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 A DIMENSÃO HUMANA DO DIREITO À MORADIA A HUMAN DIMENSION OF THE RIGHT TO HOUSING ALEX AND RE SHIMIZU CLEMENTE Ri va Sobrado de Fre ita s RESUMO Desde os t empos mai s remot os, o homem sempre buscou um espaço pprio, sej a para se proteger das i nt e mri es nat ura i s, sej a pa ra abr i g ar seus pares ou sua pro l e. A não de moradi a se faz i n er en t e a cond i ção hu mana e é el a o escopo do pr es ent e est udo. A bus c a po r s u a co ncep ção s o ci ol óg i ca r e met e a i d ei a de humanização da moradia e não o seu trato como uma simples mercadoria, como se presencia nos dias de hoje. Abo rda remos, ai n da, a ori gem de sua pro t eção i nt ern aci ona l que con sol i d ou a mor adi a como um direi to humano e forneceu parâmetros mundiais para aferição de uma habitação adequada (por exemplo, o § 43 da Age nda Hab i t a t ), bem como, o t ra t amento rel ega do a el a pel o ord ena men t o j ur í di co bra si lei ro e as pri nci pai s dif i cu l da des enf ren t ad as por nos sa pop ula ção no que diz respei t o ao seu ace sso . PALAVRAS-CHAVES : dir ei t os hu man os; dir ei to à mo rad i a; pol í t icas pú blicas ABSTRACT Since time immemorial, man has always sought its own space, either to protect themselves from natural weather i ng , or t o ho us e t heir pe er s and t h ei r off s pr i n g. Th e no t i on of ho us i ng becomes i n he r ent t o t h e hu man condition and it is the scope of this study. The search for his sociological conception refers to the idea of         hous i n g and hu mani zi ng i t’ s not t r eat i ng i t l i ke a mer e commod i t y, as wi t ness es t oday. We wi l l addi t i on al l y, the origin of their international protection which consolidated the housing as a human right and provided global parameters for measuring adequate housing (for example § 43 of the Habitat Agenda), as well as treating relegated to it by national Brazilian legal system and the main difficulties faced by our population, with regard to their access. KEYWORDS: hum an ri g hts ; ri g ht t o ho us i ng ; pu bli c po l i c y A DIMENSÃO HUMANA DO DIR EIT O À MOR ADIA  A HUMAN DIMENSION OF THE RIGHT TO HOUSING  Sumário: Introdução - 1. O conceito sociológico de "moradia" e sua importância na construção da personalidade humana - 2. Os padrões adequados de moradia e o seu reconhecimento internacional como um direito humano - 3. A NOVA ORDEM constitucional brasileira e o direito à moradia  - 3.1. A Constituição Federal de 1988 e a política habitacional brasileira: o déficit de unidades habitacionais e as subm orad ias - CONCLUSÃO - REFERÊNCIAS  INTRODUÇÃO  Um indivíduo deixa sua condição de sujeito singularmente considerado, a partir do momento em que a coletividade em que habita ganha estruturas organizacionais capazes de garantir uma convivência pacífica e dur a do ur a en t r e os s e us comp on ent es . É ne s t e moment o t ambém qu e ele dei xa a co ndi ção de i ndi ví duo, po i s surge - concomitantemente a este rudimentar arcabouço social - as noções de cidadania, ou seja, ele passa a ser um cidadão, haja vista a formação de um vínculo pessoal entre ele e o que se constituirá em Estado. Um dos primeiros elementos que se estabelece nesta "organização", sem dúvida, é o espaço próprio para aquele i ndiví du o e s e us pa r es . Ex s u r g e, en t ão, a i d eia de moradia. Ai n da que de for ma muit o sup erfi ci al , pro cur amo s demonst ra r at ravé s des t e esb oço evol uti vo-an t ro pol ógi co, a importância que a moradia  possui na vida humana e como esta necessi dade passou a ser juridic amente releva nte , sendo pau t a das rei vin dic açõ es soci ai s pre sent e at é os dia s de hoj e. Finalmente, em que pese a essenc ialidade da moradia (aspecto que procuraremos abordar com mai ore s detalhes adiante) para o pleno desenvolvimento da vida humana - o que por si garantiria ao chamado direito à moradia, um status de fundamental ou também direito humano - apregoa-se que ela seria apenas mais um objeto do rol dos Direitos Sociais, característica do chamado Estado do bem-estar social ou Welfare State.  * Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010  5024

A Dimensão Humana Do Direito à Moradia

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A DIMENSÃO HUMANA DO DIREITO À MORADIA

A HUMAN DIMENSION OF THE RIGHT TO HOUSING

A L E XA N DR E S H I MI Z U C L E ME N T E

R i va S o br a do d e F r ei t as

RESUMOD e s d e o s t e m p o s m a i s r e m o t o s , o h o m e m s e m p r e b u s c o u u m e s p a ç o p r ó p r i o , s e j a p a r a s e p r o t e g e r d a si n t em p ér i es n a tu r ai s , s e ja p ar a a b ri ga r s eu s p a r e s o u s u a p r ol e . A n o ç ã o d e m o r a d i a s e f a z i ne re nt e ac on di çã o h um an a e é e l a o e sc op o d o p re se nt e e st ud o. A b us ca p or s ua c on ce pç ão s oc io ló gi ca r em et e a i de iade humanização da moradia e não o s eu trato como uma s imples mercadoria, como s e pres encia nos dias deh o je . A b or d ar e mo s, a i nd a , a o r ig e m d e s ua p r ot e çã o i n te r na c io n al q u e c o ns ol i do u a m o ra d ia c o mo u m d i re i tohumano e forneceu parâmetros mundiais para aferição de uma habitação adequada (por exemplo, o § 43 daA g en d a H a bi t at ) , b e m c o mo , o t r at a me n to r e le g ad o a e l a p e lo o r de n am e nt o j u rí d ic o b r as i le i ro e a s p r in c ip a isd i fi c ul d ad e s e n fr e nt a da s p o r n o ss a p o pu l aç ã o n o q u e d i z r e sp e it o a o s e u a c es s o.PALAVRAS-CHAVES : d i re i to s h um a no s ; d i re i to à m or a di a ; p o lí t ic a s p úb l ic a s

ABSTRACTS i n c e t i m e i m m e m o r i a l , m a n h a s a l w a y s s o u g h t i t s o w n s p a c e , e i t h e r t o p r o t e c t t h e m s e l v e s f r o m n a t u r a lw ea th er in g, o r t o h ou se t he ir p ee rs a nd t he ir o ff sp ri ng . T he n ot io n o f h ou si ng b ec om es i nh er en t t o t he h um anc o n d i t i o n a n d i t i s t h e s c o p e o f t h i s s t u d y . T h e s e a r c h f o r h i s s o c i o l o g i c a l c o n c e p t i o n r e f e r s t o t h e i d e a o f                  h ou si ng a nd h um an iz in g i t’ s n ot t re at in g i t l ik e a m er e c om mo di ty , a s w it ne ss es t od ay . W e w il l a dd it io na ll y,

t h e o r i g i n o f t h e i r i n t e r n a t i o n a l p r o t e c t i o n w h i c h c o n s o l i d a t e d t h e h o u s i n g a s a h u m a n r i g h t a n d p r o v i d e dg l o b a l p a r a m e t e r s f o r m e a s u r i n g a d e q u a t e h o u s i n g ( f o r e x a m p l e § 4 3 o f t h e H a b i t a t A g e n d a ) , a s w e l l a streating relegated to it by national Brazilian legal s ys tem and the main difficulties faced by our population,w ith regard to their acces s .KEYWORDS : h u ma n r i gh t s; r i gh t t o h ou si n g; p ub l ic p ol i cy

A D I ME NS ÃO H UM AN A D O D I RE I TO À M O RA DI A

         A H UM AN DIM ENSION OF TH E RIGH T TO H OUSING   

 

S u m á r i o : I n t r o d u ç ã o - 1 . O c o n c e i t o s o c i o l ó g i c o d e " m o r a d i a " e s u a i m p o r t â n c i a n a c o n s t r u ç ã o d apersonalidade humana - 2. Os padrões adequados de moradia e o seu reconhecimento internacionalcomo um direito humano - 3. A NOVA ORDEM constitucional brasileira e o direito à moradia   - 3 . 1 .A Cons tituição F ederal de 1988 e a política habitacional bras ileira: o déficit de unidades habitacionais e ass u b mo r a di a s - CONCLUSÃO - REFERÊNCIAS

 

INTRODUÇÃO

 

U m i n d i v í d u o d e i x a s u a c o n d i ç ã o d e s u j e i t o s i n g u l a r m e n t e c o n s i d e r a d o , a p a r t i r d o m o m e n t o e m q u e acoletividade em que habita ganha es truturas organizacionais capazes de garantir uma convivência pacífica ed ur ad ou ra e nt re o s s eu s c om po ne nt es . É n es te m om en to t am bé m q ue e le d ei xa a c on di çã o d e i nd iv íd uo , p oi ss urge - concomitantemente a es te rudimentar arcabouço s ocial - as noções de cidadania, ou s eja, ele pas s a as er um cidadão, haja vis ta a formação de um vínculo pes s oal entre ele e o que s e cons tituirá em Es tado. U mdos primeiros elementos que s e es tabelece nes ta "organização", s em dúvida, é o es paço próprio para aquelei nd iv íd uo e s eu s p ar es . E xs ur ge , e nt ão , a i de ia d e mor adia.

