A Corrida Armamentista, A Militarização Do Cotidiano e a Estetização Da Guerra

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A corrida armamentista, a militarizao do cotidiano e a estetizao da guerra

H uma guerra no Rio de Janeiro e no Brasil que se manifesta em altssimas taxas de homicdio e numa preparao constante para a guerra. Indicador disso a corrida armamentista que da como resultado uma quantidade alarmante de armas em circulao tanto em mos das foras estatais como dos cidados. Como uma Guerra Fria contempornea, a guerra atual no significa uma ausncia de violncia mas uma violncia permanente e capilarizada de uma sociedade que se arma constantemente para uma guerra total, que vai estourando em episdios pontuais. O olhar epidrmico e apressado no consegue enxergar a vinculao desses episdios com a militarizao da vida social, trao central deste tempo de guerra, manifestao tanto no centro como na periferia de uma crise estrutural do capital e das tentativas do prprio capital para resolver essa crise sem pr em questo as bases da estruturao da sociedade burguesa.

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Por terem sido sempre consideradas essenciais para proteo nacional e pessoal, armas pequenas so produzidas e comercializadas e armazenadas. Com base em premissas conservadoras, a Small Arms Survey, de Genebra a mais confivel fonte de informao pblica , estima os estoques globais de armas militares e civis em 639 milhes. A utilidade de nmeros agregados, por si s, naturalmente limitada, uma vez que incluem uma variedade imensa de tipos diferentes de armas. Armas militares, calculadas em mais de 240 milhes, tm maior poder de fogo. O que mais predomina entre estas so os rifles de assalto, dos quais cerca de 90 a 122 milhes foram produzidos mundialmente. Mas armas de fogo civis bem mais numerosas podem na realidade representar um desafio ainda maior em relao ao crime e violncia urbana.

Nos pases por todo o globo, h centenas de milhes de armas pequenas e armas leves de baixa tecnologia, baratas, resistentes e de fcil manejo. Esta categoria inclui um amplo espectro de armas na posse de militares e civis como pistolas de mo e rifles de caa, rifles de assalto e metralhadoras. Armas pequenas so as preferidas, na maioria dos conflitos modernos batalhas disputadas dentro, ao invs de entre pases.

Estima-se que cerca de 300.000 pessoas so mortas por armas pequenas anualmente em conflitos armados. Mas, quando as armas so endmicas, tambm afetam as sociedades que esto formalmente em paz. Assim, outras 200.000 pessoas morrem anualmente em violncia relacionada s armas, e 1,5 milho de pessoas so feridas. A Amrica Latina se destaca neste quadro global, devido sua alta taxa de mortes por armas de fogo. Na Venezuela, a relao de 21 homicdios com armas por 100.000 habitantes, na Jamaica 17, na Colmbia devastada por conflitos, 50, em comparao a 30 por 100.000 habitantes na frica do Sul, porm 3,5 nos Estados Unidos e 0,2 na Alemanha.

Segundo dados do Datasus, nos ltimos anos, o Brasil apresentou uma taxa mdia de 20 mortes por arma de fogo para cada cem mil habitantes. Dessas mortes, 90% so homicdios, 34.300 por ano. Por isso, o Brasil campeo mundial em nmeros absolutos por morte de arma de fogo. J segundo o Anurio de 2010 do Frum Brasileiro de Segurana Pblica, ocorreram no Brasil, em 2009, 50.113 homicdios, com um incremento de quase 18% sobre o mapa de 1998. Os maiores ndices se concentram na faixa etria de 15 a 24 anos. Mas na faixa etria de 20 a 24 anos que se concentra o maior nmero de homicdios: 60 homicdios por 100 mil habitantes. Jovens e negros so as maiores vtimas. Os dados confirmam a forte concentrao de mortes por agresso (homicdios) cometidas por armas de fogo entre jovens de 15 a 29 anos. As taxas de mortes por agresso entre jovens de 15 a 19 e de 20 a 29 anos so muito superiores taxa mdia da populao. O estudo chama a ateno para uma inflexo na tendncia de queda dos homicdios cometidos por arma de fogo que vinha se desenhando desde 2000: enquanto a taxa mdia da populao (todas as faixas etrias) manteve-se praticamente estvel, verifica-se crescimento nas duas faixas etrias citadas. A maior ocorrncia de homicdios, no ano pesquisado, foi em Alagoas, com 60,3%. A menor foi no Piau, com 12,4%. So Paulo e Rio de Janeiro apresentaram taxas de homicdios prximas estabilidade, mas indicaram crescimento dos latrocnios.

Em junho de 2011 o Instituto de Segurana Pblica do Rio de Janeiro (ISP) divulgou que os registros de homicdios continuavam caindo no estado. Segundo esse relatrio, em abril deste ano, comparado com o mesmo ms do ano passado, a queda foi de 6,7%. Segundo o ISP, em 20 anos foi o menor nmero de homicdios registrado em abril. Foram 403 assassinatos em 2011 contra 432 no mesmo ms do ano passado. Tambm teriam cado em abril os registros de roubo a transeunte, o nmero de mortos de confronto com a polcia, o roubo a veculos, o roubo de celulares e os assaltos no interior de coletivo. Sem entrar no mrito da confiabilidade desses dados do ISP, cabe frisar que se comemora a cifra de quase 5000 homicdios por ano no Estado do Rio de Janeiro.

Se olhar do jeito que se olhar, difcil ocultar o fato de que a situao alarmante. A triste condio de campeo mundial em nmeros absolutos por morte de arma de fogo mais do que significativa.

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Essa situao tem gerado preocupao em mbitos polticos, sociais e acadmicos que vem apontando para a imensa circulao de armas como um dos problemas centrais.

Um esforo em nvel global o Protocolo de Armas de Fogo atual Conveno contra o Crime Transnacional Organizado, que a Assembleia Geral da ONU adotou, em maio de 2001. O protocolo visa promover a cooperao entre governos para a preveno e combate fabricao ilcita e ao trfico de armas de fogo, componentes e munio, atravs do desenvolvimento de normas internacionais harmnicas. Todavia, at setembro de 2004, apenas 52 naes haviam assinado (Estados Unidos, Frana e Rssia, especialmente, no o fizeram); as 26 ratificaes at hoje ainda esto muito aqum das 40 necessrias para que o protocolo entre em vigor. Vrios governos intensificaram seus esforos, aplicando maior rigor no controle interno.

O Brasil promulgou o Estatuto do Desarmamento, lei federal N 10.826 de 22 de dezembro de 2003 que regulamenta registro, posse e comercializao de armas de fogo e munio. Estabelece 15 requisitos para que algum compre uma arma. Postula a elevao da idade mnima para a posse legal para 25 anos. Probe o cidado comum de portar armas de fogo, autorizando apenas os profissionais ligados segurana, alm dos praticantes de esportes de tiro ao alvo. Prev tambm penas de quatro a dez anos de recluso para o trfico de armas e de quatro a oito anos para o comrcio ilegal. A punio pode ser aumentada se a arma for de uso proibido ou restrito. O estatuto tambm probe a fabricao e venda de brinquedos que simulem armas de fogo.

Com base na lei, foi criado o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), gerido pela Polcia Federal (PF), para cadastrar as armas produzidas, importadas e vendidas no pas e autorizaes de porte.

Entre julho de 2004 e outubro de 2005, a Campanha Nacional de Desarmamento recolheu cerca de 500 mil armas de fogo. Segundo o relatrio "Vidas poupadas O Impacto do Desarmamento no Brasil", da Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (Unesco), a diminuio do nmero de armas em circulao no Brasil depois da campanha fez com que mais de cinco mil vidas fossem poupadas - uma reduo de 15,2% no nmero de mortes por armas de fogo em 2004 em relao ao ano anterior.

O Estatuto do Desarmamento propunha tambm a realizao de um referendo nacional, em 2005, sobre a proibio de todas as vendas de armas e munio. O referendo acabou sendo realizado no dia 23 de outubro de 2005 e o 63,94% rejeitou a questo formulada: O comrcio de armas de fogo e munio deve ser proibido no Brasil?

Em 2006, a CPI da Cmara dos Deputados sobre o trfico de armas constatou haver no pas 17,3 milhes de armas nas mos de civis. Segundo dados mais recentes, cerca de 16 milhes de armas de fogo circulam no Brasil, sendo 8,4 milhes legais (52,4%) e 7,6 milhes ilegais (47,6%), segundo dados do Sistema Nacional de Armas (Sinarm) computados at setembro de 2010. Deste total, a sociedade civil detm aproximadamente 14 milhes (87%) e o Estado cerca de 2 milhes (13%). No Rio de Janeiro h mais de um milho de armas legais e ilegais em circulao. Elas representam 5,7% do total de armas em posse de civis no Brasil sendo que 40% delas so ilegais. Das armas apreendidas nesse estado, 75,3% so armas curtas (revlveres e pistolas) e 79,6% so de uso permitido. Os calibres .38 e .32 representam 52%. Outra fonte indica que 581 mil armas continuam circulando ilegalmente no estado do Rio.

O ministro da Justia, Jos Eduardo Cardozo, tinha lanado uma nova campanha pelo desarmamento no Brasil no dia 6 de maro de 2011 dessa vez de carter permanente a ser realizada sempre no ms de julho. Depois do acontecido na escola de Realengo, em abril, a campanha foi antecipada para o ms de maio.

Um levantamento do Viva Rio mostrou o perfil das armas e dos moradores do municpio do Rio que participaram dos cinco primeiros dias da Campanha do Desarmamento Voluntrio em maio de 2011 no Rio de Janeiro. No perodo 240 armas tinham sido entregues para destruio, uma mdia de 48 armamentos por dia. J a fins de maio eram 669 as armas entregues, ou seja uma mdia de aproximadamente 12 armas por dia. Deste total, 70% foram revlveres, mas h tambm um nmero significativo de pistolas (14%) e de armas longas de caa (10%). O calibre .38 predomina, com 42%, seguido de .32 (23%), .22 (14%) e .380 (7%). A marca Taurus a mais frequente (40%). A Rossi (22%), Smith Wesson (9%), CBC (3%) e Beretta (3%) completam os tipos de armas que foram recolhidas pela campanha. O levantamento mostra, ainda, que 73% das armas so de fabricao nacional, 23% so estrangeiras e 5% de origem no informada. O perfil das armas era semelhante ao armamento ilegal apreendido pela polcia do Rio no perodo de 1998 a 2008, segundo dados de um estudo feito pelo Viva Rio, com base nas informaes da Secretaria de Segurana. No entanto, entre as armas ilegais apreendidas pela polcia, h tambm a presena de armas de fogo de uso militar (3%), que no apareceram ainda no Posto de Recolhimento Voluntrio.

Armas de fogo de uso militar apareceram, por exemplo, nas ocupaes da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemo em novembro de 2010 quando, segundo informaes de O Globo, foram apreendidas 343 armas, entre elas 136 fuzis.

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Qual a origem dessa quantidade de armas circulando ilegalmente? E as exigncias do Estatuto do Desarmamento em relao aos requisitos para obter um arma?

Divulgado em novembro de 2006, o relatrio final da Comisso Parlamentar de Inqurito (CPI) das Armas, instalada na Cmara, apontou falhas do governo na fiscalizao da indstria de armas, o que pode contribuir para o extravio e o roubo de armas. Uma das questes levantadas pela extinta CPI, na poca, foi a falta de um controle do transporte de armas entre as fbricas e o comrcio, por parte das autoridades. Segundo o relatrio da CPI, o Exrcito, entidade responsvel pelo controle da produo e da exportao de armas de fogo, no fiscaliza as armas no trajeto percorrido pelos carregamentos entre as fbricas brasileiras e o comrcio ou o porto de exportao. A CPI aponta este como um dos maiores responsveis pelo desvio de armamento nacional para o mercado clandestino. A CPI tambm levantou o problema da fiscalizao dos depsitos de comrcios atacadistas e lojistas, que, segundo o relatrio, no feito de forma efetiva.

