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A CRISE FINANCEIRA DE 2008 E SEU IMPACTO EM EMPRESAS DO SETOR DE CONSUMO CÍCLICO Felipe Miguel Dias Rosa Vicente Barroso Vianna Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho Rio de Janeiro Março 2019

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A CRISE FINANCEIRA DE 2008 E SEU IMPACTO EM EMPRESAS DO

SETOR DE CONSUMO CÍCLICO

Felipe Miguel Dias Rosa

Vicente Barroso Vianna

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia de Produção da

Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título

de Engenheiro.

Orientador:

Roberto Ivo da Rocha Lima Filho

Rio de Janeiro

Março 2019

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A CRISE FINANCEIRA DE 2008 E SEU IMPACTO EM EMPRESAS DO SETOR

DE CONSUMO CÍCLICO

Felipe Miguel Dias Rosa

Vicente Barroso Vianna

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinada por:

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO de 2019

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Rosa, Felipe Miguel Dias

Vianna, Vicente Barroso

A crise financeira de 2008 e seu impacto em empresas

do setor de consumo cíclico / Felipe Miguel Dias Rosa e

Vicente Barroso Vianna – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2019.

xi, 68 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho (D.Sc.)

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia de Produção, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 66-68.

1. Crise financeira. 2. Crise de 2008. 3. Indicadores

Financeiros. 4. Séries Temporais. 5. Consumo cíclico

I. Filho, Roberto Ivo da Rocha Lima. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia de Produção. III. A crise

financeira de 2008 e seu impacto em empresas do setor de

consumo cíclico.

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AGRADECIMENTOS

Felipe Miguel Dias Rosa:

Dedico este trabalho ao meu pai, Lino Miguel Rosa que me deu a oportunidade

de estar aqui e hoje não se encontra mais neste mundo para ver este momento. Te amo,

Papai.

Vicente Barroso Vianna:

Dedico este trabalho e deixo como uma homenagem póstuma, à minha tia-avó,

Lygia da Conceição Guimarães, que esteve presente comigo até os meus quinze anos e

que serve como exemplo de como ser uma pessoa batalhadora e perseverante até os dias

atuais, além de ter me dado todo o suporte para que eu me tornasse uma pessoa bem

instruída, educada e respeitosa em relação ao próximo. Te amo, Tia.

À minha namorada Tayná de Oliveira dos Santos e aos meus amigos por todos

os conselhos e por terem se tornado, cada um à sua proporção, uma motivação para

superar todos os obstáculos que pudessem dificultar a busca pelo tão sonhado diploma.

Ambos:

Agradecemos primeiramente aos nossos pais, que nos concederam base familiar

e apoio incondicional à nossa jornada durante a graduação. Estiveram conosco durante

toda essa caminhada, estando em vida ou não, e nos tornaram vencedores mesmo antes

de estarmos aqui. Ensinaram-nos que através da educação poderíamos alcançar voos

que eles mesmos não haviam alcançado e acreditaram que esse poderia ser o melhor

investimento a ser feito. Acreditaram desde o início em nosso potencial e merecem

todos os agradecimentos por esse momento de genuína felicidade.

Aos professores por nos ter ensinado muitas vezes mais do que disciplinas em

sala de aula.

Aos nossos companheiros e companheiras de curso por compartilharem essa

caminhada conosco.

Também agradecemos a todos aqueles que trabalham na UFRJ diariamente e que

fazem possível a existência desta instituição e por consequência a existência deste

trabalho.

A todos, muito obrigado,

Felipe Miguel Dias Rosa e Vicente Barroso Vianna.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

A CRISE FINANCEIRA DE 2008 E SEU IMPACTO EM EMPRESAS DO SETOR

DE CONSUMO CÍCLICO

Felipe Miguel Dias Rosa

Vicente Barroso Vianna

Março/2019

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho (D.Sc.)

Curso: Engenharia de Produção

Este trabalho busca estabelecer um elo entre alguns dos indicadores financeiros

mais usados pelas empresas do setor de consumo cíclico e o preço de fechamento de

suas ações na bolsa de valores. Foram utilizados os dados dos balanços patrimoniais das

Lojas Americanas (LASA), Lojas Renner e Grupo Saraiva do período de 2007 a 2018

para estimativa estatística das variáveis que realmente impactam este segmento.

Também busca-se entender os impactos da crise financeira americana de 2008 sobre o

desempenho das empresas no período da recessão e como as marcas reagiram com o

passar do tempo. Toda análise técnica foi feita com modelos baseados em séries

temporais, buscando a melhor descrição do preço de fechamento das ações a partir de

indicadores como Retorno sobre Investimento (ROI), Retorno sobre Ativo (ROA) e

Liquidez Geral.

Palavras-chave: Crise Financeira, Crise de 2008, Indicadores Financeiros, Séries

Temporais, consumo cíclico.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

THE 2008 FINANCIAL CRISIS AND ITS IMPACT ON COMPANIES OF THE

CONSUMER CYCLICAL SECTOR

Felipe Miguel Dias Rosa

Vicente Barroso Vianna

March/2019

Advisor: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho.

Course: Industrial Engineering

This work intends to establish a link between some of the most used financial

indicators by companies in the cyclical consumer sector and the closing price of their

shares on the stock exchange. Data from the balance sheets of Lojas Americanas

(LASA), Lojas Renner and Saraiva Group from 2007 to 2018 were used to statistically

estimate the variables that really impact this segment. It also seeks to understand the

impacts of the 2008 US financial crisis on corporate performance in the recession period

and how these brands have reacted over time. All technical analysis have been done

using models based on time series, seeking the best description of the closing price of

the shares based on indicators such as Return on Investment (ROI), Return on Assets

(ROA) and General Liquidity.

Keywords: Financial Crisis, 2008 Crisis, Financial Indicators, Time Series,

Cyclical Consumer.

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SÍMBOLOS, ABREVIATURAS, SIGLAS E CONVENÇÕES

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

DRE – Demonstração de Resultado do Exercício

EUA – Estados Unidos da América

GAF – Grau de Alavancagem Financeira

IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

LASA – Lojas Americanas S.A.

OPA – Oferta Primária das Ações

PIB – Produto Interno Bruto

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

ROA – Retorno sobre o Ativo

ROE – Retorno sobre o Patrimônio Líquido

ROI – Retorno sobre Investimento

SELIC – Sistema Especial de Liquidação e de Custódia

SNIPC – Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 12

1.1 CONTEXTO E MOTIVAÇÃO ............................................................ 12

1.2 OBJETIVO ........................................................................................ 14

1.3.ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA ..................................................... 15

1.4.METODOLOGIA ................................................................................. 15

1.5.LIMITES ............................................................................................... 16

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................. 17

2.1. BALANÇO PATRIMONIAL ............................................................... 17

2.2. A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) . 18

2.3. INDICADORES DE RENTABILIDADE ............................................ 19

2.3.1. Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) .................................. 20

2.3.2. Retorno sobre Ativo (ROA) ........................................................... 20

2.3.3. Retorno sobre o Investimento (ROI) .............................................. 21

2.4. Índices de Liquidez ............................................................................... 22

2.4.1. Liquidez Geral ................................................................................ 22

2.5. ENDIVIDAMENTO GERAL .............................................................. 22

2.6. GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA (GAF) ........................ 23

2.7. DESLIGAMENTOS ............................................................................. 24

2.8. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ................................................. 24

2.9. RENDA MÉDIA POR POPULAÇÃO OCUPADA ............................ 24

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2.10. TAXA SELIC .................................................................................... 24

2.11. ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO

(IPCA) 25

3. CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS ............................................ 25

3.1. GRUPO SARAIVA .............................................................................. 25

3.1.1. Missão ............................................................................................ 25

3.1.2. Histórico ......................................................................................... 26

3.2. LOJAS AMERICANAS S.A ................................................................ 26

3.2.1. Missão ............................................................................................ 27

3.2.2. Histórico ......................................................................................... 27

3.3. LOJAS RENNER S.A. ......................................................................... 28

3.3.1. Missão ............................................................................................ 29

3.3.2. Histórico ......................................................................................... 29

4. ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................ 29

4.1. LIQUIDEZ GERAL ............................................................................. 30

4.2. ENDIVIDAMENTO GERAL .............................................................. 30

4.3. RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ROE) .................. 31

4.4. RETORNO SOBRE O ATIVO (ROA) ................................................ 31

4.5. RETORNO SOBRE INVESTIMENTO (ROI) .................................... 32

4.6. GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA (GAF) ........................ 32

4.7. MÉDIA DOS PREÇOS DE FECHAMENTO ...................................... 33

4.8. DESLIGAMENTOS (VARIAÇÃO %) ................................................ 33

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4.9. PRODUTO INTERNO BRUTO (VARIAÇÃO %) ............................. 34

4.10. RENDA MÉDIA DA POPULAÇÃO OCUPADA (VARIAÇÃO %)

34

4.11. TAXA SELIC .................................................................................... 35

4.12. ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO

(IPCA) 36

4.13. CONCEITOS ESTATÍSTICOS ........................................................ 36

4.13.1. Regressão Linear Simples ............................................................ 36

4.13.2. Método dos Mínimos Quadrados .................................................... 37

4.13.3. Regressão Linear Múltipla ........................................................... 38

4.13.4. Seleção dos regressores ................................................................ 39

4.13.5. Análise do coeficiente de determinação (R²) ............................... 40

4.13.6. Testes de significância em relação ao valor F Calculado ............ 40

4.13.7. Pressupostos do modelo de regressão .......................................... 41

4.14. Grupo Saraiva .................................................................................... 45

4.14.1. Seleção dos regressores ................................................................ 45

4.14.2. Teste de Durbin - Watson ............................................................ 49

4.15. Lojas Americanas S.A ....................................................................... 50

4.15.1. Seleção dos regressores ................................................................ 50

4.15.2. Teste de Durbin – Watson ............................................................ 54

4.16. Lojas Renner S.A .............................................................................. 56

4.16.1. Seleção dos regressores ................................................................ 56

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4.16.2. Teste de Durbin – Watson ............................................................ 61

4.17. Variáveis significativas dos modelos ................................................ 62

5. CONCLUSÃO ......................................................................................... 63

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 66

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12

1. INTRODUÇÃO

Em 2008, a crise originada no mercado financeiro norte-americano, em

particular no setor imobiliário, impactou toda a economia global, influenciando

diretamente o desempenho econômico de grandes corporações multinacionais.

