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METODOLOGIAS DE PROJECTO DE ARQUITECTURA DOS SERVIÇOS AUXILIARES EM CENTRAIS TERMOELÉCTRICAS Carlos Rafael Fernandes Nogueira de Matos Gueifão Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Júri Presidente: Professor Paulo José da Costa Branco Orientador: Professor Doutor José Luis Costa Pinto de Mendonça e de Sá Vogal: Professor Joao Jose Esteves Santana Dezembro de 2009

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METODOLOGIAS DE PROJECTO DE ARQUITECTURA DOS SERVIÇOS AUXILIARES EM CENTRAIS

TERMOELÉCTRICAS

Carlos Rafael Fernandes Nogueira de Matos Gueifão

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Júri

Presidente: Professor Paulo José da Costa Branco

Orientador: Professor Doutor José Luis Costa Pinto de Mendonça e de Sá

Vogal: Professor Joao Jose Esteves Santana

Dezembro de 2009

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AGRADECIMENTOS

Embora pela sua definição académica esta dissertação se apresente como um trabalho

individual, existem contributos de natureza diversa sem os quais a sua realização nunca

seria possível.

Por essa razão, desejo expressar os meus sinceros agradecimentos:

Ao Professor Doutor Pinto de Sá, professor e orientador desta dissertação, pelo apoio,

orientação e sobretudo pela disponibilidade que sempre caracterizou a nossa relação

desde o primeiro dia.

Ao Eng.º Jorge Correia pela permanente disponibilidade para me auxiliar com críticas e

sugestões, pelo incansável apoio moral, ânimo e estimulo que me conseguiu incutir, bem

como pelo manifesto entusiasmo pelo trabalho que desenvolvi. Pela amizade.

Ao Eng.º Brito da Mana e Eng.º Alberto Nogueira pelas curtas mas sempre produtivas

trocas de ideias que me ajudaram a consolidar o rumo do meu estudo.

A todos aqueles a quem solicitei dados e informações que em muito contribuíram para a

execução deste estudo.

A todos os colegas da EFACEC Engenharia que sempre se disponibilizaram a auxiliar-me

no cumprimento e conciliação de todas as minhas obrigações profissionais e académicas.

A todos os amigos e familiares pelo incondicional apoio, pela paciência e compreensão

manifestadas, que me permitiram reunir as condições para vencer este período de tra-

balho intenso.

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RESUMO

No intuito de definir metodologias de projecto

de arquitectura dos serviços auxiliares de

Centrais Termoeléctricas, este estudo

identifica os principais Critérios que orientam

e condicionam o projecto, nomeadamente a

Fiabilidade, a Operacionalidade e os Custos

Económicos sem esquecer a Segurança.

Caracteriza também os parâmetros relevantes

e principais restrições envolvidas no processo

de optimização deste tipo de arquitectura e

identifica as suas relações e dependências,

quer técnicas, quer económicas.

A interdependência entre os vários Critérios,

a disponibilidade de equipamentos standard,

a definição de parâmetros como as tensões

de curto-circuito dos transformadores e os

elevados valores das correntes curto-circuito

envolvidos devidos à proximidade dos gera-

dores são determinantes para o

estabelecimento de metodologias de definição

deste tipo de projectos.

A optimização passa pela maximização da

“Fiablilidade” e “Operacionalidade” e

simultânea redução dos “Custos Económicos”

tendo em conta todas as restrições ao

projecto identificadas.

Sempre que possível foram estabelecidos

critérios, identificadas soluções e propostas

metodologias de projecto visando a optimiza-

ção destas redes tão particulares.

Palavras-Chave

Continuidade de Serviço; Fiabilidade;

Operacionalidade; Segurança; Custos

Económicos; Critérios; Redundância;

Metodologias de Projecto

ABSTRACT

In order to establish project methodologies

for the Thermo-electrical Power Plant’s

Auxiliary Service’s project, this study

identifies the prime Criteria that leads and

condition the project as Reliability,

Performance/Operability and Economical

Costs not disregarding the Safety concerns.

It is also studied the relevant parameters and

principal restrictions involved on the archi-

tecture optimization process as well as inden-

tified technical and economical dependencies

and relationships.

The Criteria’s interdependence, standard

equipments availability, the parameter’s defi-

nition (such as transformers short-circuit

voltage and short-circuit current’s high values

involved caused by the generators proximity)

is determinative items to the project

methodologies establishment for this kind of

network architectures.

The architecture optimization target is

reached by the maximization of “Reliability”,

“Performance/Operability” and simultaneously

the minimization of the “Economical Costs”

taking into account the identified project

restrictions.

In this study, whenever possible, solutions

are identified, criteria are established and

project methodology proposals are presented

in order to optimize these special electrical

networks.

