A Cultura Do Romance

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francomorettiA cultura do romanceTraduodenise bottmannCapawaltercio caldas cosac naify, 2009coleofundamentalsobreoromanceCosac Naify lana obra de flego em cinco volumes sobreo gnero ficcional mais importante da modernidadeOromanceconstituiamaisinovadora,abrangenteeaprofundadaobrasobre aquele que , da literatura de nosso tempo, o gnero representativo por excelncia. Coordenada por Franco Moretti, rene contribuies de Fredric Jameson, Mario Vargas Llosa, Jack Goody, Claudio Magris, Perry Anderson, Alfonso Berardinelli, BeatrizSarlo,LuizCostaLima,PeterBurke,HansUlrichGumbrecht,Hans Magnus Enzensberger, Benedict Anderson, Hayden White, Umberto Eco, Roberto Schwarz e outros colaboradores de instituies do mundo inteiro. Em , a edio em lngua inglesa, abreviada em dois volumes, foi saudada comoumverdadeiroacontecimento.Morettieseuscolaboradoresforambem sucedidos em fazer do estudo do romance seno de todo o campo dos estudos literrios algo historicamente mais longo, geogracamente mais extenso e literari-amente mais profundo que antes ou que qualquer estudioso, por si s, poderia faz-lo (David Trotter, London Review of Books). A edio brasileira, pela Cosac Naify, seguir o plano original da obra, em cinco volumes, publicada em italiano pela Einaudi em -. Em cada volume sero reproduzidostrechosdasobrascomentadasnosensaiosextradosdasmelhores ediesnacionais.Oprojetogrcotrazcapasilustradascomlivros-objetos criadosespecialmenteporartistasplsticosligadosaouniversodolivroeda palavra impressa. Waltercio Caldas assina a capa do primeiro volume. o projetoOprojetotemcomopressupostoaideiadeumaliteraturaverdadeiramente mundial e a forma-romance, livre e aberta, como o gnero que, ao longo do tempo, melhor se disseminou pelas mais variadas tradies literrias, com ricas gradaes entre o popular e o erudito. O duplo alargamento do ponto de vista no tempo e no espao relativiza sobretudo dois dos lugares-comuns mais associados ao romance: o trao ocidental e burgus. Sem neg-los, a obra apresenta inmeras nuances que dizemrespeitorelaocomgnerosliterriosprecedentes,comageograa literria e tambm com a armao de atores sociais, sensibilidades modernas e lnguas nacionais. AolongodoscincovolumesoleitorreencontrarautorescomoHomero, Cervantes, Dostoivski e Proust. Personagens como Robinson Cruso, Madame Bovary,BrsCubaseStephenDedalus.EviajarpelaFranadoAbsolutismo, pela Inglaterra das primeiras fbricas e pela Rssia da revoluo. Mas descobrir tambm um sem nmero de escritores quase annimos, bestsellers perdidos no tempo, personagens fora de esquadro e tradies literrias, tnues ou consolidadas, estranhas ao Ocidente. Aos grandes panoramas temticos combinam-se anlises deromancesespeccos.Emcadavolume,aseoIconograaapresentaas diversas facetas que o universo do romance estabeleceu com a cultura visual. De todos esses cruzamentos, resulta uma obra mpar, que ser referncia tanto para estudiosos quanto para os amantes da literatura.3 Coleo fundamental sobre o romanceo primeiro volumeA cultura do romance o primeiro dos cinco volumes da srie O romance. O panodefundoosurgimentodaprpriaeramodernaedosujeitoquelhe correspondeu processo histrico de longa durao que refratou de diferentes maneiras conforme a geograa scio-cultural mas exigiu uma cultura tambm ela nova, em que o romance teve um papel fundamental. Suaformaabertaelivretinhaatentoumcarterrecessivonovasto conjunto das formas xas que predominou na literatura antiga e medieval, mas foi em m de contas a mais apta a se armar num mundo que passava a se desco-brir mais diverso e complexo. Basta pensar que Dom Quixote contemporneo dos grandes descobrimentos. O volume dividido em quatro partes. A primeira, O romance se faz espao inicia-se com um ensaio do antroplogo Jack Goody que revela ser o ato de narrar histrias um fato bem menos universal do que se imagina. Esse um dos muitos obstculosarmaodoromance,exemplicadosnosdemaisensaiospor umatradioculturalrefratriacopuraesimples(China)epelos constrangimentos opostos por duas instituies basilares do Ocidente (a Igreja catlica e a escola). Por m, Walter Siti d um panorama das acusaes de teor religioso-moralenfrentadospelogneroaolongodotempoemtribunaisos mais variados.Na segunda parte, Narrao e mentalidade, os dois ensaios iniciais argumen-tam que a abertura