A Chave Da Teosofia_(1972) h.p.blavatsky

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    H.P. BLAVATSKYMTtulo original: The Key to TheosotthyO The Theosophical Publishing House, 1972

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    Digitalizado por:

    Os fi lhos de H ermes

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    INTRODUOA VERSO PARCIAL

    Os termos Teosot'ia e teosfico foram introduzidos novocabulrio da cultura ocidental do sc. XIX aps a fun-dao da Sociedade Teosfica em Nova Iorque, em 1875.Porm, durante os primeiros anos de existncia da Sociedade,pouco se f.ez quer para tentar definir esses termos, qterpara esclarecer o seu verdadeiro significado. As primeirasexposies, tanto escritas como orais, feitas pelos dois prin-cipais fundadores da Sociedade, H. P. Blavatsky e H. S.Olcott, concentraram-se sobretudo na reintroduo no pen-sarnento mundial duma sabedoria antiga cujo fio de ourose podia seguir ao longo de culturas, civilizaes e pocassucessivas. A primeira obra de Mme. Blavatsky, sis sentV,u, publicacla apenas dois anos aps a fundao cia Socie-dade, precisamente um compndio volumoso de factos cteorias fiiosficas, religiosas, cientficas, mitolgicas, aleg6-ricas e simblicas em qe se dernonstra que a tradio doocultismo remonta mais clisiante antiguidade. A sua obraprincipal, A Doutna Secrea, publicada em lB88, umaexposio exttemamente completa dos principais ensina-mentos da filosofia esotrica tanto no que diz respeito Cosmognese como Antropognese, ou seja, as origens cinfluncias das leis universais na natureza e no homem.O aparecimento da abra A Chave da Teosofia em 1889,

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    A CTTAVE D TEOSOFIum dos dois ltimos livros ds H. P. Blavatsky publicadosdurante a su vida (o outro foi A Voz do Silncio, umaobra constituda por excertos de

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    A CHAVE DA TEOSOFIAQual o motivo, ento, de uma verso parcial, se o livro? O motivoreside apenas no facto de a obra original conter nulnerosascitaes e referncias a opinies bastante generalizadas napoca de H. P. 8., e o leitor interessado que pretenda chegarrapidamente ao fundo da Teosofia talvez se sentisse frus-trado pelas inmeras passagens que apenas encobrem essa. Fez-se, portanto, um esforo no sentido de eli-minar aquilo que no era essencial, incluindo referncias que

    j no vm a propsito, citaes que perderam importncia,e argumentos que pouco ou nenhurn significado tm parao leitor actual. A Verso Parcial baseia-se na edio ori-ginal de 1889, cujo texto integral se encontra venda; nose fizeram quaisquer alteraes ao texto, interpolaes oucomentrios interpretativos. Incluem-se, no entanto, algumasnotas do editor, inequivocamente assinaladas, destinadas aexplicar certos termos que trn hoje em dia um significadomuito diferente claqueie que lhes era atribudo no sculopassado. O nico propsito que presidiu preparao dapresente Verso Parcial foi proporcionar ao leitor um tra-balho que reunisse duma forma directa os ensinamentos fun-damentais da Teosofia tal como foram apresentados peloseu mais notvel expoente, H. P. Blavatsky, tentando simul-taneamente conservar o tom, a fora e a qualidade vital dotrabalho original.As chaves destinam-se a abrir portas. A Teosofia tem sidopara muitos milhares de pessoas a chave que abriu as portasdo esprito e do corao, descobrindo-lhes horizontes insus-peitados de sabedoria e compreenso. A Teosofia foi paraessas pessoas a chave que ihes permitiu chegar aos tesourosdo esprito iluminado, os tesouros do amor e da compaixo,que, quando partilhados, levam ao Tesouro Supremo, a Fra-ternidade Universal. Porm, ter a chave no basta; parachegar aos segredos do conhecimento, para abrir as portas dacompreenso, para libertar as jias da compaixo, precisodar a volta chave. Se esta Verso Parcial dum clssico

    INTRODUCO VERSO PRCIALde todos os tempos, A Chave da T'eosotta, levar novos estu-clantes a tentarem abrir as postas que conduzem sabedoria,a utilizarern o conhecimento em benefcio da humanidade,ter desempenhado um papel extremamente rtil.

    .loy Mills

    I2 t3

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    PREFCIO

    O propsito deste livro encontra-se claramente expressono seu ttulo, (A CHAVE DA TEOSOFIA>>, e no soprecisas muitas palavras para o explicar. No se trata dumcompndio completo ou exaustivo de Teosofia, mas apensde uma chave para abrir a porta que poder levar a umestudo mais profundo da matria. Esboa em tracs largosa Religio-Sabedoria, explicando os seus princpios funda-mentais; tenta simultaneamente responder s diversas objec-es levantadas pelo homem ocidental mdio interessado eapresentar, duma folma simples e numa linguagem to claraquanto possvel, conceitos pouco conhecidos. Seria, no en-tanto, espemr de mais que este livro conseguisse tornar aTeosofia inteligvel sem um esforo mental srio por parte doleitor, mas espera-se que a obscuridade que possa subsistiraps uma leitura atenta se deva ao pensamento em si e no linguagem, profundiciade do assunto e no falta declareza. Para aqueles que sofrem cle preguia mental ou sode compreenso lenta, a Teosofia continuar a ser, neces-sariamente, um enigma, pois no mundo mental, tal comono mundo espiritual, o homem s pode avanar pelo esforonclividual. O autor nu pode pensar pelo leitor, e, ainda queisso fosse possvel, este no tiraria da qualquer benefcio.

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    A CTT/IITE DA TEOSL)FIO autor agraclece calorosamente aos numerosos tesofosque lhe enviaram silgestes e perguntas, ou que de qualquermoclo contriburam para a redaco deste livro. A obra sersem drvida mais rtl graas ao seu auxlio e ser essa amelhor recompensa que poderiam receber.

    H.P"B

    A TEOSOFIA EI

    A SOCIEDADE TEOSOFICA

    SIGNIFICADO DO NOMEPergunta. Muitas pessoas afirmam qlle a Teosofia e assuas doutrinas so uma nova religio actualmente em voga.Pode clizer-se que a Teosofia uma religio?llss:posta. No. A Teosofia o Conhecimento ou Cin-cia Divina.P. Qual o verdadeiro significado do termo Teosofia?R. >, Qecooaa (Theosophia) ou Sabe-cloria dos deuses, corno \eoyorw (theogonia), genealogia dosdeuses. A palavra Oedc significa um deus em Grego, urn dosseres divinos, e no tem nada a ver com o termo , como j tem sido traduzido, mas sim Sa:bedoria Di-vina, ou seja, aquela que os deuses possuem.P. Qual a origern do nome?R. O nome foi introduzido pelos filsofos da Escola deAlexandria, que eram chamados amigos da verdade, de g,(phil),

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    A CHAYE DA TEOSOFIAP. Qual era a finalidade desse sistema?R. Em primeiro lugar, inculcar determinadas grandesverdades morais nos seus discpulos, bem como em todosaqneles que eram >. Da o lema adoptadopela Sociedade Teosfica: (*) O principal objectivo dos Fundadores da EscolaTeosfica llclctica ea um clos trs objectivos da sua suces-sora actual, a Sociedacle Teosfica, nomeadamente reconci-liar todas as religies, seitas e naes sob um sistema comumde tica baseado nas verdades eternas.P. Como que pode provar que isso no um sonhoimpossvel e que todas as religies do mundo se baseiam defacto na rnesma verdacle nica?R. Pelo estuclo comparativo e anlise dessas religies. (*)LINHA DE CONDUTA DA SOCIEDADE TEOSFICA

    P. No tempo de Ammonius Saccas havia diversas gran-cles religies antigas e eram numerosas as seitas que existiarns no Egipto e na Palestina. Como conseguia ele con-cili-las?R. Fazendo aquilo que estamos agora a tentar fazeroutra vez. Os neoplatnicos formavam uma escola nume-rosa e pertenciam a filosofias religiosas diferentes, tal comoos tesofos de hoje. O judeu Aristbulo afirmou, nessetempo, que a tica de Aristteles continha os ensinamentosesot,rco,s da Lei de Moiss; Flon, o Judeu, tentou con-ciliar o Pentateuco com a filosofia pitagrica e platnica;e Josefo provou que os Essnios de Carrnel no passavamcle simples copistas e seguidores dos Terapeutas egpcios(os curandeiros). E assim fazemos ns hoje. Podemos rnostrarcomo se deu a evoluo de todas as religies crists, incluindoas seitas mais pequenas. Estas no so mais que pequenosgalhos ou rebentos dos ramos maiores; mas tanto os rebentoscomo os ramos nascem do mesmo tronco - a RELIGIO -- SABEDORIA. O objectivo de Ammonius Saccas foi provarprecisamente isso; Ammonius Saccas tentou levar gentiose cristos, judeus e idlatras, a esquecerem as suas dissi-dncias e conflitos, e a lembrarem-se apenas de que todoseles possuam a mesma verdade, embora a formulassem demaneiras diferentes, e que todos eles eram filhos de umame comum. este tambm o objectivo da Teosofia.P. Em que fontes que se baseia para fazer tais afirma-es sobre os antigos tesofos de Alexandria?

    chamados devido ao facto de interpretarem todas as lendas e narra-tivas sagradas, mitos e mistrios, legundo uma regra ou princpiode analogia e correspondncia, de forma que acontecimentos veri-ficados no mundo exterior erm tomados omo uma expresso deoperaes e experincias da alma humana. Foram tambm designa-dos neoplatnicos. Embora geralmente se situe a origem da Teoso-fia ou do sistema eclctico teosfico no sc. III, a dar-se crdito aDigenes Larcio, a sua origem muito anterior, pois este atribuiuo sistema ao sacerdote egpcio Pot-mon, que viveu no princpio daDinastia Ptolomaica. O mesmo autor afirma que o nome cpticoe significa pessoa consagrada a mon, o Deus da Sabedoria. ATeosofia o equivalente de Brahm-Vidya, conhecimento divino.(*) A Teosofia Eclctica baseia-se em trs princpios funda-mentais: (l) Existncia duma Divindade suprema ou essncia infi-nita, absoluta e incompreensvel, que a origem de toda a naturezae de tudo aquilo que existe, visvel e invisvel. (2) Carcter imortal eeterno do homem, pois sendo uma emanao da Alma Universala sua essncia idntica desta. (3) Teurgia, ou ,ou aquilo que gera um tabalho de deuses, de theoi, , eergein, . O termo muito antigo, mas, como pertence aovocabulrio dos MISTERIOS, o seu uso no estava vulgarizado.Consistia numa crena mstica - comprovada na prtica poradeptos iniciados e sacerdotes - segundo a qual se o homem setornasse to puro como os seres incorpreos, isto , se regressasse pureza primitiva da sua natuteza, conseguiria levar os deuses acomunicarem-lhe os mistrios divinos, e mesmo por vezes a torna-rem-nos viveis, quer subjectiva quer objectivamente.

