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Grandes Culturas – Professor Fábio de Lima Gurgel A Cultura do Arroz

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1. Importância O arroz (Oryza sativa L.) é uma espécie hidrófila, cujo processo evolutivo tem

levado à sua adaptação as mais variadas condições ambientais. De uma maneira mais abrangente, são considerados dois grandes ecossistemas para a cultura, que são o de várzeas e de terras altas, englobando todos os sistemas de cultivo de arroz no país.

O consumo de arroz pela população mundial é um hábito inquestionável e dificilmente sofrerá substituição. O arroz é cultivado em todos os continentes, por cerca de 120 países.

Na primeira grande “Revolução Verde”, no final da década de 60, a planta do arroz foi objeto de expressivas modificações fenotípicas e genotípicas, o que contribuiu para proporcionar ganhos importantes em qualidade e produtividade.

Nos últimos anos, entretanto, a produtividade média vem mantendo-se estável, não só pela possibilidade de ter sido atingida a aproximação do potencial da cultura, mas, sobretudo, pelas possíveis dificuldades entre a pesquisa e o produtor, na transferência e adoção das tecnologias mais modernas.

O Brasil é o nono produtor mundial, o arroz é cultivado em todas as regiões, sob diversos ecossistemas, tanto em terras altas como em várzeas. A produção e a produtividade aumentaram nos últimos anos.

Porém, se consideradas as estatísticas até a década de 70, as médias eram muito baixas. Atualmente, mesmo com ganhos expressivos na produtividade, a média ainda está muito aquém da dos países mais evoluídos na exploração deste cereal.

Deve-se considerar que, apesar de o Brasil ser o maior produtor de arroz em regime de terras altas do mundo, neste sistema há muito que ser feito no que se refere à adoção de tecnologias.

Ainda predominam o empirismo e o risco de exploração, em contraste com a grande evolução na oferta de conhecimentos e tecnologias. É necessário concentrar esforços no sentido de melhorar as estratégias de transferência de tecnologia, já que existem muitos exemplos de produtividade entre 3 e 5 t/ha, em regime de terras altas, e de 7 a 8 t/ha, no regime com irrigação por inundação controlada, em nível de produtor.

A preferência do mercado brasileiro é pelo produto com grão da classe longo-fino (agulhinha), característica comumente encontrada nas cultivares de arroz irrigado. Embora a pesquisa já tenha disponibilizado, aos produtores de terras altas, cultivares de arroz com grão agulhinha, o cultivo do arroz irrigado deverá manter-se estável, ou até ter aumento na área cultivada, enquanto o arroz de terras altas certamente poderá sofrer redução na área de cultivo, se não forem tomadas algumas medidas. Isso se observa pela própria redução da disponibilidade de áreas novas para exploração, como tem acontecido historicamente, particularmente no Cerrado.

2. Estatística de Produção No mundo, a maior parte da produção e do consumo de arroz está localizada no

continente asiático, cujo sistema básico de cultivo é o irrigado. O sistema de sequeiro (terras altas) é encontrado predominantemente no Brasil e, em menor proporção, no continente africano.

O crescente processo de industrialização dos países asiáticos tem resultado na diminuição da mão-de-obra disponível para o trabalho no campo e no deslocamento da produção agrícola para áreas marginais. Por outro lado, o crescimento acelerado da população está aumentando a demanda do produto em proporções não compatíveis com o crescimento da produção. Para se atender esta demanda, nos próximos anos devem ser adicionadas ao mercado mundial de arroz cerca de 10 milhões de toneladas/ano. Metade desse total deve ser produzido no continente asiático, devendo a outra parte originar-se

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fora dessa macro-região. A América Latina e a África destacam-se no cenário mundial como as duas únicas regiões com grande e quase inexplorado, potencial para produção de arroz e com capacidade de atender a essa demanda.

Produção Mundial de Arroz

ARROZ: Principais países produtores (em milhões de toneladas) Fonte: FAO – Food and Agriculture Organization (www.fao.org)

O continente latino-americano está melhor preparado que o africano para

responder, de maneira rápida, a essa demanda. O Brasil como maior produtor de arroz no continente, deve considerar esse aspecto em seu planejamento estratégico para o desenvolvimento da cultura. Diante desse panorama, a discussão sobre sistemas de produção de arroz no Brasil assume um papel de extrema relevância para traçar estratégias futuras.

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Comparativo entre a área, rendimento e produção do arroz irrigado e de sequeiro.

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Área colhida x Produção do arroz de sequeiro e irrigado

Os produtores de arroz têm passado por dificuldades naturais e financeiras nos últimos anos. No final de 2004 e início de 2005, por exemplo, a região Sul teve a pior estiagem dos últimos 40 anos. A estiagem também atingiu o Centro-Oeste. Os altos custos de produção e a forte queda nos preços de comercialização de arroz deram prejuízos para os agricultores e contribuíram para aumento de apenas 0,5% da área semeada em 2005 e redução de 0,9% na áreas da safra de 2006.

Esta queda de renda foi manifestada com a redução de compra de máquinas e implementos agrícolas. A insatisfação dos agricultores tem sido motivo de reivindicações junto ao governo federal, como a movimentação de 3000 tratores em Brasília em junho de 2005.

Os agricultores esperam que as medidas a serem anunciadas brevemente pelo governo consistam, de um lado, de redução da carga tributária de PIS, CONFIS, imposto de renda, dos juros, custos de insumos e, de outro, iniciativas de reformas de estradas e portos, por exemplo.

No caso do arroz, em 2005 houve aumento de 5% da área cultivada, mas com redução de 0,4% na produção em relação a 2004.

Para que os produtores, órgãos de pesquisa, ensino e extensão e governos federal, estaduais e municipais possam fazer planejamento e decidir ações futuras, é necessário uma compreensão da tendência desse cultivo.

Por esse motivo, elaborou-se uma perspectiva de área, produção e produtividade do arroz irrigado e de terras altas no Brasil ate 2011, tomando como base informações de produção a partir de 2000.

No Brasil, todos os 26 Estados e o Distrito Federal produzem arroz. Os Estados do RJ e SE produzem apenas arroz irrigado, e 15 outros Estados produzem arroz irrigado e de terras altas.

Em 2005, o arroz de terras altas ocupou 64,2% da área total e o irrigado 35,8%. No conjunto, o Irrigado em relação aos estados e os respectivos percentuais de participação de área são liderados pelo Rio Grande do Sul, com 76,63%; já o de Terras Altas é liderado pelo Mato Grosso, com 39,59%.

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A área ocupada com Irrigado e Terras Altas no Brasil indica que, no período de 2001/03, houve redução de Terras Altas, enquanto o Irrigado reduziu apenas no ano 2001. Até 2011 não haverá significativa alteração de área no Irrigado, enquanto que o de Terras Altas deverá ter um aumento de área em torno de 25%. Estas características contribuirão para o aumento geral da área em torno de 18%, em nível nacional.

A partir do ano de 2007, deverá ocorrer uma expansão de Terras Altas. A produção no de Terras Altas, no período 2001/2, decresceu, mas, a partir de 2004, começou a aumentar. No ano 2008 o aumento de produção deverá ser superior a 13% e no ano 2011 esse aumento chega a 30%, comparado ao ano 2005.

No mesmo ano de 2008 a produção no Irrigado também deverá aumentar, mas em menor escala se comparado com o Terras Altas. Em 2008, o aumento da produção em ambos os sistemas deverá apresentar o mesmo percentual, mas em 2011 o Irrigado deverá ficar 3% inferior ao de Terras Altas.

Um outro dado levantado em Terras Altas, faz referência sobre a perspectiva de ligeiro aumento de produtividade até 2011, mas, em nível nacional, tem pequena redução. Em 2001, o sistema Terras Altas teve redução, ao contrário com o Irrigado e a produtividade no Irrigado, no ano 2011 aumentou 31% em relação a 2000. Em 2004, a produtividade era 6.000 kg ha e em 2011 a previsão é em torno de 6.800 kg ha. O aumento de produtividade no Terras Altas até 2011 será pequeno, algo em torno de 3% entre 2005 e 2011.

3. Origem, domesticação e introdução no Brasil Diversos historiadores e cientistas apontam o sudeste da Ásia como o local de

origem do arroz. Na Índia, uma das regiões de maior diversidade e onde ocorrem numerosas variedades endêmicas, as províncias de Bengala e Assam, bem como na de Mianmar, têm sido referidas como centros de origem dessa espécie.

O arroz é uma planta herbácea pertencente à família das Gramíneas. Alguns autores classificam-na como pertencente à família Poaceae. Duas formas silvestres são apontadas na literatura como precursoras do arroz cultivado: a espécie Oryza rufipogon, procedente da Ásia, originando a Oryza sativa; e a Oryza barthii (= Oryza breviligulata), derivada da África Ocidental, dando origem à Oryza glaberrima.

O gênero Oryza é o mais rico e importante da tribo Oryzeae e engloba cerca de 23 espécies, dispersas espontaneamente nas regiões tropicais da Ásia, África e Américas.

A espécie Oryza sativa é considerada polifilética, resultante do cruzamento de formas espontâneas variadas.

Bem antes de qualquer evidência histórica, o arroz foi, provavelmente, o principal alimento e a primeira planta cultivada na Ásia. As mais antigas referências ao arroz são encontradas na literatura chinesa, há cerca de 5.000 anos. O uso do arroz é muito antigo na Índia, sendo citado em todas as escrituras hindus. Variedades especiais usadas como oferendas em cerimônias religiosas, já eram conhecidas em épocas remotas.

Certas diferenças entre as formas de arroz cultivadas na Índia e sua classificação em grupos, de acordo com ciclo, exigência hídrica e valor nutritivo, foram mencionadas cerca de 1.000 a.C. Da Índia, essa cultura provavelmente estendeu-se à China e à Pérsia, difundindo-se, mais tarde, para o sul e o leste, passando pelo Arquipélago Malaio, e

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alcançando a Indonésia, em torno de 1500 a.C. A cultura é muito antiga nas Filipinas e, no Japão, foi introduzida pelos chineses cerca de 100 anos a.C. Até sua introdução pelos árabes no Delta do Nilo, o arroz não era conhecido nos países Mediterrâneos. Os sarracenos levaram-no à Espanha e o espanhóis, por sua vez, à Itália. Os turcos introduziram o arroz no sudeste da Europa, de onde alcançou os Bálcãs. Na Europa, o arroz começou a ser cultivado nos séculos VII e VIII, com a entrada dos árabes na Península Ibérica. Foram, provavelmente, os portugueses quem introduziram esse cereal na África Ocidental, e os espanhóis, os responsáveis pela sua disseminação nas Américas.

Alguns autores apontam o Brasil como o primeiro país a cultivar esse cereal no continente americano. O arroz era o "milho d'água" (abati-uaupé) que os tupis, muito antes de conhecerem os portugueses, já colhiam nos alagados próximos ao litoral.

Consta que integrantes da expedição de Pedro Álvares Cabral, após uma peregrinação por cerca de 5 km em solo brasileiro, traziam consigo amostras de arroz, confirmando registros de Américo Vespúcio, que trazem referência a esse cereal em grandes áreas alagadas do Amazonas.

Em 1587, lavouras arrozeiras já ocupavam terras na Bahia e, por volta de 1745, no Maranhão. Em 1766, a Coroa Portuguesa autorizou a instalação da primeira descascadora de arroz no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. A prática da orizicultura no Brasil, de forma organizada e racional, aconteceu em meados do século XVIII e daquela época até a metade do século XIX, o país foi um grande exportador de arroz.

4. Características morfofisiológicas relacionadas à produtividade 4.1. Fases de desenvolvimento da planta de arroz O ciclo de vida da planta de arroz pode ser dividido em três fases distintas: fase

vegetativa, fase reprodutiva e fase de maturação. A fase vegetativa corresponde ao período compreendido entre a germinação da

semente e a iniciação da panícula. É modificada pela temperatura e pelo fotoperíodo, o que permite sua divisão em fase vegetativa básica ou basal e fase sensível ao fotoperíodo. Diferenças varietais na duração do crescimento devem-se basicamente a diferenças na fase vegetativa. A emissão de perfilhos e a diferenciação e a diferenciação das folhas ocorre nesta fase. O número máximo de perfilhos coincide com o início da diferenciação de panículas em cultivares de ciclo curto, enquanto em cultivares de ciclo longo se prolonga pela fase reprodutiva.

A fase reprodutiva , que vai da iniciação da panícula ao florescimento, tem duração relativamente constante de cultivar para cultivar, requerendo normalmente 35 dias em condições tropicais. São reconhecidos dois períodos no processo de desenvolvimento da panícula jovem: o de formação da panícula jovem, que vai da determinação da primeira bráctea ao estádio final de diferenciação de espiguetas, e o de gestação da panícula, que finaliza com a maturação dos grãos de pólen.

A panícula jovem torna-se visível a olho nu como uma estrutura cônica, plumosa, medindo de 0,5 a 1,5 mm, cerca de dez dias após sua diferenciação. Contudo, como essa estrutura em desenvolvimento encontra-se envolvida pela bainha das folhas, sua observação só é possível mediante dissecação do colmo. O alongamento dos entrenós normalmente tem início com a diferenciação da panícula e ocorre apenas nos quatro últimos entrenós. O alongamento do último entrenó, o qual subtende a inflorescência, determina a emergência da panícula. A emergência da panícula dá início ao florescimento, em que ocorrem os processos de abertura de flores, polinização e fertilização.

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A fase de maturação, etapa final do ciclo de vida da planta do arroz vai do florescimento à maturação dos grãos; tem uma duração de 30 a 35 dias, e subdivide-se em estádio de grão leitoso, ceroso e maduro.

O processo de crescimento da planta de arroz exibe variações quanto ao padrão de absorção de nutrientes e metabolismo, durante as várias fases de desenvolvimento. Na fase vegetativa, os nutrientes, incluindo N, P, K e S são absorvidos ativamente, enquanto fotoassimilados são produzidos e proteínas são sintetizadas de forma a sustentar os processos de perfilhamento e de expansão foliar.

Durante a fase reprodutiva, caracterizada pelo desenvolvimento do primórdio da panícula e o alongamento do caule, os fotoassimilados são transformados em componentes da parede celular, como lignina e celulose. Os fotoassimilados em excesso são armazenados nos colmos e bainhas na forma de amido.

Na fase de maturação, a morfogênese da planta já se completou e os fotoassimilados acumulam-se nas panículas na forma de amido. À medida que este processo avança, os carboidratos, proteínas e minerais acumulados nas folhas movem-se para panículas e a planta torna-se senescente.

Dois fatores são responsáveis pela existência de um ciclo ótimo: limitação do suprimento de nitrogênio e do espaço físico para crescimento.

Processos, principais compostos orgânicos e nutrientes envolvidos no crescimento,

durante as três fases do ciclo de vida da planta de arroz. Fase vegetativa Fase reprodutiva Fase de maturação

Processos envolvidos Emergência de perfilhos e folhas

Desenvolvimento do primórdio da panícula, alongamento dos entrenós.

Enchimento dos grãos, senescência da raiz e parte aérea.

Compostos orgânicos Proteínas Celulose e lignina, amido. Amido

Nutrientes N, P, K e S Mg, Ca e S. Translocação de N, P, S e Mg para panículas.

4.2. Características morfológicas 4.2.1. Classificação botânica e morfologia A espécie Oryza sativa é uma Monocotiledônea da família Poaceae. Como tal,

caracteriza-se por possuir caules ocos, flores reduzidas de cor verde e aquênios especializados ou cariopses como frutos.

a) Raiz

Coleorriza Raízes Raízes adventícias A raiz seminal, ou radícula, surge da coleorriza logo após o seu aparecimento e é

seguida por uma ou duas raízes seminais secundárias, todas elas desenvolvendo raízes laterais. Persistem apenas por um curto período de tempo após a germinação, sendo logo substituídas pelo sistema secundário de raízes adventícias. Estas são produzidas a partir de nós inferiores dos caules jovens. São fibrosas, possuindo muitas ramificações e pêlos radiculares.