A i nd a q u e d e f o rm a m u it o s u pe r fi c ia l , p r oc u ra m os d e mo n st r ar a t ra v és d e st e e s bo ç o e v ol u ti v o- a nt r op o ló g ic o ,a i m p o r t â n c i a q u e a mor adia  pos s ui na vida humana e como es ta neces s i dade pas s ou a s er juridic amenter e le v an t e, s e nd o p a ut a d a s r e iv i nd i ca ç õe s s o ci a is p r es e nt e a t é o s d i as d e h o je .

F i n a l m e n t e , e m q u e p e s e a e s s e n ci a l i d a d e d a mo r a d i a ( a s p e c t o q u e p r o c u r a r e m o s a b o r d a r c o m m a io r esdetalhes adiante) para o pleno des envolvimento da vida humana - o que por s i s ó já garantiria ao chamadod i r e i t o à m o r a d i a , u m s t a t u s d e f u n d a m e n t a l o u t a m b é m d i r e i t o h u m a n o - a p r e g o a - s e q u e e l a s e r i a a p e n a sm a i s u m o b j e t o d o r o l d o s D i r e i t o s S o c i a i s , c a r a c t e r í s t i c a d o c h a m a d o E s t a d o d o b e m - e s t a r s o c i a l o uWelfare State.

 

* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   5024

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1. O conceito sociológico de "moradia" e sua importância na construção da personalidade humana

 

D e f i n i r o t e r m o m o r a d i a , à p r i m e i r a v i s t a , é u m a t a r e f a f á c i l . S e m a n t i c a m e n t e o d i c i o n á r i o H o u a i s s [1]  oc o n c e i t u a c o m o l u g a r o n d e s e m o r a , e s t a d a h a b i t u a l . C o n t u d o , e s t a d e f i n i ç ã o f i c a a q u é m a o e s t u d o a q u i

 pretendido.

E m n o s s a i n v e s t i g a ç ã o b u s c a r e m o s a n a l i s a r a m o r a d i a e m t o r n o d o a s p e c t o s o c i o l ó g i c o q u e e n v o l v e e s t ee sp aç o f ís ic o e a s d iv er sa s i mpl ica çõe s d el e c om o se r h um an o ( de o rd em p si co ló gi ca , f ísi ca , m or al e

 pos teriormente jurídica).

I ni ci al me nt e, p od em os a fi rm ar q ue a i de ia d e m or ad ia n ão f ic a a ds tr it a a r ec or re nt e n oç ão d a " ca sa p ró pr ia " -

s o n h o d a g r a n d e m a i o r i a d a p o p u l a ç ã o b r a s i l e i r a - p o i s , v a i , a l é m d i s s o , t o r n a n d o - s e u m d o s e l e m e n t o sd a q ue l e v a l or m a i or ( a d mi t i d o d e n tr o d a s i s te m á t ic a p r i nc i p i ol ó g ic a b r a si l e i ra ) c h a ma d o d i gn i da d e d a p e ss o a

h u man a .

  N es s e s entido, uma cas a, um lar repres enta muito mais do que a s imples aces s ão indus trial erigida no s olo.I ne vi t av el me nt e e st e e sp aç o f ís ic o i nt eg ra -s e f or te me nt e a o h om em e p as sa a s er , c om o v ag ar d o t em po , u mdos traços caracterís ticos da s ua própria pers onalidade. M aria M agdalena A lves ao dis correr s obre o as s unton a R ev is ta T em po e P re se nç a, f oi i nc is iv a a o a fi rm ar q ue " Mo ra r é i ns ti nt iv o. T od os o s a ni ma is m or am ; mas

          par a o h omem mor adia é mais do qu e abr igo e pr oteção. Qu an do mor amos , expr es s amos n os sas

iden tidades , con s tr u ímos u m modo de viver    ." [2]

U m modo de vida s ó pode s urgir s e paralelamente a ele exis tir condições mínimas para tanto. Is s o implicadizer que a vida, par a que ela possa seguir com o seu curs o natural, há a necessidade de um localinfimamente ideal, que pode s er para nós traduzidos como a moradia. P ode-s e as s egurar, então, de que ela é

requis ito indis pens ável para que a vida humana pos s a exis tir; e mais : s ão s uas condições que vão determinar o b e m - e s t a r d a q u e l a s p e s s o a s q u e e l a g u a r n e c e o q u e r e f l e t i r á n a f o r m a ç ã o d e s u a s i n t e g r i d a d e s f í s i c a s emorais .

S em s om br a d e d ú vi d as , u m a c a sa c o nd i gn a, e c o m i s so q u er e mo s di ze r q ue s eu s h ab it an te s p os sa mencontrar água tratada, um s is tema de coleta de es goto, s ervida de rede elétrica, e que ela, por s ua vez, faça

 parte de um es paço urbano que conte com paviment ação, trans por te urbano, ilumina ção de ruas , es colas ,s e rv i ço s b á si c os d e s a úd e e s e gu r an ç a p ú bl i ca , s e rá , d e ci d id a me n te , u m p a lc o q u e r e ún e a s c o nd i çõ e s b á si c as

 para que um indivíd uo pos s a, entã o, e xp re s sa r s u a i d en t id a de, a q ua l n e st e a m bi e nt e s e t r ad u zi r á e mcidadan ia, p oi s t ra ta c om a d ig ni da de n ec es sá ri a u m p or vi r h um an o.

  N es s e s entid o, além de cons ti tuir o berç o das prim eira s noçõ es de cida dani a, pos t o que, indi ca um dosfatores determinantes na qualidade de vida de um indivíduo, vai repres entar, ainda, a es fera de proteção des u a i n ti m id a de . S e gu n do o s á bi o m a gi s té r io d e R u i G er a ld o C a ma r go V i an a a m o ra d ia :

 

[...] traduz neces s idade primária do homem, condição indis pens ável para uma vida digna, eis que a cas a é oa si lo i nv io lá ve l d o c id ad ão , a b as e d a s ua i nd iv id ua li da de , c uj a i mp or tâ nc ia j á f oi r ea lç ad a, j á n o s éc ul o X VI ,com a célebre fras e de Edw ard Coke apregoando que "a cas a de um homem é o s eu cas telo" (my home mycas tle).[3]

 

P elo ens inamento de Camargo V iana, podemos depreender duas importantes lições . A primeira delas é queno âmbito dos s eus lares , os homens des envolvem s uas particularidades , s eus hábitos , profes s am s ua fé, ems uma, reproduzem s ua cotidiana in timidade . Com dito alhures , cria-s e por meio des ta extens ão fís ica umaambiência de proteção ao que futuramente s erá chamado de dir eito a in timidade, o qual, em alguns país es -a ss im c om o n os so - é a lç ad o a c on di çã o d e d ir ei to f un da me nt al .

O s eg un do e ns in am en to d ei xa do f ic a p or c on ta d a n oç ão d e in violabilidade do domicílio, o u s ej a, a h od ie rn aconcepção de que a cas a de uma pes s oa es tá legalmente protegida de qualquer tipo de invas ão ou violência,f i c a n d o e s t r i t a m e n t e p e r mi t i d o o c o n t r á r i o , s o m e n t e n o s c a s o s e x c e p c i o n a l í s s i m o s e m q u e a l e i a s s i m o

 permitir. N o cas o do direito bras ileiro, es ta garantia foi novamente realçada pelo texto cons titucional que o previu no inc. X I do art. 5º.

Desta feita, fica claro que aos pouc os a moradia, por si só, foi ganhando elementos protetivos qued es do br av am d e s ua s im pl es e xi st ên ci a, s em a n ec es si da de d e m ai or es i la çõ es . É e st a t am bé m a c on cl us ão d eL o re c i G o tt s ch a lk N ol a sc o , e m s u a o b ra q u an d o p r el e ci o na :

 

  N es s e s entido, moradia é o lugar íntimo de s obrevivência do s er humano, é o local privilegiado que o homemn o r m a l m e n t e e s c o l h e p a r a a l i m e n t a r - s e , d e s c a n s a r e p e r p e t u a r a e s p é c i e . C o n s t i t u i u o a b r i g o e a p r o t e ç ã o

 para s i e os s eus ; daí nas ce o direito a s ua inviolabilidade e à cons titucionalidade de s ua proteção.[4]

 

P e r c e b e - s e a s s i m q u e a l é m d a p r o f u n d a i m p o r t â n c i a q u e a m o r a d i a d e s e m p e n h a n a f o r m a ç ã o d o c a r á t e r  h u ma no e l a a i nd a c o nt r ib u iu p a ra a s p r im e ir a s n o çõ e s d e c i da d an i a, i n fl u in d o d e ci s iv a me n te n a c o ns t ru ç ão d ad ig ni da de d a p es so a h um an a d e s eu s o cu pa nt es b em c om o c ri a u m m ec an is mo d e p ro te çã o a o s eu r ed or c omo intuito de manter s ua integridade e daqueles que dela depende. Elaine A delina P agani define de maneira

* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   5025

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 precis a as divers as funções e repres entações da moradia, ao afirmar:

 

A m o r a d i a , c a s a o u h a b i t a ç ã o , é o l o c a l d e r e f ú g i o d o h o m e m , c o n s t i t u i n d o - s e t a m b é m , o s e u e s p a ç o d ei n t e g r a ç ã o c o m a f a m í l i a , c o m a v i z i n h a n ç a , c o m a c i d a d e e c o m o P a í s , d e f o r m a q u e o i n d i v í d u o p o s s ae n co n tr a r c o nd i çõ e s c o nc r et a s p a ra r e al i za r o e x er c íc i o d e s u a c i da d an i a, l i be r da d es e d i gn i da d e.[5]

 

Assi m, d el in ea do s o s c on to rn os d a e ss en ci al id ad e d a m or ad ia n o d ese nv ol vi me nt o, a pr im or am en to ee v o l u ç ã o d a v i d a h u m a n a , i n s t a a g o r a d e s t a c a r q u a l o t i p o m i n i m a m e n t e i d e a l d e m o r a d i a p a r a q u e t o d o se st es as pe ct os c om en ta do s ac ima, possam se de senv ol ver , se nã o pl enam ente , mas de uma mane ira a

c o nt e nt o , s e mp r e s e b a li z an do p e lo v a lo r d a d i gn i da d e d a p e ss oa h u ma n a[6] .

  N es s e s entido, valendo-nos das dis pos ições internacionais - D eclarações , Tratados , P actos , Recomendaçõese tc . - ha ja v ist a qu e f or am o s primeiros in st ru me nto s a se p re oc up ar em definir quais os el ementosn e c e s s á r i o s p a r a u m a m o ra d ia d i gn a , p a s s a m o s i m e d i a t a m e nt e p a r a o p r ó x i m o t ó p i c o , o n d e a l é m d e s t at e m á t i c a , a b o r d a r e m o s c o n j u n t a m e n t e a o r i g e m i n t e r n a c i o n a l d o r e c o n h e c i m e n t o e p r o t e ç ã o d o c h a m a d o

   Dir eito à Mor adia.

 

2 . O s p a d rõ e s a d e qu a d os d e m o r ad i a e o s e u r e c o nh e c i me n t o i nt e r n ac i o n al c o m o u m d i r e it o h u ma n o

 

  N o tópico acima, dis corremos s obre o papel central da moradia enquanto elemento da dignidade da pes s oa

h u m a n a e a f u n ç ã o p o r e l a d e s e m p e n h a d a n a s p r i m e i r a s n o ç õ e s d e c i d a d a n i a n a f o r m a ç ã o d o i n d i v í d u o .R e s s a l t a m o s , a i n d a , q u e d a s i m p l e s n o ç ã o d e m o r a d i a , a l g u n s d i r e i t o s a e l a i m a n e n t e s , c o m e ç a m a s u r g i r ,d an do i ní ci o a o q ue p od em os c ha ma r d e    Dir eito à mor adia.

S e voltarmos os olhos para o pas s ado com o intento de acompanhar a caminhada dos D ireitos F undamentais( di re it os d e p ri me ir a, s eg un da e t er ce ir a g er aç ão ), v am os e nc on tr ar o a go ra c ha ma do d ir ei to à m or ad ia n o r old a s e g u n d a g e r a ç ã o . N e s s e s e n t i d o , a p r ó p r i a C o n s t i t u i ç ã o F e d e r a l e m s e u a r t . 6 º , s o b o T í t u l o I I ( D o sd i r e i t o s e g a r a n t i a s f u n d a m e n t a i s ) e d o C a p í t u l o I I - D o s D i r e i t o s S o c i a i s - e n g e n d r a o d i r e i t o à m o r a d i a ,c o mo s e nd o u m d i re i to s o ci a l.

S e m m a i o r e s p r e t e n s õ e s i n o v a d o r a s n o m u n d o j u r í d i c o , c o a d u n a m o s c o m a m a i o r i a d o s d o u t r i n a d o r e s n oque diz res peito ao caráter s ocial des ta prerrogativa habitacional, principalmente s e nos depararmos com s uaf ac e p re st ac io na l, p oi s, n as p al av ra s d e J os é A fo ns o d a S il va : " le gi ti ma a p re te ns ão d o s eu t it ul ar à r ea li za çã od o di re ito por vi a de a ção po si ti va d o E st ad o. "[7]. C o nt u do , a e ss en ci al id ad e d es te di re it o p od e s er  c o mp a ra d a a o d i re i to à v i da , p oi s s e m u m a m o ra d ia d i gn a a p r óp r ia v i da h u ma n a r e st a rá c o mp r om e ti d a.

A s s im, acreditamos que s em fixar o direito à moradia a es ta ou aquela categoria, devemos s empre levar emc o nt a a f u nd a me n ta l id a de d e st e d i re i to - p r in c ip a lm e nt e p e la í n ti m a r e la ç ão c o m o d e se n vo l vi m en t o d a v i da -

 pois , muitas vezes o s eu caráter pres tacional as s ociado a ideia de s e tratar de uma norma cons tituciona l dea pl ic ab il id ad e m ed ia ta d e e fi cá ci a l im it ad a[8] , j á p ro po rc io no u g ra ve s d ec is õe s i nj ust as e v er da de ir osc e n ár i o s d e i n i qu i d ad e s .

S uperada es ta dis cus s ão metodológica, ins ta realçar o s urgimento do direito à moradia. A preocupação emt u t e l a r a m o r a d i a n o â m b i t o i n t e r n a c i o n a l [9] , s u r g e n a    Decla r ação Un iver s al dos Dir ei tos Hu man os de

1948, e m s e u a r t i g o X X V , q u e d i s p õ e s o b r e a q u i l o q u e p o d e m o s d e n o m i n a r d e u m p a d r ã o d e q u a l i d a d eadequada:

 

1 . T o d a p e s s o a t e m direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, a l i m e n t a ç ã o , v e s t u á r i o , habitação, c u i d a d o s m é d i c o s e o s s e r v i ç o s s o c i a i s i n d i s p e n s á v e i s , d i r e i t o às e gu r an ç a e m c a so d e d e se m pr e go , d o en ç a, i n va l id e z, v i uv e z, v e lh i ce o u o u tr o s c a so s d e p e r da d o s m e io s d es u bs i st ê nc i a e m c i rc u ns t ân c ia s f o ra d e s e u c o nt r ol e .

 

A i nd a q u e d e f o rm a s u pe r fi c ia l e e n un c ia t iv a , e s te p r im e ir o i n st r um e nt o i n te r na c io n al f o i d e ci s iv o p a ra q u e aO rganização das N ações U nidas voltas s e atenção para es ta ques tão que afeta cerca de 1,1 bilhão de pes s oas- que atualmente vivem em condições inadequadas de moradia, apenas nas áreas urbanas , s egundo dados daC o mi s sã o d a s N aç õ es U n id a s p a ra A ss e nt a me n to s H um a no s[10].

A p ar ti r d aí , a s f or ma s d e c om pr ee ns ão d o d ir ei to à m or ad ia e s ua p ro te çã o i nt er na ci on al d es do br ar am -s e e mmuitos outros ins trumentos internacionais de D ireitos H umanos , dentre os mais importantes , podemos citar,e m o r d e m c r o n o l ó g i c a : P a c t o I n t e r n a c i o n a l d o s D i r e i t o s E c o n ô m i c o s , S o c i a i s e C u l t u r a i s d e 1 9 6 6 , P a c t o

Internacional dos D ireitos Civis e P olíticos de 1966, Convenção Internacional s obre a Eliminação de Todasa s F o r m a s d e D i sc r im i na ç ão R a c i a l d e 1 9 6 5 , C o n v e n ç ã o I n t e r n a c i o n a l s o b r e a E l i m i n a ç ã o d e T o d a s a sF or ma s d e D is cr im in aç ão C on tr a a M ul he r d e 1 96 5 e a C on ve nç ão s ob re o s D ir ei to s d a C ri an ça d e 1 98 9.

Certamente o P acto Internacional dos D ireitos Econômicos , S ociais e Culturais de 1966, em s eu artigo 11,f o i o m a i s a b r a n g e n t e n o q u e d i z r e s p e i t o a o s p r o b l e m a s r e l a c i o n a d o s a h a b i t a ç ã o e c o n t é m o p r i n c i p a lf un da me nt o d o r ec on he ci me nt o d o d ir ei t o à m or ad ia c om o u m d ir ei t o h um an o. P ed im os v ên ia p a ra

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t r a n sc r e v er o r e f e ri d o d i s po s i t iv o :

 

1 . O s E s t a d o s - P a r t e s n o p r e s e n t e P a c t o r e c o n h e c e m o d i r e i t o d e t o d a p e s s o a a u m n í v e l d e v i d a a d e q u a d o para s i próprio e s ua família inclus ive à alimentação, ves timenta e mor adia adequ adas , as s im como a umam e lh o ri a c o nt i nu a d e s u as c o nd i çõ e s d e v i da . O s E s ta d os - Pa r te s t o ma r ão m e di d as a p ro p ri a da s p a ra a s se g ur a r  a c o ns e cu ç ão d e ss e d i re i to , r e co n he c en d o, n e ss e s e nt i do , a i m po r tâ n ci a e s se n ci a l d a c o op e ra ç ão i n te r na c io n alf u n da d a n o l i v re c o n se n t i me n t o.