Key-words

Service Continuity; Reliability; Performance;

Operability; Safety; Economical Costs;

Criteria, Redundancy; Project Methodologies

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ÍNDICE

0. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 6

1. EQUIPAMENTOS ELÉCTRICOS ......................................................................... 7

1.1 Geradores .................................................................................................... 7 1.2 Transformadores .......................................................................................... 7 1.3 Disjuntores .................................................................................................. 9 1.4 Seccionadores e Interruptores .......................................................................12

1.5 Cabos e Barramentos ...................................................................................13 1.6 Quadros MT ................................................................................................15 1.8 Quadros de Baixa Tensão .............................................................................17

2. PROJECTO - ARQUITECTURAS TÍPICAS ......................................................... 18

2.1 Caracterização dos Serviços ..........................................................................18 2.2 Alimentação ................................................................................................20

2.3 Redundância ...............................................................................................26

3. FILOSOFIAS DE EXPLORAÇÃO....................................................................... 28

4. EXPANSIBILIDADE ....................................................................................... 31

5. ELEMENTOS DO PROJECTO ........................................................................... 32

5.1 Rede ..........................................................................................................33 5.2 Instalação ...................................................................................................34

6. DESENVOLVIMENTO DO PROJECTO ............................................................... 35

6.1 Hierarquização dos Critérios ..........................................................................37 6.1.1.Interdependência entre Critérios .............................................................38 6.1.2.Hierarquização ......................................................................................39

6.2 Níveis de tensão ..........................................................................................41 6.3 Níveis de Curto-circuito ................................................................................49 6.4 Transformadores .........................................................................................54

6.4.1.Impacto na instalação ............................................................................54 6.4.2.Dimensionamento da Potência Nominal ....................................................55 6.4.3.Tensão de Curto-Circuito ........................................................................56 6.4.4.Corrente de Curto-Circuito ......................................................................56 6.4.5.Perdas e Rendimento do Transformador ...................................................57 6.4.6.Grupo de Ligações e Regime de Neutro ....................................................58 6.4.7.Transformadores de 3 ou mais enrolamentos ............................................60

6.5 Dimensionamento I’’k vs. ΔVAdimissível ...............................................................61 6.6 Distribuição de Cargas ..................................................................................65

6.6.1 Controlo dos Níveis Tensão e Curto-Circuito ..............................................66 6.6.2 Minimização do impacto das Quedas de Tensão .........................................67 6.6.3 Equilíbrio ..............................................................................................68

7. CONCLUSÕES ................................................................................................ 71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 87

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA I - TENSÕES DE CURTO-CIRCUITO UKR MÉDIAS EM FUNÇÃO DA POTÊNCIA UKR ................................ 8

TABELA II – NÍVEIS DE TENSÃO NORMALIZADOS [IEC 60038] ................................................................. 42

TABELA III - VARIAÇÃO DO CUSTO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS X NÍVEL DE TENSÃO ......................... 46

TABELA IV – FACTORES DE TENSÃO PARA O CÁLCULO DE CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO ...................... 50

TABELA V – NÍVEIS DE CURTO-CIRCUITO SEGUNDO A NORMA IEC 60038 ................................................ 51

TABELA VI – FORMULAS DE CÁLCULO – IMPEDÂNCIAS ................................................................................ 53

TABELA VII – PROPOSTA DE CRITÉRIOS PARA ESTABELECIMENTO DE REGIMES DE NEUTRO ....................... 59

TABELA VIII – EXEMPLO DE DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS PELOS DIFERENTES NÍVEIS DE TENSÃO ................ 67

TABELA IX – PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA A DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS ........................................... 69

ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1 – GRÁFICO CUSTO X POTÊNCIA TRANSFORMADOR ........................................................................ 8

FIGURA 2 – ILUSTRAÇÃO DE DISJUNTOR DE GRUPO ....................................................................................... 10

FIGURA 3 – GRÁFICO CUSTO X TENSÃO NOMINAL ....................................................................................... 11

FIGURA 4 – GRÁFICO CUSTO X TENSÃO NOMINAL SECCIONADOR .............................................................. 13

FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO DE UM BARRAMENTO BLINDADO ........................................................................... 15

FIGURA 6 – GRÁFICO CUSTO X ICC(VN) ....................................................................................................... 16

FIGURA 7 – ARQUITECTURA CENTRAL TERMOELÉCTRICA I ............................................................................. 22

FIGURA 8 – ARQUITECTURA CENTRAL TERMOELÉCTRICA II ......................................................................... 24

FIGURA 9 – ARQUITECTURA CENTRAL TERMOELÉCTRICA III ....................................................................... 26

FIGURA 10 – EXEMPLO DE GRADUAÇÃO DE VALORES PARA O PROJECTO .................................................... 40

FIGURA 11 – EXEMPLO DE HIERARQUIZAÇÃO DOS CRITÉRIOS ................................................................... 40

FIGURA 12 – EXEMPLO – NÍVEIS DE TENSÃO – REDE SERVIÇOS AUXILIARES ........................................... 44

FIGURA 13 – DEFINIÇÃO DOS NÍVEIS DE TENSÃO – DIFERENTES ABORDAGENS ....................................... 46

FIGURA 14 - DETERMINAÇÃO NÍVEIS DE TENSÃO - METODOLOGIA SIMPLIFICADA ..................................... 48

FIGURA 15 – PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA ESTABELECIMENTO DE REGIMES DE NEUTRO .................. 60

FIGURA 16– PROPOSTA DE METODOLOGIA SIMPLIFICADA PARA ESTABELECIMENTO DE I’’K VS V .......... 63

FIGURA 17 - EXEMPLO DE METODOLOGIA PARA DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS ................................................ 70

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0. INTRODUÇÃO

A exploração de uma Central Termoeléctrica, quer no arranque (“start up”), funciona-

mento (“run”) ou paragem (“shut down”), necessita de uma quantidade considerável de

equipamentos eléctricos (e mecânicos accionados electricamente) que consomem uma

quantidade importante de energia eléctrica. Tipicamente, cerca de 6% da capacidade de

geração de uma Central Termoeléctrica é consumida pelos seus Serviços Auxiliares1.

