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IARA ALVES MARTINS DE SOUZA A calibração de instrumentos de medições topográficas e geodésicas: A busca pela acreditação laboratorial Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes – Área de Infraestrutura de Transportes. ORIENTADOR: Prof. Dr. Irineu da Silva São Carlos 2010

A Calibração de Instrumentos de Medição Topográficas

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Calibração

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  • IARA ALVES MARTINS DE SOUZA

    A calibrao de instrumentos de medies topogrficas

    e geodsicas: A busca pela acreditao laboratorial

    Dissertao apresentada Escola de

    Engenharia de So Carlos, da Universidade de

    So Paulo, como parte dos requisitos para a

    obteno do ttulo de Mestre em Cincias,

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia de

    Transportes rea de Infraestrutura de

    Transportes.

    ORIENTADOR: Prof. Dr. Irineu da Silva

    So Carlos 2010

  • DEDICATRIA

    Aos meus pais, Jos Martins e Iran, os quais, nunca mediram esforos para que eu

    pudesse realizar meus sonhos... Pelo amor incondicional, palavras de incentivo, apoio

    e extrema confiana em todos os momentos da minha vida. Amo vocs.

    Aos meus amados irmos Willian, Zezinho, Bete, Marcelo, Kado e Amanda, nem

    mesmo o tempo e a distncia so capazes de diminuir o amor que sinto por vocs.

    Agradeo pelos momentos de alegria, pelo apoio e torcida.

    Aos meus amados sobrinhos, Matheus, Mariana, Vitria, Henrique e Phillipe, que

    mesmo sem notar, me deram foras para continuar, e por serem a alegria constante

    do meu viver.

    s minhas queridas cunhadas Vanderlia, Marilda e Simone, por me darem sobrinhos

    to queridos, pela amizade, carinho e por estarem sempre torcendo por mim.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, por permitir a realizao de um sonho... Ao meu orientador Irineu da Silva. Agradeo pela valiosa orientao, discusses enriquecedoras e pacincia frente s minhas dificuldades. Obrigada pelas contribuies concedidas durante todas as etapas de realizao deste trabalho. Aos professores do Programa de Ps-graduao em Engenharia de Transportes pelos conhecimentos transmitidos, em especial, aos professores Paulo Csar Lima Segantine e Ricardo Ernesto Schaal que, direta ou indiretamente, proporcionaram valiosas sugestes e discusses nas etapas deste trabalho. Aos meus queridos amigos Rochele, Cassiano, Isabela, Luciana e Monique. A existncia de vocs tem sido para mim, nesses ltimos anos, um grande motivo para me manter firme no princpio de que realmente tudo nessa vida vale a pena... Obrigada por vocs existirem e que um dia eu possa retribuir toda ajuda, carinho, ateno e alegria recebida e principalmente por me aceitarem exatamente como sou. Eu no conseguiria sem vocs! Vivian, Juliane, Cssia, Renata, Francielle e Nayra. Apesar de no participarem efetivamente na elaborao deste trabalho, vocs foram as amigas queridas que me deram foras para continuar. Sempre torcendo pelo meu sucesso e me incentivando, mesmo que distncia. Tantas palavras de carinho e afeto, quantas coisas partilhadas... Obrigada por fazerem parte da minha vida. s minhas novas amigas de repblica Ana Paula e Marcela, pelo auxlio, amizade e compreenso durante esses ltimos meses. Aos funcionrios do Departamento de Transportes pela disposio e ateno sempre carinhosa. Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES, pela concesso de bolsa de estudos. todos os outros amigos que compartilharam caminhada e que no tiveram seus nomes citados,

    Meu muito obrigada!

  • RESUMO

    SOUZA, I. A. M. A calibrao de instrumentos de medies topogrficas e geodsicas: Em busca da acreditao laboratorial. 176 p. Dissertao (Mestrado). Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2009. um dever dos profissionais que trabalham na rea de Mensurao discutir os temas

    que envolvem a manuteno/calibrao de instrumentos geodsicos em ambiente

    laboratorial e o uso de padres especficos voltados para as reas de instrumentao e

    de Sistema de Gesto da Qualidade. Para isso, importante mensionar as normas ISO

    17123:2001, NBR ISO/IEC 17025:2005, ABNT NBR ISO 9001:2000 e os mtodos

    compactos para laboratrio voltados para testar estaes totais e instrumentos EDM.

    Neste contexto, o principal objetivo desta pesquisa discutir os temas relacionados

    manuteno/calibrao de instrumentos geodsicos em laboratrio, mostrando a

    importncia da implantao do Sistema de Gesto da Qualidade (SGQ). Tambm so

    discutidas as vantagens decorrentes desta implantao, bem como a organizao

    estrutural e de pessoal para tal sistema, apresentando as normas especficas usadas

    para a realizao de trabalhos em agrimensura. Para compreender melhor a temtica da

    dissertao foram pesquisados alguns laboratrios internacionais que trabalham com a

    manuteno/calibrao de instrumentos geodsicos, que so acreditados pela norma

    ISO 17025:2005, so certificados pelas normas ISO 9001:2000 e realizam os seus

    procedimentos de acordo com os requisitos da norma ISO 17123:2001. Dessa forma, as

    avaliaes sobre a estrutura organizacional do laboratrio, a estrutura de pessoal e o

    SGQ implantado, foram realizadas de forma mais segura. Os laboratrios pesquisados

    realizam suas atividades de acordo com os requisitos das normas ISO 9001:2000, ISO

    17025:2005 e ISO 17123, garantindo qualidade aos trabalhos nos laboratrios. A

    calibrao realizada de forma correta e regular contribui para a promoo da qualidade

    das atividades nos laboratrios.

    Palavras-chave: calibrao instrumental, laboratrio de instrumentos geodsicos,

    Sistema de Gesto da Qualidade, acreditao, certificao.

  • ABSTRACT

    SOUZA, I. A. M. The calibration of instruments topographical and geodetic measurements: The search of laboratory accreditation. 176 p. Dissertao (Mestrado). Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2009. It is the duty of professionals working in the area of Measurement discuss issues

    involving the maintenance / calibration of geodetic instruments in the laboratory and

    the use of specific standards directed to the areas of instrumentation and Quality

    Management System. Therefore, it is important to dimensional standards ISO

    17123:2001, ISO / IEC 17025:2005, ISO 9001:2000 and compact laboratory

    methods aimed at testing EDM instruments and total stations. In this context, the

    main objective of this research is to discuss issues related to maintenance /

    calibration of geodetic instruments in the laboratory, showing the importance of

    implementing the Quality Management System (QMS). Also discussed are advantages

    of this deployment, as well as the structural organization and personnel for such a

    system, with specific standards used to perform work in surveying. To better

    understand the theme of the thesis were searched some international laboratories

    that work with the maintenance / calibration of geodetic instruments, which are

    accredited to ISO 17025:2005 are certified by ISO 9001:2000 and realize their

    procedures in accordance with the requirements of ISO 17123:2001. Thus, the

    ratings on the organizational structure of the laboratory, the personnel structure and

    quality management system in place, were held more securely. The laboratories

    surveyed perform their activities in accordance with the requirements of ISO

    9001:2000 and ISO 17025:2005 and ISO 17123, ensuring quality to work in

    laboratories. The calibration performed correctly and regularly contributes to the

    promotion of quality activities in the laboratories.

    Keywords: instrument calibration, laboratory instruments geodesic, Management

    System Quality, accreditation, certification.

  • LISTA DE FIGURAS FIGURA 3.1: DIFERENA ENTRE PRECISO E EXATIDO (ACURCIA) ............... 37

    FIGURA 3.2: PRINCIPAIS COMPONENTES DE UMA ESTAO TOTAL. ............... 45

    FIGURA 3.3: SISTEMA DE CODIFICAO ABSOLUTO. . ..................................... 47

    FIGURA 3.4: MODELO DE LIMBO INCREMENTAL (RELATIVO). ......................... 47

    FIGURA 3.5: LUNETA ..................................................................................... 48

    FIGURA 4.1: SEO TRANSVERSAL DE UM TEODOLITO APRESENTANDO O ERRO

    DE COLIMAO HORIZONTAL ..................................................... 78

    FIGURA 4.2: EFEITO DO ERRO DE COLIMAO EM RELAO DISTNCIA DA

    MIRA AO INSTRUMENTO .......................................................... 81

    FIGURA 4.3: EFEITO DO ERRO DE COLIMAO EM VIRTUDE DO NVEL LOCALIZAR-

    SE NA METADE DO ALINHAMENTO FORMADO PELOS PONTOS A E B.

    .............................................................................................. 81

    FIGURA 4.4: CONFIGURAO USADA NA VERIFICAO DA HORIZONTALIDADE

    DA LINHA DE COLIMAO DO INSTRUMENTO .............................. 82

    FIGURA 4.5: ILUSTRAO DA ENTRADA E SADA DO RAIO DE MEDIO.. ........ 90

    FIGURA 4.6: PRIMEIRA CONFIGURAO DA LINHA DE ENSAIO PARA TESTAR O

    PROCEDIMENTO SIMPLIFICADO, ADAPTADO NORMA ISO 17123-2. 94

    FIGURA 4.7: SEGUNDA CONFIGURAO DA LINHA DE ENSAIO PARA TESTAR O

    PROCEDIMENTO SIMPLIFICADO, ADAPTADO NORMA ISO 17123-2. 95

    FIGURA 4.8: CONFIGURAO DA LINHA DE ENSAIO PARA TESTAR O

    PROCEDIMENTO COMPLETO, ADAPTADO NORMA ISO 17123-2. ..... 97

    FIGURA 4.9: CONFIGURAO DO TESTE DE MEDIO PARA DIREES

    HORIZONTAIS .......................................................................... 102

    FIGURA 4.10: CONFIGURAO PARA MEDIO DE NGULOS VERTICAIS,

    ADAPTADO NORMA 17123-3, 2001. ........................................... 108

    FIGURA 4.11: DISPOSIO DOS COLIMADORES HORIZONTAIS PARA MEDIES

    ANGULARES, ADAPTADO ........................................................... 116

  • FIGURA 4.12: DISPOSIO DOS COLIMADORES VERTICAIS PARA MEDIES

    ANGULARES, ADAPTADO DE COMPACT METHOD OF TESTING TOTAL

    STATION, 2003 ......................................................................... 116

    FIGURA 4.13: COLIMADOR MONTADO NO SUPORTE ........................................ 117

    FIGURA 4.14: CONFIGURAO DO EQUIPAMENTO DE MEDIO PARA AVALIAR AS

    MEDIES DE DISTNCIA ......................................................... 118

    FIGURA 4.15: ERROS PASSVEIS DE OCORRER NOS INSTRUMENTOS EDM ........ 127

    FIGURA 4.16: DUPLICAO DA DISTNCIA CALIBRADA ................................... 128

    FIGURA 4.17: CONFIGURAO DA LINHA BASE PROJETADA ............................. 129

    FIGURA 5.1: HIERARQUIA BSICA PARA UM LABORATRIO DE

    MANUTENO/CALIBRAO DE INSTRUMENTOS TOPOGRFICOS E

    GEODSICOS ............................................................................ 136

    FIGURA 5. 2: DIMENSES DA QUALIDADE ...................................................... 144

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 3.1: CLASSIFICAO DE TEODOLITOS ................................................... 35

