterna, completa conscincia, e xtase. A mera existnciano consegue nos realizar. Mesmo nosso sentimento e anseio interior, conscincia, no suficiente. Precisamos de rasa e ananda, xtase, para nos dar realizao.

    A realizao espiritual tambm de tipos diferentes. Temos que distinguir entre diferentesconcepes espirituais, e nossas escolhas melhoram conforme mergulhamos mais e maisfundo na realidade. Devemos morrer para viver. E a considerao de morte tambm tem oprofundo, mais fundo e mais profundo. A gradao de mais elevado e inferior sempre est

    ali. Se for para progredirmos, deve haver eliminao e nova aceitao. Poder acontecer determos de deixar os deveres que estamos executando por outros mais elevados.

    Devemos progredir dessa maneira, ao mesmo tempo sempre consultando os santos eescrituras. Ambos nos guiaro no oceano da f. Seno o mundo espiritual fica desconhecidoe incognoscvel. A Verdade Absoluta conhecida e cognoscvel a determinada seo, e elesnos deram direo. Se aproveitarmos isto, ento pela orientao dos santos e escriturasgradualmente eliminaremos nossas falhas.

    Primeiro devemos eliminar esta existncia mortal. Depois, devemos satisfazer nossa razo,nossa conscincia. E finalmente, devemos satisfazer nosso corao. Sri ChaitanyaMahaprabhu diz que o corao a coisa mais importante em ns. Devemos seguir a direodo corao. A mais alta realizao realizar o corao, no realizar a conscincia, ou obterexistncia eterna. Existncia eterna no tem sentido se no for consciente, e conscincia notem sentido se no produzir alguma realizao. Portanto sat, existncia eterna, cit,conscincia, e ananda, realizao, xtase, so os trs princpios de nosso destino final. Econsiderando-as como nossa meta, progrediremos mais e mais em nossa vida espiritual.

    No Manu-samhita est escrito que:

    vidvadbhih sevitah sadbhirnityam advesha-ragibhih

    hrdayenabhyanujnato

    yo dharmas tam nibhodhata

    Podemos sentir em nosso corao se somos vencedores ou perdedores. Este aparelhoidentificador est em ns. Conforme progredimos em conscincia de Krishna, nosso karma,nossa coneco com este mundo material, evaporar num timo, e o conhecimento espacialvir nos satisfazer. Nessa hora, sentiremos o objeto de nossa vida em todos lugares (mayidrshte 'khilatmani) Quando pudermos ver que a realizao da vida nos abraou, veremos quetudo no meio-ambiente est nos auxiliando, tudo nos simptico por todos os lados. Nessedomnio espiritual, todos tero interesse em nos amar. Poderemos ser negligentes quanto aonosso prprio interesse, porm o meio-ambiente l mais favorvel e afetuoso para conoscodo que possamos avaliar, assim como uma criana no consegue avaliar a extenso da afeio

    de sua me. Dessa maneira, amigos e confortos do lar nos cercaro, e com esta realizaoiremos voltar para Deus, retornar ao lar.

    * * *

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    Devemos tentar procurar mais profundamente e ento encontraremos nosso amigo; seformos liberais em nossa atitude para com o meio-ambiente, no poderemos deixar deentrar em coneco com o plano que realmente liberal. Prahlada viu que Krishna estem todo lugar. E a conscincia de Krishna est comandando o todo. Assim nodevemos nos permitir de ficarmos desencorajados sob qualquer circunstncia, por maisaguda que possa nos parecer aparentemente. Krishna est l. Basta conseguirmosdesenvolver a viso correta, e o rosto sorridente do Senhor ir surgir por trs da tela.Krishna lindo, e Ele est esperando ansiosamente para aceitar nossos servios.

    O MEIO-AMBIENTE

    Devoo a Krishna significa sacrifcio - "morrer para viver". Pela devoo a Krishna, todanossa concepo de vida mundana, auto-centrada, interessada em ns mesmos, acabartotalmente.

    sarvopadhi-vinirmuktamtat paratvena nirmalamhrshikena hrshikesha-

    sevanam bhaktir ucyate- Narada Pancaratra

    "Devoo pura servio ao Senhor Supremo, livre de todas concepes relativas de auto-interesse."

    Em seu Bhakti-rasamrta-sindhu, Srila Rupa Goswami cita este verso dos antigos Puranas.Upadhi significa "todas concepes relativas de auto-interesse". Devemos estar livres detodos upadhis.

    E Rupa Goswami tambm nos d um verso paralelo descrevendo bhakti:

    anyabhilashita-sunyamjnana-karmady-anavrtam

    anukulyena-krsnanushilanam bhaktir uttama

    Servio devocional puro o cultivo favorvel de conscincia de Krishna livre de todos traosde motivos ulteriores, tais como karma, atividades auto-promotoras,jnana, realizao mental,e assim por diante." Bhakti, devoo, deve estar livre de quaisquer desejos passageiros(anyabhilasa), tais como karma - a tentativa organizada de se auto-elevar - e jnana, a

    tentativa de depender de nossa prpria habilidade, conhecimento, e conscincia para alcanara mta ltima. Tentar colocar nosso prprio eu como o sujeito, tentarmos nos tornar juzes denosso prprio destino - isto jnana. Aqui adi significa yoga e outras coisas externas. Tudoisso so coberturas externas (avrtam). Na alma propriamente dita, contudo, no se encontramestes elementos. A alma uma escrava eterna de Krishna (krsna-nitya-dasa).

    Mahaprabhu disse: "Jivera 'svarupa haya - krsnera 'nitya dasa'. "Escravatura a Krishna a

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    natureza inata da almajiva."

    A fim de realizar o absoluto, devemos chegar ao estado de escravatura; nada menos que isso.Temos que nos submeter como escravos ao jogo de Sua doce vontade.