Este trabalho visa analisar o impacto dessa crise em empresas do setor de consumo

cíclico através da análise de alguns indicadores financeiros e entender como estas

empresas reagiram diante deste período de instabilidade no mercado mundial.

1.1 CONTEXTO E MOTIVAÇÃO

O mercado financeiro é um complexo sistema de venda e compra de ativos

financeiros, as diversas entidades, tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas fazem

uso deste como fonte de investimento ou arrecadação. Nele, praticamente toda a

economia global tem seu valor representado, seja direta ou indiretamente. Porém,

devido à dinâmica complexa da economia global, os preços destes ativos não seguem

uma variação simples e se tornam objeto complexo de estudo para aqueles agentes que

operam nesse meio. Assim, torna-se extremo o valor dos estudos relacionados ao

comportamento destes ativos.

A primeira grande crise financeira em escala mundial aconteceu em 1929, nos

Estados Unidos, e teve consequências diretas na economia mundial. Desde então

algumas outras crises de econômicas de menor expressão ocorreram ao longo da

história, como a do petróleo nos anos 70, derivada do aumento do seu preço, e a da

Argentina em 2001-2002, causada pela sua suspensão do pagamento da dívida externa.

Então, em 2008-2009 aconteceu o que foi considerada a maior crise financeira do

mundo desde a do começo do século XX. Causada pela especulação imobiliária

crescente desde o início dos anos 2000, está crise trouxe consequências devastadoras

para grande parte da economia mundial.

Neste tópico veremos quais foram as causas, consequências e impactos da crise

no mundo globalizado. Então traçaremos um paralelo com a situação do mercado

varejista de algumas das maiores empresas do segmento.

ORIGENS DA CRISE

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13

Pode-se dizer que tudo começou com uma desregulamentação progressiva do

governo, ainda nos anos 70, causada pelo avanço no neoliberalismo e da sua lógica

autorreguladora. Tradicionalmente os bancos financiavam imóveis arcando com seu

risco, e isso fazia com que eles só emprestassem dinheiro àqueles que passassem por um

cuidadoso critério de seleção. Porém, com a fluidez positiva da economia no início dos

anos 2000 e sua desregulação, o crédito começou a ser facilitado, fazendo com que os

bancos concedessem crédito imobiliário com menos restrições. Como garantia os

bancos vendiam seus títulos para seguradoras e outros bancos maiores. Isso acabou

tornando boa parte do sistema financeiro vulnerável a possível inadimplência oriunda

das concessões hipotecárias. Tal fato acabou eclodindo em 2008, quando os altos preços

dos imóveis, valorizados pela demanda vinda do crédito fácil, começaram a cair

bruscamente, fazendo com que seus proprietários não tivessem mais condições de pagar

as hipotecas. Como consequência, os bancos tomaram os imóveis para venda, porém,

com a queda dos preços destes e a saturação do mercado, as instituições financeiras não

conseguiram repor o dinheiro perdido. Assim, os bancos entraram em colapso dando

início à crise.

Sabemos também que outro fator que contribuiu para este cenário foi

qualificação de títulos duvidosos em AAA (o melhor nível de qualificação) por parte

das empresas de rating, interessadas mais em agradar os clientes do que proteger o

mercado.

Portanto, podem-se resumir as origens da crise nos seguintes pontos:

1) Teve origem no setor bancário, e não no setor de balanços de pagamento

decorrente do poder comercial da economia americana.

2) Foi derivada da confiança em títulos ruins disfarçados de qualificados pelas

agências de classificação de riscos, que estavam apenas interessadas em

agradar aos clientes e fazê-los comprar novos ativos.

3) A construção deste cenário começou na década de 70 com a desregulação

dos financiamentos imobiliários crescente desde os anos com a emergência

de políticas neoliberais, segundo as quais o mercado deveria ser regulado

naturalmente pelos seus próprios agentes, com menos interferência do

estado.

CENÁRIO PÓS-CRISE

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14

Como consequência esperada toda economia global entrou em queda.

Basicamente as pessoas tomaram decisões errôneas durante algum tempo baseadas na

perspectiva que os preços dos ativos continuariam altos. Dessa forma, não criaram

reservas de segurança para prevenção de perdas. Nos Estados Unidos da América

(EUA) a taxa de poupança agregada caiu para zero e muitas pessoas precisaram

financiar inclusive bens básicos de consumo.

Outro problema decorrente foi a volatilidade dos preços. No início de 2009, não

teria sido surpreendente se o mercado de ações subisse 50% nos meses seguintes, assim

como não teria sido se caísse 50%. Outro exemplo de volatilidade de preços foi

fornecido pelas commodities. No verão de 2008, o petróleo estava sendo negociado a

US$ 147 por barril. Então o preço caiu para cerca de US$ 40 em um curto espaço de

tempo. Essa volatilidade tornou a tomada de decisão muito difícil. As taxas de câmbio

também contribuíram para a incerteza geral e para a desaceleração de qualquer atividade

econômica.

Em suma, foi difícil para qualquer um que tentasse fazer decisões econômicas

devido a grande incerteza sobre os níveis futuros de preços, tanto em curto como em

longo prazo. Isso era verdade tanto para os consumidores quanto para as empresas. É

por isso que as vendas de bens duráveis como carros e bens de investimento, como bens

de capital, pararam em muitos países e por esta razão o comércio mundial entrou em

colapso.

1.2 OBJETIVO

1.2.1.Objetivo Geral

Objetivo Geral: Compreender a dinâmica de ações de empresa do setor de

consumo cíclico através de modelos estatísticos.

1.2.2.Objetivos Específicos

Objetivo Específico 1:

Encontrar uma modelagem única utilizando modelos estatísticos para o preço de

fechamento das ações.

Objetivo Específico 2:

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15

Determinar a influência da recessão financeira de 2008 no resultado de empresas

no mercado de consumo cíclico.

Objetivo Específico 3:

Traçar um paralelo entre as modelagens ideais para empresas do setor de

consumo cíclico de forma a verificar a existência de algum fator comum de

interferência.

1.3.ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA

Este trabalho é composto pela seguinte ordem: Introdução, onde é explicada a

motivação e o contexto para tal, os objetivos, a organização, a metodologia utilizada e

os limites desta obra; Referencial Teórico, capítulo o qual a fundamentação técnica dos

conceitos econômicos será apresentada com a descrição do que é balanço patrimonial,

demonstração do resultado do exercício (DRE), indicadores de rentabilidade, índices de

liquidez, endividamento geral, grau de alavancagem financeira, desligamentos, Produto

Interno Bruto (PIB), Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), renda

média da população ocupada e a taxa básica de juros da economia; Caracterização das

Empresas, capítulo o qual as organizações estudadas serão apresentadas; Análise dos

dados, neste capítulo será iniciado o estudo estatístico dos agentes apresentados no

capítulo anterior, serão apresentados os dados, o embasamento técnico utilizado e as

saídas de resultados, bem como sua interpretação; Conclusão, por fim será recapitulado

o que se seguiu do trabalho e o que pode-se concluir do resultado obtido, além de

possíveis desdobramentos.

1.4.METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho a metodologia adotada seguiu uma análise

estatística a partir de dados financeiros obtidos de três das maiores redes varejistas do

Brasil: Lojas Americanas, Lojas Renner e Grupo Saraiva. Além disso, foram coletadas

informações através de pesquisas bibliográficas em sites, portais, periódicos e livros

especializados. O tipo de método utilizado foi pesquisa bibliográfica e pesquisa

exploratória do tipo estudo de caso.

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16

Os dados foram extraídos de portais especializados1 e mostram valores

referentes aos balanços patrimoniais consolidados trimestrais e às Demonstrações do

Resultado de Exercício (DRE) a partir do ano de 2007 até o segundo trimestre de 2018.

Também foram obtidos valores diários das ações das empresas em dias úteis para

obtenção da média trimestral do preço de fechamento das ações.

As análises foram feitas a partir de indicadores derivados de cálculos que

utilizaram os resultados obtidos das empresas. Os indicadores utilizados foram:

1) Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE)

2) Retorno sobre Ativo (ROA)

3) Retorno sobre Investimento (ROI)

4) Grau de Alavancagem Financeira (GAF)

5) Índice de Liquidez Geral

6) Endividamento Geral

Os métodos estatísticos utilizados serão explicados detalhadamente no capítulo

referente à análise de dados.

1.5.LIMITES

Os limites encontrados para o trabalho referem-se principalmente ao fato de

muitas empresas terem realizado sua Oferta Primária de Ações (OPA ou IPO em inglês)

após o período de 2008. Devido a isto, encontraram-se somente três empresas que

atuassem no mesmo setor que dispusessem de dados históricos no período 2007-2018.

Especificamente, todos os índices foram calculados a partir do 1º trimestre de 2007 até

o 2º trimestre de 2018, devido à disponibilidade dos dados encontrados. A justificativa

da tomada dessa série temporal diz respeito ao entendimento do comportamento do

preço de fechamento das ações das empresas selecionadas no período pré e pós-crise.

Como posteriormente foi calculada a variação percentual do preço de fechamento em

relação ao trimestre do ano anterior, para a Saraiva foi realizada regressão a partir do

ano de 2008.

Outro limite deste projeto de graduação encontra-se no aspecto geográfico, uma

vez que é estudado o impacto da crise financeira somente no Brasil, não abordando o

1 *Os sites utilizados na busca foram: https://economatica.com/ e https://br.advfn.com/.

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17

impacto da crise financeira em outros países do mundo. Também não serão abordados

aspectos psicológicos por trás da crise financeira de 2008.

Além disso, limita-se ao cálculo de indicadores financeiros, excluindo-se os

indicadores operacionais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. BALANÇO PATRIMONIAL

Considerado um dos itens das demonstrações contábeis o qual, de acordo com a

Lei nº 11.638/07, as sociedades por ações (S.A) são obrigadas a elaborar e publicar, o

Balanço Patrimonial pode ser segmentado em três grandes tópicos: Ativo, Passivo

Exigível e Patrimônio Líquido.

Os Ativos são valores que indicam quais são os bens e direitos que uma empresa

possui e que prometem gerar benefícios de caixas futuros, ou seja, são convertíveis em

meios monetários. Os Passivos compõem as obrigações, ou de maneira simples, as

dívidas com terceiros.

