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A construção social do(s) Mercado(s) de Trabalho: espaços de lutas de Classe,Gênero e Idade

Autoria: Daniele dos Santos Fontoura, Sidinei Rocha-de-Oliveira 

Resumo

Para avançar nas discussões teóricas sobre os elementos que formam e produzem ereproduzem a dinâmica do mercado de trabalho, este ensaio tem por objetivo refletir como osconstrutos de classe, gênero e idade engendram sua constituição. Reforça-se a importância deconsiderar o mercado de trabalho como um espaço dinâmico onde a conduta dos atoresenvolvidos é definida com base em crenças, valores e regras compartilhadas nos quaiscaracterísticas do trabalhador como gênero, idade e classe social tornam-se elementos naconstrução destes mercados, constituindo espaços de disputa por postos de trabalho.

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IntroduçãoO trabalho é uma atividade complexa e de difícil conceituação pela diversidade de

objetos, eventos e situações que envolve e pela diversidade de significados que adquire emdiferentes contextos históricos. O lugar que o trabalho ocupa em determinada sociedade está

fortemente relacionado à institucionalidade – entendida como normas e valores do trabalhocompartilhados – e ao sentido atribuído por pessoas ou grupos sociais (ROCHA-DE-OLIVEIRA; PICCININI, 2011). Segundo Mercure e Spurk (2005, p.10), atualmente osestudos sobre trabalho tem adquirido cada vez mais um tom de instrumentalidade que acabamdistanciando-os das questões sociais a ele pertinentes. Assim, caberiam aos estudos“descentrar o olhar da vivência imediata e ressituá-lo no universo rico e complexo das

 possibilidades”.

Após um período em que a atenção dos pesquisadores do mundo do trabalho recaiu, preponderantemente, sobre as análises referentes às condições de organização do trabalho nocotidiano das empresas e sobre as formas da ação coletiva conduzidas pelos sindicatos e

 pouco espaço foi conferido às discussões acerca da movimentação no mercado de trabalho,Guimarães (2009) destaca, a partir dos anos 1990, o crescimento do interesse pelos estudosque envolvem mercado de trabalho e das formas e experiências associadas ao emprego edesemprego. No campo sociológico, é a partir das discussões sobre o desemprego ou como aorientação e a formação profissionais dariam aos indivíduos as condições de empregabilidadeque emerge o debate sobre mercado de trabalho.

As mudanças relacionadas ao trabalho, tais como a crescente desregulamentação eflexibilização do trabalho, a incorporação de novas tecnologias e modelos de gestão quemarcam as sociedades ocidentais desde os anos 1980, intensificando-se nas décadas seguintesacabou por criar um importante espaço para reflexão sobre o mercado de trabalho, sobre suaconstituição e a dinâmica que rege seu funcionamento. A partir destas mudanças, este

conceito passa a ser analisado para além da tradicional visão econômica que sintetizava-oentre demandantes e ofertantes de emprego e que pressupõem certa igualdade entre os sujeitossociais (ROCHA-DE-OLIVEIRA; PICCININI, 2011) para vislumbrá-los como sujeitossociais em relação e mediados por uma série de elementos e instituições que modificam-se ealternam-se no tempo e no espaço. Este é um espaço não mais predominantemente entendidocomo mercantil, mas onde desvelam-se e destacam-se, também, elementos simbólicos e quefogem da racionalidade.

 Nesse cenário, categorias como emprego e desemprego atingem os indivíduos demodos distintos, pois a permanência no mercado de trabalho sofre influência de característicascomo classe social, etnia, gênero, idade, momento do ciclo de vida, região de origem,escolaridade, instituição de formação, capacidade funcional, entre outros. Apesar de pesquisas

 baseadas em séries estatísticas revelarem o movimento destes segmentos no mercado detrabalho ao longo do tempo não alcançam responder quais os aspectos que os engendram ecomo afetam-se mutuamente.

Desta maneira, não é simples e passível de prescrições estar no mercado à procura detrabalho. Quando há restrições econômicas e diminuem as vagas disponíveis, flexibilizam-seos momentos e as condições em que estas são oferecidas, bem como se elevam os requisitos

 para ocupá-las e sobram os indivíduos interessados. Assim sendo, não basta estardesempregado ou à procura de trabalho para ser considerado habilitado a ocupar uma vaga.Segundo a autora, para se compreender esse processo de legitimação do indivíduo comodemandante de trabalho precisa percorrer um longo caminho no mercado de intermediação.

Há uma diversidade de procedimentos e de regras de conduta que permitem ao indivíduo que busca emprego “construir-se, representar-se e ser percebido como um demandante digno dehabilitar-se a uma vaga no mercado de trabalho” (GUIMARÃES, 2009, p. 164).

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Para avançar nas discussões teóricas sobre os elementos que formam e produzem ereproduzem a dinâmica do mercado de trabalho, este ensaio tem por objetivo refletir como osconstrutos de classe, gênero e idade articulam-se na constituição de diferentes mercados detrabalho funcionando como delimitadores dos espaços de circulação dos sujeitos. Espera-se

desta forma, incitar a reflexão de que extrapolam a noção de construtos isolados na medidaem que não são aditivas mas, sim, relacionais. Esta discussão parte das premissas deGuimarães (2009), Steiner (2006), e Rocha-de-Oliveira e Piccinini (2011) em que o mercadode trabalho não se constitui de um espaço neutro e homogêneo; ao contrário, congrega umadiversidade de grupos sociais que, por vezes, relacionam-se de formas antagônicas a partir desuas características, em permanente movimentação e constituindo-se de uma gama decombinações.

Para tanto, o texto será apresentado em duas partes principais: a primeira busca situara discussão atual sobre mercado de trabalho e, a segunda avança no debate destacando comoas características de classe, gênero e idade merecem ser considerados nas análises sobre otema.

