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A Busca Sri Krsna a Realidade, o Belo lÈlÅ premˆÅ priyÅdhikya˜ mÅdhurya˜ veˆu-rËpayoÓ ity asÅdhÅraˆa˜ prokta˜ govindasya chatu›Êayam “K›ˆa tem quatro qualidades super-excelentes: Seus maravilhosos passatempos, Seus maravilhosos associados, como as gopÈs, que Lhe são muito queridas, Sua doce beleza e a doce vibração de Sua flauta.” (Chaitanya CharitÅmÂta - Madhya-lÈlÅ 23.84) ... ´ - por

A Busca - scsmathbrasildotcom.files.wordpress.com · Em suma, o Vaishnavismo é o Amor Absoluto unindo todos os homens ao Deus infinito, não-condicionado e absoluto. ... dispôs

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AA BBuussccaa

SSrrii KKrrssnnaaaa RReeaalliiddaaddee,, oo BBeelloo

lÈlÅ premˆÅ priyÅdhikya˜mÅdhurya˜ veˆu-rËpayoÓity asÅdhÅraˆa˜ prokta˜govindasya chatu›Êayam

“K›ˆa tem quatro qualidades super-excelentes: Seus maravilhosos passatempos, Seus maravilhosos associados, como as gopÈs, que Lhe são muito queridas, Sua doce beleza e a doce vibração de Sua flauta.”(Chaitanya CharitÅmÂta - Madhya-lÈlÅ 23.84)

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AA BBuussccaa

SSrrii KKrrssnnaaaa RReeaalliiddaaddee,, oo BBeelloo

Através de Seu Santo Nome, o Som Transcendentaldivulgado e praticado por ßrÈ Chaitanyadeva, que não

é outro além de RÅdhÅ e Govinda combinadose propagado por ßrÈla BhaktisiddhÅnta SaraswatÈ †hÅkur

Sua Divina GraçaßrÈla Bhakti Rak›ak

ßrÈdhar Dev-GoswÅmÈ MahÅrÅj

ßrÈ Chaitanya Saraswat MaÊh

© 1996 ßrÈ Chaitanya SÅraswat MaÊhTodos os Direitos Reservados pelo Sucessor Presidente-åchÅrya

do ßrÈ Chaitanya SÅraswat MaÊh, Kolerganj, P.O. Box Nabadwip,Dist. Nadia -W. Bengal Pin 741302, Índia

Edição original em inglês em 19831ª Edição em português em 19882ª Edição em português em 2008

Editores em inglêsßrÈpad Bhakti Sudhir GoswÅmÈ MahÅrÅj

ßrÈpad Bhakti Vidhan Mahayogi MahÅrÅj

Tradutor ao PortuguêsßrÈpad Advaya Prabhu

Editor em PortuguêsßrÈpad Bhuvana Mohan Prabhu

RevisoresßrÈpad Jivana Krishna Prabhu

ßrÈpad Praphula Krishna Prabhu

ßrÈ Chaitanya SarÅswat MaÊhBrasil – São Paulo - 2007

Prema EditoraRua Diogo Moreira, 312 - São Paulo, SP - 05423-010

[email protected] - www.casaprema.com

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ßrÈla Bhakti Sundar Govinda Dev-GoswÅmÈ MahÅrÅj ßrÈla Bhakti Rak›ak ßrÈdhar Dev-GoswÅmÈ MahÅrÅj

ÍndicePreâmbulo, 9 Prefácio, 17 Introdução, 19

1. Consciência de K›ˆa: Amor e Beleza, 23 2. Santos, Escrituras e Gurus, 41 3. Fossilismo Vs. Evolução Subjetiva, 57 4. Origem da Alma, 65 5. Conhecimento Acima da Mortalidade, 71 6. Seis Filosofias da Índia, 89 7. Além do Cristianismo, 95 8. Níveis de Compreensão de Deus, 119 9. O Conceito K›ˆa, 133

10. O Mantra Hare K›ˆa, 139 11. Serviço do Santo Nome, 155 12. Néctar do Santo Nome, 165 13. A Realidade, o Belo, 181 ßrÈ Chaitanya SÅraswat MaÊh

PreâmbuloSrila Bhaktivinod †hÅkur

(No Século Dezenove, Funda o Movimento para a Consciência de K›ˆa)

“O espírito sectário –este grande inimigo da verdade– sempre frus-trará a tentativa do indagador que tenta alcançar a verdade atravésde trabalhos religiosos de sua nação e o fará acreditar que a VerdadeAbsoluta não está em nenhum lugar a não ser em seus velhos livrosreligiosos.” – ßrÈla Bhaktivinod †hÅkur

mamos ler um livro que nunca havíamos lido antes.Ficamos ansiosos para obter qualquer informação nele contidae, ao conseguirmos isso, nossa curiosidade cessa. Este espírito deestudo prevalece entre um grande número de leitores que sãograndes homens em sua própria avaliação, bem como naavaliação daqueles que lhes são semelhantes. De fato, a maioriados leitores são meros repositórios de fatos e afirmações feitas

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ßrÈla Bhaktivinod †hÅkur

orientará o ajuste do ângulo de nossa marcha a partir do pontoem que estamos.

Está é também a característica do estudante útil. Ele lerá umvelho autor e encontrará sua posição exata no progresso dopensamento. Ele nunca proporá queimar um livro sob a alega-ção de que contém pensamentos inúteis. Nenhum pensamentoé inútil. Os pensamentos são meios pelos quais alcançamosnossos objetivos. O leitor que denuncia um mau pensamentonão sabe que uma má estrada pode melhorar e tornar-se umaboa. Um pensamento é uma estrada que leva a outra. Assim, oleitor observará que um pensamento, que é o objeto hoje, seráo meio de um objeto subsequente amanhã. Os pensamentosnecessariamente continuarão a ser uma série interminável demeios e objetos no progresso da humanidade.

Os grandes reformadores sempre afirmarão que vieram nãopara destruir a antiga lei, mas para cumpri-la. Valmiki, VyÅsa,Platão, Jesus, Maomé, Confúcio e Chaitanya MahÅprabhu afir-mam este fato de forma expressa ou através de sua conduta.

Nosso crítico, entretanto, pode nobremente dizer-nos queum reformador como VyÅsa, a menos que seja puramente expli-cado, pode levar milhares de homens a uma situação problemá-tica, após algum tempo. Mas, querido crítico, estude a história

por outras pessoas. Mas isso não é estudo. O estudante deve leros fatos visando criar, e não objetivando uma retenção infru-tífera. Os estudantes, como satélites, devem refletir qualquerluz que recebem dos autores, e não aprisionar os fatos e pensa-mentos assim como os magistrados aprisionam os criminosos nacadeia!

O pensamento é progressivo. O pensamento do autor temde progredir no leitor, em forma de correção ou desenvol-vimento. O melhor crítico é aquele que pode mostrar o desen-volvimento subsequente de um velho pensamento; mas o merodenunciador é inimigo do progresso e, consequentemente, danatureza. Progresso é certamente a lei da natureza, e deve havercorreções e desenvolvimento com o progresso do tempo. Mas,progresso significa ir adiante ou elevar-se cada vez mais. Ocrítico superficial e o leitor infrutífero são dois grandes inimigosdo progresso. Devemos evitá-los.

O verdadeiro crítico, por outro lado, aconselha-nos apreservar aquilo que já obtivemos e ajustar nossa marcha apartir do ponto aonde chegamos no calor de nosso progresso.Ele nunca nos aconselhará a voltar ao ponto de onde come-çamos, uma vez que sabe plenamente que, em tal caso, haveráuma perda infrutífera de nosso precioso tempo e trabalho. Ele

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ao invés de críticos, é o que queremos para a correção daquelesmales através da verdadeira interpretação dos preceitos originais.

Deus nos dá a verdade, como a deu a VyÅsa, quando ansiosa-mente buscamos por ela. A verdade é eterna e inexaurível. Aalma recebe uma revelação quando está ansiosa por ela. Asalmas dos grandes pensadores de eras passadas, que agora vivemespiritualmente, frequentemente se aproximam de nosso espí-rito indagador e o assistem em seu desenvolvimento. Assim,VyÅsa foi assistido por NÅrada e BrahmÅ.

Nossos ÍÅstras, ou, em outras palavras, livros de pensa-mento, não contêm tudo que poderíamos obter do Pai infinito.Nenhum livro está desprovido de erros. A revelação de Deus éVerdade Absoluta, mas é escassamente recebida e preservadaem sua pureza natural.

Somos aconselhados no ßrÈmad-BhÅgavatam (11.14.3) aacreditar que a verdade, quando revelada, é absoluta, mas obtéma mácula da natureza do receptor no decorrer do tempo e seconverte em erro pela contínua troca de mãos de era para era.Novas revelações, portanto, são continuamente necessáriaspara manter a verdade em sua pureza original. Assim, somosadvertidos a ser cuidadosos em nossos estudos de velhos auto-res, por mais sábios que eles sejam no que diz respeito à sua

das eras e países! Onde você encontrou um filósofo e reforma-dor plenamente compreendido pela população? A religiãopopular é a do medo de Deus, e não do amor espiritual puro queVyÅsa, Platão, Jesus e Chaitanya ensinaram a seus respectivospovos! Quer você dê a religião absoluta em expressões figura-tivas ou de forma simples, ou ensine-a por meio de livros oupalestras, o homem ignorante e o homem irreflexivo certa-mente a degradarão.

Na verdade é muito fácil dizer, e agradável de ouvir, que aVerdade Absoluta tem tal afinidade com a alma humana que serevela como que intuitivamente, e que nenhum esforço énecessário para ensinar os preceitos da verdadeira religião, masessa é uma idéia enganosa. Pode ser verdade no que diz respeitoà ética e ao alfabeto da religião, mas não no que se refere àforma mais elevada de fé, que requer uma alma exaltada paracompreendê-la. Todas as verdades superiores, embora intui-tivas, requerem prévia educação nas verdades mais simples. Areligião mais pura é aquela que dá a idéia mais pura de Deus.Como, então, é possível que o ignorante obtenha a religiãoabsoluta, enquanto permanece ignorante?

Assim, não devemos escandalizar o Salvador de Jerusalémou o Salvador de Nadia por esses males subsequentes. Luteros,

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Preâmbulo – 15

é a mãe de todo o progresso. A santa liberdade é a causa doprogresso cada vez mais elevado na eterna e interminável ativi-dade de amor. Liberdade mal usada causa degradação, e oVai›ˆava deve usar sempre e cuidadosamente esta elevada ebela dádiva de Deus.

O espírito deste texto é apresentado para honrar todos osgrandes reformadores e mestres que viveram e viverão emoutros países. O Vai›ˆava está pronto a honrar todos os ho-mens, sem distinção de casta, porque eles estão repletos daenergia de Deus. Veja quão universal é a religião do BhÅgavata.Ela não se destina a uma certa classe de hindus apenas, mas éuma dádiva para os homens em geral, em qualquer país que elesnasçam e em qualquer sociedade onde sejam gerados. Em suma,o Vaishnavismo é o Amor Absoluto unindo todos os homens aoDeus infinito, não-condicionado e absoluto. Que a paz reinepara sempre em todo universo no contínuo desenvolvimentode sua pureza, através do esforço dos futuros heróis, que serãoabençoados, de acordo com a promessa do Bhagavata, compoderes do Pai Todo-Poderoso, o Criador, Preservador e Ani-quilador de todas as coisas no Céu e na Terra.

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reputação. Aqui, temos plena liberdade de rejeitar a idéia errô-nea, que não é sancionada pela paz da consciência.

VyÅsa não ficou satisfeito com aquilo que coletou nosVedas, dispôs nos Purňas e compôs no Mahabharata. A paz desua consciência não sancionava seu trabalho. Ela lhe diziainternamente, “Não, VyÅsa! Você não deve descansar contentecom o quadro errôneo da verdade que lhe foi necessariamenteapresentado pelos sábios de dias passados! Você mesmo devebater à porta do reservatório inexaurível da verdade, do qual ossábios antigos retiraram sua riqueza. Vá! Vá à fonte da verdade,onde nenhum peregrino encontra qualquer tipo de desapon-tamento”. VyÅsa fez isso e obteve o que desejava. Todos somosaconselhados a fazer o mesmo.

A liberdade, então, é o princípio que devemos considerarcomo a mais valiosa dádiva de Deus. Não devemos permitirsermos liderados por aqueles que viveram e pensaram antes denós. Devemos pensar por nós mesmos e tentar obter verdadessubsequentes, que ainda não estão descobertas. No ßrÈmad-BhÅgavatam (11.21.23) somos aconselhados a absorver o espí-rito dos ÍÍÅstras e não as palavras. O BhÅgavata é, portanto, umareligião de liberdade, verdade sem misturas e amor absoluto.

A outra característica é o progresso. A liberdade certamente

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(Palestra em inglês dada em 1869, em Dinajpur, Bengala Ocidental.)

PrefácioßrÈla BhaktivedÅnta SwÅmÈ

PrabhupÅdaFundador-åchÅrya da Sociedade

Internacional para a Consciência de K›ˆa

omos muito afortunados de ouvir Sua Divina Graça, O˜Vi›ˆupÅda Paramaha˜sa ParivrajakÅchÅrya Bhakti Rak›akßrÈdhar MahÅrÅj. Por idade e experiência, de ambos os modos,ele me é sênior. Fui afortunado de ter sua associação desdelonga data, talvez desde 1930. Naquele tempo, ele não haviatomado sannyasa, mas acabara de deixar o lar. Ele foi pregar emAllahabad, e naquela ocasião auspiciosa nos conectamos.

ßrÈdhar MahÅrÅj viveu em minha casa por muitos anos; assim,naturalmente, tínhamos conversas muito íntimas. Ele temrealizações tão elevadas acerca de K›ˆa que uma pessoadesmaiaria por ouvi-las. Ele sempre foi meu bom conselheiro, eeu costumava tomar seu conselho muito seriamente porque

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16 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

SS

Introduçãoodos estão buscando por rasa, prazer. O status de rasa é o

mais elevado. Como pessoas, temos nossa existência subjetiva,mas rasa, prazer, tem Sua existência super-subjetiva. Ele é umapessoa. Ele é akhila rasÅmÂta mËrtiÓ: o reservatório de todo oprazer. Ele é K›ˆa. Rasa é K›ˆa. Não pode haver rasa emqualquer outro lugar além de K›ˆa. Ele é a fonte de todos osdiferentes tipos de rasa. Assim, pela natureza de nossa consti-tuição, temos de buscar por K›ˆa.

No BrahmÅ-sËtra está dito: “Indague pela suprema causadeste mundo. Busque! De onde veio tudo? Como tudo mantémsua existência? Por meio de quem? E finalmente, onde tudoentra após a morte? Isto é brahma, o espírito, o plano mais fun-damental de onde tudo brota, permanece e finalmente entra.

Onde está brahma? O BrahmÅ-sËtra nos aconselha a indagarsobre a causa primordial, o maior, o todo-acomodante. Mas ßrÈChaitanya MahÅprabhu substituiu isto, o ßrÈmad-BhÅgavatamsubstituiu isto por K›ˆÅnusandhÅna: a busca por ßrÈ K›ˆa.

BrahmÅ-jijñÅsÅ, a busca pelo espírito, é uma coisa seca. É

desde o começo sabia que ele era um devoto puro de K›ˆa.Assim, eu queria associar-me com ele. K›ˆa e PrabhupÅda ßrÈlaBhaktisidhÅnta quiseram que ele me preparasse. Nossa relaçãoé muito íntima.

Após a quebra da instituição de nosso mestre espiritual, euquis organizar outra instituição, fazendo de ßrÈdhar MahÅrÅj olíder. ßrÈla BhaktisidhÅnta SaraswatÈ †hÅkur disse-me queßrÈdhar MahÅrÅj é um dos mais refinados pregadores da cons-ciência de K›ˆa no mundo, e assim eu queria levá-lo a todaparte. Este era meu intenso desejo. Mas, sendo que ele nãopodia ir ao redor do mundo pregar, pelo menos as pessoas domundo deveriam vir ouvi-lo.

Para o avanço espiritual da vida, devemos nos dirigir aalguém que realmente esteja praticando vida espiritual. Assim,se uma pessoa é realmente séria em receber instruções de umÍik›a guru, ou mestre espiritual instrutor, posso indicar aqueleque é o mais competente de todos meus irmãos espirituais. Esteé B. R. ßrÈdhar MahÅrÅj. Eu considero ßrÈdhar MahÅrÅj comosendo mesmo meu Íik›a guru (mestre espiritual instrutor), o quedizer então do benefício que outros podem obter de suaassociação?

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néctar, filhos do oceano nectário, ouçam-me: vocês nasceramno néctar; nasceram para saborear o néctar, e não devempermitir satisfazer-se com nada além de néctar. Assim, por maisdesorientados que possam estar até este momento, despertem!Levantem-se! Busquem este néctar, esta satisfação.”

Os Vedas nos dizem, “O˜!” O˜ significa um grande “Sim”!“Eis aquilo que você busca. Não se desaponte.” Os Vedas dizemque o objeto de nossa busca interior existe. A busca comum detodos os corações existe, e sua sede será satisfeita. Por cons-tituição, vocês estão destinados a isto e o merecem, portanto,não temam. Não se intimidem. Isto já está dado em seu ser. Evocês nunca poderão se satisfazer com nada mais.

Assim, preparem-se, após sua longa busca, para receberaquele néctar há muito ausente em sua plena forma equalidade. Despertem! Levantem! Busquem sua fortuna e nãopoderão deixar de obtê-la. É seu direito de nascimento. É ariqueza de sua própria alma. Ela não pode estar em outro lugarque não seja dentro de vocês. Vocês não têm outro interesse,nenhuma outra ocupação além de k›ˆÅnusandhÅna, a Busca porßrÈ K›ˆa: a Realidade, o Belo.

apenas o exercício de nossa faculdade de pensar, um jogo darazão. Deixe isso para trás. Comece a busca de ßrÈ K›ˆa esatisfaça a sede de seu coração. Rasa jijñÅsÅ, raso vai saÓ. Ascoisas adquiridas por meio de sua razão não vão satisfazê-lo.JñÅna, conhecimento, não pode realmente matar sua sede;então, ao invés de brahma-jijñÅsÅ aceite k›ˆÅnusandhÅna ecomece a busca por ßrÈ K›ˆa.

Onde está K›ˆa? Nossa verdadeira necessidade serásatisfeita apenas obtendo o serviço a K›ˆa e não por qualqueroutra coisa. Queremos satisfazer as mais íntimas demandas denosso coração. Não nos importamos em saber onde estamos ouo que está controlando tudo, mas realmente queremos matar anossa sede de rasa, de mÅdhurya, de doçura. Não devemosbuscar por conhecimento nem pelo controlador deste mundo;devemos buscar por rasa, Ånandam, por beleza e encanto.

ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu e o ßrÈmad-BhÅgavatam têm nosensinado o que implorar, para o que orar, o que desejar. Eles nosensinam: “Se você implorar, implore por K›ˆa, e não porqualquer outra coisa”. Assim, o destino dos Vai›ˆavas, os estu-dantes do BhÅgavata e seguidores de MahÅprabhu, se consumana busca de ßrÈ K›ˆa. Não queremos nada além de K›ˆa.

Os Vedas dizem, sˆvantu viÍve amÂtasya putrÅÓ: “Ó filhos do

Introdução – 2120 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

Capítulo Um

Consciência de Krsna:Amor e Beleza

o início do século XX, o poeta bengali Hemachandraescreveu: “Existem muitos países se tornando proeminentes:esta terra, aquela terra –o Japão é um país muito pequeno, masestá se levantando como o Sol. Somente a Índia está sob sonoeterno.” Quando ele mencionou a outra parte do mundo, eledisse: “Os Estados Unidos estão se levantando com grandeforça, como se fossem engolir o mundo inteiro. Às vezes, elesgritam, como se fosse um grito de guerra, e o mundo inteirotreme. Seu entusiasmo é tão intenso e grande que queremarrancar o mundo do sistema solar e dar-lhe uma nova forma,um novo molde.” Os Estados Unidos foram mencionados porHemachandra dessa maneira. Do mesmo modo, BhaktivedantaSwÅmÈ MahÅrÅj veio dar ao mundo uma nova forma através da

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22 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

divino tremulando em todo o mundo, pois uma partícula da-quele amor divino será capaz de manter a paz e distribuir a pazem todas as direções. Assim como soldados guerreiros dedicamtudo e dão suas vidas para que seus compatriotas se beneficiemno futuro, devemos sacrificar nossas vidas e trabalhar para tra-zer verdadeira paz para todos.

Em VÂndÅvana, a terra de K›ˆa, o padrão de sacrifício éilimitado. Os devotos ali desejam arriscar tudo por K›ˆa. Seaquele princípio de sacrifício for instaurado, então a conse-quência automática disso será a paz.

A consciência de K›ˆa deve ser instaurada acima de todasas outras concepções. Todas as outras concepções destinam-se aser subservientes à consciência de K›ˆa. O ideal de VÂndÅ-vana, a morada de K›ˆa, está acima de todos os outros ideais.Na comparação teísta, a concepção do lÈla de ßrÈ ChaitanyaMahÅprabhu está acima de todas as outras concepções. Lá, oteísmo alcança seu zênite. Esta é a nossa meta mais elevada, quepasso a passo deve ser explicada, pensada, aceita e divulgada.

MORTE ATÔMICASem isto, que tipo de benefício você espera em sua atual

ocupação? Somente a morte espera por você. Você é tão

consciência de K›ˆa. Certa vez ele disse: “Devemos ir lá econstruí-lo de uma nova maneira –com consciência de K›ˆa.”

O que é consciência de K›ˆa? Consciência de K›ˆa signi-fica verdadeiro amor e beleza. Verdadeiro amor e beleza têm depredominar; não o egoísmo ou a exploração. Geralmente, sem-pre que vemos a beleza, pensamos que ela deve ser explorada,mas, na verdade, a beleza é o explorador, a beleza é o mestre, ea beleza é o princípio controlador.

E o que é amor? Amor significa sacrifício pelos outros. Nãodevemos pensar que o sacrifício deva ser explorado por nós.Quem deve receber o sacrifício? Nosso grupo? Não. Estamos nogrupo daqueles que se sacrificam: o grupo negativo predomi-nado, o grupo de MahÅbhÅva. O princípio essencial do amor éo sacrifício, mas sacrifício para quem? E quem é o beneficiário?O amor é o beneficiário. Todos devem contribuir com o centro,mas ninguém deve tirar energia dali. “Morrer para Viver.” Comeste espírito, devemos nos unir e trabalhar para o verdadeiroamor e beleza.

A BANDEIRA DO AMORE a beleza será vitoriosa no mundo. O amor será vitorioso

no mundo. Sacrificaremos tudo para ver a bandeira do amor

24 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Consciência de Krsna, Amor e Beleza – 25...

igual e oposta”, mas o que fazem para resolver isso? Estão pondoem perigo o destino do mundo com suas propostas fascinantesde conforto aparente. O que é isso? Estão evitando o maior einevitável perigo, e assim sua vida é uma inútil má ocupação.Em um sentido, vocês são traidores da sociedade. Venham comcoragem enfrentar e resolver o verdadeiro problema, o problemacomum e o problema mais perigoso; senão, devem deixar o campoe ir embora. Deixem-no para nós. Provaremos que o mundo é umamorada de perfeita felicidade: viÍva˜ pËrˆa sukhÅyate.

MERGULHE A FUNDO NA REALIDADEMas, para entender isso, você precisará mergulhar fundo,

não no plano do corpo e da mente, mas no plano da alma. Teráde mergulhar fundo na realidade que se encontra dentro de nós.Ela não é algo alheio a ser adquirido por empréstimo, mas aalma se encontra dentro de todos, mesmo dos insetos e dasárvores. Então, temos que nos elevar ao plano da alma. Elimi-ne seus invólucros físicos e mentais e encontre seu eu verda-deiro. Lá você encontrará a chave, as pistas para o mundoadequado onde a vida é digna de ser vivida.

A solução está ali; uma pista é dada até certo ponto pormuitos mahajanas, por grandes santos em cada seita religiosa,

orgulhoso de sua civilização científica e faz tanto alarde, mas amorte está à sua espera, seja ela atômica ou natural. Você nãopode evitar a morte.

Um poeta Inglês escreveu:

O alarde da nobreza, a pompa do poder,E toda aquela beleza, toda aquela riqueza obtida,Esperam igualmente a hora inevitável:Os caminhos da glória levam apenas ao túmulo.–Thomas Gray - "Elegy in a Country Churchyard"

Vocês não se preocupam em resolver o maior perigo. Dizem-se grandes pensadores, grandes homens e desejam o respeito dasociedade, mas o problema geral e inevitável para todo átomoaqui é a morte. Qual é a sua contribuição para resolver o maiorperigo que espera para devorar a todos –cientista, inseto, ouvírus? Qual é a sua solução para a morte? Tomaram algumaprovidência para resolver este perigo universal? O que fazem nopresente é exploração, e estão encorajando uma vida inferiorcomo reação. Exploram a natureza, e todos que dela obtêmbenefícios terão de pagar a conta com juros.

Vocês declaram que, “Para toda ação existe uma reação

26 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Consciência de Krsna, Amor e Beleza – 27...

nossos problemas com um exemplo alegórico. Ele disse: “Vemosque você é pobre, mas existe uma solução feliz. Sua riqueza estádebaixo do chão do seu próprio quarto –simplesmente tentedescobri-la. Não se aproxime dela pelo lado sul, que é o métododo toma-lá-dá-cá do karma, pois desse modo tudo que você fizerprovocará alguma reação que capturará e perturbará você, evocê não terá tempo para alcançar a solução adequada. Se vocêse aproximar daquela riqueza escondida pelo lado oeste, atravésdo sistema de ioga, manipulando as forças sutis da natureza paraalcançar poder místico sobrenatural, isto encantará você edesviará sua atenção da meta desejada. Sua própria atividade nadireção errada criará obstáculos à sua conquista”.

O FANTASMA DO SAMåDHI“Se você se aproximar do tesouro a partir do norte, o lado

daquele grande brahmÅsmi –a concepção impessoal– com ajudade uma mal interpretada lógica vedantista, então você entraráem eterno samÅdhi: aquele grande fantasma engolirá você, suaexistência não estará em parte alguma, e quem virá desfrutar dapaz de obter a riqueza? Somente se você se aproximar pelo ladoleste, com a ajuda da devoção, você poderá obter a riqueza facil-mente. Esta é a direção do nascer do sol, a direção que dá a luz.

mas nossa alegação é que a Índia revelou no Bhagavad-gÈtÅ e noßrÈmad-BhÅgavatam a concepção mais elevada do mundo espi-ritual. Assim, desafiamos a todos vocês: não somos imaginacio-nistas; somos os pensadores mais práticos. Não evitamosqualquer grande problema dizendo: “Oh, isto não pode serresolvido”. Não pertencemos ao grupo de pessoas que quer famae prestigio facilmente. Não queremos nos classificar entre essaspessoas enganadoras. Venham e vejam se o plano da realidadepode ser encontrado. Você não precisa gastar menos energia emsua campanha; então adote o nosso programa; tente e veja.

Onde você está? Quem é você? Qual é a verdadeira naturezado mundo? No Alcorão, na Bíblia, nos Vedas e em todas asoutras escrituras, são oferecidos esperança e um caminho sobrea vida real. Seria tudo isto um engano? Que encanto oferecemos materialistas? Este encanto é apenas para os auto-engana-dores e os está arrastando ao país do empréstimo e débito, àterra onde “Toda ação tem uma reação igual e oposta”. Assim,uma civilização divina deve ser trazida a este plano. Precisamostentar o caminho sugerido pelos grandes santos e escrituras. Issonão é irracional. Não se trata de loucura. Venham, a razãotambém pode ser aplicada aqui.

ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu deu uma solução para todos os

28 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Consciência de Krsna, Amor e Beleza – 29...

jñÅna˜ te ‘ha˜ sa-vijñÅnam, ida˜ vak›yÅmy aÍe›ataÓyaj jñÅtva neha bhËyo ‘nyaj, jñÅtavyam avaÍi›yate

“Arjuna, agora Eu explicarei a você o conhecimento cientí-fico não apenas da alma, mas também de Sua potência. A men-te, os sentidos, e os modos da natureza são todos não-ÅtmÅ, oumateriais. Existe um enfoque direto e indireto da realidade queagora lhe explicarei. Por favor, ouça-Me atentamente: jñÅna˜te ‘ha˜ sa-vijñÅnam. O que é isto? Existimos Eu Próprio e Minhapotência, e a jÈva, a entidade viva, é a potência marginal quepreenche estes mundos materiais.”

Se a jÈva-shakti, a potência espiritual, fosse subtraída, entãotudo seria pedra, e quem se importaria com a exploração? Todaessa tendência de luta, essa tendência à exploração, pararia se apotência marginal, a jÈva, fosse subtraída da matéria. Tudo esta-ria morto. A alma entrou nesta consciência material e a tornoualgo móvel. Deve-se entender isto apropriadamente de maneiracientífica. Não nos falta habilidade para oferecer uma explica-ção científica.

O PLANO DA AUTODECEPÇÃOEis aqui uma compreensão mais elevada do mundo mais

E aquela luz não é preparada por sua própria mão; aquela luzvem da fonte de toda a luz: a verdade revelada. Ela se estendede um lugar que nos é desconhecido. Aquela luz é o conhe-cimento revelado, bhakti, o caminho da devoção.

“Adote aquele caminho em sua busca pela verdadeira rique-za dentro de si e você facilmente encontrará seu próprio eu, queé a coisa mais maravilhosa (ÅÍcharyavat paÍyati kaÍchit enam).Descobrindo que seu próprio eu é tão maravilhoso, você se sen-tirá envergonhado, pensando, ‘Como pude ter sido arrastadopelo encanto deste mundo mundano? Eu sou a alma. Como foipossível que MÅyÅ tivesse tamanho poder encantador sobremim que meu próprio eu, que é tão maravilhoso e precioso, foiarrastado à ilusão? A paz que está dentro de mim foi muitoadmirada por grandes espiritualistas, mas entrei em contatocom coisas mortais, sujas e rotas. Como? É espantoso, mas fuienganado’”.

Então, do ÅtmÅ ao ParamÅtmÅ –da alma à Superalma–, edepois de VÅsudeva a NÅrÅyaˆa e, em seguida, de NÅrÅyaˆa aK›ˆa, a compreensão progressiva na realização de Deus não éanti-científica; é realmente científica. Isto é vijñÅna, conheci-mento científico:

No Bhagavad-gÈtÅ (7.2) K›ˆa diz:

30 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Consciência de Krsna, Amor e Beleza – 31...

consciência de Deus, consciência de K›ˆa. Devemos mostrarcomo a consciência de Deus finalmente imerge na consciênciade K›ˆa. Temos que provar habilmente, passo a passo, queK›ˆa é o reservatório de todo o prazer (akhila rasÅmÂta mËrtiÓ).O que é a consciência de K›ˆa? RËpa GoswÅmÈ deu umadefinição científica. Rasa, prazer, não pode ser evitado. Todosestamos em busca de rasa. Todos, cada unidade, mesmo a menorunidade do mundo sempre anseia por rasa, felicidade, êxtase, etodas as possíveis fases de rasa são personificadas em K›ˆa.Tente entender isto. O que é rasa? Qual é a sua natureza? Comopodemos delinear uma comparação entre rasas? Desta forma,passo a passo, você terá que chegar a concepção K›ˆa de Deus.Não é uma fábula das antigas escrituras indianas. K›ˆa não é oobjeto de uma fábula, mas um fato. K›ˆa é um fato. Ele é umarealidade, e a realidade existe por si própria.

Você tem de pagar pela meta. Tem de “Morrer para Viver”,e assim você sentirá que isto não é uma fraude. Quando vocêprogredir no caminho, sentirá isto (bhaktiÓ pareÍÅnubhavo viraktiranyatra cha). A cada passo adiante, você sentirá estas trêscoisas: satisfação, nutrição e a erradicação de sua fome. Seuanseio em geral diminuirá. Geralmente, sentimos, “Quero isto,quero aquilo, quero tudo: ainda não satisfiz minha fome”. Mas

sutil. Ele é real, e o lugar onde você tenta ao máximo se assen-tar, o lugar que considera real, é irreal.

yÅ niÍÅ sarva-bhËthÅnŘ, tasyŘ jÅgarti sa˜yamÈyasyŘ jÅgrati bhËtÅni, sÅ niÍÅ paÍyato muneÓ(Bhagavad-gÈtÅ, 2.69)

“Você está adormecido ao seu verdadeiro interesse próprio eà verdade real, enquanto está desperto no plano da auto-decepção.” Devemos nos estabelecer no plano da realidade, etentar ao máximo estendê-lo aos outros.

