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SOCIEDADE DO VALE DO IPOJUCA FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA FAVIP BACHARELADO EM DIREITO A CUMULAÇÃO ENTRE O BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO IDOSO, COM OUTRO TIPO DE APOSENTADORIA QUE SEJA EQUIVALENTE A UM SALÁRIO MÍNIMO. LUEDER CAMPOS FERREIRA CARUARU, 2011

A Cumulação Entre o Benefício Assistencial Ao Idoso, Com

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  • SOCIEDADE DO VALE DO IPOJUCA

    FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA FAVIP

    BACHARELADO EM DIREITO

    A CUMULAO ENTRE O BENEFCIO ASSISTENCIAL AO IDOSO, COM

    OUTRO TIPO DE APOSENTADORIA QUE SEJA EQUIVALENTE A UM SALRIO

    MNIMO.

    LUEDER CAMPOS FERREIRA

    CARUARU, 2011

  • LUEDER CAMPOS FERREIRA

    A CUMULAO ENTRE O BENEFCIO ASSISTENCIAL AO IDOSO, COM

    OUTRO TIPO DE APOSENTADORIA QUE SEJA EQUIVALENTE A UM SALRIO

    MNIMO.

    Trabalho de Concluso de curso,

    apresentado Faculdade do Vale do

    Ipojuca FAVIP, como requisito parcial

    para a obteno do grau de Bacharel em

    Direito, na rea de direito pblico.

    Orientador: Prof. Esp. Danilo Rafael da Silva Mergulho

    CARUARU, 2011

  • Catalogao na fonte - Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE

    F383c Ferreira, Lueder Campos.

    A cumulao entre o benefcio assistencial ao idoso, com

    outro tipo de aposentadoria que seja equivalente a um salrio

    mnimo / Lueder Campos Ferreira. Caruaru: FAVIP, 2011. 55 f.

    Orientador(a) : Danilo Rafael da Silva Mergulho.

    Trabalho de Concluso de Curso (Direito) -- Faculdade do

    Vale do Ipojuca.

    1.Assistncia ao Idoso. 2. Direito social. 3. Benefcio

    assistencial. I. Ttulo. CDU 34[11.2]

    Ficha catalogrfica elaborada pelo bibliotecrio: Jadinilson Afonso CRB-4/1367

  • SOCIEDADE DO VALE DO IPOJUCA

    FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA FAVIP

    BACHARELADO EM DIREITO

    A CUMULAO ENTRE O BENEFCIO ASSISTENCIAL AO IDOSO, COM

    OUTRO TIPO DE APOSENTADORIA QUE SEJA EQUIVALENTE A UM SALRIO

    MNIMO.

    LUEDER CAMPOS FERREIRA

    Banca Examinadora

    Professor Especialista: Danilo Rafael da Silva Mergulho

    Avaliador: Fbio Severiano

    Avaliador: Osrio Chalegre

    CARUARU, 2011

  • Bemaventurado o homem que encontra sabedoria e o

    homem que adquire conhecimento, pois mais valiosa

    que ouro e prata.

    (Pr. 3, 13)

  • Dedico primeiramente a

    DEUS que sempre me guiou ao

    longo de minha jornada, aos meus

    Pais, aos meus professores em

    especial ao Prof. Danilo Rafael da

    Silva Mergulho que me ajudou a

    realizar este trabalho da melhor

    forma possvel, com sua

    capacidade tanto como pessoa

    quanto profissional e no deixando

    de citar um grande amigo e

    advogado Aurlio Batista de

    Aguiar Neto que sempre me

    incentivou a buscar o

    conhecimento na seara do Direito

    e a todos aqueles que passaram em

    minha vida em especial Wedna

    Pereira Barbosa e a Luana de

    Paula Campos Ferreira minha

    irm e minha psicloga.

    In memria a um grande amigo

    que no esta mais ao nosso lado

    Ellvis Campos da Silva, que sei

    que sempre torceu por minha

    vitria.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus meu todo poderoso, que sempre me guiou.

    Ao Dignssimo Prof. Danilo Rafael da Silva Mergulho, pelos ensinamentos

    prestados, a minha famlia e a todos aqueles que passaram em minha vida, e contriburam com

    o pouco da experincia que tenho.

  • RESUMO

    Em um pas de contrastes e desigualdades sociais como o Brasil, a incluso social

    atravs dos benefcios assistenciais poder ser uma arma como j vem sendo para combater

    tais mazelas e combater um pouco da desigualdade social que toma conta do nosso Pas. Esse

    trabalho teve a inteno de apontar para um norte, vez que no se pode tolerar a indiferena,

    como questo degradante desta magnitude. Logo, para um maior entendimento, detalhamos

    desde a Assistncia Social tida como um Direito Social ramificao da Seguridade Social,

    explanando desde os seus aspectos Constitucionais at a sua efetivao atravs das polticas

    pblicas. Ademais esse trabalho visa cumulao do benefcio assistencial ao idoso com

    outro tipo de aposentadoria equivalente a um salrio mnimo. Conclumos trazendo uma

    discusso entre os diversos Doutrinadores, e os tribunais de nosso Pas que so eles o STJ-

    Superior Tribunal de Justia, e o STF- Supremo Tribunal Federal, acerca do Benefcio

    Assistencial ao idoso.

    Palavras Chaves: Idoso, Previdncia Social, Direito Social e Benefcio Assistencial.

  • ABSTRACT

    In a country of contrasts and inequalities such as Brazil, through the inclusion of

    welfare benefits can be a weapon as it has been to combat these evils and fight some of the

    social inequality that takes care of our country. This work was intended to point to a north,

    since you can not afford indifference, as a matter of degrading this magnitude. Thus, to a

    greater understanding, we detail taken from the Social Services Law as a branch of the Social

    Welfare, explaining since the Constitutional aspects to its realization through public policies.

    Furthermore this study is to be cumulative assistance benefit to elderly patients with other

    types of pension equivalent to one minimum wage. We conclude by bringing a discussion

    between the various doctrines, and the courts of our country that they are the Supreme Court,

    Superior Court and the Supreme Court, Supreme Court, on the Benefit Care for the elderly.

    Keywords: Elderly, Social Security, Law and Social Care Benefit.

  • SUMRIO

    INTRODUO .................................................................................................................. 10

    CAPTULO I DA SEGURIDADE SOCIAL .................................................................. 12

    1.1 Dos Antecedentes Histricos ................................................................................ 12

    1.1.1 Da Seguridade Social como Direito de Segunda Gerao .................................... 13

    1.1.2 Tipos de Benefcios Regidos pela Previdncia Social ......................................... 19

    1.1.3 Da Constituio Mexicana e de Weimar passando a alar os Direitos Sociais ..... 33

    CAPTULO II - DOS BENEFCIOS ASSISTENCIAIS ................................................. 36

    2.1 Consideraes Iniciais .......................................................................................... 36

    2.2 Origem e Evoluo do Benefcio Assistencial ....................................................... 37

    2.3 Impactos dos Benefcios Assistenciais como Fomentadores da Incluso Social

    ............................................................................................................................... 38

    2.4 Pontos Controvertidos Acerca da Concesso dos Benefcios Assistenciais ............. 40

    CAPTULO III - DA CUMULAO ENTRE O BENEFCIO ASSISTENCIAL AO

    IDOSO E OUTRO TIPO DE APOSENTADORIA EQUIVALENTE A UM SALRIO

    MNIMO ........................................................................................................................... 44

    3.1 Consideraes Iniciais .......................................................................................... 44

    3.2 O Indeferimento do Benefcio na Via Administrativa ............................................ 45

    3.3 Polmicas Jurisprudenciais Acerca da Cumulao do Benefcio Assistencial ao

    Idoso com Outra Aposentadoria Equivalente a um Salrio Mnimo ...................................... 46

    CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................. 52

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................. 54

  • 10

    INTRODUO

    O presente trabalho busca aprofundar sobre a discusso entre o Benefcio

    Assistencial ao Idoso e a cumulao entre outro tipo de aposentadoria equivalente a um

    salrio mnimo. Vindo a proporcionar e analisar os entendimentos e discusses entre os

    diversos posicionamentos a cerca do tema acima citado.

    Esse trabalho elenca quais so os posicionamentos, que favorecem o direito ao idoso,

    de ter seu benefcio garantido, independente se outro idoso do mesmo grupo familiar j recebe

    um benefcio de igual valor ou at mesmo uma aposentadoria que seja equivalente a um

    salrio mnimo. Relatando qual o efeito da aplicabilidade do Artigo 34 do Estatuto do Idoso, a

    cerca da garantia do benefcio assistencial ao idoso e a acumulao de outro tipo de benefcio.

    Segundo a Constituio Federal de 1988, seguridade social compreende um

    conjunto integrado de aes, de iniciativa dos Poderes Pblicos e da sociedade destinado a

    assegurar os direitos relativos sade, a previdncia e assistncia social, conforme dispe o

    artigo 194.

    Como enfatiza a Carta Magna em seu artigo 203, onde assegura o pagamento de uma

    renda mensal vitalcia s pessoas portadoras de deficincia ou idosas que no possam manter

    a prpria subsistncia ou de t-la provida por sua famlia. Independente de ter contribudo

    para a previdncia social. A Assistncia Social no , na verdade, meramente assistencialista,

    porque no se destina apenas a dar socorro provisrio e momentneo ao necessitado. O que

    pretende a Constituio que a Assistncia Social seja um fator de transformao social. No

    Direito Previdencirio; O Beneficio Assistencial ao Idoso vem regido pela Lei n 8.742, de 7-

    12-1993, denominada Lei Orgnica da Assistncia Social- LOAS; Ademias a Seguridade

    Social de competncia privativa da unio.

    A LOAS foi regulamentada pelo Decreto n. 1.744, de 8-12-1995, revogado pelo

    Decreto n. 6.214, de 26-9-2007.

    O beneficio assistencial ao idoso devido pessoa com mais de 65 anos de idade,

    devendo provar que no possuem meios de prover a prpria manuteno e nem t-la provida

    por sua famlia. Tal discusso vem, sendo tomada como enfoque tanto na jurisprudncia como

    na doutrina, e alguns posicionamentos defendem o direito do idoso de cumular o seu benefcio

    com outra aposentadoria ou benefcio da mesma espcie. Desde que more na mesma

    residncia e comprove o estado de miserabilidade que se encontra sua famlia, podendo ento

    cumular o benefcio assistencial percebido pelo idoso com outra aposentadoria recebida por

  • 11

    outro ente do grupo familiar, j em outros pensamentos asseguram que renda per capita que

    no pode ultrapassar do salrio mnimo para cada ente do grupo familiar.

    Deve promover a integrao e a incluso do assistido na vida comunitria, fazer com que, a

    partir do recebimento das prestaes assistncias, seja menos desigual e possa exercer

    atividades que lhe garantam a subsistncia, ou seja, deve garantir ao assistido o necessrio

    para a sua existncia com dignidade. O tema aqui relatado hoje se encontra em grande

    discusso no s na doutrina e nas jurisprudncias, como tambm em nossos Tribunais: O

    STJ- Superior Tribunal de Justia, e no STF- Supremo Tribunal Federal.