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b) Folha A folha primária, surgida do coleóptilo, difere das demais por ser cilíndrica e

não apresentar lâmina. A segunda folha, e todas as demais, são dispostas de forma alternada no colmo, surgindo a partir de gemas situadas nos nós. A porção da folha que envolve o colmo denomina-se bainha. A porção pendente da folha é a lâmina. Na junção dessas duas partes situa-se o colar, do qual emergem dois pequenos apêndices em forma de orelha, sendo por essa razão chamados de aurículas, e uma estrutura membranosa em forma de língua, denominada lígula. A partir do colmo principal originam-se de 8 a 14 folhas, dependendo do ciclo da cultivar. A última folha denomina-se folha bandeira.

Folha bandeira e panícula

c) Caule

Caule Caule- Nós- Entrenós

O caule da planta de arroz é composto por um colmo principal e um número variável de colmos primários e secundários, ou perfilhos. Durante o período vegetativo, um perfilho é visualizado como uma estrutura composta de folhas e gemas axilares. O caule propriamente dito encontra-se na base do perfilho, sendo visível mediante dissecação, como um conjunto de nós. Somente no período reprodutivo da cultura é que os nós se distanciam devido ao alongamento dos entrenós, permitindo a sua visualização. As características dos entrenós, tais como comprimento, diâmetro e espessura, determinam a resistência ao acamamento. A cor dos nós e entrenós, o número de perfilhos e o seu ângulo são importantes características de descrição varietal.

d) Panícula A inflorescência determinada da planta de arroz denomina-se de panícula.

Localiza-se sobre o último entrenó do caule e é subtendida pela folha-bandeira. É composta pela ráquis principal, que possui nós dos quais saem as ramificações primárias que, por sua vez, dão origem às ramificações secundárias de onde surgem as espiguetas.

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Estas são formadas por dois pares de brácteas ou glumas. O par inferior é rudimentar, sendo suas glumas denominadas de estéreis. As glumas do par superior denominam-se pálea e lema e contém no seu interior a flor propriamente dita, composta por um pistilo e seis estames. O pistilo contém um óvulo. A lema pode ter uma extensão filiforme denominada arista, que é um importante descritor varietal.

Planta de arroz – Panícula com folha bandeira – Panícula

Espiguetas A – Gluma, B - Pálea e Lema. C- Embrião, endosperma

Estame – Pistilo – Óvulo 6 filamentos = 6 estames

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e) Grãos É formado pelo ovário fecundado, contendo uma única semente aderida às suas

paredes (pericarpo), envolvida pela lema e a pálea. Estas, juntamente com as glumas estéreis e estruturas associadas, formam a casca. O grão sem casca denomina-se cariopse.

Semente dentro da casca Estrutura de um cariopse (grão de arroz)

4.2.2. Raças ou grupos eco-geográficos Existem três grupos varietais para o arroz: a) subespécie Indica: presentes em clima temperado, apresentam folhas largas de

cor verde-claro, perfilhamento profuso e estatura alta, tecidos com consistência macia. Grãos finos, com pêlos curtos na lema e pálea, na maioria das vezes não apresentam arista e degranam facilmente. Sensibilidade variável ao fotoperíodo. Os genótipos de arroz irrigado cultivados no Brasil pertencem a este grupo.

b) subespécie Japonica: presentes em climas tropicais, apresentam folhas estreitas de cor verde-escuro, médio perfilhamento e baixa estatura, tecidos de consistência dura. Grãos curtos e redondos, pêlos densos e longos na lema e pálea, arista ausente ou longa, baixo degrane. Sensibilidade variável ao fotoperíodo.

c) subespécie Javanica ou Japonica tropical: presentes na Indonésia, apresentam folhas largas, rígidas, de cor verde-claro, baixo perfilhamento e alta estatura, tecidos de consistência dura. Grãos largos e espessos, pêlos longos na lema e pálea, arista ausente ou longa, baixo degrane. Baixa sensibilidade ao fotoperíodo. Os genótipos tradicionais de sequeiro do Brasil pertencem a este grupo.

4.2.3. Diferenças morfológicas entre genótipos irrigados e de sequeiro O arroz de sequeiro evoluiu do arroz irrigado há algumas centenas de anos,

através da pressão exercida pelo homem, ao deslocar-se de áreas baixas de várzeas para locais mais elevados.

A pressão natural de seleção exercida no ecossistema de terras altas induziu a alterações e adaptações, especialmente no hábito de crescimento radicular. As cultivares de sequeiro apresentam raízes longas e espessas, enquanto as semi-anãs, finas e fibrosas. A maior relação raiz parte-aérea está relacionada a uma maior proporção de raízes espessas.

4.3. Características fisiológicas 4.3.1. Fotossíntese A fotossíntese diária é a base para a determinação da taxa de crescimento da

cultura e, consequentemente, do acúmulo de fitomassa.

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4.3.2. Área foliar A variação da área foliar e a sua duração são os principais responsáveis para a

variação da produção. A taxa fotossintética da folha é um importante determinante da taxa de crescimento da cultura.

4.3.3. Partição dos Fotoassimilados para os grãos A produtividade ou rendimento de grãos da cultura do arroz pode ser estimada

pelo produto dos seus componentes: o número de panículas por unidade de área; o número de espiguetas por panícula; o percentual de fertilidade das espiguetas; e o peso médio dos grãos.

4.4. Efeitos dos fatores climáticos na produtividade Pelo fato de ser praticada em quase todos os Estados, em latitudes que variam de

5º Norte até 33º Sul, a cultura do arroz é submetida a condições climáticas bastante distintas. Assim, a precipitação pluvial, a temperatura do ar, a radiação solar e o fotoperíodo podem, em diferentes intensidades, afetar a produtividade do arroz.

4.4.1. Fotoperíodo É o tempo, em horas, compreendido entre o nascer e o pôr-do-sol. Como o arroz

é uma planta de dias curtos, os dias de curta duração (fotoperíodo de 10 horas) encurtam seu ciclo, antecipando a floração.

Considera-se como fotoperíodo ideal o comprimento do dia no qual a duração da emergência até a floração é mínima. Para a maioria das cultivares, esse comprimento situa-se em torno de 10 horas.

As cultivares são classificadas em três categorias, quanto à resposta ao fotoperíodo:

• insensíveis – a fase vegetativa sensível ao fotoperíodo (FSF) é curta (inferior a 30 dias) e a fase vegetativa básica (FVB) varia de curta a longa;

• pouco sensíveis – ocorre aumento acentuado no ciclo da planta quando o fotoperíodo é superior a 12 horas, a duração da FSF pode exceder 30 dias mas a floração irá ocorrer em qualquer fotoperíodo longo;

• muito sensíveis – grande aumento no ciclo, com incremento no fotoperíodo, não há florescimento além de um valor de fotoperíodo crítico, e a FVB é, normalmente, pequena (não mais que 40 dias). Se forem observadas as épocas recomendadas de semeadura, o fotoperíodo não

chega a ser um fator limitante nas principais regiões produtoras do País, pois as cultivares lançadas apresentam comprimento de ciclo compatível com as características fotoperiódicas da região. Entretanto, o fotoperíodo pode ser limitante quando se pretende produzir arroz fora das épocas tradicionais de cultivo.

4.4.2. Temperatura A temperatura é um dos elementos climáticos de maior importância para o

crescimento, o desenvolvimento e a produtividade da cultura do arroz. Cada fase fenológica tem sua temperatura crítica ótima, mínima e máxima. A temperatura ótima para o desenvolvimento do arroz situa-se entre 20ºC e 35ºC. Em geral, a cultura exige temperaturas relativamente elevadas da germinação à maturação, uniformemente crescentes até a floração (antese) e decrescentes, porém sem abaixamentos bruscos, após a floração. As faixas de temperatura ótima variam de 20ºC a 35ºC para a germinação, de 30ºC a 33ºC para a floração e de 20ºC a 25ºC para a maturação.

A planta é mais sensível às baixas temperaturas no estádio de pré-floração. Para fins práticos, pode-se considerar o período do emborrachamento, que vai de 14 a 7 dias antes da emissão das panículas, como o mais sensível. A floração é o segundo estádio mais sensível às baixas temperaturas. Dependendo da sensibilidade das cultivares, temperaturas inferiores a 15ºC ou 20ºC induzem a esterilidade das espiguetas.

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Em lavouras irrigadas, é possível minimizar o efeito do frio sobre a planta de arroz com elevação do nível da água na lavoura para 20 a 25cm, por aproximadamente 15 dias, durante o estádio mais sensível às baixas temperaturas. Essa prática, conhecida como “afogamento”, é recomendada para as cultivares modernas, de estatura mais baixa e de origem tropical, principalmente quando semeadas tardiamente, na zona sul do Rio Grande do Sul.

Para evitar o efeito das baixas temperaturas, tanto a germinação como a emergência das plântulas podem ser retardadas em mais de 20 dias, sobretudo nas cultivares mais sensíveis. Em geral, as folhas das plântulas tornam-se cloróticas e apresentam uma taxa de crescimento muito baixa. Para o Estado do Rio Grande do Sul, mais sujeito a baixas temperaturas na época de implantação da cultura do arroz, a pesquisa recomenda a utilização, na medida do possível, de cultivares com bom vigor inicial, e que a semeadura não seja efetuada antes que a temperatura se estabilize acima de 12ºC, no início da primavera.

O estádio mais sensível do arroz a altas temperaturas é a floração, seguida pela pré-floração. A ocorrência de temperaturas superiores a 35ºC pode causar esterilidade de espiguetas, principalmente se a cultura estiver sob limitado suprimento de água.

Para um melhor emprego dos tratos culturais, a soma térmica, ou graus-dias, é caracterizada como o acúmulo diário de temperaturas que se situam acima da condição mínima e abaixo da máxima exigida pela planta. Ela expressa a disponibilidade energética do meio. Sua estimativa permite definir as fases fenológicas da cultura e, como conseqüência, oferecer informações para um melhor planejamento dos tratos culturais. No Rio Grande do Sul, a soma térmica, da emergência até a diferenciação do primórdio floral, tem sido utilizada para determinar a época de aplicação da adubação nitrogenada em cobertura.

4.4.3. Radiação solar A importância da radiação solar varia conforme as fases fenológicas do arroz. A

fase vegetativa, por exemplo, apresenta baixa resposta à radiação solar. Os maiores incrementos na produtividade, para níveis crescentes de radiação solar, são obtidos, respectivamente, durante a fase reprodutiva e de maturação.

Uma avaliação da quantidade de energia solar disponível nas distintas regiões produtoras de arroz sugere que, em princípio, a radiação solar não seria um fator limitante para os atuais níveis de produtividade. Produtividades em torno de 5 t/ha podem ser alcançadas com níveis de radiação solar de aproximadamente 300 cal/cm2/dia durante a fase reprodutiva. Valores superiores a este normalmente ocorrem nas regiões produtoras de arroz. Entretanto, devem ser buscadas alternativas que aumentem a eficiência no aproveitamento da radiação solar pela planta de arroz, para se alcançarem produtividades maiores.

A eficiência na utilização da radiação solar é afetada pelo tipo de planta do arroz. Um ângulo foliar adequado permite que maior quantidade de radiação atinja as folhas inferiores do dossel, fazendo com que elas sejam fotossinteticamente mais eficientes, além de aumentar sua longevidade e permitir, também, maior perfilhamento. A densidade de fluxo de radiação solar diminui gradualmente à medida que a radiação penetra em uma população de plantas com folhas eretas e mais rapidamente naquelas com folhas decumbentes. Assim, a utilização de cultivares com folhas eretas é uma das principais características que apontam para o aumento da produtividade do arroz.

4.4.4. Deficiência Hídrica De maneira geral, o estresse hídrico não causa prejuízos severos à

produtividade quando ocorre na fase vegetativa da planta. Entretanto, o arroz é muito sensível ao estresse hídrico na fase reprodutiva, especialmente durante a meiose (divisão

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do núcleo da célula, na qual o número de cromossomos é reduzido da forma diplóide, 2n, para a forma haplóide, n) e o florescimento.

Durante a fase vegetativa, os processos de perfilhamento e de alongamento das folhas são inibidos. Na fase reprodutiva, ocorre a inibição da emissão de panículas, resultando em panículas mal expostas, ou mesmo não emitidas. Outro sintoma é o dessecamento parcial ou total das espiguetas. Juntamente com a inibição da antese, esses sintomas resultam em alta esterilidade de espiguetas.

É possível minimizar o efeito da deficiência hídrica no arroz de terras altas (sequeiro), observando as épocas de semeadura que proporcionam menor risco de ocorrência de estresse hídrico durante o ciclo da cultura, principalmente durante a fase reprodutiva, e identificando, por meio do zoneamento agroclimático, as regiões com menor chance de ocorrência de estresse hídrico.

O zoneamento agroclimático consiste no estudo da precipitação pluvial diária e da evapotranspiração de uma região e, com base nesses elementos climáticos, no detalhamento de áreas e períodos mais apropriados ao cultivo do arroz, para reduzir as possibilidades de exposição da cultura a riscos climáticos. Para tanto, devem ser levados em consideração a capacidade de armazenamento de água do solo e o ciclo da cultivar.

A classificação de risco climático para a cultura do arroz de terras altas é feita com base na relação entre a evapotranspiração real, que expressa a quantidade de água que a planta irá consumir nas condições consideradas, e a evapotranspiração máxima, que é o total necessário para garantir sua máxima produtividade. Quando essa relação, no estádio de floração, for igual ou maior que 0,65, a cultura do arroz estará exposta a baixo risco climático.

O zoneamento auxilia os produtores na tomada de decisão, principalmente quanto às épocas de semeadura mais apropriadas e quanto ao ciclo das cultivares a serem utilizadas. Além disso, pode ser usado na política governamental para a cultura como instrumento orientador do crédito e do seguro agrícola, conforme os níveis de risco climático e da tecnologia empregada.

De acordo com os estudos realizados até o momento, as áreas com menor risco climático são: o Estado de Mato Grosso, o centro-norte de Mato Grosso do Sul e o sudoeste Goiano, na Região Centro-Oeste; o Estado do Tocantins (exceto o sul) e o Estado do Pará, na Região Norte; o Estado do Maranhão e o Sul do Piauí, na Região Nordeste.

A evapotranspiração é maior em populações de plantas de pequeno porte e com folhas eretas do que em populações de plantas de porte alto e com folhas decumbentes.

5. Cultivares A escolha da cultivar deve ser feita com base em diversos fatores, entre os quais destacam-se: - O conhecimento da cultura na região, - O conhecimento das características das cultivares (ciclo, altura da planta, resistência a doenças, qualidade do produto e produtividade), - O sistema de cultivo (várzeas ou terras altas), - A disponibilidade de água, - O nível de tecnologia a ser utilizada, - A fertilidade do solo, - O sistema de plantio, - A disponibilidade de sementes.

Embora seja uma classificação empírica, em termos práticos existem três tipos de arquitetura de plantas de arroz nas lavouras orizícolas do Brasil, assim denominadas:

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tradicional (gaúcha); intermediária (americana), semi-anã/filipina (moderna/filipina) e semi-anã/americana (moderna/americana).

A distinção de grupos de plantas auxilia aqueles que estão envolvidos com a lavoura orizícola, pois facilita tomada de decisões quanto a práticas de manejo a serem adotadas, diagnóstico de estresses bióticos (doenças) e abióticos (frio) e até prognóstico de produtividade.

As plantas de arquitetura tradicional, em geral, apresentam porte superior a 105 cm, baixa capacidade de perfilhamento, folhas longas e decumbentes-pilosas, rústicas, suscetibilidade à brusone, ciclo biológico médio ou semi-tardio, boa resistência às doenças de importância econômica secundária-rizoctonioses. Boa capacidade competitiva com plantas invasoras, no entanto acamam sob alta fertilidade natural ou quando recebem doses elevadas de nitrogênio.

