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1 João Palmeira Jr. O começo da caminhada Depois de muita espera, vários debates sobre Desenvolvimen- to Territorial aconteceram no ano de 2004 no Brasil e no Estado do Tocantins. Essa discussão envolveu setores governamentais e entidades da sociedade civil que contribuem para a melhoria da qualidade de vida no campo. Assim, dentro do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRUS) deu-se a promoção do entendimento e sensibilização sobre a implantação do PRONAT e da criação dos territórios no Estado do Tocantins. Antes, porém, precisamos explicar em primeiro lugar o conceito de Território, que é tido como um espaço geográfico em que a cultura, solo, clima, rios, organização social e coesão social são parecidos em toda sua área. Existe também em seus habitantes um sentimento de pertencerem a esse território. Em segundo, esclarecer que o debate sobre desenvolvimento territorial não é algo novo para as entidades da sociedade civil. O que há é apenas por parte das políticas governamentais uma mudança estratégica de foco, passando do desenvol- vimento de ação local, tendo A construção do des(envolvimento) territorial por organizações sociais e o setor público N° 2 / ano 2, junho de 2007, Estado do Tocantins Engenheiro Agrônomo com especialização em Agricultura Familiar e Desenvolvimen- to Agroambiental, ex- assessor do movimento sindical, técnico do programa de políticas públicas da APA-TO e Articulador Territorial no Bico do Papagaio. 1 Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais(PRONAT), que é um programa do governo federal vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Territorial (SDT). 2 2 N° 2 / ano 2, junho de 2007, Estado do Tocantins

A construção do des(envolvimento) territorial por ... · organização social e coesão social são parecidos em toda sua área. Existe também em seus habitantes um sentimento

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1 João Palmeira Jr.

O começo da caminhada

Depois de muita espera, vários debates sobre Desenvolvimen-to Territorial aconteceram no ano de 2004 no Brasil e no Estado do Tocantins. Essa discussão envolveu setores governamentais e entidades da sociedade civil que contribuem para a melhoria da qualidade de vida no campo. Assim, dentro do Conselho Estadual de D e s e n v o l v i m e n t o R u r a l Sustentável (CEDRUS) deu-se a promoção do entendimento e s e n s i b i l i z a ç ã o s o b r e a implantação do PRONAT e da criação dos territórios no Estado do Tocantins.

Antes, porém, precisamos explicar em primeiro lugar o conceito de Território, que é tido como um espaço geográfico em que a cultura, solo, clima, rios, organização social e coesão social são parecidos em toda sua área. Existe também em seus habitantes um sentimento de per tencerem a esse território.

Em segundo, esclarecer que o debate sobre desenvolvimento territorial não é algo novo para as entidades da sociedade civil. O que há é apenas por parte das políticas governamentais uma mudança estratégica de foco, passando do desenvol- vimento de ação local, tendo

A construção do des(envolvimento) territorial por organizações sociais e o setor público

N° 2 / ano 2, junho de 2007, Estado do Tocantins

Engenheiro Agrônomo com especialização em Agricultura Familiar e Desenvolvimen-to Agroambiental, ex- assessor do movimento sindical, técnico do programa de políticas públicas da APA-TO e Articulador Territorial no Bico do Papagaio.

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Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais(PRONAT),que é um programa do governo federal vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Territorial (SDT).

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como base o município, para a ação de desenvolvimento territorial, tendo como base um conjunto de municípios de uma mesma região com características semelhantes.

É a partir desse tema que governo e sociedade civil vêm dialogando e se conflitando no

O Desenvolvimento Rural, particular-mente o da Agricultura Familiar Brasileira, ainda é um grande desafio a ser enfrentado. A importância econômica, social e ambiental da agricultura familiar brasileira já está mais do que provada. No entanto quais as estratégias que devem ser adotadas para que esta se consolide cada vez mais?

Também é sabido que é fundamental uma reforma agrária ampla e massiva; políticas de crédito adequadas às diferentes realidades das famílias de agricultores familiares; uma infra-estrutura no campo que contribua com a produção, transformação e distribuição da produção rural; serviços públicos adequados de saúde, educação e assistência técnica e extensão rural; políticas de preços mínimos, seguro agrícola, aquisição de alimentos e todo um conjunto de políticas agrícolas, agrárias e ambientais que garantam o desenvolvimen-to dessa categoria, tudo isso com participação dos agricultores e agricultoras familiares.

Como articular e gestar tudo isso ainda não está muito claro.

