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A conflituosa relação entre arquivo e memória institucional de uma escola de educação profissional JANDA TAMARA DE SOUSA* 1 ANTÔNIO HENRIQUE PINTO* 2 Resumo: Este trabalho analisa a importância da preservação dos documentos de arquivos do Instituto Federal do Espírito Santo. Objetiva mostrar como a organização de um acervo de memórias, numa perspectiva de facilitar seu acesso, contribui para a constituição identitária da educação profissional e da formação para o mundo do trabalho, salientando as mudanças e transformações no ensino profissional no Brasil ao longo do século XX. Perpassando os conceitos da arquivística verificamos a íntima relação que esse procedimento possui para a constituição da memória e identidade da educação profissional nos dias atuais. Observamos na metodologia da descrição arquivística, a inter-relação dos documentos, de suas séries com seu grupo e dos grupos com os fundos ou coleção, o que permite a ampliação do acesso por meio dos instrumentos de pesquisa. O uso de plataforma de acesso digital, permite a preservação do patrimônio documental compondo assim uma estrutura de organização que direciona o pesquisador para o acesso direto aos documentos digitais. Assim os produtos descritivos cumprem um papel de preservação ao reduzirem o manuseio dos documentos originais, permitindo seu alcance remoto via web para difusão. Palavras-Chave: Fontes documentais. Arquivos. Trabalho e Educação. Memória. Educação Profissional no ES. Introdução As ações de preservação para a promoção de acesso aos conjuntos documentais da sala de memória, no Instituto Federal de Educação Profissional e Tecnológica, o Ifes, no campus Vitória/ES são extremamente relevantes para a manutenção da memória e da identidade institucional. Neste artigo, abordamos os trabalhos de ressignificação do acesso às fontes documentais desta sala, considerando suas condições como documentos de arquivo ou como coleções de documentos. Esta condição conflita sobre as relações entre a busca pela organicidade arquivística nas formas de promover melhorias nas formas de acesso para o ensino e a pesquisa em história da educação profissional e tecnológica, a EPT. Assim, o trabalho objetivou contribuir para a sistematização do acervo da sala de memória do Ifes, por meio da construção de um catálogo temático, como um instrumento de 1 Mestre em educação profissional e tecnológica -ProfEPT, Ifes campus Vitória/ ES. 2 Doutor em educação pela Unicamp.

A conflituosa relação entre arquivo e memória

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Page 1: A conflituosa relação entre arquivo e memória

A conflituosa relação entre arquivo e memória institucional de uma escola de educação

profissional

JANDA TAMARA DE SOUSA*1

ANTÔNIO HENRIQUE PINTO*2

Resumo: Este trabalho analisa a importância da preservação dos documentos de arquivos do Instituto Federal do

Espírito Santo. Objetiva mostrar como a organização de um acervo de memórias, numa perspectiva de facilitar seu

acesso, contribui para a constituição identitária da educação profissional e da formação para o mundo do trabalho,

salientando as mudanças e transformações no ensino profissional no Brasil ao longo do século XX. Perpassando

os conceitos da arquivística verificamos a íntima relação que esse procedimento possui para a constituição da

memória e identidade da educação profissional nos dias atuais. Observamos na metodologia da descrição

arquivística, a inter-relação dos documentos, de suas séries com seu grupo e dos grupos com os fundos ou coleção,

o que permite a ampliação do acesso por meio dos instrumentos de pesquisa. O uso de plataforma de acesso digital,

permite a preservação do patrimônio documental compondo assim uma estrutura de organização que direciona o

pesquisador para o acesso direto aos documentos digitais. Assim os produtos descritivos cumprem um papel de

preservação ao reduzirem o manuseio dos documentos originais, permitindo seu alcance remoto via web para

difusão.

Palavras-Chave: Fontes documentais. Arquivos. Trabalho e Educação. Memória. Educação

Profissional no ES.

Introdução

As ações de preservação para a promoção de acesso aos conjuntos documentais da sala

de memória, no Instituto Federal de Educação Profissional e Tecnológica, o Ifes, no campus

Vitória/ES são extremamente relevantes para a manutenção da memória e da identidade

institucional.

Neste artigo, abordamos os trabalhos de ressignificação do acesso às fontes documentais

desta sala, considerando suas condições como documentos de arquivo ou como coleções de

documentos. Esta condição conflita sobre as relações entre a busca pela organicidade

arquivística nas formas de promover melhorias nas formas de acesso para o ensino e a pesquisa

em história da educação profissional e tecnológica, a EPT.