    Levando em considerao o Direito do Idoso, a renda mensal, per capita, familiar,

    no podendo ser superior a (um quarto) do salrio mnimo. Podendo ser levado em conta o

    grau de miserabilidade que se encontra esse grupo familiar, e a desigualdade que assola essa

    famlia. Ademais vale ressaltar que o Benefcio Assistencial ao idoso como fica assegurado na

    Constituio Federal, um benefcio de prestao continuada.

    Esse trabalho vem assegurar e defender o direito do Idoso, perante a previdncia

    social, assegurando ao mesmo a garantia de receber esse benefcio de prestao continuada,

    independentemente se no grupo familiar do mesmo, j existe outro beneficirio ou aposentado

    que receba uma renda equivalente a um salrio mnimo.

    Como fica assegurado pelo o artigo 34, 1, do Estatuto do Idoso regido pela Lei

    10.741/2003, que exclui do cmputo, para clculo da renda per capita, o benefcio de

    prestao continuada anteriormente concedido a outro idoso do grupo famlia.

  • 12

    CAPTULO I - DA SEGURIDADE SOCIAL

    1.1 Dos Antecedentes Histricos

    A seguridade social na verdade o gnero do qual so espcies a Previdncia Social,

    a Assistncia Social e a Sade, os princpios gerais da seguridade social, se encontram na

    Constituio Federal do Brasil de 1988, em seus artigos 194.

    Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de aes de

    iniciativa dos Poderes Pblicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos

    relativos sade, previdncia e assistncia social.

    Pargrafo nico. Compete ao Poder Pblico, nos termos da lei, organizar a

    seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

    I - universalidade da cobertura e do atendimento;

    II - uniformidade e equivalncia dos benefcios e servios s populaes urbanas e

    rurais;

    III - seletividade e distributividade na prestao dos benefcios e servios; IV - irredutibilidade do valor dos benefcios;

    V - eqidade na forma de participao no custeio;

    VI - diversidade da base de financiamento;

    VII - carter democrtico e descentralizado da gesto administrativa, com a

    participao da comunidade, em especial de trabalhadores, empresrios e

    aposentados1.

    Como disse Sergio Pinto Martins: O Direito tem uma realidade histrico-cultural, no

    admitindo o estudo de qualquer de seus ramos sem que se tenha uma noo do seu

    desenvolvimento dinmico no transcurso do tempo 2.

    A formao do seguro social a que se imputa a inaugurao ao Chanceler Bismark na

    primeira fase, sem dvida, avanou significativamente e sucedeu as congregaes de cunho

    mutualista que, por seu turno, j haviam superado o estagio inicial da mera assistncia social

    pblica. No entanto, a noo de seguro social no estava inspirada no desejo de garantir aos

    indivduos a proteo contra os riscos comuns da vida, mas sim tinha o escopo de atender a

    estrutura econmica vigente nascendo com as concepes do seguro de direito provado 3.

    Na segunda fase com a organizao internacional do trabalho e com o surgimento do

    1 ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Constituio Federal- 1988. 6 ed., So

    Paulo: Ed. Rideel, 2008, p. 80. 2 MARTINS, Srgio Pinto, Direito da Seguridade Social. 16 ed. So Paulo: Atlas, 2001, p.14. 3 FERREIRA JNIOR, Acio. Evoluo Histrica da Previdncia Social e os Direitos Fundamentais. Disponvel em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6881 >. Acessado em 20 de janeiro de 2011.

  • 13

    tratado de Varsailles em 1917, voltavam-se todas as atenes para os problemas sociais. Por

    conseguinte, em 1927, foi criada a Associao Internacional de Seguridade Social, com sede

    em Bruxelas, Blgica 4.

    Nessa fase enfatizou-se a proteo do trabalho, bem como caracterizou- se pelo

    progressivo aperfeioamento dos sistemas previdencirios das naes europias, assim como

    pelo rompimento dos seguros scias das fronteiras do velho mundo, cuja influncia veio a

    atingir todos os demais continentes, sobretudo Amrica Latina.

    mister enfatizar o inicio da constitucionalizao dos direitos sociais, dentre as

    quais tm como precursoras as Constituies do Mxico de 1917 e a Alem de 1919

    Constituio de Weimar, passando a alar os direitos sociais em nvel constitucional.

    Deflagrada a constitucionalizao dos direitos sociais, Abandonou o Estado, nestes

    ltimos trs quartos de sculo, o seu papel negativo, absentesta, para se transformar

    em Estado positivo, procurando conscientemente as foras econmicas da

    sociedade, mitigando as conseqncias do prprio principio individualista de

    produo. (...) interveio decididamente no domnio econmico e no mercado de

    mo- de obra, com novos princpios de Estado de direito e de bem estar5.

    1.1.1- Da Seguridade Social como Direito de Segunda Gerao

    A seguridade social engloba, portanto, um conceito amplo, abrangente, universal,

    destinado a todos que dela necessitarem, independentemente de raa, idade e gnero.

    O grande impulso sobreveio com o Decreto Legislativo n. 4.682/1923, conhecido

    como Lei Eloy de Miranda Chaves. Logo foram tomando certa forma e sendo criados junto

    com os Decretos vrios institutos que regio a previdncia social no Brasil. Podemos citar

    alguns deles;

    Segundo Goes (2009, pag. 1, 2, 3), em 1926, por meio de Decreto Legislativo n

    5.109 estendeu os benefcios da Lei Eloy Chaves aos empregados porturios e martimos6.

    Em 1928, por fora do Decreto n 5.485, os trabalhadores das empresas de servios

    telegrficos e radiotelegrficos foram abrangidos pelo regime da Lei Eloy Chaves.

    4 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista, Manual de Direito Previdencirio, 7 ed. So

    Paulo: LTr, 2006, p. 43. 5 MORAES FILHO, Evaristo de, apud, CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista, Manual

    de Direito Previdencirio, 7 ed. So Paulo: LTr, 2006, p. 37. 6 GOES, Hugo Medeiros de. Manual de Direito Previdencirio, pag. 1, 2, 3, 4. 3 ed., Rio de Janeiro: Ed.

    Ferreira, 2009.

  • 14

    Em 1930, por meio do Decreto n 19.497, foram institudas as CAPs para os

    empregados nos servios de fora, luz e bondes. At 1930, como visto, a tendncia era os

    regimes previdencirios se organizarem por empresa. A partir daquele ano, no entanto, o

    sistema passou a se organizar em torno de categorias profissionais.

    A constituio de 1934 foi a primeira a estabelecer, em texto constitucional, a forma

    tripartite de custeio: contribuio dos trabalhadores, dos empregadores e do Poder Pblico

    (artigo 121, 1, h).

    A constituio de 1937 no trouxe evolues nesse sentido, apenas tendo por

    particularidade a utilizao da expresso seguro social.

    A constituio de 1946 foi a primeira a utilizar a expresso previdncia social em

    seu texto. Em 1954, o Decreto n 35.448 aprovou o Regulamento Geral dos Institutos de

    Aposentadorias e Penses, uniformizando todos os princpios gerais aplicveis a todos os

    institutos de aposentadoria e penses.

    Em 1960, a Lei n 3.807, Lei Orgnica da Previdncia Social (LOPS), padronizou o

    sistema assistencial e criou novos benefcios como auxilio-natalidade, auxilio-funeral e

    auxlio recluso. Este diploma no unificou os organismos existentes, mas criou normas

    uniformes para o amparo a segurados e dependentes, mas criou normas uniformes para o

    amparo a segurados e dependentes dos vrios Institutos existentes.

    Em 1963, tem inicio a proteo social na rea rural: a Lei n 4.214 criou o Fundo de

    Assistncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL). No mesmo ano, a Lei n 4.266 instituto o

    salrio - famlia.

    Em 1965, a Emenda Constitucional n 11 acrescentou Constituio de 1946 o

    principio da preexistncia do custeio em relao ao beneficio ou servio, segundo o qual

    nenhuma prestao de servio de carter assistencial ou de beneficio compreendido na

    previdncia social poder ser criada, majorada ou estendida sem a correspondente fonte de

    custeio total.

    Em 1 de janeiro de 1967 foram unificados os Institutos de Aposentadorias e

    Penses, com o surgimento do Instituto Nacional de Previdncia Social (INPS), criado pelo

    Decreto-lei n 72/66. Este decreto-lei de 21/11/66, mas s entrou em vigor no primeiro dia

    do segundo ms seguindo ao de sua publicao, ou seja, 01/01/1967 (Decreto-lei n 72/66,

    artigo 46).

    A constituio de 1967 estabeleceu a criao do seguro-desemprego. A Emenda

    Constitucional n 1/69 no inovou em matria previdenciria.

  • 15

    Em 1971, a Lei Complementar n 11 instituiu o Programa de Assistncia ao

    Trabalhador Rural (PRORURAL). Ainda em 1971, foi criado o Ministrio do Trabalho e

    Previdncia Social (MTPS); pela primeira vez, a previdncia social brasileira adquiriu status

    de Ministrio. Em 1972, a Lei n 5.859 incluiu os empregados domsticos como segurados

    obrigatrios na Previdncia Social.

    Em 1974, a Lei n 6.136 incluiu o salrio-maternidade entre os benefcios

    previdencirios e a Lei n 6.179 criou o amparo previdencirio para as pessoas com idade

    superior a 70 anos ou invlidos, no valor de meio salrio mnimo. Ainda em 1974, foi criado o

    Ministrio da Previdncia e Assistncia Social (MPAS), desvinculado do Ministrio do

    Trabalho.

    Em 1975, a Lei n 6.226 estabeleceu a contagem recproca do tempo de servio em

    relao ao servio pblico federal e na atividade privada, para efeito de aposentadoria. Em

    1976, por meio do Decreto n 77.077 foi aprovado a Consolidao das Leis da Previdncia

    Social (CLPS). A CLPS tinha a funo de agregar, em um mesmo corpo normativo, todas as

    leis previdencirias existentes; era algo semelhante a um Cdigo Previdencirio.

    Ainda, como enfatiza o autor (GOES, 2009, pag.03, 04, 05) em 1977, por meio da

    Lei n 6.439, foi institudo o Sistema Nacional de Previdncia e Assistncia Social (SINPAS),

    tendo como objetivo a integrao das atividades da previdncia social, da assistncia mdica e

    da assistncia social7.

    O SINPAS agregava as seguintes entidades:

    INPS- Instituto Nacional de Previdncia social, que tratava da concesso e

    manuteno dos benefcios;

    IAPAS- Instituto de Administrao Financeira da Previdncia Social, que cuidava da

    arrecadao, da fiscalizao e da cobrana das contribuies previdencirias;

    INAMPS- Instituto Nacional de Assistncia Mdica da previdncia Social, que

    prestava assistncia mdica;

    LBA- Fundao Legio Brasileira de Assistncia, que prestava assistncia social

    populao carente;

    FUNABEM- Fundao Nacional do Bem-Estar do Menor que executava a poltica

    voltada para o bem-estar do menor;

    7 GOES, Hugo Medeiros de. Manual de Direito Previdencirio, 3 ed., Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2009.

