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A diferentes prescrições de ensino em LP.
A autora Pinilla, baseando-se na pesquisa de Neves (1990), enaltece que o
estudo das classes gramaticais ainda é um dos mais importantes nas aulas de português.
Neves (1990) precede das seguintes indagações: -Para que ensinar gramática? -O que e
como ensinar? Pergunta norteadora para a formação da proposta: que é difícil nesse
ensino? Qual é o papel dos manuais de gramática e dos livros didáticos?
Segundo o quadro 1 (p. 170), a preferência dos professores é em primeiro lugar
as classes gramaticais (39,71%), em segundo a sintaxe (35,85%3º) e em terceiro a
morfologia (10,93%) (...)
Dessa forma, os exercícios de reconhecimento de classes gramaticais e funções
sintáticas predominam. No entanto, será que essa distribuição acima é adequada ou
suficiente para o ensino do português? e quais critérios devem ser adotados para tal
estudo?
Para PERINI (1985: 314), “classificar as palavras implica elaborar uma
classificação sobre critérios formais (sem excluir da descrição a classificação semântica,
mas separando-se nitidamente dela)” É necessário considerar os comportamentos
sintático e morfológico, acrescentando os traços de significado.
A tradição propõe, que Aristóteles, dividiu em 3 categorias: nome, verbo e
partícula. Dionísio de Trácia: dividiu em 8 categorias, servindo de base para Varrão
dividir a língua latina: nome, verbo, conjunção, artigo, advérbio, preposição, pronome e
particípio. A NGB (1958): reconhece 10 classes de palavras: substantivo, artigo,
adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção, interjeição.
No Entanto, os autores de gramáticas e de livros didáticos concordam que é
importante considerar as palavras em seus diferentes aspectos (morfológico, funcional e
semântico), mas o problema é que a definição de cada classe não leva em conta o
mesmo critério, o que gera as definições confusas. Ora, privilegia um critério, ora o
outro.
Segundo o quadro 2 (p. 172), mostra a variação dos critérios que podem gerar
“definições confusas”: Substantivo é o nome de todos os seres (critério semântico) que
existem ou que imaginamos existir. Adjetivo é toda e qualquer palavra que, junto de um
substantivo (critério funcional), indica uma qualidade, estado, defeito ou condição
(critério semântico) (...)
As pesquisas propõem (p. 173), Câmara Jr. (1970) considera 3 critérios para
classificar os vocábulos formais de uma língua: o semântico (o que significa no
universo bissocial que se incorpora na língua); o formal ou mórfico (que se baseia nas
propriedades da forma gramatical); o funcional (o papel do vocábulo na oração) Critério
Compósito, critério morfossemântico= forma + semântica.
No quadro 3 (p. 174) Proposta de classificação de Câmara Jr. Critério
Compósito, Critério Morfossemântico e Critério Funcional. NOMES, substantivo,
adjetivo e advérbio, representam “coisas” ou seres (critério semântico) e apresentam
gênero e número (critério mórfico). VERBOS, representam processos (critério
semântico) e se flexionam em modo, tempo, pessoa e número (critério mórfico).
PRONOMES, nome, adjetivo e advérbio mostram o ser no espaço (critério semântico) e
apresentam as categorias de pessoa gramatical, de casos e a existência do gênero neutro
(critério mórfico).
No que tange a classe dos conectivos, formas constituídas apenas por morfemas
gramaticais, que têm por função estabelecer conexões entre dois ou mais termos. Outros
estudiosos e suas propostas: (p. 174) Barrenechea (1963), toma como unidade a palavra
que considera como signo linguístico. A autora propõe a divisão em oito classes
divididas em dois grupos:1º grupo: palavras que desempenham uma função: verbos,
substantivos, adjetivos, advérbios, coordenantes e subordinantes.2º grupo: palavras que
desempenham duas funções simultâneas: relacionantes e verboides. Scheneider (1974),
estabelece um critério, o mórfico para definir as classes são definidas. A autora
considera os paradigmas, caracterizados por sufixos flexionais e derivacionais, ou seja,
agrupamento de vocábulos com características estruturais comuns.1º grupo: vocábulos
com derivação (substantivo, adjetivo, numeral, verbo e advérbio);2º grupo: vocábulos
sem derivação (preposição, conjunção e pronome). Enfim, utilizando o critério mórfico
considera a existência de 5 classes: nomes, verbos, pronomes, advérbios e conectivos.
Basílio (1987), considera complexa a definição porque cada gramática privilegia um ou
dois critérios:a gramática tradicional privilegia o critério semântico; o estruturalismo, os
critérios mórfico e funcional; e, a gramática gerativa, as propriedades sintáticas. Em
2004, a autora focaliza o dinamismo do léxico (da palavra) e estuda a mudança de classe
e suas funções e chega a indagar no seu último capítulo “Adjetivo ou Substantivo?”