As plantas intermediárias, em geral, possuem o porte ao redor de 100 cm, folhas curtas, estreitas, semi-eretas e lisas. O ciclo, em geral, varia entre precoce e médio; baixa capacidade de perfilhamento; baixa resistência às doenças de importância econômica secundária, Grãos de alta qualidade e aceitação no mercado internacional, fácil degranação. Possuem suscetibilidade à brusone variável, porém a maioria é atacada sob níveis elevados de nitrogênio e deficiente manejo de água.

As semi-anãs/filipina são todas as cultivares de porte baixo (ou semi-anão), inferior a 100 cm, folhas curtas e eretas (pilosas ou lisas) e de alta capacidade de perfilhamento. O ciclo biológico vai de precoce a tardio, reação intermediária às raças de brusone.

As semi-anãs americanas incluem as cultivares de porte baixo (ou semi-anão/moderno), inferior a 100 cm. As plantas possuem folhas de superfície lisa; cor verde-azulada; curtas e hábito ereto e baixa capacidade de perfilhamento, característica que a diferencia das plantas do tipo moderna/filipina. As panículas são, geralmente, compactas com alta fertilidade de espiguetas, superando a da moderna/Filipina. O ciclo biológico vai de precoce a mediano, reação intermediária a brusone. A definição de planta moderna é bastante subjetiva. Geralmente, esse termo tem sido usado para designar uma planta de arroz com porte baixo, resistente ao acamamento e de folhas eretas.

5.1. Arroz cultivados em Terras Altas As principais cultivares de arroz para o cultivo em terras altas são:

Primavera: indicada para plantio em áreas de abertura e áreas velhas, pouco ou moderadamente férteis, devido à sua tendência ao acamamento em condições de alta fertilidade. Pode também ser plantada em solos férteis, desde que os fertilizantes sejam utilizados com moderação. Tem apresentado bons resultados em diversas situações, tais como: Sistema Barreirão (plantio consorciado com pastagem), Sistema Plantio Direto em área de soja e até plantio em safrinha. Apresenta excelente qualidade culinária; contudo, para que se obtenha uma boa porcentagem de grãos inteiros no beneficiamento, a colheita deve ser feita com a umidade dos grãos entre 20 e 24%. Apresenta grãos longo-finos, de excelente aspecto e ampla aceitação comercial. Maravilha: recomendada para regiões com baixo risco de veranico, ou com disponibilidade de irrigação suplementar por aspersão ou, ainda, em várzea úmida não-sistematizada. Seus grãos são do tipo agulhinha. É moderadamente resistente à brusone e à escaldadura, e moderadamente suscetível à mancha de grãos. Por ser resistente ao

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acamamento e responsiva à fertilidade, é recomendada para cultivo com alta tecnologia, inclusive sob pivô central. Seu crescimento inicial é lento, o que, somado à sua arquitetura de folhas eretas, torna-a pouco competitiva com plantas daninhas, exigindo, portanto, um bom controle. Caiapó: seu grão, embora não seja do tipo agulhinha, tem ótima aceitação no mercado, devido ao alto rendimento de inteiros e à boa qualidade culinária que apresenta. É recomendada para solos novos ou velhos, em níveis moderados de fertilidade, para evitar acamamento. Deve ser plantada o mais cedo possível, em plantio pouco denso, planejando-se medidas de controle de brusone, em situações de risco, principalmente nas áreas dos Cerrados e em regiões de maior altitude. Apresenta melhor produtividade em regiões onde a incidência de brusone é baixa. Carajás: de ciclo precoce, é indicada para áreas de fertilidade média ou alta, apresentando bom potencial de produção e pouco acamamento. Seus grãos são do tipo tradicional, longos e largos, o que pode levar a um preço inferior ao praticado para as cultivares de grão agulhinha nos mercados em que este padrão é o preferido. Canastra: apresenta boa produtividade nas mais diversas situações de plantio, em áreas velhas ou novas, adaptando-se a diferentes níveis de fertilidade. Em condições muito favorecidas tende a apresentar alta incidência de escaldadura e mancha de grãos. Tem boa resistência ao acamamento e pode alcançar alta produtividade. Seus grãos são da classe longo-fino e a qualidade de panela é regular. Bonança: cultivar semi-precoce, de porte baixo, resistente ao acamamento lançada em 2001, apresenta ampla adaptação a sistemas de manejo e tipos de solo. Seus grãos apresentam problemas de adequação a uma referida classe por terem dimensões próximas do limite entre elas, entretanto apresentam boa aparência e boa qualidade culinária, porém inferior à Primavera. Destaca-se pela excepcional estabilidade do rendimento de grãos inteiros, mesmo em circunstâncias em que ocorrem atrasos na colheita, dentro de certo limite. Carisma: cultivar semi-precoce, de porte baixo, resistente ao acamamento, de grãos da classe longo-fino. Pode ser cultivada em sequeiro, sob pivô central ou em várzea úmida, sem irrigação, apresentando alto potencial de produção. Necessita medidas de controle de brusone, quando cultivada em situações de risco desta doença. Tem grãos longo fino e de boa qualidade de panela. Talento: cultivar semiprecoce, de porte baixo, perfilhadora, resistente ao acamamento, de grãos da classe longo-fino. É uma cultivar de ampla adaptação, de ótimo potencial de produção e responsiva ao uso de tecnologia. Pode ser considerada uma opção para plantio em várzeas úmidas. De grãos translúcidos e boa qualidade de panela, pode ser disponibilizada para o consumo logo após a colheita. Os resultados obtidos, possibilitaram seu lançamento para cultivo a partir de 2002/2003, nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Maranhão, Piauí e Tocantins. Tem se mostrado resistente à escaldadura e à mancha de grãos, mas em relação à brusone, a BRS Talento se comporta apenas como moderadamente resistente. Em locais de alta pressão da doença, necessita-se, portanto, adotar as medidas de controle recomendados. Soberana: como a Primavera é indicada para plantio em solos pouco ou moderadamente férteis, normalmente presente em áreas de abertura, devido à sua

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tendência ao acamamento em condições de alta fertilidade. Pode também ser cultivada em solos férteis, utilizando menores doses de fertilizantes e espaçamentos mais largos, como 30 a 40 cm, para evitar acamamento. É ligeiramente menos resistente à seca que a Primavera e pôr isto deve ser preferida em áreas de melhor disponibilidade de chuva como o Centro Norte do Mato Grosso. Em condições experimentais tem-se mostrado menos suscetível à brusone e ao acamamento que a Primavera, mas não a nível de dispensar atenção em medidas ou práticas que reduzem os riscos de incidência destes dois fatores restritivos. Produz grãos com excelente qualidade culinária, todavia exige colheita com umidade dos grãos entre 20 a 24%, para que se tenha uma boa porcentagem de grãos inteiros no beneficiamento.

As cultivares de arroz de terras altas recomendadas para os principais estados produtores de arroz no Brasil são:

Caiapó: CE, GO, MT, MS, TO, MG, RR, MA, PI, SP, BA. Carajás: GO, MT, MS, TO, MA, PI, BA. Maravilha: AC, AP, AM, GO, MT, RO, AM, MS, TO, PA. Canastra: CE, GO, TO, MG, MA, PI, BA. Primavera: CE, GO, MT, RO, MS, TO, MA, PI, BA. Bonança: GO, MT, TO, PI, MA. Carisma: GO, MG, MS. Progresso: AC, AM, MT, RO, PA. Confiança: AP, MG, RR. Douradão: MG. Rio Doce: MG. IAC 165: SP. IAC 201: SP. IAC 202: SP. Xingu: AC, AP, AM, MA, RR, PA.

5.2. Arroz Irrigado A listagem completa e atualizada das cultivares de arroz registradas no Brasil

está disponível para consulta na Internet (www.agricultura.gov.br/snpc). As cultivares de arroz de terras altas recomendadas para os principais estados

produtores de arroz no Brasil são: EEA 406: RS. IAS 12-9: Formosa RS. Bluebelle: RS. BR Irga 409: MS, PR, RJ, RR, RR, RS e SC. BR Irga 410: MS, PR, RS e SC. BR Irga 412: MS, RR, RS. BR Irga 413: RS. BR Irga 414: MS, RR, RS e SC. IRGA 416: PA, RR, RS. BRS Chuí: PA, RS. BRS Taim: MS, RR, RS, PI, MA. El Paso L 144: RS. Irga 417: MS, RR, RS. BRS Ligeirinho: RS. BRS Agrisul: RS.

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Supremo 1: RS. BRS Bojuru: RS. Irga 418: RS. Irga 419: RS. Irga 420: RS. BRS Atalanta: RS. BRS Firmeza: RS. Empasc 101: SC e norte do RS. Empasc 105: RJ, SC e norte do RS. Cica 8: SC, norte do RS, AP, CE, MA, MS, PI, RN, SE, PA, PR. IR 841: SC e norte do RS. Epagri 106: SC e norte do RS. Epagri 107: SC e norte do RS. Epagri 108: SC e norte do RS. Epagri 109: SC e norte do RS. BR IPA 101 (Moxotó) : PE. Cica 7: MA. Cica 9: ES, MS, PI, PR, RN. Diamante: AL, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE. Metica 1: AL, GO, MT, PI, PR, RJ, RN, TO, SE. Pericumã: MA. Pesagro 101: RJ. Pesagro 102: RJ. Pesagro 103: RJ. Pesagro 104: RJ. Pesagro 105: RJ. Pesagro 106: RJ. Pesagro 107: RJ. São Francisco: AL, PE, SE. Javaé: GO, RR, TO. IAC 100: SP. IAC 101: SP. IAC 102: SP. IAC 103: SP. IAC 104: SP. IAC 238: SP. IAC 242: SP. IAC 4440: SP. Formoso: GO, TO. Aliança: ES, GO, MT, MS. Jequitibá: MG. Sapucaí: MG. MG 1: MG. Inca: ES, MG, MS, RJ.

6. Ciclo de desenvolvimento do arroz

Quanto ao ciclo de desenvolvimento, as cultivares de arroz irrigado do clima subtropical do Sul do Brasil, variam, no Rio Grande do Sul, entre super-precoce (<100 dias), precoce ( 110-120 dias), médio (121-130 dias) e semi-tardio ( >130dias).

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Em Santa Catarina e no Mato Grosso do Sul e nos demais estados produtores, o ciclo é definido como precoce (< 120 dias), médio (121-135 dias), semi-tardio (136-150 dias) e tardio (> 150 dias).

Uma classificação mais geral, de acordo com o número de dias decorridos entre o plantio e a maturação de colheita, as cultivares de arroz são classificadas como: Precoces: até 115 dias, Intermediárias: de 115 a 135 dias, Tardias: mais de 135 dias. Em condições similares, as cultivares com maior duração de crescimento podem ser mais produtivas do que as de ciclo curto, pois têm mais tempo para produzir e acumular fotoassimilados. As cultivares precoces de terras altas podem ser mais produtivas que as de ciclo médio, quando escapam dos efeitos de veranicos.

7. Sistemas de Cultivo O arroz no Brasil é produzido nos ecossistemas de várzea e de terras altas, sob

diversos sistemas de cultivo. O sistema irrigado, responsável por aproximadamente 60% da produção

nacional, predomina nas várzeas da Região Sul do país, onde é tradicionalmente conduzido em rotação com pastagem. Nesse sistema, o cultivo mínimo, o plantio direto e, mais recentemente, o pré-germinado, especialmente no Estado de Santa Catarina, estão se expandindo rapidamente. Nas demais áreas produtoras, situadas na região tropical, o uso de várzeas com e sem irrigação controlada são alternativas comuns. O plantio deste tipo de arroz ocorre nos meses de outubro, e nos meses de novembro, dezembro e janeiro do ano seguinte a lavoura é alagada, exigindo uma grande quantidade de água, normalmente oriunda de açudes, ou bombeada de rios. A colheita é realizada no período de março a maio.

A cultura do arroz no ecossistema de terras altas vem se apresentando como um componente fundamental em sistemas agrícolas, tanto em cultivo sem irrigação como irrigado por aspersão, enquanto o sistema de sequeiro tradicional, de abertura de novas áreas, está diminuindo em importância. O plantio em terras altas, das plantas não irrigadas artificialmente, ocorre de outubro a dezembro. A irrigação é feita através de chuvas que ocorrem no período de outubro e se estende até maio. A colheita inicia de janeiro e vai até maio, dependendo da variedade e local de plantio.

O desenvolvimento de cultivares de arroz mais produtivas e de melhor qualidade de grão, associado à utilização de técnicas de manejo adequadas, poderá permitir o país atingir a auto-suficiência e até exportar arroz dentro de um prazo relativamente curto.

Arroz inundado e cultivado em sequeiro

7.1. Ecossistema de Várzeas Caracteriza-se pela condição anaeróbica de desenvolvimento radicular da planta,

o que implica uma série de transformações químicas, microbiológicas e físicas, que influenciam, não só o desenvolvimento da planta de arroz, como também a absorção de nutrientes e o manejo do solo.

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De uma maneira geral, os solos apropriados para o cultivo de arroz nas várzeas caracterizam-se por serem hidromórficos e apresentarem topografia plana, sendo, consequentemente, suscetíveis a inundações nos períodos de chuva. Por possuírem horizontes argilosos, que apresentam condutividade hidráulica baixa, são também de difícil drenagem. Essas condições favorecem o cultivo de arroz, não sendo, contudo, adequadas para utilização com outras culturas.

Nesse ecossistema, a cultura do arroz pode ser encontrada sob cultivo de várzeas sistematizadas, com controle da lâmina de água, como também em várzeas úmidas, não sistematizadas, irrigadas pela água da chuva ou pela elevação do lençol freático.

7.1.1. Sistema irrigado por inundação controlada A maior parcela da produção de arroz no país é proveniente do sistema irrigado por inundação, sendo cultivado em várzeas sistematizadas e com controle de lâmina de água. Esse sistema é predominante na Região Sul do Brasil. Entretanto, nas propriedades agrícolas, o nível de controle da água pode variar desde áreas bem sistematizadas, onde o agricultor coloca e retira a água quando é conveniente ao cultivo, até lavouras onde o mau nivelamento impede o controle da lâmina de água e a má drenagem não permite o manejo eficiente do sistema. Os métodos de preparo do solo e de semeadura dependem do nível de sistematização do terreno. Em áreas em desnível, são utilizados o sistema convencional, o cultivo mínimo ou o plantio direto, com semeadura em solo seco. Em áreas sistematizadas, a tendência atual é o plantio com sementes pré-germinadas cuja preparação é feita com o solo seco ou inundado. O custo da água é um componente importante no custo de produção total. Quando se compara o consumo de água entre os sistemas convencional, pré-germinado, cultivo mínimo e plantio direto, os resultados indicam que a semeadura com sementes pré-germinadas consome menos água que os demais sistemas, principalmente em relação ao convencional.

O sistema tradicional de cultivo tem contribuído para a degradação das condições físicas e químicas dos solos hidromórficos, além de facilitar a disseminação das espécies daninhas, principalmente do arroz vermelho, também conhecido como arroz daninho, que representa um dos principais problemas da cultura. O cultivo mínimo e o plantio direto, bem como o pré-germinado, ajudam no controle das plantas daninhas, inclusive do arroz vermelho, e permitem maior integração da agricultura e da pecuária. Em geral, os agricultores iniciam com o cultivo mínimo, reduzindo o preparo do solo a gradagens leves e aplicação de herbicidas dessecantes antes do plantio. Com o decorrer do tempo e o ganho de experiência, passam ao plantio direto, que é a semeadura do arroz sobre cobertura vegetal morta, sem nenhum preparo anterior. Além de prevenir a erosão e reduzir os custos com a aplicação de fertilizantes, as vantagens atribuídas a esse sistema são: maior retenção da umidade do solo; melhor controle de plantas daninhas; mais tempo útil de trabalho no período de semeadura; otimização do uso de máquinas, insumos e mão-de-obra; melhoria das características fisioquímicas dos solos; e facilidade para rotação de culturas. 7.1.2. Sistema de várzea úmida

O cultivo do arroz nesse sistema caracteriza-se pelo baixo nível de insumos. Em geral, este tipo de exploração utiliza alto índice de mão-de-obra familiar, pequenas áreas e máquinas de pequeno porte, não existindo a preocupação com a construção de sistemas de controle e eliminação de água. As cultivares normalmente usadas são as tradicionais e o plantio é feito por meio de semeadura direta ou do transplante de mudas. A época de plantio é limitada pela capacidade de manejar o solo, ou seja, uma vez

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iniciadas as chuvas, nos meses de outubro ou novembro, inicia-se de imediato o preparo do solo e a semeadura.