A CPI do Trfico de Armas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro foi criada em no dia 14 de maro de 2011 exatamente para investigar o trfico de armas, munies e explosivos no estado, e presidida pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL). A CPI convocou o coordenador do Projeto de Controle de Armas da ONG Viva Rio, Antonio Rangel Bandeira. Tambm convocaram os policiais acusados pela Polcia Federal, na Operao Guilhotina, de revenderem para quadrilhas rivais as armas apreendidas no Complexo do Alemo e na Vila Cruzeiro, entre outras reas que foram alvo de aes policiais da cidade.

Segundo Antonio Rangel Bandeira, coordenador do Programa de Controle de Armas do Viva Rio, as exigncias do Estatuto do Desarmamento, no so colocadas em prtica. A lei muito boa mas no cumprida. O acesso arma fcil. As lojas no so devidamente controladas pelas autoridades competentes.

Por um lado, encontram-se as armas desviadas do Poder Pblico. De acordo com os dados do Ministrio Pblico Militar, 223 armas foram extraviadas ou furtadas das Foras Armadas de 2004 a 2008. A maioria era do Exrcito (54,7%) e a metade (50,2%) foi levada de unidades localizadas no Rio. Uma vez que os fabricantes de munies, de acordo com o Estatuto do Desarmamento, somente podem vend-las ao poder pblico ou a particulares com prvia autorizao da Polcia Federal ou do Comando do Exrcito, munies de fabricao nacional esto sendo desviadas.

O jornal O Globo apontou no Rio um histrico de roubo de armas e munies de quartis. Alguns eventos: em 3 de maro de 2006, dez fuzis e uma pistola foram roubados da Central de Transportes (ECT) do Exrcito, em So Cristvo. Um ano depois do roubo, o juiz Marco Aurlio Petra de Mello, da 4 Auditoria da Justia Militar, condenou a nove anos de priso os ex-militares Joelson Baslio da Silva e Carlos Leandro de Souza, ambos de 22 anos. Em dezembro de 2007, o Centro de Inteligncia do Exrcito (CIE) investigou a suposta relao entre o assassinato do soldado Jos Gerncio da Silva, de 21 anos, em Engenheiro Pedreira, distrito de Japeri, na Baixada Fluminense, com o desvio de nove mil balas 7,62, para fuzil automtico leve (FAL), do Depsito Central de Munies (DCmun), em Paracambi. Dois soldados foram presos por suspeita de envolvimento no furto da munio. J a finais de junho de 2011, noticiava o desaparecimento de pelo menos dois mil projteis de armamento de grosso calibre do Batalho Escola de Comunicaes, na Avenida Duque de Caxias, na Vila Militar. O fato estava sendo apurado por inqurito policial-militar (IPM), instaurado pelo comando do Exrcito.

Uma investigao de 2008 comprovou que o abastecimento de armas e de munio, inclusive recarregvel, da quadrilha do traficante Ricardo Paiol contava com o auxlio efetivo de um policial militar, o cabo Ricardo Galdino. Na chamada Operao Gilhotina, o responsvel pela criao da Delegacia de Represso s Armas e Explosivos e por seu comando durante sete anos o delegado Carlos Oliveira - se apropriava de armas e as desviava. Assim, parte das armas apreendidas pela polcia era fornecida novamente ao mercado ilcito de armas.

Por outro lado, o Brasil tem 260 mil armas com as empresas de segurana privada (36% desse estoque est em So Paulo). A fiscalizao de responsabilidade federal, mas o controle precrio. Segundo Bandeira, as empresas de segurana so fontes de armas para o crime organizado, pois no h controle sobre a perda, roubo ou extravio das armas. Ainda, o artigo do Estatuto do Desarmamento que previa que as empresas privadas de segurana deveriam marcar a munio para permitir sua identificao acabou sendo derrubado. Assim, impossvel saber se um projtil utilizado em um crime saiu do estoque de uma empresa de segurana. Nesse sentido, foi apresentada ao Exrcito, durante a audincia da CPI, proposta de portaria que torne obrigatria a marcao de munio, ainda na fbrica, no s daquela destinada s foras pblicas de segurana, mas tambm a munio voltada para o varejo e para a exportao, garantindo a possibilidade do seu rastreamento. A nova portaria garantiria ainda a marcao na fbrica das mquinas de recarga de munio, largamente empregadas por empresas de segurana, clubes de tiro e atiradores esportivos.

Um outro assunto que est sendo investigado que o prprio poder pblico no consegue zelar pelas armas que guarda. Um estudo do Conselho Nacional de Justia (CNJ) mostra que h aproximadamente 750 mil armas sob a guarda do Poder Judicirio no Brasil. Uma parte delas servem como provas em casos que tramitam na Justia, mas outra parte j deveria ter sido destruda. Nesse sentido, no contexto do trabalho da CPI, foi criada uma comisso para aprimorar o processo de destruio de armas. A capacidade tcnica atual de destruio de at 400 armas por dia. As armas so conferidas uma a uma, fotografadas, pr-destrudas numa prensa e novamente fotografadas antes do derretimento nos altos fornos da Gerdau e da CSA (Companhia Siderrgica Nacional, Volta Redonda). Quase 70% das 150 mil armas acauteladas no Defae, com origem em apreenses, poderiam estar destrudas, mas, pelo contrrio, so mantidas em local considerado inadequado pelo prprio diretor da Diviso de Fiscalizao de Armas e Explosivos (Dfae) da Polcia Civil, Cludio Vieira, que participou da reunio da CPI das Armas. Em junho de 2011 trabalhava-se para ver destrudas 90 mil armas apreendidas e acauteladas, em condies precrias de segurana e sem mais utilidade alguma para a Justia, no Departamento de Fiscalizao de Armas e Explosivos (Dfae), da Polcia Civil.

Outro assunto o das portas de entrada ilegal de armas no pais, como a Conexo Suriname a Amazonia, ou o Paraguai. Seguindo a Rota das Armas ressalta assim a necessidade de sublinhar os princpios e regras internacionais relativas limitao das exportaes para pases que possam ser utilizados como pontos de desvios, mas ressalta seus limites e a urgncia do reforo e ampliao dos mecanismos regionais e internacionais de preveno dos desvios de armas de fogo. Nesse sentido existe a Resoluo n.17 de 6 de junho de 2001, da Cmara de Comrcio Exterior Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio, que taxa em 150% as exportaes de armas pequenas e munies para pases da Amrica Latina identificados como as principais portas de entrada de armas e munies brasileiras que retornam para o crime. Essa alquota foi criada para evitar o efeito bumerangue das exportaes brasileiras de armas pequenas e munies. J na Resoluo Camex n 88/2010 (dezembro de 2010) foi alterada dita Resoluo para incluir hipteses em que no incide o imposto de exportao, classificados no Captulo 93 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), quando destinados Amrica do Sul e Amrica Central, inclusive Caribe.

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O Projeto Controle de Armas do Viva Rio / Viva Comunidade sintetiza suas pesquisas ao longo de mais de onze anos de trabalho afirmando, a partir da anlise das armas apreendidas que demonstrou serem as armas de uso permitido, sobretudo as de fabricao nacional, as mais comuns nas apreenses, que h uma linha tnue que separa o legal do ilegal. A maioria das apreenses foi de armas de uso permitido para civis, sendo 30% compradas legalmente e 80% brasileiras. As armas estrangeiras no chegam a 20% do total de apreenses. As armas de fogo de origem estrangeira, especialmente aquelas de uso restrito, indicam os canais ilcitos de ingresso no pas. A maior parte das armas de uso restrito ingressou no pas a partir de vendas oriundas de lojas do Paraguai e portanto legais at chegarem a estas lojas. Cabe ressaltar que essas armas eram de origem brasileira e norte-americana para uso restrito.

Ainda, a arma sem a munio deixa de ser uma arma de fogo, e a munio apreendida em todas as operaes policiais sempre brasileira. Se mais do 80% das armas apreendidas so nacionais, a munio apreendida sempre brasileira, e toda arma feita legalmente na indstria blica, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) que preside a CPI das armas no Rio de Janeiro afirma que no tem como se discutir o trfico sem saber como funciona o comrcio legal e os interesses que esto por trs dele. Em outras palavras, O fornecedor de armas e munies no tem faco, um grande negcio.

Isso fica ironicamente explicitado pelo diretor institucional da CBC, Salesio Nuhs, em visita de membros da CPI das armas, ao afirmar: S ganhamos dinheiro com o que legal. O ilegal concorrncia. Por isso temos todo interesse em impedir desvios, e por isso fazamos marcaes mesmo antes disso ser obrigatrio.

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No caso do Mxico, a maioria das armas apreendidas dos Estados Unidos. Isso levou o presidente mexicano a culpabilizar esse pais pela quantidade de mortes na guerra do trfico. Mas, no contexto mundial de imensa circulao de armas, o Brasil tem uma caracterstica peculiar. Apesar de no ser o nico pas assolado pela difuso da violncia armada, o Brasil um entre os poucos que tambm possui uma grande e prspera indstria de armas de pequeno porte (APPL). No ramo de revlveres e de pistolas, o Brasil um dos grandes fabricantes do mundo. Tanto que as armas brasileiras so adotadas em diversos pases, seja Estados Unidos, Austrlia ou pases da Amrica Latina. O Brasil figura como o sexto pas exportador de armas pequenas no mundo. O grupo de pesquisas Small Arms Survey, do Instituto de Estudos Internacionais de Genebra (Sua) coloca o Brasil como um dos maiores fabricantes de armas de pequeno porte do mundo, ao lado de pases como China, Rssia, Alemanha, Blgica e Estados Unidos.

As seis maiores empresas do complexo industrial-militar brasileiro so: CBC, Taurus, Avibras, Imbel, Emgepron, Embraer.

A CBC, hoje uma multinacional, aps a aquisio de fbricas na Alemanha e Repblica Tcheca, tem 70% de sua produo destinada exportao. Grande parte do restante marcado e vendido s foras de Segurana no Pas e a menor, cerca de 12% da produo para o mercado brasileiro, destinado ao comrcio especializado. Com 1,5 mil funcionrios na unidade de So Paulo e outros 330 em Montenegro, no Rio Grande do Sul, a CBC fabrica cartuchos de todos os tipos, de calibre .20 30 mm. Alm da carabina para uso policial Pump CBC 12, a espingarda para caa esportiva CBC 199 e o rifle calibre .22 CBC 7022, a empresa produz uma infinidade de munies para revlveres, pistolas, cartuchos de caa, de competio, calibre .12 (para uso policial), espoletas, projteis e plvoras. Detm o monoplio da produo de munio no pas, fabrica 25 milhes de cartuchos por ms. A empresa tambm produz coletes prova de bala e equipamentos de pesca e camping.