 

  N es s e s entido, os Es tados -P artes s ignatários ficaram obrigados a promover e proteger es te direito humano.

C o n t u d o , a p ó s d e z a n o s d a e l a b o r a ç ã o d e s t e P a c t o , é q u e s e v i u n o â m b i t o d a c o m u n i d a d e i n t e r n a c i o n a le sf or ço s c on cr et os c om o i nt ui to d e s e d is cu ti r s er ia me nt e a q ue st ão . O P ro gr am a d as N aç õe s U ni da s p ar a o sA s s e nt a m e n to s H um a n o s t a m b é m d e n o m i n a d o U N - H a b i t a t , f o i c o n s t i t u í d o e m 1 9 7 6 , c o m o r e s u l t a d o d aConferência das N ações U nidas s obre A s s entamentos H umanos (H abitat I), realizada em V ancouver, nes tem e s m o a n o . E st e ó r g ã o t e m s e d e e m N a i r o b i , n o Q u ê ni a e é en c a r re g a d o d e c o o rd e n a r e c o nc i l ia r a sa t iv i da d es d o s a s se n ta m en t os h u ma n os d e nt r o d o S i st e ma d a s N a çõ e s U ni d as .

Em 1996, a O N U promoveu em Is tambul a Habitat II, a qual reafirmou como objetivos univers ais a garantiad e uma h abi ta çã o ad equa da pa ra t od os e o est abe le ci ment o d e n úcl eos de po voa me nt o mais se gu ro s,s a u dá v e i s, e q u i ta t i v o, s u s te n t á ve i s e p r o du t i v os[11].

D e t o d o s e s s e s e n c o n t r o s m u n d i a i s , d e b a t e s e r e s o l u ç õ e s a O N U - a t r a v é s d o s s e u s c o m i t ê s - d e s e n v o l v e u parâm etros univer s ais para s e aferi r a condiç ão adequa da de uma moradi a. N es s e s enti do, o Coment árioGe ral n º 4 d o Comi tê de Di re ito s Ec on ôm ic os , Soc ia is e Cul tur ai s da s Na çõe s Uni da s indicam os

c o m po n e nt e s i n d is p en s á ve i s q u e u m a m o r ad i a d e v e n e c es s ar i a me n t e a p r es e n ta r :a) S e gu r an ç a J u rí d ic a d a p os s e;

Independente do tipo da s ituação de domínio, o que s e bus ca com es te requis ito é dar s egurança de pos s e aodetentor das unidades habitacionais . A lmeja-s e com is s o, garantir proteção legal contra des pejos forçados ,

 perturbação ou qualquer outro tipo de ameaça. Es te é s em s ombra de dúvida um mecanis mo voltado para osE s ta d os , q u e d e ve m , i m pl e me n ta r m e di d as s u fi c ie n te s p a ra g a ra n ti r e s se i n st r um e nt o d e d e fe s a.

 b) D i s po n i bi l i d ad e d e s e r vi ç o s , m a t er i a i s, b e n ef í c i o s e i n f r ae s t ru t u ra ;

O e s c o p o d e s t a r e c o m e n d a ç ã o é g a r a n t i r a s m o r a d i a s , o s s e r v i ç o s p ú b l i c o s m í n i m o s n e c e s s á r i o s p a r a u m avida digna, ou s eja, pres tações bás icas de s aúde e s egurança, ruas pavimentadas com galerias pluviais , reded e e s go t o, e n er g ia e l ét r ic a e a c es s o a i n st i tu i çõ e s d e e n si n o.

c) Gastos suportáveis;

Q u e r - s e c o m i s so d i z er q u e o s c u s t o s f i n a n c e i r o s h a b i t a c i o n ai s d e v e m s e r c o n d i ze n t es c o m a c o n di ç ã ofinanceira daqueles cidadãos , não permitindo que a s atis fação de outras neces s idades s ejam comprometidas .Bus ca-s e evitar aqui que toda a renda do indivíduo s eja drenada para os cus tos habitacionais , além dis s o, éuma diretiva para que os Es tados não permitam os intermináveis financiamentos , os quais muitas vezes , fazc o m q u e o c i d a d ã o p a g u e i n f i n i t a s v e z e s o v a l o r d o b e m i m ó v e l ( e s t a s i t u a ç ã o s e m p r e f o i m u i t o f r e q u e n t enos financiamentos habitacionais bras ileiros ).

d) Habitabilidade;

A s r e s i d ê n c i a s d e v e m s e r h a b i t á v e i s , o u s e j a , p r e c i s a m o f e r e c e r a o s s e u s o c u p a n t e s e s p a ç o a d e q u a d o e proteção contra as intempéries naturais . O Comitê incentiva os Es tados a aplicarem os princípios da H igiened a M or a di a e l ab o ra d os p e la O rg a ni z aç ã o M un d ia l d a S a úd e .

e) Acessibilidade ;

A r e c o m e n d a ç ã o a q u i é o a c e s s o u n i v e r s a l d a m o r a d i a a t o d o s o s t i t u l a r e s d e d i r e i t o . D e v e - s e p e n s a r e m política s públicas para aquis ição prioritári a de grupos mais des favo recido s , mas a intenção é que tod ost e nh a m u m l a r.

f) Localização;

M ui to s em el ha nt e a o i te m b , e st e t óp ic o s ug er e q ue o s l ar es f iq ue m e m l oc ai s q ue s e p er mi ta , p ri nc ip al me nt e,u m b om a ce ss o a os l oc ai s d e t ra ba lh o e q ue t en ha u ma b oa i nf ra es tr ut ur a b ás ic a.

g) Adequação cultural.

  A e x pr e ss ã o d a i d en t id a de e a d i ve r si d ad e c u lt u ra l i n sc r it a s n a s m o ra d ia s d e ve m s e r p r es e rv a da s. A té m e sm oa s a t iv id ad es v in cu la da s a o d es en vo l vi me n to o u m o d e r n iz a ç ão d e v er ã o r e s p e i t ar a s d i me ns õe s c u lt ur a isd a q ue l e s l u g ar e s .

P o r f i m , u m ú l t i m o i n s t r u m e n t o d e d e f i n i ç ã o d e m o r a d i a a d e q u a d a , p r o v é m d a A g e n d a H a b i t a t . F r u t o d aConferência conhecida como "Cimeira das Cidades ", es te documento aprovado pelos Es tados -M embros noqual eles s e comprometeram - dentre outras cois as - a promover um ambiente urbano adequado para todos ,a s s e n t a m e n t o s h u m a n o s s u s t e n t á v e i s , p a r t i c i p a ç ã o e f e t i v a d a c i d a d a n i a , i g u a l d a d e d e g ê n e r o e n t r e o u t r o sas pectos . A A genda foi, ainda, confeccionada como um guia de ação e monitoramento da qualidade de vidad a s c i d ad e s .

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  N els o n S aule J únior , comen tando a A genda H abit at, dis co rreu s obre s eu § 43 acen tuand o que para es tei n s tr u m en t o i n t er n a ci o n a l, u m a u n i da d e h a b it a c i on a l a d e qu a d a d e v er i a a p r es e n ta r o s s e g ui n t e s r e q ui s i t os :

 

1 . A d eq u ad a p r iv a ci d ad e , a d eq u ad o e s pa ç o, a c es s o f í si c o, a d eq u ad a s e gu r an ç a i n cl u in d o a g a ra n ti a d e p o ss e ,d u r ab i l id a d e e e s t ab i l id a d e d a e s t ru t u ra f í s ic a , a d e qu a d a i l u mi n a çã o , a q u ec i m e nt o e v e n ti l a çã o ;

2. A dequada infraes trutura bás ica, fornecimento de água, s aneamento e tratamento de res íduos , apropriadaq u al i da d e a m bi e nt a l e d e s a úd e , a d eq u ad a l o ca l iz a çã o c o m r e la ç ão a o t r ab a lh o e s e rv i ço s b á si c os ;

3 . Q u e e s se s c o mp o ne n te s t e nh a m u m c u st o a c es sí v el p a ra t o do s .[12]

 

  N ota-s e que o Comentário G eral nº 4 do Comitê dos D ireitos Econômicos , S ociais e Culturais das N açõesU nidas influenciou decis ivamente o § 43 da A genda H abitat que hoje s e pres ta como um eficiente guia nomonitoramento da qualidade de vida urbana. S eu dis pos itivo reúne todas as recomendações do ComentárioG eral e delineia claramente o padrão mínimo de moradia que deve s er alcançado por todos os país es , com oe s co p o, a i nd a q u e u t óp i co , d e f o rn e ce r v e rd a de i ra d i gn i da d e a o i n st i nt i vo h á bi t o h u ma n o d e m o ra r .[13]

 

3 . A N O VA O RD E M C O NS T IT U CI O NA L B R AS I LE I RA E O D I R E IT O À M O RA D IA

 

A Cons tituição F ederal de 1988 inaugura no cenário político-jurídico bras ileiro s ignificativas e relevantes

trans formações , a começar pelo viés abs olutamente garantis ta de s eus dis pos itivos , alocados es pecialmenten o T í t u l o I I - s o b o n o m e D i r e i t o s e G a r a n t i a s F u n d a m e n t a i s - r e f l e x o d e u m a s o c i e d a d e q u e a c a b a v a d ed e ix a r u m l o ng o p e rí o do d i ta t or i al - a t é m e sm o o s m a is s of i st i ca d os m e ca n is m os d e t r ib u ta ç ão e o r ga n iz a çã o

 previdenciária, encontrados em s eus artigos finais .