1.  O(s) mercado(s) de trabalho como construção socialAté a década de 1960 o mercado de trabalho e sua dinâmica eram observados antes

 pelo lado da oferta, e pouca atenção era dada à dinâmica da firma, sendo que couberam aoseconomistas os avanços mais importantes na teorização acerca dos mercados internos eexternos de trabalho, ou mesmo a mensuração das formas de segmentação ocupacional.Faltava uma agenda específica aos estudos latino-americanos que lhes permitissem avançar nocampo da sociologia do mercado de trabalho e se revelasse capaz de dar conta das

 peculiaridades dos mercados de trabalho em mutação rápida e frequente (GUIMARÃES,2009). Além disto, raros estudos se dedicam a uma reflexão teórica do conceito tampouco

apresentam a vertente teórica a qual se filiam para abordar o construto (ROCHA-DE-OLIVEIRA; PICCININI, 2011).

Embora predominem os trabalhos de orientação econômica, alguns pesquisadores dasciências sociais têm se esforçado em explorar a diversidade da força de trabalho. Os estudosde cunho sociológico sobre mercado de trabalho partiam das discussões sobre mobilidadesocial, conceito este que estava no centro das explicações (lineares) da teoria damodernização. Porém, tais teorias prestavam-se para explicar a mobilidade social e amobilidade ocupacional nos países dito modernos e não naqueles de economias emdesenvolvendo com no caso dos países latino americanos. Com o desenvolvimento de estudosempíricos no país ficou assente que estas teorias não bastavam para explicar o que se passava

na sociedade brasileira, pondo em xeque o pressuposto de que o mercado seria o únicomecanismo de alocação de recursos e de distribuição social. Ao contrário, destacaram-seoutras instituições — a família, os grupos de vizinhança e as redes de sociabilidade — que serevelaram com papel central no entendimento das condições de vida e das formas de inserçãono trabalho, bem como a importância que aspectos como a divisão sexual do trabalhodesempenhavam no desenrolar deste processo. Carecia-se, assim, de uma abordagem que

 buscasse teorizar sobre a construção social deste processo no bojo das discussões sobre aforça de trabalho e de um mercado de trabalho nacionais (GUIMARÃES, 2009).

Rocha-de-Oliveira e Piccinini (2011) argumentam que este pressuposto de mercado detrabalho segue sendo reproduzido no senso comum no qual prevalece a visão da economiaclássica, ou seja, um lugar onde o conjunto de ofertas e de demandas de emprego se

encontram e se ajustam em função do preço (salários). Ainda hoje o pensamento baseado naeconomia clássica ainda predomina nas pesquisas sobre mercado de trabalho, que seguemfocando a relação entre oferta e demanda de postos de trabalho e análise de indicadores que

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consideram normalmente a totalidade dos trabalhadores e as especificidades de diferentesgrupos. Dado o enfoque estatístico e generalista utilizado, as questões de diferenciação porgrupos etários, gênero e classe e, mais do que isto, como estes elementos estão inter-relacionados em diferentes mercados são raramente consideradas.

Cabe salientar que a abordagem econômica é apenas uma entre outras possibilidadesde se analisar e teorizar sobre o mercado e, sendo assim, apresenta potencialidade elimitações. Porém, tal lógica destitui o cientista social do caráter interpretativo e deconstrução social e sintetiza a dinâmica em explicações meramente racionais de oferta e

 procura. No entanto, estas explicações não dão conta para entender realidades como a demercados de trabalho flexíveis, pouco regulados, com forte peso de relações informais, emarcadamente desiguais em termos dos seus sistemas de estratificação, como é o caso dos

 países latino americanos, por exemplo (GUIMARÃES, 2009). 

O contexto social no qual estãoinseridas as relações mercantis é crucial e justifica o olhar da sociologia econômica(STEINER, 2006).

Assim, os mercados – entre os quais o de trabalho – não são o resultado de um arranjoespontâneo de agentes econômicos que procuram otimizar as formas de sua transaçõesmercantis uma vez que estas são o resultado de um conjunto não coordenado de decisõesinstitucionais (políticas, jurídicas, econômicas) de relações pessoais e culturais que afetam esão afetadas pelas contingências da história (STEINER, 2006; DUBAR, 2007).

Desta forma, ingressar e permanecer no mercado de trabalho torna-se um processomultifacetado e reflexo de construção social. Considerando-o como a relação entre diferentesindivíduos e instituições constata-se não há um único mercado de trabalho, mas “múltiplosmercados dinâmicos que se formam e alternam de acordo com particularidades de segmentosde produção, profissões, regiões, etc.”, mercados estes definidos como sendo espaços nos

quais as ações dos atores são orientadas por crenças, valores, regras e normas que os fazemconstruir e alterar os mecanismos de organização do mercado e suas inter-relações

 

(ROCHA-DE-OLIVEIRA, 2009, p.72).

 Neste arranjo entre os diferentes atores que compõem e dos quais as relaçõesconstituem, pode-se considerar o mercado de trabalho como:

“um espaço de lutas entre diferentes agentes (indivíduos, organizações, órgãos deregulação, países etc.) que se constitui historicamente pela incorporação de"regras" sociais que orientam as estratégias que os mesmos utilizam no interiordeste mesmo campo. Nesse sentido, para compreender o mercado, muito além danoção de oferta e demanda, é necessário conhecer o histórico inerente ao modoem que se estruturam as relações no campo, bem como as diferentes posições queos agentes ocupam.” (ROCHA-DE-OLIVEIRA; PICCININI, 2011, p.1532) 

Ou seja, os mercados de trabalho são dinâmicos e relacionais e constroem e se alteramao longo do tempo e variam de por meio das relações entre indivíduos, grupos de indivíduos,instituições e sociedade. Além disto, moldados pela cultura e pela história que os formou.Segundo Rocha-de-Oliveira e Piccinini (2011), compreender a estruturação dos mercados detrabalho requer analisar o contexto e conhecer sua história (ABBOT, 2007). Além disso, paraanalisar o mercado de trabalho é preciso estabelecer referência a um grupo, definir o tipo detrabalho, quais as peculiaridades do setor de atuação, a legislação pertinente, qual nação se

 pretende estudar, qual o histórico e as configurações geopolíticas que dizem respeito a estanação (ROCHA-DE-OLIVEIRA; PICCININI, 2011).