A Taurus uma das maiores fabricantes de armas de cano curto do mundo e a nica fabricante de revlveres do Brasil. A exportao sempre foi o destaque da Companhia, chegando a vender para o mercado externo dois teros em 1993, 1994 e 2002. Possui uma subsidiria em Miami, nos Estados Unidos.A TIMI (Taurus International Manufactoring Inc.) foi fundada em 1983 em Miami, na Flrida (EUA), e a maior responsvel pelo crescimento da Taurus no mercado americano. Produz dois sucessos de vendas nos Estados Unidos as pistolas .22 e .25 . Alm de produzir pistolas, submetralhadoras e carabinas, produz mquinas-ferramentas, coletes prova de bala, capacetes, ferramentas e at lixeiras industriais de plstico (contineres e papeleiras utilizados na coleta seletiva de resduos slidos e no processo de varredura e limpeza urbana; produtos feitos em polietileno de alta densidade, avaliados em rigorosos testes de resistncia e que reforam o compromisso da Taurus na preservao do meio ambiente). Tambm fornece peas de metal para vrias indstrias. Wotan passou a fazer parte do Grupo Taurus, alcanando rapidamente a liderana no mercado brasileiro e latino-americano de mandriladoras e fresadoras. A Taurus Wotan a nica fabricante de centros de usinagem pesada da Amrica Latina. No site da empresa podemos ler: Em seus mais de 60 anos, a inovao sempre foi a marca da Forjas Taurus. Hoje, exporta para mais de 70 pases e uma das trs maiores fabricantes mundiais de armas curtas. Atualmente, fabrica revlveres, pistolas, carabinas, armas de presso e armas policiais, para o mercado interno e internacional. Quase 70 anos de atividades, gerando empregos, divisas e tecnologia para o Brasil. Em 2008 alcanou uma receita lquida de R$ 262,4 milhes.

A Avibras especializada em blindados e sistemas de artilharia antiarea exportados com muito sucesso, principalmente para o Oriente Mdio. O Caveiro, que sobe os morros cariocas, um blindado leve 4x4 Guar AV-Bope TP 10, especialmente configurado para o Batalho de Operaes Especiais do Rio de Janeiro. Muitas das baterias que tentaram proteger o Iraque do bombardeio dos Estados Unidos em 2003 eram formadas por Sistemas de Lanamento de Foguetes de Saturao (Artillery Saturation Rocket System) Astros. A empresa tambm produz vrios tipos de msseis, sondas aeroespaciais, sistemas de radar e de comunicao para uso civil e militar, explosivos, tintas, resinas e selantes industriais, dentre outros produtos. A empresa ligada ao Ministrio da Defesa pelo comando do Exrcito.

A Imbel tem o monoplio no Brasil para a fabricao e venda do Fuzil de Assalto Leve FAL (bem como o .308 AGLC Sniper e o 7,62 M964) utilizado pelas Foras Armadas e pelas polcias. Dois de seus maiores sucessos so a pistola Imbel .45, adotada como arma padro da equipe de resgate de refns do FBI, e a Colt M911A1, que representa mais de 75% do faturamento da unidade de Itajub. Todo ano entre 40% a 50% da produo exportada, especialmente para os Estados Unidos. A empresa tambm produz explosivos como plvora, nitrocelulose, trinitrotolueno (TNT) e nitroglicerina e munies para morteiros 60, 70 e 81 mm, alm de desenvolver e produzir sistemas operacionais computadorizados, equipamentos-rdio (transceptores HF e VHF).

A Emgepron controlada pela Marinha para o desenvolvimento de tecnologia, sistemas navais, munies e navios de guerra. Se o projeto do submarino nuclear sair do papel, ser essa empresa que o construir. A Emgepron tambm fabrica fragatas Classe Niteri (com canhes 4.5 e 40 mm, lanador duplo de msseis tipo Exocet MM-40, triplo lanador de torpedo MK-46 e duplo lanador de foguetes Boroc), corvetas, navios-patrulha, lanchas de ao rpida (LARs) para patrulhamento e desembarque de tropas, munies para artilharia naval, sistemas de lanamento de despistadores de msseis (SLDMs) e sistemas de controle ttico (Sicontas).

A Embraer produz avies de uso civil e militar. a terceira maior empresa do ramo do mundo, perdendo apenas para a Airbus e a Boeing. uma das maiores empresas brasileiras em exportao. Produziu mais de 5 mil aeronaves, que esto em funcionamento em mais de 80 pases. Seu principal sucesso a famlia ERJ de avies para 37 e 50 passageiros e desde o anos 2000 investe numa nova famlia de avies para at 122 lugares. Na rea militar, segundo a empresa, mais de 50% dos avies da Aeronutica nacional foram produzidos por ela. Ela tambm produz os Super Tucanos um avio de ataque leve que pode carregar at 1.500 kg de munio, incluindo sistemas de msseis inteligentes , vendidos para mais de 22 pases. Eles tambm foram comprados pela empresa mercenria Blackwater. A Embraer fabrica ainda avies para treinamento militar e aeronaves de Inteligncia, Reconhecimento e Vigilncia. A empresa foi fundada em 1969.

O Pas ainda abriga pequenos fabricantes como a Boito/E.R. Amantino.pela Faperj.

Dados fornecidos pelo Exrcito mostram que a indstria blica brasileira produz anualmente 2,3 milhes de armas, das quais 1,7 milho so exportadas e 531 mil colocadas no mercado nacional. Ou seja, a cada ano o Brasil coloca no mercado nacional a mesma quantidade de armas recolhidas durante a Campanha do Desarmamento realizada pelo Ministrio da Justia entre 2004 e 2005.

Isso leva a afirmar que tanto pela via do desarmamento voluntrio (via campanhas) quanto do desarmamento compulsrio (via apreenses) o resultado no significativo se comparado com o volume de armas em produo e circulao constante. A produo de armas no para. Ao contrrio, verifica-se uma corrida armamentista nos nveis mundial, regional e nacional, que se materializa numa subida aos cus dos gastos militares.

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Aps um breve perodo de reduo entre 1987 e 1998, os gastos militares mundiais comearam a crescer. Mas foi aps os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, na esteira da chamada guerra contra o terrorismo, que ele simplesmente disparou. Em 2010, os gastos militares atingiram a cifra de 1,56 trilhes de dlares (mais de 50% superior ao oramento militar de 2000, de US$ 1,01 trilhes). um montante superior ao do auge da Segunda Guerra Mundial. Hoje corresponde a 2,6% do Produto Interno Bruto mundial (60 trilhes de dlares) e equivale a 3/4 do PIB brasileiro (o oitavo maior PIB do planeta).

A maior parte desse dispndio (44%) efetuada pelos Estados Unidos que aumentaram 83% na ltima dcada e hoje atingem os US$ 687 bilhes. Mas os Estados Unidos no o nico pas a promover imensos dispndios militares. A China o segundo colocado dessa lista com US$ 114 bilhes. Cabe destacar que a China teve um dos aumentos mais pronunciados do mundo na ltima dcada com mais de 350% (em 2000 o oramento era de US$ 32 bi). Completam a lista dos dez maiores oramentos militares em 2010: Frana, US$ 61,2 bi; Reino Unido US$ 57,4 bi; Rssia US$ 52,5 bi; Japo US$ 51,4 bi; Alemanha US$ 46,8 bi; Arbia Saudita US$ 42,9 bi; Itlia US$ 38,1 bi; ndia US$ 34,8 bi.

Essas cifras, com fonte no SIPRI, por mais astronmicas que sejam, correspondem em realidade apenas a uma parte dos gastos blicos reais, uma vez que no raro esses dispndios ficam ocultos em outras rubricas do oramento. possvel que os gastos militares dos Estados Unidos sejam bem maiores do que os oficialmente fornecidos. Talvez o dobro.

Por outro lado, o debate em curso sobre o aumento de US$ 2,1 trilhes no teto da dvida nos EUA para evitar o calote e a definio dos futuros recortes oramentrios podem ter impacto nos gastos militares: cortes posteriores no oramento sero decididos por uma comisso bipartidria do Congresso, constituda de 12 parlamentares; no caso de a comisso no cumprir a sua tarefa at o fim deste ano, cortes seriam efetuados automaticamente, atingindo reas prioritrias para os democratas, como o programa de sade Medicare, e reduzindo de forma importante o oramento do departamento de Defesa, o que desagrada aos republicanos. Obama salientou em discurso que com o acordo bipartidrio, os EUA tero 'o menor nvel de gastos domsticos desde Eisenhower', e revelou que o ajuste de contas ter impacto em setores como educao e pesquisa. Enquanto isso, o movimento ultraconservador Tea Party desaprova a possibilidade de cortes drsticos no departamento de Defesa no momento em que os EUA travam conflitos no Iraque e no Afeganisto. O acordo que est sendo votado impe imediatamente um corte do deficit no valor de US$ 1 trilho. Este corte tem como base a economia de mais de US$ 900 bilhes ao longo de uma dcada em despesas domsticas no imprescindveis - dividido entre programas civis e de Defesa e que no afetar a Seguridade Social. A proposta inclui um corte de US$ 350 bilhes ao oramento base de Defesa, que representa o primeiro golpe aos cofres do Pentgono desde os anos 90 e que ser implementado de acordo com uma reviso das misses dos Estados Unidos. Alm disso, incentiva as negociaes no comit bipartidrio para encontrar novos meios para reduzir a despesa e atualizar o plano. Se no tomar nenhuma ao, o mecanismo agregar automaticamente outros US$ 500 bilhes em cortes ao oramento da Defesa, e cortar programas de infraestrutura e educao, entre outros. O mecanismo entra em vigor no dia 1 de janeiro de 2013.

Mas os volumosos dispndios militares no so um mal exclusivo das potencias.

Segundo dados do relatrio Balano Militar 2009 do Instituto Internacional de Estudos Estratgicos, o gasto em defesa da Amrica Latina e do Caribe aumentou em 91% entre 2003 e 2008.

A Amrica do Sul foi a regio com maior aumento nos gastos militares entre 2009 e 2010, com 5,8% em termos reais, alcanando a cifra total de US$ 63,3 bi. A Colmbia ampliou seu oramento militar em 72% desde 2001, incluindo um aumento de 7,2% em 2010, para alcanar o total de US$ 10,7 bilhes com expectativa de mais aumentos at 2014. O Peru tambm aumentou seus dispndios militares em 16% em 2010 em relao a 2009: o maior aumento em toda Amrica do Sul. A Venezuela, no entanto, contraria a tendncia da regio: reduo de 27,3% em 2010, ficando ligeiramente abaixo de 2001 em termos reais. No entanto, as aquisies de novas armas continuam, sobretudo por meio do financiamento de seu principal fornecedor: a Rssia.

No dia 4 de julho de 2011, na abertura da conferncia "Democracia e Desenvolvimento Integral em um Mundo Global", nas comemoraes do bicentenrio do Congresso do Chile, em Valparaso, o ex-presidente Lula afirmou:

Nossa regio vive sob a gide da democracia. Todos os governos da Amrica do Sul so resultado de eleies livres, internacionalmente reconhecidas. No temos graves conflitos de fronteira e os que residualmente persistem podero ser solucionados diplomaticamente. No possumos armas nucleares nem queremos t-las e nossas polticas nacionais de defesa so de carter dissuasivo. Ainda nossa regio se constitui hoje em um importante mercado de consumo capaz de dar sustentabilidade a nosso crescimento.

Peculiar carter dissuasivo das polticas nacionais de defesa que se exprimem na corrida armamentista a que nos referimos na regio, corrida que se verifica tambm no Brasil. Segundo o relatrio Balano Militar 2009 do Instituto Internacional de Estudos Estratgicos, desde 2005, o oramento da defesa brasileiro cresceu quase 10% ao ano, e em 2008 alcanou os US$ 20,1 bilhes, uma cifra muito maior que os US$ 9,6 bilhes de 2004. A srie 2000-2010 dos gastos militares do Brasil segundo o SIPRI, que inclui outros itens alm do oramento oficial da defesa, mostra o seguinte:

ano20002001200220032004200520062007200820092010

bi de US$18,821,622,0717,6118,3019,820,522,123,525,728

Gasto militar brasileiro de 2000 a 2010 em bi de US$ (Fonte: SIPRI)

O Brasil, com US$ 28 bilhes, o 11 da lista de pases com maiores despesas militares no mundo. O gasto em 2010 quase 50% maior que o de 2000. E maior que o gasto em educao, que em 2009 foi de R$ 40,5 bilhes.

