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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA AMBIENTAL A DISPOSIÇÃO A PAGAR PELA ÁGUA COMO FUNDAMENTO PARA INVESTIMENTO NA PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: o caso do Parque Estadual da Pedra Branca, no Rio de Janeiro. CELSO DA SILVA GONÇALVES NITERÓI 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE ESTUDOS GERAIS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA AMBIENTAL

A DISPOSIÇÃO A PAGAR PELA ÁGUA COMO FUNDAMENTO PARA INVESTIMENTO NA PROTEÇÃO E

RECUPERAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: o caso do Parque Estadual da Pedra Branca, no Rio de Janeiro.

CELSO DA SILVA GONÇALVES

NITERÓI

2003

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CELSO DA SILVA GONÇALVES

A DISPOSIÇÃO A PAGAR PELA ÁGUA COMO

FUNDAMENTO PARA INVESTIMENTO NA PROTEÇÃO E

RECUPERAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: o

caso do Parque Estadual da Pedra Branca, no Rio de Janeiro.

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do Grau de

Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Cláudio Belmonte de Athayde Bohrer

Co–Orientador: Prof. Dr. Peter Herman May

Co-Orientadora: Profª Msc. Inês Costa Chaves

Niterói

2003

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iii

GONÇALVES, Celso da Silva

301.31

G635d

A Disposição a Pagar Pela Água Como Fundamento ParaInvestimento na Proteção e Recuperação de Unidades deConservação: O Caso do Parque Estadual da Pedra Branca, noRio de Janeiro / Celso da Silva Gonçalves.__ Niterói: UFF,2003.

94f.; 30 cm. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) UniversidadeFederal Fluminense, 2003. Bibliografia.

1. Meio Ambiente - Aspectos Econômicos. 2. PolíticaAmbiental. 3. Ecologia. 4. Proteção Ambiental. 5. ImpactoAmbiental. I. Título. CDU 301.31

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CELSO DA SILVA GONÇALVES

A DISPOSIÇÃO A PAGAR PELA ÁGUA COMO

FUNDAMENTO PARA INVESTIMENTO NA PROTEÇÃO E

RECUPERAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: o

caso do Parque Estadual da Pedra Branca, no Rio de Janeiro.

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para obtenção do Grau de

Mestre .

Aprovada em de 2003.

BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Prof. Dr. Cláudio Belmonte de Athayde Bohrer

Universidade Federal Fluminense

_________________________ Prof. Dr. Peter Herman May

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

_________________________ Prof. Dr. Celio Mauro Viana

Universidade Federal Fluminense

_____________________________________ Prof. Dr. Luís Eduardo Duque Dutra

Universidade Federal do Rio de Janeiro

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À Roseane, esposa dedicada que sempre me apoiou.

À Iomar, mãe simples e humilde, mas que sempre valorizou o meu estudo.

Às minhas filhas Camila, Clarice e Amanda, que compreenderam minha falta

de tempo e impaciência.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Cláudio Belmonte de Athayde Bohrer, pela orientação firme e

competente.

Ao Prof. Dr. Peter Herman May, pela co–orientação, incentivo e estímulo num

campo que nunca tinha trilhado e que por isso foi um duplo desafio.

À Profª. Msc. Inêz Costa Chaves, que se prontificou a ajudar nas análises

estatísticas econométricas.

Ao Dr. Antônio Carlos Arrábica Paes, juiz da 4º Vara Criminal da Comarca de

Nova Iguaçu, pela oportunidade de exercer plenamente a cidadania no Tribunal do Júri.

À Coordenação do PGCA, pelo apoio e orientação durante todo o curso que

resultou no presente trabalho.

Ao Departamento de Cartografia – DECAR, por ter possibilitado a utilização dos

softwares, equipamentos e dependências, sem os quais este trabalho não poderia ser

realizado.

À Lúcia Maria Teixeira, pela compreensão e camaradagem nas minhas eventuais

falhas.

Ao companheiro Ronilson S. Lima, grande conhecedor da Pedra Branca, que

ajudou na aplicação dos questionários na região do Rio da Prata.

Ao Jorge, secretário do PGCA, competente e polivalente e além de tudo um grande

amigo.

Ao Gisney e ao Wagner da 4º Vara Criminal da Comarca de Nova Iguaçu, um porto

seguro numa hora difícil.

Ao Eduardo Abraão, pela ajuda com o software, na tentativa de se fazer o mapa de

declividade das bacias trabalhadas e paciência em me ensinar Access.

À Cleonice da Conceição pela ajuda na confecção dos mapas e nas dicas sobre os

softwares usados.

À Roselir Brito, bibliotecária brilhante, responsável pela normatização das

referências bibliográficas e acima de tudo amiga de longos anos de luta.

Ao Maurício Krumbiegel que, em cima do laço, formatou o trabalho.

Ao Sérgio Mattos da Fonseca, grande ecologista, companheiro do mestrado e do

Instituto Ecociência.

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À Nelly Lamarão Câmara, que de muito longe transmitiu muita energia com suas

palavras de incentivo e confiança.

Aos colegas do IBGE, Ana Maria Oliveira, Ana Duarte, Carlos Alberto Pereira,

Eliete Martins, Fátima Brito, Gilson Mesquita, Helena Mello, Ivan Cortes, João Carlos

Goulart, Júlio Cosme, Neliel Patrocínio, Luzia Simas, Márcia Cristina, Márcia Mathias,

Mariângela Soares, Mário Henrique, Paulo Renato, Rubens Teófilo, Sandra Goulart,

Sandra Porto, Sidney Soares, Wilma Nascimento, que torceram para que este trabalho

fosse concluído.

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ÍNDICE

1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1

2 – REVISÃO TEÓRICA ....................................................................................... 6

2.1 - ECONOMIA AMBIENTAL E INSTRUMENTOS DE GESTÃO .................................. 8

2.1.1 - O Valor Econômico do Meio Ambiente ............................................ 10

2.1.2 - Métodos de Avaliação dos Benefícios ............................................... 12

2.1.2.1. - Técnicas Baseadas no Preço de Mercado ...................................... 12

2.1.2.2 - Técnicas Baseadas em Preços Ocultos............................................ 13

2.1.2.3 - Técnica Baseada no Valor Agregado pelos Usuários ..................... 13

2.1.2.4 - Técnicas Baseadas em Custos......................................................... 14

2.1.2.5 – Técnica Baseada na Transferência de Energia ............................... 15

2.1.3 - Fundamentação Teórica do Método de Valoração Contingente........ 15

2.2 – HIDROLOGIA FLORESTAL.................................................................... 19

2.2.1 – A Influência da Floresta no Ciclo Hidrológico ................................. 20

1 - Influência do ambiente natural da bacia .................................................. 20

2 – As múltiplas funções da floresta ............................................................. 21

a - Função de interceptar a água.................................................................... 21

b – Função de amortecer o escoamento superficial....................................... 22

c – Função de reforçar e manter a permeabilidade do solo ........................... 23

d – Função de diminuir a água do solo através do processo de transpiração 23

e – Função de refrear a evaporação do solo .................................................. 24

f – a função de aumentar o volume da chuva ................................................ 24

2.3. – A FLORESTA E AS ENCHENTES.................................................................... 25

2.4 – A FLORESTA E A QUALIDADE DAS ÁGUAS ................................................... 26

3 - O PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA......................................... 28

3.1 – O PARQUE ESTADUAL COMO UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ......................... 28

3.2 – DIPLOMA LEGAL.......................................................................................... 33

3.3 - LOCALIZAÇÃO .............................................................................................. 35

3.4 – O AMBIENTE FÍSICO .................................................................................... 35

4. - OBJETIVOS .................................................................................................... 42

4.1 - OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 42

4.2. - OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 42

5 - HIPÓTESES ..................................................................................................... 42

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6 – METODOLOGIA............................................................................................ 43

6.1 – COLETA DE DADOS ...................................................................................... 43

6.1.1 - Em relação à DAP:............................................................................. 43

6.1.2 - Pesquisa de Campo ............................................................................ 44

6.2 - AMOSTRAGEM DA DISPOSIÇÃO A PAGAR ...................................................... 44

6.3. - ESTIMAÇÃO ECONOMÉTRICA DA DISPOSIÇÃO A PAGAR .............................. 51

6.3.1 – Procedimentos Estimativos para o Método de Valoração

Contingente ....................................................................................... 51

6.3.2 - Método de Avaliação Contingente da Disposição a Pagar ................ 51

6.3.3 - Descrição da modelagem e estimação da Disposição a Pagar ........... 52

6.4.1- Preparo dos Polígonos dos Temas ...................................................... 55

7 – RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 58

7.1 - ANÁLISE DESCRITIVA DAS ENTREVISTAS ...................................................... 58

7.1.1 – Perfil do Entrevistado........................................................................ 58

7.1.2 – Infra–Estrutura do Domicílio ............................................................ 59

7.1.3 – Relação do Entrevistado com o Parque............................................. 61

7.1.4 – Disposição a Pagar para ter os serviços do Parque ........................... 62

7.1.5 – Renda dos Entrevistados ................................................................... 64

7.2 – ANÁLISE DO MAPEAMENTO......................................................................... 65

7.3 – APLICAÇÃO DO MÉTODO DE VALORAÇÃO CONTINGENTE ........................... 67

7.4 – DISCUSSÃO................................................................................................... 69

8 – CONCLUSÃO.................................................................................................. 70

8.1 – RECOMENDAÇÕES........................................................................................ 71

9 – BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 73

ANEXO 1: PRÉ-QUESTIONÁRIO..................................................................... 81

ANEXO 2: QUESTIONÁRIO APLICADO........................................................ 85

ANEXO 3: MODELO LOGIT PARA DISPOSIÇÃO A PAGAR .................... 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 - Características Principais dos Sistemas Guandu-Acari, Lages e Mananciais

Locais – 1985. ............................................................................................................... 4

Tabela 2.1 - Valor Econômico das Florestas Tropicais....................................................... 10

Tabela 6. 1 - Resumo do período de coleta de dados _____________________________ 43

Tabela 6. 2 - Áreas da pesquisa - População ___________________________________ 44

Tabela 6. 3 - Rendimento do chefe do domicílio em Salário Mínimo ________________ 45

Tabela 6. 4 - Setores Censitários Selecionados _________________________________ 48

Tabela 6. 5 - Setores censitários selecionados __________________________________ 49

Tabela 6. 6 - Resumo da Amostra ___________________________________________ 49

Tabela 6. 7 - Atributos da Vegetação _________________________________________ 56

Tabela 6. 8 - Atributos da Hipsometria _______________________________________ 56

Tabela 6. 9 - Atributos da Hidrografia ________________________________________ 57

Tabela 7 1 – Cobertura vegetal das bacias estudadas_____________________________ 65

Tabela 7.2 - Resultados da Estimativa dos Modelos de Disposição a Pagar ___________ 68

Tabela 7 3 - Estimativas do Valor da Disposição a Pagar segundo o modelo __________ 68

Tabela 7 4 – Valor da Disposição a Pagar pela Água ____________________________ 69

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa da Localização do Parque ......................................................................... 40

Figura 2- Mapa dos Setores Censitários .............................................................................. 60

Figura 3 – Mapa da Localização das Bacias........................................................................ 65

Figura 4 – Escolaridade dos Entrevistados.......................................................................... 58

Figura 5 – Profissão dos Entrevistados ............................................................................... 58

Figura 6 – Estado Civil dos Entrevistados .......................................................................... 59

Figura 7 – Propriedade do Domicílio .................................................................................. 59

Figura 8 – Origem da Água do Domicílio........................................................................... 60

Figura 9 – Disposição Final do Esgoto................................................................................ 60

Figura 10 – Freqüência da Coleta de Lixo .......................................................................... 61

Figura 11 – Atividades Desenvolvidas no Parque............................................................... 62

Figura 12 – Disposição a pagar pela água ........................................................................... 63

Figura 13 – Disposição a pagar para visitar o Parque ......................................................... 64

Figura 14 – Renda Familiar dos Entrevistados.................................................................... 64

Figura 15 – Mapa da Cobertura Vegetal ............................................................................. 80

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RESUMO

Esta dissertação tem por finalidade a avaliação monetária da água como

fundamento para a valoração de serviços ambientais gerados por Unidades de

Conservação, a partir de uma experiência piloto realizada no entorno do Parque Estadual

da Pedra Branca (PEPB), no Rio de Janeiro. Utilizando a metodologia de valoração

contingente, buscou-se identificar a Disposição a Pagar (DAP) da população do entorno do

PEPB, por este bem fundamental para a vida humana, obtida em grande medida de

captações dentro do próprio Parque. Para se chegar à DAP foi aplicado um questionário

numa amostra aleatória das famílias locais residentes, na qual a pergunta-chave avaliou

quanto as famílias estariam dispostas a pagar na sua conta mensal de luz para garantir o

abastecimento regular de água de boa qualidade, através do reflorestamento do PEPB. O

valor encontrado neste contexto foi de R$0,73 (setenta e três centavos) por domicílio/mês.

O valor encontrado na amostra foi expandido para todos os moradores, dos setores

censitários selecionados, do entorno do Parque, chegando-se a um valor de R$16.976,24

por ano. Este valor seria suficiente, por exemplo, para manter cinco trabalhadores

ocupados ao longo do ano no reflorestamento das áreas de pastagens existente no interior

do Parque. Aliado a outras iniciativas de Organizações Não-Governamentais – ONGs

entidades governamentais e à iniciativa privada já em andamento no PEPB, os moradores

assim poderiam contribuir de maneira bastante significativa para a preservação do Parque e

continuar usufruindo a água de boa qualidade e em quantidade.

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xiv

ABSTRACT

The objective of this is the monetary valuation of water as a basis for the valuation

of the environmental services generated by a Conservation Units, based on a pilot study

carried out in the buffer zone of the Pedra Branca State Park (PEPB), in Rio de Janeiro,

Brazil. Applying the contingent valuation method, the research sought to identify the

buffer zone population's Willingness to Pay (WTP) for this asset, essential to human life,

obtained largely from water sources within the Park itself. To arrive at the WTP, a

questionnaire was applied to a random sample of local households. The key question asked

how much the families would be willing to pay in their monthly light bill to assure a

regular supply of good quality water, through reforestation projects in the PEPB. The value

found in this case was R$0.73 (about US$0.20 per family/month). This value was

expended to all residents in the Park buffer zone, arriving at a total value of R$ 16,976.24

per year (about US$4,850). This amount, although modest, would be sufficient, for

example, to keep five workers throughout the year reforesting areas currently covered by

pastures within the Park. Allied with other initiatives of non-governmental organizations,

governmental agencies and private companies already in progress in the PEPB, the

residents could thus contribute in a significant way toward the preservation of the Park,

and continue to benefit from water of good quality and adequate volume.

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1 - INTRODUÇÃO

A atual pressão sobre os recursos hídricos resulta do crescimento populacional e

econômico, traduzindo-se nas expressivas taxas de urbanização verificadas nos últimos

anos e aliando-se à ocorrência de cheias e secas e à degradação do meio ambiente hídrico,

que cada vez atingem maiores contingentes populacionais.

As primeiras discussões internacionais chamando atenção para a necessidade de

reforma e modernização da gestão dos recursos hídricos ocorreram na Conferência das

Nações Unidas sobre a Água, realizada em Mar Del Plata no mês de março de 1977. Em

janeiro de 1992 foi realizada, em Dublin, a Conferência Internacional sobre Águas e Meio

Ambiente, como um evento preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro. A declaração de Dublin destaca

que1:

“A escassez e o desperdício da água doce representam sérias e crescente ameaças ao desenvolvimento sustentável e a proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem-estar do homem, a garantia de alimentos, o desenvolvimento industrial e o equilíbrio dos ecossistemas estarão sob risco se a gestão da água e do solo não se tornarem realidade na presente década, de forma bem mais efetiva do que tem sido no passado” (ANA, 2002, p.21).

Desta conferência emanaram também os chamados Princípios de Dublin, que

norteiam, até hoje, a gestão das águas em todo o mundo, onde se destaca:

As águas doces são um recurso natural finito e vulnerável, essencial para

sustentação da vida, do desenvolvimento e do meio ambiente. A gestão da água

deve ser integrada e considerada no seu todo, quer seja a bacia hidrográfica e/ou

aqüíferos;

Desenvolvimento e gestão da água deve ser baseada na participação de todos, quer

sejam usuários, planejadores e decisores políticos, de todos os níveis; e

A água é um recurso natural dotado de valor econômico em todos seus usos

competitivos e deve ser reconhecida como um bem econômico.

1 CWE, 1992 International Conference on Water and the Environment: Development Issues for the 21 st. Century. United Nations, Dublin, Irlanda, apud ANA 2002.

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2

A intenção de reformar o sistema de gestão de recursos hídricos brasileiros

começou a tomar corpo ao longo da década de 80 com o reconhecimento, por parte de

setores técnicos do governo, de que era chegado o momento de se proceder à

modernização do setor, o qual vinha funcionando com base no Código de Águas de 1934.

Em 1986, o Ministério de Minas e Energia criou Grupo de Trabalho, com a

participação de órgãos e entidades federais e estaduais, para propor a organização de um

sistema de gerenciamento de recursos hídricos. O relatório final recomendou a criação de

um sistema nacional e a comunicação aos Estados, Territórios e ao Distrito Federal da

necessidade da instituição de sistemas semelhantes.

O Estado de São Paulo, que já se encontrava organizando ação para a reestruturação

do setor desde 1983, compartilhando das mesmas preocupações, deflagrou, também em

1986, o debate sobre a necessidade de se tratar os recursos hídricos sob múltiplos aspectos,

integrando a discussão institucional à discussão técnica, de maneira que fosse criado um

sistema factível sob o ponto de vista técnico e ao mesmo tempo exeqüível sob o ponto de

vista político. A sinalização era que o assunto deveria sair da esfera tecnocrata do governo

e abranger outros segmentos interessados da sociedade.

Em 1989, numa iniciativa pioneira, algumas cidades das Bacias dos Rios Piracicaba

e Capivari, uniram-se para formar o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios

Piracicaba e Capivari, com o objetivo de promover a recuperação ambiental dos rios, a

integração regional e o planejamento do desenvolvimento da Bacia. Em 1991 é aprovada

lei em São Paulo instituindo a Política Estadual de Recursos Hídricos, criando o Sistema

Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Tal sistema consolida a participação da

sociedade civil no processo decisório, cria a cobrança pelo uso da água, e determina que os

recursos daí advindos serão administrados pelo Fundo de Recursos Hídricos para utilização

direta nos Comitês de Bacia (ANA, 2002).

Seguindo o exemplo de São Paulo, os demais estados instituíram seus sistemas

estaduais de gerenciamento de recursos hídricos: Ceará em 1992, Santa Catarina e Distrito

Federal em 1993, Minas Gerais e o Rio Grande do Sul, em 1994, Sergipe e Bahia em 1995,

promulgaram leis sobre recursos hídricos, processo que tem continuidade, até hoje, no

âmbito de outros estados.

Em 1997 concretizou-se a decisão do país de enfrentar, com um instrumento

inovador e moderno (Lei 9 433), o desafio de equacionar a demanda crescente de água para

fazer face ao crescimento urbano, industrial e agrícola, os potenciais conflitos gerados pelo

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3

binômio disponibilidade-demanda e o preocupante avanço da degradação ambiental de

nossos rios e lagos. Foi definida, então, a Política Nacional de Recursos Hídricos e criado o

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Em 2000, consolidou-se a

ampla reforma institucional do setor de recursos hídricos através da Lei 9 984, que criou a

Agência Nacional de Águas (ANA, 2002).

O município do Rio de Janeiro, detentor do segundo maior contingente

populacional2 e terceiro parque industrial do país, é o único a ter as maiores florestas

urbanas do mundo, protegidas legalmente pelas duas principais Unidades de Conservação3,

o Parque Nacional da Tijuca (PNT) e o Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB).

As preocupações com a preservação da floresta que recobre o maciço da Pedra

Branca datam do início do século e sempre foram ligadas à preservação do potencial

hídrico do maciço.

“Magalhães Corrêa, no início da década de trinta, já defendia a preservação dos mananciais. Na mesma década, foram instituídas pelo Governo Federal as chamadas Florestas Protetoras da União, das quais muitas situadas no Maciço, a saber: Camorim, Rio Grande, Caboclos, Batalha, Guaratiba, Quininha, Engenho Novo de Guaratiba, Colônia, Piraquara e Curicica, todas com captação d’água para abastecimento”. (GRUDE e SOS Pedra Branca, 2001).

A presente pesquisa nasceu da constatação que parte da população do Município do

Rio de Janeiro, ainda utiliza a água dos diversos mananciais locais para abastecimento e de

que vários desses mananciais estão localizados no PEPB, conforme mostra a tabela 1.1:

2 População Total: 5.857 904, Censo 2000 IBGE. 3Unidade de Conservação - espaço territorial delimitado e seus componentes, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público para a proteção da natureza, com objetivos e limites definidos, sob regime específico de administração, ao qual se aplica adequadas garantias de proteção.

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4

Tabela 1.1 - Características Principais dos Sistemas Guandu-Acari, Lages e

Mananciais Locais – 1985.

TRATAMENTO ÁREA DE ABRANGÊNCIA

SISTEMA

MANANCIAL

EXISTENTE PROPOSTO Guandu Acari Lages

Rios Paraíba do Sul e Guandu (Sistema Guandu). Rio Santo Antônio, Rio D'ouro, Rio São Pedro, Rio Tinguá (Sistema Acari). Ribeirão das Lages (Sistema Lages).

Convencional Desinfecção Desinfecção

Convencional Convencional após chuvas fortes Desinfecção

Municípios: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, e São João de Meriti.

Mairinque, Açude da Solidão, Cascatinha, Gávea Pequena, São João e Freitas.