No projecto da rede de Serviços Auxiliares de uma instalação deste tipo existem critérios

que assumem relevâncias diferentes em cada projecto ou área da Central. Neste estudo

estabeleceram-se a “Fiabilidade”, “Operacionalidade” e “Custos Económicos” como os

principais Critérios2.

Ao longo do estudo serão identificadas interdependências entre estes Critérios bem como

algumas restrições técnicas a cumprir que, em conjunto, constituem os principais desa-

fios à determinação da solução óptima para a arquitectura da rede de serviços auxiliares

de uma Central Termoeléctrica.

Dado o carácter único de cada Central e dos seus auxiliares não é possível determinar

uma solução óptima universal.

Este estudo debruça-se assim sobre esta temática não pretendendo definir uma arqui-

tectura única e inflexível, mas visando identificar e caracterizar os principais problemas e

restrições com que se debate o processo de optimização destas redes estabelecendo

metodologias para lidar com os diversos constrangimentos técnicos.

Assim, este estudo pretende:

Identificar as principais restrições deste tipo de projecto;

Realizar a identificação e caracterização dos diversos parâmetros quanto à

relevância e influência no projecto da rede de serviços auxiliares;

Avaliar a sua interdependência;

Avaliar as possíveis soluções e alternativas disponíveis;

Estabelecer, sempre que possível, critérios e metodologias de projecto.

de forma a definir uma arquitectura que represente uma solução optimizada baseada nos

três Critérios atrás enumerados.

Na análise do problema serão tidos em conta as normas e “standards” actualmente em

vigor na Europa e considerados equipamentos típicos e normalizados.

1 Ref.Bibliográfica #2 – Pag.145 [Implications of auxiliary system design on switchgear] 2 Ref.Bibliográfica #1 – Pag. 256[Block 6 - Critics]

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1. EQUIPAMENTOS ELÉCTRICOS

Para desenvolver o projecto de uma rede de Serviços Auxiliares é necessário conhecer os

equipamentos que a integram. Importa ter presente que são as necessidades do

processo de geração que definem e impõem a necessidade dos sistemas auxiliares.

Neste Capitulo pretende-se resumidamente apresentar e caracterizar os principais

equipamentos que compõem e/ou condicionam a rede de serviços auxiliares em estudo.

1.1 Geradores

Sendo os principais equipamentos da instalação, têm a capacidade de transformar ener-

gia mecânica proveniente das turbinas em energia eléctrica.

Não fazendo parte dos Serviços Auxiliares da Central, estes equipamentos condicionam o

projecto pelas suas características eléctricas, sendo assim relevantes para este estudo os

seguintes parâmetros:

Potência gerada - até cerca de 1600MVA;

Tensão de geração - tipicamente dos 690V aos 15kV;

Reactâncias transitórias e sub-transitória - relevantes para o estudo de

correntes de curto-circuito.

1.2 Transformadores

Além dos Geradores, os equipamentos mais relevantes numa rede de Serviços Auxiliares

de uma Central Térmica são os Transformadores.

Ao contrário de outros equipamentos que limitam a flexibilidade do projecto, as caracte-

rísticas dos transformadores, como a potência, número de enrolamentos, perdas, relação

de transformação, tensão de curto-circuito, etc., são características alvo de estudo e

definição caso a caso, não existindo equipamentos de fabrico “standard” para as potên-

cias em jogo.

A tensão de curto-circuito do transformador é de extrema relevância para o estudo das

correntes de curto-circuito e quedas de tensão da rede de Serviços Auxiliares, temas que

serão abordados em capítulo próprio.

Podem tomar-se como valores típicos de tensão de curto-circuito estipulada Ukr em

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função da Potência estipulada SrT, os valores apresentados na Tabela I10.

Potência Nominal Tensão de Curto-Circuito

0 a 630 kVA 4%

631 a 1250 kVA 5%

1251 a 3150 kVA 6,25%

3151 a 6300 kVA 7,15%

6301 a 12500 kVA 8,35%

12501 a 25000 kVA 10%

25001 a 200000 kVA 12,5%

Tabela I - Tensões de Curto-circuito Ukr médias em função da

Potência Ukr

Sendo o transformador um equipamento que envolve custos económicos elevados, é

natural que sobre ele recaia uma especial atenção neste domínio. O peso económico

destes equipamentos nas instalações conduz frequentemente a uma análise cuidada do

investimento sucintamente exemplificada no Anexo IV.

No âmbito deste estudo considera-se uma abordagem técnica e simplificada desta

avaliação, nomeadamente o estabelecimento de relações de custo com alguns

parâmetros principais.

Um parâmetro com influência importante sobre o custo do equipamento é a sua potência

nominal.

No gráfico da Figura 1 está registada a tendência do custo dos transformadores de

potência em função da sua potência.

Figura 1 – Gráfico Custo x Potência Transformador

10

Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 [Transformadores de Potência – 2.1 Tensão de Curto-Circuito]

y = 295,4x0,697

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

0 10000 20000 30000 40000 50000

Cu

sto

Eco

mic

o

Potência [kVA]

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A tendência traçada resulta de uma aproximação feita com base num levantamento de

valores de aquisição de transformadores de potência realizado em território nacional

durante os anos de 2006 e 2007.