Assim, o trabalho objetivou contribuir para a sistematização do acervo da sala de

memória do Ifes, por meio da construção de um catálogo temático, como um instrumento de

1Mestre em educação profissional e tecnológica -ProfEPT, Ifes campus Vitória/ ES. 2Doutor em educação pela Unicamp.

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pesquisa para a difusão das fontes documentais ali presentes que possibilitam a pesquisa sobre

o ensino e os sujeitos da EPT, ao longo do século XX.

Utilizando critérios da metodologia arquivística que seguem as diretrizes das normas de

descrição, consideramos a promoção de acesso lógico e estruturado, também em meio

Page 3: A conflituosa relação entre arquivo e memória

2

digital, evidenciando a necessidade de preservação da memória institucional, no caso em questão, a

memória da educação profissional e tecnológica promovendo seu acesso e visibilidade por meio de

plataformas digitais.

Este trabalho foi conduzido dentro da linha de pesquisa ‘Organização e Memórias de Espaços

Pedagógicos na Educação Profissional e Tecnológica (EPT)’ do Programa de pós-graduação em

Educação Profissional e Tecnológica, ProfEPT, da Rede Federal de Educação Profissional, Científica

e Tecnológica (RFEPCT) no Ifes.

Consideramos que a memória da educação profissional e tecnológica, no país, perpassa a

institucionalidade do Instituto Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo, o Ifes. Assim, a

trajetória desta escola inicia-se em 1909, com a inauguração da Escola de Aprendizes e Artífices do

Espírito Santo (EAAES). Com as sucessivas mudanças políticas e econômicas no país que

acarretaram diversas transformações no âmbito do sistema educacional, a mesma passou por muitas

transformações até se constituir no atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Espírito Santo (Ifes).

Hoje, esta instituição possui 22 (vinte e dois) campi, unidades descentralizadas que ofertam

ensino verticalizado, cada uma com suas particularidades regionais e que abrangem todo o território

do estado do Espírito Santo. Sendo assim, a história do Ifes é o resultado de diversas transformações

que perpassam sua subordinação administrativa, as modalidades de ensino ofertadas, sua forma de

atuar, sua cultura e até o seu reconhecimento identitário na sociedade.

Certamente, esta instituição centenária constitui patrimônio da cultura capixaba e da educação.

Suas diferentes denominações atribuídas ao longo dos cem anos de sua existência evidenciam o

deslocamento das concepções da educação profissional: Escola de Artesãos, Liceu Industrial, Escola

Técnica de Vitória, Escola Técnica Federal do Espírito Santo, Centro de Educação Tecnológica e

Instituto de Educação (PINTO, 2015, p. 27).

Tomamos a sala de memória da biblioteca do campus Vitória, como locus deste trabalho, por

tratar-se do local onde estão armazenadas algumas das fontes documentais dessas antigas escolas. O

acervo deste local se tornou referência para pensarmos os processos para a preservação da memória

e difusão das fontes documentais. Para isso, baseado nas teorias arquivísticas, construímos

instrumentos de pesquisa como forma de preservação, difusão e acesso permanentes.

A complexidade e toda a riqueza desse acervo perpassa as relações entre o trabalho e a

educação no país, por isso, promover o acesso ao acervo da sala de memória é de suma importância

para o trabalho interdisciplinar no âmbito do ensino e das pesquisas que convergem sobre o uso dos

conceitos de patrimônio cultural, patrimônio documental e sua preservação, arquivos, história e

memória, identidade, cultura e cidadania.

Page 4: A conflituosa relação entre arquivo e memória

3

Este acervo é fonte de consulta para pesquisadores que trabalham com as temáticas da história

da educação profissional no Ifes. Isto é, são fontes para as pesquisas sobre como as políticas e

reformas educacionais implantadas afetaram a institucionalidade das escolas aqui instauradas, das

mudanças que ocorreram nos cursos ofertados e em seus currículos, da dinâmica de atuação em cada

época para a formação de trabalhadores, do seu atendimento ao mercado e ao mundo do trabalho e

também das questões gênero e classe que permeiam o ambiente escolar.

Além disso, o acervo desta sala tem sido a fonte de recursos historiográficos fundamentais

para diversos debates: do papel da instituição, da visão de seu passado, da visão de si mesmo e de

como a sociedade a reconhece. E é somente por meio do levantamento e da descrição dessas fontes

documentais que tais informações serão evidenciadas, confrontadas e rememoradas.