    I8(*) Wilder, op. cit., p. ll"

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    A CHT|VE DA TEOSAFIAR. Em numerosos escritores conhecidos. Um deles,Mosheim, diz: Ammonius Saccas ensinou que a religio dasmultides caminhava a par e passo com a fiiosofia e, talcomo ela, fora gradualmente corrompida e obscurecida pormeras vaidades, supersties e mentiras humanas; que deve-ria, portanto, ser expurgada dessas irnpurezas e interpretadasegundo princpios filosficos a fim de recuperar a sua pu-reza primitiva; e que o todo a que Cristo se referia era afinalo restabelecimento cla Sabedoria dos antigos e o seu regresso

    sua integridade primitiva - uma certa limitao do doininio universal da superstio-e ainda, at certo ponto, acorreco e eliminao dos erros que haviam sido assimi-lados pelas diversas religies populares (*).Ou seja, precisamente aquilo que os tesofos modernosdefendem. Mas enquanto o grande ,A.migo da Verdade eraapoiado e auxiliado na sua orientao por dois Doutoresda lgreja, Clemente e Atengoras, por todos os doutos Ra-binos da Sinagoga, pela Academia e pelos Sbios da Flo-resta (**), e ensinava uma nica doutrina, ns, seus segui-dores, no somos reconhecidos, sendo antes insultados e per-seguidos. Por aqui se v que h 1500 anos as pessoas erambastante mais tolerantes do que o so neste sculo esclo-recida.P. No teria Arnmonius Saccas o apoio da Igreja por-que, apesar das suas heresias, ensinava o Cristianismo e eraum cristo?R. De modo nenhum. Ammonius Saccas era cristo pornascimento, mas nunca aceitou o Cristianismo da Igreja.O autor acima referido disse o seguinte a seu respeito:Bastava-lhe expor os seus ensinamentos

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    A CHAI/E DA TEOSOFIR. Entre os Iniciados de todos os pases; entre aquelesque procuravam realmente a verdade-os seus discpulos;e nas regies do mundo onde desde sempre se atribuiu maiorvalor e mais se aprofundaram essas questes: a ndia, a siaCentral e a Prsia.P. Pode apresentar-me provas do seu esoterismo?R. A melhor prova que lhe posso dar que todos oscultos reiigiosos, ou, melhor, filosficos, consistiam numensinamento esotrico ou secreto, e numa venerao exot-rica (destinada ao pblico). Alm disso, um facto bemconhecido que os MISTERIOS dos antigos compreendiamem todas as naes os MISTERIOS maiores (secretos) e osMISTERIOS menores (pblicos), como por exemplo as ceri-mnias secretas que se rcalizavam em Elusis, na Grcia.Tanto Hierofantes da Samotrcia e do Egipto, e os Brmanesiniciados da ndia antiga, como mais tarde os Rabinos he-breus, mantiveram secretos os verdadeiros princpios dassuas doutrinas bona fide, com receio de que fossem profa-nados. Os Rabinos judeus chamavam ao seu conjunto deprncpios religiosos seculares a Merkabah (corpo exterior),>, ou seja, o seu mais alto conhecimento secreto. Nohouve uma nica nao antiga que transmitisse s massas,atravs dos seus sacerdotes, os seus verdadeiros segredos filo-sficos, comunicando-lhes apenas a ((casca). O Budismo doNorte tem o seu veculo e o seu ((pequeno) veculo,conhecidos por Escola Mahayana e Escola Hinayana. Pit-goras chamou sua Gnose

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    A CHAVE D TEOSOFIAmas o bem em si - o Bem Supremo universal>, do qualns sornos na terra uma parte e de cuja essncia todos nsemanmos. E Flato acrescenta: (cle Bodha, bodhi, r, que diz ser sinnimo de Teosofia?

    (*) A_ ve-rdadeira^ Teosofia , para os msticos, aquele estadoque Apolnio- de Tiana descreveu da seguinte mneiia: . A , de que el fala, encon-tra-se bem expressa na afirmao: 24 25

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    A CHAVE D TEOSOFTAR. Precisamente a mesma diferena que existe entre osensinamentos secretos de Cristo, que so chamados ((os mis-trios do Reino dos Cus>, e o ritualismo e a teologia dogm-tica posteriores das diversas lgrejas e seitas. Buddha significao

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    IITEOSOFIA EXOTERICA E ESOTERICA

    O OUE A ACTUAL SOCIEDADE TEOSFICA NO P. Portanto as doutrinas teosficas actuais no so umrenascimento do Budismo nem foram, to-pouco, inteira-mente copiadas da Teosofia neoplatnica?R. No. Mas a melhor rnaneira de responcier a essasperguntas citar uma comunicao sobre

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    A CTTAVE DA TEOSOFIA(No ano seguinte (1856) foi publicada uma outra obra emoitavo real, tipo diamante, cle 600 pginas, intitulada Mis-celnea Teost'ica. Desta ltima foram apenas publicados500 exemplares pra distribuio gratuita por Bibliotecas eUniversidades. Estes rnovimentos anteriores, que foram mui-tos, surgiram no seio da prpria lgreja entre pessoas clegrande devoo e arcter puro; todos os seus escritos tmum cunho ort.odoxo, empregando as expresses crists e,tal como acontece em relao aos escritos do eminente ecle-

    sistico William l-aw, o leitor comum s os distinguiria pelasua grande sinceridacle e picdade. No errn mais quetentativas para compreencler e expiicar o significado pro-fundo e verdadeiro alcance das Escrituras Crists, e parailustrar e esclarecer a vida teosfica. Durante a Reforma,Joo Reuchlin, apesar de ser um amigo ntimo e fiel cleLutero, fez uma tentativa semelhante, tendo obticlo o mesmoresultado. A ortodoxia nunca pretendeu ser esclarecida ouinformada. Tal como Festo disse a Paulo, assim tambmestes reformadores foram avisados de que o cxcesso de conhe-cimentos conduzia loucura e que seria perigoso ava!armais. Sem falar da sua verbosidacle, que era em parte umaquesto de hbito e de formao dos autores, e em parteresultado cla opresso da religio pelo poder temporal, e,indo ao rnago da questo, dever dizer-se que estes escritoseram teosficos no sentido estrito da palavra e dizem exclu-sivamente respeito ao conhecimento por parte clo homem dasua prpria natureza e vida superior da alma. Tem-seafirmado que o movimento teosfico actual uma tentativapara converter a Cristandade ao Budismo, o que significasimplesmente que a palavra deixou de inspirarterror e perdeu a fora. Houve em todas as pocas indivduosque apreenderam melhor ou pior as doutrinas teosficas eas puseram em prtica. Essas doutrinas no so exclusivo denenhuma religio e no esto limitadas a nenhuma sociedadeou poca. So um direito inato da alma humana. A ortodoxiatem de ser definida por cada indivduo sua prpria custa

    TEOSOFIA EXOTERICA E ESOTERICAcorrsoante a sua natureza" e as suas necessidades, e de acordocom a sua experincia. Talvez seja por este motivo queaqueles que supuseram que a Teosofia era uma nova religioprocuraram em vo o seu credo e o seu ritual. O seu credo o respeito pela Verdade e o seu ritual .

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    A CHAYE DA TEOSOFTAR. Os membros da Sociedade Teosfica tm inteira li-berdade de professar qualquer religio ou filosofia, podendoat no professar nenhuma, clesde que aceitem e estejamdispostos a pr em prtica pelo menos um dos trs objec-tivos da Associao. A Sociedade um organismo filan-trpico e cientfico para a difuso da fraternidade comoprtica e no como teoric. Os seus membros podem sercristos ou muulmanos, jucleus ou prsis, budistas ou bra-manistas, espiritualistas ou materialistas, pouco importa; mas

    todos eles tm de ser filantropos ou estucliosos. Por outraspalavras, os membros tm de ajudar, na medida das suaspossibilidades, a pr em prtica pelo rnenos um dos objec-tivos do programa da Sociedade; cloutro modo no h razapara se tornarem membros efectivos. o caso da maioriados membros da seco exotrica da Sociedade, que so cledois tipos: e > (*). Estes membrospodem ou no tornar-se Tesofos de faco. So rnembrosapenas por terem ingressado na Sociedade, mas se uma pes-soa no tem qualquer conscincia da justeza divna das coi-sas, ou tem uma noo sectria e egosta, se assim se pocledizer, da Teosofia, a Socieclade no pode fazer dela umverdadeiro tesofo.TESOFOS E MEMBROS DA SOCIEDADE TEOSFICA

    P. E aqueles que se declicam ao estuclo da Teosofiaesotrica? So verdadeiros tesofos?R. No necessariamente; s quando derem provas deque o so. Esses ingressaram no grupo interno e comprome-teram-se a cumprir, to rigorosamente quanto possvel, as

    TEOSOFTA EXOTERICA E ESOTERICArcgras da seco oculta. um compromisso difcil, pois aprirrcipal regra estabelece que se deve renunciar totalmentei personalidade individual. entre estes membros que secncontram os poucos verdadeiros tesofos da Sociedade'l'cosfica. Isto no quer dizer que no haja tesofos foracla Sociedade, pois h muitos mais do que seria de julgar.P. Nesse cso, porque ho-cle eles tornar-se membroscla chamada Sociedade Teosfica? O que que poderoganhar com isso?

    R. Nada, mas o auxlio e o apoio dos outros membrosda Sociedacle podem constituir uma grande ajuda. A unio'az a fora e a harmonia, e esforos simultneos bem orien-tados podem produzir maravilhas. Este tem sido desde sem-pre o segredo de todas as associaes e comunidades.P. Mas no ser possvel um homem com um espritocquilibrado e inteiramente dedicado a um nico objectivo,um homem com uma fora de vontade e uma perseveranainquebrantveis, tornar-se um ocultista ou mesmo um Adeptotrabalhando sozinho?R. , mas tem dez mil possibilidades contra uma detro o conseguir. Uma das muitas razes o facto de noexistir hoje em dia livro nenhum sobre Ocultismo ou Teurgiaque exponha os segredos da Alquimia ou da Teosofia medie-val numa linguagem fcil cle entender. Os que existemempregam uma linguagem simblica ou servem-se de par-bolas. Ora, se h muito que o Ocidente perdeu a chave clessalinguagem e dessas parbolas, como que uma pessoa podesaber qual o significado correcto daquilo que est a lerou a estudar? nisso que reside o grande perigo, isso queleva magia negra (*) inconsciente e mediuminidade maisintil. Aquele que no tiver por mestre um Iniciado, agirmelhor deixando essas coisas de lado. Basta olharmos nossa volta e vermos o que se passa. Enquanto dois teros

    (*) r{ota do Editor: Este termo no tem qualquer conotao coma cor da pele.(*) so aqueles que ingressaram num ramodeterminado da S. T.;

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    A CHAVE DA TEOSOFIAda sociedade civlizada consideram que ridculo pensar quea Teosofia, o Ocultismo, o Espiritismo e a Cabala podemter um significado qualquer, o outro tero constitudopelos eiementos mais heterogneos e divergentes. Algunsacreditam no rnstico e at no sobrenotural (!), mas cadaum acredita sua maneira. Da que no haja duas pessoasa pensar da mesma maneira ou que estejam de acordo sobrequalquer princpio ocuito fundamental, embora muitas pes-soas afirmem q.re possuem o conhecimento supremo, levandotalvez muita gente a pensar que elas so adeptos completa-mente desenvolvidos. No s no existe no Ocidente nenhumconhecimento cientfico e exacto do Ocultismo - nem se-quer da verdadeira astrologia, nico ramo do Ocultismoque nos seus ensinamentos exaricos tem ieis defridas eum sistema definido - como no existe qualquer noo dosignificado clo vercladeiro Ocuitismo. Algumas pessoas res-tringem a sabedoria antiga Cabala e ao Zohar judeu, quecada uma interpreta sua maneira segundo a letra morta dosmtodos rzbnicos. Outras consideram Srvedenborg ouBcehme os expoentes mximos da mais elevada sabedoria;para outras, ainda, o mesmerisrno o grande segredo damagia antiga. Porin todos aqueles que tentam pr as suasteorias em prtica no tarciam a cair na magia negra, devicicr sua ignorncia. Felizes aqrieles que he conseguern escapar,pois no h meios nern critrios em que se pcssanr apoiarirara distinguir aquilo que verdadeiro daquilo que falso.Conhece-se uma rvore pelos seus frutos e um sistemapelos resultados que produz. Quando os nossos adversriosforem apazes de nos apontar uma pessoa que tenha conse-guido sozinha, pelo estudo do Ocultismo atravs clos tempos,tornar-se um adepto virtuoso como Ammonius Saccas, oumesmo Plotino, ou um teurgista como lmblico, ou que hajarealizado actos semelhantes queles que se atribuem a Saint--Germain sem ter qualquer rnestre para o guiar e sem serum mdium, um indivduo convencido de que tem poderesparapsquicos, ou um charlato - ento admitirernos que

