A Cor Como Informação - Luciano Guimarães

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A cor como informação apresenta seis capítulos que abordam o tema em sua complexidade. Da exata delimitação da cor como informação cultural, e suporte para a expressão simbólica na comunicação humana, até a investigação dos processos de percepção e seus "comportamentos" para a geração de sentido, o autor expõe um universo interdisciplinar, ancorado no que há de mais recente na bibliografia da Semiótica da Cultura das Ciências da Cultura. Esta obra caminha sobre alguns dos problemas do uso das cores - no nosso atual universo da mídia - e apresenta considerações que esclarecem o e enriquecem o repertório de todos aqueles que também se utilizam da cor na comunicação. Mais que uma pesquisa interdisciplinar, este livro é importante referência atual para o uso do fenômeno cromático.

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  • 5/14/2018 A Cor Como Informa o - Luciano Guimar es

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    luciano qulmaraes

    a cor com o lnforrnacaoa construcao bioflsica, Ilnqulsttca e culturalda simbologia das cores

    terceira edlcao

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    A cot:eo sequeatro do olhar (Apresenta~iio de Norval Baite1lo junior)Introdueao: preto no braneo

    7 Capitulo violeta; a cor para todos os olhares7 Qual cor, afina1?19 Capitulo azul: a cor profunda19 Codigos biofisicos: a leitura corporal das cores21 A V153.0 c as cores21 0 aparelho optico humano22 A recepcao motors da inforrnacao visual24 Caracteristicas deterrninadas pelo comportamento

    motor do aparelho optico24 P erceN ao da dis tdnaa. B ina r iedade longe/p er to27 P erceP fiio do e spa(o . B ina r iedade cen tra i/pe rifir ico28 P erceP riio do volum e . B inar iedade volum ico lpJano29 P em P riio da lunnno s idade. B ina riedade c larole scuro (I)29 Perceppo d a p r ofim did ad e d e campo.

    B i na r ie d ad e d e li m it ad o / d i f i l s O30 ~ A percepcao da inforrnacao luminosa.31 A p e rc l jJ ( ii o d a / um in o J id a ie . Binanedade claro/eJcuro (II)32 Cones e bastoneies33 A percepcao e a transrnissao da inforrnacao cromatica33 P er ce N ao d as c or es . B in an ed ad es C T om a ti co /a cr om a ti co ,

    I J e rd e /v e r rn e / ho, a~ t 1 / amare lo .40 0cerebra c as cores40 A estrumra neurologica43 A construcao ncuro16gica da imagem45 A construcao neuro16gica cia cor48 A cor e os dois hcrnisfcrios53 Capitulo verde: fotossintese da cor54 Delimitacao do espat;:o da cor54 Os parametros de definicao da cor57 Claro/escuro60 Cores basicasr' cores derivadas65737580

    Primarias/ secundarias: a sintaxc das complementaresCor-Iuz/ cor-pigmentoEquilibrio e harmoniaOutras polaridadcs

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    85 C~lpltu1oamarelo: tesouros do arco-da-velha87 A cor e a inf rmacao cultural9 A cor e as estruturas dos c6digos culrurais98 A classificacao cultural das cores

    a presentacaoa cor e 0sequestrodo olhar05 Capitulo laranja: a hora da digestao

    107 Os codigos primaries interferem nos secundarios108 Os c6digos primaries interferem nos terciarios1 8 Os c6digos secundarios inrcrferem nos primariestOO Os codigos secundarios interferem nos terciarios110 Os c6digos terciarios interferem nos primaries1.1 Os c6digos terciarios interferem nos secundarios

    Ao longo das decadas do Ultimo seculo foi surprecndcn-te obscrvar 0 avarice do espaac;aoinvasiva, as ima-gens vao ocupando cada vez mais espayo em nosso cotidia-no, nao rnai s i lustrando as textos, mas se propondo comotextos, culminanclo na expansao dos processos da visualidadee da vis ib i lidade imaget ica ,Hans Belting, em suamonumental obra B i ld u nd Kul t .E in e G eJ t'h ic ht e d es B ild es u or d em Zeitalter d er I Vi ns ! (I m ag eme m lto . U m a h is t01 ia ria im age m an te s da er a da a rte ), fala da"era da ane" quando serefere ao periodo desde a Renascenceate os elias de hoje. Antecedeu a ela a chamada "era ciaimagem", segundo Belting. Nela, as imagens se prestavamao culro, as rel igioes e suas praticas Assirn , a histor ia dosusos da imagem (e da cor) tern raizes muito profundas e

    113 Capitulo vermelho: violericia e paixao114 A agressividade do verrnelho115 A oposicao do verde"J 17 Vermelho: violencia e paixao123 Aplicacao da simboiogia do vcrrnelho123 As capas de revista126 Alguns exemplos do vcrrnelho nas capas del Conclusaor cinza no ventilador143 Bib liogra f ia14 obre 0 autor

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    ii

    Nona! Ba i t e !l o j un io r

    a c o r c om o i n fl lr ll li ll ii o - luciano qulrnarees a p re se n ti ll ;: 50 - Norval Baltello Junior ii i

    ponto de nos roubar ate de nos mesmos? A cor, com certeza,sera uma das razoes deste seqiicstro do 005S0 olhar,

    E por que a cor tcm tamanho poder? Luciano Guima-raes nao perrnite que scu csrudo se contenre com [)ras tciro

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    lntroducao:preto no branco

    S i q u id nOJisf !tCtiIIS isis ,Cand i d u s imp e r ti ; Ji n o n , h i s u t m m e C U f J / .

    Jaime Rafael, urn senhor da cidade de Catanduva (in-ter ior de Sao Paulo), conhecido como Tio Xinho, conse-guiu, certa vez, ingenuamente subverter a codificacao "nor-mal" das cores. Tio Xinho convenceu scus familiares de queuma scnhora "mui to ri ca" inveotara uma rima espec ial epromete ra a e le a lguns galoe~' par a pintar a casa de seusparentes de S ao Paulo. A t in ta , segundo elc "a mais l indadeste mundo", e ra de cor azu l-tomate . Ele proprio, tendose convencido de que a histori a que inventa ra e ra verda-de ira , e sptrou par t res e l i a s a chegada dos gal6es de azul-tornate. Sua familia so entia percebeu a irnprobabil idadede uma cor com tal denominacao, Tratava-se de uma inter-vencao dos c6digos da "segunda realidade" ~ "primeirarealidade".2

    Outro caso interessante de inrervencao da segundarealidade na primeira ocorreu recentemente em urn dos hos-pi tai s psiquiat ricos de Sao Paulo: urn dos pac ien tes teriasolicitado desesperadarnente uma de suas camisas, a de coramarela, enquanto a roupeira, ao comcir io , ins is tia em lheoferecct outra, de cor branca; uma psiquiatra, que observa-ra a cena, posterior mente questionou 0motivo para 0pacien-te nao poder escolher a cor da camisa, e a roupeira respon-deu que ele sc tomava violento quando vest ia a carnisa ama-rela, A psiquiatra perguntou por que entao fora oferecida acarnisa branca c nao a vermelha, gue estava tambern limpae pranta para a uso, e a roupeira, conhecedora dos dctalhesdo dia -a-dia do pac iente, afi rmou que a vermelha s o erasolicitada pelo pacicnrc quando eie desejava pedir perdao,logo ap6s rer usado a camisa amarela e des truido tudo a sua

    1

    S I ] c o n h e c e a lg a m e l ho r ,p e rd o a m i nh a c a nd u ra ;s e n a o , d e s fr u ta c o m ig o( H o r a c i o , E p i s t o l a 1 , 6 ) .E s t a c i t a ~ a o fa I U Ii I i z a d a p arG o e th e p a ra l ee h a r 0 p r e f a c i od a s u a o br a s ab re a s c o re s{ G o e n e , D o u tr in a ( ja s c o re s ,p.42).

    2S ag u n d 0 B y s t r i n a, p a r as u a s o b re v iv e n c ia p s iq u iC < l ,a h o rn e rn c o n st r6 is o b re a e s tr u tu r a d a p r im e l rar e a l i d a d e s e n s i v e I .p r e d e t e r m i n a d ab io f is ic am e n te , u m a D u tr ar e a l id a d e , 0 p e r a d ap e la c u lt u ra . E s s a " s eg u n d ar e a li d a de " , c o n c e b id ap e la c ri at iv id a d e. i m ag i n ag a oe f a n t a s i a h u m a n a ,t e m u m c ar st er s l g n i c oe Ii e s s e n c ia l m e n t e n a r r at iv a( B y s ! r i n a ,S e m i ot ic a d a C u lt ur a ).

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    3P l r R 0 p s l q c la t ra a u s t r la c o

    l rl o N a v ra t iI. n a s im b o I iz a ~ a o" Q u e c a r a c te r l za t an t o a

    c rla ll v ld a ds p s ic o tl c a c o m o ae ~ o lu ~ a o g e r a l n a e u h u r a ' ,

    ) s s lO o i Ii c a d o s 'na r m a i s ' d oss lg n o s o u s a o a m p li f ic a do s

    e n o r m e m e n t e OU s aoQ u e b r a d o s e m p a rt es e

    r e or g an l za d o s, c o n s t ru i n d on o v o s e " I a n t a s t i c o s "

    s l g n i fi c a d o s ( B y s lr in a ,S a m i o li k d e r K l .1 l lv r . p_ 256).

    4B y s t r l n a S e m i o li k d e r K u ll ur ,

    p_ 253.

    5S e g u n d 0 G a g e ( C o lo u r a n dc u l t u r e , D . 1 1-4), n a p o e siad e A lc m ae o n d e C rO t o n , n o

    I n lc lo d o s sc u lo V a .C ,. n co n tr am o s a s p r im e ir asr el Bf tn c la s s ob r e a s c o r es ,

    o o n s t ru ld a s s o b re a a n t il es ee n t r e 0 t r an c e e 0 p r e t o e

    q u a s a lV i r a m d 8 b a se a sl e o r l a s de E m p e do c le s eD e m O c r lt o ( se c ulo V a .C . ).

    2

    Nao foram poucos os que se propuseram a invest igarprofundarncntc as cores , a visao au a optica, Dernocr iro,Empedoclcs, Plano, Aristorclcs, Euclides, Seneca, Plinio,Ptolomeu, Pitagoras e Plotino, entre outros, inaugurararnessas invcsrigacoes no mundo antigo:' 1\ par tir do seculo) .TV, surgem os tratados de cores ou, gcncr icamentt, de pin-tura, como 0 Sobr e 11pin/Hm, de Leon Battista Alber ti , 0Tra tad o ria p ifltu ni e d a p airqgc m - So mb m e lu _? :,de LeonardoDa Vinci, alern de cmpreendimentos de filosofos, materna-ticos e fisicos como Kepler, Descartes, Boyle, Hocke,Scherff er, Chevreul c Newton. E no scculo X"\7J I I , comoresultado da oposicao ao CJ p ti c a - ONUtll t ra f cl do d a s r r j l e : , o t ' - ' ;r rj ra r iJ er , i nf le xi if J e COn'.( d a ll iZ ! de Newton, aparece ( ) pri-meiro esmdo interdisc ipl inar c ia cor - a Dostrina das cores,de Goe the , obra dividida em qua tro partes, cada LImadasquais analisando os principios cromaticos sob uma deter-minada pcrspectiva; temos cntao 0 que Goetbe chamou deestudo das "cores fisioI6gicas", das "cores fisicas", das "co-res qufmicas" e das "cores psicol6gicas" - esta C t l t im a parteacrescentada em urn momento pos terior e def inida comoo estudo da "amat,:ao das cores sobre a alma".

    cor como In'orm'o;lo - luciano gllimarlles Introduo;lo - preto no bronco

    volta, Pensci, em ;"U), que de :-d).,'1.lITI:l forma 0 paciente tinhamani Fcstado irucnsamenr a, caracrcristicas de Ulna dassirnbologias possiveis para cada uma dessas cores.' 0ver-melho como cor da paixao (ou amor) e 0 amarelo como corcia loucura, De onde ter iam aflorado cssas manifes tacr icssimbolicas? Para Bystrina, os

    Mais ITCCI1I l'111I11C - sludo X IX -, surg;ram as teo-rias da perccpciio dos flsiologisras I lerrnann von Helmholtze Thomas Young, os rrabalhos rio tlsicoJames Clerk Maxwelle do psidllogo bA:hvardHering, todos modificando a histo-ria da comprecnsao dos cfeitos das cores sobre ()h0111em. it110 scculo XX,v.cram outras contribuicocs, como asda C e . r t c d tcom Kurt: Koffka, Max \,(-'crtheimer c \X'oltgang Kohler (napsicologia da pcrccpciio sensorial), as de Ludwig \X;ittgcnstein(na filosofia da linguagem), as de George Scurat, Paul Klcc,\ '( 'assilyKandinsky, Piet Mondrian c dos grandcs mcstrcs daBauhaus (nas artes plasticas c no design), c OUITOS rrabalhosem ;ueas especificas, como os escritos sobre a cor e a sincro-nicidade dos sentidos do cineasta russo Sergei Eisenstein,

    Ao anal isar essa gama e am; \lgama de teoria s de ori-gens diversas, indo da filosofia it psieologia da percepcao,passando pela fisiologia, fisica, c:stetica erc., percebi (Iue ospressupostos de uma teoria nao invalidavam a p ri or i os dasourras, c, dessa forma, fui levado a considerar 0 fenornenocromatico como urn processo amplo, a exigirurn esrudo denatureza interdiseiplinar. Pude notar, rambern, a ausencia

    '" " .de urn cstudo espec ll ico da cor como intormacao, funda-mcnrado em uma base tcorica c a arriculasse de urn modocoeso c cocrcnte. ~:ncssc vacuo que pretendo inserir rninhaproposta de abordagem.

