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A DIDÁTICA DOS PROFESSORES DA UPE: UMA ANÁLISE NO PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM
Robson Farias da Silva Lucas Vieira do AmaralEliane LacerdaMarcílio Souza Júnior Ana Rita LorenziniAlunos da Escola Superior de Educação Física – ESEF / UPEMarceloTavaresProfessor da Escola Superior de Educação Física – ESEF / UPE
RESUMONos cursos de graduação da UPE, têm surgido inquietações por parte do(a)s aluno(a)s quanto à didática do(a)s professore(a)s, a qual revela dificuldades teóricometodológicas no cotidiano da prática pedagógica dos diferentes cursos dessa Universidade. A ausência de uma didática que atenda a um ensino de qualidade põe em risco o processo de ensinoaprendizagem, dificultando a apreensão dos conhecimentos pelos futuros profissionais em formação. A partir dessa inquietação, a presente pesquisa analisou a didática dos professores da UPE, com base nos planos de trabalho (ensino e ação), considerando o processo de ensino e de aprendizagem. Com relação à metodologia da pesquisa de abordagem qualitativa, com base na análise de conteúdo, analisamos quatro planos de trabalho dos professores de cada curso de graduação das unidades de ensino, elaborados no semestre 2008.1. Para a coleta e escolha aleatória desses planos, contamos com a ajuda dos coordenadores dos cursos de graduação. Como resultado, verificamos que a maioria dos professores demorou a entregar os planos de trabalho (instrumento de análise) e não apresentaram, em seus planos, todos os conteúdos temáticos da pesquisa (objetivo, metodologia, avaliação). Alguns dos professores não perceberam a diferença existente entre plano de ensino e programa de ensino, como também, docentes de uma mesma unidade, copiaram na íntegra os conteúdos temáticos de outros planos e ainda elaboraram os objetivos de ensino, ao nível do comportamento do professor. Quanto aos cursos de licenciatura evidenciaram avanços pedagógicos diante dos conteúdos temáticos analisados. Assim, concluímos que 60% dos professores da UPE encontramse ainda arraigados da didática instrumental, decorrente das seguintes razões: ausência de uma reflexão sobre o saber e o fazer na prática pedagógica dos professores; ausência de uma formação continuada para os professores, em serviço, com o enfoque nas discussões pedagógicas e com o apoio das unidades de ensino; e ausência da articulação da realidade de vida dos alunos com os conhecimentos sistematizados pelos professores. Enfim, temos como expectativa que essa pesquisa possa: a) apontar alternativas para que os professores reflitam ou ressignifiquem sua didática e b) contribuir teóricometodologicamente para as discussões do Núcleo Gestor do Prodocência da Próreitoria de GraduaçãoUPE.
Palavras chaves: Formação continuada, Didática, Plano de trabalho, Ensinoaprendizagem.
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A DIDÁTICA DOS PROFESSORES DA UPE: UMA ANÁLISE NO PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃONos cursos de graduação da UPE, têm surgido inquietações por parte do(a)s aluno(a)s quanto à didática do(a)s professore(a)s, a qual revela dificuldades teóricometodológicas no cotidiano da prática pedagógica dos professores de diferentes cursos dessa universidade. Muitos dos alunos destacam que a metodologia de ensino dos professores da UPE é obsoleta e repetitiva (RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL, 20042006). A ausência de uma didática que atenda a um ensino de qualidade põe em risco o processo de ensinoaprendizagem, dificultando a apreensão dos conhecimentos pelos futuros profissionais em formação. Os conhecimentos são tratados distante de uma prática reflexiva, crítica, sistematizada e contextualizada, já que muitos dos professores do ensino superior se preocupam apenas em ensinar o conteúdo pelo conteúdo. São nos momentos das aulas que os professores podem melhorar a sua didática, contribuindo para enriquecer o trato com os conhecimentos de uma determinada disciplina. A qualidade da didática é fundamental para enriquecer os conhecimentos tratados pelos professores durante a formação. Assim sendo, entendemos como objetivo dessa pesquisa analisar a didática dos professores dos cursos de formação de profissionais da UPE, a partir de um estudo com base no planejamento de ensino dos professores que serão representados pelas unidades da UPE. Muitos dos cursos de Ensino Superior ainda apresentam na prática pedagógica dos professores uma didática Instrumental, a qual defende o princípio da neutralidade científica e pedagógica, privilegiandose as questões metodológicas na intenção de garantir ou facilitar a aprendizagem dos alunos, tratando especificamente dos momentos do processo pedagógico – planejamento, execução e avaliação – e dos seus elementos constitutivos – objetivos, aluno, professor, matéria, método (OLIVEIRA, 1996). Esta didática de caráter tecnocrata a qual, para toda ação pedagógica, possui uma técnica de realização, acreditando poder maximizar o rendimento, tanto do aluno quanto do professor, a partir do momento que se tem controle do processo.A técnica sempre esteve presente nos mais variados métodos de ensino e, por sua vez, presente nas diferentes fases da didática. Tanto esteve presente, desde as dimensões mais tradicionais da didática, como por