    TEOSOFI EXOTRICA E ESOTERICAcstamos enganados. Mas, at l, os tesofos preerem seguirrus leis naturais j comprovadas cla tradio da CinciaSagrada. H msticos que fizerum grandes ciescobertas dec1umica e de fsica que quase pertencem ao domnio datlquimia e do Ocultismo; outros cujo grrio os levou des-coberta de parte, seno de todos, dos aifabetos perdidosda e que conseguem, portanto,lcr correctamente os pergaminhos hebraicos; houve aindartlguns videntes que tiverarn vislumbres rnaravilhosos closscgredos ocultos da Natureza. Mas todos eles s,o especia-lista:s. Um ser um inventor terico, outro urn cabalistahcbreu, isto , sectrio, o terceiro um Swedenborg rnoclerno,trras qualquer deles nega aquilo que no faz parte cla suacincia ou religio pessoais. No h um irnico que se possagttbar de as suas descobertas terem repr.esentado um bene-l'cio universal ou nacional ou mesmo para si prprio. Salvotlguns curandeiros, no houve nenhurn que tivesse ajudadou humanidade, ou sequer um nmero restrito cle homensrlt sua prpria comunidacle, com a sua cincia. Onde estoos Caldeus de outrora, aqueles que faziam curas maravi-lhosas

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    A CHAVE DA TEOSOFIAvez alcanar o verdadeiro objecto da Teosofia, ou seja, ajudara humanidade que sofre. Nem estudando um nico ramoda filosofia esotrica que uma pessoa se torna um Ocultista,mas estudando, seno dominando, todos eles.DIFERENA ENTRE TEOSOFIA E OCULTISMO

    P. Falou de Teosofia e Ocultismo. So a mesma coisa?R. De forma alguma. Uma pessoa pode ser um exce-lente tesofo, seja dentro ou t'ora da Sociedade, sem ser porisso um ocultista. Mas no se pode ser um verdadeiro ocui-tista sem se ser um tesofo autntico; caso contrrio, ser*se-apenas um praticante, consciente ou no, da magia negra.P. O que que quer dizer com isso?R. J expliquei que um verdadeiro tesofo tem de prem prtica o mais sublime ideal moral, tem de se empenharem tornar realidade a sua unidade com toda a humanidade,e trabalhar incansavelmente pelos outros. Ora, se um ocul-tista no fizer tudo isto, porque est a agir egoistamentepara seu benefcio pessoal, e se tiver adquirido um poderprtico superior ao do homem comum torna-se imediata-mente um inimigo do mundo e daqueles que o rocleiam

    muito mais perigoso do que o homem mdio.P. Portanto um ocultista apenas um homem commais poder do que as outras pessoas?R. Muito mais, se for um ocultista prtico e realmenteinformado, e no apenas um ocultista de nome. Ao con-trrio do que dizem as Encicloffdias, as cincias ocultasno so ; so cincias reais,que existem, exttemamente perigosas. Ensinam qual opoder secreto das coisas da Natureza, desenvolvendo e culti-vando os poderes ocultos , dando-lhe

    TEOSOFI EXOTERTCA E ESOTERICrrssirn trernendas vantagens sobre outros homens menos ins-trudos.P. Mas essas cincias ocultas, a magia e a feitiaria,ttiro so consideradas pelas pessoas cultas e informadas res-tluos duma ignorncia e duma superstio antigas?R. Devo dizer-lhe que a sua afirmao uma espadaclc dois gumes. Tambm h muitas pessoas r que consideram o Cristianismo e todas as outrasrcligies resduos da ignorncia e da superstio. H te-sofos excelentes que acreditam no sobrenatural, e at emtttilagres divnos, o que no acontece com os ocultistas. Osocultistas praticam a Teosofia centfca, baseados numr:onhecimento exacto dos segredos da Natureza, ao passo(f Lrc se um tesofo puser em prtica poderes ditos anormais,,rlnr conhecimentos de Ocultismo, limitar-se- a caft numaI'orma de mediuminidade muito perigosa, porque, embora seguie pela Teosofia e pelo seu mais alto cdigo moral, exercecssn prtica na ignorncia, co n urna f sincera mas cega.ITFERENA ENTRE TEOSOFTA E ESptRtTtSMOP. Os tesofos acreditam no Espiritismo?R. Se chama explicao que os espritastlrlo sobre alguns fenmenos anormais, enta no acredita-rrros. Os espritas afirmam que essas manifestaes so pro-tluzidas pelos dos mortos, normalmente familiaresricus que segundo eles voltam terra para comunicar comnrprcles que amaram ou a quem esto ligados. Ns afirmamos(luc os espritos dos mortos no podem regressar terra,lrrlv

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    CHAVE DA TEOSOFIP. Ento como que os explicam?R. De muitas maneiras. As causas dessas rnanifestaesno so to simples como os espritas pensam. Antes demais, o elews ex machina das chamadas norrnalmente o corpo astral ou do mdium oude algum q,re se encontra presente.P. Disse ; ento o que acontece nosoutros casos?R. Isso depende da natureza das manifestaes. Porvezes so os despojos astrais, as (cascas astrais>l de l(ama--lka, o que resta das personalidades que desapareceram;outras vezes, os Elementais. A individualidade conscientedos seres desencarnados no se pode materalizar, nem poderegressar da sua esfera mental ou Devachn ao plano daobjectividade terrestre.P. Mas muitas das mensagens recebidas dos revelam no s inteligncia, como um conhecimento defactos que o mdium ignora, e que por vezes nem sequeresto presentes no esprito do investigador ou de qualquerdos participantes duma maneira consciente.R. Isso no prova necessariamente que sejam os esp-ritos que tm a inteligncia e o conhecimento que referiu,

    ou que os mesmos sejam emanaes das almas desincar-nadas. Conhecem-se casos de sonmbulos que cornpuseramobras musicais e poemas ou resolverarn problemas de mate-mtica enquanto se encontravam em transe, sem nuncaterem aprendido msica ou rnatemtica. Outros responde-ram com inteligncia a perguntas que lhes foram feitase houve ainda casos de sonmbulos que falaram lnguas,como por exemplo o hebreu e o latim, que desconheciampor completo quando acordados. Qualquer destes fenmenosse manifestou clurante um sono profundo. Perante isto,insiste que fenmenos deste tipo so provocados por ?P. Mas como que os explica?

    TEOSOFIA EXOTEIC E ESOTERICAR. Ns defendemos que a centelha divina que existerro homem una e idntica na sua essncia com o EspritoUuiversal, e como tal o nosso pratica-rrrcnte omnisciente, mas no pode manifestar o seu conhe-cinrento devido s limitaes da matria. Portanto, quantorcnos se fizerem sentir estas limitaes, ou, por outras pala-vrrrs, quanto mais o orpo fsico se encontrar paralisadono que diz respeito sua actividade e conscincia indepen-rlctrtes, como acontece num sono ou num transe profundos,

    tru ainda em estados febris, mais o Ego oculto se poderrrtnifestar neste plano. esta a explicao que damos pararrtlueles fenmenos de uma ordem superior verdadeirarnenterrraravilhosos, em que se manifestam uma inteligncia e umcouhecirnento inegveis. Quanto s manifestaes de ordemirrfcrior, como por exemplo os fenrnenos fsicos e as bana-lidades e lugares-comuns do vulgar, seria precisorrrris espao e tempo do que podemos dispensar nestetttomento para explicar nesmo o menos importante dosnossos pontos de vista sobre c assunto.P. I quem diga que a Sociedade Teosfica foi inicial-tttcnte fundada para combater o Espiritismo e a crenarrn sobrevivncia da individualidacle do hornem.R. No verdade. As nossas convices baseiam-setoclas na imortalidade dessa individualidade. O que aconteceI'roquentemente que se confunde personalidade com indi-viilualidade. Todavia, sern comprender essa diferena no possvel compreencler a filosofia oriental, e ela que estrrt origern das clivergncias que existem entre a doutrinateosfica e a esprita.P. Gostaria que se explicasse rnelhor.R. O que eu quero dizer que embora os nossos ensi-rtrrtncntos insistam sobretudo na iclentidade do esprito etlu matria, e embora digamos que o esprito matrialtotcncial e que a matria no mais que uma cristali-zl:o do esprito (tal como o gelo vapor solidificado),unri vez que a condio original e eterna de tudo no

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    A CHAYE DA TEOSOFIAesprito mas meta.-?.sprito, por assim dizer (no passandoa matria slida e visvel duma simples manifestao perio-dica), defendemos que o termo esprito s se pode aplicar verdadera individualidade.P. Mas qual a diferena entre essa . Uma vez que acredi-tamos numa srie de nascimentos do Ego, isto , na rein-carnao, sobre esta distino que assenta toda a nossateoria. O que acontece quando uma pessoa diz

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    A CTTAVE DA TEOSOFIAtamente contraditrios, tanto em si mesmos como uns emrelao aos outros, n.o podem ser verdadeiros, e preten-ses que no se verificam no podem ser reais. Em quartoIugar, a convico de muitas pessoas, e a certeza de algumas,de que tem de existir algures um sistema filosfico-religiosoque seja cientfico e no apenas especulativo. Por ltimo,a noo de que talvez seja necessrio ir procurar esse sistemaem ensinamentos muito anteriores a qualquer doutrinamoderna.

    P. Mas como que esse sistema surge precisamenteneste momento?R. Apenas porque aconteceu ter chegado a hora deo divulgar, facto de que so testemunho os esforos detantos estudiosos para alcanaem a verdade, custe o quecustar e esteja ela onde estiver. Perante isto, os seus guar-dies permitiram que se divulgasse pelo menos parte dessaverdade.P. Dever considerar-se a Teosofia uma revelao?R. De modo nenhum, nem sequer no sentido de serqualquer coisa que foi directa e recentemente revelada porseres superiores, sobrenaturais ou, pelo menos, sobre-huma-nos. S se poder dizer isso no sentido de a Teosofia serum descobrir de verdades extremamente antigas a pessoasque at agora as desconheciam, e que ignoravam at queum conhecimento to antigo pudesse existir ou ter sidopreservado.P. Se a verdade aquela que a Teosofia defende, porque motivo se lhe deparou tanto antagonismo e to poucaaceitao?R. Mais uma vez por vrios motivos, sendo urn delesa averso dos homens s , como se costumadizer. O egosmo essencialmente conservador e rejeita tudoaquilo que possa constituir motivo de perturbao; prefereuma mentira fcil, pouco exigente, maior verdade, desdeque esta implique o sacrifcio do mnimo conforto. O podercla inrcia mental grande quando urna coisa no promete

    TEOSOFIA EXOTERICA E ESOTERICAurn benefcio ou uma recompensa imediatos. Por outro laclo,os ensinamentos teosficos so invulgares, as suas doutrinassiro extremamente obscuras e alguinas delas negam redon-damente fantasias rnuito do agrado clos partidrios doutrossistemas. Se juntarmos a isto o esforo pessoal e a vida deglande plJrez. que se exige queles que aceitam um cdigoclcsprovido de qualquer forma de egosrno, faciknente seperceber por que motivo a Teosofia est condenada a umI)rogresso to lento e to difcil. A Teosofia fundamen-ttlmente a filosofia daqueles que sofrem e que perderamtodas as esperanas noutros meios que os pudessem ajudarit no se afundarem no atoleiro que a vida. Alm disso,a histria de qualquer sistema religioso ou moral demonstraque, de incio, ao ser introduzido num terreno estranho,csse sistema teve de vencer toclos os obstculos criados peloclbscurantismo e pelo egosmo.