  • 16

    DATAPREV- Empresa de Processamento de Dados da Previdncia Social, que cuida

    do processamento de dados da previdncia Social;

    CEME- Central de Medicamentos, que distribua medicamentos, gratuitamente ou a baixo custo.

    Em 1979, o Decreto n 83.080 aprova a Regulamento dos Benefcios da Previdncia

    Social (RBPS) e o Decreto n 83.081 aprova o Regulamento de Custeio da Previdncia Social

    (RCPS).

    Em 1981, a Emenda Constitucional n 18, que alterou a CF/ 1967, concedeu

    aposentadoria privilegiada para o professor e para a professora aps 30 e 25 anos de servio,

    respectivamente.

    Em 1984, por meio do Decreto n 89.312, foi aprovado nova Consolidao das Leis

    da Previdncia Social (CLPS).

    Em 5/10/1988, foi promulgada a atual Constituio Federal. Como novidade, a

    Constituio de 1988 destinou um capitulo inteiro (artigos 194 a 204) para tratar da

    Seguridade Social, entendida como gnero do qual so espcies a previdncia social, a

    assistncia social e a sade. As contribuies sociais passaram a custear as aes do Estado

    nestas trs reas, e no mais somente no campo da Previdncia Social.

    A Lei n 8.029, de 12/4/1990, criou o Instituto Nacional do Seguro Social- INSS,

    autarquia federal vinculada ao ento Ministrio do Trabalho e Previdncia Social, mediante

    fuso do IAPAS com o INPS.

    Em 24/7/1991, entraram em vigor as duas leis bsicas da seguridade social: a Lei n

    8.212, que instituiu o plano de custeio da seguridade social e a Lei n 8.213, que dispe sobre

    os planos de benefcios da previdncia social. As duas leis foram regulamentadas pelos

    decretos 356/91 (custeio) e 357/91 (benefcios), ambos de 7-12-1991.

    Os Decretos 2.172 e 2.173, ambos de 5/3/1997 substituram os Decretos 611/92 e

    612/92, respectivamente.

    O Decreto n 3.048, de 6/5/1999, aprova o Regulamento da Previdncia Social,

    revogando os Decretos 2.172/97 e 2.173/97.

    A Lei n 10.683, de 28/5/2003, reorganizou os Ministrios; o Ministrio da

    Previdncia e Assistncia Social (MPAS) passou a ser denominado Ministrio da Previdncia

    e Assistncia Social (MPAS) passou a ser denominado Ministrio da Previdncia Social

    (MPS). Atualmente, a assistncia social esta vinculada ao Ministrio do Desenvolvimento

    Social e Combate Fome.

    A Lei n 11.098, de 13/01/2005, atribuiu ao Ministrio da Previdncia Social

  • 17

    competncia relativas arrecadao, fiscalizao, lanamento e normatizao de receitas

    previdencirias e autoriza a criao da Secretaria da Receita Previdenciria no mbito do

    referido Ministrio.

    A Lei n 11.457, de 16/03/2007, extinguiu a Secretaria da Receita Previdenciria.

    Esta Lei entrou em vigor no dia 02/05/2007. A partir desta data, as contribuies

    previdencirias passaram a ser arrecadadas e fiscalizadas pela Secretaria da Receita Federal

    do Brasil (RFB).

    Vale lembrar a Declarao Universal do Homem de 1948, que se refere entre outros

    direitos fundamentais da pessoa humana, a proteo previdenciria, conforme previsto no

    artigo 58 da norma em comento.

    Art.58. Todo homem tem direito a um padro de vida capaz de assegurar a si e a sua

    famlia sade e bem-estar, inclusive alimentao, vesturio, habitao, cuidados

    mdicos e os servios sociais indispensveis, o direito seguridade no caso de

    desemprego, doena, invalidez, viuvez, velhice, ou outros casos de perda dos meios

    de subsistncia em circunstncias fora do seu controle8.

    Como visto vrias foram s normas editadas e criadas ao longo do tempo com o

    escopo de atender s necessidades sociais, tutelando-as como direito constitucional.

    Logo, conceituando o termo proteo social, com muita propriedade, Celso Barroso

    leite diz que o conjunto de medidas de carter social que se destina a atender certas

    necessidades individuais, que quando no so atendidas, repercutem sobre a sociedade 9.

    Diante do conceito de proteo social, observou-se ao longo da trajetria histrica

    acerca do sistema de proteo desenvolvido no mundo que verdadeiramente quando no

    atendidas s medidas em prol das necessidades individuais dos indivduos, haver repercusso

    sobre toda sociedade.

    No entanto, observa-se que referida evoluo o reflexo de trs formas distintas de

    soluo do problema: a da beneficncia entre as pessoas; a da assistncia pblica; e a da

    previdncia social, que culminou no ideal de seguridade social, at o estagio em que se mostra

    como um direito subjetivo, tutelado pelo Estado e pela sociedade aos seus membros10

    .

    Vale ressaltar, cada espcie da Seguridade Social, comear pela Previdncia Social:

    8 MARTINS, Srgio Pinto, Direito da Seguridade Social. 16 ed. So Paulo: Atlas, 2001, p.18. 9 LEITE, Celso Barroso, apud, CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista, Manual de

    Direito Previdencirio, 7 ed. So Paulo: LTr, 2006, p.35. 10 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista, Manual de Direito Previdencirio, 7 ed. So

    Paulo: LTr, 200, p. 35.

  • 18

    A Previdncia Social formada por dois regimes bsicos, de filiao obrigatria, que so o

    Regime Geral de Previdncia Social e os Regimes Prprios de Previdncia Social dos

    Servidores Pblicos e Militares, algumas doutrinas tambm enfatizam, o Regime

    Complementar, ao quais os participantes aderem facultativamente.

    Conceituado pela nossa Constituio Federal da Republica de 1988 em seu artigo

    201, o Regime Geral de Previdncia Social (RGPS) tem carter contributivo e de filiao

    obrigatria. Considerado como regime de previdncia mais amplo, pois, responsvel pela

    proteo de grande maioria dos trabalhadores brasileiros.

    Art. 201. Os planos de previdncia social, mediante contribuio, atendero, nos termos da lei:

    I - cobertura dos eventos de doena, invalidez, morte, includos os resultantes de

    acidentes do trabalho, velhice e recluso;

    II - ajuda manuteno dos dependentes dos segurados de baixa renda;

    III - proteo maternidade, especialmente gestante;

    IV - proteo ao trabalhador em situao de desemprego involuntrio;

    V - penso por morte de segurado, homem ou mulher, ao cnjuge ou companheiro e

    dependentes, obedecido o disposto no 5 e no art. 202.

    1. Qualquer pessoa poder participar dos benefcios da previdncia social,

    mediante contribuio na forma dos planos previdencirios.

    2. assegurado o reajustamento dos benefcios para preservar-lhes, em carter

    permanente, o valor real, conforme critrios definidos em lei. 3. Todos os salrios de contribuio considerados no clculo de benefcio sero

    corrigidos monetariamente.

    4. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer ttulo, sero incorporados ao

    salrio para efeito de contribuio previdenciria e conseqente repercusso em

    benefcios, nos casos e na forma da lei.

    5. Nenhum benefcio que substitua o salrio de contribuio ou o rendimento do

    trabalho do segurado ter valor mensal inferior ao salrio mnimo.

    6. A gratificao natalina dos aposentados e pensionistas ter por base o valor dos

    proventos do ms de dezembro de cada ano.

    7. A previdncia social manter seguro coletivo, de carter complementar e

    facultativo, custeado por contribuies adicionais. 8. vedado subveno ou auxlio do Poder Pblico s entidades de previdncia

    privada com fins lucrativos11.

    J os Regimes Prprios de Previdncia Social dos servidores pblicos e militares,

    (RPPS), so os magistrados, ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas, membros do

    Ministrio Pblico, militares e servidores pblicos ocupantes de cargo efetivo de quaisquer

    dos poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, includas suas

    autarquias e fundaes. Logo nem todos os servidores pblicos civis so amparados por

    regime prprio. Que so eles, as pessoas fsicas que trabalham em empresas pblicas e em

    11 ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Constituio Federal- 1988. 6 ed., So Paulo: Ed. Rideel, 2008, p. 82.

  • 19

    sociedades de economia mista, sendo estes segurados do Regime Geral de Previdncia Social.

    Logo como dito acima o Regime Complementar, seria aquele facultativo. A pessoa

    tem a possibilidade de entrar no sistema, de nele permanecer e dele retirar-se, dependendo de

    sua vontade. Trata-se de uma faculdade dada sociedade de ampliar seus rendimentos

    quando da aposentao.

    A assistncia social era desenvolvida na sua grande parte por associaes privadas,

    muitas ainda de cunho religioso, outras antecessoras dos sindicatos, que ofereciam aos seus

    membros apoio para tratamento de sade, auxlio funerrio, emprstimos, e mesmo penses

    para vivas e filhos12

    .

    1.1.2- Tipos de Benefcios Regidos pela Previdncia Social

    Tabela 1 O Regime Geral de Previdncia Social compreende as seguintes

    prestaes, expressas em benefcios e servios.

    Prestao do Regime Geral de Previdncia Social

    Benefcios

    Quanto ao segurado Quanto ao

    dependente

    Quanto ao segurado

    e dependente

    Aposentadoria por

    invalidez

    Penso por morte

    Reabilitao

    Profissional

    Aposentadoria por

    tempo de

    contribuio

    Aposentadoria

    especial

    Auxilio doena

    Auxilio acidente

    Salrio famlia

    Salrio maternidade

    Servios

    Observaes-

    Prestao o gnero; benefcio e servios so as espcies.

    Benefcios so prestaes pecunirias, ou seja, pagas em dinheiro.

    Servios so bens imateriais postos disposio dos beneficirios.

    12

    CARVAHO, Jos Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2002, p. 61.

  • 20

    Os benefcios de penso por morte e auxilia-recluso so direitos dos dependentes do

    segurado. Os demais benefcios so direitos do segurado.

    A reabilitao profissional e o servio social so servios prestados tanto ao segurado

    como aos seus dependentes.

    Iremos falar da Aposentadoria por Invalidez- Por sua vez uma vez cumprida

    carncia exigida quando for o caso, ser devida ao segurado que, estando ou no em gozo de

    auxilio-doena, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetvel de reabilitao, o

    perodo de carncia em regra de 12 contribuies, mensais. Logo podemos enfocar tambm,

    que o Segurado Especial, que aquele agricultor ou pescador que exerce atividade de

    subsistncia prpria e em Regime de Economia Familiar, se este no decorrer do tempo e do

    trabalho for acometido de uma doena grave ou de qualquer outra enfermidade que o

    incapacite, poder tambm entrar em gozo ou de auxilio-doena ou at mesmo ser

    considerado invalido e de fato conseguir at mesmo uma aposentadoria por invalidez,

    dependendo do tempo j trabalhado em tal atividade, que no poder ser menor que 12 (doze)

    meses de contribuies respectivamente consecutivos, para que este trabalhador venha a ter

    completado, ou garantido sua qualidade de Segurado Especial.