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De quem a culpa da corrida armamentista?

No nvel local, Carlos Oliveira, titular da Delegacia de Represso a Armas e explosivos (Drae) referia-se em matria de 2007 do jornal O Dia escalada armamentista do trfico no Rio de Janeiro nas ltimas dcadas: uso de pistola nos anos 70, submetralhadoras nos 80, fuzis nos 90, e metralhadoras .30 atualmente, capazes de perfurar blindados e derrubar helicpteros. Na mesma matria o delegado Rodrigo Oliveira explicava o uso do fuzil pela polcia como uma resposta ao seu uso anterior pelos traficantes. Num contraponto, Silvia Ramos, pesquisadora do Centro de Estudos de Segurana e Cidadania (CeseC) apontava que o Estado tinha optado por essa corrida armamentista 10 anos antes. Segundo Ubirajara Moura Roulien, reprter da rea criminal, se at a dcada de 60 o armamento pesado de um bandido de favela era uma pistola Colt 45 desviada das Foras Armadas, a partir da promiscuidade entre autoridades e bandidos nas comunidades eram comum espingardas calibre 12, metralhadora Ina, FAL (Fuzil Automtica Leve), AK 47.

No nvel regional, em 2008 o jornal O Globo advertia que em meio a um ambiente de hostilidades crescentes, a poltica de armamento da Venezuela tinha acendido o alerta em setores militares brasileiros, e o reequipamento das Foras Armadas passava a estar na ordem do dia. O que mais preocupava os estrategistas militares, segundo a matria, era a possibilidade de fabricao de armas leves, como os fuzis AK-47, em larga escala em territrio venezuelano, que poderiam facilmente cair nas mos dos narcoguerrilheiros colombianos. Em 2009, o mesmo jornal noticiava que, segundo fontes da indstria de defesa da Rssia, a Venezuela tinha iniciado no ano anterior negociaes para comprar tanques T-72M, e que j tinha comprado em Moscou mais de 4,4 bilhes de dlares em armamento, incluindo avies de combate, fuzis Kalashnikov (AK-47 e AK-74) e helicpteros. O presidente Chavez explicava que a Venezuela devia se armar diante do acordo entre a Colmbia e os EUA.

Em nota tcnica de Mrcio Nuno Rabat, Consultor Legislativo da Cmara dos Deputados do Brasil, registra-se que a Venezuela tinha empreendido, nos trs anos anteriores desde 2010, a compra de vinte e quatro avies (caas) multifuncionais Sukhoi, trinta e oito helicpteros de vrios tipos, cem mil fuzis de assalto AK-103 e AK-104, os famosos Kalashnikov, todos armamentos de origem russa. Em 2006, os EUA bloquearam a venda de armas americanas ou com tecnologia americana s foras armadas venezuelanas. Isso afetou, inclusive, a venda por parte do Brasil de avies EMB-314 Super Tucano, produzidos pela Embraer. Da o recurso da Venezuela produo russa, um fornecedor de armas que tinha ficado excludo da Amrica do Sul ao tempo da guerra fria. Mas, para o analista, o investimento militar da Venezuela que tanto preocuparia a setores brasileiros apenas significativo pela mudana na atitude desse pas, com um dispndio militar mais agressivo, mas no em termos absolutos. O Chile e a Colmbia, tanto em nmeros absolutos quanto como percentual do PIB, e o Brasil, se considerarmos apenas os nmeros absolutos continuam sendo os gastos regionais mais elevados. A Colmbia recebe a maior ajuda militar norte-americana, depois de Israel e do Egito, em funo do Plano Colmbia. O oramento colombiano de defesa em 2008 foi de US$ 5,5 bilhes, 13,7% maior que o destinado em 2007. No Chile, a chamada Lei do Cobre reserva vultosos recursos obtidos com a exportao do metal exclusivamente para a compra e manuteno de armamentos, recursos que sequer so destinados ao custeio das foras armadas, de responsabilidade do Tesouro . As Foras Armadas do Chile iam receber em 2009 US$ 364 milhes a mais para a compra de armas. Esse dinheiro se somava aos cerca de US$ 2,8 bilhes destinados ao mesmo fim. Os chilenos j tm nove submarinos, compraram caas F-16 dos EUA e o seu exrcito conta com 400 blindados e, entre as suas joias, 350 tanques Leopard, o tanque convencional mais poderoso da Amrica Latina, com sessenta toneladas de peso, um canho de 120 milmetros e um avanado sistema eletrnico.

Para o analista militar argentino Diego Fleitas, diretor da Associao de Polticas Pblicas, o fato de o armamento de alguns pases no ser moderno no justifica esse aumento do gasto militar, que realizado pela percepo de que existem ameaas a nvel regional, pelos conflitos existentes ou pelas compras de armamento dos vizinhos. As tenses entre os vizinhos, unidas a um perodo de bonana econmica teriam propiciado na Amrica Latina, especialmente nos pases do Sul, um reforo em seu armamento. O certo que essa corrida armamentista na regio ocorre sem quaisquer ameaas externas reais.

Cada um joga a culpa no outro pela corrida armamentista. Os traficantes ao Estado. O Estado aos traficantes. O Brasil Venezuela. A Venezuela Colmbia. A Colmbia aos EUA. Os EUA aos traficantes no mundo.

As pesquisas em curso (Viva Rio, CPIs das Armas) fazem perceber a relao intrnseca entre a ilegalidade e a legalidade no assunto das armas. Fazem aluso com isso origem juridicamente legal das armas produzidas que depois circulam ilegalmente. preciso ir alm dessa proposio inicial e observar, alm do seu carter legal ou ilegal em termos jurdicos, a legalidade econmico-social que promove essa produo incessante de armas, a sua funcionalidade na forma-social capitalista.

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Est, por um lado, o interesse do grande capital na produo de armas. Os enormes dispndios militares representam grandes negcios para a indstria de armas.

A produo global de armas pequenas est estimada em 7,5 e 8 milhes de unidades anuais, das quais 7 milhes so do tipo civil e o restante militar. Estima-se que a produo anual de munio para armas pequenas de calibre militar esteja na faixa de 10 a 14 bilhes de pentes ou cerca de 1,5 a 2 balas para cada pessoa viva no mundo. A produo de armas militares pode estar aumentando no rastro das invases do Afeganisto e Iraque e dos programas de rearmamento nos Estados Unidos, Rssia, China e partes da Europa.

Os Estados Unidos, Rssia e China so os maiores produtores, mas existem pelo menos outros 27 pases produtores mdios 15 na Europa, 6 na sia, 3 no Oriente Mdio, mais Canad, Brasil e frica do Sul. No total, pelo menos 1.249 empresas em 92 pases esto envolvidas na fabricao de armas. Tambm a produo ilegal, em pequena escala, parece estar relativamente generalizada, ocorrendo em pelo menos 25 pases, inclusive Chile, Gana, frica do Sul, Turquia, Paquisto e Filipinas. Estados Unidos, Itlia, Blgica, Alemanha, Rssia, Brasil e China so os maiores exportadores, enquanto Estados Unidos, Arbia Saudita, Chipre, Japo, Coria do Sul, Alemanha e Canad so os principais importadores. A Small Arms Survey estima o comrcio internacional legal em US$ 4 bilhes anuais, ou cerca da metade do valor estimado da produo total; calcula-se que o comrcio ilcito se situe em torno de US$ 1 bilho. Em ltima anlise, como vimos, praticamente impossvel traar uma linha divisria entre essas categorias, pois uma arma legal pode facilmente se tornar ilcita. Uma parcela significativa at mesmo do comrcio internacional legal realizada em segredo. E inmeras redes comerciais permitem fornecimentos clandestinos por agncias governamentais, vendas no mercado negro por comerciantes privados e transferncias no autorizadas de recipientes originais para secundrios. Acrescentando-se outros fatores como roubo ou perda de muitas armas pequenas, aps sua fabricao, no h meios possveis de se saber em que mos as armas iro acabar.

Considerando agora todo tipo de armas, a venda de armas no mundo cresceu cerca de 59% desde 2002, alcanando a cifra de US$ 401 bilhes em 2009. As armas vendidas pelas 10 maiores indstrias blicas alcanaram US$ 228 bilhes, 56,9% das vendas das 100 maiores indstrias de armas. Das 100 maiores indstrias militares, 78 esto baseadas nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Essas companhias geraram US$ 368 bilhes do total de venda de armas, 91,7% do total das vendas das 100 maiores indstrias em 2009. Segundo Susan Jackson, estudioso do SIPRI, a despesa do governo dos Estados Unidos em bens e servios militares um fator-chave no aumento nas vendas de armas para os produtores de armas e companhia de servios militares dos Estados Unidos e para as companhias da Europa Ocidental com um ponto de apoio no mercado de armas e servios militares dos Estados Unidos.

Das 100 maiores indstrias de armas, 45 esto baseadas nos Estados Unidos, com US$ 247 bilhes de vendas e 61,5% do total das vendas das empresas do ramo. Os pases da Europa Ocidental possuem 33 das maiores indstrias de armas (Finlndia, Frana, Alemanha, Itlia, Noruega, Espanha, Sucia, Suia e Reino Unido), com vendas de US$ 120 bilhes e 30% da venda das 100 maiores indstrias de armas. No entanto, dessas 33, 26 se encontram concentradas em quatro pases: Frana, Alemanha, Itlia e Reino Unido. Apenas 10 das 100 maiores empresas do ramo encontram-se na sia: 3 na ndia, 4 no Japo, 1 em Singapura, 2 na Coria do Sul excluindo a China. E 5 no Oriente Mdio: 3 em Israel, 1 no Kuwait e 1 na Turquia. As indstrias de armas dessas duas regies venderam US$ 24 bilhes em armas, correspondente a 6% do total das vendas das 100 maiores empresas do ramo em 2009. Nenhuma indstria de armas da Amrica do Sul e da frica se encontram nessa lista.

Maurizio Simonceli, do Arquivo do Desarmamento, afirma que as guerras no Afeganisto e no Iraque permitiram s empresas norte-americanas aumentar o fornecimento no apenas ao exrcito nacional, mas tambm aos aliados, desde a Arbia Saudita at o Paquisto. Todas as empresas blicas americanas participaram desse boom. No setor de veculos militares, entre 2004 e 2005, o faturamento da Am General, da Armor Holdings e da Oshkosh Truck passou, respectivamente, de 690 milhes de dlares para 1,050 bilho, de 610 para 1,190 bilho e de 770 para 1,060 bilho. No campo dos helicpteros, a L-3 Communications passou de 5,970 bilhes de dlares para 8,970. E a Northrop Grumman passou de 25,970 bilhes para 27,590 bilhes de dlares de faturamento. Um aumento extraordinrio para um perodo de apenas doze meses e que no se registra to repentinamente na esfera civil. Observando alm disso a privatizao de diversos servios realizados anteriormente pelo exrcito, chegando ao ponto de milcias particulares, os chamados contractors, serem investidas de funes militares, Simonceli afirma que toda uma indstria, at hoje inexistente, floresceu em torno do setor militar, que chega a faturar bilhes de dlares.

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Mas, alm do interesse do grande capital na produo de armas, a militarizao tornou-se um fator perverso de desenvolvimento pela via da gerao de emprego e da pacificao social.