O Ativo e o Passivo apresentam ainda a seguinte classificação: circulante e não

circulante. prazo, investimentos,

imobili

[6].

É possível considerar que os passivos dão origem a novos ativos quando a

empresa busca por capitais de terceiros, como é o caso de quando se contrai dívidas com

fornecedores, e ao mesmo tempo, estes valores aparecem nos ativos de estoques.

A diferença entre o valor total dos ativos e dos passivos resulta no patrimônio

líquido, que se originam de valores "próprios" da empresa, como aos que os sócios ou

acionistas aplicam.

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18

ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Ativo Circulante

Passivo Circulante

Disponibilidades

Empréstimos e Financiamentos

Aplicações Financeiras Debêntures

Clientes

Fornecedores

( - ) Duplicatas Descontadas Impostos e valores a recolher

Outros créditos

Outras obrigações a pagar

( - ) Prov. Para crédito de

liquidação duvidosa

Provisões

Estoques

Passivo Não Circulante

Despesas Antecipadas Passivo Exigível a Longo Prazo

Empréstimos e Financiamentos

Ativo Não Circulante Debêntures

Ativo Realizável a Longo Prazo Outras obrigações e provisões

Créditos diversos

Patrimônio Líquido

Ativo

Permanente

Capital social integralizado

Investimentos

Reservas de capital

Imobilizado

Reservas de lucros

Intangível

Ajuste de avaliação Patrimonial

( - ) Ações em Tesouraria

Quadro 1 - Balanço Patrimonial

Fonte: Adaptado de [6]

2.2. A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)

Enquanto o Balanço Patrimonial é como uma imagem congelada em um dado

momento no tempo, a Demonstração de Resultado do Exercício está relacionada com

um dado intervalo de tempo, ou período, e mostra como a empresa gerou lucro (ou

incorreu em prejuízo) naquele período [7]. Sua apresentação normal reduzida é a

seguinte:

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19

Receita Bruta de Vendas de Bens e Serviços

( - ) Impostos sobre vendas

( - ) Devoluções, Descontos Comerciais e Abatimentos

Receita Líquida

( - ) Custos dos Produtos e Serviços Vendidos

Lucro Bruto

( - ) Despesas de Vendas

( - ) Despesas Gerais e

Administrativas

( - ) Despesas Financeiras Líquidas

( - ) Outras Despesas Operacionais

( + ) Outras Receitas Operacionais

Lucro Antes do Imposto de Renda

( - ) Provisão para o Imposto de

Renda

( - ) Participações de Debêntures, Empregados, Administradores e Partes Beneficiárias

Lucro (ou prejuízo) Líquido do

Exercício

Quadro 2 – Demonstração do Resultado do Exercício

Fonte: Adaptado de [6]

2.3. INDICADORES DE RENTABILIDADE

Um dos objetivos de uma empresa é gerar lucro. Desta forma, os indicadores de

rentabilidade se tornam muito importante uma vez que são capazes de mensurar a

relação do lucro com o volume de investimentos realizados.

As p adotadas [6]

o

o de Renda).

Os índices de rentabilidade relacionam algum lucro da Demonstração do

Resultado do Exercício (DRE) com alguma variável do balanço patrimonial,

especificamente do ativo ou do patrimônio líquido.

Cabe ressaltar, ainda, que os indicadores de rentabilidade possuem grande

espaço nas análises das demonstrações contábeis, exercendo significativa influência

sobre o processo de tomada de decisão gerencial dentro da empresa.

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20

. Segundo [6]

.

2.3.1. Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)

De acordo com [8], o retorno sobre o patrimônio líquido mede o retorno obtido

no investimento de capital dos acionistas ordinários da empresa. Em geral, quanto mais

alto o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), melhor para os acionistas.

-

[6]

.

A fórmula do Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) é dada por:

Equação 1: Retorno sobre o patrimônio líquido

Fonte: [8]

Ao invés de utilizar o ativo total, ou o patrimônio líquido do balanço patrimonial

anual da companhia que está sendo analisada, alguns autores falam sobre utilizar o ativo

total médio, ou o patrimônio líquido médio, ou seja, valores medidos com base nas

informações dos dois últimos anos. A justificativa para isso reside no fato de que o

balanço patrimonial é uma demonstração estática, o que significa que o balanço

patrimonial do fechamento pode não refletir a composição do patrimônio da companhia

ao longo de todo o exercício.

Como já citado anteriormente no item 2.2, as variáveis da Demonstração do

Resultado do Exercício (DRE) representa uma demonstração dinâmica, já que

contemplam o somatório do ano todo em relação às vendas, custos, despesas, tributos,

etc.

2.3.2. Retorno sobre Ativo (ROA)

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21

O retorno sobre o ativo mede [8] a eficácia geral da administração de uma

empresa em termos de geração de lucros com os ativos disponíveis. Quanto mais alto

for, melhor. É calculado de acordo com a seguinte expressão:

Equação 2: Retorno sobre o ativo

Fonte: [8]

O retorno sobre o ativo pode ser interpretado [6]

-

(acionistas).

Deve-se destacar [6]

, devem ser remunera

produzido por seus ativos. Todavia

o o

om a empresa.

2.3.3. Retorno sobre o Investimento (ROI)

Uma alternativa ao uso do Retorno sobre o ativo (ROA) para avaliar o retorno

produzido pelo total dos

medida do Retorno Sobre o Investimento (ROI). Ele é um termo bastante comum na

análise de investimentos, sendo usado principalmente para identificar retornos

financeiros, tanto potenciais como passados. A métrica do Retorno sobre o investimento

(ROI) mostra, por meio de uma taxa de retorno, quanto um investidor ganhou (ou

perdeu) em relação ao valor aplicado em um determinado investimento, dando ao

mesmo tempo uma análise sobre o que aconteceu e uma perspectiva sobre o futuro do

mesmo. (ROI)

:

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22

Equação 3: Retorno sobre o Investimento

Fonte: [8]

2.4. Índices de Liquidez

Os índices de liquidez avaliam a capacidade de pagamento da empresa frente a

suas obrigações. As informações para o cálculo destes índices são retiradas unicamente

do Balanço Patrimonial. Os principais índices que medem a liquidez da empresa são:

liquidez corrente, liquidez seca, liquidez imediata e liquidez geral. Para este projeto de

graduação, atentou-se somente para o índice de liquidez geral.

2.4.1. Liquidez Geral

A liquidez geral é utilizada como uma medida de segurança financeira da

empresa a longo prazo, revelando sua capacidade de honrar todos os seus

compromissos. Indica o quanto a empresa dispõe de recursos no ativo circulante e

realizável a longo prazo para cada R$1,00 de recursos exigíveis.

s , forem muito diferentes.

[6]

integrada, associando-se todos os indicadores financeiros com vista em melhor

interpret da empresa. Este índice é determinado pela seguinte

expressão:

Equação 4: Liquidez Geral

Fonte: [6]

2.5. ENDIVIDAMENTO GERAL

Esta medida mede [8] a proporção do ativo total financiada pelos credores da

empresa. :

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23

Equação 5: Endividamento Geral

Fonte: [8]

Quanto mais elevado esse índice, maior o volume relativo de capital de outros

investidores usado para gerar lucro na empresa, maior o grau de endividamento da

empresa e mais elevado seu grau de alavancagem financeira.

2.6. GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA (GAF)

Resulta da participação de recursos de terceiros na estrutura do capital da

empresa. A alavancagem financeira é o efeito de tomar, numa ponta, recursos de

terceiros a determinado custo, aplicando-os na outra ponta (nos ativos) a outra taxa de

retorno: a diferença vai para os proprietários e altera seu retorno sobre o patrimônio

líquido, para mais ou para menos do que aquele que seria obtido caso todo o

investimento fosse feito apenas com recursos próprios [6].

A alavancagem financeira tem como principal objetivo potencializar a

rentabilidade dos capitais próprios de uma empresa e o lucro de seus acionistas. Ou seja,

esse método funciona como um multiplicador do capital próprio. Podemos calculá-la

como:

Equação 6: Endividamento Geral

Fonte: [6]

Em nível de mensuração da alavancagem financeira, podemos segmentá-la da

seguinte maneira:

1) GAF = 1,0. A alavancagem financeira será nula. Isto indica que não há

despesas financeiras, ou seja, não há capital de terceiros na estrutura de

capital. O risco financeiro é baixo.

2) GAF > 1,0. A alavancagem financeira será considerada favorável: o retorno

sobre o ativo total será razoavelmente maior que a remuneração paga ao

capital de terceiros.

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24

3) GAF < 1,0. A alavancagem financeira será considerada desfavorável, pois o

recurso de terceiros tiveram um custo maior que o retorno sobre o

investimento (ROI), e neste caso está prejudicando a empresa. Nesse caso,

há risco financeiro.

2.7. DESLIGAMENTOS

Representa o total de desligamentos, de acordo com o Índice de Evolução de

Emprego do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) [9].

2.8. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todos os bens e serviços finais

produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano [10]. Ele leva em

consideração apenas o valor final do serviço ou bem, por exemplo, se um pão é vendido

por R$2,00 e a farinha de trigo para fazê-lo custou R$1,00, o valor mensurado pelo

Produto Interno Bruto (PIB) será de apenas R$2,00, pois o valor da farinha já está

incluso. Os impostos sobre o produto final são acrescidos ao cálculo. O Produto Interno

Bruto (PIB) não deve ser confundido com riqueza de um país, pois se trata de produção,

se esta for zero, esse indicador será nulo.

2.9. RENDA MÉDIA POR POPULAÇÃO OCUPADA

Utilizou-se o rendimento médio de todos os trabalhos, habitualmente recebido

por mês, pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência,

com rendimento de trabalho, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios Contínua (PNAD) Contínua.

2.10. TAXA SELIC

Define-se [11] como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados

no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) para títulos federais. Para

fins de cálculo da taxa, são considerados os financiamentos diários relativos às

operações registradas e liquidadas no próprio sistema e em sistemas operados por

câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação (art. 1° da Circular

n° 2.900, de 24 de junho de 1999, com a alteração introduzida pelo art. 1° da Circular n°

3.119, de 18 de abril de 2002). Ela é a principal taxa de juros utilizada no Brasil. Sua

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25

grande importância vem do fato do Banco Central controla-la através da compra e

venda de títulos públicos. E isso tem um efeito direto no controle da inflação.