exemplo, na Didática Universal, que a etimologia da palavra técnica remonta a etimologia do termo / conceito didática. Neste sentido, a técnica de ensino assume papel fundamental numa didática instrumental / tecnocrática, associandose a idéia de modernização educacional. Portanto, para muitos professores, o recurso técnico, seja ele em forma de aparelhos ou mesmo em forma de atitudes, passa a ter uma autonomia na busca do sucesso educacional, chegando às vezes a ser pensado como independente de outros aspectos pedagógicos. Nesta perspectiva, o tratamento da técnica distante da questão pedagógica, dificulta durante o processo de ensino e de aprendizagem o trato com os conhecimentos numa relação dialógica com os alunos. Em muitos casos, o professor não compreende que a realidade dos alunos é dinâmica, contraditória e diversificada. Portanto, é uma didática que precisa ser
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questionada, criticada e repensada, por que não atende as reais necessidades dos nossos alunos em formação.Assim muitos dos professores do ensino superior encontramse imbuídos da didática instrumental, inclusive os próprios professores da UPE, a partir das críticas reveladas pelos alunos quando da avaliação docente, alegando que a didática dos professores dessa Universidade é ultrapassa, com metodologias obsoletas e repetitivas (RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL, 20042006).À distância do contexto pedagógico e das questões sociais provocadas pela didática instrumental / tecnocrática, recebe críticas de Candau (1991), revelando uma outra face da didática. A didática crítica coloca em xeque os insucessos relacionados às questões sociais e educacionais da didática instrumental, frente às suas promessas de desenvolvimento da modernização, da racionalização e da tecnificação.Esta crítica apontou um aspecto positivo: a denúncia da falsa neutralidade do técnico e o desvelamento dos reais compromissos políticos sociais das afirmações aparentemente “neutras”, a afirmação da impossibilidade de uma prática pedagógica que não seja social e politicamente orientada, de uma forma implícita ou explícita. Mas, junto com esta postura de denúncia e de explicitação do compromisso com o “status quo” do técnico aparentemente neutro, alguns autores chegaram à negação da própria dimensão técnica da prática docente (CANDAU, 1991; VEIGA, 1994). A didática passa a ser reconhecida pela possibilidade de refletir aspectos sociológicos, históricos, políticos e até econômicos da educação como um todo. Desta forma o conceito de didática é confundido com o próprio conceito de pedagogia e nestas circunstâncias chegase a questionar, a própria especificidade da didática, seu conteúdo, sua forma, seu papel educacional, sua contribuição na formação de professores, sua função social, entre outras.Existem estudos sobre inúmeras sistematizações teóricas que procuraram e ainda procuram contribuir para uma reconstrução da didática, buscando a ressignificação de sua especificidade e sua conceituação. Para o momento, destacamos a compreensão conceitual construída pela perspectiva da didática fundamental, por entendêla como importante fonte no movimento inicial de reconceitualização da própria didática. Destacamos também o entendimento de organização do trabalho pedagógico, por compreendêlo ousado e radical diante dessa nova perspectiva da didática crítica.Para Candau (1991) didática fundamental deve firmarse nas seguintes características: 1. assumir a multidimensionalidade do processo de ensinoaprendizagem, articulando as três dimensões estruturais / fundamentais da prática pedagógica (técnica, humana e política) e reconhecendo que estas se exigem mutuamente e se interpenetram; 2. ter origem na análise da prática pedagógica concreta e de seus determinantes; 3. preocuparse em contextualizar a prática pedagógica com o papel da educação na sociedade em que vivemos; 4. explicar os pressupostos das diferentes abordagens metodológicas, inclusive o contexto em que foram geradas; 5. trabalhar continuamente a relação teoriaprática, reconstruindo a teoria a partir da própria prática; 6. buscar construir uma eficiência pedagógica a serviço da maioria da população, possibilitando a esta o acesso ao saber escolar.Enriquecendo a discussão, Freitas (1995) analisa os entendimentos de didática e suas implicações, em parte da produção nacional que se aglutinam, segundo seu crivo, em torno da Didática Fundamental, da Pedagogia HistóricoCrítica e da Pedagogia dos Conflitos Sociais, e na realização de observações diretas da prática pedagógica, procurou registrar reações argumentativas em prol da construção de uma teoria