E pregar significa isso: “Sinceramente tenho fé na cons-ciência de K›ˆa e a saboreio ao máximo. Observo que minhaperspectiva futura também se encontra aqui. Por sentir que elaé muito saborosa, útil e abrangente, vim distribuí-la a vocês,meus amigos. Devemos levar nossa vida de acordo com osprincípios da consciência de K›ˆa, como foram ensinados pelomestre espiritual. Tomem-na, e vocês serão exitosos em cumprira meta de suas vidas.”

RASA, FELICIDADE, ÊXTASEDessa maneira, temos de nos aproximar de todos com

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O Senhor Supremo é o mestre da energia, e todos os produtosda energia devem ir para Ele. Eles não devem ser desviados docaminho. Essa deve ser a atitude de todo trabalhador. Entãohaverá bhakti adequada. Não somos recipientes; Ele é o reci-piente. Devemos sempre estar conscientes de que Ele é o únicobeneficiário. Somente então nos tornamos devotos. Não somosos beneficiários, mas trabalhadores desinteressados. Está ditono Bhagavad-gÈtÅ (2.47):

karmaˆy evÅdhikÅras te, mÅ phale›u kadÅchanamÅ karma-phala-hetur bhËr, mÅ te sa⁄go ‘stv akarmaˆi

“Você tem o direito de executar seu dever, mas não temdireito a desfrutar os frutos de seu trabalho.” Esta é uma grandeadvertência. K›ˆa diz: “Não pense que porque você não é obeneficiário dos frutos de sua ação, não tem razão de submeter-se a tantos problemas para trabalhar –nunca!” Esta é a atitudemais nefasta, pensar que porque não sou o beneficiário, nãotrabalharei. Mesmo a atividade desinteressada também é de or-dem inferior. Ao invés disso, devemos executar atividade divi-na para a satisfação do Senhor Supremo. Isto é bhakti, ou devo-ção. E também existe uma graduação em bhakti: existe uma

você sentirá que sua fome está sendo apaziguada conforme pro-gredir na consciência de K›ˆa, e o que antigamente você pen-sava que lhe daria alívio, automaticamente vai deixá-lo. A atra-ção por aquelas coisas não continuará; todas elas se retirarão e suanatural inclinação pelo avanço espiritual automaticamenteaumentará, e você observará aceleração em seu progresso.“Sentirá estas três coisas praticamente; assim, venha e aceite oque dizemos.” Dessa maneira, você tem de se aproximar de tudoe de todos, deixando o resultado para o Senhor.

FRUTOS DA ENERGIASomos apenas agentes, e estamos trabalhando porque Ele

nos ordenou; assim, devemos lembrar o que é bhakti, o que édevoção adequada. Tudo que faço, o salário que recebo, nãodeve vir a mim; sou apenas o agente. O benefício deve ir parao proprietário, para o meu amo, K›ˆa. Devemos nos movercom essa idéia, e isso será bhakti adequada. Caso contrário,seremos ocupados em karma-kanda: na caça aos frutos. Querodesfrutar o resultado de karma por mim mesmo, mas o resultadodeve ir para o meu amo. Sou Seu servo, e trabalho sob Suaordem. Sou Seu escravo; não sou o proprietário. Não sou apessoa adequada para servir de recipiente dos frutos da energia.

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Assim seremos perdedores. E K›ˆa é um mentiroso, para nospersuadir, porque não podemos entender toda a verdade. Então,para nos instigar a gradualmente chegarmos à verdade, Ele setornou um mentiroso.

A primeira coisa a entender é que Ele é todo-bondade;assim, tudo que emana dEle não pode ser nada além de bom.Qualquer defeito vem da nossa parte. Somos usurpadores. Elenão é um usurpador. Mas Ele mostra isso como Sua brincadeira,lÈla. Tudo pertence a Ele, assim não há falsidade. Quando Elediz, “Haja luz”, há luz: “Haja água”, há água. Se Ele tem talpoder potencial, pode existir alguma falsidade nEle?

Temos de nos sacrificar por K›ˆa, porque Ele é o bem abso-luto e beleza e amor. Fé e ausência de egoísmo são necessáriosem um grau muito elevado. Se aceitamos a consciência deK›ˆa como nosso ideal mais elevado, então é necessário muitosacrifício, mas sacrifício significa vida: “Morrer para Viver.”Não há perda por causa do sacrifício. Ao nos doarmos, podemosapenas ganhar.

Assim, kÈrtana, ou pregação, é aceito como o meio para ofim. Existem muitos meios pelos quais podemos nos aproximardas almas deste mundo com kÈrtana: através da aproximaçãodireta, através de livros, e executando sa⁄kÈrtana, o canto

grande divisão entre vidhi-bhakti e rÅga-bhakti, a devoçãocalculista e a devoção espontânea.

AUTOCRATA, DÉSPOTA E MENTIROSODeus não é um rei constitucional, mas Ele é um autocrata.

Trabalhar para um autocrata é a posição mais elevada de sacri-fício. Que grau de abnegação e coragem é necessário paratrabalhar para um autocrata, um déspota, um mentiroso queestá acima de tudo? Não apenas isto, Sua posição normal é esta.Não se trata de um temperamento temporário, mas de Suaeterna natureza inferior.

K›ˆa é um autocrata porque a lei emana dEle. Umautocrata está acima da lei. Quando há muitos, há necessidadede lei; quando há apenas um, não há necessidade de lei. K›ˆaé um déspota, mas Ele é o bem absoluto. Se houver algumimpedimento ao Seu despotismo, o mundo será o perdedor. Abondade deve ter o Seu pleno fluxo. Isto é mau? Pode haveralguma objeção a isto? A bondade deve ter Sua liberdade defluir para toda e qualquer parte. Se dizemos que Deus é o bemabsoluto, então o que perdemos ao dar autocracia a Ele? Deve aautocracia estar com os ignorantes e tolos? Não. O bem abso-luto deve ter plena autocracia. Não é que a lei atará Suas mãos.

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Consciência de Krsna, Amor e Beleza – 39...38 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo

“Pense sempre em Mim e torne-se Meu devoto. Adore-Mee prostre-se diante de Mim. Dessa maneira você certamentevirá a Mim. Meu querido amigo, juro que lhe digo a verdade.Sou tudo. Tente vir a Mim. Sou a meta, o propósito da vida nãoapenas para você, mas para todos. A partir da consideraçãoabsoluta, esta é Minha posição. Ao menos, você é Meu amigo.Não enganarei você. Pode acreditar em Mim. Prometo que o Sou”.

Quão desavergonhadamente K›ˆa Se expressa aqui. Eleveio pedir tanto para Si mesmo, para nosso benefício. E umregistro disto é mantido no Bhagavad-gÈtÅ para nossa orienta-ção. E o Senhor K›ˆa veio como ßrÈ Chaitanya MahÅprabhupara pregar sobre Si mesmo. Ele veio como Seu próprio caboeleitoral com Seus eternos associados. Ele até mesmo trouxeconsigo ßrÈmati RÅdhÅrňÈ, a devoção personificada, dizendo:“Vou mostrar quão encantadora é Sua posição em Meu serviço,quão bela e digna a devoção da Minha outra metade pode ser.Assim, venha coMigo”.

Baladeva veio como NityÅnanda para ajudar na campanha,e VÂndÅvana veio para propagar-se em NavadwÈpa. Assim, esta-mos muito endividados com o propagador, especialmente quandoK›ˆa em Pessoa vem fazer propaganda e mostrar quão belo,quão magnânimo e quão sacrificado é o amor divino.

congregacional do Santo Nome. Ajudando os outros ajudamosa nós mesmos: ajudamos nossa própria fortuna e nossa própriafé. Não apenas outros se beneficiarão com a prática de kÈrtana,mas também nos beneficiaremos eternamente.

O VÁCUO ETERNOK›ˆa diz no Bhagavad-gÈtÅ (2.47): “Nunca se apegue a não

cumprir o seu dever (mÅ te sa⁄go 'stv akarmaˆi). Porque vocêdeve trabalhar para Mim, você parará de trabalhar? Não sesujeite a essa reação dolorosa, pois então você estará arruinado.Não se apegue a parar o trabalho e fazer greve. Não, este é umvácuo perigoso. Não pule naquele eterno vácuo, mas trabalhepara Mim e você prosperará”.

K›ˆa diz: “Abandone todo tipo de dever e simplesmenterenda-se a Mim. (sarva dharmÅn parityajya mÅm eka˜ Íaraˆa˜vraja). Minha posição é esta: Sou seu guardião, seu amigo, seutudo. Sua meta de vida será encontrada em Mim. Acreditenisto Arjuna. Pelo menos não devo enganá-lo. Você é Meuamigo –pode ter certeza disto”.

man manÅ bhava mad bhakto, mad-yÅjÈ mŘ namaskurumÅm evai›yasi satya˜ te, pratijÅne priyo ‘si me

...

Capítulo Dois

Santos, Escrituras e GurusO propósito da peregrinação é ouvir as pessoas santas que residemem locais sagrados. A seguir, apresentamos uma conversa entre ßrÈlaßrÈdhar MahÅrÅj e três estudantes europeus que vieram à Índia embusca da verdade.

rÈla ßridhar MahÅrÅj: Por que vocês vieram à Índia?Estudante: Para peregrinar. Viemos visitar os lugares sagra-

dos como NavadwÈpa, VÂndÅvana e JagannÅtha PurÈ. Esta é aprincipal razão pela qual viemos à Índia.

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Como ficaram sabendo de todasestas coisas? Através de livros?

Estudante: Sim, pelos livros de ßrÈla PrabhupÅda. ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Qual livro? Estudante: Bhagavad-gÈtÅ.

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estão contribuindo, criando o ambiente. Assim, devemos cum-prir nosso dever, mas teremos de aceitar o resultado final comoo melhor, pois isso é arranjado pelo Absoluto. Existem muitosresultados para nossas atividades individuais, mas devemos vercomo a vontade absoluta harmoniza tudo e nos ajusta de acordo.

Nossa responsabilidade se resume exclusivamente a execu-tar nosso dever. Nunca devemos aspirar por nenhum ambientedefinido; o ambiente procederá a seu próprio modo. Não temospoder de mudá-lo. Ao contrário, devemos tentar ao máximomudar nosso próprio eu, para que entremos em harmonia como ambiente.

Nossa responsabilidade é nunca desfrutar dos resultados denossas ações. Porque trabalhamos para um resultado particular enão o obtemos, devemos nos desencorajar? Não. Devemos conti-nuar cumprindo nosso próprio dever. Tudo que dermos em contri-buição deve ser oferecido ao Infinito, e o Infinito moldará osresultados a Seu próprio modo. K›ˆa diz: “Nunca aspire pornenhum resultado particular de sua ação. Ao mesmo tempo, nãoseja preguiçoso. Não seja inútil. Continue desempenhando seupróprio dever sem depender de qualquer consequência externa.”

Estudante: Teremos de nos lembrar de K›ˆa enquantoestivermos fazendo isto?

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Oh! O “Bhagavad-gÈtÅ Como EleÉ”, de BhaktivedÅnta SwÅmÈ MahÅrÅj.

Estudante: Sim.

BHAGAVAD-GÏTå: “CURE A SI MESMO”ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Há muitos anos, um acadêmico

alemão expressou sua opinião de que o Bhagavad-gÈtÅ é a maiselevada literatura espiritual. Seu ponto era que o Bhagavad-gÈtÅclaramente nos aconselha a não tentar corrigir nosso ambiente,mas a corrigir a nós mesmos, a ajustar-nos ao ambiente. Esta éa chave para o conselho do Bhagavad-gÈtÅ: “Cure-se”. Não temospoder de provocar mudanças no ambiente. Ele é arranjado pelavontade divina. Nosso ambiente, a soma total de todas as forçasque agem fora de nós, é irremovível. Não temos habilidade parainterferir em nosso ambiente; isso será apenas uma inútil perdade energia. Ao contrário, devemos corrigir-nos para que possa-mos nos ajustar às circunstâncias externas: Esta é a chave parao nosso sucesso na vida (tat te 'nukampŘ susamÈk›amňo).Temos nosso dever a executar, mas não aspiramos pelo resul-tado de nossas atividades; os resultados dependem de K›ˆa(karmaˆy evÅdhikÅras te mÅ phale›u kadÅchana). Damos nossacontribuição; ao mesmo tempo, milhares e milhões de outros

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Sri C

haita

nya

Sa

rasw

at M

ath

muito pouco tempo, observaremos que o ego errado, que sempreesperava algo pervertido, para seu propósito egoísta, foi elimina-do; então o amplo, largo ego interior surge, e estamos em harmo-nia com todo o universo. O mundo harmonioso aparecerá diantede nós, e a cobertura dos desejos egoístas desaparecerá.

A causa de nossa doença não está fora, mas dentro de nós.Um paramaha˜sa Vai›ˆava, um santo da plataforma mais ele-vada, vê que tudo está bem. Ele não encontra nada de quereclamar. Quando uma pessoa vê que tudo é bom e doce aoextremo, habita o plano da divindade. Nosso falso ego criaapenas perturbação, e este ego deve ser dissolvido. Não deve-mos pensar que o ambiente é nosso inimigo. Devemos tentarcom afinco detectar a graça de Deus em tudo que nos é apresen-tado, mesmo que venha como um aparente inimigo. Tudo é agraça do Senhor, mas não podemos ver isto; ao contrário,vemos o oposto. A sujeira está em nossos olhos.

Na verdade, tudo é divino. Tudo é graça do Senhor. Adoença está em nossos olhos. Estamos doentes, e se a doença écurada, observaremos que estamos em meio a um mundogracioso. Somente as coberturas do desejo impedem-nos de teruma verdadeira avaliação do mundo. Um estudante genuíno daescola devocional aceitará tal atitude em relação com o

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Sim. Então seremos capazes deentrar em conexão com K›ˆa e gradualmente chegaremos acompreender que nosso ambiente é amistoso conosco. Quandoas reações de nossas ações anteriores desaparecerem, veremos quetodas as ondas estão nos trazendo boas novas. Quando nossaatitude egoísta desaparecer, estaremos em meio às mais docesondas. Devemos tentar afastar todos os tipos de erros quecometemos até agora. Devemos cumprir nosso próprio dever enunca esperar qualquer resultado definido, mas devemos lançá-lorumo ao Infinito.

DISSOLVENDO O EGOE então chegará o dia em que nosso sentimento egoísta se

dissolverá internamente; nosso verdadeiro eu, um membro domundo infinito, brotará e despertará, e nos encontraremos nasdoces ondas daquele ambiente. Ali, tudo é doce. A brisa é doce,a água é doce, as árvores são doces, tudo com que entramos emcontato é doce, doce, doce.

Nosso ego interno é nosso inimigo, e para dissolver este ego,devemos cumprir nosso dever da maneira que julgarmos maisadequada, e nunca devemos esperar qualquer resposta de acor-do com nossa vontade. Se adotarmos esta karma-ioga então, em

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praticar a tolerância ao extremo. Devemos honrar a todos; nãodevemos buscar nenhuma honra.

Dessa maneira, com a mínima quantidade de energia etempo podemos obter a meta máxima: o plano onde o próprioK›ˆa vive. Este é o mais fundamental plano de existência.Nesse momento, todos os invólucros que encobrem a alma seaniquilam e morrem, e a alma interior desperta e observa quebrinca em uma doce onda, dançando e se divertindo em VÂndÅ-vana, com K›ˆa e Seus devotos. E o que é VÂndÅvana? Não éuma fábula, nem uma estória inventada. O plano mais largo eamplo de todo o universo é doçura e bem-aventurança, e istoestá presente em VÂndÅvana em toda sua plenitude. Temos quemergulhar fundo naquele plano de realidade.

Nosso ego faz que flutuemos na superfície dos problemas emmÅyÅ, ilusão. A especulação e a busca pela satisfação egoísta noslevou ali, e essas coisas devem ser dissolvidas de uma vez portodas. E então, de dentro, nossos egos dourados aparecerão, eobservaremos que estamos no plano de um feliz humor dançante,com K›ˆa em VÂndÅvana.

A “AUTODETERMINAÇÃO” DE HEGELNa linguagem de Hegel, isso é chamado de “auto-

ambiente e em relação com o Senhor. Temos que pensar que avontade de Deus está em toda parte. Mesmo uma folha de gramanão pode se mover sem a sanção da Autoridade Suprema. Todosos detalhes são detectados e controlados por Ele. Temos queolhar para o ambiente com otimismo. O pessimismo está dentrode nós. Nosso ego é responsável por todos os tipos de males.

INFINITA BEM-AVENTURANÇAIsto é Vai›ˆavismo. Se pudermos fazer isto, então, em pouco

tempo, nossa doença será curada e estaremos em meio à infinitafelicidade. Nossa tendência atual é curar o que vemos fora.Pensamos, “Quero que tudo siga meu controle, meu livre desejo.Quando tudo me obedecer serei feliz”. Mas devemos tomarjustamente a atitude oposta. Como MahÅprabhu disse:

tˆÅd api sunÈchena, taror api sahi›ˆunÅamÅninÅ mÅnadena, kÈrtanÈyaÓ sadÅ hariÓ

Não devemos criar resistência contra nosso ambiente.Mesmo que algumas coisas indesejáveis venham em nossadireção devemos tolerá-las com a máxima paciência. E mesmoque alguém nos ataque não nos tornaremos violentos; devemos

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Esta é a mais enganosa e nefasta mentalidade jamais concebida,e sofremos dessa doença. Este é o real problema da sociedade.Nossa indagação deve ter como meta resolver isto.

Estudante: Por acaso, isso significa que temos de abandonarcompletamente a vida material?

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Não de imediato. Todos devemprogredir gradualmente, de acordo com seu caso particular. Sea pessoa que tem muita afinidade pela vida mundana a deixasubitamente, pode não manter seus votos; pode cairnovamente. Então, de acordo com nossa capacidade individual,devemos fazer progresso gradual. Isto deve ser levado emconsideração, mas ainda devemos estar sempre ansiosos porabandonar tudo e devotar-nos exclusivamente ao dever maiselevado. Aqueles que têm bastante coragem pularão rumo aodesconhecido, pensando que, “K›ˆa me protegerá, estoupulando em nome de Deus. Ele está em toda parte; Ele mepegará em Seu colo.” Com essa idéia, uma pessoa que tem umverdadeiro anseio pela verdade pode saltar adiante.

Estudante: Tenho um problema. Por dez anos tentei adotareste processo. Por dez anos me abstive de comer carne, peixe eovos. Evitei coisas materiais –não sinto atração por elas. Deixeitudo isso para trás. Mas existe uma coisa que eu não consigo

determinação”. Autodeterminação significa que devemosmorrer para viver. Devemos deixar nossa vida material e todosnossos hábitos materiais; se desejamos ter uma vida real, temosde morrer como somos agora. Devemos abandonar nosso falso-ego. Nossos hábitos materiais de diferentes nascimentos sãocoletados no ego em formas sutis, não apenas a partir da expe-riência do nascimento humano, mas mesmo de nascimentosanimais, nascimentos como árvores, e tantos outros tipos denascimentos. Consciência de K›ˆa significa a total dissoluçãodo falso-ego. Esta figura inventada, egoísta, dentro de nós énosso inimigo. O verdadeiro eu está desamparadamente sepul-tado sob o falso-ego. Tão grande é a profundidade de nosso esque-cimento que sequer sabemos quem somos. Assim, como o filósofoalemão Hegel disse, precisamos “morrer para viver”.

A realidade existe por si mesma e para si mesma. O mundonão é criado para nosso fim egoísta; ele tem um fim universal,e somos partes integrantes disso. Devemos chegar a um enten-dimento com o todo. O todo completo é K›ˆa e Ele está dan-çando, brincando e cantando, a Seu próprio modo. Devemosentrar naquela harmoniosa dança.

Sendo infinitesimais, devemos pensar que o Infinito devaser controlado por nós? Que por nosso desejo tudo acontecerá?

Santos, Escrituras e Gurus – 4948 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

a fé pode levar-nos à meta desejada. As almas desorientadaspensam que a maconha, o haxixe e muitas outras coisas podemnos ajudar em nossa meditação. Elas podem fazer algo, mas istoé mundano e nos frustrará em nosso momento de necessidade.Essas coisas não podem nos ajudar a nos elevar bem alto.

SEXO, NARCÓTICO E OUROO ßrÈmad-BhÅgavatam (1.17.38) aconselha que essas cinco

coisas devem ser rejeitadas: dyËta˜, jogos, ou diplomacia; pÅna˜,intoxicação, incluindo chá, café, betel, e tudo mais; striyaÓ, amorfeminino ilegal; ÍunÅ, abate de animais, e transação com ouro. Atransação com o ouro torna a pessoa muito apática ao progressona linha da fé. Essas cinco são muito tentadoras.

Com respeito à idéia de que a intoxicação nos ajudará emnossa meditação na transcendência, Devar›i NÅrada diz, yamÅ-dibhir yoga-pathaiÓ kÅma-lobha-hato muhuÓ: mesmo aquilo queobtemos através da meditação é temporário e não tem efeitopermanente. Somente a verdadeira fé na devoção pura podenos ajudar.

SANTOS: AS ESCRITURAS VIVASEstudante: Então, como podemos desenvolver fé na cons-

deixar e que também não quer me deixar. É a gañja (maconha). ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Isso é algo pequeno. Existem três

verdadeiras dificuldades: a primeira são as mulheres, a segundaé o dinheiro, e a terceira, bom nome e fama. Esses três são nossosinimigos. A intoxicação com maconha é uma coisa pequena.Qualquer um pode deixar isso facilmente. Mas essas três coisassão a aspiração fundamental de todo animal, árvore, pássaro,homem ou deus. Essas três coisas estão em toda parte. Mas aintoxicação e outros hábitos passageiros são coisas muito negli-genciáveis e podem ser conquistadas facilmente.

Assim como gradualmente desenvolvemos o hábito daintoxicação, temos de deixá-la gradualmente e não subitamen-te. Logo após a Segunda Guerra Mundial, lemos no jornal queGoering, o general aéreo de Hitler, tinha o hábito de seintoxicar muito. Mas, quando foi posto na cadeia, nenhumaintoxicação lhe foi fornecida. Ele ficou doente, mas o tratamentoprosseguiu e ele se curou. Sua doença foi curada pela medicina.Também temos visto muitos comedores de ópio que vêm aqui,unem-se ao Templo e gradualmente deixam seu hábito.

Muitos chamados “sÅdhus” fumam maconha. Ela ajuda aconcentração, mas isto é a mente material. Ela perturbará a fé.Ela é inimiga da fé. Nenhuma intoxicação material, mas apenas

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A fé deve ser desenvolvida com a ajuda das escrituras e dossantos. Eles nos ajudarão a entender que o mundo espiritual éreal e que este mundo é irreal. Nesse momento, este mundomaterial será noite para nós e aquele mundo será dia. Nopresente, o mundo eterno é escuridão para nós, e estamosdespertos neste mundo mortal. O que é noite para um é dia paraoutro. Um santo está desperto em um plano e um assaltantetrabalha em outro plano. Ambos vivem em dois mundosseparados. Um cientista vive em um mundo; um desordeirovive em outro. O dia de um é noite para o outro. As pessoasordinárias não podem ver o que Einstein e Newton viram, eaquilo que um homem comum vê é ignorado por um grandehomem. Assim, precisamos despertar nosso interesse naqueleplano e ignorar os interesses deste plano.

III GUERRA MUNDIAL: QUE ACONTEÇAEstudante: Muitas pessoas estão preocupadas com uma

guerra nuclear. Elas pensam que está por vir muito em breve. ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Isto é um ponto em uma linha, uma

linha em um plano e um plano em um sólido. Assim, muitasguerras estão indo e vindo dentro do tempo; tantas vezes o Sol,a Terra, e os sistemas solares desaparecem e novamente surgem.

ciência de K›ˆa?ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Como você chegou a conceber a

cons-ciência de K›ˆa?Estudante: Lendo o Bhagavad-gÈtÅ.ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Bhagavad-gÈtÅ. A partir das

escrituras. E as escrituras são escritas por quem? Algum santo.Então, a associação de santos e o conselho das escrituras sãoambos necessários. O santo é a escritura viva, e a escritura nosaconselha de forma passiva. Um santo pode se aproximarativamente de nós e, passivamente, podemos receber benefíciosdas escrituras. A associação das escrituras e santos pode nosajudar a alcançar a realização última: sÅdhu ÍÅstra kÂpaya haya.Os santos são mais poderosos. Aqueles que estão vivendo oconselho escritural são a escritura personificada. Em sua asso-ciação, e através de sua graça, podemos embeber conhecimentoe fé tão elevados e sutis.

Todas nossas experiências são fúteis na tentativa de alcan-çar o destino último; somente a fé pode nos levar lá. O mundoespiritual fica muito, muito além da jurisdição de nossa limitadaexperiência visual, auditiva e mental. A experiência do olho,do ouvido e da mente é muito débil e limitada, mas a fé podeelevar-se e trespassar esta área, entrando no reino transcendental.

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“Mesmo o Senhor BrahmÅ, o próprio criador, tem demorrer. Até o nível de BrahmÅloka, o planeta mais elevado domundo material, toda a energia material submete-se a taismudanças.”

Mas, se pudermos cruzar a área do falso entendimento eentrar na área da compreensão adequada, então não haverácriação ou dissolução. Ela é eterna e somos filhos daquele solo.Nossos corpos e mentes são filhos desse solo que vem e vai, queé criado e então morre. Temos de sair deste mundo de morte.

ZONA DE NÉCTAREstamos nessa área. O que deve ser feito? Tente sair. Tente

ao máximo sair desta área mortal. Os santos nos informam:“Venha cá querido amigo, vamos para o lar. Por que você estásofrendo tantos problemas desnecessariamente em uma terraestrangeira? O mundo espiritual é verdadeiro; este mundomaterial é irreal: brota e murcha, vem e vai, é uma farsa! Domundo da farsa temos de chegar à realidade. Aqui neste mundomaterial não haverá apenas uma guerra, mas guerras apósguerras, guerras após guerras.”

Existe uma zona de néctar, e somos realmente filhos daquelenéctar que não morre (͈vantu viÍve amÂtÅsya putrÅÓ). De uma

Estamos em meio a esse pensamento na eternidade. Essa guerranuclear é um ponto muito pequeno; qual sua importância? Osindivíduos estão morrendo a cada momento; a Terra morrerá,toda a seção humana desaparecerá. Que aconteça!

Temos de viver na eternidade; não em qualquer período par-ticular de tempo ou espaço. Devemos preparar-nos para nossobenefício eterno, não para qualquer remédio temporário. O Sol,a Lua e todos os planetas aparecem e são aniquilados: morrem,e então são novamente criados. Temos de viver dentro dessaeternidade. A religião cobre este aspecto de nossa existência.

Somos ensinados a ver as coisas desse ponto de vista: nãoapenas este corpo, mas a raça humana, os animais, as árvores,toda a Terra, e mesmo o Sol, serão todos aniquilados e nova-mente ressurgirão. Criação, dissolução, criação, dissolução –issocontinuará eternamente no domínio da falsa concepção. Aomesmo tempo, há outro mundo que é eterno; estamos sendoconvidados a entrar lá, a fazer nosso lar naquele plano que nãoentra nas mandíbulas da morte, nem sofre qualquer mudança.

No Bhagavad-gÈtÅ (8.16) é dito:

Åbrahma-bhuvanÅl lokÅÓ, punar Åvartino ‘rjunamÅm upetya tu kaunteya, punar janma na vidyate

54 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Santos, Escrituras e Gurus – 55

Capítulo Três

Fossilismo vs.Evolução Subjetiva

O capítulo seguinte é parte de uma conversa entre ßrÈla ßrÈla ßrÈdharMahÅrÅj e o neurofisiologista Dr. Daniel Murphey, Ph.D.

arwin apresentou a teoria da evolução –fossilismo. OVedÅnta apresenta a evolução subjetiva. Na teoria darwinianade evolução objetiva, a matéria produz consciência. Primeiroexiste o objeto, e através de seu desenvolvimento surge a vida,surge a consciência –a partir da pedra. Esta é a evolução obje-tiva. Mas um objeto é um termo relativo; sem o sujeito, umobjeto não pode permanecer. O sujeito é a substância primária.Tudo que pode ser sentido é apenas uma idéia no oceano sub-jetivo. Assim, o sujeito, a consciência, vem em primeiro lugar.O objeto, o grosseiro, procede do sutil.

forma ou outra, estamos desorientados aqui, mas realmentesomos filhos daquele solo eterno, onde não há nascimento oumorte. Com um coração amplo e aberto, temos de nosaproximar daquele lugar. Isso é declarado por ßrÈ ChaitanyaMahÅprabhu, e o Bhagavad-gÈtÅ, os Upani›ads e o ßrÈmad-BhÅgavatam, todos confirmam a mesma coisa. Esse é nossodoce, doce lar, e devemos tentar ao máximo ir de volta a Deus,de volta ao lar, e levar outros conosco.

56 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

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valiosa. Assim, uma coisa mais valiosa pode produzir uma coisamenos valiosa, mas é difícil explicar como uma coisa menosvaliosa possa produzir algo mais valioso.

PAIS FÓSSEISOs cientistas materiais pensam que o sutil procede do gros-

seiro. Isso é virar as coisas de cabeça para baixo. A verdade éjustamente o oposto. Não se trata da “paternidade-fossilista”,mas da “paternidade-divina”. A teoria deles é da “paternidade-fossilista” do fóssil como o pai de todos. Os cientistas acreditamque tudo se move para cima. Isso é incorreto. As coisas estãodescendo. Isso é descrito no Bhagavad-gÈtÅ (15.1):

Ërdhva-mËlam adhaÓ-ÍÅkham, aÍvattha˜ prÅhur avyayamchandŘsi yasya parˆÅni, yas ta˜ veda sa veda-vit

“A árvore deste mundo material tem suas raízes para cima,enquanto seus ramos se estendem para baixo. As folhas dessaárvore são os hinos védicos. Uma pessoa que entende essaárvore e sua origem é o verdadeiro conhecedor dos Vedas.”

Assim, de acordo com o conhecimento védico, tudo semove de cima para baixo, não de baixo para cima.

Quando uma potência particular é manejada por K›ˆa emSua forma de Maha-Vi›ˆu, então a energia material começa ase mover e produzir algo (mayÅdhyak›eˆa prakÂtiÓ sËyate sa-charÅcharam).O primeiro produto é um ego geral. A experiênciadeste mundo se desenvolve a partir do ego. Quando o ego entraem contato com o modo da ignorância, a forma é produzida.Quando ele contata o modo da bondade, o Sol e a luz sãoproduzidos. Quando o falso-ego entra em conexão com os trêsmodos da natureza, ocorre uma trifurcação, criando-se osobjetos dos sentidos, os sentidos materiais e o poder da per-cepção sensorial. Assim, do sutil surge o grosseiro.

O FANTASMA DE DARWINEsta é a evolução vedântica. Mas a teoria de Darwin diz que

a partir do grosseiro surge o sutil. Atualmente, as pessoas sãofavoráveis à teoria de Darwin de que a pedra produz consciên-cia. A evolução objetiva de Darwin nos engoliu. Embora exter-namente a rejeitemos, a odiemos, ainda assim o fantasma dateoria de Darwin devorou a todos. Portanto, é difícil fazê-losentender que a consciência é mais preciosa que a pedra. É fácilpara a consciência produzir pedra; é difícil para a pedra produzirconsciência. A consciência é mais valiosa; a pedra é menos

58 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Fossilismo vs. Evolução Subjetiva – 59...

grosseiro. O grosseiro é de importância secundária. A alma,ÅtmÅ , é de importância principal. A origem de tudo tem de serconsciente; o ponto de partida tem de começar com a parteinteressada. A alma está dotada de interesse, mas uma pedranão tem interesse, plano ou projeto, nada do tipo. Mas existeum plano e um propósito penetrando todas as coisas, e isto é oimportante. De acordo com tal consideração, deve-se calcular acaracterística do Absoluto, a substância original. Um objeto decapacidades e atributos limitados não pode ser a causa última.Somente uma coisa de qualidade e capacidade ilimitadas deveser considerada como sendo a causa do todo. Esta é uma idéiamais razoável. A ciência deveria entender isto. Desta forma,existem alguns que pensam que a ciência está tentando gradual-mente encontrar-se com a filosofia.