Es ta Carta P olítica é res ultado de longas lutas travadas no s eio do regime autoritário outorgado em 1964, eque culminaram em uma s ociedade civil organizada, cons ciente da s upres s ão de s uas liberdades públicas eq u e a n s i a v a m p o r u m a n o v a e r a , p o r u m p a í s o n d e a l i b e r d a d e v o l t a s s e s e r a r e g r a e q u e m u i t o s d i r e i t o s

 pudes s em voltar a tona para s erem us ufruídos por todos novamente.

P a r a o D i r e i t o C o n s t i t u c i o n a l , e n q u a n t o u m r a m o d a C i ê n c i a J u r í d i c a , n o s s a L e i M a i o r a p r e s e n t a - s e c o m ou m t ex to m u i to a va nç ad o, p ri nc ip al me nt e e m f a ce d as i nú me ra s s it ua çõ es a lc an ça da s p o r e l e , a l ém d aampliação s ignificativa do rol de direitos as s im como a criação de mecanis mos para a garantia dos mes mos .J os é A fons o da S ilva corrobora es te entendimento, afirmando que nos s a Cons tituição "é um texto moderno,c o m i n ov a çõ e s d e r e le v an t e i m po r tâ n ci a p a ra o c o ns t it u ci o na l is m o b r as i le i ro e a t é m u nd i al . B e m e x am i na d a,a Constituição Federal   , de 1988, constitui, hoje, um documento de grande importância para oc o n st i t u ci o n al i s mo e m g e r al . " [14].

H á q ue m d ig a, d en tr e e le s, P au lo B on av id es[15], qu e m ui to mais d o que pr om ove r nov os di re it os eins trumentalizar garantias , a Cons tituição de 1988 ins titucionalizou entre nós a bas e de um Es tado S ocial. Es em d úv id as , d a l ei tu ra s is te má ti ca d a L ei M ai or , n ão é d if íc il c he ga r a e st a m es ma c on cl us ão .

S a b e m o s , e n t r e t a n t o , q u e o B r a s i l p o s s u i u m i m e n s o a t r a s o s o c i a l , e c o n ô m i c o e p o l í t i c o - s e c o m p a r a d o a país es com tradições cons titucionais muito mais antigas , tais como os europeus - e que nunca efetivamentei m pl a nt o u- se e n tr e n ó s o E s ta d o S oc i al , n o s m o ld e s h i st o ri c am e nt e c o nh e ci d os . T a lv e z n a h i st ó ri a p o lí t ic a d o

 país , a época que mais s e as s emelha ao Es tado S ocial, foi o período governado por G etúlio V argas . Todavia,a i mp le me nt aç ão i so la da d e a lgu ns d i re i to s so c ia i s - e m e sp ec ia l o s t ra ba lh ist as e u m t ím ido i ní ci o d al e gi s la ç ão p r ev i de n ci á ri a - n ã o s e c o mp a ra a a t ua l e s tr u tu r a t r az i da p e la n o va C o ns t it u iç ã o.

E nes ta nova ambiência cons titucional - com bas e de Es tado s ocial, como outrora res s altado - as s is timos a promulgação de mais uma Carta P olítica que n ão  traz em s eu bojo uma tutela explícita do es s encialís s imod i re i to à m o r a d i a . A d o u t r i n a , p o r s u a v e z , n a t e nt a ti v a d e a me n i z a r o " es qu e ci m en t o" d o c o n st i t ui n t e ,afirmando que es te direito já era reconhecido como uma expres s ão dos direitos s ociais , uma vez que o art.2 3 , I X p r e c o n i z a q u e é c o m p e t ê n c i a c o m u m d a U n i ã o , E s t a d o s , D i s t r i t o F e d e r a l e M u n i c í p i o s . " p r o m o v e r  

 program as de cons tru ção de moradia s e a melhori a das condiçõ es habita cionai s e de s aneame nto". N es s es e nt i do , P a tr í ci a M a rq u es G a zo l a a o c o me n ta r o a r ti g o e m t e la , a s se v er o u:

 

E s te a r ti g o [ a rt . 2 3 , I X ] i n te r pr e ta d o d e f o rm a s i st e má t ic a c o m o s f u nd a me n to s e o b je t iv o s c o ns t it u ci o na i s d es e as s egurar a dignidade da pes s oa humana com a diminuição das des igualdades e erradicação da pobreza,d et er mi na a i mp la nt aç ão d e p ro gr am as ha bi ta ci on ai s v ol ta do s p ar a a p op ul aç ão d e b ai xa r en da . T ai sc o m pe t ê n ci a s e x p re s s am d e v er e s c o n st i t uc i o n ai s e n ã o f a c ul d a de s .[16]

 

D e s t a f o r m a , e r a s o m e n t e a t r a v é s d e u m a c o m p l e x a e x e g e s e d a C o n s t i t u i ç ã o q u e s e p o d i a d e p r e e n d e r odireito à moradia, pos to que, não s e trata de uma mera faculdade, ao revés , vincula neces s ariamente o P oder P úblico a promoção des ta prerrogativa. Contudo, não devemos deixar de reconhecer que pela primeira vezn a h i st ó ri a c o ns t it u ci o na l b ra s il e ir a , a i nd a q u e d e f or m a i n di r et a , p o si t iv o u- se a g a ra n ti a d o d i re i to a m o ra d ia .

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F oi s omente no ano 2000, entretanto, que os congres s is tas bras ileiros s e redimem des s a falha, ao aprovar aE me nd a C on st it uc io na l n º 2 6, a q ua l i ns er iu n o a rt ig o 6 º, o te rm o mor adia garantindo-a, des ta vez,e x pr e ss a me n te , c o mo u m d i re i to s o ci a l.

A i ns er çã o d es ta g ar an ti a v ei o j us ta me nt e e m u m c en ár io s oc ia l a la rm an te . E la in e A de li na P ag an i r el at a c omd et al he s o p an or am a d a é po ca :

 

A E me nd a C on st it uc io na l n º 2 6, d e 1 4 d e f ev er ei ro d e 2 00 0 f oi p ro mu lg ad a e m m ei o a u m c on te xt o s oc ia l d ea um en to d es co nt ro la do d a d en si da de d em og rá fi ca n os g ra nd es c en tr os u rb an os m ar ca do p el o dé fi ci th ab it ac io na l, f al ta d e s an ea me nt o b á si c o, in a de q ua d o s i st em a d e e d uc a çã o e d e sa ú d e p úb li ca o n d e o s

 pers onagens des s e quadro s ão formados pelos cidadãos s ocialmente excluídos .[17]

 

  N es te palco de contras tes , a proteção cons titucional ao direito à moradia vem fortalecer e reforçar as bas esd e m o c r á t i c a s e s o c i a i s p r e c o n i z a d a s , n ã o s o m e n t e n a C o n s t i t u i ç ã o , m a s n o í n t i m o d e t o d o s o s b r a s i l e i r o s .Al ém d is so , co nf er e m ec an is mo s a pt os a e xi gi r a a çã o p os it iv a e st at al p or m ei o d e p ol ít ic as p úb li ca sh a b i t a c i o n a i s , c o m o i n t u i t o d e f o r n e c e r e s t e d i r e i t o b á s i c o a u m a v a s t a g a m a d a p o p u l a ç ã o , e m e s p e c i a l af a i xa m a i s c a r en t e .[18]

  N ão s e pode olvidar, ainda, que além da proteção cons titucional, o direito à moradia, como s endo um direitohumano, é previs to em divers os ins trumentos legais internacionais , pos s ibilitando aos cidadãos bras ileiros( e n qu a n t o s u j e it o s d e d i r e it o i n t e rn a c io n a l ) p l e i te a r p r o ce s s ua l m e nt e j u n t o a o s o r g an i s mo s i n t e rn a c io n a i s, s u a

 promoção e implementação. Es s a relação entre indivíduos , Es tados N acionais e O rganis mos Internacionaisdecorre da adoção pelas N ações U nidas dos P actos Internacionais de D ireitos Civis e P olíticos e de D ireitos

S o ci a is , E c on ô mi c os e C u lt u ra i s ( 19 6 6) , c u jo f u nd a me n to é a D ec l ar a çã o U ni v er s al d o s D i re i to s H um a no s.Contudo, todo es s e arcabouço jurídico de proteção não foi e, ainda não é, s uficiente para garantir a todos -o u p e l o m e n o s p a r a a p a r c e l a m a i s c a r e n t e d a s o c i e d a d e - o a c e s s o a u m l a r , p o i s a p o s i t i v a ç ã o d o d i r e i t oapenas o garante formalmente. A faceta pres tacional do direito à moradia, ou s eja, a pos s ibilidade efetiva des e obter uma morada digna e adequada - tarefa que deve s er realizada pelo Es tado - fica muitas vezes aquémd a e x pe c ta t iv a d o s c i da d ão s .