    "PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE

    PARCIAL. CONDIES PESSOAIS DO SEGURADO.

    A aposentadoria por invalidez devida naqueles casos de incapacidade total e

    definitiva. Na hiptese de incapacidade parcial e permanente, o benefcio devido o

    auxlio-doena para ensejar a reabilitao do trabalhador para outra atividade profissional. Porm, se devido s condies pessoais do segurado, invivel a sua

    reabilitao por motivo de afastamento prolongado do mercado de trabalho,

    idade avanada, nvel de qualificao, etc., a incapacidade parcial se equipara

    incapacidade total para efeito de concesso de aposentadoria por invalidez. [...]" (TRF, 4 Regio, AC n. 199804010134934/PR, Relator Juiz Joo Surreaux

    Chagas, DJ de 31.03.1999, p. 381). (Grifo e negrito nossos)

    No caso da aposentadoria por idade, esta se encontra com dois requisitos se homem

    ter que ter completado a carncia exigida na lei, a idade mnima de 65 (sessenta e cinco)

    anos e se mulher a idade mnima de 60 (sessenta) anos; Logo deveram ter no mnimo 15 anos

    de contribuio, independentemente do tempo das contribuies, para entendermos melhor

    vamos a um exemplo:

    Rosa trabalhava como empregada da empresa X S.A. desde 01/03/1980. Em

    01/03/1995, foi demitida e, a partir da data da demisso, no exerceu mais nenhuma atividade

  • 21

    remunerada nem contribuiu como segurada facultativa para a previdncia social. Em 2005,

    Rosa completou 60 (sessenta) anos de idade. Nessa situao, ela ter direito a aposentadoria

    por idade, mesmo tendo perdido a qualidade de segurada, pois conta com 180 (cento e oitenta)

    contribuies mensais (perodo de 01/03/1980 a 01/03/1995).

    Temos outro caso de aposentadoria por idade sendo que esta de Segurado Especial,

    os limites de idade so reduzidos para 60 (sessenta) anos se homem e 55 (cinqenta e cinco)

    anos se mulher, nos casos de trabalhadores rurais, regidos pela Lei 8.213/91 em seu artigo 11.

    Como j falado acima o trabalhador rural aquele trabalhador, que seja ele homem ou mulher

    que trabalha na lida do campo, colocando plantaes seja ela de milho, feijo, mandioca,

    jerimum etc. Em regime de economia familiar, com a ajuda na maioria das vezes de todos os

    integrantes da famlia, ou seja, os cnjuges e seus filhos, logo, para conseguirem tal

    aposentadoria alm de possuir a idade ou de 55 (cinqenta e cinco) anos se mulher e 60

    (sessenta) anos se homem, deveram tambm comprovar lida no campo, com no mnimo 180

    contribuies, ou melhor, de no mnimo 15 anos de trabalho braal na lida no campo

    comprovado a o trabalho na agricultura. Vale ressaltar que tais tempos sero comprovados

    com diversos documentos estes providenciados pelo prprio aposentando, documentos que

    comprovem o vinculo com agricultura; Documentos estes que poderiam ser: carteira de

    sindicato rural, certides de casamentos onde conste tal profisso, comprovante da reservista

    ou dispensa do exercito brasileiro se homem, onde tal documento consta a profisso, Certido

    dos cartrios eleitorais, INCRA de terra, etc.

    PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. PERDA DA

    QUALIDADE DE SEGURADO. PRESCINDIBILIDADE. VERIFICAO

    DOS REQUISITOS NECESSRIOS. IDADE MNIMA E RECOLHIMENTO

    DAS CONTRIBUIES DEVIDAS. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.

    I- A perda da qualidade de segurado, aps o atendimento aos requisitos da idade

    mnima e do recolhimento das contribuies previdencirias devidas, no impede a

    concesso da aposentadoria por idade. Precedentes. II- Os requisitos exigidos pela

    legislao previdenciria no precisam ser preenchidos, simultaneamente, no

    caso de aposentadoria por idade. Sobre o tema, cumpre relembrar que o

    carter social da norma previdenciria requer interpretao finalstica, ou seja,

    em conformidade com os seus objetivos. (...) (AGRESP 489406/RS, 5 Turma,

    Rel. Min. Gilson Dipp, DJ de 31/03/2003, p. 274) (Destaque nosso)

    PREVIDENCIRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. APOSENTADORIA POR

    IDADE. TRABALHADOR RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR.

    CONTRIBUIO PREVIDNCIA SOCIAL. AUTNOMO. [...] O

    recolhimento de contribuies para o INSS como autnomo no descaracteriza

    a qualidade de segurado especial, se as provas produzidas indicam o exerccio

    exclusivo de atividades em regime de economia familiar no perodo pertinente. (TRF, 4 Regio, EIAC 199804010357054/RS, Rel. Desembargador Federal Joo

    Paulo Afonso Brum Vaz, DJ de 03.07.2002, p. 254). (Destaque nosso)

  • 22

    A aposentadoria por tempo de contribuio, uma vez cumprida carncia exigida em

    lei, ser devida ao segurado que completar 35(trinta e cinco) anos de contribuio, se homem,

    e 30(trinta) anos, de contribuio se mulher, conforme o artigo 201, 7, I da Constituio

    Federal do Brasil de 1988. Logo, se o contribuinte for professor e que comprove,

    exclusivamente, tempo de efetivo exerccio em funo de magistrio na educao infantil, no

    ensino fundamental ou no ensino mdio, o requisito da aposentadoria por tempo de

    contribuio ser de 30 (trinta) anos de contribuio para homem e de 25(vinte e cinco) anos

    para a mulher, conforme artigo 201, 8 da Constituio Federal do Brasil de 1988. Vale

    ressaltar que a reduo de cinco anos no tempo de contribuio concedida somente aos

    professores que exeram o magistrio na educao infantil, no ensino fundamental ou no

    ensino mdio. Assim, o professor universitrio no tem direito a aposenta-se com o tempo de

    contribuio reduzido.

    PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE

    CONTRIBUIO. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIO EXERCIDO EM

    CONDIES ESPECIAIS. INSALUBRIDADE. REPARADOR DE

    MOTORES ELTRICOS. COMPROVAO POR MEIO DE

    FORMULRIO PRPRIO. POSSIBILIDADE AT O DECRETO 2.172/97 RUDOS ACIMA DE 80 DECIBIS CONSIDERADOS AT A VIGNCIA

    DO REFERIDO DECRETO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA

    PROVIMENTO. 1. A controvrsia dos autos reside, em sntese, na possibilidade ou

    no de se considerar como especial o tempo de servio exercido em ambiente de

    nvel de rudo igual ou inferior a 90 decibis, a partir da vigncia do Decreto

    72.771/73. 2. In casu, constata-se que o autor, como reparador de motores eltricos,

    no perodo de 13/10/1986 a 6/11/1991, trabalhava em atividade insalubre, estando exposto, de modo habitual e permanente, a nvel de rudos superiores a 80 decibis,

    conforme atesta o formulrio SB-40, atual DSS-8030, embasado em laudo pericial.

    3. A Terceira Seo desta Corte entende que no s a exposio permanente a rudos

    acima de 90 dB deve ser considerada como insalubre, mas tambm a atividade

    submetida a rudos acima de 80 dB, conforme previsto no Anexo do Decreto

    53.831/64, que, juntamente com o Decreto 83.080/79, foram validados pelos arts.

    295 do Decreto 357/91 e 292 do Decreto 611/92. 4. Dentro desse raciocnio, o rudo

    abaixo de 90 dB deve ser considerado como agente agressivo at a data de entrada

    em vigor do Decreto 2.172, de 5/3/1997, que revogou expressamente o Decreto

    611/92 e passou a exigir limite acima de 90 dB para configurar o agente agressivo.

    5. Recurso especial a que se nega provimento. (Negrito nosso)

    Vale ressaltar que aposentadoria especial, uma vez cumprida carncia exigida,

    ser devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este

    somente quando filiado a cooperativa de trabalho. A concesso da aposentadoria especial

    depender de comprovao pelo segurado, perante o Instituto Nacional de Seguridade Social-

    INSS, do tempo de trabalho permanente, exercido em condies especiais que prejudiquem a

    sade ou a integridade fsica, durante os perodos de 15(quinze), 20(vinte), ou (25) anos.

  • 23

    A aposentadoria especial direito subjetivo excepcional de quem preenche os

    requisitos legais. Espcie do gnero aposentadoria por tempo de contribuio, como as do professor, anistiado e a aposentadoria por tempo de servio propriamente dita;

    So considerados agentes nocivos fsicos, qumicos ou biolgicos, ou sua reunio,

    capazes de ocasionar danos sade ou integridade fsica do trabalhador, em razo

    de sua natureza, concentrao, intensidade e exposio13.

    Logo o segurado devera comprovar, alm do tempo de trabalho, a efetiva exposio

    aos agentes nocivos qumicos, fsicos, biolgicos ou associaes de agentes prejudiciais

    sade ou integridade fsica, pelo perodo equivalente ao exigido para a concesso do

    benefcio.

    O auxilio- doena como o prprio nome j enfatiza, um auxilio devido ao segurado

    incapacitado, ou seja, aquele trabalhador que no decorrer do tempo que esteja trabalhando ou

    no tempo em que ficou comprovada sua carncia perante o Instituto Nacional de Seguridade

    Social- INSS, contraiu alguma enfermidade, ou foi submetido alguma cirurgia,

    impossibilitando que o mesmo venha a exercer suas atividades do dia-dia. Vale salientar que

    quando aps de cumprida a carncia exigida em lei, ficar comprovada a incapacidade pra o

    seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos, at o

    15(dcimo quinto dia), o autor ficara assegurado pela empresa, aps o 15(dcimo quinto

    dia), ser encaminhado para uma agncia da previdncia social, e logo, em seguida ser

    submetido a uma percia mdica, realizada por um mdico perito da instituio, a fim de

    reconhecer a incapacidade do postulante. Vale ressaltar, que o beneficio de auxilio-doena,

    devido tambm aquele Segurado Especial que cumprir com suas carncias e comprovar a sua

    qualidade de segurado, ou seja, de agricultor, podendo este solicitar a uma agncia da

    previdncia social, o pedido do auxilio-doena, logo o requerido tem que estar acometido de

    alguma patologia. A renda mensal inicial do auxilio-doena corresponde a 91% do salrio de

    beneficio. J no caso de Segurado Especial a renda mensal inicial do auxilio-doena de um

    salrio mnimo vigente na poca da solicitao.