    Em 1991, rive conta to com a Scmi6t ica da Culrura,"pOI meio do professor Norval Baitcllo junior, dos co1cgas doCentro Inrerdisciplinar de Semiotica cia Culrura C da \Hdia(Cisc /Programa de Pos-Graduacao em Comunicacao eSerniotica da PUC-SP) e seus professores convidados HarryPross, Dit tmar Kamper , Ivan Bystrina, da Universidade T .1 -vre de Berlim, eo russo VJatsches lav V Ivanov (que, junta-mente comlurij Lorman, Boris Uspenskij e outros ciaescolade Tartu, realizou as prirneiras pesquisas que hoje formam abase da Semiotics da Culrura).

    Com tal sustcntacao, tornava-se p()s~ivcl a analise es-trutural ela inrerdisciplinaridade dos esmdos sobIe a cor .Patti emao para a delirnitat,:aodos cspa

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    7S e g u n d o B y s tr in a , ' t o do t e n o

    c u lt u ra l i n d ic a u m a o u m a isc o ls a s e c a rr en a

    u m a m e ns ag em , Q u e e nc er r aem s i 0 s e n u c o do t e x i o " .a s e m i o ti ci st a d a c u l t u r a

    c e ve ra e n co n tr ar e n tr ea s " e su u u ra s d e s u p e rh c ie ',m a n if e st as e f ac ilm e n t e

    l e g l v ai s , ou l ra s a s t ru l u ra sd e s e n t n o m a is p r of un d a s

    q ue a ne na s s aoc o m p r e e n s i v e i s a lu z

    do s c 6 dig o s c un u ra s y al id o se m s ua C o n s t r u g a o , " E ssas

    c a rn a d a s m a i s p r o f u n d a sd e s en t id o s c e na m e mep o d e m se r e n c o n t r a d a s

    e p e s Q u i s a d a s , e n t e n d i d a se i n t e r p r e t a d a s c o m

    conhac i m e nto d os c 6d ig o st er ct ar io s e c o m a ju d ad e p r o c e ss e s c e r eb r a s

    a n all t ic n s e d e m e to d o sd e i n ve s ti~ a ~ ao , s o b re t ud o

    d o s m e to d os d e a n a l i s ee s t r u t u r a l " ( B y s t r i n a ,

    S e m i ol ic a d a C u / lu ra ,n a o p a g )

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    : rao pode ser encontrado na obra de Ivan Bystrina, S e t J I i d t i c ad a e u/ tu ra , Nesta, 0 semioricista c1assifica as c6digos dacomunicacao em tres t ipos : as "hipolinguais", ou prirnar i-as, independentes da iotencionalidade do homern, que saoas trocas de inforrnacoes intra-organicas, assim como as in-formacoes geneticas; as "Iinguais", ou secundarios, rambemchamados de codigos das linguas natura ls ou [ (ldigos delinguagem, que organizam as regras sociais ou extra-indi-viduals de comunicacao ; e os "hiperl inguais", terc iarios , ouc6digos culrurais, que regulam as chamadas linguagens cul-turais que operam a selo,'undarealidade,

    As qucstocs colocadas nessa minha primeira aproxi-rnacao ao tema buscaram idenr if icar os principios que po-dem dirccionar a comprccnsao cia cor como um codigoespeci fico da comunicacao humans, e que respondamprincipalmente ,1 S var iantes e invar iantes culturais de suasaplicacoes, e os fatores que interferem na manutencao ouna mudanca desse codigo,

    Toi para responder a essas guestoes - partindo dos pres-supostos de que 0 p r o a s s o i m J e _ r t i / , p t i w da J ' e m i d t i ( . ' [J ria eu l t un ipossibili ta a conceitualizacao e compreensao do fenomenosemi6 tico "cor" como manifestacao cultu ral, e de que haraizes e uni versais clue imp oern suas tegras dessemacros s is tema chamado cultura ao uso da cor como infor-macao - que determinei a seguinte hipotcsc:

    j\ apreensao, a transmissao e 0arrnazenamcnto dainformacao "cor" (como texto cultural) sao regidos por co-digos culturais que intcrferem e sofrem interferencia dosoutros dois tipos de cooigos ciacomunicacao humana (os delinguagem cos biofisicos),

    Assim, meu objeto de estudo passou a Set a cor, unidaem tad as as suas dimensoes , na construcao s imbolica uni-versal, embora tenha dado enfase sempre ao universe oci-dental e conremporaneo, visto que tenho como objctivoajudar a construir urn suporte para a nossa aplicacao cons-ciente cia cor como informacao,

    ** *Como acreditarnos nao scr adequado impor urn con-ceito unico que minimize as discussoes sobre cores que sur-gem cotidianamcntc com extrema facilidade, 0Capi tu lo

    vio/eta aborda varies concciros de cor existenres, indo dacor da fonte lurninosa ao clemente decodificador do cere-bra humane, passando pelas cores dos objetos,o Capi t l l in aifd trata da construcjio dos c6digos prima-rios (hipolinguais) de percepcao das cores, Esta dividido emduas partes, uma para 0 estudo cia percepcao 6ptica e outrapara 0 estudo da percepcao neuro16g1ca das cores. Nesse capi-tulo, alem de uma apresentacdo cia construcao dos codigosbioflsicos da cor e das suas invariantes, podem-se exrrair al-f,' lImasorientacoes para a melhor aprovcitamenro da cor naproducao de texros informacionais e a compreensao da capa-cidade associativa do cerebro humane, no que sc refere aousa da cor,o C " P i l u l n l ' t r d e aborda a producao e recepcao dos tex-tos crornaticos sob a regencia dos codigos sccundarios (osc6digos da linguagem), com a intencao de apresentar al-guns dados que colaboram na formacao de urna sintaxe dascores, o Ca p it u lo a m a re /o trata dos c6digos tcrciarios (os codi-gos culturais) ciacor, E investigado 0cornportamento eli!corCOl~o inforrnacao cultural, identif icada a sua cxpressiio sun-b6lica e analisada como cia e construida dentro cia estrururados c6cligos culturais, 0 capitulo tambern rrata da classifica-< ; a o das cores e das suas variantes culturais,o Ca p it u lo l a n- m ja faz a ponte ent re as tres capitulosanteriores e 0 posterior, Trata-se de uma breve refercncia ainterferencia de cada tipo de codigo nos outros dois,o Cap i tu l o w r 1 ') J e // J oelege a propr ia cor vcrmelha paraexemplifi car a construcao da simbolojna das cores com ainterferencia dos tres tipos de codigos, Como aplicacao ciacor verrnelha, ha uma selecao das capas da revista J > ~ j ' - Jqueutilizarn cssa cor , com a inrcncao de dernonstrar os simbo-l ismos construidos, 0 capitulo ainda se refere a alf,'1,.lmasoutras cores cujas simbologias contr ibuern para def inir 0espa

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    ( lor como In'o~m.,.o- l u c la n c g u lm a r ! e

    guagem das cores. Outros caminhos podem set tracados,como, par exemplo, urn gue d e mais profundidade a fisicadaluz, a psicologia e a s artes "puras" (visto que tenho meocupado rnais das artes aplicadas, priorizando a midia).

    Este trabalho nao pretendeu, de rnaneira alguma, es-gotar 0 tema; ao contrario, procurou indicar uma via deabordagem para estudos futuros . Espcro que esta pesquisacontribua para a ampliacao cia cornprccnsao e da aplicacaoconsciente da linguagem ViS1L'l1, enriquecendo, com 0 estu-do especifico cia cor, as possibilidades de criacao de urn "vo-cabulario" para uma sintaxc visual.

    capitulo violeta:a cor para todos as olhares

    . l 'u p t m h a m o s tfflJ belapeda(o de pm:wypn, t e r d e a n -t e , a I ;e rme l hado , (OIN mmman f fS c ol or id os , c om a s c or ese sh a ii da s e m p d , t ad o r ie I JJJ la_l imna natural ; e1ll qllf ascoisas , COlli a r iil !f m( /a de t do rid a q u e th e adl 'h l l da c o n s -t it m j: ii o m o /em !a r , a / fem Ja s c o ns ta n tem en tc p e /a d e s / a -{C/fdo &J s 0 1! tb r a e cla illil e { l J, f it a d aj p d o t r a/ ; (J i h o inferiordo raMI i (( j , j'f encontram (!I! p e rp ft u ll l il im ( ,a o , q u e _ f ti Zt r e r a e r a s l in hm e ( ( ) J t l p i e t a a lei d o 1II0Vim8IJlo demo et/1/U'8I"Stll. 0m a r, e ss a i m en si da o, m as Ilezn a iu / ' all-iras ierde. e s t en d e -s r a t i os (Of/jiIlS d o riu. A.r {in'onss do v er de s; a e n/a (l!frdc, os 1 I 1 / J . ~ g o s s a o I n - d e s ; IIverdeu n di ll a n o s t m n c o s , i a ( Or d os c an le s n oto s, 0 t e rd e ip m /u ll di de ld e n at 1l ml , p 6 1q ue S f liga _ ji m /m e n te CO !! I o -dos os outros tons. 0 qlle JJH chama a tltm(iio i que , portodo 0 f at /o - p ap Otd a.f m in a s e ru as , j ) ( J p a , _ ! ! , a i l ! se t c. - ,o IJim m lliIJ en altcc co v illo r d o er de; o p rd o - q ua nd o 0h d - , z e r o s o li tc il io e i n s~ ' g, l1 i fi C tl n ft ; . ra / ie i la a qjm/a r ioa iN ! 0 # d o t er m e lh o . 0 a Z l/ /l . . ,] r es um e e m s i todas asc o re s [ .. .1 Esta , g m n d e s infonia d i U 17 1 < l, [ 01 1 1 e t em a s pe-q1 l tl l as mn 'or i je s d i d n a s ; e st a s uc es sa o d e m e io di as , e n !q ue a I J a ri a r -a o ( sempre !'em/fado r ia i ll ji ni t/ ad e, a estebino ((}lITpltx{J, d ia ma -se a [01;

    * * *Algumas pessoas e inst ituicoes contr ibuiram para ()

    dcscnvolvimento des te trabalho, e a elas sou grato: DenisePaicro, com quem rnais compartiJho tudo; prof. d r. NorvalBaitcllo junior, orientador, amigo e sempre incentivador;mens amigos, trocas constantes de inforrnacao, em especi-al,Jose Roberto Barreto Lins, Luis Fernando Jurkmvit5ch,Marcus Bastos, Carmen Lucia Jose e J030 Batista \X!inck;dcmais professores, funcionarios, alunos e ex-alunos do cursode cornunicacao social da Unesp; professorcs, funcionariose alunos do Program a de Pos-Graduacao em Comunicacaoc Scrniotica da PUC-SP; Francisco Hideki Irnai, pcsquisa-dor do Munsell Color Laboratory - EllA, e Jose LuisCalvano, presidente do Grupo Argentino del Color , inte-ressados em ampliar 0 espas :o pam cstudo de cores no Bra-sil; Nelson de Moura, primeiro mestre, quando eu era ain-da urn iniciante nas artcs graficas; minha familia, Guima-raes, estenclida a Paiero.

    C h a r l e s B a u d e l a ir e "

    Qual cor, afinal?,~,\Terra e azul!" Assim Yuri Gagarin9 dcscreveu a pri-

    meira visao que se teve do n05SO planeta, de fora dele, Des-sa frase podcmos depreender que, de forma corrente,comprccndemos a cor como propriedacle ou como qual i-dade natural dos objetos . Podemos, no entanto, imaginarurn vctor que pane do objeto em dirccao ao cerebra e de-senhar 0 caminho percorr ido pelo conceito de cor em toda

    7

    8B a u d e l a i r e ,O e u v re s c o m p ie le s , p . 2 30 - 1 ,

    9Y u ri A I e k s e y e vi G h G a g a r n( 1 9 3 4 - 6 8 ) , a s t r o n a u t a r u s s o ,A b o r d o d o s ate I it e V os to k 1 ,fo i 0 p r im e i r o n o r n e r na i r p a ra 0 e s p a c oe m 1 2 d e a b r i l d e 1 9 5 1 ,

    B I c o r c o m o I n ro r m l el !o - luetano gulmarlel

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    10A r i s l l i l e l e s ,

    O n s en s e a n d t he s en s ib le .i n T h e w o rk s 0 / A r i s t o t l e ,

    p 673-89,

    l'A r n ~ e i m .