Desinfecção Desinfecção Tijuca

Batalha, Caboclos, Andorinhas, Coqueiros, Taxas e Mendanha.

Desinfecção Desinfecção Campo Grande

Andaraí Desinfecção Desinfecção Andaraí Cabeça, Dona Castorina, Macacos e Parque da Cidade.

Desinfecção Desinfecção Gávea e Jardim Botânico

Rio Grande, Figueira, Camorim, Sacarrão, Covanca, Olho D’água, Ciganos, Bica da Tolha, Candinha, Três Rios, Madame Rouch e Bico do Papagaio.

Desinfecção Desinfecção Jacarepaguá

Paineiras, Silvestre e Represinha. Desinfecção Desinfecção Santa Teresa Guandu-Mirim Desinfecção Desinfecção Santa Cruz Rio Saracuruna Desinfecção Desinfecção Duque de Caxias Represa do Campo do Gericinó Desinfecção Desinfecção Nilópolis

Mananciais Locais

Rio D’Ouro (Represa Epaminondas Ramos).

Desinfecção Desinfecção Nova Iguaçu

Adaptado: SILVA, et al. (1985).

Segundo Silva et al. (1985) os mananciais locais atendiam, em 1985, a 5% da

população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. No decorrer do presente trabalho

procurou-se a Diretoria de Operações da CEDAE por diversas vezes para levantar o

número de residências (economias) atendidas pelos mananciais do PEPB, a vazão e o tipo

de tratamento feito nos rios selecionados para o estudo. No entanto, o órgão não atendeu

ofício encaminhado pela coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciência

Ambiental – PGCA/UFF e solicitado em diversos contatos.

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As expectativas em torno das diversas funções da floresta vêm aumentando cada

vez mais, tornando-se imperativo o seu aproveitamento para finalidades múltiplas, mas

talvez a de conservação da água seja a mais aceita e percebida pela população.

A água sempre foi e será de importância capital para os seres humanos. A imprensa

vem ressaltando o papel de recurso natural estratégico que a água terá no atual século.

Felizmente, o Brasil possui as maiores reservas de água doce do mundo. No entanto, a

distribuição desse recurso não é igual em todas as regiões. Nas metrópoles da região

Sudeste que apresentam as maiores concentrações populacionais do país, a falta de água

potável para o consumo já é uma realidade.

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2 – REVISÃO TEÓRICA

O homem sempre dependeu da utilização dos recursos naturais para produção de

seus bens de consumo e atualmente vem se confrontando com problemas ambientais

devido ao contínuo desenvolvimento das atividades econômicas, afetando o nível de bem-

estar da sociedade. Dentro do sistema econômico neoclássico, alguns dos recursos naturais

que não tem direitos de propriedade bem definidos, são classificados como bens comuns4,

isto é, bens que precisam de normas exigidas pela sociedade para seu acesso e uso racional,

devido às suas características fundamentais de não-divisibilidade e não-rivalidade dos

benefícios ou custos entre usuários. A falha do mercado em não oferecer uma quantia

desejada do bem resulta na necessidade de definição de regras pelo governo ou outra

instância coletiva. Os bens devem ser providos gratuitamente à sociedade pelo Estado

ficando, então, a cargo dos economistas e dos cientistas, estabelecerem os limites ótimos

de utilização dos mesmos com os menores custos sociais. A contabilização monetária dos

recursos naturais de um país se apresenta talvez como o único meio de evitar uma

exploração desordenada que resulte no esgotamento do recurso e, mais futuramente, num

colapso econômico.

Algumas atividades econômicas geram um custo social, também conhecido como

externalidade5, que normalmente não é incorporado ao custo final da produção de um bem,

mas a sociedade paga de qualquer maneira, pelo dano gerado a outras atividades

econômicas ou ao consumidor. Esses custos referem-se à má utilização de um determinado

recurso, gerando grande prejuízo às comunidades que dependem desse sistema para sua

sobrevivência.

A avaliação econômica de áreas preservadas ou protegidas vem ganhando dimensão

à medida que a economia e as ciências ambientais tornam-se cada vez mais próximas, num

mundo onde já não faz mais sentido o tradicional impasse entre os progressistas, de um

lado, e entre os conservacionistas, de outro.

4 Bens Comuns ou Coletivos – São bens e serviços que não se excluem e não competem entre si no que diz respeito ao consumo. São

comumente providos pelos governos e financiados por impostos. Devido aos problemas referentes a preço, o setor privado normalmente

não considera os bens públicos (isto é, falhas de mercado ocorrem). 5 Externalidades – No senso comum econômico, externalidades são impactos de uma atividade que afeta terceiros: podem ser

representadas por custos e benefícios, ou seja, podemos ter externalidades negativas e positivas. Externalidade Positiva – p. ex., a

geração de emprego e conseqüente diminuição da pobreza. Externalidades Negativas – p. ex., os danos ambientais causados pela

poluição das indústrias.

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Seguindo essa tendência generalizada, o governo brasileiro passou a incorporar de

forma crescente os princípios da ciência econômica na organização de suas políticas

ambientais, particularmente a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio

Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992, quando ficou

consagrado o termo desenvolvimento sustentável6 conciliando desenvolvimento

econômico com a preservação ambiental.

Comune (apud SMA, 1992) propõe o desenvolvimento sustentável como o mais

justo, pois incorpora além do crescimento econômico propriamente dito, valores mais

amplos de qualidade de vida numa sociedade. Nesse panorama, a economia aparece como

o contraponto entre o ambiente e o desenvolvimento econômico, tentando resolver os

conflitos de interesse. Como ponto de equilíbrio teríamos o desenvolvimento sustentável.

A medida entre a demanda e o fornecimento dos bens e serviços de um ecossistema

nos daria as bases para a escolha das técnicas mais apropriadas de avaliação econômica. A

demanda para a conservação de áreas naturais está baseada nos bens e serviços que esta

suporta. Podemos classificar como bens todos os produtos que são retirados, direta ou

indiretamente, de um determinado ecossistema. Serviços são as funções ecológicas

exercidas pelo mesmo, tal como reciclagem de nutrientes e manutenção da diversidade

biológica.

O enfoque econômico para o estudo dos danos causados ao meio ambiente é

recente. Marshall, após a publicação de seu livro “Principles Economics” (Marshall, 1920),

se refere aos fatores externos à produção de um bem, como por exemplo, as alterações

ambientais, sociais e econômicas, causadas a uma determinada região devido à instalação

de um pólo industrial (Kapp, 1976).

As políticas públicas ambientais passaram, portanto, a tentar capturar e a refletir as

preferências da população, utilizando para isto – e sempre que possível - o próprio

mercado para os ajustes necessários. Desta forma, “meio ambiente protegido” passa a ter

um significado semelhante ao de “qualidade de vida”.

6 Desenvolvimento Sustentável – Forma de desenvolvimento econômico que não tem como paradigma o crescimento, mas a melhoria da

qualidade de vida, que não caminha em direção ao esgotamento dos recursos naturais, nem gera substâncias tóxicas no ambiente em

quantidade acima da capacidade assimilativa do sistema natural; que reconhece o direito de existência das outras espécies; que

reconhece os direitos das gerações futuras em usufruir do planeta tal qual o conhecemos; que busca fazer as atividades humanas

funcionarem em harmonia com o sistema natural, de forma que este tenha preservadas suas funções de manutenção da vida por um

tempo indeterminado.

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Nas últimas décadas, a abordagem envolvendo duas áreas de estudo –

desenvolvimento econômico e preservação ambiental -, tão distintas, tem sido muito

desenvolvida, devido à crescente pressão social sobre as questões ecológicas. A gestão dos

recursos naturais e ambientais vem se intensificando cada vez mais, sobretudo a partir da

década de sessenta, nos países desenvolvidos (Estados Unidos e Europa) e de setenta no

Brasil. Se por um lado esta preocupação parece decorrer da saturação do consumo material

das sociedades pós-modernas, resultando em demandas revestidas de caráter mais ético e

responsável, por outro lado, pode estar associada à crescente escassez desses recursos, os

quais passam a ser percebidos como bens econômicos com potencialidades bastante

significativas para o mercado.

As florestas constituem exemplos típicos dos chamados “bens ambientais”. Neste

sentido, não se acredita que a ótica do mercado e o tratamento econômico do meio

ambiente sejam prejudiciais aos mesmos. Ao contrário, o interesse econômico pode se

tornar um forte aliado da causa ambientalista, ainda que, muito provavelmente, possa estar

sendo motivado por objetivos considerados menos nobres.

2.1 - ECONOMIA AMBIENTAL E INSTRUMENTOS DE GESTÃO

Por maior que seja a crise de paradigmas e de credibilidade das instituições

responsáveis pelos assuntos da cidadania, o incipiente direito ambiental e a visão da

economia sob a ótica ecológica vêm contribuindo com instrumentais eficazes de

preservação e manejo sustentável do meio ambiente, menos difuso e cada vez mais

valorizado, de vital importância para a sobrevivência da espécie humana na terra.

Instrumentos Econômicos (IEs) e as regulamentações do tipo “Comando Controle”

(C&C) vêm sendo propostos como solução na implantação de políticas públicas para a

gestão ambiental. Segundo Barbieri (1999),

“Os instrumentos de comando controle, também denominados instrumentos de regulação direta objetivam alcançar as ações que degradam o meio ambiente, limitando ou condicionando o uso de bens, a realização de atividades e o exercício de liberdades individuais em benefício da sociedade como todo. (...) Os instrumentos econômicos objetivam induzir o comportamento das pessoas e das organizações em relação ao meio ambiente através de medidas que representem benefícios ou custos adicionais para elas”.

Os instrumentos de C&C determinam três tipos de padrões, de qualidade ambiental,

dos níveis máximos de poluentes emitidos, ou a tecnologia “limpa” a ser usada, nem

sempre relacionados com pesquisas ou estudos ecológicos mais aprofundados sobre a

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resiliência7, ou sobre a capacidade de suporte do ecossistema. Já os IEs baseiam-se no

pressuposto pigouviano8 do poluidor – pagador, buscando expressar através de uma taxa

ou imposto a internalização pelo agente poluidor do custo marginal ambiental gerado pelo

uso do recurso natural. Na prática, externalidades negativas ocasionadas formam um

passivo ambiental crescente, com prejuízos contabilizados pelas comunidades no seu dia a

dia. Barbieri (1999) atribuiu o referido aumento, à Lei nº 6938/81 que, ao instituir a

Política Nacional de Meio Ambiente, confere um maior peso aos instrumentos de C&C em

detrimento dos IEs, induzindo a acomodação dos agentes econômicos. Esses, ao

alcançarem os patamares exigidos pela regulação, deixam de buscar melhorias para

prevenir a poluição. Conclui que a inoperância dos agentes ambientais governamentais e a

relutância das empresas de incorporar melhores tecnologias ambientais se devem a uma

política centrada em C&C.

Serôa da Motta & Young (1997, p.1) observaram a utilização, pelos países, de uma

variedade de mecanismos para melhorar no desempenho ambiental:

“Em um extremo, incluem multas sanções que são ligadas aos tradicionais regulamentos do tipo “comando e controle” (C&C). No outro extremo, incluem abordagens menos intervencionistas, as quais exigem que uma advocacia do consumidor ou litígios particulares atuem como incentivos para a melhoria da gestão ambiental. No centro, encontramos abordagens mais comuns do tipo taxação e/ou subsídios, assim como mecanismos baseados em direitos de propriedade comercializáveis”.

Tanto as abordagens baseadas estritamente em IEs quanto as baseadas somente em

C&C são consideradas inócuas na solução e prevenção da poluição ambiental, ainda que

justificadas pela expectativa nem sempre concretizada de aumento na receita para gestão

ambiental (ibid.).

7 Resiliência - a capacidade de suportar perturbações ambientais, de manter a estrutura e padrão gerais de comportamento quando

modificada sua condição de equilíbrio. Sistemas mais resilientes são aqueles que podem retornar à sua condição original de equilíbrio

após modificações consideráveis (Silva, et al 1999) 8 A . C. Pigou (1879-1959) Economista da Escola Clássica.

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2.1.1 - O Valor Econômico do Meio Ambiente

Não existem mercados que possam ser usados para determinar diretamente o valor

da grande maioria dos bens e serviços ambientais. Este fato exige a criação de soluções

alternativas que permitam incorporar o seu valor nas análises econômicas. Neste sentido,

Pearce (1989) e Serôa da Motta (1990, apud Bellia, 1996) indicam que o valor do meio

ambiente é representável economicamente pela seguinte expressão:

Valor Econômico Total = Valor de Uso + Valor de Opção + Valor de Existência

Valor de Uso = é aquele atribuído pelas pessoas que realmente usam ou usufruem o

recurso ambiental em risco (p.ex. um manancial que abastece uma cidade).

Valor de Opção = é dado pelas pessoas que não usufruem no presente, mas tendem

a lhe atribuir um valor para uso futuro, ou seja, a opção para uso futuro ao invés de uso

presente, pois este está compreendido no valor de uso.

Valor de Existência = é a parcela do valor mais difícil de conceituar, pois

representa um valor atribuído à existência do recurso independentemente do seu uso atual

ou futuro.

A título de exemplo, a Tabela 2.1 mostra os vários tipos de valor que podemos

encontrar numa floresta tropical.

Tabela 2.1 - Valor Econômico das Florestas Tropicais

VALORES DE USO

VALOR DE NÃO-USO

Valores Diretos (1) Valores Indiretos (2) Valor de Opção Valor de Existência

Produtos madeireiros sustentáveis Produtos não-madeireiros Valor de Recreação Medicinais Material genético

Ciclagem de Nutrientes Proteção de bacias hidrográficas Redução na poluição atmosférica Funções microclimáticas Armazenamento de Carbono

Usos diretos e indiretos obtidos no futuro equivalentes aos listados em (1) e (2)

Biodiversidade Valores intrínsecos Patrimônio cultural

Fonte: Adaptado de Pearce & Moran (1994).

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Para Pearce (1989, apud Bellia, 1996) este conceito de Valor Total Econômico

apresenta alguns problemas não resolvidos, entre os quais se destacam:

Irreversibilidade – que ocorre quando o impacto gera conseqüências, com pouca ou

nenhuma chance de regeneração das condições ambientais preexistentes.

Incerteza – o futuro é, na realidade, desconhecido, tornando impossível saber o

preço de algum tipo de bem num futuro muito longínquo.

Singularidade - é o caso dos ecossistemas (ou obras de arte históricas, etc.) únicos,

ou de animais em extinção, impedindo-nos de saber, a qualquer tempo, qual o valor da

perda.

No Brasil, a avaliação monetária dos sistemas naturais surgiu com a necessidade do

estabelecimento de indenizações aos diferentes tipos de impactos. O principal obstáculo na

avaliação econômica da perda de serviços das áreas naturais é a necessidade do

conhecimento sobre as relações específicas entre essas áreas alteradas e os serviços no seu

estado primitivo (Walker, 1974 apud Grasso, 1994). A realização de um projeto de

economia ecológica requer o levantamento de todos os dados existentes sobre pesquisas

relacionadas ao funcionamento dos sistemas naturais da região que se deseja avaliar.

Segundo Barbier (1989 apud Grasso, 1994) a análise econômica das áreas tropicais

requer a identificação das funções e dos serviços mais relevantes, tenham eles valor de

mercado ou não. As técnicas econômicas e os métodos de valoração dos sistemas naturais

dependem do levantamento e da análise de extensivos dados sobre a ecologia, hidrologia,

vegetação e a relação entre o ambiente e a economia local. Para orientar essa análise

interdisciplinar, o autor propõe as seguintes etapas básicas a serem seguidas:

Definição da área do ecossistema a ser valorado e dos seus sistemas adjacentes;

Identificação das funções, dos atributos e dos componentes estruturais do

sistema e agrupá-los segundo o seu grau de importância para a região;

Relacionamento das funções, atributos e componentes ao tipo de uso: direto,

indireto ou inexistente;

Levantamento da informação requerida para acessar cada função, atributo e

componente;

Utilização dessas informações para escolha das técnicas de avaliação mais

apropriadas a fim de quantificar os valores econômicos, quando possível;

Revisão dos planos e opções de desenvolvimento para a área e estimativa do

custo de oportunidade da preservação; e

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Utilização dos valores econômicos numa análise de custo-benefícios

apropriada.

2.1.2 - Métodos de Avaliação dos Benefícios

O processo de avaliação monetária dos bens e serviços ambientais é uma parte

essencial de qualquer decisão política sobre a instalação de projetos em áreas naturais.

Durante as últimas décadas, os economistas vêm aplicando inúmeras técnicas para

identificar as preferências individuais para os “commodities” ambientais sem preço de

mercado. Muitas dessas técnicas estão baseadas nos preços de mercado, servindo para

avaliar as mudanças na qualidade e quantidade dos serviços ambientais decorrentes da

instalação de um determinado empreendimento. Outras utilizam-se de entrevistas pessoais

com os usuários do ecossistema, tentando descobrir qual seria o valor agregado por eles à

existência do bem ambiental. E, finalmente, existem técnicas que se baseiam em custos

como, por exemplo, o custo de recuperação de um ecossistema degradado. Algumas das

metodologias mais utilizadas encontram-se descritas a seguir (será dada maior ênfase às

metodologias selecionadas para o presente estudo).

2.1.2.1. - Técnicas Baseadas no Preço de Mercado

Essas técnicas baseiam-se no levantamento do preço de mercado direto dos bens

produzidos pelo ambiente (Dixon & Sherman, 1990, apud Grasso, 1994).

Produtividade e Contabilização do Ecossistema

Baseia-se no levantamento da quantidade de bens que são efetivamente extraídos de

um determinado ecossistema e seus respectivos valores de mercado. O conhecimento do

valor agregado aos produtos derivados do ecossistema possibilita a avaliação das possíveis

perdas decorrentes da ocupação dessa área como uma opção de desenvolvimento. Sempre

é necessário avaliar os efeitos comparando-os a situações preexistentes.

Renda do Ecossistema Agregada a Renda Doméstica

Pode ser utilizada para avaliar as perdas que um determinado impacto ambiental

poderia gerar em termos de produtividade humana. Tomando como exemplo uma região

composta basicamente por uma população de pescadores, poderíamos medir a perda nos

ganhos que este grupo teria caso algum fator provocasse a redução do estoque pesqueiro.

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2.1.2.2 - Técnicas Baseadas em Preços Ocultos

Essas técnicas avaliam os bens ambientais que não participam diretamente do

mercado, baseando-se no preço de bens que tenham funções semelhantes àqueles que se

deseja valorar(ibid., p.26).

Valor da Propriedade (Hedonic Price)

É a técnica mais complexa desta categoria. Baseia-se no levantamento dos

componentes que afetam o valor de um imóvel, tal como tamanho, material de construção,

localização e, principalmente, a qualidade do ambiente. Um estudo que se utiliza desta

técnica necessita dos dados dos preços e das características de um grande número de

imóveis. Após a obtenção dos dados e do controle de todas as variáveis, exceto a qualidade

ambiental, a diferença no preço residual pode ser descrita, pelo menos teoricamente, para

as diferenças na qualidade ambiental. O aumento do valor de uma propriedade localizada

próxima às áreas naturais é um exemplo deste efeito.

Custos de Viagem (Travel Costs)

Técnica mais amplamente utilizada do grupo de avaliação de preços ocultos;

baseia-se nas informações sobre o tempo e os custos de viagem para a construção da curva

de demanda para um determinado local de recreação. Esta curva é então utilizada para a

estimativa do excedente do consumidor ou o valor da área para os usuários. É geralmente

utilizada para avaliar os benefícios recreacionais de parques públicos ou de áreas naturais.

2.1.2.3 - Técnica Baseada no Valor Agregado pelos Usuários

Valor Contingente (Contingent Valuation)

É uma técnica de pesquisas analíticas que se baseia em situações hipotéticas para se

estimar valores monetários para bens e serviços. Esta técnica é normalmente utilizada

quando há ausência de mercados normais para o bem que se deseja avaliar. A maior parte

das técnicas que utilizam entrevistas pode ser exemplos da “Contingent Valuation”.

Freqüentemente esclarece informações sobre a disposição a pagar ou a disposição de

aceitar uma compensação por um aumento ou um decréscimo de algum bem ou serviço.

A Disposição a Pagar (DAP) demonstra a disposição que um indivíduo tem a pagar

para obter algum nível desejado de um determinado bem ou serviço, por exemplo, uma

maior diversidade de espécies selvagens, uma água de melhor qualidade e quantidade ou

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14 um ar menos poluído. Normalmente são utilizados questionários onde o entrevistado

deverá imaginar uma situação hipotética e trazê-la para sua realidade econômica.

Já a Disposição a Aceitar Compensação (DAA) determina o montante de

compensação que deve ser pago ou recebido pelo indivíduo afetado por determinada

atividade para que possa restaurar seu nível de vida. Existem vários passos a serem

seguidos nesse estudo. A coleta de dados normalmente é feita através de questionários, em

que o entrevistado imagina uma situação de degradação do ambiente do qual depende e

estima um valor mínimo razoável de indenização (ibid., p.26).

2.1.2.4 - Técnicas Baseadas em Custos

Esta técnica baseia-se nos custos que seriam impostos se uma área natural fosse

convertida para um uso alternativo, utilizando-se de informações sobre os custos atuais e

potenciais determinados pelo preço de mercado. É muito empregado em casos de danos

ambientais, onde não eram conhecidas as condições da área antes do impacto (ibid., p.26).