Com base nesta tendência é possível assim estimar o valor de custo de um

transformador de potência com alguma exactidão através da expressão:

69704295

,

NS,C (E. 1)

Para transformadores com as mesmas características é possível achar a variação do seu

custo económico em função apenas do seu nível de tensão de forma aproximada pela

relação:

43

B

A

V

Vc (E. 2)

O conhecimento desta variação é útil quando se pretende avaliar o impacto da alteração

do nível de tensão num determinado barramento da rede dos serviços auxiliares (sem

alterar quaisquer outros parâmetros) permitindo aferir as repercussões no custo do

transformador associado (e apenas neste – a alteração do nível de tensão de um

barramento terá repercussões noutros equipamentos e barramentos).

O crescimento do custo destes equipamentos com o nível de tensão deve-se, essencial-

mente, ao incremento do nível de isolamento necessário.

Note-se que as relações apresentadas são estimativas baseadas em valores de fabrico

dos dois anos amostrados, dependendo de fabricante para fabricante e oscilando com o

valor das matérias-primas e condições de mercado.

O valor económico dos transformadores é extremamente influenciado pelo valor das

matérias-primas, em especial o cobre e ferro existindo fórmulas de revisão de preços

estabelecidas para o efeito baseadas nestas cotações.

1.3 Disjuntores

Os disjuntores, além de permitirem alterar a topologia da rede, garantem a possibilidade

de eliminação de defeitos (característica que os distingue dos restantes equipamentos

com poder de corte), sendo por isso a sua performance de importância vital para a inte-

gridade de toda a instalação.

Ao contrário do que acontece com os disjuntores de uma rede de distribuição em que

estes equipamentos permanecem sem manobrar durante grande parte da sua vida útil,

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numa Central Termoeléctrica este tipo de equipamento assume um papel bastante

activo, sendo manobrado uma ou mais vezes por dia3.

Ao contrário dos equipamentos referidos até aqui, os disjuntores, estão disponíveis no

mercado apenas com características standard.

Desta forma, a disponibilidade destes equipamentos apresenta-se como uma restrição,

condicionando o projecto da rede de serviços auxiliares, nomeadamente no que diz res-

peito a:

Níveis de tensão disponíveis;

Níveis de curto-circuito;

Poderes de Corte/Fecho.

Corrente Nominal.

Na tabela II do Anexo III apresenta-se uma compilação de características de disjuntores

de fabrico “standard” baseada em informações recolhidas em catálogos de alguns fabri-

cantes de referência4.

Embora fora do âmbito deste estudo por se encontrarem instalados fora da rede de ser-

viços auxiliares, é comum encontrar nas Centrais Termoeléctricas um outro tipo de dis-

juntores – os Disjuntores de Grupo.

Estes disjuntores, instalados entre a saída do Grupo Gerador e o Transformador de Grupo

têm características bastante diferentes dos disjuntores convencionais, sendo capazes de

suportar correntes nominais da ordem dos kAmpere (6kA a 50kA tipicamente) e corren-

tes de curto-circuito da ordem das dezenas de kAmpere (50 a 200kA tipicamente).

Figura 2 – Ilustração de Disjuntor de Grupo

Em termos económicos, os Disjuntores são equipamentos de custo substancialmente

menor que o dos Transformadores. No entanto, os valores envolvidos na instalação des-

tes equipamentos nas redes de serviços auxiliares de Centrais Termoeléctricas podem

3 Ref.Bibliográfica #2 – Pag. 148 [Operating Condictions of auxiliary switchgear / Mechanical duty] 4 Ref.Bibliográfica #8 – Catalogos [Efacec, Siemens, ABB, Areva]

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tomar proporções relevantes sobretudo devido à sua quantidade, relacionada quer com o

número de barramentos considerados, quer com a filosofia redundante, temas que serão

abordados mais à frente.

O parâmetro que apresenta uma relação mais evidente com o seu custo é o nível de ten-

são nominal.

De acordo com um levantamento de valores de aquisição de disjuntores realizado em

território nacional durante os anos de 2006 e 2007, é possível estimar o valor de custo

de um disjuntor com alguma exactidão através da expressão:

NV

DISJ eC

004,0

17054 (E. 3)

Na Figura 3 encontra-se evidenciada esta relação.

Figura 3 – Gráfico Custo x Tensão nominal

Analisando este gráfico é possível identificar uma dispersão considerável do valor

económico do transformador para uma mesma tensão nominal. Este facto deve-se

essencialmente a um segundo parâmetro que influencia de forma relevante o custo dos

disjuntores. O poder de corte e fecho.

A relação entre este parâmetro e o custo do equipamento não pode no entanto ser

estudada independentemente do nível de tensão. Este facto inviabiliza a determinação de

uma característica capaz de descrever uma relação directa com exactidão aceitável.

Tal como no caso dos transformadores, a relação entre este parâmetro e os custos eco-

nómicos foram estimados tendo por base valores de venda recolhidos em Portugal nos

anos de 2006 e 2007, sendo sensíveis a oscilações do valor das matérias-primas e

condições de mercado, bem como a alterações de fabricante para fabricante.

y = 17054e0,004x

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

0 100 200 300 400 500

Cu

sto

Eco

mic

o [€]

Tensão Nominal [kV]

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1.4 Seccionadores e Interruptores

Os Seccionadores podem ser divididos quanto à sua utilização e modo de funcionamento:

Seccionadores de Isolamento

Seccionadores Horizontais;

Seccionadores Verticais;

Seccionadores Pantógrafo.