    Auxlio-doena beneficio prprio de todos os segurados, historicamente o primeiro

    a ser institudo, podendo ser comum (derivado de doenas ou enfermidades) ou

    decorrer de acidente, do trabalho ou no. Ausente expressamente na CF, todavia

    sinalizado no art. 201, I, quando a Carta Magna fala em cobertura da doena14.

    13 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdencirio, 3 Ed., So Paulo: LTr, 2010, pg. 855. 14 IDEN. pg. 844.

  • 24

    O Auxilio- acidente ser concedido, como indenizao, ao segurado quando, aps

    consolidao das leses decorrentes de acidentes de qualquer natureza, resultarem seqelas

    que impliquem reduo da capacidade para o trabalho, o auxilio- acidente tem natureza

    indenizatria, ou seja, o objetivo de indenizar o segurado pelo fato de no ter plena

    capacidade de trabalho em razo do acidente. Logo, no caso de acidente de trabalho, o

    pagamento pela Previdncia Social do auxilio-acidente no exclui a responsabilidade civil da

    empresa ou de terceiros responsveis (GOES, 2009, pag.194).

    A concesso do auxilio-acidente independe de carncia, tendo como renda mensal

    inicial correspondente a 50% do salrio de beneficio que deu origem ao auxilio-doena,

    corrigido at o ms anterior ao do inicio do auxilio-acidente. O recebimento de salrio ou

    concesso de outro benefcio, exceto de aposentadoria, no prejudicar a continuidade do

    recebimento do auxlio-acidente 15.

    Quando falamos em Salrio-famlia, este direito est assegurado pela nossa

    Constituio Federativa do Brasil de 1988 em seu artigo 7, inciso XII, que elenca que o

    salrio- famlia ser pago em razo do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos

    da lei. Ser devido, mensalmente, ao segurado empregado e ao trabalhador avulso que tenham

    salrio de contribuio inferior ou igual a R$752,12 (setecentos de cinqenta e dois reais e

    doze centavos), na proporo do respectivo nmero de filhos ou equiparados de qualquer

    condio, at 14 anos de idade ou invlidos de qualquer idade. A incapacidade dever ser

    comprovada mediante exame mdico-pericial a cargo da previdncia social.

    De acordo com a Lei 8.213/91, os beneficirios do salrio- famlia so os seguintes:

    a) Segurado empregado e trabalhador avulso; Artigo 65 da Lei acima citada. b) O aposentado por invalidez ou por idade; Artigo 65 pargrafo nico da Lei acima citada.

    c) Os demais aposentados com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou 60 anos ou mais, se do feminino; Artigo 65 pargrafo nico

    da Lei acima citada (LEI. 8.213/91 art. 65)16.

    O Salrio- maternidade o benefcio devido segurada da Previdncia Social em

    funo do parto, de aborto no criminoso, da adoo ou da guarda judicial obtida para fins de

    adoo de crianas pelo perodo estabelecido em lei. O salrio-maternidade pode ser

    15 GOES, Hugo Medeiros de. Manual de Direito Previdencirio, 3 ed., Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2009, pg.

    198. 16 ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Lei 8.213/1991. 6 ed., So Paulo: Ed. Rideel, 2008, p. 1352.

  • 25

    requerido tantos para as mulheres que contribuem individualmente pelo um perodo mnimo

    de carncia de 10(dez) contribuies mensais, tanto para a mulheres que contribuem para o

    Regime Geral da Previdncia Social, como para a trabalhadoras rurais, ou seja, as seguradas

    especiais, que precisam comprovar no mnimo as 10 (dez) contribuies q que trabalharam na

    atividade agrcola at um certo perodo esse de gestao.

    PROCESSUAL E PREVIDENCIRIO. BENEFCIO. CONCESSO. SALRIO-

    MATERNIDADE. ART. 71 DA LEI 8.213/91. REDAO DA LEI 8.861/94.

    SEGURADA ESPECIAL. DECADNCIA. PRAZO. OCORRNCIA. RECURSO

    ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. I - A redao original do artigo 71 da Lei 8.213/91 no determinava prazo decadencial para a obteno do salrio-

    maternidade. Todavia, somente faziam jus a este benefcio a trabalhadora avulsa e

    a empregada domstica. II - Com a entrada em vigor da Lei 8.861/94, alterou-se o

    art. 71. Foi-lhe acrescentado um pargrafo nico, estendendo, agora, o mesmo

    benefcio segurada especial. Ademais, fixou-se prazo de 90 (noventa) dias, aps o

    parto, para o requerimento do salrio-maternidade III - Com a vigncia da Lei

    9.528/97, houve a revogao do pargrafo nico do artigo 71 da Lei 8.213/91, no

    mais se exigindo o prazo de 90 (noventa) dias para se postular o benefcio

    previdencirio. IV - Na hiptese dos autos, verifica-se que o nascimento do filho da

    recorrida ocorreu em 1996, ou seja, durante a vigncia da Lei 8.861/94. Desta forma,

    no se pode desconsiderar o prazo decadencial. V - Alm disso, na concesso do

    benefcio previdencirio, a lei a ser observada a vigente ao tempo do fato que lhe determinou a incidncia, da qual decorreu a sua juridicidade e conseqente produo

    do direito subjetivo percepo do benefcio. Portanto, aplicvel, espcie, o

    princpio do tempus regit actum. VI - Recurso especial conhecido e provido.

    "(...) no que tange prova do exerccio da atividade rural, a jurisprudncia tem

    entendido que, embora a Lei Previdenciria exija um indcio razovel de prova

    material, no sendo admitida a prova exclusivamente testemunhal, salvo na

    ocorrncia de motivo de fora maior ou caso fortuito art. 55, 3., da Lei n. 8.213/91 , tal exigncia, no caso dos trabalhadores rurais, deve ser relativizada, tendo-se em vista as peculiaridades que envolvem essa classe de

    trabalhadores (...). Esse entendimento, alis, j tem sido proclamado pela

    jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia, vejamos: "Constitucional.

    Previdencirio. Prova. Lei n. 8.213/91 (art. 55, 3.). Decreto n. 611/92 (arts. 60

    e 61). Inconstitucionalidade. O Poder Judicirio s se justifica se visar

    verdade real. Corolrio do princpio moderno de acesso ao Judicirio, qualquer

    meio de prova til, salvo se receber o repdio do Direito. A prova testemunhal

    admitida. No pode, por isso, ainda que a lei o faa, ser excluda, notadamente

    quando for a nica hbil a evidenciar o fato. Os negcios de vulto, de regra, so

    reduzidos a escrito. Outra, porm, a regra geral quando os contratantes so

    pessoas simples, no afeitas s formalidades do Direito (...). Impor outro meio

    de prova, quando a nica for a testemunhal, restringir-se- a busca da verdade

    real, o que no inerente do Direito Justo. Evidente a inconstitucionalidade da

    Lei n. 8.213/91 (art. 55, 3.) e do Decreto n. 611/92 (arts. 60 e 61)" (REsp n.

    79.962-SP, STJ, 6a Turma, rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJU de 27.5.96,

    p. 17938)". (Negrito nosso)

    A Penso por morte de acordo com o artigo 74 da Lei 8.213/91, a penso por morte

    ser devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou no, a contar

    a data:

  • 26

    I- Do bito, quando requerida at trinta dias depois deste; II- Do requerimento, quando requerida aps o prazo previsto no inciso anterior; III- Da deciso judicial, no caso de morte presumida. A penso poder ser concedida, em carter provisrio, por morte presumida:

    VI- Mediante sentena declaratria de ausncia, expedida por autoridade judiciria,

    a contar da data de sua emisso (Lei n 8.231/91, em seu artigo 78 caput); ou

    V- Em caso de desaparecimento do segurado por motivo de catstrofe, acidente ou desastre, a contar da datada ocorrncia, mediante prova hbil (Lei n 8.213, em

    seu artigo 78 1)17.

    Vale ressaltar, que para fins de obteno provisria, a morte presumida pode ser

    declarada judicialmente depois de seis meses de ausncia. Logo os beneficirios da penso

    por morte do falecido segundo o artigo 16 da Lei 8.213/91, so os beneficirios do Regime

    Geral da Previdncia Social, na condio de dependentes do segurado:

    I- O cnjuge, a companheira, o companheiro e o filho no emancipado, de qualquer

    condio, menor de 21 anos ou invalido.

    II- Os pais

    III- O irmo no emancipado, de qualquer condio, menor de 21 anos ou invlido.

    Vale salientar, que no ser concedida a penso por morte aos dependentes do

    segurado que falecer aps a perda da qualidade de segurado, segundo o artigo 102, 2 da Lei

    8.213/91.

    PREVIDENCIRIO. PENSO POR MORTE DE ESPOSA OU COMPANHEIRA.

    TRABALHADORA RURAL. BITO ANTERIOR VIGNCIA DA LEI

    8.213/91.

    1. No regime da LC 11/71 a unidade familiar compunha-se de apenas um

    trabalhador rural; os demais eram dependentes. A mulher casada, assim, somente

    poderia ser considerada segurada na qualidade de trabalhador rural e, por

    conseqncia, o homem, seu dependente, se o cnjuge varo fosse invlido e no

    recebesse aposentadoria por velhice ou invalidez (alnea "b" do inciso II do 3 do

    artigo 297, inciso III do artigo 275 e inciso I do artigo 12, todos do Decreto 83.080/79. 2. Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, em

    matria de concesso de penso a legislao aplicvel aquela vigente na data

    do bito, no se tratando, ademais, o inciso V do artigo 101 da Constituio

    Federal de norma auto-aplicvel. Assim, s se cogita de direito a penso por

    morte da esposa ou companheira se o bito ocorreu aps o incio da vigncia

    da Lei 8.213/91, em 05.04.91 (art. 145). (Origem: TRIBUNAL - QUARTA

    REGIO, Classe: AC - APELAO CIVEL, Processo: 200304010296385 UF: RS

    rgo Julgador: SEXTA TURMA, Data da deciso: 14/12/2005 Documento:

    TRF400118981) (Destaque nosso).

    PREVIDENCIRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. PENSO POR MORTE DA

    MULHER. TRABALHADORES RURAIS EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. BITO ENTRE A CF/88 E A LEI 8.213/91.

    17 ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Lei 8.213/1991. 6 ed., So Paulo: Ed. Rideel, 2008, p. 1353.

  • 27

    O benefcio de penso por morte se rege pela legislao vigente na data do

    bito. De acordo com as Leis Complementares n 11/71 e 16/73, vigente poca do

    bito, a penso por morte de trabalhador rural era devida apenas no caso de falecer o

    chefe ou arrimo da famlia. Portanto, o bito da esposa, em regra, no ensejava

    direito penso ao marido. O marido faria jus penso somente se fosse invlido.

    No caso dos autos, o marido da "de cujus" no era invlido, pelo que no faz jus

    penso por morte. Embargos infringentes rejeitados. (Origem: TRIBUNAL -

    QUARTA REGIO, Classe: EIAC - EMBARGOS INFRINGENTES NA

    APELAO CIVEL, Processo: 199904011324395 UF: RS rgo Julgador:

    TERCEIRA SEO, Data da deciso: 21/02/2001 Documento: TRF400081393)

    (Destaque nosso).