Custo de Oportunidade

O valor de uma área que é perdida devido a uma outra opção de uso, pode ser

classificado como o custo de oportunidade. Esta técnica pode ser utilizada para o

levantamento dos benefícios de uma proposta de desenvolvimento numa área de alto valor

ecológico. É necessário que seja examinada a alternativa para o projeto e outros locais

possíveis para sua instalação, conjuntamente com a avaliação dos benefícios de todas as

alternativas propostas. A diferença nos benefícios líquidos entre as opções deve indicar os

custos de oportunidade da proteção de uma área natural e, se o custo for baixo, será

prudente desenvolver o projeto alternativo. Utilizada especialmente para áreas com

recursos únicos que seriam totalmente perdidos se a área não for protegida, indicando o

valor que deve ser perdido para que haja a proteção. A decisão final geralmente é política,

os responsáveis devem avaliar os benefícios que seriam recebidos devido à conservação da

área contra perdas que poderiam ocorrer para as gerações futuras.

Custo de Efetividade

Essa técnica envolve a delimitação de um objetivo e a posterior avaliação das

formas mais eficientes de chegar até ele. Outras variantes, como a alocação mais eficiente

dos recursos e a quantidade adicional de dinheiro que poderia ser necessária para alcançar

a melhor forma de proteção dos recursos naturais, também devem ser analisadas.

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Custo de Recuperação

Baseia-se nos custos necessários para o restabelecimento do ambiente nas suas

condições naturais anteriores a um determinado impacto.

2.1.2.5 – Técnica Baseada na Transferência de Energia

Os defensores dessa técnica argumentam que o método é utilizável como

alternativa de avaliação aos ecossistemas, onde o valor do sistema ecológico é o resultado

da soma dos valores de suas várias funções, tal como a pesca comercial e desportiva.

Muitos ecólogos não acreditam que os valores de um bem sejam refletidos pela quantidade

de energia para sua produção. A energia seria o “input” básico para qualquer produção de

bens, o trabalho, o capital e a terra são somente fatores. Uma vez que o recurso é reduzido

a unidades energéticas (calorias), seu valor será simplesmente o produto das unidades pelo

preço da mesma.

O uso da análise energética para avaliar os recursos naturais será sempre contestado

pelos economistas, pois existem algumas incompatibilidades em postulados básicos da

teoria econômica Shabman & Batie (1978 apud Grasso, 1994) apontam a técnica da análise

energética como uma técnica que assume que o objetivo da sociedade seja maximizar a

energia líquida, mostrando-se insatisfatória em um sistema econômico onde o valor é

determinado pela interação da oferta e da demanda. É um método que gera muita

discussão, pois produz valores maiores do que qualquer outro método, exceto aqueles

baseados nos custos de recuperação. (Yang, 1984 apud Grasso, 1994)

2.1.3 - Fundamentação Teórica do Método de Valoração Contingente

Segundo Faria (1995) o MVC foi desenvolvido por Davis, num estudo sobre o

valor de recursos recreacionais nas florestas de Maine (USA). Após nova utilização por

Tandall et al., o método tem crescido em aceitação, tornando-se um instrumento útil para

avaliar bens e serviços que não são supridos por mercados tradicionais.

“Esta maior aceitação é conseqüência de muitas pesquisas e experiências com a técnica, assim como de algumas tentativas sérias, mas infrutíferas, de desacreditar a metodologia9, (ibid)”

9 Bishop, R.C. et al. discutem as limitações do MVC e as possíveis tendenciosidades resultantes, comparando-as com as de métodos alternativos. Segundo eles, o MVC apresenta falhas, mas que não são maiores que as mostradas por outros métodos de avaliação indireta. Contudo, aceitam o uso dessas metodologias, pelo simples fato de que são as únicas existentes para avaliar benefícios gerados por bens ou serviços para os quais não existem mercados.

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Outros trabalhos que apoiam o MVC são de Cummings et al., e Dickie et al. apud

Faria (1995), que apontam a existência de uma razoável consistência entre planos e

comportamento efetivo.

Ao analisar o método de valoração contingente, os procedimentos para mensuração

do valor de um recurso ambiental podem, a princípio, superar as limitações de outros

métodos. A Disposição a Pagar (DAP) foi escolhida em detrimento da Disposição a

Aceitar (DAA) porque estamos buscando um modelo estimativo conservador e geralmente

a DAA pode ser muitas vezes superior à DAP quando o indivíduo, perante a uma possível

redução da disponibilidade do recurso ambiental, percebe que são reduzidas as

possibilidades de substituição entre o recurso ambiental altamente valorado e outros bens e

serviços a sua disposição. Dessa forma, com possibilidades reduzidas de substituição do

recurso, os indivíduos tenderão a exigir compensações mais elevadas.

Serôa da Motta (1998) nos mostra que considerando a disposição a pagar (DAP) e a

aceitar (DAA), relativas a alterações da disponibilidade de um recurso ambiental (Q), que

mantém em nível de utilidade (U) inicial do consumidor. Conforme a relação:

U(Q0, Y0) = U(Q ,Y-) = U(Q-,Y) = U(Q ,Y+DAA) = U(Q-,Y-DAP)

A expressão acima representa diferentes pontos, com distintas combinações de

renda (Y) e de provisão de recursos ambientais, que se encontram na mesma curva de

indiferença relativa a um determinado nível de utilidade.

Como função de utilidade U não é observável diretamente, o Método de Valoração

Contingente estima os valores de DAA e DAP com base em mercados hipotéticos. A

simulação desses mercados hipotéticos é realizada em pesquisa de campo, com

questionários que indagam ao entrevistado sua valoração contingente (DAA ou DAP) em

face de alterações na disponibilidade de recurso ambientais (Q).

A grande vantagem de MVC, em relação a qualquer outro método de valoração, é

que ele pode ser aplicado em um espectro de bens ambientais mais amplo.10

As perguntas feitas aos entrevistados para tentar estabelecer sua disposição a pagar

pelos serviços pesquisados, referem-se a situações hipotéticas. Nesse particular, existem

dois enfoques diferentes: no primeiro, a pergunta é aberta (open-endend), devendo o

entrevistado atribuir um valor monetário máximo à sua disposição de pagar para ter os

10 Estimando diretamente as medidas de DAA e DAP, o MVC, obtém-se diretamente medidas hicksianas do excedente do consumidor.

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17 serviços em questão. Nesse procedimento, portanto, a variável resposta é contínua e deve

ser analisada com técnicas de regressão.

O enfoque alternativo fornece ao entrevistado uma escolha simples entre duas

possibilidades, às quais deve responder com um sim ou não. Esse procedimento é

denominado referendum, porque o entrevistado revela suas preferências mediante um

processo semelhante a uma votação. Nesse caso, a variável resposta é descontínua

(dicotômica) e sua análise requer uso de técnica logit e/ou probit.

O MVC, seguindo o enfoque do referendum, foi utilizado por Bishop et al. apud

Farria (1995), num estudo sobre o valor de uma licença para caçar gansos em Wisconsin

(USA). Já a formalização do modelo teórico, dentro de um arcabouço de maximização de

utilidade, foi desenvolvida por Hanemann apud Faria, 1995.

Faria (1995) afirma que a partir da formulação teórica de Hanemann o MVC ganha

sustentação metodológica, pois consegue-se medir, em termos monetários, mudanças no

bem-estar de indivíduos, especialmente quando essas variações envolvem bens ou serviços

não comercializados em mercados formais.

No Brasil podemos citar os trabalhos de Santos et al. (s/d), que identificou

dezesseis funções ambientais da Estação Ecológica de Jataí/SP, calculando a sua

importância socioeconômica em termos qualitativos e quantitativos, bem como seu valor

monetário através de vários métodos. Obara et al. (1999) utilizavam o MVC para

determinar o valor monetário que a população adulta do município de Luís Antônio (SP)

está Disposição a Pagar para proteger e conservar a Estação Ecológica do Jataí/SP, em

termos de valor de uso (recreação) e de não-uso (valor de opção, valor de existência e valor

de herança); Faria (1995) valorou os benefícios resultantes dos projetos de melhoria de

abastecimento de água no Espírito Santo através do MVC; Grasso (1994) valorou os

manguezais de Cananéia/SP e Fonseca (2001) utilizando o MVC chegou ao valor do

ecossistema manguezal em Itaipu/RJ introduzindo a variável disposição para o trabalho

voluntário.

Vieses Estimativos do Método de Valoração Contingente

A avaliação de aceitabilidade das estimativas de DAP está concentrada nas

questões teóricas e metodológicas do MVC. Estas questões podem ser divididas, segundo

Serôa da Motta (1998) nas seguintes categorias: validade, confiabilidade e vieses.

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A – Validade

A validade refere-se ao grau em que os resultados obtidos no MVC indicam o

“verdadeiro” valor do bem que está sendo investigado, enquanto a confiabilidade analisa a

consistência das estimativas. É importante ter em mente que validade e confiabilidade não

são sinônimos.

B - Confiabilidade

A confiabilidade está associada ao grau em que a variância das respostas DAP pode

ser atribuída ao erro aleatório. Assim, quanto menos aleatória for a amostra, menor será o

grau de confiabilidade.

C – Vieses

Podem ser identificados pelo menos dez importantes tipos de vieses11 que afetam a

confiabilidade e que devem ser minimizados com o desenho do questionário e da amostra.

Os vieses podem ser:

Viés Estratégico – está relacionado fundamentalmente à percepção dos

entrevistados acerca da obrigação de pagamento e às suas perspectivas quanto a provisão

do bem em questão. O entrevistado pode ter um comportamento “carona”, estipulando,

assim, sua DAP abaixo do valor real.

Viés Hipotético – o fato de o MVC estar baseado em mercados hipotéticos pode

levar a valores que não refletem as verdadeiras preferências.

Viés da Parte-Todo – as questões ambientais são capazes de sensibilizar

profundamente as pessoas cuja visão adquirida sobre a natureza está associada a crenças

morais, filosóficas e religiosas. Esta característica faz com que surja o chamado problema

da parte-todo, onde o entrevistado tende a interpretar a oferta hipotética de um bem

especifico ou serviço ambiental, apresentada na pesquisa, como um algo mais abrangente.

Viés da Informação – certamente a qualidade da informação dada nos cenários dos

mercados hipotéticos afeta a resposta recebida.

Viés do Entrevistador e do Entrevistado – a forma como o entrevistador se

comporta, ou aparenta ser, pode influenciar as respostas.

Viés do Instrumento (ou Veículo) de Pagamento – os indivíduos não são totalmente

independente quanto ao veículo de pagamento associado à DAP.

11 Embora amplamente discutida na literatura, a descrição aqui utilizada baseou-se em Willis (1995) e Bateman e Turner (1993) apud

Serôa da Motta (1998).

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Viés do Ponto Inicial (ou ancoramento) – a sugestão de um ponto inicial nos

questionários do tipo jogos de leilão pode influenciar significativamente o lance final.

Viés da Obediência ou Caridade – este viés se manifesta pelo constrangimento das

pessoas em manifestar uma posição negativa para uma ação considerada socialmente

correta, embora não o fizessem se a situação fosse real.

Viés da Subaditividade – este viés tem sido apontado pelo fato de algumas

pesquisas com MVC terem avaliado valores de DAP para serviços ambientais que, quando

estimados em conjunto, apresentam um valor total inferior à soma de suas valorações em

separado por serviço.

Viés da Seqüência de Agregação – este é outro viés inerente ao contexto econômico

da mensuração, quando a medida de DAP ou DAA de um certo bem ou serviço ambiental

varia se mensurado antes ou depois de outras medidas de outros bens ou serviços que

podem ser seus substitutos.

2.2 – HIDROLOGIA FLORESTAL

As expectativas em torno das diversas funções da floresta vêm aumentando cada

vez mais, tornando-se imperativo o seu aproveitamento para finalidades múltiplas. Rosa et

al.(1996), mostraram que os usos das florestas tropicais podem ser:

Extração de madeiras;

Coleta de outros produtos extrativos caça e pesca;

Lenha e carvão vegetal, incluindo-se os óleos vegetais potencialmente

combustíveis;

Fornecimento de serviços ecológicos, que conservam o solo e a água (proteção

das camadas superficiais dos solos, manutenção do regime hidrológico, etc);

Regularização do clima e seqüestro de carbono;

Benefícios recreacionais e estéticos, incluindo turismo;

Conversão para a atividade agrícola ou pecuária;

A preservação de recursos genéticos e farmacêuticos para uso futuro.

Entre as funções da floresta, estariam as de amenizar os efeitos das enchentes,

assegurar o suprimento hídrico, impedir a erosão de terrenos montanhosos e diminuir a

queda de barreiras. Podemos e devemos acrescentar à lista acima a função mais nobre,

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20 talvez, de uma floresta, a de conservar a qualidade da água potável para o abastecimento da

população.

Há uma aceitação generalizada de que a floresta desempenha um importante papel

na proteção dos solos, e que o desmatamento pode trazer não só erosão, mas também

movimentos de massa de maiores dimensões (Gray,1973).Na verdade, a associação da

cobertura vegetal à proteção de solo, estabilidade de encostas e mananciais já vai longe na

história do homem. Lee (1985) cita trabalhos do engenheiro Pan, que em 1591 chefiou o

replantio de salgueiros para a estabilização de encostas, durante a dinastia Ming, na China.

A grande maioria dos autores aponta que a vegetação exerce um efeito positivo

sobre a estabilidade das encostas (Musgrave & Holtan, 1964; Gregory & Walling, 1973;

Prandini et al. 1977; Dunne, 1978; Willians & Pigeon, 1983; Greenway et al. 1984; entre

outros) apud Miranda (1992).

As pesquisas de hidrologia florestal (balanço hídrico/hidrologia do ecossistema

florestal) vêm sendo feitas de acordo com duas linhas. A primeira analisa qualitativa e

quantitativamente cada um dos fenômenos hidrológicos da floresta, como a interceptação e

transpiração da água precipitada e a permeabilidade do solo. A segunda, de uma maneira

geral analisa a relação entre a floresta e o balanço hídrico, como a precipitação, perda de

água, escoamento em uma determinada área de drenagem ou bacia hidrográfica (Nakano,

s/d).

2.2.1 – A Influência da Floresta no Ciclo Hidrológico

1 - Influência do ambiente natural da bacia

Do total de água da chuva que cai sobre uma bacia hidrográfica, uma parte

acumula-se nas porções mais baixas do terreno, fluindo posteriormente para níveis

inferiores através de córregos e rios. Do total da água da chuva que chega à superfície

terrestre, uma parte flui pela superfície (escoamento superficial) em direção aos níveis

inferiores, indo fazer parte do curso do rio em regiões próximas ou já distantes da nascente,

e outra penetra no solo.

Essa, ao atingir a região de transição entre os horizontes do solo, escoa

paralelamente a eles em direção a níveis inferiores, indo desembocar em regiões de rios

próximas ou distantes das nascentes (escoamento intermediário). A soma do escoamento

superficial e do escoamento intermediário de camadas rasas (escoamento direto) determina

o volume de água da correnteza, como por exemplo o volume de água de uma enchente. É

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claro ainda que, durante o percurso, parte da água é retida pelo solo e outra volta à

atmosfera pelo fenômeno da evaporação e da transpiração (consumo de água pela

vegetação).

A parte da água que penetrou na camada sedimentar continua seu caminho até

níveis mais profundos, abaixo da zona de aeração, infiltrando-se pelas camadas de

depósitos de areia, seixos e fragmentos de rochas ou pelas fissuras e falhas de rochas,

sendo chamadas respectivamente de águas geológicas e águas de fissura. Ambas

constituem a água subterrânea que se movimenta constantemente para as camadas

inferiores e por fim escoam para os rios (escoamento subterrâneo), indo formar o volume

básico de água corrente (ibid., p.33).

Em suma, a bacia controla através de sua topografia, geologia e solo, o movimento

gravitacional da água, transformando em diferentes espaços de tempo e quantidade, a água

da chuva em água corrente.

2 – As múltiplas funções da floresta

A floresta exerce a função de transformar as propriedades da bacia de escoamento,

ou seja, a função de regular a água. Esta função é formada de acordo com (ibid., p.33), por

algumas funções isoladas que se relacionam entre si. Tais como:

a - Função de interceptar a água

Em linhas gerais, o papel da vegetação no ciclo hidrológico das encostas

caracteriza-se pela capacidade de interceptar as chuvas, promovendo o armazenamento da

água pela vegetação florestal e serrapilheira12, e a redistribuição dessas águas pelas copas,

galhos e troncos. Alcançada a capacidade de estocagem de água pela vegetação, parte da

chuva penetra através das copas e/ou flui por galhos e troncos atingindo o piso florestal.

Neste compartimento a serrapilheira atua tanto na estocagem de água , como na sua

redistribuição em função da variabilidade da estrutura deste material (Coelho Neto, 1987).

As raízes tendem a atuar tanto no favorecimento à infiltração da água, como nas perdas por

evapotranspiração, além dos seus efeitos mecânicos no aumento da resistência ao

cisalhamento.13

12 Serrapilheira – É uma camada superficial dos solos sob florestas, corresponde ao horizonte O dos solos minerais, formada por restos de vegetais (folhas, galhos, sementes e frutos, etc) e restos de animais em diferentes estágios de decomposição Silva et al. (1999). 13 Cisalhamento – Fraturação das rochas onde aparecem abruptos, produzida pelos esforços tectônicos (Guerra, 1975).

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Este fenômeno diminui a quantidade de água do solo e conseqüentemente a

quantidade de água que se incorporara às enchentes. Ainda, os espaços criados no solo pela

decomposição de raízes de vegetais e pela atividade da endofauna que facilitam o

movimento gravitacional da água, aumentando as águas intermediarias de camadas

profundas e o seu suprimento para as águas subterrâneas (Valcarcel, 1987).

Qual seria então o volume de chuva interceptada? É difícil responder a esta questão,

uma vez que esse volume dependerá das diversas variáveis da floresta, como sua

composição em espécie, sua estrutura, sua idade e das variáveis meteorológicas como a

quantidade, intensidade e duração da chuva, além do vento e da temperatura. No entanto,

de uma maneira geral, pode-se considerar da seguinte forma. Em uma chuva com

quantidade de mais de 100 mm, qualquer floresta intercepta aproximadamente 5 a 10% da

chuva (em florestas multiestratificadas esta taxa aumenta um pouco). Considerando-se o

período de um ano, a quantidade retida temporariamente corresponde a 20% do total anual

de chuva e a que escorre pelo tronco, a 5%. A quantidade interceptada num ano

corresponde, portanto, aproximadamente a 15% (ibid., p.33).

Gregory & Walling (1973) afirmam que aproximadamente 2/3 da chuva total não

chega ao solo em florestas pluviais do Brasil. Prandini et al. (1977), citando o trabalho de

Sternberg (1949), mostram que as copas das árvores interceptam de 10 a 25% da

precipitação, podendo interceptar 100% das chuvas pequenas. Coelho Neto (1985) estimou

em cerca de 11% a interceptação pelas copas na Bacia do alto Rio Cachoeira – Parque

Nacional da Tijuca, Rio de Janeiro.

b – Função de amortecer o escoamento superficial

Devido à existência da camada de húmus, camada herbácea e raízes de árvores, as

florestas mantêm baixa a taxa de escoamento superficial, impedindo que a água da chuva

escoe diretamente para os rios (escoamento direto) através do armazenamento de água na

serrapilheira florestal. Vallejo (1982) e Coelho Neto (1985, 1987) mostraram a partir de

seus estudos na Floresta da Tijuca que a capacidade de retenção de água da serrapilheira

varia entre 130% a 330% em relação ao peso seco. Nessa mesma floresta, Miranda (1992)

observou que, sob condição de campo, a retenção média de água na serrapilheira é da

ordem de 200% em relação ao peso seco.

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c – Função de reforçar e manter a permeabilidade do solo

O solo tem capacidade original de deixar a água infiltrar(também retém parte,

através das partículas de argila e nos poros). A floresta, no entanto, reforça e mantém esta

propriedade da seguinte maneira:

A presença de macroporos devido ao sistema de raízes (além da atividade da

endofauna) associada à proteção exercida particularmente pela serrapilheira, constitui os

fatores principais que favorecem a infiltração e estocagem das chuvas, sendo, por isso, um

dos fatores principais para a excepcionalidade de observações de fluxos hortonianos em

solos florestais (Dunne, 1978; Coelho Netto, 1987).

Herwitz (1987; 1988) aponta ainda que a presença de “sapopemas” nas bases de

algumas árvores, canalizando os fluxos do tronco para o lado oposto ao da vertente e

represando-as, é um outro importante fator que contribui significativamente para o

aumento da infiltração.

Além disso, não são de se desprezar os espaços existentes entre as raízes vivas e o

solo. Os canais de raízes e os espaços existentes entre as raízes vivas são relativamente

profundos e grandes, formando, além disso, verdadeiras redes subterrâneas que correm em

todas as direções. Esta rede é fundamental para a movimentação da água gravitacional

(ibid., p.33).

Por outro lado, uma vez que folhas e galhos caídos e a vegetação herbácea cobrem

a superfície do solo, essas impedem a erosão do solo pelas gotas de chuva e

conseqüentemente, a ocupação dos poros pelos grânulos finos resultantes do processo

erosivo, contribuindo para a manutenção da permeabilidade.

d – Função de diminuir a água do solo através do processo de transpiração

O papel da transpiração vegetal na prevenção de deslizamentos foi discutido por

Gray (1973) que afirmou que encostas florestadas “tendem a permanecer secas, sendo

capazes de suportar chuvas pesadas ou longas, sem desenvolverem condições críticas de

saturação. A circulação biológica de água nas plantas de florestas pluviais é sabidamente

grande: árvores e arbustos transpiram livremente durante as estações secas. Este ciclo

biológico envolve grandes quantidades de água” (Coutinho, 1962).