2.11. ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO (IPCA)

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem por objetivo

medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo,

referentes ao consumo pessoal das famílias [12]. Esta faixa de renda foi criada com o

objetivo de garantir uma cobertura de 90% das famílias pertencentes às áreas urbanas de

cobertura do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor - SNIPC. Sua

cobertura atinge famílias com rendimentos mensais entre 1 e 40 salários mínimos das

principais regiões metropolitanas do Brasil. Basicamente este índice diz o quanto um

valor fixo de dinheiro pode comprar, se a inflação aumenta, se compra mesmo com o

mesmo valor, se cai, pode se comprar mais.

3. CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS

3.1. GRUPO SARAIVA

O Grupo Saraiva, companhia nacional de capital aberto, possui cerca de seis

mil funcionários e cria e distribui conteúdo, tecnologia e serviços por meio de seus

Negócios Editoriais e Varejo. O Grupo é referência na produção de conteúdo para

educação básica, ensino técnico e superior, em especial Direito. Suas soluções

educacionais incorporam tecnologias inovadoras, tais como aprendizagem adaptativa,

biblioteca digital por assinatura, plataformas ramificadas, fornecendo também conteúdo

e metodologia para o ensino à distância. Possui 85 lojas em 17 Estados brasileiros e

Distrito Federal. É dona de uma plataforma digital desde 1998 que opera com uma

abordagem integrada e multicanal, que oferece ao cliente produtos e serviços pelo portal

www.saraiva.com.br ou nas lojas físicas. Possui um rico acervo em literatura, papelaria,

música, filmes, games e softwares, telefonia, eletrônicos, periódicos, além de serviços

de recarga de celular, venda de ingressos, cartão presente, cartões pré-pagos, seguros,

assistência técnica, entrega garantida e entrega em domicílio [13].

3.1.1. Missão

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26

Sua missão [13] é estar a serviço do desenvolvimento humano por meio de

experiências relevantes que criem relacionamentos duradouros e gerem valor para

todos, garantindo a perenidade da marca Saraiva.

3.1.2. Histórico

A Livraria Saraiva foi fundada em 13 de dezembro de 1914 na cidade de São

Paulo, vendendo inicialmente livros jurídicos. Em 1947 tornou-se uma sociedade

anônima (Saraiva S.A. – Livreiros Editores), onde já havia ampliado sua gama de

produtos, com livros didáticos, de literatura e ciências. Em 1972 passou a ser uma

companhia aberta. Seu crescimento começou a partir da década de 70 com a abertura de

uma segunda livraria em São Paulo seguida nos anos 80 pelo crescimento nacional,

ocorrido pelo crescimento das vendas e criação do serviço próprio de distribuição da

Editora Saraiva. Nos anos 90 ela se passa a atender fortemente o mercado educacional,

vendendo desde de livros paradidáticos, obras de complementação do ensino

fundamental e médio e até livros das áreas de administração, economia e marketing. Em

1998, a Saraiva conclui a aquisição da Editora Atual. E passa a comercializar seus

produtos por meio da internet através do seu website2. Um dos primeiros sites de e-

commerce do Brasil. Em 2007 a Saraiva adquiriu Pigmento Editorial S.A., do segmento

didático, e em 2008 o Grupo Siciliano. Os anos seguintes foram marcados por

modernizações da sua forma de venda, como o Publique-se! em 2013, plataforma para

transformação de textos digitais em livros e com o lançamento do seu leitor digital em

2014.

Com o setor em crise, a Saraiva entrou com um pedido de recuperação judicial

no dia 23 de novembro de 2018, com uma dívida de R$ 674 milhões e fechou 19 lojas

pelo Brasil [13].

3.2. LOJAS AMERICANAS S.A

As Lojas Americanas S.A. é uma das maiores rede de varejo do país. Com 89

anos de vida, a empresa conta com mais de 1.320 lojas com presença em todo o

território nacional e com 4 centros de distribuição, em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife

e Uberlândia, atuando também no comércio eletrônico, representado pela B2W -

Companhia Digital. A rede comercializa mais de 60.000 itens de 2.000 fornecedores

2 www.saraiva.com.br

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27

diferentes, o que faz com que a Lojas Americanas detenha uma grande participação do

comércio brasileiro de brinquedos, bomboniere, lingerie, jogos, higiene e beleza e

utilidades domésticas [14].

3.2.1. Missão

Tem como missão realizar os sonhos e atender as necessidades de consumo das

pessoas, poupando tempo e dinheiro e superando as suas expectativas [14].

3.2.2. Histórico

De acordo com o website [15], a Lojas Americanas foi fundada em Niterói em

1929 pelos norte-americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger.

Em 1940 abre seu capital e se torna uma sociedade anônima. Em 1982 sócios do Banco

Garantia assumem o controle da empresa. No primeiro semestre de 1994, concretizou a

formação de uma Joint Venture com o nome de Wal Mart Brasil S/A, com participação

de 40% das Lojas Americanas S.A, e 60% por parte da Wal Mart Store Inc. na

composição do capital. No final do ano de 1999, iniciou a venda de mercadorias através

da Internet, criando a controlada indireta Americanas.com. Em 2000, a Americanas.com

teve seu capital aumentado através da subscrição integral feita pelas empresas Chase

Capital Partners, The Flatiron Fund, AIG Capital Partners, Next International, Global

Bridge Ventures e Mercosul Internet S/A, que juntas subscreveram por US$ 40 milhão,

ações correspondentes a uma participação final de 33% do capital social da

Americanas.com.

O ano de 2005 foi um ano de importantes realizações para maximizar o valor de

Lojas Americanas: foram inauguradas 37 novas lojas, foi adquirido o canal de TV e site

de comércio eletrônico Shoptime e foi realizada uma joint venture com o Banco Itaú,

criando a Financeira Americanas Itaú, ou Americanas Taií.

Em janeiro de 2007, Lojas Americanas anunciou a aquisição da BWU – empresa

detentora da marca BLOCKBUSTER® no Brasil – e somou mais 127 lojas à sua rede.

Este acontecimento reforça a constante busca da Lojas Americanas em promover a

evolução do seu negócio, ampliando a oferta de produtos e serviços aos seus clientes,

gerando mais valor para seus acionistas, fornecedores e associados.

Com o objetivo de criar valor para os acionistas, seguindo o lema interno

“Q M ”, em 2008 a Lojas Americanas inaugurou um total de 58 lojas,

distribuídas em 18 Estados. Um recorde para a Companhia.

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28

2009 “ M B ”

criação massiva de lojas no Brasil nos anos seguintes.

Em 2011, foram inauguradas 90 novas lojas, um novo recorde para a

Companhia. Nesse mesmo ano, ela realizou o maior investimento da sua história,

participando com R$ 644 milhões no aumento de capital realizado pela B2W e

investindo R$350 milhões na Lojas Americanas, com ênfase em: expansão, reforma da

rede de lojas e atualização tecnológica.

Em 2013, com a conclusão do programa “ M B ”

detinha 856 lojas espalhadas por 297 cidades dentro de 25 estados mais o Distrito

Federal, o que significa que a Companhia praticamente dobrou de tamanho em apenas 4

anos.

Na esteira d “ M B – 80 4!” L

Americanas lançou, em 2014, “85 anos em 5 – Somos Mais Brasil”

com o objetivo de abertura de 800 novas lojas e 2 novos Centros de Distribuição ao

longo do período 2015 - 2019. É criada a Promotora de Produtos e Serviços Financeiros

+AQUI e é lançado o novo Cartão de Crédito Lojas Americanas. Esses anúncios fazem

parte de um conjunto de iniciativas que visam melhor atender as necessidades dos

clientes. Inaugura-se a primeira Lojas Americanas em Roraima, na capital Boa Vista,

fazendo com que a empresa consolide sua presença em todos os 26 estados brasileiros e

no distrito federal.

No relatório do 3º trimestre de 2018 divulgado pela companhia, a Lojas

Americanas apresentava mais de 1360 lojas distribuídas em 550 cidades do território

nacional.

3.3.LOJAS RENNER S.A.

A Lojas Renner S.A. é uma das maiores varejistas de moda do Brasil [16]. A

companhia, criada em 1965, foi a primeira corporação brasileira com 100% das ações

negociadas em bolsa e está listada no Novo Mercado, grau mais elevado dentre os

níveis diferenciados de governança corporativa da B3.

Possui presença em todas as regiões do país por meio de suas lojas, que oferece

moda em diferentes estilos; da Camicado, empresa no segmento de casa e decoração; e

da Youcom, especializada em moda jovem. A companhia opera ainda com a Realize

CFI, que apoia o negócio de varejo, através da oferta e gestão de produtos financeiros.

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29

3.3.1. Missão

De acordo com o site da companhia [16], sua missão é ser a melhor e maior

fashion retailer das Américas para o segmento médio/alto dos consumidores com

diferentes estilos, com moda, qualidade, preços competitivos e excelência nos serviços

prestados. Encantando e inovando sempre de forma sustentável.

3.3.2. Histórico

Foi fundada como parte do grupo A. J. Renner, indústria fabril instalada no

bairro Navegantes, em Porto Alegre (RS) que a Renner criou, em 1922, na capital

gaúcha, sua primeira loja para venda de artigos têxteis. Em 1940, ainda como uma

empresa pertencente ao grupo, o mix de produtos foi ampliado e passou a operar como

uma loja de departamentos. Em 1965, devido ao seu crescimento e evolução, o grupo A.

J. Renner optou por tornar independentes as diferentes empresas que o formavam. Na

ocasião, foi constituída a companhia Lojas Renner S.A. e marca o nascimento da rede

como é conhecida atualmente. Dois anos depois, em 1967, a Companhia transformou-se

em uma empresa de capital aberto. Nos anos 90, depois de muito crescimento a empresa

passou por uma reestruturação e passou a operar como loja de departamentos

especializada. Em 2005 a empresa abriu suas ações na bolsa para captação de recursos

para expansão e assim poder atuar em mais lugares do Brasil, como Norte e Nordeste.

Em 2010 a empresa inaugurou sua plataforma de e-commerce.3

4. ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo será apresentada a explicação da variação dos índices no período

estudado, além da análise estatística feita através de modelos de séries temporais para

cada uma das três empresas com o objetivo de determinar se há ou não pelo menos um

indicador que tenha influência direta sobre o preço médio de fechamento das ações.