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pedagógica, defendendo o abandono do termo “didática”, subsumindoo pelo conceito de organização do trabalho pedagógico. Essa organização, segundo o autor, deve ser entendida em dois níveis: “a) como trabalho pedagógico que, no presente momento histórico, costuma desenvolverse predominantemente em sala de aula; e b) como organização global do trabalho pedagógico da escola, ou seja, projeto políticopedagógico” (FREITAS, 1995, p. 94).A construção dessa “didática”, ou seja, dessa forma de organização do trabalho pedagógico da escola, deve procurar encontrar suas categorias fundamentais, visualizando seus elementos contraditórios e exercitando sua superação. Nesta perspectiva a organização do trabalho pedagógico deve buscar a) contextualizar a estrutura e funcionalidade da escola como um todo; b) estabelecer / construir o objetivo / avaliação da escola e do ensino na direção da concretização de um projeto histórico superador da sociedade capitalista; c) desenvolver uma relação pedagógica a partir do trabalho material produtivo; d) superar o tratamento fragmentado dado ao conhecimento, buscando uma unidade metodológica baseada numa perspectiva interdisciplinar; e) romper uma estrutura de gestão escolar autoritária e estabelecer possibilidades de autoorganização; f) exercitar formas didáticas que procurem estabelecer, mas não como método geral de ensino, o seguinte sentido prática social, problematização, instrumentalização, apropriação pessoal e retorno à prática social.Este estudo enriqueceu essa pesquisa que analisou a didática dos professores da UPE, com base nos planos de trabalho (ensino e ação), ajudandonos a pensar a didática como competência imprescindível à ação docente, mas também como elemento importante para a organização do pensamento acerca de um corpo de conhecimento que ocorre durante uma prática pedagógica. Didática que se configura como área do conhecimento da pedagogia e se responsabiliza em converter objetivos sociopolíticos, advindos de uma teoria educacional, em objetivos de ensino, levando em consideração uma determinada seleção de conteúdos, e pensando, estruturando e aplicando métodos apropriados a determinadas situações educacionais.Tal didática se constitui como um discurso sobre a ação de uma prática de produção de conhecimento coletivo decorrente das ações em sala de aula, compreendendo a sala de aula como espaço intencionalmente organizado para o acontecimento da prática pedagógica. A nosso ver o termo / conceito prática pedagógica nos serve para quebrar alguns mitos que existem na educação e explicar algumas categorias que devem ser levadas em consideração pelos interessados, responsáveis e estudiosos no assunto, assim como favorecer uma superação dos resquícios da didática instrumental.A prática pedagógica então deve reconhecer suas influências históricosociais e as relações entre seus determinantes internos, pois eles não aparecem de forma isolada, não existem uns sem os outros e sim exercem influências mútuas no mesmo tempo e intensidade. Portanto, provisoriamente, estamos entendendo prática pedagógica como uma situação / ação em que há sistemática e intencionalidade, uma teleologia no processo / produto da formação humana, especificamente no que concerne a apropriação do saber. Enfim, a Didática não pode mais ser concebida com caráter universal. Ela não pode mais se limitar a um aparato de fornecimento de técnicas, cuja expectativa seria predizer a ocorrência da prática pedagógica, para poder melhor controlála e maximizar o rendimento, principalmente, dos alunos. A Didática necessita ser vista de forma crítica, sendo compreendida como algo fundamental para a sistematização dos conhecimentos durante o desenvolvimento da prática pedagógica.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A comunicação tratada hermenêuticadialeticamente desenvolvese como sendo o processo pelo qual os integrantes de uma determinada comunidade, aqui a Universidade de Pernambuco, almejam alcançar um entendimento sobre uma situação determinada (MINAYO, 1998). Esse método que trata da comunicação foi um veículo essencial que nos permitiu identificar, através da análise dos planos de ensino dos professore(a)s, qual a didática utilizada durante o processo de ensinoaprendizagem. A pesquisa se desenvolveu numa abordagem qualitativa, na qual tomamos por base a hermenêuticadialética e, como procedimentos para a coleta e a análise dos dados através dos planos de ensino dos professores, tomamos como referência a técnica de análise de conteúdo categorial por temática. No estudo, a partir do diálogo com os documentos (planos de ensino) de 04 (quatro) professores de cada curso distribuídos em 10 (dez) unidades de ensino da UPE, com base em três conteúdos temáticas que fazem parte, tecnicamente, do referido plano de ensino: objetivos, metodologia e avaliação buscamos informações sobre a didática desses professores a partir da leitura e análise dos seus respectivos planos de ensino, os quais são elaborados no início dos semestres para subsidiar o processo de ensino e de aprendizagem junto aos alunos dos diferentes cursos dessa Universidade.Para subsidiar a análise desses documentos (os planos de ensino), como base em Minayo (1998), utilizamonos dos seguintes passos metodológicos:a) Realizamos um levantamento de todos os documentos que foram encaminhados pelas unidades (planos de ensino e outros), na tentativa de compreender, aclarar o contexto de todos os documentos;b) Respeitamos todos os documentos encaminhados, por mais obscuros que pareceram à primeira vista, um teor de racionalidade e de responsabilidade; c) Selecionamos nos documentos os conteúdos temáticos que eles apresentavam, na perspectiva de trazer contribuições para o estudo; d) Compreendemos todos os documentos encaminhados, julgamos e tomamos uma posição em relação aos mesmos;e) Interpretamos e explicamos os conteúdos temáticos presentes em todos os documentos encaminhados.