Entendemos que o acesso a essas fontes primárias se constitui como base para a pesquisa

histórica das questões inter-relacionadas ao campo da educação e da formação para o trabalho, assim

como da própria constituição da memória institucional e da sua identidade. Assumimos que “[...] as

fontes são suportes da informação que será construída e analisada pelos historiadores, socialmente

percebidos como agentes primordiais da formulação de um discurso sobre o passado” (HEYMANN,

2012, p. 16).

Dada a carência de fontes para compor a historicidade e o entendimento dos processos

educacionais, faz-se necessário o seu registro de maneira sistematizada para a manutenção de sua

preservação. Impondo-nos, desta forma, a repensar sobre uma organização que reflita a organicidade3

na composição de seus acervos e a resgatar um arranjo que corresponda, segundo Bellotto (2006), às

grandes divisões do órgão a que se liga o arquivo enquanto fundo4 documental, o que por vezes,

conflita com a organização dada às coleções 5 , já que, estas, por sua vez, “não apresentam a

organicidade típica dos fundos de arquivo e tem suas peças reunidas, artificialmente, de acordo com

determinado núcleo de interesse temático” (TESSITORE, 2003, p. 31).

Consideramos que o conceito sobre memórias coletivas apresentado por Maurice Halbwachs

(2006) pelo qual pensamos a memória enquanto construção social que reconstitui as memórias que

habitam os coletivos, os grupos; permitindo, desta forma, uma melhor compreensão da história desses

grupos e instituições.

3 Organicidade – os documentos de arquivo são produzidos e acumulados em razão das funções e atividades desenvolvidas

pelo órgão ou entidade, o que os contextualiza no conjunto a que pertencem. Assim, os documentos de arquivo se

caracterizam pelas relações orgânicas que mantêm entre si (ARQUIVO NACIONAL, 2011, p. 12). 4 O Fundo, também chamado de arquivo, propriamente dito, é Conjunto de documentos, independentemente de sua forma

ou suporte, organicamente produzido e/ou acumulado e utilizado por um indivíduo, família ou entidade coletiva no

decurso das suas atividades e funções ( DBTA, 2005, p 27). 5Coleção, segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (2005), é o “Conjunto de documentos com

características comuns, reunidos intencionalmente” (DBTA, 2005, p. 52). Diferindo da definição de Arquivos: o conjunto

de documentos produzidos e acumulados por uma entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no

desempenho de suas atividades, independente da natureza dos suportes (DBTA, 2005, p. 02).

Page 5: A conflituosa relação entre arquivo e memória

4

Assimilamos que, junto a esse conceito, se fundamentam as razões pelas quais, em nossas

sociedades atuais, guardamos os nossos registros documentais por medo do esquecimento, desta

forma, sob a perspectiva da construção de memórias e do resgate de lembranças, evidenciamos a

necessidade da preservação do patrimônio documental como forma de construção da identidade dessa

instituição de ensino.

Por isso inventariamos, consolidamos nossa memória com a utilização das fontes documentais

materializadas e construímos instrumentos de pesquisa como forma de acesso, preservação e

visibilidade para este acervo.

A sala de memória da biblioteca

A sala de memória da biblioteca do campus Vitória consolidou-se como espaço de guarda para

documentos de arquivo e coleções em diversos formatos, após uma campanha de recolhimento criada

no âmbito de um Projeto de Memória, no ano de 1996, com o objetivo de preservar esses documentos.

A partir desse momento, estas fontes documentais primárias presentes nesta sala tornaram-se objetos

de pesquisa para diversos pesquisadores das áreas da história, da história da educação, da educação

profissional e tecnológica, etc..

Por vezes, documentos dos arquivos setoriais, ou recolhidos dos arquivos intermediários vêm

compor o acervo. Também, documentos dos setores acadêmicos, por serem ‘muito antigos’ foram

encaminhados para esta sala, como os livros de atas de conselho de classe, livros de atas de exames

de alunos, planos e programas de ensino.

A Unesco definiu, na Carta para Preservação do Patrimônio Histórico (2003), que “a

preservação de documentos arquivísticos tem como objetivo garantir a autenticidade e a integridade

da informação, enquanto o acesso depende de os documentos estarem em condições de serem

utilizados e compreendidos” (CONARQ, 2004, p. 2). Por isso, entendemos que, junto a essa

necessidade de reunir as fontes documentais como forma de preservá-las, inventariá-las e de tratá-las

para disponibilização para a pesquisa, para as lembranças, às comemorações, à memória coletiva e

ao sentimento de identidade, os ‘lugares de memória’ se reafirmam, pois há um processo de

aceleração da história que nos ameaça com o esquecimento (NORA, 1993).