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    PLANO DE ACO DAUISOCIEDADE TEOSOFICA

    OBJECTIVOS DA SOCTEDADEP. Quais so os objectivos da Sociedade Teosfica?R. Os objectivos da Sociedade so trs e tm-se man-tido desde a sua fundao: 1) formar o ncleo duma Fra-ternidade Universal da Humanidade sem qualquer distinode raa, cor ou credo; 2) promover o estudo da religioe cincias do mundo e demonstrar a importncia da lite-ratura asitica antiga, nomeadamente das filosofias bram-nica, budista e zoroastriana; 3) investigar os mistrios ocul-tos da Natureza sob todos os aspectos possveis, e em especial

    os poderes psquicos e espirituais latentes no homem. Estesso, em traos largos, os trs cbjectivos principais da Socie-dade Teosfica (*).P. No me pode explicar mais pormenorizaclamenteesses objectivos?. (t) Nota do Editor: Os objectivos da Sociedade sofreram diversasalteraes ap-s a,fundao dsta, em 1875. Em 1896 foi adoptadaa.seguinte redaco que se manieve desde ento: (l) Formai umncleo da Fraternidade Universal da Humanidade.' sem oualouerdistino _de raa, credo, sexo, casta ou cor. (2) Foentar esfudocomparativo das _ religies, filosofias e cincias. (3) Investigar asleis inexplicadas da natureza e os poderes latentes ir homeml

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    A CHAVE DA TEOSOFIAR. Os trs objectivos acima referidos podem ser divi-didos em tantas clusulas explanatrias quantas forem neces-srias.P. Comecemos ento pelo primeiro. A que neios podera Sociedade Teosfica recorrer a fim de promover um sen-timento de fraternidade entre raas que se sabe terern asmais diversas religies, costumes, crenas e rnaneiras depensar?R. Deixe-me acrescentar uma coisa que parece ter urnacerta relutncia em dizer. Claro que temos conscincia deque as naes esto divididas, no s entre si como atinternamente. Da a sua pergunta e o facto de o nosso pri-nreiro objectivo lhe parecer uma Utopia, no verdade?P. De facto tem razo, mas o que que tem paracontrapor a isso?R. Ao facto em si, nada; mas h rnuito a dizer quanto necessidade de remover aquiio que faz com que a Frater-nidade Universal seja de mornento uma Utopia.P. Na sua cpiniro, quais so essas causas?R. Em primeiro lugar e acima de tudo, o naturalegosrno da natureza humana. O desinteresse expresso nosensinamentos altrustas de Jesus no passa hoje cle um. tematerico pata a. oratria dos sermes, ao passo que as mxmasdo egosmo prtico, contra as quais Cristo pregou em vo,esto profundamente enraizadas no modo de vida das naesocidentais. A grande mxima da lei dessas naes . Ora, no tenho qualquer receiode afirmar que s a Teosot'ia que pocler erradicar a per-versidade inerente a essa doutrina e a muitas outras.

    A ORIGEM COMUM DE TODOS OS HOMENSP. Como?R. Demonstrando lgica, filosfica, metafsica e mesmocientificamente que: a) Todos os homens tm espiritual e

    PLANO DE ACO DA SOCTEDADE TEOSFICA'isicamente a mesma origem, e este o ensinamento funca-mental da Teosofia. ) Sendo a humanidade fundamental-mente de uma nica e mesma essncia, e senclo essa essnciaura -- infinita, incriada e eterna, quer lhe chamemos Deusou Natureza -, no h nada q]e possa afectar uma naoou um hornem que no afecte toclas as outras naes e todosos outros hornens.P. IvIas no foi isso que Cristo ensinou, isso maisrrm conceito pantesta.

    R. O seu erro esse. Trata-se dLlm conceito puramenterrisio.P. Como quc o pode provar?R. Facilnlente. Cristo disse: > Assim, aque-lcs que se regcm pela Bblia, preferem a lei de Moissrr lci de arnor cle Crislo. Easeiarn-se no Antigo Testamento,lxris enccntram nele justificao para todas as suas paixes,rs suas leis cle conquista, anexao e iirania sobre raas:r (lue chamam int'eriores. A hisiria s por si d,nos umallilicla ideia dos crimes que foram cometiclos em nome clestal)rssagem infernal (caso seja tomada ietra) do Gnes:is.P. J a ouvi dizer que a identidade da origem fsica doIrorrrem demonstrada pela cincia, e a da sua origem esp!litual pela Religio-Sabecloria. Todavia, no temos conhe-(*) Publicanos: eram naquele tempo considerados autnticos la_rl'tics e carteiristas. o ngm e a profisso de publicano iam-oosrliris _odiosos entre os Judeus. Etavam proitjidos Oe en-tii l'rrrplo e S. Mateu.s (xviij, 17) refere-se a pgos e puOti.as-iom',('t(r() a mesma colsa. No passavam, porm, de cobradores de im_ltrt5[115 pg1n4n6g.

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    A CHAVE D TEOSOFIAcimento de darwinistas que dem testemunho de grandeafeio fraternal.R. Essa uma das provas da deficincia dos sistemasmaterialistas, e demonstra que os tesofos tm razo. A iden-tidade da origem fsica do homem no apela de maneiranenhuma para os nossos sentimentos mais profundos e ele-vados. A matria, destituda da alma e do esprito, ou dasua essncia divina, no consegue falar ao corao humano.Mas a identidade da alma e clo esprito, do homem verda-deiro e imortal, tal como a Teosofia ensina, uma vez com-provada e profundamente enraizada nos nossos coraes,poder levar-nos bem longe na via da verdadeira caridadee da verdadeira solidariedade fraternal.P. Mas como que a Teosofia explica a origem comumcle todos os homens?R. Ensinando que a roiz de toda a natureza, seja elaobjectiva ou subjectiva, e de tudo aquilo que existe nouniverso, visvel ou invisvel , , fo e ser sempre uma essn-cia una e absoluta, na qual tudo comea, e qual tucloretorna.P. H mais alguma coisa que os estatutos da SociedadeTeosfica aconselhem os seus membros a fazer? No planofsico, claro.R. A fim e despertar o sentimento de fraternidadeentre as naes, temos de participar no intercrnbio inter-nacional de artes e produtos teis aconselhando, informandoe colaboranclo com todos os indivduos e associaes vlidos.Temos ainda de inculcar nos homens a ideia de que, se araiz da humanidacle una, deve haver tambm uma verdadeque se manifeste em todas as religies.P. sso diz respeito origem comum de todas as reli-gies e, nesse aspecto, talvez tenha razo. Mas, na prtica,como que isso se aplica fraternidade no plano fisico?R. Em primeiro lugar, aquilo que verdadeiro no planometafsico deve s-lo tambm no plano fsico. Em segundolugar, porque no h nada como as divergncias religiosas

    PL.4NO DE ACO DA SOCIEDADE TEOSFICApara gerar dios e conliios. Quando urn indivduo se con-sidera o detentor nico da verdade absoluta, perfeitamenterratural da sua parte julgar que o seu prxirno se encontrapreso nas garras do Erro ou do Demnio. euando se con-seguir levar o homem a compreender que nenhuma das reli-gies detentora de toda a verdade, que todas elas somutuamente compiementares, e que s possvel encontrara verdade total conciliando todos os pontos de vista depois clese separar o que cacla urna delas tem de verdadeiro daquiloque falso, ento poder falar-se de verdadeira fraternidadeom religio. O mesmo se poder dizer em reiao ao planol'sico.P. Gostaria que se explicasse um pouco melhor.R.. F-aamos urna comparao. Uma planta consti-tuda pela raiz, pelo caule, pelos rebentos e pelas folhas.Supondo que a humanidade, no seu todo, o caule quecresce a partir da raiz espiritual, esse caule ser igualmentetr uniclade da planta. Tudo aquilo que afectar o caule ir,inevitavelmente, afectar todos os rebentos e folhas cla planta.(lom a humanidade passa-se a mesrna coisa.P. Sem dvida, mas isso no implica que uma coisarlue afecte uma folha ou um rebento v necessariamenterr'ectar a planta toda.R. Quer ento dizer que o facto cle se fazer mal a untIromem no irnplica que se esteja a prejudicar toda a huma-nidade? Como que sabe? A prpria cincia materialistacnsina que qualquer coisa, por pequena que seja, que pre-jLrcliclue uma planta, vai afectar toclo o seu crescimento etlcsenvolvirnento fnturos. Se muitas vezes um corte numtledo pode fazer o corpo inteiro sofrer e reagir sobre todoo sisterna nervoso, muito possvel que existarn outras leiscspirituais a agir sobre as plantas e os animais, bern cornosobre a prpria humanidacle; nas, se no admite que essaslcis actuem sobre as plantas e os animais, talvez negue asua existncia.P. A que leis que se est a referir?

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    A CHAYE D TEOSOFIAR. Damos-lhe a designao de leis krmicas, mas spoder compreender o seu verdadeiro significado se estudarOcultismo. Porm, a afirmao que fiz no se baseia nessasleis, mas sim na analogia da planta. Se considerar a ideiano seu sentido mais amplo, um nvel universal, h-deverificar que na verdadeira filosofia todas as aces fsicasproduzem efeitos morais permanentes. Se fizer mal a umhomem no plano fsico, poder talvez pensar que a dorou sofrimento dele no ir afectar de forma alguma aquelesque o rodeiam, e muito meros homens de outras naes.Ns afirmamos que a seu tempo isso aconl.ecer Dizemos,portanto, que no possvel existirem na terra sentimentosde fraternidacle como os que os grandes Reformaclores,sobretudo Buda e Jesus, pregaram, a no ser que os homenssejam levados a compreender, e a aceitar como verdadeaxomtca, que quando procedem mal para com os outroso seu acto ir prejudicar no s a eles como, a longo prazo,tocla a humanidade.

    OUTROS OBJECTIVOS DA SOCIEDADE TEOSFICAP. Gostaria que me explicasse agora como que a Socie-dade se prope realizar o seu segundo objectivo.R. Reunindo na biblioteca da sua sede em Adyar,Madras, todas as obras vlidas que nos seja possvel sobre asreligies do mundo; o mesmo aro os membros da Socie-dade em relao s bibliotecas iocais das Seces Regionais.Compilando todas as informaes correctas sobre as diversasfilosofias, tradies e lenclas antigas, e divulgando-as damaneira que nos for possvel, como por exemplo atravsda traduo e publicao de obras originais importautes,extractos dessas obras e comentrios sobre as mesmas, oude palestras de indivcluos especializados.P. E no que diz respeito ao terceiro objectivo: desen-volver no homem os seus poderes espirituais e psquicoslatentes?

    PLANA DE CO D SOCIEDADE TEOSFICAR. Isso ter igualmente de ser feito atravs de publi-caes quando no for possvel rcalizar conferncias oullcnsamentos pessoais. O nosso dever manter vivas nctIromem as suas intuies espirituais. Combater e neutralizar- depois de devidamente investigadas e de comprovada asua natureza irracional - todas as formas de fanatismo,scja ele religioso, cientfico ou social, e sobretudo a hipo-crisia, quer esta se presente como sectarismo religioso oucrena em milagres ou em coisas sobrenaturais. Temos de

    procurar conhecer todas as leis da natureza e divulgar esseconhecimento. Promover o estudo de leis que os hornenstle hoje no compreenclem, as leis das chamadas CinciasOcultas, com base num ,-erdadeiro conheciruento da natu-t'ery. Depois de joeirados, o folclore e as tradies populares,l)or muito fantasiosos que por vezes paream, podemconcluzir descoberta de segredos da natureza perdidosclesde h muito, mas importantes. A Sociedade Teosficaprolre-se, portanto, seguir essa linha de investigao, tendocm vista alargar o seu cmpo de observao cientfico el'ilosfico.