    TABELA 3.2: CLASSIFICAO DE NVEIS ............................................................ 35

    TABELA 3.3: CLASSIFICAO DE MED ................................................................ 36

    TABELA 3.4: CLASSIFICAO DE ESTAES TOTAIS ........................................... 36

    TABELA 3.5: DIMENSES DOS PRISMAS DO FABRICANTE LEICA E SUAS

    CONSTANTES ............................................................................... 69

    TABELA 4.1: RESUMO DOS TESTES ESTATSTICOS ........................................... 100

    TABELA 4.2: AVALIAO DOS TESTES ESTATSTICOS ....................................... 106

    TABELA 4.3: AVALIAO DOS TESTES ESTATSTICOS ....................................... 113

    TABELA 4.4: COMPARAO DA ACURCIA PARA NGULOS ................................ 123

    TABELA 4.5: COMPARAO DA ACURCIA PARA DISTNCIAS............................ 124

    TABELA 4.6: COMPARAO DE TEMPO ............................................................. 124

    TABELA 4.7: OS VALORES DA CONSTANTE ZERO .............................................. 131

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ACL Acredited Calibration Laboratory

    ADM Absolute Distance Measurement

    AMC Autorised Metrology Centre

    ANA Agncia Nacional de guas

    ATR Automatic Target Recognition

    CMI Czech Metrology Institute

    COFRAC French Committee of Accreditation

    Dimci/

    Inmetro

    Diretoria de Metrologia Cientfica e Industrial

    DIN Deutsches Institut fr Normung

    EDM Electronic Distance Measurement

    ESRF European Synchrotron Radiation Facility

    FIG Fdration Internationale des Gomtres

    GPS Global Positioning System

    GUM Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement

    IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

    Renovveis

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IEC International Electrotechnical Commission.

    IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

    INM Instituto Nacional de Metrologia

    INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

    Industrial

    ISO International Organization for Standardization

    MQ Manual da Qualidade

    NBR Norma Brasileira

    PCO Phase Center Offset

    PCV Phase Center Variations

  • PI Posio Invertida

    PD Posio Direta

    PQ Poltica da Qualidade

    RBC Rede Brasileira de Calibrao - RBC

    RBLE Rede Brasileira de Laboratrios de Ensaio

    RTS Robotic Total Station

    SCC Standards Council of Canada

    SGQ Sistema de Gesto da Qualidade

    SNR Signal-to-Noise Ratio

    SI Sistema Internacional

    SQ Sistema da Qualidade

    TC 172/SC 6 Technical committees 172/SC6

    UKAS The United Kingdom Accreditation Service

    UNIFEI Universidade Federal de Itajub

    VIM Vocabulrio Internacional de Metrologia

    VUGTK Institute of Geodesy, Topography and Cartography

  • LISTA DE SMBOLOS

    VV Eixo Vertical

    KK Eixo de Colimao

    ZZ Eixo Horizontal

    'ZZ Eixo Principal

    'OO Eixo Colimao

    'HH Eixo Horizontal

    d j Desnvel de A e B

    d1 Mdia aritmtica do primeiro conjunto de medidas realizado

    entre os pontos A e B

    d j Leituras de medidas realizadas

    r j Resduo

    v Grau de liberdade gon Grado

    Tolerncia

    d j Diferena entre a linha de r e a de vante

    s Desvio padro experimental

    Zero point offset

    s Desvio padro experimental do Zero point offset

    s e ~

    s Desvios-padro determinados a partir de dois grupos

    diferentes de medidas

    m Nmero de sries de medies

    i Nmero de medies

    n Conjunto de direes

    t Foco (alvo)

    k Nmero do alvo

    s e s Desvios-padro estabelecidos por duas diferentes amostras de

  • observaes

    95,01 = Nvel de confiana das observaes

    Desvio-padro pr-determinado pelo fabricante do aparelho

    i Erro do ndice vertical

    xk Valores mdios dos ngulos verticais resultante de n

    conjuntos.

    ri2 Somatrio dos resduos das inmeras medies da srie

    si Desvio padro experimental de um ngulo vertical

    ( )Hzs Desvio padro experimental de uma direo horizontal r ji, Resduos da medida de direo Hz para a mdia do conjunto

    ( )Vs Desvio padro experimental de uma medida angular zenital f Grau de liberdade

    iAddC Constante aditiva

    Known Distncia de referncia (adotado como verdadeiro)

    Meas Distncia medida

    i Nmero de alvos (=nmero de distncias de referncia)

    j Nmero de medidas por alvo

    ( )AddCs Desvio-padro experimental da constante aditiva

    ( )Ds

    Desvio-padro relacionado sua repetibilidade (preciso) para

    medir distncias em cada uma das posies

    Measi Mdia de cada distncia

  • SUMRIO 1. INTRODUO .............................................................................. 19

    1.1 Consideraes preliminares ............................................................................... 19

    1.2 Objetivos ............................................................................................................... 20

    1.3 Justificativa e motivao para a pesquisa ....................................................... 21

    1.4 Estrutura da pesquisa ......................................................................................... 22

    2. REFERENCIAL TERICO .............................................................. 25

    2.1 Reviso da literatura ........................................................................................... 25

    3. CONCEITOS FUNDAMENTAIS E DETALHES DA INSTRUMENTAO

    USADA NA PESQUISA .................................................................. 33

    3.1 Conceitos fundamentais ..................................................................................... 33

    3.2 Detalhes da instrumentao utilizada na pesquisa ........................................ 44

    3.2.1 Teodolitos eeEstaes totais ............................................................... 44

    3.2.1.1 Sistema de eixos dos teodolitos e estaes totais ................................. 45

    3.2.1.2 Crculos graduados ............................................................................ 46

    3.2.1.3 Luneta de visada ............................................................................... 48

    3.2.1.4 Nveis de bolha tubulares e nveis digitais ............................................ 49

    3.2.1.5 Parafusos de chamada ....................................................................... 51

    3.2.1.6 Parafusos calantes ou niveladores ....................................................... 52

    3.2.1.7 Base nivelante ................................................................................... 53

    3.2.1.8 Visor para leitura das medies .......................................................... 53

    3.2.1.9 Compensador de Inclinao ............................................................... 54

    3.2.1.10 EDM ou Medidor Eletrnico de Distncia .............................................. 54

    3.2.2 Nveis ............................................................................................... 55

    3.2.2.1 Sistema de eixos ............................................................................... 56

  • 3.2.2.2 Nveis ticos mecnicos ..................................................................... 58

    3.2.2.3 Nveis Digitais ................................................................................... 58

    3.2.2.4 Nveis a laser .................................................................................... 59

    3.2.3 Antenas receptoras GNSS .................................................................. 60

    3.2.4 Colimadores ...................................................................................... 63

    3.2.5 Prismas circulares ............................................................................. 65

    3.2.5.1 Prisma do tipo 360 para estao total robtica ................................... 65

    3.2.6 Trip ................................................................................................ 69

    3.2.7 Nvel de bolha para basto (Nvel de cantoneira) ................................. 70

    4. CALIBRAO INSTRUMENTAL.....................................................73

    4.1 Por que importante calibrar um instrumento? ............................................ 73

    4.1.1 Quando devemos calibrar um instrumento de preciso? ....................... 74

    4.1.2 Requisitos a serem considerados ao realizar uma calibrao em

    instrumentos topogrficos e geodsicos? ............................................. 75

    4.2 Erros instrumentais ............................................................................................. 75

    4.2.1 Erros passveis de calibrao em teodolitos e estaes totais ................ 76

    4.2.2 Erros passveis de calibrao em nveis ............................................... 80

    4.2.3 Erros passveis de calibrao nas antenas de receptores GNSS .............. 83

    4.2.4 Acurcia alcanada com os acessrios dos instrumentos topogrficos e

    geodsicos: trips, bases nivelantes e prismas ..................................... 84

    4.3 Normas e procedimentos voltados para a calibrao dos instrumentos

    topogrficos e geodsicos ................................................................................. 90

    4.3.1 As normas tcnicas especficas voltadas para a calibrao dos

    instrumentos topogrficos e geodsicos .............................................. 91

    4.3.1.1 Norma Tcnica: ISO 17123-2:2001 Optics and optical instruments

    Field procedures for testing geodetic and surveying instruments Part 2:

    Levels .............................................................................................. 93

    4.3.1.2 Norma tcnica: ISO 17123-3:2001 Optics and optical instruments

    Field procedures for testing geodetic and surveying instruments Part 3:

    Theodolites ...................................................................................... 100

  • 4.3.1.3 Mtodo compacto adaptado da norma ISO 17123-3 para laboratrios:

    Compact Method of Testing Total Stations ......................................... 113

    4.3.1.4 Mtodo compacto laboratorial para testar instrumentos EDM: New

    Compact Method for Laboratory Testing EDM Instruments .................. 125

    5. LABORATRIO DE MANUTENO ............................................. 133

    5.1 O que um laboratrio de calibrao de instrumentos topogrficos e

    geodsicos .......................................................................................................... 133