Áreas extensivas de cultivo de arroz em várzeas úmidas são observadas às margens de rios como o Araguaia, no Estado do Tocantins. Nessa situação, as áreas são grandes (maiores que 100 ha) e o cultivo é mecanizado, embora o nível de utilização de insumos continue sendo baixo. O plantio segue sendo limitado pela capacidade de operacionalização do processo, mas, devido à limitada possibilidade de uso de mão-de-obra, é sempre direto e em solo seco. As cultivares normalmente utilizadas são do tipo moderno, como Cica 8 e Metica 1.

7.2. Ecossistema de Terras Altas Caracteriza-se pela condição aeróbica de desenvolvimento radicular da planta. 7.2.1. Sistema sem irrigação (Sequeiro) A Região Centro-Oeste é a mais importante no cultivo do arroz de sequeiro

tradicional mecanizado. Nessa região, em geral, os solos são Latossolos muito profundos, com boas características físicas, mas de baixa fertilidade. O pH varia de 4,5 e 5,5, os níveis de fósforo e potássio são baixos e a saturação de alumínio elevada. A pluviometria anual está ao redor de dos 1.500 mm, bem distribuídos entre os meses de outubro e abril, sendo que, quanto mais ao norte, maior a quantidade total de chuva. Todavia, durante os meses de janeiro e fevereiro, no sul da Região Centro Oeste, podem ocorrer períodos de estiagem (veranicos) de até 30 dias.

Com base na quantidade de água disponível para as raízes, as áreas onde se planta arroz de sequeiro no País podem ser caracterizadas em cinco classes, abrangendo desde áreas consideradas muito favoráveis até aquelas muito desfavoráveis. A maior parte da Região Norte é considerada como muito favorável; o Estado do Tocantins, o norte de Goiás, o estado do Mato Grosso e o do Maranhão são áreas favoráveis, enquanto o sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul e norte de Minas Gerais são regiões desfavoráveis. A meso-região sul maranhense (área de cerrado), é considerada desfavorável, bem como o sudeste do Estado do Piauí.

Na região dos cerrados, as propriedades agrícolas caracterizam-se por serem bastante extensas. Um estudo de amostragem feito em 200 fazendas da região Centro Oeste, indicou que, no Mato Grosso do Sul, 50% das propriedades possuíam área maior que 1.000 ha e, no Estado de Goiás, existiam 31% nesse grupo e 33% entre 500 e 1.000 ha. Ainda que exista um significativo número de pequenos produtores de arroz, sua importância, em termos de produção total, é pouco relevante.

O sistema tradicional mecanizado de cultivo de arroz de sequeiro vem sendo utilizado desde o início da década de 70, quando as políticas governamentais, através de créditos diferenciados e assistência técnica, estimularam a utilização dos cerrados para a produção de alimentos. O arroz, por sua rusticidade e tolerância à acidez, foi utilizado nessa região como elemento de abertura de novas áreas para a implantação de pastagens melhoradas e outras culturas como o milho e a soja. Sob essas condições, a deficiência hídrica era o principal fator limitante à produção.

Nessa região, o sistema de produção do arroz de sequeiro caracteriza-se pela utilização de máquinas em todas as operações agrícolas. Portanto, a utilização de mão-de-obra é baixa e requer especialização. Embora exista tecnologia desenvolvida para esse sistema de cultivo, o agricultor em geral não a utiliza, seja por desconhecimento ou por falta de interesse. Assim, as características básicas desse sistema podem ser descritas como: baixa utilização de insumos; preparo do solo mal feito ou inadequado (uso intensivo de grades aradoras); mau manejo da cultura; e utilização de cultivares não adaptadas e de baixo potencial produtivo. A instabilidade climática durante o período de cultivo e a ocorrência de doenças (brusone) e pragas (cupins), influenciaram

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de maneira marcante a resposta do arroz de terras altas e levaram a atribuir a essa cultura o rótulo de “cultura de alto risco”, que, de fato, manejada dessa forma, apresenta produtividades médias raramente superiores a 2.000 kg/ha.

Quando manejada de maneira adequada e dentro de uma visão sistêmica, a cultura do arroz é capaz de apresentar produtividades que facilmente ultrapassam 3,0 t/ha. Dentro desse novo panorama, os problemas ligados à produtividade e à fixação da cultura nos novos sistemas agrícolas deixam de ser relacionados apenas ao manejo e passam a ser, prioritariamente, de caráter genético, com a necessidade de desenvolvimento de cultivares produtivas e, principalmente, com qualidade de grão competitiva no mercado nacional.

Na década dos anos 80, devido à importância crescente da cultura da soja, à necessidade de abertura de áreas nas regiões climaticamente mais favoráveis, à rotação de culturas e à presença de agricultores mais tecnificados, o arroz passou a ser visto como uma alternativa economicamente rentável para o sistema agrícola a região. Na região Centro Oeste houve incrementos na produtividade da cultura, apesar de, em algumas áreas, ter sido substituída por outros cultivos.

Como a condição básica para a existência desse sistema é a disponibilidade de água através da chuva, o cultivo é feito no período do verão, entre os meses de outubro e abril. Existem épocas ideais de semeadura do arroz nos diferentes municípios da região dos cerrados, definidos com base no regime pluvial e no balanço hídrico simulado. Porém, a decisão do agricultor sobre o momento ideal de plantio considera outros fatores relevantes e de caráter pessoal como, entre outros: a disponibilidade e a capacidade do maquinário; a disponibilidade de recursos financeiros, geralmente vinculados à liberação de financiamento bancário; e o tamanho da lavoura. A conjugação destes fatores faz com que, na prática, o período de plantio se estenda até o início de fevereiro, aumentando assim os riscos de ocorrência de veranicos na fase reprodutiva da cultura e levando a decréscimos significativos da produtividade.

O sistema de sequeiro consorciado baseia-se na utilização de áreas em pousio por vários anos. As operações utilizadas no cultivo do arroz podem ser descritas em: roçada, retirada de tocos e raízes, queimada; limpeza e plantio. Quase que na totalidade, essa estrutura de produção utiliza a participação de mão-de-obra familiar, com práticas culturais e de colheita tradicionais. O uso de insumos é praticamente inexistente.

No estado do Maranhão, segundo maior produtor de arroz no país, as condições climáticas contribuíram de maneira decisiva para que o arroz fosse escolhido como a cultura principal do sistema consorciado. A crescente presença da pecuária substituindo as áreas de lavoura fez com que, cada vez mais, a produção de grãos fosse deslocada para áreas marginais e deixada nas mãos de pequenos agricultores.

Na Região Sudeste do país, a distribuição pluvial é irregular e frequentemente ocorrem veranicos nos meses de janeiro a fevereiro nas regiões produtoras (sudeste de Minas Gerais, nordeste de São Paulo). As tecnologias geradas recentemente não tem sido suficientes para recuperar a perda dos níveis de área plantada com a cultura. Os agricultores de arroz de sequeiro apontam como principal fator responsável por esta situação a inferior qualidade de grão das cultivares de sequeiro, quando comparada à do sistema irrigado.

No Estado do Paraná, na Região Sul do Brasil, a cultura do arroz de sequeiro foi importante até a década de 70 como elemento desbravador de áreas para a implantação de lavouras de soja e trigo, na porção sul do estado. Na região norte, abriu espaço para a cafeicultura, com a qual esteve associado como cultura intercalar. A evolução dos preços dos produtos agrícolas e pecuários favoreceu a expansão do binômio soja/trigo e

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a implantação de pastagem em áreas de arroz. Atualmente o arroz de sequeiro é plantado em áreas marginais, sujeitas a estiagens.

O arroz de terras altas, cultivado no sistema de sequeiro tradicional, é encontrado em praticamente todos os estados brasileiros. Os estados descritos acima são os mais representativos, por isso os aspectos mais relevantes da cultura foram ressaltados em cada estado.

7.2.2. Sistema com irrigação suplementar por aspersão Esse sistema de produção predomina nos Estados de Minas Gerais, Goiás,

Bahia, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A diferença básica entre este sistema e o anterior, nas suas diversas variantes,

está na capacidade do agricultor em efetuar irrigação suplementar em suas lavouras sempre que necessário, eliminando assim os riscos decorrentes da falta ou má distribuição das chuvas. Esse sistema proporciona maior estabilidade da produção e segurança para aplicação de investimentos e insumos. Trabalhos de pesquisa indica aumentos de produtividade da ordem de 70% quando, no arroz plantado sob condições de cerrado, é utilizada irrigação suplementar.

Segundo técnicos em irrigação, um país deve ter entre 12 e 15% de sua área agrícola sob irrigação. O Brasil ainda não alcança esses valores, embora na década de 80 as políticas governamentais (créditos e assistência técnica) tenham estimulado os agricultores das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste a utilizarem a irrigação como alternativa para incrementar a produção de alimentos no país.

O sistema de cultivo de arroz com irrigação por aspersão caracteriza-se pelo intenso uso do solo, com rotação de culturas e elevado uso da tecnologia. Os plantios feitos na estação chuvosa (outubro-maio) fazem uso da irrigação de forma suplementar. É sabido que no início do período das águas, a ocorrência de precipitações é errática e também que, nos meses de janeiro e fevereiro, pode acontecer um período de estiagem. De um modo geral, o agricultor que usa irrigação por pivô central cultiva o feijoeiro durante o inverno, ou mesmo trigo, utilizando milho, arroz ou soja durante o verão. O milho representa cerca de 80% da rotação de culturas nas áreas sob pivô. O arroz, embora venha sendo pouco utilizado, é a cultura de maior potencial para o sistema no futuro.

Os agricultores, em geral, observam as recomendações técnicas, utilizando fertilização adequada e fazendo bom manejo cultural. Sob essas condições, as cultivares de arroz utilizadas no sistema, embora ainda apresentem algumas limitações, produzem entre 3,5 a 5,0 t/ha. Contudo, para que o arroz seja um componente rentável nesse sistema, a cultivar deve possuir algumas características, como: ciclo curto, resistência ao acamamento; elevado potencial produtivo; e boa qualidade do grão. Além disso, dados experimentais evidenciaram que a cultivar adequada ao sistema de cultivo com irrigação por aspersão deve apresentar tipo de planta intermediário entre o sequeiro tradicional e o irrigado.

Não há domínio completo do sistema de cultivo, sendo necessário estudos adicionais para o ajuste ou adaptação de práticas de manejo que o tornem mais eficiente. Há alguns anos atrás já eram percebidos problemas, além dos atuais como a autotoxicidade, fator que limita o desenvolvimento do arroz quando plantado por anos consecutivos na mesma área, mesmo que em rotação com o feijão.

A curto prazo, as expectativas para o incremento da área com irrigação utilizando o pivô central são limitadas, visto ser este um sistema que requer elevado investimento inicial para sua implantação.

Mas considerando-se a área disponível no país para a prática de agricultura sob pivô central, é possível antever a possibilidade de crescimento da área plantada com

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arroz dentro desse sistema, já que a cultura, nos últimos anos, vem apresentando vantagens econômicas em relação ao milho, no sistema de rotação com o feijão.

7.3. Consórcio Arroz/Pastagem No Brasil, o sistema de cultivo que envolve a associação de arroz e pastagens,

conhecido pela denominação de “Sistema Barreirão”, fundamenta-se na necessidade dos pecuaristas da região dos cerrados em implantar ou renovar suas pastagens a um custo baixo.

Embora os conhecimentos científicos sobre esse sistema tenham sido desenvolvidos há quase 20 anos, o agricultor já o utilizava de maneira rudimentar em suas fazendas. Após a derrubada da vegetação no cerrado, a implantação da cultura do arroz era, e até certo ponto continua sendo uma prática usual. A partir do segundo ano de cultivo do arroz, alguns pecuaristas, na urgência de formar pastagens, passavam a semear, sem nenhum embasamento técnico, o arroz misturado às sementes da planta forrageira. No momento da colheita, o arroz era visto não como um produto de interesse comercial, mas apenas como um componente que contribuía para reduzir os custos de implantação da pastagem. O uso da cultura do arroz para essa finalidade, sem a preocupação com o uso de insumos ou qualquer tipo de tecnologia, contribuiu sobremaneira para que o arroz fosse encarado como “cultura de risco”.

Basicamente, o sistema pode ser descrito iniciando por um bom preparo do solo, com aração profunda e com fertilização de acordo com a análise de solo e com os requerimentos da cultura do arroz. O arroz (2-3 cm) e a forrageira (8 cm) são semeados juntos, mas a diferentes profundidades, sendo a semente da pastagem semeada mais profundamente. Após a colheita do arroz, deve observar-se um período de tempo necessário à recuperação e desenvolvimento da forrageira, antes de colocar os animais para pastoreio.

Algumas das vantagens e resultados preconizados pelo sistema são: incremento na produção de arroz; implantação ou renovação de pastagens a um custo relativo mais baixo; melhor desenvolvimento da pastagem; redução na infestação por plantas daninhas e cupins; e maior número de animais por unidade de área.

7.4. Rotação de Culturas O monocultivo do arroz de sequeiro diminui o potencial produtivo do solo

devido a fatores não totalmente conhecidos. Alguns autores chamam este fenômeno de “doença do solo”. A cultura conduzida sob a influência destes fatores apresenta redução do crescimento e da produtividade. Sistemas de produção adequados, como a rotação de culturas, resultam na preservação das características físicas do solo, na otimização da disponibilidade química e hídrica do solo, na convivência com os compostos alelopáticos liberados pelas culturas e na redução da incidência de pragas e doenças de solo.

A capacidade do solo da região dos Cerrados em manter a produtividade do arroz de sequeiro em monocultura sucessiva é diminuída a partir do segundo ano de exploração. Sistemas de produção que envolvam rotação de culturas e manejo adequado do solo podem manter a sustentabilidade desses solos é tornar o cultivo do arroz de sequeiro um empreendimento economicamente ativo.

A redução da produtividade, muitas vezes pela metade, é conseqüência de diversos fatores, isolados ou em conjunto. Sabe-se que um desses fatores diz respeito a produtos excretados pelas raízes do arroz que permanecem no solo, prejudicam o seu próprio desenvolvimento (autotoxicidade ou autotoxidez) e provocam diferenças entre o número de determinados organismos da rizosfera e entre fileiras no campo.

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O uso de leguminosas nos sistemas de rotação de culturas é indispensável, principalmente aquelas apresentando sistema radicular profundo. A cultura do arroz em rotação com o guandu (Cajanus cajan L.) apresentou um aumento na produção de 75,2%.

8. Preparo do Solo, Adubação e Calagem Convencionalmente, o preparo do solo para o arroz cultivado em terras altas é

realizado com implementos de discos, como a grade aradora, e o preparo para arroz cultivado em várzeas é feito com grade aradora ou enxada rotativa. Na escolha de um sistema de preparo do solo para a cultura do arroz devem ser considerados os fatores relacionados às economias de combustível e de tempo, e às conservações do solo e da água, evitando-se, principalmente nos cultivos realizados em terras altas, o uso continuado, por vários anos, de um único tipo de equipamento agrícola, operando na mesma profundidade ou muito superficialmente, para evitar a formação de camadas compactadas no solo.