É possível entrever, assim, como a obtenção de trabalho é um processo multifacetadoe reflexo de construção social. A busca por trabalho não é um algo simples, tampoucodepende unicamente de voluntarismo por parte do demandante de emprego. Embora o

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voluntarismo pudesse parecer evidente, a análise qualitativa das interações que transcorremnas entradas e saídas dos mercados de trabalho permitem constatar o longo caminho que porvezes é percorrido para qualificar-se como o candidato adequado a um emprego. Não bastaestar desempregado para habilitar-se e ser reconhecido como um “bom demandante de

emprego” (GUIMARÃES, 2009, p. 163).Assim sendo, os percursos ocupacionais não se expressam de maneira uniforme num

mesmo mercado de trabalho. Ao contrário, os trajetos são desiguais refletindo importantesdiferenças sociais na vulnerabilidade ao desemprego e à precariedade das trajetórias. Os

 padrões de transição não só variam segundo determinantes de caráter institucional dossistemas de emprego e proteção, mas refletem também outras lógicas sociais que acabam porconferir valor aos indivíduos – os tornando diferentes e desiguais – segundo atributos cujaimportância simbólica é significativa a ponto de interferir nas suas chances no mercado detrabalho. Assim, as trajetórias respondem tanto a fatores institucionais quanto aespecificidades dos sujeitos (GUIMARÃES; SILVA; FARBELOW, 2008).

Às discussões sobre mercados de trabalho nacionais se somam a mundialização daeconomia e a nova divisão internacional do trabalho que fazem surgir diversos “novosmercados de trabalho”, principalmente aqueles ligados ao crescimento das novas tecnologiase a atividades especializadas. Desta forma, estes novos mercados que se formam pordeterminantes institucionais dos sistemas de emprego são marcados, também, por um espaçode informalidade, flexibilização, internacionalização da força de trabalho e reforço aos

 preconceitos (FALQUET, 2005), neste texto são destacados aqueles atinentes a gênero, classesocial e idade. 

Já que não há um único mercado de trabalho, mas sim uma construção social demúltiplos mercados e, além disto, a conduta dos atores envolvidos é definida com base emcrenças, valores e regras compartilhadas. Deste modo, se estabelece uma estreita relação entre

características pessoais dos empregados e sua adequação ao trabalho, o que transforma traçoscomo aparência, idade, educação, gênero, classe social e raça em potencial produtivo, de talforma que características e competências individuais são a condição mesma daempregabilidade. O resultado disso é uma forte estratificação do mercado de trabalho, em queos níveis inferiores de emprego – tempo parcial ou temporários – são preenchidos

 predominantemente por minorias e, portanto, menores oportunidades de carreira e mobilidade(SORJ, 2000).

Conforme Guimarães, Silva e Farbelow (2008) a cor e o sexo acabam por interferirnos trajetos no mercado de trabalho e mostram-se fortemente relacionados aos sinais dedesigualdade evidenciando o peso do que qualificam como características adscritas, ou seja,inerente ao trabalhador como sexo, idade e classe social. Mesmo considerando umacaracterística aquisitiva – escolaridade – são as características adscritas que tendem a serevelaram como delimitadores dos espaços de circulação, insulando e segregando grupos nomercado de trabalho. Assim, interessa, então, avançar na discussão de como as característicasadscritas de classe, gênero e idade se articulam e, por sua vez, refletem na dinâmica deconstituição dos mercados de trabalho. Inicialmente os construtos de classe social, gênero eidade são apresentados recortados enquanto elementos que compõem as especificidades dostrabalhadores nos mercados de trabalho. Em seguida, busca-se apresentá-los em interrelação,mostrando que mais que aspectos aditivos são características relacionais.

2.  Classe Social e Mercado de Trabalho

Trabalho, emprego e classe social são elementos relacionados na dinâmica social. Sejana perspectiva marxista que considera a existência de grupos antagonistas no acesso aos

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meios de produção, seja na weberiana que considera a classe uma forma de estratificaçãorelacionada com os aspectos econômicos, notadamente com o capitalismo ocidental, osconceitos de classe estão relacionados com a divisão desigual de recursos econômicos e arelação que estes grupos estabelecem na esfera produtiva (RAIZER, 2011).

 Nesta direção, classe social pode ser compreendida como uma forma ocidental deestratificação social formada pela distribuição desigual de acesso sobre os meios de produçãode maior relevância dentro de determinado momento histórico. A diferenciação que parte daesfera econômica se reflete em outras esferas da estrutura social como na participação

 política, acesso aos bens que conferem status e reconhecimento e mobilidade na esfera laboral(SOUZA, 2010).

Um ponto de diferenciação da estratificação por classes sociais, se comparadas àscastas e aos estamentos, é a maior possibilidade de mobilidade social. Mobilidade esta quenormalmente ocorre por meio do acesso à escolaridade e qualificação profissional e pelastrajetórias no mercado de trabalho. Desta forma, as classes contribuem para a constituição

dinâmica do mercado de trabalho, pois ao longo do tempo (curso da vida ou das gerações) é possível identificar a mobilidade ocupacional e social de indivíduos e/ou famílias entre osdiferentes mercados de trabalho (KURTZ; MULER, 1987).

Além de focar as possibilidades de mobilidade social, a análise da divisão de classes permite a compreensão do processo de exploração que se dá por meio da subordinação edominação de classes. Embora a teoria marxista tenha focado nos aspectos da exploração,Milliband (1996) destaca que o que mantém a estrutura de classes é a relação de dominaçãoestabelecida. Para este autor, a dominação empreendida por uma classe tem por base ocontrole de três fontes principais: os meios de produção, os meios de administração e coerçãodo Estado e os meios de estabelecer comunicação e consenso, que normalmente decorrem da

 posse dos dois primeiros.

Ora, se há uma busca por ascensão social (mobilidade ascendente) por parte dosindivíduos que se encontram em classes de situação econômica desfavorável e uma busca porsubordinação e exploração por parte das classes que se encontram nos patamares superiores,evidencia-se o caráter de luta travado no mercado de trabalho. Essa disputa centrada no acessoaos postos de trabalho tem início durante o processo de formação, onde os grupos em situaçãofavorável possuem maior acesso, criando barreiras culturais e econômicas que dificultam oingresso daqueles que não pertencem originalmente a este grupo. Um exemplo deste sistemade diferenciação construído durante a formação são as Grandes Écoles francesas analisadas

 por Bourdieu (1989); neste sistema, além de uma formação diferenciada, as instituições deeducação já se orientam pela exigência de um modo de ser e de pensar que favorece aosgrupos habituados com estes. Estas escolas também são os espaços para estabelecer redes decontatos que facilitam as movimentações no mercado de trabalho, logo, uma rede com acessorestrito a classes específicas.