O BUMERANGUE CÁRMICOA ciência material está apenas aumentando a circunferên-

cia do mundo mortal. Mas aumentar a tendência de explora-ção não pode nos ajudar. A ciência apenas toma emprestado,extrai poder da natureza. De acordo com Newton, “Para cadaação existe uma reação igual e oposta”. Temos de ser cons-cientes deste fato. Toda nossa aquisição aqui é nada: como um

A matéria não produz a alma; ao contrário, a alma contémem uma de suas porções mais negligenciáveis o conceito dematéria. Assim como um eczema, ela é uma doença. O mundoexiste como um eczema em um corpo total. Esta é a compre-ensão vedântica. Certamente seria um maravilhoso milagre sea pedra pudesse produzir a alma, mas é mais fácil e razoável paranós pensar que a alma produziu o conceito de pedra. Na almahá muitos conceitos, e um desses conceitos é o de pedra. Tudoestá situado no plano da consciência. Mas que pedra possaproduzir alma, ou consciência, é difícil, ridículo, inconcebível eirrazoável. O que ocorre é o oposto. É algo como a teoria deBerkeley que afirma que o mundo está na mente, e não que amente está no mundo. É apenas nosso desvio da verdade quenos trás a este mundo mundano. Como e onde este desvio co-meça deve ser o objeto de nossa meditação. Mas este desvio daverdade nos trouxe a esta área falsa.

Assim, a consciência está produzindo tudo. A consciência éeterna; este mundo não é eterno. É uma produção temporária,e a pedra temporária não pode produzir consciência eterna. Aconsciência pura é um sujeito eterno (nitya sanÅtana). Não éum produto, é produtiva. O éter pode produzir fogo e terra, masa terra não pode produzir éter. O sutil é mais eficiente que o

60 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Fossilismo vs. Evolução Subjetiva – 61...

tífico material não é conhecimento. Devemos nos familiarizarcom uma compreensão vital do conhecimento puro e real.Devemos nos absorver e a outros naquele conhecimento, remo-ver a escuridão e trazer a luz, remover a miséria e estabelecer apaz eterna.

Ciência significa não estender a jurisdição da exploração,sabendo completamente bem que haverá uma reação. Esten-dendo o espaço da exploração, certamente também seremosexplorados. Se uma pessoa conscientemente da ofensa cometea ofensa, então ela é sobrecarregada com mais punição. Portanto,o chamado avanço científico é suicida. E isto é claramente pro-vado: atualmente, os países líderes do mundo estão ameaçandouns aos outros com armas atômicas, o mais elevado produto doscientistas.

BOMBA DE NEUTRONS: O RAIO DA MORTEQual a diferença entre a bomba atômica e a bomba de

neutrons? A bomba de neutrons é algo como um raio-da-morteque mata as pessoas mas não destrói os prédios. Bomba deneutrons: o homem será morto; as casas, os prédios e tudo maisficará intacto. A cama permanecerá; os móveis, tudo o maispermanecerá, mas apenas a vida irá embora, e os corpos apodre-

bumerangue, voltará novamente a zero. Assim, o progressocientífico não é progresso. É “progresso” na direção errada. Naverdade, o primeiro princípio de qualquer corpo vivo é salvar-se. Este é o primeiro princípio, e este deve ser nosso ponto departida.

Nos Upani›ads é dito: asato mÅ sat gamÅya, tÅmaso mÅ jyotirgamÅya, mÂtyor mÅ amÂta˜ gamÅya –“Sou mortal; faça-me eterno.Sou ignorante, cheio de ilusões; leve-me à ciência, ao conhe-cimento. E estou aflito pela miséria; guie-me rumo à felicidade”.Devemos começar nosso trabalho de pesquisa nestas três fases:como salvar a nós mesmos e salvar o mundo, como remover aescuridão e alcançar a luz, e como remover a miséria e saborear onéctar, a doce vida de eternidade, conhecimento, e bem-aven-turança (sad-chid-Ånandam, satyam, ÍÈvam, sundaram).

A CIÊNCIA DEVORA A SI MESMAEsta deve ser a linha de nossa pesquisa; todas as demais

indagações são falsas. Esta assim-chamada pesquisa científica éuma caça ao ganso selvagem. É suicida. Os pesquisadores atômi-cos logo provarão que este tipo de ciência devora a si mesma;suga seu próprio sangue. Ela viverá, alimentando-se de sua pró-pria carne e da carne de seus amigos. O conhecimento cien-

62 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Fossilismo vs. Evolução Subjetiva – 63

Capítulo Quatro

Origem da Almaomo a alma aparece primeiramente neste mundo? De que

estágio de existência espiritual ela cai ao mundo material?” Esta éuma questão muito ampla que requer alguma informação básica.

Existem duas classes de almas, jÈvas, que vêm a este mundo.Uma classe vem dos planetas VaikuˆÊha pela necessidade donitya-lÈlÅ, os passatempos eternos de K›ˆa. Outra, vem pornecessidade constitucional.

O brahmajyoti, o plano marginal não-diferenciado, é a fontede infinitas almas jÈva, as partículas espirituais atômicas decarater não-diferenciado. Os raios do corpo transcendental doSenhor são conhecidos como brahmajyoti e a jÈva é uma partí-cula resplandecente de um raio do brahmajyoti. A alma jÈva é umátomo naquela refulgência, e o brahmajyoti é o produto de umnúmero infinito de átomos jÈva.

Geralmente, as almas emanam do brahmajyoti, que é vivo e

cerão. Este é o efeito da bomba de neutrons. Aqueles queemergirem vitoriosos virão desfrutar todas essas coisas. Terão deremover os corpos mortos e encher os lugares com seus próprioshomens. Isto é ação e reação no plano da exploração.

Assim, essa é uma civilização suicida. Toda a civilizaçãoapodreceu até à base. Estão explorando a natureza para o bemaparente da sociedade humana, mas o que ocorre é um emprés-timo da natureza, que tem de ser pago centavo por centavo,com juros. Porque não acreditam nisto, eles não serão poupa-dos. Serão forçados a saldar o débito; a natureza não vai perdoá-los. A natureza está ai como um computador, calculando. Assim,esta civilização é anti-civilização. Toda a coisa está podre, éuma camuflagem, uma infidelidade ao mundo da alma. Masnossa política é diferente: vida simples e pensamento elevado.

Nossa política deve ser fazer o melhor uso de um maunegócio. De uma forma ou outra, viemos para cá; então, agoratemos de utilizar nosso tempo e energia de tal maneira que coma menor exploração possamos escapar deste mundo.

64 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

““ CC

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Nota do Editor: pouco tempo após este encontro, o Dr. Murphey tornou-sediscípulo iniciado de ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj.

mentalidade de tigre, ou para o corpo de uma árvore ou trepa-deira, onde diferentes impressões podem cercá-la. Dessa maneira,a pessoa se envolve em ação e reação. O caso é complexo; édesnecessário analisar os detalhes da história de um átomo parti-cular. Estamos preocupados com a coisa em geral: como a trans-formação da concepção material brota da consciência pura.

ELÉTRONS DE CONSCIÊNCIAA matéria não é independente do espírito. No brahmajyoti esta-mos equilibrados na potência marginal como um número infinitode pontículos de raios espirituais, elétrons de consciência.

Consciência significa dotado de livre-arbítrio, pois semlivre-arbítrio nenhuma consciência pode ser concebida. Umpontículo atômico de consciência tem um livre-arbítrio muitopequeno, e pela má utilização de seu livre-arbítrio, algumas jÈvasarriscam sua sorte no mundo material. Elas se recusaram asubmeter-se à autoridade suprema; quiseram dominar. Então,com essa idéia original de dominação, a alma jÈva entra nomundo da exploração. No Bhagavad-gÈtÅ (7.27) se afirma:

ichchÅ-dve›a samutthena, dvandva-mohena bhÅratasarva-bhËtÅni sammoha˜, sarge yÅnti parantapa

crescente. Dentro do brahmajyoti, o equilíbrio delas é de algumaforma perturbado, dando início a algum movimento. Da não-diferenciação inicia-se a diferenciação. De um simples lençolde consciência uniforme, surgem unidades conscientes indivi-duais. E porque a alma jÈva é consciente, ela é dotada de livre-arbítrio. Assim, da posição marginal elas escolhem o lado daexploração ou o lado da dedicação.

K›ˆa bhuli sei jÈva anÅdi bahirmukha. AnÅdi significa aquiloque não tem começo. Quando entramos na terra da exploração,adentramos no fator tempo, espaço e pensamento. E, quandodecidimos vir para explorar, a ação e reação começam na terranegativa do empréstimo. Embora lutemos por nos tornar mes-tres, na verdade nos tornamos perdedores.

Os servos de Goloka e VaikuˆÊha também são vistos situa-dos dentro da jurisdição de brahmaˆÎa, o universo material, masisto é apenas uma brincadeira, lÈlÅ. Eles vêm do plano superiorapenas para participar dos passatempos do Senhor e entãoretornam. As almas caídas vêm da posição marginal dentro dobrahmajyoti, e não de VaikuˆÊha.

A primeira posição de uma alma no mundo material serácomo a de BrahmÅ, o criador. Então seu karma pode levá-la parao corpo de uma besta como o tigre, onde ela é cercada de uma

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que o livre-arbítrio inato da alma é responsável por seu enreda-mento no mundo material. A alma é consciente, e consciênciasignifica dotada de liberdade. Porque a alma é atômica, seulivre-arbítrio é imperfeito e vulnerável. O resultado dessa livreescolha é que algumas vêm ao mundo material e outras vão aomundo espiritual. Assim, a responsabilidade é da alma individual.

O DIREITO AO ERROCerta vez, o líder político indiano ßyÅmasundar ChakravartÈ

perguntou a nosso mestre espiritual, PrabhupÅda, “Por que oSenhor Supremo deu tal liberdade à alma jÈva?” PrabhupÅda lhedisse: “Você luta pela liberdade. Você desconhece o valor daliberdade? Desprovida de liberdade, a alma é apenas matéria”. Aliberdade nos oferece a alternativa de fazer o certo ou o errado.

Certa vez, Gandhi disse às autoridades britânicas: “Quere-mos liberdade”. Eles responderam: “Vocês não são capazes deter governo próprio. Quando forem capazes, nós lhes daremosliberdade”. Mas finalmente, ele lhes disse: “Queremos liberdadepara errar”. Assim, liberdade não garante agir apenas de manei-ra correta; liberdade tem seu valor independente do certo e doerrado.

O livre-arbítrio é apenas absoluto com a Verdade Absoluta.

“Dois princípios em forma crua despertam na alma jÈva: ódioe desejo. Então, gradualmente a alma desce para misturar-se aomundo mundano.” Primeiramente, simpatia e apatia desenvol-vem-se em uma forma crua, assim como quando um broto surgecom duas folhas. E gradualmente essas duas coisas nos ajudam amergulhar profundamente neste mundo mundano.

Ao retirar-se do mundo da exploração, a alma pode retornarà sua posição anterior no brahmajyoti, como espírito. Mas, se aalma obteve a tendência de dedicação através de suas ativida-des devocionais anteriores, ela não pára ali; ela trespassa obrahmajyoti e vai rumo a VaikuˆÊha.

Por que a alma veio ao mundo da exploração e não foi aomundo da dedicação? Isso deve ser atribuído à sua naturezainata, que é dotada de livre-arbítrio. É uma livre escolha. Isto ésubstanciado no Bhagavad-gÈtÅ (5.14):

na kartÂtva˜ na karmňi, lokasya sÂjati prabhuÓna karma-phala-sa˜yoga˜, svabhÅvas tu pravartate

“A alma é responsável por sua entrada na terra da explora-ção.” A responsabilidade está com a alma; caso contrário, oSenhor seria responsável por sua condição aflita. Mas K›ˆa diz

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Capítulo Cinco

Conhecimento Acima da Mortalidade

conhecimento acima da mortalidade é conhecimento ade-quado. O conhecimento mundano não tem valor, pois nãoperdura. Devemos indagar de alguma outra parte pelo conhe-cimento permanente. O conhecimento verdadeiro é estável;tem uma base firme, e a educação védica lida com o processo deadquirir tal conhecimento. O significado da palavra “veda” é“conhecer”. Nenhum motivo ou razão são dados a respeito deporque você deve conhecer; nenhuma explicação é dada, édito: simplesmente “conheça”.

Porque a dúvida está ausente no plano espiritual, nenhumatrapaça é possível. Trata-se de uma transação simples, direta –“Conheça”. Naquele plano transcendental, todos são amigosconfidenciais e impecáveis em sua conduta. Nenhuma tendên-

Porque somos finitos, nosso livre-arbítrio é infinitesimal. Apossibilidade de cometer um erro existe. Nossa primeira escolhafoi dominar, e assim, gradualmente, entramos no mundo dadominação. Como resultado desta primeira ação, tudo mais sedesenvolveu. Desse modo, as espécies foram divididas em dife-rentes níveis, descendendo de semideuses até árvores e pedras.E os corpos aquáticos, corpos gasosos, tudo que encontramosaqui surgiu daquela maneira. O princípio ativo em qualquerforma de desenvolvimento embriológico é a alma, e da almatudo se desenvolveu.

70 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

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OO

SUPER-CONHECIMENTOTemos de nos aproximar do domínio do conhecimento com

rendição do ego, indagação honesta e uma atitude de serviço.Temos de nos aproximar daquele plano com a mentalidade deescravidão. O conhecimento superior não servirá uma pessoade status inferior. Se queremos conhecimento perfeito em abso-luto, teremos de servir ao Senhor Supremo. Ele nos usará paraSeu propósito; não é que nós O usaremos. Podemos ser sujeitosneste mundo mundano, mas teremos de nos tornar objetos parasermos manejados pelo superconhecimento daquele plano. Sequeremos nos conectar com o conhecimento mais elevado,temos de nos aproximar com esta atitude.

PraˆipÅta significa que terminei minha experiência aqui;não tenho mais atração ou aspiração em relação a nada nestemundo. Então ocorre paripraÍna, a indagação honesta, submissae humilde com uma ansiedade sincera, e não com um espíritode desafio; caso contrário, o conhecimento perfeito não seimportará em descer até nós. K›ˆa já é pleno em Si mesmo,assim, temos de entrar em Seu domínio apenas para satisfazerSeu propósito. Ele não pode ser subserviente a nós, pois somospequeníssimas pessoas com mesquinha experiência e uma con-cepção insuficiente de satisfação. Não podemos manejá-lO;

cia enganadora é possível lá; assim, não há suspeita. Aqui, esta-mos no plano do desentendimento e da dúvida; desse modo,queremos examinar tudo. Estamos vivendo num plano vulne-rável e viciado, onde as pessoas enganam umas às outras. Nãopodemos acreditar nos outros, pois eles podem nos enganar.Mas no lugar onde a enganação é desconhecida, as transaçõessão muito simples e corretas. Assim, não se oferece qualquerracionalização para as sugestões que desçem daquele plano.Surge agora a questão de como alcançar tal tipo de conhe-cimento verdadeiro, abrangente e não-decepcionante.

No Bhagavad-gÈtÅ (4.34) K›ˆa diz:

tad viddhi praˆipÅtena, paripraÍnena sevayÅupadek›yanti te jñÅna˜, jñÅninas tattva darÍinaÓ

“Para aprender o conhecimento acima da mortalidade vocêtem de se aproximar de uma alma auto-realizada, aceitá-la comoseu mestre espiritual e ser iniciado por ela. Indague submissa-mente e preste-lhe serviço. As almas auto-realizadas podemtransmitir-lhe conhecimento, pois viram a verdade.”

72 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Conhecimento Acima da Mortalidade – 73...

deve ser abordada por um indagador genuíno, pois tal mestreespiritual qualificado pode transmitir conhecimento aoestudante sincero”.

No MuˆÎaka Upani›ad (1.2.12) também se afirma:

tad-vijñÅnÅrtha˜ sa gurum evÅbhitgachchetsamit paˆÈÓ Írotriya˜ brahma ni›Êham

“Para aprender o conhecimento transcendental, a pessoadeve se aproximar de um mestre espiritual genuíno que venhaem sucessão discipular e seja fixo na Verdade Absoluta.”

Neste verso, a palavra tata significa “depois disto”. Quandoo calculismo de uma pessoa termina, ela pensa, “A vida não édigna de ser vivida neste mundo de nascimento, morte, velhicee doença. Devo ter um mundo melhor no qual viver, onde possaviver como um cavalheiro. A cada momento a morte está devo-rando tudo. O nascimento, a morte, a velhice e a doença –todos esses problemas me impedem de satisfazer minhas ambi-ções aqui. Quero algo categoricamente diferente”. Em talmomento, assumindo a responsabilidade sobre seus própriosombros, sem criar qualquer problema para o Guru, e ao risco depobreza, subalimentação e muitas outras austeridades, a pessoa

podemos nos aproximar dEle apenas se quisermos ser maneja-dos por Ele. Assim, deve-se criar um ambiente favorável, ondeo verdadeiro conhecimento seja cultivado. Tal conhecimento ésupremo, e não pode ser subserviente à concepção mundana, aomundo da mortalidade. Ele é sat-chit-Ånanda. Sat significaexistência irrefutável, chit significa consciência, e Ånandasignifica beleza e prazer.

“Devo tentar libertar-me de minhas presentes misériasmateriais e indagar sobre uma terra adequada onde possa viverfeliz”. Tendo chegado a esta conclusão, teremos de buscar umapessoa que seja um agente fidedigno do mundo superior econsultá-la sobre como podemos nos aliviar deste atualambiente indesejável.

O ßrÈmad-BhÅgavatam (11.3.21) afirma:

tasmÅd guru˜ prapadyeta, jijñÅsuÓ ÍreyaÓ uttamamÍÅbde pare cha ni›ˆata˜, brahmaˆy upaÍamÅÍrayam

“Qual é a concepção do bem verdadeiro, e quem é conside-rado um agente fidedigno da verdade? Uma pessoa que tenhaconhecimento da escritura que desceu do domínio superior, quetenha conhecimento teórico e prático da verdade superior,

74 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Conhecimento Acima da Mortalidade – 75...

estado original, e na hora da aniquilação, Ele os devora. Após acriação, tudo repousa em Sua onipotência, e após a aniquilação,tudo novamente retorna para repousar nEle.” Essas são asconfirmações dos hinos védicos:

yasmin vijñÅte sarvam evŘ vijñÅta˜ bhavatiyasmin prÅpte sarvam ida˜ prÅptam bhavati

“Conhecendo-O, tudo é conhecido –obtendo-O, tudo éobtido.” Chegamos ao ponto de indagar sobre o Brahman, omaior, o princípio todo-acomodante que ao ser conhecido nospermite conhecer toda e qualquer coisa. E isso é possível; não éimpossível. Os Upani›ads dizem: “Se você quiser conhecer algo,então conheça o Todo. E qual é a natureza do Todo? Tudo vemdEle, tudo está sendo mantido por Ele, e novamente tudo entranEle. Isto é Brahman; assim, tente conhecê-lO. Se você puderconhecer isto, tudo lhe será conhecido.”

Isso também é explicado no ßrÈmad-BhÅgavatam (4.31.14):

yathÅ taror mËla ni›echanenatÂpyanti tat-skandha bhujopaÍÅkhÅÓprňopahÅrÅch cha yathendriyňa˜

se aproximará do Guru. É uma transação livre. Não é que ela vádar algo ao Gurudeva, mas ele coletará o que for necessário parasacrifício, para educação, e a seu próprio risco se aproximará domestre espiritual.

CONHECIMENTO ATRAVÉS DO SOME qual será a posição do Guru? Ele será bem versado nas

escrituras, o Íruti-ÍÅstra, ou aquele conhecimento que pode serapenas adquirido através do som, por audição atenta e ansiosa(Írotriya˜ brahma-niÍÊham).

BrahmÅ ni›Êham significa, “uma pessoa estabelecida no brahman,o espírito, e que esteja ciente da posição causal do universo”.Isso é descrito nos Upani›ads:

yeto vÅ imani bhËtÅni jÅyanteyena jÅtÅni jÈvanti

yat prayanty abhisa˜viÍantitad vijijñÅsasva tad eva brahma

(TaittirÈya Upani›ad 3.1).

“O Brahman Supremo é a origem e o refúgio de todos osseres vivos. Quando existe uma criação, Ele os traz de seu

Conhecimento Acima da Mortalidade – 7776 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

sabilidade para com qualquer lei ou pessoa. Ele é absoluto eindependente.

REVELAÇÃO VÉDICAE como você sabe disso? Ele expandiu o conhecimento de

Si mesmo através dos Vedas. BrahmÅ significa Veda. Assim,através da linha de inspiração, ou revelação, o conhecimentovédico foi transmitido ao primeiro ser vivo, o criador do mundo,o Senhor BrahmÅ (tene bÂahma hÂdÅ ya Ådi kavaye). Osacadêmicos do mundo falham em compreender a estratégia e anatureza deste tipo de conhecimento. Eles não podem entenderos pontos vitais e fundamentais do conhecimento védico, taiscomo a transformação de uma coisa em outra (muhyanti yatsËrayaÓ). A água pode ser transformada em gás, o gás pode sertransformado em éter, e a terra pode ser transformada em calor:através de tal processo, podemos entender a existência dessemundo (tejo vÅri mÂdŘ yathÅ vinimayo yatra tri-sargo ‘m›Å),pois, através da transformação da energia do Senhor, este mun-do vem a existir. Essa transformação envolve os três modos danatureza, tamas, rajas e sattva. Tama significa matéria dura,estática. Raja significa energia, e sattva, espírito, luz, conheci-mento. Assim, este mundo foi criado através da transformação.

tathaiva sarvÅrhaˆam achyutejyÅ

“Tal como quando você rega a raiz de uma árvore toda aárvore é alimentada, e tal como quando você fornece alimentoao estômago todo o corpo é alimentado, do mesmo modo, sevocê obtiver conhecimento da causa primária, Brahman,conhecerá toda e qualquer coisa.” A fé nisso chama-se ÍraddhÅ.

O VedÅnta-sËtra, a própria essência dos Vedas, diz: athÅtobrahmÅ jijñÅsa: “Agora que você encerrou as atividades fruitivasrecomendadas na seção karma-kňÎa dos Vedas por Jaimini,pedimos que indague sobre o Brahman.”

Isso é descrito no ßrÈmad-BhÅgavatam (1.1.1), janmÅdy asyayato ‘nvayÅd itarathaÍ charthe›v abhijñaÓ svarÅt: “Amigos, inda-guemos sobre a causa primária, cuja natureza é tal que tudo quepossamos ver e tudo que possamos conceber brota dEle. Ele édireta e indiretamente a causa última de tudo”. Somente Eleconhece o propósito pelo qual tudo é criado e mantido. SomenteEle sabe para onde tudo vai. Somente Ele é consciente deste fato–ninguém mais.

Arthe›v abhijñaÓ svarÅt quer dizer que Ele conhece o signi-ficado de todo incidente da existência e que Ele está acima deter de dar qualquer explicação a outrem. Ele não tem respon-

78 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Conhecimento Acima da Mortalidade – 79...

e conhecimento baseado em tal cálculo errôneo tem sua reação. “Para toda ação, existe uma reação igual e oposta”. Estou

comendo algo; esse algo está qualificado a comer-me. No ManuSa˜hitÅ, a palavra mŘsaÓ é usada para indicar carne. MŘsignifica “eu”, saÓ significa “ele”. MŘsaÓ significa “eu-ele”.Qual é o significado? Eu o estou comendo, e ele vai me comerdepois como reação. Ele irá me devorar, assim como agora oestou devorando. Este é o significado subliminar –toda ação,qualquer que seja, tem sua reação. Isto é confirmado noBhagavad-gÈtÅ (3.9):

yajñÅrthÅt karmano ‘nyatra, loko 'yam karma-bandhanaÓtad-artha˜ karma kaunteya, mukta-sa⁄gaÓ samÅchara

“A menos que o trabalho seja feito como um sacrifício aVi›ˆu, o trabalho causará cativeiro; portanto, trabalhe em Meubenefício, e liberte-se da corrente da ação e reação.”

O Bhagavad-gÈtÅ diz que qualquer trabalho, não importaqual seja, causa uma reação. Você pode, por exemplo cuidar deum paciente. Aparentemente, isso é uma coisa boa, mas vocêestá dando ao paciente um remédio que vem da matança detantos insetos, árvores, trepadeiras e animais. Você pode pensar

Em Sua morada, que é iluminada pelo raio de Seu próprioconhecimento, não há possibilidade de decepção ou dedesentendimento. (dhÅmnÅ svena sadÅ nirasta-kuhaka˜ satya˜para˜ dhÈmahi). Aqui, estamos sendo enganados pelo enten-dimento errôneo. Entramos em um plano de existência ondetodo o mundo está repleto de concepção enganosa, falsidade ecálculo errôneo. Presentemente vivemos no mundo de mÅyÅ.MÅyÅ significa ma-ya: “Aquilo que não é”. Estou vendo algoque realmente é outra coisa.

REALIDADE: POR SI PRÓPRIA E PARA SI PRÓPRIAÏÍÅvÅsyam –tudo se destina a Deus. Esta é a teoria hegeliana:

a realidade existe por Si própria e para Si própria. Hegel é ofundador do Realismo Ideal, e assim ele diz: “A realidade existepor Si própria e para Si própria”. “Por Si própria” significa queEle é Sua própria causa; ninguém O criou. Caso contrário,qualquer pessoa que o tivesse criado teria importância primária.“Para Si própria” significa que Deus existe apenas para satisfazerSeu próprio propósito. Esta é a verdade universal: tudo é paraEle, e nada existe para qualquer outra pessoa. Assim, quandopensamos que as coisas à nossa volta destinam-se a nós, ou ànossa nação, ou aos seres humanos, tudo isso é cálculo errôneo,

80 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Conhecimento Acima da Mortalidade – 81...

cumprindo nosso dever para com o Senhor K›ˆa todos nossosdeveres serão automaticamente cumpridos.

A MORADA TRANSCENDENTAL DE K®¢™ATudo se destina a K›ˆa. Também nos destinamos a Ele

(ÈÍÅvÅsyam ida˜ sarva˜). Este é o conhecimento verdadeiro, eesta é a verdadeira situação do mundo. A exploração é umaidéia incompleta e reacionária pela qual incorremos em umdébito que teremos de pagar mais tarde. Podemos ir atéSatyaloka, o planeta mais elevado no universo material, mas,ao explorar a natureza, incorremos em um débito, tornamo-nospesados e descemos. E, quando descemos, outros vêm nosexplorar e extorquir até que nossos débitos sejam pagos. Então,o peso vai embora, ficamos leves e subimos até os sistemasplanetários superiores novamente. Enquanto subimos, explo-ramos aqueles que estão em uma posição inferior. Dessa ma-neira, existe uma contínua exploração e pagamento de débito.Isso é confirmado no Bhagavad-gÈtÅ (8.16):

Åbrahma-bhuvanÅl lokÅÓ, punar Åvartino ‘rjunamÅm upetya tu kaunteya, punar janma na vidyate

que o seu cuidado é um dever muito puro, mas você está cau-sando uma perturbação no ambiente, e você terá de pagar porisso. Dessa maneira, tudo que fazemos aqui não pode ser perfei-tamente bom.

O filósofo alemão Kant dizia: “Sem boa vontade, nenhumaação pode ser perfeitamente boa”. Mas nós somos da opinião deque mesmo a boa vontade é impossível aqui, neste plano mun-dano. Segundo Kant, a boa vontade é algo puro, enquanto ne-nhuma ação aqui pode ser perfeita, mas dizemos que mesmo aboa vontade é impossível no cálculo relativo do mundo, por-que estamos atolados na lama da compreensão errônea.

O conhecimento puro vem apenas de cima, e temos deaprender a aceitá-lo. Quando tal tipo de compreensão surge emnós, isso é conhecido como ÍraddhÅ, ou fé. Fé também é umagrande coisa. Devemos ter fé de que, se cumprirmos nosso deverpara com o Absoluto, então todos nossos deveres para com oambiente, em todas as direções, serão automaticamentecumpridos (k›ˆe bhakti kaile sarva karma kÂta haya). Aosatisfazer K›ˆa, todo o universo fica satisfeito, pois uma pessoaquerida por K›ˆa é querida por todo o universo (yasmim tu›Êejagat tu›Êam prȈite prȈito jagat). Assim como ao regar a raiz daárvore todas as folhas e ramos são automaticamente nutridos,

82 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Conhecimento Acima da Mortalidade – 83...

Quando entra em contato com o Absoluto, o conhecimentoperde sua característica imunda. Então podemos ter plenoconhecimento, o que nos levará a prema-bhakti, ao amor a Deus.Tudo se destina a K›ˆa. Ele é o único desfrutador de todas ascoisas. Ele é o autocrata absoluto e o bem absoluto. Todossomos Seus servos, e tudo destina-se à Sua satisfação. Devemoschegar a essa compreensão. O sistema guru-kula de educaçãovédica deve ser concebido nessa linha.

GURU - MAIS PESADO QUE OS HIMALAIASGuru significa “pesado”. Guru significa “aquele que dissipa

a escuridão”, e “aquele que é pesado; que não pode ser desviadopara qualquer propósito”. Ele está tão bem estabelecido na ver-dade, que nenhuma oferta de conhecimento alternativo ouqualquer outra proposta podem movê-lo de sua posição. Ele estáfirme ali. Ele pode ajudar os laghus, as pessoas que são muitoleves, aqueles que qualquer um pode manejar como fantoches.Mas o Guru nunca pode ser movido de sua posição. Ele sesentará firme ali, mais pesado que os Himalaias, e enfrentarátodas as concepções oscilantes de conhecimento, partindo-asao meio e estabelecendo a característica universal do conheci-mento absoluto. Ele transmitirá o conhecimento da Verdade

“Todos os sistemas planetários dentro deste mundo dematéria são lugares de repetidos nascimentos e mortes, masaquele que alcança Minha morada, ó filho de Kunti, nuncavolta a nascer”. Ao chegar lá, a pessoa nunca regressa a estemundo material (yad gatvÅ na nivartante tad dhÅma parama˜mama). A morada de K›ˆa é nirguˆa, ou transcendental aqualquer qualidade material.

Devemos estabelecer firmemente a concepção de ÈÍÅvÅsyam:tudo, incluindo nós próprios, destina-se ao Senhor Supremo.Todos somos Seus servos e destinamo-nos a utilizar tudo emSeu serviço. Qualquer trabalho que executemos nos atará a esteambiente de matéria, a menos que realizemos yajña, sacrifício(yajñÅrthÅt karmaˆo ‘nyatra loko ‘yam karma-bandhanaÓ). E osVedas prescrevem, yajño vai vi›ˆu: “O sacrifício destina-se exclusi-vamente a Vi›ˆu, ou K›ˆa”. Isso é confirmado no Bhagavad-gÈtÅ(9.24), onde K›ˆa diz: “Eu sou o único desfrutador de todosacrifício.” (aha˜ hi sarva-yajñÅnŘ bhokta cha prabhur eva cha).Sacrifício não se destina a um país, ou à sociedade, ou a qualqueroutra coisa. Sacrifício destina-se unicamente ao Senhor Supremo.Ninguém além dEle é digno de sacrifício. Assim, somenteconectando nossas atividades com o Infinito podemos nos livrardo presente ambiente de ação e reação.

84 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Conhecimento Acima da Mortalidade – 85...

posição e tudo será dissolvido. A Terra será dissolvida. A maté-ria será dissolvida, e não seremos capazes de vislumbrar qualquerqualidade de matéria quando tudo for reduzido a éter. Nenhumvestígio de ar, ou calor, ou qualquer outra coisa permanecerá demodo algum. Com a dissolução deste mundo mundano, nadapermanecerá além do conhecimento transcendental.