Análise dos dadosPara a análise dos planos de ensino elaborados pelos professores da UPE, com base em Bardin (1988), utilizamonos da análise de conteúdo de tipo categorial por temática. Assim foi possível analisarmos o conteúdo temático desses planos (objetivos, metodologia e avaliação), com o intuito de identificar os problemas inerentes à didática dos professores. Para a autora, análise de conteúdo é “Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção / recepção (...) dessas mensagens” (p. 42).O método hermenêuticadialética e a análise de conteúdos de tipo categorial por temática nos possibilitou um suporte epistemológico para o estudo da literatura e dos documentos, os quais nos subsidiamos dos planos de ensino dos professores da UPE (quatro planos de ensino dos professores(as) por curso, distribuídos nas unidade de ensino), elaborados para subsidiar o processo de ensino e de aprendizagem junto aos alunos de uma determina disciplina curricular.
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O Campo: a Universidade de Pernambuco
Analisamos nas dez unidades de ensino da UPE, em seus respectivos cursos, os planos de trabalho dos professores.
Organização e tratamento dos dados Para a organização e tratamentos dos dados coletados a partir das fontes documentais, entendida como os planos de ensino dos professores distribuídos em vários cursos das unidades de ensino da UPE, tomamos por base as contribuições teóricometodológicas de Bardin (1988). Para tanto, prevemos três momentos:No primeiro momento, levantamos os documentos da pesquisa (os planos de ensino dos professores dos diversos cursos, elaborados no semestre 2008.1). Para a escolha aleatória desses planos, contamos com a ajuda dos coordenadores dos cursos e dos gerentes de Graduação. Momento também das primeiras leituras dos referidos planos – tomada de conhecimento desses documentos pelos pesquisadore(a)s. Importante que nesse levantamento, descobrimos que nem todas as unidades entregaram planos de ensino e sim um outro modelo de documento que era uma mistura de plano de ensino com programa de ensino. Para esse segundo modelo, nomeamos de plano de ação. Ao considerar este instrumento (plano de ensino ou plano de ação) importante para as nossas análises a respeito da Didática dos professores da UPE, encaminhamos uma solicitação dos mesmos às unidades de ensino, no início do semestre/agosto2008.2. Solicitação essa, encaminhada a todos os coordenadores das unidades tanto via Email como via impresso (Malote UPE), como também telefonamos para os referidos gerentes e algumas vezes para os diretores das respectivas unidades comunicando sobre a pesquisa e a urgência no encaminhamento dos planos de ensino, diante do tempo que tínhamos para a realização da mesma. Destacamos no ofício encaminhado as unidades o plano de ensino solicitado foi o do semestre anterior 2008.1. Mesmo diante desses cuidados, encontramos dificuldades como:A demora das unidades quanto à entrega dos planos de ensino para o início das análises sobre os mesmos, mesmo considerando que os referidos planos já deveriam ter sido entregues no semestre anterior às graduações de suas unidades. Período esse, de recebimento, que demorou três meses, atrasando o processo de análise dos mesmos nessa pesquisa. Algumas unidades entregaram programa de ensino das disciplinas ao invés de plano de ensino dos professores, revelando desconhecimento conceitual sobre os mesmos.Processo diferenciado na organização curricular de algumas unidades, revelando numa única disciplina vários professores, a qual define conteúdos específicos para cada professor, ou seja, estão lotados na disciplina mais em dias separados. Processo que
QUADRO 1 – O CAMPO
UNIDADES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CURSOS 8 2 1 1 1 6 10 6 1 1
PLANOS 7 8 4 4 4 10 4 14 0 0
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tivemos dificuldade de compreender os planos de ensino, ou mesmo programas de ensino encaminhados por algumas unidades.No segundo momento do estudo, identificamos todos os planos de trabalho dos professores elaborados e experienciados no semestre 2008.1. Para essa identificação, organizamos um quadro com o intuito de inicialmente tomar conhecimento de todos os planos para em seguida subsidiar as análises. Quadro esse, composto de: enumeração para cada unidade de ensino; enumeração para as disciplinas que os professores ministram nos seus respectivos cursos; síntese das informações dos professores sobre 03 (três) conteúdos temáticos dos planos de trabalho (objetivo, metodologia e avaliação) e por último os comentários do(a)s pesquisadore(a)s diante desses conteúdos temáticos. Com esse quadro, tivemos um panorama de todas as informações sobre esses conteúdos presentes em todos os planos de trabalho dos professores da UPE investigados. No terceiro momento identificamos nos documentos encaminhados, com a ajuda de outros quadros, aqueles que eram planos de ensino e os que eram planos de ação; destacamos e analisamos, em ambos, os conteúdos temáticos de maneira significativa e válida, a partir de operações estatísticas simples, permitindo estabelecer resultados a partir das informações fornecidas pela análise, como também para ter subsídios para apontar na conclusão dessa pesquisa, qual a didática que vem sendo desenvolvida pela maioria dos professores da UPE.O estudo não se deteve nas regras de contagens, de caráter mais quantitativo, e, sim, procurou estabelecer o rigor nas análises realizadas a partir das interpretações dos conteúdos temáticos apreendidos dos planos de ensino e dos planos de ação.