    5.2 Estrutura mnima necessria para a concepo de um laboratrio de

    manuteno/calibrao de instrumentos topogrficos e geodsicos ........ 134

    5.2.1 A estrutura organizacional e de pessoal com suas respectivas atribuies

    ...................................................................................................... 135

    5.2.1.1 Cargos e atribuies possveis em um laboratrio e suas respectivas

    atribuies ...................................................................................... 136

    5.2.1.2 Operaes possveis em laboratrios de calibrao em instrumentos

    topogrficos e geodsicos ................................................................ 139

    5.3 Sistema de Gesto da Qualidade nos laboratrios de calibrao em

    instrumentos topogrficos e geodsicos ....................................................... 139

    5.3.1 O que o Sistema de Gesto da Qualidade (SGQ)? ............................ 140

    5.3.2 Por que implantar o Sistema de Gesto da Qualidade? ....................... 140

    5.3.3 Sistema de Gesto da Qualidade nos laboratrios de calibrao .......... 142

    5.3.4 Vantagens da implantao do SQ ...................................................... 146

    5.4 Certificados de calibrao: Forma legal do laboratrio de calibrao de

    instrumentos topogrficos geodsicos apresentar os resultados obtidos nas

    manutenes/calibraes realizadas nos instrumentos .............................. 148

    5.4.1 Exemplos de certificados de calibrao: os certificados de calibrao

    emitidos pela fabricante Leica Geosystems ........................................ 150

    5.4.1.1 Certificados de inspeo do fabricante M ........................................... 151

    5.4.1.2 Certificados do fabricante O ............................................................. 153

    5.4.1.3 Certificados de servios .................................................................... 153

  • 5.4.1.4 Precaues e restries ao uso dos certificados de calibrao .............. 154

    5.4.2 Exemplo de laboratrio que trabalha com a reparao e calibrao de

    instrumentos topogrficos e geodsicos ............................................. 155

    5.4.2.1 BMP Renta Ltda: Laboratrio de Calibracion ....................................... 155

    6. CONCLUSES............................................................................ 159

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................ 163

    APNDICE A ............................................................................................ 171

    APNDICE B ............................................................................................ 175

    ANEXO A ................................................................................................. 181

    ANEXO B ................................................................................................. 185

    ANEXO C ................................................................................................. 187

    ANEXO D ................................................................................................. 191

    ANEXO E ................................................................................................. 195

    ANEXO F ................................................................................................. 197

  • 19

    1.

    1.1 Consideraes preliminares

    Para atingir a maior preciso1 de medio a partir de instrumentos geodsicos,

    fundamental a calibrao dos mesmos. Um aparelho mal calibrado no capaz de

    medir de acordo com a sua exatido2 especificada.

    Existe um nmero crescente de fatores que justificam a importncia da calibrao

    em um instrumento, dentre eles, a verificao do bom funcionamento dos

    equipamentos, a necessidade de satisfazer os requisitos de normas de qualidade e,

    tambm, garantia da confiabilidade e da rastreabilidade das aes.

    A realizao da calibrao instrumental voltada para a rea de Mensurao deve ser

    feita nos laboratrios de calibrao.

    Os laboratrios de instrumentos topogrficos e geodsicos so laboratrios que

    ofeream servios que baseiam suas atividades nas normas nacionais ou

    internacionais (ISO, IEC, etc.). um laboratrio que tenha profissionais que

    conheam e entendam os termos fundamentais da metrologia, que saibam a

    diferena existente entre ajuste e calibrao e que tenham a capacidade de estimar

    o erro e a incerteza de medio que devero ser informados nos certificados de

    calibrao emitidos. O laboratrio deve oferecer aos seus clientes uma estrutura

    organizacional que venha garantir a eficincia da calibrao realizada e os que

    buscam trabalhar com a manuteno/calibrao de instrumentos topogrficos e

    1 CARVALHO, R. F. L. Ferramentas Estatsticas para a escolha, validao, comparao e monitoramento de mtodos analticos. Grau de concordncia entre repetidas medidas da mesma propriedade. 2 Grau de concordncia entre o valor mdio obtido de uma srie de resultados de testes e um valor de referncia aceito.

    Captulo 1

    INTRODUO

  • 20

    geodsicos devem trabalhar segundo as regras da norma internacional ISO 171233.

    Deve obter a acreditao atravs da norma NBR ISO/IEC 17025:2005 Requisitos

    gerais para a competncia de laboratrios de ensaio e calibrao e tambm possuir

    um Sistema de Gesto da Qualidade (SGQ) orientado a formar conscincia da

    qualidade em todos os processos organizacionais. Para isso deve instaurar o sistema

    nos requisitos da norma ABNT NBR ISO 9001:2000 Sistemas de gesto da

    qualidade Requisitos.

    1.2 Objetivos

    O objetivo geral desta pesquisa discutir os temas relacionados

    manuteno/calibrao de instrumentos geodsicos em laboratrio, mostrando a

    importncia da implantao do SGQ, as vantagens decorrentes desta implantao e a

    organizao estrutural e de pessoal para tal sistema e, obviamente, apresentar as

    normas especficas relacionadas a calibrao de equipamentos relacionados a

    topografia e geodsia.

    Os objetivos especficos desta dissertao so:

    Apresentar a importncia da calibrao dos instrumentos topogrficos e geodsicos;

    Apresentar as normas especficas e os mtodos voltados para a calibrao de

    instrumentos topogrficos e geodsicos;

    Apresentar as instituies de ensino nacionais que trabalham com a

    manuteno/calibrao de instrumentos topogrficos e geodsicos

    Definir o que um laboratrio de manuteno/calibrao de instrumentos

    topogrficos e geodsicos, apresentando a estrutura (organizacional e de pessoal)

    mnima necessria para a concepo de um laboratrio;

    Apresentar as atribuies e operaes possveis em um laboratrio de

    manuteno/calibrao;

    3 1- ISO 17123 Optics and optical instruments Field procedures for testing geodetic and surveying instruments, 2001.

  • 21

    Definir o que um Sistema de Gesto da Qualidade (SGQ), explicando a importncia

    da implantao do mesmo em um laboratrio de instrumentos topogrficos e

    geodsicos, bem como apresentar as vantagens da sua implantao;

    Definir um certificado de calibrao, apresentando quais so as informaes

    mnimas necessrias, as precaues ao utilizar um certificado de calibrao e os

    tipos de certificados emitidos pela fabricante Leica Geosystems;

    Por fim, apresentar de forma ilustrativa o BMP Renta Ltda, um laboratrio chileno

    especfico em calibrao de instrumentos topogrficos e geodsicos.

    1.3 Justificativa e motivao para esta pesquisa

    uma tarefa dos profissionais que trabalham na rea de Mensurao discutir os

    temas que envolvam a manuteno/calibrao de instrumentos geodsicos em

    ambiente laboratorial e o uso de padres especficos voltados s reas de

    instrumentao e de sistema de gesto da qualidade. Para isso, esta pesquisa

    discute as normas ISO 17123, NBR ISO/IEC 17025:2005, ABNT NBR ISO 9001:2000

    e os mtodos compactos para laboratrio voltados para testes em estaes totais e

    instrumentos EDM. Com esta abordagem, este trabalho busca discutir os temas que

    envolvem as normas especficas e os mtodos voltados para a calibrao

    instrumental.

    A rea de Mensurao vem, nos ltimos anos, sendo submetida a uma rpida

    evoluo tanto na parte tcnica, como na parte de equipamentos. Os profissionais

    desta rea vm utilizando equipamentos que permitem atingir resultados mais

    rapidamente e de forma mais precisa. Contudo, uma discusso sobre como us-los

    corretamente e quais as suas aplicabilidades para o objetivo proposto torna-se

    necessrio.

    A norma ISO 17123, tema sobre a qual versa esta pesquisa, ainda um padro que

    precisa ser mais explorado pelos profissionais da rea de Mensurao. Portanto, de

    significativa relevncia a produo de um trabalho que tenha o propsito de

  • 22

    disseminar a idia da padronizao laboratorial e a criao de padres especficos

    para a instrumentao usada por esses profissionais.

    1.4 Estrutura da pesquisa

    Esta dissertao est estruturada em 5 captulos. A seguir apresentada uma

    exposio de cada captulo.

    No captulo 2 apresenta-se a fundamentao terica, por meio da reviso

    bibliogrfica e dos conceitos fundamentais sobre os instrumentos topogrficos e

    geodsicos, Sistema de Gesto da Qualidade (SGQ) e padronizao.

    No captulo 3 descreve-se sobre a importncia da calibrao instrumental,

    apresentam-se os erros que so passveis de calibrao em teodolitos, estaes

    totais, nveis e antenas de receptores GNSS. feita uma anlise da acurcia dos

    instrumentos auxiliares, trip, base nivelante e prisma. So apresentadas as normas

    ISO 17123-2 e ISO 17123-3 com os seus procedimentos voltados para a calibrao

    dos instrumentos topogrficos e geodsicos. Tambm apresentado o mtodo

    compacto adaptado da norma ISO 17123-3 para laboratrios e o mtodo compacto

    usado para a verificao da acurcia dos instrumentos EDM. Por fim neste captulo

    so apresentados exemplos de instituies nacionais que trabalham com a

    manuteno/calibrao de instrumentos topogrficos e geodsicos.

    No captulo 4 define-se um laboratrio de manuteno/calibrao de instrumentos

    topogrficos e geodsicos. Apresenta-se a estrutura mnima (fsica e de pessoal)

    necessria para a concepo de um laboratrio de manuteno/calibrao de

    instrumentos topogrficos e geodsicos e as atribuies possveis neste laboratrio.

    Explica-se como o SGQ voltado para um laboratrio de calibrao e o motivo pela

    implantao e as vantagens decorrentes da mesma. Define-se o certificado de

    calibrao, qual a sua funo, e os requisitos para a emisso. Ao final feita uma

    apresentao dos certificados emitidos pela Leica Geosystems e uma exposio de

  • 23

    forma ilustrativa do BMP Renta Ltda., que um laboratrio especfico para calibrao

    de instrumentos topogrficos e geodsicos.

    O captulo 5 trata das concluses obtidas a partir do desenvolvimento desta

    pesquisa.