Para ampliar a compreensão sobre as dinâmicas de classe, Wright (1997, apud  MILIBAND), apresenta uma tipologia levando em conta os três itens (os meios de produção,os meios de administração e coerção do Estado e os meios de estabelecer comunicação econsenso) com diferentes categorias de proprietários e empregados. Para compreender asdiferenças do primeiro grupo considera a dimensão de sua posse (pequeno, médio ou grande)e a localização dos empreendimentos (rural ou urbano). Para o grupo dos empregadosconsidera o nível de autoridade e escassez de sua qualificação. Desta elenca uma diversidadede classes onde ganham destaque aqueles que detém conhecimentos técnicos escassos e a

classe trabalhadora, por sua dimensão. O grupo dos especialistas tem posição de destaque pelocontrole do conhecimento e acesso a posições favoráveis no mercado de trabalho. EA classetrabalhadora corresponde a maior parcela da população formada pelos assalariados e seus

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dependentes, submetidos aos processos de exploração e dominação, que não dispõem dequalificações especiais e de posições de autoridade no trabalho. Este grupo é bastante diverso,formando grupos secundários a partir da ocupação, habilidade, gênero, raça, etnias, religião,idade, etc..

Contemporaneamente Antunes (1999) parte do conceito marxista e busca construiruma noção ampliada de classe, para isto utiliza o termo "classe-que-vive-do-trabalho" paradefinir a antiga classe trabalhadora. Desta forma, valoriza o sujeito que trabalha, ou seja,ainda que mantenha como núcleo central os trabalhadores industriais inclui também todos ostrabalhadores que vendem sua força de trabalho, bem como os trabalhadores assalariados daárea de serviços bancos, comércio, serviços públicos, além do proletariado precarizado, osubproletariado moderno, os trabalhadores terceirizados, [...] e os trabalhadoresdesempregados (ANTUNES, p.103). A reflexão de Antunes (1999) é pertinente parareposicionar a noção de classe na atualidade, quando se reduz o trabalho industrial eaumentam as atividades comerciais e de serviços.

Souza (2010) analisa a ascensão de uma nova classe trabalhadora, formada porsujeitos chamados pelo autor de batalhadores que são caracterizados por uma “ética dotrabalho” pela necessidade laboral que se impôs cedo, em paralelo com os estudos, logo apóso término da infância. Esse grupo, por seu esforço tem ampliado a renda familiar, tornando-seum importante grupo consumidor, no entanto diferencia-se da classe média tradicional pelaausência de uma formação cultural mais erudita. Essa diferença se expressa na fala, que émarcada por um ensino precário, pelo consumo de bens culturais pouco reconhecidos pelaelite, pela diferença do gosto no consumo de produtos, entre outros.

Considerando que há uma diversidade de classes, raça e afiliação étnica Elliot (2000)levou em conta quão “aberto” ou “fechado” era o acesso aos mercados de trabalho. O autorchegou à conclusão de que o aspecto que mais interfere para o ingresso e mobilidade no

mercado de trabalho é a classe. Assim, posições gerenciais são mais fechadas, nãodependendo de uma busca aberta nos meios formais ou mobilizando sua rede de contatos;estas posições muitas vezes são preenchidas pelo contato direto com o candidato que aorganização tem interesse, sem que a vaga chegue a ir para o mercado. Os participantes domercado em geral, por sua vez, encontram emprego por meio de uma pesquisa ativaenvolvendo a mobilização dos meios formais e redes de contatos. Já os detentores deconhecimentos mais técnicos buscariam meios formais. Segundo o autor, enquanto o mercado

 para postos gerenciais se mostraria mais fechado aquele para profissionais técnicos seria mais“aberto”. Cabe uma ressalva que o critério de acesso às vagas do nível técnico está baseada naaquisição de conhecimentos anteriores e, talvez, o acesso a este conhecimento pode nãorefletir a mesma abertura.

Deve ser destacado que as possibilidades de acesso aos meios de formação e demobilidade sofrem variações entre países. Assim, as regras de acesso e estruturação dosistema de ensino de uma nação apresenta uma íntima relação com a organização do mercadode trabalho daquele país, contribuindo mais ou menos para as possibilidades de mobilidadeentre classes. O sistema educativo é o meio para atender às demandas de qualificações paramercado de trabalho. Mas uma vez que o sistema educativo se desenvolveu dentro de ummodelo específico, suas estruturas afetam fortemente as oportunidades dos suportes dequalificações diferentes (KURTZ e MULER, 1987).

Assim, pode-se depreender que a relação entra classe e mercado de trabalho estáfortemente influenciada por dois aspectos: a características do mercado específico como

tecnologia e processos empregados que o torna mais fechado para os elementos externos eacesso aos meios de formação. No primeiro caso, a diferença na mobilidade social é reduzida,visto que o ingresso não depende fundamentalmente de uma formação anterior e o a trajetória

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individual será mais influenciada predominantemente por características pessoais edesempenho nas tarefas. No caso do acesso aos meios de formação, há uma estreita relaçãoentre sistema de ensino e mercado de trabalho, de modo que o grau de abertura para oingresso às diferentes profissões e o nível de diferenciação entre cursos e instituições

influenciarão nas possibilidades de mobilidade. A abertura para o ingresso está relacionadacom a estruturação do sistema de ensino, que é definido em cada país. No segundo item ahierarquização de cursos e instituições faz com que o acesso daquelas consideradasdiferenciais seja dominado pelos filhos oriundos de pais que estejam nas classes dominantes.Como exemplo temos o caso do ensino superior no Brasil que por muito tempo teve umacesso restrito em virtude do reduzido número de vagas ofertados, desta foram se criou umsistema com instituições públicas reconhecidas com um sistema de ingresso rígido eexcludente e instituições privadas com elevado custo, dificultando a entrada das pessoas declasses com menos recursos.