O PRONAF em 1996 propõe que o desenvolvimento rural deve ser planejado e administrado no local, no caso de políticas públicas, o local é o município. Realizaram-se diagnósticos e planejamentos municipais no país todo, e temos hoje muitas análises positivas e negativas desse processo.

Em 2003 o governo propõe que além do desenvolvimento local é necessário o debate do desenvolvimento territorial. Cria-se o Programa Nacional de Desenvolvimen-to Sustentável de Territórios Rurais – PRONAT, e iniciam-se trabalhos em territórios por todo o país.

Os resultados do desenvolvimento territorial e de como ele se articula com o desenvolvimento local ainda necessita ser analisado com profundidade.

Este boletim traz algumas infor-mações e análises para contribuir com este debate.

Realização:Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO)

(63) 3214.5566 - CEP: .

Coordenação de projeto: Paulo Rogério Gonçalves

Edição: Cláudia Santos

Projeto gráfico e diagramação: Otávio César

Revisão: Cláudia Santos

Ilustração: Otávio César

Fotografia: Arquivo Apa-to / Cláudia Santos

Tiragem: 2000 exemplares

Financiamento:

403 Sul, QI. 04 Lote 12, Alameda 19. 77176-020

Rua João Heitor da Costa, 116 - Centro Fonefax: 63 456 1407/ CEP: 77960-000 Augustinópolis-TO

Palmas-TO

Figura 1 – Localização dos territórios no Brasil e Estado do Tocantins

Tabela 1 – Composição Municipal dos Territórios no Estado do Tocantins

Nº deTerritórios TERRITÓRIOS RURAIS APOIADOS PELA SDT

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Total UF

Nº deMunicípios

Data criação pelo CEDRUS

APA CANTÃO

BICO DO PAPAGAIO

JALAPÃO

Abreulândia, Araguacema, Caseara, Chapada de Areia, Divinópolis do Tocantins, Dois Irmãos do Tocantins,

Marianópolis do Tocantins, Monte Santo do Tocantins, Pium.

Araguatins, Augustinópolis, Axixá do Tocantins, Buriti do Tocantins, Carrasco Bonito, Esperantina, Itaguatins, Praia Norte, Sampaio, São Miguel do Tocantins, São Sebastião do Tocantins,

Sítio Novo do Tocantins.

Lagoa do Tocantins, Lizarda, Mateiros, Novo Acordo, Ponte Alta de Tocantins,Rio Sono, Santa Tereza

de Tocantins e São Félix do Tocantins.

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16/10/2003

16/10/2003

28/12/2005

Fonte : MDA/SDT

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Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS), pelos Projetos Territoriais e por fazer que o projeto seja posto em prática.

Atualmente o Tocantins possui 03 espaços (colegiados), sendo que a CIAT do BICO DO PAPAGAIO está composta por 36 membros. Desses, 24 são representantes da sociedade civil e 12 do setor público. A CIAT da APA-CANTÃO está composta por 18 membros, sendo que 09 deles são dos setores da sociedade civil e 09 representantes dos poderes públicos. E a CIAT do JALAPÃO possui 16 membros, sendo 08 representantes dos setores da sociedade civil e 08 representantes dos poderes públicos. A função dos membros das CIAT's é debater e propor ações e metas para promoção do desenvolvimento rural da agricultura familiar e camponesa. Em cada CIAT existe um Núcleo Diretivo e Técnico (NDT), que é responsável pelo encaminhamento e execução das decisões deliberadas pelos membros nas plenárias das CIAT's.

Ao analisarmos a forma de criação de territórios e CIATs no Tocantins, constatamos, infelizmente, ainda o surgimento de territórios “criados de cima para baixo” e o equivoco de alguns representantes governamentais federais e estaduais, que motivados pela pressa de não perder recursos ou de obter barganha política, não desenvolveram nenhum processo participativo e educativo nestes acerca do significado do que verdadeiramente é um território.

Encontro da CIAT-Bico do Papagaio

tação e a autogestão do processo de desenvolvimento sustentável dos territórios rurais; incentivar a construção de alianças entre os atores sociais e governamentais; estimular a articulação entre as demandas sociais e as ofertas das políticas públicas.

A criação dos territórios e da Comissão de Implantação das Ações Territoriais (CIAT)

O Governo federal, objetivando a descentralização de políticas públicas, implementa, via MDA/SDT, a estratégia de criação dos territórios e das Comissões de Implantação de Ações Territoriais, as chamadas CIAT's.

No Brasil existem 118 territórios localizados em diferentes regiões do país, sendo que no Tocantins, foram criados, em 2004, dois territórios: o do Bico do Papagaio e o da APA-Cantão. E no final do ano de 2005, surge o território do Jalapão.