A evapotranspiração é a quantidade total de água evaporada de uma dada

superfície, incluindo, portanto, a água evaporada do solo e superfícies úmidas, como o

vapor liberado na transpiração. Para florestas tropicais, a evapotranspiração pode ser

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considerada como sendo igual à transpiração mais a evaporação da água retida pela

interceptação (Pradine et al., 1977). Rawitscher (1952) diz que, considerando-se apenas

áreas florestadas, mensurou-se 1900 mm como a média anual das chuvas em bacia do

Congo, e 1395 mm como a evapotranspiração total. A evaporação direta do solo em

florestas tropicais pode ser ignorada, mas a evaporação imediata da chuva a partir de

galhos e folhas alcança níveis consideráveis – acima de 20% da precipitação. Subtraindo-

se esta percentagem, encontra-se em torno de 1100 mm de água/ano liberada pela

vegetação como transpiração.

A extração da água do solo pelas raízes diminui significativamente o conteúdo de

água na zona de raízes, provocando alterações na distribuição de umidade e nos valores de

poro-pressão14. Bidle (1983) encontrou alterações significativas em área plantada com

álamos, até uma profundidade de 3,5 m. Reduções no conteúdo de umidade do solo

resultam na diminuição dos poro-pressões e diminuição dos níveis do lençol subterrâneo.

e – Função de refrear a evaporação do solo

No interior da floresta há pouca penetração de luz solar, a temperatura é mais baixa

de dia (a noite é mais quente) e os ventos são fracos. Deste modo, a evaporação do solo é

pequena. Não se pode generalizar a quantidade de evaporação dentro de uma floresta, já

que esta depende do tipo de floresta, das condições ambientais e das camadas do solo.

Pode-se considerar, no entanto, como sendo, de um modo geral, de aproximadamente 30 a

50% das regiões descobertas (ibid., p.33).

f – A função de aumentar o volume da chuva

A névoa que penetra nas florestas adere às superfícies dos vegetais, caindo

posteriormente na superfície sob forma de gotas d’água, provocando uma situação

semelhante á que se segue à ocorrência da chuva. Este fenômeno foi descrito por

(NAKANO s/d, p. 3-4) na floresta para prevenção de nevoeiros existentes em Hokkaido

(Japão) e estudado no Centro Meteorológico Florestal de Ohdaigahara-yama. Foram

14 A força capilar regula a estocagem de água no solo. Capilaridade é a tensão exercida nas paredes de tubos de pequeno diâmetro (tubos capilares) quando em contato com líquidos e que é direcionada para cima. Isto se dá porque a atração molecular na interface líquido-sólido gera uma tensão que causa o encurvamento da superfície líquida, formando uma seção de esfera chamada menisco. A ascensão capilar varia inversamente ao diâmetro dos tubos, ou seja, aumenta com a diminuição dos diâmetro. Ao contrário dos tubos capilares, os poros são vazios interconectados com diâmetros variáveis (Coelho Neto, 1995).

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25 medidas separadamente as chuvas acompanhadas de névoa e sem névoa. Observou-se que

a quantidade de chuva quando ocorreu névoa foi 23% superior.

2.3. – A FLORESTA E AS ENCHENTES

As enchentes podem ser evitadas ou diminuídas caso as seguintes condições

possam ser satisfeitas:

Diminuição, na medida do possível, do volume de precipitação na área de

escoamento;

Diminuição, na medida do possível, do volume de precipitação que atinge o

solo, antes de seu escoamento; e

Diminuição da quantidade de água que escoa rapidamente durante e logo após a

precipitação e aumento da quantidade que escoa vagarosamente através de rotas

subterrâneas de diferentes comprimentos.

Comparando estes itens com as diferentes funções de regulação de água da floresta,

torna-se clara a influência que elas exercem, sobre a prevenção de enchentes. As três

funções – interceptação da precipitação, aumento da permeabilidade do solo e perda por

transpiração – se somam e constituem em conjunto a capacidade da floresta de diminuir as

enchentes.

A função de refrear a evaporação do solo faz com que grande quantidade de água

seja mantida nas camadas superiores do solo. Dessa forma, o volume de perda de água

primário das enchentes diminui e o escoamento superficial aumenta. Esse fato exerce certa

influência na diminuição das enchentes no caso de chuvas de pequena intensidade, contudo

em grandes enxurradas, seu efeito é mínimo.

Em resumo, desprezando-se as funções de aumentar o volume de chuva e refrear a

evaporação do solo, pode-se dizer que as florestas diminuem o volume das enchentes

através das propriedades de interceptar a chuva e diminuir a água do solo através da

transpiração (ibid., p.33).

Relação entre derrubada-reflorestamento e vazão de enchente

A função da floresta de diminuir a vazão das enchentes vem sendo comprovado por

experiências realizadas em diferentes bacias experimentais, através de análise de resultados

de derrubadas de florestas ou reflorestamento de áreas descobertas.

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Pereira (1967) comenta um experimento na África Oriental, onde a floresta natural

foi substituída por plantações de chá: “o resultado total dos 1700 acres do vale, com 800

acres de plantações jovens de chá, foi um aumento de duas vezes nas enchentes de baixa

intensidade e quatro vezes na de alta intensidade”. Snow (apud Molion, 1976, p.3) estudou

os efeitos da substituição de florestas tropicais por sistema de agricultura primitiva na zona

do Canal do Panamá.

“Ele observou que o escorrimento total médio anual para as áreas florestadas e agrícolas não mudou significativamente. Entretanto, os picos de enchentes aumentaram na estação chuvosa e o nível do rio diminuiu na estação seca. A remoção da cobertura vegetal afetou a distribuição média mensal do escorrimento mas não mudou o escoamento médio anual.”

Um estudo feito por Troughton, e comentado por Salati & Vose (1983), mostrou

que o efeito da remoção de 65% da vegetação natural na bacia do Rio Montagua,

Guatemala, foi de inicialmente aumentar os picos de enchentes, mas posteriormente, o rio

estabilizou-se com um volume médio 50% inferior ao que tinha antes do desmatamento.

2.4 – A FLORESTA E A QUALIDADE DAS ÁGUAS

Para se aproveitar a água dos rios para a agricultura, indústria e abastecimento

urbano, utilizam-se dois processos. Um deles consiste em instalar uma unidade coletora de

água no rio (tubo) aproveitando a água da corrente natural sem modificar a sua vazão. O

outro método consiste em interceptar a correnteza através de construção de barragens e

canalização. Este último tipo altera a vazão da correnteza.

Pelo primeiro método, a água utilizável é determinada pela vazão mínima horária

da corrente. Já pelo segundo, esta vazão mínima é menos significativa. Neste caso, o que

importa é a capacidade de represamento. O que realmente importa em relação à função da

floresta é o volume de vazão mínimo (ibid., p.33).

A floresta intercepta a chuva, evita a ação desestruturalizadora das gotas, propicia

condições ótimas de infiltração, reduz o escoamento superficial evitando o fenômeno da

erosão, que tem como efeito a sedimentação das águas, isto é, reduz ao mínimo o teor de

turbidez15. A floresta nativa é o tipo de cobertura vegetal que melhor protege o solo da

15 A água é dita turva, quando contém em suspensão grande quantidade de finíssimas partículas de argila e areia ou, ocasionalmente, organismos microscópios dando-lhe um aspecto lamacento.

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27 erosão, fazendo com que os rios que atravessam áreas de floresta nativas tenham um menor

índice de turbidez.

Em 1956, a floresta secundária de Adiopodoumé (Costa do Marfim) perdeu 2,4 t/ha

de solo, enquanto a área próxima, desmatada e cultivada com mandioca, perdeu 92,8 t/ha.

Em 1955, em Sefá (Senegal), a erosão sob florestas seca foi calculada em 0,02 t/ha,

enquanto a área desflorestada e cultivada com amendoim perdeu 14,9 t/ha (UNESCO apud

Molion, 1984)

Branco & Rocha apud Rizzi (1984) determinaram a perda média anual de solo no

Estado de São Paulo, referente a 15 anos de observações para os tipos de vegetação, como

Mata original, 4kg/ha; Pastagens, 400 kg/ha; e Cultura de algodão, 16.600 kg/ha.

O tratamento convencional das águas, objetivando o abastecimento público, é, em

grande parte, condicionado pela turbidez das águas. Se as florestas protetoras de

mananciais reduzem as partículas em suspensão nas águas propicia condições ótimas de

luz para o processo de fotossíntese das algas produtoras de oxigênio. Homogeniza também

as temperaturas das águas evitando variações bruscas, que provocam a morte da flora e da

fauna natural que atuam na purificação das águas.

O tratamento convencional de purificação das águas consiste na captação,

floculação e decantação (sulfato de alumínio), filtração abrandamento ou correção (cal

hidratada), desinfecção (cloro líquido) e profilaxia ou fluoretação (fluossilicato de sódio)

Rizzi (1984).

As bacias hidrográficas, onde existe captação de água para abastecimento urbano, e

que tenham cobertura vegetal de floresta proporcionam uma economia, referente aos custos

de produtos químicos que são usados no tratamento da água, ou seja, menor turbidez gera

menor despesa com produtos químicos.

Em resumo, a floresta influi no balanço hídrico da região desde a precipitação até a

regularização do regime hídrico dos rios; passando pela interceptação, infiltração e

percolação, evapotranpiração, escoamento superficial. Atua como fator estabilizador dos

solos, que são de textura argilosa, pouco profundos e localizados em regiões de relevo

acidentado, melhorando suas propriedades físico-hidrológicas. Alem disso, a floresta

proporciona benefícios na proteção dos mananciais que abastecem as cidades e

consequentemente a qualidade/potabilidade das águas.

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3 - O PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA

Desde a chegada dos primeiros colonizadores, os maciços florestais do Município

do Rio de Janeiro, principalmente o Maciço da Tijuca e o Maciço da Pedra Branca, vêm

sofrendo graves processos de degradação decorrentes da má utilização de seus recursos

naturais. Inicialmente através da retirada de madeira, seguindo-se os ciclos da cana-de-

açúcar, do café e da laranja. Atualmente a expansão urbana, a mineração predatória, o

cultivo comercial/subsistência (banana e caqui, laranja, mandioca, milho), constituem

sérias ameaças à preservação da outrora exuberante vegetação de Mata Atlântica. Do ponto

de vista histórico, a conservação do Parque assume papel de relevante importância, pois

nele está a origem das mudas que repovoaram, no séc. XIX, a Floresta da Tijuca, podendo

ser considerada como um “banco genético”.

A história do reflorestamento do Parque Nacional da Tijuca mostra que Manuel

Gomes Archer (1821 – 1905) foi nomeado “administrador da Floresta da Tijuca” em 18 de

dezembro de 1861. Archer era fazendeiro em Guaratiba, província no litoral a cerca de 50

km do centro do Rio de Janeiro (Atala et al., 1966, p.28-29). Archer comandou a fase mais

importante do trabalho que resultou na Floresta da Tijuca, a primeira e ainda a maior

experiência de reflorestamento tropical e de múltiplas espécies nativas realizada em

qualquer parte do mundo. Ele usava mudas, ao contrário de sementes ou árvores já

crescidas usadas por outros. Inicialmente ele empregou mudas coletadas na vizinha

Floresta das Paineiras, mais bem preservada. Ele trabalhou também com mudas do Jardim

Botânico do Rio de Janeiro, criado em 1810, que forneceu as mudas de espécies exóticas –

estranhas à flora nativa brasileira – plantadas na Floresta da Tijuca. Archer empregou

também mudas desenvolvidas num viveiro da sua fazenda em Guaratiba16 e,

possivelmente, outras coletadas nas florestas remanescentes da região. Mais tarde ele criou

um viveiro de mudas dentro da própria Floresta da Tijuca (Drummond, 1997).

3.1 – O PARQUE ESTADUAL COMO UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

O sucesso na conservação da diversidade biológica depende do estabelecimento de

estratégias e ações coordenadas e harmônicas, estruturadas em um sistema de áreas

protegidas, as unidades de conservação.

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Entende-se por Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, o conjunto

organizado de áreas naturais protegidas (unidades de conservação federais, estaduais e

municipais) que, planejado, manejado e gerenciado como um todo, tem por finalidade

viabilizar os objetivos nacionais de conservação, que são (MMA, 2000):

manter a diversidade biológica e os recursos genéticos no território brasileiro e nas

águas jurisdicionais;

proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

preservar e restaurar a diversidade de ecossistemas naturais;

promover a sustentabilidade do uso dos recursos naturais;

estimular o desenvolvimento regional integrado com base nas práticas de

conservação;

manejar os recursos da flora e da fauna para sua proteção, recuperação e uso

sustentável;

proteger paisagens naturais ou pouco alteradas, de notável beleza cênica;

proteger as características excepcionais de natureza geológica, geomorfológica e,

quando couber, arqueológica, paleontológica e cultural;

proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

incentivar atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento de natureza

ambiental, sob todas as suas formas;

favorecer condições para a educação e interpretação ambiental e a recreação em

contato com a natureza; e

preservar áreas naturais até que estudos futuros indiquem sua adequada destinação.

Dada a multiplicidade dos objetivos nacionais de conservação, é necessário que

existam diversos tipos de unidades de conservação, manejadas de maneiras diferenciadas,

16 Fazenda Independência, localizada na vertente oeste voltada para Campo Grande. (Secretaria Extraordinária de Programas Especiais,

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ou seja, com diferentes categorias de manejo. O estabelecimento de unidades de

conservação diferenciadas busca reduzir os riscos de empobrecimento genético no país,

resguardando o maior número possível de espécies animais e vegetais.

A Lei nº 9.985, promulgada no ano 2000, após quase oito anos de tramitação no

Congresso Nacional, consolida as legislações anteriores no SNUC, classificando as

Unidades de Conservação em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de

Uso Sustentável. Nas primeiras está totalmente restringida a exploração ou o

aproveitamento dos recursos naturais, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto dos

seus benefícios. São identificadas também como Unidades de Uso Indireto e se constituem

nos Parques Nacionais, Reservas Biológicas, Estações Ecológicas, Monumentos Naturais e

Refúgios de Vida Silvestre. As Unidades de Uso Sustentável admitem a exploração e o

aproveitamento econômico direto dos recursos de forma planejada e regulamentada. São

identificadas também como Unidades de Uso Direto e são constituídas pelas Áreas de

Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Florestas Nacionais,

Reservas Extrativas, Reservas de Fauna, Reservas de Desenvolvimento Sustentável e

Reservas Particular do Patrimônio Natural. Cada uma destas categorias de UCs tem

objetivos de manejo diferenciados, visando cobrir a maior gama de situações, para garantia

da conservação dos recursos naturais (IBAMA, 1997).

O Parque Estadual da Pedra Branca (Fig. 1) encontra-se na categoria de Unidade de

Proteção Integral; no entanto, a realidade observada “in loco” é muito diferente do que

preconiza a legislação ambiental, a começar pela questão fundiária do Parque que é

bastante precária, com muitas propriedades (tanto de uso residencial, como de exploração

de atividades econômicas – propriedades rurais, empresas de exploração mineral). Em

trabalho recente, Rocha (2002) mostra que nos mais de 60 anos de vigência da política

ambiental de criação e administração dos Parques Nacionais no Brasil, poucos avanços

ocorreram no que diz respeito ao equacionamento da questão fundiária das unidades de

conservação.

1991).

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“Esta falta de iniciativa, além de ocasionar prejuízos diretos à administração e manejo dos parques, agrava progressivamente a questão, por diferentes fatores: maior valorização das terras, em alguns casos motivada pela própria criação da unidade; aumento da presença humana e conseqüentemente da construção de benfeitorias que interferem no ecossistema, degradam o ambiente e incorporam valor a terra; desmembramento de terrenos que fazem surgir novos atores, com novos interesses, tornando mais complexas as soluções; criação de “perspectiva de direito” ou “direito” propriamente dito para os ocupantes; e prescrição dos prazos legais. As situações fundiárias não resolvidas e proteladas, se agravando com o passar do tempo, colocam em risco os objetivos básicos das unidades de conservação” (grifo nosso).

Como se vê, a falta de atenção na implementação de uma gestão atuante e eficaz

não é restrita ao âmbito Estadual. Costa et al. (1994), alertaram que, nos grandes centros

urbanos, uma das principais conseqüências decorrentes do crescimento da população era a

degradação ambiental, traduzida em favelização crescente em direção às áreas de risco

geológico/geomorfológico e de proteção ambiental (Unidades de Conservação). Nesse

último caso, há graves comprometimentos do sistema solo-água-vegetação.

Maricato (apud Costa s/d), destacou a relação existente entre a desvalorização para

o mercado imobiliário, das terras que se encontram legalmente protegidas, e o fato de

exercerem atração para a ocupação ilegal pela população pobre. A posição negligente da

fiscalização facilita o processo de ocupação nas áreas destinadas às Unidades de

Conservação, pois os invasores não encontram resistência quando efetuam o assentamento.

Soares et al. (ibid.), analisando os problemas ambientais da cidade do Rio de

Janeiro, observaram que a proliferação das favelas, se por um lado se constitui num meio

aparente de resolver o problema de moradia, por sua vez acelera o processo de degradação

do meio ambiente, principalmente nas encostas florestadas, fortemente inclinadas.

Wiedmann (ibid.) destacou a regulamentação fundiária como grave problema

enfrentado pelas Unidades de Conservação, acarretando prejuízos inquestionáveis aos

recursos naturais. Machado et al. (1997) observaram a precariedade da situação das

Unidades de Conservação no país, considerando-se que muitas destas unidades não foram

efetivamente implantadas, nem estruturadas, nem tampouco inventariadas

satisfatoriamente.

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33 3.2 – DIPLOMA LEGAL

A cidade do Rio de Janeiro do início do século XIX com status de capital, com seu

movimentado porto e com suas primeiras grandes fazendas de café, teve outro estímulo

para o seu crescimento na primeira década do século. Em 1808, com a chegada da Família

Real vieram mais de 20 mil pessoas, entre cortesãos, nobres, militares, clérigos e suas

famílias. Esse contingente representou para a cidade do Rio de Janeiro um acréscimo

populacional imediato de 25%, já que a população anterior da cidade era de cerca de 80

mil habitantes. O ambiente começou a emitir graves sinais de desgaste pouco depois, na

forma de crises no abastecimento de água potável. Em 1817, D. João VI, baixou decreto

em que determinava o fim do corte de árvores junto a mananciais e nas beiras dos riachos

nas proximidades da capital. No ano seguinte ele ordenou a avaliação de algumas terras

particulares com o objetivo de promover sua compra e administração pelo governo da

cidade, tendo em vista a necessidade de preservar os rios ameaçados (Atala et al.1966;

Scheiner, 1976, apud Drummond, 1997).

O ambiente da cidade do Rio de Janeiro continuou a se deteriorar, perdendo

capacidade de sustentar a população residente. A cidade foi atingida por secas severas nos

anos de 1824, 1829, 1833 e 1844, entremeadas com algumas estiagens menos graves. A

destruição da vegetação em torno dos mananciais da Serra da Carioca se combinava com

chuvas menos abundantes e produzia grandes déficits no suprimento de água potável. Os

pequenos rios secavam ou viravam filetes.... Dessa forma, a exaustão do complexo de

recursos “madeira-lenha-carvão vegetal” degradou o recurso “solo” e afetou seriamente o

ciclo do recurso “água potável” (Drummond, 1997).

Em 1840, os administradores do Rio foram pressionados a recuperar os pequenos

riachos da Serra da Carioca, que até então tinham fornecido fielmente a sua água para a

cidade em crescimento. Foi a ameaça de ficar sem água que levou os administradores do

Rio a subtrair as terras da Serra da Tijuca da lógica predatória da iniciativa privada e a

desenvolver um reflorestamento público de grande porte (para a época) para restabelecer

os seus mananciais (ibid.).

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Tal como o Maciço da Tijuca, a história de proteção das florestas do Maciço da

Pedra Branca sempre esteve associada à preservação do potencial hídrico. A devastação

que ocorreu no Estado para dar lugar às diversas culturas também se alastrou na região. O

eventual comprometimento de tais recursos impulsionou a primeira iniciativa de proteção

em 1908, quando o governo federal adquiriu as áreas dos mananciais do Rio Grande e do

Rio Camorim, visando o aprimoramento dos sistemas de captação e distribuição de água

potável, que havia sido represada desde o século XIX, para o abastecimento das

populações vizinhas.

Na primeira metade do século XX , com o crescimento populacional do entorno e

dos subúrbios cariocas, as garantias pareciam insuficientes. Nessa época, o governo federal

instituiu as Florestas Protetoras da União17 de Camorim, Rio Grande, Caboclos, Batalha,

Guaratiba, Quininha, Engenho Novo de Guaratiba, Colônia, Piraquara e Curicica com o

objetivo de proteger os recursos vitais (FEEMA, 2001).

O PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA – PEPB foi criado pela Lei

Estadual nº 2 377, de 28.6.74, após cerca de 10 anos de estudos e tentativas de criação. Ele

compreende 12.500 ha (125 km2), em áreas situadas acima da curva de nível, de cota 100

metros, no Maciço da Pedra Branca, dentro da área urbana da cidade do Rio de Janeiro

(D.O.2.07.1974). O Parque constitui a maior área de floresta tropical da cidade do Rio de

Janeiro. Seus recursos florísticos e faunísticos, seus mananciais e suas paisagens naturais

mantêm-se ainda, em parte, em bom estado de conservação. Existem duas APAs - Áreas de

Proteção Ambiental - superpostas ao Parque, a APA de Grumari de tutela municipal, criada

pela Lei Municipal nº 1.206, de 28 de março de 1988, e a APA da Pedra Branca que

compreende as terras situadas acima da curva de nível de cota 300 metros.