    A r / e e p e rc e p g ao v is u a l:u m a p s ic o lo g ia d a v is a o

    c r i a d o r a , p 329 ,

    12A s s is , A p r e s en t a ~ ao ,

    in : N e w t o n , O p t i c a , D , 1 8 - 9,

    13N s w t o n , O p t ic k s . o r a I re a li seo l /h e r e ll e c ti o n s , r e f ra c t io n s ,I n l l e e t l o l l s & c o l ou r s o f l ig h t . Em sua teoria.valem da natureza (os objetos naturais)c da luz, Goethe apresentou dois outros elementos na cons-

    C lpftulo v lo l.tI - a c o r para t o dO ! o s o l ha r e,

    sua hist6ria. Na extremidade inicial do vetor, eneontra-se 0conceito de Aristoteles (c. 384-322 a.C), de co r iVmo p r o p r i e r l a -d e d o s m t p o s , defendido em sua obra De s e n s u et s r n s i b i l i . l O Paraele, a cor retia como origem 0 enfraquecimento da luz branca,ou seja, todas as cores ser iam originadas da interacao daluzcom a obsruridacle.Com 0branco e0preto, seteseriarnas coresprimordiais, das quais derivariam rodas as dernais, SegundoArnheim, a idcia arisrotelica da origem ciacor influcnciou 0padre Athanasius Kircher, que descreveu, no scculo A'lII, acdr como l um e n o p a ca t um , l1 ecstc, por sua vez, teriainfluenciadoGoethe (1749-1832), na producao do seu F a r be n ie h r e ( D O /J t n ~1/tJ c ia r c o r e s ) .

    Urn segundo concerto de cor ~urgiu justamenre dcssarelacao entre cor e luz: a c o r c o m o q ua lid ad e d a lu Z so bre O.fcor bos . Em 302 a.c., Euclides ja havia elaborado Optira eCalop / r i ca , estudando a refracao da luz, Nos prirneiros sccu-los da nossa era, Seneca, Plinio, Ptolomeu e Plorino esruda-ram as efeitos da s luzes coloridas e cia refracao da luz.Segundo 0historiador d a ciencia Andre Koch Torres Assis,"no seculo ) ; . " V 1 1 a optica passou por profundas modi f ica-coes devido a uma serie de descobcrtas e publ icacocs defundamental importancia"." Nes te seculo, Kepler, Anto-nius de Dorninis, Snell, Descartes, Marcus Marci, Fermat,Gregory , Boy le, Grimaldi , Hooke , Barrow, Bartho lin ,Roemer e Huygens protagoni%aram as descobcrtas sobre aluz, as leis da refracao, a formacao do area-iris ctc., constru-indo 0 alicerce sobre 0 qua l sc ergueu a conccpcao new-to nian a d a co r.

    A partir da publicacao cia lei correta c ia refracao, em1637-8, no D i s c o u r s d e fa m e t h o d e , de Rene Descar tes (1596-1650) , Isaac Newton (1642-1727) se empcnhou no estudoda refr acao da luz c rcali zou, em 1666, a decomposicao daluz branca em sere cores principais (verrnelho, alaranjado,arnarelo, verde, azul, anil e violeta), cada urna com urn com-primento de onda ou grau de refringcncia conespondcnte.Em 1704, Newton apresentou estes resultados na sua obraO p J i d e s , t l na qual reencontramos 0 conceito da co r c o m o l uz :

    a c re d it a j !, em l m e nt e) ; , a a p r o pr i ed a d es originals e ina-tas q ue d if on m e m r ai os d if on nt es . A {~ un s r ai os t en do na a p ~ r. re n tc t rl im a c o r / J er m fl h a e n e n hu l 7l tI Ott/Ttl, ou i r o su ma c or a m al 'l!f a e n en bu m a o ut ra , o ut ro s u ma c or l !enke nenbiona outra, e tLrrim p o r d ian / e . ;'\:tln h ri apenarr ai os p r dp ri o. r e p am m !a re s a s c or n m al I d om in an te s, es im a t od a s a s s ua s , gr a da {i fe s i nt tJ '1 lI cr ii lt ri as .14

    E mais, ao substiruir 0 preto e 0 branco pelo larania eoanil, Newton reeuperou a tese ari stotel ica das sere cores fun-damentais.

    Com a publicacao dc Optickr, Newton dcfendcu a tcscc ia definicao das cores petmancntes dos corpos narurais pormeio da absorcao c ref lexao dos raios iuminosos , ou seja,aocontrario da cor como propriedade dos corpos, ele defendeuas propriedades da combinacao .de reflexao e absorcao dosr ai os l um in os os r ea li za da p el os c or po s, q ue l he s c on fe re rn corespermanentes sob iluminacao de mesma qualidade."

    Robert Hooke foi, nessa epoca, 0 mawr criti co de'Newton:

    Hooke aCUSO I i Ni!J/.'/otJ d e r ie jl 'l Jd er a i di ia d e q ue aluZ t! um a SIIbslatJaa m al er ia l. P ar a H oo ke , n o a mtm -no, a l uZ e ra c ot Js fi lu ir ia p o r p ,, /s os tit p e ql lm a a 'n p ii -tude q lle s epnl jJt l f! ,av t l! 7! num meif), pmncIJendrJ 0 espa0.16

    Goethe tambem, cerea de um seculo depois, construiutoda a sua teoria das cores com base na contcstacao a s ideiasnewtonianas. Na D ou tr in a d as c or es , publicado em 1810, dedefiniu a c o r c om o a { ll o ri a lu Z s oh m a L i s i l o :

    . / 1 . 1 teres JtlO a { i i e s e p a i x o e s tit. lui; N e ss e s e nt id o ,p od em o.r e sp em r d dm a Jg um a in dic ar an s ob re a lu '\; N al if rd a ti t, I u Z e c om " s e rdar/onam pu f t i t ammte , embomd e u a m o s pert . re i -las c o m o p at en ce nr io d natureza CfI/ se utodo: i cia i nt ei ra q ll f a s si m q u er Sf r e v ei a r a u s e nt id oth riscw.17

    As co m nito sa o quaiificacoes c i a l u z , denuadasdas rrjra{ifeJ 011 rtjkxoes d os co rp os n atu ra ls ( co mo off

    9

    14N e w t o n , O p l i c a . p 17( g ri fo s d o o r ig i n a l)

    15N e w t o n , O p t ic k s : o r a t r e a t i s eof t il e r e f le c t io n s , r e f ra c t io n s ,i n f l e c t i o n s & c o lo u rs o f l ig h t,p. 145-50.

    16As s i s, Ap r e S8 n ! 3 ~~o ,in N e w t o n , O p t i c a . p. 1 8 .

    1 7G o e t h e ,D o u tr in a d a s c o re s , p. 35.

    10 cor .mD InIol'l l'laclo - luc:llnogulmlrl"

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    18L e b r u n ,

    S o m b ra e IUl e m P l at a o,in . N o v a e s ( o rg . ) ,

    o o l h a r , p. 2 1 .

    19S t e i n h a u s .

    T h e ni n e c % ur s o fI h e r a in b o w , p. 129.

    20P l a t a o ,

    T Im e D , 0 d e n a lu ra le za , in :P l a t a o , O b r a s c o m p t e /a s ,

    p . 1 1 60 .

    21D a V i n c i, T r a /a d o d e p in t u ra .

    p . 51.

    22S c h o p e n l l a u e r ,

    L a v is t a e i% r i , p . 36-7.

    Clpttulo vlolm - 1 corPI" todOi 01 ollliru

    t rucao do conceito de cor : 0 "sentido cia \

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    2.G o e t h e , G o e l tr e s s l i m l fi c h e

    W e r k e , v_ 3 4 , p . 2 5 .

    2 9Q u a n d o a s u a j a n te Ii

    t o rm a d a p a r lu z e s c o lo r id a se m i ti da s , n a t u ra is o u

    p r o d uz id a s p s la f il tr ag e m a ud e c o m D o s i~ a D d a l uz b r aa c a,o B s l l m u l o r e c e b e 0 n o m e de

    cor-lUi; q u a n d o e f o r m a d apa r s u b s t a n c ia s c o I ar id a s DUc o r a n te s q ue c ob re m o s

    c or p o s, e a Iu z q u e a g e c om oe s t i m u l o e o b tid a p n r

    r e f r a ~ a o , r a c a b e o n o m e d ec o r - p ; g m e n t o .

    12

    [ . .. J SfI1rW a luZ do so l em Utll quarto escuro t ransmi t idaa tr mis d as .ruperficie.r p am l e / a s d e dais p ri sm a s l ig ad osn a f o rm a de um p a r a ! c / o g m J J J o , ela adquirill l in /a c or

    Ioor como Informqlo - luclarlo gulmlrl .. c lp ltu lo vio l.. - I co r pari todOi01 oIhl rM

    Mostra-se UtfJ p a no l !m J J ei h o a o mUI7) e e l e ji ca f o li o -SO; ma s 0 jil6s0j0, quando seJa la em co r , pa e- . r e/ ren ft i co?2 .

    meira bas tante inf luenciada pela f is ica newtoniana, e a se-gunda mais conceitual:

    Vis ta , entao, que a ideia da cor dcpende da def inicaodada pela a rea de sua apli cacao, com base no que foi apre-sentado a te ago ra, podemos esbocar uma definicao queconstubstancie todos os componentes (0 objeto, a luz, 0argilo da visao, 0cerebra) do nosso vetor imagimirio dosconceitos da cor : _A cor I; um ~ t 5 ~ r t n _ t l f _ i ! _ ? visual,!!!!!!~_ U _ _ 1 i ! _ ! ! ! t f _ 1 } l _ _ u _ ! o _ ! ! s i _ ! ~ _ P _ e r t e b i d ae lo s o ll i O J e d e c o 1 i f ! ! ! , i 3 _ _ } _ e / o ce reb r~o estirnulo fisico, au meio, carrega comigo a materia-l idade de uma das fonres, ou c a u s a s da cor - a cor-luz ou acor-pigmento,29 0 cerebro - e 0 6rgao da visao como suaexrensjio - e 0 suporte que decodificara 0 estimulo fisico,transformando a inforrnacao da causa em sensacao, provo-cando, assim, 0efeito da cor . Em situacoes adequadas , 0estimulo fisico normalmente e urn fluxo luminoso; contu-do, a influencia de outros agentes fIsicosau quimicos no orgaodavisao ou no cerebra - obr ida por pressao ffs ica, lesoes oualguns tipos de drogas - pode provocar tambem a scnsacaode cor.

    Em nosso cotidiano, ao uti lizar 0 te rrno "cor", comseus inumeros sentidos f igurados , caimos na intricada re-lacao desta palavra com suas definicoes e aplicacoes, Quan-do idcnti ficamos a set ima (ou primeira) cor do arco-iriscomo vcrrne lha, por excmplo, estamos nos referindo amanifestacao visual de uma radiacao clctromagnetica decomprimento de onda definido pela faixa de 627 a 760milirnicrons, Ao nos referirrnos it cor vcrrnelha da pimenta,com ccrteza estarnos buscando definir uma qualidade de dis-criminacao do objeto, ~ quando falamos que a cor vermelhanao e propr iedadc des te objeto, isso signifies que a mcsmapimenta, "vermelha" quando iluminada pela luz branca dosol, torna-se "rnarrom" quando iluminada por uma lampadade vapor de sodio, jn . que esta lamrada aprescnta urn espec-tro eletromagnctico de configuracao diferente, apesar ciasuaIuz tarnbern branca.

    Ezra Pound, quando usa a cor para camparar 0 racio-cinio ocidcntal com 0oriental, da-nos uma ideia bastanteclara de duas def inicocs diferentes do conceito cor : a pri-

    N a E ur op a, Sf p ed ir mo s a J im h om en : que d~jintla ( t! ,t lf ll a c o is a , s u a r le f in i (i io s e a j m" ta dm c o is a s s i mp le squ e e le c on be ce p et je ita m mt e h em e r et ro ce de p am um aregido desconhecida, qlle i a r e g iJ o da s ab . r fr i lfO e ,r p r o ! !" f S-s iu am e nt e m a is e m a i s r em o ra s.

    .A ss im , se Ih e per ;_ I ! ,u n f L lrmns que i u ma c or , d ir dqu e f um a ribmfi io IJIf tona r t ' jTa(ao da lu Z oe um ar i i r 1 s J o d o e s p e a r o .

    l: Sf lhe per!! ,untarmos 0 qu e iuma l ii b ra ( Jo o b te r em o sa r e sp o st a d e qu e e l im a f or m a d e e ne rg ia , o u q ua /q ue rc oi sa d es ta e sp ec ie , a id q ll e c h eg u emo s a l ima t!lorlalirladed o s er o d o m lo s er a u, d e q sa lq ue r m od o, p en et ra re mo sn um t er re no q ue e st a a /1 m do a k. mc t r io I IOSSO inkrlorotor.

    [."J P . , l e (0 chini.r) qu er r I di ni r 0 l ) enne lho . Como iq"e p o d e f a z e - I o n um d es en b o qu e n ao . fl ja f ei to c om t in -fa I / c r m e ! h a ?