  N es s e diapas ão, chegamos ao principal problema que as s ola a população bras ileira, des de o ápice do proces s o de urbanização. Em verdade, duas s ão as princ ipais mazelas ligadas ao direito de moradia narealidade s ocial bras ileira: a mais latente delas , o déficit h abitacion al         e a o u t r a , n ã o m e n o s i m p o r t a n t e , as

s u bmor adias.

 

3 . 1. A C o n s ti t ui ç ão F e d er al d e 1 9 88 e a p o l ít i ca h a bi t ac i on a l br a si l ei r a: o d éf i c it d e u n i da d esh a b i ta c i o na i s e a s s u b mo r a di a s

 

S e o s d i r e i t o s h u m a n o s s ã o c o t i d i a n a m e n t e v i o l a d o s , p o d e m o s a t e s t a r , e s t r e m e d e d ú v i d a s , q u e o d i r e i t o àmoradia é certamente um dos mais les ados . Is to porque, s egundo dados oficiais do M inis tério das Cidades5,180 milh ões de br as ileir os n ão tem aces s o a u ma mor adia dign a. [19]

D iante des te quadro de flagrante injus tiça s ocial nos s a Cons tituição repres entou um marco na luta contra adiminuição da mis éria e no combate a exclus ão s ocial. Em que pes e o "es quecimento" do nos s o cons tituintee m e x p l i c i t a r a m o r a d i a c o m o s e n d o u m d i r e i t o f u n d a m e n t a l , t e m o s d e s d e 1 9 8 8 , a l g u n s i n s t r u m e n t o s q u ef or am p os to s e m p rá ti ca n a t en ta ti va d e r ed uz ir m ai s e st e a bi sm o s oc ia l q ue a ss ol a o p aí s.

O s a r t i g o s 1 8 2 e 1 8 3 - q u e c u i d a m d a P o l í t i c a U r b a n a n a C o n s t i t u i ç ã o - s ã o o f u n d a m e n t o d o E s t a t u t o d a

C i da d e ( L e i n º 1 0 . 2 5 7 / 0 1 ) , l e i d e s u m a i m p o r t â n c i a p a r a u m a c o r r e t a u r b a n i z a ç ã o t r a z e n d o m e c a n i s m o sc o m o a f i g u r a d a u s u c a p i ã o e s p e c i a l d e i m ó v e l u r b a n o , a c o n c e s s ã o d e u s o e s p e c i a l p a r a f i n s d e m o r a d i a ,a l é m o u t r a s i n o v a ç õ e s . E m s e u b o j o a p r e s e n t a , a i n d a , r e a f i r m a ç õ e s d e i n s t i t u t o s c o n s a g r a d o s , c o m o p o r  e xe mp lo , o p l an o d ir et or . E s t e d i pl o ma f or ne ce u a o E st a do d i ve rs os i ns tr um en to s l eg ai s p ar a c on te r ae s pe c ul a çã o i m ob i li á ri a e a s si m g a ra n ti r m o ra d ia à p op u la ç ão m a is c a re n te .[20]

  N o que diz res peito as políticas públicas empreendidas na vigência da atual Lei M aior, na década de 1990, oE st a do re du zi u d ra st ic am en te s ua pa rt i ci pa çã o n o m er ca do d e i mó ve is , o q ue g er o u um a g ra ve c ri seh a b i t a c i o n a l . E m c o n s e q u ê n c i a a e s t e f a t o , o g o v e r n o d a é p o c a c r i o u o P r o g r a m a C a r t a d e C r é d i t o q u e

 proporcionou o financiamento de conjuntos habitacionais e condomínios de forma as s ociativa, por entidadesc i vi s o r ga n iz a da s ( a te n de n do , e m p a rt e , a o s m o vi m en t os s oc i ai s d a é p oc a ).

A p ó s a e d i ç ã o d a E m e n d a C o n s t i t u c i o n a l n º 2 6 d e 2 0 0 1 , n o â m b i t o d a A d m i n i s t r a ç ã o P ú b l i c a F e d e r a l e m       janei ro de 2003, cria-s e o M inis té rio das Cidade s [21] , q u e t e m c o m o f i n a l i d a d e d e f i n i r a s p r i o r i d a d e s n a

 política nacional de habitação. P ara Elaine A delina P agani, o M inis tério das Cidades s urge com para

i m p le m e nt a r a s e g ui n t e m e t a:

 

[ . . . ] i n t e g r a r a s p o l í t i c a s p ú b l i c a s q u e i n t e r f e r e m n a s c i d a d e s e , d e n t r o d e u m a v i s ã o i n t e g r a d a e i n c l u s i v a ,unificar as forças para pôr fim a "cidade partida", proporcionando a criação de es paços mais humanizados eampliado a aces s ibilidade das pes s oas à regularização fundiária, à moradia e ao s aneamento e à mobilidade

* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   5029

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 pelo s is tema de trans porte.[22]

 

Certamente o M inis tério tem um papel central nos ditames das políticas habitacionais , todavia, decorridoss e t e a n o s d e s e u s u r g i me n t o, s u as a ç õ es a in da n ã o f o r am s e nt i d as d e m a n ei r a e f et i va n a v id a d aq u el e s

 bras ileiros que não pos s uem um lar para morar.

Em 2004, a publicação da Lei nº 10.931, introduziu divers as mudanças legis lativas que s e fizeram perceber n o m e r c a d o i m o b i l i á r i o d o p a í s , n a t e n t a t i v a d e f a v o r e c e r o c r e s c i m e n t o d o c r é d i t o i m o b i l i á r i o p a r a c l a s s em é d i a , d a n d o m a i s s e g u r a n ç a a o s m u t u á r i o s e a o s b a n c o s . N o a n o s e g u i n t e , a L e i n º 1 1 . 1 2 4 / 0 5 c r i o u oF u n d o N a c i o n a l d e H a b i t a ç ã o d e I n t e r e s s e S o c i a l ( F N H I S ) , q u e t i n h a c o m o o b j e t i v o p r e c í p u o , f a c i l i t a r oa ce ss o a m or ad ia p ar a a f ai xa d a p op ul aç ão d e m en or r en da e d es sa f or ma , p ro mo ve r a i nc lu sã o s oc ia l.

A Lei nº 11.481 de 2007, es tabeleceu mecanis mos de reconhecimento do direito de pos s e da população de baixa renda, s endo inequívoca s ua aplicação s obre terras da U nião. Es ta lei atendeu os ans eios de milhares def a mí l ia s q ue a t ua l me n te m o ra m e m t e rr a s d a U ni ã o e q u e a g or a r e ce b er a m s eu s c e rt i fi c ad o s d e p ro p ri e da d e.

  N ão obs tante os es forços legislativos e a colocação de algumas políticas públicas em prática, o que pres en ciamo s , ainda hoje, no Bras il é um quadro de 5 milhõ es de cidad ãos s em aces s o a moradi a digna .T r a t a - s e d e u m a c i f r a g i g a n t e s c a q u e p r e c i s a , i m p e r a t i v a m e n t e , s e r r e d u z i d a p a r a q u e a s o c i e d a d e p o s s ae f e t i v a m e n t e l e g i t i m a r a s a ç õ e s d o E s t a d o e d o s g o v e r n o s q u e s e s u c e d e m . E e s t e c e n á r i o s ó n ã o é a i n d am ai s a la rm an te e a ss us ta do r, p or qu e nã o c om pu ta mo s o s mil hões d e l ar es , q ue v ive m d es pr ov id as d eq u a l qu e r i n f r ae s t ru t u ra b á s ic a ( a s c h a ma d a s s u bm o r ad i a s) .

 

CONCLUSÃO

 

O i n t e n t o m a i o r d e s t e t r a ba l h o f o i d e m o n s t ra r a i m po r tâ n ci a e s se n ci a l d a m o r a d i a n a f o r ma ç ã o d a v id ah u m a n a . C o m o a f i r m a m o s a l h u r e s é a t r a v é s d e l a q u e o s i n d i v í d u o s e n c o n t r a m u m e s p a ç o a p r o p r i a d o p a r ad e s en v ol v e r s u a p e r so n a li d a de , i n t im i d ad e , s u a s a t i vi d a de s d i á ri a s a l é m d a s f u n da m e nt a i s p r i me i r as n o ç õe s d ecidadania.

A s s im, por s e mos trar como uma neces s idade imperios a humana, os povos não tardaram a reconhecer que os eu aces s o deveria s e tornar um direito. S urge as s im, no âmbito internacional o reconhecimento do direitoh u ma n o à m o ra d ia .