O Parque está invadido por centenas de proprietários particulares e posseiros

apresentando perigo ao tênue equilíbrio dos remanescentes florestais. Por outro lado, a

localização do Parque assume papel estratégico na qualidade de vida da população do seu

entorno, tão carente em áreas verdes para lazer, que possibilitem a integração homem-

natureza.

17 Floresta Protetora da União – Essas unidades têm um status relativamente vago nas políticas preservacionistas do País. Foram criadas

a partir de 1940 com base no Código Florestal de 1934, que previa florestas protetoras de mananciais e encostas. Lendo os decretos de

criação das FPUs, vê-se que algumas foram criadas para garantir o fluxo de rios que forneciam água para a cidade do Rio de Janeiro ou

comunidades de seus arredores (Drummond, 1997).

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35 3.3 - LOCALIZAÇÃO

O maciço da Pedra Branca se apresenta com um dos três principais sistemas

orográficos cariocas e também relevante centro dispersor d’água, ao lado dos maciços da

Tijuca e do Gericinó. É separado do maciço de Gericinó pela Baixada Bangu-Realengo, e

do maciço da Tijuca pela Baixada de Jacarepaguá, que se estende por toda sua parte

meridional até a orla marítima. A área do Parque estende-se entre as latitudes de 23º 04’ e

23º 52’ Sul e entre as longitudes 43º 23’ e 43º 32’ Oeste.

Este maciço acha-se localizado junto à Baixada da Barra da Tijuca e Jacarepaguá,

numa posição oposta à que ocupa o maciço da Tijuca. Ele separa os bairros desta área

supervalorizada (Taquara, Zona Industrial de Jacarepaguá, Camorim, Recreio dos

Bandeirantes, Vargem Pequena, Vargem Grande e Grumari), que em tempos recentes vêm

sendo ocupada em grande escala, dos bairros mais antigos e em geral já densamente

povoados existentes ao longo da Av. Brasil e do ramal da Rede Ferroviária Federal S/A

(Vila Valqueire, Realengo, Padre Miguel, Bangu, Santíssimo, Campo Grande até

Guaratiba).

3.4 – O AMBIENTE FÍSICO

Quadro Geológico

O município do Rio de Janeiro é caracterizado, em linhas gerais, por três distintos

padrões litológicos: terrenos pré-cambrianos, alguns corpos de plutonitos alcalinos de

idade Mesozóica; e recobrimentos sedimentares notadamente holocênicos.

A região onde se localiza o Parque da Pedra Branca se insere num contexto

geológico caracterizado pela presença marcante de terrenos pré-cambrianos do setor

central denominado Província Mantiqueira (Almeida et al., 1977), representados

basicamente por um complexo gnáissico migmático e corpos granitóides subordinados.

Segundo Penha (1984), o complexo envolve seqüências orto e paragnáissicas de

diferentes idades e origens, migmatizadas e remigmatizadas em maior ou menor grau, de

estruturação complexa e com evidentes sinais de evolução policíclica.

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Associados a esses gnaisses e migmatitos, intercalam-se grandes intrusões

graníticas, com especial destaque para o batólito do Maciço da Pedra Branca, que constitui

a maior exposição contínua de rochas granitóides do Município. Ainda, segundo Penha

(1984), apenas a porção mais oriental do maciço é formada por gnaisses e migmatitos. O

restante trata-se de um corpo ígneo de composição principalmente granodiorítica/tonalítica

nas porções mais internas, gradando lateralmente em direção às bordas (norte e sul) tipos

ácidos de composição graníticas, com marcante estrutura fluidal dada pelas ripas feldspato

potássico, bandeamento magmático e zonas com enclaves e com xenólitos das encaixantes.

Relevo

O maciço da Pedra Branca, com cerca de 156 km2 de área, apresenta-se menos

entalhado, com vertentes menos escarpadas e feições mais suaves, em relação ao maciço

da Tijuca, compondo uma relativa “monotonia morfológica” (Lamego apud Maio, 1978).

O manto coluvionar que recobre suas encostas é relativamente espesso e apresenta blocos

soltos ou parcialmente sepultados no material mais fino que se distribuem erraticamente

pelas encostas, entalhando vales ou formando amontoados caóticos na base das vertentes.

De sua porção mais central, onde se localiza o ponto culminante do Município do

Rio de Janeiro, o Pico da Pedra Branca com 1024 metros, partem em diferentes direções,

inúmeras serras e vales bastante expressivos. A Serra de Guaratiba, de direção SSW, se

estende por cerca de 18 Km até Barra de Guaratiba, encimada pelo Morro dos Caboclos

com 369 metros, o Morro da Toca Grande com 557 metros e pelo Pico do Morgado com

398 metros. A Serra do Quilombo abrange o Morro do próprio nome, com 689 metros, e o

Morro Santa Bárbara, com 857 metros, importantes divisores d’água separando diversas

bacias, dentre elas a do rio Camorim (desaguando na lagoa de Jacarepaguá), dos rios

Grande, Engenho Novo (desaguando ambos na baixada de Jacarepaguá), Rio Paineiras e

Rio Morto (desaguando ambos na baixada de Guaratiba). A Serra do Nogueira, na porção

SE, a Serra do Barata, divisor das bacias dos Rios Piraquara e Pequeno, e a Serra de Bangu

no extremo norte do Parque, completam o quadro geomorfológico local. Ocorrem também

vários morros isolados, como o de São João da Mantiqueira, Faxina, Piabas, Boa Vista,

Caeté, Santo Antônio da Bica, Ilha, Cabungui, Redondo, Sacarrão, Pedra Rosilha, Pedra

Negra, Pau da Fome, Caixa d’Água, Monte Alegre, Gago, Santa Luzia, Cabuçu, Lameirão,

Viegas, Engenho Velho, Cavado e Saco (Maio,1978).

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Solos

Do ponto de vista pedológico, existe no Município uma grande variedade de tipos

de solos. Entretanto, com base em levantamento de solo realizado pela EMBRAPA,

(1980), pode-se afirmar que quatro tipos se destacam: os Podzólicos, recobrindo cerca de

26% da área, os Planossolos (10%), os Latossolos e os solos Gley (9% cada).

Dois tipos são os mais representativos nas áreas montanhosas. Os Podzólicos

aparecem nas encostas dos maciços, mais restritos às áreas de menor altitude. São rasos e

estão associados basicamente com os solos Litólicos. Sua textura é média argilosa,

tendendo em alguns casos, a uma fase pedregosa. Derivam dos gnaisses e granitos que

formam o substrato dessas regiões. Os Latossolos dominam as partes mais elevadas, são

pouco profundos e, à semelhança dos Podzólicos, aparecem associados a solos Litólicos

indiscriminados, apresentando entretanto variações texturais mais significativas (ibid.,

p.49).

Clima

O clima da região em estudo está ligado ao mecanismo geral de toda a costa do Rio

de Janeiro, isto é, quente e úmido, influenciado pelos ventos variáveis. Dominam quase

todo o ano os ventos provenientes do anticiclone semifixo do Atlântico Sul que atuam no

litoral, geralmente, de direção nordeste. A sua direção e ação são afetadas, com freqüência,

pelo mecanismo de brisas marítimas. Outro sistema muito importante é o formado pela

massa fria (anticiclone polar), oriundas da Antártida, cujos ventos variam de sudoeste para

sudeste. Este sistema embora atue em qualquer época do ano, é mais freqüente no inverno.

Ao ocorrer o avanço da massa polar sul em direção aos trópicos, em sua frente se

intensificam os ventos pré-frontais do quadrante, mais freqüentemente nordeste que

desaparecem ao impacto com aqueles da massa fria (ibid., p.49).

Nimer, 1971/72; Gallego, 1971 afirmaram que a região litorânea do Estado do Rio

de Janeiro se caracteriza por ser uma área de contato do sistema de circulação tropical com

o sistema de circulação das latitudes elevadas, sem contar a influência da variação

altimétrica e da maritimidade, que concorre para uma maior pluviosidade nessa região.

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A aplicação da Classificação de Köppen para o Município do Rio de Janeiro e áreas

adjacentes define quatro tipos climáticos como predominantes: Aw, Am, Af, e Cf. Nas

vertentes atlânticas da Serra do Mar, a elevada e regular pluviosidade anual associada à

ausência de uma estação seca, definem o clima Af (tropical quente e úmido sem estação

seca), enquanto que na baixada, o aumento da temperatura e principalmente a redução da

pluviosidade definem o clima Aw (clima tropical quente e úmido com a presença de uma

estação seca). Este tipo climático se estende em direção às fraldas dos maciços litorâneos,

principalmente, nas vertentes interioranas (vertente norte), onde a influência das massas de

ar marítimas, carregadas de umidade, é menor. Em suas porções mais internas, dois tipos

climáticos se conjugam: Am, clima típico de área de bosques, com curta estação seca e Cf

(clima subtropical úmido ou tropical de altitude), sendo este último identificado nas

regiões de cota normalmente acima de 500 metros (Gallego, 1971).

Tomando-se como base a distribuição espacial dos tipos climáticos segundo

Thornthwaite, (FIDERJ, 1978), a área de estudo se enquadra em termos genéricos no clima

subúmido com pouco ou nenhum déficit de água, megatérmico com calor bem distribuídos

o ano todo. Isso caracteriza uma temperatura média anual geralmente alta (com exceção

das regiões mais elevadas), acima de 22oC, com verões apresentando a média de

temperatura máxima diária de 30o a 32oC, podendo atingir valores absolutos de 40oC. O

inverno é brando, com médias mensais superiores a 18oC, salvo quando da entrada de

frentes polares, ocasionando uma relativa queda da temperatura. O índice de pluviosidade

varia de 1500 a 2500 mm anuais, sendo os máximos mensais no verão e os mínimos no

inverno (Domingues et al., 1976).

Hidrografia

A rede hidrográfica do Maciço da Pedra Branca é formada por nove bacias fluviais

cujos rios estão moldados segundo a dinâmica do comportamento e da atuação dos

diversos fatores físicos diferenciais. A tectônica de dobramentos, de falhamentos, as

fraturas, a natureza litológica, as condições climáticas que concorrem para a evolução

geomorfológica do grande acidente, imprimem a essa rede feições marcadamente distintas,

conforme o quadrante onde ele se encontra. No núcleo central do maciço estão os três

acidentes mais elevados – Pico da Bandeira, Pedra Branca e Santa Bárbara – que dadas as

suas relativas proximidades, constituem o setor mais significativo para a dispersão da

drenagem, por todas as direções (ibid., p.49).

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As principais bacias do Parque são: Rio Caboclos, Camorim, Curicica, Engenho

Novo de Guaratiba, Prata do Cabuçu, Piraquara, Sacarrão, Pau da Fome, Grande. A bacia

do rio Camorim deságua na Lagoa de Jacarepaguá, a dos Rios Grande e Engenho Novo, na

Baixada de Jacarepaguá, e a dos Rios Caboclos e Batalha, na Vertente de Campo Grande.

As bacias escolhidas para o presente trabalho foram as do Rio Grande, Rio

Camorim na vertente de Jacarepaguá e Rio dos Caboclos e Rio da Batalha na vertente de

Campo Grande. Estas bacias apresentam padrão de cobertura vegetal bastante diferenciado,

pois as da vertente de Jacarepaguá ainda possuem uma cobertura vegetal pouco alterada e

as da vertente oposta apresentam alterações significativas.

3.5 – O Meio Biológico

Vegetação

Com relação à vegetação, a cobertura florestal ainda existente no maciço é

constituída em grande parte por vegetação secundária18, onde alguns representantes

arbóreos da então primitiva Mata Atlântica19 (Floresta Perenifólia Latifoliada) persistem

graças à criação das Florestas Protetoras da União e, mais recentemente, da criação do

Parque.

Nas florestas remanescentes é possível encontrar espécies raras, endêmicas e

ameaçadas de extinção. A mata encontra-se bem estratificada, e pode-se notar um dossel

que atinge até 30 metros de altura. No meio das árvores introduzidas pelo homem, como,

por exemplo, cafeeiro (Coffea arabica – Myrtaceae), jabuticabeira (Myrciaria cauliflora –

Myrtaceae), jaqueira(Artocarpus heterophyllus – Moraceae) e mangueira(Mangifera indica

– Anacardiaceae), que testemunham o passado de ocupação e exploração econômica da

região, encontram-se várias espécies de madeira de lei, muitas raras e endêmicas , tais

como o raro jequitibá (Cariniana legalis e Cariniana estrellensis), tapinhoã (Mezilaurus

navalium), a endêmica noz-moscada-silvestre, somente encontrada no Município do Rio de

Janeiro, e vinhático (Plathymenia foliolosa). Nas proximidades da Represa do Camorim,

no Pau da Fome, e na localidade de Monte Alegre, encontram-se com facilidade diversas

18 Vegetação Secundária – Vegetação resultante de processos naturais de sucessão após supressão total ou parcial da vegetação primária

por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária (Resolução CONAMA nº 010, de

1º de outubro de 1993).

19 Mata Atlântica – Ecossistema de floresta da encosta da Serra do Mar brasileira, considerado um dos mais ricos do mundo em

biodiversidade. Originalmente cobria o litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, e ocupava uma área de 1,3

milhão de quilômetros quadrados. Atualmente restam apenas cerca de 5% de sua extensão original.

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40 espécies de figueiras (Ficus enormis, Ficus insipida, Ficus organesis e Ficus gomelleira),

palmiteiro (Euterpe edulis), ameaçado de extinção, pau-d’alho (Gallesia integrifolia) e

anda-açu (Johannesia princeps) (FEEMA, 2001).

Em trabalho realizado por Mallet, Madeira & Rodrigues (1984), na parte oeste do

maciço, tendo como referência o bairro de Campo Grande foram encontradas as seguintes

espécies: aricurana (Hieronyma alchornioides), abacateiro-do-mato (Salacia brachypoda),

abiurana (Lucuma lasiocarpa), azeitoneira (Rapanea ferruginea), arco-de-pipa

(Erytrouxylum pulchrum), algodoeiro (Cochlospermum sp.), bainha-de-espada

(Acanthinophyllum strepitans), cacheteira (Tabebuia leucosyla), camboatã (Cupania sp.),

canela-amarela (Nectranda sp.), canela-veado (Ampherrhox longifolia), canela-cheirosa

(Endlicheria hirsuta), canela-batata (Cordia trichotoma), cangerana (Cabralea

cangerana), carrapeta (Guarea trichiloides), cedrinho (Cedrella sp.), cedro (Cabralea

laevis), cedro-rosa (Cedrella glaziovii), condessa (Annona sp.), fedegoso (Cassia

multijuga), grumixameira (Setnocalynx brasiliensis), embaúba (Cecripia sp.), imbiu

(Guatteria sp.), ingá-café (Inga sp.), ingá-feijão (Inga sp.), ipê-branco (Sparathosperma

vernicosum), jequitibá-branco (Cariniana legalis), óleo-vermelho (Myrospermum

erytroxilum), pau-ferro (Caeselvinea ferrea), quaresmeira (Tibouchina sp.), roxinho

(Peltagyne discolor) e unha-de-vaca (Bauhinia forficata), jabuticabeira-do-mato

(Myrtaceae), mamoeiro-do-mato (Jacaratia sp.) e taporoca, além de diversas outras

espécies não identificadas, evidenciando a alta diversidade da floresta. O estudo mostrou

que mais de 50% do total de árvores inventariadas aparecem na faixa de 20-30 cm de altura

e que mais de 70% do total dessas possuem DAP (diâmetro cima do peito,a 1,30 cm) entre

10-20 cm. As espécies aricurana, cacheteira, cangerana, cedrinho, quaresmeira e peito-de-

pomba apresentaram valores mais alto de índice de importância. O perfil-diagrama

permitiu distinguir dois estratos distintos: sub-bosque, formado por árvores até 16 metros,

e o estrato superior composto por árvores entre 16 a 26 m, com algumas atingindo 35 m.

Fauna

No Parque, pode-se constatar a riqueza da fauna local, com registro de muitas

espécies raras e ameaçadas que têm atraído cada vez mais visitantes. Entre os mamíferos,

destacam-se macaco-prego (Cebus apella), o quase extinto porco-do-mato (Tayassu

tajaca), a preguiça (Bradypus variegatus), considerada ameaçada de extinção no município

do Rio de Janeiro, furão (Galictis vittata), ouriço-caixeiro (Coendou insidiosus), cachorro-

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41 do-mato (Cerdocyon thous), tamanduá-de-colete (Tamandua tetradactyla), paca (Agouti

paca), mão-pelada (Procyon cancrivous), cutia (Dasyprocta aguti), gato-do-mato (Felis

tigrina), Gato-maracajá (Felis wiedii), ambos ameaçados, dentre outros que vêm

despertando o interesse dos caçadores da região. Existem ainda várias espécies de

morcegos (Artibeus spp., Desmodus sp. e Myotis sp.) (PMCRJ, 1998).

A avifauna é rica e já foram identificadas mais de 180 espécies importantes. Entre

aquelas ameaçadas de extinção, destacam-se tucano-do-bico-preto (Ramphastos vitellinus),

os araçaris (Baillonus bailoni e Selenidera maculirostris), os gaviões (Leucopitemis

lacernulata e sp izaetus tyrannus), papagainho (Touti melanonota) e jacupemba (Penelope

superciliaris). Também são encontrados o gavião-carijó (Rupornis magnirostris), o trinca-

ferro (Saltador maximus), os beija-flores (Melanotichus fuscus, Amazilia spp, Phaethornis

spp.) os tiês (Ramphocelus sp e Tachyphonius spp.), as saíras (Tangara spp.), os sanhaços

(Thraupis spp.) e as corujas (Otus choliba, Pulsathrix koeniswaldiana, Athene

cunicularia) (ibid.).

Quanto aos répteis, podem ser observadas serpentes como cobra-de-vidro

(Ophiodes stratus), jararaca (Bothrops jararaca), cobra-verde (Philodryas olfersii) e jibóia

(Boa constrictor), além de outros répteis como teiú (Tupinambis teguixim) e lagarto-verde

(Ameiva ameirva). Muitas espécies de insetos foram identificadas, especialmente

borboleta-azul (Morpho spp), Ninfalídea (Parides spp., Papilio spp. e Caligo spp.), os

besouros serra-paus(Cerambycidae) e barata-da-mata (Blatariae) (ibid., p.53).

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4. - OBJETIVOS

4.1 - OBJETIVO GERAL

Levantar os benefícios que a preservação da Floresta do Parque Estadual da Pedra

Branca /RJ tem sobre a regulação e qualidade da água dos mananciais locais, através da

aplicação da Metodologia de Valoração Contingente (MVC), para chegar ao preço final

que os beneficiários da água do Parque estão dispostos a pagar para garantir a produção e a

qualidade da água dos mananciais locais.

4.2. - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Calcular o valor da Disposição a Pagar (DAP) dos habitantes do entorno do

Parque para se fazer o reflorestamento nas bacias hidrográficas

selecionadas.

II. Calcular o valor da Disposição a Pagar (DAP) dos habitantes do entorno

para visitar o Parque Estadual da Pedra Branca.

5 - HIPÓTESES

1- O ecossistema Floresta proporciona benefício com valor econômico.

2- Os bens e serviços do ecossistema Floresta, sem valor de mercado, podem ser

avaliados economicamente, através do Método de Disposição a Pagar.

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6 – METODOLOGIA

6.1 – COLETA DE DADOS

O Método de Valoração Contingente usa os dados levantados por pesquisas de

campo, através de questionários, para estimar um indicador ou medida das preferências por

bens públicos. A coleta de dados foi realizada, conforme descrito na tabela 6.1:

Tabela 6. 1 - Resumo do período de coleta de dados

Bairro Período de coleta Abril/2002

Nº de Amostra

Campo Grande (Represa de Caboclos, Batalha e Quininho)

04 a 07 47

Camorim (Represa do Camorim) 11 a 14 30 Jacarepaguá (Represa do Pau da Fome) 23 a 28 69 Total 146

A aplicação dos questionários concentrou-se em domicílios que fazem parte dos

setores censitários selecionados do CENSO 2000, conforme mapa dos setores censitários

(Fig.2).

6.1.1 - Em relação à DAP:

As linhas mestras para o cenário de Avaliação Contingente, definidas previamente

no planejamento da pesquisa foram:

pagamento proposto foi mensal;

veículo de pagamento foi um adicional na conta de luz, já que 100% dos domicílios

possuem energia elétrica, o mesmo não acontecendo com a água;

foram estabelecidos setes pontos de preço, dado o tamanho relativamente pequeno

da amostra, distribuídos aleatoriamente pelos domicílios.

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6.1.2 - Pesquisa de Campo

Os entrevistadores foram treinados para evitar a ocorrência de distorções e garantir

a confiabilidade dos resultados. A equipe de campo contou com dois entrevistadores e um

supervisor. O supervisor tinha como principais responsabilidades verificar a seleção dos

domicílios e o preenchimento dos questionários. Todos da equipe estavam identificados

com um crachá e levavam o material de campo dentro de pastas. Cada pesquisador fez, em

média, cinco entrevistas por dia e, uma vez obtido sucesso na abordagem, cada entrevista

durou, em média, 20 minutos.

Após a coleta, os questionários foram checados quanto à consistência, codificados,

digitados, processados, criticados e analisados para então serem apresentados em relatório

e utilizado no modelo de estimação.

6.2 - AMOSTRAGEM DA DISPOSIÇÃO A PAGAR

A pesquisa de campo, realizada nos bairros de Campo Grande, Camorim e

Jacarepaguá, teve como objetivo estimar a disposição a pagar dos moradores desses bairros

pelo projeto de recuperação florestal do Parque Estadual da Pedra Branca.

Segundo o IBGE, os bairros de Campo Grande, Camorim e Jacarepaguá pertencem

à mesorregião Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.