Assim, depreendemos que é urgente tornar a memória materializada em informação acessível

que dê suporte às lembranças e a consolidação de memórias e identidades, mais especificamente no

exercício dos arquivos como produto social, pois “os melhores arquivos são os que servem os amplos

objectivos sociais, culturais, de responsabilidade democrática” (CUNNINGHAN, 2003, p. 63).

Conforme nos esclarece Tessitore (2003 p. 11) “para que os documentos cumpram sua função

social, administrativa, jurídica, técnica, científica, cultural, artística e ou histórica é necessário que

estejam preservados, organizados e acessíveis”. Porém, é através dos instrumentos de pesquisa que o

Page 6: A conflituosa relação entre arquivo e memória

5

arquivista proporciona ao pesquisador o encontro com o documento: “O trabalho do arquivista precisa

revelar-se ao historiador desde o seu primeiro momento no arquivo; é esse trabalho que deve

proporcionar o encontro satisfatório entre pesquisador e documento, através dos instrumentos de

pesquisa” (BELLOTTO, 2004, p. 176).

Nesse sentido, procuramos compor a organicidade dos documentos de arquivo, diante das

grandes divisões do órgão a que se liga o arquivo, o entendemos como “um conjunto articulado de

documentos que se acumulam, de forma natural e necessária e não gratuita, em razão do

funcionamento de um organismo” (CAMARGO, 2012, p. 10). É nessa perspectiva de relações e

contextos em que os documentos de arquivos se inserem e são compreendidos reafirmando seu

estatuto probatório, e que por isso devem ser preservados, do contrário perdem a capacidade de refletir

a instituição de origem:

(…) os documentos de arquivo como entidades discretas, que têm vida independente e

autônoma, contrapõe-se a que preconiza vê-los como partes de um conjunto, como elementos

que mantêm relação orgânica entre si. Maior que a soma das partes que o integram, esse

organismo é que lhes empresta autenticidade (CAMARGO, 2012, p. 08).

Em um melhor entendimento sobre essa reapropriação dos documentos para a preservação

dos acervos, enquanto fontes documentais, que formaram a coleção da sala de memória devemos

esclarecer que estes documentos, os documentos de arquivos, surgem da necessidade primeira da

manutenção e da garantia de direitos individuais e coletivos na instituição, conforme explicam

Camargo e Guimarães:

Os arquivos nascem em decorrência das ações praticadas por pessoas jurídicas e físicas ao

longo de suas respectivas trajetórias. Os documentos que os integram não constituem uma

finalidade em si: são ferramentas de gestão, isto é, instrumentos pelos quais as atividades de

tais pessoas se realizam, servindo, ao mesmo tempo, de comprovantes de que as atividades

foram realizadas (CAMARGO, A. M; GUIMARÃES, S., 2015, p. 24).

É o conhecimento da gênese documental, ou seja, de sua produção que contribuirá para o

entendimento do contexto da origem dos documentos e que nos permite trabalhar as possíveis e

diversas formas de acesso às fontes documentais e, desse modo, promovermos a recuperação dessas

memórias.

Na medida em que os arquivos são materialidades do passado, eles podem atualizar a

memória de uma pessoa, ou conjunto de pessoas, frente às demandas do presente.

Consideramos, portanto, que os arquivos compõem uma parte significativa das bases que serão parte da memória praticada de uma instituição, família, cidadão ou sociedade

(ALDABALDE, T.; M. C. GRIGOLETO, 2016, p. 23).

Assim entendemos que o acesso a estes documentos demonstra-se de suma importância para

a sociedade como base para a pesquisa histórica das questões inter-relacionadas ao campo da

educação e da formação para o trabalho, bem como da própria constituição da memória institucional

enquanto memória coletiva (HALBWACHS, 2006).

Page 7: A conflituosa relação entre arquivo e memória

6

Conforme Hedstrom (2017), estas fontes que compõem os arquivos e centros de memórias

potencializam as descobertas ou a recuperação das memórias as quais haviam sido perdidas ou

negadas à comunidade em busca de memória. Porém, devemos atentar que:

Os documentos de arquivos, não são representação da memória coletiva e as instituições

arquivísticas não são depósitos de memória coletiva. Ao contrário, os arquivos são fontes para

a potencial descoberta ou recuperação de memórias que haviam sido perdidas. Uma vantagem

particular que os arquivos possuem enquanto veículos da memória coletiva (além de sua

persistência) é que eles podem permanecer insuspeitados e imperturbáveis enquanto as memórias individuais se esvaem, enquanto a memória coletiva é reconfigurada, ou até mesmo

enquanto existem esforços conscientes de se apagar a memória (HEDSTROM, 2017, p. 255).