    PREVIDENCIRIO - PENSO POR MORTE - TRABALHADORA RURAL -

    VIVO NO INVLIDO NO FAZ JUS - LEGISLAO APLICVEL -

    SENTENA CONFIRMADA.

    1. O fato idneo previsto em lei, capaz de fazer nascer o direito percepo do

    benefcio de penso por morte, s se verifica na data do bito do segurado,

    devendo ser obedecido o princpio tempus regit actum, segundo o qual aplica-se

    a lei vigente poca de sua ocorrncia. 2. Por fora do art. 3, 2, da Lei

    Complementar n 11/71, somente podiam ser tidas como dependentes dos

    trabalhadores rurais as pessoas assim definidas na Lei Orgnica da Previdncia

    Social (Lei 3.807, de 26 de agosto de 1960) e em legislao posterior, em relao aos segurados do Sistema Geral de Previdncia Social. Em outras palavras, tomando

    por base o art. 13 da Lei n 3.807/60, s esposa - a par de outras pessoas

    mencionadas (marido invlido e filhos, nas condies assinaladas) - era lcita a

    presuno de depender do marido. Pessoas outras necessitam provar essa

    dependncia. 3. Com efeito, somente a partir da norma inserta no artigo 201 da

    Constituio Federal vigente (de eficcia plena), a organizar a previdncia

    social sob a forma de regime geral, de carter contributivo e de filiao

    obrigatria, restou estabelecida a igualdade direitos penso por morte do

    segurado, homem ou mulher, ao cnjuge ou companheiro e dependentes,

    observado o valor mensal mnimo. 4. de se aceitar, desse modo, a presuno

    de dependncia econmica do marido (no-invlido) em relao esposa

    (falecida) somente aps a promulgao da Constituio Federal, posio

    adotada, posteriormente, com o advento da Lei n 8.213/91 (artigo 16,

    pargrafo 4). 5. Apelo do autor improvido. 6. Sentena mantida. (Origem:

    TRIBUNAL - TERCEIRA REGIO, Classe: AC - APELAO CIVEL 529714, Processo: 199903990875653 UF: SP rgo Julgador: QUINTA TURMA, Data da

    deciso: 24/06/2002 Documento: TRF300063612) (Destaque nosso).

    O Auxlio- recluso um beneficio pago aos dependentes do segurado de baixa

    renda, enquanto este estiver recluso, ser devido, nas mesmas condies da penso por morte,

    aos dependentes do segurado recolhido priso, que no receber remunerao da empresa

    nem estiver em gozo de auxilio- doena, de aposentadoria ou de abono de permanncia de

    servio.

    A data de incio da concesso do benefcio ocorre com o efetivo recolhimento do

    segurado priso.

    Logo se o preso faceler enquanto estiver detido, e algum beneficirio estiver

    recebendo o auxilio- recluso, o beneficio transforma-se em penso por morte.

    A jurisprudncia caminha neste sentido, in verbis:

  • 28

    Previdencirio- Auxlio- Recluso. devido o auxlio-recluso aos dependentes do segurado que no tiver salrio- de- contribuio na data do recolhimento priso por estar desempregado, sendo irrelevante circunstncia anterior do ltimo salrio

    percebido pelo segurado ultrapassar o teto previsto no art.116 do Decreto n.

    3.048/99. Apelao e remessa oficial providas em parte. (TRF da 4 Reg.,AC. 2000.04.01.138670-8, Rel. Juiz Joo Surreaux Chagas, 6 T.,

    DJU de 22/08/01).

    PREVIDENCIRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. ATIVIDADE

    RURCOLA. INCIO DE PROVA MATERIAL. REEXAME DE MATRIA

    FTICA. SMULA N. 07/STJ. CARNCIA. DESNECESSIDADE. RECURSO

    NO CONHECIDO. 1. Com base no conjunto ftico-probatrio dos autos, o

    acrdo recorrido reconheceu o tempo de servio exigido para a concesso do

    benefcio de aposentadoria por invalidez em atividade laborativa rurcola, questo que no pode ser revista em sede de recurso especial por demandar reexame de

    matria ftica. Incidncia da Smula n. 7 do STJ. 2. O trabalhador rural, na

    condio de segurado especial, faz jus no s aposentadoria por invalidez, como

    tambm a auxlio-doena, auxlio-recluso, penso e aposentadoria por idade,

    isentas de carncia, no valor equivalente a um salrio-mnimo. 3. Recurso especial

    no conhecido. (TRF da 4 Reg.,AC. 2000.04.01.138670-8, Rel. Juiz Joo Surreaux

    Chagas, 6 T., DJU de 22/08/01).

    Quando falamos em reabilitao profissional e do servio social, esse trabalho

    institudo sob a denominao genrica de habilitao e reabilitao profissional, o Instituto

    Nacional de Seguridade Social- INSS presta servio de assistncia educativa e de readaptao

    profissional. Com isto, visa proporcionar aos beneficirios, incapacitados parcial ou

    totalmente para o trabalho, em carter obrigatrio, independentemente de carncia, e s

    pessoas portadoras de deficincia, os meios indicados para proporcionar o reingresso no

    mercado de trabalho e no contexto em que vivem.

    O tema Assistncia Social ser tratado com mais profundidade nos captulos dois e

    trs que trataremos mais a frente, esse tema, hoje se encontra em grande discusso tanto nas

    doutrinas como nos Tribunais, quais sejam STJ - Superior Tribunal de Justia e no STF

    Supremo Tribunal Federal, a Assistncia Social, est garantida no artigo 203 da Constituio

    Federativa do Brasil de 1988, em que, em seu texto enfatiza:

    Art. 203. A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos:

    I - a proteo famlia, maternidade, infncia, adolescncia e velhice;

    II - o amparo s crianas e adolescentes carentes;

    III - a promoo da integrao ao mercado de trabalho;

    IV - a habilitao e reabilitao das pessoas portadoras de deficincia e a promoo

    de sua integrao vida comunitria;

    V - a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de

    deficincia e ao idoso que comprovem no possuir meios de prover prpria

  • 29

    manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conforme dispuser a lei18.

    So objetos da Assistncia Social; a proteo famlia, maternidade,

    adolescncia e velhice; o amparo s crianas e adolescentes carentes; a promoo da

    integrao ao mercado de trabalho; a habitao e a reabilitao das pessoas portadoras de

    deficincia e a promoo de sua integrao vida comunitria; a garantia de um salrio

    mnimo mensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso que comprovem no possuir

    meios de prover prpria manuteno ou t-la provida por sua famlia, conforme dispuser a

    lei.

    A Lei n 8.742, de 7-12-1993, denominada Lei Orgnica da Assistncia Social -

    LOAS regulamentou o artigo 203 da Constituio Federal da Repblica de 1988, e definiu a

    assistncia social como:

    Art. 1 A Assistncia Social, direito do cidado e dever do Estado, Poltica de

    Seguridade Social no contributiva, que prov os mnimos sociais, realizada atravs

    de um conjunto integrado de aes de iniciativa pblica e da sociedade, para garantir

    o atendimento s necessidades bsicas 19.

    Prov os mnimos sociais, ou seja, deve garantir ao assistido o necessrio para a sua

    existncia com dignidade.

    A Lei Orgnica da Assistncia Social LOAS foi, regulamentada pelo Decreto

    nmero 1.744, de 8-12-1995, revogado pelo Decreto nmero 6.214, de 26-9-2007.

    O artigo 204 da Constituio Federal de 1988 estabelece que o financiamento da

    Assistncia Social seja feito com recursos do oramento da seguridade social, previstos no

    artigo 195 da mesma Constituio acima citada. Alm dos princpios regidos pela

    Constituio Federativa do Brasil de 1988, esto previstos tambm os enfatizados no artigo 4

    da Lei Orgnica da Assistncia Social LOAS.

    Art. 4o Para os fins do reconhecimento do direito ao benefcio, considera-se:

    I - idoso: aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais;

    II - pessoa com deficincia: aquela cuja deficincia a incapacita para a vida

    independente e para o trabalho;

    III - incapacidade: fenmeno multidimensional que abrange limitao do

    18 ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Constituio Federal- 1988. 6 ed., So

    Paulo: Ed. Rideel, 2008, p. 83. 19 ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Lei 8.742/1993. 6 ed., So Paulo: Ed. Rideel, 2008, p 1.359.

  • 30

    desempenho de atividade e restrio da participao, com reduo efetiva e

    acentuada da capacidade de incluso social, em correspondncia interao entre a

    pessoa com deficincia e seu ambiente fsico e social;

    IV - famlia incapaz de prover a manuteno da pessoa com deficincia ou do idoso:

    aquela cuja renda mensal bruta familiar dividida pelo nmero de seus integrantes

    seja inferior a um quarto do salrio mnimo;

    V - famlia para clculo da renda per capita, conforme disposto no 1o do art. 20 da Lei

    no 8.742, de 7 de dezembro de 1993: conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto,

    assim entendido, o requerente, o cnjuge, a companheira, o companheiro, o filho no

    emancipado, de qualquer condio, menor de 21 anos ou invlido, os pais, e o irmo no

    emancipado, de qualquer condio, menor de 21 anos ou invlido; e VI - renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos

    mensalmente pelos membros da famlia composta por salrios, proventos, penses,

    penses alimentcias, benefcios de previdncia pblica ou privada, comisses, pr-

    labore, outros rendimentos do trabalho no assalariado, rendimentos do mercado

    informal ou autnomo, rendimentos auferidos do patrimnio, Renda Mensal

    Vitalcia e Benefcio de Prestao Continuada, ressalvado o disposto no pargrafo

    nico do art. 19.

    1o Para fins do disposto no inciso V, o enteado e o menor tutelado equiparam-se a

    filho mediante comprovao de dependncia econmica e desde que no possuam

    bens suficientes para o prprio sustento e educao. 2 Para fins de reconhecimento do direito ao Benefcio de Prestao Continuada s

    crianas e adolescentes menores de dezesseis anos de idade, deve ser avaliada a

    existncia da deficincia e o seu impacto na limitao do desempenho de atividade e

    restrio da participao social, compatvel com a idade, sendo dispensvel proceder

    avaliao da incapacidade para o trabalho.

    3 Para fins do disposto no inciso V, o filho ou o irmo invlido do requerente que

    no esteja em gozo de benefcio previdencirio ou do Benefcio de Prestao

    Continuada, em razo de invalidez ou deficincia, deve passar por avaliao mdico

    pericial para comprovao da invalidez.(Decreto nmero 6.214, de 26-9-2007.Art.

    4)20.

    Conforme o Estatuto do idoso, que entrou em vigor no dia primeiro de outubro de

    2003:

    Art. 10 2 O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade fsica,

    psquica e moral abrangendo a preservao da imagem, da identidade, da autonomia,

    de valores, ideias e crenas, dos espaos e dos objetivos pessoais21.