    Por fim, no captulo 6 apresentam-se as referncias bibliogrficas que serviram de

    apoio para a elaborao deste texto.

  • 24

  • 25

    2. REFERENCIAL TER

    ICO

    2.1 Reviso da Literatura

    A qualidade sendo usada como um instrumento estratgico da gesto global das

    empresas um dos fatores determinantes para a competitividade das mesmas.

    A idia de Qualidade vem sofrendo mudanas ao longo dos ltimos anos. Existem

    diversas definies para esse termo, o que torna difcil tomar uma em particular para

    adot-la como uma definio padro. Podemos considerar o sculo XX como sendo o

    sculo da Qualidade, perodo em que os conceitos deste tema sofreram uma

    evoluo considervel em funo das caractersticas do tipo de servios prestados

    pelas empresas. O foco nos usurios e nos clientes importante, especialmente em

    empresas de prestao de servios, como os laboratrios de manuteno/calibrao

    de instrumentos de geodsia. Realmente o que motiva o cliente a utilizar um

    determinado servio o fato de este atender as suas necessidades, satisfazendo

    tambm suas preferncias. Assim, importante que os laboratrios ofeream

    servios que superem as expectativas de seus clientes, no atendendo apenas as

    prprias necessidades.

    Em relao pesquisa bibliogrfica sobre o tema da gesto da qualidade para

    laboratrios de manuteno/calibrao de equipamentos de medies oportuno

    ressaltar os trabalhos relacionados a seguir:

    Dzierzega e Scherrer (2003) desenvolveram um mtodo compacto voltado para

    laboratrios que trabalham com a verificao da preciso angular e medio de

    distncias. A norma ISO 17123:2001-3 traz mtodos de campo para a verificao

    angular e medio de distncia. Os autores adaptaram para laboratrio os tais

    mtodos de campo apresentados na norma. Tal adequao ideal para laboratrios,

    centros de servios ou instituies que possuem espao disponvel limitado.

    Captulo 2

    REFERENCIAL TERICO

  • 26

    Takalo e Rouhiainen (2004) desenvolveram uma operao para nivelamento de alta

    preciso utilizando miras com cdigos de barras e uma cmera CCD linear. Os

    autores, alm de demonstrarem como foi realizado o procedimento de nivelamento

    digital, abordaram a importncia do sistema de calibrao. Pelo nvel de preciso

    alcanado, eles propem que tal sistema seja usado como padro para determinao

    da preciso de nivelamentos geomtricos.

    Khalil (2005) descreveu um mtodo laboratorial para a verificao da acurcia da

    medio de distncia usando EDM e estao total. O mtodo apresentado est de

    acordo com as restries existentes para laboratrio e dispensa a montagem de

    refletores fora do ambiente laboratorial. Para estas medies foi desenvolvido e

    testado um modelo matemtico que na prtica obteve resultados satisfatrios. A

    preciso do mtodo compacto foi a mesma obtida no procedimento desenvolvido

    pela norma ISO 17123. Ao final do experimento, o autor concluiu que o mesmo

    eficiente, atende as necessidades de um laboratrio, contudo, a exatido e a

    preciso do mtodo proposto podem ainda ser melhoradas.

    Brum (2005) procurou realizar o trabalho de verificao e classificao de nveis no

    centro de excelncia da Universidade Federal de Santa Catarina a partir das normas

    formuladas pelo DIN Deutsches Institut fur Normung: DIN 18723 1 e DIN 18723

    2. Seu objetivo maior era implementar uma linha-base n,a Universidade Federal do

    Paran para classificar nveis nas condies existente no campo. Para isso foram

    realizados levantamentos de campo sob os requisitos da norma ISO 17123 1 e ISO

    17123 2, as quais especificam os procedimentos de campo necessrios para a

    verificao da preciso de nveis. A partir dos processos propostos pela ISO foi

    possvel avaliar se a preciso dos equipamentos usados estavam dentro dos valores

    institudos pelos fabricantes. A metodologia sugerida pela DIN para nivelamento de

    uma linha base tambm foi eficiente para a determinao do desvio padro para 1

    Km de duplo nivelamento. O autor concluiu que a existncia de padres referentes

    verificao e classificao de nveis e outros instrumentos topogrficos e geodsicos

    so importantes para a conservao da qualidade de todos os equipamentos usados

    em campo.

  • 27

    Martin e Gatta (2006) buscaram fazer uma anlise das atividades desenvolvidas no

    European Synchrotron Radiation Facility (ESRF), laboratrio acreditado (ISO/CEI

    17025) pela COFRAC. Os autores buscaram analisar os trabalhos de calibrao dos

    distancimetros eletromagnticos (EDM), alm da calibrao dos distancimetros a

    laser absoluto (ADM). Tambm foi feita uma anlise da capacidade de medir ngulos

    das estaes robticas (RTS) e os rastreadores a laser. Ao final do trabalho, os

    autores observaram que os topgrafos esto cada vez mais envolvidos no processo

    de padronizao e que este envolvimento claramente apoiado pelos profissionais

    de agrimensura e da FIG (International Federation de Geometres), prova disso o

    padro ISO 17123 usado em testes de instrumentos de medio.

    Junior (2007) props a investigao de um mtodo de calibrao de antenas de

    receptores GNSS para a primeira base de calibrao das mesmas no Brasil. O autor

    realizou experimentos baseados em medies geodsicas e processamentos

    computacionais para a calibrao de alguns modelos de antenas, dos fabricantes

    Trimble e Leica. Realizou as correes do centro de fase (PCO e PCV) utilizando

    programas especficos e as correes estavam devidamente representadas em

    diagramas de fase atravs de programas computacionais. Ao fim, o autor apresentou

    os resultados obtidos com as antenas da fabricante Trimble (modelo

    TRM22020.00+GP) e da fabricante Leica Geosystems (modelo LEIAT502). Constatou-

    se que as antenas do fabricante Trimble possuem comportamento eletrnico mais

    homogneo que as antenas do fabricante Leica Geosystems, as quais so mais

    sensveis s influncias dos efeitos de multicaminho. Demonstrou que as antenas

    GPS testadas possuem comportamento eletrnico distinto e esto submetidas s

    intervenes do multicaminho dos sinais, que altera a caracterstica de recepo do

    sinal e causam erros de at 1 cm no PCO. O efeito do multicaminho foi analisado

    considerando diferentes alturas de antena e o objetivo foi alcanado com o uso de

    dois adaptadores de diferentes comprimentos e um programa computacional para a

    deteco, localizao e quantidade dos efeitos. Atravs de estudos realizados para

    detectar a SNR (Razo sinal-rudo) de observaes conduzidas em diferentes

    cenrios foi apresentado que a SNR pode ser uma ferramenta para avaliar a

    qualidade das observaes GPS. Tambm foram realizadas as observaes iniciais

    em dois pilares geodsicos que compem a 1 BCALBR Primeira Base de Calibrao

  • 28

    de Antenas GNSS no Brasil a ser instalada segundo as normas internacionais para

    levantamentos geodsicos de preciso. Foram instalados receptores para a realizao

    dos primeiros rastreios na base. Ao fim do levantamento, os dados foram usados

    para a realizao das anlises inicias dos efeitos do multicaminho e foram usados

    valores para correo do erro do centro de fase da antena.

    Silva (2008) buscou reparar algumas questes da instrumentao geodsica. A

    autora procurando atender as carncias da comunidade usuria de equipamento de

    medio angular, no que diz respeito classificao angular horizontal e vertical,

    props desenvolver uma mtodo de baixo custo para a formao de um laboratrio

    de classificao angular horizontal e vertical baseado na norma ISO 17123-3. A

    autora buscou adaptar os testes realizados em campo para um laboratrio utilizando-

    se colimadores, os que permitem a realizao de testes em ambiente que sejam

    realmente adequados, garantindo a qualidade dos resultados. Alm disso, a autora

    empenhou-se em produzir um mtodo para avaliar a iseno de erros nas leituras

    das direes horizontais em virtude do desgaste do aparelho. O objetivo da criao

    do laboratrio a realizao de classificao angular horizontal e vertical de

    teodolitos e estaes totais em ambientes que sejam tecnicamente controlados, o

    que possvel em campo.

    Tomasi (2005) buscou apresentar como importante ter um gerenciamento de

    rotina em uma organizao, em virtude da competitividade em todo o mercado. Para

    o autor, ter um sistema de gerenciamento de instrumentos de medio

    fundamental para a garantia da confiabilidade nas medies e, conseqentemente,

    melhorar a qualidade dos produtos. Atravs de seu trabalho pode-se definir,

    padronizar e executar todas as principais atividades de rotina da metrologia com

    mais eficcia e maior eficincia utilizando grficos indicadores de cada atividade

    desenvolvida no laboratrio foi possvel a gerncia acompanhar melhor estas

    atividades. Alm disso, foi possvel notar que o grau de comprometimento e

    motivao dos trabalhadores teve uma melhora notvel, j que com suas atividades

    bem definidas e padronizadas, cada funcionrio ficou informado exatamente o que

    de sua competncia, prevalecendo neste caso, a fora do autocontrole, juntamente

  • 29

    com o raciocnio, podendo inclusive ser avaliada a possibilidade da ausncia de um

    chefe.

    Bruas et al (2006) apresentam a criao de uma bancada de testes indicada para

    realizar o ensaio e calibrao de instrumentos geodsicos e analisaram a exatido

    dos testes realizados por esta bancada. Como resultado do estudo, os autores

    apresentam mtodos de calibrao angular e demonstram que para esta

    necessrio um grande nmero de valores angulares comparados com valores

    angulares de referncia. Por fim, os autores expem que foi construdo, e

    investigado, um dispositivo de instrumento geodsico para a calibrao de ngulos

    horizontais.

    Bastos (1996) buscou evidenciar que o mercado est ficando mais exigente, sendo

    muito natural que se busque uma maior confiabilidade e exatido nos processos de

    fabricao e assim, a calibrao vem se demonstrando um fator importante na

    empresa.