Além disso, McGovern et al. (2007) ressaltam que as mudanças na economia dotrabalho decorrente do processo de mundialização trazem novos desafios para compreender osefeitos das classes no mercado de trabalho, uma vez que as migrações e a divisãointernacional do trabalho alteram as antigas configurações nacionais. Desta forma, ao se focara relação de classe, principalmente nas novas atividades da economia da informação, éimportante considerar a organização do mercado de trabalho para além das fronteiras locais.

3.  Gênero e Mercado de TrabalhoO aumento da participação feminina no mercado de trabalho é uma realidade em todo

o globo (HIRATA, 2009), ou seja, hoje acompanha-se um processo de “feminização domercado de trabalho” (CASACA, 2006, p 47). No entanto, esta participação não ocorre deigual para igual, ao contrário, a mulher tem assumido justamente aqueles postos mais

 precários (HIRATA, 2009). Como afirma Nogueira (2007), a precarização no trabalho temsexo: feminino.

A partir da década de 1960 foram importantes, além do ingresso maciço de mulherescasadas no mercado de trabalho, a emergência do movimento feminista como articulador deum novo discurso sobre a condição das mulheres. Tais avanços na forma de pensar asquestões de gênero na sociologia do Trabalho refletiram, inclusive, na expansão dos limites dadefinição de trabalho e o aprofundamento da reflexão do caráter histórico e cultural desteconceito, deixando de ter um significado meramente objetivo sobre o qual se alicerçou boa

 parte da sociologia clássica. Seus contornos passaram a ser vistos como configuraçõesculturais e processos cognitivos que constroem o entendimento de trabalho e, também,

influenciado pelas instituições sociais que sustentam tais definições (SORJ, 2000).A posição diferencial de homens e mulheres no espaço doméstico é um elemento

central na determinação das chances de cada um no mercado das carreiras, dos postos detrabalho e dos salários. Por outro lado, a esfera familiar não pode mais ser vista como ummodelo ou um sistema de posições fixas (SORJ, 2000). Hirata (2009) argumenta que aglobalização do home care  – cuidado a domicílio – contribui fortemente, ao lado dosmovimentos sociais, para trazer para a esfera pública questões antes pertencentes apenas àesfera privada.

Apesar dos avanços nos estudos de gênero, para Sorj (2000) é importante reconhecertambém as ambivalências presentes. Se, por um lado, se enfatiza a importância dos valores

culturais na compreensão do funcionamento dos mercados e das relações de trabalho,contraditoriamente, soma-se uma abordagem econômica no cálculo do valor das atividadesdomésticas, que passam a ser contabilizadas em termos da sua contribuição para o

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funcionamento do sistema produtivo e percebidas não apenas pela ótica das qualidadesexpressivas e morais que encerram, mas também pelo valor econômico que geram. Asfronteiras entre o trabalho e o não-trabalho parecem menos demarcadas à medida que

 passamos a ver as atividades de lavar, passar, cozinhar, cuidar das crianças e de idosos e

tantas outras tarefas domésticas como trabalho remunerado e não remunerado, embora otrabalho remunerado apareça, em geral, como mais "valioso" ou mais "real" [grifos dooriginal] do que o outro (SORJ, 2000). Deste modo, o trabalho e o salário feminino são vistoscomo complementares ao salário masculino, sendo o homem o responsável por trazer a maiorrenda para o lar (NOGUEIRA, 2007).

Ainda persiste o entendimento de que há um destino natural para a mulher que é sermãe e esposa. Apesar de todas as mudanças sociais ocorridas ao longo dos anos, aorganização patriarcal da família foi pouco afetada dentro dos lares (NOGUEIRA, 2007).Para Posthuma e Lombardi (1997) a atuação feminina no mercado de trabalho continua sendocaracterizada pela segregação ocupacional, em setores de baixo  status, com remuneraçãomenor que a dos homens, mesmo quando elas exercem a mesma carga horária e têm níveisequivalentes de escolaridade. Além disso, nas áreas que estão abrindo novas oportunidades

 para as mulheres, as atividades, em grande parte, são em empregos  part-time ou em postosmais precários e menos qualificados, além de uma presença forte em atividades no mercadoinformal. Como apontado por Guimarães; Silva; Farbelow (2008) características adquiridasrecebem menor importância que aquelas atribuídas ao indivíduo na busca por trabalho.

Diversos fatores se articulam para que, hoje, a mulher seja vista de forma inferior nomercado de trabalho. Um dos problemas dessa lógica é que a precarização desestimula oingresso das mulheres, o que para Nogueira (2007) pode fazer com que mulheres nem

 procurem emprego, ficando sujeitas, apenas, ao trabalho no lar, impondo uma circularidade nasituação de busca por trabalho. No entanto, manter-se unicamente na esfera reprodutiva impõe

à mulher uma situação cada vez mais submissa a esse ordenamento patriarcal que permeiacrenças e valores do mercado de trabalho. Por outro lado, a otimização e o aproveitamento dasatribuições de gênero das trabalhadoras, em benefício dos processos produtivos e organizaçãodo trabalho aciona atributos de gênero para seu melhor desempenho (MARCONDES et al.,2003).

Posthuma e Lombardi (1997) encontram resultados semelhantes, no que diz respeito àsnovas competências e às possibilidades de novos espaços para as mulheres no mundo dotrabalho. Entrevistas realizadas com trabalhadoras e trabalhadores de duas empresas no ramoautomobilístico da Região Metropolitana de São Paulo mostraram não somente as situaçõestradicionais de segmentação de trabalho feminino, mas também as atitudes e oscomportamentos que tendem a reproduzir a “inserção excluída” da mulher no trabalho.

De modo geral, no mundo do trabalho, a falta de reconhecimento das mulheres e desuas qualificações, que se expressa em salários menores e carreira depreciada, aliada àsobrecarga dos trabalhos domésticos, está agravando a “feminização da pobreza” (Brito eOliveira, 1997 apud  Marcondes et al., 2003). Ainda conforme esse autor, essa situação, alémde ocasionar grandes agravos pessoais, em especial à saúde, das mulheres chefes de família,atinge também aos que estão sob seus cuidados diretos como crianças e idosos, ampliando agravidade de seus impactos sociais.