3 http://www.renner.com.br/

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4.1.LIQUIDEZ GERAL

Gráfico 1 – Liquidez Geral

Fonte: Elaboração Própria

Este gráfico mostra que segurança financeira da Saraiva no pré-crise era

consideravelmente maior que as das outras empresas, porém com o passar da recessão a

livraria teve queda considerável perante as outras.

4.2.ENDIVIDAMENTO GERAL

Gráfico 2 – Endividamento Geral

Fonte: Elaboração Própria

Vemos uma tendência de crescimento deste indicador em todas as empresas até

meados de 2013, com posterior declínio, exceto da Saraiva que apresentou aumento

durante todo o período.

-

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

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Renner

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0

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1

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3

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5

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6

4T1

6

3T1

7

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LASA

Renner

Saraiva

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4.3. RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ROE)

Gráfico 3 – Retorno sobre o Patrimônio Líquido

Fonte: Elaboração Própria

Percebe-se que no período de crise não houve alteração significativa do

indicador, inclusive, de 2009 a 2011 a Lojas Americanas teve sua melhor performance,

mas logo após, teve queda até o fim do intervalo avaliado junto com a Saraiva.

4.4. RETORNO SOBRE O ATIVO (ROA)

Gráfico 4 – Retorno sobre o Ativo

Fonte: Elaboração Própria

Os dados mostram determinada sazonalidade dessa variável ao longo da série

para a Saraiva (a exceção do 4º trimestre de 2015, ano que a Saraiva teve lucro

desproporcional à série) e o baixo desempenho da Lojas Americanas.

-20,00%

-10,00%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

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7

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6

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7

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8

LASA

Renner

Saraiva

-5,00%

-3,00%

-1,00%

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3,00%

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11,00%

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6

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6

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7

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8

LASA

Renner

Saraiva

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32

4.5. RETORNO SOBRE INVESTIMENTO (ROI)

Gráfico 5 – Retorno sobre Investimento

Fonte: Elaboração Própria

São vistas semelhanças com o ultimo gráfico, tal fenômeno decorre da forma

como os dividendos são pagos aos acionistas, no final do quarto trimestre do respectivo

ano.

4.6. GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA (GAF)

Gráfico 6 – Grau de Alavancagem Financeira

Fonte: Elaboração Própria

Ao se analisar este indicador, vemos que as Lojas Americanas operou durante o

período sob um alto grau de alavancagem, especialmente no período da recessão, depois

diminuiu gradativamente até chegar a valores próximos ao das outras empresas, estas

que por sua vez tiveram um leve aumento ao longo da série.

-1100,00%

-600,00%

-100,00%

400,00%

900,00%

1400,00%

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6

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6

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7

2T1

8

LASA

Renner

Saraiva

1,50

3,50

5,50

7,50

9,50

11,50

13,50

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19,50

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2

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3

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5

1T1

6

4T1

6

3T1

7

2T1

8

LASA

Renner

Saraiva

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33

4.7. MÉDIA DOS PREÇOS DE FECHAMENTO

Gráfico 7 – Preço Médio de Fechamento das Ações

Fonte: Elaboração Própria

É perceptível a queda da Saraiva ao longo do tempo, especialmente a partir de

2011. Em contrapartida as outras empresas tiverem crescimento durante quase toda a

série, especialmente a Renner, que teve valorização de suas ações muito superior as

Lojas Americanas nos últimos três anos.

4.8. DESLIGAMENTOS (VARIAÇÃO %)

Gráfico 8 – Desligamentos (Variação % em relação ao mesmo trimestre do ano

anterior)

Fonte: Elaboração própria

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

1T0

7

4T0

7

3T0

8

2T0

9

1T1

0

4T1

0

3T1

1

2T1

2

1T1

3

4T1

3

3T1

4

2T1

5

1T1

6

4T1

6

3T1

7

2T1

8

LASA

Renner

Saraiva

-20,00%

-15,00%

-10,00%

-5,00%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

1T0

7

3T0

7

1T0

8

3T0

8

1T0

9

3T0

9

1T1

0

3T1

0

1T1

1

3T1

1

1T1

2

3T1

2

1T1

3

3T1

3

1T1

4

3T1

4

1T1

5

3T1

5

1T1

6

3T1

6

1T1

7

3T1

7

1T1

8

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34

Nota-se uma variação percentual positiva ao longo da série até o ano de 2014, ou

seja, o número de desligamentos esteve crescente em relação ao mesmo trimestre do ano

anterior, com exceção do 4º trimestre de 2009. A partir de 2015, observa-se uma

diminuição do número de desligamentos, acarretando em uma variação percentual

negativa, com exceção do 2º trimestre de 2018.

4.9. PRODUTO INTERNO BRUTO (VARIAÇÃO %)

Gráfico 9 – Produto Interno Bruto (Variação % em relação ao mesmo trimestre

do ano anterior)

Fonte: Elaboração Própria

Pode-se observar um período conturbado de variação do Produto Interno Bruto

(PIB) nacional. Vale destacar seus pontos negativos, onde a economia contraiu. O

encolhimento em 2009 pode ser explicado pela recessão global causada pela crise

imobiliária dos Estados Unidos da América (EUA). Já os resultados do meio do ano de

2014 ao começo de 2017 estão relacionados à crise política e fiscal que levaram o Brasil

a uma recessão interna.

4.10. RENDA MÉDIA DA POPULAÇÃO OCUPADA (VARIAÇÃO

%)

-6,00%

-4,00%

-2,00%

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

1T0

7

3T0

7

1T0

8

3T0

8

1T0

9

3T0

9

1T1

0

3T1

0

1T1

1

3T1

1

1T1

2

3T1

2

1T1

3

3T1

3

1T1

4

3T1

4

1T1

5

3T1

5

1T1

6

3T1

6

1T1

7

3T1

7

1T1

8

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35

Gráfico 10 – Renda média da população ocupada (Var %)

Fonte: Elaboração Própria

Encontrou-se uma limitação para rendimento médio de todos os trabalhos,

habitualmente recebido por mês, pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas

na semana de referência, com rendimento de trabalho. Os dados fornecidos

trimestralmente pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD

Contínua iniciaram em 2013. Como se necessitava calcular dados a partir de 2007

realizou-se uma previsão para trás, através da linha de tendência linear dos dados

fornecidos do ano de 2013 até 2018. Essa variação percentual indica uma comparação

com o mesmo trimestre do ano anterior.

4.11. TAXA SELIC

Gráfico 11 – Taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC)

acumulada por trimestre (%)

Fonte: Elaboração Própria

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

20

07

T1

20

07

T3

20

08

T1

20

08

T3

20

09

T1

20

09

T3

20

10

T1

20

10

T3

20

11

T1

20

11

T3

20

12

T1

20

12

T3

20

13

T1

20

13

T3

20

14

T1

20

14

T3

20

15

T1

20

15

T3

20

16

T1

20

16

T3

20

17

T1

20

17

T3

20

18

T1

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

20

07

T1

20

07

T3

20

08

T1

20

08

T3

20

09

T1

20

09

T3

20

10

T1

20

10

T3

20

11

T1

20

11

T3

20

12

T1

20

12

T3

20

13

T1

20

13

T3

20

14

T1

20

14

T3

20

15

T1

20

15

T3

20

16

T1

20

16

T3

20

17

T1

20

17

T3

20

18

T1

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36

A taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) girou em torno de

40% ao trimestre durante o período. Os seus ápices podem ser explicados pelos

momentos de turbulência econômica do país, onde, como se pode observar pelo

próximo gráfico, houve aumento de inflação, e por isso, necessidade do Banco Central

do Brasil de elevar seu valor para contenção da circulação.

4.12. ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR

AMPLO (IPCA)

Gráfico 12 – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

acumulado por trimestre (%)

Fonte: Elaboração Própria

Observa-se pela linha de tendência que, em média, a inflação aumentou ao longo

do período. Destacam-se os anos de 2014 a 2016, que por conta da recessão brasileira

chegaram a valores muito superiores em relação anos anteriores, posteriormente

controlados nos anos seguintes.

4.13. CONCEITOS ESTATÍSTICOS

4.13.1. Regressão Linear Simples

Muitos problemas consistem em explorar a relação entre duas ou mais variáveis

e para tal, existem muitas situações em que a relação entre as variáveis é não

determinística. A coleção e ferramentas estatísticas que são usadas para modelar e

explorar relações entre variáveis que estão relacionadas de maneira não determinística é

chamada de análise de regressão [1].

0,00%

0,20%

0,40%

0,60%

0,80%

1,00%

1,20%

1,40%

20

07

T1

20

07

T3

20

08

T1

20

08

T3

20

09

T1

20

09

T3

20

10

T1

20

10

T3

20

11

T1

20

11

T3

20

12

T1

20

12

T3

20

13

T1

20

13

T3

20

14

T1

20

14

T3

20

15

T1

20

15

T3

20

16

T1

20

16

T3

20

17

T1

20

17

T3

20

18

T1

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37

O caso de regressão linear simples considera um único regressor ou preditor x e

uma variável dependente ou variável de resposta Y. O valor esperado de Y para cada

valor de X é dado por:

Equação 7: Valor esperado de Y

Fonte: [1]

Sendo o coeficiente linear e o coeficiente angular coeficientes

desconhecidos da regressão. Consideramos que cada observação, Y, possa ser descrita

pelo modelo:

Equação 8: Valor esperado de Y

Fonte: [1]

Em que é um erro aleatório com média zero e variância (desconhecida) . Os

erros aleatórios correspondendo a diferentes observações são também considerados

variáveis aleatórias não correlacionadas.

4.13.2. Método dos Mínimos Quadrados

Sabendo que a estimativa dos parâmetros e deve resultar em uma linha que

seja considerada o melhor ajuste dos dados, o cientista alemão Karl Gauss (1777-1855)

propôs estimar os parâmetros e da equação (2) de modo a minimizar a soma dos

quadrados dos desvios verticais, conforme figura 1. Esse critério é denominado método

dos mínimos quadrados.

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38

Figura 1 - Desvios dos dados em relação ao modelo estimado de regressão.

Fonte: Extraído de [1]

Os estimadores de mínimos quadrados de e , isto é, e , tem que

satisfazer:

Equação 9: Estimador de mínimos quadrados

Fonte: [1]

Equação 10: Estimador de mínimos quadrados

Fonte: [1]

A simplificação das equações (9) e (10) resulta no que chamamos equações

normais dos mínimos quadrados. A solução dessas equações normais resulta nos

estimadores de mínimos quadrados e .