    Magalhes (2006) trata o Sistema de Gesto da Qualidade para os laboratrios de

    metrologia de acordo com a NBR ISO/IEC 17025:2005. O autor apresenta a

    aplicao da norma nos laboratrios de ensaio e calibrao, demonstra os requisitos

    de uma acreditao (credenciamento) laboratorial realizado pelo INMETRO

    Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial, descrevendo

    sobre a homologao feita pela RBMG Rede Metrolgica de Minas Gerais e

    descreve a aplicao no laboratrio de metrologia da UNIFEI (Universidade Federal

    de Itajub). Discutiu a importncia do envolvimento de todos os funcionrios na

    implantao do SGQ Sistema de Gesto da Qualidade, no laboratrio de

    metrologia. Mostrou que, para a implantao do SGQ, so necessrias mudanas nos

    equipamentos e no comportamento do pessoal envolvido. A importncia do

    treinamento de pessoal ressaltada. Apresentou tambm as dimenses da

    qualidade: Sistema da Qualidade (SQ), Manual da Qualidade (MQ) e a Poltica da

    Qualidade (PQ). Alm disso, discutiu as principais dificuldades de implantao da

    NBR ISO/IEC 17025:2005, as vantagens da acreditao para as organizaes, para

  • 30

    os usurios e para os avaliadores ou auditores. Por fim, apresentou o andamento do

    processo de acreditao no laboratrio da UNIFEI.

    O trabalho desenvolvido por Slaboch, Lechner e Pizur (2003) importante pelo fato

    de apresentar a acreditao atravs da norma ISO/IEC 17025:2000 de um

    laboratrio que trabalha com pesquisas nas reas de geodsia, topografia e

    cartografia. O artigo apresenta alguns detalhes do VUGTK (Institute of Geodesy,

    Topography and Cartography), um instituto localizado na Repblica Tcheca que

    possui as suas atividades voltadas para a verificao, calibrao e testes em todos os

    tipos de instrumentos geodsicos, incluindo os seus acessrios. O VUGTK um

    laboratrio que administra um AMC (Autorised Metrology Centre) de verificao de

    determinados instrumentos de medio. Os instrumentos que no so autorizados a

    serem calibrados no instituto so encaminhados para a calibrao no ACL (Acredited

    calibration laboratory), que um dos laboratrios associados ao CMI (Czech

    Metrology Institute). O ACL do VUGTK foi criado em 1999 para atender as

    necessidades do pblico profissional de calibrao de instrumentos geodsicos. Os

    autores afirmam que dentre as principais atividades desenvolvidas pelo VUGTK esto

    includas pesquisas no desenvolvimento da metrologia, padronizao e sistema de

    qualidade voltada geodsia, cartografia e informao geogrfica. Apresentam a

    estrutura do sistema de qualidade, que foi baseado na norma EN ISO 9001 e as

    documentaes usadas para acreditao laboratorial de acordo com a ISO/IEC

    17025:2000. Tambm so anexadas a esse trabalho:

    As informaes para o desenvolvimento do sistema da qualidade;

    Implantao da ISO/IEC 17025:2000 nos laboratrios de calibrao do VUGTK;

    A estrutura das atividades metrolgicas do VUGTK;

    A lista de procedimentos administrativos ou gerais e tcnicos para o processo

    de acreditao.

    Com a proposta de informar sobre os desenvolvimentos nos padres de campo para

    instrumentos de topografia e mtodos topogrficos, Becker (2000) desenvolveu uma

    pesquisa que ressaltou a importncia da padronizao e apresentou as reas da

  • 31

    agrimensura que mais sofreram modificaes que, na opinio do autor, so as mais

    relevantes para os trabalhos de posicionamento, a saber:

    Normas para os aparelhos de medio;

    Normas para os laboratrios de calibrao e testes em equipamentos de

    agrimensura;

    No trabalho desenvolvido por Yavuz e Ersoy (2006) foi apresentada a importncia da

    normatizao na rea de Engenharia de Agrimensura. Mostraram como o trabalho

    desenvolvido pelos profissionais dessa rea necessita seguir padres, tanto no

    processo de produo quanto no trabalho desenvolvido por eles, sejam engenheiros,

    tcnicos em agrimensura, entre outros. Apresentam as vantagens das normas para

    os trabalhos de agrimensura e as instituies responsveis pela criao das normas

    envolvidas.

    Greenway (2004) procurou esclarecer os seguintes questionamentos:

    Quais so os padres usados na rea de agrimensura?

    Como os padres podem atingir a vida profissional de um agrimensor?

    Os padres so favorveis ou contrrios ao desenvolvimento do trabalho de um

    agrimensor?

    Qual a postura do profissional frente a existncia de padres especficos

    instrumentao usada na rea de agrimensura?

    Quais so os rgos que esto envolvidos na formulao de padres especficos

    para a instrumentao tica?

    Quais so os padres e organismos existentes na rea da inspeo?

    Quais so os trabalhos desenvolvidos pela FIG Fdration Interantionale des

    Geometres (Copenhagen Dinamarca) e quais so os planos futuros da

    organizao?

    Ao fim do trabalho, Greenway concluiu que a existncia de padres um fato

    positivo na vida profissional de um agrimensor. Tambm observou que a FIG detm

    uma participao efetiva nos trabalhos desenvolvidos pela ISO que envolvam a

  • 32

    instrumentao de preciso e que almeja futuramente aumentar sua rede de padres

    voltados para a medio.

    Bruas Giniotis e Petrokeviius (2006) apresentaram a criao e a pesquisa

    preliminar da preciso de uma bancada projetada para a realizao de ensaios e

    calibraes de instrumentos topogrficos e geodsicos como teodolitos mecnicos,

    teodolitos digitais e estaes totais. Os autores apresentam as normas usadas para a

    calibrao desses instrumentos, as especificaes tcnicas voltadas para ngulos, de

    acordo com os dispositivos de medidas, as especificaes tcnicas voltadas para os

    teodolitos eletrnicos. Ao fim do trabalho, os autores chegaram, dentre outras

    concluses, que os testes de medies preliminares foram realizados, provando que,

    apesar dos resultados serem bons, o equipamento de ensaio deve ser modificado de

    forma a aumentar a preciso da calibrao.

    Zeiske (2001) apresentou em seu trabalho o comit tcnico ISO/TC 172 Optical

    and optical instruments e os seus sub-comits, em especial o ISO/TC 172/SC 6

    Geodetic and surveying instruments, que voltado para os instrumentos de

    agrimensura. E por fim, no mesmo trabalho mostrou os padres publicados pela SC 6

    (Subcommittee 6) e as tarefas realizadas pela mesma.

    Leica Geosystems (2001) divulgou um boletim em que apresentava a importncia

    calibrao instrumental. No mesmo artigo so apresentados os eixos da estao total

    e os possveis erros instrumentais, erro de colimao, erros do eixo inclinado, erro do

    ndice vertical, erro do eixo horizontal, erro de ndice compensador e a calibrao

    ATR (Automatic Target Recognition).

    Leica Geosystems (2000) publicou um informativo que tratava da constante aditiva

    do EDM, que um tema que sempre foi difcil de entender. Atualmente com o uso de

    refletores, fitas adesivas, as dvidas podem ter aumentado. As inconsistncias sobre

    a terminologia usada no que diz respeito constante aditiva podem ser encontradas

    em manuais, artigos e at mesmo em livros. Por isso foi lanado um boletim no qual

    em so expressas de forma clara as definies que envolvem o tema e a forma

    correta de se calcular uma constante aditiva.

  • 33

    3. CONCEIFUNDAMENTAIS E DETALHES DA INSTRUMENTAO USADA NA PESQUISA

    3.1 Conceitos Fundamentais

    A seguir sero apresentados alguns termos tcnicos que podem contribuir para a

    compreenso do contedo abordado neste trabalho, como tambm para aprofundar

    a discusso da terminologia aplicada em instrumentao e metrologia no contexto

    desta pesquisa.

    Atravs da publicao das brochuras Vocabulrio de Metrologia Legal e

    Vocabulrio de termos fundamentais e gerais de metrologia, realizada em 1989, o

    INMETRO define os termos como aferio, calibrao que so abordados nesta

    pesquisa.

    Calibrao

    Conjunto de operaes que estabelece, em condies especiais, a correspondncia

    entre o estmulo e a resposta de um instrumento de medir, sistema de medir ou

    mostrador de medio.

    De acordo com o VIM (2007), o resultado de uma calibrao permite tanto o

    estabelecimento dos valores do mensurando para as indicaes quanto a

    determinao das correes a serem aplicadas.

    Captulo 3

    CONCEITOS FUNDAMENTAIS E DETALHES DA INSTRUMENTAO USADA NA PESQUISA

  • 34

    Verificao e Retificao

    Os operadores de equipamentos topogrficos devem periodicamente, antes de iniciar

    o trabalho em campo, verificar as condies de retificao dos mesmos. Entende-se

    por verificar um instrumento, a comprovao de que seu funcionamento est

    correto. De acordo com Cunha (1983), sem essa precauo, os resultados podero

    estar comprometidos e no se poder ter segurana quanto qualidade dos dados

    levantados.

    Classificao

    Segundo a norma brasileira NBR13133:1994 (Execuo de levantamentos

    topogrficos), classificar consiste em distribuir em categoria ou grupos a partir de um

    sistema de classificao. Tal norma define as divises que devem ser enquadradas

    nos instrumentos baseados no desvio padro de um conjunto de observaes obtidas

    seguindo uma metodologia prpria (NBR 13133, 1994). Sero apresentadas as

    tabelas (3.1, 3.2, 3.3, 3.4) de classificaes dos instrumentos que esto envolvidos

    nesta norma: teodolitos, nveis e medidores eletrnicos de distncias (MED).

    A DIN 18723 traz que os teodolitos so classificados de acordo com o desvio padro

    de uma direo observada nas duas posies (PD e PI) da luneta (A tabela 3.1

    uma transcrio da norma NBR13133:1994 faz referncia a esta norma

    internacional). A classificao de teodolito, conforme a DIN 18723, normalmente

    definida pelos fabricantes. Em caso contrrio, deve ser realizada por entidades

    oficiais e/ou universidades, em bases apropriadas para a classificao de teodolitos.