8.1. Terras altas A maioria dos solos de cerrado onde o arroz de terras altas é cultivado são

Oxissolos e possuem baixa fertilidade. Os valores médios das propriedades químicas dos solos de cerrado em estado natural são: pH 5,2; P < 2 mg kg-1 , K < 50 mg kg-1; Ca <1,5 cmolc kg -1; Mg <1 cmolc kg-1, Zn e Cu em torno de 1 mg kg-1, matéria orgânica na faixa de 15 a 25 g kg-1 e saturação por bases < 25%. Com base nestes dados, pode-se concluir que os solos de cerrado são ácidos e de baixa fertilidade, o que evidencia o manejo da fertilidade como um dos aspectos mais importantes para a produção das culturas na região.

Na escolha do método de preparo do solo do arroz de terras altas devem ser observados os seguintes aspectos: • O teor de umidade do solo deve ser adequado à realização da operação, isto é, o solo

não deve estar nem muito seco nem muito úmido. • A presença de restos culturais e de plantas daninhas na área, que é importante para

determinar a seqüência de utilização de arados, grades e roçadoras. • A profundidade de mobilização do solo e a capacidade de trabalho devem ser

consideradas na escolha do tipo de equipamento. • O período de preparo, ou seja, os dias disponíveis para o preparo do solo, deve ser

levado em conta, a fim de dimensionar os equipamentos e planejar os trabalhos. • É necessário identificar a presença e a localização de compactação no solo, o que

auxilia na escolha e na regulagem do equipamento para romper a camada compactada.

• No caso de cultivo irrigado, o uso de irrigação e a ausência de camadas superficiais de solo compactado dispensam o preparo profundo do solo.

O preparo inadequado do solo interfere em diversas fases do processo de produção do arroz. A presença de torrões grandes, superfície do solo irregular e ajuntamento de restos vegetais na superfície do solo, em decorrência de preparo e incorporação deficientes do material vegetal, podem afetar a operação de semeadura mecanizada, comprometendo a qualidade do plantio. Nessas condições, a uniformidade de plantio adequada pode não ser alcançada, em decorrência da distribuição irregular das sementes ao longo da linha de plantio. A profundidade de semeadura pode também ser afetada, por ser ora muito superficial, ora muito profunda, o que prejudica a germinação das sementes e a obtenção de estande adequado de plantas. Ademais, a presença de camadas compactadas e a desagregação excessiva do solo o predispõem à erosão, dificultam a infiltração da água e afetam o desenvolvimento radicular. A

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incorporação superficial de sementes de plantas daninhas e a aplicação de herbicidas em épocas inadequadas aumentam a competição dessas plantas com a cultura do arroz, afetando a produtividade.

Quando o preparo é feito com o solo muito úmido, ocorrem danos físicos em sua estrutura, principalmente no sulco onde trafegam as rodas do trator, e aderência nos órgãos ativos dos implementos, a ponto de inviabilizar a operação. Por seu turno, o preparo com o solo muito seco exige maior número de operações para o destorroamento e maiores gastos de combustível e de tempo.

O teor adequado de umidade corresponde ao ponto de friabilidade do solo, ou seja, o ponto em que a umidade é tal que, ao comprimir-se uma porção do solo na mão, ela é facilmente moldada, mas também esboroa-se com facilidade tão logo cesse a força de compressão. Nessas condições, o trator opera com o mínimo de esforço, produzindo melhor qualidade na operação que estiver realizando, em termos de estrutura, tamanho de agregados, porosidade do solo e controle de plantas daninhas. O método convencional de preparo do solo é realizado com o emprego de arados e grades leves, médias ou pesadas. As grades leves, médias e pesadas possuem, respectivamente, até 50 kg, de 50 a 130 kg e mais de 130 kg de massa em cada disco. No preparo com arado, é feita uma operação com arado de disco, para revirar a leiva do solo e incorporar restos de culturas e plantas daninhas, seguida de duas gradagens leves, sendo uma imediatamente após a aração (com o objetivo de quebrar os torrões), e outra no ato do plantio (para nivelar o solo e eliminar as plantas daninhas novas). No preparo com grade, são feitas duas gradagens com grade aradora média ou pesada, ou combinando grade aradora com grade leve.

O tempo para preparar o solo varia de acordo com o método empregado. Utilizando-se um arado de três discos e uma grade leve de 30 discos, são necessárias de 5 a 6 h/ha. Com uma grade aradora média ou pesada, são necessárias de 2 a 3 h/ha.

No método com arado de disco, o perfil do solo preparado é heterogêneo, em virtude do desempenho inadequado desse implemento que, na presença de restos culturais e plantas daninhas, penetra irregularmente no solo. Nessa situação, além dos obstáculos criados à operação da semeadura, a lenta decomposição dos resíduos pode afetar a disponibilidade e/ou a absorção de nitrogênio e provocar o amarelecimento das plantas. O arado de disco não descompacta o solo convenientemente, saltando os pontos de maior resistência, principalmente nos solos com pouca umidade.

O método de preparo do solo com grade aradora é aconselhável para o cultivo do arroz de terras altas, desde que seja evitado o uso continuado desse implemento, pois tal procedimento provoca formação de camada compactada na soleira da gradagem. Essa compactação localiza-se superficialmente, porque as grades têm baixa capacidade de penetração em comparação aos arados. A soleira compactada dificulta a infiltração de água no solo e o desenvolvimento radicular do arroz abaixo dessa camada, o que pode afetar a produtividade. Para solucionar esses problemas, é importante a alternância da profundidade de trabalho da grade aradora, sem prejudicar a qualidade do preparo do solo, ou a alternância da profundidade de aração pela utilização de outros tipos de equipamentos. Um detalhe importante é que as grades aradoras realizam, numa só operação, a aração e a gradagem.

O método de preparo profundo do solo com incorporação das restevas com grade antes da aração consiste na inversão da ordem de realização das operações de preparo, sendo denominado de “aração invertida”. Inicialmente, faz-se a gradagem do terreno com a grade aradora média ou leve, fazendo a pré-incorporação das plantas daninhas ou dos restos culturais e, de 10 a 30 dias depois, realiza-se a aração com arado de aiveca, em profundidade superior a 25 cm.

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As vantagens de se utilizar este método são: • Incorporação mais homogênea dos restos culturais no perfil arado, da superfície até

a soleira da aração. • Maior facilidade para realizar a aração, em virtude do desenraizamento das

soqueiras e das plantas daninhas e a formação de uma boa estrutura no solo. • Melhor homogeneização e estruturação do perfil do solo arado. • Redução sensível dos riscos durante curtos e médios períodos de estiagem, em

decorrência do maior armazenamento de água no perfil do solo, do enraizamento mais vigoroso e profundo e das melhorias das propriedades do solo.

• Não-formação de “pé-de-grade” superficial. • Incorporação profunda das sementes das plantas daninhas, dificultando sua

germinação. Esse método de preparo deixa o solo bem nivelado e com uma boa estrutura em

termos de tamanho de agregados. Se o teor de umidade do solo e a regulagem do arado forem adequados por ocasião do preparo, o plantio poderá ser feito sem necessidade de gradagem de nivelamento ou, no máximo, após uma operação de grade leve, a fim de preservar a porosidade e a estrutura criada pela aração.

O método do cultivo mínimo tem como principais objetivos a manutenção da estrutura do solo, a adoção de procedimentos que visam diminuir, ao mínimo necessário, as operações primárias e/ou secundárias de preparo do solo e a redução dos custos. Consiste na utilização de implementos como o arado escarificador ou a grade niveladora, para romper apenas a camada superficial adensada e, no caso da grade, para controlar as plantas daninhas de pequeno porte. O arado escarificador rompe o solo a uma profundidade de 20 a 30 cm, mantendo grande parte dos resíduos vegetais na superfície, que protege o solo da erosão. Além dessa vantagem, o escarificador permite o preparo de solo seco e proporciona maior rendimento operacional e maior economia de combustível e de tempo de operação, se comparado com os arados de disco e de aiveca.

O método de plantio direto é um método de semeadura no qual a semente e o adubo são colocados diretamente no solo não revolvido, usando-se semeadoras/ adubadoras especiais. É recomendado para solos descompactados, com fertilidade homogênea no perfil de 0 a 40 cm, sendo o controle de plantas daninhas dependente de herbicidas. A superfície do terreno deve possuir uma camada de restos culturais que auxilia na conservação do solo e da umidade do perfil. Os discos são utilizados no sistema de plantio direto e têm a função de cortar os

restos de culturas e as plantas daninhas, visando facilitar o trabalho dos mecanismos sulcadores na deposição do adubo e da semente no solo. A largura de sulco formado pelos discos lisos, estriados e ondulados é de até 3, 5 e 9 cm, respectivamente. Sulcos mais estreitos são preferidos por demandar menor esforço de tração e revolver menos o solo. Nos solos argilosos e úmidos, o pior desempenho é proporcionado pelo disco ondulado, pois nele ocorre muita aderência de solo, seguido pelo dos discos estriado e liso. Nos solos arenosos, secos ou úmidos, o comportamento dos três tipos de disco é semelhante, diferindo basicamente na largura do sulco e na exigência de força para o tracionamento. No solo seco, o poder de penetração do disco liso no solo é maior que o dos estriado e ondulado.

A baixa fertilidade dos solos de cerrado é bastante conhecida. Esses solos possuem teores extremamente baixos de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio

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e zinco. Além de pouco férteis, os solos de cerrado são extremamente ácidos, o que diminui a disponibilidade de nutrientes para as culturas. Entre os nutrientes essenciais, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são os que a planta necessita em maior quantidade. Para a incorporação dos solos de cerrado ao processo produtivo é indispensável o uso adequado de adubação e calagem. O uso adequado de adubação não somente aumenta a produtividade, mas também reduz o custo da produção e propicia maior retorno econômico para os produtores. Ainda, a aplicação de adubação e calagem de acordo com a necessidade da cultura, reduz o risco de degradação do meio ambiente. A quantidade de N recomendada está em torno de 90 kg ha-1 aplicado em duas vezes, metade no plantio e o restante na época do perfilhamento ativo. Se o arroz é plantado após soja, uma redução de 30 kg N ha-1 é recomendada. A aplicação de P depende da análise do solo, quando o teor de P é menor que 5 mg kg-1, a aplicação de 100 a 120 kg P2O5/ha é recomendada. A aplicação de K também é feita com base na análise do solo. Quando o K está na faixa de 25 a 50 mg kg-1, uma aplicação de 80 kg K2O/ha é recomendada. Quando o teor de K é maior de 50 mg kg-1, a aplicação de adubação de manutenção em torno de 50 kg K2O/ha é recomendada. Com relação os micronutrientes, a deficiência de Zn é comumente observada em arroz de terras altas. A deficiência de Zn pode ser corrigida com a aplicação de 5 kg Zn/ha. O pH adequado para o arroz de terras altas está em torno de 5,5.

Em geral, as culturas não se desenvolvem satisfatoriamente em solos muito ácidos. Entretanto, certas espécies toleram melhor a acidez, como é o caso do arroz de terras altas.

Embora a cultura do arroz de terras altas não responda ou responda pouco ao calcário, isso não significa que a calagem não deva ser recomendada. A calagem para a cultura do arroz de terras altas deve ser feita com vista, prioritariamente, ao suprimento nutricional da planta em Ca e Mg, e não como meio de correção de acidez.

Na cultura do arroz, a prática da calagem deve ser encarada com cautela, devendo ser considerada apenas quando o arroz for utilizado em sistema de rotação.

Na rotação do arroz com culturas como milho, soja e feijão, que não toleram níveis muito altos de acidez e possuem necessidades mais elevadas de Ca e Mg, é comum, em situações onde a correção da acidez do solo é feita com altas doses de calcário, a indução, no arroz, de deficiências de micronutrientes, como Zn e Fe, em solos de Cerrado com baixa disponibilidade desses nutrientes. Nessas condições, recomenda-se uma prévia correção do solo com micronutrientes e uma aplicação de calcário em quantidade suficiente para manter o pH em torno de 5,8 a 6,0.

Existem muitos materiais que podem ser utilizados para corrigir a acidez do solo, entre os quais óxidos e/ou hidróxidos de Ca e/ou de Mg, silicatos, carbonatos, etc. Os carbonatos, comumente denominados de calcários, são os mais empregados, por terem menor custo e serem encontrados em quase todos os Estados brasileiros. Ressalte-se, entretanto, que existe grande variação de qualidade entre os calcários disponíveis no mercado.

Entre as tecnologias geradas que permitiram a utilização agrícola de solos ácidos, destacam-se o emprego de fertilizantes como fonte de nutrientes e de calcário como corretivo da acidez natural dos solos, sem o que teria sido impossível a implantação de culturas como a soja, o feijão e o milho na região de Cerrado. A calagem, quando administrada adequadamente e utilizada como prática corretiva da acidez do solo, e não apenas na cultura do arroz, apresenta inúmeras vantagens, tanto no aspecto econômico quanto na melhoria das condições químicas que promovem no solo. Quanto ao aspecto econômico, além do efeito marcante da calagem no aumento da produtividade das lavouras, seu custo pode ser considerado muito baixo em relação às

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demais práticas agrícolas (cerca de 5% do custo total de produção), o que propicia, aos produtores, alto retorno em termos de benefícios econômicos e sociais.

Entre outros efeitos benéficos da calagem, além de neutralizar a acidez do solo, podem ser citados os seguintes: • Aumento da eficiência dos fertilizantes e da absorção de nutrientes pelas plantas. • Aumento da disponibilidade de nutrientes do solo, como nitrogênio, fósforo, enxofre

e molibdênio, além de suprimento de cálcio e magnésio presentes no calcário. • Melhoria das condições químicas do solo à medida que diminui a concentração de

elementos tóxicos na solução do solo, permitindo, assim, maior desenvolvimento do sistema radicular das plantas.

• Estímulo à atividade e ao aumento da população microbiana do solo, em conseqüência do aumento de pH e dos teores de Ca e Mg. Nessas condições, maiores quantidades de nitrogênio são fixadas pelos microrganismos e a decomposição dos resíduos vegetais é mais rápida.

8.2. Arroz em várzeas Para o arroz irrigado, no momento da escolha do preparo do solo, devem ser observados os seguintes aspectos: • A presença de restos culturais e de plantas daninhas na área. Quando em grande

quantidade, interferem na operação do plantio direto, pois, em geral, os solos de várzeas oferecem baixa sustentação, afetando o desempenho do disco da semeadora ao cortar a palhada (os restos culturais são empurrados para dentro do sulco, dificultando a germinação por impedir o contato da semente com o solo).

• O nivelamento do solo é importante, pois o uso de colhedoras em áreas irrigadas provoca formação de sulcos profundos, que influenciam na escolha do método de preparo do solo e na seqüência e datas de realização das operações para o cultivo subseqüente do arroz.

• A profundidade de mobilização do solo também deve ser observada, evitando o preparo profundo, que pode ser prejudicial à operação posterior da colhedora.

Em áreas sistematizadas em nível, o preparo do solo é feito em duas fases: a

primeira visa trabalhar a camada superficial para a formação da lama e pode ser efetuada em solo seco com posterior inundação, ou em solo já inundado; a segunda compreende o nivelamento e o alisamento da superfície do solo, visando melhorar a qualidade da semeadura. Em áreas sistematizadas em desnível, o preparo é, normalmente, realizado em solo seco.

Os métodos de preparo do solo indicados para o preparo do solo em áreas sistematizadas em nível são: • Aração em solo úmido, seguida de destorroamento, sob inundação, com enxada

rotativa. • Aração, seguida de destorroamento com grade leve ou enxada rotativa, em solo

seco. • Aração com enxada rotativa, preferencialmente em solo inundado.

Para as áreas sistematizadas em desnível, são indicados os métodos: • Preparo convencional. • Cultivo mínimo. • Plantio direto.

No sistema de cultivo de arroz irrigado podem ser definidos dos sistemas de preparo do solo: preparo do solo seco e preparo do solo alagado.

