27
A CRIMINALIDADE CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA NO UNIVERSO DO DIREITO ECONÔMICO Leônidas Ribeiro Scholz *Publicado em Revista Brasileira de Ciências Criminais, ano 8, nº 30, abril/junho de 2000, p. 95/107. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais; Edições especiais Revista dos Tribunais 100 anos Doutrinas essenciais Direito penal econômico e da empresa, 2011, vol. V, Direito Penal tributário, previdenciário e financeiro, p. 459/464. São Paulo: RT. 1. Direito econômico e direito tributário na órbita de direito penal 1.1 Definição conceitual Terreno jurídico dos mais áridos é aquele em que se deve buscar e fazê-lo sobreleva como verdadeiro pressuposto lógico da igualmente árdua tarefa de bem situar o direito penal tributário o conceito de direito penal econômico. De fato, e como pontualmente adverte René Ariel Dotti, “as tentativas em precisar conceitualmente a natureza, o objeto e os fins da

A Criminalidade Contra a Ordem Tributária No Universo Do Direito Econômico

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trata sobre os crimes contra a ordem tributária e suas implicações no mundo jurídico

Citation preview

ACRIMINALIDADECONTRAAORDEMTRIBUTRIANO UNIVERSO DO DIREITO ECONMICO Lenidas Ribeiro Scholz *PublicadoemRevistaBrasileiradeCinciasCriminais,ano8,n30,abril/junhode2000,p.95/107. SoPaulo:EditoraRevistadosTribunais;EdiesespeciaisRevistadosTribunais100anos DoutrinasessenciaisDireitopenaleconmicoedaempresa,2011,vol.V,DireitoPenaltributrio, previdencirio e financeiro, p. 459/464. So Paulo: RT. 1. Direito econmico e direito tributrio na rbita de direito penal 1.1 Definio conceitual Terreno jurdico dos mais ridos aquele em que se deve buscar e faz-lo sobreleva como verdadeiro pressuposto lgico da igualmente rdua tarefa de bem situar o direito penal tributrio o conceito de direito penal econmico. Defato,ecomopontualmenteadverteRenArielDotti,as tentativasemprecisarconceitualmenteanatureza,oobjetoeosfinsda disciplinatraduzemesforospermanentesdadoutrinaeaindano exauridos 1. Acomear,porquantosequer(...)existeuniformidadeentreos escritoresapropsitodadenominaodadisciplina.Direitopenal econmicoumadesignaodetrnsitocorrentionadoutrinabrasileira. Mas tambm so utilizadas expresses como: a) direito penal da economia; b)Wirtschaffsstrafrecht(direitopenaleconmico)naRepblicaFederal Alem;c)Volkswirtschaft(crimescontraaeconomiapopular)na RepblicaDemocrticaalem;d)droitpnalconomiqueouentodroit pnal des affaires, na Frana; e White collar criminality, occupation-crime e corporate-crime, nos EUA 2. Entrens,ManoelPedroPimentel,saudosoexpoentedasletras jurdico-penais, depois de definir o Direito Penal Econmico como (...) o conjunto de normas que tm por objeto sancionar, com as penas que lhe so prprias, as condutas que, no mbito das relaes econmicas, ofendam ou ponhamemperigobensouinteressesjuridicamenterelevantes 3, reconhece, todavia, (...) que no uniforme o pensamento dos autores 4. 1 Reforma penal brasileira. Rio de Janeiro: Forense, 1988, p. 204. 2 Op. cit., p. 202. 3 Direito penal econmico. So Paulo: RT, 1973, p. 10. 4 Idem, ibidem. E,assinala:ParaSantiagoSabasArias,oDireitoPenaleconmicoel agregado de preceptos provistos de sanciones penales y dirigidos a procurar al Estado los medios econmicos requeridos para atender a las necesidades publicas, repetindo a frmula enunciada por Luis E. Mesa. MirandoGallinonooconceituapropriamente,masafirmaqueel Derechopenalnoprotege otutelalarealizacindelfenmenoeconmico como hecho em s, sino que protege la integridade del orden, que se estima necesarioparaelcumplimientodeesehecho,demaneraquepuedan producirseaslosfinespropuestos.Resultaasclaroquecualquier conductaqueproduzcalarupturadeesteorden(concebidolamanerade equilibrioindispensableenlasmanifestacioneseconmicas)traecomo consecuencia una necesaria sancin. FontnBalestraentendequeesseramododireitoest,juntamente com o Direito Penal financeiro, abarcado pelo Direito Penal fiscal. Jimnez deAsuatambmnoodefine,limitando-seadizerqueenlospasesde regimnautoritario,einclusolosenaquellosdeeconomadirigidao encauzad, por el Estado, ha surgido la ideade reunir todos los preceptos penalesqueaeseobjetivoserefieren,bajoelttulodeDerechopenal