  • 35

    Tabela 3.1:Classificao de teodolitos

    Classes de teodolitos Desvio-padro

    Preciso angular

    1 preciso baixa "30

    2 preciso mdia "07

    3 preciso alta "02

    Fonte: Norma ABNT NBR 13133:1994

    Os nveis so classificados de acordo com o desvio-padro de 1 km de duplo

    nivelamento. Ver a Tabela 3.2:

    Tabela 3.2: Classificao de Nveis

    Classes de teodolitos Desvio-padro

    1 preciso baixa kmmm /10

    2 preciso mdia kmmm /10

    3 preciso alta kmmm /3

    4 preciso muito alta kmmm /1

    Fonte: Norma ABNT NBR 13133:1994

    Os MED so classificados de acordo com o desvio-padro que os caracteriza. Ver

    Tabela 3.3:

  • 36

    Tabela 3.3: Classificao do MED

    Classes de teodolitos Desvio-padro

    1 preciso baixa ( )Dppmmm + 1010

    2 preciso mdia ( )Dppmmm + 55

    3 preciso alta ( )Dppmmm + 23

    Fonte: Norma ABNT NBR 13133:1994

    D = Distncia medida em km e

    ppm = parte por milho.

    As estaes totais so classificadas de acordo com os desvios-padro que as

    caracterizam, de acordo com a Tabela 3.4:

    Tabela 3.4: Classificao de estaes totais

    Fonte: Norma ABNT NBR 13133:1994

    Classes de

    estaes totais

    Desvio-padro

    Preciso angular

    Desvio-padro

    Preciso linear

    1 preciso baixa "30 ( )Dppmmm + 105

    2 preciso mdia "07 ( )Dppmmm + 55

    3 preciso alta "02 ( )Dppmmm + 33

  • 37

    Exatido (Acurcia)

    A exatido denota uma absoluta aproximao das quantidades de medidas aos seus

    valores verdadeiros.

    Preciso

    A preciso refere-se ao grau de refinamento ou a coerncia de um grupo de

    medies e se avalia com base na magnitude das discrepncias. Se forem feitas

    mltiplas medies da mesma quantidade e surgir pequenas discrepncias, isso

    reflete uma alta preciso. O grau de preciso possvel depende da sensibilidade do

    equipamento utilizado e da habilidade do observador.

    A diferena entre preciso e exatido mais notvel ao observarmos um alvo. Na

    Figura 3.1(a), por exemplo, os cinco tiros encontram-se dentro de um estreito

    agrupamento, que indica uma operao precisa, quer dizer, o atirador pode repetir o

    procedimento com um alto grau de consistncia. Entretanto, os tiros ficaram longe

    do centro do alvo e, portanto, no foi exato. Eventualmente esta seja o resultado de

    um desalinhamento da mira do canho. A Figura 3.1(b) mostra tiros dispersos que

    no so nem precisos e nem exatos. Na Figura 3.1(c), o agrupamento no centro do

    alvo representa tanto preciso quanto exatido. O atirador que obteve os resultados

    na Figura 3.1(a) talvez possa fazer os tiros da Figura 3.1(c) aps alinhar a mira do

    canho. Em topografia isto equivaler a calibrar os instrumentos de medio.

    Figura 3.1: Diferena entre preciso e exatido (acurcia)

    Com preciso

    Sem exatido

    (a)

    Sem preciso

    Sem exatido

    (b)

    Com preciso

    Com exatido

    (c)

  • 38

    Certificao

    um processo pelo qual um organismo imparcial j certificado, atesta por escrito

    que o sistema ou pessoas so competentes para realizar tarefas especificas.

    Certificado de calibrao

    Os certificados de calibrao so documentos que mostram os resultados das

    medies realizadas com o instrumento ao compar-lo com um padro de referncia

    que seja rastrevel a um padro nacional e/ou internacional. Servem para confirmar

    que os aparelhos foram inspecionados, os mesmos no so completados por

    relatrios de medio e s podem ser emitidos por laboratrios de calibrao com

    acreditao nacional, que possuam marca registrada e que emitam o nmero do

    certificado e calibrao.

    Incerteza de medio

    Parmetro associado ao resultado de uma medio, que caracteriza a disperso dos

    valores que podem ser fundamentalmente atribudos a um mensurando.

    Instrumento de medio

    Dispositivo utilizado para medies, sozinho ou em conjunto com dispositivo(s)

    complementar (es).

    Metrologia

    Metrologia o nome dado cincia que agrupa os conhecimentos sobre a arte de

    medir e interpretar as medies realizadas. Abrange todos os aspectos tericos e

    prticos relativos s medies, qualquer que seja a incerteza, em quaisquer campos

    da cincia ou da tecnologia.

  • 39

    Metrologia Cientfica

    Parte da metrologia que trata da pesquisa e manuteno dos padres primrios. No

    Brasil o Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO) o rgo que detm os padres

    nacionais, no Laboratrio Nacional de Metrologia, e que encarregado de repassar

    os valores dos mesmos aos demais laboratrios nacionais, inclusive aos responsveis

    pela metrologia legal.

    Medio

    Segundo VIM (2007), conjunto de operaes que tem por objetivo determinar um

    valor de uma grandeza (VIM - 2.1).

    Medir

    a ao de avaliar uma grandeza comparando-a com outra de mesma espcie,

    adotada como referncia (Silva, 2004).

    Sistemas de medidas ou sistemas de unidades de medidas

    Nome dado ao conjunto de medidas ou unidades de medidas de diferentes espcies

    agrupadas de maneira coerente e que so utilizadas em diferentes ramos da

    atividade humana (Silva, 2004).

  • 40

    Unidade de medida

    Unidade de medidas um conjunto abstrato usado para expressar o valor unitrio da

    medida de determinada grandeza, com a qual outras grandezas de mesma natureza

    so comparadas para expressar suas magnitudes em relao quela grandeza

    especfica. Geralmente uma unidade de medida fixada por definio e

    independente de condies fsicas. (Silva. 2004).

    Padro de medida

    Padro de medida um nome dado ao objeto ou fenmeno natural (incluindo

    constantes fsicas e propriedades especficas de substncias) usado como referncia

    para definir, realizar, conservar ou reproduzir uma unidade de medida.

    Padro primrio

    Padro que designado ou amplamente reconhecido como tendo as mais altas

    qualidades metrolgicas e cujo valor aceito sem referncia para outros padres de

    mesma grandeza.

    Padro Secundrio

    Padro cujo valor estabelecido por comparao a um padro primrio da mesma

    grandeza.

  • 41

    Padro Internacional

    Padro reconhecido por um acordo internacional para servir, internacionalmente,

    como base para estabelecer valores para outros padres da grandeza a que se

    refere.

    Padro Nacional

    Padro reconhecido por uma deciso nacional para servir, em um pas, como base

    para estabelecer valores a outros padres da grandeza a que se refere.

    Padro de referncia

    Padro, geralmente tendo a mais alta qualidade metrolgica disponvel em um dado

    local ou em uma dada organizao, a partir do qual as medies l executadas so

    derivadas.

    Padro de Trabalho

    Padro utilizado rotineiramente para calibrar ou controlar medidas materializadas,

    instrumentos de medio ou materiais de referncia.

    Resoluo

    Resoluo de uma medida o algarismo menos significativo que pode ser medido, e

    depende do instrumento utilizado para realizar a medida.

  • 42

    Rastreabilidade

    Segundo a VIM (2007), rastreabilidade a propriedade do resultado de uma medio

    ou do valor de um padro estar relacionado a referncias estabelecidas, geralmente

    a padres nacionais ou internacionais, atravs de uma cadeia contnua de

    comparaes, todas tendo incertezas estabelecidas.

    De um modo mais simples, rastrear manter os registros necessrios para identificar

    e informar os dados relativos a origem e ao destino de um produto. pesquisar ao

    mximo sobre algum produto ou servio (o que , de onde veio, como foi feito e pra

    onde foi).

    Os padres nacionais e internacionais so normalmente sustentados pelos Institutos

    Nacionais de Metrologia (INM) de cada pas, como a Diretoria de Metrologia

    Cientfica e Industrial do Inmetro (Dimci/Inmetro) no Brasil, o NPL no Reino Unido e

    o PTB na Alemanha. Os Institutos Nacionais de Metrologia esto na extremidade da

    hierarquia metrolgica em um pas e so responsveis por estabelecer e divulgar as

    unidades de medida aos usurios, sejam eles cientistas, autoridades pblicas,

    laboratrios ou indstrias.

    1. Nos casos em que o INM possui condies de efetivar a unidade SI (Sistema

    Internacional de Unidades) para uma determinada grandeza, o padro

    nacional torna-se idntico ao padro primrio que realiza a unidade. Caso

    contrrio, ele precisa garantir que as suas medies sejam rastreveis ao

    padro primrio, calibrando seus padres em um INM de outro pas que

    mantenha o padro primrio dessa grandeza.

    Para que a rastreabilidade de uma medio seja caracterizada, no suficiente que o

    laboratrio calibre seus equipamentos e disponha dos certificados de calibrao

    correspondentes. preciso ir alm, pois um certificado de calibrao no fornece,

    essencialmente, informaes sobre a competncia dos laboratrios que realizam as

    calibraes que formam a cadeia de rastreabilidade. Assim, necessrio que se

    considere tambm alguns outros elementos que so fundamentais para que se possa

  • 43

    afirmar que o resultado de medies rastrevel a um padro nacional ou

    internacional, tais como:

    Cadeia contnua de comparaes, conduzindo at um padro nacional ou

    internacional;

    Referncia unidade SI: a cadeia de comparaes deve atingir os padres

    primrios para a realizao da unidade do SI;

    Recalibraes: as calibraes devem ser repetidas a intervalos adequados,

    definidos em funo de uma srie de variveis, tais como incerteza requerida,

    freqncia e modo de uso dos instrumentos de medio, estabilidade dos

    equipamentos, etc.;

    Incerteza de medio: a cada passo da cadeia de rastreabilidade, deve ser

    determinada a incerteza de medio, de acordo com mtodos definidos, de forma

    que se obtenha uma incerteza total para a cadeia;

    Documentao: cada passo da cadeia de rastreabilidade deve ser realizado de

    acordo com procedimentos documentados, reconhecidos como adequados e os

    resultados obtidos devem ser registrados em um certificado de calibrao;

    Competncia: os laboratrios que realizam um ou mais passos de cadeia de

    rastreabilidade devem fornecer evidncias da sua competncia para a realizao

    da calibrao.