Dentre os bairros da pesquisa o maior deles em população é Campo Grande, com

297 494 habitantes em 2000.(ver tabela 6.2).

Tabela 6. 2 - Áreas da pesquisa - População

Bairro 1996 2000 Crescimento

Campo Grande População 258 780 297 494 14,96%

Camorim População 479 786 64,09%

Jacarepaguá População 75 882 100 822 32,86%

Fonte: IBGE – Contagem da População, 1996 e Censo Demográfico 2000.

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A pesquisa foi do tipo por amostra domiciliar, e o entrevistado foi o chefe do

domicílio ou seu cônjuge (ou família), desde que o chefe (ou o cônjuge) tivesse renda e

idade entre 18 e 65 anos. Essa característica de renda (mais de um salário mínimo) foi

observada em cerca de 95% dos domicílios, pesquisados, do bairro de Campo Grande, 94%

do bairro do Camorim e 97% de Jacarepaguá, segundo questionário aplicado, conforme

mostra a tabela 6.4.

Tabela 6. 3 - Rendimento do chefe do domicílio em Salário Mínimo*

Campo Grande Camorim Jacarepaguá Classe de Rendimento Domicílios % Domicílios % Domicílios %

<1 SM 5 11 6 20 2 3 1 —| 2 SM 15 32 13 43 7 10 2 —| 3 SM 7 15 7 23 17 25 3 —| 4 SM 9 19 3 10 12 17 4 —| 5 SM 3 6 1 3 9 13 5 —| 10 SM 8 17 0 0 10 14 >10 SM 0 0 0 0 12 17

Total 47 100 30 100 69 100

Fonte: Pesquisa de Campo * Rendimento nominal médio mensal do chefe do domicílio, salário mínimo em 04/2002 = R$180,00.

O desenho da amostra compreendeu, para cada área da pesquisa, dois estágios de

seleção, a saber:

1º estágio:

A unidade de primeiro estágio compostos pelos setores da base geográfica do

Censo Demográfico de 2000 (Fig. 2), selecionados com probabilidade proporcional ao

tamanho (nº de domicílios).

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Para o dimensionamento da amostra, foram considerados os setores urbanos

normais (não favelas).

As unidades primárias foram agrupadas em estratos de renda e geográfico. São sete

os estratos de renda, classificados segundo faixa de rendimento do chefe em salários

mínimos. O estrato geográfico foi os setores censitários do entorno contíguo ao Parque

Estadual da Pedra Branca.

2º estágio:

A unidade secundária foi o domicílio particular permanente, enquanto que a seleção

dos domicílios foi aleatória.

A tabela 6.5 mostra o número dos setores, total de pessoas residentes e o total de

domicílios que foram usados para calcular a amostra de domicílios, nos quais aplicamos os

questionários. Estes setores foram selecionados a partir de Mapa de Localidade Digital

Estatísticos, produzido pelo IBGE, que contém a divisão de setores. A amostra foi

estabelecida em 3% do total de domicílios de cada setor; com isso, temos: 50 domicílios

em Campo Grande, 30 domicílios no Camorim e 71 domicílios em Jacarepaguá.

Os setores foram selecionados a partir de sua proximidade com a área de estudo -

Parque Estadual da Pedra Branca – numa versão digital. No momento da escolha dos

setores não houve acesso ao mapa impresso, o que veio a ocorrer após o estabelecimento

da amostra.

Isso ocasionou a seleção de alguns setores que na realidade não se enquadravam no

cerne da questão central que seria objeto de pesquisa – pessoas que utilizavam água

captada no Parque - mas só foi detectado no momento da aplicação do questionário.

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Tabela 6. 4 - Setores Censitários Selecionados

Bairro

Setor

Pessoas Residentes

Domicílios

Amostra = 3% do Total

Domicílio Campo Grande 248 1 079 375 11,25 Campo Grande 249 522 158 4,74 Campo Grande 287 885 280 8,4 Campo Grande 288 913 297 8,91 Campo Grande 289 704 245 7,35 Campo Grande 290 1 061 334 10,02 Subtotal 6 5164 1689 50,67 Camorim 139 457 252 7,56 Camorim 140 574 264 7,92 Camorim 305 566 212 6,36 Camorim 314 279 125 3,75 Camorim 315 357 109 3,27 Subtotal 5 2 233 962 28,86 Jacarepaguá 511 941 292 8,76 Jacarepaguá 512 1 554 494 14,82 Jacarepaguá 522 1 053 356 10,68 Jacarepaguá 523 950 384 11,52 Jacarepaguá 524 351 132 3,96 Jacarepaguá 531 1 027 392 11,76 Jacarepaguá 532 893 336 10,08 Subtotal 7 6 769 2386 71,58 Total 18 14166 5037 151

Fonte: IBGE – Censo Demográfico de 2000.

A solução foi excluir os setores que não atendiam o requisito estabelecido a priori e

aplicar a mesma quantidade de questionários nos setores que estavam no entorno e que

utilizavam a água do Parque, o que naturalmente ultrapassou o percentual de 3% que tinha

sido estabelecido anteriormente. No entanto, se fosse mantido o percentual de 3% sobre o

total de domicílios ter-se-ia um número muito reduzido de domicílios, principalmente no

Camorim. Por isso, optou-se em manter o total de domicílios que foi calculado num

universo maior de setores e domicílios. Com isso, obteve-se uma maior representatividade

na amostra, como pode-se ver na Tabela 6.6: Campo Grande passou a ter 5,24% dos

domicílios, Camorim 27,52% e em Jacarepaguá 9,03%.

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Tabela 6. 5 - Setores censitários selecionados

Bairro Setor Pessoas Residentes

Domicílios % s/ Dom.

Amostra Amostra de 3%

Campo Grande 248 1079 375 19 Campo Grande 289 704 245 12 Campo Grande 290 1061 334 16 Subtotal 3 2844 954 5,24% 50 28 Camorim 315 357 109 30 Subtotal 1 357 109 27,52% 30 3 Jacarepaguá 511 941 292 25 Jacarepaguá 512 1554 494 44 Subtotal 2 2495 786 9,03% 71 23 Total 6 5696 1849 151 54 Fonte: IBGE – Censo Demográfico de 2000.

Tabela 6. 6 - Resumo da Amostra

Áreas da Nº de setores Número de Domicílios Pesquisa Selecionados Selecionados Entrevistados

Campo Grande 3 47 47 Camorim 1 30 30 Jacarepaguá 2 69 69 Total 6 146 146

O material do pesquisador era constituído pelo questionário (Anexo 6) e o mapa da

bacia hidrográfica (Fig. 3). O questionário era único, estruturado em cinco partes após a

coleta, os questionários preenchidos foram checados quanto à consistência, codificados,

digitados, processados, criticados e analisados para então serem tabulados e apresentados

em relatório e utilizados nos modelos de estimação da disposição a pagar.

Para processar as informações obtidas com a aplicação do questionário, foi

necessário construir um banco de dados para armazenar e fazer os cruzamentos necessários

para atender o presente trabalho. Para isso foi utilizado o programa Access versão7.0 e a

construção dos gráficos e tabelas foi feita no Excel versão 7.0. Já o cálculo da Disposição a

Pagar foi realizado com o programa de SPSS for Windows - Versão 9.0.

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6.3. - ESTIMAÇÃO ECONOMÉTRICA DA DISPOSIÇÃO A PAGAR

O Método de Valoração Contingente (MVC) surgiu com o firme propósito de suprir

as agências e entidades, responsáveis pela provisão de bens públicos, com informações

sobre o valor monetário que esses bens têm para seus usuários quanto para seus “não-

usuários”.

6.3.1 – Procedimentos Estimativos para o Método de Valoração Contingente

Na corrente pesquisa todos os procedimentos estimativos foram seguidos, a saber:

1º Estágio: Definindo a Pesquisa e o Questionário:

Objeto de Valoração – quanto as pessoas pagariam para que fosse feito o

reflorestamento do Parque e com isso ter água de boa qualidade e em quantidade.

A Medida de Valoração – utilizamos a disposição a pagar (DAP).

A Forma de Eliciação – utilizamos o referendo com acompanhamento (mais de um

valor).

O Instrumento (ou veículo) de Pagamento – adicional na conta de luz, já que 100%

dos domicílios possuem energia.

A Forma de Entrevista – foram feitas entrevistas pessoais.

O Nível de Informação – foi lido trecho explicativo que consta no pré-questionário.

Os Lances Iniciais – o intervalo usado foi de R$10,00 a R$70,00.

As Pesquisas Focais – foi aplicado um pré-questionário (anexo 5).

O Desenho da Amostra – foi usado o total dos domicílios dos setores censitários

próximos ao entorno do Parque.

2º Estágio: Cálculo e Estimação:

Pesquisa Piloto e Pesquisa Final – o pré-questionário cumpriu este papel.

Cálculo da Medida Monetária – foi utilizado o programa Logit para calcular o

valor da DAP. A curva de lances procurou correlacionar os lances (DAPi) como uma

função das visitas (Qij), da renda (Yi), de fatores sociais como educação (Si) e outras

variáveis explicativas (Xi).

DAPi = f(Qij,Yi,Si, Xi,)

6.3.2 - Método de Avaliação Contingente da Disposição a Pagar

A utilização do Método de Valoração Contingente em problemas de mensuração

econômica tem ganho muita popularidade nas duas últimas décadas. Em linhas gerais, o

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52 método consiste em estimar os valores de uma variável de interesse, não observável,

através da modelagem de uma variável discreta, observável, com respostas do tipo sim ou

não, obtidas em pesquisa de campo. Os trabalhos de Bishop & Heberlein (1979) e

Hanemann (1984 e 1989) podem ser indicados como referência básica para o entendimento

desta metodologia.

Neste estudo, esta técnica é utilizada para estimar os valores médios que os

indivíduos da população em estudo, representados por chefes de famílias, estão dispostos a

pagar pela utilização da água do Parque. Com esta finalidade, diferentes modelos do tipo

Logit foram testados na modelagem econométrica do valor da disposição a pagar (DAP).

6.3.3 - Descrição da modelagem e estimação da Disposição a Pagar

Nesta seção são apresentados os modelos e critérios utilizados para o processo de

cálculo das estimativas do valor da disposição a pagar (DAP). Na modelagem e estimação

da DAP, utilizou-se o modelo da Regressão Logística (Logit). O modelo Logit é utilizado

para estimar os parâmetros das variáveis explicativas que definem qual a parcela da renda

que os indivíduos estão dispostos a pagar pela utilização da água do Parque. Uma vez

estimada a parcela, o valor da DAP é estimado pelo produto entre a renda média da

população e a parcela estimada.

O processo de estimação e cálculo foi desenvolvido visando a obtenção de

estimativa com elevado nível de confiabilidade estatística. Neste sentido, o modelo Logit

foi testado considerando-se a variável PAGAR referente à aceitação de pagar no total de

casos pesquisados.

A necessidade de se impor critérios mínimos para a validação de modelos que

estimem a DAP e a estimação por modelos que não satisfazem a esses critérios são

questões detalhadamente discutidas por Haab & Mcconnell (1997). As restrições ou

exigências apontadas são de fundamental importância e não poderiam deixar de ser

consideradas no processo de modelagem. Os critérios mínimos são:

modelo deve assumir que o DAP de cada indivíduo é um valor não-negativo e

limitado superiormente pela sua renda;

as estimativas do DAP de cada indivíduo, assim como estimativas amostrais da

média, mediana, e outras medidas, devem ser consistentes com os limites do DAP;

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53

modelo deve utilizar hipóteses distribucionais compatíveis com a estimação do

DAP.

A estimativa de cada modelo recai na estimação de máxima verossimilhança. Para

isso, utilizou-se o módulo de programação do programa de SPSS for Windows - Versão

9.0.

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54 6.4 – MAPEAMENTO DA COBERTURA VEGETAL

No planejamento ambiental, a integração na coleta de dados, análise espacial e o

processo de tomada de decisões, num contexto de um fluxo comum de informações pode

ser feita através do uso de um Sistema de Informações Geográficas (SIG). SIGs podem ser

utilizados como banco de dados ambientais, onde dados relevantes sobre os diferentes

atributos socioeconômicos e do ambiente natural podem ser armazenados, manipulados e

analisados. Os dados espaciais e/ou pontuais podem ainda ser constantemente atualizados e

combinados em novas análises. O armazenamento, manipulação e recuperação de

informações espaciais em ambiente digital, permite ao pesquisador não só acompanhar a

dinâmica do quadro de mudanças sobre o território, mas também simular os efeitos dessas

mudanças, criando cenários prospectivos (Bohrer et al. 2001).

Burrough (1987) define os SIGs como sendo muito mais do que um meio de

codificar, armazenar e recuperar dados sobre a superfície terrestre; os dados nos SIGs

representam um modelo do mundo real. Como se pode recuperar, transformar e manipular,

interativamente, os dados nestes sistemas, os SIGs podem ser utilizados para simular os

processos que ocorrem no meio ambiente ou, também, antecipar os possíveis resultados

das decisões a serem tomadas em um projeto de planejamento.

Uma outra característica dos dados ambientais, quando armazenados sob a forma de

mapas, é a escala espacial em que eles estão representados. Mapas em diferentes escalas

apresentam diferentes níveis de detalhes da informação (resolução) o que dificulta a

integração destes mapas. Porém, existem procedimentos nos SIGs que podem ajustá-los a

apenas uma unidade territorial de integração dos dados, devendo o usuário avaliar a

representatividade dos dados após o ajustamento.

Base de Dados

A fonte original dos dados foi a carta cadastral digital na escala de 1: 10.000 do

Instituto Pereira Passos - IPP, correspondente às Folhas 284 D, 285 C/D/E/F, da série Base

do Município do Rio de Janeiro, ano do vôo 1999. Inicialmente, foi necessário converter os

arquivos para o formato dgn, para possibilitar o uso pelo MicroStation/95 software usado

para elaborar o mapa da Cobertura Florestal do Parque da Pedra Branca.

Uma carta, qualquer que seja sua escala, tem por objetivo a representação de duas

dimensões: a primeira, referente ao plano; e a segunda, à altitude. Dessa forma, os

símbolos e cores convencionais são de duas ordens: planimétricos e altimétricos. Tanto os

elementos planimétricos como os altimétricos são representados em Layer (níveis) um para

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55 cada tema, ou seja, os elementos a serem representados estarão em níveis separados, (P. ex.

Vegetação, Hidrografia, Sistema Viário, Altimetria, Curvas de Nível, Linhas de Limite).

Foi necessário identificar o conteúdo de todos os níveis, já que nem todas as

informações constantes nos arquivos digitais seriam utilizadas. Os arquivos tiveram que

passar por um trabalho de tratamento ou procedimentos, pois apresentavam muitas

imperfeições/inconsistências. Deste modo, passam a ser tratados pelo software MGE

utilizado no processamento dos mapas digitais. Estes procedimentos foram desmembrados

em etapas, que devem ser retomadas sempre que se fizerem necessárias e na mesma ordem.

6.4.1- Preparo dos Polígonos dos Temas

Cobertura Vegetal

O arquivo contendo os elementos da vegetação (arquivo principal) foi ajustado à

drenagem e massas d’água (arquivo referenciado), visando o controle do fechamento dos

polígonos que se limitam com esses elementos. Os limites de polígonos de outros temas

também podem servir de contato (p.ex.arquivos de estradas e caminhos)

Feito isto, foram analisados quais elementos da carta eram importantes para se

determinar os polígonos que compunham a mancha da cobertura vegetal. Os rios,

caminhos, estradas foram os elementos percebidos que, se editados, fechariam os

polígonos da cobertura vegetal. Então, foram copiados para o arquivo principal, vegetação,

todos os elementos que contribuíam para formação de cada polígono de vegetação. Ao

serem copiados para o arquivo principal, vegetação, esses elementos passaram a ter os

mesmos atributos do arquivo de vegetação, ou seja, mesmo nível, cor, estilo e peso

(Tabela 6.8).

Foi adotado o critério de passar cada tipo de formação vegetal, ou seja, Mata (M),

Macega (m), Pasto (P), Bosque (Bos) para o mesmo nível em todas as folhas, com o

objetivo de formar um mosaico de vegetação.

Definidos os polígonos, foi usada a ferramenta do MGE Create Complex Shape,

que tem por objetivo unir todos os vértices dos polígonos para posteriormente receberem o

ornamento, correspondente de cada formação vegetal, através da ferramenta Show Pattern

Atributes.

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Tabela 6. 7 - Atributos da Vegetação

Nível Elemento Cor Peso Estilo33 Mata 121 0 0 34 Macega 120 0 0 39 Pasto 120 0 0 40 Bosque 120 0 0

Hipsometria

Identificados os elementos referentes à hipsometria, através da ferramenta Analyze

Element, os morros, serras, pico de todas as folhas foram selecionados e transferidos para

um mesmo nível, com o objetivo de construir um mosaico de hipsometria, para que fosse

possível usá-los como delimitadores das bacias hidrográficas.

O arquivo contendo os elementos da hipsometria como a toponímia (morros, serras,

pico), valor dos pontos cotados, cota, cota de ponto culminante (arquivo principal), de uma

das cinco folhas utilizadas, foi ativado como arquivo principal e os outros quatro arquivos

de hipsometria, das demais folhas, foram referenciados e copiados para o arquivo

principal.

Em seguida, valor dos pontos cotados, cota, cota de ponto culminante e toponímia

de todas as folhas foram selecionados e transferidos para um mesmo nível, mesma cor,

peso e estilo, com o objetivo de construir um mosaico de hipsometria (Tabela 6.9). O

mosaico criado foi utilizado na definição dos limites das bacias hidrográficas.

Tabela 6. 8 - Atributos da Hipsometria

Nível Elemento Cor Peso Estilo 25 Valor dos Pontos cotados 32 0 0 26 Cota 32 0 0 26 Cota de Ponto Culminante 2 0 0 36 Toponímia 2 0 0

Hidrografia

O arquivo contendo os elementos da hidrografia - rios, represas, canais e lagoas -

(arquivo principal) de uma das cinco folhas utilizadas foi ativado como arquivo principal e

os outros quatro arquivos de hidrografia, das demais folhas, foram referenciados e

copiados para o arquivo principal.

Num segundo passo, os rios, represas, canais e lagoas de todas as folhas foram

selecionados e foram transferidos para um mesmo nível, uma mesma cor, mesmo peso e

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57 mesmo estilo, (Tabela 6.10) com o objetivo de construir um mosaico de hidrografia, para

que pudéssemos separá-los por bacias hidrográficas.

Tabela 6. 9 - Atributos da Hidrografia

Nível Elemento Cor Peso Estilo 20 Represas 72 0 0 21 Toponímia 72 0 0 22 Traço dos Rios 72 0 0

Para definir os limites das bacias hidrográficas foi utilizado o mosaico de

hipsometria no modo de referência e foi traçada uma linha que ligava os pontos

culminantes e cotas.

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58 7 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1 - ANÁLISE DESCRITIVA DAS ENTREVISTAS

7.1.1 – Perfil do Entrevistado

Dentre os entrevistados 45% não completaram o primeiro grau, 20% concluíram o

primeiro grau, 15% possuem o segundo grau, e nos extremos temos 5% de analfabetos e

3% que completaram o curso superior, conforme mostra a (Fig. 4).

Figura 4 – Escolaridade dos Entrevistados

4%

3%

8%

15%

45%

20%

5%Analfabeto

1º Grau Completo

1º Grau Incompleto

2º Grau Completo

2º Grau Incompleto

3º Grau Completo

3º Grau Incompleto

Com relação à caracterização dos entrevistados, 51% são chefes de

família/domicílios. Quanto a profissão/ocupação, 34% são donas de casa, 27%

concentram-se na categoria outros (estudantes, vendedores, atendentes, vigilantes,

adestrador de cães, etc.), (Fig.5). É importante notar que 4% são agricultores que tiram seu

sustento do Parque, ou seja, suas propriedades estão dentro do limite do Parque.

Figura 5 – Profissão dos Entrevistados

0%

27%

4%

1%

8%

14%

7%

4%

1%

34%Dona de Casa

Técnico

Comerciante

Cargo Administrativo

Funcionário Público

Operário

Apos./Pens.

Prof. Liberal

Agricultor

Outros

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59

Quanto ao estado civil, 48% são casados, 33% são solteiros e 10% separados, 6%

viúvos e 3% divorciados (Fig. 6).

Figura 6 – Estado Civil dos Entrevistados

10%

3%

6%

33%

48%Casado(a)

Solteiro(a)

Viuvo (a)

Divorciado(a)

Separado (a)

Não foi discutida a estrutura fundiária da terra, pois não era o objetivo da pesquisa,

mas sim, se o domicílio era próprio, alugado ou cedido. Dentro dessa abordagem tem-se

que 94% dos domicílios são próprios, 5% são cedidos e 1% são alugados ( Fig. 7).

Figura 7 – Propriedade do Domicílio

5%

94%

1%

Próprio

Alugado

Cedido

É importante notar que a ocupação do entorno do Parque não é recente, pois 83%

responderam que moram no bairro há mais de cinco anos, 16% moram de 1 a 5 anos e 1%

mora há menos de um ano.

O número médio de pessoas no domicílio é de 3,9. O número de famílias com mais

de cinco pessoas representam 13% do total, e o número de domicílios com uma única

pessoa é de 5%.

7.1.2 – Infra–Estrutura do Domicílio

Quanto à infra-estrutura do domicílio no quesito água, 68% dos entrevistados

utilizam água das represas, 18% de cachoeiras e 12% de mina para o abastecimento do

domicílio. Só 2% possuem água de poços comum (Fig. 8). Isto é explicado pela geologia

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60 (ver Capítulo 3) da região que é constituída de rocha matriz pouco permeável e de grande

dificuldade de penetração, ainda mais levando-se em conta a tecnologia

simples/rudimentar que a maioria utiliza para furar os poços.