As CIAT's são espaços de reflexões, debates e tomadas de decisões a cerca de como vai se desenvolver o território. É composto por diferentes agentes sociais e governamentais de um território. Ela deve permitir que lideranças e outros representantes do ter r i tór io ( inc lu indo representantes da sociedade civil e do setor público) participem dos debates. Inclusive garantindo que essas possam expor suas visões do desenvolvimento do território.

As CIAT's são responsáveis por criar o Plano

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Articulador e membros do NDT do Bico

Articulador Territorial

Em cada território rural que existe uma CIAT há também, no mínimo, um “articulador territorial”. Geralmente ele é um profissional selecionado pela entidade administradora e contratado por uma organização ou entidade localizada no próprio território. Este articulador trabalha no núcleo técnico do CIAT, apoiando o desenvolvimento de atividades ligadas ao plano territorial. Ele também supervisiona os contratos de serviços técnicos e incentiva outros processos, segundo suas capacidades.

Consultor Territorial

Cada Estado tem pelo menos um “consultor territorial”, que é um profissional ligado à Secretaria do Desenvolvimento Territorial (SDT), em Brasília. Ele é responsável por: acompanhar as atividades desenvolvidas nos territórios; incentivar o bom relacionamento entre os territórios e o PRONAT e as entidades públicas e civis dos Estados e colocar em ação atividades técnicas, especialmente com os Conselhos Estaduais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS), produzindo informações e análises de situações e estratégias de interesse do Programa.

A possibilidade de as instituições da sociedade civil e do setor público se organizarem e negociarem entre si influencia no desenvolvimento de uma realidade em que exista o desenvolvimento sustentável. Essa realidade é para que sejam apoiados os modos de produção criados p r i n c i p a l m e n t e p e l a p a r t i c i p a ç ã o d o s

A (Des)Articulação de Políticas Públicas

agricultores(as) familiares, agricultores(as) sem terra, agroextrativistas e pescadores(as). Tudo isso para que se possa influenciar com mais força nas políticas públicas que interessam ao trabalhador e à trabalhadora rural.

As instituições públicas devem administrar o patrimônio público e os procedimentos rumo ao desenvolvimento sustentável. Sua ação deve permitir melhoras na vida em sociedade, o apoio e o estímulo à satisfação das necessidades, tornando possível o acesso a serviços e a informações.

A articulação de políticas públicas é, portanto, o maior desafio a ser vencido pela proposta do desenvolvimento territorial. É necessário que ela aconteça de forma geral, envolvendo órgãos públicos e sociedade civil, tornando possível que aconteçam mudanças importantes nos costumes políticos.

Ao analisarmos esta questão de articulação de políticas públicas, percebemos que no âmbito do governo federal, atual governo LULA, existe um discurso governamental de integraçãos e articulação de políticas publicas, mas o que se observa na realidade é que há tentativas de integração de ações de políticas através da criação de comissões inter-ministeriais, em Brasília. Contudo estas ações discutidas não se materializam de forma integradora na base dos municípios ou territórios. Há em diferentes ministérios a criação nos municípios de diferentes espaços locais de debate e acompanhamentos de políticas públicas, representados nos milhares de conselhos espalhados Brasil e Tocantins afora. Muitos deles com dificuldades de funcionamento de gestão e de controle social.

Agroindústria em área de assentamento no bico

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No âmbito das políticas públicas do governo estadual Marcelo Miranda, a análise que se tem é que não há investimento de recursos em políticas publicas especificas para a agricultura familiar com inserção do debate, da oferta de recursos para projetos e da definição de metas pelos CIAT's; que há em alguns programas o destoamento da ação do governo com as demandas das comunidades rurais dos territórios; que a sociedade não sabe como se dá a aplicação e gastos dos

No âmbito dos municípios que compõem os diferentes territórios há uma extrema dificuldade de geração de políticas públicas locais e uma falta de informações sobre as ações governamentais, bem como uma forte dependência por parte das prefeituras das políticas publicas do governo federal.

recursos públicos. Portanto o que se observa é uma forte centralização das políticas governamentais com priorização de investimentos nas áreas de infraestrutura para o agronegocio em detrimento da agricultura familiar e do agroextrativismo.