econmico,formadoenelsentirdeSiegertenparteporprincipios especiales y en parte por disposiciones de Derecho penal comn 5. J para Sutherland, citado, entre tantos, por Ren Ariel Dotti 6, (...) o white collar crime constitui uma violao da norma penal por pessoas de elevadoestatutoscioeconmico,noexerccioabusivodeumaprofisso lcita.Comoexemplospodemserreferidasasviolaesdelei antimonoplioedeformageralasleisqueprocuramdefenderalivre concorrncia;osabusosnocampodapublicidadeedaespionagem industrial;adeterioraoeasonegaodealimentos,medicamentose cosmticos,osilcitosfiscaisealfandegrios:aobtenoilegtimade fundos nosetorde subvenes(agricultura,comrcioexterior);asfraudes nasoficinas(deautomveis,derelgios,etc.);asmltiplasformasde insolvnciacomoparticularesmodalidadesdacriminalidadeeconmicae financeira. Imprecisa,entretanto,nospareceaconcepodeSutherland,na exatamedidaemque(...)ocaminhodeserecorreraumatipologiade agente para definir o direito penal econmico esquece que toda a legislao criminal,numEstadosocialdedireito,hdepassar,fundamentalmente, peladefiniodosbensjurdicosouvaloresquepretendeprotegerepela 5 Idem, ibidem, p. 10/11. 6 Op. cit., p. 203. descrio do modus operandi que os viola ou pe em perigo: no poder ser, pois, um simples direito penal de agentes 7. Inteiraprocednciaguarda,pensamos,asupracitadacrtica. Colocadas em linha de conta as inafastveis premissas primeira de que (...) o nosso direito penal, assentado sobre princpios bsicos do estado de direito (...), apia-se nos dogmas da reserva legal, do bem jurdico, da ao e da culpabilidade (...) 8, e segunda de que a pesquisa do bem jurdico delimita as zonas de ilcito e do lcito, ensejando certeza para o magistrado eseguranaparaocidado.Deveserdefendidoemantidopelodireito penalcontemporneo,cujaparteespecialsistematizadaconformeo critriodaobjetividadejurdicadosdelitos(...) 9,axiomticairrompea conclusodequeadefiniodoconceitodeDireitoPenalEconmico, assim como a de qualquer outra espcie do Direito Penal, deve construir-se,maisdoquenecessria,prioritariamentenaesteiradaprecisa identificao da natureza, do carter e das particularidades do bem jurdico, em cuja proteo residem a ratio essendi e o prprio escopo primordial do direito penal civilizado. Nesselineamento,aordemeconmica,(...)quepossuicarter supra-individualesedestinaagarantirumjustoequilbrionaproduo, 7 Eduardo Correa, em passagem reproduzida por Ren Ariel Dotti na supracitada obra, p. 203/204. 8 Everardo da Cunha Luna. Captulos de direito penal Parte geral. So Paulo: Saraiva, 1985, p. 30. 9 Idem, ibidem. circulao e distribuio da riqueza entre os grupos sociais (...) 10 na trilha dosvaloresevetoresapropsitoconsagradospeloartigo170da ConstituiodaRepblica,constitui,enquantobemjurdicoparacuja tutelaineludivelmenteconvocaotextoconstitucionaloDireitoPenal 11, noapenasinarredveldeterminantedoreconhecimentodaexistnciado Direito Penal Econmico como espcie do gnero, mas tambm, e em linha deconsequncia,opontofulcraldetodaequalquerconceituaoquese lhe queira em boa tcnica imprimir. Emrecente,abalizadae profcuaabordagemsobreotema,o mestre peruano Raul Pea Cabrera demonstra cifrar-se, sim, na ordem econmica oepicentrodaatualconcepodoutrinriadoconceitodeDireitoPenal Econmico. Depois de averbar, com Klauss Tiedemann, que en suma el Derecho PenalEconmicoesunderechointerdisciplinariopunitivoqueprotegeel ordeneconmicocomoltimaratio,esdecir,elltimorecursoautilizar porelEstadoyluegodehaberechadomanodetodoslosdems instrumentosdepolticaeconmicaodecontroldequedispone,parauna eficazluchacontralasdiversasformasdecriminalidadeconmica.Las 10 Joo Marcello de Araujo Jnior. Dos crimes contra a ordem econmica. So Paulo: RT, 1995, p. 36. 11 Veja, por exemplo, o teor dos preceitos inscritos nos pargrafos 3 e 4 do artigo 173 da Constituio da Repblica,abstraindo-se,pormeporquantoestranhaaoobjetodopresentetrabalho,daquesto concernente instituio ou no, pelo ltimo, da chamada responsabilidade penal da pessoa jurdica. graves disfunciones y crisis socioeconmicasjustifican la intervencin del Estado en materia econmica y recurrir al Derecho Penal para resolverlos y asegurarelbienestarcomn 12,colaochamaomagistriodealguns dos mais acatados penalistas alemes para evidenciar no haver, entre eles, qualquer divergncia digna de nota quanto a ser o Direito Penal Econmico (...)laramadelderechoquelecompitetutelarprimordialmenteelbien constituidoporelordenamientojurdicoestatalensuconjuntoy,en consecuencia el curso normal de la economa en su organicidad, es decir, la economa nacional (...) 