É por isso que as potenciais descobertas das fontes documentais tornam preciosas as

informações que, quando recuperadas, podem ser evidenciadas, confrontadas, rememoradas e

desmistificadas a partir da seleção que o pesquisador faz daqueles documentos que venham a provar

os fatos aos quais atesta. Afinal, depende de um olhar investigativo o quanto um acervo de memória

pode nos revelar.

Porém, quando estas memórias se dispersam o único meio de preservá-las é fixá-las em uma

narrativa: “[...] pois os escritos permanecem, enquanto as palavras e o pensamento morrem”

(HALBWACHS, 2006, p. 101). Esses escritos tornam-se as fontes documentais com a materialização

da memória.

Acresce as ideias defendidas por Bloch (2001), pelas quais afirma que os documentos são

vestígios, não fontes inócuas e por si verdadeiras, ou seja: “É a pergunta que fazemos que condiciona

à análise e, no limite, eleva ou diminui a importância de um texto retirado de um momento afastado”

(BLOCH, 2001, p. 08). Ainda, segundo Bloch (2001), os documentos só falam quando são

interrogados: “toda investigação histórica supõe, desde seus primeiros passos, que a investigação já

tenha uma direção” (BLOCH, 2001, p. 27).

Nesse sentido, Bloch (2001) nos coloca que no processo de organizar a memória e selecionar

as fontes para a exploração histórica faz-se necessário o uso de “técnicas de coleta e de tratamento

dos documentos […] como o estabelecimento de guias técnicos, inventários, catálogos e repertórios”

(BLOCH, 2001, p. 26).

Instrumento de Pesquisa como Forma de Acesso e Difusão

Considerando o intuito de reconstituir os documentos ao seu contexto de origem, evitamos a

criação de coleções, o que propomos agora é sua organização conceitual de modo a permitir novas

formas de criação de instrumentos de pesquisa. Assim, também evidenciamos as possíveis

compreensões da própria historicidade da educação, que neste caso, trata-se de descortinar as

concepções de ensino aplicadas às escolas do século XX no Ifes.

Page 8: A conflituosa relação entre arquivo e memória

7

Para tanto, partimos de uma estruturação lógica, em respeito aos princípios da proveniência

para então remeter cada conjunto ou até mesmo os itens documentais ao seu fundo original, conforme

apresentam-se nos arranjos físicos.

Utilizamos o “princípio da proveniência” por reconstituir a origem, a história e/ou o

funcionamento da instituição durante sua existência e o “princípio da ordem original”, por não desfaz

a organização que lhe foi dada originalmente. Assim, a organização, seguindo os princípios da

arquivologia, não se dá por data ou denominação de gestores, mas sim pela instituição e a sua

competência/função: “a função é mais importante do que o próprio nome do órgão. Este pode mudar,

conservando-se, entretanto, a mesma competência maior. O fundo mudará se esta mudar”

(BELLOTTO, 2004, p. 132).

o fundo é uma unidade constituída pelo conjunto indivisível dos documentos acumulados por

uma entidade, de acumulação natural, orgânica de documentos produzidos em rezão de sua

função e preservados em função de seu valor secundário para outros fins que não os administrativos (BELLOTTO, 2014, p. 80).

Tal sistematização tendo como arranjo principal a competência institucional elucida, na

sistematização dos documentos, as concepções de ensino aplicadas em cada época. Assim, os fundos

documentais fechados6 existentes no acervo do campus Vitória7 correspondem às escolas anteriores

que formaram o atual Ifes: Escola de Aprendizes e Artífices do Espírito Santo - EAAES corresponde

ao período de 1909 até 1941; Escola Técnica de Vitória - ETV corresponde ao período de 1942 até

1965; Escola Técnica Federal do Espírito Santo - ETFES corresponde ao período de 1965 a 1998;

Centro de Educação Federal e Tecnológica do Espírito Santo - CEFETES corresponde ao período de

1999 a 2008. Porém, para esta pesquisa, trabalhamos somente com os fundos fechados pertencentes

ao século XX, ou seja, até ao período correspondente a 1998.