    Uma vez, o governo britnico teve que receber o Shah da Prsia, rei da Prsia. Convidaram-no para a Inglaterra e tentaram agrad-lo de diversas maneiras a fim de ganhar sua simpatiapara que no fosse convertido ao lado do Czar Russo. Mostraram-lhe muitas coisas, e em

    dado ponto, levaram-no a um local onde homens condenados pena de morte eramdecapitados. Ali mostraram ao Shah o local de execuo. Explicaram-lhe como ali era olugar onde tantos grandes homens, inclusive at um rei, Carlos Primeiro, fra decapitado.Quando mostraram esse lugar ao Rei da Prsia, ele perguntou: "Oh, tragam algum edecapitem-no! Quero desfrutar de ver como era feito!"

    Todos ficaram espantados. "O que ele est dizendo! Para o prazer dele, vamos ter queassassinar um homem? No," disseram. "No podemos permitir que um homem sejadecapitado assim." O Shah disse: "Ah, vocs no entendem a posio de um rei? Sou o Reida Prsia, e para minha satisfao vocs no sacrificam uma vida humana? Isso desonra.De qualquer forma, se no lhes possvel a vocs, fornecerei um de meus prprios homens.Peguem um de meus atendentes e mostrem-me como se executam pessoas aqui em seu pas."

    Com humildade, submeteram-se a ele. "Sua Alteza, as leis de nosso pas no podem permitirisso. Pode ser feito em seu pas, mas aqui, seus homens tambm no podem ser assassinadossimplesmente para o prazer de um homem." O Shah respondeu: "Ento vocs no sabem oque um rei!"

    Este o significado de escravatura: um escravo no tem posio nenhuma; pela doce vontadede seu dono poder ser sacrificado. claro, no plano material inferior tais coisas podem serbastante abominveis e impensveis, mas devemos compreender que no reino superior dadivindade, em princpio, tal grau de sacrifcio demonstrado pelos servos do Senhor. Aprofundidade do amor deles tal que esto preparados para se sacrificar integralmente, a

    morrer para viver, ao menor capricho ou satisfao de Krishna. Mas devemos lembrar queseja qual for o prazer Dele, Ele o bem absoluto. Portanto atravs de tal sacrifcio nomorremos de fato, mas vivemos por obter ingresso num plano superior de dedicao.

    No Srimad-Bhagavatam 7.5.23-24 est escrito:

    shravanam kirtanam visnohsmaranam pada-sevanam

    arcanam vandanam dasyamsakhyam atma-nivedanam

    iti pumsarpita vishnaubhaktis cen nava-lakshanakriyeta bhagavaty addha

    tan manye 'dhitam uttamam

    "Ouvir, falar sobre, e lembrar de Krishna, servir Seus ps de ltus, adorar Sua forma daDeidade, orar, tornar-se Seu servo, cultivar Sua amizade, e render-se a Ele totalmente so os

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    nove processos de devoo. Quem cultiva esses nove processos de devoo, oferecendo-secompletamente a Krishna, pode facilmente alcanar a mta ltima da vida." Quais so asformas desadhana? Quais so os meios de se obterkrsna-bhakti? Como poderemos reavivarnosso amor inato por Krishna? Somos orientados para ouvir sobre Ele, falar sobre Ele,meditar Nele, louv-Lo e assim por diante.

    Porm em seu comentrio sobre este verso, Sridhara Swami explicou que no devemosantecipar qual benefcio advir de sravanam-kirtanam, ouvir ou falar ou pensar sobre

    Krishna. Em vez disso devemos orar: "Que qualquer servio que eu faa possa chegar aomeu Senhor. No sou a parte desfrutadora - Ele o nico proprietrio." Todas essas funes(sravanam, kirtanam, etc.) sero consideradas devoo apenas se uma condio for realizada;seno podero ser karma, jnana, yoga ou qualquer outra coisa. Podero at ser vikarma,aes equivocadas poludas. Deve haver uma condio ali para assegurar que todos essasdiferentes formas de atividades devocionais sejam de fato bhakti: ns somos propriedadeDele; no somos os proprietrios de qualquer bem ou propriedade. Devemos pensar: "MeuSenhor o possuidor e sou Sua posse. Tudo Sua propriedade."

    Krishna diz aham hi sarva-yajnanam: "Sou o nico desfrutador de toda ao." A durarealidade que devoo no uma coisa barata. Servio devocional puro, shuddha-bhakti,est acima de mukti, liberao. Acima do plano negativo da liberao, do lado positivo, Ele o nico senhor. Ele o Senhor de tudo.

    Ele o Senhor da terra da dedicao. Devemos tentar obter um visto de entrada para l. Ali,a doce vontade Dele a nica lei. muito fcil pronunciar a palavra "absoluto". Mas se forpara penetrarmos o significado da palavra, ento dever ser reconhecido que a doce vontadeDele o todo de tudo. Para conseguir um visto para o mundo da realidade devemosreconhecer isso.

    E isto especialmente verdade em Goloka, onde se exige rendio completa. Em Vaikunthah alguma considerao quanto justia; para aqueles que esto ingressando ali, permitidoalgum tipo de lenincia. Porm Goloka muito rgida. A rendio completa exigida

    naquele local. Outrossim, a atmosfera ali muito livre. Depois que a pessoa foi testada e ossuperiores estiverem satisfeitos de que as almas que ali chegaram esto totalmentesacrificadas, ento ganhamos a confiana deles. E quando se verifica que estamosplenamente rendidos, h total liberdade; pode-se fazer qualquer coisa.