Seccionadores de Terra

De movimento simples;

De movimento duplo.

Tal como no caso dos Disjuntores, estes equipamentos apresentam características que

condicionam o projecto da rede de serviços auxiliares ditadas pelas normas e “standards”

de fabrico, nomeadamente no que diz respeito a:

Nível de tensão;

Nível de curto-circuito;

Corrente Nominal.

Esforços adimissíveis à cabeça;

Com base num levantamento de valores de aquisição de seccionadores de isolamento

realizados em território nacional durante os anos de 2006 e 2007, é possível estimar o

valor do custo económico de um seccionador deste tipo em função da tensão nominal de

serviço com relativa exactidão através da expressão:

NVeC

006,02434 (E. 4)

Note-se que o custo económico dos seccionadores de Linha/Barramento toma valores

modestos quando comparados com os equipamentos principais.

Graficamente, a relação entre o custo e o nível de tensão dos seccionadores de isola-

mento encontra-se representada na Figura 4.

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Figura 4 – Gráfico Custo x Tensão nominal Seccionador

Importa referir que o custo destes equipamentos é também sensível à corrente nominal e

ao modo de funcionamento (horizontal, pantógrafo, etc.) sendo mais difícil conseguir

estabelecer uma relação entre estas variáveis e o custo económico do equipamento.

Os Interruptores são dimensionados para estabelecer, suportar e interromper correntes

nas condições normais do circuito, incluindo, eventualmente, as condições especificadas

de sobrecarga em serviço.

Tal como os seccionadores, estes equipamentos são capazes de suportar (num tempo

especificado), correntes nas condições anormais especificadas para o circuito, tais como

as resultantes de um curto-circuito

Nas tabelas III, IV e V do Anexo III apresentam-se as características de Interruptores e

Seccionadores de fabrico “standard” de alguns fabricantes de referência5.

1.5 Cabos e Barramentos

Existem diversos tipos de condutores eléctricos que podem integrar uma instalação do

tipo em estudo. As características destes condutores pode variar, quer no que diz res-

peito ao material (Cobre, Alumínio, …), à forma (Tubular, Barra, Cabo…), ao isolamento

(isolado/nú), etc. existindo diversos parâmetros a serem tidos em conta no seu dimen-

sionamento, dos quais se destacam:

Intensidade máxima de corrente permanente;

Resistência térmica ao curto-circuito;

5 Ref.Bibliográfica #8 – Catalogos [Efacec, Siemens, ABB, Areva]

y = 2434,e0,006x

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

0 100 200 300 400 500

Cu

sto

[€]

Tensão Nominal [kV]

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Resistência mecânica a esforços electromecânicos;

Resistência ohmica [/m];

Secção transversal [mm2];

Distâncias mínimas de segurança (para condutores nus);

Elasticidade e Coeficiente de dilatação térmica.

Conhecida a tensão estipulada do cabo ou barramento e determinada a intensidade de

corrente a transitar, a secção do cabo é calculada de forma a que o aquecimento da alma

condutora seja compatível com o aquecimento permitido pelo isolante escolhido, quer em

serviço normal, quer em caso de curto-circuito, devendo o dimensionamento fazer-se

para o caso mais exigente.

Dada a presença de numerosas cargas indutivas (motores de elevada potência) que

geram correntes iniciais de valores elevados (podendo chegar a cerca de seis vezes

superiores à sua corrente nominal) bem como a elevada corrente de curto-circuito devida

à proximidade dos grupos geradores, levam a que a secção transversal dos condutores

deste tipo de instalações seja substancialmente superior ao utilizado para uma mesma

corrente nominal noutras condições6.

Além dos critérios associados às correntes que transitam nos condutores, deve ser

garantido que a queda de tensão na canalização eléctrica permite o correcto funciona-

mento do equipamento alimentado.

No projecto devem ser tidas em conta as quedas de tensão máximas admissíveis, valor

que depende das características dos consumidores.

Este valor varia tipicamente entre os 3% e os 8% da tensão nominal, podendo admitir-se

uma queda de 10% durante o arranque de motores7.

As impedâncias dos cabos dependem de normas e características técnicas geralmente

facultadas pelos fabricantes.

Os barramentos apresentam uma resistência óhmica desprezável e pode admitir-se num

cálculo aproximado que a indutância tem um valor de 0,15Ω/km e por fase8.

É contudo habitual desprezar este cálculo na rede MT dos serviços auxiliares dado o seu

valor muito pequeno face às impedâncias dos alternadores, transformadores e selfs9.

Nas instalações BT é aconselhável ter em conta o comprimento das barras de ligação no

cálculo das correntes de curto-circuito. Os diferentes factores que contribuem para baixar

o valor das correntes de curto-circuito e que não podem ser avaliados (resistência de

6 Ref.Bibliográfica #2 – Pag. 148 [Operating Condictions of auxiliary switchgear / Electrical duty] 7 Ref.Bibliográfica #6 – I.P.17.16 [Motores assíncronos de corrente alternada] 8 Ref.Bibliográfica #6 – I.P.17.00/31.35 [Cálculos – Barramentos] 9 Ref.Bibliográfica #6 - I.P.17.00/31.35 [Cálculos – Barramentos]

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15/87

passagem e resistência dos arcos) podem atingir um valor da ordem de 30% nas instala-

ções BT10, sendo todavia muito difíceis de calcular.