É importante ressaltar que o processo de definição para os fundos documentais, além de se

constituir como o próprio inventário do acervo, torna-se meio e objeto da memória coletiva do Ifes,

pois são estas memórias que se encontram materializadas nos diversos suportes que darão vozes aos

testemunhos e depoimentos, sendo então fundamentais para que não sejam esquecidas. Segundo

Pollak (1989, p.13), “um passado que permanece mudo é muitas vezes menos o produto do

esquecimento do que de um trabalho de gestão da memória”.

Os documentos que se encontram na sala de memória possuem sua localização física definida,

ou seja, instrumentos de busca e localização analógicas. O que propomos agora é a incorporação

destes localizadores aos itens selecionados para uma descrição documental detalhada junto de sua

imagem em meio digital. Neste caso optamos pela criação de um instrumento de pesquisa temática,

6 Os Fundos Documentais Fechados são “Fundo que não recebe acréscimos de documentos em função de a entidade

produtora não se encontrar mais em atividade” (DBTA, 2005, p. 98). 7 O trabalho de definição dos fundos documentais fechados do campus Vitória foi realizado por meio do Projeto de

Memória Institucional do Ifes (PORTARIA Nº2448/2015), sob a coordenação da arquivista Janda Tamara de Sousa.

Page 9: A conflituosa relação entre arquivo e memória

8

que venha a demonstrar as relações desse Instituto de Educação Federal para com a formação dos

sujeitos para o mundo do trabalho, diante das concepções de ensino aplicadas a cada época, remetendo

ao seu fundo fechado específico.

O foco deste estudo tornou-se a seleção e análise das fontes documentais que representam

parte da memória da EPT no Espírito Santo, ou seja, dos documentos inventariados nos fundos da

sala de memória fizemos uma seleção para a construção de um instrumento de pesquisa. Optamos

pela construção de um catálogo para disponibilizar uma seleção de documentos fotográficos,

permitindo assim abordar o deslocamento das concepções de ensino na educação profissional como

uma temática para o catálogo seletivo. Conforme o Dicionário Brasileiro de Terminologia

Arquivística, temos:

O catálogo seletivo é um Instrumento de pesquisa organizado segundo critérios temáticos,

cronológicos, onomásticos ou toponímicos, reunindo a descrição individualizada de

documentos pertencentes a um ou mais fundos, de forma sumária ou analítica (DBTA, 2005, p. 45).

Para o caso das fotográficas, diante da dificuldade de reconstituir o contexto de produção de

cada item fotográfico e considerando seu arranjo físico formou-se dossiês de fotografias dentro de

seus fundos específicos, neste caso, os fundos fechados do campus Vitória, que constituíam as antigas

escolas e que hoje forma o atual Ifes, desde 2008.

É no processo descritivo que podemos perceber a inter-relação dos documentos, de suas séries

com seu grupo e dos grupos com os fundos ou coleção, o que permite uma ampliação dos processos

de pesquisa. Bellotto (2004) afirma que a descrição documental “assume lugar de proeminência o

estabelecimento de um elo suficiente e necessário entre a indagação do pesquisador e a sua solução,

tornada possível por meio dos instrumentos de pesquisa” (BELLOTTO, 2006, p. 173).

Considerando que os documentos ali presentes se estabeleceram por campanha de

recolhimento ou por doação e a forma de organização por eles recebida baseou-se em seus formatos

(ficha, livro, caderno, planta, folha, cartaz), gênero (textual, audiovisual, iconográficos) e por uma

organização de ordem cronológica, conforme a gestão da instituição, por datas e por diretores. Isso

ocasionou a formação de coleções específicas com essas características, o que diferencia do fluxo

orgânico na formação de um acervo de arquivo, como quando os documentos são encaminhados de

acordo com sua temporalidade para composição dos fundos.

Dessa forma, fizemos uma distinção entre os documentos que compõem os fundos

documentais fechados para os documentos que compõem as coleções ali presentes. A partir daí, com

base nos inventários do acervo, partimos para a seleção e a descrição dos itens documentais com o

objetivo de construir um novo instrumento de pesquisa com base na temática de pesquisa do mestrado.

Optamos pelo catálogo seletivo como produto de pesquisa do mestrado para abordar a temática das

diferentes concepções da história da educação nesta instituição.