    AOITANDO KRISHNA

    E a liberdade ali to grande que a me de Krishna, Yasoda, est aoitando-O! Seindagarmos profundamente aonde Yasoda est se apoiando, chegaremos ao plano do "morrerpara viver". Yasoda pode abraar a morte milhes de vezes para remover uma gota de suorda testa de seu filho; ela tem tanta afeio por Krishna que est pronta para morrer um milho

    de vezes em vez de achar o suor do trabalho na testa Dele. E essa conscincia est por trs detudo que ela faz. por isso que ela tem tanta independncia ao ponto de poder aoit-Lo.Tal o jogo do absoluto.

    Se tivermos uma idia da infinita amplitude e profundidade do absoluto, como poderemosvalorizar qualquer coisa aqui? Os Himalaias podem ser muito grandes para o nosso padro,porm para o padro do infinito, os Himalaias so to pequenos que nem sequer podem ser

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    vistos. Esse mundo todo relativo. No devemos nos permitir de sermos intimidados porquaisquer eventos aqui. Devemos seguir adiante em nossa marcha rumo verdade.Poderemos falhar a qualquer momento, em qualquer lugar; no importa. Poder ser avontade de nosso senhor. Ainda assim, no temos outra alternativa seno esforarmo-nospela misericrdia Dele, a graa Dele.

    Esta nossa posio natural. Mesmo constitucionalmente, no h possibilidade de viverseparados Dele. Se, em ignorncia, s vezes pensamos que possvel viver separados Dele,

    isso insanidade temporria. Tentar fazer isto apenas criar mais perturbao, encobrir-sede ignorncia.

    Enquanto estivermos ignorantes, poderemos nos interessar por muitas coisas que no temvalor. Mas na verdade como numa pea teatral: tantos participantes esto atuando - umtem que ganhar e outro ser derrotado - mas somos informados de que devemos aceitar avitria ou derrota no humor de um jogador. E tudo a pea teatral de Krishna. Ele estbrincando com Sua lila. Quando pensamos que algo uma grande perda ou ganho, noestamos vendo a lila do Senhor. Ento estamos fora do fluxo divino, no estamos emharmonia com o fluir da lila. Ento parece que a realidade no a lila Dele, e achamosalguma outra razo de ser, ver alguns outros objetos, concebemos interesses relativos, eencontramos perdas e ganhos, vitria e derrota, e tantos outros conceitos equivocados. Mastudo Sua lila, e isso nirguna, sem erro. Nesse plano, tudo est certo. Tudo perfeito.Cada polegada de movimento l totalmente perfeita.

    "VOU TE AMALDIOAR!"

    Uma vez, aps a guerra de Kurukshetra, o brahmana Utanka veio at Krishna e disse:"Krishna, eu te amaldio!" Krishna disse: "Porque, Meu querido brahmana, desejasamaldioar-Me?" Utanka disse: "Porque s a causa de todos desastres de Kurukshetra. PorTua causa, tantas vivas e rfos esto chorando em sofrimento. A dor deles no tem limite,e Tu s a causa."

    Krishna respondeu: "Pode ser que tenhas acumulado algum poder atravs de tuas penitnciasemsattva-guna, mas tudo isso acabar quando Me amaldioares. No ir produzir qualquerresultado sobre Mim porque estou situado no plano nirguna." Esta a natureza do planonirguna. ahaituky apratihata: sem causa e no pode ser impedido - irresistvel. Aonda do plano mais fundamental bhakti, devoo, onde tudo segue a doce vontade do centro- nirguna. Esse fluxo divino sem causa e nunca conseguiremos nos opor a ele. Devemostentar nos apoiar naquele plano. Bhakti nirguna, alm da influncia da natureza material, e ahaituki, sem causa - esse fluxo divino est continuando eternamente. E apratihata:bhakti nunca poder ser impedida por ningum. irresistvel.

    Essa a natureza do fluxo da devoo. Qualquer um que se colocar em consonncia, em

    harmonia com esse fluxo, descobrir a mesma coisa: isso nunca pode ser impedido e nemconseguiremos nos opor com sucesso. Essa a natureza de bhakti segundo o Srimad-Bhagavatam 1.2.6:

    sa vai pumsam paro dharmo yato bhaktir adhoksajeahaituky apratihatayayatma suprasidati

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    Bhakti a funo mais elevada da alma (paro dharmo). Nosso dever aqui tem que ter suaorigem no plano de bhakti; temos de ser capazes de ler e pegar e utilizar este fluxo. Devemosdanar nas ondas desse fluxo. O dever mais elevado de todos ser realizado com submissoao poder invisvel, indetectvel, causal, que no tem causa, ordem ou motivo. automtico,eterno, e a ele nenhuma fora pode se opor aqui.

    E s ento que encontraremos a maior satisfao de nossa alma. Sentiremos verdadeira

    satisfao apenas quando entrarmos em contato com aquela onda harmoniosa maisfundamental. Ento poderemos sentir o mais alto xtase. Isso bhakti.

    Portanto, para chegarmos a uma idia to grandiosa da vida, quaisquer obstculos quetivermos de transpor sero apenas pequenas perdas e ganhos, vitrias e derrotas. Nodevemos permitir que perturbem nossa marcha rumo verdade.

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    BHAGAVAD-GITA

    Krishna fala para Arjuna noBhagavad-gita 2.47:

    karmany evadhikaras tema phalesu kadacana

    ma karma-phala-hetur bhur

    ma te sango'stv akarmani

    "D tua plena ateno ao cumprimento de teu dever e no ao resultado de teu trabalho. Oresultado est Comigo; toda responsabilidade Minha." Clculo superior assim. Osgenerais dizem: "Marchem! Adiante. Sigam adiante! Vocs so meus soldados; o que eupedir, vocs tem que fazer. Vocs podero morrer e a vitria poder vir depois; isso no lhesinteressa. Vocs so soldados; muitos de vocs podero acabar-se, porm o pas como umtodo lucrar." Dessa maneira, tantas vidas importantes podero ser sacrificadas.