    Vale ressaltar que Idoso uma pessoa considerada de terceira idade. Classificada

    cronologicamente como idosos as pessoas com mais de 65 anos de idade. Os incisos I a V do

    artigo 203 da Constituio Federativa do Brasil de 1988, asseguram assistncia social por

    20

    ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Lei 8.742/1993. 6 ed., So Paulo: Ed. Rideel, 2008, p 1.359. 21 Brasil, Ministrio da Sade. Estatuto do Idoso / Ministrio da Sade. 1. ed., 2. reimpresso. Braslia: Ministrio da Sade, 2003. Lei n. 10.741, de 1. de outubro de 2003. Disponvel em:

    . Acessado em 23 de maro de 2011.

  • 31

    meio de benefcios e servios. J no inciso V do mesmo artigo e da mesma Constituio,

    garante um salrio mnimo de beneficio mensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso

    que comprovem no possuir meios de prover prpria manuteno ou de t-la provida por

    sua famlia, conforme dispuser a lei.

    O termo Sade regido pelo artigo 196 da Constituio Federal de 1988 ora

    vejamos:

    A sade direito de todos e dever do estado, garantido mediante polticas sociais e

    econmicas que visem reduo do risco de doena e de outros agravos e ao acesso

    universal e igualitrio s aes e servios para a sua promoo, proteo e

    recuperao22.

    A sade direito de todos e dever do estado, independente da classe social, ademais,

    logo temos a devida impresso de quando adentramos em hospital pblico ou particular, seja

    ele, as pessoas so tratadas conforme seu padro de vida, e no pela necessidade que assola tal

    paciente ou tal famlia, a desigualdade social, sentida at nos momentos de grande

    necessidade.

    Logo o Artigo 197 da Constituio Federal de 1988 estabelece que as aes e

    servios de sade so de relevncia pblica, demonstrando que o Estado est comprometido

    com a sade da populao, a proteo se d na forma de polticas publicas (CONSTITUIO

    FEDERAL, 1988, art.197).

    O artigo 198 da Constituio Federal de 1988 enfatiza que as aes e servios de

    sade integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema nico; O

    Sistema nico de Sade- SUS, criado pela Lei n 8.080/90, financiado com recurso do

    oramento da seguridade social, da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    A Lei n 8.080/90 dispe sobre as condies para a promoo, proteo e recuperao da

    sade, a organizao e o funcionamento dos servios correspondentes e d outras

    providncias.

    A moradia, saneamento bsico, o meio ambiente, a renda, a educao, o transporte, o

    lazer e o acesso aos bens e servios. A Lei n 8.080/90 repete princpios e garantias

    constitucionais. Em seu artigo 7 determina obedincia ao disposto no artigo 198 da

    Constituio Federal de 1988, e, em seus diversos incisos, ora vejamos:

    22 ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Constituio Federal - 1998. 6 ed., So Paulo: Ed. Rideel, 2008, p 81.

  • 32

    Art. 7 As aes e servios pblicos de sade e os servios privados contratados ou

    conveniados que integram o Sistema nico de Sade (SUS), so desenvolvidos de

    acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituio Federal, obedecendo

    ainda aos seguintes princpios:

    I - universalidade de acesso aos servios de sade em todos os nveis de assistncia;

    II - integralidade de assistncia, entendida como conjunto articulado e contnuo das

    aes e servios preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada

    caso em todos os nveis de complexidade do sistema;

    III - preservao da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade fsica e

    moral;

    IV - igualdade da assistncia sade, sem preconceitos ou privilgios de qualquer espcie;

    V - direito informao, s pessoas assistidas, sobre sua sade;

    VI - divulgao de informaes quanto ao potencial dos servios de sade e a sua

    utilizao pelo usurio;

    VII - utilizao da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocao

    de recursos e a orientao programtica;

    VIII - participao da comunidade;

    IX - descentralizao poltico-administrativa, com direo nica em cada esfera de

    governo:

    a) nfase na descentralizao dos servios para os municpios;

    b) regionalizao e hierarquizao da rede de servios de sade; X - integrao em nvel executivo das aes de sade, meio ambiente e saneamento

    bsico;

    XI - conjugao dos recursos financeiros, tecnolgicos, materiais e humanos da

    Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios na prestao de servios

    de assistncia sade da populao;

    XII - capacidade de resoluo dos servios em todos os nveis de assistncia; e

    XIII - organizao dos servios pblicos de modo a evitar duplicidade de meios para

    fins idnticos23.

    So princpios e diretrizes que se aplicam no somente s instituies pblicas que

    prestam servios de sade, mas tambm aos servios privados contratados ou conveniados

    que integram o SUS. Existem participao de varias esferas que organizao de forma

    regionalizada e hierarquizada em nveis de complexidade crescente, que so elas; Cabe ao

    Ministrio da Sade, no plano federal, dirigir o SUS, (artigo 9, I, da Lei n 8.080/90). Nos

    Estados e no Distrito Federal, a direo compete respectiva Secretaria de Sade ou rgo

    equivalente (artigo 9 II, da Lei n 8.080/90). Nos Municpios, o SUS dirigido pela

    Secretaria Municipal de Sade ou rgo equivalente (artigo 9 III, da Lei n 8.080/90).

    Vale ressaltar que, a comunidade participa da gesto do SUS na forma da Lei n

    8.142, de 28-12-1990, que criou duas instncias colegiadas em cada esfera de governo

    Conferncia de Sade e o Conselho de Sade (artigo 1, I, II). A Conferncia de Sade tem a

    representao de vrios segmentos sociais, e se rene a cada 04 (quatro) anos para avaliar a

    situao de sade e propor diretrizes de polticas pblicas (artigo 1, 1). O Conselho de

    23 ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Constituio Federal - 1998. 6 ed., So Paulo: Ed. Rideel, 2008, p 39.

  • 33

    Sade tem carter permanente e deliberativo. Trata-se de rgo colegiado composto por

    representantes do governo, prestadores de servios, profissionais de sade e usurios, com

    atuao voltada para a formulao de estratgias e para o controle de execuo da poltica de

    sade na instncia correspondente.

    1.1.3- Da Constituio Mexicana e de Weimar, passando a alar os Direitos Sociais

    A fonte ideolgica da Constituio Poltica dos Estados Unidos Mexicanos, promulgada em 5 de fevereiro de 1917, foi a doutrina anarcosindicalista, que se

    difundiu no ltimo quartel do sculo XIX em toda a Europa, mas principalmente na

    Rssia, na Espanha e na Itlia. O pensamento de Mikhail Bakunin muito influenciou

    Ricardo Flore Magn, lder do grupo Regeneracin, que reunia jovens intelectuais

    contrrios a ditadura de Porfrio Diaz24.

    mister enfatizar o inicio da constitucionalizao dos direitos sociais, dentre as quais

    tm como precursoras as Constituies do Mxico de 1917 e a Alem de 1919 Constituio

    de Weimar, passando a alar os direitos sociais em nvel constitucional25

    .

    O Estado da democracia social, cujas linhas-mestras j haviam sido traadas pela Constituio mexicana de 1917, adquiriu na Alemanha de 1919 uma estrutura mais

    elaborada, que veio a ser retomada em vrios pases aps o trgico interregno nazi-

    fascista e a 2 Guerra Mundial. A democracia social representou efetivamente, at o

    final do sculo XX, a melhor defesa da dignidade humana, ao complementar os

    direitos civis e polticos que o sistema comunista negava com os direitos econmicos e sociais, ignorados pelo liberal-capitalismo. De certa forma, os dois

    grandes pactos internacionais de direitos humanos, votados pela Assemblia Geral

    das Naes Unidas em 1966, foram o desfecho do processo de institucionalizao da

    democracia social, iniciado por aquelas duas Constituies no incio do sculo26.

    Da porque se tem entendido que a fase do Constitucionalismo Social tem seu incio

    marcado pelas Constituies Mexicana e de Weimar. Nela percebe-se a grande influncia

    religiosa na sociedade e no Estado.

    Ademais, em meios a percalos da segunda guerra mundial, a seguridade social

    passou a ser entendida como um conjunto de medidas que deveriam agregar no mnimo, os 24 COMPARATO, Fbio Konder. A Constituio Mexicana de 1917. Disponvel em: <

    http://www.dhnet.org.br/educar/redeedh/anthist/mex1917.htm >. Acessado em 23 de fevereiro de 2011. 25 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista, Manual de Direito Previdencirio, 7 ed. So

    Paulo:LTr, 2006,p.43. 26PINHEIRO, Maria Cludia Buccgianeri. A Constituio de Weimar e os direitos fundamentais sociais.

    Disponvel em: < http://jus.uol.com.br/revista/texto/9014/a-constituicao-de-weimar-e-os-direitos-fundamentais-sociais> . Acessado em 23 de fevereiro de 2011.

  • 34

    seguros sociais e a assistncia social, que deveriam ser organizadas e coordenadas

    publicamente.

    Destarte, a partir do fim da segunda guerra mundial, caminha-se para o estgio final

    da evoluo, onde todos os cidados devero ser amparados em suas necessidades por

    servios estatais.

    No entender de Mauro Ribeiro Borges acerca do sistema de proteo social, que:

    A proteo social deve se dar, no somente ao trabalhador, mas tambm de modo

    universal a todo o cidado, independentemente de qualquer contribuio para o

    sistema. Segundo essa corrente, a responsabilidade do Estado maior, como

    oramento estatal financiando a proteo social dos cidados27.

    Os direitos sociais, ao contrrio, tm por objeto no uma absteno, mas uma

    atividade positiva do Estado, pois o direito educao, sade, ao trabalho, previdncia

    social e outros do mesmo gnero s se realizam por meio de polticas pblicas, isto ,

    programas de ao governamental.

    Foi efetivamente no sculo XX que os direitos sociais passaram de meras aspiraes

    e reivindicaes da classe trabalhadora e dos menos favorecidos para tornarem-se

    verdadeiramente direitos subjetivos, palpveis e concretizveis, pois foi devido s

    conseqncias da segunda grande guerra mundial que o bloco vencedor das potncias

    democrticas liberais foram foradas a reformularem suas polticas sociais.

    O Welfare State, ou estado do bem-estar social, que foi criado no sculo XX como a

    resposta jurdica, a partir de uma deciso poltica, para os anseios surgidos ainda em meados

    do sculo anterior, marcado pelo choque provocado pelo ideal socialista. Este surgiu nos

    pases europeus devido expanso do capitalismo aps a Revoluo Industrial e o

    Movimento de um Estado Nacional visando democracia. Segundo Snia Draibe, seu incio

    efetivo d-se exatamente com a superao dos absolutismos e a emergncia das democracias

    de massa 28.