A TERRA DA DEDICAÇÃONo Bhagavad-gÈtÅ (15.6) K›ˆa diz: “Aquele que alcança

Minha morada jamais retorna a este mundo material (yad gatvÅna nivartante tad dhÅma parama˜ mama). A dissolução pros-seguirá no plano do mundo material, mas se você puder garantirum visto para aquela terra, se puder ingressar naquele solo, vocênunca será desencaminhado. Quando o Sol, a Lua e as estrelasforem dissolvidos, seu eu eterno, seu ego devocional, estarácompletamente a salvo em Meu plano.” O mundo material é aterra da exploração; o mundo espiritual é o oposto –a terra dadedicação. No meio se encontra o brahmajyoti –a linha dedemarcação entre exploração e dedicação.

Aqui neste mundo material, toda unidade é de naturezaexploradora; lá é justamente o oposto. Tudo ali está completa-mente dedicado ao serviço a K›ˆa, e não há necessidade de

Absoluta, o Brahman, o todo supremo, dissipando todas asfalsas concepções e estabelecendo o conhecimento do absolutono trono do coração. Esta é a concepção de guru-kula, o sistemavédico de educação da Índia milenar.

O sistema védico de educação lida com o conhecimentopróprio; não com o semi-conhecimento, mas o conhecimentodo Todo, que pode nos libertar de todos os problemas e guiar-nos à posição mais desejável. Hoje em dia, podemos venderconhecimento, mas este conhecimento não pode ser vendido.O conhecimento intelectual pode ser colhido no mercado, maseste conhecimento não pode ser adquirido no mercado, poiseste é o conhecimento absoluto. O conhecimento védico nosconcede nossa realização na vida, alcançando a qual, não maissentiremos necessidade de correr daqui para ali em busca dealgum conhecimento maior.

Antigamente, este conhecimento era ensinado dentro deguru-kula, a milenar escola védica. Conhecimento védico signi-fica conhecimento que vem de fora da área do falso entendi-mento, do cálculo errôneo e da falsa historiografia. Os livrosregistrados aqui estão repletos de verdades temporárias e con-cepções errôneas. Tais coisas podem ser úteis agora, mas, depoisde algum tempo, não funcionarão; a lei mundana perderá sua

86 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Conhecimento Acima da Mortalidade – 87

Capítulo Seis

Seis Filosofias da Índiaxistem seis milenares sistemas filosóficos da Índia. O pri-

meiro é a filosofia VaiÍe›ika de KaˆÅda ®›i: a teoria atômica.Segundo ele, tudo é feito de átomos. Muitos diferentes átomosse combinam e produzem este mundo. Kaˆa significa partículaatômica. Muitas partículas atômicas se combinaram e produzi-ram este mundo por acaso, sem necessidade de qualquer razão,harmonia, consciência, nada do tipo. E o resultado dessas com-binações produziu o que aqui encontramos. Esta é a opinião deKaˆÅda: este é um mundo atômico.

Bhaktivinod †hÅkur, o fundador do movimento para aconsciência de K›ˆa no século dezenove, canta em umacanção sua: keÍava! tuyÅ jagata vichitra. “Ó meu Senhor K›ˆa!Vejo que tudo está disponível em Seu mundo, que tem umanatureza infinita e variada. Entretanto, separados de Você,estamos sempre sofrendo misérias. Um fluxo contínuo de sofri-

nada; ao contrário, tudo que é necessário para possibilitar oserviço a K›ˆa vem automaticamente. Aqui, tudo se baseia emkÅma, desejo, e, desse modo, o serviço verdadeiro não é possívelneste plano.

Não há possibilidade de existência de exploração na terrada dedicação, pois cada unidade lá é uma unidade dedicadora.Na parte inferior da terra da dedicação existe algum cálculo,veneração e reverência. Mas, na esfera superior, tudo é automa-ticamente amor espontâneo: é um trabalho de amor, comintensidade e seriedade crescentes. Somos encantados pelabeleza e o amor que se encontram em Goloka VÂndÅvana, amorada suprema de K›ˆa. Em suma, é isso que entendemospela graça de nossos mestres espirituais. Somos muito atraídospor esta concepção que nos foi dada por nosso Gurudeva con-forme ele a recebeu das escrituras védicas, especialmente doßrÈmad-BhÅgavatam. Esta concepção foi explicada pelo próprioßrÈ Chaitanya MahÅprabhu, através de Seus ensinamentos epráticas, e exposta por Seus seguidores, os seis GoswÅmÈs deVÂndÅvana.

88 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

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EE

que é o destino? Não é nada; ignore-o. E quando o corpo fordissolvido, nada permanecerá. Por que lamentar?”

TEORIA ATÔMICA E KARMADepois, com a filosofia de karma-mÈmŘsÅ, Jaimini diz:

“Pode ser que haja Alguém que tenha nos conectado com estemundo e nosso karma, mas o karma é tudo. Ele (Deus) é umobservador indiferente. Já não tem domínio sobre nós. Deacordo com nosso karma prosperaremos ou decairemos. Assim,essas atividades lhe são recomendadas. Se você continuar comseu karma será feliz. Evidentemente, isto não pode ser negado;karma phala, o resultado do karma, diminuiu e termina. Masapegue-se ao karma, ao bom karma; não adote o mau karma. Oresultado do bom karma terminará, mas isto não importa;continue novamente realizando bom karma, e o bom resultadoo esperará no céu, e você terá uma vida feliz. Se qualquer coisalhe é amigável, isto é o seu karma. Existe Deus, mas Ele éindiferente. Ele é obrigado a servi-lo por bem ou por mal, deacordo com seu karma. Ele não tem independência”.

“DISSOLVA A MENTE” –BUDDHAOutra classe de filosofia, então, é a de Buddha: “Seu sistema

mento nos engoliu do nascimento até a morte, e não podemostolerar a dor de tal miséria. Tantos agentes aliviadores, Kapila,Patañjali, Gautama, KaˆÅda, Jaimini e Buddha correm emnossa direção, oferendo-nos suas soluções”.

ANÁLISE, IOGA E LÓGICAKapila surge com o sistema de análise filosófica SÅ⁄khya,

dizendo: “Analise a matéria e você se libertará de toda essador”. Patañjali surgiu com o sistema de ioga, “Ei, jÈvÅtma! Venhaencontrar ParamÅtmÅ ! Assim, todos os problemas deste mundose afastarão de você. Entre em conexão com o ParamÅtmÅ, aSuperalma”. Esta é sua recomendação.

Gautama surge com a lógica, o nyÅya ÍÅstra, “Existe umAutor, um Criador, mas Ele é indiferente. Ele criou este mundo,terminou e o deixou. E você tem de tentar viver com a ajuda desua razão. Desenvolva sua faculdade de raciocínio e seja razoá-vel em toda sua conduta. Somente então você poderá ajudar asi mesmo neste mundo. Não há outro remédio. Seja um bomlógico e assim será capaz de controlar o ambiente com o poderda razão, e você será feliz”. E KaˆÅda diz: “Os átomos se combi-naram por acaso e com a dissolução dos átomos nadapermanecerá. Por que você se incomoda? Não se preocupe. O

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Bhaktivinod †hÅkur conclui, dizendo: “Dou adeus a todos eles.Sinto em meu coração que devo demonstrar respeito por todosesses assim-chamados bons agentes à distância, mas meu únicoverdadeiro capital é a poeira dos sagrados pés de Seus devotos.

“Confio nesta poeira como a fonte de todas as minhasperspectivas. Espero depositar toda a minha energia em tomara poeira dos pés de lótus deles sobre minha cabeça. Isto é tudopara mim.”

mental foi criado somente pela combinação de diferentes coisas.Com a dissolução do sistema mental, nada permanece. Assim, dealguma forma, devemos dissolver o sistema mental. Pratiqueahi˜sÅ, não- violência, satya, veracidade, e assim por diante”.

Nota-se que todos esses filósofos falam de renúncia ou deexploração (bhukti, mukti). E por estabelecerem diferentes tiposde armadilhas encantadoras, fazem arranjos para cativar a almajÈva. Bhaktivinod †hÅkur diz: “Mas eu compreendi que todosesses sujeitos são enganadores. E todos têm este ponto emcomum: eles não têm contato com a devoção a Você, com oSeu serviço. Nisto, eles são unos. Eles não podem oferecerqualquer bem real. Eles estão de acordo em se opor a Seuserviço devocional e à Sua supremacia. E, finalmente, eles nosdeixam no caos.

“Mas, do ponto de vista derradeiro, observo que eles sãoagentes encarregados por Você de segregar as pessoas seria-mente doentes para outra ala, para o bem dos pacientes menosseriamente adoecidos. É Seu arranjo segregar as pessoas deses-perançadas para outro lado, para o benefício do lado bom. Esteé Seu desígnio, e eles estão brincando em Suas mãos, comomuitos fantoches. Eles são Seus agentes e também O estãoservindo de algum modo, porque nada está fora de Você.”

92 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Seis Filosofias da Índia – 93

Capítulo Sete

AAlléémm ddoo CCrrii ss tt iiaannii ssmmooristão: O Senhor poderia explicar o ponto-de-vista

Vai›ˆava acerca do Cristianismo?ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Cristianismo é Vai›ˆavismo incom-

pleto, não plenamente desenvolvido, mas a base do teísmodevocional. Até certo ponto, ao menos fisicamente, encon-tramos o princípio do “morrer para viver”. Os Cristãos dizemque o ideal mostrado por Jesus é do auto-sacrifício. Em nossaconsideração, entretanto, isso não é teísmo plenamente desen-volvido, mas apenas a base. É um conceito pouco claro, vago,da Divindade: “Existimos para Ele.” Mas o quanto? E em queforma, com que atitude? Todas essas coisas não são explicadas enão ficam claras no Cristianismo. Tudo é nublado, como sevisto à distância. Não assume qualquer formato apropriado. Acobertura não é plenamente removida a ponto de nos permitirchegar face à face com o objeto de nosso serviço. Existe o con-

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semelhantes à consciência de K›ˆa.ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Elas são muito afins em sua base.

Concordamos que devemos sacrificar tudo por Deus. Mas, quemEle é? E quem sou eu? E qual é nossa relação? O Cristianismonos oferece apenas uma concepção nublada.

Na concepção Cristã, quando Adão e Eva eram entregues,eles não tinham problemas na vida. Mas então provaram ofruto da árvore do conhecimento, o cálculo de interesse pró-prio, e caíram, sendo forçados a viver uma vida de trabalho. Alié dada somente uma idéia geral de nossa relação com Deus, masquando temos de definir detalhadamente as características deDeus, e em que relações devemos nos aproximar dEle, o Cristia-nismo nos oferece apenas uma idéia opaca.

Certa vez, alguns sacerdotes Cristãos disseram a nosso GuruMahÅrÅj que no Cristianismo também se encontra a mÅdhuryarasa, a relação conjugal com Deus. Na Idade Média, havia umamoda entre os Cristãos de considerar Cristo como noivo, etambém há algumas parábolas na qual o Senhor Jesus Cristo éconsiderado como um noivo. Assim, eles disseram quemÅdhurya rasa, a relação conjugal, também se encontra dentrodo Cristianismo. PrabhupÅda disse: “Isto é com Seu filho, comSeu devoto, não com Deus”. Filho significa guru, o libertador.

ceito de servir a Deus, bem como um forte ímpeto para alcançá-lo; então, a base é boa, mas a estrutura sobre o alicerce é opaca,vaga e imperfeita.

Cristão: Os Cristãos gostam da idéia de rendição, serviço eentrega de tudo a Deus.

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Sim, isto é comum. Mas, rendição aquem?

Cristão: Os Cristãos dizem que Jesus é o único caminho.ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Sim, e seu caminho é “morrer para

viver”, mas para que? Qual é a conquista positiva? Qual é nossaocupação positiva no serviço ao Senhor? Devemos não apenasnos submeter em agradecimento à autoridade máxima, mas deve-mos ter uma ligação direta com Ele, bem como ocupação cem-por-cento em Seu serviço. Simplesmente seguir seu própriocaminho, orando, “Ó Deus, dai-nos nosso pão!”, e ir à igreja umavez por semana não é suficiente. No teísmo completo, é possívelrealizar a ocupação vinte e quatro horas. Deus pode nos ocuparvinte e quatro horas por dia. Devemos alcançar esta posição –aplena ocupação com Ele. Tudo mais é subordinado a esta posição.

ADÃO E EVA: FORÇADOS A TRABALHARCristão: Existem algumas tradições Cristãs que são muito

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pleta, pois pais também são servos. Ele tem de estar no centro;não em alguma extremidade do todo. Ele não está simples-mente observando o todo; o conceito de K›ˆa é que Deus estáno centro. Entre todas as aproximações de Deus, a aproximaçãopara uma relação amorosa é suprema. Deve-se considerar aintensidade desta relação, e Deus deve estar no centro de todasas relações amorosas. ånandam brahmano vidvan. ånanda é a coisamais preciosa jamais descoberta. E a plena representação daÅnanda mais elevada deve ser considerada como o máximo abso-luto capaz de atrair a todos: não pelo poder, não pela força, maspelo encanto. K›ˆa é o centro de toda atração. Sua atração se dápela beleza, pelo encanto e pelo amor; e não por coersão e força.Essa é a concepção K›ˆa da Divindade.

Cristão: Os Cristãos temem ir além de Jesus, porque Jesusnos advertiu quanto a enganadores.

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Não estou falando sobre os Cristãos;estou falando sobre Jesus, que deu os ideais do Cristianismo.Estou falando sobre os princípios de Jesus. Ele deu algumacompreensão em prestações, mas não o conhecimento pleno.Concordamos sobre a forte base do teísmo. Jesus foi crucificadoporque disse: “Tudo pertence ao meu Pai. Dai a César o que éde César, e a Deus o que é Seu”. Assim, a base é muito boa; é

PAI, FILHO E ESPIRITO SANTOA concepção que eles tem de Deus é da Trindade: Deus Pai,

Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Espírito Santo talvez sejaconsiderado como tendo a posição mais elevada. Se for assim,então o Cristianismo termina em brahmavÅda nirviÍe›a. Entende?

Cristão: Sim. Creio que o senhor explicou antes queBrahman significa o aspecto impessoal da existência de Deus.

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Deus-Pai significa Deus, o Criador.Deus-Filho significa o Guru. E Deus Espírito-Santo talvez man-tenha a posição suprema no Cristianismo: acima da concepçãode Pai e da concepção de Filho. Sendo este o caso, então acompreensão deles se dirige ao Brahman impessoal.

Certa vez, disseram-me que, em um espetáculo teatral naAlemanha, precisavam mostrar a figura de Deus, e assim, emalguma posição elevada sobre um balcão, puseram uma imagemde natureza grave, com uma barba cinzenta, dando ordens dali.Deus, o Pai, era mostrado daquela maneira. Esta é a idéia deles:a Paternidade de Deus, barba cinzenta, Deus como um velho.Mas a partir da consideração de rasa e Ånanda, êxtase, Deusdeve ser o centro de todas as diferentes relações, incluindoamor filial e amor conjugal.

Conceber Deus como nosso Pai é uma compreensão incom-

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nal, então nos tornamos sahajiyÅs, imitadores. Devemos ultrapassar o umbral dado por Jesus. Ele declarou,

“Morrer para viver”. A companhia do Senhor é tão valiosa paranós que devemos arriscar tudo por Ele. Esta conquista materialnão é nada; é tudo veneno. Não devemos sentir atração por ela.Devemos estar prontos para deixar tudo, todas nossas pers-pectivas e aspirações materiais, incluindo nosso corpo, por Ele.Deus é grande. Mas qual é Sua grandeza? Qual é minha posição?Como posso me ocupar em Seu serviço, vinte e quatro horaspor dia? Aqui, Jesus silencia.

Não recebemos programas específicos dos Cristãos nesteestágio, assim, o Vai›ˆavismo vem para alívio de nosso coração,para satisfazer nossa necessidade interior, qualquer que seja.Nossa sede interior será satisfeita aqui. Você pode ser cons-ciente ou inconsciente de muitas demandas dentro de si, maselas terão plena satisfação em sua mais bela forma apenas ali.Não é que de algum lugar distante mostraremos a Deus algumasaudação reverencial, mas podemos tê-lO de uma maneiramuito íntima. O ideal de uma conexão amorosa íntima comDeus é dado pelo Vai›ˆavismo, especialmente por ßrÈ Chai-tanya MahÅprabhu, pelo ßrÈmad-BhÅgavatam, e em VÂndÅ-vana, a terra de K›ˆa.

louvável, mas é apenas a primeira parcela na concepção teísta.Quem é meu Senhor? Qual é Sua natureza? Quem sou eu? Oque é meu eu-interior, e qual é minha conexão com Ele? Comoposso viver continuamente lembrando dEle e servindo-O? Aconcepção de que nos destinamos a Ele, de que somos desig-nados e feitos para Ele, é louvável, mas tem de ser esclarecida.Devemos alcançar a posição mais elevada. Todas essas coisasestão ausentes no Cristianismo. Só é oferecido o sacrifício peloSenhor, e isso está bem, é a necessidade básica da alma. Mas,depois disto, o que deve ser alcançado? Eles ficam silenciosos.

ALÉM DE JESUSCristão: Eles temem ir além de Jesus.ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Sim, mas existe tanta graça, tanto

amor na divindade na qual Deus pode sentar em nosso colo enos abraçar. Uma ligação muito mais íntima é revelada noVai›ˆavismo. Mas se tememos ultrapassar o conselho funda-mental de Jesus, então nos tornamos sahajiyÅs (imitadores).Devemos arriscar tudo pelo nosso Senhor e devemos tornarfirme a nossa posição em Seu serviço. Devemos morrer paraviver. E o que está vivendo? Temos de analisar o que é vida real.E se, sem morrer, desejamos arrastar Deus para nosso jogo car-

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Cristão: Qual é a mensagem do Bhagavad-gÈtÅ?ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Existem diferentes estágios de

educação transmitidos no Bhagavad-gÈtÅ: bhakti-yoga, karma-yoga, jñÅna-yoga, a›Êanga-yoga, tantas diferentes camadas deteísmo, mas o teísmo devocional puro começa onde K›ˆa diz,sarva dharmÅn parityjya: “Abandone suas afinidades por todasoutras atividades, religiosas ou não-religiosas, e renda-se com-pletamente a Mim. Não tente impor suas demandas a Mim, maspeça-Me o que lhe será mais benéfico. E o que farei em seubenefício? Renda-se plenamente a Mim, e Me darei a você.

“Todos estes outros métodos e suas perspectivas são mais oumenos efetivos e valiosos, mas não aspire a nada além de Mim.Esta será sua máxima perspectiva: Querer-Me, ter-Me, vivercoMigo, fazer o que digo, entrar em Minha própria famíliapessoal, em Minha vida privada. Esta será sua maior conquista.Não aspire a nada além de Mim. O estudo comparativo detodas as aspirações religiosas mostrará que a necessidade máxi-ma interior pode ser satisfeita através do ingresso em Meus rela-cionamentos privados e pessoais”.

Cristão: Os Cristãos pensam que, se queremos ser sinceros,devemos seguir a Bíblia. Aceitamos muito literalmente a pala-vra de Cristo.

O sentimento de possuir qualquer coisa aqui no mundomaterial não pode ser real; é um reflexo pervertido, mas estesentimento tem de estar presente no mundo original, casocontrário qual é sua origem? De onde surgem os diferentessentimentos de necessidade dentro de nós? Eles devem estarpresentes no mundo causal, pois tudo emana de K›ˆa. Assim,o anseio de cada átomo de nosso corpo, mente e alma receberásua maior satisfação ali. Essa compreensão é dada peloVai›ˆavismo, por ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu, pelo ßrÈmad-BhÅgavatam e por K›ˆa, no Bhagavad-gÈtÅ.

BHAGAVAD-GÏTå: HISTÓRIA E ENSINAMENTOSCristão: Já ouvi falar do Bhagavad-gÈtÅ. Qual a sua origem?ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: No Bhagavad-gÈtÅ, K›ˆa diz a

Arjuna: “O que digo agora a você não é algo novo: já o disse aSËrya, o deus-Sol, e ele o transmitiu a Manu, o pai da humani-dade. Desta maneira, este conhecimento descendeu em suces-são discipular, e, pela influência do tempo, foi interrompido.Novamente, repito a você este antigo conhecimento”.

Isso se refere a karma-ioga: “Não se importe com o resultado,bom ou mau; continue com seu dever. Então você pode obterpaz geral em sua mente.”

102 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Além do Cristianismo – 103...

BISPOS: VÁ À ÍNDIAEle viu muitos sacerdotes e mesmo alguns bispos que

finalmente o aconselharam: “Se você quer ver Deus face a face,então vá à Índia. Não podemos recomendar um processo comoeste para você. Ouvimos dizer que na Índia existem iogues queinternamente se conectam com o Senhor no coração. Vocêpode tentar sua sorte lá”. Assim, ele veio para a Índia, onde seencontrou com o vice-reitor da Universidade de Lucknow.Falando com ele, o professor Nixon conheceu a esposa do vice-reitor, que era uma GauÎÈya Vai›ˆava, uma devota deMahÅprabhu. Ele ficou tão encantado com seu conselho que aaceitou como Guru. Finalmente ele tomou sannyÅsa (a ordemrenunciada da vida), e seu nome tornou-se SwÅmÈ K›ˆaPrema. Estabeleceu um templo aqui na Índia e pregou sobrebhÅgavata-dharma e MahÅprabhu.

Ele fez um estudo comparativo de todas as religiões, come-çando com o Cristianismo, e gradualmente chegou ao Vai›ˆa-vismo, atraído pela dádiva de MahÅprabhu. Um acadêmicoalemão também disse: “Em todas as concepções religiosas domundo, a concepção de ocupação vinte e quatro horas comDeus (a›ÊakÅlÈya-lÈlÅ) nunca foi dada. Estudei todas as teologiasreligiosas, mas nenhuma pode sequer conceber um serviço ao

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Sim, de acordo com a capacidade decada um, a pessoa pode ser listada em uma classe particular.Algumas irão ao Cristianismo, e após passarem por isto, se seuanseio ainda não estiver satisfeito, irão a algum outro lugar,pensando, “O que é Deus? Quero conhecê-lO mais perfeitamente”.

Em relação a isto, posso dar um exemplo: havia um certoprofessor Nixon na Inglaterra. Ele foi lutar contra os alemães naPrimeira Guerra Mundial, ao lado da França. Conforme voavasobre as linhas alemãs, seu avião foi atingido e começou a cair.Ele viu o avião caindo nas linhas alemãs. Quando o encontreiaqui na Índia, ele me disse: “Naquele momento, orei: ‘Se existequalquer Deus, que Ele me salve, e prometo que, se não morrerneste desastre aéreo, vou buscá-lO. Vou devotar toda minhavida em Sua busca.’”

O avião caiu e, quando o professor Nixon recobrou a cons-ciência, notou que estava atrás das linhas francesas, em umhospital na França. Naquele momento, pensou consigo mesmo,“Deus existe! Ele ouviu minha última oração”. Quando suasferidas cicatrizaram, ele foi diretamente à Inglaterra para veralguns sacerdotes. Disse-lhes: “Quero encontrar Deus e ocupar-me vinte e quatro horas por dia na causa de Seu serviço. Querovê-lO face a face”.

104 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Além do Cristianismo – 105...

nossos mestres nos aconselham: “Preste atenção total aqui.Somente então você vai entender tudo completamente, e suamarcha até o ponto final será sincera e satisfatória. Caso con-trário, o sahajiyÅismo, ou imitacionismo, entrará em seu cora-ção. Você pensa que com um único passo poderá alcançar ocume de uma colina? Impossível. Você tem de marchar, mas suamarcha tem de ser sincera. Você tem de fazer progresso verda-deiro e não progresso imitativo”. Essa advertência é dada a cadaestágio da vida. “Isto é o máximo para você. Dê toda a atençãoa isto. Não seja distraído e audacioso em seu estudo. Ocupe-setotalmente nesta lição e o próximo patamar mais elevado virápara você automaticamente”.

Por uma questão de estratégia, aprendemos que nosso está-gio de instrução atual é o mais elevado. Quando o professorvem ensinar uma criança, ele vai aceitar a mentalidade dela.Dirá: “Vá apenas até este ponto e não vá adiante. Este é oestágio final; dê toda sua atenção à compreensão deste ponto, equando tiver concluído, então siga adiante”. Dessa maneira,através de sucessivos degraus, o conhecimento é revelado.

Cristão: Existem diferentes estágios para diferentes pessoas?ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Bhaktivinod †hÅkur apresentou sua

decisão em seu livro Tattva-sËtra. Ele disse que, quando o

Senhor Supremo vinte e quatro horas por dia. Isso é dadoapenas no ßrÈmad-BhÅgavatam”.

RËpa GoswÅmÈ apresentou uma representação científica deK›ˆa: akhila-rasÅmÂta-mËrtiÓ. Ele é o reservatório de todos osprazeres possíveis. Todas as possíveis tendências de satisfaçãoque possamos sentir, e mesmo aquelas que não possamos sentirse encontram presentes em K›ˆa e têm seu ideal e mais purasatisfação apenas com Ele. Ele é todo-acomodante e todo-abrangente. Qualquer satisfação que o âmago de nosso coraçãoexija pode ser preenchida apenas por Ele.

Cristão: Alguns Cristãos têm tamanho medo de ir além daBíblia a ponto de não estudarem outras crenças teístas.

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Segundo sua capacidade, a pessoacomprará no mercado (sve sve 'dhirare ya ni›Êha sa guˆaÓparikÈrtitaÓ). No mercado, podem existir muitas coisas valiosas,mas o comprador tem de ter alguma capacidade para adquiri-las. Os ›is, os mercadores do conhecimento, também foram tãolonge a ponto de dizer: “Isto é o máximo. Não vá adiante”.Similarmente, K›ˆa diz no Bhagavad-gÈtÅ (3.35), svadharmenidhana˜ ÍreyaÓ para-dharmo bhayÅvahaÓ: “Não vá adiante–você estará arruinado. Permaneça aqui: não prossiga”.

Por que esta grande advertência nos é dada? Geralmente,

Além do Cristianismo – 107106 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

karma; então você ficará livre do karma, e gradualmentedesenvolverá conhecimento e devoção transcendentais. Assim,digo: ‘Ocupe-se nesta presente batalha’. A guerra não é reco-mendada a todos, mas a você e a homens de sua seção”.

Cristão: Em sua opinião, qual é o estágio de compreensãode Deus que as pessoas devem ser aconselhadas a seguir?

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: A consciência de K›ˆa deve serpregada de maneira geral, e as pessoas virão de acordo com a suaresposta interior. Alguns podem mesmo chegar a nos atacar. Oscomunistas dirão: “Não é permitida nenhuma pregação reli-giosa aqui. Tudo isso é teórico; vocês negligenciam o mundoconcreto e tomam o abstrato como sendo tudo. Ouvindo isso,as pessoas sofrerão; então, não vamos permitir isso.” Este é umestágio. Começando daí, existem tantos estágios. Se vocêpregar para a multidão, aqueles que encontrarem uma respostano âmago de seus corações chegarão a você de acordo com ograu de realização deles. Sua demanda interior os colocará emcontato com um agente de verdade.

BhaktivedÅnta SwÅmÈ MahÅrÅj foi ao Ocidente e pregou, efoi assim que tantas pessoas se converteram à consciência deK›ˆa. Como isto foi possível? Eles não eram GauÎÈya Vai›ˆa-vas, mas sentiram uma afinidade interna. Enquanto peram-

Bhagavad-gÈtÅ foi falado a Arjuna ele se ocupou em lutar, masse tivesse sido falado a Uddhava ao invés de a Arjuna, depoisde ouvir a conclusão do Bhagavad-gÈtÅ, onde K›ˆa diz: “Aban-done tudo e renda-se a Mim”, Uddhava teria aceito isso e idoembora do campo de batalha. Ao ouvir o mesmo conselho,Arjuna agiu de uma maneira, mas Uddhava teria agido deoutra. Após ouvir a primeira apresentação das instruções deK›ˆa, Arjuna disse a K›ˆa no Bhagavad-gÈtÅ (3.1.2):

jyÅyasÈ chet karmaˆas te, matÅ buddhir janÅrdanatat ki˜ karmaˆi ghore mŘ, niyojayasi keÍava

vyÅmiÍreˆeva vÅkyena, buddhi˜ mohayasÈva metad eka˜ vada niÍchitya, yena Íreyo ‘ham ÅpnuyÅm

“Você diz que jñÅna, conhecimento, é melhor que karma,trabalho. Por que então Você quer que eu me ocupe nestekarma horrível de lutar?” Então K›ˆa disse: “Você tem a suacapacidade no karma: encerre sua carreira, e então você podeaspirar a chegar ao nível de jñÅna, indagação em conhecimento.Transcender toda atividade e alcançar nai›karmya, a liberdadedo karma, não é algo barato. Primeiro encerre o curso de seu

108 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Além do Cristianismo – 109...

corações surgiu o anseio pelo Cristianismo.Quando AchyutÅnanda SwÅmÈ, o primeiro discípulo de

BhaktivedÅnta SwÅmÈ MahÅrÅj, foi ao meu lugar de nascimentoaqui em Bengala, um diretor de escola perguntou-lhe: “Estamostão próximos e não podemos apreciar os ensinamentos de ßrÈChaitanya MahÅprabhu; como é que, de um país tão distante,você veio sacrificar sua vida no serviço a ßrÈ Chaitanyadeva?”

AchyutÅnanda SwÅmÈ respondeu: “BrahmÅnda brahmitekona bhagyavan jÈva: Temos de adquirir esta capacidade duranteo curso de nossas perambulações em diferentes posições, portoda a criação”. Estamos vagando desta terra para outra, destasespécie para aquela espécie, e no decorrer disto, obtemos algumsukÂti, ou créditos piedosos. AjñÅta sukÂti significa que,inconscientemente, nossa energia é gasta no serviço ao Senhor,e a reação vem na forma de alguns créditos piedosos. Quando osukÂti é mais desenvolvido, torna-se jñÅta sukÂti, ou atividadespiedosas realizadas conscientemente. Então, aflora ÍraddhÅ, a fé,a nossa atração interna pela verdade universal. Dessa maneira,ela pode se desenvolver a partir de qualquer estágio. Mesmouma besta pode sentir a tendência a servir a K›ˆa. EmVÂndÅvana, tantos seres vivos: árvores, bestas e até mesmo aágua adquiriram sua posição por desejarem isso consciente-

bulam pelo mundo, todos estão adquirindo alguma novaexperiência, algum novo sabor. De acordo com o grau de seudespertar, uma pessoa responderá a um pregador em seu próprionível. Ela descobrirá: “Ah! Depois de tanto tempo, vejo queexiste a possibilidade de uma saída para a necessidade queencontro em meu coração. Existe um plano que pode satisfazeressa minha aspiração. Devo me conectar com ele e indagarsobre esta terra de meus sonhos”. Dessa maneira, as pessoasvirão buscar a associação dos devotos. “Pássaros de mesmaplumagem voam juntos.” De acordo com seu gosto interior, elasse associarão e continuarão com seus deveres naquele plano,naquele ritmo, até que dali possam ir adiante, para uma posiçãosuperior. Às vezes, na mesma vida, a pessoa muda de credo eavança e, outras vezes, espera até seu nascimento seguinte.

Cristão: Se a qualidade da pregação é muito elevada, aspessoas podem se sentir desencorajadas.

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Pode ser muito elevada para um emuito próxima para outro. Não é que seja muito elevada paratodos, pois se o fosse, então como a conversão seria possível?Tantas pessoas estão se tornando Muçulmanas, Cristãs eHindus. Nem todos os Cristãos nasceram Cristãos. Como aspessoas se atraíram originalmente a se tornar Cristãs? Em seus

110 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Além do Cristianismo – 111...

infinito, nada é muito grande ou espaçoso. Eles podem perma-necer naquela posição por longo tempo; muitas dissoluções ecriações podem ir e vir, mas permanece a possibilidade de queseu sono possa ser quebrado a qualquer momento.

Este mundo criado existe desde tempos imemoriais, e tantasalmas estão ascendendo à refulgência Brahman e novamentedescendo. Assim, mesmo em meio à infinita refulgência doBrahman, algumas almas estão saindo dali. É uma questão deinfinitude. Desse modo, a posição de Jesus pode ser consideradasendo eterna, e pode chegar o tempo em que o próprio Jesusseja convertido ao Vai›ˆavismo. Isso não é impossível.