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O preparo do solo seco consiste em uma aração, com arado ou grade aradora, visando incorporar os restos culturais e as plantas daninhas, e revolver a camada superficial do solo. Se houver muita palhada e plantas daninhas, é aconselhável realizar a operação de incorporação com grade aradora, de 10 a 30 dias antes da aração. Após a aração são feitas duas ou três gradagens, dependendo do tipo de solo, com intervalo de uma semana, sendo a última imediatamente antes da semeadura, para obter um destorroamento adequado e um bom controle das plantas daninhas. Em solo excessivamente compactado onde, após a aração, permanecem torrões, recomenda-se umedecer o solo antes de fazer a última gradagem. As gradagens são realizadas com grade leve.

Para a semeadura direta do arroz irrigado, em linha ou a lanço, o solo deve apresentar uma camada superficial finamente destorroada, de maneira a possibilitar maior contato da semente com o solo e condições adequadas à germinação. Assim, o uso da enxada rotativa constitui uma alternativa para o destorroamento, devendo, entretanto, ser usada apenas quando a grade niveladora não tiver condições de realizar satisfatoriamente essa operação.

Independentemente do método empregado para o preparo do solo, é necessário fazer o nivelamento da superfície do terreno para corrigir as irregularidades nas quadras, provocadas, principalmente, pelas colhedoras. Essa prática permite a uniformização da lâmina de água e o controle de plantas daninhas, e favorece o sistema de plantio de sementes pré-germinadas.

Em áreas onde não há condições para preparar o solo seco, por causa da ocorrência de chuvas freqüentes durante a fase em que se realiza essa operação, uma alternativa é o preparo do solo com água. Os equipamentos mais utilizados para a realização desse preparo têm sido a enxada rotativa, a lâmina traseira e a grade de dentes. O procedimento para efetuar o preparo do solo alagado consiste na inundação do solo, na realização da aração e, por fim, no nivelamento da área com lâmina traseira ou com grade niveladora.

A inundação do terreno deve ser feita sete dias antes da aração. Esse período pode variar, dependendo do tipo de solo e da quantidade de resíduos da cultura anterior.

Quando o terreno apresenta partes altas, que não se molham completamente, é necessário o uso da lâmina traseira para efetuar pequenos cortes e transportar a terra das partes mais altas para as mais baixas. Para o nivelamento final, procede-se à drenagem do excesso de água, deixando somente a quantidade suficiente que permita observar as partes altas e baixas do terreno. Durante a gradagem, deve-se levar a lama às partes mais baixas do terreno, para obter um melhor nivelamento.

9. Sistemas de Plantio As formas de plantar o arroz se agrupam em dois grandes sistemas: semeadura

direta e transplantio. A principal diferença entre estes sistemas é que, na semeadura direta, como o nome indica, as sementes são distribuídas diretamente no solo, quer seja na forma de sementes secas ou pré-germinadas, a lanço ou em linhas, em solo seco ou inundado, e, no sistema de transplantio, as plântulas são produzidas primeiramente em viveiros ou sementeiras, antes de serem levadas para o local definitivo.

9.1. Semeadura direta O sistema de semeadura direta pode ser efetuado com sementes secas ou pré-

germinadas, a lanço ou em linhas, em solo seco ou inundado, preparado através dos diferentes sistemas ou sem preparo.

Os seguintes fatores são considerados essenciais na semeadura direta de arroz irrigado:

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• Disponibilidade de água suficiente e controle efetivo da mesma • Uso de cultivares adequadas e de sementes de alta qualidade • Controle efetivo de plantas daninhas e de predadores, o preparo adequado do solo, o

uso de herbicidas eficazes e o manejo apropriado da água de irrigação. O arroz produzido através de semeadura direta pode atingir a maturação sete a

dez dias antes daquele transplantado. Esta redução de ciclo pode ser importante para áreas onde se utilizam cultivos sucessivos e/ou apresentam limitações climáticas, como ocorrência de baixas temperaturas. A semeadura direta pode ser feita utilizando-se semente pré-germinada ou semente seca.

9.1.1. Semente pré-germinada A pré-germinação consiste basicamente em acelerar o processo natural de

germinação, na ausência de solo, de tal maneira que ao ser semeada, a semente já apresenta a radícula e o coleóptilo claramente desenvolvidos. Para tanto, as sementes precisam ser hidratadas, o que pode ser feito acondicionando-as em sacos e colocando-as em água, dentro de tanques ou no próprio canal de irrigação. As sementes devem permanecer nessas condições por um período de 24 a 48 horas, dependendo da temperatura do ar. As sementes devem ser umedecidas de vez em quando para evitar que se dessequem e o processo de germinação seja prejudicado. Essa fase é conhecida como incubação. Ao final desse processo, as sementes apresentam o coleóptilo e a radícula com 2 a 3 mm de comprimento.

Como principais vantagens para o uso de sementes pré-germinadas, em comparação ao uso de sementes secas, podem ser citadas as seguintes:

a) os danos causados às sementes pré-germinadas por pássaros ou roedores são menores por estarem menos tempo expostas a esses agentes;

b) o uso de semente pré-germinada favorece o crescimento mais uniforme das plântulas, tanto no campo como na sementeira;

c) as plântulas de sementes pré-germinadas competem favoravelmente com as plantas daninhas no campo definitivo, o que permite um melhor controle destas com produtos químicos, ou mediante o manejo de água;

d) a semeadura pode ser realizada na época programada, independente das condições de umidade do solo, o qual, geralmente, é preparado inundado.

Este sistema de semeadura exige, no entanto, 20 a 30% a mais de sementes do que o sistema de semeadura com sementes secas, pois o perfilhamento é menor.

9.1.2. Semente seca Este método de semeadura é o mais empregado no Brasil, tanto nos sistemas de

cultivo de arroz em terras altas como nos de várzea. Reduz a dependência do plantio com relação à chuva, mas o manejo eficiente das plantas daninhas é essencial. Dependendo dos equipamentos utilizados, este sistema pode ser subdividido em: semeadura a lanço e semeadura em linhas.

A semeadura a lanço apresenta, como vantagens, rapidez e economia. As sementes são espalhadas no terreno, manual ou mecanicamente, através de semeadoras ou aviões agrícolas, sendo, posteriormente, incorporadas superficialmente ao solo por meio de grade de dentes ou de discos. Devido ao maior risco de algumas ficarem muito profundas no solo ou muito na superfície, a quantidade de sementes empregada é maior que na semeadura em linhas, sendo empregados de 100 a 200 kg/ha de sementes. As sementes que permanecem nas camadas mais superficiais ficam mais sujeitas ao ataque de pássaros, podendo apresentar também problemas de germinação devido ao secamento rápido da camada superficial do solo.

A semeadura neste sistema é irregular e a emergência é desuniforme. O controle mecânico, ou mesmo manual, das plantas daninhas que se fizer necessário é

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impossibilitado. Outra desvantagem deste sistema é que as plantas daninhas, como o arroz preto, o arroz vermelho e o capim arroz, crescem rapidamente, em virtude de o solo manter condições de umidade semelhantes ao que ocorre em terras altas, durante as primeiras etapas de crescimento da cultura, dificultando sua identificação. Além disso, a semeadura a lanço manual é um método pouco eficiente, pois um homem semeia apenas um a dois hectares por dia, sendo, portanto, utilizado somente em áreas limitadas.

A semeadura em linhas é o sistema mais empregado no Brasil, mediante o uso de semeadora-adubadora. Além de utilizar cerca de 20% menos de semente que no sistema a lanço, possibilita adequada profundidade de plantio, propiciando maior uniformidade na emergência das plântulas, melhor manejo da água de irrigação, maior facilidade na distribuição de fertilizantes e na aplicação de defensivos, resultando em maior eficiência no controle de plantas daninhas, tanto manual como mecânico. Neste sistema, há também maior eficiência de utilização dos fertilizantes, visto que são colocados somente no sulco de semeadura, abaixo das sementes. Dependendo do manejo do solo, a semeadura em linhas pode ser efetuada em solo preparado, sem preparo (plantio direto) e com cultivo mínimo.

Para a semeadura em linhas em solo preparado, recomenda-se para o arroz irrigado a densidade de 400 sementes aptas por metro quadrado, sendo utilizados de 100 a 120 kg/ha de sementes, em espaçamentos que variam de 0,13 a 0,20 m.

No sistema plantio direto, a semeadura é efetuada diretamente no solo não revolvido, contendo resíduos do cultivo anterior, antecedida ou seguida da aplicação de herbicida de ação total para o controle de plantas daninhas e voluntárias. Esse sistema está relacionado, basicamente, ao controle de arroz-vermelho e preto e à redução dos custos de produção. Estudos mostram que esse sistema requer até 25% a mais de sementes do que o de semeadura em linha em solo preparado.

No sistema de cultivo mínimo tem-se menor movimentação do solo, em comparação com o sistema convencional. Os trabalhos de preparo do solo tanto podem ser realizados no verão como no fim do inverno e no início da primavera, sendo, no último caso, com antecedência que permita a formação de uma cobertura vegetal. O preparo reduzido do solo diminui as irregularidades da superfície do solo provocadas pelas esteiras das colhedoras. A semeadura é realizada diretamente sobre a cobertura vegetal previamente dessecada com herbicida, sem o revolvimento do solo. Dessa forma, a incidência de plantas daninhas, principalmente de arroz-vermelho, é bastante reduzida. Assim como no plantio direto, maiores produtividades de arroz irrigado têm sido obtidas com densidade de semeadura ao redor de 170 kg/ha de sementes, correspondendo a cerca de 400 a 500 sementes aptas por metro quadrado.

A época de semeadura tem um reflexo muito grande sobre a produtividade e o ciclo da cultura do arroz, em virtude de elementos meteorológicos como precipitação pluvial, temperatura e radiação solar. Por essa razão, a época apropriada de semeadura de arroz varia de região para região e, às vezes, de um ano para outro.

Considerando-se apenas o aspecto da deficiência hídrica, o zoneamento agroclimático mostrou, por exemplo, que, em Mato Grosso, o plantio do arroz de terras altas pode ser realizado de 10 de outubro até 20 de dezembro. Em algumas localidades, essa data pode ser estendida até 10 de janeiro. Para Goiás, o período de 10 de novembro a 10 de dezembro apresenta-se como a melhor opção. No Estado do Tocantins, de maneira geral, pode-se plantar a cultura de 20 de outubro até 20 de dezembro, e, no Maranhão, de novembro até meados de janeiro.

No Nordeste, para o plantio de arroz irrigado, recomendam-se as seguintes épocas de plantio: de julho a agosto, ou seja, no início do período seco, para o sistema de semeadura em solo seco; e de dezembro a janeiro, que corresponde ao início do

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período chuvoso, no caso de se produzir uma segunda safra no sistema de transplantio. Em qualquer dos casos, em solo úmido ou sujeito a alagamento, recomenda-se plantar sempre mais cedo, antes que as chuvas possam dificultar a semeadura.

Nas Regiões Centro-Oeste e Norte, a semeadura pode ser iniciada em outubro e ir até dezembro. Esse período corresponde ao início da estação chuvosa, o que favorece a germinação das sementes e o estabelecimento da cultura. A partir de janeiro, as chuvas podem dificultar a semeadura e, além disso, o ciclo da cultura é reduzido, afetando o comportamento das plantas.

Para o Rio Grande do Sul, foram definidos os períodos de semeadura para os municípios localizados nas regiões consideradas como “preferencial” e “tolerada” pelo zoneamento agroclimático do arroz irrigado. Considera-se que a semeadura pode ser iniciada no decêndio em que a temperatura média do solo desnudo, a 5 cm de profundidade, for maior ou igual a 20ºC. Esse valor representa o limite inferior da temperatura ótima para a germinação das sementes de arroz. Os períodos recomendados de semeadura são aqueles em que a fase crítica da planta coincide com as menores probabilidades de ocorrência de temperaturas mínimas menores ou iguais a 15ºC, e com a maior disponibilidade possível de radiação solar. Assim, dependendo das regiões/sub-regiões ecológicas, os períodos favoráveis de semeadura variam de 21 de setembro a 20 de novembro, para as cultivares de ciclo médio, e de 11 de outubro a 10 de dezembro, para as precoces.

Em Santa Catarina, em virtude do sistema de plantio com sementes pré-germinadas, considerou-se que a semeadura pode ser iniciada no decêndio em que a temperatura média do ar seja superior a 15ºC. Após a definição do início do período de semeadura, adotou-se um período de 20 dias como o mais crítico às baixas temperaturas, que abrange as fases de pré-floração e floração. Para isso, adotou-se a média das temperaturas mínimas maiores que 17,6ºC, ou seja, risco de frio médio no período reprodutivo como índice determinante dos períodos favoráveis de semeadura. Assim, para as regiões aptas ao cultivo de arroz irrigado, os períodos recomendados de semeadura variaram de 21 de agosto a 10 de janeiro para cultivares precoces, de 11 de agosto a 20 de dezembro para cultivares médias e de 11 de agosto a 10 de dezembro para cultivares tardias, dependendo da sub-região agroecológica.

No arroz de terras altas, o espaçamento entre linhas pode variar de 0,20 a 0,50 m. Espaçamentos mais estreitos possibilitam maiores produtividades, mas aumentam a suscetibilidade às doenças, ao acamamento e aos estresses por veranico. Para a cultivar Maravilha, a recomendação é de 230 e 350 sementes por metro quadrado, nos espaçamentos de 0,30 m e 0,20 m, respectivamente. Isso corresponde a 60 e 80 kg/ha de sementes. O melhor espaçamento entre linhas para cultivares de porte baixo e de folhas eretas, como a Maravilha, sob irrigação suplementar por aspersão, é de 0,20 m.

A profundidade de semeadura recomendada para o arroz, tanto no sistema plantio direto quanto no convencional, varia de 2 a 4 cm conforme a textura do solo, devendo ser mais superficial em solos argilosos e mais profunda em solos arenosos.

9.2. Transplantio É um sistema de semeadura indireta, no qual o arroz é semeado inicialmente em

sementeira ou viveiro, em solo bem preparado, e assim que as mudanças atingem tamanho adequado para o transplantio, são levadas para o campo definitivo. Este sistema possibilita a obtenção de um produto de qualidade mais elevada, sendo recomendado, portanto, para a produção de sementes. Para conseguir alta pureza varietal, a técnica de eliminação de plantas contaminantes (atípicas) do campo de produção, também denominada de purificação ou ‘roguing’, é prática fundamental e

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torna-se facilitada quando se emprega o sistema de transplantio. Desta forma, são arrancadas e destruídas todas as plantas fora do padrão de cultivar e multiplicação, ou plantas pertencentes a outras cultivares e espécies. Nesse processo de eliminação devem ser incluídas as plantas com sintomas de doença, mormente daquelas cujos patógenos são veiculados pela semente. As plantas daninhas nocivas, que não foram controladas pelos sistemas convencionais e são problemáticas, devem ser eliminadas.

O plantio por mudas é mais indicado para utilização em áreas menores ou onde não já deficiência de mão-de-obra. Para transplantar manualmente um hectare, é necessário o equivalente ao trabalho diário de 30 a 40 homens. Esse sistema compreende as fases de produção de mudas e de transplantio propriamente dito, e constitui-se no método mais eficiente de controle do arroz daninho.

9.2.1. Produção de mudas Para o transplantio manual, as mudas são produzidas em canteiros e a

sementeira deve situar-se próxima ao local do plantio definitivo, onde haja facilidade de irrigação.

Inicialmente, o solo é preparado e feita a adubação adequada. A seguir são construídos os canteiros, medindo 0,05 a 0,10 m de altura por 1,00 a 1,50 m de largura. O comprimento varia de acordo com a quantidade de mudas desejada. Os canteiros devem estar nivelados de forma a permitir uma lâmina de 0,01 a 0,02 m de água após a semeadura. Um canteiro, ou vários, com área de 300 a 500 m2, pode receber de 40 a 50 kg de sementes pré-germinadas e pode produzir mudas em número suficiente para um hectare. Recomenda-se empregar de 60 a 100 g.m-2 de fertilizante nitrogenado, o qual deve ser incorporado ao solo antes da semeadura.