    E como soldados, no temos direito de calcular se iremos ganhar ou perder a longo prazo.Existem duas coisas com as quais devemos ter cuidado. No devemos pensar que se no podemos desfrutar dos frutos de nosso trabalho, ento no h razo para trabalhar. Aomesmo tempo, no devemos pensar que temos que receber alguma parte dos frutos.Lembrando disso, devemos continuar nosso dever para com Krishna. Isso devoo, e isso o significado doBhagavad-gita.

    O Bhagavad-gita fala: "No podes modificar o meio-ambiente. Se desejas paz, tens queregular-te de acordo com o meio-ambiente." A essncia toda do conselho do Bhagavad-gitaencontramos aqui: Tenta ajustar-te ao meio-ambiente porque no s senhor do meio-ambiente. Toda tua energia deve ser devotada a regular-te e no ao mundo exterior. Esta achave para o sucesso na vida espiritual.

    Bhakti no depende do meio-ambiente ou dos procedimentos dos outros. ahaitukyapratihata. Nada pode obscurecer esse fluxo exceto nosso ego. Eu sou meu prprio maiorinimigo.

    uddhared atmanatmanamnatmanam avasadayet

    atmaiva hy atmano bandhuratmaiva ripur atmanah

    "Podemos nos elevar ou degradar. Somos nosso prprio melhor amigo ou pior inimigo."Nenhuma fora externa pode nos deter se formos sinceros. claro que para principiantesexiste algum interesse num meio-ambiente apropriado ao cultivo espiritual, mas at isso

    tambm depende da natureza de sua sinceridade, ou sukrti: na hi kalyana-krt kasciddurgatim tata gacchati. A garantia dada aqui por Krishna. Ele diz: "Estarei l para cuidarde ti em qualquer circunstncia desfavorvel. Sou onisciente. E tambm sou onipotente.Portanto se algum se voltar para Mim, Eu cuidarei dele." E isso tambm tem sido verificadona histria, nos casos de Dhruva, Prahlada, e tantos outros. A sinceridade invencvel.Mesmo obstculos melhoram nossa posio se os pudermos aceitar da forma correta. De umngulo de vista superior pode-se ver que tudo est vindo para nos ajudar.

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    SRIMAD-BHAGAVATAM

    tat te'nukampam susamikshamanobhunjana evatma-krtam vipakam

    hrd-vag-vapurbhir vidhadhan namas tejiveta yo mukti-pade sa daya bhak

    O Srimad-Bhagavatam 10.14.8 nos d uma sugesto mui esperanosa para todos estgios devida: culpe a si mesmo e mais ningum. Mantenha seu apreo pelo Senhor, vendo tudocomo graa Dele. No momento presente achamos nossa circunstncias indesejveis porqueno agradam nosso gosto atual. Porm o remdio nem sempre pode se adequar ao gosto dopaciente. Ainda assim conduz sade. Este verso o tipo mais elevado de regulao dadano shastra. Se puderem seguir esta lei, ento dentro em breve tero uma boa posio.Devemos ter muito cuidado de no culpar as circunstncias, mas de apreciar Krishna por trsde tudo. Krishna meu melhor amigo; Ele est por trs de tudo. Tudo est passando peloolhar atento Dele. Portanto no pode haver defeito ali.

    Mesmo Srimati Radharani diz: "Ele no tem culpa. Esta longa separao de Krishna oresultado de Meu destino. Ele no deve ser culpado por isso." Embora externamente todosadimitissem que Ele havia deixado as gopis cruelmente, Radharani no est preparada paraculpar Krishna. "No h nenhum mal Nele" pensa Ela. "Deve haver algo de errado em Mimque ocasionou esta situao desafortunada." A competio entre os grupos degopis a serviode Krishna tambm harmonizada deste modo por Radharani.

    Krsnadasa Kaviraja Goswami explicou esse ponto de muita importncia. Segundo ele, no que Radharani no goste que outro grupo sirva Krishna em competio com Ela, mas Elasente que eles no conseguem satisfazer Krishna tanto como Ela consegue. E disso deve-setomar nota cuidadosamente. Ela sabe que eles no conseguem proporcionar a devidasatisfao a Krishna, portanto Ela no pode apreciar que tentem tomar o lugar Dela. essaSua contenda. Ela pensa: "Se pudessem servir bem a Krishna e satisfaz-Lo plenamente, Eu

    no reclamaria. Mas no conseguem. E ainda assim, agressivamente chegam para servir?No posso tolerar isso."

    O BRAHMANA LEPROSO

    Kaviraja Goswami citou como exemplo desse tipo de devoo, uma referncia histrica dosPuranas. Havia uma vez uma esposa casta cujo marido brahmana era leproso. Ela sempre seesforava o melhor que podia para satisfaz-lo. Certo dia, enquanto estava banhando seumarido num rio sagrado, ele ficou apaixonado pela beleza extraordinria de uma prostitutachamada Lakshahira. Seu nome indicava que possua o brilho e a beleza de cem mildiamantes. O brahmana leproso ficou irresistivelmente encantado por ela.

    Ao retornar casa, sua casta esposa detectou alguma insatisfao no seu marido, e indagou:"Porque ests to infeliz?" Seu marido replicou: "Senti uma atrao pela beleza daquelaprostituta. E no consigo tir-la da minha mente."

    "Oh, desejas t-la?"

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    "Sim, desejo."

    "Ento vou tentar fazer um arranjo."

    Ento, porque era pobre, a casta senhora, embora uma brahmana qualificada, comeou a irpara a casa da prostituta todo dia e trabalhar como serva. Embora fosse de nascimentoaristocrtico, aceitou trabalho de serva sem remunerao. E cumpria seus deveres com taldiligncia que atraiu a ateno da prostituta, a dona da casa, que comeou a indagar: "Quem

    limpa tudo to direitinho e lindamente?" E ficou sabendo que uma senhora brahmana estavavindo todas manhs e realizando tarefas domsticas. As outras atendentes disseram:"Tentamos par-la, mas ela nem queria saber. Ela quer encontrar com a senhora."