Figura 8 – Origem da Água do Domicílio

2%

18%12%

68%

Poço Comum Cachoeira Mina Represa

Quanto ao quesito energia elétrica, 100% dos domicílios a possuem. O esgoto

sanitário apresenta um quadro bastante caótico, pois só 7% dos domicílios responderam

que estão ligados à rede geral, 27% despejam o esgoto em valas negras, 38% usam

sumidouro e 28% dos domicílios jogam o esgoto nos rios (Fig.9). Durante a pesquisa, por

várias vezes pode-se verificar que a informação de que o esgoto é despejado em Rede

Geral é dúbia, pois o que alguns chamam de Rede Geral, na verdade, são valas negras

canalizadas que mais adiante despejam nos rios.

Figura 9 – Disposição Final do Esgoto

7%

27%

38%

28%

Rede Geral Vala Negra Sumidouro Rios

Quanto ao lixo, 95% dos domicílios têm coleta regular feita pela COMLURB; os

outros 5% queimam o seu lixo.

A Coleta do lixo é bastante eficiente sendo feita três vezes por semana em 89% dos

domicílios (Fig. 10).

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61

Figura 10 – Freqüência da Coleta de Lixo

1 Dia2%

2 Dias9%

3 Dias89%

Dos entrevistados, 89% declararam que não pagam pela água consumida, não

porque não queiram, mas sim porque o serviço prestado deixa muito a desejar. Eles alegam

que a água não tem pressão, falta com muita freqüência tanto no verão como no inverno e

que a CEDAE não faz a rede de distribuição fina.

Os 11% que responderam que pagam pela água, na verdade, eles pagam a pessoas

da comunidade que fazem o trabalho de manutenção dos canos (mangueiras plásticas),

desobstrução e limpeza do local de captação, que não são as represas da CEDAE. Eles não

pagam pela água, mas sim pela manutenção do precário serviço que é socializado pela

comunidade.

7.1.3 – Relação do Entrevistado com o Parque

Dos entrevistados, 97% acha bom morar perto do Parque, porque gostam do ar

puro, da tranqüilidade e da beleza cênica. Quanto ao uso que dão ao Parque, 56% usam

para fazer caminhadas regularmente, 27% gostam de apreciar a natureza e 22% vão visitar

parentes e/ou amigos (Fig.11).

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62

Figura 11 – Atividades Desenvolvidas no Parque

2%

3%

3%

2%

14%

14%

22%

27%

56% Caminhar

Apreciar Natureza

Visitar Parentes

Trab. no Sítio

Recreação

Trab. Religioso

Buscar Água s/ cloro

Trab. Comunitário

Atividade Científica

De uma forma bastante consciente, 79% dos entrevistados acham que devem pagar

pela água que usam, apesar de terem feito muitas reclamações do serviço prestado, tais

como: “sujeira na água (folhas, gravetos)”, “nos dias de chuva a água fica muito barrenta”,

“às vezes vem com gosto muito forte de cloro”, acham que a “CEDAE não cuida bem da

água”. Eles acham que pagando poderão exigir um melhor serviço.

A água que abastece 97% dos domicílios do entorno do Parque tem seus

mananciais dentro dos limites do Parque.

Quanto à qualidade da água, 73% dos moradores acham a água boa. No entanto,

alegam que freqüentemente a água vem com muito cloro. Foi possível constatar que a

dosagem do cloro líquido nas instalações das represas é feita manualmente e que é passível

de ocorrer uma dosagem maior, principalmente, quando diminui a vazão.

7.1.4 – Disposição a Pagar para ter os serviços do Parque

Com relação à disposição a pagar, observa-se que a maioria, 71%, aceita pagar para

a realização do reflorestamento previsto na pesquisa e o principal motivo citado é que “a

água é muito importante para a vida”, “não podemos viver sem a água”.

Dos 71% que estão dispostos a pagar pela água, 22% pagariam R$30,00; 14%

pagariam R$15,00 e 11% pagariam R$60,00, o que perfaz um total de 47%. Calculada a

média da Disposição a Pagar chegamos a um valor de R$33,75 (Fig. 12).

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Figura 12 – Disposição a pagar pela água

1%8%

14%6%6%

22%9%

7%9%

2%11%

4%2%

1%

R$5

R$10

R$15

R$20

R$25

R$30

R$35

R$40

R$45

R$50

R$60

R$70

R$75

R$90

Já a Disposição a Pagar para visitar o Parque é de 55%. O percentual menor de

pessoas dispostas a pagar para visitar o Parque está diretamente ligado à idéia de que quem

deveria pagar são as pessoas de outros bairros, “os estranhos”, pois os moradores do

entorno se acham como “legítimos guardiães”, não vendo por isso a necessidade de pagar

para visitar uma coisa que faz parte do seu dia-a-dia. Muitos disseram que não pagariam

porque já conhecem.

Dos 55% que estão Dispostos a Pagar para visitar o Parque, 18% pagariam R$3,00;

15% pagariam R$6,00; 14% R$1,50; 13% R$4,50, totalizando 60%. Calculada a média da

Disposição a Pagar para visitar o Parque chegamos a um valor de R$4,62 (Fig. 13).

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64

Figura 13 – Disposição a pagar para visitar o Parque

4%14%

3%3%

18%

1%

4%13%

4%

15%

10%5%

8%

1%

R$1,00

R$1,50

R$2,00

R$2,50

R$3,00

R$3,50

R$4,00

R$4,50

R$5,00

R$6,00

R$7,00

R$7,50

R$9,00

R$10,50

7.1.5 – Renda dos Entrevistados

Quanto a renda temos a seguinte distribuição: 24% ganham de um a dois salários

mínimos *; 21%, de dois a três salários; 16% de três a quatro salários mínimos, o que

explica 61% do total. Dos entrevistados, 8% ganham mais de R$1 800,00 e 9% menos de

um salário. A distribuição da renda familiar está na (Fig.14).

Figura 14 – Renda Familiar dos Entrevistados

9%

24%

21%

16%

9%

12%

8%

Menos de R$180

De R$180 a R$359

De R$360 a R$539

De R$540 a R$719

De R$720 a R$899

De R$900 a R$1799

Mais de R$1800

*Salário Mínimo de abril de 2002 = R$180,00.

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65

7.2 – ANÁLISE DO MAPEAMENTO

No resultado do mapeamento das quatro bacias estudadas - Rio Grande, Camorim,

Caboclos e Batalha (Fig. 15) – do presente trabalho, encontra-se o seguinte quadro da

cobertura vegetal:

Tabela 7 1 – Cobertura vegetal das bacias estudadas

Bacia do Rio Grande

Bacia do Rio Camorim

Bacia do Rio Caboclos

Bacia do Rio Batalha

Cobertura Vegetal Área

(ha) % Área

(ha) % Área

(ha) % Área

(ha) %

Total Área (ha)

Mata 583.12 88 515.41 92 87.32 25 150.93 33 1336,78Macega 77.52 12 12.03 2 185.32 53 166.40 37 441,27 Pasto 0 0 20.22 4 75.21 22 111.55 25 206,98

Bosque 0 0 0 0 0.83 0 8.06 2 8,89 Rocha 3.97 1 12.7 2 0 0 13.78 3 30,45 Total 664.61 100 560.36 100 348.68 100 450.72 100 2024.37

Pode-se constatar na tabela 7.1 que as duas primeiras bacias encontram-se numa

situação de melhor preservação da cobertura vegetal, ou seja, a Mata recobre

aproximadamente 90% das bacias do Rio Grande e Camorim, enquanto as bacias do Rio

Caboclos e Rio Batalha estão bastante alteradas com cobertura de 25% e 33% de Mata,

respectivamente e 53% e 37% de Macega e uma presença significativa de pastos com 22 e

25% nas bacias do Caboclos e Batalha respectivamente.

É interessante ressaltar que o quadro acima já está consolidado há bastante tempo,

como se nota no trabalho de Maio,1978, p.61.

“...as áreas mais prejudicadas pela devastação estão ao norte, nordeste, noroeste, oeste e sul do maciço...as áreas do Caboclos e Rio da Prata do Cabuçu são de ação imediatas e as de Curícica e Pau da Fome são as mais preservadas. A área a oeste de Batalha está degradada, pelas culturas e criação de gado”.

A nomenclatura usada (Mata, Macega, Pastos, Bosque e Rocha) é uma adaptação

da usada no Mapa de Cobertura Vegetal e Uso da Terra (PMRJ, 1997), já que as cartas

topográficas do IPLAN que deram origem ao mapeamento não possibilitavam maiores

detalhamentos da cobertura vegetal.

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67

Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) –– Floresta pouco alterada ou não-

alterada, fitofisionomia nativa do município, podendo ser uma floresta secundária tardia

em estágio avançado de regeneração;

Macega (Campo Antrópico) – Área de origem antrópica em sua quase totalidade,

incluindo campos de capim-colonião, de outras gramíneas, de dicotiledôneas herbáceas, e

as áreas de Macega;

Bosque (Floresta Alterada) – Inclui diversas fitofisionomias associadas à alteração

das florestas nativas, como raleamento por corte seletivo ou pequenas áreas de

desmatamento, além de associadas às diversas fases sucessionais que seguem a supressão

total ou parcial da floresta nativa. Inclui também os bananais que ocupam diversos trechos

das encostas, que não puderam ser separados da floresta nativa de forma segura, devido à

confusão das assinaturas espectrais e interposição espacial entre os dois alvos;

Rocha (Afloramento Rochoso) – Inclui os afloramentos de rocha de origem natural

e costões rochosos;

Solo Exposto – área sem cobertura vegetal; e

Área de Mineração – áreas com exploração de pedreiras ou sabreiras.

7.3 – APLICAÇÃO DO MÉTODO DE VALORAÇÃO CONTINGENTE

Na estimação dos modelos foram testadas um total de sete variáveis explicativas,

dentre as quais apenas duas mostraram-se fortemente significativas para explicar o DAP.

As variáveis dependentes e explicativas significativas utilizadas nas estimações finais são

apresentadas a seguir.

Variáveis Dependentes:

Paga: variável dummy, que recebe o valor 1 se o entrevistado responde que paga o

valor oferecido pelo entrevistador e caso contrário recebe o valor 0.

Variáveis Explicativas Selecionadas:

VO: valor a pagar pela utilização da água do Parque, oferecido ao entrevistado no

ato da entrevista. Os valores oferecidos foram: R$10,00, R$20,00, R$30,00, R$40,00,

R$50,00, R$60,00 e R$70,00. Somente um dos sete valores foi oferecido ao entrevistado.

Renda: valor da renda familiar do entrevistado, expresso em reais. Foi utilizada a

renda média por intervalo de renda.

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68

Escolaridade: variável dummy, que recebe o valor 1 se o entrevistado tem nível de

escolaridade acima do 1º grau, e caso contrário recebe o valor 0. Os resultados para cada

um dos modelos testados são apresentados na tabela 7.2.

Tabela 7.2 - Resultados da Estimativa dos Modelos de Disposição a Pagar

Estimativas dos Coeficientes dos Modelos Variáveis Explicativas 1 2 3 4 5 6 7

Constante 2,0594 (0,000)

-0,1719 (0,38)

-1,2630 (0,3330)

1,8575 (0,0001)

0,2170 (0,8834)

0,8658 (0,5794)

0,0413 (0,8256)

VO -0,0509 (0,000)

-0,0508 (0,000)

-0,0520 (0,000)

-0,0515 (0,000)

-1,0357 (0,000)

LN(Renda) 0,2084 (0,3187)

0,3052 (0,1981)

0,1704 (0,5092)

0,1745 (0,3555)

Escolaridade 0,7219 (0,0567)

0,7189 (0,0886)

0,5994 (0,1291)

0,3302 (0,0818)

Nota: os valores entre parênteses são os p-valores referentes aos testes de nulidade

dos coeficientes.

A tabela 7.2 mostra as estimativas dos coeficientes dos diversos modelos

paramétricos usados. Observa-se pelos p-valores que algumas das variáveis explicativas

não são significativas e os coeficientes estimados apresentam os sinais teoricamente

esperados. A seguir são apresentadas as estimativas de valores médios e medianos da

Disposição a Pagar, (Tabela 7.3).

Tabela 7 3 - Estimativas do Valor da Disposição a Pagar segundo o modelo

Modelos Valor em Real 1 2 3 4 5 6 7 Médio 0,90 0,14 0,05 0,83 0,71 0,73 0,73 Mediano 0,03 0,00 0,01 0,01 0,00 0,00 0,00

A tabela 7.3 mostra que as estimativas podem ser bem diferentes, dependendo das

variáveis explicativas incluídas no modelo. O modelo que melhor explica é o modelo 7.

Apesar da variável LNrenda não ser estatisticamente significativa, no entanto, quando

retirada do modelo, o ajuste decai significativamente. Por esta razão, decidiu-se mantê-la

no modelo. O modelo 7 apresenta uma qualidade de ajuste muito expressiva (R2 = 0,75).

O R2 apresentado é uma forma alternativa, calculado pela proporção de valores

estimados corretamente sobre o total de valores estimados. Esta medida de R2, sugerida em

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69 Maddala (1992), considera como valor estimado corretamente o seguinte: se Y= 1, o valor

estará corretamente estimado se Y >0,5. Se Y= 0, o valor estará corretamente estimado se

<0,5.

ˆ

Y

O Valor da Disposição a Pagar encontrado foi aplicado para todos os domicílios

dos setores censitários pesquisados, constante da tabela 7.4. Nela foi calculado o valor

mensal e anual.

Tabela 7 4 – Valor da Disposição a Pagar pela Água

Bairro Setor Pessoas Residentes

Domicílios (1)

DAP (2)

Mensal (3) (1)x(2)

Anual (4) (3) x 12

Campo Grande 248 1079 375 Campo Grande 289 704 245 Campo Grande 290 1061 334 Subtotal 3 2844 954 R$0,73 696.42 8 357,04 Camorim 315 357 109 Subtotal 1 357 109 R$0,73 79.57 954,84 Jacarepaguá 511 941 292 Jacarepaguá 512 1554 494 Subtotal 2 2495 786 R$0,73 573.78 6 885,36 Total 6 5696 1849 16 197,24

7.4 – DISCUSSÃO

No Brasil, o preço médio das tarifas de água mais esgoto praticado pelas

prestadoras de serviços de direito público varia em termos regionais: de R$0,87/m3, no Sul,

a R$0,42/m3, no Norte. No Sudeste, a média é de R$0,65/m3, mas esse valor tem um viés

que resulta dos preços mais altos de municípios com grande peso em termos de receita, tais

como, por exemplo: São Bernardo do Campo – SP (R$1,19/m3, 705 mil pessoas), Mauá –

SP (R$1,08/m3, 368 mil pessoas), Santo André – SP (R$0,87/m3 , 650 mil pessoas). A

maior parte dos demais valores é semelhante aos do Nordeste, que apresenta média de

R$0,45/m3 (PMSS,2001).

Os valores já praticados para captação de água, na Bacia do Rio Paraíba do Sul/RJ,

é de R$0,02 por m3/s; em São Paulo é de R$0,01 por m3/s e na Bacia do Alto Rio Iguaçu e

Alto Rio Ribeira/PR é de R$0,08 m3/s20, onde a implantação da cobrança até o presente

momento está restrito aos grandes consumidores industriais e em processo de implantação

20 Dados obtidos na página www.cnrh.gov.br e [email protected]

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70 para o setor agropecuário, o que mais uma vez realça a importância da Disposição a Pagar

de consumidores residenciais do entorno do Parque Estadual da Pedra Branca. O valor

encontrado na presente pesquisa é bastante expressivo quando comparado com os valores

já praticados no Brasil.

Quanto à Disposição a Pagar para visitar o Parque Estadual da Pedra Branca, apesar

de haver um número significativo de moradores que responderam positivamente que

estariam dispostos a pagar para visitar o Parque, ao ser oferecido o valor (referendo com

acompanhamento) a disposição diminuiu significativamente (viés do ponto de partida), não

sendo possível definir um modelo da regressão logística representativo que combinasse as

variáveis explicativas (renda, escolaridade e o valor que estavam dispostos a pagar). Estas

constatações confirmam que a metodologia do Custo de Viagem é a mais adequada e

superior à Metodologia de Valor Contingente para este tipo de valoração. No caso da pesquisa em questão, a variável renda familiar foi elicitada em

intervalos de renda, ao ser usada no modelo, foi utilizada a média do intervalo, o que

provavelmente acarretou em estimativas da média e mediana menores do que o esperado.

Porém, esta foi a melhor forma encontrada para se levantar a renda, pois é fato bastante

conhecido e discutido em pesquisa de campo a dificuldade de se levantar a renda real

através de pergunta direta, tipo Qual a sua renda? Por isso, a opção pelo intervalo de renda.

8 – CONCLUSÃO

A grande vantagem do Método da Valoração Contingente – MVC, em relação a

qualquer outro método de valoração, é que ele pode ser aplicado em um espectro de bens

ambientais mais amplo. A grande crítica, entretanto, é sua limitação em captar valores

ambientais que indivíduos não entendem, ou mesmo desconhecem. A importância e a

sensibilidade que o recurso água desperta nos indivíduos é expressiva, afastando a

principal restrição ao MVC. Todos os indivíduos que responderam a pesquisa,

independentemente da renda, grau de instrução e idade, foram unânimes em perceber o

cenário de contingência que o recurso se encontra, pois em alguns meses do ano (inverno)

existe escassez de água na região.

Nesse sentido a presente dissertação atingiu plenamente o objetivo geral, pois o

binômio floresta/água faz parte do imaginário popular. Todos têm opinião formada sobre o

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71 assunto e estão dispostos a ajudar de diferentes maneiras, inclusive pagando para manter os

benefícios que eles percebem.

É interessante constatar que a utilização do Método da Valoração Contingente é

possível e adequada em face das alterações na disponibilidade de recursos ambientais

(floresta/água). O cenário que foi criado com a aplicação do questionário refletiu as

decisões que os moradores tomariam de fato caso, houvesse a real possibilidade de ficar

sem água.

Com relação ao Parque, as áreas que necessitam de cuidados urgente (prioridade

zero) são as áreas de Pasto. As outras formas de cobertura vegetal Macega e Bosque,

apesar de não serem as ideais, dão uma melhor proteção ao solo que as áreas de Pasto. As

áreas de pasto totalizam 206,98 ha. Sendo 4% (20,22 ha), na bacia do Camorim; 22%

(75,21 ha), na bacia do Caboclos; 25% (111,55 ha) na bacia do Batalha. Na bacia do rio

Grande não foram detectadas áreas com pastagens.

O valor anual (expandido) encontrado de R$16.197,24 daria para pagar durante um

ano, cinco trabalhadores com salário de R$269,50 (renda média dos entrevistados) para

fazer o reflorestamento nas áreas de pastos.

8.1 – RECOMENDAÇÕES

Após uma sucinta análise crítica do Método de Valoração Contingente com

referendum, utilizado neste trabalho, cabe fazer as seguintes recomendações:

o método exige um planejamento exaustivo, anterior à pesquisa definitiva. Os pré-

testes realizados com os denominados “grupos focais” e as pesquisas piloto são

elementos fundamentais desse processo

o valor da disposição a pagar pode ser influenciado pela construção/forma da pergunta

chave do questionário, ou pelo comportamento dos entrevistados na hora de respondê-

la. Portanto, deve-se ter especial cuidado na formulação da pergunta sobre a disposição

a pagar, assim com detectar e eliminar possíveis comportamento estratégicos (vieses)

dos entrevistados.

o comportamento estratégico refere-se à possibilidade de um significativo número de

entrevistados afetar os resultados da pesquisa, encobrindo sua verdadeira disposição a

pagar belo benefício. Esse tipo de comportamento tem sido bastante estudado na

literatura, podendo ser classificado em dois tipos: o primeiro engloba pessoas que têm

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72

interesse em que se realize o projeto, mas não acreditam que o valor solicitado tenha

possibilidade de ser realmente cobrado no futuro. Diante dessa situação, tenderão a

responder sempre favorável à pergunta sobre a disposição a pagar pelo benefício,

independentemente do preço.

o segundo comportamento refere-se à situação oposta, na qual o entrevistado acredita

que se realizará o projeto de qualquer maneira e antecipa a provável relação entre sua

resposta ao questionário e o valor que efetivamente lhe será cobrado no futuro. A

atitude ótima diante desta situação é esconder a preferência pelo benefício para evitar

assim, posteriormente, ter de pagar um preço alto. Uma vez detectado o

comportamento estratégico dos entrevistados durante a realização da pesquisa , deve-se

analisar a situação e propor ações que neutralizam ou diminuam seu efeito nos estudos

posteriores.

uma limitação desta análise resulta em considerar a natureza hipotética, e não real, da

opção proposta. É discutível que as pessoas respondam zelosamente ao proposto, sob

condições em que o pagamento solicitado não é efetivamente cobrado. Não existe, no

processo da entrevista, um incentivo para se dar uma resposta precisa, que reflita o que

realmente aconteceria caso ocorresse a situação de precisar escolher entre realizar ou

não o projeto e de ter de pagar por ele. Ressalta-se que, quanto mais distante estiver do

entrevistado a percepção do benefício que se espera obter , ou menos realista pareça o

instrumento de pagamento solicitado, maior tendência existirá a responder de uma

maneira arbitrária ou pouco razoável.

devido ao fato de serem definidos os valores ofertados sem contextualizar a situação

financeira dos entrevistados e também a visão predominante na sociedade e na região

de que a água por ser um bem público é de graça, hoje pode-se afirmar que se o

estudo/avaliação tivesse partido de valores menores como, R$5, R$10, R$15, até R$35,

talvez encontrasse um conjunto de respostas positivas mais consistentes.