JESUS: DINÂMICO OU ESTÁTICOCristão: O senhor acredita que Jesus tivesse conhecimento

de K›ˆa como a Personalidade de Deus?ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Quando sua conquista interior for

detectada mais proximamente, seremos obrigados a dizer queno decorrer de sua vida eterna, existe alguma possibilidade deele alcançar K›ˆa.

Cristão: Não entendo.ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Jesus é estático ou progressivo? O

lugar que alcançou está encerrado para sempre, ou ele é dinâmico?

mente. Embora tenham aceito uma posição aparentementematerial, eternamente mantêm tal posição no serviço a K›ˆa.

O CAMINHO DO PEREGRINOCristão: Existe um livro chamado “O Caminho do

Peregrino”, sobre um Cristão que canta o nome de Jesus emcontas.

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Sim, os católicos também usamcontas, alguns Cristãos podem cantar o nome de Cristo.

Cristão: Este homem cantava o nome de Jesus, seu coraçãofoi se tornando suave, e sentia êxtase, grande amor por Jesus.

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Então, ele pôde alcançar a posiçãode Jesus, no máximo. Pode ser que, em sua tentativa deperfeição, seu crescimento pare ali, na parafernália eterna deJesus. Ele pode permanecer ali. Se ele encontrou sua plenasatisfação, ele está destinado a permanecer ali.

Pela vontade de Deus, e pela poderosa vontade de umdevoto exaltado, mesmo a partir da refulgência do Brahmanimpessoal uma pessoa pode ser elevada de seu sono e movidapara a ação no serviço devocional. Geralmente, eles passamlongas eras ali no plano não-diferenciado, satisfeitos com suaconquista espiritual; entretanto, na consideração do tempo

112 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Além do Cristianismo – 113...

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Às vezes, é necessário que os médi-cos façam o paciente ficar inconsciente. Às vezes, um bandidoé aprisionado e acorrentado. Quando seus movimentos sãoprejudiciais à sociedade, ele é confinado em uma cela e acor-rentado. Assim, às vezes é necessário tirar a independência deuma pessoa, sua ação voluntária. Sofrendo as reações de seukarma anterior, a pessoa pode se aliviar; então, novamente,pode receber a liberdade para a ação voluntária. Quando,através de seu desejo voluntário, uma alma executou tantosatos errados e adquiriu tantas reações, é preciso que seu livre-arbítrio seja parado temporariamente. Ela terá a oportunidadede sofrer as reações de seus pecados anteriores, e então, nova-mente, lhe será dada alguma liberdade para que possa tomar ocurso adequado que lhe for útil. Enquanto um bêbado for umbêbado, quando se espera que ele cause algum mal ao ambiente,ele deve ser confinado. E quando a loucura de beber desaparecer,então ele será solto e terá permissão de se mover livremente.

“NAO FAÇA AO PRÓXIMO…” INCLUI OS ANIMAISCristão: Os Cristãos, geralmente, não aceitam que os

animais tenham alma.ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Jesus não se importou em trazer seus

Cristão: Cristãos dirão que ele tem pleno conhecimento.ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Então, ele permanece estático ali,

finalmente fixo? Esta é a posição de Jesus? Os bispos dizem quesua posição é final? Ele tem uma vida progressiva? Ou Jesus seráa única pessoa impedida de fazer mais progresso? Ele é membrodo mundo dinâmico? Ou do mundo estático?

Assim, esta é a natureza do Infinito. Sendo finitos, comovamos lidar com o Infinito? Esta é a nossa tendência ridícula. Éridículo para nós lidarmos com o Infinito.

Por que K›ˆa é considerado a Verdade Absoluta? Vocêdeveria perguntar isso de modo científico, passo a passo. Comorecomendei, você deve continuar lendo sobre isso no ßrÈ K›ˆaSa˜hitÅ, e no BÂhad BhÅgavatÅmÂta. Você deve tentar seguirmuito minuciosamente o desenvolvimento dinâmico do teís-mo, como é apresentado ali.

REENCARNAÇÃO – TRANSMIGRAÇÃOCristão: Conforme meu entendimento, reencarnação

significa que uma alma pode regredir em espécies inferiores porexecutar atos pecaminosos. Mas como se beneficia a alma emser punida através do nascimento em espécies animais, se maistarde ela não tem lembranças disto?

114 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Além do Cristianismo – 115...

qualificadas a ponto de estender seu conhecimento tão longe.Elas não estavam preparadas para tamanho sacrifício em suaspráticas. Então, o Cristianismo foi dado por Jesus para aquelesque não estão preparados para se sacrificar a tal ponto.

Ainda assim, tudo foi ordenado a partir do mesmo centrocomum. O Cristianismo tem sua necessidade, o Islamismo tam-bém tem sua necessidade. Há lugar para tais credos no universo.Eles não são desnecessários, mas mantêm uma posição relativa.

Então, qual é a posição da Verdade Absoluta? Quando te-mos que indagar profundamente acerca disto, então chegamosà Índia. Ali, ela é tratada muito extensamente, com todas asconcepções possíveis de religião. Tantas concepções teológicasvariadas são encontradas na Índia que nem uma fração delaspode ser encontrada em qualquer outro lugar do mundo. Mas,em última análise, o ßrÈmad-BhÅgavatam foi dado como aconcepção mais elevada. Como? Isso temos de entender eseguir muito minuciosamente. Você deve estudar o livro BÂhadBhÅgavatÅmÂta e sua forma mais moderna, o ßrÈ K›ˆa Sa˜hitÅ,de Bhaktivinod †hÅkur.

Cristão: Já li.ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Mas você deve ler mais

atentamente, e mais minuciosamente. Você deve ler repetida-

seguidores para dentro desta concepção. Ele viu que eles esta-vam acostumados a comer animais e peixes e, por isso, não quisembaraçá-los com todas estas questões. Ele pensava que elesdeveriam começar sua vida teísta, e quando novamente fossemcapazes de considerar esses pontos, nesse momento, poderiamreceber esta graduação.

A vida também está presente dentro das espécies nãohumanas, e ela não é menos qualificada que a posição humana,mas no curso de seu movimento evolutivo, a alma é atirada emtal condição como resultado do karma. Onde quer que a vidaesteja presente, a alma está dentro. É algo comum, mas Jesuspensava ser impossível para eles ajustar sua compreensão do am-biente a tal nível. Ele pensava em iniciá-los na cultura do teísmo,e então, gradualmente, tal instrução poderia ser dada.

Ele disse a eles: “Façam aos outros o que querem que lhefaçam”. Isso também é bom. Mas não apenas a alma estápresente ali; Deus também está ali, e em toda a parte. Asespécies inferiores também sentem prazer e dor. Nos animais écompletamente claro que quando eles são mortos, sentem dor.Assim, existe vida. A vibração da dor existe neles, a cons-ciência existe neles, e a alma é uma unidade de consciênciapura. Mas as pessoas para quem Jesus pregou não eram tão

116 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Além do Cristianismo – 117

Capítulo Oito

NNíívvee ii ss ddee RReeaall ii zzaaççããooddee DDeeuuss

gradação da compreensão transcendental foi explicada porßrÈla SanÅtana GoswÅmÈ em seu livro BÂhad-BhÅgavatÅmÂta.Ali observamos que no decorrer da compreensão de Íuddha-bhakti, o serviço devocional puro, o grande sábio NÅrada Munivisita diferentes lugares. Primeiro, ele encontra karma-misrabhakti, ou serviço devocional misturado com atividades fruitivas.

Certa vez, havia um brÅhmaˆa em Allahabad. Ele era umhomem rico, e por ocasião do Kumbha-mela, quando milhões desábios e devotos se reúnem para um festival religioso, ele provi-denciou o serviço aos diferentes tipos de pessoas santas alipresentes. Ele conduziu um sacrifício e finalmente terminou afunção com o cantar do Santo Nome do Senhor. O brÅhmaˆa

mente, até encontrar satisfação e respostas para todas as suasperguntas. Lá, a graduação de nossa relação com Deus émostrada, explicando como, de um estágio particular de teísmo,uma pessoa é forçada a progredir para um nível superior deconquista.

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119

AA

Personalidade de Deus, apareceu como seu irmão caçula. E aquiem Indraloka, sempre há festivais religiosos adorando a K›ˆa”.

Indra disse: “Oh, o que você diz? Que amor tenho eu porK›ˆa? Tudo pertence a Ele, mas, em minha tolice, tenteiimpedi-lO de levar a árvore pÅrijÅta do céu. Não apenas isso,mas sou sempre atacado pelos demônios, e minha esposa, às vezes,também fica perturbada; que fortuna você encontra em mim?”

De Indra, NÅrada foi até o Senhor BrahmÅ, o criador douniverso. Lá encontrou os Vedas personificados cantandolouvores ao Senhor BrahmÅ. NÅrada, que também era seu filhoe discípulo, aproximou-se do Senhor BrahmÅ, dizendo: “Quãograndemente afortunado o senhor é. O Senhor NÅrÅyaˆa empessoa confiou-lhe a administração de todo o universo e, àsvezes, o senhor O visita para obter orientação sobre a adminis-tração do universo. Também vemos algumas porções dos Vedasocupadas em cantar suas glórias. O senhor é tão afortunado!”

O Senhor BrahmÅ sentiu-se um pouco perturbado e disse:“O que você está dizendo, NÅrada? Você está me louvando eaumentando meu falso orgulho, mas já não lhe disse que souuma pequena criatura nas mãos de NÅrÅyaˆa? Estou ocupadoem atividades externas. Não tenho tempo para usar no interes-se de minha vida devocional. Meu Senhor, ao contrário,

estava basicamente ocupado em karma-kaˆda, ou trabalhofruitivo, mas também estava prestando serviço às pessoassantas. Finalmente, ele encerrou tudo com nÅma-sa⁄kÈrtana, ocanto dos Santos Nomes do Senhor.

NÅrada Muni aproximou-se do brÅhmaˆa, dizendo: “Você émuito afortunado por estar fazendo tais coisas. Esta é a utiliza-ção apropriada de seu dinheiro e casta. Ocupando-se em seme-lhantes atividades sagradas, certamente você é a pessoa maisafortunada”. O brÅhmaˆa disse: “O que estou fazendo? Isto énada. O senhor deve ver a fortuna do Rei Indradyumna. Eleestá distribuindo restos de prasÅda do Senhor JagannÅtha emgrande estilo. Quão grandiosa é a adoração de NÅrÅyaˆa ali! Válá, e poderá apreciar seu serviço devocional”.

Assim, NÅrada Muni foi ver Indradyumna MahÅrÅj, e látambém encontrou o Rei extensamente ocupando todos seusrecursos na adoração do Senhor JagannÅtha. NÅrada aproxi-mou-se dele, dizendo: “Você é tão afortunado neste mundo!” ORei lhe disse: “Que posso fazer NÅrada? Isto não é nada. Se vocêquer ver como o serviço devocional deve ser praticado, deve irao Senhor Indra, o Rei do céu”.

NÅrada Muni dirigiu-se a Indradeva e o louvou, dizendo: “ÓIndra, você é muito afortunado! VÅmanadeva, a Suprema

120 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Níveis de Realização de Deus – 121...

Isso é jñÅna-miÍra bhakti, ou serviço devocional misturadocom conhecimento empírico especulativo. O Senhor BrahmÅ éo ideal de karma miÍra bhakti, ou serviço devocional misturadocom atividade fruitiva, e o Senhor ßiva é o ideal de jñÅna-miÍra-bhakti. Ele ainda mantém alguma afinidade com alguma posiçãoindependente, e não com a aceitação cem-por-cento do serviçoao Senhor Supremo, NÅrÅyaˆa.

O Senhor ßiva disse: “Se você realmente deseja experi-mentar Íuddha-bhakti, vá até PrahlÅda MahÅrÅj. Ali, vocêencontrará o serviço devocional puro”.

Dessa maneira, estamos sendo dirigidos a traçar o desen-volvimento de Íuddha-bhakti, o serviço devocional puro,começando com PrahlÅda MahÅrÅj, pois PrahlÅda não desejanada em troca de seu serviço devocional. No ßrÈmad-BhÅgavatam(7.10.4) ele diz:

nÅnyathÅ te 'khila-guro, ghaÊeta karuˆÅtmanaÓyas ta ÅÍi›a ÅÍÅste, na sa bhÂtyaÓ sa vai vaˆik

“Qualquer pessoa que esteja fazendo algo para a satisfaçãode NÅrÅyaˆa e deseje algo em troca, não é um servo, mas ummercador. Ele quer dar algo ao Senhor e então cobrar algum

ludibriou-me, ocupando-me nesta sobrecarregada tarefa deadministrar o universo. Sou desafortunado. Você deveria ir atéMahÅdeva, o Senhor ßiva. Ele está situado à parte, é indife-rente e está voltado para o Senhor NÅrÅyaˆa. Ele é devotado aoSenhor RÅmachandra e muito atraído ao Santo Nome doSenhor RÅma. Sua esposa, PÅrvatÈ-devi, também o ajuda emsua vida devocional, e ela é muito feliz”.

NÅrada Muni foi até ßivaloka e começou a cantar emlouvor ao Senhor ßiva: “O senhor é o mestre do mundo emantém a posição mais elevada. Os Vedas cantam suas glórias”.

Dessa maneira, NÅrada começou a glorificá-lo, mas oSenhor ßiva ficou muito excitado e um pouco zangado comisso, e disse: “O que você está dizendo, NÅrada? Tenho tantaindiferença por este mundo que estou principalmente interes-sado em conhecimento e penitência. Estas coisas ocupam amelhor porção do meu interesse. Qualquer pequena inclinaçãoque tenha pelo Serviço devocional a NÅrÅyaˆa é muito negli-genciável. Às vezes, tenho um espírito tão apático em relação aNÅrÅyaˆa que até mesmo luto contra Ele em favor de um demeus discípulos! Estou muito desgostoso com a minha posição.Penitência, poder, perfeição de ioga mística e indiferença aomundo; esse é o meu negócio”.

122 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Níveis de Realização de Deus – 123...

tão afortunado! Vim ver como você está situado”.PrahlÅda MahÅrÅj disse: “Gurudeva, o senhor é todo-de-

tudo. O senhor veio me testar? Qualquer fortuna que eu possater, recebi por sua graça. Nasci em família de demônios, e assimas qualidades demoníacas ainda não me deixaram totalmente.Por acaso o senhor não sabe que em NaimiÍÅraˆya, eu fui lutarcontra o Senhor Vi›ˆu? Arrependo-me daquilo, mas que possofazer? Ele me deu tal posição. Não posso ter o privilégio doserviço direto a Ele, mas apenas mentalmente penso nEle. Pen-so que Ele é tudo, mas não tenho a grande fortuna de prestar-Lhe serviço. HanumÅn é realmente um devoto. Quão afortu-nado ele é! Que graça recebeu! Ele deu tudo ao Senhor RÅma-chandra. Invejo sua situação, mas que posso fazer? Os desígniosde Deus são absolutos. Devemos aceitá-los. A posição de Hanu-mÅn é sim invejável. Quão apegado ele é a seu amo, e quegrande magnitude de serviço prestou ao Senhor RÅma!”

HANUMåN: SERVO DE RåMADali, NÅrada Muni foi visitar HanumÅn. Aproximou-se da

residência de HanumÅn, tocando em sua vina o mantra RÅmaRÅma RÅma RÅma RÅma. Quando HanumÅn subitamenteouviu o nome de seu amo, Senhor RÅma, saltou naquela dire-

preço em troca”. Assim, PrahlÅda MahÅrÅj é um devoto puro, e apenas

através de um devoto puro de NÅrÅyaˆa pode alguém alcançardevoção pura.

AMOR NEUTRO POR DEUSTodas essas conquistas peculiares no mundo devocional

começam com PrahlÅda MahÅrÅj. A natureza de seu serviçodevocional é de ÍÅnta rasa, neutralidade, onde não há verdadei-ro serviço, mas apenas perfeita adesão a NÅrÅyaˆa sob todas ascircunstâncias.

Qualquer que seja a condição desfavorável do ambiente, elepermanece leal à fé de que NÅrÅyaˆa é o todo-de-tudo, e de queEle é nosso mestre. Assim, PrahlÅda MahÅrÅj e os quatro KumÅras,os filhos do Senhor BrahmÅ, estão na posição de ÍÅnta rasabhakti, ou amor neutro por Deus.

PrahlÅda MahÅrÅj é discípulo de NÅrada Muni. Para nossobenefício, NÅrada Muni se aproximou dele para medir o padrãode sua devoção em um estudo comparativo do mundo devo-cio-nal. Aproximando-se de PrahlÅda MahÅrÅj, NÅrada disse: “Vimver você, PrahlÅda, porque o Senhor ßiva também aprecia suaposição. Você é realmente um devoto do Senhor K›ˆa. Você é

124 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Níveis de Realização de Deus – 125...

AMIGOS DE K®¢™A, OS PåN∂AVASA seguir NÅrada Muni, deixando HanumÅn, foi até os

PňÎavas. Ali encontrou Yudhi›Êhira MahÅrÅj, sentado sobreum trono, e começou a cantar as glórias dos PňÎavas. Disse aYudhi›Êhira MahÅrÅj: “Quão amigável você é em seu relacio-namento com K›ˆa! Quão afortunado você é!”

Yudhi›Êhira MahÅrÅj disse: “O que você está dizendoDevar›i? Evidentemente que K›ˆa nos favorece, isso nãopodemos negar, mas qual é nossa posição? Absolutamente nãotemos posição. Por outro lado, às vezes sinto que, ao ver nossoexemplo, as pessoas em geral não desejarão servir a K›ˆa, por-que calcularão que, sendo amigos tão íntimos do Senhor K›ˆa,os PňÎavas tiveram de passar por problemas difíceis e perigospor toda sua vida. Pensarão que ser um devoto de K›ˆa signi-fica ter de sofrer problemas por toda a vida. Assim, estou teme-roso de que, por pensar em nós, as pessoas não se aventurarão ase aproximar de K›ˆa.”

Devar›i NÅrada disse: “Não, não, não vejo isto sob esteponto de vista. O que é perigo ou aflição para os PňÎavas?Qual o significado disto? Este é o sinal de que K›ˆa está vindo.Quando os PňÎavas estão em perigo isto não é nada além dosinal de que K›ˆa está vindo para salvá-los. Assim, a mãe de

ção e, mesmo no céu, abraçou NÅrada Muni. HanumÅn disse:“Oh! Quem está me ajudando a ouvir o som do Santo Nome doSenhor RÅma? Após longo tempo, o som de RÅma-nama estáme vivificando. Estava morrendo sem ouvir o Nome de RÅma”.Lágrimas extáticas deslizavam dos olhos de ambos. Então,NÅrada Muni foi aos aposentos de HanumÅn e começou alouvar sua fortuna, dizendo: “Quão afortunado você é! ÓHanumÅn! Você serve ao Senhor RÅmachandra tão intima-mente; você não conhece nada além de seu amo, o SenhorRÅma. Você presta tão grande serviço a Ele que seu serviçotornou-se o ideal para toda a sociedade humana.”

HanumÅn disse a NÅrada: “Sim, por graça dEle fui capaz defazer algo, mas tudo isso é graça Dele; não sou nada, sou inútil.Mas ouvi que agora o Senhor RÅmachandra veio como oSenhor K›ˆa. Embora não goste de qualquer encarnação alémda do Senhor RÅma, ouvi à distância como K›ˆa, que é opróprio RÅmachandra, está mostrando Seu favor aos PňÎavas.Os PňÎavas são muito afortunados porque o Senhor está lidan-do com eles como um amigo íntimo. Assim, tenho grandeapreciação pela fortuna dos PňÎavas.”

Dessa maneira, HanumÅn começou a louvar os PňÎavaspor sua fortuna.

Níveis de Realização de Deus – 127126 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

é realmente Seu favorito. Em tudo que K›ˆa faz, Ele semprepede a opinião de Uddhava, e em todos Seus assuntos confi-denciais e em qualquer caso, Uddhava está ali presente; Ele estásempre muito próximo de Uddhava. Até mesmo nós invejamosa fortuna de Uddhava”.

UDDHAVA: MAIS QUERIDO QUE K®¢™AEm seguida, NÅrada foi até Uddhava e disse-lhe: “Uddhava,

você é o devoto favorito de K›ˆa, K›ˆa diz:

na tathÅ me priyatama, Åtma-yonir na Ía⁄karaÓna cha sa⁄kar›aˆo na ÍrÈr, naivÅtmÅ cha yathÅ bhavÅn

‘Ó Uddhava! Para não falar de outros devotos como Brah-mÅ, ßiva, Saˆkar›ana ou Lak›mÈ; você é mais querido por Mimque Minha própria vida.’ Você é um associado tão íntimo queK›ˆa dá mais valor a você do que à Sua própria vida”.

Uddhava disse: “Sim, evidentemente, por benevolênciaimotivada, Ele pode ter dito algo assim, mas não creio que euseja Seu verdadeiro devoto, especialmente após visitar VÂndÅ-vana. Todo meu orgulho se derreteu ao ver aqueles devotos. Oespírito de serviço e a intensidade de amor por K›ˆa que

vocês também orou:

vipadaÓ santu tÅÓ ÍaÍvat, tatra tatra jagad-gurobhavato darÍana˜ yat syÅd, apunar bhava-darÍanam

‘Que venham os perigos: que sempre me visitem. Não meimporto, porque isto trás K›ˆa mais perto de nós. Até gostamosdos perigos que trazem K›ˆa para nossa conexão íntima.’ Estafamosa afirmação de sua mãe, KuntÈdevÈ, ai permanece.”

Os PňÎavas, liderados por MahÅrÅj Yudhithira disseram:“Sim, K›ˆa nos visita de vez em quando, nos momentos degrande necessidade, mas quão afortunados são os Yadus! OSenhor K›ˆa sempre está com eles. Eles são tão orgulhosos deseu amo, o Senhor K›ˆa, que não se importam com qualqueroutro poder no mundo. São de tal maneira afortunados que oSenhor K›ˆa está sempre intimamente conectado com eles”.

Assim, NÅrada Muni foi até os Yadus e começou a cantarem seu louvor. Eles disseram: “O que você está dizendo, Devar›iNÅrada? K›ˆa está conosco, evidentemente, e em qualquermomento de grande perigo Ele vem ajudar, mas quanto nosimportamos com Ele? Estamos vivendo independentemente,sem nos importar com Sua existência. Mas, entre nós, Uddhava

128 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Níveis de Realização de Deus – 129...

verdadeira devoção, o verdadeiro amor divino, você deve ir aVÂndÅvana. Não nos ponha em posição incômoda, dizendo quepossuímos devoção por K›ˆa; isso nada mais é que umabrincadeira, uma afirmativa infundada. Encontro verdadeirosdevotos do Senhor em VÂndÅvana.

Dessa maneira, SanÅtana GoswÅmÈ tenta ao máximo levar-nos pelo caminho, mostrando-nos o desenvolvimento gradualda devoção por K›ˆa. PrahlÅda MahÅrÅj é aceito como a basede Íuddha-bhakti, o início do serviço devocional puro, porqueele está situado em ÍÅnta-rasa, o serviço devocional em neutra-lidade. Acima disto há dasya-rasa, amor a Deus em servidão,como foi mostrado por HanumÅn, e acima existe sakhya-rasa,ou o espírito de amizade. Este é exemplificado pelos PňÎavas.Uddhava é de algum modo sakhya, se conectando com vÅtsalya,amor paterno, e mÅdhurya, amor conjugal. Dessa maneira, pode-mos delinear o desenvolvimento progressivo da devoção.

Nossa adesão a K›ˆa se desenvolve dessa maneira atéVÂndÅvana. O acme do serviço devocional se encontra ali. Naconversa entre RamÅnanda RÅya e ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu,encontramos a menção de que o serviço devocional de RÅdhÅ-rÅˆÈ é categoricamente mais elevado que o das gopÈs (tebhyas tÅhpaÍu-pÅla-paˆkaja-dÂÍas tÅbhyo ‘pi sÅ rÅdhikÅ). O tipo de espírito

encontrei nos devotos de VÂndÅvana não tem paralelo. ÓDevar›i, não estou em lugar nenhum. Você conhece esta minhaafirmação? Ela está registrada no ßrÈmad-BhÅgavatam (10.47.61):

ÅsÅm aho charaˆa-reˆu-ju›Åm aha˜ syŘvÂndÅvane kim api gulma-latau›adhÈnÅmyÅ dustyaja˜ sva-janam Årya-patha˜ cha hitvÅbhejur mukunda-padavȘ Írutibhir vimÂgyÅm

‘As gopÈs de VÂndÅvana abandonaram seus esposos, filhos efamílias, que são muito difíceis de renunciar, e sacrificarammesmo seus princípios religiosos para se refugiarem aos pés delótus de K›ˆa, que são buscados até mesmo pelos própriosVedas. Oh! Conceda-me a fortuna de nascer como uma folhade grama em VÂndÅvana, para poder ter a poeira dos pés delótus daquelas grandes almas sobre a minha cabeça.’

Ali, revelei plenamente meu coração. A qualidade de amorpor K›ˆa que encontrei nas donzelas de VÂndÅvana é tãoexaltada que, o mínimo que eu podia, era aspirar nascer emVÂndÅvana como um pedaço de grama, para que a poeira dospés daquelas divinas donzelas pudesse tocar a minha cabeça.Assim, o que você está dizendo Devar›i? Se deseja ver a

130 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... Níveis de Realização de Deus – 131

Capítulo Nove

OO CCoonnccee ii tt oo KKrrssnnaarendição não é uma transação barata. Render-se significa

não só entregar as posses, mas compreender que as próprias possessão falsas. Não sou amo de nada. Não sou sequer amo de mimmesmo. Rendição significa dar tudo ao Guru, e livrar-nos daligação profana com tantas posses, para que elas não possammais nos perturbar ao sempre sugerir, “Você é meu amo”, e dessamaneira nos desencaminhar.

Devemos pensar que, “Tudo pertence ao Senhor e à Suadelegação, o Guru. Não sou amo de nada”. Devemos entendereste tipo de conhecimento, e isso será de grande ajuda paranosso progresso espiritual. Esta é a realidade. Temos de compre-ender este fato. Queremos a verdade, e queremos nos livrar dasfalsas noções. Assim, a apropriada dÈk›Å ou iniciação espiritualtransmite o conhecimento divino de que nada nos pertence;não apenas isto, mas que tudo pertence a Deus, inclusive nós

de serviço que ali encontramos é imensurável e inconcebível. ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu veio com esta qualidade de ade-

são à verdade: rendição incondicional. Ele veio buscar aquelafortuna de servir à verdade. Se pudermos buscar este tipo tãoelevado de existência, devemos nos considerar os maisafortunados.

A rendição de si mesmo é a própria base da nossa mais ele-vada fortuna. Não podemos nada mais que nos render aqualquer coisa bela e valiosa com que cruzemos. Nossa aprecia-ção por qualquer coisa mais elevada é avaliada pelo grau denossa rendição a ela. Assim, podemos medir a qualidade daverdade com a qual estamos conectados apenas através daintensidade de nossa rendição.

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tentar repetidamente progredir rumo à verdade e, quando nãoformos exitosos, nosso coração irá doer ao pensar que estamoscontinuamente sendo derrotados por todos os inimigos que noscercam.

COGUMELOS MENTAISMas o fogo da consciência de K›ˆa existe, e este fogo não

pode ser extinto. É uma centelha de verdade eterna. Assim, ofogo continuará, e chegará o dia em que os inimigos que noscercam terão de se retirar de uma vez por todas. Um diaobservaremos que K›ˆa gradualmente capturou nosso coraçãopor inteiro, e os outros terão se retirado para sempre; eles já nãoestarão presentes para nos causar problemas em nosso círculomental. Observaremos que aquelas coisas indesejáveis eramcomo cogumelos; elas vieram do nosso solo mental, e agora seforam e morreram. Todas partiram, e K›ˆa sozinho está nocoração. Neste momento, o coração está apenas repleto deK›ˆa, repleto da concepção K›ˆa.

ßrÈla BhaktisidhÅnta SaraswatÈ †hÅkur certa vez instruiuum discípulo, na hora da iniciação no mantra Hare K›ˆa, queK›ˆa deve receber permissão para desembarcar em nossos cora-ções, da mesma forma que um exército desembarca de uma

próprios. Esta é a concepção de dÈk›Å: “Pertenço a Ele; tudopertence a Ele. Sou Seu servo, e esses são objetos de Seu serviço.”Isto é realidade, e estamos sofrendo sob a não-realidade em ummundo imaginário. Estamos vivendo em um paraíso de tolos.Devemos jogar fora este paraíso de tolos e tentar entrar noverdadeiro paraíso. Quando deslumbrarmos a característica doambiente absoluto da realidade, e quando pudermos sentirapenas um pequeno interesse pela verdade, não poderemosmais saborear a parafernália deste mundo como fizemos no pas-sado. Porque obtivemos um verdadeiro gosto pela verdade supe-rior, não sentiremos mais encanto por este mundo material.Não sentiremos mais encorajamento para executar os deveres quese relacionam a este mundo de desfrute. Seremos indiferentes.

Sabemos que a conexão com o presente espírito de desfrutetraz uma reação dolorosa. Podemos entender isto, mas nãopodemos deixar para trás. No estágio de sÅdhana, ou práticaespiritual, não podemos cortar a conexão completamente.Ainda assim, não temos outra alternativa. Nossa afinidade pelaverdade positiva deve ser incrementada cada vez mais, e, gra-dualmente, nossa afinidade por nossa parafernália e obrigaçõesdesaparecerá. Embora possamos repetidamente não ser exito-sos, ainda assim seremos incapazes de abandonar a idéia. Vamos

134 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... O Conceito Krsna – 135...

proteger-nos, de modo que a consciência de K›ˆa não entre,mas K›ˆa é um ladrão, e um ladrão não precisa de convite.Nenhuma preparação é necessária para Sua auspiciosa vinda.Ele entrará por Seu próprio interesse, e este é o nosso consolo.Nosso consolo é que K›ˆa é um ladrão. MÅyÅ erigiu altos murospor todos os lados, mas nada é suficiente para parar a consciênciade K›ˆa. K›ˆa é um ladrão e, um dia, entrará furtivamente.

O devoto pode ficar desesperançado, pensando que, “O ini-migo se encontra em minha própria casa; meus próprios paren-tes são meus inimigos. Estou desesperançado”. Podemos ficardesapontados, mas a consciência de K›ˆa não nos deixará demodo algum. K›ˆa perseverará e, no decorrer do tempo, Eleconquistará, e outras coisas terão de ir embora, não importaquão intimamente relacionadas possam estar, guardadas emrecintos fechados e bem-protegidos de nossos corações. Terãode ir embora. Terão de deixar cada canto do coração. K›ˆaconquistará; K›ˆa capturará tudo. Os indesejáveis desejosluxuriosos de nossos corações são coisas estrangeiras. São ape-nas cogumelos. Como cogumelos, eles aparecem; mas não têmestabilidade permanente ou raiz. Eles não estão enraizados nosolo. Podemos achar que aquilo que temos estocado em nossoscorações é muito próximo e querido, e que já está misturado

esquadra. Um exército é carregado por um navio, e quandodesembarca, a luta começa; e eles capturam o país, e tal comoJúlio Cesar disse: “Vini vidi vinci”, eu vim, eu vi e eu venci; dessemodo, temos de permitir que K›ˆa aborde nossos corações.Então, a luta começará.

Qual é a proposta da consciência de K›ˆa, e qual é aproposta de tantas outras concepções? Todas estão nos dandosuas garantias desde tempos imemoriais, dizendo: “Vou dar-lheisto, vou dar-lhe aquilo”, mas a concepção de K›ˆa vai chegare dizer: “Minha afirmação é esta: tudo isto é Meu, e todos vocêssão invasores”. A luta começará; as coisas indesejáveis certamentese retirarão, e a consciência de K›ˆa capturará o coração porinteiro. Este é o processo. A consciência de K›ˆa tem apenas deabordar nossos corações. De uma forma ou outra, através de umdevoto puro, um pouquinho da verdadeira consciência de K›ˆa,deve entrar através de nossos ouvidos rumo a nossos corações, eK›ˆa fornecerá tudo que for necessário. A pessoa que se imbuiude até mesmo um leve interesse pela consciência de K›ˆa temgarantia de sucesso na vida espiritual hoje ou amanhã.