    A patroa retrucou: "Tudo bem. Amanh, podem traz-la a mim." Ento, na manh seguinte,quando foi levada diante da prostituta, a senhora brahmana expressou seu motivo ntimo."Meu marido est to atrado por ti que meu desejo que possas satisfaz-lo. meu interessecomo sua esposa devotada, que ele fique satisfeito, e esse o desejo dele. Portanto quero v-lo feliz." Ento a prostituta entendeu tudo e disse: "Sim. Traga-o amanh. Convido ambospara jantarem em minha casa."

    Isso foi comunicado ao brahmana e no dia seguinte ambos vieram. Muitos pratos prprios ocasio foram preparados. Foram servidas duas entradas. Uma era prasadam em folha debananeira acompanhada de gua do Ganges num pote de barro - tudo alimento vegetarianopuro. Lado a lado, haviam potes de ouro e prata com carnes e ricos pratos. Foram servidoscom um lindo arranjo de mesa e assentos. Dos dois tipos de alimentos, um erasattvik, puro, eo outro era rajasik, cheio de paixo. Ento, de mos postas, a prostituta convidou obrahmana e esposa e indicou: "Esta bhagavata-prasadam, e aqueles so pratos ricospreparados com carne. Pode escolher o que sua doce vontade preferir."

    Imediatamente o brahmana leproso escolheu a prasadam, e comeou a tomar sua refeio.Depois que ele terminara de tomarprasadam, a prostituta disse: "Tua esposa como essaprasadam- sattvik- e todas estas coisas rajasik- carne, pratos ricos, ouro, prata - so como

    eu. Sou to baixa e tua esposa a mais pura das puras. Teu gosto real por esta sattvikprasadam. Externamente, a carne mui deslumbrante, porm internamente muito impura,imunda. E portanto sentiste repulsa por ela. Ento porque vieste a mim aqui?"

    Ento o brahmana recobrou os sentidos. "Sim, estou equivocado. Deus enviou-me umamensagem atravs de ti. Meu desejo passageiro acabou e agora estou satisfeito. s minhaguru!"

    Kaviraja Goswami citou isso no Chaitanya-charitamrta. A casta senhora foi servir a prostituta. Porque? Para a satisfao de seu marido. Portanto Radharani diz: "Estou prontaa servir aqueles no acampamento da oposio, se conseguirem realmente satisfazer Meu

    Senhor. Estou completamente pronta para serv-los se realmente conseguirem satisfazerKrishna. Mas no conseguem. Contudo mesmo assim fazem exigncias. Mas nesse pontoEu divirjo. No que Me preocupo que Minha parte ser diminuda. No essa Minhaatitude. Sempre que ocorrem situaes desfavorveis, fico achando que sempre esto vindode dentro de Mim (durdaiva vilasa); no acho que nada corrupto advenha de fora."

    Essa deve ser a atitude de um verdadeiro devoto de Krishna. Com essa atitude,

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    conseguiremos ver dentro de ns que tudo afinal parte do bem absoluto. Embora no sejamuito fcil, ainda assim, nossa energia deve ser devotada somente para coletar boa vontade detodas circunstncias externas. Dessa maneira devemos cuidar para ver as coisas de tal modoque purifique nossa prpria posio.

    A VISO PROFUNDA DA REALIDADE

    E assim, somos encorajados pelo Srimad-Bhagavatam a buscar mais profundamente. Temos

    que tentar enxergar mais profundamente e ento encontraremos nosso amigo; se formosliberais em nossa atitude para com o meio-ambiente, no poderemos deixar de entrar emconeco com o plano que realmente liberal. Isto conscincia de Krishna no seu mbitomximo. Se olharmos profundamente para a realidade com este tipo de viso, encontraremosnosso verdadeiro lar. Prahlada corajosamente encarou todas circunstncias e afinal foivitorioso. O clculo do pai demonaco de Prahlada quanto ao ambiente era falsificado, mas aviso mais profunda de Prahlada viu a realidade corretamente.

    Ele viu que Krishna estava em todo lugar. E a conscincia de Krishna est comandando otodo. Portanto no devemos nos permitir de ficarmos desencorajados sob quaisquercircunstncias, por mais agudas que possam nos parecer. Krishna est ali. Por mais que ascircunstncias paream se opor a ns, realmente no assim. Basta conseguirmosdesenvolver a viso correta, e o rosto sorridente do Senhor surgir por detrs da tela. Isso conscincia de Krishna. Krishna lindo, e Ele est esperando ansiosamente para aceitarnossos servios.

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    DEUS E SEUS HOMENS

    Nossa riqueza interna s pode ser descoberta com a ajuda de sadhu, guru, e escrituras. Nossaviso deve ser que tudo nectar, mas que puxamos uma tela entre o nctar e ns mesmos eestamos provando veneno, pensando que muito til. Ao todo, devemos pensar quenenhuma culpa cabe aos outros, e que de fato a verdade. Somos responsveis pela nossadesgraa, nossa condio cada. E a senda do auto-aprimoramento tambm similar:devemos aprender a criticar a ns prprios e apreciar o meio-ambiente. Nossa apreciao

    deve ser especialmente por Krishna e Seus devotos, e depois gradualmente por todos mais.Ele no deu autoridade a ningum para nos prejudicar. Se parece ser assim, isto apenassuperficial e enganador. Que algum possa lesar outro algum enganoso. S verdade noplano superficial. claro que isso no desculpa para prejudicar os outros ou ignorar aopresso, mas desde o ponto de vista absoluto, no existe mal. Quando chegarmos ao estgiomais elevado de devoo, veremos que tudo amistoso e que nossa apreenso era errada. Erauma concepo equivocada.