Apoio a Projetos de Infra-estrutura e serviços territoriais

O PRONAT oferece recursos para financiar parcialmente os projetos de caráter econômico, social ou institucional, todos a serem analisados e atendidos, sob fortes critérios de qualidade, pelas diversas áreas

Fonte: MDA/SDT e APA-TO

Descrição de Aplicação

Total de Investimento 1.049.724,47

185.245,49 224.711,99 60.732,97

989.947,41 1.153.926,43

Total de Custeio

Montante total do Estado

Montante total território do Bico

Ano 2005Ano 2004

1.234.969,96

432.180,00 584.766,59 325.106,98

1.214.659,40 1.214.659,00

Ano 2006

Tabela 2 - Volume de recursos destinados ao Estado e território do Bico

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técnicas da SDT, do MDA ou por outros parceiros estratégicos. Esses projetos deverão fazer parte do plano territorial e serem apresentados em nível nacional na Secretaria do Desenvolvimento Territorial (SDT), e em nível estadual na Delegacia Federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (DFDA), e encaminha-dos ao CEDRUS para aprovação.

O Programa de Territórios Rurais assumiu, em 2003, a função de pôr em prática o Programa Pronaf Infra-estrutura e Serviços Municipais. Ele teve seu regulamento ajustado ao debate territorial através da resolução do Conselho Nacional de Desenvolvimento Nacional Rural Sustentável (CONDRAF) nº 37, de 03 de dezembro de 2003. Estes recursos são destinados pelo Orçamento Geral da União a serem investidos em infra-estrutura e serviços públicos, no contexto de planos de desenvolvimento sustentável de territórios rurais, sendo descentralizados através de convênios com a Caixa Econômica Federal e repassados através de contrato às prefeituras que ficam responsáveis pela sua execução.O Programa de Territórios Rurais assumiu, em 2003, a função de pôr em prática o Programa Pronaf Infra-estrutura e Serviços Municipais. Ele teve seu regulamento ajustado ao debate territorial através da resolução do Conselho Nacional de Desenvolvimento Nacional Rural Sustentável (CONDRAF) nº 37, de 03 de dezembro de 2003. Estes recursos são destinados pelo Orçamento Geral da União a serem investidos em infra-estrutura e serviços públicos, no contexto de planos de desenvolvimento sustentável de territórios

rurais, sendo descentralizados através de convênios com a Caixa Econômica Federal e repassados através de contrato às prefeituras que ficam responsáveis pela sua execução.

A realização dos projetos que fazem parte dos planos territoriais se dá pela contribuição das Prefeituras e Governos Estaduais (para todos os tipos de projetos), além dos movimentos sociais e ONGs, nos casos de prestação de serviços. O Programa planeja e disponibiliza uma quantidade anual de recursos para cada território (ver tabela 2) aplicar em projetos de infra-estrutura e serviços territoriais. Estes projetos devem obedecer aos critérios exigidos, que podem ser consultados no site www.pronaf.gov.br.

A diminuição de recursos, no ano de 2006, foi devido à entrada do novo território do Jalapão e aos recursos destinados a outros municípios fora dos territórios existentes, pois o programa destina 30% de recursos para serem aplicados em consórcios intermu-nicipais.

O MDA e a SDT vêm estabelecendo Acordos de Cooperação com outros Ministérios e entidades públicas, com a finalidade de atuarem coordenadamente na implementação de diversos programas, como é o caso do MMA (Agenda 21 e PROAMBIENTE), MDSCF (CONSAD), MI (PROMESO e outros), MTE (Economia Solidária), MME (Luz para Todos).

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Em experiência já obtida com a implan-tação do PRONAF INFRAESTRUTURA, em governos passados, e no atual governo, com o PRONAT, torna-se claro que alguns problemas poderão surgir. Problemas que, se não forem levados em consideração e resolvidos a tempo, poderão atrapalhar o bom funcionamento das ações. Até agora, as questões mais importantes, entre outras, são:

1) Necessidade de estudos anterio-res ao início dos projetos;2) Atendimento às exigências da Legislação Sanitária;3) Necessidade de investimentos além do planejado;4) Administração particular em estruturas públicas;5) Cessão de terras para uso público.

A avaliação dessas questões permitirá aos administradores e representantes da sociedade tomarem decisões e/ou providências para prevenirem ou diminuirem os problemas.

Damos como exemplo o caso do Pronaf-infra, no qual existiram problemas de funcionamento de projetos (principal-mente de agro-indústria), sob a justifica-tiva de falta de capital-de-giro ou de qualificação de pessoal ou, ainda, de algum investimento a mais que deveria ser financiado por outra fonte, etc. Essa situação deve ser evitada. E isso é possível através de negociações anteriores para garantir que os recursos necessários ao bom funcionamento do projeto existam a tempo. Caso tais negociações não aconteçam, é melhor que o projeto seja adiado a criar “elefantes brancos”.