  • 44

    3.2 Detalhes da instrumentao utilizada na pesquisa

    A seguir sero apresentados detalhes importantes para a instrumentao estudada

    nesta pesquisa. Seguem detalhes dos teodolitos e estaes totais, nveis,

    colimadores, antenas GNSS, prismas e nvel de bolha para basto (nvel de

    cantoneira).

    3.2.1 Teodolitos e Estaes Totais

    O teodolito um instrumento utilizado para realizar medies diretas de direes

    horizontais e ngulos verticais. Podem tambm ser utilizados para medir distncias

    que, relacionadas com os ngulos verticais, permitem obter tanto a distncia

    horizontal entre dois pontos quanto a diferena de nvel entre os mesmos. J as

    estaes totais so equipamentos que combinam trs componentes bsicos, um

    instrumento medidor eletrnico de distncia (EDM), um componente que mede

    eletronicamente os ngulos e um microprocessador. Apresenta-se a seguir os

    principais componentes de uma estao total. Ver Figura 3.2:

  • 45

    Figura 3.2: Principais componentes de uma estao total. (Fonte: Brum et al 2005).

    3.2.1.1 Sistema de eixos dos teodolitos e estaes totais

    Eixo Vertical, Azimutal ou Principal (VV)

    O Eixo Vertical (VV) o eixo em torno do qual se realiza a rotao do aparelho.

    Trata-se do eixo principal do equipamento e o que define a posio vertical do

    mesmo. Possui, entre outras, a funo de suportar o peso da estrutura do

    instrumento garantindo que a rotao em torno do mesmo coincida com a rotao

    em torno do centro do crculo graduado horizontal.

  • 46

    Eixo Horizontal, de Elevao ou Secundrio (ZZ)

    D-se o nome de eixo secundrio ao eixo que est localizado perpendicularmente ao

    eixo vertical e em torno do qual gira a luneta do instrumento.

    Eixo de Colimao ou de Observao (KK)

    O Eixo de colimao determinado pelo alinhamento dos centros ticos das lentes

    da luneta com o centro do retculo da mesma. Por construo ele deve ser

    perpendicular ao Eixo Vertical e ao Eixo Secundrio.

    3.2.1.2 Crculos Graduados

    So crculos graduados de metal ou cristal (vidro) de forma que se leiam os ngulos

    no sentido azimutal (sentido horrio na sua maioria), no sentido anti-horrio ou at

    nos dois sentidos.

    Os crculos podem ter escalas demarcadas de diversas formas, como por exemplo:

    Tinta sobre plstico;

    Ranhuras sobre metal ou

    Traos gravados sobre cristal.

    Os limbos podem funcionar por transparncia ou por reflexo. A codificao sempre

    feita utilizando elementos que interrompem ou no o caminho tico entre a fonte

    emissora de luz e o fotodetector.

    Nos casos gerais onde os limbos funcionam por transparncia, os principais

    componentes fsicos da leitura eletrnica de direes so dois, a saber:

  • 47

    Um crculo de cristal com regies claras e escuras (transparentes e opacas)

    codificadas atravs de um sistema de fotoleitura;

    Fotodiodos detectores da luz que atravessam o crculo graduado.

    Existem basicamente dois princpios de codificao e medio, o absoluto (Figura

    3.3) que fornece um valor angular para cada posio do crculo, e o relativo (Figura

    3.4) que fornece o valor incremental a partir de uma origem, isto , quando se gira o

    teodolito a partir de uma posio inicial.

    Figura 3.3: Sistema de codificao absoluto. (Fonte: Fundamentos de Topografia, 2007).

    Figura 3.4: Modelo de limbo incremental (relativo). (Fonte: Fundamentos de Topografia, 2007).

  • 48

    Para se entender de maneira simplificada os princpios de funcionamento deve-se

    pensar em um crculo de vidro com uma srie de traos opacos igualmente

    espaados e com espessura igual a este espaamento. Colocando uma fonte de luz

    de um lado do crculo e um fotodetector do outro possvel contar o nmero de

    pulsos claro-escuros que ocorrem quando o teodolito girado, de uma posio

    para outra, para medir um ngulo. Esse nmero de pulsos pode ser ento convertido

    e apresentado de forma digital em um visor.

    3.2.1.3 Luneta de Visada

    o elemento de visada para a obteno da imagem do objeto observado.

    constituda de um tubo em cujas extremidades situam-se a ocular e a objetiva. Na

    extremidade da ocular esto localizados os retculos, formados por dois fios

    ortogonais: o fio nivelador (horizontal) e o fio colimador (vertical). Alguns

    equipamentos possuem tambm dois fios horizontais equidistantes do fio nivelador,

    que denominados de fios estadimtricos, que so utilizados para a avaliao de

    distncias.

    Em alguns instrumentos antigos, como o teodolito astronmico WILD T4, o poder de

    ampliao da luneta era de 80 vezes. Na maioria dos casos dos instrumentos atuais,

    entretanto, o poder de ampliao de 30 vezes. Ver figura 3.5:

    Figura 3. 5: Luneta

    RetculoOcular

    Objetiva

    Tubo porta retculoTubo portaocular

    Tubo portaobjetiva

    RetculoOcular

    Objetiva

    Tubo porta retculoTubo portaocular

    Tubo portaobjetiva

  • 49

    3.2.1.4 Nveis de bolha tubulares e nveis digitais

    O nvel de bolha tubular um tubo de vidro fechado em suas extremidades e seu

    interior parcialmente cheio de um lquido voltil capaz de conservar a bolha com

    uma proximidade relativamente estvel para as variaes normais da temperatura.

    Geralmente se usa lcool sinttico purificado. Quando o tubo se inclina, a bolha se

    move sempre rumo ao ponto mais alto do tubo, porque o ar mais leve que o

    lquido. A posio relativa da bolha est localizada atravs de graduaes que

    ocorrem em intervalos mais ou menos regulares sobre a superfcie exterior do tubo,

    espaadas a uma distncia de 2 mm. A orientao a linha imaginria longitudinal

    central tangente superfcie superior interna do recipiente. Quando a bolha est no

    centro da sua trajetria, a orientao deve ser uma linha horizontal. Em um

    instrumento de nivelao que usa bolha niveladora, se esta for ajustada

    corretamente, sua linha de visada est em paralelo com a orientao do nvel de

    bolha. Em seguida, ao centrar a bolha, a linha de visada fica na horizontal.

    A sensibilidade do nvel determina o raio de curvatura que se d no processo de

    fabricao. O maior raio corresponde melhor sensibilidade da bolha. Em trabalhos de

    preciso indispensvel que a bolha seja muito sensvel, mas uma grande

    sensibilidade pode as vezes ser um inconveniente em levantamentos pouco precisos.

    Um movimento ligeiro da bolha deve ser acompanhada por uma mudana pequena,

    porm perceptvel, na leitura observada a uma distncia aproximada de 200 metros.

    A sensibilidade do nvel expressa-se em duas formas:

    a) Pelo ngulo, em segundos e;

    b) Pelo raio de curvatura do tubo. Se uma diviso subtende um ngulo de 20 no

    centro, se diz que o nvel tem bolhas de 20. Uma bolha de 20 em um nvel

    cujas divises so de 2 mm, tem um raio de aproximadamente de 68 ps (

    20,726 metros). A sensibilidade dos nveis de bolha na maioria dos nveis de

    inclinao (e em nveis mais velhos com telescpio curto) varia de 20 a 40"

    aproximadamente.

  • 50

    A relao entre sensibilidade e o raio de curvatura se determina rapidamente. Se

    medido em radianos, um ngulo subtendido por um arco cujo raio e comprimento

    so de R e S, respectivamente, dada por:

    R

    S=

    Ento, para uma bolha de 20 "com divises de 2 mm, no nvel de bolha, por

    substituio:

    R

    mm

    rad

    2

    /"265,206

    "20=

    Resolvendo o valor de R,

    psmmmradmm

    R 686.20625,20"20

    /265,206*2==== (aproximadamente)

    A Figura 3.6 ilustra exemplos de nveis: esfrico, tubular e digital.

    (3.1)

    (3.2)

  • 51

    Nvel Esfrico

    Nvel Tubular

    Nvel Digital

    Figura 3.6: Nveis utilizados para a verticalizao do Eixo Principal

    3.2.1.5 Parafusos de chamada:

    Os parafusos de chamada so os elementos de ajuste. Eles so usados para se

    realizar os ajustes finos nas medies. Os parafusos de chamada se dividem em:

    Parafuso de chamada do limbo horizontal;

    Parafuso de chamada do limbo vertical; e

    Parafuso de chamada do movimento geral.

    Tais elementos so indispensveis para a obteno de uma coincidncia perfeita da

    linha de colimao com o objeto visado.

  • 52

    3.2.1.6 Parafusos calantes ou niveladores

    Os parafusos calantes ou parafusos niveladores so utilizados para nivelar (calar) o

    instrumento a partir dos nveis de bolha ou nvel digital. Como os mesmos

    encontram-se conectados a base nivelante, ao gir-los adequadamente, inclina-se o

    corpo do instrumento na direo desejada realizando assim o nivelamento do

    mesmo. Ver Figura 3.7:

    Figura 3.7: Parafusos calantes

    Com auxlio da bolha cilndrica, usam-se os parafusos calantes (trs), coloca-se o

    eixo longitudinal da bolha cilndrica paralelo a um par de parafusos, e mexendo

    nestes dois parafusos, simultaneamente, girando-os um no sentido horrio e outro

    no anti-horrio, at centralizar a bolha. Em seguida, gira-se o aparelho at que o

  • 53

    eixo longitudinal da bolha fique perpendicular com a posio anterior e girando o

    parafuso restante at que centralize a bolha. D-se um giro qualquer no aparelho e,

    se a bolha cilndrica continuar centralizada, ento o aparelho estar nivelado.