K®¢™A É UM LADRÃOPodemos ter erigido altos muros por todos os lados para

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Capítulo Dez

OO MM aa nn tt rr aa HH aa rr ee KK rr ss nn aa

ntes de cantar o Santo Nome de K›ˆa, devemos primeira-mente cantar o Pañcha-tattva mantra:

ÍrÈ k›ˆa-chaitanya, prabhu nityÅnandaÍrÈ advaita, gadÅdhara, ÍrÈvÅsÅdi gaura-bhakta-vÂnda

O Pañcha-tattva, ou os cinco aspectos da Verdade Absoluta,vieram para dar o mahÅ-mantra Hare K›ˆa aos devotos caídosdesta era, e assim eles são a representação geral do Guru para nós.Eles nos ajudam a entrar no domínio de K›ˆa e também noplano de ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu.

Após cantar o Pañcha-tattva mantra, devemos contar nascontas da japa-mÅlÅ e cantar o mahÅ-mantra:

conosco como parte de nossa existência, mas, quando aconsciência de K›ˆa entrar, todas essas coisas flutuarão comocogumelos.

Em última análise, elas são cogumelos; elas não têm raiz,nenhuma conexão com o solo. Estão apenas flutuando. Todosos interesses materiais estão apenas flutuando na superfície.Eles não estão profundamente enraizados dentro e fora do todode nossa existência. Apenas a consciência de K›ˆa tem suaexistência em todo lugar, dentro de todas as partes de nossaexistência. Assim, os cogumelos terão que desaparecer um dia.Isto é confirmado no ßrÈmad-BhÅgavatam (2.8.5):

pravi›ÊaÓ karˆa-randhreˆa, svanŘ bhÅva-saroruhamdhunoti Íamala˜ k›ˆaÓ, salilasya yathÅ Íarat

Quando K›ˆa entra no coração através do ouvido, Ele cap-tura a lótus do coração e então, gradualmente, faz toda a sujeirado coração desaparecer. Assim como, quando a estação deoutono vem, toda água em toda a parte torna-se pura, domesmo modo, quando K›ˆa entra em nossos corações, todas asimpurezas ali dentro gradualmente desvanecem, e apenas K›ˆapermanece para sempre.

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nÅma, ou o processo de realização de Deus especialmente desti-nado para esta era atual: Kali-yuga. Encontramos o mahÅ-mantramencionado em toda parte nos Purňas. Este mantra pode sercantado silenciosamente, mentalmente e alto. Ele nos foi dadopor MahÅprabhu como a recomendação geral para as almascaídas. Ele é dado para todos, sejam qualificados ou desqua-lificados. A única condição para recebê-lo é ÍraddhÅ, fé.

Menciona-se no Padma Purňa que existem dez tipos deofensas que devemos tentar evitar no cantar do mahÅ-mantraHare K›ˆa. Há também quatro tipos de nÅmÅbhÅsa, ou cantoapático, que não nos darão entrada no domínio da misericórdia.Mera liberação será obtida por este tipo de invocação.

Estes dois tipos impróprios de cantos surgem de nossas ten-dências para exploração e renúncia. Devemos cantar o Nomeno espírito de serviço e evitar as dez ofensas.

HOSTILIZAR SANTOSA primeira ofensa é hostilizar os devotos que são agentes da

propagação da grandeza e nobreza do Senhor Supremo, K›ˆa.Se hostilizamos e desonramos Seus agentes, o Nome ficainsatis-feito. Apenas os devotos de K›ˆa são verdadeirossantos, por-que estão em busca da vida eterna. As pessoas que

Hare K›ˆa, Hare K›ˆa, K›ˆa K›ˆa, Hare HareHare RÅma, Hare RÅma, RÅma RÅma, Hare Hare

Enquanto contamos nas contas e cantamos o Santo Nome,as contas devem ser colocadas dentro de um saquinho de pano,e o dedo indicador, que geralmente é considerado inauspicioso,não deve tocar as contas, mas sim permanecer fora do saquinho.Geralmente usamos o polegar e o dedo médio para contar.Deve-se cantar dezesseis voltas, como foi recomendado porBhaktivedÅnta SwÅmÈ MahÅrÅj, mas, se houver qualqueremergência, pode-se cantar pelo menos quatro voltas; a japamÅla nunca deve jejuar.

No processo de contar, começamos a partir das contasmaiores, e vamos até as menores, e novamente retornamos namesma linha. A conta gigante no centro é chamada de MonteSumeru. Não devemos cruzá-la.

Este harinÅma mahÅ-mantra é encontrado nos Upani›ads,bem como no Agni Purňa e no BrahmňÎa Purňa. NoKalisantaraˆa Upani›ad, ele é recomendado como o mantramais elevado, e acadêmicos mencionam este mantra comoapenas um meio de invocação; nenhum apelo deve estarapegado a ele. Este mahÅ-mantra Hare K›ˆa é o yuga dharma

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ainda assim, de acordo com nossa sinceridade de encontrar aDivindade, o Senhor descende e representa-se no Guru parasatisfazer nossa fome pela verdade. Devemos vê-lo como oagente do Senhor. Foi-nos aconselhado, de maneira geral, a nãopensar que o Guru é um ser mortal, porque se nossa tentativade alcançar o Absoluto for sincera, então Ele também virá nosliberar. Deus é onisciente, e assim, através de um agente parti-cular que age como Seu representante, Ele vem até aqui paranos aceitar e elevar ao plano superior. O conselho das escriturasguia a que vejamos o Guru como o representante do Absoluto,porque ninguém pode nos dar K›ˆa além dEle próprio.

Deve-se perceber a presença de Deus em nosso Gurudeva.Devemos ver que Deus veio para Se dar a nós. Geralmente,observamos sinais mortais no corpo do mestre espiritual, masdevemos transcender isto. A água do Ganges pode ser suja emsua aparência externa, mas ainda assim a água suja do Gangespode nos purificar através de seu contato. Para nossos sentidosmateriais a Deidade parece ser de madeira, pedra ou terra, masesta é nossa visão poluída. K›ˆa está ali, e, às vezes, Ele é vistocaminhando e falando com devotos de uma ordem superior.Não devemos pensar que Ele é feito de ingredientes materiais.Quando vamos e ficamos em pé diante da Deidade, não

adoram semideuses para ganho temporário não sãoconsideradas santas. Elas podem ser negligenciadas, pois nãosão devotas. Santo significa Vai›ˆava, ou devoto. Todos osoutros, tais como os adoradores dos semideuses, não sãoconsiderados santos. Nós os evitamos. Um santo é aquele quenão tem missão em sua vida além de ter uma ligação de serviçoamoroso com o Senhor Supremo. Somente aqueles que sãoagentes da verdade eterna, do bem absoluto, devem serconsiderados santos. Não devemos hostilizar tais pessoas santas.

ADORAÇÃO A SEMIDEUSESA segunda ofensa se refere a como devemos tratar os

semideuses, incluindo ßiva, ßakti, o deus do Sol e outros. Elesnão devem ser considerados iguais ou maiores que Vi›ˆu, ouK›ˆa. Eles estão sob Ele, e são inferiores a Ele. Eles recebemtarefas do Senhor Supremo, K›ˆa, e têm de desempenhar seusdeveres de acordo com Sua ordem. Eles nunca são iguais ousuperiores a K›ˆa.

GURU: BOM COMO DEUSA terceira ofensa é considerar o Guru um ser humano.

Embora tantos sintomas humanos possam ser encontrados nele,

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estão ligadas ao louvor da grandeza e nobreza de K›ˆa; e não asoutras. Não devemos hostilizar as escrituras que nos instruemsobre Deus e Seus devotos e que nos ensinam o bem eterno.

SANTO NOME: DEUS EM SOMA quinta ofensa é interpretar o Santo Nome de K›ˆa com

a ajuda de dicionário e gramática, para encontrar diversos signi-ficados nas palavras do Nome. O som é transcendental. Odicionário, a gramática e quaisquer outros livros de conheci-mento mundano não podem limitar ou qualificar o Santo Nome.Acima do som material do Nome está o som transcendentalinterno (Íabda brahma). O Nome em si é a Pessoa Supremaencarnada por Sua própria livre vontade. Ele é inseparável deSeu Nome e está plenamente presente em Sua forma sonora.

O vaikuˆÊha Íabda, som transcendental, é diferente do sommundano que pode ser produzido pela língua e pelos lábios. Namedicina homeopática, os glóbulos são aparentemente iguais,mas é a potência interna que é completamente importante. Éalgo assim. O som ordinário do Nome, e o som vibrado por umdevoto puro, vêm de planos diferentes. A diferença se encontrana potência interior. O Santo Nome desce do mundo espirituale vem se expressar, dançando sobre a língua. O som transcen-

devemos pensar que podemos vê-lO, mas que Ele está nosvendo. Ele está no plano subjetivo; eu sou Seu objeto.

Ele está misericordiosamente vendo-nos para nos purificar.Dessa maneira nossa visão deve ser ajustada. K›ˆa foi mortopor um caçador; os ateístas vão interpretar que este era umincidente ordinário, mas não se trata disto. SÈtÅ foi raptada porRÅvaˆa. Tudo isto é externo, tudo ilusório. A verdade real estáacima, no reino transcendental. Assim, somos solicitados peloshábeis transcendentalistas e pelo ÍÅstra a ver que nossoGurudeva está acima desses sinais mortais. K›ˆa diz:

ÅchÅrya˜ mŘ vijÅnÈyÅn, nÅvamanyeta karhichitna martya-buddhyÅsËyeta, sarva-devamayo guruÓ

“Eu próprio sou o ÅchÅrya. Não pense que o Guru é umhomem ordinário. Eu mesmo resido dentro do coração deGurudeva com todas Minhas partes integrantes, para obenefício do discípulo.”

BLASFEMAR AS ESCRITURASA quarta ofensa é ÍÅstra nindÅ; blasfemar o ÍÅstra, as

escrituras. Evidentemente, isso significa aquelas escrituras que

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é absoluto, e esses outros processos têm apenas uma posiçãoparcial, relativa. Outros processos são parciais; concedemalgum sucesso neste mundo mundano, mas o Santo Nome podedar o Próprio Senhor. Assim, nenhum outro processo depurificação pode manter a mesma posição do canto do SantoNome de K›ˆa. Ele é supremo e nada pode se aproximar dEle.

PROIBIDO AOS INFIÉISA nona ofensa é dar o Nome àqueles que não o merecem,

que não têm fé no canto do Nome. Uma má reação virá em suadireção se você os pressionar a cantar o Santo Nome. Também,não devemos fazer discípulos e dar-lhes iniciação harinÅma semobter qualquer inspiração. Cometeremos ofensas contra oNome se fizermos da atividade de dar o Nome um negócio. Sedermos o Nome a toda e qualquer pessoa, por cobiça de nostornarmos um guru, então isso será uma ofensa. Sem a sançãosuperior, se uma pessoa se apressa em tornar-se um Guru paraobter Nome e fama, com algum propósito mundano, então isto éuma grande ofensa.

DE VOLTA AO SUPREMOA décima ofensa é estar muito apegado a uma coisa em

dental do Santo Nome está inseparavelmente ligado com apessoa que ele representa.

A sexta ofensa é considerar as glórias do Santo Nome deK›ˆa como imaginação.

PECAR E CANTAR É SUICIDAA sétima ofensa é pecar sob a força do Santo Nome. As

escrituras declaram que um único Nome é suficiente paralimpar todos os pecados que uma pessoa possa cometer, e assim,se continuarmos cometendo muitos pecados com a idéia de quecantaremos o Nome para limpar o pecado, isso será uma ofensa aoNome, e não o Nome em si. Não podemos tentar utilizá-lO emnosso serviço; Ele está acima de toda esta mÅyÅ. O verdadeiroNome não aparecerá ali. Não devemos pensar que, “Posso fazerqualquer coisa, e o Nome me purificará”. Está escrito nasescrituras que, será suicida você continuar com este espírito.

HARE K®¢™A: A SUPREMA PURIFICAÇÃOA oitava ofensa é pensar que cantar o Santo Nome é outra

atividade piedosa como penitência, peregrinação, dar caridade,serviço ao país e assim por diante. Se pensamos no Santo Nomesuperficialmente, cometemos uma ofensa, porque o Santo Nome

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O Mantra Hare Krsna – 149...doce lar, e Ele é nosso doce guardião. Com este espírito, conti-nuaremos cantando o Santo Nome de K›ˆa.

Essas são as dez ofensas a serem evitadas no canto do mahÅ-mantra Hare K›ˆa: Hare K›ˆa, Hare K›ˆa, K›ˆa K›ˆa, HareHare, Hare RÅma, Hare RÅma, RÅma RÅma, Hare Hare.

NåMåBHåSA: A SOMBRA DO NOMENo canto do Santo Nome, existem também quatro tipos de

nÅmÅbhÅsas. NÅmÅbhÅsa significa uma conexão esmaecida como Santo Nome. NÅmÅbhÅsa não é ofensa nem espírito deserviço, mas está entre os dois. Sua base é a renúncia, mastambém devemos descartar esta indiferença e ficarmos ansiosospor servir o Nome, que é nosso amigo e amo. NÅmÅbhÅsa podeser classificado em quatro categorias. A primeira é sÅnketya˜:canto indireto, para indicar outra coisa, como no caso de AjÅmila.

AjÅmila era filho de um brÅhmaˆa. De alguma forma, eleentrou em contato com uma mulher de classe inferior e entrouem uma vida degradada como um salteador, bebendo e fazendomuitas outras coisas abomináveis. Depois de muitos anos,chegou a hora de sua morte. Enquanto jazia em coma, subita-mente viu três mensageiros com uma aparência horrível seacercando, pondo uma corda em volta de seu pescoço e come-

particular, ou ter demasiada afinidade com o corpo e com ariqueza corpórea. Quando um barco está ancorado, remarsimplesmente moverá o barco em volta da âncora. A âncoradeve ser levantada, e então o barco poderá mover-se adiante.Assim, não devemos nos ancorar a uma coisa particular. Deve-mos estar abertos. O Nome criará alguma transformação dentrodo sistema mental, e devemos estar abertos e aptos o bastantepara ir para onde o Nome nos enviar. Se tentarmoscuidadosamente evitar a transformação e nos apegarmos à nossavida atual, esta será uma ofennsa contra o Nome: convidá-lO e,então, ignorá-lO.

Não devemos aceitar o Nome como algo alienígena: Ele énosso amigo. Devemos estar à vontade com Ele. Vamos obteruma conexão muito suave e amistosa através da realização doSanto Nome de K›ˆa, que é todo-bom, todo-belo e todo-encantador. Através do canto do Santo Nome alcançaremos ofim mais desejável da vida e retornaremos a Deus, de volta aolar, e não para qualquer país.

Devemos tomar o Nome de uma maneira amigável,afetuosa. O Nome é o único objeto de nosso amor. Ele é nossoamigo e não qualquer rival. Assim, o Nome nos levará de voltapara casa, e não para qualquer terra estrangeira. Este é nosso

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muitos atos pecaminosos, e um único Nome de NÅrÅyaˆaacabará com aquilo tudo? Isso não é possível.”

“Oh, vocês não foram instruídos apropriadamente por seumestre. Agora que AjÅmila adotou o Nome de NÅrÅyaˆa, suajurisdição mudou de imediato. Ele não mais se encontra sob ajurisdição de seu mestre. Ele não lhes deu essa instrução?”

“Não, não, nós não sabemos dessas coisas todas.”“Então, vão embora e perguntem a ele.”AjÅmila foi liberto. Temerosos diante da postura e grandio-

sidade dos mensageiros de Vi›ˆu, os YamadËtas fugiram. Ajamilapensou: “Qual é a instrução a ser aprendida aqui?”

Isto é nÅmÅbhÅsa. É uma esmaecida conexão com o SantoNome. Não foi por fé, nem pela ordem de seu Guru, que elecantou o Nome de NÅrÅyaˆa. Não foi o caso dele ter proposita-damente invocado o Nome, mas, por acident,e o Nome reluziuem sua mente. Ainda assim, como resultado de sua atividadepiedosa anterior, o nÅmÅbhÅsa condeu-lhe a salvação.

AjÅmila despertou imediatamente; lembrou de todas suasatividades pecaminosas passadas e começou a se arrepender.Sem dizer uma simples palavra para a família ou amigos, elecomeçou sua caminhada rumo a Hardwar. Lá, cantou o Nomede NÅrÅyaˆa por longo tempo. No momento adequado, aqueles

çando a arrastá-lo para fora do corpo. Ele estava horrorizado.Pouco antes disto, ele vira seu filho NÅrÅyaˆa brincando ali

perto. Assim, buscou ajuda da criança e gritou: “NÅrÅyaˆa!”Mas enquanto chamava seu nome, AjÅmila pensou consigomesmo, “Que pode esse menino NÅrÅyaˆa fazer? Como elelidará com estas três figuras furiosas? Ele não é nada”. Dessemodo, através da conexão do Santo Nome de NÅrÅyaˆa, oSenhor NÅrÅyaˆa apareceu em sua mente.

Quando, em sua apreensão, seu chamado a NÅrÅyaˆa foisincero, quatro agentes de VaikuˆÊha desceram. Eles eramsóbrios e gentis, e dirigiram-se aos YamadËtas, os mensageirosda morte, dizendo:

“Quem são vocês? Por que vieram?”“Viemos porque este é o último dia de AjÅmila. Ele era um

grande pecador, e fomos enviados por nosso rei, YamarÅja, oSenhor da morte, para arrastá-lo até a punição.”

“Não sabem o que é dharma, dever?”“Sim, sabemos.”“Então, por que vocês estão aqui?”“Ele cometeu imensos pecados.”“Vocês não ouviram ele pronunciar o Nome de NÅrÅyaˆa.”“Sim, nós ouvimos. E daí? Toda Sua vida ele cometeu

150 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo O Mantra Hare Krsna – 151... ...

CANTO INDIRETOHelÅ é outro tipo de nÅmÅbhÅsa: canto negligente do Nome.

Quando estamos nos levantando da cama pela manhã, às vezesdizemos negligentemente, “Hare K›ˆa”. Dessa maneira,podemos nos livrar de nossa indolência. Mesmo aí pode havernÅmÅbhÅsa. Isso pode nos liberar de nossa posição atual, masnão pode nos fazer entrar em VaikuˆÊha. Isto é possível apenasatravés do serviço devocional.

Um muçulmano, que estava sendo morto pela presa de umjavali, gritou “Haram!” significando, “Isto é abominável!” mas,devido a seu sukÂti, ou créditos piedosos ateriores, isso seconverteu em nÅmÅbhÅsa, e ele alcançou a liberação cantandoo Nome do Senhor RÅma.

NÅmÅbhÅsa pode surgir, e mukti, a liberação, pode seefetivar, mas não podemos obter a oportunidade de serviço ali.Somente uma mente sobrecarregada com a atitude de serviço,nos levará ao plano sutil e superior, caso contrário, não. Se astendências para a renúncia e a exploração se misturarem anosso canto, isso não produzirá o resultado desejado.

O canto deve ser feito com uma atitude de serviço (sevon-mukhe hi jÈhvÅdau). Qual é nossa meta? Desejamos o serviço aoSenhor: “Morrer para viver”. Desejamos uma vida de pureza,

quatro Vi›ˆudËtas desceram com uma quadriga divina e olevaram ao domínio espiritual consciente de VaikuˆÊha.

BRINCAR E CANTARPÅrihÅsya é outro tipo de nÅmÅbhÅsa. PÅrihÅsya significa: de

brincadeira. Às vezes, brincando, podemos dizer, “Oh, você estácantando o Nome de K›ˆa?” Se uma pessoa está fazendo pia-das, ridicularizando os devotos Hare K›ˆa na rua, e diz “HareK›ˆa”, isso poderá ser nÅmÅbhÅsa, se estiver conectado a seuscréditos piedosos anteriores. É possível obter Mukti, ouliberação, por este tipo de canto, mas não a oportunidade parao serviço divino.

K®¢™A COMO CODINOMEOutra forma de nÅmÅbhÅsa é stobha: usar o Nome com

alguma outra intenção. Às vezes, as palavras NÅrÅyaˆa ouK›ˆa podem ser usadas com algum significado técnico, oucomo uma senha. JÈva GoswÅmÈ tirou proveito disso em seulivro de gramática sânscrita, o HarinÅmÅmÂta-vyÅkarana.Quando uma pessoa toca o tambor mÂda⁄ga, usando os Nomesgaura-nitÅi, gaura-nitÅi para representar as diferentes batidas,isso pode ser nÅmÅbhÅsa.

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Capítulo Onze

SSeerrvviiççøø ddoo SSaannttoo NNoommeestudante: Tenho uma pergunta sobre o canto do mantra

Hare K›ˆa em contas (japa-mÅlÅ). Meu mestre espiritual medeu muitos deveres de pregação, e, às vezes, quando tento meconcentrar em minha japa-mÅlÅ, ao invés de ouvir o SantoNome, penso em todos esses diferentes deveres que tenho de fazer.

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: ßrÈla BhaktisidhÅnta SaraswatȆhÅkur enfatizava que kÈrtana significa não só cantar alto oSanto Nome, mas pregar. JÈva GoswÅmÈ deu uma definição desa⁄kÈrtana: bahubhir militvÅ yat kÈrtana˜ tad eva sa⁄kÈrtanam,“Quando muitas pessoas se reúnem e glorificam o SenhorSupremo, K›ˆa, isto é conhecido como sa⁄kÈrtana”. ßrÈChaitanya MahÅprabhu veio e introduziu sa⁄kÈrtana. Nesta erade Kali, se o Santo Nome for cantado congregacionalmente, osesforços combinados serão frutíferos, (sa⁄go Íakti kalau yuge).Esta é a diferença entre a missão de pregação de ßrÈla

que seja plena de altruísmo; desejamos uma vida generosa.Desejamos viver a vida daqueles que não querem extrair, masdar. Desejamos uma vida civilizada no domínio da civilizaçãosuperior, onde todos são uma unidade doadora, uma unidadeemanadora, e não uma unidade absorvedora. Ali, todos sãoespecialmente harmoniosos e centralizados em Deus. São todosde natureza divina. E divindade significa dedicação ao centrode toda harmonia, ao bem absoluto. Assim, com este espírito,devemos cantar o Santo Nome, e toda ação será feita comdevoção por K›ˆa. Devemos tentar tomar a linha positiva deserviço a Vi›ˆu e ao Vai›ˆava, a K›ˆa e aos Seus devotos, e,com este tipo de atitude, devemos cantar o Santo Nome deK›ˆa.

154 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

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EE

oposição. KÈrtana significa uma luta. KÈrtana cria a vibraçãodivina que lutará contra todas as vibrações ordinárias queflutuam neste mundo em ondas sutis e grosseiras. Assim,PrabhupÅda nos disse que nossas contas de tulasi não devemjejuar. Seu conselho mínimo era que devemos fazer algumserviço, na forma do canto de Hare K›ˆa, enquanto contamosnas contas, pelo menos uma vez por dia. Suas palavras exatasforam mÅlikÅ upabÅsa nÅ: “As contas não devem jejuar”. E suainstrução geral era de pregar o máximo possível.

Certa vez, tive uma conversa com um dos grandes líderesespirituais do templo de Udupi, em Madras. Ele me disse: “Àsvezes, prego sobre MadhvÅchÅrya e o culto bhakti, mas não tenhotempo para sÅdhana, (práticas espirituais reguladas tais comojapa, gayÅtrÈ mantra, estudo das escrituras e assim por diante)”.Eu o apoiei. Nosso Guru MahÅrÅj disse que hari-kathÅ, pregarsobre K›ˆa, não é menos importante que sÅdhana. Ao con-trário, é algo mais vivo. A pregação é mais vital. Quandoestamos pregando, automaticamente precisamos ter máximaconcentração. Por outro lado, enquanto cantamos em nossascontas de japa, podemos estar mentalmente ausentes. Quandofalamos sobre K›ˆa para outra pessoa, temos de estar comple-tamente atentos. Caso contrário, não podemos falar com

BhaktisidhÅnta SaraswatÈ †hÅkur e o assim-chamado bhajanados sahajiyÅs, ou imitadores.

Certa vez, um de nossos irmãos espirituais foi severamenteadvertido por nosso Guru MahÅrÅj. Ele era um homem de bomcaráter, mas sua tendência geralmente se voltava para nÅmabhajana. Ele não gostava de fazer qualquer outro serviço, masestava apenas inclinado a cantar o Nome de K›ˆa em suascontas. Eu estava encarregado do templo de Delhi naquelaocasião e tinha muita intimidade com ele, e assim escrevi aPrabhupÅda: “Se o senhor permitir, gostaria de ocupar meuirmão espiritual em algum trabalho de pregação aqui no templode Delhi”. A carta que PrabhupÅda escreveu ainda está comigo.Ele escreveu em sua carta, “Se você puder levá-lo para lá e fazê-lo ajudar no trabalho de pregação, então estará fazendo oserviço de um verdadeiro amigo para ele. Não considero quesentar na selva de Balihati e apenas cantar, contar nas contas,seja k›ˆÅnuÍÈilanam, cultivo apropriado da consciência de K›ˆa.”

PREGAÇÃO SIGNIFICA UMA LUTAAssim, kÈrtana significa pregação –Íravaˆam, kÈrtanam.

KÈrtana não significa simplesmente cantar alto, mas pregar. Epregar significa que tem de haver uma luta com o grupo da

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Assim, o verdadeiro serviço a K›ˆa é pregação (sa⁄kÈrtana),e não o contar em contas (japa). Mas, porque assumimos umvoto, como é ordenado por MahÅprabhu e por nosso Gurudeva,devemos cantar o Santo Nome contando nas contas; é nossodever. Nosso Guru Maharaj nos disse, “As contas de japa nãodevem jejuar”. Assim, se nos ocupamos em trabalho de prega-ção, não deve haver dúvida de que estamos realmente obede-cendo à ordem de MahÅprabhu. Embora ele tenha aconselhadoa cantar cem mil Nomes, ou sessenta-e-quatro voltas por dia,esta é uma afirmação circunstancial. O que é de fato completa-mente importante é o espírito de serviço. Nunca ouvimos que asgopÈs sempre contam o Nome em contas de tulasi, todavia elasdetêm a posição mais elevada no serviço a K›ˆa em VÂndÅvana.

TREM EXPRESSO DE V®NDåVANAAssim, o K›ˆa-nÅma nos ajudará muito a ir rumo a VÂndÅ-

vana. Sua importância está ali. Como um trem expresso, oSanto Nome de K›ˆa nos carrega à meta sem parar em qual-quer outra estação. Se cantamos o Nome sem qualquer pedidoformal, sem pedir: “Dê-me isto ou dê-me aquilo”, ele age comoum trem especial, que vai até VÂndÅvana, sem paradas. Lá, asimpurezas de karma e jñÅna estão ausentes. Os devotos de

precisão. Quando falarmos sobre K›ˆa, toda nossa atençãoficará automaticamente concentrada. E ao escrever sobreK›ˆa, a acuidade é ainda mais necessária que ao se falar sobreK›ˆa. Assim, escrever também é kÈrtana. O cultivo deconsciência de K›ˆa pode ser até mesmo mais intenso quandoestamos ocupados em escrever sobre K›ˆa.

GAU∂ÏYA MATH: GUERRA CONTRA MåYåAssim, a missão de pregação de ßrÈla BhaktisidhÅnta

SaraswatÈ †hÅkur, a GauÎiya MaÊh, declarou guerra totalitáriacontra mÅyÅ, a ilusão, e mesmo contra todas as demais concep-ções de religião existentes. E nossas autoridades são o ßrÈmad-BhÅgavatam e ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu. O amor divino é asuprema meta para toda alma. Beleza e amor são o summumbonum, a nossa conquista máxima; este –e não o poder– é oprincípio controlador último. E beleza e amor são encontradosem sua posição mais elevada em K›ˆa, em VÂndÅvana. A con-cepção última da Verdade Absoluta é a realidade, o belo e a doamor divino. Ao mesmo tempo, a diferença entre luxúria eamor deve ser claramente compreendida. Isso não deve ser malinterpretado. O acme da dedicação é demonstrado no amor doshabitantes de Vraja.

Serviço do Santo Nome – 159158 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

diferentes maneiras, a nossa realização do Santo Nome. MasßrÈla RËpa GoswÅmÈ nos deu um pensamento central. Ele citao Padma Purňa: ataÓ ÍrÈ k›ˆa nÅmÅdi na bhaved grÅhyamindriyaiÓ. Nossos sentidos, físicos ou mentais, são inelegíveispara entrar em contato com o transcendental. O Nome é não-material (aprÅkÂta), sem limitação mundana (vaikuˆÊha).Pertence a outro plano. Assim, nada sobre K›ˆa –Seu Nome,forma, qualidades ou passatempos– pode ser tocado pelos nossossentidos físicos ou mentais. Mas quando temos uma atitude deserviço, ele desce até nós por Sua própria conta. Somente entãoa nossa língua pode pronunciar o Nome de K›ˆa. Casocontrário, somente se produz o som físico das letras do Nome.Nossa língua, nossas mãos, o som físico, todas essas coisasmundanas não podem entrar em contato com K›ˆa. Algummeio interveniente é necessário para conectar este corpo como supramundano. E essa conexão está em nosso desejo intensode servir a K›ˆa, de satisfazê-lO. Uma lâmpada não iluminaráse não houver eletricidade. A lâmpada se acenderá somentequando a corrente elétrica estiver presente. Assim, o Nomepode aparecer na língua e no ouvido, na mente, na escrita, masdevemos ter a conexão de Vaikuntha com este mundo mun-dano. E esta conexão é o serviço devocional, uma atitude

VÂndÅvana simplesmente pensam: “Quero K›ˆa. Não sei o queé bom ou mau. Apenas quero K›ˆa”.

Estudante: Quantas voltas seu Guru Maharaj pediu queseus discípulos iniciados cantassem diariamente? Ele prescreviaalgum número?

ßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Sua recomendação geral era quecantássemos vinte-e-cinco mil Nomes, dezesseis voltas diaria-mente, ou ao menos quatro. Quando alguém não tinha trabalho,poderia cantar cem mil Nomes, ou sessenta e quatro voltas.

Estudante: BhaktisidhÅnta SaraswatÈ †hÅkur iniciaria emharinÅma alguém que pudesse cantar só quatro voltas ao dia?

QUALIDADE, NÃO QUANTIDADEßrÈla ßrÈdhar MahÅrÅj: Não havia tal consideração.

Formalmente, uma pessoa tinha de executar algum número devoltas, mas não havia limitação rígida. O que ele esperava denós era uma ocupação intensa no serviço ao Senhor, sob a orien-tação de um Vai›ˆava, porque o ponto todo-importante é oserviço. Nossa conquista da meta não é assegurada simples-mente por aumentar o número de vezes que repetimos o Nome;somente aumentando a qualidade alcançaremos o sucesso.

Existem várias afirmativas nas escrituras que encorajam, em

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ouvido e nos revelará Sua forma, qualidades e passatempos. OSanto Nome não é físico, é aprÅkÂta, transcendental, supra-mundano. Somente através de nossa atitude de serviço eledescerá a este mundo mundano.

Nosso Guru MahÅrÅj dava maior ênfase ao desenvolvimentode uma atitude de serviço. Caso contrário, tudo é falso, tudo éimitação. E as pessoas dirão, “Oh, não existe K›ˆa ali! Esseshomens são hipócritas. Eles estão apenas dançando e fazendobarulho, não estão sobrecarregados com um espírito de servi-ço”. Somente através do serviço podemos entrar diretamenteem contato com K›ˆa. O verdadeiro ponto é praticar o pro-cesso de alcançar o espírito de serviço, vai›ˆava seva. O Vai›ˆavaestá servindo, e devemos embeber dele os métodos de alcançaresta atitude de serviço.

Sob a ordem de um devoto, devemos praticar o ato daentrega. A abnegação e dedicação do ego são necessárias. Essacoisa positiva receberemos de um devoto. Se for dado a criançascaneta e papel no início, isso não será frutífero, e assim dá-seuma pedra para que possam praticar escrever sobre a terra.Desse modo, no início, devemos tentar praticar como desen-volver uma atitude de serviço, o hábito da dedicação. Esta énossa riqueza inata, e este é nosso consolo.

funcional de serviço. Somente isso pode conectar o reino físicocom VaikuˆÊha e VÂndÅvana.