O desenvolvimento correto desses investimentos exige que a administração

Algumas pedras no caminho do PRONAT

Avanços: Entraves:

Formação da CIAT nos territóriosMostrar para os prefeitos a importância do processo do Desenvolvimento Territorial.

Contratação de entidade executora edos articuladores territoriais.

Mudança no comportamento de admi-nistradores públicos.

Disponibilidade de recursos do infraestrutura para os anos de 2003 a 2006.

Reestruturação e fortalecimento do CEDRUS no Estado.

Realização das Oficinas de Gestão e Planejamento

Forte individualismo municipal.

Saber quais as necessidades a nível de território.

Administrar os projetos que já existem.

Forte participação e presença nos en-contros das CIAT's em alguns territórios.

Criar condições de infra-estrutura para as CIAT´s.

Envolvimento dos representantes da sociedade civil e do setor público no projeto de Desenvolvimento Territorial.

Administrar e acompanhar os territórios e os projetos específicos.

Capacitação dos articuladores territoriais e acompanhamento, a nível federal, das ações a serem desenvolvidas nos terri-tórios pelos consultores territoriais.

Como integrar as ações dos órgãos gover-namentais nos territórios.

Melhora na capacidade de diálogo entre setor publico e sociedade civil.

Tornar possíveis outras políticas públicasnas CIAT's.

Entidade da sociedade civil com projetosaprovados e executando ações de forta-lecimento do território.

Construir um PTDRS com as características e necessidades do território, no sentido de resolver essas necessidades.

Aprovação de uma única ação territorialintegrando diferentes municípios através da implantação da Escola Família Agrícola do Bico do Papagaio no município de Esperantina.

Fortalecimento da CIAT para dar continuidade ao processo de construção do desenvolvi-mento territorial

desses bens e equipamentos seja feita por organizações controladas por quem recebe os benefícios do PRONAT. Isso faz com que haja necessidade de acordos formais para garantir que os bens confirmados sejam cedidos do órgão público responsável pela realização do projeto para a organização que vai administrá-la.Observamos então que a implantação e execução das ações do Programa necessitam

Hoje, o grande desafio dos territórios é a possibilidade de uma agricultura familiar sustentável, dentro de determinados padrões culturais e ambientais próprios da região, tendo como objetivo o manejo racional do ecossistema

de um acompanhamento e uma constante avaliação por parte dos envolvidos nos processo de Desenvolvimento Territorial. Queremos chamar atenção para alguns avanços e problemas obtidos neste pouco tempo de construção do PRONAT no Tocantins.

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e a geração de renda. Afinal, em cada território há visões diferentes sobre o que é um desenvolvimento agressivo, que cause impactos sociais e ambientais. De outro lado, e n c o n t r a m o s p o p u l a ç õ e s t r a d i c i o n a i s , trabalhadores(as) rurais, quebradeiras de coco de babaçu, populações ribeirinhas, indígenas que estão em fase de elaboração do que seja um desenvolvimento do qual façam parte seus interesses e seu modo de vida.

A partir desta última visão, os(as) agricultores(as) familiares dos territórios e suas organizações, têm lutado e trabalhado para que este modelo seja aplicado, desenvolvendo ações no campo do extrativismo de frutas nativas, pesca artesanal, plantas medicinais, apicultura, meliponicultura, babaçu (óleo, carvão, artesanato, sabonete, mesocarpo), sistemas agroflorestais e roça sem fogo, formação dos(as) filhos(as) de agricultores(as) familiares para trabalharem junto com seus pais no campo. Ao mesmo tempo, as organizações têm proposto e desenvolvido políticas públicas, tais como o Projeto Lumiar, PROAMBIENTE, PRONAF Infraestrutura (PRONAT), PRONAF crédito, PRONAF Capacitação, PADEC, com o objetivo de fortalecer a idéia de desenvolvimento desejado pela agricultura familiar.

E, por fim, chamamos atenção para o importante papel que a reforma agrária e a preservação ambiental possui para o desenvolvimento territorial. Sem elas não se pode fala de desenvolvimento rural sustentável. Por isso são grandes os desafios a serem enfrentados pelos governos federal de LULA e estadual de Marcelo Miranda, que se quiserem resolver os problemas que atingem a população brasileira e tocantinense, devem estar atentos aos desejos e necessidades dos camponeses, agricultores(as) familiares, pescado-res(as) artesanais e agroextrativistas e alertas aos processo de crescimento desencadeados por algumas de suas políticas governamentais que promovem a morte e expulsão de milhares de pais e mães, homens e mulheres, jovens e idosos do campo em direção ao centros urbanos.

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