    FJ . e r a i n e ( 0 1 1 S t u antepassado mlnia) t lS /i 4w r a r a im -liadas d e R o sa ) F tm lg em , Lere ja, F kmJ in l, o [. ..] , 3 0

    o proprio Newton t rahalhou com diversas defini-coes de cores. Ao demonstrar , pot cxemplo, a sua proposi-cao de "que as luzcs que diferern em cor diferern tambernem hrfaUS de refringcncia", uti lizou a ideia de cor %>ada a ssuperficies corantes ou coloridas:

    Tomei Iltll peda{O retangJ/ /ar d e c ar ta o preto t e rmi-n a do p o r l a do s p a m l e / o s, e co m 1IJ!}a l i n ha r et a perpen-dicular de um lado ao outro d io idi ..o em dum parte sW J ai s [ .. .] . P in te i I J J J J a d a s partes c o m u m a co r verme-Ih a e a o utr a co m um a ( o r a iu l 31

    Utilizuu tambem a ideia de cor como qualidade da luz,ao realizar outras experiencias sobrc as cores da luz refratada:

    13

    3 0P o u n d, 0 A B C d a l il e ra l ur a ,p.25-7.

    31N e w t o n , D p l i c a , p . 51 .

    14 .." .,.. vt ..... - c o r P lI 'I t od oI 0 1 o lM I 'f t 1 ! ! 1

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    32N e w t o n , O p t i c a , p 1 1 2 ,

    33I dem, i b idem, p, 1 1 5 .

    34A r n h e i m , A r te e p e rc e p ~ a. o

    v is u a l: u m a p s ic % q i ad a v i s a o c r i a d o r a , p. 3 2 1 ,

    35K a n d i n s k y ,

    D o e s pir it ua l n a e rt . p , 64 ,

    u ni fo rm e me nt e a m ar ei a o u w r me /h a {IO s a ir d o s p r ism a s[ . . . ] . 3 2

    A a pl ka ft lO qJi~ ( ( ) tI ( ( )r r i ap e1 f ti l ammte com a t I a/ I i'n za p od er ia s er d en om in ad a s im b dli (a , c as o a c or s ej autilizada e m c on so nd na c om 0 i fe it o , e a i e rd a d ei r anlaflio e x pr im a im ed ia f am e n te 0 significado. Ao sesip o r , p ar e xm p lo , q ue 0purpura designa a mryes/ade, na oh d d ut'ld a d e qu e Sf trata da expnuao corre ta, comoj d c X PU SC J I/ osa ama .

    Um a apl icardo muito proxima da ante r ior ia q u epoderiamos c b ama r de a/eg6riCt l , l1 ia ir a ra c ns ta n aa ] earbi frana, 011 me lh o r , (Of lvencional , na medida cm qu ea s en t id o do s ig n o n o s de w se r t r an sm i t i d a n te s q uesaibl1JJJos0 q ll e dese s i gn if i ca r , (OWO,p or e xe mp ia , e mr ek lp ita a o v er de , a o q ua l s e am i m i a csperanfa .36

    Desse modo, Newton se v e obrigado a csclarecer asdef inicoes de cor por ele uti lizadas:

    I~'sepo r a ca soi a i ar de luZ e r a io s c om o s e n d o c o lo r i-do. IJU dotados J& c or es , d er o s er e me nd id o c om o fa landon ao f il os rt lic a e a pm pr ia dm JH Hfe , m as to sc om m te , e d ea co rd o ( om a s m n ce /J rr Je s q u e a s p es so as c om u ns q ue ius-. r em t od a s e s sa s e . xpm' inc ias t en de na m a f o rma t : Pols OJraios, para [a lar propriawff / tc , n(IO . r a o c o l or i d os . N e i e snada m ais hd rio qllc Ufll c e rt o p o d e r e d i. fp ( )s ir i io p a r aexatar a ,rtf/sardo desta ou daque ia cor. Pa i s , assimcomo 0 sam em Ulf! s in o, o u c or da m us im l, Off outrr o rp o s o no r a, na o passa de IIIn mov imen to I ! /b r a e io n a ll..., n os r aio s e t as n ad a m a is s ilo d o q ue s ua s di . tpos i -, c r i f s p a ra p r op a g ar e s t e o u aqude fI Iot ' i tJlcl1to at f 0 s e n -sorio, e n o s en so ria e la s sao as per cepr i f es dCJSfSm o ts m en ta s s ob a s f o n s a s de (orcs. 3.1

    E jusramente essa aplicacao simbolica das cores que s e r ade rnaior valia para estetrabalho. Utilizaremos 0conccito decot na sua dimensao apli cat iva , ou seja, a cor apli cada a a l-gum objeto, seja ele corporeo ou etereo, material ou coocei-mal. Extrairemos a simbologia das cores scmpre de algwnade suas varias aplicacoes, Utilizaremos a a ir c om o i n1 or m ac ii o~. ~ .que desempenha determinadas funcoes quando aplicada comdeterminada inrencao em detcrminado objeto.

    A aplicacao inrencional da cor, ou do objeto (conside-rando-se a sua cor), possihi li tara ao objeto (ou est imulo 6-sico) que contcm a inforrnacao cromatica receber a deno-minacao de signo. Ao considerarmos uma aplicacao intencionalda cor , CSI:.lfcmOS trabalhaodo com a informacao "laterite",que sera percebida e decifrada pelo sentido da vi sao, in-rc rprctada pe la nossa cognicao e t ransformada numa in-formacao atualizada, "Tudo 0 que percebernos ja c umainformacao atualizada.'m

    Seguindo a escola da Semi6tica da Cultura, como e co-locado por Ivan Bystrina," enrenderemos, numa dimensiiopragmatics, a c o r c om o in jorma{Jo a tu a li za da d o s i gna , ou seja,urn objero produzido pot Wl1 emissor, rccebido e interpretadopor urn receptor. Na dirnensao scrnantica da semiose, os sig-nos estarao compostos em complexes significativos - os tex-t il l - e organizados por sistemas de regras - os C t J d i / ! p s .

    Nesse scntido, podemos compreender a c or c omo Um do se l e m e n t o s ci a s i n t a x e d a I i f 1 J ! , J ( a . . ~ e m t i s u : a l , e a linguagem visual

    Para urn mclhor entendimento do que e a cor , deve-mos tambcm considerar que ela exerce algumas funcoes ,Pa ra Rudol f Arnhcim, a cor e a mais eficiente d im e ns do d ed iSCI imina faa :

    [ ,i ff /a b o l a qu e r o la s ab r e 11 m J ,rramado pode s er 1 0'c aliza da e a pa nb atla ( Om m a ito m a is m 1 cza s e fo ridentiJi tada na o a p e tl a s p o r Te l l f I IO I );m8n to , c o n -j igura(ao, t e x tura e t al t' fZ d a ri d ad , t nas tambem pel~u e rm el b o i n te n s e que a separa ria g r am a ! 'e r de . :l 4

    - Podemos, ainda, apontar uma segunda funcao da cor :o seu p o d e r d e e:x:presJiio. Como afirma Kandinsky: '~' \ corprovoca, portanto, urna vibracao psfquica. E seu efeito fisicosuperficial e arenas, em surna, () caminho que lhe servepara atingir a alma",35 E uma te rcci ra funcao da co r podeser classificada como a c a pa d d a d e d e - r i gn i fi cm : Goethe ji ha-via esbocado algo nesse sentido quando citou as apli ca-!,;6cssirnbolica e aleg6rica das cores:

    36G o e t h e , D o u t ri n a d a s C O " ' ,p,154,

    3 7B y s t r i n a , T 6 p ic os d aS e m i6 t ic a d a C u ll ur a, p, 4 .38I d e m , i b i d e m , p . 3-4.

    16 cor como Inrorm.;lo - lueienc gulmllrltl!l apftuto w lo te tl I cor !)II'II todOI 01 olhlm 17

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    39B a it e ll oj un i or ,O s c 6d ig o s d a

    i nt e rc u lt ur a li da d e , _in : P r o j e k l , n 4, p . 24 .

    40L o t m a n ,

    Sobre 0 p ro b le ma d at i p o l o g i a d. c u l t u r a ,

    i n: S ch n a i d e r m a n ,S e m io li ca R u s sa , p. 33.

    41B y s t r i n a . F u n da iT Ie n lo s d aSem i 6 li ca d a G i l/ I u ra . D . 4 .

    Mas podemos afirmar que 0 mesmo cravo vermeJho,quando coiocado em urn smokin/i de urn senhor em umanoire de gala, passa a set ur n texto e 0verrnelho ur n signodessc taro c ate rncsmo, pOl' si ~6, urn texto cultural. 0produtor / emissor nao e mais a f lor, mas 0 homem que tcra

    como urn dos diversos cOdigos d a cornunicacao human a. Se-gundo Norval Baitcllo junior, a linguagem visual, assim comoas outras linguagens verbais e njio-verbais,

    co locad o a flor em seu S I f I o l e i n g . Ha ve ra e nt ao s e e st ab el ec id oa comun icacao com outros convidados do evento, este-jam estes comparti lhando a mesmo padrao de vestimentaau nao, independenre tambern de a emissor da informacaoter total conhecimento da origem cultural do texto "cravovermelho no smoking' , au estar apenas seguindo recomen-da co e s c o nv enc ion a d as de estetica ou etiqueta,

    o b ed ec eo r a d et er mi na da s I "I 'g ra s d it ad as p ar Ulfl outrem a cr o ss is te m a d e r eg m s. P e r c e b e - s e q ue t od os OJ s iJ temasd e r eg ra s o u c 6r lt go s e st ao l ig ad os m tr e s i e jaZ!'" p ar te d e1 1 m c o o/ ,m / a m a is a b m n , g e n t e d e r e gr a r au um ! l 1 a r r o c 6 d { I ! pc hamado CU!Jura. .19

    Acreditamos na potencial idade do uso cia cor comoinformacao cultural. Isto sigoifica que ja estamos assumin-do a cor como uma codificacao cultural.

    Para Jur i j Lotman:/lntes de mazs nada e precisn noiar que qua/quer

    t e xi o C f ll ir r ra i (no se na do d e "tipfi d f [ JI/tu ra ') p od e s ere X { / / J " , r i , l a d o t a n t o como um a e s p i c i e d e 1 1 1 : \ 1 0 t i tl i co , com mnc o d ( l ! , o tinico, qllan to um con/unto de / O : tM , mm mntkkminatk m ' ! i u n t o d e cddigo.f,a e l e s c o m s p o n d e n k, .4 fJ

    E desta forma que devemos ra rnbem entender a corcomo texto, para este estudo, no seu papel de informacaocultural - mesmo como parte da s intaxe visual.

    Quando encontramos urn cravo vermelho no jardim, 0"cravo" ou 0"vermelho", apesar de podermos aponta-los comoinforrnacoes visuals, nao sao signos. Segundo Bystr ina,

    - - + - /I co r d e u ma j l . O T lm n Jm i! e u m a injormtlfao . r r , lZ ,un-d o a q lla ! n_r par,rCilTJ. r e o s i ns et os .fe orien/am. AJa f essai nf or m ar ii o a in d a n it o f um s i . I J , II O , f um p t i -s i fJ l o . 0 q l l ej a/ ta p a ra q / J e el a se t o m , u m sig no f a in ktl ri io : a p l an t anao tem a i n tena io de fer um a cor ; e s s a / ~ f o rm4 f ao ut arontidn !JO St ll rodigo gCll lf tk o . 4 1

    19

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    capitulo azul:a cor profunda

    Em 1 i~~ ra [OnJO a n o zt e. 0g e. ff o b ra t/ do c om q m ,uma f"ez p o s i a , (Omf(OII a It/onr as asns, #/lha 11111c er to a r e sc ar nin bo , q ue m e aborreceu mu i to . De i deombros, sai do quarto; mas tornando lei, min t r to sd ep o h e acbando-a ainda no me sm o I l I g c n ; senti 1InJreprl i io d os n er uo s, la nc et m ilo d e U 1 l 1 < 1 t oa lb a, b at i-l be e e ta c ai .l...T a m be n: p o r qlf d iabo niio e ra e la a if ll ? d in ec I ' J ! J u g o .l...E e s ta r e fl e xi i o, Ifllltl d ns m a is p ro fu nd a sq lf e s e t em / ei lo , dndy a i,w wflio d as b orh oleta s, meconsotou do m a le fi ci o, e 11k reconcil io ( omi go JtIfJ"-m o . [. .. } A n Jo n b J er a l in da . V eio P Ol' a l i jo ra , m o-d e st a e f le g m , e sp a rr ec en d o a s s u as {Jor i} (J /e#ces , so ba u as ia r up lf la de 11 m r iu a zu l, qN e i sesupre azu lp (lm to da s a s a s as .

    [ . . . 1 Porqu .e, (j !1Jto dize -Jo, , 'e e l a fo s se a zu l , Olt co rde i a nm j4 , fit}O fe ria m ais seg um a m da; llao er a im -p o. r. ri rd q ue e u a a ir ai es sa ss e c om u m ( "f in d e, t ia ra r e-c re io d o s o lb o s.

    [ . .. J A i I ) inhamj t ! aJ p r r Jr 'i d a s / o l" m i g a J . .. ,Val!,1 ' 0 1 1 0 d prime ira i d i iL l ; cre io que p ara e !a era m e lh or t er 42n n sa d o a z ul . M a c h ad o d e A s s is ,

    Macha d o d e As s is " M e m 6 r ia s p 6 s tu m a sd e B ra s C u b as , p . 62-3.