A soma de duas características adscritas – gênero e idade – traz a ideia de que asmulheres nunca estão na idade certa (never the right age) (DUNCAN; LORETTO, 2004) Asautoras mostram que numa empresa do setor financeiro as mulheres ou são novas demais ou

logo em seguida são classificadas como velhas demais para diversos cargos. Há depoimentosde mulheres na faixa dos 30 anos em que foram consideradas jovens e outras que foramconsideradas velhas para determinados postos de trabalho.

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Outro ponto que apareceu nos resultados e que corrobora com outras pesquisas é o fatode que as mulheres atingem mais cedo o topo da carreira, ou seja, ficam velhas mais rápidoque os homens mesmo tendo a mesma idade cronológica. Exemplo disto é que apenasmulheres na faixa dos 30 anos apareceram como muito velhas para uma promoção. Os

sujeitos da pesquisa foram solicitados a indicar a partir de que idade consideram que a performance começaria a declinar para dois grupos, os de trabalhadores manuais e outro detrabalhadores não manuais. Para os trabalhadores manuais o declínio no desempenhocomeçaria entre 45 e 59 anos enquanto para trabalhadores em atividades não manuais odeclínio seria a partir dos 55 anos ou mais. Chama atenção o contraste entre o declínio parahomens e mulheres: em trabalhos manuais a queda na performance ocorre antes e naquelasatividades intelectuais chegaria a mais de 10 anos antes que para os homens.

A desvantagem de ser apontado como muito velho ou muito jovem recaiu principalmente sobre as mulheres, sugerindo que, nestas fixas etárias, ser mulher pareceintensificar o prejuízo por idade e reforçar a dupla penalização. As autoras ressaltam queembora os homens também tenham relatado serem vítimas de ageism, o conteúdo dadiscriminação apresentou-se diferente, pois no caso deles esteve mais relacionado à menorremuneração e benefícios enquanto que no caso delas há uma marcação maior quanto aogênero, pois aparecem elementos relativos à aparência ou à sexualidade, além de atitudes queremetem a poder e patriarcalismo.

Duncan e Loretto (2004) afirmam que ainda é pouco discutido se o  Ageism (preconceito por idade) é um fenômeno livre de gênero. Harper (1997 apud   DUNCAN;LORETTO, 2004) consideram que tanto o preconceito por sexo quanto o por idade tem basemachista e relaciona-se ao controle sobre o corpo. O homem teria maior controle sobre seucorpo por não mestruar ou não gerar um filho e como o envelhecimento está relacionado a

 perder o controle sobre o corpo e suas funções, ageism  e  sexism  tem raízes comuns e são

definidos a partir da experiência masculina.

4.  Idade e Mercado de TrabalhoO caráter dinâmico do mercado de trabalho também é marcado pelos diferentes

momentos de vida. Atualmente, as mudanças nos sistemas produtivos, a permanenteintegração de inovações tecnológicas e a nova fase de internacionalização dos mercadosrefletem, também, sobre o ciclo vital das pessoas. Principalmente no que se refere aosmomentos de transição relacionados com a esfera do trabalho – ingresso na juventude eafastamento (aposentadoria) na idade madura –, nota-se uma constante incerteza diante danova situação que se apresenta. Entre os jovens que enfrentam os maiores índices de

desemprego, proliferam vínculos de trabalho precários, ao mesmo tempo em que sãorequeridas maiores qualificações (PAIS, 1997; COHEN, 2007). Para os mais velhos, com oaumento da longevidade, deixar a esfera do trabalho, ainda com a perspectiva de anos de vida

 produtiva pela frente implica descobrir uma nova atividade, decisão que pode decorrer danecessidade financeira, já que os benefícios previdenciários não permitem a manutenção do

 padrão de vida obtido durante os anos de trabalho.

Para os mais jovens, o ingresso no mercado de trabalho tem sido marcado por umcaminho pouco claro, onde muitas das escolhas permitidas estão distantes da realidadeoferecida à geração de seus pais. Os modos precários de vida que marcam a condição juvenilconferem um forte grau de indeterminação ao futuro de muitos jovens. Muitos destes veem-seforçados a transitar por trabalhos precários ou atividades subterrâneasi, alternando períodos de

vínculos formais, precários, desemprego e formação profissional (PAIS, 1997; 2001).

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Para Bourdieu (1983), a separação entre jovens e velhos é uma divisão, sobretudoideológica, que distingue as atividades da população a partir da faixa etária em que seencontra e, desta forma, produzindo uma ordem que delimita o espaço em que cada grupodeve se manter. Nas sociedades ocidentais contemporâneas, os locais que se caracterizam

como espaços dos jovens são aqueles nas quais eles são formatados para assumir o pensar e oagir adulto da geração que os precedeu – a escola, a universidade, etc. – ou, então, espaços emque predominam a força, a agilidade, a flexibilidade, como é o caso dos esportes ou ainda daestética, como se vê nas passarelas, na televisão e no cinema. Em todos estes espaços,reconhecidamente juvenis, são valorizados aqueles que seguem dentro das normas, que são

 promovidos na medida em que reconhecem e atuam conforme o que lhes foi designado, ou a partir de características externas que contribuem para reforçar a crença de que o jovem nãoestá preocupado com outras questões senão com sua própria individualidade.

 Nessa direção, mas seguindo uma perspectiva econômica, Cohen (2007) aponta que os jovens servem como vetor de ajustamento ao nível do contexto econômico e social. Ocrescimento do desemprego e das formas de trabalho atípicas entre jovens de 15 a 24 anos

 pode ser explicado pela combinação de dois efeitos opostos: a formação mais elevada de uma parte e a experiência reduzida por outra. Nota-se o alongamento do período de estabilizaçãono emprego dos iniciantes e pela redução da relação entre títulos escolares e postos ocupados(FONDEUR e MINNI, 2005; COHEN, 2007). A juventude torna-se um período moratóriodurante o qual se ajusta por aproximações sucessivas, ambições sociais e posições

 profissionais (GALLAND, 1990, 2000).

Se os jovens (aqui no contexto europeu) ingressam mais tarde na vida ativa, esteingresso se dá de maneira progressiva e não de maneira instantânea e definitiva como era ocaso mais frequente há 30 anos. Um conjunto de situações se intercala entre o fim daescolaridade e o emprego que o jovem poderá considerar como definitivo, ao menos

suficientemente estável e duradouro. Os períodos de desemprego, as atividades precárias, osestágios de formação ou as diferentes fórmulas de passagem pelas empresas, todas sãosituações que constituem a primeira fase da entrada na vida profissional de uma maioria de

 jovens que não possuem formação de nível superior (GALLAND, 2000; LOPEZ, 2005).