13. E exatamente a indiscutvel proeminncia da ordem econmicana composioconceitualdoDireitoPenalEconmicoqueaumstempo produz e evidencia o atrelar-se a ele o Direito Penal Tributrio, que (...) se caracteriza pela sua finalidade de defender os interesses do Estado ligados arrecadaodostributos,quandohouverofensagraveataisinteresses (...)14. 12 El bien jurdico en los delitos econmicos. Revista Brasileira de Cincias Criminais. So Paulo: RT, n 11, julho/setembro de 1995, p. 36/49 (42, a do trecho coligido). 13 Idem, p. 43. 14 Manoel Pedro Pimentel, obra e edio anteriormente citadas. 1.2NaturezadarelaoentreoDireitoPenalEconmicoeoDireito Penal Tributrio Conquanto correta a advertncia de que O direito penal econmico noseconfundecomoDireitopenalfinanceiroecomoDireitopenal tributrio(...)Soramosdistintos(...) 15,irrecusvelsenosapresentaa intelecodequeoDireitoTributrioexpressodoDireitoEconmico, do Direito Pblico Econmico, que (...) reunindo a Poltica Econmica do Estado,visaaointeressepblico.CompreendeoDireitoTributrio disciplinadordaarrecadaodostributos.Obemjurdico,em conseqncia, bifronte: de um lado, compreende o interesse pblico de o Estado obter os meios para a realizao de suas atividades; de outro, avulta ointeressedoTesouro,patrimonial,relacionadocomareceitadoEstado. Assim,obemjurdiconotraduzapenasinteressepatrimonial.Alcana tambm os limites da poltica econmica, o que faz aumentar o significado dodelitotributrio.Quem,ilustrativamente,sonegaotributonoafeta apenasopatrimniopblico,repercutindonaarrecadao.Vaialm. AtingeaEconomia.Ocasionando,comisso,reflexonasatividadesdo Estado. 15 Idem, p. 17. Essepormenornodeinteressemeramenteliterrio.Emsendo caractersticadofato-infraopenal,confere-lheidentidadenormativa. Integra-seunidade,doDireito,submetendo-se,logicamente,ao sistema16. Por outras, (...) a ordem econmica no , ontologicamente, distinta datributriaedafinanceira.Asduasltimasso,apenas,espciedeum mesmo gnero jurdico mais amplo, a ordem econmica. Nessa, incluem-se aspectos fiscais; cambiais; falimentares; financeiros (...) 17. EntreDireitoPenalEconmicoeDireitoPenalTributrioh,pois, manifestacorrelao.Aordemtributriaquesebuscatutelarpor intermdio da incriminao de condutas e resultados cujas reprovabilidade egravidadereclamem,emvaloraolevadaaefeitonosdomniosda polticacriminal,acominaodesanopenal,interessa,tantoquantoa financeira,elaborao,conduoepreservaodaordemeconmica, mximenoquedizcomaconcretizao,entreoutros,dorespectivo imperativoconstitucionaldareduodasdesigualdadessociaise regionais,tarefaemproldaqualpreponderantepapeldesempenhaa arrecadao de tributos. 16LuizVicenteCernicchiaro.DireitoPenalTributrioObservaesdeaspectosdaTeoriaGeraldo Direito Penal. RevistaBrasileiradeCinciasCriminais.So Paulo: RT, ano 3, n 11, julho/setembro de 1995, p. 175/183. As passagens transcritas situam-se nas pginas 177 e 179. 17 Joo Marcello de Araujo Jnior, obra e edio anteriormente mencionadas, p. 39. Porviadeconsequncia,mastambmporquesuprfluono realar(...)asreasjurdicasnosoestanques(...),(...)oDireito sistemacujasnormasintercomunicam-se(...) 18,DireitoEconmicoe Direito Tributrio, embora distintos no que pertine especificao dos bens einteressesjurdicostuteladospornormaspenaisincriminadoras, interligam-se ao convergirem rumo proteo global da ordem econmica enquanto complexo conjunto de valores, regras, objetivos, fatos e condutas que guardam entre si permanentes e sucessivas relaes de causa e efeito. Cada qual, dada a diversidade do objeto imediato da tutela jurdico-penal, conserva, verdade, peculiaridades normativas, postulados prprios. Ambos,porm,como,deresto,todasasdemaisvertentesdomagistrio punitivo do Estado, submetem-se aos princpios gerais do Direito Penal. 