Quando Robert Brenner terminou o livro O boom e a bolha em julho de 2001, ele observava que, aps o estouro da bolha financeira que havia sustentado o crescimento econmico na dcada de 1990 e a grave crise que irrompera, seria difcil imaginar quais foras existiriam para empurrar para frente a economia. A resposta no tardou. Em 11 de setembro de 2001, os capitalistas do Pentgono levaram adiante uma megaoperao terrorista que fez empalidecer o incndio do Reichstag. Com o estouro da bolha financeira da dcada de 1990 e o fim da chamada New Economy, a sada de emergncia foi a criao de uma New War infinita. Na base desse nova conflagrao encontra-se uma imensa crise do capitalismo. Mais uma vez a guerra estava sendo acionada como alavanca indispensvel para contornar as dilacerantes contradies sistmicas.

Um exemplo, s avessas, do papel desenvolvimentista dos dispndios militares foi a dramtica crise social a que levou a deciso norte-americana de desmontar o exrcito iraquiano na ocupao desse pas. Uma das primeiras medidas de Paul Bremer, administrador civil do Iraque, enviado pelos EUA para a reconstruo do pas aps a ocupao, foi dissolver o exrcito iraquiano, os servios de inteligncia, a Guarda Republicana Especial e a polcia secreta. Isso desempregou meio milho de homens num pas de uma populao de 25 milhes (o que equivaleria a despedir mais de cinco milhes nos Estados Unidos). No lugar de ajudar a prevenir uma revolta, criaram uma. Centenas de milhares de famlias dependiam do exrcito. Enquanto o ndice oficial de desemprego era de 27%, estimava-se um desemprego real de 40% e 50%.

Segundo dados do Anurio do Frum Brasileiro de Segurana Pblica de 2010, verifica-se um aumento de mais de 100%, entre 2003 e 2008, no total de despesas efetuadas na funo segurana pblica: Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios gastaram aproximadamente R$ 22,5 bilhes em 2003, e declararam gastos de R$ 41,2 bilhes, em 2008. Esse valor alcanou mais de R$ 47,6 bilhes, em 2009.

Observa-se que o gasto da Unio com segurana pblica cresceu 202% entre 2003 e 2009, enquanto as despesas de estados e do DF, no mesmo perodo, aumentaram 96%. O dado que mais chama ateno a queda de 25% no valor nominal do Rio de Janeiro (alm deste, apenas Roraima tambm diminuiu em termos nominais o gasto em segurana pblica, com uma reduo de 7,6%). Em 2008, o Rio de Janeiro havia gasto aproximadamente R$ 4,9 bilhes com segurana pblica, valor que se reduziu para cerca de R$ 3,7 bilhes, em 2009. No caso carioca, houve reduo em todas as subfunes, mas o maior declnio foi com informao e inteligncia (63%). A reduo tambm causou impacto no valor per capita gasto na rea. Enquanto em 2008 o Rio de Janeiro gastava uma mdia de R$ 310,00 por habitante com segurana pblica, em 2009 esse valor caiu para R$ 232,00. Mesmo parecendo estar sob impacto de um alto patamar de despesas em 2008, viu reduzida a participao das suas despesas de segurana pblica em relao ao total do oramento estadual, que passou de 12,1%, em 2008, para 8,6%, em 2009. Por fim, So Paulo chama ateno por, sozinho, ter gasto mais de R$ 10 bilhes em 2009, num crescimento de cerca de 13% em relao a 2008, percentual um pouco menor do que a mdia observada para o conjunto dos estados e da Unio (15%).

Os municpios declararam em 2009 um gasto de cerca de R$ 2 bilhes com a rea da segurana pblica, o que corresponde a um aumento de 168% em comparao a 2003. Mesmo considerando-se que esse valor s contempla gastos lanados na funo segurana pblica e que, portanto, devem corresponder, em sua grande maioria, manuteno de guardas municipais, defesa civil e/ou subvenes ao servio de policiamento estadual, trata-se de uma soma alta, pois foi somente nos anos 2000 que os municpios passaram a ter um papel mais ativo na rea. Em relao ao papel do municpio na rea, alm dessas despesas, outras, em polticas urbanas e sociais (limpeza, iluminao pblica, entre outras), ajudam a compor o cenrio das polticas de segurana e as condies de segurana da populao. Todavia, os dados acima no podem ser menosprezados, afinal, em termos concretos, a nica mudana legislativa de maior impacto no envolvimento dos municpios na segurana pblica foi a alterao da lei do Fundo Nacional de Segurana Pblica, em 2003, para possibilitar o apoio da Unio a municpios dispostos a atuar com aes de preveno da violncia. Exceto essa alterao, os dados indicam que os municpios esto tendo que investir na rea antes que qualquer legislao os obrigue.

O pas encontra-se entre aqueles, junto com os EUA, que mais prendem no mundo. Somadas, segurana pblica e administrao prisional custaram ao Brasil, em 2009, quase R$ 54 bilhes, sendo R$ 6,3 bilhes s para administrao prisional.

Segundo o Anurio, no plano das finanas pblicas, o aumento de despesas, no mdio prazo, parece estar prximo de um teto. Por outro lado, segundo o relatrio da Organizao das Naes Unidas (ONU) sobre a violncia nas cidades, de 2007, US$ 49 bilhes so gastos em segurana por ano - 60% vm do bolso dos cidados. Nesse sentido, possvel observar que o setor pblico e o setor privado se complementam em dois vetores fundamentais do gasto em segurana: consumo de equipamento e gerao de emprego.

No perodo de 2000 a 2005, o governo federal gastou R$1,2 bilho em liberaes do Fundo Nacional de Segurana Pblica para os Estados. Desse montante, 86% foram destinados aquisio de equipamentos (veculos, armas e informtica), 7% para projetos inovadores (ao comunitria, sistema de dados e ouvidorias), 4% para instalaes e apenas 3% para capacitao (treinamento e formao de policiais). Verificava-se ai uma presso para maiores gastos sendo feitos a partir de interesses corporativos fortemente representados nas instituies da segurana pblica, como o caso dos gastos com armamento e munio, com dispositivos eletrnicos de segurana e com fiscalizao de servios. Em 2007, desde os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em So Paulo em maio de 2006, as vendas de carros blindados tinham subido 33% e 25 mil casas contavam com cmeras de vigilncia.

Em relao ao emprego, segundo dados da Rais (Relao Anual de Informaes Sociais), do Ministrio do Trabalho e Emprego, de 2010, o Brasil possui um contingente de aproximadamente 602 mil homens e mulheres dedicados segurana pblica, sendo que, desses, cerca de 89% so policiais. As Polcias Militares so as que possuem o maior efetivo, com quase 340 mil pessoas. Enquanto isso, em 2007 as companhias de segurana no Brasil empregavam 1,5 milho de pessoas.

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Em 1998, segundo a ONU, eram suficientes 13 bilhes de dlares para alcanar a satisfao das necessidades nutricionais de todas as pessoas do mundo. Em novembro de 2009 Diouf, diretor-geral da FAO naquele momento, afirmou que seriam necessrios US$ 44 bilhes a mais por ano para erradicar a fome at 2015. O nmero de pessoas famintas, segundo estimativas da ONU, cresceu de 850 milhes para mais de 1 bilho de pessoas entre 2008 e 2009, como efeito da crise econmica mundial. No mesmo ano de 2009, um documento de trabalho da FAO calculava a necessidade de investimento de 83 bilhes de dlares por ano na agricultura dos pases em desenvolvimento para contar com alimentos suficientes para 9,100 milhes de pessoas em 2050.

O montante de US$ 44 bilhes, se aceitarmos esse valor como suficiente para erradicar a fome at 2015, inferior ao 3% do oramento militar mundial, equivale ao oramento militar da Alemanha, stima na lista dos pases com mais dispndio militar, e inferior soma do gasto militar dos 50 pases com menor oramento militar em 2010.

Esses clculos revelam duas coisas: por um lado, que o montante para acabar com a fome no mundo nfimo se comparado com os dispndios militares atuais, no s considerando os gastos das potncias mas tambm os dos pases que menos gastam nesse rubro. Isto , se os 50 pases que menos gastam militarmente investissem esses recursos para erradicar a fome, acabariam com a fome no s nesses prprios pases mas no mundo todo (claro que isso uma mera suposio, posto que as coisas no funcionam desta maneira). Por outro lado, revela um aumento tendencial muito importante do custo para erradicar a fome, em boa medida pelo aumento do prprio contingente dos afetados. Cada vez mais difcil para o sistema econmico mundial resolver os problemas que ele mesmo gera, seguindo as suas prprias regras.

Enquanto isso, as almas preocupadas com a quantidade de armas em circulao e com a violncia urbana propem e at tentam formalizar um horizonte de paz e lucro. Pesquisadores do Viva Rio, que forneceram dados importantes CPI das Armas do Rio, combatem o argumento do prejuzo que a indstria blica nacional teria pela taxa de 150% s exportaes de armas pequenas e munies para pases da Amrica Latina. Para isso, realizaram uma anlise das informaes da Taurus para avaliar o impacto da restrio nas exportaes e como isso afetou os indicadores da empresa. Levando em considerao que: nos ltimos 15 anos o Brasil exportou um total de US$ 1,18 bilhes, dos quais US$ 802 milhes em armas e US$ 377 milhes em munies; que a Amrica Latina no o principal mercado para o Brasil; que, entre 2000 e 2007, a indstria brasileira teve um aumento real de 128% nas exportaes de armas pequenas e 179% nas exportaes de munio; demonstram que mesmo com polticas restritivas de controle de armas no mercado interno e externo, investir em algumas empresas que fabricam armas de fogo tem sido bem lucrativo durante os ltimos 10 anos. Isso no afetou o lucro da maior empresa brasileira de armas leves. Alis, tanto a Taurus quanto a CBC foram capazes de se adaptarem ao mercado em transio, o que as colocam como um exemplo para o resto do setor. Uma das linhas de ao celebradas a diversificao da produo, por exemplo produzindo e exportando capacetes. Considerando que todo mercado precisa ser regulado em funo do bem comum, a concluso que no caso de produtos letais como as armas de fogo um maior controle da indstria no significa necessariamente um jogo de soma zero: o touro foi domado, em beneficio da sociedade, sem perder sua fora.

Desta maneira, acabam demostrando, ou melhor dizendo, tentando demonstrar, a compatibilidade do lucro das empresas blicas brasileiras com a segurana social. A preocupao pelo bem-estar das famlias fica restrito ao territrio nacional, pois no aparece como um problema que o Brasil continue exportando imensa quantidade de armas, se elas vo pra longe e no voltam. Por outro lado, torna-se receita geral um sucesso de uma empresa em particular. Se todas as empresas de armas comeassem a produzir capacetes, Estado, empresas e consumidores privados teriam que tornar-se consumidores obrigatrios desses produtos para garantir o investimento produtivo dos fabricantes. Podemos j imaginar uma campanha publicitria que procure convencer a populao mundial das vantagens do uso do capacete na vida urbana contempornea. O sucesso da Taurus se deve a ter encontrado um nicho de mercado, noo que por definio contrria a qualquer pretenso universal. Em outras palavras, o mercado no to facilmente malevel na procura de lucro. Se fosse, poderamos pedir s empresas blicas brasileiras que contribuam com seus recursos para acabar com a fome no mundo, ainda garantindo o retorno do seu investimento.