DISCUSSÃO
Das dez unidades que enviaram documentos para análise, apenas a 2, 3, 4 e a 5 enviaram a quantidade correta dos documentos solicitados. A unidade 9 chegou a enviar alguns documentos, mas eles não atenderam aos critérios da pesquisa, ou seja,
QUADRO 2 DOCUMENTOS RECEBIDOS / SOLICITADOS
UNIDADES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Doc. RecebidoX
Doc. Solicitado
7/32 8/8 4/4 4/4 4/4 10/24 4/40 14/24 0/4 0/4
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não encaminharam plano de ensino nem plano de ação. A unidade 10, também não atendeu aos referidos critérios, não sendo possível atribuir os valores numéricos.Dentre as unidades, identificamos algumas que os professores não encaminharam os planos solicitados. Entendemos que esses professores não entregaram às referidas unidades os seus planos no início do semestre (2008.1), até porque a solicitação da pesquisa era do plano de 2008.1, ou seja, os professores já deveriam ter entregado estes planos no semestre anterior ao início da pesquisa – 2008.2. GRÁFICO 1 DOCUMENTOS RECEBIDOS / SOLICITADOS
05
10152025303540
DO
CU
ME
NT
OS
P
AR
A A
N
Á LIS
E
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10UNIDADES DA UPE
Total de documentosrecebidosTotal de documentossolicitados
No início da pesquisa, encaminhamos para todas as unidades da UPE tanto impresso como via email, uma solicitação oficial, para enviarem à ESEFUPE cópia de quatro (04) planos de ensino dos professores que fazem parte dos cursos dessa universidade, porém somente as unidades 2, 4 e 7 enviaram PLANOS DE ENSINO conforme solicitado. As unidades 1, 3 e 5 enviaram PLANOS DE AÇÃO. A unidade 8 enviou 2 (dois) tipos de documentos, ou seja, 2 (dois) PLANOS DE ENSINO e 12 (doze) PLANOS DE AÇÃO. Já as unidades 9 e 10 enviaram documentos que não atenderam aos critérios nem para PLANOS DE ENSINO nem para PLANOS DE AÇÃO.Os planos foram caracterizados da seguinte forma: de ensino foram aqueles que atenderam aos componentes técnicopedagógicos, fazendo parte do plano ensino convencional. Já os planos de ação, consideramos aqueles planos que atenderam em parte os componentes técnicopedagógicos. Lembrando que três componentes estavam
QUADRO 3 CLASSIFIAÇÃO DOS DOCUMENTOS RECEBIDOS
UNIDADES (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
PLANOS DE ENSINO
0 8 0 4 0 10 4 2 0 0
PLANOS DE AÇÃO
7 0 4 0 4 0 0 12 0 0
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em análise, também conhecidos como conteúdos temáticos: OBETIVOS – METODOLOGIA E AVALIAÇÃO.
GRÁFICO 2 CLASSIFIAÇÃO DOS DOCUMENTOS RECEBIDOS
0
24
68
10
1214
DO
CU
ME
NTO
S P
AR
A
AN
Á LIS
E
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
UNIDADES DA UPE
PLANOS DE ENSINOPLANOS DE AÇÃO
QUADRO 4 – TOTAL DE DOCUMENTOS SOLICITADOS E RECEBIDOS
TOTAL DE DOCUMENTOS SOLICITADOS PARA ANÁLISE
148
TOTAL DE DOCUMENTOS RECEBIDOS 64 (42,3%)
Consideramos um número muito alto de unidades que não encaminharam os documentos. Solicitamos a cada unidade, oficialmente, quatro planos de ensino por curso oferecido. Dessa forma, ao somarmos os cursos oferecidos pelas unidades, deveriam ter sido enviados 148 planos de ensino / plano de ação, mas recebemos apenas 64 documentos, ou seja, 42,3%.
GRÁFICO 3 TOTAL DE DOCUMENTOS SOLICITADOS E RECEBIDOS
9
148
( , %)64 42 3
0
30
60
90
120
150
Total dedocumentossolicitadosTotal dedocumentosrecebidos
QUADRO 5 – TOTAL DE DOCUMENTOS RECEBIDOS / ANALISADOS
TOTAL DE DOCUMENTOS RECEBIDOS PARA ANÁLISE
64
TOTAL DE DOCUMENTOS ANALISADOS 55 (85,9%)
Dos 64 documentos enviados e em condições para análise, dos que atendiam aos critérios da pesquisa, apenas 55 foram analisados (85,9%), em decorrência de algumas unidades enviarem mais de uma cópia do documento elaborado por um mesmo professor, como também alguns desses documentos enviados excediam aqueles solicitados. Diante disso, consideramos apenas para a análise um documento por professor.
10
GRÁFICO 4 DOCUMENTOS RECEBIDOS / ANALISADOS
( , %)55 85 964
05
101520253035404550556065
DOCUMENTOSRECEBIDOSDOCUMENTOSANALISADOS
QUADRO 6 – TOTAL DE DOCUMENTOS ANALISADOS
Do total de 55 documentos analisados, 28 (51%) eram planos de ensino e 27 (49%) eram Planos de ação. Consideramos o percentual de planos de ação muito alto, visto que a pesquisa inicialmente previu somente plano de ensino. Entretanto, a circunstância dessa pesquisa, de abordagem qualitativa, nos possibilitou classificar esse outro tipo de plano frente à realidade dos professores que ainda, ao nosso ver, não tenham conhecimento do que seja plano de ensino e programa de ensino. Assim sendo, misturam um com o outro. Fato que nos possibilita afirmar que os professores precisam de uma formação continuada de cunho pedagógico, com o intuito de apontar contribuições teóricometodológicas para amenizar os problemas decorrentes das ações pedagógicas do ato de planejar / ensinar e assim, perspectivar melhoria na qualidade do ensino.