2. Os crimes tributrios 2.1Osdiplomaslegaisanterioreatualeadicotomiacrimematerial crime formal 18 Luiz Vicente Cernicchiaro, trabalho, obra e edio anteriormente citados, p. 175, 178 e 179. vistadadicodospreceitosincriminadoresinsculpidosnaLei 4.729/65, derrogada 19 pela Lei 8.137/90, os ento denominados delitos de sonegaofiscal,emsuasgenunasmodalidades(incisosIaIVdoartigo 1),caracterizavam-seeseconsumavampelasimplesrealizaodas condutasdescritas,independentementedaproduodequalquerresultado material lesivo ao Fisco. Dizendo-sedeoutromodo,oeximir-se,totalouparcialmente,do pagamentodotributonofiguravaemsobreditasnormasincriminadoras comoeventofactualconstitutivodoncleodasrespectivasinfraes penais,masapenasnacondiodoqueseconvencionoudenominar elemento subjetivo do injusto ou, para outros, especial fim de agir. Numapalavra,componentepsicolgico,enomaterial,dostipos delituosos.Crimes,portanto,meramenteformais,paracujaperfeita configurao bastava, por exemplo, prestar declarao falsa a agentes das pessoas jurdicas de direito pblico interno (...) com ainteno de eximir-se, total ou parcialmente, do tributo (...), nada importando o no se eximir concretamente o agente do pagamento de qualquer tributo. 1919 A afirmao demera derrogao, e no de ab-rogao ou revogao integral, feita apenas porque ficoumantidooart.5,quesubstituiospargrafos1e2doart.334doCdigoPenal,quetipificao crime de contrabando e descaminho, inatingido pela Lei revogadora (Alberto Silva Franco e outros,Leis penais especiais e sua interpretao jurisprudencial. So Paulo: RT, 6 ed., 1997, v. 2, p. 2.079). ComoadventodaLei8.137/90,tonalizaodosdelitosprevistos em seu artigo 1, que reproduz, em linhas gerais, as condutas arroladas pelo diploma legal anterior, (...) j no basta a ao ou omisso enunciada nos incisos.misterquedessacondutadecorraoresultadoestabelecidono caput. Impe-se ocorra a efetiva supresso ou reduo do tributo (rectius: a sonegao fiscal, total ou parcial) 20. Orepousarotipopenal,emsuaessncia,noenunciadodeque constituicrimecontraaordemtributriasuprimiroureduzirtributo,ou contribuiosocialequalqueracessrio,medianteasseguintescondutas (...),pedemanifestotratar-se,jagora,decrimepornaturezae excelnciamaterial,tipificadoqueforacomaexpressaexignciade ocornciaderesultadoexterioraoe(...)quesedestacalgicae cronologicamente da conduta (...) 21. Conseguintemente,(...)semqueocorraefetivasonegao,parcial outotal,oucomodizalei,supressooureduodetributo,nohaver conduta tpica, no se configurando o crime 22. 20RuiStocco.Leispenaisespeciaisesuainterpretaojurisprudencial,editora,edioevolume anteriormente citados, p. 2.101. 21 Idem, ibidem, p. 2.102. 22Autor,obra,edio,editora,volumeepginacitadosnasduasltimasnotas.Registre-sede,a propsito,jhaverocolendoSupremoTribunalFederal,emjulgadodalavradoeminenteMin. Seplveda Pertence, proclamado que (...) ao contrrio do que sucedia no tipo similar da Lei 4.729/65, consumao essencial que, da omisso da informao devida ou da prestao da informao falsa, haja 2.2 O tributo devido como elementar do tipo concretaconfiguraododelitodequeorasecuidaexige-se, outrossim,sejadevidootributocujasupressooureduodecorrade qualquer das condutas enumeradas nos incisos que completam o respectivo preceito incriminador. O que se pretende afirmar, e j agora na trilha do sempre apropriado magistrio de Hugo de Brito Machado, que em qualquer hiptese, o tipo penal,tantoodescritonoart.1,comoodescritonoart.2,somentese configurasehouverumtributodevido.Asdiversasaesdescritasnos incisosIaV,doart.1,paraqueconfiguremotipopenalemquesto, devem ter uma finalidade especfica, que a de suprimir ou reduzir tributo. Eessetributohdeseraquelequedevido,nostermosdaleiaele concernente.Damesmaforma,asdiversasaesdescritasnosincisosIe II,doart.2,referem-seatributodevido.Nohavendotributodevido, porqueinocorrenteofatoque,nostermosdaleiaplicvel,faznascera obrigaotributriacorrespondente,noseconfiguraqualquerdoscrimes emreferncia.Mesmoqueseentendaseroresultado,eximir-se,totalou parcialmente,depagamentodetributo,aludidonoart.2,incisoI, resultadodeefetivasupressooureduodotributo,circunstnciaelementar(...)