4.13.3. Regressão Linear Múltipla

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39

Um modelo de regressão que contenha mais de um regressor é chamado de

modelo de regressão múltipla. Tal método deve ser usado [2] quando admitimos que o

valor da variável dependente é função linear de duas ou mais variáveis explanatórias.

Um modelo que pode descrever essa relação é:

Equação 11: Modelo de regressão múltipla

Fonte: [2]

Utilizou-se um modelo de regressão linear múltipla para determinar a influência

dos indicadores financeiros utilizados sobre o preço médio trimestral do fechamento das

ações das empresas.

Em geral, a variável dependente ou de resposta, Y, pode estar relacionada com k

variáveis independentes ou regressoras. O modelo

Equação 12: Modelo de regressão múltipla

Fonte: [2]

é chamado [3] modelo de regressão linear múltipla com k variáveis regressoras.

Os parâmetros , j = 0, 1, ... , k são chamados de coeficientes de regressão. O

parâmetro representa a variação esperada na resposta Y por unidade de variação

unitária em , quando todos os outros regressores restantes (i ≠

constantes.

4.13.4. Seleção dos regressores

Em geral a determinação dos regressores de um modelo de regressão não é uma

tarefa fácil. Diversas metodologias são utilizadas por pesquisadores, e usuários de

técnicas relacionadas à análise de regressão, na tarefa de selecionar o conjunto ideal de

regressores. De acordo com [3], podemos segmentá-las em um método exaustivo e

métodos alternativos, que na verdade são aproximações para o método exaustivo.

Dentre os métodos alternativos, destaca-se o método regressivo (ou backward),

selecionado para esse trabalho.

O método regressivo consiste em:

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40

1. Incluir todos os regressores potenciais no primeiro modelo a ser

ajustado;

2. Retira-se o regressor que menos contribui para a explicação total. Nesse

caso, retira-se o regressor de maior p-valor.

4.13.5. Análise do coeficiente de determinação (R²)

Trata-se da proporção ou percentual da variação total explicada pela regressão

[5], ou seja, é o quanto a regressão explica em relação aos dados.

Equação 13: Coeficiente de determinação

Fonte: [5]

4.13.6. Testes de significância em relação ao valor F Calculado

O teste F é usado para determinar o quanto o modelo regressivo é adequado. Ele

determina se há de fato uma relação entre a regressão e os dados.

Partindo das seguintes hipóteses:

Equação 14: Teste de hipóteses

Fonte: [5]

A partir da rejeição do H0 temos que pelo menos uma variável contribui

significativamente para o modelo. Para isso compara-se o valor F tabelado (Fisher-

Snedecor), levando-se em consideração (p; n-p-1) graus de liberdade, com o F calculado

através da fórmula:

Equação 15: Valor F Calculado

Fonte: [5]

Onde,

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41

Equação 16: Soma total dos resíduos

Fonte: [5]

TSS é a explicação total que é resultado da soma do que é explicado pela

regressão (ESS), com p g.l., mais o que é explicado pelos resíduos (RSS), com n-p-1

g.l.. Caso o F calculado seja maior que o F tabelado rejeita-se a hipótese H0.

4.13.7. Pressupostos do modelo de regressão

A aplicação do modelo de regressão linear múltipla pressupõe a verificação de

alguns pressupostos. A seguir:

1. Os erros são variáveis aleatórias de média zero;

2. Os erros são variáveis aleatórias de variância constante –

hipótese de homocedasticidade;

3. As variáveis aleatórias são independentes;

4. As variáveis explicativas são não correlacionadas – hipótese de ausência

de multicolinearidade entre variáveis explicativas;

Para conduzir os testes de hipóteses, necessitamos ainda do seguinte

pressuposto:

5. Os erros seguem uma distribuição normal: .

4.13.7.1. Teste de Normalidade (Jarque – Bera)

Tal teste verifica se a distribuição associada ao conjunto de dados pode

ser aproximada por uma distribuição normal. O utilizado foi o teste de Jarque-

Bera. O teste de Jarque – Bera consiste em calcular a seguinte equação:

Equação 17: Teste de Jarque Bera

Fonte: [4]

Sendo:

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42

1) n = tamanho da amostra;

2) S = assimetria;

3) C= Curtose.

Quanto mais próximo de zero for a estatística JB; maior a probabilidade da

distribuição ser normal.

A assimetria e a curtose por sua vez podem ser calculadas a partir das seguintes

fórmulas, partindo do pressuposto de que os resíduos tem média zero, verdadeiro para

uma regressão feita pelo método dos mínimos quadrados:

Equação 18: Assimetria

Fonte: [4]

Equação 19: Curtose

Fonte: [4]

Sendo u o termo do erro. Os valores esperados para assimetria e curtose em uma

distribuição normal são de 0 e 3 respectivamente.

Partindo das hipóteses:

: A amostra segue uma distribuição normal.

: A amostra não segue uma distribuição normal.

TORMAN et al. simularam [4] diferentes tipos de distribuição e calcularam o

índice de acerto do Teste de Jarque-Bera com valor p em 5% para diversas amostras

nessas distribuições, independentemente do tamanho da amostra o teste rejeita a

hipótese de distribuição normal, quando ela é verdadeira menos de 5% das vezes. Para a

rejeição da hipótese de normalidade em distribuições Qui-Quadrado e Exponencial o

teste passa a ter um índice de acerto maior do que 50% em tamanhos amostrais maiores

que 30, esse tamanho aumenta para 500 nas distribuições Gama e Exponencial.

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43

Pode-se concluir que o teste de Jarque-Bera passa a ter uma eficiência maior

quanto maior for o tamanho da amostra, muitas vezes a amostra utilizada em uma

avaliação não vai ser tão grande para que o teste seja eficiente no critério de decisão de

aceitar ou rejeitar a normalidade a um determinado p valor, mesmo assim, o teste

fornece um parâmetro exato de quanto a simetria e a curtose de uma distribuição se

distância da distribuição normal, tornando esse tipo de análise menos subjetiva do que a

visualização do formato do histograma de frequência de resíduos e torna os resíduos de

diferentes regressões passíveis de terem sua normalidade comparada.

4.13.7.2. Teste de Durbin - Watson

Esse teste é utilizado para determinar autocorrelação nos resíduos de uma

regressão linear.

Partindo das hipóteses:

Equação 20: Teste de Hipótese

Fonte: [5]

A estatística teste de Durbin-Watson é dada por:

Equação 21: Teste de Durbin - Watson

Fonte: [5]

0 ≤ ≤ 4 P

valores críticos e da Tabela de Durbin-Watson, que dependem do número de

observações e do número de variáveis explicativas, mas não dependem dos valores das

variáveis explicativas. Podemos obter os seguintes resultados:

1. 0 ≤ < então rejeitamos ;

2. se ≤ ≤ então o teste é inconclusivo;

3. se < d < 4- então não rejeitamos ;

4. se 4- ≤ ≤ 4- então o teste é inconclusivo;

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44

5. se 4- < d ≤ 4 (dependência).

0 ≤ ≤ temos autocorrelação positiva. Quando 4- < d ≤

4, temos autocorrelação negativa.

4.13.7.3. Teste da Raiz Unitária

A estacionariedade é um dos pressupostos para existência de uma série temporal,

pois indica que ela se desenvolve ao longo do tempo ao redor de uma média constante.

Para determinação desse conceito foi aplicado o teste de Dickey-Fuller Aumentado, que

determina ou não a existência de pelo menos uma raiz dentro do círculo unitário.

: Existe pelo menos uma raiz dentro do círculo unitário.

: Não existem raízes dentro do círculo unitário.

Sendo a regressão:

Equação 22: Regressão

Fonte: [5]

Onde β1 é o intercepto, drift da série; β2 é o coeficiente de tendência; δ é o

coeficiente de presença de raiz unitária e “m” é o número de defasagens tomadas na

série.

A hipótese nula é dada por:

Equação 23: Teste de Hipótese

Fonte: [5]

Faz-se a regressão e calcula-se a seguinte estatística T de teste:

Equação 24: Estatística T

Fonte: [5]

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45

Por fim compara-se o T calculado com o tabelado. Havendo regressão, há

estacionariedade.

É importante salientar que os dados obtidos foram transformados em ,

com o objetivo de observar diretamente a elasticidade, explicados pelo coeficiente

angular.

Seguimos como exemplo a equação 25:

Equação 25: Equação logarítmica

Fonte: Elaboração própria

“ ”

resultado:

Equação 26: Coeficiente angular

Fonte: Elaboração própria

S “ ” X

Y.

Além disso, não foi necessário o cálculo do teste de Dickey-Fuller Aumentado,

uma vez que os dados utilizados para a análise de regressão encontravam-se em

variação percentual em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, indicando uma

estacionaridade da série, devido a primeira diferença.

4.14. Grupo Saraiva

4.14.1. Seleção dos regressores

Para a Saraiva, em especial, os valores da variável Retorno sobre Investimento

(ROI) não foram transformados a partir de , uma vez que alguns valores

desse cálculo eram inexistentes.

Devido a limitação declarada, as regressão do modelo 1 da Saraiva foi calculada

com dados a partir do ano de 2008, obtendo-se o seguinte resultado abaixo:

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46

Tabela 3: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 1 – Saraiva

Estatística de regressão

R múltiplo 0,83

R-Quadrado 0,69

R-quadrado ajustado 0,59

Erro padrão 0,23

Observações 42

ANOVA gl SQ MQ F F de significação

Regressão 10 3,73 0,37 6,92 1,40E-05

Resíduo 31 1,67 0,05 Total 41 5,40

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção -1,14 5,88 -0,19 0,85

Liquidez Geral 1,48 4,18 0,36 0,72

Endividamento Geral 0,48 5,23 0,09 0,93

ROE 2,32 3,07 0,76 0,46

ROI -0,02 0,03 -0,73 0,47

ROA -4,99 6,55 -0,76 0,45

PIB 7,93 1,74 4,55 0,00

Desligamento -0,81 0,56 -1,45 0,16

Renda média -1,50 2,68 -0,56 0,58

SELIC -1,10 0,81 -1,36 0,18

IPCA -27,81 16,41 -1,69 0,10

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47

Analisando-se o modelo 1 da Saraiva, conclui-se que a variável Produto Interno

Bruto (PIB), a um nível de significância de 5%, é a única significativa no modelo. Caso

consideremos um nível de significância de 10%, temos que a variável Índice Naiconal

de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também se torna significativa. O modelo

apresenta um coeficiente de determinação de 69,05%.