Page 10: A conflituosa relação entre arquivo e memória

9

Nesse sentido, compreendemos que as coleções “não apresentam a organicidade típica dos

fundos de arquivo e tem suas peças reunidas, artificialmente, de acordo com determinado núcleo de

interesse temático” (TESSITORE, 2003, p. 31), sendo esta a organização inicial da sala de memória.

Já os fundos, segundo Bellotto (2006), correspondem, via de regra, às grandes divisões do órgão a

que se liga o arquivo.

Os documentos selecionados na sala da memória da biblioteca do campus Vitória foram

digitalizados e inseridos na plataforma de acesso digital Atom8. Na plataforma do Atom, o processo

descritivo ocorre conforme as diretrizes da norma ISAD(G) General International Standard Archival

Description, ou Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística 9 . Nesta descrição, os

documentos assumem um código, automaticamente, conforme hierarquia das classes, o que

demonstra as inter-relações dos conjuntos documentais10 ali presentes.

Considerando que o instrumento de pesquisa desenvolvido terá uso em meio digital e que tem

por finalidade o ensino e a pesquisa nas fontes documentais primárias, observamos a pesquisa de

Koyama (2016) onde esta destaca que em algumas propostas educativas de arquivos on-line os

documentos encontram-se descontextualizados, muitas vezes sem a identificação de seu contexto de

produção. Tomando tal análise como base para o entendimento dos trabalhos de constituição de nosso

catálogo, entendemos que primar pela organização lógica contextualizada dos arquivos torna-se

primordial para o uso do acervo na pesquisa e educação, conforme no coloca Koyama (2016):

para criar experiências educacionais que possam estimular leituras plurais e inventivas de

seus registros, explorando-os em suas especificidades, e ampliando os diálogos com o universo escolar, com o ensino universitário e, mais amplamente, com a educação em suas

configurações não formais e informais, imersas nas práticas culturais (KOYAMA, 2016, p.

77).

A descrição arquivística como forma de representação ideológica desses documentos permite

a distribuição das fontes documentais em uma estrutura hierárquica de classes, o que promove o

entendimento do contexto de sua produção e assim nos aproximamos melhor de uma organização

lógica, base para melhor acesso e uso para as pesquisas

Concordamos que dessa forma trazemos à tona, primeiramente, as concepções da educação

aqui implantadas e, num segundo momento, estamos promovendo a conscientização sobre o

patrimônio documental e demonstrando a necessidade de se instituir espaços para discussões sobre a

8 Atom (Access to Memory) é um software arquivístico destinado à descrição arquivística e baseado nas normas de

descrição do CIA(Conselho Internacional de Arquivos). O “AtoM” é um acrônimo para “Acesso à memória”,

disponibilizando acesso ao público. Consiste em um software livre de código fonte aberto, desenvolvido pela empresa

Artefactual Systems. A sua utilização deve ser incentivada nas universidades, nos centros de pesquisa, nas instituições

arquivísticas, visto que são unidades fomentadoras de conhecimento e se alinham a uma política governamental que estimula a utilização de software livre (FLORES, 2017). 9Conforme regras e padrões orientados pelo Conselho Internacional de Arquivos, o CIA, que apontam para soluções de

preservação de documentos para o acesso a longo prazo. 10 A denominação de Conjunto aqui abrange as terminologias de fundos e coleções.

Page 11: A conflituosa relação entre arquivo e memória

10

história e a memória da educação profissional tecnológica, que adota a ciência, a tecnologia, a cultura

e o trabalho como eixos estruturantes para o trabalho como princípio educativo:

Considerar o trabalho como princípio educativo equivale dizer que o ser humano é produtor

de sua realidade e, por isso, se apropria dela e pode transformá-la. Equivale dizer, ainda, que

nós somos sujeitos de nossa história e de nossa realidade. Em síntese, o trabalho é a primeira

mediação entre o homem e a realidade material e social (BRASIL, 2007, p.45).

Diante desse conceito11, pontuamos nas imagens selecionadas, a preocupação com a formação

de mão de obra mais qualificada, motivando a busca dos educadores pela integração entre a escola

profissional e a escola regular, propondo mudanças na concepção educacional caracterizada em sua

historicidade pela dualidade12.

Assim, após esta organização temática, conseguimos demonstrar na composição do catálogo,

a historicidade dessas escolas, da memória materializada nas imagens fotográficas selecionadas a

aplicabilidade das técnicas e tecnologias utilizadas na educação profissional, conforme a evolução

das ciências para a formação dos ofícios, tão importante às questões que perpassam o ensino e a

formação de trabalhadores. Pontuando essas transformações nas fontes documentais, permitimos

levantar informações sobre a identidade dessa instituição de educação centenária.