DISPARANDO MANTRAS DE FESTIMK›ˆa aparecerá por Sua própria vontade. Ele descerá sobre

a língua, e então a língua será capaz de cantar o Nome de K›ˆa.Um revólver sem balas de verdade mas apenas de festim podefazer algum som, mas nenhuma bala realmente é disparada. Damesma forma, o canto do Nome de K›ˆa sem atitude de ser-viço produz som, mas isto é apenas de boca. É como disparar umrevólver com balas de festim, ao invés de balas de verdade.Nosso canto do Santo Nome de K›ˆa deve estar sobrecarregadode um temperamento servil, da tendência a satisfazer K›ˆa.

Caso contrário, o som que produzirmos será falso. Seráapenas uma imitação, ou uma permutação. O Santo Nome nãopode ser experimentado pelos nossos sentidos. Ele é supra-mental e transcendental. O som ordinário deste mundomundano não pode ser o Nome de K›ˆa. Nosso ouvido nãopode mesmo ouvir o Nome se esse mediador, a atitude deserviço, não estiver presente. A ansiedade por satisfazer avontade de K›ˆa tem de intermediar K›ˆa e o ouvido, atravésda mente. Somente então o Nome de K›ˆa entrará em nosso

162 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Serviço do Santo Nome – 163...

Capítulo Doze

NNééccttaarr ddoo SSaannttoo NNoommeeão apenas é necessário o som do Santo Nome de K›ˆa, mas

também o significado adequado, a substância, o espírito do som.Somente o aspecto físico do Santo Nome –e não o Nome real–é representado em nÅma-aparÅdha, o canto ofensivo. O Nomereal é todo-espiritual, nÅmÅk›ara bÅhirÅya baÊe tabhu nÅma kabhunaya: o som das letras do Nome sozinho nunca é o Nome real.Isto é explicado no Prema-vaivarta de JagadÅnanda PaˆÎita,um livro repleto de conclusões filosóficas sobre a consciência deK›ˆa. Ele foi publicado e editado por Bhaktivinod †hÅkura. Lávocê encontrará esta passagem: nÅmÅk›ara bÅhirÅya baÊe tabhunÅma kabhu naya; meramente o som do Santo Nome de K›ˆanunca deve ser visto como sendo o verdadeiro Nome.

Mesmo em nÅmÅbhÅsa –o crepúsculo do Santo Nome queocorre antes do canto puro sem ofensas– o som do Nome estáali presente, mas a substância interna do Nome não está.

Se tentamos desenvolver uma atitude de serviço, o devotopuro nos ajudará. É dito que, se uma pessoa é mesquinha, eladeve, pelo menos, dar alguma coisa usada em caridade aqualquer pessoa. Diz-se a um mesquinho: “Pelo menos dê umpouco de cinzas aos outros e faça sua mão desenvolver o hábitode dar”. Assim, o espírito de serviço é algo elevado. Devemospraticar dar-nos no serviço a K›ˆa.

Não devemos ter medo de não estarmos alcançando a formamais elevada de serviço em nÅmabhajam, a adoração do SantoNome. Não devemos pensar: “Por que me pediram para varrero templo? Qualquer pessoa ordinária pode fazer isto”. Nãodevemos temer isso. É necessário que adquiramos uma atitudede serviço. A entrega do eu, a ausência de egoísmo, e o auto-esquecimento são necessários. É dito que Sócrates deu umexemplo de auto-esquecimento, e que Jesus Cristo é um exem-plo de auto-sacrifício, e para que propósito? Para a causa doSupremo. E para isso temos de ter uma conexão positiva comum devoto. Sob sua ordem vamos nos conectar com o plano deserviço. Nossa energia pode se dirigir ao plano transcendentalapenas por sua graça ou mediação. Desse modo, nosso GuruMahÅrÅj, ßrÈla BhaktisidhÅnta SaraswatÈ †hÅkur, depositavanoventa por cento de ênfase no desenvolvimento de umaatitude de serviço para com a pregação, e esta deve ser a nossameta, não importa qual seja a nossa posição.

164 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo

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...

NN

irradia dos capítulos aúreos dos Upani›ads, a jóia dos Vedas.Você é eternamente adorado e cantado pelas grandes almasliberadas como NÅrada e Sukadeva GoswÅmÈ. Ó harinÅma! Lim-pando-me de todas as ofensas, refugio-me totalmente em Você”.

RËpa GoswÅmÈ diz que muitas almas liberadas adoram oSanto Nome de K›ˆa, oferecendo seus respeitos de todos oslados. Ele explica que a grandeza do Santo Nome não pode serecontrada nas escrituras comuns, mas se você estudar todas elascomo um todo, encontrará o mesmo espírito do Santo Nome.As pessoas comuns não podem encontrar isso em seu estudo,mas existem aqueles que podem coletar a verdadeira substância,o verdadeiro propósito daqueles vastos escritos e detectar agrandeza do Santo Nome como o significado pleno de todas asprincipais escrituras védicas.

SELVA DE SONSOs códigos principais no Íruti, os Vedas, estão oferecendo

indicações sobre o Santo Nome de K›ˆa. ßruti significa Íabda:aquilo que pode ser captado pelo ouvido, a forma sonora da ver-dade revelada que veio do alto. Os Vedas, naturalmente, dizemque podemos nos aproximar da realidade suprema apenas atravésdo som. Caso contrário, eles seriam suicidas. Se não dissessem

NÅmÅbhÅsa pode dar-nos mukti, ou emancipação do lado nega-tivo, o mundo material. Mas ali não podemos participar do ladopositivo, o mundo espiritual. O Nome está ausente lá. O SantoNome de K›ˆa é algo positivo, e se realmente desejamos umcontato com o Nome, devemos obter admissão no mundo posi-tivo. Enquanto estamos no lado negativo, como podemos entrarem contato com o Nome? NÅmÅbhÅsa pode nos conceder aliberação mas não a participação no reino devocional. Assim, oNome real não é encontrado em nÅmÅbhÅsa.

JÓIAS DOS VEDASSomente um grupo particular de almas liberadas adota o

Santo Nome; e não todas elas. ßrÈla RËpa GoswÅmÈ escreveuem seu NÅmÅ›Êakam (1):

nikhila-Íruti-mauli ratna mÅlÅdyuti nirÅjita-pÅda-pa⁄kajÅntaayi mukta-kulair upÅsyamÅna˜paritas tvŘ hari-nÅma sa˜ÍrayÅmi

“Ó Santo Nome! As pontas dos dedos de Seus pés de lótussão eternamente adoradas pela refulgência deslumbrante que

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tentando nos mostrar os pés de lótus do Santo Nome, assimcomo durante o Årati a lamparina de ghee nos ajuda a ver afigura do Senhor. Podemos ter uma visão geral da deidade, mascom a ajuda da lamparina, podemos ter uma concepção parti-cular das diferentes partes do corpo do Senhor. Similarmente,encontramos que os principais Írutis, com sua luz, tentam nosmostrar a porção inferior do Santo Nome de K›ˆa. Eles estãonos conduzindo e ajudando a obter uma concepção da partemais remota do Santo Nome, uma vaga concepção de que oNome é tudo. RËpa GoswÅmÈ diz que todos aqueles que sãorealmente liberados estão cercando o Santo Nome e ofere-cendo louvor e adoração. Ele ora, “Neste espírito, refugio-meno Santo Nome de K›ˆa”.

O verdadeiro significado dos Vedas é difícil de entender.Algumas pessoas dirão, “Cantar Hare K›ˆa não é recomen-dado nos Vedas. Ao contrário, as vezes ‘K›ˆa’ é mencionadocomo o Nome de um demônio. Por que devemos cantar oNome de K›ˆa?” Nos Vedas (ChÅndogya Upani›ad 8.13.1),encontramos este verso:

ÍyÅmÅch chavala˜ prapadye, ÍavalÅch chyÅma˜ prapadye

que só através do som alcançaremos a verdade, qual seria anecessidade dos Vedas, que são apenas sons corporificados? E, sepudermos traçar sua real característica, encontraremos que oprincipal Veda diz que através do cultivo do som podemosalcançar o Senhor. Desse modo, podemos chegar a entender issoapenas através do som (Íabda pramňam). Somente o som podeconceder a realidade. Os Vedas precisam dizer isso, casocontrário, seriam apenas uma ineficaz selva de sons.

ßruti significa aquilo que pode ser recebido através do ouvi-do, e tal som é absoluto. Os Írutis vem para declarar que apenasatravés do som podemos alcançar o fim máximo. Os principaiscódigos (sËtras) do Íruti nos informam: nikhila Íruti mauli ratnamÅlÅ. Mauli significa as principais escrituras. Elas são comomuitas gemas ou jóias, formando um colar. Os pés de lótus doSanto Nome estão sendo revelados através do seu brilho. Assimcomo, quando executamos Årati, oferecemos uma lamparina paramostrar a forma da Deidade do Senhor mais claramente àspessoas ordinárias, os principais Írutis nos ajudam a obter apercepção de que podemos ter o Senhor Supremo somenteatravés do som.

RËpa GoswÅmÈ diz que se formos mais atentos a seu signi-ficado, encontraremos que os principais Írutis estão apenas

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ao Nome de K›ˆa, aquele som central do qual todos os mantrasvédicos surgiram para nos oferecer alguma idéia do aspectosonoro do centro absoluto. Este é o argumento de RËpa GoswÅmÈ.

Os ramos dos Vedas são todos sons, e tantos sons tem de virde uma posição central. Eles apenas podem orientar aquele quetem visão apropriada rumo à fonte do som, dizendo: “Vá! Corranaquela direção! Em nossa fonte, você encontrará tudo. Esta-mos representando parcialmente tantas coisas, mas temos umcentro, temos uma fonte. Vá naquela direção e encontrará osom que pode suficientemente satisfazê-lo, e você também poderáser apresentado a outros aspectos daquele som”.

O Santo Nome de K›ˆa é o mais importante; ele é nadamenos que o próprio K›ˆa. Ele representa plenamente o todo.RËpa GoswÅmÈ diz, “Ó Santo Nome, refugio-me aos seus pés delótus. Você é o grande som central que dá coesão a todos os sonsdas escrituras reveladas”.

SanÅtana GoswÅmÈ, mestre espiritual de RËpa GoswÅmÈ, diz:

jayati jayati nÅmÅnanda rËpa˜ murÅrerviramita nija dharma dhyÅna pËjyÅdi yatnamkatham api sakÂd-Åtta˜ muktida˜ prňinŘ yatparamam amÂtam eka˜ jÈvana˜ bhË›aˆa˜ me

“Com a ajuda do negro (ÍyÅma), seremos introduzidos aoserviço do branco (ÍavalÅ); com a ajuda do branco (ÍavalÅ),seremos introduzidos ao serviço do negro (ÍyÅma)”. Qual osignificado deste verso? Nossos ÅchÅryas explicaram que o abso-luto pode ser compreendido com a ajuda da energia e doenergético. ßyÅma significa K›ˆa, que é anegrado, e ÍavalÅ,branco, significa RÅdhÅrňÈ. Assim, com a ajuda de RÅdhÅ,podemos ter o serviço de K›ˆa, e com a ajuda de K›ˆa, pode-mos ter o serviço de RÅdhÅrňÈ.

DEUS ATRAVÉS DO SOMAssim, RËpa GoswÅmÈ diz que um estudo apenas superficial

dos Vedas nos frustrará. Mas se, com a mente positiva, buscar-mos pela graça dos sÅdhus, dos ÅchÅryas e dos mahÅjanas, desco-briremos que os principais Írutis estão nos levando rumo àconcepção de que o objeto de todos os sons védicos é aquelesom central: o Santo Nome de K›ˆa. Existem muitas seçõesdos Vedas que vêm para distribuir as notícias do reino absoluto,mas tem de haver um centro. Assim, todos os principais sonsestão emitindo luz como tochas, para nos mostrar que eles temum som central que representa o todo supremo, e este é K›ˆa.Muitas almas liberadas estão à volta oferecendo seus respeitos

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retirar completamente de todas essas outras fases de nossa vidadivina. Teremos de nos retirar de qualquer trabalho, mesmo queele possa ser feito para K›ˆa. Teremos de abandonar a medita-ção interna e o calculismo, e mesmo o puja, a adoração emveneração e reverência. O Santo Nome parará todas essas ten-dências, e encontraremos tanta doçura no canto do Nome quenão seremos capazes de dar atenção a nada mais. Quandorealmente entrarmos em contato com o aspecto sonoro doabsoluto, então todos nossos outros entusiasmados esforços efunções serão paralizados. Seremos incapazes de tentá-los.Tomaremos apenas o Nome. Então, quando o Nome nos dernovamente a oportunidade de executar outro serviço, seremoscapazes de fazê-lo. O Nome tem tamanho poder, tamanhapotência, que parará os demais ramos de serviço, e nos encantará.

QUERO MILHÕES DE OUVIDOS!Nos escritos de RËpa GoswÅmÈ encontramos este verso:

tuˆÎe tňÎavanÈ rati˜ vitanute tuˆÎÅvali-labdhayekarˆa-kroda kaÎambinÈ ghaÊayate karˆÅrbhudebhyaÓ spÂhÅmchetaÓ prÅ⁄gaˆa-sa⁄ginÈ vijayate sarvendriyÅnŘ kÂti˜no jÅne janitÅ kiyabdhir amÂtaiÓ k›ˆeti varˆa-dvayÈ

“Que o êxtase no serviço ao divino Nome seja vitorioso. Sede alguma forma pudermos entrar em contato com aquele som,nÅma rËpa˜ murÅreÓ, então todas nossas demais atividadesserão paralizadas; não teremos necessidade de realizar qualqueroutra atividade. Se pudermos alcançar o serviço ao Nomedivino de K›ˆa, nossos muitos variados deveres não terãoimportância para nós em absoluto”.

Dharma significa a ocupação dos karmis, ou trabalhadoresfruitivos. DhyÅna significa retirar-se deste mundo físico e rea-lizar meditação interior, tentando explorar o mundo interno.Ambas essas atividades são interrompidas, paralizadas peloêxtase do serviço ao divino Nome.

A seita de RÅmÅnuja adora Lak›mÈ-NÅrÅyaˆa no espírito deopulência e veneração, em VaikuˆÊha. Através do êxtase doSanto Nome, isto também será paralizado. Uma pessoa queobtém a real graça do Nome divino de K›ˆa se retirará de todasas fases destes diferentes tipos de adoração, a saber: varnÅÍramadharma, ou dever social, dhyÅna, a meditação interna dos jñÅnis(especuladores mentais) e iogues, e puja, a opulenta adoraçãode VaikuˆÊha, após a liberação, que atrai os seguidores daRÅmÅnuja sampradÅya. O Santo Nome nos levará à percepçãode Goloka, a própria morada de K›ˆa, onde teremos de nos

Néctar do Santo Nome – 173172 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

o NÅmÅ›Êakam, as oito preces glorificando o Santo Nome, escritaspor RËpa GoswÅmÈ. Tudo é descrito ali muito belamente.

Ele escreve: “Meu coração é como um deserto, quente comos raios do sol. Esta é minha condição mental interna. O desejopor coisas mortais não pode me satisfazer porque, por natureza,elas produzem a morte. E não apenas um ou dois, mas milharesdestes desejos produtores de morte se refugiaram em minha mente.Assim, minha região subconsciente está sempre queimando.Esta é minha condição.

“Mas, de alguma forma, pela graça do sÅdhu e do Guru, oSanto Nome de K›ˆa, com sua perspectiva infinita, entrouatravés dos orifícios de meus ouvidos e alcançou o plano de meucoração. E lá, com alguma esperança peculiar, com infinitaspossibilidades auspiciosas, ele tocou meu coração com um novotipo de néctar.

ÊXTASE DO NOME“Nova esperança surge através daquele som. Então, à força,

ele vem do coração rumo à língua. Não é que pelo esforço deminha língua eu esteja produzindo tal som –não. Aquilo queveio do coração de um santo através de meu ouvido, que entrouem meu coração, e que forçosamente apareceu em minha

“Quando o Santo Nome de K›ˆa descende e captura alíngua e os lábios, ele os controla tão fortemente que os ocupaem cantar o Santo Nome como se os lábios e a língua tivessemenlouquecido. Dessa maneira, o poder do Nome descendeneles, e sente-se que somente uma língua e uma boca não são obastante; milhares de bocas são necessárias para saborear oNome. Então, o Santo Nome de K›ˆa entra pelo ouvido comtão grande força e impacto que os ouvidos são capturados, epensa-se que apenas dois ouvidos são insuficientes; não sãonada; deseja-se ter milhões de ouvidos. O néctar do SantoNome vem como uma inundação, através de nossos ouvidos,forçando seu caminho para dentro do coração.

“Ele é tão doce que conforme caminha para capturar ocoração, o centro de todos os sentidos, tudo é paralizado. Ondequer que o doce agressor toque, tudo é capturado com tal inten-sidade que tudo mais é ignorado. RËpa GoswÅmÈ escreve: “Nãosei, não posso dizer, falho em expressar quanto néctar existe noSanto Nome de K›ˆa. Essas duas sílabas contém tanta doçura,e uma qualidade tão elevada de doçura! E esta doçura é tãoagressiva que captura tudo”. Este verso é encontrado noVidagdha MÅdhava, escrito por ßrÈla RËpa GoswÅmÈ.

Em seu livro, ßaraˆÅgati, ßrÈla Bhaktivinod †hÅkur explicou

174 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Néctar do Santo Nome – 175...

OCEANO DE NÉCTARÀs vezes, ele pensa: “Estou em um oceano de néctar. Toda

minha existência está dentro de um oceano de líquido nectari-no. Estou ao lado de mim mesmo. Não posso entender ondeestou. Onde estou? O que é isto? O que ocorre comigo? Issoquase me deixou louco. Estarei louco? Onde está minha expe-riência passada, minha seriedade, minha gravidade, onde estão?O que sou eu?

“Fui convertido totalmente por algo estranho. Sou umboneco nas mãos de uma grande força, que também é muitoafetuosa comigo. Não consigo saber como é possível que atravésde minha fé eu tenha entrado neste grandioso ambiente desco-nhecido, nunca antes experimentado.

“E, finalmente, percebo que estou cativado. Todo meu ser,por dentro e por fora, foi capturado por uma força particular edoce. Não posso evitar ser vitima de um poder tão doce. Nãoposso dar qualquer descrição adequada disto. Vim me refugiarsob Ele e aceitá-lO como meu guardião; e agora, em Suas mãos,estou sendo tratado de maneira tão despótica e sem misericór-dia. Ainda assim, sinto que tudo é muito agradável, além deminha experiência. O que é isto?

“Não posso resistir mais. Estou plenamente capturado. Que

língua, e começou a dançar –isso é o Santo Nome de verdade.Ele vem de cima. Não pode ser produzido pela forma materialdesta língua. Sua fonte está acima.”

“E através de um agente do absoluto, ele vem através doouvido, rumo ao coração. No coração ele obtém algumasimpatia e então o Santo Nome de K›ˆa forçosamente aparecena língua, e começa a dançar. Com grande força ele vem até aponta da língua, e este doce som começa sua dança”.

Os verdadeiros efeitos do divino Nome são descritos aqui.Caso seja o Nome vivo e verdadeiro, a voz se embargará, haverátremores no corpo, e as pernas serão incapazes de permanecerem pé. Às vezes, lágrimas fluirão em uma corrente pelo corpo eos pelos se arrepiarão. Às vezes, mudanças de cor serãoencontradas no corpo e seremos incapazes de encontrarqualquer vestígio de mente ou consciência. Poderemos cairdesmaiados, todo o corpo e a mente parecerão estar sendoatacados, tremendo, sendo influenciados de diferentesmaneiras. Aparentemente, parecerá que muitos problemasserão criados no corpo e na mente, mas o coração em si estaráse inundando com um tipo particular de estranho e doce sumo.

176 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Néctar do Santo Nome – 177...

ambiente é muito favorável e doce. Você deve viver aqui’.“Vejo que Ele está lidando de diferentes maneiras com Seus

associados, em diferentes rasas. E observo que tenho outrocorpo que emergiu de meu corpo anterior, e que este tem umlugar permanente aqui em Seu serviço. Esta é a nova vida queencontro aqui. Então, descubro, finalmente, que toda minhaconsideração por minha vida e experiência passadas se extin-guiu. E é verdade: minha verdadeira vida é aqui. Esta é verda-deira, e aquela era um engodo, aquela vida se acabou.

“Nisso, observo que o canto do Santo Nome me dá novoencorajamento, uma nova perspectiva e uma nova esperança.Tudo o que desejamos, qualquer que seja nossa demandainterna, é suprido pelo Nome. Se tomarmos o Nome, todosnossos anseios internos serão satisfeitos. Ele é eterno, é o maispuro entre os puros e é pleno de êxtase. Agora observo que fuicompletamente convertido.

“Agora, meu anseio mais íntimo é este: que tudo que sejacontra este doce Nome se apague eternamente do mundo. Sehouver qualquer coisa em oposição a esta doce vida, que se apa-gue, e, se necessário, darei minha vida para fazer isto desapa-recer do mundo para sempre. Então, outros serão capazes dedesfrutá-lO à vontade. Nenhum obstáculo deve surgir para tal

meu destino vá aonde quizer. Não posso escapar. Estou cativonas mãos de um doce amigo; toda minha independência se foi.Não há alternativa para mim além da rendição. Sou incapaz dedescrever minha real posição. Descubro que Ele é um autocrata.Tudo que Ele quizer fazer, fará. Uma vez que não me é possívelopor qualquer resistência, devo render-me. Deixe que eu tam-bém coopere com qualquer coisa que Lhe aprouver. De outromodo, o que posso fazer? Estou desamparado.

“Às vezes, observo que a doçura do Nome está condensadacomo uma flor desabrochante, e maravilhosíssimas correntes dedoces ondas estão fluindo dele. O Santo Nome contém dentrode Si doces correntes com tantas formas e variações, e Ele estámaravilhosamente Se expressando de diferentes formas. Àsvezes, Ele emana um tipo peculiar de cor e figura e desaparece.

“Tantos aspectos encantadores são mostrados, como quepara meus olhos internos, e Ele forçosamente me leva a render-me aos pés daquele altar. Ele Se mostra em Sua forma completa,em VÂndÅvana, em Sua Vraja lÈlÅ, com RÅdhÅrňÈ, e me levapara lá. Descubro que estou em meio à Sua parafernália pecu-liar, que é muito doce e amorosa. E Ele diz, ‘Você vê! Tenhotantas coisas maravilhosas. Este é seu lar. Não Sou mera imagi-nação, mas realidade concreta. Aqui você observará que o

178 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo Néctar do Santo Nome – 179...

Capítulo Treze

AA RReeaall iiddaaddee,, oo BBeellooÅmÅnanda RÅya era um homem casado, mas foi reconhecido

por ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu como mestre de seus sentidosao grau extremo. Certa vez, um sacerdote brÅhmaˆa chamadoPradyumna MiÍra veio até MahÅprabhu e disse: “ Gostaria deouvir falar sobre K›ˆa de Seus lábios. MahÅprabhu disse: “Nãosei nada sobre K›ˆa, mas RÅmÅnanda RÅya sim sabe. Vá até láe ouça sobre K›ˆa. Fale em Meu nome, e talvez ele fale consigo”.

Pradyumna MiÍra estava hesitante, mas foi e observouRÅmÅnanda RÅya por algum tempo. Logo retornou e fez umrelato a MahÅprabhu. MahÅprabhu perguntou-lhe: “Você ouviuRÅmÅnanda falar a respeito de K›ˆa?”

“Não.” “Por quê?” “Eu o vi ocupado em algo duvidoso. Observei-o por algum

tempo, e então voltei aqui.”

satisfação da vida. Isto não tem comparação. Assim, todospodem vir aqui, e se necessário, me sacrificarei para terminarcom qualquer oposição, de modo a que todos possam de formasuave, pacifica e sem qualquer perigo, desfrutar esta vidaabsoluta, doce e bem-aventurada.” Esta é a afirmação de ßrÈlaBhaktivinod †hÅkur, na canção final de seu livro, ßaraˆÅgati(Rendição).

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problema. Não temos experiência direta de um estágio quepossa ser alcançado em que seja possível estar acima do prazersensual mundano, mas simplesmente ouvimos através das escri-turas que existe um estágio em que um homem pode transcen-der todos esses apegos grosseiros.

“Isso é mencionado no ßrÈmad-BhÅgavatam (10.33.39):

vikrÈdita˜ vraja-vadhËbhir ida˜ cha vi›ˆoÓÍraddhÅnvito ‘nuÍÂnuyÅd atha varˆayed yaÓbhakti˜ parŘ bhagavati pratilabhya kÅma˜hÂd-rogam ÅÍv apahinoty achireˆa dhÈraÓ

‘A pessoa que ouve com fé firme sobre os passatemposamorosos supramundanos do Senhor K›ˆa com as gopÈs des-critos por um devoto puro do Senhor, logo liberta-se da luxúriamundana e alcança amor divino por K›ˆa.’ A pessoa podeestar ocupada corporeamente em tais atividades, enquanto seucoração está em outra parte. Existe apenas uma pessoa dessetipo: RÅmÅnanda RÅya. Não há um grande número de RÅmÅ-nandas; existe apenas um RÅmÅnanda, que adquiriu tal estágioporque é bem versado no tipo de sentimento e realizaçãonecessário para o serviço a K›ˆa e às gopÈs. Seu coração é

“O que você viu?” Pradyumna MiÍra disse: “Vi RÅmÅnanda RÅya treinando

algumas jovens dançarinas!”As meninas que geralmente são devotadas ao serviço da

Deidade de JagannÅtha desde bens jovens são conhecidas comodevadÅsÈs. Elas não se casam, e, às vezes, seu carater não é muitobom. Pradyumna MiÍra viu RÅmÅnanda RÅya treinando deva-dÅsÈs de uma maneira muito duvidosa, mostrando-lhes comodançar e cantar diante da Deidade de JagannÅtha. Mostrava-lhes como deveria ser sua postura. Como deveriam gesticular, ecomo suas silhuetas deveriam ser sedutoras. E para este treino,ele às vezes até mesmo tocava suas partes privadas. Assim,Pradyumna MiÍra disse a MahÅprabhu: “Vendo RÅmÅnandafazer todas essas coisas não pude respeitá-lo, e assim o viativamente ocupado naquele afazer, por algum tempo, e depoisfui embora.”

MESTRE DOS SENTIDOSMahÅprabhu disse: “Não subestime RÅmÅnanda RÅya. Ele é

o mestre de seus sentidos. Não há uma mácula sequer de malí-cia nele. Até mesmo Eu sinto problemas com a perturbação dossentidos dentro de Mim, mas RÅmÅnanda não tem esse

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SanÅtana, ouvi de RÅmÅnanda.” É mencionado que MahÅ-prabhu tomou dÈk›Å, iniciação, de ÏÍvara PurÈ; para propósitosde pregação, Ele tomou sannyÅsa, a ordem renunciada, deKeÍava BhÅratÈ, e para ingressar nos passatempos transcenden-tais de K›ˆa em VÂndÅvana, Ele tomou iniciação rÅga mÅrga deRÅmÅnanda RÅya. Evidentemente, ÏÍvara PurÈ, KeÍava BhÅratÈe RÅmÅnanda RÅya nunca se julgavam Gurus de ßrÈ ChaitanyaMahÅprabhu. Mas observa-se que MahÅprabhu tratava RÅmÅ-nanda com algum respeito.

É mencionado no Chaitanya CharitÅmÂta (Madhya 8.204)que, se uma pessoa quiser entrar na devoção espontânea dospassatempos de K›ˆa em Vraja, é necessário que tome abrigo emuma criada confidencial em humor conjugal, mÅdhurya rasa (sakhivinÅ ei lÈlÅya anyera nÅhi gati). Elas são mestras daquela situação.Todo reservatório desta mÅdhurya lÈlÅ está nas mãos daquelas cria-das. Somente elas podem dá-la aos outros. Em mÅdhurya rasa, oGuru é visto na forma e espírito de uma sakhÈ, uma criada deRÅdhÅrÅˆÈ (guru rËpa sakhÈ). RÅmÅnanda RÅya era ViÍÅkhÅ-sakhÈ,a assistente pessoal e braço-direito de ßrÈmati RÅdhÅrňÈ.

ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu nos dá um exemplo da neces-sidade de nos aproximarmos de um associado confidencial deßrÈmati RÅdhÅrÅˆÈ quando diz a RÅmÅnanda:

completamente dedicado à causa de K›ˆa ele não tem inte-resse egoísta. Está sempre em consciência de K›ˆa, e tudo quefaz é para a satisfação de K›ˆa; assim, não pense mal dele. Válá novamente”.

LOUCO POR K®¢™AEntão, Pradyumna MiÍra foi novamente ver RÅmÅnanda

RÅya, e RÅmÅnanda começou sua conversa dizendo: “Oh,naquele dia não pude receber você. Mas você veio novamentepara ouvir sobre K›ˆa. Quão afortunado sou!”

Pela manhã, RÅmÅnanda RÅya começou a falar, e, quandoveio a tarde, ele ainda falava loucamente sobre K›ˆa. Esqueceu-se completamente de comer, banhar-se, ou qualquer outracoisa. Estava enlouquecido, falando incessantemente de K›ˆa.Então, quando já era tarde, seus servos vieram duas, três vezes,para pedir-lhe que se banhasse e comesse seu jantar, e final-mente ele teve de deixar a conversa e ir.

Em seguida, Pradyumna MiÍra retornou a MahÅprabhu edisse: “Sim, ouvi RÅmÅnanda RÅya, e meu coração está satis-feito por ter ouvido sobre K›ˆa de sua parte.”

O próprio MahÅprabhu havia ouvido RÅmÅnanda RÅya, edisse: “RÅmÅnanda sabe o que é K›ˆa. O que ensinei a RËpa e

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que ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu começou a abordagem do ser-viço devocional puro de uma maneira geral e compreensiva.Isso se encontra registrado no Madhya-lÈlÅ do Chaitanya-CharitÅmÂta (8.51-313). Ele perguntou a RÅmÅnanda RÅya,prabhu kahe, –paÎa Íloka sÅdhyera nirˆaya: “Qual é a meta últimada vida? Não desejo apenas ouvir suas afirmações mas tambéma evidência das escrituras”.

A resposta veio de RÅmÅnanda RÅya: rÅya kahe, –sva-dharmÅcharane vi›ˆu-bhakti haya. “Desempenhe seu própriodever sem esperar nada em troca”. Sva dharma significavarnÅÍrama dharma, a divisão social védica. “Você está situadoem sua posição atual devido a seu karma anterior. De acordocom sua posição atual, você tem de desempenhar seus deveressob uma condição: deve fazê-lo sem remuneração. Se continuarcom seus deveres em varnÅÍrama dharma, sem qualquer metamundana, você poderá alcançar vi›ˆubhakti, devoção a Deus.Isso é confirmado no Vi›ˆu Purňa (3.8.9):

varˆÅÍramÅchÅra-vatÅ, puru›eˆa paraÓ pumÅnvi›ˆur ÅrÅdhyate panthÅ, nÅnyat tat-to›a-kÅraˆam

“A única maneira de satisfazer a Suprema Personalidade de

kibÅ vipra, kibÅ nyÅsÈ ÍËdra kene naya, yei k›ˆa-tattva vettÅ sei ‘guru’ haya

“Por que você evita Me instruir? Estou aprendendo tantocom você. Você é bem versado nos afazeres de K›ˆa, e assim éum Guru; portanto o estou ouvindo. Quem quer que seja amodaquele reservatório de K›ˆa-lÈlÅ, e quem quer que possadistribui-lo, é um Guru; quanto a isto não há dúvida.”

A famosa conversa entre RÅmÅnanda RÅya e ßrÈ ChaitanyaMahÅprabhu teve lugar às margens do rio GodÅvarÈ. O NomeGodÅvarÈ é significativo, pois indica aquele lugar onde a maiselevada satisfação de nossos sentidos foi dada. A mais completaocupação de todos nossos sentidos foi anunciada ali às margensdo GodÅvarÈ: “Seus sentidos não devem ser rejeitados. Se vocêabandonar o espírito de exploração e renúncia, então seus sen-tidos terão sua satisfação em K›ˆa. Essas tendências impedemsua aproximação de K›ˆa; para aproximar-se propriamente deK›ˆa, você terá de utilizar seus sentidos ao máximo”. Isso foitratado às margens do GodÅvarÈ.