(HC75.945-2/DFj. 02.12.1997, votao unnime. DJU de 13.02.1998, p. 4. desnecessrio integrao do tipo penal ali descrito, ainda assim tem-se de entender que o tributo, de cujo pagamento pretendeu o agente eximir-se, tributo devido. Em qualquer caso, o tributo de que se cuida h de ser devido. Deve existir relao tributria juridicamente vlida. Assim, a questo pertinente legalidadeouconstitucionalidadedotributodegranderelevncia.Se qualquerdasaesdescritas,nosdispositivoslegaisacimareferidos, destina-seasuprimiroureduzirtributo,cujaexignciailegalou inconstitucional, no se consubstancia o tipo penal em questo 23. Namesmalinha,entreoutras,aigualmenteprecisapreleodo tributaristaeprofessorAgostinhoToffoliTavolaro,paraquem(...)em outraspalavras,nosecogita,notipopenal,somentedetributoou contribuio,massimdetributooucontribuioexigvel,aquelequese reveste dos atributos de constitucionalidade e legalidade indispensveis. No basta apenas que sejam tributos ou contrbuies, por nomeao de norma; necessrio, sim, que sejam devidos. 23 Obra anteriormente citada, p. 59. Nossos os destaques grficos. A falta dessa qualidade, indevido o tributo, seja por desconformidade Constituioouleicomplementar,faltaroelementomaterialdo tipo, tornando, assim, inexistente o delito 24. 2.3 A questo do tributodevido e a ao penal por crime contra a ordem tributria 25 Partindo-sedapremissaeofazemosporreput-latecnicamente irreprochveldequeoaperfeioamentodatipicidadedainfraopenal emapreopressupeaaferiodequelegalmentedevidootributode cujasupressooureduoapropsitodecogite,indeclinvel,entoe conseguintemente, afigura-se convirfaltar justa causa ao penal que se intente mingua da necessria declarao de exigibilidade do tributo. E,como,nostermosdoCdigoTributrioNacional,compete privativamenteautoridadeadministrativaconstituirocrditotributrio pelolanamento,assimentendidooprocedimentoadministrativotendente averificaraocorrnciadofatogeradordaobrigaotributria correspondente,determinaramatriatributvel,calcularomontantedo 24Sonegaofiscal.Otributodevidocomoelementodotipo:especializaodajurisdiopenaleas questescveis,trabalhopublicadonajcitadacoletneaDireitoPenalTributrioComtemporneo Estudos de especialistas, p. 25/32. Igualmente nossos os realces grficos. 25 Ressalva-se corresponder o tpico em referncia, em boa parte, ao trabalho elaborado tributodevido,identificarosujeitopassivoe,sendoocaso,propora aplicaodapenalidadecabvel 26,enquantonoproferida,narbita administrativo-fiscal, a deciso declaratria da exigibilidade do tributo com oqualserelacioneacondutasubsumvelatalouqualmodelolegalde infrao penal contra a ordem tributria, no se completa, sequer em tese, o respectivo tipo delituoso. Essa,foradedvida,aequaoprojetadapelanormavazadano artigo83daLei9.430/96.Tantoque,muitomaisdoqueexigir,paraa proposituradaaopenal,oprviopronunciamentoadministrativoacerca da exigibilidade do tributo, obsta o simples encaminhamento ao Ministrio Pblicodarepresentaofiscalparafinspenais,meradelatiocriminis, antes de proferida, na esfera administrativa, deciso final sobre a exigncia do crdito tributrio correspondente. Eintuitiva,apardeindefectvel,aratioessendidanorma. Enquanto no decretada a exigibilidade do tributo, nem mesmo em tese se completaarelaodeadequaoentreaaodohomemeadescrio legal 27.Efaltadetipicidade,pressupostoprimeirodaeficcia processualdasnormaspenaisincriminadoras,inadmissveissobrelevam 26HugodeBritoMachado.Algumasquestesrelativasaoscrimescontraaordemtributria.RT 751/453-466. 27ProfessorEverardodaCunhaLunareferindo-seatipicidadepenal,em:Captulosdedireitopenal Parte Geral. So Paulo: Saraiva, 1985, p. 117. noapenasapersecutiocriminisinjudicio,mastambm,eantesdela,a prpria apresentao de qualquer notitia criminis, bem como a instaurao de procedimento investigatrio. Afinal,ecomojadvertia,portodos,FredericoMarques,no genitivocriminisoudelictidadesignaojurdicadevriosinstitutosda persecuopenalestcristalizadooprincpiodequenopodehaver atuaopersecutriadoEstadosemtipicidade.Assimque,paraa existnciadainvestigao(queumainformatiodelicti),torna-se imprescindvelanotitiacriminis,isto,acomunicaoouconhecimento decondutaconfiguradacomofatotpico.Asuspeitadecrime,ouopinio delicti, base e fundamento da acusao, consiste sobretudo na possibilidade de existncia de crime decorrente da prtica presumvel de fato tpico 28. Adespeitodecondicionar,destarte,todaequalqueratuaoestatal persecutriaaaopenalpropriamenteditae,outrossim,qualquer espciedeinformatiodelicti,ostentando,assim,relevanteprojeo processual,aexigibilidadedocrditotributrioaspectocujaexistncia jurdica depende,a teordos