Ainda no que diz respeito aos barramentos das Centrais Termoeléctricas é comum a ins-

talação de Barramentos Blindados entre troços onde se verifica o trânsito de correntes

extremas, nomeadamente entre os Grupos Geradores e os Transformadores de Grupo,

suportando valores nominais de corrente que rondam as dezenas de kAmpere.

Na Figura 5 encontra-se ilustrado um barramento este tipo.

Figura 5 – Ilustração de um barramento blindado

1.6 Quadros MT

Os Quadros de média tensão, equipamentos tipicamente modulares e de fabrico normali-

zado constituem uma restrição ao projecto da rede dos serviços auxiliares da Central na

medida em que condicionam a escolha de níveis de tensão e de curto-circuito ficando

assim o projecto sujeito à disponibilidade de equipamentos compatíveis com as necessi-

dades da instalação conforme as normas e “standards” de fabrico.

Relativamente ao custo económico dos Quadros MT, é difícil estabelecer uma relação

clara com um único parâmetro sendo no entanto possível identificar duas grandezas

estreitamente relacionadas com o custo destes equipamentos: a “tensão nominal”

(associada ao nível de isolamento do equipamento), “corrente de curto-circuito”

(associada à robustez electromecânica) e os “poderes de corte e fecho” dos

disjuntores/interruptores, são aqueles que mais influenciam o custo destes

equipamentos.

No gráfico abaixo tenta-se estabelecer a relação do custo de um quadro de média tensão

com o nível de curto-circuito para cada um dos níveis de tensão normalizados através de

uma simulação realizada com base numa configuração típica de um quadro de média

tensão de uma instalação deste tipo em que se fez variar a corrente de curto-circuito

admissível (3s) para cada um dos valores de tensão nominal normalizados.

10

Ref.Bibliográfica #6 - I.P.17.06 [Projecto de Quadros – Dimensionamento de cabos de potência]

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Figura 6 – Gráfico Custo x Icc(VN)

Esta simulação evidencia a dificuldade de obtenção de uma expressão única que permita

estabelecer o custo destes equipamentos em função do parâmetro Icc ou VN de forma

separada.

Por outro lado, o custo destes equipamentos depende da configuração do quadro

(número de celas, transformadores de medida, equipamentos auxiliares, etc.), tipo de

isolamento de barramentos e câmaras de corte (Ar, SF6, Vácuo) e forma construtiva

(compartimentado, não compartimentado), pelo que qualquer tentativa de modelização

do custo função de parâmetros como o nível de tensão e corrente de curto-circuito terá

um carácter meramente indicativo da tendência dos valores de custo face às variações

destas grandezas podendo contudo apresentar-se as seguintes expressões para a

determinação dos custos função do nível de tensão e corrente de curto-circuito

admissível:

Na tabela VI do Anexo III apresentam-se algumas características de Quadros de Média

Tensão de fabrico “standard” resultado de um levantamento efectuado através de

consulta de alguns fabricantes de referência11 a operar em Portugal.

11

Ref.Bibliográfica #8 – Catalogos [Efacec, Siemens, ABB, Areva]

0 10 20 30 40 50 60

Cu

sto

[€]

Icc [kA]

3,6kV

7,2kV

12kV

17,5kV

24

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1.8 Quadros de Baixa Tensão

Os quadros de baixa-tensão são aqui considerados como o limite do âmbito deste estudo.

Com níveis de tensão entre os 400V e os 690V (tensões compostas), alimentam as car-

gas/consumidores dos serviços auxiliares de potência reduzida (quando comparada com

as grandes cargas colocadas nos barramentos MT) e sistemas auxiliares como rectifica-

dores, onduladores, iluminação, climatização, etc.

Além da tensão e da potência a alimentar, a principal característica a considerar neste

tipo de quadros é o dimensionamento da corrente de curto-circuito que tem uma impor-

tante influencia no custo económico do quadro.

A elevada robustez ao curto-circuito é uma característica típica destes Quadros resultado

essencialmente da proximidade ao gerador.

Mais uma vez, as normas e “standards” de fabrico condicionam a disponibilidade de equi-

pamentos BT constituintes destes quadros (Disjuntores, Interruptores, etc.), represen-

tando também assim uma restrição à liberdade do projecto da rede.

Na tabela VII do Anexo III apresentam-se algumas características de quadros e equipa-

mento de Baixa Tensão de fabrico “standard” de alguns fabricantes de referência12 de

forma a evidenciar tais restrições.

12

Ref.Bibliográfica #8 – Catalogos [Telemechanique, Siemens, ABB]

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2. PROJECTO - ARQUITECTURAS TÍPICAS

A definição da arquitectura dos serviços auxiliares tem um papel de extrema relevância

no projecto de uma Central Termoeléctrica dada a sua importância vital para a explora-

ção de toda a instalação.

A arquitectura é desenvolvida, quer com base em estudos técnicos, nomeadamente aná-

lise de curto-circuito, transferência de cargas, transitórios, trânsito de energia, quer em

estudos económicos13.

Com o objectivo de estudar as metodologias de projecto e arquitectura destas redes,

pretende-se realizar a identificação das principais restrições ao projecto, bem como

caracterizar e avaliar a interdependência entre os diversos parâmetros envolvidos no

processo de optimização técnico-económica.

A presença de motores eléctricos de elevada potência e a proximidade ao gerador estão

na origem da complexidade do projecto da rede dos serviços auxiliares das Centrais Ter-

moeléctricas.