DOCUMENTOS ANALISADOS 28 PLANOS DE ENSINO 27 PLANOS DE AÇÃO
TOTAL 55 DOCUMENTOS
11
GRÁFICO 5 TOTAL DE DOCUMENTOS ANALISADOS
49%51%PLANOS DE ENSINO
PLANOS DE AÇÃO
QUADRO 7 – CONTEÚDOS TEMÁTICOS
Em algumas unidades que encaminharam plano de ação, sentimos a falta da descrição do componente avaliação, revelando assim as dificuldades do professorado em compreender em primeiro lugar o que diferencia um plano de ensino de um programa de ensino e em segundo a importância do processo de avaliação para o acompanhamento dos seus alunos durante o processo de ensinoaprendizagem.
UNIDADES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TOTAL
TOTAL DE DOCUMENTOS ANALISADOS
7 8 4 4 4 10 4 14 0 055
OBJETIVO 7 7 4 3 4 10 4 14 0 0 53
METODOLOGIA 7 8 4 2 4 10 4 14 0 0 53
AVALIAÇÃO 0 8 0 4 4 10 4 2 0 0 32
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GRÁFICO 6 – CONTEÚDOS TEMÁTICOS
53 53
32
05
10152025303540455055
Total de documentos analisadosObjetivoMetodologiaAvaliação
RESULTADOSNa unidade 01, a qual oferece 8 (oito) cursos, vimos que a maioria deles não entregou planos de ensino e sim planos de ação. Quanto aos conteúdos temáticos, observamos que os objetivos delimitados estão elaborados para o professor e não para os alunos como orienta a didática. Quanto à metodologia, encontramos cópias em planos de professores de um mesmo curso. As mesmas apresentamse sem diálogo, não democráticas, não participativas durante o processo de ensino e de aprendizagem. E a avaliação, foi inexistente. Entendemos que é fundamental o processo de avaliação para garantir a continuidade e a reflexão dos conhecimentos sistematizados. Portanto, diante dos dados apresentados, o(a)s professore(a)s dessa unidade se aproximam de uma didática instrumental. Na unidade 02, a qual oferece 2 (dois) cursos, observamos que a totalidade entregou planos de ensino, o que aponta avanços didáticometodológicos na prática pedagógica dos seus professores. Quanto aos objetivos, grande parte dos professores elaborou com vista ao alunado o que revela uma preocupação com o conhecimento a ser atendido pelo alunado diante da realidade. Esta unidade avança teóricometodologicamente no que diz respeito à metodologia e ao processo de avaliação. A metodologia da maioria dos professores apresenta avanços, na medida em que trata na prática pedagógica da participação, do diálogo e da problematização durante o processo de ensinoaprendizagem. No que diz respeito à avaliação revela um avanço em 50% dos planos analisados, porque a trata numa perspectiva dialógica na relação professoralunos. Os dados indicam que o(a)s professore(a)s dessa unidade se aproximam de uma didática fundamentalNa unidade 03, a qual oferece apenas 1(um) curso, entregaram planos de ação ao invés de planos de ensino, o que indica a necessidade da mesma buscar mais informações no que diz respeito ao conhecimento pedagógico, ou seja, buscar referências teóricometodológicas quando da elaboração do plano de ensino no início de cada semestre. A respeito do objetivo, vimos que a maioria elaboraos voltados para o professor. Por outro lado, os professores em sua maioria avançam na metodologia adentrando num processo democrático e dialógicos com os alunos como também na elaboração de
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projetos e de atividades extracurriculares. E o processo de avaliação é inexiste, assim diagnosticamos uma contradição na prática pedagógica em decorrência do avanço metodológico. Portanto, é importante que essa unidade sistematize discussões pedagógicas com o coletivo de professores para que eles possam, através de um acompanhamento, compreender teóricometodologicamente a importância da elaboração de um plano de ensino e assim caminhar para a qualificação da prática pedagógica. Nesse sentido, identificamos que o(a)s professore(a)s dessa unidade se aproximam da didática instrumental, por outro lado, apontam indícios de uma didática fundamental.Na unidade 4, a qual oferece apenas 1(um) curso, foram encaminhados 100% de planos de ensino. Quanto aos objetivos, a maioria dos planos revelaram avanços, pois a elaboração dos objetivos voltaramse para os alunos, entendendo assim a importância dada a realidade dos mesmos. No que concerne à metodologia, 50% apresentaram avanços, pois extrapolaram o espaço da sala de aula indo ao campo e elaborando relatórios. Por outro lado, 50% não descreveram a metodologia de ensino. Quanto à avaliação 50% apresentam avanços na medida em que ela é discutida numa abordagem processual e 50% ainda continuam numa abordagem tradicional. Contudo, identificamos que o(a)s professore(a)s da unidade se aproximam tanto da didática instrumental como da didática fundamental. Na unidade 05, a qual oferece também 1 (um) curso, identificamos que 100% entregaram planos de ação e não