    Concepo equivocada: maya significa: "aquilo que no " (mriyate anaya). Quando tudo medido a partir do ponto de vista do egosmo e no do interesse universal - isso a causa detodos nosso problemas. Devemos gradualmente perceber: "Meu ngulo de viso era guiado por consideraes egostas, no absolutas. Portanto estou sofrendo. Mas agora acabeicompreendendo que meu interesse est includo no interesse absoluto."

    Parodiando um velho ditado: "Um mau trabalhador briga com suas ferramentas." Conformenosso karma, produzimos nosso meio-ambiente. O que estou culpando foi produzido pelomeu prprio karma. Quando me alimento, o excremento vem como reao natural. Seriatolo culpar o excremento por aparecer. Trata-se do efeito de ter comido. Do mesmo modo,agi de diferentes maneiras, e o resultado karmico meu atual ambiente. Portanto brigar coma reao a nossos prprios atos equivocados um desperdcio intil de energia.

    O conselho do Srimad-Bhagavatam deve ser nosso princpio norteador sob todascircunstncias. Tudo que vier a ns est sob sano Dele, sob o olhar Dele, portanto s pode

    ser bom. Tudo perfeito. A nica imperfeio est dentro de ns, e portanto devemos tentarcom toda nossa energia realizar nosso dever. Dentro em breve, nos acharemos libertos detodos problemas. Isso o conselho chave do Srimad-Bhagavatam.

    O OLHAR DE NOSSO GUARDIO

    O meio-aambiente no est morto - existe ali um supervisor. Assim como o sol est acima denossas cabeas, toda ao est sob o olhar de nosso guardio. Esta comparao dada noRgVeda: Om tad vishno paramam padam sada pashyanti suraya diviva cakshur atatam.Devemos nos aproximar de qualquer dever pensando: "O olhar de meu guardio est semprevigilantemente velando por mim, vendo tudo que estou fazendo, e tudo que me acontece.

    No preciso preocupar-me quanto a esse ambiente ou circunstncia."Portanto, o Bhagavatam diz: "No se preocupem com o meio-ambiente. Faam seu dever.Concentrem-se plenamene no que estiverem fazendo, e dentro em breve, sero aliviados dacaixa preta do ego e iro unir-se ao fluxo universal de danar e cantar, cntico e jbilo.Conseguiro ingressar na lila ou passatempos do Senhor."

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    Estamos todos sofrendo de interesse separado, conflito e reao, bem e mal, prazer e dor,felicidade e sofrimento, mas ali no domnio espiritual, tudo consciente e cheio de felicidade.Portanto no s o total auto-esquecimento requisito, mas toda boa vontade do Senhor deveser convidada. Iremos nos fundir no fluxo da boa vontade do Senhor. Isso Vrndavana.

    Nossos guardies dizem: "Faam isso" e conforme nossa capacidade iremos tentar executar aordem deles. E aceitando que aquilo que dizem est realmente vindo de Krishna, quanto maisformos capazes de seguir suas instrues, maior benefcio acumularemos. Srimad-

    Bhagavatam, Bhagavad-gita, os Vedas e Upanishad, e tantos agentes que representam adivindade esto todos nos auxiliando a retornar ao nosso verdadeiro lar. Atualmente estamosvivendo em diferentes estgios de conscincia de interesse separado, porm nossos guardiesesto todos tentando levar nos para dentro daquele plano superior de movimento dinmico,lila, para entrarmos nos passatempos de Krishna.

    O EGO INIMIGO/EGO REAL

    Aqui, tudo no passa de um reflexo do mundo perfeito. Originalmente tudo est ali, inclusivetodos tipos de servio mas aqui s temos um reflexo pervertido. Deixando para trs estemundo variado, no devemos tentar fundir-nos em inconscincia de modo que no sintamosnem prazer nem dor. Atualmente estamos sob influncia de nosso ego inimigo. O ego realexiste no mundo espiritual. Toda experincia encontrada ali, porm cheia de beleza echarme.

    A conscincia de Krishna significa tesmo plenamente desenvolvido. Isso significa que temosum relacionamento com o infinito at a posio de amante. Tudo que precisamos paraauxiliar-nos e levar-nos na direo certa na realidade se encontra no mundo espiritual em suaposio mais pura e mais desejvel. O que encontramos aqui apenas uma sombra, umaimitao negra. Mas realidade significa tesmo plenamente desenvolvido - conscincia deKrishna - onde o infinito abraa todo o finito. O infinito desce para dar as boas-vindas, paraabraar plenamente o finito - isso Vrndavana. E isso tesmo plenamente desenvolvido:atravs da conscincia de Krishna, uma parte negligente do finito poder experimentar o

    abrao bem-aventurado de todo o infinito. E em Vrndavana, nem um canto negligenciado.Cada gro de areia, cada folha de grama, bem representada ali com personalidade. Aqui,sem falarmos numa partcula de areia, tantas coisas so insignificantes. Porm emVrndavana, tudo cuidado. Nada ignorado. Isso tesmo plenamente desenvolvido. Isto explicado no Srimad-Bhagavatam 10.21.5:

    varhapidam nata-bara-vapuhkarnayoh karnikaram

    bibrad vasah kanaka-kapishamvaijayantin ca malam

    randhran venoradhara-sudhaya

    purayan gopavrndairvrndaranyam sva-pada-ramanam

    pravishad gita-kirtih

    Sukadeva Goswami revela algo espantoso a Pariksit Maharaja. Quando Krishna entra nafloresta de Vrndavana, pelo toque das solas de Seus ps de ltus, a terra sente o prazer de Seuabrao - o abrao pessoal do Doce Absoluto (vrndaranyam sva-pada-ramanam). Isso

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    inconcebvel! Pelo toque dos sagrados ps de Krishna, a areia e a terra sentem o prazer da posio de consorte! Glorificado por Seus amigos vaqueiros, Ele entra na floresta deVrndavana, e a terra, a floresta, e tudo que entra em coneco com Ele sente uma experinciasensorial mais elevada, mais prxima de prazer no grau mais feliz.