Para o modelo 2 em questão, utilizaram-se os dados apenas pós crise, ou seja, a

partir de 2009 para analisar possíveis resultados.

Tabela 4: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 2 – Saraiva

Estatística de regressão

R múltiplo 0,87

R-Quadrado 0,76

R-quadrado ajustado 0,68

Erro padrão 0,21

Observações 38

ANOVA gl SQ MQ F F de significação

Regressão 10 4,03 0,40 8,74 0,00

Resíduo 27 1,24 0,05 Total 37 5,27

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48

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção -7,39 6,37 -1,16 0,26

Liquidez Geral 6,56 4,60 1,43 0,17

Endividamento Geral 4,31 5,46 0,79 0,44

ROE 2,34 3,01 0,78 0,44

ROI -0,02 0,03 -0,73 0,47

ROA -6,80 7,16 -0,95 0,35

PIB 10,00 1,82 5,50 0,00

Desligamento -0,69 0,58 -1,18 0,25

Renda média -1,77 2,53 -0,70 0,49

SELIC -0,68 0,82 -0,83 0,41

IPCA -6,50 17,29 -0,38 0,71

No modelo 2 da Saraiva apenas a variável Produto Interno Bruto (PIB) foi

significativa a um nível de significância de 5%.

Para realizar o teste de Durbin – Watson calculou-se um modelo em que todas as

variáveis fossem significativas a um nível de significância de 5%, isto é, apenas o

Produto Interno Bruto (PIB) nesse caso. O modelo se encontra abaixo:

Tabela 5: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 3 – Saraiva

Estatística de regressão

R múltiplo 0,69

R-Quadrado 0,48

R-quadrado ajustado 0,47

Erro padrão 0,27

Observações 42

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49

ANOVA gl SQ MQ F F de significação

Regressão 1 2,59 2,59 36,88 0,00

Resíduo 40 2,81 0,07 Total 41 5,40

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção -0,26 0,04 -5,93 0,00

PIB 6,98 1,15 6,07 0,00

Este modelo pode ser descrito da seguinte forma:

. ln (1+PIB)

O valor > 0 nos indica que o preço de fechamento tem um crescimento de

acordo com o aumento de uma unidade do Produto Interno Bruto (PIB).

4.14.2. Teste de Durbin - Watson

De acordo com a tabela 15 do Apêndice, para o número de observações n = 42 e

uma variável explicativa, com o nível de significância de 5 %, podemos encontrar os

valores críticos e .

Durbin-Watson Calculations

Soma dos Quadrados da Diferença dos

Resíduos

0,31

Soma dos Quadrados dos Resíduos

2,81

0,11

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50

Teste de Hipótese

H0 ρ ≠ 0

Ausência de

autocorrelação negativa

H0 ρ < 0

Presença de

autocorrelação negativa

4 - > Aceita-se

< 4 - < Inconclusivo

4 - < Rejeita-se

Com os valores obtidos, aceitamos , e com isso existe evidências que os

resíduos não são negativamente correlacionados.

Durbin-Watson Calculations

Soma dos Quadrados da Diferença dos

Resíduos 0,31

Soma dos Quadrados dos Resíduos 2,81

0,11

Teste de Hipótese

ρ ≠ 0

Ausência de

autocorrelação positiva

ρ < 0

Presença de

autocorrelação positiva

> Aceita-se

< < Inconclusivo

< Rejeita-se

A partir do teste de Durbin – Watson concluímos que existe uma evidência de

autocorrelação positiva para os resíduos.

4.15. Lojas Americanas S.A

4.15.1. Seleção dos regressores

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51

Para a análise do primeiro modelo, realizou-se uma regressão com todas as

variáveis calculadas a partir de 2007, obtendo-se o seguinte resultado:

Tabela 6: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 1 – Lojas Americanas S.A

Estatística de regressão

R múltiplo 0,75

R-Quadrado 0,57

R-quadrado ajustado 0,44

Erro padrão 0,24

Observações 46

ANOVA gl SQ MQ F F de significação

Regressão 10 2,57 0,26 4,59 0,00

Resíduo 35 1,96 0,06 Total 45 4,53

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52

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção 6,58 4,61 1,43 0,16

Liquidez Geral -4,35 3,25 -1,34 0,19

Endividamento Geral -6,52 4,50 -1,45 0,16

ROE 0,49 1,72 0,28 0,78

ROI 0,07 0,23 0,30 0,77

ROA -1,32 18,38 -0,07 0,94

PIB 9,60 1,79 5,36 0,00

Desligamento -2,03 0,62 -3,27 0,00

Renda média 0,88 1,96 0,45 0,65

SELIC -0,20 0,78 -0,25 0,80

IPCA 10,22 14,13 0,72 0,47

Conclui-se que, a partir dos valores-p menor que 5%, as variáveis Produto

Interno Bruto (PIB) e desligamento foram significativas nesse modelo, com um

coeficiente de determinação de 56,75%.

Calculando-se um modelo com os dados a partir da crise, ou seja, de 2009 em

diante, se obtém os seguintes resultados:

Tabela 7: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 2 – Lojas Americanas S.A

Estatística de regressão

R múltiplo 0,74

R-Quadrado 0,55

R-quadrado ajustado 0,39

Erro padrão 0,22

Observações 38

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53

ANOVA

gl SQ MQ F F de

significação

Regressão 10 1,69 0,17 3,35 0,01

Resíduo 27 1,36 0,05

Total 37 3,05

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção 8,08 4,65 1,74 0,09

Liquidez Geral -5,78 3,22 -1,80 0,08

Endividamento Geral -7,59 4,71 -1,61 0,12

ROE 1,80 2,16 0,83 0,41

ROI 0,18 0,27 0,67 0,51

ROA -16,37 21,99 -0,74 0,46

PIB 9,07 2,35 3,85 0,00

Desligamento -1,01 0,78 -1,30 0,20

Renda média -1,13 3,10 -0,36 0,72

SELIC 0,58 0,79 0,74 0,47

IPCA 6,51 15,01 0,43 0,67

Para o modelo pós crise apenas a variável Produto Interno Bruto (PIB) foi

significativa para um nível de significância adotado de 5%.

Para realizar o teste de Durbin – Watson calculou-se um modelo em que todas as

variáveis fossem significativas, isto é, o Produto Interno Bruto (PIB) e o desligamento.

O modelo se encontra abaixo:

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54

Tabela 8: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 3 – Lojas Americanas S.A

Estatística de regressão

R múltiplo 0,71

R-Quadrado 0,50

R-quadrado ajustado 0,48

Erro padrão 0,23

Observações 46

ANOVA

gl SQ MQ F F de

significação

Regressão 2 2,27 1,13 21,61 0,00

Resíduo 43 2,26 0,05 Total 45 4,53

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção -0,03 0,04 -0,65 0,52

PIB 8,70 1,34 6,47 0,00

Desligamento -2,53 0,46 -5,47 0,00

O modelo, com coeficiente de determinação de 50,12% pode ser definido por:

ln (1+ . ln (1+PIB) – 2,5277. ln

(1+Desligamento)

O valor > 0 e < 0 nos indica que o preço de fechamento tem um

crescimento de acordo com o aumento de uma unidade do Produto Interno Bruto (PIB)

e um decréscimo de acordo com o aumento de uma unidade no desligamento.

4.15.2. Teste de Durbin – Watson

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55

De acordo com a tabela 15 do Apêndice, para o número de observações n = 46 e

duas variáveis explicativas, com o nível de significância de 5 %, podemos encontrar os

valores críticos e . O teste de Durbin – Watson foi calculado a

partir do modelo 3, uma vez que todas as variáveis foram significativas.

Durbin-Watson Calculations

Soma dos Quadrados da Diferença dos

Resíduos

1,79

Soma dos Quadrados dos Resíduos

2,26

0,79

Teste de Hipótese

H0 ρ ≠ 0

Ausência de

autocorrelação negativa

H0 ρ < 0

Presença de

autocorrelação negativa

4 - > Aceita-se

< 4 - < Inconclusivo

4 - < Rejeita-se

Com os valores obtidos, aceitamos , e com isso existe evidências que os

resíduos não são negativamente correlacionados.

Durbin-Watson Calculations

Soma dos Quadrados da Diferença dos

Resíduos 1,79

Soma dos Quadrados dos Resíduos 2,26

0,79

Teste de Hipótese

ρ ≠ 0

Ausência de

autocorrelação positiva

ρ < 0

Presença de

autocorrelação positiva

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56

> Aceita-se

< < Inconclusivo

< Rejeita-se

A partir do teste de Durbin – Watson concluímos que existe uma evidência de

autocorrelação positiva para os resíduos.

4.16. Lojas Renner S.A

4.16.1. Seleção dos regressores

Em primeiro lugar, utilizou-se um modelo com todos os regressores, com os

dados obtidos a partir de 2007 e alcançaram-se os seguintes resultados:

Tabela 9: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 1 – Lojas Renner S.A

Estatística de regressão

R múltiplo 0,81

R-Quadrado 0,65

R-quadrado ajustado 0,55

Erro padrão 0,24

Observações 46

ANOVA gl SQ MQ F F de significação

Regressão 10 3,60 0,36 6,51 0,00

Resíduo 35 1,93 0,06 Total 45 5,53

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57

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção 0,81 1,28 0,63 0,53

Liquidez Geral 0,10 1,27 0,08 0,94

Endividamento Geral -1,98 1,52 -1,31 0,20

ROE 2,86 8,60 0,33 0,74

ROI 0,28 0,26 1,11 0,28

ROA -7,75 20,80 -0,37 0,71

PIB 8,54 2,09 4,10 0,00

Desligamento -2,79 0,58 -4,79 0,00

Renda Média -1,80 2,05 -0,88 0,38

SELIC -0,08 0,90 -0,08 0,93

IPCA 21,37 13,43 1,59 0,12

O teste F de significância global do modelo demonstra que pelo menos uma

variável está relacionada com o preço de fechamento das ações, uma vez que o F de

significação da tabela ANOVA é menor que 0,05 (nível de significância adotado).