C o n t u d o , a m e ra d e c la r a çã o e m i n s t r u m e n t o s i n t e r n a c i o n a i s d e p r o t e ç ã o , o u a i n d a , a p o s i t i va ç ã o d e s s ed i r e i t o n a s C o n s t i t u i ç õ e s d o s p a í s e s , n ã o a s s e g u r a m o p l e n o a c e s s o o u o g o z o d e s t a p r e r r o g a t i v a à s s u a s

 populações .

  N o Bras il, como demons tramos ao longo do trabalho, a violação diuturna do direito à moradia, impede quem i lh õ es d e b r as i le i ro s p os sa m a l ca n ça r o s f un d am e nt o s m í ni m os d e c i da da n ia , p o is , s e n e m a o m e no s u m t e toe l es p o ss ue m , c o mo g a ra n ti r a e s te s e x cl u íd o s, p a rt i ci p aç ã o n a v i da p o lí t ic a d o p a ís ?

Todavia, em que pes e o drás tico déficit habitacional, pres enciamos nes ta nova ordem cons titucional, algunse sf orç os significativos n a t ent ati va d e sanar e st e "incurável" probl ema soc ial . As políticas públicasimplementadas com o intuito de amenizar es te flagrante des res peito s ocial, tem alcançado, ainda que em umn í ve l b e m i n fe r io r a o e s pe r ad o , a l gu ns r e su l ta d os n o c o mb a te a m a is e s ta f o rm a d e e x cl u sã o s oc i al .

E s te f a t o s e rv e c om o u m a l en t o e t a m bé m c o mo u m a es p er a nç a , p o is , o B r as i l só c o ns e gu i rá a v a nç a r - c o mod es ej am o s n os so s l íd er es p ol ít ic os - s e t iv er c om o m et a, a g ar an ti a m ín im a d e c id ad an ia , q ue p or s ua v ez , s óe x is ti r á s e a s f am í li a s b r as i le i ra s t i ve re m u m l a r d ig no p a ra i s so .

 

REFERÊNCIAS

 

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 ______. O direit o fundame ntal à moradia na cons tit uição: alguma s anotaç ões a res pei to de s eu context o,c o n t e ú d o e p o s s í v e l e f i c á c i a . R e v i s t a E l e t r ô n i c a s o b r e a R e f o r m a d o E s t a d o ( R E R E ) . S a l v a d o r , n . 2 0 ,d e z. / fe v . 2 0 09 - 20 10 . D i sp o ní v el e m : . A ce s so e m : j a n. d e 2 0 10 .

 

 ______. O s direitos fundamentais s ociais na Cons tituição de 1988. Revista Diálogo Jurídico, S alvador, nº.1 0 , j a ne i ro , 2 0 02 . D i sp o ní v el e m : h t tp : // w ww . di r ei t op u bl i co . co m .b r . A c es so e m : j a n. d e 2 0 10 .

 

S AU LE J ÚN IO R, N e l so n ; O S ÓR I O, L e tí c i a M a r q u es . Direito a moradia no Brasil . Di sp on ív el e m: .A c es s o e m : j a n. 2 0 10 .

 

* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   5031

7/18/2019 A Dimensão Humana Do Direito à Moradia

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S ILV A , J os é A fons o da. Curso de direito constitucional positivo. 24.ed. S ão P aulo: M alheiros , 2005.

 

 ______. Direito urbanístico brasileiro. 5.ed. S ão P aulo: M alheiros , 2008.

 

S OU ZA , S ér gi o I gl es ia s Nu ne s d e. D i re i to à m or a di a e d e h a bi t aç ã o: análise comparativa e suasi m pl i ca ç õe s t e ór i ca s e p r át i ca s c o m o s d i re i to s d a p e rs o na l id a de . 2 . ed . S ã o P a ul o : R T , 2 0 08 .

 

V IA N A , Rui G eraldo Camargo. D ireito à moradia. Revista da Faculdade de Direito da Universidade deS ã o P a ul o, S ão P aulo, v. 95, p. 543-552, 2000.

 

[1] HOUAISS , Antônio; VILLAR, Ma uro de Salles; FRA NCO, Francisco Manoel d e Mello.Minidicionário Houaiss da língua portuguesa . R io d e J an ei ro : O bj et iv a, 2 00 3. p . 3 58 .

[2] A LV ES , M ar ia M ag da le na . H om en s d e r ua : a qu el es q ue n ão m or am . T e mp o e P r es e nç a, Rio de J aneiro,a no 1 5, n . 2 67 , p . 1 4- 16 , j an ./ fe v. 1 99 3. ( gr if o n os so )

[3] V IA N A , Rui G eraldo Camargo. D ireito à moradia. Revista da Faculdade de Direito da Universidaded e S ã o P a ul o, S ão P aulo, v. 95, p. 543-552, 2000.

[4]   N O L AS C O , L o r e ci G o t t sc h a l k. D i r ei t o f u n da m e nt a l à m o r ad i a. S ão P aulo: P illares , 2008. p. 88.

[5]   P A G A N I, Elaine A delina. O d i r e i t o d e p r o p r i e d a d e e o d i r e i t o à m o r a d i a : um diálogo comparativoe nt re o d ir ei t o d e p ro pr ie da de u rb an a i mó ve l e o d ir ei to à m or ad ia . P or to A le gr e: E DI PU CR S, 2 00 9. p . 1 22 .

[6] S ob r e o p r in c íp i o- v al o r d i gn i da d e d a p e ss o a hu m a n a , n ã o te c e r e m o s l o n g a s c on si d er a çõ e s s ob r e s eus en ti do e a lc an ce , a t é p or q ue f ug ir ía mo s d o n os so p ro pó si t o. Q ua nd o n os r ef er im os a e le q ue re mo sd i m e n s i o na r c o nd i ç õ e s m í n i m a s d e s a l u br i d a de , h i g i en e , s e g u r a n ç a n o q u e t a n g e à u n i d a d e h a b i t a c i o n a l .M o r a r d i g n a m en t e c o m p õ e a p r ó p r i a n o ç ã o d e d i g n i d a d e d a p e s s o a h u m a n a . S ó s e a l c a n ç a a c i da d an i amínima s e o indivíduo tiver condições ínfimas para cons tituir uma família, em um ambiente s eguro, e a ela

 proporcionar os ens inamentos bás icos para tanto. N as palavras de Ingo Wolfgang S arlet: "Com efeito, s emu m l ug ar a de qu ad o p ar a p ro te ge r- se a s i p ró pr io e s ua f am íl ia c on tr a a s i nt em pé ri es , s em u m l oc al p ar a g oz ar  de s ua intimidade e privacidade, enfim, de um es paço es s encial para viver com um mínimo de s aúde e bem-es tar, certamente a pes s oa não terá as s egurada a s ua dign idade, aliás , por vezes não terá s equer as s egurado

o direito a própria exis tência fís ica, o s eu direito à vida" (S A RLET, Ingo Wolfgang. O direito fundamental àm or ad ia n a c on st it ui çã o: a lg um as a no ta çõ es a r es pe it o d e s eu c on te xt o, c on te úd o e p os sí ve l e fi cá ci a.Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado (RERE). S a lv a do r , n . 2 0 , d e z. / fe v . 2 0 09 - 20 1 0. D i sp o ní v ele m: . A ce ss o e m: j an . d e 2 01 0. )

[7] S ILV A , J os é A fons o da. Curso de direito constitucional positivo. 24.ed. S ão P aulo: M alheiros , 2005, p. 315.

[8]  N o que diz res peito à eficácia dos D ireitos S ociais, Ingo Wolfgang S arlet s e des taca dentre osdoutrinadores nacionais , pois , combate veementemente a dis torcida vis ão de que tais direitos pos s uem umâ m b i t o d e e f i c á c i a r ed u z i d a . A s s e v e ra o a u t o r : " O s d i r e i t o s f u n da m e n t a i s s o c ia i s d e c u n ho p r e s t a c i o n a l,i nde penden tem ent e da f or ma de sua posi ti va ção (me smo qu and o eminentemente p ro gr am át ic os ouimpos itivos ), por menor que s eja s ua dens idade normativa ao nível da Cons tituição, s empre es tarão aptos agerar um mínimo de efeitos jurídicos , já que não há mais praticamente quem s us tente que exis tam normas

cons titucionais (ainda mais quando definidoras de direitos fundamentais ) des tituídas de eficácia e, portanto,d e a p l i c a b i l i d a d e " ( S A R L E T , I n g o W o l f g a n g . O s d i r e i t o s f u n d a m e n t a i s s o c i a i s n a C o n s t i t u i ç ã o d e 1 9 8 8 .Revista Diálogo Jurídico , S a l va d o r , n º . 1 0 , j a n e i ro , 2 0 0 2. D i s po n í ve l e m : h t t p :/ / w ww . d ir e i t op u b l ic o . c om . b r  . A ce ss o e m: j an . d e 2 01 0. )

[9] Q uando nos referimos ao âmbito internacional, não queremos abordar o s urgimento do direito à moradian o s o r d e n a m e n t o s j u r í d i c o s d o s d e m a i s p a í s e s e m e s p e c í f i c o , m a s s i m , a n a l i s a r m o s a p r o t e ç ã o f o m e n t a d a

 pela O rganização das N ações U nidas , como res ultado de um es forço conjunto dos povos para o progres s os o c i a l d a h u m a n i d a d e . C o n t u d o , r e g i s t r a - s e q u e o p r i m e i r o o r d e n a m e n t o a a s s e g u r a r o d i r e i t o a m o r a d i ad ig na , f oi o M éx ic o, n o a rt . 4 º d e s ua L ei M ai or . A C on st it ui çã o d e W ei ma r d e 1 91 9, t am bé m r el eg a e sp ec ia l

 proteção a moradia, nos termos do s eu art. 155.