A semeadura pode ser feita em linhas ou a lanço. No método em linhas deve-se empregar o espaçamento de 0,10 a 0,15 m e 100 a 150 sementes/m para facilitar o arranquio das mudas, por ocasião do transplante, e reduzir os danos causados às raízes. No método a lanço, a densidade de semeadura deve ser de 100 g/m2.

Cinco dias após a semeadura, a sementeira deve ser irrigada, procurando-se manter uma lâmina de, aproximadamente, 0,01 m. Com o desenvolvimento das plântulas, a lâmina de água deve ser aumentada até 0,05 m de altura para propiciar o controle de plantas daninhas. É recomendável que a sementeira seja drenada periodicamente para estimular a produção de mudas vigorosas. A inundação do solo com quantidade excessiva de água, durante longo período, produz mudas altas e débeis, que não se recuperam com facilidade após o transplantio. Um dia antes do arranquio das mudas, a sementeira deve ser inundada a fim de tornar o solo mais brando e facilitar a sua extração. As mudas de arroz são tenras nesta idade e os colmos podem romper-se, se manejadas bruscamente. Dano demasiado às raízes ou colmos prolonga o ciclo, reduz o perfilhamento e, consequentemente, diminui a produtividade.

Após o arranquio, as mudas são separadas, selecionadas, lavadas em água corrente e agrupadas em feixes de tamanho conveniente, facilitando o manejo durante o transplante.

Para o transplante mecânico, as mudas são produzidas em caixas apropriadas, com fundo perfurado, com 0,05 m de altura e o comprimento e a largura de acordo com a transplantadora a ser usada. Em geral, estas dimensões são de 0,60 m de comprimento e 0,30 m de largura. São necessárias cerca de 120 caixas para transplantar um hectare, com possibilidade de reutilização a cada 15 a 20 dias. O solo a ser utilizado deve ser, preferencialmente, de textura franco arenosa, baixo teor de matéria orgânica e livre de sementes de espécies nocivas (toleradas ou proibidas). Após peneirado em malha de 5 mm, o solo é colocado nas caixas numa espessura de 0,025 m. O volume de solo para o enchimento de uma caixa é de cerca de cinco litros. Recomendam-se semear

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aproximadamente 300 g de sementes por caixa, previamente pré-germinadas, cobrindo-as com uma camada de 0,01 m de solo.

Após a semeadura, regam-se e empilham-se as caixas em camadas de dez, cobrindo-as com lona plástica, até a emergência das plântulas. Após esta fase, espalham-se as caixas em um viveiro protegido contra pássaros e ratos, e irriga-se diariamente até que as mudas atinjam o estádio de duas folhas (12 a 18 dias), quando estarão aptas para o transplantio mecânico. Caso ocorram pragas e doenças durante este período, elas devem ser controladas através de pulverização com defensivos específicos. Não há necessidade de adubar o solo a ser utilizado nas caixas; caso as mudas apresentem sintomas de deficiência de nitrogênio, deve ser corrigida com a aplicação, em cobertura, de 50 a 100 g/m2 de sulfato de amônio ou 20 a 40 g/m2 de uréia. No transplante mecânico são necessários aproximadamente 40 kg/ha de sementes.

9.2.2. Transplante No método manual, as mudas devem ser transplantadas em áreas previamente

drenadas ao atingirem 20 a 30 dias de idade, o que corresponde a uma altura ao redor de 0,25 m, enquanto no método mecânico, ao atingirem 0,10 a 0,12 m de altura, o que se verifica de 12 a 18 dias após a semeadura.

A idade adequada da muda para o transplante pode variar de acordo com a temperatura do ar e com o ciclo da cultivar. Com relação ao ciclo, estudos demonstraram que cultivares de ciclo longo são menos afetadas pelo transplante tardio que as de ciclo curto ou médio.

O espaçamento entre mudas pode variar de 0,10 a 0,30 m por 0,10 a 0,30 m. Distâncias maiores que 0,30 x 0,30 m reduzem a produtividade e favorecem a competição das plantas daninhas, enquanto distâncias menores requerem excessiva mão-de-obra. O número de mudas recomendado por cova deve ser de 2 a 6, sendo o maior número utilizado para mudas de maior idade. Em espaçamentos maiores deve-se utilizar maior número de mudas.

Existe correlação inversa entre o número de mudas e a produção de matéria seca de plantas daninhas. Estas, por sua vez, estão em relação direta com o espaçamento entre covas.

Estudos realizados no CIAT, destacaram o transplante como o sistema de plantio mais apropriado para prevenir a competição de plantas daninhas e, ao mesmo tempo, o mais adequado para eliminar o arroz vermelho, em comparação à semeadura a lanço com sementes secas ou pré-germinadas. Além disso, propiciou a maior produtividade com menor custo na cultura principal e resultou no melhor aproveitamento da soca.

As transplantadoras permitem regulagens de três a dez mudas por cova e espaçamento entre 0,14 e 0,22 m entre covas e 0,30 m entrelinhas. A produtividade média de uma transplantadora com seis linhas é em torno de três horas para transplantar um hectare. A inundação deve ser feita após o pegamento das mudas, o que corre dois a três dias após o transplante.

Transplantio do arroz cultivado em várzeas

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10. Plantas Daninhas O arroz é uma planta C3 que apresenta baixo ponto de compensação luminosa e

baixa eficiência de uso de água em comparação com plantas C4. Essa característica é de grande importância para o controle de plantas daninhas, pois na época de plantio pode ocorrer alta temperatura e alta luminosidade, fatores que favorecem o desenvolvimento de plantas C4. O arroz também é mais sensível à deficiência hídrica que as plantas C4 o que torna obrigatório iniciar o controle das plantas daninhas mais cedo, principalmente em áreas com alta infestação. O período de infestação depende principalmente da composição específica da comunidade infestante, da cultivar de arroz, do espaçamento e da densidade de plantio. De maneira geral, os valores encontrados situam-se entre 15 e 45 dias.

Entre as espécies de plantas daninhas que ocorrem com maior freqüência na cultura do arroz destacam-se a Echinochloa crusgalli e Echinochloa colonum, que são espécies extremamente difundidas em plantações de arroz em todo o mundo e classificadas em terceiro e quarto lugares, respectivamente, entre as piores plantas daninhas a nível mundial.

Será dado destaque para o arroz daninho (Oryza sativa), que é uma espécie comum em várzeas produtoras de arroz irrigado em diversos países do mundo. O nome arroz vermelho se deve à coloração avermelhada do pericarpo do grão descascado. A casca (glumas) pode tanto apresentar-se amarelo palha, como nas cultivares comerciais, como variando do cinza escuro ao preto, originando daí a denominação preto. A denominação de arroz daninho é mais genérica, incluindo todos os tipos de arroz vermelho e preto encontrados nas lavouras. São altamente polimorfas, resultado de variável taxa de cruzamento natural que ocorre entre essas populações e as cultivares comerciais.

O arroz-vermelho pode ser consumido, considerando que é do mesmo gênero e da mesma espécie do arroz cultivado (Oryza sativa) . Em localidades do interior da Região Nordeste, o arroz-vermelho é até mesmo cultivado para consumo familiar. No entanto, o consumidor brasileiro de arroz dá preferência ao produto branco, de grãos agulhinha e com aparência translúcida. O arroz-vermelho não tem nenhum valor no mercado. Quanto ao valor nutritivo, o que talvez o diferencie mais do arroz branco é o fato de ser normalmente consumido na forma integral, sem polimento, ou seja, conservando-se a película externa do grão, que é mais rica em nutrientes.

A contaminação das lavouras com arroz daninho é indesejável para produtores, industriais e consumidores devido a vários aspectos: a) a competição com o arroz cultivado reduz a produtividade; b) o arroz daninho misturado com o arroz branco reduz a qualidade comercial do produto; c) resulta em aumento nos custos de produção devido às práticas adicionais de controle necessárias nas áreas infestadas; d) sementes de arroz daninho podem permanecer viáveis no solo por longo tempo, dificultando sua erradicação em áreas infestadas.

O controle do arroz daninho só pode ser obtido com um conjunto de práticas que, devem ser usadas de forma integrada: controle preventivo, preparo do solo e manejo da água, plantio direto com cultivo, rotação de culturas.

Por muito tempo não foi dada importância ao controle de plantas daninhas em arroz de terras altas por ter sido este tradicionalmente cultivado quase sempre em áreas de abertura, ainda livre de invasoras, sem necessidade de medidas de controle. Conseqüentemente, há carência de produtos e tecnologia para controlá-las. Recentemente, o controle químico passou a ser a prática mais utilizada por apresentar menor custo e maior eficiência, quando comparado a outros métodos de controle.

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11. Colheita, Beneficiamento, Armazenamento e Comercialização A colheita é uma das etapas mais importantes do processo de produção e,

quando mal conduzida, acarreta perda de grãos, comprometendo os esforços e os investimentos dedicados à cultura.

As operações de colheita e pós-colheita constituem etapas importantes do processo de produção e, quando mal conduzidas, acarretam perdas elevadas de grãos, comprometendo os esforços e os investimentos dedicados à cultura. A colheita pode ser realizada por três métodos: o manual, o semi-mecanizado e o mecanizado.

Na colheita manual, as operações de corte, enleiramento, recolhimento e trilhamento são feitas manualmente. Para evitar perdas desnecessárias, recomenda-se, adicionalmente, que o arroz cortado não permaneça enleirado por tempo desnecessário no campo e que se evite o manuseio de feixes muito volumosos de cada vez, para facilitar a operação de trilhamento.

Batedor Trilhadora movida a pedal

Quando a colheita é manual, são utilizadas pequenas foices chamadas “ferrinhos

do arroz”, “cerla” ou cutelo. A colheita manual do arroz requer em torno de dez dias de trabalho para um

homem cortar 1 ha, sendo mais difundidas em pequenas lavouras. À medida que as plantas vão sendo cortadas em pequenos feixes, são amontoadas transversalmente sobre os colmos decepados, de modo que as panículas não fiquem em contato com o solo e permaneçam expostas ao sol. Os feixes devem ser colocados em um mesmo sentido, a fim de facilitar seu recolhimento e transporte para o local de trilhamento.

O trilhamento é realizado em jirau de madeira, caixotes ou batedores, e consiste em golpear as panículas até o desprendimento dos grãos. O trilhamento do arroz, através de pisoteio, pelo homem ou por animais, com varas ou mesmo pelas rodas de trator, é também utilizado.

A colheita de panículas individuais também pode ser efetuada, empregando-se canivete, faca, tesoura ou outro instrumento cortante. Este método, contudo, é mais demorado e, apesar de evitar perdas causadas por degrana, acamamento ou maturação desuniforme é praticado apenas por produtores que utilizam semente própria, com objetivo de estocar para o próximo plantio.

Na colheita semi-mecanizada, o corte, o enleiramento e o recolhimento das plantas são, geralmente, manuais, e o trilhamento, mecanizado, utilizando-se trilhadoras estacionárias de alimentação intermitente ou contínua.

Nas intermitentes, as panículas presas aos colmos de arroz são mantidas estacionárias, e o trillhamento é feito pelo impacto do cilindro degranador nas panículas. O cilindro pode ser movido por manivelas a pedal, acionadas por motores estacionários, ou pela ação de um ou dois homens.

Nas trilhadoras de alimentação contínua, as panículas e os colmos penetram na máquina através de uma moega e os grãos são trilhados pelo impacto no cilindro trilhador, acionado por motor estacionário ou pela tomada de força do trator. Os grãos

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trilhados são separados das impurezas (palha) por meio de peneiras móveis e fluxo de ar regulável produzido por ventilador próprio.

Na colheita mecanizada os agricultores utilizam alta tecnologia e plantam grandes áreas. A operação de colheita é realizada por diversos modelos e tipos de máquinas, incluindo desde as de pequeno porte, tracionadas por trator, até as colhedoras automotrizes. Essas máquinas realizam, em seqüência, as operações de corte, transporte e abastecimento da unidade trilhadora, trilhamento, limpeza e armazenamento a granel, permitindo comumente ensacamento dos grãos.

O rendimento das colhedoras é variável, dependendo do seu modelo, da sua conservação e manutenção, assim como das condições da lavoura, isto é, do estádio de maturação, do índice de acamamento e da ocorrência de plantas daninhas.

As recomendações técnicas que devem ser observadas antes da colheita, a fim de evitar perdas desnecessárias são: • Horário de colheita: evitar que a colheita se realize pela manhã, quando os grãos

ainda se encontram umedecidos pelo orvalho. Caso ocorra chuva, deve-se esperar que o arroz sequem completamente, caso contrário, pode haver obstrução na colhedora.

• Teor de umidade do grão: para a maioria das cultivares de arroz deve situar-se entre 18 e 23%. O produtor pode basear-se na mudança de cor das glumas, considerando como ideal quando dois terços dos grãos da panícula estiverem maduros. Morder os grãos ou apertá-los com a unha pode também ser um indicativo útil. Se o grão amassar, o arroz encontra-se ainda imaturo; se quebrar encontra-se na fase semidura, e a colheita poderá ser iniciada. Deve ser ressaltado que em regiões de alta pluviosidade, onde a colheita é processada frequentemente com elevado teor de umidade, o produto deve sofrer secagem imediata, a fim de preservar sua qualidade durante o armazenamento.

• Colheita manual: após o corte do arroz com cutelo, deve-se evitar que as plantas permaneçam no campo por muito tempo, pois as perdas aumentam se as operações de recolhimento e trilhamento forem atrasadas sem necessidade. Em locais com alto índice de chuva e sem condições de se realizar o trilhamento no tempo adequado, o arroz deve ser emedado, visando proteger as panículas das chuvas. As medas devem ser pequenas e bem arejadas, de modo que os grãos alcancem o teor de umidade adequado, sem o risco de ocorrer fermentação. Após 10 a 15 dias está em condições de ser trilhado, o que deve ser feito antes da chuva seguinte.

• Regulagem e manutenção da colhedora: é possível obter maior rendimento com custo reduzido, se forem seguidas às instruções contidas no manual do operador, que acompanha a colhedora. Recomenda-se que, após a colheita de cada cultivar, a colhedora, ou o local de trilha, sejam cuidadosamente limpos, para evitar o risco de misturas varietais.

• Drenagem final: a drenagem antecipada, embora favoreça a economia de água, pode acarretar decréscimo na produção. A época da drenagem varia em função das características do solo e da cultivar, e deve ser efetuada, geralmente, dez dias antes do corte de arroz, para maior facilidade de locomoção da máquina na área, sem prejuízo para a produção e a qualidade dos grãos, assegurando bom rendimento no beneficiamento.

• Também devem ser tomados cuidados com o transporte, secagem, limpeza, tratamento e conservação das sementes e grãos.

Qualquer que seja o método utilizado, quando o arroz é colhido muito úmido ou tardiamente, com baixo teor de umidade, a produtividade e a qualidade dos grãos são prejudicadas. Para a maioria das cultivares, o ideal é colher o arroz entre 18 a 23% de

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umidade. Na colheita mecânica, além da regulagem adequada dos mecanismos externos e internos da colhedora, deve-se atentar para a velocidade do molinete, que deve ser suficiente apenas para puxar as plantas para dentro da máquina.

Nas operações de pós-colheita, a secagem pode ser feita por dois processos: o natural e o artificial. O natural consiste em utilizar o calor e o vento para a secagem; o artificial, com a utilização de equipamentos (secadores) especialmente projetados para esse fim. Para evitar danos ao arroz, quando se destina ao plantio, a temperatura de secagem deve se situar entre 42º C e 45º C. Na secagem de grãos para consumo, a temperatura do ar não deve ultrapassar a 70ºC. No armazenamento, o arroz para ser melhor conservado deve estar limpo e com teor de umidade entre 13% e 14%. Nesta umidade, para a maioria das cultivares, a maturação pós-colheita, isto é, o arroz envelhecido, melhora sua qualidade culinária, ficando seus grãos mais secos e soltos após o cozimento.