 No outro extremo, não podemos esquecer a situação de preconceito e discriminação aqual estão sujeitos, algumas vezes, os trabalhadores mais velhos. Entendimentoscompartilhados levam a que os próprios trabalhadores envelhecidos por vezes acreditem que oemprego de trabalhadores mais jovens – principalmente aqueles considerados na “idade mais

 produtiva” – pode representar vantagens ao empregador. Goulart Júnior et al.  (2009)consideram que o idoso acaba por internalizar estes entendimentos na medida em que assumeuma postura passiva diante do fato de que será substituído pelos mais novos. Assim, a

 participação dos brasileiros mais velhos no mercado de trabalho acaba ocorrendo principalmente pelo fato de que, no Brasil, o aposentado ganha pouco e, muitas vezes, precisacontinuar trabalhando para se sustentar e, às vezes, sustentar também a família.

Hoje, o envelhecimento da população brasileira é um fato irreversível. O Brasil é um“jovem país de cabelos brancos” (VERAS, 2009). No entanto, ainda estamos aprendendo alidar com esta nova configuração demográfica. Como salientou Kalache (2008), os desafiosdas novas demandas não são menores, entre eles, a situação do mercado de trabalho que incluicomo o próprio trabalhar se vê, como é visto pelos empregadores e pela sociedade de umaforma geral.

Pensar o mercado de trabalho implica levar em conta os entendimentos e discursos

sobre o que é ser jovem como o que é ser velho. Estes entendimentos e discursos, por sua vez,vão afetar o que é intrínseco ao indivíduo e o extrínseco na forma de viver a relaçãoenvelhecimento e mercado de trabalho. Há uma forte tensão entre a perspectiva subjetiva

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(importância do trabalho na vida, desejar trabalhar, querer produzir ou complementar a renda,sentir-se discriminado ou valorizado) e a perspectiva social (questão da Previdência,diminuição de trabalhadores à disposição, envelhecimento da força de trabalho, necessidadede abrir postos para os mais novos, aposentadoria, legislação, qualificação).

Ao confrontar estes dois assuntos – velhice e mercado de trabalho – Beauvoir criticavaem 1970 de que o indivíduo só importa para a sociedade enquanto rende, ou seja, enquanto é

 produtivo. Considera, ainda, que nas sociedades humanas, assim como em outras espéciesanimais, a experiência e o conhecimento são um trunfo para os mais velhos. Porém, emmuitos outros casos, ele é expulso, até com certa brutalidade, da coletividade. Entretanto,diferente dos animais, o drama do velho humano se produz na questão econômica e não no

 plano sexual, como no caso de muitos animais. Influenciado por fatores culturais, o velho nãoé, como no caso dos animais, aquele que não pode mais lutar, mas aquele que não é maiscapaz de trabalhar e que se tornou uma boca inútil. Critica que, em sendo a economia baseadano lucro e estando toda a civilização subordinada a ele, o ser humano só interessa enquanto

 produz, depois é descartado. Salienta que, embora haja um entendimento no qual aaposentadoria é colocada como momento de lazer e de descanso, na prática a sociedade impõeà maioria dos mais velhos um nível de vida miserável. Além disto, lembra que a maior partedos indigentes são velhos.

Sánchez (1980) apresenta dois posicionamentos que se propõem a explicar a preterição dos trabalhadores mais velhos: de um lado os que atribuem a preconceitos paracom os grupos minoritários dos quais os trabalhadores idosos fazem parte e de outro os queatribuem à própria dinâmica capitalista que dispõe dos trabalhadores mais velhos como umareserva de trabalho quando for conveniente. Neste sentido, a indústria liberaria a mão de obraconsiderada menos produtiva, ou seja, com menor qualificação ou capacidade física, e o setorde serviços os absorveria quando fosse conveniente.

Conforme Duncan e Loretto (2004), em pesquisa realizada em uma empresa do setorfinanceiro britânicoas autoras 18% indicaram ter recebido tratamento desfavorável em funçãoda idade. A pesquisa revelou uma distribuição bipolar de discriminação etária, indicando queos mais jovens (16 a 24 anos) e aqueles mais velhos (mais de 45 anos) foram os grupos commaior probabilidade de ter recebido tratamento negativo por causa de sua idade.

Entre os mais jovens o tratamento negativo foi principalmente em relação a pagamentoe benefícios, seguido de atitudes negativas (por exemplo, piadas e comentários pejorativos),considerar jovem para promoção, desenvolvimento no trabalho restrito e aparência muito

 jovem. Quanto aos mais velhos o tratamento inferior foi, principalmente, em relação aconsiderar velho demais para promoção e oportunidades de treinamento reduzidas, bem comoatitudes negativas.

Considerações Finais

 Nosso ponto de partida é a constituição do mercado de trabalho como um espaçodiverso, ou seja, existem múltiplos mercados de trabalho e não apenas um mercado neutro ehomogêneo (GUIMARÃES, 2009; ROCHA-DE-OLIVEIRA; PICCININI, 2011; STEINER,2006). Estes mercados são construídos por meio de elementos históricos, culturais,situacionais e relacionais nas disputas travadas pelos diferentes atores que deles participam.Considerá-lo como um conceito constante sem revisitá-lo e questioná-lo ao longo do tempo

implica negar o próprio caráter dinâmico da sociedade (ROCHA-DE-OLIVEIRA;PICCININI, 2011). Ademais, o mercado de trabalho é uma construção que nunca estáacabada, visto que os diferentes atores – trabalhadores, empresas, agências de intermediação,

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órgãos de representação e Governo. Ainda que partilhem de crenças, regras, normas e valoresos diferentes atores buscam atender suas demandas – por vezes antagônicas – engendrando

 processos de disputas.