O projecto da arquitectura destas redes é assim um problema técnico complexo, em que

estão envolvidas diversas variáveis tais como:

Filosofia de operação da Central;

Definição dos níveis de tensão, transformadores e níveis de curto-circuito;

Caracterização dos Serviços Auxiliares em termos de tipo e regime de

funcionamento;

Etc.

Por outro lado, a necessidade de garantir a continuidade de serviço é assegurada pela

elevada “Fiabilidade” conseguida essencialmente pela implementação de uma arquitec-

tura redundante (em termos de alimentação) em toda a rede dos serviços auxiliares e

redundância de equipamentos nos serviços em que tal investimento se considera neces-

sário.

2.1 Caracterização dos Serviços

De uma forma geral, as instalações das Centrais Térmicas podem dividir-se em duas

partes, denominadas “Ilha de Potência” e “BOP – Balance Of Plant”.

A “ilha de potência” é constituída pela Caldeira, Turbina, Gerador e Transformador de

Grupo.

13

Ref.Bibliográfica #1 – Pag. 254 [Some key observations related to ASDEP]

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O “BOP” é o conjunto de todos os serviços auxiliares necessários à exploração da Central

Termoeléctrica, recaindo sobre este a atenção deste estudo.

Os Serviços Auxiliares das Centrais Termoeléctricas são caracterizados tipicamente pela

presença de motores de grande potência, alimentados em Média ou Baixa Tensão para

accionamento de bombas de água, ventiladores, turbinas, compressores, válvulas moto-

rizadas, etc.

Além destes, existem ainda outros equipamentos de consumo considerável, baseados em

electrónica de potência, tais como Rectificadores, Carregadores de baterias, Variadores

de Frequência, etc.

Estas cargas são constituídas por equipamentos definidos e condicionados pelo processo

de geração.

Ainda por considerar estão todos os consumidores de menor potência como os sistemas

de climatização, iluminação, etc.

Sem entrar no estudo deste processo, e efectuando uma abordagem do ponto de vista

eléctrico, é possível identificar algumas das cargas típicas presentes nos serviços auxi-

liares destas Centrais14.

Força motriz

Accionamento de electro-bombas - tomada de água;

Accionamento de electro-bombas - tratamento de água;

Ventiladores - ar combustão;

Ventiladores – extracção de fumos;

Accionamento de electro-bombas – Combustível;

Accionamento de electro-bombas e ventiladores- torres de arrefecimento;

Compressores - ar comprimido.

Iluminação

Sistemas de detecção e extinção de incêndio

Climatização

Telecomunicações

Sistemas de alimentação em corrente contínua

Equipamentos de Controlo e Protecção

Autómatos;

DCS;

Relés;

Reguladores de Tensão;

Instrumentação;

Etc.

14

Ref.Bibliográfica #7 – Publicação “Centrais Termoeléctricas” – DOPR Produção Térmica [EDP]

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Em termos de organização, as cargas são comumente organizadas quanto à sua utili-

zação, podendo ser agrupadas em três grandes grupos:

Serviços de Grupo – Cargas afectas ao(s) Grupo(s) Gerador(es).

Serviços Comuns – Cargas afectas a mais do que um Grupo Gerador

(quando existe mais de um grupo gerador).

Serviços Gerais – Cargas relacionadas com a exploração da instalação.

Os serviços auxiliares podem ainda ser distinguidos quanto à sua importância como:

Serviços Essenciais – Serviços considerados vitais para a exploração da

Central, tipicamente ligados a um barramento socorrido por:

Gerador independente (tipicamente diesel) com autonomia capaz de

alimentar estas cargas durante períodos predeterminados;

Rectificador (cargas alimentadas corrente contínua) com baterias

capazes de armazenar quantidades de energia suficiente para situações

de contingência;

Ondulador associado a um carregador de baterias (cargas alimentadas

em corrente alternada).

Serviços Não-Essenciais – ligados a barramentos não socorridos, são servi-

ços que não afectam de forma critica a exploração da Central.

Um elemento sempre presente e indispensável neste tipo de instalações é o grupo de

emergência (tipicamente Diesel) capaz de alimentar os barramentos socorridos em caso

de contingência (e eventualmente garantir a alimentação aos serviços associados ao

“start-up” dos grupos geradores).

A alimentação destes barramentos (onde são alimentadas as cargas relativas aos servi-

ços essenciais da Central), pode ser conseguida também à custa de onduladores de ele-

vada potência alimentados por um sistema de baterias de corrente contínua.

2.2 Alimentação

A alimentação dos serviços auxiliares de uma Central pode ser obtida por duas vias dis-

tintas15:

Derivada directamente do barramento de geração através de um transforma-

dor de serviços auxiliares;

Adicionando uma ligação independente á mesma (ou a outra) linha da rede a

15

Ref.Bibliográfica #7 – Publicação “Centrais Termoeléctricas” – DOPR Produção Térmica [EDP]

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montante através de um segundo transformador;

Derivada do barramento de geração de um outro grupo gerador da própria

Central.

2.2.1 Alimentação derivada directamente do barramento de geração

Nesta solução o barramento de geração alimenta os serviços auxiliares de grupo bem

como todos os outros serviços (comuns ou gerais).

Na

Figura 7 está representado um exemplo deste tipo de arquitectura com apenas um

grupo gerador.