planos de ensino, o que revela a necessidade da instituição discutir entre os pares a literatura pedagógica. No que concerne aos objetivos, 50 % foram elaborados no nível de comportamento dos alunos. No que diz respeito à metodologia do ensino, apresenta avanços porque trata na prática pedagógica à relação teoria/prática e a interrelação do projeto político da instituição com o projeto da disciplina. Contudo, a maioria das metodologias elaboradas pelos professores apresentou cópias entre eles. Diante disso, duvidamos do trabalho pedagógico desses professores que copiaram. Atitude antipedagógica que não avança e sim desqualifica o processo de ensino e de aprendizagem. Do ponto de vista da avaliação, 50% apontaram avanços na medida em que a tratam processualmente. Por outro lado, os outros 50% ainda continuam avaliando tradicionalmente. Diante dos dados revelados, identificamos que o(a)s professore(a)s dessa unidade apresentam tanto uma didática instrumental como uma didática fundamental.Na sexta unidade, que oferece 6 (seis) cursos, a maioria dos professores não encaminhou plano de ensino, o que nos preocupa a atuação desses professores na prática pedagógica, sem a utilização de um instrumento que subsidie a atuação docente. Contudo, dos 10 que entregaram plano de ensino, a metade elaborou objetivos voltados para o professor e a outra metade voltada para o aluno. Por outro lado, a metodologia apresentou avanços por tratar durante o processo ensinoaprendizagem da açãoreflexãoação. A maioria das disciplinas apresentou um processo de avaliação continuo. Considerando os planos encaminhados, observamos que a didática trabalhada pelo(a)s professore(a)s na unidade se aproxima mais com a fundamental. No entanto, não podemos desconsiderar que a maioria dos planos de ensino solicitados não foi entregue precisando a unidade refletir sobre a não entrega, até porque a não entrega de um plano de ensino põe em risco a ação docente durante o processo de ensinoaprendizagem. A sétima unidade oferece 10 (dez) cursos, a qual deveria encaminhar para análise 40 planos de ensino. Contudo, só encaminhou 04 (quatro). Dados que nos preocupou, considerando a necessidade e a importância do plano de ensino, como instrumento pedagógico, o qual é uma referência que subsidia a prática pedagógica dos docentes. A partir da não entrega desses planos pela quase totalidade dos professores, duvidamos da
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existência sistemática das discussões pedagógicas nessa unidade. Obviamente, que a ausência dessas discussões nos possibilita afirmar pela desqualificação do ensino em seus diversos cursos. Por outro lado, dos 4 (quatro) planos entregues 03 (três) apresentaram objetivos voltados para os alunos, o que significa considerar a realidade dos alunos. Quanto à metodologia caminha para avanços, na medida em que os docentes consideram discussões coletivas, produções de textos, seminários e assembléias, como também apresentam avanços na avaliação por trabalhar com um processo contínuo de discussão e de produção. Se considerarmos o encaminhamento dos 4(quatro) planos, podemos afirmar que o(a)s professore(a)s se enquadram numa didática fundamental. No entanto, não podemos deixar de fazer uma crítica a grande parte dos professores que não encaminharam os seus planos para estudo. Reconhecemos a importância da entrega dos planos de ensino, porque eles enriquecem as discussões pedagógicas entre os alunos e os próprios professores na respectiva unidade.A unidade 8 que oferece 6 (seis) cursos, encaminhou em sua maioria plano de ação ao invés de plano de ensino, revelando uma necessidade dos professores discutirem mais em suas reuniões as questões de ordem pedagógicas. Quanto aos objetivos estão voltados para os alunos, revelando preocupação com a realidade dos mesmos. Por outro lado, a metodologia de ensino se apresenta atrasada e tradicional, sem perspectiva de avanços. E as avaliações são realizadas de forma tradicionais enfocando mais na cognição a compreensão. Entendemos uma preocupação muito mais técnica do que pedagógica. Portanto, podemos afirmar que a didática utilizada pelo(a)s professore(a)s na unidade se aproxima da Instrumental. As unidades 9 e 10 que oferecem apenas 1 (um) curso, não atenderam aos critérios da pesquisa, pois os documentos encaminhados por estas unidades não se enquadraram dentro do que foi solicitado. Os documentos encaminhados foram um rol de atividades por disciplinas, não sendo possível analisar dentro do que foi estabelecido na pesquisa. Dessa forma, questionamos a prática pedagógica do(a)s professore(a)s, no que concerne a não apresentação de um plano de ensino pelas disciplinas para tratar e acompanhar os seus conhecimentos, os quais fazem parte do currículo dos cursos das referidas unidades.