    Codigos biofisicos:a leitura corporal das cores1\ informacao crorna tica quando e ernit ida a inda

    njio const itui urn s igno. Ela dcvcra, para isSO, ser recebidapcla nossa visao e atualizada pcla percepcao e interpretacaoda sua materialidade. Nesse processo informacional, a pcr-cepcao visual desernpenha um papel de grande releva..ncia,

    20 (lor como Inrorm'910 - l uc la n e g u l m ll rl l I 21

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    43B y s t r i n a , Semi 6l ic a da

    Cullura, n a o pag,S e g u n d o B y s !r in a (Semiolik-

    der K u l tu r , p. 104-5), a sc O d ig o s p r im a rio s s ao a s

    f il ol og i c am e n t e m a i s a n f iu o se c om o oe m o s c 6 d ig o s

    g e n e tic o s ( in f or m ag a o e n tr ea a te p a ss a co s e

    d e s ce rd e n te s ), o s c o dig o si n tr a or g a n ic o s ( in t o n n a c a o

    n o in t er io r d e u m o rp a n is m o )e o s c M ig o s p e rc ep ti v os

    ( in f o rm a g 6 e s e n t re 0o rg an is mo e 0 se u me io ) .

    Vamos realizar urna analise um pouco mais profundada capacidade percept iva do horn ern, no que se refere ainformacao cromatica, investigando as invariantcs na reeep-cao,no armazcnamento, na gcrayao e na producao de infor-macae, Nossa inrencao e, sobretudo, apresentar a base dosc6~,,)s primaries cia cor para 0 seu uso cficiente como in-formacao na comunicacao social. Objetivamenre, esse usoeticiente requer 0dominio da construcao da imagem e daformacao da inforrnacao crornarica, 0que, por sua vel" im-plica 0 previa conhecimento dos comport,1.mentos do apa-relho optico (deterrninantes de algumas especificidadcs dasimagens de que, normalmentc, ao recebe-las, analisa-lasau mesmo consrrui-las, na o nos damos eonta). Inicialrnen-te, vamos buscar tais invariantes na descricao do aparelhooptico e de scu comportarncnto genu visando fornecer umreper torio minimo para ()estudo da formacao da i m % 1 - e 1 T I eda percepcao das cores. Complctaodo, apresentamos na se-",, 'Undaparte deste capitulo, de forma semclhante, a descri-~a o do cerebra e de suas capacidades cognitivas na forma-

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    A o p ass ar p ela p up il a s f lu xe s lu min oso sformam a imagetn invertida do campo visual,por tanta, dos objetos inser idos em seu espa~o,pelo principia da c am a ra o b s cu r a (Figura 2). Essaimagem inver tida e posteriormentecorrigida pelo processo de cognicao,

    Para que a luz atinja a ret ina, enecessaria a convergencia produzi-da por sua refracao nos meiostransparentes do olho. A luz, que . .. .. _~..".IJIi:::-----?r-1se propaga no ar com vclocida-de aproximada de 300.000 km/s, t ern sua vcloc idade reduz ida ao a tingir outros rne iostransparentes. Caso a luz incida perpendicularmente a su-perfic ie do meio transparente, havera apenas a reducaoda velocidade, mas casonao incida de forma perpendi-cular, como sobre superficies com algum grau deangulacao, a luz tambem sofrer a um desvio da sua tra je-t6ria (a refracao), 0ndice de refracao e calculado pelaproporcfio entre a velocidade da luz no ar e a ve loc idade."da luz na substanc ia t ransparente . Quanto maior a di fe-rcnca entre os indices de refraci lo de dois meios transpa-rcntcs, maior 0desvio provocado na passagern de umpara outro. E quanto maior 0angulo entre a luz e a su-percie atingida, maior tambem sera 0desvio, 0que ex-plica a capacidade de convcrgencia de lentes convexas,

    No total ," quando 0olho tem seu cristalino aco-modado para a visao a distancia, ele efetua uma convcr-gencia com refracao de cerca de 59 dioptrias, ou seja,com urn poder de rcfracao 59 vezes mais convergentcdo que 1 diopt ria (a capacidade de convergi r raio s lumi-nosos parale los para 1 met ro arras da lente)."o que mais nos inte ressa , pa ra a melhor apl icacaodas cores na construcao de informacocs visuais (es t: it icasou em movimento), e considerar que, se e a c6rnea aprincipal instrumento para a convergcncia da luz, nos olhos,devido a maior di ferenca ent re as Indices de refracao nainterface "at-cornea", e 0 cristalino, com seu mecanismede acomodacao, 0responsive! pela perfeita projecao dasimagens na retina.

    sensfveis a luz e a sua mudanca, mas sem sensibilidade acor - e cerca de 3 milhoes, os c on es - sensiveis as cores eformas. Enquanto as bastonetes predominam na per ife-r ia da ret ina, as cones predominam no centro, denomina-do p lIC a r r :t iman a . Do centro da fovea ret iniana, par te 0 ner-vo optico, e, neste ponto, denominado ponto c e g o , nao hacones e bastone tes, Na fovea ret iniana existe ainda umadepressao de aproximadamente 0,4 mm de diamet ro comuma concentracao maior de cones, denominada foveacentralis . Qualquer imagem projetada nessa depressao seramais nitida.

    Os outros meios de refracao, os h umo r e s oq1l0so e v i-tree, preenchem, respec tivamente, a area entre a c6rnea ea cristalino e a cavidade central, arras do cristalino, sendo 0primei ro urn l iquldo e 0segundo urn material gelatinoso,ambos transparentes.

    A recepcao motora da inforrnacao visualOs objetos do nosso mundo sensivel, par ticular men-te os cromaticos, guardam latente a sua manifestacao, quee levada aos olhos pelos f luxos de feixes luminosos , A luz

    a tinge todos as objeto s que , por sua vez, refl etem inume-ras feixes luminosos em todos as sentidos. Todo 0espacotridimensional e ocupado por vetores luminosos que carre-gam as informacoes visuais dos objetos . Para 0 homem,parte desse espaco sera revelado pela projecao dos feixesque a tingi riio as pupila s de seus olhos, Assim, de todas aspossibilidades do mundo sensivel, apenas uma area de quase180 graus sera percebida, e e ela que compoe 0seu campou sua l . No entanto, para que menos estimulos do mundopotencial escapem it percepcao visual , o s olhos podem semover em sua propr ia orbita, por meio de uma especializae com todo a corpo do hornem, As caractensticas destavarredura sao particular mente importantes para 0 comuni-cador visual , que deve explorar os formatos (incluindo atipografi a, dimensoes e cores) e a fo rma como 0 produtopar ele criado sera vendido, manuseado e percebido. Des-sas caracteristicas nos ocuparemos ainda neste capitulo.

    44R e l e r e - s e a s o m a d a s r e ' ra ~ f t t .n a s i n te r fa c e s " a r - c 6 r n e a ' ,'c om e a- bu m o r a QU O S O ' , " h u -m o r a q u o s o - c r i s l a ll n o " , " c r l a -t a l in o - ~ u m o r v l t r e o " , consldt-i an d o -s e o s I nd ic e s d e r el r l-~ ~ o d e c a o a p a r te d o olho 0 1t or m at e s c O n ca vo s o u C O n v t -x os d as i n te rla ce s. A c 6 r n e . ,p a r e x e m p l o , c o m I n d l c e d . re I r a g a o o a l uz d e 1 ,3 8 , e m lila~a o a o in dic e n o a r q u e. 0r e f e r e n c i a l l . 0 , t e rn f or m a e i r -e u la r e c o n v 6 x a ; na p8ulglmp e l a i n te r fa c e " ar -c O rn . . , luz n a o sene n e n h u m d n V I on o c en t ro d a c o rn e a e d e av tO lc a d a v e z m a io re s n a s e X lI I-m i d ad e s , p r ov o c a n d o D r a n d ec o n v e rg e n c ia n o s r a lo s l u m l n o s o s .

    45G l I y t o n . N e u r o c l ~ n c " b I I J c I ,p.130.

    24 cor como Inrorm.", lo - luclano g1.llmar.!les C IIp ltu lo .Iu l - a co r prorunda 25

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    Em condicoes normais , a visao a distancia exige me-nos esforco que avisao de objetos rnais proximos, Quandoa olho recebe a luz do ambiente e a projeta sobre a ret ina ,a cornea eferua a maior pa rte da refracao necessari a pa raa formacao da irnagem, No cntanto, cssa refracao rem

    Compreendemos, por tanto, que conhecer algumascaracreristicas das imagens pelo cstudo do comportamen-to do nosso apare lho opt ico possibili ta explorar cada vezmais os recursos e as l imiracoes do nosso olhar. Urn pro-je to de comunicacao visua l bem elaborado i rnpli ca mui-tas VCi 'e5trabalhar com cornpensacoes para evitar as J i-mitacocs dos olhos ou rransforrna-Ias em rccursoseficicntes. Pot exemplo, na elaboracao de uma pagina derevista para um publico idoso ou para um publico infan-t il, devemos levar em conta, ale rn do repertorio cul tura l(uma preocupacao que estudarernos mais adianre), 0com-portarnento do crista lino e a sua difcrcnte capacidade deacomodacao nestes dois publicos c traduzi -lo para con-ceircs rao mais comuns como dinamisrno ou estabil idadeda pagina impressa. Me smo a opcao pclas cores,difcrentes para cada publico (mais sobrias c cscuras paraos idosos e mais luminosas , intensas e contras tantes paraas c riancas), e , ale rn de outros fatores que verernos adi-ante , uma derivacao dessas le is de compensacao e cfici -cncia na percepcfio "vi sua l. Cada cor, tendo urn gran dercfringcncia diferente, provocara diferentes relacocs deprofundidade. Considerando-se, pois, (lue a inforrnacaooa midia c, ria maioria das vezes, expressa em um plano auma disrancia fixa do olhar (uma tela de relevisao, demonitor de microcomputador, de cinema, uma p~iginaimpressa etc.), a usa cficicn te do espac;u criado pelas corestorna-se uma exigencia fundamental.

    poder dioptrico consrante e a precisao de foeo da ima-gem so e passive! dcvido a capacidade do cri st al ino dealterar sua convexidade.

    A rendencia natural do cristalino e manter a sua for-ma rnais convexa e que cxige m a io re sj on o d os I m i J (u / o s a l ia r e sque, pot sua vez, provocam mcnos tcnsao sobre os Iiga-mentos que envo lvem radia lmcnte () cri st al ino e 0 pren-dem aos musculos cil iares, Assim, quando exigida a visaode perto (maior poder dioptrico), o sistema nervosoparassirnpatico (aquele cujos nervos pattern diretamenredo sistema nervoso central) estimula os nerves que con-traern os musculos ciliates, os ligameotos sao afrouxados(como urn esfinctcr) e a convexidade do cristalino au-menta. De forma inversa, quando e exigida a visao delonge (menor poder dioptri co), ha a inibicao dos cstimu-los paras simpaticos, 0 r e / a . ' ' '; < J m f f l /o dUJ J1 IU , rCU/OJ c i l i a r e s e 0consequente tensionarncnto dos ligamentos, tornando 0cristal ino menos convexo, Sendo ass irn, pode-se afirmarque a t 'i st /u t lI a iJ r epousan t e e a qu eia q ue se rolta para OJ o i V e / o Jmais r js t r m t l : S , p r o p e n d en d o a o i n _ fi n it o .

    A imagem apresenrada numa pagina de revista, dejorna l, na tela do televisor, do computado r ou do c inema,ernbora mantenha dis tancia focal uniforme, plana, podeser uma representacao de uma imagem com profundida-de de campo real. Como rep rc scn tacao " erememorizacao, a imagem plana carrcgari i. em si tambemas caracterist icas da visao do objeto real . Dcsse modo, aimagern representada de uma paisagem panor:imicaprovocara uma rcccpcao rnais repousante, embora menosintensa, com cer to gtau de semelhanca em relacao a visaorepousame da propria pai sagem rea l. De forma ana loga,o uso de cores criara pianos de percepcao, separando eunindo, caregorizando c rcalcando os diversos elementosda cornposicao cia irnagern e, sobrcrudo, exiginclo maiorparticipacao do receptor ou dcixando-o mats passive erelaxado.

    Essa capac idade de a c o tJ 1 o d af ii o d o c r is t al in o , de quetratamos, diminui com 0 avanco da idade, provocando apresbiopia (dificuldade em ver de mais perto), em partepelo fato de 0cristalino estar em constantc crcscimento,

    Caracteristicas determinadas pelocomportamento motor do aparelho opticoP e rc e pp io d a d is ta n et aR i na r i edade / 0 1 { ! ! , 1 ' / perto

    46O s d iv e rs o s c o n ce it os d aim a g em c om o r e p r e s e n l a ~ a os ao a p re se n ta d os e mS a n ta e lla e N ii th . I m a g a m :c o g n i g a o , s e m i o l ic a , m f d l a ,p 15-32.