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    IVRELAO ENTRE A SOCIEDADE TEOSFICAE A TEOSOFIA

    DO AUTO-APERFEIOAMENTOP. O aspecto em que a Sociedade Teosfica insiste mais, portanto, o progresso moral?R. Sem dvida! Todo aquele que quiser ser um verda-deiro tesofo ter de viver como tal.P. Se assim , tal como j referi atrs, o comporta-mento de alguns membros da Sociedade est em contradiocom essa norma fundamental.R. Tem razo. Mas isso inevitvel; alis, o mesmose pode dizer daqueles que se intitulam cristos e agemcomo se o no fossem. No se pode atribuir a culpa dissoos nossos estatutos ou s nossas regras, mas sim nattrezahumana. Um verdadeiro tesofo dever .P. O que quer dizer com isso?R. Apenas que o eu individual dever esquecer-se desi mesmo em benefcio dos outros.P. Isso puro altrusmo.R. . E bastaria que em cada dez membros da Socie.rlade Teosfica houvesse um que o praticasse para a nossaorganizao ser uma verdadeira organizao de eleitos. Maslrh muitas pessoas que se recusam a ver a diferena funda-

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    A CHAVE DA TEOSOFIAmental que existe entre a Teosofia e a Sociedade Teosfica,entre a ideia e a sua expresso imperfeita.P. Mas neste caso muito difcil estabelecer a dis-tino entre o abstracto e o concreto, pois s a partir deste que possvel fazer um ju2o.R. A justia, tal corno a caridade, deve comear porns prprios. Alguma vez se lembraria de atacar ou ridi-cularzar o Sermo da Montanha porque as leis sociais,polticas e mesmo religiosas da sociedade em que vive noconseguiram, at agora, pr em prtica os princpios queele estabelece, quer no esprito, quer na letra? , poisr, e (quem chamar o'louco" (a seu irmo)correr perigo do fogo do inferno>. Como que se permitejulgar os outros quando no consente que os outros ojulguem? Se insiste em afirmar que no existe qualquercliferena entre a Teosofia e a Sociedade Teosfica, estimplicitamente a acusar o Cristianismo e a sua essnciaverdadeira da rnema falta de coerncia. Nunca de maisdizer que h uma grande diferena entre o ideal abstractoe o seu veculo.OABSTRACTOEOCONCRETO

    P. Gostaria que explicasse melhor essa diferena.R. A Sociedade uma organizao vastssima de homense mulheres, constituda pelos elementos mais heterogneos.A Teosofia, no sentido abstracto, a Sabedoria Divina,ou o conjunto do conhecimento e da sabedoria subjacentesao Universo, a homogeneidade do BEM eterno; no sentidoconcreto, apenas o somatrio desse mesmo bem tal como'a natureza o distribui pelos homens aqui na terra. Alguns

    SOCIEDADE TEOSOFIC E TEOSOFInrernbros esforam-se sinceramente por compreender e objec-[ivar, se assim se pode dizer, a Teosofia nas suas vidas;outros pretendem apenas saber o que a Teosofia e nolrratic-la; outros ainda tero entrado para a Sociedadeipenas por curiosidade ou corno resultado dum interessepassageiro, ou talvez, at, porque amigos seus so mernbros.Como que o sistema pode ser julgado pelo nvel daqueles(lue se intitulam membros sern que tenham direito a isso?A Sociedade s pode ser considerada a personificao da'l'cosofia nos seus motivos abstractos; nunca poder ciizerrlue o seu veculo concteto enquanto na sua organizaosubsistirem todas as imperfeies e fraquezas humanas. Serrrc permite recorrer a uma imagem oriental, diria que a'l'cosofia o oceano infinito da verdade, do amor e dasubedoria universais, cujo esplendor se reflecte na terra,to passo que a Sociedade Teosfica no ser mais queuma pequena bolha visvel nesse reflexo. A Teosofia arratureza divina, visvel e invisvel, e a Sociedade Teosfica a naturez-a humana a tentar ascender sua origem divina.A Teosofia , finalmente, o sol fixo e eterno, e a Sociedade'l'cosfica o cometa efmero que procura uma rbita a fimtlc se tornar um planeta e girar sempre na atraco do soltla verdade. A Sociedade Teosfica foi fundada a fim detrtostrar aos homens que a Teosofia existe e de os ajudarrr ascender a ela attavs do estudo e assimilao das suasvcrdades eternas.P. Pareceu-me que tinha dito que a Sociedade Teos-l'ica. no possua preceitos nem doutrinas prprios?R. De facto no temos. A Sociedade no defende nemcrtsina uma sabedoria sua. apenas depositria de todasrrs verdades proferidas pelos grandes videntes, inicidos eprofetas de pocas histricas e rnesmo pr-histricas, oupclo menos de todas as verdades que conseguiu recolher.Nio passa, portanto, de um canal atravs do qual divul-glcla uma parte da verdade contida nas declaraes dosgrandes mestres da humanidade.

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    A CHAVE DA TEOSOFIAP. Mas no possvel alcanar essa verdade fora daSociedade?R. A existncia inegvel de grandes iniciados - verda-deiros - rnostra que houve indivduosisolados que conseguiram alcanar muitas vezes essa sabe-doria, nunca porm sern a orientao de um mestre nocomeo. Porm, muitos dos seus discpulos, quando por suavez se tornaram mestres, reduziram o catolicismo dessesensinamentos estreiteza dos dogmas sectrios que perfi-lhavam. Adoptavam e seguiam ento os preceitos de umnico mestre em detrimento cle todos os outros - se queos seguiam, como se verifica em relao ao Sermo daMontanha. Cada religio , portanto, uma pequena parteda verdade divina intelpretada de modo a abranger umvasto panorama da imaginao humana que pretendia repre-sentar e substituir essa verdade.P. Mas disse que a Teosofia no era uma religio?R. De forma alguma, pois a Teosofia a essncia detodas as religies e da verdade absoluta, sendo cada credoapenas uma pequena gota dessa mesura essncia. Vou recor-rer novamente a uma metfora. d Teosofia, na terra, como a luz branca. sendo cada religio apenas uma dassete cores do espectro. Cada uma dessas cores, ignorandotodas as outras e acusando-as de serem falsas, no s reclamapara si a primazia como afirma sef o lug branca em si,chegando mesmo a anatemizar as sus prprias cambiantes,que classifica de heresias. Porm, medida que o sol daverdade se for elevando mais e mais no horizonte do enten-dimento do homem, e cada cor se for esbatendo at acabarpor ser reabsorvida, a humanidade deixar de estar sob amaldio de polarizaes artificiais e acabar por se encontrarsob a luz pura e incolor da verdade eterna. Ento teralcanado a Theosopha.P. Afirma, ento, que todas as grandes religies tiveramorigem na Teosofia e que s assimilanclo-a o mundo se poderlibertar da maldio dos seus grandes erros e iluses?

    SOCIEDADE TEOSFICA E A TEOSOFIAR. Precisamente. Dizemos ainda que a Sociedade Teo-sfica a humilde semente que, se for regada e a deixaremviver, acabar por produzir a rvore cla Sabedoria do Bemc do Mal que est enxertada na rvore da Vida Eterna.Os hornens s podero esperar alcanar a verdade se estu-clarem as vrias grandes religies e filosofias da humanidade,comparando-as objectivarnente e com imparcialidade. sobretudo descobrindo e anotando os vrios pontos que essasrcligies e filosofias tm em comum que se poder atngir

    csse firn, pois assim que conseguimos cornpreender o seusignificaclo oculto - quer estudando quer aprendendo cornalgum que o conhea - verificamos, quase sempre, que elecxprime uma grande verdade da Natureza.P. J ouvimos falar de uma Idade de Ouro passada,c acaba de descrever aquilo que poder vir a ser uma ldadede Ouro do futuro. Quando surgir esta ltima?R. Apenas quando a humanidade no seu todo sentirque ela necessria. H uma mxima do Javidqn l(heradpersa que diz:

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    A CTTAYE D TEOSOFIAR. O que eu queria dizer ao, afirmar que a Sociedadeno tinha princpios ou doutrinas prprios, era que os seusmembros no so obrgados a perfilhar uma doutrina ouum credo especficos. I]NSINAMENTOS

    vFUNDAMENTAIS DA TEOSOFIA

    DE DEUS E DA ORAOP. Os tesofos acreclitam em Deus?R. Depende daquilo que entende por Deus.P. Quando digo Deus estou a falar no Deus dos Cristos,o Pai de Jesus e o Criador; por outras palavras, o Deusllblico de Moiss.R. Nesse Deus no acreditamos. No aceitamos a ideiatlum Deus pessoal, ou dum Deus extracsmico e antropo,rrrrfico, que anal no mais que um reflexo gigantescodo homem; alis, nem sequer o mais perfeito dos homens. Narrossa opinio, o Deus da teologia no passa dum amontoadotlc contradies e duma impossibilidacle lgica. Como tal,rcjcitamo-lo.P. Agradecia que me explicasse os motivos dessa atitude.R. So muitos, e no possvel referi-los todos. Masposso apontar-lhe alguns. Esse Deus de que falou no ,scgundo aqueles que acreditam nele, infinito e absoluto?P. Creio que sim.R. Ento, se infinito, isto , sern limites, e sobretudosc absoluto, como que pode ter forma e ser criador do(tuc quer que seja? A forma implica uma limitao, bem('()r1o um princpio e um fim, e, para criar, um Ser tem de

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    A CHI/E DA TEOSOFIApensar e pianear. Como que o ABSOLUTO pode persar'ou, por outras palavras, ter uma anidade qualquer comaquilo que limitado, finito e condicionado? um absurdono s do ponto cle vista lgico como filosfico. At aCabala hebraica rejeita tal ideia, fazendo do nico e Abso-luto Princpio Defico uma Unidade infinita a gue chamaAin-Soph ('k). Fara criar, o Criador, tem de agir, e, comoisso impossvel para o ABSOLUTO, foi necessrio apre-sentar o princpio infinito como causa indirecta da evoluo(e no da criao), isto , atravs da emanao dos Zfiros(outro absurdo que se deve neste caso aos tradutores claCabala) (*x).P. Ento os tesofos so ateus?R. No nos consicleramos ateus, a no ser que por ateusse entenda aqueles que no crem num Deus antropomr-fico. Acreditamos num Princpio Divino lJniversal, origemde TUDO, do qual tudo procede, e ao qual tudo retornano fim do grande ciclo do Ser.P. Mas isso precisamente aquilo que o Fantesmo sem-pre defendeu. Se os tesofos so pantestas no podem serdestas, e se no so destas so ateus.R. No necessariamente. O termo Fantesmo maisum claqueles termos que tm sido usados abusivamente ecujo significado verdadeiro e primitivo foi deturpado devidoa toda uma srie de preconceitos e a uma viso parcial. Seaceita a interpretao dada pelos cristos etimologia destapalavra, segundo a qual ela composta por nu,

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    A CHAVE D TOSOFIAcle que em filosofia a inconscincia absoluta tambm cons-cincia, pois doutro moclo no seria absoluta.P. Ento o Absoluto dos tesofos pensa?R. No, no pensa, pela simples razo de que oprprio Pensamento Absoluto. E tambm no existe, pelomesmo motivo, porque a existncia absoluta, o Ser e nounr ser. Se ler o maravilhoso poema cabalstico de SolomonBen Yehudah Gebirol, no Kether-Malkttth, compreender:, etc. Poroutras palavras, a nossa Divindade o construtor eternodo universo em constanle evoluo, e no o sett criador; o prpro tmiverso a manifestar-se L partir da sua essnciae no a ser crado. , no seu simbolismo, a esfera sem cir-cunferncia, que tem um nico atributo actuante que com-preende todos os outros atributos existentes ou imaginveis- ELE MESMO. E a lei nica da qual procedem leismanifestadas, eternas e imutveis, embora ela no sejamanifestvel porque a LEI absoluta, que nos seus perodosde manifestao O eterno Devir. NECESSRIO ORAR?