Em outra linha argumentativa, o desenvolvimento de tecnologia militar nacional aparece explicitamente como o prprio caminho para a paz. Por exemplo:

Em ltima instncia, contudo, o que vai ser decisivo, nessa rea, o desenvolvimento, ou no, de tecnologia militar regional prpria. Mais uma vez, o exemplo do veto norte-americano venda dos Super Tucanos brasileiros Venezuela ilustrativo. Sem tecnologia prpria, fica-se sempre em posio subordinada em um mercado econmica e politicamente muito tenso, de competio acirrada. Aqui, o papel do Brasil fundamental, pois, junto com a Argentina, o nico pas do subcontinente que pode estimular o desenvolvimento de tecnologia militar prpria e nos vizinhos. Essa peculiaridade do Brasil acaba por ser, ademais, um fator importante para que os brasileiros continuem a ter uma interlocuo tranquila com todos os pases da regio, pois, rigorosamente, nenhum deles se constitui efetivamente em ameaa militar para o nosso pas.

Carlos Taibo, participante do movimento dos indignados na Espanha destaca a urgncia de reduzir o gasto militar como uma das reivindicaes levantadas pela plataforma que promove essas manifestaes e concentraes. Mas, ao mesmo tempo, reconhece que entre os objetivos desse dispndio, alm de manter a Espanha no ncleo dos pases poderosos, com os deveres correspondentes, em matria de apoio s guerras de rapina global que os Estados Unidos lideram, est a vontade de preservar franco apoio ao que fazem tantas empresas espanholas no exterior. Pergunta, ento: Algum j teve notcia de que algum porta-voz do Partido Socialista ou do Partido Popular se atreveu a criticar, ainda que levianamente, as violaes de direitos humanos bsicos praticadas por empresas espanholas na Colmbia, Equador, Peru, Bolvia, Argentina ou Brasil?.

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Enquanto isso, entre 12 e 15 de abril de 2011 o Riocentro foi palco do culto aos armamentos, com a LAAD Defence and Security, maior feira de segurana da Amrica Latina. Os cerca de 650 expositores apresentam as ltimas novidades em tecnologia blica, de defesa e armamento. Esperavam-se cerca de 24 mil pessoas. O perfil dos visitantes, segundo o site da feira seria: Delegados Oficiais (Militares de alta patente) da Amrica Latina e de outros continentes; Oficiais Generais e Superiores das Trs Foras do Brasil e de outros pases; Autoridades e funcionrios do Governo Brasileiro; Embaixadores; Adidos Militares; Executivos da indstria de defesa; Polcias Civil e Militar; Jornalistas de mdias especializadas no setor. No entanto a matria do Jornal do Brasil destaca outro tipo de visitantes no estande em que so apresentadas armas menores como revlveres, pistolas, fuzis e metralhadoras: um garom de 33 anos, morador da Penha, radiante ao empunhar uma pistola, embora favorvel ao desarmamento; um segurana pessoal de 34 anos que atua nos EUA e para quem o fato de no poder andar armado no Brasil uma idiotice.

Embora sejam frequentes as matrias de operaes policiais nas favelas que registram caractersticas bsicas (modelo e calibre) das armas apreendidas, verifica-se que no processo de incorporao do armamentismo tecnologicamente disseminado cultura de consumo de massas (Arantes, 2007: 56) as matrias ganharam uma quantidade assombrosa de especificaes tcnicas. Essa profuso de detalhes tcnicos foi levada ao paroxismo na invaso ao complexo do Alemo, em novembro de 2010. Pelo jornal Extra ou O Globo de 26 de novembro de 2010, podemos saber, ajudados por infogrficos, que

Na invaso da Vila Cruzeiro as armas usadas pelos 'traficantes' eram a AR-15 [Colt, semi-automtica, arma fraca apesar de sua fama na imprensa, menos poderoso que o nosso Fuzil Automtico Leve (FAL), fabricado logo ali em Itajub, pela Imbel segundo o site http://www.armaria.com.br/maldita.htm], o Fuzil 7,62 e granadas de tipo ofensiva, e que seriam uns 300 homens armados. Pelo outro lado, as foras da ordem contam com 450 homens da polcia militar, 60 homens da polcia civil e 88 fuzileiros navais. As armas utilizadas:

- Blindado M-113 (utilizado na Guerra do Golfo), blindado de transporte de tropas americano que pode atingir grande velocidade em estradas de terra ou no asfalto, um dos veculos blindados mais utilizados no mundo, usado pelos EUA no Iraque, dimenses: 4,8m x 2,5m, peso: 12.300kg, armamento principal: metralhadora 12,5mm M2, blindagem: 1,2cm a 3,8cm de alumnio, velocidade na estrada: 66km/h, tripulao: 2 tripulantes e at 11 soldados, autonomia: 480 km.

- CFN Anfbio 7A1, blindado anfbio, fabricado nos EUA, dimenses: 3,3m x 8,1m, peso: 26.400kg, armamento principal: metralhadora 12,7mm, velocidade na estrada: 72km/h, tripulao: 3 tripulantes e at 21 soldados, autonomia: 483 km.

- Blindado Piranha (utilizado no Haiti), veculo blindado leve fabricado na Sua, com proteo especial anti-minas, dimenses: 7,3m x 2,8m, peso: 21.000kg, armamento principal: metralhadora 105mm, velocidade na estrada: 100km/h, tripulao: 2 tripulantes e at 10 soldados, autonomia: 750 km.

- Blindado SK-105 adaptado, tanque leve de fabricao austraca, adaptado para resgate e socorro, dimenses: 7,6m x 2,5m, peso: 21.000kg, armamento principal: metralhadora 105mm, velocidade na estrada: 68km/h, tripulao: 3 tripulantes, autonomia: 520 km.

- Helicptero blindado; pistola 9mm; Pistola ,380; Fuzil M-16; Fuzil 7,62; Fuzil 5,56; Lana-rojo; Caveiro; Veculo blindado.

Essa tendncia da obsessiva informao de detalhes tcnicos no se manifesta no caso de bens de transporte pblico. Por exemplo, no possvel saber pelos jornais o peso, as dimenses, a capacidade, do metro do Rio de Janeiro, por exemplo. No caso do transporte pblico de passageiros a finalidade est muito clara e no tem que ser frisada. O conforto, a segurana, a rapidez, a confiabilidade, so finalidades pressupostas, evidentes, que no precisam ser ditas. S se elencam algumas novidades que vo no sentido de satisfaz-las: ar condicionado, novos carros, etc.

preciso uma explicao da obsessiva informao de detalhes tcnicos dos armamentos usados na invaso nas favelas. Qual a necessidade social dessa publicidade dos bens de combate?

A militarizao do cotidiano, processo objetivo que se manifesta na corrida armamentista e a decorrente presena de armas e foras militares nas ruas, reforado subjetivamente nas matrias dos jornais. O reforo subjetivo da militarizao do cotidiano leva estetizao da guerra.

Na atual indstria cultural do militarismo repercutem as mudanas contemporneas na arte da guerra. Quanto mais aumenta o poder do aparato militar, mais especializada a fora que a opera. A guerra vira um negcio na mo de peritos (Klein) e aqueles que fazem a guerra ocupam postos de trabalho absolutamente normais (Kurz). A guerra, separada nesse sentido do comum dos cidados, j no mais envolve a mobilizao nacional de outrora. Mas, ao mesmo tempo, a militarizao se massifica pela via do apelo das imagens que deixam massas subjetivamente predispostas a assumirem o papel de heris na guerra que provavelmente no combatero. Isso foi evidenciado com o impacto do filme Tropa de Elite: crianas diversas, desde meninos da favela at filhos de professores universitrios progressistas, cantarolaram as musiquinhas do filme e sonharam em se parecer com o Capito Nascimento.

Ao lado dos especialistas da guerra esto os espectadores de informaes-mercadorias que estetizam a guerra que acontece s vezes na volta da esquina. Na peculiar guerra civil em curso no Rio de Janeiro uma grande parcela da populao convidada a participar de maneira passiva. E esse convite a meio caminho que leva estetizao. Os cidados no tem meios para se opor guerra, nem participam dela diretamente, mas lhes permitido o gozo esttico.

A matria de jornal iguala a guerra do Golfo, o filme Trs Reis e a Guerra no Rio, embaralhando para o leitor-espectador-cidado a fico e a realidade:

A farda do inspetor Joe a mesma usada pelos marines, fuzileiros navais americanos que integram tropa de elite treinada para situaes de emergncia [...] Os marines atuaram nas guerras do Golfo, do Iraque e do Afeganisto. Eles aparecem no filme 'Trs Reis', no qual quatro soldados americanos, um deles interpretado pelo ator George Clooney, buscam um tesouro enterrado no deserto do Iraque, em meio s comemoraes do cessar-fogo da Guerra do Golfo.

importante destacar aqui que a estetizao da guerra como mecanismo miditico acompanha um processo objetivo de estetizao da guerra. A inovao cientfico-tcnica, decisiva na produo blica, permite testar processos produtivos e componentes que depois sero transladados para a indstria civil. Mas o tour que vai dos investimentos militares e sua posterior entrega para as empresas mobilizarem na utilizao civil ganha novo status com a tecnologia blica aplicada a uma vida civil que assume a sua normalidade blica. So exemplos disso o projeto frustrado de blindar casas no morro da conceio e a coleo de roupas de moda feitas com tecido prova de balas desenhadas pelo colombiano Miguel Caballero e vendidas em 16 pases que podem suportar desde tiros de uma pistola 9 mm a disparos de um AK-47.

Mas esse imenso conhecimento blico ao alcance das massas via os jornais no mais que uma fachada. Essa informao que se apresenta como absoluta, ao mesmo tempo exagerada e insuficiente. Esse exagero de detalhes cria uma iluso de transparncia. Por trs dessa fachada, reina o segredo militar. Inmeros pesquisadores americanos denunciaram os bloqueios com que se depararam ao tentar pesquisar a cozinha do aparato militar americano depois do 11 de setembro de 2001 e na guerra no Iraque. Alm disso, os detalhes tcnicos no revelam os desdobramentos sociais do prprio armamento que mostram: i.e. que a tcnica das armas utilizadas impossibilita distinguir o que seria um inimigo especfico, tornando a favela inteira o inimigo. A sua finalidade de matar, sutilmente pressuposta mas no-dita um segredo a vozes que se oculta no papel de jornal mas se exprime no senso comum na rua. A finalidade e potencialidade de matar aparece no jornal sublimada nos detalhes tcnicos. O fetichismo tcnico refora a ideia de que h consenso sobre o problema social a ser enfrentado, e que a sua soluo uma questo tcnica.

No 17 de junho de 2011 O Globo anunciava que cento e dezessete fuzileiros navais com 15 blindados da Marinha de Guerra do Brasil seriam usados na operao de ocupao do Complexo da Mangueira (morros do Telgrafo, do Tuiuti, Parque Candelria e Mangueira), alm de trs outros veculos deste tipo do Batalho de Operaes Especiais (Bope). No dia 19 de junho, o mesmo jornal informou que, sem disparar um tiro, 750 policiais civis, militares, federais e fuzileiros navais, participavam desde 6h da operao para instalao da 18 Unidade de Polcia Pacificadora (UPP), no Morro da Mangueira, Zona Norte do Rio. significativo o contraponto com outra narrao dos mesmos acontecimentos: cerca de 700 homens armados como para ir guerra, com 14 tanques e carros blindados irromperam s 7 da manh pelas pequenas ruas da favela Mangueira, uma das maiores e mais tradicionais do Rio de Janeiro. A primeira narrao enfatiza o carter pacfico da ocupao. A segunda, chama a ateno, num tom de surpresa, para o seu carter quase-blico.

Uns dias depois, entre 22 e 23 de junho, uma operao do Bope deixava 8 mortos num morro da zona norte do Rio. Mas, ainda que esses acontecimentos so noticiados, no so vinculados aos anteriores. Esse olhar fragmentado produzido pela prpria labor jornalistica faz as intervenes pacificadoras, como o caso da ocupao na Mangueira, ficarem limpas de derramamento de sangue.