(que tem sido objeto de estudo de Câmara Jr., Perini e Azeredo. Azeredo (2000), resume
palavra como “um termo geral que usamos para dar nome à unidade mínima autônoma
dotada de significado e que vem registrada em ordem alfabética nos dicionários”. Para
ele há dois grupos de palavras:1º) lexicais ou nocionais que são portadoras de
significado (substantivos, adjetivos e os verbos); e2º) gramaticais que são instrumentos
gramaticais (artigos e preposições). Considerando as semelhanças morfológicas e
sintáticas, chamadas por ele de função comunicativa, o autor divide as classes de
palavras em seis: designação, modificação, predicação, indicação, quantificação e
condensação. Segundo o paradigma morfológico, Azeredo divide aponta 4 grupos: a)
verbo b) substantivo, adjetivo, artigo, numeral e pronome indefinido e relativo; c)
pronomes pessoais, demonstrativos e possessivos d) preposição, conjunção, advérbio e
interjeição. Ele considera 5 posições que as palavras podem ocupar na estrutura da
oração ou do sintagma: núcleo, adjacente, coordenante, subordinante e demarcador.
Fernandes (1998), propõe uma divisão morfofuncional em nucleares (núcleo de uma
função sintática); periféricas (determinantes do núcleo) e conectivas (os elementos que
estabelecem conexão entre dois termos). Para a autora, uma mesma palavra pode
pertencer a qualquer uma dessas divisões, pois o contexto determina o seu
funcionamento. Dias (2002), percebe dois problemas decorrentes de duas tendências:1º)
“efeito de evidência do conceito” associado à primeira tendência (“a diferença entre o
estudo de uma classe de palavra numa gramática e o tópico referente a essa mesma
classe num livro didático.2º) “o apagamento do conceito” ligado à segunda tendência:
“tendência da minimização do papel da gramática no estudo da língua na escola ”Uma
alternativa: estabelecer relação entre os estudos publicados sobre classes de palavras e o
trabalho sobre o assunto desenvolvido na sala de aula. Travaglia (2003), se preocupa
com o fato dos professores privilegiarem o estudo das classes gramaticais e não o uso
delas. O autor mostra que Perini (1995), propôs uma “divisão” provisória considerando
alguns princípios: _qualquer classificação deve atender a objetivos específicos_“há
classes abertas e fechadas”; _princípio da economia”; _“o agrupamento por
comportamento gramatical semelhante”; _“separação da classificação sintática e
semântica.
Há algumas propostas (p. 177). No quadro 4 (p. 178), proposta de classificação
com base nos três critérios, porém não apresenta definição para interjeição. Cunha e
Cintra (1985), também excluem a interjeição por considerarem-na “vocábulo-frase”
D’Ávila, Suzana (1997) em Gramática da língua portuguesa: uso e abuso, considera a
relação entre forma e sentido, acrescenta a função da palavra na frase, define a
linguagem simples e clara uma das classes e apresenta um quadro-resumo com os três
critérios: forma, sentido e função. Já o quadro 5 (p. 179), quadro-resumo da proposta de
Suzana d’Ávila (1997) Embora haja distinção entre os conceitos de classe e função, fica
evidente que para definir uma classe de palavras, é preciso usar critérios funcionais, ou
seja, definir qual é o papel do vocábulo na unidade sintagmática em que ele ocorre. Do
ponto de vista FUNCIONAL, as classes podem ser diferenciadas de acordo com
características sintáticas. O nome substantivo funciona como núcleo do sintagma
nominal (SN), e pode ser acompanhado por determinantes e modificadores. O verbo
funciona como núcleo do sintagma verbal (SV), admitindo complementos e
modificadores. O cientista examinou todos os documentos SN SVO cientista examinou
todos os documentos SN verbo SN, O cientista examinou todos os documentos, det.
núcleo nominal, núcleo verbal, det. + det. + núcleo nominal.
Conclusão quanto ao ensino:
Segundo a (p. 180), o problema é o misto complexo dos critérios, que acaba
prejudicando o estabelecimento das diferenças entre as classes gramaticais. O critério
funcional é eficaz, porém deveria utilizar-se dos três critérios (semântico, formal e
funcional) para fazer classificação das palavras. Com isso, repensar o assunto e
organizar o material didático para o melhor ensino das classes gramaticais em sala de
aula, é algo fundamental. Quanto a proposta, devemos considerar a Reorientação
Curricular para a disciplina de Língua Portuguesa publicada em 2005 pela UFRJ,
considerando o texto voltado para o ensino-aprendizagem do idioma. Pensando é claro
que o desejo do professor de Língua Portuguesa, deve ser englobar o maior domínio das
inúmeras possibilidades de expressão que a língua nos oferece. O estudo das classes
deveria ser uma contribuição ao aluno, para que o mesmo, possa ampliar a expressão
oral e escrita.
Referências Bibliográficas:
PINILLA, M. A. Classes de palavras. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. F. (orgs.).
Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto: 2007.
DUARTE, M.E.L. (2004) A estrutura da oração. In: VIEIRA S.R.& BRANDÃO, S. F.
(Orgs.) Morfossintaxe e Ensino de Português: reflexões e propostas. Rio de Janeiro
UFRJ. pp.27-40.
PERINI, Mário Alberto (2007). Gramática descritiva do português. São Paulo: Ática.