    P. Gostava que me dissesse se os tesofos acreditam naorao e se rezam?R. No. Preferimos agir a fala:r.P. No oferecem sequer oraes ao Princpio Absoluto?

    ENSINAIITENTOS FUNDMENTAIS DA TEoSoFIAR. Por que motivo havamos de o fazer? O Incognos-cvel s admite relaes entre as partes que o integram, masruo existe para manter quaisquer relaes finitas. euanto sua existncia e fenmenos, o universo visvel depende demanifestaes interactuantes desse mesno universo e das leisque as regem, e no da orao ou de oraes.P. Os tesofos no acreditam, portanto, na eficcia daorao?R. Da orao que se aprende de cor e se repete, no,se por orao entende um pedido dirigido a um Deus des-conhecido.P. Mas haver outra espcie de orao?R. Sem dvida; chamamos-lhe a ORAO DA VON-'|ADE, que mais uma ordem interior do que um pedido.P. Ento a quem que os tesofos dirigem a sua oraocluando rezam?R. Ao

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    A CTTAVE DA TEOSOFIA(absoluto) habita em vs'>> (x) Mas no se pode antropornor-fizar essa essncia. Nenhum tesofo que defenda a verdadedivina e no humana poder dizer que esse ((Deus inefveb>ouve ou distinto quer do homem finito quer da sua essnciainfinita, pois ambos so uma e a mesma coisa. Do mesmomodo, no dever dizer, como j tive oportunidade de referir,que a orao um peclido. A orao antes um mistrio, umprocesso oculto, mediante o qual pensamentos e desejosfinitos e condicionaclos, que no so susceptveis de ser assi-milados pelo esprito absoluto no condicionado, se traduzemem vontades espirituais e na vontade em si, processo essea que se d o nome cle

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    A CHAYE D TEOSOFI,4santos, anjos, etc., lois isso, na nossa opinio, no passade idolatria. No podemos rezar ao ABSOLUTO por motivosque j expliquei, por isso tentamos substituir a orao estrile intil por aces meritrias que produzam o bem.A ORAO DESTRI A AUTOCONFIANA

    P. Mas o prprio Cristo ezava e recornendava a orao.R. Assim est escrito, mas essa

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    CT]AVE DA TEOSOFIAde previso. Outras dificuldades ainda e a impossibilidade dereconciliar esse Deus com as virtudes de misericrdia, justia,equidade e omniscincia que lhe so atribudas, so outrostantos obstculos intransponveis que negam dia a dia, ehora a hora, esse clogma teolgico.P. Que outras dificuldades so essas?R. Estava a pcnsar num argumento incontestvel queum pregador famoso, um sacerdote budista cingals, apre-sentou a um missionrio cristo, um homern que no era deforma alguma ignorante e que estava sem dvida preparadopara o debate pblico ern que ele foi apresentado. Isto passou--se prximo de Colornbo, e o missionrio desafiara o sacer-dote Megituwatte a dizer por que motivo o Deus cristo noera aceite pelos . Como sempre' nessa discussomemorvel o missionrio no se mosttou altura do seuadversrio.P. Gostaria de saber como que isso aconteceu.R. Foi muito simples. O sacerdote budista comeoupor perguntar se o Deus dele dera os mandamentos a Moisspara serem cumpridos s pelos homens, enquanto que eleprprio no era obrigado a observ-los. O rnissionrio re-jeitou essa ideia indignaclo. >, retorquiuJhe o aclver-srio, >? O missionrio olhou para o relgio e alegou que jera tarde de mais para prosseguir a discussoP. Esquece que todos esses aspectos inexpiicados sornistrios e que a nossa religio nos probe de tentar penetraros mistrios de Deus.R. No esquecemos, apenas rejeitamos tais impossibiliclades. Alis no pretendemos que acredite naquilo em quens acreditamos. Estava apenas a responder s perguntasque me fez.ENSINAMENTOS BUDISTAS SOBRE OS ASSUNTOS TRATADOSNESrA SECO

    P. Que diz o Budismo aceca da Alma?R. Depende se se est a referir ao Budismo exotrico,popular, ou doutrina budista esotrica. euanto ao prirneiro,poderei citar o Catecismo Budista, que diz o seguinte:

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    A CHAYE DA TEOSOFIAsua mente e o seu carcter vo sofrendo azent dele umser diferente. Quando velho, porm, esse homem colhe osfrutos ou sujeita-se ao sofrimento resultante dos seus pensa-mentos e aces em todos os estgios anteriores da sua vida.Portanto o novo ser que renasce, sendo a mesma indviduali-dade (mas no a mesma personalidade) apenas com um novoconjunto de Skandhas ou os mesmos sob uma forma dife-rente, ter de sofrer as consequncias das suas aces epensamentos durante a existncia anterior.>> Trata-se dumametafsica obscura que no nega de forma alguma a exis-tncia da Alma.P. O Budismo Esotrico no prope uma coisa seme-lhante?R. Tem razo; trata-se de uma doutrina que faz partetanto do Budsmo Esotrico, ou Sabedoria Secreta, como doBudismo exotrico, ou seja, a filosofia religiosa de GautamaBuda.P. Mas no h dvida de que a maior palte dos budistasno acreditam na imortalidade da Alma?R. Tal como ns no acreditamos, se por Alma entendeo Ego pessoal ou alma vivente - Nephesh. Mas todos osbudistas eruditos acreditam no Ego divno ou individual. Osque o no fazem revelam falta de discernimento. Esto toenganados nesse ponto como aqueles cristos que tomam asinterpolaes teolgicas dos editores mais recentes dos Evan-gelhos acerca da condenao e do fogo do inferno por afir-maes textuais de Jesus. Nem Buda nem Cristo jamais escre-veram fosse o que fosse. Qualquer deles falava alegoricamentee servia-se de >, como faziam, e faro aindapor muito tempo, todos os verdadeiros Iniciados. Ambasas Escrituras tratam todas essas questes metafsicas comgrande prudncia, e tanto os escritos budistas como os cris-tos pecam por esse excesso de exoterismo, sendo o signifi-cado cla letra morta exagerado em ambos os casos.P. Quer ento dizer que os ensinamentos de Buda e deCristo nunca foram correctamente interpretados?

    ENSIN A\(ENTOS FUNDA,TENTAIS DA TEOSOFIAR. Precisamente. Os Evangelhos Budista e Cr-isto fo-ram ambos pregados com o mesmo objectivo. eualquer dessest'cformadores era um filantropo convicto e, na prtica, umdtrusta, e aquilo que pregnram era sem dvda o Socialismonrais nobre e mais elevado, o auto-sacrifcio at ao ltimocxtremo. , diz Buda. , exclama o Prncipe-pedinte que

    usava como vesturio os trapos abandonados nos cemitrios. (*), o apelo que Jesus Cristo, o , que no tinha em quem se apoiar, lana aos pobresc deserdados. Tanto Buda como Cristo pregaram o amorscm limites pela humanidade, a caridade, o perdo dasinjrias, o esquecimento de ns prprios e piedade para comas multides iludidas; ambos demonstraram o mesmo des-prezo pela riqueza, no fazenclo qualquer distino entrettleltm e tuum. Aquilo que desejavam era, sem revelartodos os mistrios sagrados da iniciao, dar aos ignorantes enos desorientados, cujo fardo na vida era demasiado pesado,uma esperana e um vislumbre da verdade que thes dessemIora nos momentos mais difceis. Mas os objectivos dos doislcformadores no se realizaram, devido ao excesso de zelotlos seus seguidores tardios. As palavras clos Mestres foramntal compreendidas e mal interpretaclas -- vejam-se as con-scquncias!P. Mas por que motivo que o Budismo e o Cristianis-ro representam clois plos opostos da mesma doutriria?R. Porque as condies em que forarn pregados nolrram s mesmas. Na ndia, os brmanes, ciosos do seuconhecimento superior, clo qual excluam todas as castasc.xcepto a deles, haviam atirado milhes de homens para aitlolatria e at para o feiticismo. Buda viu-se obrigado a pr

    70(*) Mt. xi, 28.

    7I

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    CHVE DA TEOSOFIAenergicamente fim a um excesso de imaginao doentia esuperstio fantica resultantes de uma ignorncia que rara-mente se tinha visto at a ou se voltou a ver. Antes umatesmo filosfico do que tal adorao cega para aqueles

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    VIENSINAMENTOS TEOSFICOS SOBREA NATUREZAF. O HOMEM

    A UNIDADE DE TUDO NO TODO__ P. Agora que j me explicou o que Deus, a AIma e oHomem no so na sua opinio, gostaria que me dissesse que so luz da sua doutrina.R Na sua origem e na eternidade, os trs, tal como oUniverso e tudo o que nele existe, formam um todaeom aUnidade absoluta, a essncia divina incognoscvel de quentrs lhe falei. No acreditamos na criao -u. .. puruugn,pcridicas e consecutivas do universo do prano *ujrJtiuopara o plano objectivo do ser, em intervlos regulares elbrangendo perodos de tempo extraordinariamenie l.rrgo*.P. Pode desenvolver um pouco mais essa ideia?R. A fim de o ajudar a compreender melhor, vou esta-belecer um paralelo com o uno ,h, primeiro e depois comas duas metades desse ano, que no plo Norte correpondemrespectivamente a um dia e uma noite de seis meses. Agoratcnte imaginar em vez dum ano sorar de 365 dias a ETER-NIDADE. Suponha que o sol representa o Universo, e querr clia e a noite polares de seis ere, cluram Ig2 trlies ottrluatrilies de anos em vez de 1g2 dias cada. Assim como os

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    ,.1 CI!AVE DA TEOSAFIAbm o Universo emerge perioclicamente no plano cla objec-iviclade procedendo do plano da subjectividade - ou sejaos antpodas claquele. E a isto que chamamos o . E assim corno o sol desaparece do horizonte, tambmo Universo desaparece perioclicamente, quando chega a. Os Hinclus chamam a essa alternncia, ou o tempo do Manvuntsra e doPralaya (dissoluo). O homem ocidental pode chamar-lhesDias e Noites lJniversais, se preerir. Durantc estas ltimasTudo est no Todo, todos os tomos mergulham numa nicaHomogeneiclade.EVOLUO E ILUSO

    P. Mas quem que cria o Universo sempre que eleressurge?R. Ningum o cria. A Cincia chamaria a este processoevoluo; os filosofos pr-Cristos e os Orientalistas chama-vam-lhe emanao; ns, Ocultistas e Tesofos, vemos nelea nica realdade universal e eterna que projecta um reflexoperidico de si 1trpra nas profundezas infinitas do Espao.Este reflexo, que para si o universo materal objectivo, no para ns seno uma ilusro temporria. S o que eterno real.P. Nesse caso, ns tambm somos iluses.R. Somos, como personalidades transitrias, que hojeso uma pessoa e amanh outra. Diria que os rpidos clarest7a aurora boraal so a 1, por muito reais queparean enquanto os contempla? Claro que no; a nicarealidade a causa que a produz, caso seja permanente eeterna; o resto apenas uma iluso passageira.P. Nada disso explica como que surge essa iluso cha-nada lJniverso; como que o ser consciente se manifesta apartir da inconscincia que .