para os novos mundos que se ofereciam ao conhecimento do homem ocidental assinalada por uma mudana do prprio modo de considerar asrelaesentreacoearealidade.Mutaoqueabriucaminhoparaa armao do romance como gnero do indivduo moderno, dos Estados e das lnguasnacionais,objetosdosdemaisensaios.AseoLeiturastemcomo tnica a constituio da paisagem interior descortinada pelo romance atravs de sentimentos como a melancolia, a ambio, o sentimentalismo, a bondade, o dever, o desejo, a culpa e o cime, sem os quais impossvel caracterizar esse espao de novas possibilidades para o homem.4 Coleo fundamental sobre o romanceNa seo Iconograa, Margaret Doody explora a complementaridade entre palavraseimagensnacaracterizaodaspersonagensromanescas,dosantigos papiros at o cinema de hoje, argumentando que a visualizao responde curio-sidade que o texto escrito no consegue satisfazer por inteiro.Aterceiraparte,Gentequeescreve,gentequel,tratadoparautor-leitor, mediado pelo romance, aqui entendido como forma que possibilita a armao do indivduo moderno em todos os seus dramas internos ou diante de realidades que desconhece (e que passa a conhecer quando viaja por terras distantes). Um segundoblocofocalizaainunciadoromancenaconstituiodeumavoz feminina e no comportamento amoroso. A seo Leituras, de um sabor quase arqueolgico,apresentalivrosqueforambestsellersemdeterminadaspocase hoje so apenas ttulos esquecidos em bibliotecas.Naquartapartesoexploradososambientesquelevaramognerossuas virtualidadesmximas:ouniversoburgus,comseusvaloresecontradies;a cidade moderna; a linguagem como instrumento de sondagem do desconhecido no eu, na cultura e no mundo; e, por m, a onipresena das imagens que d o tom do presente e do qual o cinema foi a primeira manifestao de massas. A seo Leituras destaca os experimentos com a forma de grandes romances modernistas. Esse amplo conjunto precedido e fechado por ensaios especulares de dois dos mais renomados romancistas da atualidade. Mario Vargas Llosa pergunta: possvelpensaromundomodernosemoromance?EClaudioMagrisindaga: O romance concebvel sem o mundo moderno? A resposta de ambos, diversa-mente articulada, no.5 Coleo fundamental sobre o romanceplano da obravoiuxv i A cultura do romanceI O romance se faz espao: Narrao e mentalidade, Gente que escreve, gente que l Narrar a modernidadevoiuxv ii As formas (Lanamento previsto: junho 2010)I Os gneros literrios: A escrita romanesca, Alto e baixo Limites incertosvoiuxv iii Histria e geograaI Polignese: A acelerao europeia, Em direo literatura mundial Futuro passadovoiuxv iv Temas, lugares, herisI A longa durao: Temas, Lugares Herisvoiuxv v Lies6 Coleo fundamental sobre o romanceopinies na imprensa internacionalO mais crucial no projeto O romance a ideia norteadora de ver a literatura de maneira global, am de libertar o romance do seu ncleo de surgimento estrita-mente moderno e ocidental, considerando ao invs como a forma sofreu mutaes pelo mundo, e por quais razes. (Emilie Bickerton, Bookforum)[Franco Moretti] um crtico literrio raro, que atrai bastante ateno pblica, e por uma boa razo: poucos como ele esto decididos em repensar a maneira pela qual falamos de literatura No h duvida de que ainda se falar desses volumes pelos prximos vinte e cinco anos. (Eric Bluson, Times Literary Supplement)O romance um esforo para capturar o grande animal feito de palavras que chamamos de Romance. A estratgia de caa empregada por Franco Moretti e seus colaboradores revela-se complexa e articulada mas ao mesmo tempo oblqua ediversicada.Umtrabalhomeramentesistemticonopoderiajamaistratar desse assunto. E nem uma abordagem completamente anrquica. Esse trabalho est destinado a ocupar um lugar importante entre as reexes contemporneas sobre o romance e sobre formas narrativas em geral. Os ensaios so geis mas nosuperciais,especializadosmaslegveiseacessveis.Maisdoquetudo,O romanceestimulaodesejodecadaumdensdelererelerobrasliterrias. (Dario Voltolini, La Stampa) Essesvolumesinteressanteseteisnoconstituemapenashumildese simples manuais: oferecem ensaios que levam a mltiplas direes e examinam problemas e questes fundamentais. Fazem um balano atual dos estudos em cursoeestabelecemumhorizonteanalticoparaaculturacontemporneade ponta. (Giulio Ferrot, LUnit)7 Coleo fundamental sobre o romancetodos os direitos reservados. reproduzir somente com citao da fonte