    3.2.1.7 Base nivelante

    Bases nivelantes so os instrumentos mais versteis da agrimensura e devem ser

    periodicamente testados e ajustados. Bases nivelantes usam uma bolha circular para

    o nivelamento e podem ou no usar fio de prumo embutido. A seguir na Figura 3.8

    apresentada a seo transversal de uma base nivelante profissional da fabricante

    Leica Geosystems, modelo GDF 122.

    Figura 3.8: Seo Transversal de uma base nivelante

    3.2.1.8 Visor para leitura das medies

    As medies dos ngulos e das distncias so feitas a partir de codificadores

    eletrnicos e exibidos em um visor instalado no corpo do instrumento. Ver Figura 3.9

  • 54

    Figura 3.9: Visor da estao total da fabricante Leica Geosystems, modelo TCA 1201+

    3.2.1.9 Compensador de Inclinao

    O compensador no interior do aparelho equilibra a inclinao do eixo vertical em

    direo ao ponto visado e faz com que a pontaria seja perfeitamente feita na

    horizontal.

    As estaes totais modernas esto equipadas com um duplo eixo compensador, que

    corrige automaticamente ngulos horizontais e verticais para qualquer desvio em

    relao linha prumo.

    3.2.1.10 EDM ou Medidor Eletrnico de Distncia

    Um avano importante para a topografia, que ocorreu h aproximadamente 50 anos,

    foi a utilizao de instrumentos para medio eletrnica de distncias (MED). Estes

    mecanismos determinam a distncia por meio da medio indireta do tempo que

    toma a energia eletromagntica de velocidade conhecida de viajar de um extremo da

    linha ao outro e regressar. Na prtica, a energia se transmite de um extremo da

    linha a outro e regressa a um ponto inicial, desta maneira viaja o dobro da distncia

  • 55

    da trajetria. Os instrumentos de MED tornaram possvel medir distncias exatas, de

    forma mais rpida e fcil. Se possvel, uma linha direta de visada pode ser

    mensurada por distncias longas ou em terrenos inacessveis.

    Na gerao atual, os instrumentos de MED trazem incorporados teodolitos digitais e

    microprocessadores, para criar assim instrumentos de estao total. Tais

    instrumentos podem medir distncias e ngulos simultaneamente e

    automaticamente. O microprocessador recebe o comprimento medido da inclinao e

    o ngulo zenital (ou vertical), calcula as componentes horizontais e verticais das

    distncias, e as exibe em tempo real.

    3.2.2 Nveis

    Os nveis so instrumentos destinados determinao de altura entre dois ou mais

    pontos sobre a superfcie terrestre. De acordo com a classificao dos mesmos, eles

    podem alcanar precises sub-milmtricas.

    De acordo com Veiga4 et al. (2003) apud Brum (2005), os nveis digitais possuem os

    mesmos componentes mecnicos e ticos de um instrumento tradicional, mas

    distingui no que se refere a forma de leitura. Esta baseia-se na decodificao de um

    cdigo de barras existente na mira.

    O movimento geral do aparelho realiza-se como no processo mecnico, ou seja,

    aponta-se o nvel para a mira e realiza a focalizao. Aps isto, pressiona-se o boto

    de leitura e os dados so adquiridos e memorizados pelo instrumento.

    4 VEIGA, L. A. K. ; FAGGION, Pedro Luis ; FREITAS, Silvio Rogrio Correia de ; SANTOS, Daniel Perozzo dos . Desnveis de primeira ordem com estao total. In: Curso de Ps-Graduao em Cincias Geodsicas - UFPR. (Org.). Srie em Cincias Geodsicas: Novos desenvolvimentos da Cincias Geodsicas. Curitiba: Universidade Federal do Paran, 2003, v. 3, p. 155-166.

  • 56

    3.2.2.1 Sistema de eixos

    Para que o usurio possa compreender melhor o funcionamento de um nvel, na

    Figura 3.10 so apresentados os trs eixos principais de um nvel:

    Eixo principal ou e rotao (ZZ)

    Eixo tico ou linha de visada ou eixo de colimao (OO)

    Eixo do nvel tubular ou tangente central (HH)

    Figura 3.10: Sistema de eixo de um nvel

  • 57

    Na Figura 3.11 so apresentados os principais componentes de um nvel:

    Figura 3.11: Principais componentes de um nvel

    Os autores classificam os nveis baseando-se no princpio de funcionamento ou na

    preciso dos mesmos.

    Os nveis classificados como pertencentes a classe de transio so os equipamentos

    denominados como nveis de engenheiro ( preciso maior que 10mm/km). A classe

    com equipamentos cuja preciso maior que 3 mm/km corresponde aos

    denominados nveis de construo. Por fim, a classe com equipamentos cuja preciso

    menor que 3 mm/km corresponde aos equipamentos considerados de preciso.

    A Tabela 3.2 (pg. 37) traz a classificao de nveis de acordo com a norma ABNT

    NBR 13133:1994.

    Para os propsitos deste trabalho os nveis sero classificados da seguinte forma:

    Nveis ticos mecnicos e automticos;

  • 58

    Nveis digitais; e

    Nveis laser.

    A seguir descrevem-se as principais caractersticas de cada um dos tipos de nveis:

    3.2.2.2 Nveis ticos mecnicos

    Um nvel tico consiste de um telescpio equipado com nvel de bolha ou

    compensador automtico para garantir visadas longas horizontais e verticais usando

    mira graduada.

    Os nveis ticos so classificados em nveis mecnicos e automticos. Nos nveis

    ticos mecnicos, o nivelamento de calagem (fino) do aparelho feito com o auxlio

    de nveis de bolha bipartida. Os nveis automticos possuem um dispositivo de

    compensao, que mantm a linha horizontal de visada quando os instrumentos so

    nivelados. A linha de visada nivelada automaticamente, usando-se um sistema

    compensador (pendular).

    3.2.2.3 Nveis Digitais

    Os nveis digitais denominam-se automticos porque usam um compensador

    pendular para autoniverlar-se, depois que o operador tenha efetuado um

    nivelamento prvio aproximado atravs de uma bolha. Com o telescpio e o fio de

    retculo, esse instrumento pode ser utilizado para obter leituras manualmente, como

    em qualquer outro nvel automtico.

  • 59

    A Figura 3.12 apresenta uma ilustrao de nvel digital:

    Figura 3.12: Exemplo de um nvel digital do fabricante Leica Geosystems. Fonte: http://www.leica-geosystems.co.uk/en/Levels-Digital-Electronic-Levels_5291.htm

    3.2.2.4 Nveis a laser

    Estes tipos de instrumentos caracterizam-se pela substituio da luneta por um feixe

    laser rotativo. O aparelho lana um feixe de raio laser no plano horizontal ou

    inclinado, visvel ou invisvel. A partir da rotao do emissor do raio laser, a

    varredura horizontal igual a 360. Para a obteno da altura dos pontos da rea de

    varredura utiliza-se um detector de raio laser conectado a uma rgua graduada.

    Devido ao fato do raio laser definir um plano horizontal ou inclinado sobre a rea de

    varredura, esse tipo de equipamento tem sido usado como elemento auxiliar em

    mquinas de terraplenagem e de escavao. Ver Figura 3.13:

  • 60

    Figura 3.13: Exemplo de Nvel laser Leica Rugby 100 LR Fonte: http://www.leica-geosystems.com/en/index.htm

    3.2.3 Antenas receptoras GNSS

    Devido complexidade deste assunto e considerando que neste trabalho o interesse

    bsico a calibrao de uma antena GNSS, ser feito a seguir uma breve descrio

    das principais funes e dos fundamentais componentes de uma antena receptora

    GNSS. Para mais informaes recomenda-se: Kraus (1988), Lorrain et al. (1988),

    Johnson (1993), Rothammel (1995), Balanis (1998), Carr (1998), Machado (2002) e

    Ribeiro (2002).

    O Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) define antena receptora

    GNSS como sendo a parte de um sistema de transmisso ou recepo responsvel

    por irradiar ou receber ondas eletromagnticas (IEEE, 1983, p. 7).

    A antena receptora GNSS um mecanismo com finalidade de captao das ondas

    eletromagnticas nas faixas de radiofreqncia da banda L (Pinker5 et al. 1998 apud

    FREIBERGER;2007), sendo formada basicamente de componentes metlicos

    5 PINKER, A.; ADAMS, S.; PEEPLES, D. (1998). The saga of L. 1998. In: Proceedings of the National Technical Meeting "Navigation 2000". ION GPS, January 21-23, 1998, California.

  • 61

    dispostos em diversas configuraes cujas dimenses so fornecidas em funo do

    comprimento de onda.

    A deteco das ondas eletromagnticas vindas dos satlites responsabilidade das

    antenas receptoras GNSS. Elas funcionam como sensores que traduzem o sinal do

    satlite incidente em informaes de amplitudes e fase.

    Segundo Tranquilla6 et al. (1989; p.356) apud Freiberger (2004, p. 05), a antena do

    receptor GNSS converte a energia da onda em corrente eltrica, eleva a fora do

    sinal e pe disposio os sinais ao processador do receptor e finalmente deve ser

    capaz de rejeitar os sinais que esto fora do seu campo de operao.

    Tipos de antenas GNSS

    Segundo Seeber7 (1993; p. 230) apud Freiberger (2007; p. 36), os modelos de

    antenas receptoras GNSS (Ver Figura 3.14) disponveis para o emprego na recepo

    dos sinais so:

    Monopolo ou dipolo;

    Helicoidal;

    Helicoidal espiral;

    Microstrip ou patch;

    Choke Ring;

    Geodsica mod. 5700;

    Geodsia Zephyr e

    Dipolo

    6 TRANQUILLA, J. M.; COLPITTS, B. G.; CARR, J. P. (1989). Measurement of low-multipath Antennas for Topex. In: 5th INTERNATIONAL GEODETIC SYMPOSIUM ON SATELLITE POSITIONING. Las Cruces, New Mexico. P. 356-361. 7 SEEBER, G. (1993). Satellite Geodesy. Berlin: de Gruyter.

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    Figura 3. 14: Tipos de antenas receptoras GNSS. (Fonte: http://www.shammas.eng.br/.../012006gps/gpsc5.2.jpg)

    Dentre as vrias cl