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ANÁLISE E INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE Aula 5

ANÁLISE E INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE · inspiração proporcionada pela natureza. ... O valor dos serviços de ecossistema Pode ser definido como o ganho (disposição a pagar)

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ANÁLISE E INDICADORES

DE SUSTENTABILIDADE

Aula 5

Sumário

A valoração de serviços de ecossistema:

Conceito e tipologia de serviços de ecossistema;

Conceito de valor;

Valor económico total;

Metodologias de valoração de serviços de ecossistema.

Bibliografia:

MADUREIRA et al. Economia dos serviços de ecossistema. Lisboa: Quercus, 2013.

Conceito de serviços de ecossistema

Benefícios diretos , indiretos e passivos (desligados do uso ativo)

que as populações humanas obtêm dos ecossistemas.

Integra a dimensão ecológica e a dimensão socioeconómica dos ecossistemas.

SUSTENTABILIDADE

Exemplos de serviços de ecossistema

alimentos

matérias-primas, como a madeira

serviços ecológicos, como a regulação da

erosão, a estabilidade climática ou a resiliência

ao fogo

recreio e lazer

inspiração proporcionada pela natureza.

Tipologia dos serviços de ecossistema

Serviços de suporte

Serviços de regulação

Serviços de aprovisionamento

Serviços culturais

Fonte: Madureira et al. (2013)

Serviços de ecossistema: suporte

Serviços que fornecem a infraestrutura de vida aos

ecossistemas

Incluem a produção primária,

formação do solo e o ciclo da água e dos nutrientes.

Os restantes serviços de ecossistema dependem deles.

Os seus benefícios para o bem-estar humano são indiretos e, em larga medida, no longo prazo.

Serviços de ecossistema: regulação

Serviços ecológicos prestados pelos ecossistemas e

os seus impactos

Incluem a regulação da erosão, resiliência ao fogo e a polinização.

Estão intimamente interligados entre si e com as outras categorias de serviços.

Serviços de ecossistema:

aprovisionamento

Serviços obtidos de ecossistemas naurais, semi-

naturais, agrícolas e florestais, diretamente utilizados

pelas populações humanas

Incluem alimentos, matérias-primas, como a madeira, os produtos silvestres, ou a água.

A sua disponibilidade depende fortemente dos serviços de suporte e de regulação.

Serviços de ecossistema: culturais

Estão associados a sítios onde os humanos

interagiram e interagem uns com os outros e com a

natureza

Incluem o recreio e lazer, benefícios estéticos, educacionais e patrimoniais, bem-estar físico e espiritual, sentido de pertença

Conceito de Valor

Segundo os Economistas:

Valor de um objecto, produto ou serviço é

aquilo que estamos dispostos a pagar por ele.

VALOR ECONÓMICO TOTAL

Valor de uso

Valor de não uso

Direto Indireto Valor de opção

Valor de legado

Valor de existência

O valor dos serviços de ecossistema

Pode ser definido como o ganho (disposição a pagar) ou perda

(disposição a receber) no bem-estar humano quando ocorre

uma alteração no nível da provisão do serviço.

Quando os SE são transacionados nos mercados, nomeadamente os serviços de aprovisionamento, o preço é um indicador do seu valor.

São numerosos os SE, nomeadamente os de regulação e os culturais, que não se transacionam em mercados convencionais. Neste caso o valor tem de ser obtido por métodos alternativos

Métodos de avaliação ou valoração

DIRECTO INDIRECTO

MERCADOS

OBSERVADOS

OBSERVADOS/DIRECTOS

Referendo

Mercados simulados

Mercados privados paralelos

OBSERVADOS/INDIRECTOS

Custo de viagem

Preços hedónicos

Acções de burocratas e políticos

MERCADOS

HIPOTÉTICOS

HIPOTÉTICOS/DIRECTOS

Avaliação contingente

Jogos de afectação com reembolso

Experiências de escolha

HIPOTÉTICOS/INDIRECTOS

Ordenação contingente

Disposição em (comportamento)

Jogos de afectação

Técnicas de avaliação prioritária

Análise conjunta

Mapas de curvas de indiferença

Adaptado de Mitchell e Carson (1989: 75)

Preços Hedónicos 1

Os consumidores estão dispostos a oferecer diferentes quantias para obterem produtos com diferentes características. O valor que oferecem também depende do seu nível de rendimento e do nível de utilidade.

Aplicável em qualquer situação em que o preço de um bem ou factor de produção seja influenciado por factores ambientais. É feita uma tentativa para calcular um preço implícito para os atributos ambientais, examinando os mercados reais nos quais aquelas características são efectivamente negociadas.

Através do uso de técnicas estatísticas adequadas, procura identificar quanto da diferença de preço entre dois bens resulta de uma determinada diferença ambiental

Pi=P(Q1......Qj......Qn).

Pi é o preço de um bem i

Qj é quantidade da característica j

Preços Hedónicos 2

Vantagens

Faz uso de preços de mercado porque os bens são realmente transaccionados

Limitações

Só permite avaliar bens ambientais que estejam associados a bens transaccionados.

Os valores de não uso não são contemplados.

Exige que todos os atributos que condicionam um determinado mercado sejam conhecidos e que estejam disponíveis os dados necessários a uma estimação fiável.

Desconhecimento das formas funcionais das equações de preços hedónicos subjacentes e, portanto, com possibilidades de optar por formulações bastantes diversas com implicações muito diferentes.

Pressupõe que os indivíduos conheçam realmente as diferenças no nível da característica a ser avaliado, o que frequentemente não se verifica.