precisoseinequvocos termos da normalegal empauta,dedecisofinalnombitoadministrativofatojurdicoque, integrandooprpriocontedodostiposdelitivossobexame, 28Apud:ProcessoPenalODireitodeDefesa:repercusso,amplitudeelimites,deFernandode Almeida Pedroso. So Paulo: RT, So Paulo, 1994, 2 ed., p. 62. Destaques grficos de reproduo. geneticamente pertence aos domnios do direito penal substantivo.E,nessalinha,noseconfundecomasoutroradenominadas condiesespecficasdaaopenalou,sepreferir,condiesde procedibilidade,requisitosespeciaisexigidosporleiparaqueseja admissvel a acusao 29. Simplesmente, porque condies de procedibilidade consubstanciam-se em fatos que em nada interferem com a configurao do tipo penal, com o fenmeno jurdico da subsuno do fato ao preceito incriminador, com a tipicidade, enfim. Assim, por exemplo, a licena da Cmara dos Deputados edoSenadoFederalparaoprocessocriminalcontraseusmembros 30;a decretaojudicialdaquebraparaaaopenalporcrimesfalimentares (emboraalgunsavejamcomocondiodepunibilidade);arepresentao doofendidooudeseurepresentantelegalnashiptesesdeaopenal pblicacondicionada;aautorizaodaCmaradosDeputados,pordois teros de seus membros, para a instaurao de processo contra o presidente e o vice-presidente da Repblica e os ministros de Estado 31; a exibio de exemplardojornalouperidicoemquepublicadooescritoincriminado 29 Fernando da Costa Tourinho Filho. Processo penal. So Paulo: Saraiva, 10. ed., 1987. v. I, p. 298. 30 Art. 53, 1., da CF/88 (LGL 1988\3). 31 Art. 51, I, da CF/88 (LGL 1988\3). para a ao penal por crime de imprensa 32 e outras.Sobaticadodireitoprocessualpenal,aexigibilidadedocrdito tributrio correspondente conduta que em tese se amolde a qualquer dos tiposemquedefinidososcrimescontraaordemtributriadiz,portanto, com o primeiro e mais importante componente da noo de justa causa para aaopenal,atipicidade,aindaqueapenasemtese,mas,nessa perspectiva,necessariamentecompletaeacabada,dofatoconstitutivoda causa petendi da inteno punitiva estatal.Imperfeita, mesmo que pela ausncia de um nico elemento tpico, a reproduodarealidadeabstratapelatessiturafactualsupostamente concreta,persecuopenalfalececondiogenricabsica,impondo-se rejeitaraexordialacusatriaeventualmenteaforadaeindevidamente aforada, diga-se em hiptese tal. Noutrostermos,inevitvelinteraoentrearegravazadano focalizado art. 83 da Lei 9.430/96 e as normas inscritas no art. 43 do CPP (LGL1941\8),aconclusodequeaopenalporcrimecontraaordem tributriadeflagradaantesdopronunciamentoadministrativoacercada exignciadocrditotributrioaopenalcujosuportefactual,porque desprovido da necessria tipicidade penal, ao mesmo tempo em que no lhe 32 Art. 43 da Lei 5.250, de 09.02.1967. outorgacondioelementardeadmissibilidade,atraiaincidnciado preceito a teor do qual a denncia ou queixa ser rejeitada (...) quando o fato narrado evidentemente no constituir crime.Sem embargo, poder-se-ia aduzir cunhar a deciso administrativa de exigibilidadedocrditotributrio,questoprejudicialaoreconhecimento daexistnciadacorrespondenteinfraopenalpara,emimediata seqncia, sustentar-sea aplicabilidade daregra inserta noart.93doCPP (LGL 1941\8) e, consequentemente, no a inadmissibilidade da propositura daaopenalenquantonoproferidaaquela,masapenasasuspensodo respectivo processo 33. Tecnicamentecorreta,entretanto,nonospareceaformulao. que,adstringindo-seacontemplarahiptesedeoreconhecimentoda existnciadainfraopenal depender de deciso sobrequestodiversa da prevista no artigo anterior, da competncia do cvel, e se neste houver sido proposta ao para resolv-la (...), nem remotamente alcana o supracitado art. 93 do CPP (LGL 1941\8), a previso, radicalmente distinta, de caber administraopblica,independentementedoajuizamentodequalquer aojudicial,pronunciar-sesobreaexignciadocrditotributrio relacionado a comportamento virtualmente dotado de tipicidade penal. 