    E N SI N A M E NTOS T EOSOF ICOSR. S inconscincia para a nossa conscincia finita.Seja por radiao ou por emanao-no vale a penacntrarmos aqui numa discusso cle terminologia _, o ni_verso passa da subjectividade homognea paa o primeirolrlano de manifestao. So sete os plurro, e maniiestao,c medida que vai passancio por cada um cleles vai_se tor_nando mais denso e material at atingir o plano ern que noscncontramos, planetrio ou Solar, que, segundo clizem, umsistema sui geners.P. O que que quer dizer com sui gene,r,is?R.. Quero dizer que, embora a lei fundamental e aactuao universal das leis da Natureza sejam uniformes,o nosso sistema solar (tal com qualquer outro sistema entreos milhes existentes no Cosmos) e at a Terra tm um pro_grama de manifestaes prprio, diferente dos programas dos.ut'os sistemas. Fala-se dos habitantes de outros planetas eirnaginamos que no caso de serem hontens, ou seja, serespensantes, devem ser como ns. At os anjos ,.-pr:, foram

    'cpresentados por poetas, pintores e escultores coo versesrrrais perfeitas clo homem com asas. euanto a ns, isso um()rro e uma iluso; porque, se na Terra, que to pequena, secncontra uma tal diversidade de tipos na sua flora, fauna elt na prpria humanidade-da alga marinha ao cedro dol,bano, da medusa ao elefante, clo bosqumano ao Apolo dolclveder -, qualquer alterao nas cnciies csmicas elrlanetrias ter necessariamente como resultado uma flora,ttma fauna e uma humanidade muito diferentes. Se asrlcsmas leis clo origem a grupos de coisas e seres to dife_rcutes no nosso plano, incruindo nele todos os seus planetas,rriro difcil compreender que a natureza ext,eror dos outros:ristcmas solares possa ser aincla mais diferente e que, por-lirrrto, estpido julgar as outras estrela:s, os outros mundos. .s ontros seres pelos nossos, tal como faz a cincia fsica.P. Em que se baseia para fazer tal afirmao?R. Naquilo que a cincia dum modo geral nunca acei_Irrrr como prova--o testemunho acumulaclo cluma srje76 "t '7

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    A CHAVE DA TEOSOFIAinterminvel de Videntes que o atestaram. As suas visesespirituais, verdadeiras exploraes por e atravs de sentidosfsicos e espirituais libertos da carne, foram sistematicamenteverificadas e comparadas entre si e a sua natureza minucio-samente estudada. Rejeitou-se tudo aquilo que no foi corro-borado por uma experincia unnime e colectiva, conside-rando-se apenas verdade aquilo que, em pocas diferentes eem diferentes latitudes, em toda uma srie de observaessucessivas se verificou ser conforme aos testemunhos deoutros videntes. Os mtodos usados pelos nossos estudiosose pelos estudantes das cincias psico-espirituais no cliferemdos dos estudantes das cincias naturais e fsicas, como alispoder verificar. Simplesmente os nossos campos de inves-tigao situam-se em dois planos diferentes e os instrurnentosque empregamos no so feitos por mos humanas, pelo quemerecem talvez at mais confiana. As retortas, acumula-dores e microscpios do qumico e do naturalista podemavariar-se; o telescpio e os instrumentos horolgicos doastrnomo podem estragar-se, enquanto que os nossos ins-trumentos de trabalho no esto sujeitos influncia doclima ou dos elementos.P. E, portanto. tem f neles?R. F uma palavra que no existe nos dicionrios deteosofia: dizernos antes conhecimento baseado na observaoe na experinca. Potm, enquanto na cincia fsica a obser-vao e a experincia levam os cientistas a tantas hiptesesde trabalho quantas as cabeas que as propem, o nossoconhecimenlo s admite os factos que se tornaram irre-futveis e que foram completa e absolutamente demons-trados.DA CONST|TUIO SEPTENR|A DO NOSSO PIANETA

    P. Para a Teosofia, a Terra faz parte duma cadeia deTerras, no assim?

    EN SI N AME NTOS TEOSOF ICOSR. E. IvIas as outras seis

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    A CTTAVE DA TEOSOFIArnostran-nos que estamos num plano diferente. A nossafilosofia diz que, tal como existem sete foras fundamentaisna natureza e sete planos de ser, h tambm sete estados deconscincia em que o homem pode viver, pensar, recordare ser.P. No aceita, portanto, a explicao dos sonhos dadapea biologia e pela fisiologia?R. Claro que no. Acreditamos na existncia de seteplanos de ser Csmico e sete estados de Conscincia, e se,no que se refere ao Universo ou Macrocosmos, paramos noquarto plano, pois no julgamos ser possvel ir mais almcom um certo grau de certeza, em relao ao Microcosmos,ou homem, especulamos livremente sobre os seus sete estadosc princpios.P. Quais so eles?R. Consideramos em primeiro lugar que no homem hdois seres diferentes: o espiritual e o fsico, o homem quepens e o homem que regista todos os pensamentos que capaz de assimilar. Portanto vemos nele duas naturezas:o ser superior ou espiritual, constitudo por trs ou a:specos, e o inferior ou quaternrio fsico, formado porquatro, on seja, ao todo sete.A NATUREZA SEPTENRIA DO HOMEMP. No ser isso o que chamamos Esprito e Alma ecorpo fsico?R. No. Essa a velha diviso platnica. Plato era umIniciado e por isso no podia revelar informaes secretas,mas aqueles que conhecem a doutrina arcaica encontramesses sete aspectos nas vrias combinaes de Alma e Espritoenunciadas por Plato. Este considerava que no homem haviaduas partes: una, eterna e formada pela mesma essnciado Absoluto, e, a outr, mortal e corruptvel, cujos elementosconstituintes provinham dos Deuses menores >.

    ENSINMENTOS TEOSF ICOSSegundo ele, o homem forrnado por um corpo mortal, umprincpio imortal e uma

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    DIVIS,O TEOSOFICA

    (h) Yida ou prin-cpio VitalJIzd,zgFD

    'cl) Rupa ouSthulasarrab) Prana

    c) Linga-sharira (c)d) Kama-nrna (|

    l

    l

    a) Corpo fsicoTERMOS EMSNSCRITO

    oes

    SIG.TIFICADOEXOTRICO

    Corpo AstralSede dos dese-jcs. e. paixestnlmas

    l(e)t"III

    Manas - prin-l e)cpio dualnas suas fun- A Mente, a In-teligncia: que a mente hu-mana superior,cr:lja luz ou ra-diao rne aM(tnada, du-rante a vicla,ao hornemrnortal

    A Akna Espi-ritualEsprio

    :Ht!14,o&irU)

    t-r lt{flVe)I

    I

    (f)(s)

    BXPLICAO(a)(b)

    (c)(d)

    Veculo de todos osoutros durante a vidaNecessrio apenasDaraa,cedepatas funes do Mo-nos inferior, que en-globam todas as queesto limitadas aocrebro (fsico)O Duplo, o fan-tasmaCentro do homemanirnal, onde se en-contra a linha divi-sria que separa ohomem mortal daentidade imortal

    /e) O estado futuro e' o destino Krmicodo homem variamconsoante o Manasgravita em sentidoclescendente aproximanrlo-se de Karna--r,upa, sede. das pai-xoes anlmals, ou emsentido ascendenteaproximando-se deBuddhi, o Ego Es-piritual. Neste caso,a conscincia supe-rior das aspiraesEspirituais indivi-duais da Mente(Manas),aoassi-milar Buddhi, absorvida por ele,formando o Ego,que atinge a felici-dade no Devachn.(/) l/eculo do espritouniversal puro.(g) Forma uma unidadecom o Absoluto,como sua irradia-o.

    Atma

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    NSINMENTOS TEOSFICOS e tornar-se sempiternos? Como natural,tudo isso deixa de existir no momento ou pouco tempo clepoisda morte do corpo. Com o tempo, desintegra_su "-pt.tu_mente e clesaparece da vista, sendo aniquilado como umodo.P. Portanto tambm nega a ressurceio da carne?R. Sern clvida. Por que raz.o haviaLlros ns, que acre_ditamos na filosofia esotrica arcaica dos ntigos, dL aceitaras especulaes antifilosficas duma teologia crist posteriorinspiracla nos sistemas exotricos, cle origem Egpcia * Gr.go,dos Gnsticos?P. Os Jgpcios veneravarn os Espritos cla Natureza edivinizavam at as cebolas; os F{indus ainda hoje s,o icl-latras; os Zoroastrianos acloravm e ainda aclorarrr o sol; e osmaiores filsofos gregos - basta apontar plato e Dem-crito __ erarn sonhadores ou materialistas. Como que podelazer uma tal comparao?. R. 'alvez seja assim no catecismo moderno cristo e atcientfico, mas no para os espritos imparciais. Os Egpciosveneravam o

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    A CHAYE DA TEOSOFIAP. No entanto no vai poder evitar que a acusem deter inventado uma nova diviso dos elementos espirituais

    e psquicos do homem, pois nenhum filsofo se tefere a eles,ainda que esteja convencida de que Plato o faz'R. E mantenho a minha afirmao. Alm de Platoposso apontar tambm Pitgoras, que defendia a mesmaideia (*). Este considerava a Alma uma Unidade capaz dese mover por si prpria (mnada), composta por trs ele-mentos: Nons (Esprilo), phren (a rnente) e thumos (vida,sopro ou o Nephesh dos Cabalistas), que correspondem aonosso

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    VIIDOS VR.IOS ESTADOS APOS A MOR.TE

    O I"{OMEM FSICO E O HOMEM ESPIRITUALP. Muito me alegra ouvi-la dizer que acredita na imor_talidade da .dlma.R. Da ,lma, no. Do Esprito divino, ou melhor, naimortalidade clo Ego reincarnante.P. Mas qual a diferena?R. Para a nossa filosofia so duas coisas rnuito dife_rentes, mas a questo demasiado abstnrsa e difcil para serabordada em meia-dzia de palavras. Ern primeiro lular tere_mos de analisar os dois conceitos supurduun.nte depoisem conjunto. Comecemos pelo Esprito.Segunclo a nossa doutrina, o Esprito (o

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    A CHAVE DA TEOSOFIAmana)) (*) nunca penetrava totalmente no homem, mas ape-nas pairava mais ou menos sobre ele atravs da Almaespiritual irracional (*n') ou Buddhi.P. Tinha a impresso, talvez errada, de que s a

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    A FAVE D TEOSOFIdepois de esta ou parte divina da alma j existiacorno ser distinto de toda a eternidade, tal corno ensinavamOrgenes, Sinsio e ourtros filsofos, e se exactamente amesna coisa que a alma metafisicamente objectiva, cornopoctre deixar de ser eterno? E que importa nesse caso que ohomem tenha uma vida pura ou uma vida animal se, faao que fizer, no pode nunca perder a sua individualidacle?R. Essa doutrina, tal como a acaba de expor, toperniciosa nas suas consequncias como a do sacrifcio ex-piatrio. Se este ltimo clogma bem como a icleia falsa de que

    DOS VRIS ESTADOS pos A,IORTEsomos tocios imortais tivessem sido demonstrados ao muncl

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    A CHAVL N TEOSOFIComo forma, a sua imortalidade est limitada ao seuciclo de vida ou Mahamanvantnre, aps o que idnticaao Esprito lJniversal, com o qual forma uma unidade, dei-xando. portanto, de ser uma Entidade clistinta. A Almapessoal - expresso que usamos para designar a centelhacle conscincia que mantm no Ego Espiritual a ideia do