    26 cor como Inform.~o - lucianofilulmar!e. upltulo ",1- a c o r p r o fu n d a 27

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    47o " o lh a r v a g o " , O U " o lh a r s s rnv e r " , e c a ra c te r is t ic o d e q u a n -do m a n t e m a s a s m e s c ul os e i-I la re s r ela x ad c s , a v is a o a c o-r ro da da p a r a a d i s ta n c i a m a i o r ,a o lh a r p a r a d a , 0 l o c o i r n p r e -c is o e a im a g in a ~ ao l i v re , s e ma p r e o c e p a ta o c o m os c o m a n -d os d a v i s ao , c om o o eo rr eq ua nd o p ro cu r a m o s a I e m -b ra n ca d e a l g a e no s e sc ue -c e rn e s d e " ve r " ,

    /\, \

    00/.I00-,

    F ig u r ~ 3P o s i~ a o d a p r o je ~ a on a r et in a d eo b j et o s d is t a n ta s e p r d x ir n o s

    Podemos, pois, deduzir que tim o o /e to s er a ! !w is n ft id oquan to ma t' s c e nt ra l s u a i m ag em n a re tin a e , po rla nto , n o c am po

    gem nas areas mais externas ( temporals) ciaretina de cadaolho, enquanto urn obje to mais distante projeta sua ima-gem nas areas cent rais da retina de cada olho, Q ua nto m aisp ro xim o o o l? ;'e to , m a is e xt er io r i a area d a re tin a qu e ca p ta aimagem; quan ta mais d is ta nt s 0 o ij et o, ma is c e nt ra l e a area daret ina qu e cap ta a imagem (Figura 3).

    Isso e particularmente irnportante para 0 estudo dacor, ja que determinadas cores te rn melhor "leitura" na per i -f e r i a enq. xnt :o outras tern na r e g i a o central c ia r e t i n a , au sea, a d i s t t i -buicac das celulas sensiveis a cada cor determina areas es-pecificas de predorniruincia, 0que pode tambem ser bernuti lizado em urn produto de informacao visual. Exemplo:sabendo que 0 canal verde-vermelho e mais central que 0azul-amarelo," podemos dizer que as cores formadas pelocanal verde-vermelho sao as mais bern percebidas a distan-cia. 0 seu uso, p0rtanto, nos sem:iforos de transite e , alemda simbologia da s cores, eficiente e adequado.

    que provoca a perda de sua flexibilidade, e em partepela "desnaruracao" progressiva dis proteinas que 0cons-t ituem. Com 0 cri stal ino maior, mais espesso c menoselastico, 0csforco de acomodacao e maior e produz rnaisfadiga nas atividades que exigem visao de perto, assimcomo a fixacao demorada sobre urn mesmo ponto focalque nao se ja a ponto dc descanso (costumeiramcnte cha-mado de "olhar vago")47 produz forte tensao nos mus-culos cil iares. Da capac idade de 14 dioptri as, a acomo-dacao cai para cerca de 2 dioptrias no adulto de idadeentre 45 e 50 anos c para cerca de 0 dioptria na idade de70 anos, fazendo com que 0 olho estabil ize a vi sao emarenas uma dis tancia focal . Essa e tarnbcm uma preocu-pacao na producao de textos visuais direc ionados parafaixas etarias conhecidas; p o r t a n t o , hd v a r i a v e i s n a percePfi ioIJI:fUa/ de t erminadas geneticamente p e l a i da d e d o r e ce p to r , e I)produtorria men s a ,g em d e v e c o n si d er d - ia s .

    A capacidade de discernirnento da dis tancia e fun-damentada em tres acocs, A primeira forma de percep-~ao do que esta longe ou perto, ou da profundidade, seda pelo tamanho da projecao da imagcm na retina. 0 l ? j e -I O Jproximos p ro je ta m im a g e n J ma to r es n a r e t i n a ; o b je / o s d is /a n t e spro /dam im a g en s m en o re s . Discernir, cntao, se a imagem e deurn objeto menor ou distante, e maior ou proximo, re-quer 0conhecimento das caracteristicas dos objetos, ca-pacidade adquirida com exper icncias anter iores armaze-nadas,

    A segunda acao e conhccida como 0en iJmeno d a mo-w J J 1 e n t a r a o da para /axe . 0 olho, ao abarcar um campo visu-al, tern na retina urn movimcnto mais rapido para obje-tos proxirnos do que para objetos distantes, identificando,destarte, as diferencas nas disrancias relativas, Qutmto m a i .rp r6 .\im o a oqjeto , mais mo t im e n t o su a i 1 Jwg em r e g is tm na ret ina;quanto m a is d is ta n te , m a ts t e n d e d imob i l i dade .

    A tcrceira ayao sc deve a visao binocular, conhecidacomo f en o m en o d a e st er e op s ia . Em condicoes norrnais, a ima-gem c sempre captada pelos dois olhos . A distancia entredes garante que cada urn veja uma imagem de urn pontode vis ta diferenre, urn objeto central izado em relacao aosolhos, por exemplo, quando proximo, projeta sua ima-

    P ercp ffo d o es pa foB in a ne d ad e c en tr al ] p e r i f t r i c o

    Na area mais cent ral da retina hi uma concentracaomaior de celulas receptoras da inforrnacao luminosa . Aacuidade maxima obtida pda f ov e a c en tr al is , numa pequenaarea, menor que meio milimetro, corresponde a apenas 3graus do campo visual , 0que implica, segundo RudolfArnheim, a diferenca entre a p e r c e p p a o pas s iv a e a percepfi ioativa na experiencia 'visual. A visao se ajusta mais as trocasdo que a imobilidade. Nesta exploracao seletiva, os olhosprocuram dirigir-se de maneira ta l que

    a ZOM d o c am po visu al po r e xam in ar ca ia d en tr o d eu ma e st re ita m ar ge JJ } em q ue a v is iio i , , ,a i s ag l lda . Aa g u d ez a d i !l 1 in u i t i fo depress qlle lilt) d e s / J l o d e d e z g ra u sd o p onto de j l X a p i i o , de onde a aglldeza i ma:>';7ma,ar ed uz a Ut1Ja q u i nt a p a r le . 49

    48S o b re o s c an a ls d e r ec ep Q I Od a r e ti n a , v e j a n e s t s c a p it u loo i t em "A p e r c e p y ! o 6 at r a n s m i s s a o da I n l o r m a ~ oc ro r n at lc a ', n a p a g ln a 4 5 .

    49A r n h e i m ,E I p e ns a m if ln /o v is u al ,p14e20-5

    2 B COt' como Informqlo - lucllno gulmlrl . . , I l t u lo 1 ,1 1- Ico r pro fund l 2;

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    tUl laL Notamos que, em concordancia com essa caracteris-ticado olhar, ha uma rendencia em alguns dos projctos gnificosem diluir (ou desfocar) as bordas das figuras.

    No cntanto, a _ fi m e a ( e n tr a li s nao e um ponto geome-tricamente central da ret ina. Ela esta, ao contrario, urn poucoabaixo do centro geometrico. Do ponto geometricamentecentral, sai 0 nervo optico, conhecido como ponto cego por-que nao ha extrernidades sinapticas nas celulas receptoras 0que 0 torna urn ponto nao-sensivel a luz. Assim, 0 cent ror Jp ti co d e l im a i ma ge m , q ue n at ur a/ me nt e [ a u o r e c e 0 equi l ibrio w -sual , fsta loca/ izado u m p as co a rim a do centro ,geomehico do cam -p o oisua].

    Perc eP fi io da l um ino s idade .B i na r ie d ad e c la r o/ e s ce r o (1 )

    o olho tern alguns instrumentos para compensa r adiferenca de luminos idade ambiente e manter a boa recep-cao da informacao, Este controle e realizado pela ins. Quan-do a luz e insuf iciente, os musculus da iris se contraem,alargando a pupila, e,quando a luz e mais forte, distendern-se, res tr ingindo {}seu diametro, var iando a entrada da luzem ate 30 vezes.'o

    Os estimulos para estas operacocs da iris sao cnviadospdo nervo craniano do sistema nervoso parassimpatico, Oscst imulos parassimpaticos provocam a contracao da iris, esua inibicf io a faz dis tender-se, Assim se explica par que asimagens (o m ma io r i l um i napo e xi ,g e m m e n or e s f o 1 ' f o d a v is iio d oqu e imagens tom baixa i l l lmin(irao. E menor esforco significa,naturalmente, mais prazer.

    Das cores primarias c sccundar ias, a amarelo i: a corde maior luminosidade, enquanto 0violcta c a cor de me-nor lU9;1inosidade,51 ou seja, 0 amarclo C a cor mcnos"bloqueada" e que , portanto, p rovoca rnaior parti cipa-c;: aodo receptor e tambem maior atencao, De todas ascores, 0 amarclo e a de maior retencao mnernonica, ousc ja , de forma gera l, e a cor que mais contribui para afixacao da inforrnacao na nossa memoria, Observe-soque 0 amarelo assume, na sua s imbologia contempora-nea , a represe lft ayao da atencao e do alerta, sendo por1S50 usado nos codigos de transite (dada tambern suaboa visibi lidade de contraste quando combinado com 0preto) e ate mesmo como cor dos caracteres da escritatelevisual, como cotacocs de mocdas , da balsa de valoresetc.

    P e rc ep fi i o d o l !OlumeBinari edade v o l t im i c o / p l ano

    Cada olho vc urna imagem de urn ponto de vistadiferente do outro c , por conta di sso, possui urn campovisual ligeiramente diferente, Esta visao binocular pos-sibi li ta a.construcao da tridimensionalidadc, da percep-yao do volume. A nccao de volume e construfda pela di-ferenca entre as imagens dos dois campos visuais . Quantarnais proximo esta 0 objeto dos olhos, maior sera a d ife-ren~a entre as imagens projetadas na retina, de onde seconclui que, quanto ma i s p ro xim o 0 o i? ;'e to ., l J Ia i s I J o /l lm e e i ea pr es en ta n a s ua r epre sentaf l lo; q ua nto m ais dis tas te , ma t s des-javoral lel s e r a a pe rcep fa o d e s eu p o/ um e , Podemos tambernafirmar que imt{f f , fns p r o x ima s Ja o t Ha is a d eq ua d as r i a p r e s e n -ta ra o tr id jm en sio n a~ e i tJ la ge n, f d i sta n tn s ao mazs a d eq u ad a .r drtpmentari io plana. E ainda, que a imqf!,em plana e dis/antee x i g e meno s e s j o 1 ' f o n a su a p e r c e p f i i o .

    Tal nocao de volume, aplicada a s cores, rcsulta no se-guinte: 0 azul e a co r mais plana , enquanto 0 amarelo e amills vohirnica, 0 que corresponde tambem ao azul seruma cor "mais f luidica" , enquanto 0amarelo e uma cor"mais concreta", e esses resultados cstao em correspon-dencia com os estudos de dinarnismo da cor, como osaprcsentados por Kandinsky,

    P e r c e p f l l Q da p ro /l in d i dade de c a m p oBinanedade de l im l tado / d i fu sa

    o controle cia abertura pupi lar tem grande impor-tancia na definicao da profundidade de campo eta ima-gem percebida:

    50G u y t o n, N e u r o c ie n c la b ~ s l c .,p . 1 3 1 .

    51S a b re a D r op a r~ ao d al um i n o s id a d e d a s p r in c i p al sc o re s . v s r 0 C a p it u lo v e rd e .

    52G u y t o n , N e u r o c i e n c l a blslc l ,p 131-2.

    30 I cor como InformlQlo - luclsnc gulmllrl c.pltulo l lE ul - a c o r p r o l\ J nC l I 31

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    53N o ta -5 e a in d a Q u e , c a s o 0 fe -c ~ am e n to d a p u p ua s s ja in s u -f ic ie n t e p a ra d im i n u ir 0 u u x od e IUl m u it o in t en s o , a b a i x a -m as a s p a l p e b r a s d e s o lh o s ," c e rr a n d o " a v i s a o , d im i n u in -d o a I uz d e f o rm a m a is r a p l -d a , P e s s oa s r m o p e s. s e m le n -t e s c o r re t iv a s , l re Q u e n t e m e n t eu s a r n 0 m e sm o r e cu rs o p a r ag a n h a r p r a f u n d i d a de d e c a m -p o e I cc al i za r u m a i m a o e md l s t a n t e .