33 Tese defendida, entre outros, por Eduardo Reali Ferrari em A prejudicialidade e os crimes tributrios artigo publicado no Boletim 50, janeiro de 1997, do Instituto de Cincias Criminais, p. 6. Mesmo porque o que a Lei 9.430 de 1996 exige para, aperfeioando-seotipopenal,viabilizar-seaveiculao,pelaadministrao,denotitia criminis ao Ministrio Pblico representao fiscal para fins penais apenas o ato decisrio administrativo de exigibilidade do crdito tributrio correspondenteenodecisojudicialdenaturezaextrapenalacercada questo.Emais.Sejaemborairrecusvelconviroafetar-seamaisno poder,alisaqualificaojurdico-penaldofatoeventualmente constitutivodecrimecontraaordemtributriapeladecisofinal,na esferaadministrativa,sobreaexignciadocrditotributrio correspondentefenmenoesteemqueradicada,comosublinha TourinhoFilho,apedra-de-toquedasprejudicialidades,pressupostos outros,masobviamenteporigualindispensveis,antepem-se caracterizao daprejudicialdeque trata oart.93doCPP(LGL1941\8): b) que seja da competncia do juzo cvel (...); c) que a ao j tenha sido proposta no cvel. preciso que as partes, antes de suscitada a prejudicial, j estejam no juzo cvel, procura da sua soluo, isto , j deve ter sido propostanocvelaaocompetenteparadirimiracontrovrsia.Aqui,o Juiz penal no remete as partes ao cvel, como acontece na hiptese do art. 92 do CPP (LGL 1941\8) . As partes j devem estar ali (...) 34. Demaisociosonorealar,administraopblica,enoao juzo cvel, ao menos para efeito do reconhecimento da existncia, em tese, deinfraopenalcontraaordemtributria,quecabe,porforade expressa disposio legal, qual a vazada no j tantas vezes referido art. 83 daLei9.430/96,manifestar-se,aindaqueemcarterprovisrio 35,masj agoraimprescindivelmente,sobreaexignciafiscaldocrditotributrio portador de relevncia jurdico-penal.Logo, a prejudicialidade nsita na questo da exigibilidade do tributo, longedegeraraincidnciadopreceitocontidonoart.93doCPP(LGL 1941\8), a autorizar a mera suspenso do processo, h de estar previamente resolvida,emsentidoafirmativo,naesferaadministrativa,sobpenade faltareventuale,nessecaso,manifestamenteaodadaatuao persecutriacriminal,peladeclaradaausnciadetipicidadepenal,o indispensvel selo da justa causa. Mas,quidjuris,easaespenaisporcrimescontraaordem tributriapropostas,antesdoadventodaLei9.430de1996,minguade decisoadministrativasobreaexignciadocrditotributrio 34 Fernando da Costa Tourinho Filho, obra e edio anteriormente citadas, v. 2, p. 467. 35AleinoexcluirdaapreciaodoPoderJudiciriolesoouameaaadireito,art.5,XXXV,da CF/88 (LGL 1988/3). correspondente?Aplica-se-lhes,emnossopensar,exatamenteomesmotratamento jurdicoaserdispensadosfuturasaespenaisportransgresses penalmenterelevantesdaordemtributria.Corresponde,pois,aasseverar tambmfaltarjustacausa,aindaquesupervenientemente,paraas persecues penais que, desencadeadas antes da vigncia do diploma legal emapreo, otenhamsido semqueaadministrao pblicahajaproferido decisoafirmativadaexigibilidadedocrditotributrioatinentes condutas constitutivas das respectivas imputaes. evidncia, porque a norma legal sob anlise, embora, para muitos, aparentemente processual, mxime por cuidar de representao fiscal para finspenais,narealidade,porm,mergulharazesnodireitomaterial. Quandomenosporatrelaraformulaodarepresentaoaquealude exignciafiscaldocrditotributriocorrespondente,aqual,porseu turno, integra, com a nota da essencialidade, ao demais, a prpria estrutura tpica dos crimes contra a ordem tributria.Oproduzirreferidanormaefeitosvisivelmenteprocessuaisnolhe subtraiocarterdepreceitosubstancialmentematerial.Anteseao contrrio,emlargamedidaoavulta,notadamenteemfacedainevitvel aferiodequediferentementedoquesepassacomoutrosramosdo direito, h entre o direito penal e o processo penal uma verdadeira relao demtuacomplementaridadefuncional,podendomesmodizer-serelao deinterdependnciaoudeimplicaobiunvoca:oprocessopenaltal comoqualquerprocessopressupeodireitopenaleodireitopenal diferentemente do que acontece com os ramos dos direito no sancionatrio s se concretiza atravs do processo penal. O processo penal , em rigor, o modus existendi do direito penal 36. Emdecorrncia,ecomoexegeticamenteassinalaOresteDominioni emescliocoligidoporFredericoMarques,helementosque(...) pertencentes,por suanatureza,rea do temasubstancial,passamafazer partedoTatbestanddesituaesdendoleprocessual.Ecasosdesse gnero, como escreveu T.Delogu, no processo penal so freqentes (...)37. Precisamente essa a tessitura da norma insculpida no artigo da Lei 9.430de1996.Aexigibilidadedocrditotributrioqueencerrevirtual relevnciajurdico-penal,pressupondoprvioreconhecimentonaesfera administrativa,componentefulcraldostiposdelitivosmodeladospelos arts. 1. e 2. da Lei 8.137/90 tema substancial e, como tal, requisito da respectiva tipicidade, cuja corporificao, ao menos em tese, integra, por seuturno, otatbestanddajusta causa,situaodendole processual em 36 Americo A. Taipa de Carvalho. Sucesso de leis penais. Portugal: Coimbra, 1990, p. 212. 