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ANEXO 1: PRÉ-QUESTIONÁRIO

UNP G C APós-Graduação em Ciência Ambiental

Os estudos sobre a valorização da natureza utilizam vários meios para chegar ao preço final dos bens da natureza. As maiores dificuldades estão ligados aos bens, tidos como públicos (ar, água), que, ao serem de todos, acabam não sendo de ninguém.

Uma das muitas técnicas usadas para se chegar ao valor de um bem público é a Disposição a Pagar – DAP. A DAP, corresponde à disposição que o indivíduo tem a pagar para obter algum nível desejado de um determinado bem ou serviço; por exemplo, um ar menos poluído. Normalmente são utilizados questionários onde o entrevistado deverá imaginar uma situação hipotética e trazê-la para sua realidade econômica, estabelecendo um valor que está disposto a pagar. O valor poderá vir discriminado em uma conta pública ( água, luz, telefone, IPTU, etc. )

É uma disposição hipotética de pagar por um bem. No presente caso, é a manutenção e regularização do fluxo de água que poderão se dar através de medidas e planos de recuperação e preservação das áreas desmatadas/degradadas do Parque Estadual da Pedra Branca, que possui várias pequenas represas (Quininho, Caboclos, Batalha, Camorim, Pau-da-fome), que abastecem as comunidades vizinhas do parque.

SABENDO QUE:

o Parque Estadual da Pedra Branca foi criado para proteger a maior floresta tropical urbana do mundo; esta floresta é responsável pela absorção do monóxido de carbono que polui a cidade; a floresta intercepta as chuvas, diminuindo o perigo de enchentes, erosão dos solos e

assoreamento dos rios; a água absorvida pela floresta vai abastecer lenta e progressivamente os rios e córregos do

parque a água dos rios do Parque, no passado, foram importantes mananciais para abastecer a

população do município do Rio de Janeiro; com a degradação da Floresta vem diminuindo o fluxo de água dos rios do Parque; a água passou a ser um elemento natural estratégico em vários países e, também, no Brasil.

NOME:_______________________________________________________________ IDADE:________________ ENDEREÇO:__________________________________________________________

1- GRAU DE ESCOLARIDADE: ( 1 ) ANALFABETO; ( 2 ) 1º GRCOMPLETO; ( 5 ) 2º GRAU IINCOMPLETO; ( 8 ) PÓS-GRAD

2- VOCÊ É O CHEFE DO DOMIC( 1 ) SIM; ( 2 ) NÃO)

3- QUAL SUA RELAÇÃO COM O( 1 ) ESPOSA(O) / COMPANHE6 ) MÃE.

II - DADOS PESSOAIS

ANUÍ

IR

I - IDENTIFICAÇÃO

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

IVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

U COMPLETO; ( 3 ) 1º GRAU INCOMPLETO; ( 4 ) 2º GRAU COMPLETO; ( 6 ) 3º GRAU COMPLETO; ( 7 ) 3º GRAU AÇÃO/ESPECIALIZAÇÃO

LIO ?

CHEFE DO DOMICÍLIO: A(O), ( 2 ) FILHA(O), ( 3 ) NORA, ( 4 ) GENRO, ( 5 ) PAI, (

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82 4- QUAL SUA PROFISSÃO/OCUPAÇÃO?

( 1 ) PROFISSIONAL LIBERAL; ( 2 ) TÉCNICO; ( 3 ) COMERCIANTE; ( 4) CARGO ADMINISTRATIVO; ( 5 ) FUNCIONÁRIO PÚBLICO; ( 6 ) OPERÁRIO; ( 7 ) PENSIONISTA; ( 8 ) DONA DE CASA; ( 9 ) OUTROS:_______________________________

5- ESTADO CIVIL: ( 1 ) CASADO; ( 2 ) SOLTEIRO; ( 3 )VIÚVO; ( 4 )DIVORCIADO, ( 5 ) SEPARADO

1-QUANTO À PROPRIEDADE: ( 1 ) PRÓPRIO, ( 2 ) ALUGADO, ( 3 ) CEDIDO, ( 4 ) USUCAPIÃO

2- HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ MORA NESTE BAIRRO/LUGAR ?: ______ E NESTA CASA ?: _____

3- MATERIAL DA CASA: ( 1 ) ALVENARIA; ( 2 ) MADEIRA; ( 3 ) IMPROVISADO

4- QUANTAS PESSOAS RESIDEM NO DOMICÍLIOS ?:_____

5- QUANTOS QUARTOS ?: _______

6- QUANTOS M2 TEM A CASA ?:______

1- A ÁGUA DO DOM( 1 )ENCANADAREPRESA; ( 7 ) A

2- LUZ ELÉTRICA: ( 1 ) SIM ( 2 ) NÃ

3- OUTRA FONTE D( 1 ) SIM; ( 2 ) NÃ

4- O ESGOTO DO DO( 1 ) REDE G

RIOS/CORREGO

5- O LIXO DO DOMI( 1 ) COLETADOTERRENO BALD

6- SE O LIXO FOR CSEMANA:

( 1) TODOS OS

7- PARA COZINHAR( 1 ) GÁS; ( 2 ) LE

1- VOCÊ SABE QUPARQUE ESTAD

( 1 ) SIM

2- É BOM MORAR P( 1 ) SIM

IV – INFRA-ESTRUTURA DO DOMICÍLIO

ICÍLIO É: ; ( 2 ) POÇO COMUM; ( 3 ) POÇO ARTESIANO; ( 4 ) MINA; ( 5 ) RIO; ( 6 ) ÇUDE ( 8 ) CISTERNA DE ÁGUA DA CHUVA

O

E ENERGIA O. QUAL:____________________________________________________

MICÍLIO É JOGADO: ERAL ( 2 ) VALA NEGRA ( 3 ) SUMIDORO ( 4 ) DESPEJA EM S/VALÕES

CÍLIO É: PELA COMLURB; ( 2 ) QUEIMADO; ( 3 ) ENTERRADO; ( 4 ) JOGADO EM IO; ( 5 )JOGADO RIOS/CORREGOS/VALÕES

OLETADO PELA COMLURB, RESPONDA QUANTAS VEZES POR

DIAS; ( 2) UMA VEZ; ( 3 ) DUAS VEZES; ( 4 ) TRÊS VEZES

USA: NHA; ( 3 ) ALCÓOL, ( 4 ) OUTRAS

E MORAUAL DA ( 2 ) NÃO

ERTO DO( 2 ) NÃO

V - MEIO AMBIENTE

III – CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS

PERTO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO, O PEDRA BRANCA ?:

PARQUE ?:

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3- POR QUÊ? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4- VOCÊ USA O PARQUE COMO ÁREA DE LAZER ?: ( 1 )SIM ( 2 ) NÃO

EM CASO DE RESPOSTA AFIRMATIVA, DIGA COMO: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

EM CASO DE RESPOSTA NEGATIVA, DIGA O PORQUÊ. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5- A FISCALIZAÇÃO É MUITO RIGOROSA ?: ( 1 )SIM ( 2 ) NÃO

POR QUÊ? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6- COMO É SUA RELAÇÃO COM O PARQUE ?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7- NA SUA OPINIÃO, QUAIS OS FATORES QUE INFLUENCIAM, POSITIVAMENTE, A QUALIDADE DA ÁGUA DO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRNCA?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8- E QUAIS INFLUENCIAM NEGATIVAMENTE? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1- QUE QUANTIA VOCÊ ESTARIA DISPOSTO A CONTRIBUIR MENSALMENTE PARA A MANUTENÇÃO DESSA RIQUEZA NATURAL?

VI – DISPOSIÇÃ0 A PAGAR (DAP)

R$____________________

2- CASO ESSE VALOR NÃO SEJA SUFICIENTE PARA BANCAR OS CUSTOS COM A RECUPERAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO PARQUE, VOCÊ ESTARIA DISPOSTO A PAGAR ATÉ 50% A MAIS DA QUANTIA, RESPONDIDA NA PERGUNTA N.º 1?

( 1 )SIM ( 2 ) NÃO QUAL O PERCENTUAL A MAIS: _______%

3- EM CASO DE RESPOSTA NEGATIVA À PERGUNTA N.º 1, JUSTIFIQUE A SUA RESPOSTA.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4- EM CASO DE RESPOSTA POSITIVA À PERGUNTA N.º 1, JUSTIFIQUE A SUA

RESPOSTA. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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5- A RENDA MENSAL DO GRUPO FAMILIAR EM SÁLARIO MÍNIMO ( SM ) DE R$180,00 É:

( 1 ) ATÉ UM SM ( 2 ) MAIS DE UM ATÉ 2 SM ( 3 ) MAIS DE 2 ATÉ 3 SM ( 4 ) MAIS DE 3 ATÉ 4 SM ( 5 ) MAIS DE 4 A 5 SM ( 6 ) MAIS DE 5 ATÉ 10 SM ( 7 ) MAIS DE 10 SM

6- HÁ MAIS ALGUMA FONTE DE RENDA NESSA FAMÍLIA? Por exemplo, ajuda familiar, renda de aluguel, que não tenha sido considerado anteriormente

( 1 ) SIM ( 2 ) NÃO

7- QUANTO SM? _____________

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85 ANEXO 2: QUESTIONÁRIO APLICADO

M

P G C APós-Graduação em Ciência Ambiental

NOME:___________________ENDEREÇO:______________

1- GRAU DE ESCOLARIDADE: ( 1 ) ANALFABETO; ( 2 ) 1º GCOMPLETO; ( 5 ) 2º GRAUINCOMPLETO; ( 8 ) PÓS-GRA

2- VOCÊ É O CHEFE DO DOMICÍL( 1 ) SIM; ( 2 ) NÃO)

3- QUAL SUA RELAÇÃO COM O C( 1 ) ESPOSA(O)/COMPANHE( 4 ) GENRO

4- QUAL SUA PROFISSÃO/OCUPA( 1 ) DONA DE CASA; ( 2 ) TÉ( 5 ) FUNCIONÁRIO PÚBLICLIBERAL; ( 9 ) AGRICULTOR

5- ESTADO CIVIL: ( 1 ) CASADO; ( 2 ) SOLTEIRJUNTO

6-QUANTO AO DOMICÍLIO: ( 1 ) PRÓPRIO, ( 2 ) ALUGA

7- HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ

8- QUANTAS PESSOAS RESIDEM

1- A ÁGUA DO DOMICÍLIO É:

( 1 ) POÇO COMUM; ( 2 ) POREPRESA; ( 7 ) AÇUDE ( 8 ) C

2- LUZ ELÉTRICA: ( 1 ) SIM ( 2 ) NÃO

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL

FLUMINENSE

estrado em Ciência Ambiental

_________________________________________IDADE:______ ______________________________________________________

R D

IR

ÇCO;

O

D

ÇI

II - DADOS PESSOAIS

AU COMPLETO; ( 3 ) 1º GRAU INCOMPLETO; ( 4 ) 2º GRAU INCOMPLETO; ( 6 ) 3º GRAU COMPLETO; ( 7 ) 3º GRAU UAÇÃO/ESPECIALIZAÇÃO

IO ?

HEFE DO DOMICÍLIO: A(O) ( 2 ) FILHA(O) ( 3 ) NORA

( 5 ) PAI ( 6 ) MÃE.

ÃO? NICO; ( 3 ) COMERCIANTE; ( 4) CARGO ADMINISTRATIVO; ; ( 6 ) OPERÁRIO; ( 7 ) PENSIONISTA; ( 8 ) PROFISSIONAL

OUTROS:_______________________________

; ( 3 )VIÚVO; ( 4 )DIVORCIADO, ( 5 ) SEPARADO, ( 6 ) VIVE

O, ( 3 ) CEDIDO, ( 4 ) USUCAPIÃO

MORA NESTE BAIRRO/LUGAR ?: _____

E NESTA CASA ?: _____

NO DOMICÍLIOS ?:_____

III – INFRA-ESTRUTURA DO DOMICÍLIO

GOSTARIA DE ESCLARECER QUE ESTE QUESTIONÁRIO FAZ PARTE DE UM TRABALHOUNIVERSITÁRIO (DISSERTAÇÃO DE MESTRADO NA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE -UFF ), PARA SE CHEGAR AO PREÇO QUE AS PESSOAS PAGARIAM PELA CONSERVAÇÃODA ÁGUA DOS RIOS DO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA.

OS

I - IDENTIFICAÇÃO

ARTESIANO; ( 3 ) CACHOEIRA; ( 4 ) MINA; ( 5 ) RIO; ( 6 ) TERNA DE ÁGUA DA CHUVA

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86 3- O ESGOTO DO DOMICÍLIO É JOGADO:

( 1 ) REDE GERAL ( 2 ) VALA NEGRA ( 3 ) SUMIDORO ( 4 ) DESPEJA EM RIOS/CORREGOS/VALÕES

4- O LIXO DO DOMICÍLIO É: ( 1 ) COLETADO PELA COMLURB; ( 2 ) QUEIMADO; ( 3 ) ENTERRADO; ( 4 ) JOGADO EM TERRENO BALDIO;( 5 )JOGADO RIOS/CORREGOS/VALÕES

5- SE O LIXO FOR COLETADO PELA COMLURB, RESPONDA QUANTAS VEZES POR SEMANA:

( 1) TODOS OS DIAS; ( 2) UMA VEZ; ( 3 ) DUAS VEZES; ( 4 ) TRÊS VEZES

IV - MEIO AMBIENTE

1- VOCÊ SABE QUE MORA PERTO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO, O PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA ?:

( 1 )SIM; ( 2 ) NÃO

2- É BOM MORAR PERTO DO PARQUE ?: ( 1 )SIM; ( 2 ) NÃO

3- POR QUÊ? ( 1 ) AR PURO ( 2 ) SILÊNCIO ( 3 )SEGURANÇA/TRANQÜILIDADE ( 4 ) BELEZA DA PAISAGEM ( 5 )GOSTO DE OUVIR CANTO DOS PASSÁROS (6) A FLORESTA DIMINUI PERIGO DE ENCHENTES ( 7 ) USO A ÁGUA QUE VEM DO PARQUE PARA BEBER ( 8 ) USO PLANTAS MEDICINAIS DO PARQUE ( 9 ) USO MADEIRAS DO PARQUE ( 10 ) GOSTO DE CAÇAR NO PARQUE ( 11 ) TIRO O SUSTENTO DA MINHA FAMILIA DO PARQUE OUTRA: __________________________________________________________

4- VOCÊ TEM O HABITO DE FREQÜENTAR O PARQUE? ( 1 )SIM; ( 2 ) NÃO

5-EM CASO DE RESPOSTA AFIRMATIVA, DIGA COMO: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6- A FISCALIZAÇÃO É MUITO RIGOROSA COM QUE TIPO DE AGRESSÃO À NATUREZA?: ( 1 )CONSTRUÇÃO DE NOVAS CASAS; ( 2 )CAÇA; ( 3 )DESMATAMENTO; ( 4 )DESPEJO DE ESGOTO NOS RIOS

)

1- VOCÊ PAGA PELA ÁG

( 1 ) SIM ( 2

2- EM MÉDIA, QUAL O V

3- VOCÊ ACHA JUSTO PA( 1 ) SIM ( 2POR QUÊ? _______

4- A ÁGUA QUE VOCÊ CO

( 1 ) SIM ( 2

5- VOCÊ ACHA A ÁGUA ( 1 ) SIM

6- NA SUA OPINIÃO QQUALIDADE DA ÁGU

( 1 ) A PRESERVAÇÃ( 2 ) A PRESERVAPARQUE ( 3OUTRA:__________

V – DISPOSIÇÃ0 A PAGAR (DAP

UA CONSUMIDA?

)NÃO

ALOR DE SUA CONTA DE ÁGUA? R$_________

GAR PELA ÁGUA CONSUMIDA? )NÃO ________________________________________________________________

NSOME VEM DO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA?

)NÃO

DE BOA QUALIDADE? ( 2 )NÃO PORQUE? ___________________________________

UAIS OS FATORES QUE INFLUENCIAM, POSITIVAMENTE, A A DO PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA?

O DA VEGETAÇÃO NATURAL, EM TODO O PARQUE ÇÃO DA VEGETAÇÃO NATURAL NAS CABECEIRAS DOS RIOS, DO ) A PROIBIÇÃO DE BANHOS NAS CACHOEIRAS E RIOS, DO PARQUE ________________________________________________________________

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87 7- A ÁGUA POTÁVEL PASSOU A SER UM PRODUTO ESCASSO NO MUNDO E NO BRASIL. NA

SUA OPINIÃO, O QUE SE PODE FAZER PARA A MANUTENÇÃO E REGULARIZAÇÃO DO FLUXO DE ÁGUA DO PARQUE?

( 1 ) REFLORESTAMENTO DAS ÁREAS RIBEIRINHAS DEGRADADAS; ( 2 ) REFLORESTAMENTO SÓ DAS ÁREAS DAS CABECEIRAS DOS RIOS; ( 3 ) REFLORESTAMENTO DE TODAS AS ÁREAS DESMATADAS: ( 4) EVITAR O DESMATAMENTO DE NOVAS ÁREAS. OUTROS: _______________________________________________________________________

8- CASO ALGUMA INSTITUIÇÃO TIVER A INICIATIVA DE FAZER O REFLORESTAMENTO, COMO TÉCNICA QUE VÁ GARANTIR A MANUTENÇÃO E REGULARIZAÇÃO DO FLUXO DE ÁGUA, DOS MANANCIAIS DO PARQUE, VOCÊ ESTARIA DISPOSTO A PAGAR UM VALOR MENSAL PARA GARANTIR A CONTINUIDADE DESSE BEM NAURAL, PARA VOCÊ E AS SUAS GERAÇÕES FUTURAS?

( 1 ) SIM ( 2 )NÃO

9- VOCÊ PAGARIA R$______ MENSAIS PARA TER ESSE BENEFÍCIO? ( 1 ) SIM ( 2 )NÃO

10-E SE O VALOR FOSSE (50% a +)R$_______PAGARIA? ( 1 ) SIM ( 2 )NÃO

11- E SE O VALOR FOSSE (50% a -)R$_______PAGARIA? ( 1 ) SIM ( 2 )NÃO

12- VOCÊ ACHA QUE DEVERIA SER COBRADO ENTRADA PARA VISITAR O PARQUE EST. DA PEDRA BRANCA?

( 1 ) SIM ( 2 )NÃO

13- VOCÊ PAGARIA R$______ PARA VISITAR O PARQUE EST. DA PEDRA BRANCA? ( 1 ) SIM ( 2 )NÃO

14- E SE O VALOR FOSSE (50% a +)R$_______PAGARIA? ( 1 ) SIM ( 2 )NÃO

15- E SE O VALOR FOSSE (50% a -)R$_______PAGARIA? ( 1 ) SIM ( 2 )NÃO

16- A RENDA MENSAL DO GRUPO FAMILIAR EM SÁLARIOS MÍNIMOS DE R$180,00 É: ( 1 )MENOS DE R$180 ( 2 ) DE R$180 até R$359 ( 3 )DE R$360 até R$539 ( 4 ) DE R$540 até R$719 ( 5 ) DE R$720 até R$899 ( 6) DE R$900 até R$1799 ( 7 ) MAIS DE R$1800

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ANEXO 3: MODELO LOGIT PARA DISPOSIÇÃO A PAGAR

Modelo Logit para Disposição a Pagar

O modelo Logit, amplamente conhecido e consagrado na literatura econométrica, foi utilizado na estimativa do VDP (valor disposição a pagar) Bishop & Heberlein (1979) e Hanemann (1984 e 1989). Teoricamente, o modelo assume como pressuposto básico que o valor que cada indivíduo está disposto a pagar pela utilização da água do Parque não depende apenas da sua vontade, mas sim de um conjunto de variáveis explicativas que condicionam o seu comportamento. Além disso, o modelo assume que a relação funcional entre VDP e as variáveis explicativas ocorre de forma linear, como em um modelo de regressão (Anexo 7).

Ou seja, VDP = Xβ-ε, onde ε tem distribuição Logística com média zero e variância σ2. VDP: Valor da disposição a pagar; X: matriz de observações das variáveis explicativas; β: vetor de coeficientes; ε : vetor aleatório, supostamente com distribuição logística, independentes, com média zero

e variância constante. A variável dependente VDP é não observável. O que se observa via pesquisa é uma

variável dummy Y, tal que:

<≥

=i

ii VOVDPse

VOVDPseY

01

Observe que Yi é uma variável aleatória discreta do tipo “ Bernoulli”, com probabilidade de sucesso Pi =P(Yi=1). Logo,

)(log)(1

)()(

)()()()1(

)1()(

)1()0(0)1(.1)(

itVOXEXP

VOXEXPVOXF

VOXPVOXPVOVDPPYPP

ondePPYVar

ePYPYPYPYE

ii

iiii

iiiiiiiiii

iii

iiiii

σβσ

β

σβ

σσεεβ

−+

=−

=−

≤=≥−=≥===

−=

====+==

Uma vez conhecidas as n observações de uma amostra aleatória de Yi, a função de

verossimilhança dos Pi é dada por:

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( )

( ) ∏ ∏

+

+

=

=∏ −∏=

= =

==

1: 0:

0:1:2121

1

1

1,/,

1)...,,,/...,,,(

i i

ii

yi yi iiii

ii

yii

yiinn

VOXEXPVOXEXP

VOXEXPVOXL

PPyyyPPPL

σβ

σβσ

β

σβ

Pode-se então obter a estimativa de máxima verossimilhança para o vetor de coeficientes β. Daí,

−+

=

σβ

σβ

ˆ

ˆ1

ˆ

ˆ

ˆii

ii

iVOXEXP

VOXEXPP

Logo, os valores da disposição a pagar são estimados por:

βˆ XPDV =