    A POSIO DE CONSORTE

    Em Vrndavana, a terra sente o humor da posio de consorte. Assim a vrndavana-lila de

    Krishna to maravilhosa que at mesmo Brahma, o criador do universo, disse: "Como podemos compreender-Te, meu Senhor? Sei algo sobre meu Senhor Narayana, que me prximo. Ele e eu temos alguma coneco direta para que eu possa cumprir meus deveresoficiais. Mas Tu entraste em meu crculo e no consigo entender-Te. Que isso?" Ele seesforou o melhor que pde para testar Krishna raptando Seus amigos vaqueirinhos ebezerros, porm ficou espantado ao descobrir que "Embora os tenha removido, tudo continuacomo antes; Krishna ainda est cercado por Seus amigos e seus bezerros, ocupados em seuspassatempos prazerosos. Portanto Ele infinito. Mesmo como senhor do universo, minhainterferncia no conseguiu desbaratar qualquer coisa sob o controle Dele. Por Sua prpriadoce vontade Ele conduz Sua encenao. Tentei test-Lo, porm agora estou confuso por Suapotncia inconcebvel. No consegui compreender que embora seja um menino vaqueirinhoaparentemente humano, no entanto Ele o mais supremo, mais elevado at que o SenhorNarayana." Ele suplicou a Krishna: "Agora que recuperei os sentidos, por favor perdoa-me,meu Senhor."

    Que utilidade tem uma partcula de nossa inteligncia? O quanto ela consegue medir doinfinito? Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: "No tente aplicar o crebro ao infinito. O crebrono um aparelho para medir naquele plano. Teu intelecto cancelado pelo infinito. Tentemed-lo somente atravs do sentimento, do paladar, do corao - o crebro ser teu inimigo.Sempre ir enganar-te em suas medidas, e isso te perturbar e limitar teu progresso."

    Somente a f pode nos ajudar. Nada mais consegue alcanar aquele plano. Podemos alcanaro sol ou a lua somente com ajuda de tecnologia avanada. No podemos esticar a mo e toc-

    los nem com ajuda de uma vara comprida. Da mesma maneira, para conectar com a realidadesuperior, s a f pode auxiliar a pessoa. A f o meio mais espaoso. Mas at esta muito parca quando considerada em vista daquela coisa elevada com a qual gostaramos deconectar, a causa suprema de todas causas.

    Somos almas nfimas. Quanto conseguimos acomodar com nossa f? Quo extensa e ampla nossa f? O que conseguimos captar com nossa f? O que estamos buscando infinito, eestamos muito temerosos: "Oh, se eu confiar na f, algo poder dar errado. Poderei seriludido." Mas com nossos nfimos coraes, quanto f conseguimos conter? S por analogiacom o cu ou o oceano que poderemos compreender qualquer coisa sobre o infinito, mas oque isso em comparao? Nada.

    E o que o infinito? Aquilo do qual tudo est provindo, atravs do que tudo mantido, e noqual tudo afinal entra; o oni-compreensivo, onipenetrante, onicontrolante, oniatraente,onisentiente Absoluto.

    Assim tudo est certo com o infinito e o ambiente. Temos apenas que nos corrigir, nosajustar. Esta a concluso - "Tenta ajustar-te; tudo est certo com o meio-ambiente.

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    Devemos deixar tudo para o Senhor Supremo e nos conduzir de acordo." Isso nos trar realpaz e realizao progressiva na vida espiritual.

    * * *

    Nem a existncia nem a conscincia so em si completas. A conscincia por si s anelapelo xtase. E existncia sem conscincia existir sem nenhum propsito. Mas quando

    a existncia dotada de conscincia, pode buscar pelo seu prprio bem: xtase.

    VISHNU PADAM

    Os ps divinos de nosso sagrado Senhor so como o olho vigilante de um grandiosoguardio suspenso sobre nossas cabeas tal como o sol, e estamos vivendo sob o olhardesse olho vigilante. Vamos sempre tentar viver no na relatividade objetiva, mas na subjetiva. Devemos pensar: "Acima da minha conscincia est a Superconscincia; oolho do guardio vigilante est sempre tomando conta de mim."

    SOB O OLHAR AMOROSO DE DEUS

    O mantra do Rig Veda diz: om tad visno paramam padam sada pasyanti suraya divivacaksur atatam - os divinos ps de nosso sagrado Senhor so como o sol acima de nossascabeas. Seus sagrados ps so como o olho vigilante de um grandioso guardio suspensosobre nossas cabeas tal como o sol, e estamos vivendo sob o olhar desse olho vigilante.

    Estamos interessados na realidade subjetiva, no na objetiva. Vamos sempre tentar viverno na relatividade objetiva, mas na subjetiva. Nunca devemos pensar: "Sob meus ps estou pisando cho firme; sou grande. Vou ficar de p ereto." Em vez disso devemos pensar:"Acima da minha conscincia est a Superconscincia; o olho do guardio vigilante est

    sempre tomando conta de mim. Estou vivendo sob a mirada desse olho." Nosso apoio novem de baixo, mas de cima. Ele nosso refgio. Estamos dependurados nesse mundosuperior substancial no qual Ele reside; nosso apoio se encontra ali. Devemos sempre estarconscientes disso.