37 Tratado de direito processual penal, v. II, p. 78. So Paulo: Saraiva, 1980. que se agitam as denominadas condies da ao penal.Espao no encontra, pois, qualquer hesitao quanto a revestir-se a normalegalemfocodecarter,senoexclusiva,porcerto preponderantementematerial,alinhando-se,napiordashipteses,entre aquelasqueCappelleti,distinguindodastcnico-processuais(normas formalesubstancialmenteprocessuais),classificacomonormasde garantia 38conceitualmenteequivalentesasporoutrosdenominadas normasprocessuaispenaismateriais 39 ounormasprocessuais substancialmente materiais sobre as quais irretorquivelmente incide, dada ainegvelacentuadacargadedireitomaterialqueencerram,opostulado constitucional da irretroatividade desfavorvel e da retroatividade benfica aos supostos autores de infraes penais.Assimecolocadaemlinhadeconsiderao,ainda,apremissade que,porexigir,paraameraapresentaodenotitiacriminis,aprvia declarao,emterrenoadministrativo,daexignciafiscaldocrdito tributrio suprimindo, dessarte, a inslita possibilidade de que o cidado sejaarrastadoparaasgravosasevexatriasmalhasdeumapersecuo penal sem que sequer em tese se possa vislumbrar a tipicidade penal do fato imputado , institui a norma legal em questo significativa proteo para os 38 Preleo citada por Americo Taipa de Carvalho na obra antes referida, p. 220. 39 Apud: idem, ibidem. supostos autores de eventuais delitos contra o sistema tributrio, irrecusvel concluir aplicar-se ela a toda e qualquer hiptese de crime contra a ordem tributria,sejaanteriorouposteriorodelito,jestejaounoemcursoo processo criminal.Apropsito,ainda,daretroatividadedopreceitolegalemestudo, duasderradeirasobservaes.Versandoigualmentesobrearepresentao doofendido,ineludivelmenteconsagraoart.91daLei9.099/95,como dispor que nos casos em que esta Lei passa a exigir representao paraa proposituradaaopenalpblica,oofendidoouseurepresentanteser intimado para oferec-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadncia, a aplicao da norma tambm aos casos alusivos a fatos delituosos ocorridos precedentemente sua vigncia. Retroativamente, portanto, mesmo porque arepresentao(...)possuinaturezadplice:processualepenal.Sendo institutodenaturezapenalebenfico(porquepodecausaraextinoda punibilidadepelarennciaoudecadncia),evidentequeretroagepara alcanarfatos ocorridosantesdalei.Mesmoquenotivssemos o art. 91 da Lei 9.099/95, no existe a menor dvida de que o art. 88seria aplicado retroativamente 40. 40 Juizados Especiais Criminais Comentrios Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, de Ada Pellegrini Grinover,AntonioMagalhesGomesFilho,AntonioScaranceFernandeseLuizFlvioGomes,p.182. So Paulo: RT, 1995. Comoretroativamenteaplicadoforaoart.83daLei9.430/96,pelo eminentejuizNewtondeLucca,doegrgioTribunalRegionalFederalda 3.Regio.Emdeciso,muitoprovavelmentepioneira,exarada relativamente a pedido de liminarformulado emhabeas corpus impetrado com vistas ao trancamento, por falta de justa causa, de ao penal por crime contraaordemtributria,anteriorsuavigncia,concedendo-a, judiciosamente afirmou Sua Excelncia, (...) plenamente aplicvel ao caso (...),pelaaplicaodoprincpiodaretroatividadedaleipenalmais benfica (...), o art. 83 da Lei 9.430/96 (...) 41. Artigo 83, ademais, cuja interpretao sistemtica 42 registre-se, por derradeiro recentemente conduziu o mesmo Tribunal Regional Federal da 3. Regio a decidir, embora por votao majoritria, que a materialidade delitivaaqueserefereocrimeimputadoaopacientesomentepodeser constadacomotrminodefinitivodoprocessoadministrativo-fiscal. Inexistejustacausaparaaaopenalenquantonocumpridaaexigncia do art. 83 da Lei 9.430/96 43. 41 Ordem de HC 97.03.001571-9-SP, despacho proferido em 20.01.1997. 42 Destaque, quanto ao ponto, para o judicioso voto formulado pela Juza Suzana Camargo. 43 HC 97.03.038827-2, Rel. (designado) Juiz Pedro Rotta, j. 15.09.1997.