O mecanismo miditico parece ser o de criar um tempo de guerras mas ao mesmo tempo advertir que se trata de um tipo de guerra que no se efetiva.

A indstria cultural do militarismo est indissociavelmente ligada necessidade imanente do capital, na sua busca cega por produzir valor, de destruir a riqueza material por meio de guerras e de produzir permanentemente novos conflitos. Diante da crescente contradio entre o que e o que pode ser, torna-se necessrio obnubilar o indivduo at o embotamento total da razo, da imaginao e da sensibilidade. A represso s drogas no apenas favorece poderosos instrumentos de controle, represso e destruio sociais como tambm contribui para promover alguma legitimidade para o Estado. A indstria cultural do medo administrado atravs dos mais diversos mass media forja campanhas de medo, alarme e clamor punitivo. O grande medo industrialmente produzido e as campanhas de dio orwelianas estreitam a razo e embotam a sensibilidade, aulando os indivduos a cerrarem fileiras em torno do Poder. Enfim: da instncia capaz de lhe aplacar o medo e promover a desforra implacvel contra o inimigo ferozmente odiado. E assim o vende sua derradeira mercadoria: a proteo. E forja seus rotos farrapos de normalidade. O processo ilimitado de acumulo de capital necessita de uma estrutura poltica de poder to ilimitado que possa proteger a propriedade crescente, tornando-a ainda mais poderosa. O militarismo nutre todas as foras reacionrias e irracionais da sociedade e inibe ou mata tudo o que seja progressivo e humano e gera um respeito cego pelas autoridades.

A guerra serve para impor uma alternativa a algum que, de outro modo, no a escolheria, a criao de um tempo de guerras serve para impor uma alternativa inclusive aos pretensos vencedores.

O overkill, essa sobre-capacidade de destruir e matar que revela a insanidade objetiva do modo de produo e de vida capitalista, um exagero objetivo que se exprime subjetivamente no exagero informativo dos detalhes tcnicos dos armamentos nos jornais. A economia de guerra uma medida da improdutividade social desse sistema ultra-produtivo. A desmedida dos detalhes tcnicos dos armamentos fornecidos para as massas na mdia a medida de sua improdutividade social.

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O tempo de paz e democracia, referido por Lula, tem por base econmica, poltica, social e cultural o poderio blico. Gastos em segurana permitem gerar um mercado interno para a produo nacional de armamento militar, carros blindados, cmeras de vigilncia, armas para proteo pessoal, etc. Gastos em segurana tambm permitem incluir no mundo do emprego uma parcela da populao encarregada de pacificar a sociedade, isto , controlar essa outra imensa parcela da populao que no pode ser includa. A militarizao um fator perverso de desenvolvimento que j nem funciona, mas do qual o capital em crise no pode abrir mo. Ali reside um dos traos destrutivos e regressivos na manifestao contempornea desse modo de produo.

O Globo, 26 de novembro de 2011

Os dados foram divulgados pelo Ministrio da Justia (MJ), a Subcomisso de Armas do Congresso Nacional e o Viva Rio na manh desta segunda-feira, 20 de dezembro [2010], em Braslia, durante o lanamento de dois estudos e quatro livros sobre as armas em circulao no pas produzidos pelo Viva Rio com apoio do Programa Nacional de Segurana Pblica com Cidadania (Pronasci), do MJ. http://www.comunidadesegura.org/pt-br/MATERIA-a-rota-das-armas-ate-o-crime

http://www2.forumseguranca.org.br/sites/default/files/anuario2010FINALbaixa.pdf

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/06/13/homicidios-em-queda-isp-divulga-estatistica-abril-tem-menor-registro-em-20-anos-924670689.asp

Para se ter um parmetro, 5000 homicdios por ano uma mdia anual maior que a da represso sistemtica que deu por resultado 30.000 desaparecidos na ltima ditadura militar argentina (1976-1983).

http://vivario.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2175&sid=16 acessado 12/04/2011

Estoques e distribuio de armas de fogo no Brasil mapeou o total de armas de fogo em circulao no Brasil, segundo quantidade e grupo de usurios, com dados do Sinarm at setembro de 2010.

Segundo levantamento realizado por pesquisadores do Viva Rio e apontadas por Marcelo Freixo. http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=188

Jorge Antonio Barros, do blog Reporter de crime.

http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/posts/2011/04/09/rio-de-paz-exige-combate-imediato-ao-trafico-de-armas-373881.asp

HYPERLINK "http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/05/13/pesquisa-revela-perfil-das-armas-dos-participantes-dos-primeiros-dias-da-campanha-de-desarmamento-voluntario-924451128.asp"http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/05/13/pesquisa-revela-perfil-das-armas-dos-participantes-dos-primeiros-dias-da-campanha-de-desarmamento-voluntario-924451128.asp; http://www.vivario.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2197&sid=16

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/05/09/cai-numero-de-registros-de-apreensoes-de-drogas-de-armas-entre-2009-2010-924414626.asp

http://www.parana-online.com.br/editoria/pais/news/232150/?noticia=EM+PRODUCAO+DE+ARMAS+BRASIL+E+1O+MUNDO

http://vivario.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2175&sid=16 acessado 12/04/2011

http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=264

http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=276

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/06/29/duas-mil-balas-somem-de-batalhao-do-exercito-inquerito-foi-aberto-924803019.asp

http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=274

http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/06/13/controle-de-armas-no-brasil-escandaloso-diz-ong-924672499.asp#ixzz1PG7pS8Hw

http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=294

http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/06/13/controle-de-armas-no-brasil-escandaloso-diz-ong-924672499.asp#ixzz1PG7pS8Hw

http://www.marcelofreixo.com.br/site/boletim/arquivo/07042011.htm

http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=294

Em 2002, Marquinho Niteri foi flagrado em escutas telefnicas, tambm de dentro da cadeia, negociando armas atravs da Conexo Suriname, a principal rota de entrega de armas do Brasil. Os primeiros contatos foram para a compra de cem fuzis russos AK-47. Na poca, cada fuzil custava cerca de U$ 1.500 cada um.

http://extra.globo.com/casos-de-policia/bau-do-crime/a-acao-mais-ousada-de-marquinho-niteroi-393946.html

http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2009/10/22/amazonia-virou-porta-de-entrada-para-armas-ilegais-no-brasil-diz-policia-federal-772127002.asp

Fizeram uma revista no carro, encontrando aproximadamente 1.600 munies de fuzil calibre 7.62, dos tipos curto e longo (para AK 47 e FAL), de uso restrito das foras armadas e policiais, e uma luneta Bushnell, normalmente utilizada por atiradores de elite em tiros de preciso. O material estava em meias de nylon, escondidas no painel de instrumentos do carro. Segundo os policiais, o motorista teria informado que as munies vinham do Paraguai e seriam entregues no Rio de Janeiro, e que ele receberia R$ 5 mil pelo trabalho.

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/02/07/policia-rodoviaria-federal-apreende-1-600-municoes-de-fuzil-na-rio-santos-915804808.asp

As armas estrangeiras foram mais apreendidas no Rio Grande do Sul (18,8%) e no Rio de Janeiro (16,4%). A maioria das armas de uso restrito/proibido para civis vem dos EUA e do Paraguai. EUA, Argentina, Espanha, Alemanha, Blgica, ustria, Repblica Tcheca, Itlia, Frana, Israel, China e Rssia respondem juntos por 99% das armas estrangeiras apreendidas no pas. Apesar dos EUA responderem pela maioria, se comparadas com as de fabricao nacional, no passam de 10%. A maioria das armas norte-americanas de uso restrito entrou no Brasil de forma ilegal. Seguindo a Rota das Armas: Desvio, Comrcio e Trfico Ilcitos de Armamento Pequeno e Leve no Brasil (Pesquisa elaborada pela Oscip VIVA COMUNIDADE , setembro de 2010), estudo que aponta a procedncia, a proporo e o tipo das armas estrangeiras e brasileiras apreendidas na ilegalidade.

Freixo em entrevista disponvel em: HYPERLINK "http://www.fazendomedia.com/o-fornecedor-de-armas-e-municoes-nao-tem-faccao-e-um-grande-negocio/"http://www.fazendomedia.com/%E2%80%9Co-fornecedor-de-armas-e-municoes-nao-tem-faccao-e-um-grande-negocio%E2%80%9D/

A afirmao segundo a qual toda arma feita legalmente na indstria blica no pode ser estendida ao caso das munies. As munies falsificadas, so feitas com novo projtil (ponta da bala) e espoleta (recipiente com o detonador) e aproveitamento de cartucho feito por outra empresa. Nuhs, diretor institucional da CBC, em visita de membros da CPI das armas do Rio de Janeiro, relatou a apreenso recente de 500 mil munies falsas e surpreendeu os deputados com a informao de que h trs fbricas no Pas dedicadas exclusivamente aos projteis. http://www.alerj.rj.gov.br/escolha_legenda.asp?codigo=39005

Isso vale tambm para o caso das drogas e o dinheiro lavado que entra no fluxo financeiro mundial: El distinguido economista John Walker propone, con base en un modelo econmico comparativo de bases de datos internacionales sobre el crimen organizado, que su monto anual es de unos 2,85 billones de dlares (www.economywatch.com, 14/6/11). De los cuales: un 46,3 por ciento se higieniza en el sistema bancario de EE.UU. y, mucho menos, en los de Italia (150.000 millones de dlares) y Rusia (147.000 millones), y a ms distancia todava en los de Alemania, Francia, Rumania, Canad y otros pases de Occidente y Asia [...] Dr. Antonio Mara Costa, entonces subsecretario general de la ONU y director ejecutivo de la Unodc: 'Los miles de millones de dlares del dinero de la droga mantuvieron a flote el sistema financiero cuando la crisis global lleg a la cima... eran el nico capital de inversin lquido' del que dispusieron ciertos bancos al borde del colapso en el 2008 (www.guardian.co.uk, 13/12/09). Como consecuencia, la mayora de los beneficios del narcotrfico ingres al sistema econmico mundial. Juan Gelman em http://www.pagina12.com.ar/diario/contratapa/13-170201-2011-06-16.html

http://www.alerj.rj.gov.br/escolha_legenda.asp?codigo=39005

'Yo acuso a la industria armamentista norteamericana de los miles de muertes que estn ocurriendo hoy en Mxico', afirm el sbado en California el presidente mexicano, Felipe Caldern, conservador y aliado de los Estados Unidos. En los ltimos cuatro aos hubo 35 mil muertes por la guerra del narcotrfico en Mxico. Ayer se inform que ms del 70 por ciento de las casi 30 mil armas decomisadas en ese pas entre 2009 y 2010 son de los Estados Unidos, cuyo gobierno presion al mexicano para convertir a Mxico en el actual escenario de una sangrienta guerra. http://www.pagina12.com.ar/diario/pirulo/30-170009-2011-06-13.html

PABLO DREYFUS, BENJAMIN LESSING E JLIO CESAR PURCENA . A Indstria Brasileira de armas leves e de pequeno porte: Produo Legal e Comrcio em Brasil: as armas e as vtimas. Pablo Dreyfus era Coordenador de Pesquisa do Projeto de Controle de Armas de Fogo do Viva Rio/ISER; Benjamin Lessing Pesquisador do Programa Internacional para Segurana Humana do Viva Rio e Julio Cesar Purcena Pesquisador Assistente do Projeto de Controle de Armas de Fogo do Viva Rio/ISER.

http://www.alerj.rj.gov.br/common/noticia_corpo2.asp?num=39005

http://www.taurus.com.br/?on=empresas

Registramos aqui a existncia da empresa Condor, fabricante de armas no-letais, premiada pelo jornal O Globo, e cujo sucesso aparece vinculado ao prprio sucesso das UPPs. O mote geral o de um uso racional da fora. Na mesma ocasio tambm foi contemplado com o prmio o secretrio estadual de segurana pblica, Jos Mariano Beltrame, na categoria personalidade do ano. Empresa apoiada pela FAPERJ ganha prmio 'Faz Diferena' em: Rio Pesquisa. Ano IV no. 15. O site da empresa : http://www.condornaoletal.com.br/

http://www.parana-online.com.br/editoria/pais/news/232150/?noticia=EM+PRODUCAO+DE+ARMAS+BRASIL+E+1O+MUNDO

A China s foi superada na proporo do aumento do gasto militar na ltima dcada por Georgia (1147%), Azerbaijan (552%), Chad (429%), Kazakhstan (417%) e Equador (376%), mas so pases com montante de gasto militar muito menos significativo.

O SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute), fundado em 1966, um instituto internacional independente que pesquisa conflitos, controle de armamentos e desarmamento. Publica no site uma base de dados de gastos militares mundiais e por pas, baseada em fontes oficiais dos prprios pases e de organismos internacionais e tambm em fontes secundrias. As contas excluem dispndios em defesa civil e dispndios atuais por atividades militares anteriores, tais como benefcios aos veteranos ou destruio, converso ou desmobilizao de armamento. HYPERLINK "http://www.sipri.org/"http://www.sipri.org/ HYPERLINK "http://www.sipri.org/databases/milex/sources_methods"http://www.sipri.org/databases/milex/sources_methods. Os dados esto disponveis em: http://milexdata.sipri.org/

http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/08/01/senado-dos-eua-votara-nesta-segunda-feira-acordo-para-evitar-calote-925027169.asp

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/952557-entenda-o-novo-acordo-para-aumentar-teto-da-divida-nos-eua.shtml

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/02/05/america-latina-duplica-arsenal-em-cinco-anos-754271001.asp

Fonte: SIPRI.

HYPERLINK "http://www.pt-sp.org.br/noticia/?acao=vernoticia&id=5093"http://www.pt-sp.org.br/noticia/?acao=vernoticia&id=5093 (grifo nosso)

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/02/05/america-latina-duplica-arsenal-em-cinco-anos-754271001.asp

http://www.andifes.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2088&Itemid=104

O Dia, 11 de novembro de 2007.

http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/posts/2010/09/17/reporter-veterano-conta-como-corrupcao-se-criou-na-policia-do-rio-325178.asp

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2008/03/04/posicao-dubia-92296.asp

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/08/07/lamentavelmente-temos-que-nos-armar-diz-chavez-sobre-acordo-militar-entre-bogota-washignton-757150303.asp

Um caso interessante o da Argentina que mesmo com o segundo maior PIB da regio mantm um dispndio militar contido.

A militarizao da Venezuela e o Mercosul. Mrcio Nuno Rabat. 2010.

HYPERLINK "http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/4164/militarizacao_venezuela_rabat.pdf?sequence=1"http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/4164/militarizacao_venezuela_rabat.pdf?sequence=1.

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/02/05/america-latina-duplica-arsenal-em-cinco-anos-754271001.asp

Marcelo Freixo em http://www.fazendomedia.com/"o-fornecedor-de-armas-e-municoes-nao-tem-faccao-e-um-grande-negocio"/ e http://www.comunidadesegura.org/pt-br/MATERIA-os-caminhos-e-descaminhos-das-armas-no-rio

Helio Luz, ex-chefe da Policia Civil do Rio de Janeiro, faz uma provocao no documentrio do Joo Salles, Noticias de uma guerra particular: se no tem mais muro, se no tem mais o inimigo, no tem mais a guerra fria, para que tanta produo de armas? [...] se no tem mais essa justificativa para a corrida armamentista [...] Ora, se continua a produzir armas porque d dinheiro, porque o principal comrcio mundial, nem que voc tenha que fabricar guerras para isso.

Michael Renner. Desarmando as Sociedades Ps-guerra. Cap. 7. Estado do Mundo 2005.

http://www.sipri.org/media/pressreleases/top100companies

http://www.30giorni.it/articoli_id_16548_l6.htm

BRENNER, Robert. O boom e a bolha: os Estados Unidos na economia mundial. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 351.

No foi a primeira false flag que os Estados Unidos havia mobilizado para fazer guerra. Basta lembrar como esse pas entrou na Primeira e Segunda guerras mundiais ou na Guerra do Vietn.

H alguns livros que contestam a verdade oficial sobre o 11 de setembro de 2001. CSETTKEY, Marcelo. e DO COUTTO GIL, Marcelo. Crime de Estado: a verdade sobre 11 de setembro. Rio de Janeiro: Talagara, 2006. MARTINS, Jos Antnio. Imprio do terror: os Estados Unidos, ciclos econmicos e guerras no incio do sculo XXI. So paulo: Editora Instituto Jos Lus e Rosa Sundermann, 2005. MEYSSAN, Thierry. 11 de setembro de 2001: uma terrvel farsa. So Paulo: Usina do Livro, 2003. VIDAL, Gore. Sonhando a guerra: sangue por petrleo e a Junta Cheney-Bush. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. CHOSSUDOVSKY, Michel. Guerra e globalizao: antes e depois de 11 de setembro de 2001. So Paulo: Expresso popular, 2004.

Dados extrados do documentrio de Charles Ferguson No End in sight (2007), baseado em entrevistas a norte-americanos envolvidos na reconstruo do Iraque, que acabaram se deparando dolorosamente com a realidade de que para aqueles que tomaram as decises, a no-resoluo dos problemas no foi uma derrota mas uma vitria.

http://www2.forumseguranca.org.br/sites/default/files/anuario2010FINALbaixa.pdf

O montante deve ser ainda maior se levarmos em considerao que Estados brasileiros maquiaram seus gastos com sade pblica em R$ 11,6 bilhes entre 2004 e 2008, para cumprir a emenda 29 da Constituio, que obriga os Estados a gastar 12% de suas receitas na rea. Parte desses recursos foram dispendidos em reformas de presdios. R$ 179 milhes gastos em Defesa Civil no Rio de Janeiro e R$ 160 milhes gastos na Secretaria de Segurana em So Paulo foram contestados pelo Ministrio de Sade. HYPERLINK "http://www1.folha.uol.com.br/poder/938469-maquiagem-infla-gastos-com-saude-em-r-12-bilhoes.shtml"http://www1.folha.uol.com.br/poder/938469-maquiagem-infla-gastos-com-saude-em-r-12-bilhoes.shtmlPor outro lado, em junho de 2004, a revista Cidades do Brasil na sua Edio 51 mostrava que havia um desequilbrio entre o oramento da segurana pblica e os recursos liberados pelo Oramento da Unio. Segundo as secretarias de Segurana Pblica, foram gastos R$ 12,7 bilhes em 2003, mas a Senasp repassou pouco mais de R$ 205 milhes. Cerca de 98% dos gastos na rea, incluindo pessoal, custeio e investimento, so cobertos por recursos estaduais. Segundo o secretrio de Segurana Pblica do Paran, Luiz Fernando Delazari, os recursos no so suficientes e tm diminudo com o passar dos anos. Hoje muito difcil fazer segurana pblica de forma sria devido falta de dinheiro. Como segurana uma prioridade, seria preciso mais ateno do Governo Federal. Verificava-se uma estadualizao de praticamente todos os gastos com a segurana pblica e com o sistema prisional, ou seja, os estados pagavam as contas, e com polticas inovadoras que incentivam a participao da comunidade tentavam remediar a falta de recursos. Um dos maiores problemas enfrentados pelo sistema prisional no Brasil, alm da superlotao, a manuteno dos detentos. Enquanto o oramento federal no cobre os gastos estaduais, necessria a promoo de sadas alternativas. Segundo Edemundo Dias (presidente da Agncia Prisional de Gois), o Estado de Gois gastava, em mdia (em 2004) R$ 350,00 mensais com o custo e manuteno de cada preso, praticamente um tero da mdia nacional de R$ 1.000,00 mensais. O fator mais importante que faz baixar o custo a produo da alimentao pelos prprios detentos. No complexo Aparecida de Goinia, o maior de Gois, toda a alimentao provm da mo-de-obra do corpo prisional. H criao de gado, porcos e cultivo de lavouras e hortalias. Segundo Dias, o complexo produz cerca de 3.500 marmitas por dia. Alm de parcerias com instituies e o fruto dessas parcerias, temos planos de montar uma granja e trabalhar com psicultura, conta. Segundo ele, somente o custo com alimentao por preso, no complexo, j superaria a mesada de R$ 450,00 recebida do Governo Federal.

http://www.cidadesdobrasil.com.br/cgi-cn/news.cgi?arecod=7&cl=099105100097100101098114&newcod=780

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,pais-gasta-11-do-pib-para-combater-violencia,58656,0.htm

http://www.observatoriodeseguranca.org/dados/custos

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,pais-gasta-11-do-pib-para-combater-violencia,58656,0.htm

Entre as polcias, um efetivo de 24 mil pessoas corresponde s Polcias Federal e Rodoviria Federal. Na Polcia Federal, cerca de 10% do efetivo diz respeito a delegados. J as polcias civis, por sua vez, tm um contingente de cerca de 160 mil homens e mulheres, sendo que 6,2% referem-se a cargos de delegados. As Polcias Militares so as que possuem o maior efetivo, com quase 340 mil pessoas, das quais cerca de 24% so oficiais e as demais praas e suboficiais. Porm, entre os Corpos de Bombeiros que a relao entre oficiais e no oficiais a mais alta, pela qual os oficiais representam um pouco mais de 45% do contingente total dos Bombeiros no pas. Por fim, os guardas municipais respondem por 8,6% das pessoas dedicadas segurana pblica no pas. Dados recolhidos do Anurio do Frum Brasileiro de Segurana Pblica de 2010.

http://www2.forumseguranca.org.br/sites/default/files/anuario2010FINALbaixa.pdf

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,pais-gasta-11-do-pib-para-combater-violencia,58656,0.htm

Rapport mondial sur le dveloppement humain 1998, Programme des Nations unies pour le dveloppement (PNUD), New York, septembre 1998. HYPERLINK "http://www.fao.org/news/story/es/item/36113/icode/"http://www.fao.org/news/story/es/item/36113/icode/. http://www.estadao.com.br/noticias/geral,governos-rejeitam-metas-da-onu-para-erradicar-a-fome,467368,0.htm

Uma sada para a indstria nacional de armas? Breve anlise dos investimentos da Forjas Taurus em produtos no-letais, Julio Cesar Purcena, Pesquisador Assistente, Projeto Controle de Armas de Fogo, Viva Rio, em En la mira: Observador Latino-americano de armas de fuego, No 3, ano 1, outubro de 2006. E, Pegando o touro pelos chifres. Os efeitos de medidas de controle na indstria brasileira de armas pequenas , Pablo Dreyfus e Jlio Cesar Purcena, em *asteriskos (2009) 7/8: 55-88.

Um belo exemplo de diversificao da produo o da multinacional Krupp, uma histrica fabricante de armas que, aliando-se com a Thyssen, diversificou seu modelo de negcio. Agora fabrica elevadores, entre tantas outras coisas, e vem gerando um impacto socio-ambiental monstruoso na produo de ao na Baia de Sepetiba, no Estado do Rio de Janeiro. Ver o documentrio produzido pelo Ibase Desenvolvimento a Ferro e Fogo. http://www.youtube