    54R o d o p s i n a n o s b a st on e te s e

    p i g m e n t os c ro m a t o ss e n s fv e lsn o s c o n es ,

    A m a io r p ro ftm d id ad e pass ive ! d e f oc o o co rr e q ua nd oapupi la uta e xmmame n f e p e que na .A raziiodim e que ,(o m a a be ri ur a m u it o p eq ue na , to do s o s r a io s lum inososde~'et! l a tr a ue ss ar o c e nt ro d o c n st al in o , e (JJ r a io s ma t 'scentrais t s t a ( J J em p re e m jO(O,!2

    Cada celula receptora da retina tern duas importancese x rr em i da de s, N a e x tr er ni da de superior fica localizado 0 seg-mento externo formado basicamente por s ubsMnciasjotosJens /l!eis ,54 Na outra extremidade forrna -se 0 corposinaptico, cluetransmite 0estimulo para outras celulas,

    Sao duas as fases de estimulacao de um a c el ul a recep-tora . A sin tese , que se da pe la decomposicao da prote inafotossensfvel em outras substancias que provocam a excitacaoeletrica rut cclula, e a r e s s i n t e s e , que e a recomposicao automati-ca cia protefna, quando cessada a exposicao luminosa,

    Das cclulas fotossensfveis, a transmissao dos sinaisocorrc de forma graduada, conforme a modificacao das con-centracoes dos pigmentos fotossens iveis, Quanto maior aintensidade luminosa, maim e a quantidade da substanciafotossensivel que e decomposta e mais intense e 0 sinal trans-mit ido pela sinapse da cclula, Na ret ina, apenas as celulasg an gl io na re s - que ligam cada fibra do nervo optico coma camacla fotossensfvel da retina - transrnitcm os estimulospor potenaais d e a ri io , que e a resposta on-off aos estimu1os,au seja, a cqpdut; :ao pclo nervo optico sc ; ] . - 1 _ na traducao dai nt en si da de e le tr ic a para quantidade e frequencia de pulsoseletricos,

    Tendo varies obje tos com disrancias dife renres nomesrno campo visual, 0 ohservador seleciona aquele quelhe desperta 0 maior interesse. Este objeto estara em foco(coordenado pelo cristalino). Os demais objetos do cam-po 'visual estarao propordonalmente mais desfocados con-forme maior for a dis tancia do objeto principal (0 escolhi-do como foco de atencao do olhar). Como tarnbern adiferenca de foco e t anto maior quanto maior for a aber-rura pupilar, deduz-se que a iJ !la ge m m ais ilu mzn ad a P OJ -sib iiil a H ma me l b o r p ro fu nd id ad e d e c am po , ~ 'a lo n'za nd o, a limd o o bj et o principa~ todos as e le m en to s d o c am p o t is ua !. Dessaforma, a imag:em mais c6moda para os olhos (com menoresforco muscular) tambern possibi li ta melhor qualidadeda imagem. 53

    A percepcaoda inforrnacao lurninosaP e r c e p r a o ri a luminos idadeB in an ed ad e c la m ! e sa o ( II )e todo 0espectro eletrornagnetico, apenas os raios

    lurninosos compreendidos na fa ixa de 380 a 760 mi limi-crons de cornprirnento de onda sao vis tas pelo homem.Os raios luminosos de comprimento de onda menores de380 milimicrons (os ulrravioletas) e os maiores de 760milimicrons (os infravermelhos) nao sao visiveis devido aautoprotecao natural do aparelho optico humane.

    1\ retina e 0 ponto final do caminho percorrido pela luzn a cons t ruc a o da imagern. Com seus 1 30 milhoes de celulas,cia transforma a luz em impulses que sao enviados pelo ner-v o o pt ic o para 0 cerebra. Nessa t ra ns fo rm a ca o, t amb cm ocor-rem varias alteracoes na imagem, decorrentes das particula-ridades hioquimicas c ia retina. Assim, pode-se considerar quea inforrnacao visual continua sendo construida no momentada recepcao e transmissao operadas pela retina.

    A retina rambern conta com alguns mecanismos paracorrecoes na " leitura" da luminosidade, conhecidos comoa da pta ri io a o d aro e a o m um

    Sob iluminacao intensa e em periodo mais longo deexposicao, hi a diminuicao das substancias fotosscnsfveis daretina, diminuindo a scnsibilidade a luz. Da rncsma forma,da-se a ressintesc para a obtencao das substancias fotossensiveisquando a luz C insuficiente por longo perfodo.

    Outro mecanisme e 0acionado pela r a m ad a p ig m e nt arda retina. Essa camada fica arras da camada de cones e basta-ne res e e formada basicamente por melanina.f A camadapigmentat c uma das responsaveis pela adaptacao gradacivado olho a escuridao, pois, ao passar para 0 fundo da retina,

    55C o m o a m e l a n i n a e u m p ig -m e n t a e s cu rn , im p e d e a r ef le -x ao d a I uz r e c e b i d a p e l a r e ti -n a p a ra t od o 0 i n t e r i o r d o g lo -bo o c u la r, g a r an t in d o a r e c e o -~ a o d a im a g em a p en as n aa r e a a t i n g i d a ,

    32 c or c om o In fo rm l Ci o - luclano gulmlrll. .pltuto .. ul - COf profUndl !:5

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    56G u y t o n , N e u r o c i e n c ia b i is i c a ,

    p 143.

    57A r e ti n a p o s su i v a ri as c a m a da sq u e e s ta o l i g a d a s q u a se t od a sv e r t i e a Im e nt e p e Io s c o rp o s s l-n a p t i c o s : e n t r e t a n t o , n a a lg u m a sc e l u l a s q ue ta m be m a tlM m e mI i g a g ii e s h o r iz o n t a i s ,

    deixa as celulas fotosscnsivcis rnais expostas a 1uz.Quando aluz e insuf iciente, a vitamina A, que a camada pigmcntararrnazena, pode Set transformada em substancias fotosscn-sfvcis das celulas receptoras c ia luz; a sfnrese contraria tam-bern pode ocorrer se a luz for intensa dernais,Dessa forma, acarnada pigmentar tanto pode ser um rcforco para a sensibili-dade das cclulas receptoras como pode scrvir de armazena-mento temporsrio para as sobras de material fotossensivel,

    Segundo Guyton." nos I imites maximos de adapta-~ao, 0 olho pode rnodi ticar sua sensibil idade em ate ummilhao de vezcs . 0 processo porem, e bas tante lento.

    Como, geralmente, um campo visual contern areas ilu-minadas e areas escuras, a adaptacao c ia retina se faz scmprecom ajuste para as areas claras, Isso s ignifica, para produ-tores de imagens, que a inforrnacao escura, ou na penumbra,em dcterminado campo visual com areasclarase escurascom-binadas e fortemente contrastantes, nao rera ta o boa visibili-dade para dctalhes, E, em sequencia de imagens, 0ideal eque se facauma passagem graduada de uma area demasiadaescura, de longa duracao, para uma clara, ou vice-versa.

    No controle do contras te, que garante a def inicao doslimites entre areas de conteudo visualdiferente (lurninosidadeou cor), as celulas hor izontals" tern papel fundamental . Assaidas para os s inais dessas celulas sao sempre inibi torias .Quando urn bastonete, por excmplo, envia 0 sinal para umacelula intermediaria (bipolar) entre ele e a celula ganglionar,os bastonetes laterals a de enviarn, indiretarnente, os sinaisde excitacao para as celulas hor izontais , que, par sua vez,invertem a polaridade (devido a sua diferente constituicaoquimica) c dao saida inibitoria para a mesrna celula bipolar.Dessa forma, caso esse bastonete selocalize cxatarnenre numaarea limitrofc entre 0claro e escuro, a caractcrfstica inibirorialateral garante a passagem de sinais opostos, lado a lado, sema dispersao lateral, garantindo 0contraste da imagcm com aseparacao Jag bordas.

    tamente os cones e bas toneres e a imagem, consequente-mente, seja mais nftida, Da periferia da retina para essaarea, e cada vez menor 0 mimcro de bastonetes, enquantona fovea, local izada no centro da macula, hi apenas cones.Contr ibuindo para a mclhor acuidade visual, os cones terncaracteristicas peculiares que mclhoram a pcrccpcao de de-tal lies , alem de serem mais cstrcitos nessa regiao foveal. Aproporcao e dis tr ibuicao das celulas na ret ina igualmentefavorecem a area central : na fovea hi urn rnimero de f ibraspara a transmissao pelo nerve optico quase igual ao mime-to de cones, enquanto na peri f eria da re tina hi ate 200bastonetes para cada fibra, 0que provoca urn acrescimo nascnsibilidade dos bastonetes, que ja e , individualrnente, 300vczes superior a sensibilidade dos cones. Em compensaciio,como as cclulas ganglionares e fibras nervosas que recebemsinais dos cones sao mais Iongas, a velocidade de transmis-sao C a te cinco vezes maier que ados bastonetes.

    Considerando esta distribuicao espacial das celulasna re tina , podemos conduit que a co r i u m je n6 m en o e x-l re m om e nt e j 't ll 'o r fc i do pela centralidade do o bje to no tampol!iJual.

    A percepcao e a transmissaocia inforrnacao cromaticaPercejyao das con'sB i na r ie d a de s c r om a t ic o ] a c ro m a ti ar ;r e rd e ] v e rm e l ho J o:{ff!/off/an!o

    o fi.siologista Ingles Thomas Young (1783-1829) de-terminou, em 1802, com base na ideia c ia reducao das coresa tres bas icas, t res t ipos de receptores em nossa ret ina: ver-melho, amarelo e azul . 0 fi siologi sta a lem:io HermannLudwig von Helmholtz (1821-1894), pOI' sua vez, em 1852,dete rminou tres especies de fibri la s nervosas na re tina: aprimeira estimulada principalmente pe1asondas longas (ver-melho), a segunda pelas ondas medias (verde) e a terceirapelas ondas cur tas (azul-violeta), Com as cxper iencias deJames Clerk Maxwell , em 1861, usando fil tros vermelho,

    Co n e s e b a s to n e te sNa macula, no centro da ret ina, as carnadas supcr io-

    res sao afastadas, abrindo espa

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    V a r e l a e l a i ,D e c u e rp o p re s e nt e, '

    L a s e l en e ia s c o g m t i v a s y fae x p e r ie n c i a h u m a n a , p 1 8 6 7 ,

    S eg un do G u yt on ( N e u r o c i f ii l-c i a b i i si c a , p , 142) , a s subs -t a n c l a s Iotossenstvais s aod e n om i n ad a s p ig m e n to s s e n -s iv eis a n v er rn e lh n . p ig m e nt oss en s lv eis a o v e r d e e p ig m e n -t o s s e n sv e ls a o a z u l , c o m" p lc es d e a b s or b an ca p ar a o scnmpr imen tos d e o nd a, r e s-p ec tiv ar n e n te , d e 5 70 , 5 35 e4 45 m i I i m l c rn n s ".

    58

    L + M + C = canal acromaticoL - 1\1 = canal verrnelho-verde(L+11) - C = canal amarelo-azul

    verde e violcta , comprovou-se a sfntese aditiva da percep-t;aO visual,

    No l i iro da cor, de 1905, Albcrt Munsel l re toma aestrurura criada por Helmholtz para dcfinir as cores, consi-derando as tres caracterist icas fundamcnrais da cor : matiz

    1 . . , 1 (1.1' t:01'IJ s imjJ/ I 'J . ( I io l i r" y ' /- 'CI r /aJ' d e 1 1 1 1 1 sina! d e f/111c a na i c r om a ti co , d e sd qt/I' o Oil/H) ((I/tal cromdtic ntf}an c ut r o o n e q !l il ib r a do . P O I ' exemplo, 0 veni t p l i ! ! ! t i l i o re -mlt t l q ua nd o () canal vermdho-JJenie e l ll i te 0 . r in a l "ver-de" e () calla! {[mar e /a - azu l i n e st r , d e m o d o qu e Il t /Oe mi te " am ar cto " n em " a ' ( ! i l " , _A s c o r e s s ea m dd na s, d e011/1'0 lado, _ f a o d e r iu a d as d o i n t f l J q g Q d o s r l oi s ( ( I I1(1ir. /1.f-sisr; O/JtWI'J.f Ie/rm!!{l qu{wdo o c a ll ai J/f r t lld !Jo - / /cnu? cmi te" t ' l! r m e l h o " e (j { a n t ll a m t u y > ! o - tl '( !i ! e m i l e 'i :; l7lardo ,,_w

    (ou sua coloracao), valor (o u sua luminosidade) e eroma (0grau de purc/',a da cor), Se f ,' 'l .H1doF ran c is co Va re la , " u s an doessa estrutura de organiz;lyaoclascores, Leo I lurvich e DorotheaJameson reformulam a teoria tricromarica em 1957: a rct i-na humana possui, conforme a tcoria deles (conheeida comoteoria dos processes amag()nic()s), rrcs canais de recepcao,"Urn canal e acrornatico e indica as diferencas de hrilho; osourros dois sao crornaticos c indicam as diterencas de crorna."Na retina, segundo des, ha rrcs rramas de cones especializadas. nas ondas long-as,CUIt.a~ c medias, com picos dc absorcao nos

    59 560, 530 e 440 ml1.'9Os tres t ipos de rcccptores excitados an mcsmo tem-

    po produzern 0 canal acromatico, 1 \ difcrcnca entre 05 si-nais dos receptorcs de ondas long-IS (L) c medias (M) pro-duz 0 canal verrnelho-verde, e a diferenca entre a soma dossinais dos l'cccptores de ondas longas e medias c os sina isdos receptores de ondas curtas (C) produz 0 canal arnareio-azul:

    Es~irnu~d~50diY; (:Gr,:~~~~\))

    Esses canais s ao b ina r io s (v erd e-v er rne lho , azul-amare-10 ) ern fllfl

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    Acompanhando a Figura 4, e p O S s I V e ! definir a cons-trucao das principais cores (as primarias c as sccundarias).No entanto, h a uma passagem gradat iva de uma cor paraoutra, na medida em que os est imulos luminosos sens ibil i-zem os canais em proporcoes e intensidades diversas, Des-sas variacoes surgem, constantcrncnte, duvidas (luanto aclass if icacao das cores. Quando uma mis tura de cor ao sermanipulada deixa de ser, por excmplo, amarela e passa aser verde? Ou 0 mesmo na passagem do verde para 0 azul,do azul pa ra 0violeta etc.? Com base no (Iue foi aprescn-tado, propomos urn modelo para a def inicao nao-arbitra-r ia dos l irni tes para norneacao das cores espcctrais. Trata-sc de uma delimi tacao que relaciona as bandas ocupadaspe lo estimulo lu rninoso da cor com a sensibili zacao dostres tipos de cones da retina. Contudo, apcsa r de se r umanomeacao a part ir de um estimulo fl si co c de urn bioqui -mico, ela nao e suficicnte para resolver as questoes da no-rneacao das cores - que, como vercmos, tern as importan-res participacoes do cerebro, dos codigos Jingi.iisticose dosc6digos culturais, Por conseguinte, a delimitacao propos-ta pretende apenas esclarecer como a com binacao de est i-mulos lurninosos cromaricos e decifrada pela retina.