[10] S A U LE J Ú N IO R, N els on; O S Ó RIO , Letícia M arques . Direito a moradia no Brasil . D is ponível em: .A c es s o e m : j a n. 2 0 10 .

[11] C OM PA RA TO , F áb io K on de r. A a fi rm aç ão h is tó ri ca d os d ir ei to s h um an os . 6 .e d. S ã o Pa ul o:S araiva, 2008. p. 338.

[12] S A U LE J Ú N IO R, N els on. Ins trumentos de monitoramento do direito humano à moradia adequada. In:F E R NA N DE S , E d é si o ; A L F ON S I N, B e t â ni a . D i r e it o u r b an í s t ic o: e s tu do s b r as i le i ro s e i n te r na c io n ai s . B e loH or iz on te : D el R ey , 2 00 6. p . 2 20 .

* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010   5032

7/18/2019 A Dimensão Humana Do Direito à Moradia

http://slidepdf.com/reader/full/a-dimensao-humana-do-direito-a-moradia 10/10

[13] Entre nós , J os é A fons o da S ilva, em s eu Curs o de D ireito Cons titucional P os itivo, dá a s ua definição demoradia adequada: "O conteúdo do direito à moradia envolve não s ó a faculdade de ocupar uma habitação.E xi ge-se qu e seja uma habi ta ção de dime nsõe s a de qu ad as, em c ond iç õe s de higiene e c on for to e qu e

 pres erva a intimidade pes s oal e a privacidade familiar, como s e prevê na Cons tituição portugues a (art. 65).E m su m a , q u e s e j a u m a h a b i ta ç ã o d i g n a e a de q u a da , c o m o q u e r a Co n s t it u i ç ã o e s p a nh o l a ( a r t . 4 7 ) . " S I L VA ,J os é A fons o da. Curso de direito constitucional positivo. 24.ed. S ão P aulo: M alheiros , 2005. p. 314.

[14]   S ILV A , J os é A fons o da. Curso de direito constitucional positivo. 24.ed. S ão P aulo: M alheiros , 2005. p. 89.

[15] P ar a o e mé ri to P ro fe ss or c ea re ns e, " A C on st it ui çã o d e 1 98 8 é b as ic am en te e m m ui t as d e s ua s d im en sõ ese s s e n c i a i s u m a C o n s t i t u i ç ã o d o E s t a d o s o c i a l . " . B O N A V I D E S , P a u l o . C u rs o d e d i r e i t o c o n s t i t u c i o n a l .

16.ed. S ão P aulo: M alheiros , 2005. p. 371.[16] G AZ OL A, P a tr í ci a M a rq u es . C on cr et iz aç ão d o di re it o à m or ad ia d ig na: t eo ri a e p rá ti ca . Be loH orizonte: F órum, 2008. p. 52.

[17]   P A G A N I, Elaine A delina. O direito de propriedade e o direito à moradia: um diálogo comparativoe nt re o d ir ei t o d e p ro pr ie da de u rb an a i mó ve l e o d ir ei to à m or ad ia . P or to A le gr e: E DI PU CR S, 2 00 9. p . 1 22 .

[18] I n s t a d e s t a c a r q u e a l é m d o a r t . 6 º q u e t r a d u z e x p l i c i t a m e n t e o d i r e i t o à m o r a d i a , e x i s t e m e m n o s s aCons tituição outros dis pos itivos que também fazem alus ão a es te direito. N es s e s entido, merece des taque o

       já ci tad o art . 23, IX (ar t. 23. É com petê nci a comu m da U niã o, dos Es ta dos , do D is t rit o F ede ral e dosM un ic íp io s: [ . .. ] IX - p ro mo ve r p ro gr am as d e c on st ru çã o d e m or ad ia s e a me lh or ia d a s c on di ç õe s

h abitacion ais  e de s aneamento bás ico;), art.7º, IV (A rt. 7º S ão direitos dos trabalhadores urbanos e rurais ,a l é m d e o u t r o s q u e v i s e m à m e l h o r i a d e s u a c o n d i ç ã o s o c i a l : [ . . . ] I V - s a l á r i o m í n i m o , f i x a d o e m l e i ,

n a c i o n a l m e n t e u n i f i c a d o , c a p a z d e a t e n d e r a s u a s n e c e s s i d a d e s v i t a i s b á s i c a s e à s d e s u a f a m í l i a c o m

mor adia, a li me nt aç ão , e du ca çã o, s a úd e, l a ze r, v es tu ár io , h ig ie ne , t r an sp or t e e p re vi dê nc ia s oc ia l, c omreajus tes periódicos que lhe pres ervem o poder aquis itivo, s endo vedada s ua vinculação para qualquer fim;),art. 24, I (A rt. 24. Compete à U nião, aos Es tados e ao D is trito F ederal legis lar concorrentemente s obre: I -d i r e i t o t r i b u t á r i o , f i n a n c e i r o , p e n i t e n c i á r i o , e c o n ô m i c o e u r b a n í s t i c o ; ) e p o r f i m a r t . 1 8 3 ( A r t . 1 8 3 . A q u e l eq ue po ssu ir c om o sua á re a urba na de a té d uz en to s e c inqüent a m et ro s q ua dra do s, p or c inc o a no s,i n in t er r up t am e nt e e s e m o p os i çã o , u t il i za n do - a p a ra s u a m o ra d ia o u d e s u a f a mí l ia , a d qu i ri r -l h e- á o d o mí n io ,d es de q ue n ão s ej a p ro pr ie tá ri o d e o ut ro i mó ve l u rb an o o u r ur al . )

[19] B R AS I L . M i n i s t é ri o d a s Ci d a d e s . S e c r e t a r i a N a c i o n a l d e H a b i t a ç ã o .   D é f i c i t h a b i t a c i o n a l n o B r a s i l2007.  B ra sí li a, D F, 2 00 9. p . 2 4.

[20]   P A G A N I, Elaine A delina. O direito de propriedade e o direito à moradia: um diálogo comparativoe nt re o d ir ei t o d e p ro pr ie da de u rb an a i mó ve l e o d ir ei to à m or ad ia . P or to A le gr e: E DI PU CR S, 2 00 9. p . 1 11 .

[21] A M e d i d a P r o v i só r i a n º 1 0 3 d e 1 º d e j a n e i r o d e 2 0 0 3 , c o n v e r t i d a n a L e i n º 1 0 . 6 8 3 d e 2 0 0 3, q u e

trans forma a S ecretaria Es pecial de D es envolvimento U rbano - S ED U em M inis tério das Cidades . Em s euart. 27, III, traz s uas competências , a s aber:

a ) p o l ít i c a d e d e s en v o lv i m en t o u r b an o ;

 b) políticas s etoriais de habitação, s aneamento ambiental, trans porte urbano e trâns ito;

c) promoção, em articulação com as divers as es feras de governo, com o s etor privado e organizações não-g o v e r n a m e n t a i s , d e a ç õ e s e p r o g r a m a s d e u r b a n i z a ç ã o , d e h a b i t a ç ã o , d e s a n e a m e n t o b á s i c o e a m b i e n t a l ,t r a n sp o r te u r b a no , t r â n si t o e d e s en v o l vi m e n to u r b a no ;

d ) p o lí t ic a d e s u bs í di o à h a bi t aç ã o p o pu l ar , s a ne a me n to e t r an s po r te u r ba n o;

e ) p l an e ja m en t o, r e gu l aç ã o, n o rm a ti z aç ã o e g e st ã o d a a p li c aç ã o d e r e cu r so s e m p o lí t ic a s d e d e se n vo l vi m en t ou r ba n o, u r ba n iz a çã o , h a bi t aç ã o, s a ne a me n to b á si c o e a m bi e nt a l, t r an s po r te u r ba n o e t r ân s it o ;

f ) p a r t i c i p a ç ã o n a f o r m u l a ç ã o d a s d i r e t r i z e s g e r a i s p a r a c o n s e r v a ç ã o d o s s i s t e m a s u r b a n o s d e á g u a , b ema s si m p a ra a a d oç ã o d e b a ci a s h i dr og r áf i ca s c o mo u n id a de s b á si c as d o p l an e ja m en t o e g e st ã o d o s a ne a me n to ;

[22]   P A G A N I, Elaine A delina. O direito de propriedade e o direito à moradia: um diálogo comparativoentre o direito de propriedade urbana imóvel e o direito à moradia. P orto A legre: ED IP U CRS , 2009. p. 111-112.

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