A soca, capacidade das plantas de arroz em regenerar novos perfilhos ou rebrotes férteis após o corte dos colmos na colheita, representa uma alternativa interessante para aumentar a produção de arroz por unidade de área e de tempo, uma vez que a duração de crescimento da soca é menor que a de uma nova cultura. Além disso, a soca pode ser cultivada com 50 a 60% menos trabalho e sem necessidade de preparo do solo nem de semeadura, usa 60% menos água que a cultura principal. A soca pode aumentar a produtividade, onde a intensificação do cultivo do arroz é limitada pela disponibilidade de água para irrigação ou pela ocorrência de baixas temperaturas tardias na época de cultivo.

A secagem é uma operação de rotina na produção de sementes de arroz, que são normalmente colhidas com umidade superior àquela indicada para um armazenamento seguro. A secagem de sementes tem por objetivo reduzir a umidade até próximo de 13%, preservando assim a sua qualidade fisiológica. O ar atmosférico é o agente secante mais utilizado neste processo. A secagem da semente pode ser efetuada pelo método natural, em terreiros, ou artificialmente através do uso de diversos tipos de secadores. Além da secagem, a semente deve ser também beneficiada, com objetivo de melhorar as características físicas do lote e assim facilitar o plantio. Compreende as seguintes fases: pré-limpeza, limpeza, classificação e ensaque. Em cada uma dessas fases são utilizadas máquinas específicas.

O armazenamento é uma etapa de pós-colheita do sistema produtivo, cujo objetivo principal é o de preservar viabilidade e o vigor da semente destinada ao plantio ou a qualidade do grão para o consumo ou processamento industrial. Existem diversos fatores bióticos e abióticos que interferem na qualidade do produto armazenado, cuja deterioração é decorrente da interação entre variáveis físicas, químicas e biológicas. A tomada de decisão quanto aos procedimentos a serem observados para um armazenamento seguro, deve ser embasada no tipo de produto a ser conservado, no sistema de armazenagem disponível, nas condições climáticas locais e nos custos envolvidos.

As características determinantes da qualidade de grão de arroz refletem-se diretamente no valor do produto no mercado. No entanto, o conceito de qualidade é concebido e visto de maneira diferenciada, dependendo da finalidade do consumo, do grupo étnico envolvido, do tipo de processamento pós-colheita, entre outros. De maneira geral, a qualidade de grãos em arroz pode ser classificada em quatro grandes grupos: comportamento no beneficiamento; qualidade comestível, de cocção, e de processamento; valor nutritivo; e adequação do produto aos padrões de comercialização.

No Brasil, o arroz é um cereal consumido, principalmente, na forma de grãos inteiros, como produto de mesa, e seu aproveitamento como matéria-prima para a

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indústria de transformação, alimentar ou não, é praticamente inexistente, especialmente quando comparado com a utilização diversificada do produto em vários outros países. Os produtos derivados do arroz beneficiado podem ser obtidos diretamente a partir dos grãos inteiros, da homogeneização dos grãos cozidos, ou a partir de farinhas e do amido.

O consumo per capita de arroz no Brasil corresponde a 67,7 kg/hab./ano do produto em casca, ou 48,7 kg/hab./ano do beneficiado polido. Para consumo de mesa, são conhecidos, no Brasil, três tipos do produto, em função da forma de processamento pós-colheita: o arroz integral, o arroz branco polido, e o arroz parboilizado.

Para o arroz integral, nos engenhos de beneficiamento, o arroz limpo e seco é amostrado para determinar seu nível de umidade e qualidade. O passo seguinte consiste em remover a casca protetora do grão, o que deve ser feito com muita cautela para minimizar a ocorrência de quebras e rachaduras. A presença de grãos com casca, chamados comumente de marinheiros, no meio do arroz beneficiado, é inspecionada, sendo eles removidos através de uma máquina denominada de separador de marinheiros e reprocessados. Apesar de ser mais rico em nutrientes que o arroz polido, o arroz integral é pouco consumido no Brasil, restringindo-se a uma pequena parcela da população com hábitos de consumo mais sofisticados e de maior poder aquisitivo.

O arroz branco polido constitui a forma predominantemente consumida na maioria das regiões brasileiras e é obtido a partir do polimento do grão integral, através de máquinas que provocam o atrito dos grãos, removendo proporções variáveis das camadas externas do endosperma e do germe. Além da casca, resulta desse processo uma proporção variável de subprodutos sob a forma de grãos quebrados e farelo. Dependendo da indústria e do nível de qualidade almejado, o arroz polido é submetido a diversas etapas subseqüentes, para remoção de grãos quebrados e/ou danificados. Nos EUA, e em alguns outros poucos mercados, o produto é comumente enriquecido com vitaminas no final do processo de beneficiamento.

Para ser parboilizado, o arroz em casca é submetido a um processo hidrotérmico, antes das etapas de descasque e polimento, proporcionando a gelatinização total ou parcial do amido. O arroz parboilizado pode ser consumido na forma de parboilizado polido ou parboilizado integral. No Brasil, o consumo deste tipo de arroz atinge cerca de 20% do arroz consumido no país.

As Normas de Identidade, Qualidade, Embalagem e Apresentação do Arroz, proporcionam um sistema de comercialização por classes e tipos, que leva em consideração os fatores de qualidade associados à limpeza, uniformidade, condições sanitárias e pureza do produto. Os padrões de classificação constituem a base para a avaliação da qualidade para fins de comercialização do produto em casca, integral, polido e parboilizado, bem como os fragmentos de grãos (quebrados e quirera).

As designações oficiais no Brasil, utilizadas para enquadramento do produto e marcação da embalagem, são fundamentadas nos seguintes parâmetros: • Grupos: arroz em casca e arroz beneficiado; • Subgrupos: o grupo do arroz em casca pode ser enquadrado em dois subgrupos:

arroz em casca natural ou parboilizado; para o arroz beneficiado são previstos quatro subgrupos: arroz beneficiado integral, polido, parboilizado ou parboilizado integral.

• Classes: com base nas dimensões dos grãos inteiros após o descasque e polimento são consideradas cinco categorias. É necessário que, no mínimo, 80% do peso dos grãos inteiros da amostra seja representado por grãos com as dimensões previstas oficialmente:

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o Grãos longo-finos: comprimento ≥ 6 mm, espessura ≤ 1,90 mm, relação comprimento/ largura ≥ 2,75 mm.

o Grãos longos: comprimento ≥ 6 mm. o Grãos médios: comprimento entre 5 mm a menos de 6 mm. o Grãos curtos: comprimento inferior a 5 mm. o Arroz misturado: produto que não se enquadra em nenhuma das classes

anteriores e apresente-se constituído pela mistura de duas ou mais delas, sem predominância (80%) de nenhuma.

• Tipos: o grão para consumo é classificado em cinco tipos, expressos numericamente e definidos de acordo com o percentual de ocorrência de defeitos e com o percentual de grãos quebrados e quirera. Os defeitos podem ser graves (matérias estranhas, impurezas, grãos mofados, pretos e não gelatinizados) e gerais (grãos danificados, manchados, picados, amarelos, rajados, gessados e não parboilizados). Para enquadramento em tipo comercial são observados os percentuais de defeitos graves, de grãos quebrados e de quirera. Os percentuais máximos de defeitos permitidos em cada um dos cinco tipos encontram-se expressos em tabelas de tolerância, para cada subgrupo, a serem aplicadas na tipificação do produto.

O arroz inteiro é comercializado para consumo doméstico. O canjicão (arroz quebrado de tamanho médio e grande) é adicionado ao arroz inteiro e em função do percentual dessa adição se tipifica o arroz, conforme as entidades reguladoras: • TIPO 1 – pode ter no máximo 10% de canjicão • TIPO 2 – pode ter no máximo 20% de canjicão • TIPO 3 – pode ter no máximo 30% de canjicão

A Quirera é utilizada na fabricação de ração animal e na fermentação de cerveja. A Casca serve como combustível para fornos, fornalhas e caldeiras, pois seu poder calorífico é 30% superior as da madeira. Do Farelo extrai-se óleo combustível, e o que resta é aproveitado na fabricação de ração animal. A Palha úmida ou transformada em ensilagem serve de alimento para o gado. Misturada com melado, é excelente alimentação para vacas leiteiras. As Hastes prestam para fazer celulose e papel de boa qualidade.

Arroz de qualidade é aquele que atende às necessidades e às preferências do consumidor. Quando essas preferências diferem, um mesmo produto pode ser julgado como bom e adequado por um grupo e totalmente inadequado por outro. De maneira geral, no entanto, para os padrões de consumo brasileiro, pode-se considerar como de qualidade um arroz que: proporcione alto rendimento de grãos inteiros no beneficiamento, apresente grãos longo-finos (agulhinha), com aspecto translúcido, bem polidos e livres de matérias estranhas, e que se apresente solto, enxuto e macio, depois de cozido.

12. Principais Pragas e Doenças 12.1.Pragas No Brasil, a perda anual de produção de arroz devido ao ataque de insetos em

nível de lavoura é estimada em 10%. O agroecossistema arroz de terras altas no Brasil, abriga, por períodos variáveis, grande número de pequenos animais, principalmente artrópodes, que comportam-se como fitófagos ou zoófagos.

Dentre os artrópodes fitófagos encontrados em arroz de terras altas destacam-se aqueles de grande poder daninho ocorrendo com maior freqüência e abundância nas regiões de produção e que são responsabilizados pela maior parte da perda anual, causada por esse ramo à produção de arroz.

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Existem vários outros fitófagos do arroz que, de forma localizada no país, podem prejudicar a produção das culturas, como por exemplo Rhammatocerus schistocercoides, Neobaridia amplitarsis no estado de Mato Grosso e Oediopalpa spp. no estado do Maranhão.

As espécies comumente envolvidas em arroz de terras altas são as seguintes: cupins-rizófagos, Procornitermes spp; percevejo-castanho, Scaptocoris castanea (Perty, 1830); percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris Stal; percevejo-das-panículas, Oebalus poecilus (Dalas); cigarrinha-das-pastagens, Deois flavopicta Stal; pulgão-da-raiz, Rhopalosiphum rufiabdominale Sasaki; lagarta-dos-arrozais, Spodoptera frugiperda (J.E. Smith); lagarta-dos-capinzais, Mocis latipes (Guenée); lagarta-dos-cereais, Pseudaletia adultera (Schaus, 1894) e P. sequax Franclemont; 1951 broca-do-colo, Elasmopalpus lignosellus (Zeller); broca-do-colmo, Diatraea saccharalis (Fabricius); pulga-da-folha, Chaetocnema sp.; cascudo-preto (bicho-bolo), Euetheola humilis, Burmeister; formigas cortadeiras,Acromyrmex spp. e Atta spp. Dentre as medidas de controle para o manejo adequado dessas espécies na cultura incluem práticas culturais, preservação de inimigos naturais e produtos químicos.

Entre as pragas que reduzem a economicidade da cultura do arroz irrigado na região Subtropical do Brasil destacam-se espécies de insetos, moluscos, e pássaros, que causam perdas de produtividade de 10 a 35%.

Associados à ocorrência de pragas ainda existem os riscos de impacto ambiental, decorrentes do crescente uso irracional de inseticidas químicos aplicados para controle. O sistema de implantação da cultura é dos fatores que mais influenciam nos níveis de danos. As principais diferenças são detectadas entre lavouras implantadas em solo seco com posterior inundação (plantio direto e convencional) e lavouras de arroz pré-germinado, havendo tendência dessas últimas serem as mais prejudicadas.

Entre as espécies de insetos são mais prejudiciais ao arroz irrigado Spodoptera frugiperda (lagarta-da-folha), Oryzophagus oryzae (gorgulho-aquático), Tibraca limbativentris (percevejo-do-colmo) e Oebalus poecilus (percevejo-do-grão). Pomacea canaliculata e Argelaius ruficapilus são respectivamente a espécie de molusco e pássaro mais daninhos à cultura. O conhecimento sobre bases técnicas do Manejo Integrado de Pragas (MIP) é essencial para o controle eficaz das espécies supracitadas, na busca de redução de custos de produção e de riscos de impacto ambiental negativo. Destaca-se o conhecimento sobre níveis populacionais de controle econômico (NCE), necessário à adoção de medidas de combate.

12.2.Doenças A cultura do arroz é afetada por doenças durante todo seu ciclo, que reduzem a

produtividade e a qualidade dos grãos. A incidência e a severidade das doenças dependem da ocorrência do patógeno virulento, do ambiente favorável e da suscetibilidade da cultivar. As doenças que causam prejuízos significativos na produção e qualidade dos grãos em ordem decrescente de importância são: brusone (Pyricularia grisea), mancha de grãos (Phoma sorghina e Bipolaris oryzae) e escaldadura (Monographella albescens). No arroz irrigado ainda podem ocorrer: escaldadura das folhas (Gerlachia oryzae), queima das bainhas (Rhizoctonia solani), mancha parda (Drechslera oryzae, Helminthosporium oryzae e Bipolaris oryzae), podridão do colmo (Nakataea sigmoideum), mancha das bainhas (Rhizoctonia oryzae). Os prejuízos direto e indiretos ocasionados pela brusone, nas folhas e nas panículas, são maiores em arroz de terras altas, na região Centro-Oeste, onde, pelas condições favoráveis à doença, as perdas podem chegar em até 100%. Em plantio direto, a incidência e a severidade da

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brusone nas folhas e nas panículas foram significativamente menores do que no plantio convencional, contudo, este sistema de plantio apresentou maior produtividade. A queima das glumelas é um dos principais componentes das mancha de grãos e pode ocasionar perdas de 12 a 30% no peso, e de 18 a 22%, no número de grãos cheios por panícula, dependendo do grau de suscetibilidade da cultivar, assim como reduzindo a qualidade após o beneficiamento, os grãos totalmente manchados apresentam gessamento e coloração escura. A escaldadura é uma enfermidade comum, principalmente em locais com temperaturas elevadas acompanhadas por períodos prolongados de orvalho ou chuvas contínuas. As perdas resultam da redução da fotossíntese e da paralisação do crescimento da plantas ocasionadas geralmente em plantios de arroz de primeiro ano em solos de cerrado e na Amazônia e região pré-amazônica, a doença é endêmica. Dentre os métodos de controle dessas doenças, a resistência genética é o principal componente do manejo integrado. A utilização de cultivares resistentes além de ser a prática mais econômica, permite racionalizar o seu uso e de outros insumos como adubação e tratamento com fungicidas. Medidas de controle integrado das doenças do arroz de terras altas aumentam a produtividade levando em consideração os custos de produção e redução dos impactos ambientais das medidas adotadas.

Vídeo SOCA: Alternativa alimentar e rentabilidade do arroz

O vídeo apresenta uma tecnologia capaz de aumentar a produtividade de arroz irrigado em várzeas tropicais. A soca do arroz garante qualidade de produção, reduz a sazonalidade do uso de máquinas e implementos, propicia maior ocupação de mão-de-obra rural e aumenta a renda líquida dos produtores.

Referências Bibliográficas

Vieira, N.R. de A. V.; Santos, A. B. dos; Sant’Ana, E.P. A cultura do arroz no Brasil. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. 633p. Stone, F.L. et al Arroz: O produtor pergunta e a Embrapa responde. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2001. 232p.

Sites Consultados

Arroz Brasileiro. http://www.arroz.agr.br/site/index.php

Associação Brasileira da Cadeia Produtiva do Arroz - ABRARROZ http://www.abrarroz.com

Centro Internacional de Agricultura Tropical – CIAT - http://www.ciat.cgiar.org

Companhia Nacional de Abastecimento – Conab - http://www.conab.gov.br

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Embrapa Arroz e Feijão - http://www.cnpaf.embrapa.br

Embrapa Clima Temperado - http://www.cpact.embrapa.br/index.php

Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO http://www.fao.org

International Rice Research Institute – IRRI - http://www.irri.org

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA http://www.agricultura.gov.br