    Lamartino Frana referindo-se a criao do Welfare State, quando foi atribudo ao

    Estado uma participao ativa e significativa nas aes voltadas para assistncia social, sade

    e previdncia. Estavam assim lanados as bases para a segurana social, o que no Brasil se

    27 BORGES, Mauro Ribeiro, apud CASTRO Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista, Manual de

    Direito Previdencirio, 7 ed. So Paulo: LTr, 2006, p.45. 28 DRAIBE, Snia, apud, WIECZYNSKI, Marineide, Consideraes tericas sobre o surgimento do Welfare

    State e suas implicaes nas polticas sociais: uma verso preliminar. Disponvel em: . Acessado em 30 de maio de 2011.

  • 35

    denominou Seguridade Social29

    .

    No entanto, observa-se que referida evoluo o reflexo de trs formas distintas de

    soluo do problema: a da beneficncia entre as pessoas; a da assistncia pblica; e a da

    previdncia social, que culminou no ideal de seguridade social, at o estgio em que se mostra

    como um direito subjetivo, tutelado pelo Estado e pela sociedade aos seus membros30

    .

    Por fim, no h diferenas significativas acerca da evoluo do sistema de proteo

    social no Brasil quando comparado com a que ocorreu no resto do mundo.

    29 OLIVEIRA, Lamartino Frana de, Direito Previdencirio: Manuais para concurso e graduao, So

    Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 22. 30 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista, Manual de Direito Previdencirio, 7ed. So

    Paulo:LTr, 2006, p.35.

  • 36

    CAPITULO II - DOS BENEFCIOS ASSISTENCIAIS

    2.1 Consideraes Iniciais

    Inicialmente, a idia da pesquisa centrada nos benefcios ou em particular no

    beneficio assistencial ao Idoso, surgiu da vivencia forense na advocacia, na posio de

    estagirio, atuando em lides previdencirias.

    Aps ter sido descrito no capitulo anterior, a origem dos direitos sociais no mundo

    bem como no Brasil, enfatizando em sntese toda evoluo histrica e legal, passar-se- agora

    aos benefcios no contributivos previstos na Constituio da Republica Federativa do Brasil

    de 1988 e na Lei Orgnica de Assistncia Social de 1993.

    O beneficio assistencial, chamado pela Lei de benefcio de prestao continuada,

    instrumento da Assistncia Social, insculpido expressamente em nossa Carta Magna em favor

    dos necessitados.

    O Benefcio Assistencial ao Idoso vem regido pela Lei n 8.742, de 7-12-1993,

    denominada Lei Orgnica da Assistncia Social- LOAS; A LOAS foi regulamentado pelo

    Decreto n 1.744, de 8-12-1995, revogado pelo Decreto n 6.214, de 26-09-2007, que exigem

    o preenchimento dos seguintes requisitos:

    Comprovao de deficincia ou idade mnima de 65 anos para o idoso no-deficiente;

    Renda familiar mensal per capita inferior a do salrio mnimo;

    No estar vinculado a nenhum regime de previdncia social;

    No receber benefcio de espcie alguma.

    Portanto, segundo a referida norma, considerado idoso, de acordo com o Estatuto

    do Idoso, o indivduo, independentemente de sexo, que alcance 65 anos de idade, para o fim

    da concesso do benefcio assistencial.

    Quanto deficincia fsica, o artigo 20, 2, da LOAS condiciona a aferio de tal

    condio a exame pericial a ser realizado por mdico do Instituto Nacional de Seguro Social.

    Enfatiza ainda que pessoa portadora de deficincia: aquela incapacitada para a vida

    independente e para o trabalho.

    O segundo requisito faz referncia quanto comprovao da carncia por parte do

    idoso ou deficiente, que se fadar a partir da avaliao da renda familiar. Igualmente no pode

  • 37

    estar vinculado a nenhum regime de previdncia social, nem receber benefcio de espcie

    alguma.

    No entanto, os pontos polmicos como o limite da renda per capita, a concesso de

    dois benefcios assistncias a pessoas do mesmo grupo familiar, seja ao idoso seja a pessoa

    portadora de deficincia, e outros que h muitos foram estabelecidos, sero expostos e

    pormenorizados em seus vrios pontos, inclusive trazendo relevantes decises baseadas em

    um dos mais importantes princpios Constitucionais, o da dignidade da pessoa humana,

    visando incluir no seio de uma sociedade individualista os desamparados, os excludos.

    2.2 Origem e Evoluo do Benefcio Assistencial

    Com a edio da Lei n 6.179 - de 11-12- 1974, foi instituda a criao do benefcio

    pago pela Previdncia Social, chamado de renda mensal vitalcia, hoje j extinto. Abrangia os

    idosos maiores de 70 anos ou os invlidos que exercessem atividade remunerada, no

    auferissem qualquer rendimento superior ao valor da renda mensal, no fossem mantido por

    pessoa de quem dependessem obrigatoriamente e no tivessem outro meio de prover o prprio

    sustento31.

    Ademais, a renda mensal vitalcia integrou o rol dos benefcios da Previdncia

    Social at a regulamentao do inciso V do artigo 203 da Constituio Federal de

    1988 quando foi substitudo e extinto pelo benefcio assistencial, que se deu pela Lei

    n 8.742/93. LOAS foi regulamentado pelo Decreto n 1.744, de 8-12-1995,

    revogado pelo Decreto n 6.214, de 26-09-2007.32

    Ao ser observado o artigo 1 da lei n 6.179/74 in verbis:

    Art. 1 Os maiores de 70 (setenta) anos de idade e os invlidos, definitivamente incapacitados para o trabalho, que, num ou noutro caso, no exeram atividade

    remunerada, no aufiram rendimento, sob qualquer forma, superior ao valor da

    renda mensal fixada no artigo 2, no sejam mantidos por pessoa de quem dependam

    obrigatoriamente e no tenham outro meio de prover ao prprio sustento, passam a

    ser amparados pela Previdncia Social, urbana ou rural, conforme o caso, desde que:

    I - tenham sido filiados ao regime do INPS, em qualquer poca, no mnimo por

    12(doze) meses, consecutivos ou no, vindo a perder a qualidade de segurado; ou

    31

    CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista, Manual de Direito Previdencirio, 7 Ed. So Paulo: LTr, 2006, p.634. 32

    CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista, Manual de Direito Previdencirio, 7 Ed. So Paulo: LTr, 2006, p.635.

  • 38

    II - tenham exercido atividade remunerada atualmente Includa no regime do INPS

    ou do FUNRURAL, mesmo sem filiao Previdncia Social, no o mnimo por 5

    (cinco) anos, consecutivos ou no, ou ainda:

    III - tenham ingressado no regime do INPS, aps complementar 60 (sessenta) anos

    de idade sem direito aos benefcios regulamentares.33

    Quanto idade dos beneficirios, s alcanava o beneficio os idosos maiores de 70

    anos. No entanto com a LOAS o amparo aos idosos reduziu a idade para 67 anos a partir de

    1 de janeiro de 1998. Contudo, com o advento do Estatuto do Idoso, instituto pela Lei n

    10.741, de 1 de outubro de 2003, foi reduzido para 65 anos conforme descreve o artigo 34,

    caput, in verbis:

    Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que no possuam meios

    para prover sua subsistncia, nem de t-la provida por sua famlia, assegurado o

    benefcio mensal de 1 (um) salrio-mnimo, nos termos da Lei Orgnica da

    Assistncia Social Loas 34.

    Ento desde a publicao da referida Lei que regulamentou o Texto Constitucional,

    vrias mudanas ocorreram em suas existncias que se d h pouco mais de uma dcada,

    comeando com o Decreto n 1.744/95 logo em seguida com a Lei n 9.720/98, nova redao

    da a dispositivos da Lei 8. 742/93, bem como o Estatuto do Idoso. Vele ressaltar, que boa

    parte dos dispositivos foram revogado pelo Decreto n 6.214, de 26-09-2007.

    Como j salientado, o benefcio assistencial devido pessoa portadora de

    deficincia, que consoante a dico do artigo 20, 2, da Lei n 8.742/93, aquela

    incapacitada para a vida independentemente para o trabalho. Desta forma, no basta

    simples alegao de que o indivduo no pode exercer atividade labor ativa. Tal situao

    pode, quando muito, gerar direito ao benefcio previdencirio de auxlio-doena ou

    aposentadoria por invalidez, que exigem contribuio.

    2.3 Impactos Dos Benefcios Assistenciais Como Fomentadores da Incluso Social

    Primeiramente, antes de se abordar a fomentao da incluso social no Brasil, que

    33 GEISEL, Ernesto. Braslia, 11 de Dezembro de 1974, Lei n 6.179/74. Disponvel em:

    . Acessado em 06 de junho de 2011. 34

    ANGHER, Anne Joyce (Org). Vade Mecum Acadmico de Direito, Lei 10.741/ 2003 Art. 34. 6 ed., So Paulo: Ed. Rideel, 2008, p. 1.233.

  • 39

    ocorre atravs da efetiva concesso dos benefcios assistenciais aos hipossuficientes, aos

    excludos, que sobrevivem abaixo da linha de pobreza, ser abordada a dignidade da pessoa

    humana a partir da Carta Magna de 1988.

    Os direitos sociais foram reconhecidos desde o elenco dos direitos humanos

    promulgados pela ONU em 1948, os quais dizem respeito a quatro liberdades fundamentais:

    de opinio, de crena, de no submisso ao medo e misria. No entanto, a lei e as

    desigualdades existentes na realidade demonstraram um enorme contraste. nesse contexto

    que se fala no campo social e nas polticas sociais como estratgia de despolitizao das

    desigualdades.

    Nesse diapaso a Constituio descreveu o Principio da dignidade da pessoa humana

    como um dos mais importantes, elevando-o como principio fundante da ordem jurdica e a

    finalidade principal do Estado, pois nenhum principio mais valioso para compendiar a

    unidade material da Constituio.35

    Seguindo o entendimento de Rodrigo Pires da Cunha a noo de dignidade da pessoa

    humana foi uma criao intelectual que surgiu a partir do plano filosfico como reflexo, logo

    se consagrando como valor moral, e finalmente, adquirindo um valor jurdico. Assim as

    idias como proposies surgem na filosofia, consagram-se na moral e se fortalecem com o

    Direito 36.

    possvel afirmar que o contedo jurdico da dignidade se relaciona com os

    chamados direitos fundamentais ou humanos. Isto , ter respeitada sua dignidade o indivduo

    cujos direitos fundamentais forem observados e realizados, ainda que a dignidade no se

    esgote neles.

    Percebe-se que ao Estado imposto alm do dever de respeito e proteo s pessoas,

    a obrigao de promover as condies que viabilizem e removam todos os obstculos que

    estejam a impedir s pessoas de viverem com dignidade.37

    Dignidade da pessoa humana e cidadania no so apenas o que a lei e a doutrina

    pregam, muito alm, o pai de famlia poder escrever o seu nome, ler em um cartaz o que

    est escrito, saber seus direitos e deveres para assim poder cobrar de seus governantes, sair

    do anonimato e chegar concretizao de um sonho, concluir um curso superior, a criana

    35 SARLET, Ingo Wolfgang.