    Inic ia lrnente, consideremos os limites de cada cordeterminados arbitrariamente pcla ffsica newtoniana: vlo-leta, 380 a 436 mu; anil, 436 a 480 mp.; azul, 480 a 495mM-; verde, 4 9 5 a 56 6 rnu; amareio, 56 6 a 58 9 m il; la-ranja, 589 a 627 mu; c vermelho, 627 a 760 m~. Vamosconsidera r tambcm os pontos de pico da scnsibi lidade decada grupo de cones , nos valores aproximados de 440 mJ-lpara azul, 530 rn]l para verde e 560 mj; para vermelho.Do encontro dos valores da f is ica com os valores medidosem testes na retina, elaboramos, cntao, urn diagram abastante simplificado e com valores aproximados das curvasde sensibil idade de cada tipo de cone . 0 que nos inte rcssasao os pontos de inicio, pico c tcrrnino, alem de algunspontos de interseccao entre as curvas. Fe ito isso, comoapresentado na Figura 5, podcremos exemplificar a com-hinacao na recepcao de cores de diferentes comprimentosde onda pelos tres tipos de cones e ainda ajudar a distin-guir as faixas que dctcrrninam as cores s imples.

    A ! (J I I- v io l e t a - chamarernos de azul-violeta todos asmatizes que est imulam apenas os cones sensiveis ao azul.Esc io compreendidos na faixa aproximada de 380 a 440mil . Quanto maior 0 comprimento de onda nesta faixa ,maior a absorcao da luz pelos cones, numa progressao de 0a 100'%.

    Aifi/ - charnaremos de azul todos os matizes que esti-mulam apenas os cones sensivc is ao azul e os sensfvei s aoverde, ao mesmo tempo. Estao compreendidos na faixa apra-ximada de 440 a 480mJ.. l. Quanto maior 0 comprimcntode onda nessa faixa, rnaior a absorcao pelos cones verdes emenor pelos cones azuis, Com urn comprimento de ondade aproximadamente 480 mil, ha (}equi librio ent re a ab-sorcao dos cones verdes e ados azuis, Neste ponto (inte r-seccao A) , a cornbinacao produz a cor conhecida como cyan ,que e uma cor-Iuz secundar iaern perfeito equil ibrio, semtender a nenhuma cor que a formou, no limite entre 0 a z u le 0 verde, embora considerada urn azul pr im: i r io .

    V e ni e - Chamare rnos de verde todos os matizes emque h:i a p~cipa

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    61V a r e l a e f a l. , D e c ue rp o

    p r es e n le ' L a s c ie n c ia sc o g n W v a s y la x p e r i e n C l a

    h u m a n a , p . 1 8 9 .

    Ou seja, 1 1 / 1 1 e st im u io t TO H ld ti l' op ro lo ng a do s ai ur a o s c an ai s d ar e ti n a, q u e " so h 'c i ta m " 0 r et o rn o a o e q ut ii b n' o.

    Inicialrnentc, os cones, em areas proximas a area satu-rada, manifestam a tendencia de inibiciio c provocam, noobjeto percebido, aureolas na cor complementar. Se a areamonocrom:itica sarurada tiver como fundo uma superficieacromatica, 0 efeito c mais perceptive! c 0 fundo assumiratons que tendem a cor complementar. S c 0campo visual,noentanto, for consrituido de areas monocromaticas diversas, asaturacao provocara influencias rcciprocas nos limites entreas cores,0egundo efeito e a necessidade que 0 olho senre dese desviar do objeto cuja cor foi saturada e buscar a cor com-plemcntar para recuperar 0 equilibrio. LIma vista saturadapelo amarelo, par exemplo, sol icita a presen

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    64S a c k s , U m a n lr op 6 1 og o e m

    m a r t e , p 41( gr if o d o o r ig na t ) .

    65P o p pe r e E c cle s,o e u e s e u c e r e b ra , p . 285,

    Figu ra 6V is ta m e d iaf d oc e re b ro

    G orp 0 e a Ios 0 c e r e b ro

    (

    b u l b o

    o sistema nervoso humane e dividido em s is teJ' l ' !ancr -u a s o c e n tr a l - formado pelo encefalo e pela medula espinhal- e s i s t ema nenoso p e ri ji ri co - que atua sobre todo a corpo,como uma malha, levando as informacoes sensoriais paraa medula espinhal, pelas }i br as a fo re nt es ( o c an ai s d e mira-da) , e as inforrnacoes motoras do s is tema nervoso centralpara a periferia, pelas ji b r as e te re nt es ( o c an ai s d e r es po st a) .o encefa lo esta dividido em arebro an t er ior (ou---__ prosencefalo au neocortex, de evolucao mais

    --. .. .._, recente), formado pelo cerebro e diencefalo;: ""' \ a re b ro m e di o (0 mesenccfalo); e cerebra pos t e -

    \\ r io r (ou robencefalo), formado pelo\ cerebelo, ponte e bulbo (Figura 6).)

    Todo ()conjunto de tecidos do siste-ma nervoso e fotmado basicamenre pordois tipos de celulas: as cilulaJ gliais , oucclulas de suporte ou isolamenro, e asneur6nio .r, "as unidades fundamentais dos is tema nervoso",65 rcsponsaveis pelatransmissao dos sinais,

    1\ existencia da estrurura de supcrf lcic irregular docor tex, rna rcada por dobras, alcm de tripli ca r a sua area,colaborou na norncacao de areas funcionais do cerebro, i \sdepressoes menores c rncnos profundas foram ehamadas deSulC05 c asmaiores e mais profundae de f issuras; do encon-

    o cerebro e as cores o neuroruo (Figura 7) e formado, principalmente,por urn c o rp o c e lu l ar , cuja fun

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    F ig u ra 8O s lo b e s d o c er eb ro

    s u l co p a r ie t o c c ip i ta lII

    s u lc o c e n t ra lIis su r a l a t e r a I

    F i g u r a 9A s a re a s e s p e c a I lz ad a sp r e - m o i o r a

    m e m o r i a aa re a d e W e r n ic k e

    tro de sulcos e fissuras, algumas areas anatomicas, ou lobosccrebrais, foram dcfinidas: l o b o f r on ta ] , !obo parietal; l o b oo c ci pi ta l, h bo t em p o r al (Figura 8).

    Dc luna forma geral, cada area e especializa-da em Urn tipo de informacao, con forme os

    fluxos de estimulos que recebe pclos fc i-xes n erv os os (F ig ura 9 ). A s p ri nc ip als s ao :no lobo fronta l, a area pti~frontal , respon-savel, principalmente, pela elaboracao dopensarnento c pelas funcoes ernocionais, e

    a d n :a m o t or a , dividida em cortex motor (quecoordena os movimentos do corpo), cortex pre-

    motor (quecoordena os movimentos aprendidos) e a r e ade Broca (que coordena os rnovimentos necessaries para aproducao da fala, gcralmente aruando apenas no hemisferioesquerdo); no lobo parietal, a area sensorial s 0 1 l ! ( ! s t i s i c a , cluerccebe as sensacoes de rodo 0 corpo, dividida em area prima-ria jue recebe os sinais) e secundaria (que interpreta os sinaisrecebidos pda area primar ia), e a a r ea v is u al primaria (gueidentifies luminosidade, cores, po si c; : ao c contorno) e secun-daria (que interprets as inforrnacoes visuais e as palavras es-cri tas); no lobo temporal , a a r e a t l ud i t iv a , tambern divididaem primaria (que identifies as caractcrfsticas dos sons) t emsecundaria (que confere 0 significado aos sons e interpreta 0signif icado das palavras ouvidas), a area para a memor i a d e

    curio prazy, c. a d n a d e J .l :7 ir ni :k .e ,que c res-ponsavcl pela integracao sensorial.

    Nessa area (area de Wcrnicke), os si-nais dos tres lobos se encontram, favore-cendo a obtencao de um significado s r c r a ic cruzado das inforrnacoes visuais, auditi-vas c sornestesicas.

    Aierndo cerebro, outras partes do en-c ef al o t ar nb em d es cm p en ham f un c; :( )C s im -portantes na construcao dos eodigos pri-

    maries No dicncefalo, por exernplo, 0 talamo e urn centroque cont rola e seleciona os sinai s que serao distribuidospara as diversas areas do cortex. No sistema limbico (0hipotalamo e as estruturas em volta dele) , a arnigdala podeSet a rcsponsavel por parte do controle do cornportamento

    No processo da visao, a j un p io s en so ri a! do sistemanervoso c inicialrnente desempenhada pela retina. Simul-tanearnente as sensor iais , outras funcoes ocorrem sob co-mando da j imriio motora do sistema nervoso,com a intencao selc tiva da imagem, como jivimos, No en tanto, a construcao final daimagem ocorrer a arenas com a atuaci io dafU~ ( f io i l l te f !,m t i l ~ a~losis~ema ner.'\'050, q ue (. . L ~ . . . .

    ira processar a m to rm ac ao v is ua l, gerando . ' '\pensament~s e.emo~6es, ~terpretando- q e r a s m a '7 -a, criando significado, Assim, podernos leixe- ! , _ _afirmar qu e as tres funcoes em conjunto. 6 p t i c oc oo rd cn am a s o pe ra co es de s el ec ao e in-tcrpreta

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    69P o p p er e E c c le s ,

    o e u e s e u cer~bro, p . 314 ,70

    A r e a v isua l p rlma r!a - a uc o r l e x v i su a l p r i m a r i o . t a m b t l mco n h e c i 0 co m 0 a re a v is u al Io u V l, l n ca ll za - se n a a r e a d af is su ra c alc an n a e n o p 6 10 d olobo occipilal.

    71A r e a s v is u a ls s e c un d a r la s -t amMm c o n ne c ln a s c o m oa re as d e a s s o c a c a o v is u al . Aa r e a po r o n ce p as sa m t od os o ss i n a i s d o c o r t e x p r i m a r i o Ii c o -n h e cld a c o m o a re a v i s u a l I I o uV 2, A s o u t r a s a re as q ue r 8e B -b er n n s s i n a i s Q u e parlern daV1 e passan pe la V2 sao co-m ec in a s p or V 3, V 4 e a ss imp o r d l s n t e . A s a r e a s v i s u a ls . s s -c u n d i : \ r i a s s ao a s r e s p o n s a v e i sp e l a i n t e r p r e t a c a o d o s s i n a i sr e c e b i d o s p e l a ~ re a V lF ig u ra 1 1T r a n s m i s s a o co s s i n ai s v i s u a i s

    Oliver S a ck s d es cr cv e a lg u ns momentos impor tantesaas invest igaes sabre a percepcao visual: Para Locke, se-:ulo XVll, aponta Sacks, a recepcao das sensacoes era ab-solutamente passiva. Para as neurologistas, ate 0final doseculo XIX, "a cor era parte integral da irnagem com COt-.espondencia POnto a ponte da imagem na area visual pri-nar ia do cerebro", Edwin Land, realizando cxper ienciasxim f il tros, em 1957, comprovou que, "se urna superf icie'azia parte de uma cena complexa c multicolorida, nao havia:ela

  • 5/14/2018 A Cor Como Informa o - Luciano Guimar es

    28/46

    7 6I de m , i bi de m , p . 188.

    77Guy ton , N e u ro c ie n ci a b a s/ ca ,

    p.153.

    78S a c k s , U m a nt r a p6 1o go e m

    M a r t e . p . 4 3 - 6 ,

    79I de m , i bi de m , p . 45 e 47 .

    a o s o o /e t o s s e g u nd o OJ e s ta d os e m er g en te s e g / o b ai s q u ealcancar , d a d a um a imagem re t i t laL76 No caminho percorrido pelos impulses visuals da s areasvisuais secundarias para 0si stema limbico e do sistema

    limbico de volta para 0cor tex, a cor recebe seu estado emo-donal , segundo Popper e Eccles, e a percepcao consdenteda cor e modificada pelas emocoes e sentimentos. SegundoEccl