CONCLUSÃOAtravés dessa pesquisa foi possível apontar algumas contribuições teóricometodológicas a respeito da didática do(a)s professore(a)s da Universidade de Pernambuco. Investigação que nos possibilitou uma aproximação e uma análise da didática, a qual os professores dessa universidade se subsidiam para tratar os seus conhecimentos nas disciplinas curriculares durante o processo de ensinoaprendizagem nos diversos cursos que formam profissionais. Com essa pesquisa identificamos que 60% dos professores da UPE encontramse ainda arraigados da didática instrumental. Os docentes que se encontram lotados aos cursos mais próximos da área de humanas tentam aproximarse da didática fundamental, mas a sua ação pedagógica, revelada nos planos de trabalho, ainda se encontra enraizada historicamente na didática instrumental. Nessa perspectiva e com base nos resultados destacamos alguns pontos que as unidades de ensino dessa universidade precisam refletir a partir de discussões pedagógicas, na perspectiva de caminharem para a melhoria qualitativa do processo de ensinoaprendizagem:01. Os planos de trabalho (de ensino e de ação) do(a)s professore(a)s dos cursos de formação nessa Universidade não apresentaram, em sua maioria, alguns dos componentes obrigatórios de um plano de curso, nessa pesquisa também conhecidos como conteúdos temáticos: objetivo, metodologia, avaliação.
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02. Algumas unidades entregaram programas de ensino ao invés de planos de ensino. Outras entregaram um outro tipo de plano, ou seja, uma outra forma de elaborar a sua ação pedagógica que é uma mistura de plano de ensino e programa de ensino. Algumas unidades, ao fazer opção por essa outra forma de apresentar a ação pedagógica para o processo de ensinoaprendizagem, não contemplaram a avaliação de aprendizagem e outras não contemplaram a metodologia de ensino. 03. Algumas unidades entregaram programas de ensino ao invés de planos de ensino. Outras entregaram um plano de trabalho que misturava as informações do plano de ensino com a de programa de ensino – mistura essa que omitia componentes importantes para um plano de ensino. Diante desse desconhecimento conceitual por parte de alguns professores, entendemos que existem dificuldades no trato com os conteúdos durante o processo de ensinoaprendizagem. 04. Alguns professores do(s) curso(s) vinculados a uma mesma unidade apresentaram cópias na íntegra de seus planos, em destaque: a metodologia de ensino e os objetivos. Fato esse, o qual compreende que os professores precisam de um acompanhamento didáticometodológico da prática pedagógica.05. Os objetivos de ensino dos professores, analisados em sua maioria nos planos, foram elaborados no nível do comportamento do professor e não do aluno. Diante desse fato, entendemos uma distância entre o conhecimento sistematizado pelo professor com os conhecimentos oriundos da realidade dos alunos; 06. Ausência de clareza nos critérios de avaliação na maioria dos planos de trabalho (de ensino e de ação) observados é preocupante, pelo fato do como, a maioria dos professores, avaliam os conhecimentos de suas disciplinas nos vários cursos para garantir a qualidade dos mesmos durante o processo de ensinoaprendizagem.07. Os cursos das unidades que tratam com a licenciatura evidenciaram mais avanços pedagógicos diante dos conteúdos temáticos analisados (objetivos, metodologia e avaliação). Esse fato se estrutura pelos próprios currículos dos cursos das licenciaturas estarem galgados de disciplinas de cunho mais pedagógico. Por outro lado, também encontramos planos de professores desses cursos com dificuldades de elaboração dos conteúdos temáticos. Neste sentido, não só os professores vinculados aos cursos de licenciatura, mas também os de bacharelado precisam de espaços em suas unidades, com o apoio da universidade, para a existência dos estudos pedagógicos contínuos e sistemáticos. Tais destaques acima apresentados a partir da análise dos planos de trabalho (ensino e ação) dos professores da UPE revelam a necessidade desses docentes refletirem e buscarem caminhos para a qualificação da sua didática, distanciando da Instrumental. Entendemos que essas ações presentes nas práticas docentes se justificam por algumas razões: a ausência de uma reflexão sobre o saber e o fazer na prática pedagógica dos professore(a)s; a ausência de uma formação continuada, em serviço, para os professores com o enfoque pedagógico e com o apoio das unidades de ensino; a ausência da articulação da realidade de vida dos alunos com os conhecimentos sistematizados pelos professores durante o processo de ensino e de aprendizagem; necessidade dos professores participarem das discussões pedagógicas em suas unidades. Fato este, que incrementa a didática dos professores nas unidades de ensino, envolvendo os mesmos tanto no projeto no projeto políticopedagógico como no currículo da escola que forma futuros profissionais.Enfim, temos como expectativa que o estudo aqui realizado possa: a) apontar caminhos / alternativas para que os professores dessa Instituição de Ensino Superior reflitam ou ressignifiquem a sua didática, com o intuito dos mesmos qualificarem o seu ensino nos diversos cursos que formam profissionais nessa Universidade; e b).
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contribuir teóricometodologicamente para os estudos e as discussões do Núcleo Gestor do Prodocência (Programa de desenvolvimento da docência na UPE), que no momento vem se preocupando com o ensino na Educação Superior. REFERÊNCIASBARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1988.
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