Aplicação do método dos preços hedónicos (exemplo –

Dinis et al., 2011)

Modelo

Variáveis

WTPij – Disposição a pagar pela variedade i ORGnij – avaliação de um conjunto de caterísticas organoléticas que inclui o aspeto, a textura, o sabor , o aroma VARri - caraterísticas das variedades que não estão dependentes da avaliação dos inquiridos, tais como a origem da variedade; o perigo de extinção e modo de produção SOCsj características dos inquiridos e das seus agregados familiares (idade, género, nível de escolaridade local de residência, rendimento)

Aplicação do método dos preços

hedónicos (exemplo)-resultados

Random Effects Fixed Effects OLS

Variables Coefficient p >|z| Coefficient p >|z| Coefficient p >|z|

App 0.0711113 0.000 0.0732594 0.000 0.0616773 0.000

Text 0.0593134 0.000 0.0673436 0.000 0.0275919 0.041

Taste 0.1225867 0.000 0.1197765 0.000 0.1329687 0.000

Smell 0.0366221 0.000 0.0373279 0.000 0.0325103 0.002

Port LR 0.0605492 0.001 0.0569372 0.001 0.0747291 0.001

Org 0.0259128 0.083 0.0238893 0.109 0.0349737 0.068

Ext 0.0074062 0.662 0.0067130 0.691 0.0102976 0.638

Res -0.0107745 0.786 -0.0124978 0.522

Rural -0.0020837 0.958 -0.0105302 0.599

Gend 0.0228460 0.556 0.0216954 0.254

Age 0.0006749 0.694 0.001953 0.840 0.0006471 0.454

Edhigh 0.0860553 0.290 0.0816004 0.046

Eduniv 0.0862827 0.245 0.0871604 0.020

Nhouse 0.0132505 0.315 0.0138587 0.031

Inc1 -0.0724540 0.322 -0.0622681 0.094

Inc2 -0.0754051 0.323 -0.0741803 0.053

Inc3 -0.0872861 0.371 -0.0769145 0.114

Constant -1.159565 0.000 -1.180004 0.002 -1.044355 0.000

Os consumidores estão dispostos a pagar mais 6% por maçãs de variedades regionais portuguesas do que por maçãs de variedades estrangeiras, mantendo-se tudo o resto constante.

Custo de Viagem 1

Extensamente utilizado para avaliar benefícios ligados ao lazer.

A informação é obtida através da aplicação de questionários a visitantes oriundos de diversos locais, criando assim zonas a diferentes distâncias, com diferentes custos de viagem, e calcula-se o número médio de visitas efectuadas ao local por residentes de cada uma dessas zonas

Para fazer esta análise, os indivíduos ou famílias têm que ser agrupadas de acordo com características como o rendimento, as preferências para o lazer e a facilidade de acesso a outras estruturas idênticas.

Custo de Viagem 2

Traça-se uma curva da procura do lugar em função da distância e do custo de

viagem.

•custo da viagem propriamente dito

•custo de eventuais tarifas para usufruir do lugar

•custo do tempo gasto na viagem e na visita, medidos através do seu custo de oportunidade

Custo de Viagem 3

Vantagens

Dado o crescimento de mercados complementares, como o turismo de aventura e a visita a locais exóticos, poderá haver importantes oportunidades para a aplicação destes métodos na determinação do valor de bens ambientais.

Limitações

No entanto, valores de não uso, tal como o valor de existência, não são captados por estas técnicas centradas no mercado que, assim, subestimam o valor económico total dos bens ambientais.

Geralmente ignora a possibilidade de os consumidores poderem substituir um lugar de interesse por outro.

É difícil decidir quais os elementos do tempo a serem considerados como custos da actividade de lazer e quais os valores a atribuir a esses custos.

Avaliação Contingente 1

Grupos de indivíduos previamente seleccionados são questionados directamente, sendo-lhes solicitado que atribuam um valor a uma determinada característica ou alteração ambiental, pressupondo-se que agem de uma forma idêntica à que adoptariam num mercado real.

São-lhes colocadas questões com o objectivo de se determinar em quanto avaliariam um bem ou serviço, se confrontados com a oportunidade de deles usufruírem em determinadas condições.

Basicamente, o que se pretende é saber quanto é que eles estariam dispostas a pagar por um dado benefício ( WTP) ou quanto estariam dispostos a aceitar como compensação de um custo (WTA).

Avaliação Contingente 2

Vantagens

Pode ser aplicado no cálculo do valor de uso de uma grande variedade de recursos.

É a única abordagem da qual se pode esperar que capture integralmente os valores de não uso associados ao ambiente.

Limitações

Resultam da sua natureza hipotética, uma vez que não é claro que os indivíduos possuam incentivos para, num cenário deste tipo, declararem as suas verdadeiras preferências:

Enquanto as preferências reveladas através do comportamento real têm grande credibilidade em economia, a afirmação dos agentes económicos acerca da forma como se comportariam em circunstâncias hipotéticas continua a ser vista com grande suspeição

Numa perspectiva psicológica é muito diferente preencher um inquérito ou actuar num mercado real.

Referências

DINIS, I; SIMÕES, O. e MOREIRA, J. (2011). "Using sensory experiments to

determine consumers’ willingness to pay for traditional apple varieties". Spanish

Journal of Agricultural Research, Volume 9, Nº2: 351-362.

MADUREIRA et al.(2013). Economia dos serviços de ecossistema. Lisboa: Quercus.

MITCHELL, R. C. e CARSON, R. T. (1989). Using Surveys to Value Public Goods: The

Contingent Valuation Method. Washington DC: Resources for the Future.