A META ÚLTIMA DA VIDAFoi lá, nessas Suas famosas conversas com RÅmÅnanda RÅya

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K›ˆa é a essência de toda a perfeição”. No varnÅÍrama dharmaé corrente que as pessoas geralmente se ocupem em atividadesexternas e não se importem de abandonar os frutos de suasações. Mesmo que o façam, não têm consciência direta deVi›ˆu ou K›ˆa. Elas adoram a deusa DurgÅ, realizam a cerimô-nia fúnebre ÍraddhÅ e executam tantas outras práticas religiosas.Indiretamente, isso está, em última análise, conectado a Vi›ˆu.Elas podem ou não saber, mas existe o elo. Esta é a concepçãogeral de varnÅÍrama. Mas aqui RÅmÅnanda diz que será melhorter consciência direta de que K›ˆa é a autoridade. Todos osresultados de tudo que fazemos dentro do sistema social dovarnÅÍrama devem ser entregues a K›ˆa. Se executamos todasnossas atividades físicas, sociais, nacionais e espirituais emconsciência de K›ˆa, então podemos nos aproximar da satis-fação de nossa meta na vida.

ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu disse: “Isto é superficial; vá maisfundo”. Então RÅmÅnanda RÅya revelou nova luz, citando oBhagavad-gÈtÅ (18.66): sarva-dharmÅn parityajya mÅm eka˜Íaraˆa˜ vraja, “Abandone todos seus deveres e simplesmenterenda-se a Mim”. Devemos ter intimidade com o objetivo davida e não com as atividades externas do varnÅÍrama. Menorimportância deve ser dada à forma de nossa atividade; seja eu

Deus, o Senhor Vi›ˆu, é adorá-lO, executando apropriadamentenossos deveres no sistema social de varˆa e ÅÍrama.” Aqui,RÅmÅnanda RÅya diz que vi›ˆu-bhakti, a adesão ao Senhor quetudo permeia, é o objetivo e destino último de nossa vida. Esseé o conceito VÅsudeva: tudo está nEle, e Ele está em toda parte.RÅmÅnanda explicou que, a partir de nossos interesses locais,devemos chegar a abraçar o interesse geral, e este deve chegarao nível da consciência de Vi›ˆu: vi›ˆu-bhakti. O objetivo davida é nossa submissão a Vi›ˆu, o espírito interno que se encon-tra em toda a parte. Devemos nos conectar a Ele e viver deacordo; não uma vida fenomenal, mas uma vida espiritualpertinente a um plano mais profundo, mais sutil.

DEVOÇÃO MISTURADA COM DESEJOSßrÈ Chaitanya MahÅprabhu disse: “Isso é superficial; vá mais

fundo”. Evidentemente, pode-se pensar que a verdadeira vidateísta começa aqui, abandonando propósitos especiais, locais eagindo por um propósito universal, como já foi ordenado eprogramado nos Vedas e Upani›ads. Mas ßrÈ Chaitanya MahÅ-prabhu disse: “Isso é superficial; vá mais fundo”.

Então, RÅmÅnanda RÅya disse: k›ˆe karmÅrpaˆa—sarva-sÅdhya-sÅra: “Oferecer os resultados de nossas atividades a

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espírito acima da matéria nada tem a ver com este mundomundano. Qualquer perda ou ganho neste mundo mundanonão tem nenhuma utilidade para ela. Ela é espírito; sua pers-pectiva está no mundo da alma, e ela nada tem a ver com estemundo material, seja ele elogiável ou censurável. Ela já seencontra estabelecida na consciência de que é a própria alma enada tem a ver com a matéria, e assim sente satisfação dentrode si mesma. Ela é ÅtmÅrÅma: contente em si; ela nem selamenta nem aspira por nada. Se perde algo, por acaso selamenta? Não. Ela pensa, “Isto é nada; é apenas matéria”. Equando obtém algo, não fica excessivamente encantada, por-que aquilo é apenas matéria, algo desnecessário e sem impor-tância. Agora, pode começar o verdadeiro serviço devocional;sua alma pode começar a viver no plano espiritual, com umapura atitude de serviço, sem mistura de qualquer aspiraçãomundana. Quando uma pessoa alcança a plataforma espiritualobtém a oportunidade de praticar um tipo superior de serviço.

ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu disse: “Isto também é super-ficial. Tal pessoa está apenas no limiar do serviço devocional.Ela não tem um toque substancial de devoção. Ela não entrouno domínio de bhakti; está apenas aguardando na posição mar-ginal, à porta. Ela pode alcançar bhakti, mas ainda não

um rei, um brÅhmaˆa intelectual, ou um trabalhador, isto nãoimporta. Podemos pensar, “Tenho este tipo de dever, tenhoaquele tipo de dever”, mas isso não importa muito. Não deve-mos ter apego a isso. O rei pode deixar seu reino e adotar umavida bramínica de renúncia e austeridade. Um ÍËdra pode aban-donar seu trabalho, tornar-se um mendigo e cantar o Nome deK›ˆa. Um brÅhmaˆa pode abandonar sua prática de sacrifício etornar-se um mendigo. Assim, devemos ser versados na meta davida e não na forma que assume nosso dever. Devemos nosdevotar exclusivamente à causa do Senhor, ignorando nossapresente parafernália e dever.

CONHECIMENTO E DEVOÇÃOßrÈ Chaitanya MahÅprabhu disse: “Isto também é super-

ficial; vá adiante. Aprofunde-se.” Então, RÅmÅnanda RÅyaexplicou jñÅna-miÍra bhakti, o serviço devocional mesclado aoconhecimento, e citou o Bhagavad-gÈtÅ (18.54) onde K›ˆa diz:

brahma-bhËtaÓ prasannÅtmÅ, na Íochati na kÅ⁄k›atisamaÓ sarve›u bhËte›u, mad-bhakti˜ labhate parÅm

A pessoa que chegou ao estágio de se identificar com o

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perda; seu ganho será grande”. Podemos pensar, “Sou umaidentidade separada e independente, e assim, em minha conta,não deve haver perda. Devo permanecer aqui com minha cabe-ça ereta”, mas assim não vai dar. Devemos ir ali como escravos,não como mestres. Este tipo de mentalidade é necessária: deve-mos prostrar nossas cabeças. Não é que com nossas cabeçaseretas, marcharemos sobre tudo; mas tudo ali é superior emqualidade a nós.

ESCRAVIDÃO DIVINAAssim, temos de entrar naquela terra transcendental, onde

mesmo a terra, a água, o ar e tudo que encontramos, é feito desubstâncias superiores à de que somos feitos. Eles são todosGurus, e nós somos discípulos. Eles são todos mestres, e nóssomos servos; temos de entrar na terra onde tudo é nossomestre. Teremos de nos submeter; esta será nossa verdadeiraqualificação. Aquilo que nos for ordenado, teremos que fazer.Não temos de exercitar tanto nosso cérebro lá. Lá o cérebro nãotem lugar; todos têm muito mais cérebro do que nós. Nossocérebro é desnecessário lá; somente nossas mãos são neces-sárias. Lá o trabalho servil é necessário. Já existem bastantescérebros. Estamos destinados a entrar naquela terra, se o

alcançou. Suas forças negativas terminaram, mas ainda seencontra simplesmente à porta; ainda não entrou. Ela podeentrar ou não entrar. Dali, se obtiver algo, isso será puro, masela ainda se encontra na porta”.

“VÁ MAIS FUNDO” ALÉM DO ESPÍRITORÅmÅnanda RÅya então disse: jñÅne prayÅsam udapÅsya

namanta eva: “É muito difícil ultrapassar o encanto do conhe-cimento”. Pensamos, “Quero, primeiro, compreender tudo e,então, agirei”. Cálculo e suspeita subliminar estão presentes.Antes de agir, queremos conhecer tudo plenamente; somenteentão arriscaremos nosso capital. O ego, o “Eu”, é muito forte,e a pessoa quer fazer um balanço de sua perda e ganho. Elapensa, “Sou o mestre. A chave está em minha mão, quero testartudo, quero conhecer tudo isso. Sei o que é bom para mim”.Assim, pensamos ser os mestres e não os servos, e dessa posiçãode mestres fazemos nossa indagação.

Mas esta mentalidade calculista deve ser abandonada, sedesejamos absolutamente entrar no domínio do Senhor, ondetudo é superior a nós. Ninguém ali vai se importar de vir emnossa direção com uma explicação, pensando que somos seumestre. Eles não nos reassegurarão, dizendo: “Sim, não haverá

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ajudarão; os sÅdhus virão e o farão entender que devemos nostornar escravos, que K›ˆa gosta muito de Seus escravos. Ele éo amo dos escravos, e às vezes Ele quer tornar-se um escravo deSeus escravos (gopÈ-bhartuÓ pada-kamalayor dÅsa-dÅsÅnudÅsaÓ).Esta é a chave do sucesso, e podemos alcançar o maior ganhoatravés dessa atitude.

ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu disse a RÅmÅnanda RÅya: “Sim,isto é verdade. O inconquistável é conquistado pela rendição.Podemos capturá-lO. Aceito isto como o plano inicial do amordivino: ao nos entregarmos, podemos obter tanto quantoarriscamos. O quanto nos arriscarmos dando-nos, o mesmopoderemos demandar daquele infinito inconquistável”. ßrÈChaitanya MahÅprabhu disse: “Aceito isto como o começo deÍuddha-bhakti, serviço devocional puro. Mas vá adiante.”

A CIÊNCIA DE RASARÅmÅnanda RÅya explicou que, a partir dali, o serviço devo-

cional puro se desenvolve de forma crua, de maneira geral, equando se torna mais maduro, assume a forma de ÍÅnta,neutralidade, dÅsya, servidão, sakhya, amizade, vÅtsalya, afeiçãopaterna, e mÅdhurya rasa, amor conjugal. Em ÍÅnta rasa, existeadesão. Em ni›Êha, a pessoa pensa: “Não posso retirar-me desta

desejamos. É a terra da escravidão para nós. Assim, devemosodiosamente demitir nossos cérebros, e, apenas com nossoscorações, devemos nos aproximar daquela terra e nela entrar.

Devemos pensar: “Sou tão insignificante como ummosquito”, assim como o Senhor BrahmÅ fez quando foi aDwÅrakÅ visitar o Senhor K›ˆa. E isto não é apenas por algumtempo; não é que alguém vá aceitar uma atitude humilde, ter-minar seu trabalho e não voltar. Não. Teremos de aceitar estaposição insignificante eternamente. Evidentemente, podemosesperar ser educados pela consciência de K›ˆa: como ela é boa,como ela é grande, como ela nos é útil. Receberemos a opor-tunidade de paripraÍna: indagação honesta. No reino transcen-dental, todos são nossos amigos. Eles virão nos ajudar, fazer-nosentender que o serviço devocional é belo e que a consciênciade K›ˆa é a melhor forma de vida. Nossa aspiração e pureza depropósito devem ser avaliadas e não nossa posição externa. Osrecrutadores daquele lado considerarão nossa pureza depropósito, não tanto nossa presente posição e capacidade.

Embora aparentemente pareça que estamos nos tornandoescravos, o resultado será justamente o oposto. Se você puderaceitar tal atitude de rendição e escravidão, então Aquele quenunca pode ser conquistado será conquistado. Amigos virão e o

A Realidade, o Belo – 195194 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

e metade de sakhya rasa. Completa confiança não é possível ali.Veneração, reverência, esplendor, grandeza, pompa, apreensão,tudo isso se extingue quando desenvolvemos uma relação maisconfidencial com o Senhor Supremo. Nesse momento, o objetode nossa adoração ou amor se transforma. Então, de VaikuˆÊha,sentimos atração por AyodhyÅ, a morada divina do SenhorRÅmachandra, onde há neutralidade, servidão, e amizade comVibhÈ›aˆa e SugrÈva. Lá, também podemos vislumbrar vÅtsalyarasa, amor paterno por Deus.

DEUS, O FILHOEm vÅtsalya rasa, a confiança se desenvolve ao estágio pecu-

liar no qual o servo julga-se promovido ao posto de proteger oobjeto de sua veneração. Afeição filial também é serviço.Embora pareça que os pais sejam mestres da situação, contro-lando o Senhor como seu filho, às vezes castigando-O epunindo-O, esta é uma visão superficial. Se entrarmos naprofundidade de seu serviço, encontraremos um amor incom-parável do tipo mais peculiar. Superficialmente, eles estãoocupados em punir e chamar a atenção do Senhor; no fundo,eles estão cheios de interesse pelo bem estar do objeto de seuserviço. VÅtsalya, ou amor paterno por Deus, é um tipo peculiar

consciência de contínua submissão à verdade”.A neutralidade transforma-se em dÅsya rasa, o desejo de

executar algum serviço. Quando o devoto não está satisfeito emapenas sentar-se, mostrando lealdade à Autoridade Suprema,ele deseja ser utilizado por Ele. Ele espera a ordem do Senhor,orando para que o Senhor possa dar-lhe alguma ocupação.Quando o devoto se aprofunda tanto que quer ser utilizado dequalquer forma pelo Senhor, isto é conhecido como dÅsya rasa,ou devoção no espírito de serviço. Depois há sakhya rasa:serviço devocional em amizade.

DEUS, O AMIGOQuando, em dÅsya rasa, se acresce confiança ao serviço,

então este se torna um pouco superior. Geralmente, velhosservos que são fiéis tornam-se servos confidenciais; e assim,quando o estágio confidencial é adicionado ao serviço, ele setorna sakhya rasa, ou serviço devocional como um amigo doSenhor. Primeiro há ni›Êha, adesão e submissão, depois o devotodeseja ser utilizado para Sua satisfação, então há a utilizaçãoconfidencial, e então ele chega ao serviço amistoso, sakhya rasa.

Em VaikuˆÊha, onde o Senhor NÅrÅyaˆa é servido emdevoção calculativa, encontra-se apenas Íanta rasa, dÅsya rasa,

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peculiar de atitude de serviço. Este é o critério: eles podemabandonar suas vidas mil vezes para tirar um espinho de Suasola. Eles podem se sacrificar mil vezes pela mais leve satisfaçãodo seu amigo. Eles O consideram mil vezes mais valioso que suaprópria vida. Em vÅtsalya rasa, também, o critério é semelhante:pelo mais leve interesse do objeto de sua veneração, eles podemdar suas vidas milhões de vezes. Tal afeição encontra-se ali.

E depois, de vÅtsalya, progride-se para o amor conjugal(mÅdhurya rasa), o rasa todo-abrangente que inclui adesão(ÍÅnta-ni›ÊhÅ), serviço (dÅsya), confiança amistosa (sakhya), eamor paterno (vÅtsalya rasa). Mas a completa dedicação de todoátomo de nossa existência para a satisfação de K›ˆa é encon-trada em mÅdhurya rasa, que inclui todos os demais rasas.

AMOR DE AMANTEE mÅdhurya rasa é mais realçado quando se estabelece na

forma de parakÈya, ou relação de amante. Em parakÈya rasa, asgopÈs arriscam tudo pelo serviço a K›ˆa. ParakÈya rasa assumeduas formas: em uma, não há obrigação de nada; a união podeacontecer ou não. Então, porque seu encontro é muito raro,torna-se ainda mais doce. Há outro tipo de parakÈya rasa:ouvimos que alimentos ordinários não são agradáveis a K›ˆa,

de amor divino. Vemos um leve tipo de vÅtsalya em AyodhyÅ,ou seja, é quase ignorado.

MATHURå: O CONCEITO K®¢™ARËpa GoswÅmÈ saltou de VaikuˆÊha a MathurÅ de um só

pulo. Em seu UpadeÍamÂita (9), ele escreve: vaikuˆÊhaj janitovarÅ madhu-purÈ tatrÅpi rÅsotsavÅd: “MathurÅ é superior aVaikuˆÊha, porque o Senhor ßrÈ K›ˆa apareceu lá”. É ali quetudo é mostrado de uma maneira clara e substancial. EmMathurÅ, observamos o conceito K›ˆa de Deus. Em um únicoimpulso, ele foi de VaikuˆÊha para o conceito K›ˆa, masSanÅtana GoswÅmÈ preencheu a lacuna. Em seu livro, BÂhad-BhÅgavatÅmÂita, ele diz que a caminho de MathurÅ existeAyodhyÅ, o reino espiritual do Senhor RÅma, e lá encontramossakhya e vÅtsalya rasa.

Mas RËpa GoswÅmÈ vai a MathurÅ de uma vez. Ele diz:“Vem a MathurÅ; aqui você encontrará sakhya e vÅtsalya rasaclaramente visíveis”. Ele mostrou como o serviço em sakhyarasa está ali presente. Os devotos ali estão brincando comK›ˆa, às vezes montando em Seus ombros, e talvez às vezes atédando-Lhe um tabefe. Mas, embora eles possam se misturarcom Ele dessa maneira, seu coração está repleto de um tipo

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mos alguma apreensão de que ele nos castigaria dizendo: “Porque vocês fizeram este empréstimo?” Mas, ao contrário, ele nosofereceu sua apreciação: “Vocês arriscaram seu futuro no servi-ço a K›ˆa. Vocês fizeram um empréstimo, e isso significa queterão de pagá-lo, e assim ocuparam sua energia futura no servi-ço a K›ˆa. Terão de coletar o dinheiro e pagar o empréstimo,e desta forma se estabelece o serviço com risco para o futuro”.As gopÈs arriscaram conscientemente seu futuro: “Deso-bedecemos nossos superiores e as orientações dos Vedas; o quefazemos não é aprovado pela sociedade, nem pelos livros reli-giosos; nosso futuro é negro”. Ainda assim, elas nada podiamfazer além de servir a K›ˆa.

Desta forma, vaikuˆÊhÅj janito varÅ madhu-purÈ tatrÅpirÅsotsavÅd. Janito significa vÅtsalya rasa e mÅdhurya rasa emVÂndÅvana: rÅdhÅ-kuˆÎam ihÅpi gokula-pateÓ. Em mÅdhurya rasamostram-se três grupos: VÂndÅvana em geral, grupos seletos emGovardhana e o grupo mais elevado em RÅdhÅ-kuˆÎa. Todasessas coisas foram mostradas na conversa entre RÅmÅnandaRÅya e ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu.

RåDHå: A RAINHA DAS GOPÏSDepois disto, ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu disse: “Vá

mas quando Ele toma alimentos roubando, isto Lhe é maissaboroso. Se pudermos acompanhar esta arte, isto também podeser aplicado no caso de parakÈya rasa. “Estou enganando ogrupo, obtendo o que quero. Estou roubando a propriedadealheia”. Este tipo de postura torna-se mais saborosa ao gruposubjetivo.

E o grupo dedicado arrisca tudo: seu bom nome, sociedade,futuro, e mesmo o ditame das escrituras religiosas. Assumem umrisco completo. Como ocorreu certa vez, quando estávamos emMadras e o Rei de Jaipur deu algum dinheiro para a construçãode um templo. O dinheiro foi enviado para nosso escritóriocentral em Calcutá. De um total de 5.000 rúpias, a primeiraparcela era de 1.000 rúpias, e a construção começou aoenviarmos um trabalhador de nosso centro principal. Depois,MÅdhava MahÅrÅj e eu fomos enviados a Madras, onde ouvi-mos que o rei logo viria. Para mostrar-lhe que algum trabalhotinha sido feito, erguemos a construção até certo ponto, paraque o rei pudesse ser informado: “Seu dinheiro foi gasto e,agora, é necessário a próxima parcela”. Para fazer isto, nos endi-vidamos. Tomamos empréstimo para comprar tijolos e outrascoisas e elevamos a construção até um nível bem alto.

Quando escrevemos isto para nosso Guru MahÅrÅj, tínha-

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agradará ou não, mas parece-me que existe um estágio que éainda superior ao encontro de RÅdhÅ e Govinda”. Existe umestágio onde ambos, o positivo e o negativo estão combinados,nenhuma consciência individual é clara, e Um está buscandopelo Outro em auto-esquecimento. Esta busca de uma partepela outra é muito forte e intensa. Ela parece ser uma forma deamor ainda mais elevada: união na separação. RÅdhÅ e Govindasão tão intensos em Sua busca Um pelo Outro que até mesmoEles não estão conscientes de terem alcançado Um ao Outro.Às vezes, RÅdhÅrÅˆÈ experimenta que, mesmo quando K›ˆaestá presente diante dEla, Ela teme perdê-lO; este sentimentotorna-se tão intenso como se Ela O tivesse perdido. Eles estãojuntos, mas a apreensão de que Um possa perder o Outro fazeste encontro intoleravelmente doloroso, assim como uma mãeestá sempre alerta quanto à segurança de seu filho (ani›Êa-Ía⁄kÈni bandhu-hÂdayÅni bhavanti hi). A mãe pensa, “Oh, meufilho está fora –terá sofrido um acidente?” Este temor daseparação é o sintoma do amor profundo.

SRI CHAITANYA AVATåRAA composição de RÅmÅnanda RÅya deu uma sugestão sobre

o aparecimento divino de ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu no qual

adiante.” Então, RÅmÅnanda RÅya começou a explicar o tipo deserviço prestado por RÅdhÅrÅˆÈ em mÅdhurya rasa. O serviçodevocional dEla é categoricamente superior ao de todas asoutras gopÈs. RÅdhÅm ÅdhÅya h˜daye tatyÅja vraja sundarÈÓ (Gita-govinda 3.1 de Jayadeva GoswÅmÈ). Todo o grupo de gopÈs podeser cancelado por apenas uma: ßrÈmati RÅdhÅrňÈ. Que tipopeculiar de serviço pode vir dEla! E K›ˆa, a Personalidade deDeus Original (svayam rËpa) está apenas ao lado de RÅdhÅrňÈ.Ao lado das outras gopÈs, está prÅbhava prakÅÍa, uma expansãoplenária, não svayam rËpa, a forma original. Tal é a qualidade deßrÈmati RÅdhÅrňÈ. Devemos mostrar nossa mais elevadareverência a este ideal supremo do serviço devocional.

RåDHå- K®¢™A: UNIÃO EM SEPARAÇÃOEntão, ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu fez a última pergunta:

“Você pode pensar em algo mais do que isto?” Então, RÅmÅ-nanda RÅya disse: “Você me pediu para citar as escrituras paraapoiar tudo que digo, mas aqui não serei capaz de citarnenhuma passagem das escrituras. Ainda assim, tenho um novosentimento dentro de mim, e, se desejar conhecê-lo, possoexplicá-lo”. Dessa maneira, RÅmÅnanda RÅya compôs umacanção. Ele apresentou esta canção dizendo: “Não sei se isto O

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neste mundo; nada pode ser escondido de seus olhos amorosos”.PremÅñjana-chchurita-bhakti-vilochanena.

Em seguida, MahÅprabhu revelou-Se: “Quando você Me vêexternamente com uma cor dourada isso não é verdade. Isto édevido ao toque da cor de RÅdhÅrňÈ. E quem RÅdhÅrÅˆÈ podetocar e abraçar bem próximo? Ela jamais tocará ninguém excetoK›ˆa. Assim, agora você sabe quem Sou: RasarÅja –o próprioêxtase, e MahÅbhÅva –aquele que pode saborear este Supremorasa . Veja como ambos se misturam!”.

RÅmÅnanda RÅya desmaiou e caiu ao chão. Ele não pôdemanter-se consciente. Então, através do toque de Sua mão, ßrÈChaitanya MahÅprabhu novamente o trouxe de volta à cons-ciência. RÅmÅnanda retornou a seu estágio anterior de cons-ciência e viu um sannyÅsÈ sentado diante dele. Após uma curtapausa, MahÅprabhu disse: “Fique aqui, estou partindo.”

Depois disso, RÅmÅnanda RÅya e ßrÈ Chaitanya MahÅprabhutiveram outras conversas, e MahÅprabhu disse: “RÅmÅnanda,enquanto viver, desejo sua companhia”. RÅmÅnanda respon-deu: “Sim, devo tomar o abrigo de Seus Divinos pés e viver alipelo resto de minha vida”. RÅmÅnanda mais tarde fez arranjoscom o Rei de Orissa para aposentar-se de seu posto de Governa-dor de Madras e foi para JagannÅtha PurÈ. Por quase dois anos,

RÅdhÅ e Govinda estão combinados, e isto é como se Eles esti-vessem inconscientes de Sua existência separada. Um estábuscando pelo Outro, o próprio K›ˆa está inundado com ossentimentos de RÅdhÅrňÈ, e Eles estão tão profundamenteabraçados que Um está perdido no Outro. Então, ßrÈ ChaitanyaMahÅprabhu pôs Sua palma sobre a boca de RÅmÅnanda RÅya,e disse-lhe: “Já basta”. Rasa-rÅja mahÅbhÅva –dui eka rËpa. OSenhor ßrÈ K›ˆa é a fonte de todo o prazer, e ßrÈmatiRÅdhÅrÅˆÈ é a corporificação do amor extático a Deus. Essasduas formas estão unidas como uma só em ßrÈ ChaitanyaMahÅprabhu.

RASARåJA: O PRÓPRIO ÊXTASEMahÅprabhu respondeu: “Oh, por você ser cem por cento

devoto, onde quer que lance seu olhar você vê apenas K›ˆa,nada mais. O objeto de seu interesse está representado em todaa parte”. RÅmÅnanda RÅya disse: “Meu Senhor, não me enganedesta maneira. Você veio aqui tão graciosamente para purificaresta pessoa medíocre, e não ficará bem se Você agir diploma-ticamente agora. Não desejo ouvir o que Você diz; venha comSua verdadeira posição. Quem é Você?” MahÅprabhu disse:“Devido à sua devoção amorosa, você pode conhecer tudo

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um fantoche. Às vezes, Suas pernas e mãos entravam inconce-bivelmente dentro de Seu corpo, e, às vezes, Suas juntas sedesconectavam e Seu corpo transcendental parecia alongado.Às vezes, todo Seu corpo ficava branco, e Ele caía inconsciente,respirando tão vagarosamente que Sua respiração não podia serdetectada. Dessa maneira, Ele exibiu muitos sintomas espan-tosos de êxtase.

SvarËpa DÅmodara, o secretário pessoal de ßrÈ ChaitanyaMahÅprabhu, explicou o significado de Seu aparecimento emsuas memórias, que foram registradas no Chaitanya-CharitÅmÂtade Kaviraja GoswÅmÈ, que escreve:

rÅdhÅ k›ˆa-praˆaya-vikÂtir hlÅdinÈ Íaktir asmÅdekÅtmÅnÅv api bhuvi purÅ deha-bheda˜ gatau tauchaitanyÅkhya˜ prakaÊam adhunÅ tad-dvaya˜ chaikyam Åpta˜rÅdhÅ-bhÅva-dyuti-suvalita˜ naumi k›ˆa-svarËpam

Às vezes, RÅdhÅ e K›ˆa Se combinam, às vezes esão separa-dos. Eles estão separados na DvÅpara-Yuga, e na Kali-yuga Secombinam como ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu. Ambos sãoexpressões eternas da mesma Verdade Absoluta. Verão, outono,inverno e primavera continuam em ordem cíclica; não se pode

ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu perambulou pelos lugares sagradosda Índia Meridional e Ocidental e finalmente retornou a PurÈ.Lá, eles se encontraram novamente.

LOUCURA TRANSCENDENTALDepois disso, MahÅprabhu foi a VÂndÅvana, passando por

Bengala. Passaram-se seis anos, e Advaita Prabhu despediu-sede MahÅprabhu, dizendo: “Nossos passatempos de introduzir ocantar do mantra Hare K›ˆa terminaram”. Então, MahÅprabhucontinuamente mostrou o espírito de RÅdhÅrÅˆÈ em saborearK›ˆa-prema, amor extático por K›ˆa, por doze anos. SvarËpaDÅmodara e RÅmÅnanda RÅya, que são LalitÅ e ViÍÅkhÅ, as duasprincipais gopÈsassistentes de RÅdhÅrňÈ, eram a companhiamais importante de MahÅprabhu durante aquela época, ondeforam exibidas tantas coisas sobre os profundos sentimentos deamor divino. Nunca foi visto na história do mundo, nemexpresso em qualquer escritura, como um amor interno tãointenso pode produzir tais sintomas correspondentes nasuperfície. Isso foi mostrado por RÅdhÅrÅˆÈ e mais tarde exibidopor ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu.

Em Suas práticas, MahÅprabhu também mostrou isso: comoK›ˆa-prema, o amor por K›ˆa, pode converter um homem em

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Descrevi ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu no Prema DhamaDeva Stotram:

Åtma-siddha-sÅvalÈlÅ-pËrˆa-saukhya-lak›aˆa˜svÅnubhava-matta-nÂtya-kÈrtanÅtma-vaˆÊanamadvayaika-lak›ya-pËrˆa-tattva-tat-parÅtpara˜prema-dhÅma-devam-eva naumi gaura-sundaram

“A concepção mais elevada da Verdade Absoluta tambémdeve ser a forma mais elevada de Ånanda, êxtase. A dança deMahÅprabhu indica que Ele é pleno de êxtase, e Seu kÈrtana é adistribuição deste rasa. Assim, se procurarmos saber cientifica-mente quem é MahÅprabhu, não poderemos deixar de concluirnada além de que Ele é a Realidade Última. Ele está louco aosaborear Seu próprio néctar interno, e Sua dança é a exterio-rização de Seu êxtase transcendental. E Ele está cantando,distribuindo-o aos outros. Então, estudando muito de perto ocaráter de ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu, podemos apenasconcluir que ele é a Suprema Verdade Absoluta, em Sua expres-são mais completa e dinâmica.”

dizer que o verão é o começo e o inverno é o fim. Do mesmomodo, os passatempos de ßrÈ RÅdhÅ e K›ˆa estão sendo reali-zados eternamente.

Em tempos antigos, às vezes RÅdhÅ e K›ˆa dividiam-Se emostravam Seus passatempos; novamente, ambos, a potência eo proprietário da potência, estão combinados e intimamenteabraçados como ßrÈ Chaitanya MahÅprabhu. As metadespredominante e predominada estão misturadas, e um extraor-dinário sentimento extático se faz presente. K›ˆa está domi-nado por Sua potência, e Ele Próprio está buscando pelo Seupróprio Eu: k›ˆasya ÅtmÅnusandhÅna. O próprio K›ˆa estáocupado na busca por ßrÈ K›ˆa, a Realidade, o Belo. A influ-ência de RÅdhÅrÅˆÈ sobre K›ˆa O transformou em um devoto,e Ele está procurando por Si mesmo. A doçura está saboreandoa Si mesma e enlouquecendo; e é uma doçura viva –não mortaou parada, mas um êxtase dinâmico, douçura repleta de vida.Ele está saboreando a Si mesmo, a personificação da felicidade,êxtase e beleza –e dançando enlouquecido. E Sua realização dekÈrtana significa distribuir este êxtase aos outros. A doçuraúltima, ou Ånanda, é tal, que nada existe que possa saborear a simesmo e expressar sua própria felicidade com tamanha inten-sidade.

208 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo... A Realidade, o Belo – 209

Livros do ßrÈ Chaitanya SarÅswat MaÊh publicados em Português:

ßrÈla Bhakti Rak›ak ßrÈdhar Dev-GoswÅmÈ MahÅrÅj:ßrÈmad Bhagavad-gÈtÅ, o Tesouro Oculto do Doce AbsolutoPrapanna JÈvanamÂtamCéu ConscienteCoração e AuraAs Divinas Instruções do Guardião da DevoçãoA Busca por ßrÈ K›ˆa, a Realidade, o Belo (duas edições)ßrÈ Guru e Sua Graça (duas edições)Evolução Subjetiva da Consciência (duas edições)Vulcão Dourado do Amor Divino (duas edições)A Busca Amorosa ao Servo Perdido (duas edições)Conforto do LarSatisfação Interior

ßrÈla Bhakti Sundar Govinda Dev-GoswÅmÈ MahÅrÅj:Atado Pelo AfetoDignidade do Servo DivinoReflexões DouradasO Servo DivinoReligião do Coração

Outros:ßrÈ Brahma Sa˜hitÅCanções do Coração (inclui CD de canções)

Livros em Português 211210 – A Busca por Sri Krsna, a Realidade, o Belo...

ßrÈ Chaitanya SarÅswat MaÊhßrÈ Chaitanya SarÅswat MaÊh Road, Kolerganj, P.O. NabadwÈp,

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