8
Fernando Pessoa

A criança que fui chora na estrada

  • Upload
    valeria

  • View
    237

  • Download
    8

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A criança que fui chora na estrada

Fernando Pessoa

Page 2: A criança que fui chora na estrada

Análise do poema “A criança que

fui chora na estrada” de Fernando

Pessoa

Trabalho realizado por: Valéria

Romanciuc nº26 12ºF

Escola Secundária Dr. José Afonso

Disciplina: Português

Prof. Alice Ferro

2012/2013

Page 3: A criança que fui chora na estrada

A criança que fui chora na estrada.

Deixei-a ali quando vim ser quem sou;

Mas hoje, vendo que o que sou é nada,

Quero ir buscar quem fui onde ficou.

Ah, como hei de encontrá-lo? Quem errou

A vinda tem a regressão errada.

Já não sei de onde vim nem onde estou.

De o não saber, minha alma está parada.

Se ao menos atingir neste lugar

Um alto monte, de onde possa enfim

O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos, saberei de mim,

E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar

Em mim um pouco de quando era assim.

22/09/1933, Fernando Pessoa

Page 4: A criança que fui chora na estrada
Page 5: A criança que fui chora na estrada

Este poema é um soneto: é composto por duas

quadras e dois tercetos.

Figuras de estilo:

• Metáfora: “A criança que fui chora na estrada.”

• Paradoxo: “Mas hoje, vendo que o que sou é nada”

• Interrogação retórica: “Ah, como hei de encontrá-lo?”

• Hipérbato: “de onde possa enfim /O que esqueci,

olhando-o, relembrar”

Page 6: A criança que fui chora na estrada

A criança que fui chora na estrada. a

Deixei-a ali quando vim ser quem sou; b

Mas hoje, vendo que o que sou é nada, a

Quero ir buscar quem fui onde ficou. b

Ah, como hei de encontrá-lo? Quem errou b

A vinda tem a regressão errada. a

Já não sei de onde vim nem onde estou. b

De o não saber, minha alma está parada. a

Se ao menos atingir neste lugar c

Um alto monte, de onde possa enfim d

O que esqueci, olhando-o, relembrar, c

Na ausência, ao menos, saberei de mim, d

E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar c

Em mim um pouco de quando era assim. d

Rima cruzada

Rima cruzada

Rima cruzada

Rima cruzada

Page 7: A criança que fui chora na estrada

Sílabas métricas

O poema é constituído na sua maioria por decassílabos.

A/cri/an/ça/que/fui/cho/ra/na es/tra/da. 10

Dei/xei/a a/li/quan/do/vim/ser/quem/sou; 10

Mas/ho/je/ven/do/que o/que/sou/é/na/da, 10

Que/ro ir/bus/car/quem/fui/on/de/fi/cou. 10

Ah/co/mo hei/de en/com/trá/lo/Quem/er/rou 10

A/vin/da/tem/a/reg/res/são/er/ra/da. 10

Já/não/sei/de on/de/vim/nem/on/de es/tou. 10

De o/não/sa/ber/mi/nha al/ma es/tá/pa/ra/da. 10

Page 8: A criança que fui chora na estrada

http://mitchellirons.files.wordpress.com/2009/02/wanderer

.jpg - “Caminhante contemplando um mar de nevoeiro”,

de Caspar David Friedrich

http://www.umfernandopessoa.com/an%C3%A1lises/poe

ma-a-crianca-que-fui-chora-na-estrada.htm

http://www.luso-

poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=112