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    A C{AIlE D TEOSQF'IAprincpio divino manifestado; este forma uma unidade coma mente ou alma puiyer$p] e no com o Deus antropomr-fico, extracsmico e pessoal em que muitos testas acre-citam.P. Mas, uma vez que aceita a existncia dum princpiomanifestado, no entendo por que no acredita que a ahnade cada novo rnortal seja criada por esse Princpio, tal comoo foram todas as outras Almas.R. Forque aquilo que mpessoal no pode criar, pla-near ou pensar a seu bel-prazer. Sendo uma lei universai,imutvel nas suas manifestaes peridicas, que consistemem irradiar e manestar a sua essncia no princpio de cadanovo cicl,o_d_+_yt4jr, no pode criar homens apenas para algunsanos depois se arrepender de os ter criado. Se temos de acre-ditar num princpio diyj-+o, ento que seja num cuja har-monia, lgica e justia sejam to absolutas como o amor,sabedoria e imparcialidade; e um Deus que criasse cadaalma para durar os breves anos duma vida, independente-mente do facto de ela ir animar o corpo dum homem prs-pero e feliz ou o durn pobre desgraado condenado a sofrerdesde o nascirnento at morte, embora nada tenha feitopara merecer destino to cruei, seria mais um esprito mal-fico do que um Deus. Ora, nem sequer os filsofos .fudeus,que acreditavam (esotericarnente, claro) na Bblia Mosaica,jamais defenderam tal ideia; alis acreditavam na reincar-nao, tal como ns.P. Pode dar exemplos que compovem essa afirmao?R. Sem dvida. Flon, o Judeu, diz (em De Somnis,I, $ 22): > Na Zohar diz-se que a alrnasuplica a Deus que the conceda a liberdade:

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    CHVE DA TEOSOFIAquando, segundo todos os Orientalistas eminentes, sinnimode aniquilao!R. S se a palavra for tomada literalmente e no que dizrespeito personalidade e matria diferenciada. Estasideias sobre a reincarnao e a trindade do homem foramtambm defendidas por muitos dos primeiros Padres cristos.Antes de poder unir para sempre a sua mais pura essnciaao esprito imortal, a alma pessoal tem de se desintegrarem partculas. Na filosofia tsudista a palavra aniquiloosignifica apenas disperso da matria, seja qual for a formaou a aparncia com que se apresente, porque tudo o quetem forma temporrio, no passando, portanto, dumailuso. Pois para a eternidade os perodos mais longos quese possam imaginar no so mais que um abrir e fecharde olhos. O mesmo se poder dizer da forma, que desaparecepara sempre como o claro sbito dum relmpago antes detetmos tempo de nos apercebermos do que o vimos. Squando a entidude espiriiual se sepaa paa sempre de todasas partculas de matria, substncia ou forma e se torna denovo um sopro Espiritual que ela entra no Nrvona eternoe inaltervel, que dura o mesmo tempo que durou o ciclode vida, ou seja, uma eternidade. Esse sopro que existeem Esprito no nada, porqtte tudo; como forma, oucomo aparncia, completamente aniquilado, mas, comoEsprito absoluto, , pois tornou-se o prprio Ser. Mesmoa expresso , usada quandose fala da como Esprito, significa

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    A CHAYE DA TEOSOFIAmesma exegese que se emprega a palavra aniquilao.O estado positivo o ser essencial, mas sem manifestao.De acordo com a doutrina budista, quando o esprito entrano Nirvana perde a sua existncia objectiva, mantendo, noentanto, o ser subjectivo. Dum ponto de vista objectivo isso tornar-se o

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    A CHAYE DA TEOSOFIAhomem actua neste ou em qualquer outro plano de cons-cincia estritamente de acordo com a sua condio mentale espiritual. Divida o ser terrestre chamado homem em trsaspectos principais, se entender; alis ter de o fazer seno o quiser reduzir a um simples animal. Considere o seucorpo objectivo, o seu princpio pensante-que s umtr)ouco superior ao elemento instintvo no animal - ou almavital consciente e aquilo que o coloca to incomensuravel-mente para alm e acima do animal, ou seja, a sua almaracional ou

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    A CHAVE DA TEOSOFIque, sendo Alma um termo genrico, h nos homens trsaspectos de Alma: a terrestre ou animal, a Alma Humana ea Alma Espiritual; estas, em sentido estrito, so uma nicaAlma com trs aspectos. Do primeiro aspecto nada perma-nece depois da morte; do segundo (nous ou Manas) apenasa essncia divina, caso est'eja imaculada, sobrevive, ao passoque o terceiro, alm de ser imortal, se torna divino corzs-cienemente pela sua assimilao pelo Manas Superior. Mas,para esclarecer este assunto, ser necessrio dizer antes dcmais algumas palavras sobre a Reincarnao.

    O OUE A MEMRIA SEGUNDO A DOUTRINA TEOSFICA?P. O mais difcil vai ser explicar e fundamentar a suaposio. No encontrei ainda nenhum Tesofo que tivesseconseguido apresentar-me uma nica prova vtIida capazde abalar o meu cepticismo.R. O seu argumento reduz-se velha objeco de quetodos esquecemos a nossa incarnao a+terior. Na sua opi-nio isso invalida a nossa doutrina? pesioalmente acho queno e de qualquer modo essa objeco no pode ser def!nitiva.P. Gostaria que me apresentasse os seus argumentos.R. So breves e poucos. porm. se tomar ern conside_rao: a) a total incapacidade dos melhores psiclogos moder-nos para explicarem ao mundo a natureza da mente e b) aseu completo desconhecimento das potencialidades e estadossuperiores da mesma, ter de reconhecer que essa objecose baseia numa concluso apriorstica tirada sobretudo deprovas circunstanciais e aparenternenlc razor'eis. J agora,diga-me o que para si a .P. O meu conceito de memria no difere do conceitogeneralizaclo: a faculdade que a nossa mente tem de recordar

    vIIrDA REIhICARNAO OU RENASCIMENTO

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    CHAYE DA TEOSOFIAe de reter o conhecimento de pcnsamentos, ctos e aconte-cimentos ocorridos anteriormente.R. A isso deve acrescentar que h uma grande . Ao falar de recordao e lembrana,Locke diz: > Porm,o prprio Locke no define claramente a reminiscncia, j,que no se trata duma faculdade ou atributo da nossa mem-ria fsica mas duma percepo intuitiva distinta e exteriorao nosso crebro fsico; uma percepo abrangendo comoabrange (sendo chamada a intervir pelo conhecimentosempe-presente do nosso Ego espiritual) todas aquelas visesdo hornem que so consideradas anormais - desde imagenssugeridas pelo gnio aos delrios da febre e at loucura- e

    DA REINCRNAO OU RENASCIL,TENTOque pra a cincia no tm existncia fora da nossa imagi_nao. O Ocultismo e a Teosofia, contudo, vem a remi-niscnca numa perspectiva totalmente diferente. para ns,enquanto a memria fsica e evanescente, dependenclo dascondies fisiolgicas do crebro, a reminiscncia , a mem_ria da alma. E esta memria que d a todos os sereshumanos, quer o entendam ou no, a cettez:a de que jviveram antes e que ho-de viver ainda. J wordsworth ctizia: (*)P. Se nesse tipo de memria - poesia e anomaliasda imaginao, segundo as suas prpris palavras _ quebaseia a sua doutrina, no me paece que consiga "orru.rrr,uita gente.R. Eu no que era imaginao. Limitei-me adizer que, dum modo geral, os fisilogos e cientistas consi_deram essas reminiscncias conao alucinaes e um produtoda imaginao, conclusoerudta a que chegaram. Ndo nega_mos que essas vises do passado e esses vislumbres de coisash muito ocorridas sejam anormais quanflo comparadoscom a nossa experincia diria normal e a nossa memriafsica. Mas, para alm disso, sustentarnos que a memria,como Olympiodorus disse, apenas faarta e aquilo que emns merece menos confiana (*x). Ammonius Saccas afir-

    (+) ,, (**) , fantasia>, diz Olympiodorus (Comentdro sobre o Fdont(e um obstaculo .para as nossas concepes intelectuais: e assim-!^u1ng9_-r94os agrtados pela influncia. ilspiradora da Divindade,s9^ a^antasra^rntervier,_a energia entusistic cessa, porque o entu_l1lmo. e o xtase opem-se um ao outro. Se prluntrem s aatma e capaz de_se tornar actuante sem a fantadia, lesponderemosque a sua capacidade de percepo dos universair'piu-r^elI em, portanto, percepes independentes da fantasia, mas. a

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    CHYE DA TEOSOFIAmava que a nica faculdade do homem que se opunha direc-tamente predio ou previso dum acontecimento futuro a mentra. Alm disso, no esquea que a memria uma coisa e a mente atJ pensamento outta; uma umgravador, um registador que se avaria com grande facilidade;a outra (pensamentos) eterna e imperecvel. Recusar-se-iaa acreditar na existncia de certas coisas ou homens sporque no os viu com os seus olhos? O testemunho colectivode geraes passadas que viram Jlio Csar no constituiriagarantia suficiente de que existiu efectivamente? Porqueno h-de ento acreclitar em idntico testemunho" em rela'o aos sentidos psquicos das massas?P. Mas no lhe parece que essas diferenas so dema-siado subtis para serem aceites pela maioria dos mortais?R. Eu diria antes pela maioria dos materialistas. E aesses dizemos: reparem cono, apesar da curta durao daexistncia comum, a memria demasiado fraca para poderregistar todos os factos ocorridos durante a vida. Quantasvezes at os factos extremamente importantes esto ador-mecidos na nossa memria at serem despertados por algumaassociao de ideias ou levados a tornarem-se actuantes porqualquer outro elemento de ligao! Isto particularmentefrequente entre as pessoas de idade avanada, em que capacidade de recordar est diminuda. Assim, se nos lem-brarmos daquilo que sabemos acerca dos princpios fsicose espirituais do homem, no o facto de a nossa memriano ter conseguido gmvar as *,q1s-a! vjdas anteriores quenos deve surpreender, mas sim o contrrio, admitinclo queisso pudesse aco rtecer.POROUE NO NOS LMBRAMOS DAS NOSSAS VIDAS PASSADAS?P. J me explicou em traos gerais os sete princpios;gostaria agora que me dissesse em que medida so respon-sveis pela perda total de memria em relao a viclas ante-riores.

    DA REI,ICRNAO OU RENSCIMENTQR. E, muito simples. una vez que os princpirx qucns chamamos fsicos e que so, todos aceites pela cincia,embora esta lhes atribua outros nomes (*), se desintegramdepois da morte, juntamente com os seus elementos cons-tituintes, a mentria e o seu crebro, a memria desaparecdaduma personalidade clesaparecida no pocle recordar nemregistar nada na reincarnao seguinte do EGO. A rein-carnao significa que a este Ego ser dado um novo cotpo,rrm novo crebro e uma novct memria. Seria, portanto,absurdo esperar que esta memria recordasse aquilo quenunca registou, tal como seria intil observar ao microsepiouma camisa que nunca tivesse sr'do usada por um assassino,procurando descobrir nela manchas de sangue que s sepoderiam encontrar nas roupas que ele na realidade tivesseusado. No a camisa limpa que tern de ser examinada masas roupas que o assassino usava no momento em que per-petrou o crime; e, se elas tiverem sido queimadas e destru-das, como possvel faz-Lo?P. Sim, mas como que pode ter a ceeza de que ocrime foi efectivamente cometido ou de que o

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    A CHAVE D TEOSOFIAR. Se h pessoas que acreditam na Gravidade, no ter,na Fora e o que quer que seja da Cincia, em abstracese que nunca viram, tocaram, chei-raram, ouviram ou saborearam, porque no ho-de outrasacreditar pela mesma taz.o no seu Ego permanente, que uma bem mais lgica e importanteque qualquer das outras?P. Qual afinal esse misterioso princpio eterno? Impor-ta-se de explicar a sua nattteza de modo a torn-lo maiscompreensvel?R. o EGO que reincarna, o indivdual e imortal-no pessoal; em suma, o veculo da MONADA Atma--Bdica, aquilo que recompensado no Devachan e punidona terra, enfim aquilo a que se liga unicamente o reflexodos Skandhas ou atributos de cada incarnao (*).P. O que entende por Skandhas?R. Precisamente o que eu disse: - nos quaisest includa a memria-qve perecem todos como umaflor, deixando apenas atras de si um tnue perfume. Voucitar um outro par