    Este um mantra principal do Rig Veda. Antes que qualquer pessoa se aproxime de umanova tarefa, deve pensar sobre sua prpria posio. Atravs desse verso dos Vedas fomosinstrudos a pensar desta forma: "Estamos sob ao olho vigilante de nosso guardio, e essegrande olho vivo como o sol; sua mirada tal como a do sol que est acima de nossascabeas. Como uma luz que pode atravessar para ver qualquer coisa dentro de ns, Suamirada penetrante est em ns." Com essa compreenso da identidade devemos nos

    aproximar de nosso dever. Nunca somos encorajados a pensar que estamos firmemente de paqui no cho slido, e que com base nessa posio forte, possamos cumprir nosso dharmaindependente de Sua graa.

    Na verdade, em nosso relacionamento subjetivo com a divindade, somos exatamente como osraios do sol. Aonde os raios do sol se apoiam? Se apoiam no sol - essa a fonte deles. Damesma forma, devemos pensar que nosso apoio no reino da divindade; somos tantas

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    partculas de conscincia, e nosso apoio, nossa ptria-me, aquela rea consciente.Conscincia de Deus significa conscincia de Krishna. Ns somos conscincia e estamosdestinados a conscincia de Krishna - esse nosso relacionamento. Devemos sempre estarconscientes desse fato. Estamos conectados com conscincia de Krishna. Somos membrosdo mundo consciente de Krishna. E viemos para vagar na estranha terra da conscinciamaterial, conceito equivocado mayika, pensando que somos unidades desse mundo material,mas isso no assim.

    Somos unidades do mundo consciente - o mundo consciente de Krishna - e de algumamaneira chegamos a esse equivocado conceito de existncia, o mundo da matria. Matria o que podemos explorar, o lado objetivo da realidade, e o lado subjetivo o elemento quedevemos reverenciar. Nosso relacionamento com o subjetivo o da reverncia e devoo pelaentidade superior, e no o de explorao ou desfrute. Verdadeiro prazer, prazer divino, vemdo servio - no da explorao.

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    Devemos entender todos esses princpios bsicos. Bhaktivedanta Swami Maharaja certa vezcomentou comigo que embora os engenheiros em Nova Iorque construram tantos arranha-cus que perduraro por muito tempo, eles nunca lembravam de quanto tempo seus prprioscorpos durariam. Os prdios resistiro por muito, muito tempo. Porm aqueles que iroviver nesses prdios esqueceram de quanto tempo seus corpos aguentaro. Dessa forma as pessoas esto muito ocupadas com o lado objetivo, mas esto negligenciando os valoressubjetivos. A preocupao delas com objetos e no com quem vai us-los. Acham que no preciso nenhum cultivo subjetivo para o usurio do mundo objetivo. Dessa maneira elas

    do toda importncia ao lado objetivo, negligenciando totalmente o subjetivo.

    RAIOS DE CONSCIENCIA

    Nossa verdadeira posio como a dos raios do sol. Um raio de sol toca a terra. Onde ficaseu lar? Um raio de sol chega at nosso plano e toca as colinas e a gua, porm o quedevemos considerar como seu lar? Necessariamente o sol, e no a terra que ele toca. Nossaposico similar. Como raios de conscincia, pertencemos no ao mundo material, mas aomundo consciente. Nossa coneo com o lar est l: no sol - o sol espiritual.

    Somos aconselhados pelos Vedas a considerar: "Embora foste lanado num buraco destaterra, ainda assim tua terra natal o sol consciente. Emanaste de l, s sustentado de l, e tuaperspectiva futura est l. Deves conceber a realidade dessa maneira. Porque s consciente,teu lar a fonte da conscincia. Sejas ave ou bicho, estejas nas montanhas, terra, ou gua -onde quer que estejas, na posio em que estiveres, tua origem est na conscincia, existncia.Tua fonte est na conscincia assim como os raios da luz tem seu lar no sol."

    Os Vedas nos dizem: "No s filho desse solo. Podes ser um prisioneiro daqui, mas esse no teu lar; esta uma terra estrangeira. Todas tuas esperanas e perspectivas podem sersupridas por aquele solo superior, porque tua natureza de tal ordem. Teu alimento, teusustento, tudo teu deve ser feito daquela substncia superior. Porm o que se encontra nessemundo material tudo veneno para ti."

    Novamente, embora o que diga respeito conscincia a realizao mais prxima, imediatade nossa natureza, se for para nos aprofundarmos mais no mundo consciente, iremosencontrar algo mais substancial. Se atravessarmos alm da viso de conscincia da luz,iremos encontrar a verdadeira necessidade de nossa existncia: felicidade - xtase - e amordivino.

    Aps estabelecermo-nos no reino da conscincia, devemos estabelecer-nos no reino do divinoamor, xtase e beleza. Devemos procurar nossa fortuna ali, e nunca nesse mundo material.Extase est acima da luz; doura transcendental est acima da conscincia. Beleza e encantoesto acima da mera conscincia e entendimento. O sentimento no completo em si. Osentimento tem que ser por algo. Portanto o conceito mais pleno de algo perfeito uma coisa

    plena de beleza ou xtase. Mera existncia ou conscincia sozinha no pode ser a mais altaperfeio. Extase a coisa mais perfeita. Extase, amor divino, e beleza presupe conscinciae existncia.

    A realidade espiritual composta por trs substncias: sat, existncia, cit, conscincia, eananda, xtase. E destes trs, ananda ou xtase o conceito final da substncia espiritual. Oxtase pode existir por si s. Nem a existncia, nem a conscincia so completas por si

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  • 8/3/2019 A BUSCA AMOROSA PELO SERVO PERDIDO

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    mesmas. A conscincia sozinha anseia pelo xtase. E a existncia sem conscincia existirsem propsito. Mas quando a existncia dotada de conscincia, pode procurar por seu prprio bem: xtase. Extase uma substncia independente e concreta. Tanto a existnciacomo a conscincia so subservientes ao xtase.

    E quem realiza o xtase da conscincia de Krishna, se torna livre desse mundo material.Quando se realiza isso, no h necessidade de ter medo de nada. No precisa ficar apreensivopor nenhum temor que pos