Através da análise do p-valor, observa-se que somente as variáveis Produto

Interno Bruto (PIB) e desligamento são significativas nesse modelo, pois são as únicas

que apresentam um p-valor menor que 0,05.

Encontrou-se ainda, um modelo 2 que, retirando-se as variáveis liquidez geral,

Taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) e o Retorno sobre

patrimônio líquido (ROE), que foram menos significativas no modelo 1, e considerando

o nível de significância igual a 10%, as variáveis Índice Nacional de Preços ao

Consumidor Amplo (IPCA) e endividamento geral também são significativas. Seguem

os resultados encontrados para este modelo abaixo:

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58

Tabela 10: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 2 – Lojas Renner S.A

Estatística de regressão

R múltiplo 0,81

R-Quadrado 0,65

R-quadrado ajustado 0,58

Erro padrão 0,23

Observações 46

ANOVA gl SQ MQ F F de significação

Regressão 7 3,59 0,51 10,05 0,00

Resíduo 38 1,94 0,05 Total 45 5,53

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção 0,73 0,43 1,69 0,10

Endividamento Geral -1,62 0,85 -1,91 0,06

ROI 0,26 0,16 1,64 0,11

ROA -0,88 3,25 -0,27 0,79

PIB 8,84 1,51 5,87 0,00

Desligamento -2,81 0,51 -5,48 0,00

Renda Média -1,95 1,28 -1,52 0,14

IPCA 22,40 12,39 1,81 0,08

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59

Tabela 11: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 3 – Lojas Renner S.A

Estatística de regressão

R múltiplo 0,74

R-Quadrado 0,56

R-quadrado ajustado 0,53

Erro padrão 0,24

Observações 46

ANOVA

gl SQ MQ F F de

significação

Regressão 2 3,07 1,54 26,82 0,00

Resíduo 43 2,46 0,06 Total 45 5,53

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção 0,07 0,04 1,66 0,10

PIB 9,91 1,40 7,06 0,00

Desligamento -3,10 0,48 -6,44 0,00

Finalmente encontrou-se que no modelo 3 todas as variáveis fossem

significativas, isto é, que o valor-p seja menor que o nível de significância adotado. A

regressão existe e seu R² é 55,55 %. O modelo pode ser definido por:

ln (1+ 30. ln (1+ PIB) – 3,1050. ln

(1+Desligamento)

O valor > 0 e < 0 nos indica que o preço de fechamento tem um

crescimento de acordo com o aumento de uma unidade do Produto Interno Bruto (PIB)

e um decréscimo de acordo com o aumento de uma unidade no desligamento.

A nível de comparação, analisou-se um modelo 4 com os dados obtidos pós

crise, ou seja, a partir de 2009 a fim de observar os resultados.

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60

Tabela 12: Resumo dos Resultados – Elaboração Própria

Modelo 4 – Lojas Renner S.A

Estatística de regressão

R múltiplo 0,81

R-Quadrado 0,66

R-quadrado ajustado 0,54

Erro padrão 0,23

Observações 38

ANOVA

gl SQ MQ F F de

significação

Regressão 10 2,71 0,27 5,29 0,00

Resíduo 27 1,38 0,05 Total 37 4,09

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P

Interseção 1,92 1,44 1,33 0,19

Liquidez Geral -0,08 1,30 -0,06 0,95

Endividamento Geral -4,19 1,99 -2,11 0,04

ROE -0,14 9,28 -0,01 0,99

ROI 0,01 0,29 0,03 0,98

ROA 3,23 22,99 0,14 0,89

PIB 7,34 2,23 3,30 0,00

Desligamento -2,60 0,70 -3,74 0,00

Renda Média 2,07 3,18 0,65 0,52

SELIC -0,31 0,97 -0,32 0,75

IPCA 17,40 14,07 1,24 0,23

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61

Nesse modelo tivemos três variáveis significativas: endividamento geral,

desligamento e Produto Interno Bruto (PIB). Em comparação ao modelo 1, encontramos

também um melhor coeficiente de determinação, exposto pelo valor de R².

4.16.2. Teste de Durbin – Watson

De acordo com a tabela 15 do Apêndice, para o número de observações n = 46 e

duas variáveis explicativas, com o nível de significância de 5 %, podemos encontrar os

valores críticos e .

Durbin-Watson Calculations

Soma dos Quadrados da Diferença dos

Resíduos 1,54

Soma dos Quadrados dos Resíduos 2,46

0,63

Teste de Hipótese

ρ ≠ 0

Ausência de

autocorrelação negativa

ρ < 0

Presença de

autocorrelação negativa

4 - > Aceita-se

< 4 - < Inconclusivo

4 - < Rejeita-se

Com os valores obtidos, aceitamos , e com isso existe evidências que os erros não

são negativamente correlacionados.

Durbin-Watson Calculations

Soma dos Quadrados da Diferença dos

Resíduos 1,54

Soma dos Quadrados dos Resíduos 2,46

0,63

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62

Teste de Hipótese

ρ ≠ 0

Ausência de

autocorrelação positiva

ρ < 0

Presença de

autocorrelação positiva

> Aceita-se

< < Inconclusivo

< Rejeita-se

A partir do teste de Durbin – Watson concluímos que existe uma evidência de

autocorrelação positiva nos erros.

4.17. Variáveis significativas dos modelos

As variáveis significativas encontradas de acordo com o cenário escolhido no

modelo determinístico e o seu nível de significância são resumidos na tabela 13.

Tabela 13: Variáveis significativas – Elaboração Própria

Pré e Pós Crise Pós Crise

α = 5% α = 10% α = 5% α = 10%

Lojas

Americanas

PIB e

desligamento

PIB e

desligamento PIB

PIB e

Liquidez

Geral

Renner PIB e

desligamento

PIB, IPCA,

desligamento e

Endiv. Geral

PIB, desligamento e

Endiv. Geral

PIB,

desligamento

e Endiv.

Geral

Saraiva PIB PIB e IPCA PIB PIB

O primeiro cenário é referente às regressões feitas com o período de crise

incluso, 2007 a 2010, o segundo usa dados a partir de 2009. Em ambos os casos

observa-se um forte impacto do PIB seguido pelos desligamentos ocorridos no período.

Quando utilizada uma maior margem de erro pôde-se perceber em alguns casos

significância do Endividamento Geral e da Liquidez.

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63

5. CONCLUSÃO

Tendo em vista o objetivo geral de compreender a dinâmica de ações de empresa

do setor de consumo cíclico, foi observado que as empresas são mais dependentes do

desempenho econômico do país, do que resultados determinísticos de seus indicadores.

Isso foi mostrado pelas variáveis significativas (Produto Interno Bruto e desligamento)

encontradas nos modelos anteriores, considerando α = 5% e o cenário da crise incluso.

Tais modelos não contribuíram para determinação de uma única regressão para o

preço de fechamento das ações, como foi observado, o modelo da Saraiva comportou

apenas uma variável (Produto Interno Bruto), enquanto o da Renner e LASA, duas

(Produto Interno Bruto e desligamento).

Os modelos também mostraram o Produto Interno Bruto como variável comum

entre os modelos, o que nos leva a crer que, de fato, há um fator comum de interferência

entre as organizações estudadas.

Como foi visto na comparação entre os cenários com e sem a crise ocorrida no

ano de 2008, são diferentes as variáveis significativas em cada situação, logo, pode-se

interpretar isso como uma influência direta da recessão nas empresas envolvidas.

Por conseguinte, foi verificado, dentre todas as variáveis analisadas, que a

situação econômica do país é mais relevante para análise de um possível investimento

do que indicadores determinísticos. Isso serve para reforçar posição de agentes de

consumo cíclico, ou seja, agentes que dependem de ciclos econômicos favoráveis para

obtenção de resultados positivos.

Por fim, os limites impostos por esse projeto de graduação podem ser propostas

de novos estudos sobre o tema. Sugere-se um estudo sobre algum tipo de mercado

pouco sensível a variações econômicas, indústria de alimentos por exemplo, para que se

comprove de fato se esse seguimento é pouco influenciado por fatores econômicos e se

há algum paralelo com o setor abordado neste trabalho.

ANEXO A: TABELAS

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64

Tabela 1 – Distribuição F. Valor crítico tal que P ( F > = 0,05.

Fonte: Extraído de [29]

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65

Tabela 2 – Valores críticos do teste de Durbin – Watson para o nível de

significância de 5%.

Fonte: Extraído de [18]

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66

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MONTGOMERY, D. C.; RUNGER, G. C. Estatística Aplicada e Probabilidade

para Engenheiros. 6 ed. Rio de Janeiro, LTC, 2018.

[2] HOFFMANN, R. Estatística para economistas. 4 ed. rev. e ampl.. São Paulo,

Pioneira Thomson Learning, 2006.

[3] GUIMARÃES, R. C.; CABRAL, J. A. F. Estatística. Mcgraw-hill, 1998.

[4] TORMAN, V. B. L.; COSTER, R.; RIBOLDI, J. Normalidade de Variáveis:

Métodos de Verificação e Comparação de Alguns Testes Não-Paramétricos por

Simulação. Revista HCPA.

[5] GUJARATI, Damodar. Econometria Básica, 4 ed. Makron Books, 2000.

[6] NETO, A. A. Finanças corporativas e valor. 7 ed. São Paulo, Atlas, 2014.

[7] JIAMBALVO, James. Contabilidade gerencial. 3 ed. São Paulo, LTC, 2016.

[8] GITMAN, L. J. Princípios da Administração Financeira. 10 ed. São Paulo,

Pearson, 2004.

[9] MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO. Evolução de Emprego do

CAGED. Disponível em:

http://bi.mte.gov.br/eec/pages/consultas/evolucaoEmprego/consultaEvolucaoEmprego.x

html#relatorioSetor Acesso em: 15 de Março 2019

[10] IBGE. O que é PIB? Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php

Acesso em: 14 de Março 2019

[11] BANCO CENTRAL DO BRASIL. Taxa Selic Disponível em:

https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br

%2Fhtms%2Fselic%2Fconceito_taxaselic.asp%3Fidpai%3DSELICTAXA Acesso em:

14 de Março 2019

[12] IBGE. Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA Disponível em:

https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/economicas/precos-e-custos/9256-

indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html?=&t=o-que-e Acesso em: 14 de

Março 2019

[13] SARAIVA. Quem somos. Disponível em:

http://images.livrariasaraiva.com.br/quem-somos/essencia-saraiva.htm Acesso em: 10

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