Assim com o entendimento de mercados de trabalho, os construtos de gênero, idade eclasse social não existem per se. Tornar-se homem ou mulher ou pertencer a um determinadogrupo etário e, além disto, o valor simbólico de pertencer a um determinado estrato socialrecebe diferentes significações de contexto para o contexto e pode ser percebido de formasdistintas em diferentes mercados de trabalho. Com base nos entendimentos do que é pertencera um determinado grupo etário ou estrato social e, ainda, o ser homem ou mulher os atoresdos diferentes mercados de trabalho criam e recriam valores, leis e normas de circulação paraos indivíduos conforme suas características adscritas, transformando-as em elementos dedesigualdade no ingresso e permanência nestes mesmos mercados de trabalho.

 Na busca por colocação profissional e por constituir-se em um bom candidato aemprego em diferentes mercados de trabalho, as características adscritas como classe social,

gênero e idade funcionam como preditoras das oportunidades de colocação profissional e queestipulam seus espaços de circulação, escapando à lógica meramente econômica de mercadode trabalho que pressupõe de um lado demandantes e de outro ofertantes de trabalho,configurando-se em uma relação complexa e processual que não se dá em um instante fixo detempo.

 No tocante à classe temos de considerar a diferente distribuição dos recursosfinanceiros e o acesso às esferas política e de reconhecimento social que formam grupos comtrajetórias profissionais bastantes distintas. Neste sentido, acessar os mercados formais detrabalho configuram-se espaços importantes por ser um dos principais meios de mobilidadesocial. No entanto, nem todos os mercados mostram a mesma abertura, havendo estreitarelação com o sistema de formação e a especialidade da mão de obra requerida, ou seja,mercados internos tendem a facilitar a mobilidade, enquanto mercados mais influenciados

 pela mão de obra oriunda das instituições formais tendem a ser mais estáticos. Além disso, adiferença de  status  dos grupos sociais também é um importante elemento da disputa poroportunidades de trabalho.

Quando ao gênero, são relegadas às mulheres aqueles trabalhos mais precarizados ecom menores garantias trabalhistas sob a alegação de que há habilidades naturalmentemasculinas e outras femininas. Também a crença de que a principal remuneração deve ser amasculina atua no sentido de conferir às mulheres postos ocupacionais menos remunerados. Adesigualdade no valor dos trabalhos masculinos e femininos não consiste em forma isolada dedivisão do trabalho, normalmente aparece articulada com atributos de idade, classe ou raça.

Desta forma, é importante que estudos de gênero e mercado de trabalho busquem tambémrelacionar estas dimensões para ampliar a profundidade de suas análises.

Ademais, no que se refere à idade temos os jovens e velhos atuam como forças opostasna busca por colocação profissional. Em momentos de crise, os dois grupos geracionais são osmais afetados pela dificuldade de encontrar oportunidades ocupacionais. Para um e outro, as

 possibilidades de inserção ou reinserção apresentam-se pouco claras e dependem de diversosfatores. Beauvoir (1990) aproxima a situação vivenciada por jovens e velhos ao afirmar queos jovens sabem que um indivíduo só é importante quando puder produzir, pois sua ansiedadeao ingressarem na vida produtiva é simétrica à angústia dos velhos no momento em que sãoexcluídos dela.

Além disso, merece destaque que estas características se articulam entre si. A partir deuma abordagem segregada procurando mostrar como cada um dos construtos afeta e é afetado pelos espaços de disputa nos mercados de trabalho chama-se a atenção para a importância de

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um olhar relacional. Analisando sob o enfoque de gênero e idade, Duncan e Loretto (2004)afirmam que entre o pessoal mais jovem (com idade até 40), os homens eram mais propensosa relatar tratamento negativo relacionado com pagamento, benefícios ou dsenvolvimento noemprego. Por outro lado, as mulheres eram mais propensas a relatar barreiras à promoção e

mais atitudes negativas por causa de sua aparente juventude. Da mesma forma, entre o grupocom mais de 40 anos, as mulheres queixaram-se mais de acesso desigual à promoção. Quantoàs oportunidades de treinamento, ambos os homens e mulheres mais velhos relataram

 barreiras. No entanto, em termos de atitudes negativas, ficou claro que, como no caso dosfuncionários mais jovens, o impacto de atitudes negativas recaiu mais fortemente sobre asmulheres, lembrando que o gênero também desempenha importante papel na constituição domercado de trabalho, como será visto a seguir.

Em relação à idade e classe social, até os anos 1960, no Brasil, o termo que se referia à pessoa envelhecida era ‘velho’, vocábulo empregado de maneira geral e que não possuía,essencialmente, um caráter pejorativo, embora pudesse carregar ambiguidades pelo uso tantoafetivo como pejorativo determinado pela entonação da voz de quem o proferia. A partir deste

 período e por reflexo do uso que o termo adquiria nos países europeus, no Brasil tende-se aadotar o termo idoso, este com tom mais respeitoso, enquanto o ‘velho’ passa a ser utilizadocada vez mais com conotação negativa para referir-se especialmente aqueles de classes

 populares que apresentam mais nitidamente os traços do envelhecimento e da decrepitudeDesta forma, a reclassificação da velhice é atravessada pelos entendimentos de classe socialonde o termo ‘velho’ é o vocábulo reservado às classes sociais mais baixas enquanto um novotermo é forjado para segregar os membros de um mesmo grupo etário mas de outra classesocial (PEIXOTO, 2008).

Tais constatações sinalizam a importância de outro olhar nos estudos sobre mercadode trabalho em que considere classe social, gênero e idade não como simples características

aditivas, pois não se reduzem à soma de preconceitos a elas associadas, mas adquiremdinâmicas próprias e ressignificações quando em correlação, carregando, desta forma,limitações e disputas distintas nestes espaços.

Por fim, reforça-se a premência de não considerar o mercado de trabalho como algoúnico e desconectado da dimensão social que o circunscreve. Além disto, a conduta dos atoresenvolvidos é definida com base em crenças, valores e regras compartilhadas onde aspectosinerentes ao trabalhador como gênero, idade e classe social passam a desempenhar importante

 papel na construção destes mercados. Para dar continuidade e aprofundamento à reflexãosobre o tema, sugere-se que se busque aprofundar a discussão teórica sobre a articulação entreestes atributos – classe social, gênero e idade – e como agem no sentido de limitar os espaçosde circulação entre os atores e potencializar arenas de lutas.

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i  A economia subterrânea refere-se a setores ligados ao crime, drogas, prostituição, etc.