Descrição de imagem fotográfica no Atom:

Consideramos o código individual no qual o documento foi identificado: Código - BR-ES

IFES EAAES-FOT-002, leia-se:

BR-ES IFES - instituição brasileira (BR), cadastrada no CODEARQ

BR-ES IFES – Brasil; ES: Estado do Espírito Santo; IFES - Instituto Federal do Espírito Santo

EAAES - Fundo Fechado Escola de Aprendizes e Artífices do Estado do Espírito Santo

FOT - Dossiê fotográfico

002- número do item documental

Observação: tanto nas fotografias quanto na descrição não utilizamos outras regras de formatação,

além da Norma de descrição ISAD(G)13.

11 Sobre a forma como a educação profissional deve ser desenvolvida articulada ao ensino médio “a educação profissional,

integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento

de aptidões para a vida produtiva” (LDB, art.39). 12 A dualidade colocada pelo dualismo social, que está a “reservar a educação geral para as elites dirigentes e destinar a

preparação para o trabalho para os órfãos, os desamparados” (CIAVATTA, 2010a, p. 4). 13 ISAD (G) Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística – elaborado pelo Conselho Internacional de Arquivos

(CIA).

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11

Código de referência: BR ES IFES EAAES-FOT-002

Título: Turma da EAAES

Data(s): 1910 (Produção)

Nível de descrição: Item

Dimensão e suporte: Papel fotográfico. Estado de conservação: suporte frágil, imagem esmaecida e

manchada. Cromia: Monocromático (P&B). Dimensões: 22,5 x 17 cm (largura x altura).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consolidamos a materialidade de nosso catálogo nas ideias defendidas por Bloch (2001)

quando esse historiador afirma que os documentos são vestígios, não são fontes inócuas e por si

verdadeiras, ou seja, por meio de uma nova seleção das fontes, direcionamos o nosso processo

investigativo às análises condicionadas às nossas questões. Com isso demonstramos o quanto um

acervo está aberto ao desenvolvimento de novas pesquisas, diante das mais diversas possibilidades

de questionamento.

A organização por meio da plataforma Atom nos permitiu fazer uma seleção temática desses

documentos, reforçando que o levantamento de temáticas no acervo pode ajudar na promoção de

melhoria de sua visibilidade e influenciar outras abordagens ampliando a visibilidade para este acervo

e trazendo assim novas perspectivas para o atendimento às necessidades desse espaço.

Considerando que o catálogo trata-se de um livreto eletrônico que dá acesso à imagem

documental digitalizada dentro da plataforma de acesso, entendemos que estamos difundindo o

acervo ao mesmo tempo em que preservamos suas fontes. Com isso, ampliamos as buscas,

conduzimos ao acesso para a pesquisa histórica e também propagamos estas ações como forma de

conscientização da importância do acervo da EPT como patrimônio documental.

Desse modo, a perspectiva de ressignificação de fontes documentais diante de um processo

de sistematização da memória materializada e alçada à fonte de pesquisa histórica é alcançada por

meio da facilitação do acesso digital do catálogo e das imagens que o compõem. Sua difusão mostra

aos usuários o potencial para a pesquisa existente no acervo, bem como apresenta aos docentes outras

dimensões de pesquisa.

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A constante urgência da manutenção das memórias coletivas é sempre aflorada pelos medos

do esquecimento do passado, ainda que remoto e, por isso, nós guardamos. Porém, se o que

guardamos não for tratado de modo a gerar instrumentos de pesquisa, uma hora não saberemos mais

o que foi guardado ou perdido, e a memória terá sido esquecida.

O uso de critérios mais técnicos na organização documental tem sido bastante satisfatório para

os processos de sistematização de arquivos. Seguir normas e padrões internacionais traz aproximação

entre os diferentes ambientes de guarda documental para uma linguagem de acesso comum.

Entendemos que promover a visibilidade desse acervo neste espaço melhora também a prática

historiográfica, já que esta se desenvolve com o trabalho em arquivos de memória ou locais onde se

guardam alguma materialidade sobre o passado. Nesse sentido, estamos transpondo a forma

documental do meio analógico para permitir maior alcance para a consulta a qualquer tempo e local,

potencializando o trabalho do historiador, do professor e o envolvimento para conhecimento dos

processos de ensino e aprendizagem do Ifes.

REFERÊNCIAS

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