Este tipo de arquitectura apresenta algumas vantagens, nomeadamente uma

“aparente” redução dos custos associados ao investimento inicial. Esta “aparente”

redução resulta do facto desta arquitectura recorrer a um único transformador de

serviços auxiliares e consequente redução do número de barramentos e

equipamentos de corte e seccionamento. Por outro lado, este tipo de configuração

não implica a transferência de cargas em situações de “shutdown” e “start-up” uma

vez que todas as cargas dos serviços auxiliares são alimentadas sempre pelo único

transformador instalado16. Esta solução apresenta assim uma maior simplicidade em

termos de arquitectura com todas as vantagens que isso representa em termos de

facilidade de operação, manutenção e investimento.

Nesta situação não é porém possível explorar a instalação em caso de falha a jusante

do disjuntor de grupo17 (quer seja por indisponibilidade do transformador de serviços

auxiliares, do transformador principal, quer por indisponibilidade de qualquer um dos

disjuntores dos painéis de linha ou serviços auxiliares) uma vez que os serviços

auxiliares não têm qualquer tipo de alimentação que lhes permita manter a Central

em serviço.

Dada a sua topologia, esta arquitectura, obriga à manutenção do transformador

principal energizado em situações de “shutdown” (garantindo a alimentação aos

auxiliares da Central). As perdas deste transformador (essencialmente as perdas no

ferro) durante os períodos de shutdown podem ter um impacto significativo a nível

económico18.

Pelas razões apresentadas, verifica-se que esta arquitectura pode comprometer a

Fiabilidade do sistema podendo pôr em causa a disponibilidade de toda a central nos

casos de indisponibilidade do transformador de serviços auxiliares ou respectivo

disjuntor.

16 Ref.Bibliográfica #4 – Pag. 45 [General advantages and disavanteges of scheme “b”] 17 Ref.Bibliográfica #4 – Pag. 45 [General advantages and disavanteges of scheme “b”] 18

Ref.Bibliográfica #4 – Pag. 45 [2.2.2.3 – Advantages]

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Figura 7 – Arquitectura Central termoeléctrica I

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2.2.2 Alimentação - Barramento de geração + Rede

É usual a instalação de um segundo transformador TSA.II alimentado directamente

da rede que garante em regime normal a alimentação dos serviços gerais da Central

bem como os serviços associados ao “start-up” e “shutdown” dos grupos19.

Na Figura 8 está representado um exemplo em que se adopta este tipo de arqui-

tectura com dois grupos geradores.

Nesta situação está assegurada a completa independência da alimentação dos

auxiliares de grupo relativamente à alimentação dos serviços auxiliares gerais em

regime normal de funcionamento.

No caso de indisponibilidade do transformador de serviços auxiliares de grupo (ou

dos respectivos disjuntores) por defeito ou manutenção, é possível transferir as

cargas dos auxiliares de grupo para o barramento do transformador TSA.II

garantindo a continuidade de serviço. Este barramento independente é usualmente

partilhado por diversos grupos (nas instalações com mais de um grupo gerador).

É possível conseguir uma vantagem adicional se a rede que alimenta o TSA.II for

diferente da rede onde se efectua o ponto de interligação dos grupos geradores.

Nesta situação consegue-se assegurar um “shutdown” suave4 no caso de um disparo

que motive ausência de tensão na linha usada como ponto de interligação dos

grupos uma vez que os serviços associados aos procedimentos de “shutdown” podem

ser comutados para o barramento do TSA.II, que, ao garantir-lhes a alimentação,

dispensa o recurso aos sistemas de backup (Rectificadores, Onduladores ou Grupos

de Emergência)

A existência de uma alternativa de alimentação para os auxiliares de grupo permite

ainda a colocação do transformador principal fora de serviço em situações de

“shutdown”.

A par das vantagens apresentadas por este tipo de arquitectura importa realçar

algumas consequências da sua implementação.

A possibilidade de transferir as cargas dos serviços auxiliares de grupo para o barra-

mento do TSA.II implica um sobredimensionamento da potência deste

transformador.

19 Ref.Bibliográfica #4 – Pag. 44 [General advantages and disavanteges of scheme “a”]

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Figura 8 – Arquitectura Central termoeléctrica II

Por outro lado, a possibilidade de interligação dos dois barramentos, obriga a um

redimensionamento das correntes de curto-circuito consideradas em ambos os

barramentos, uma vez que é com os barramentos interligados que surge a situação

mais desfavorável do ponto de vista das contribuições para um eventual defeito.

A instalação de 2 transformadores (tendo um deles que ser dimensionado para um

regime de carga que não é aquele em que vai trabalhar em regime normal), a

necessidade de instalar equipamentos mais robustos (capazes de suportar maiores

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correntes de defeito) e a criação de dois barramentos distintos tornam esta solução,

do ponto de vista económico, mais dispendiosa no que toca ao investimento inicial

(instalação).

Importa no entanto referir que, conforme será tratado mais à frente, é necessário ter

em conta os benefícios conseguidos por esta solução (essencialmente associados ao

substancial incremento da Fiabilidade) para poder efectuar uma análise económica

que permita concluir acerca do ajuste desta arquitectura ao projecto em estudo.

Ainda acerca do impacto da instalação de 2 transformadores ao invés de 1 no

investimento inicial do projecto, é oportuno salientar que este impacto é agravado se

o nível de tensão nominal da(s) rede(s) a montante for elevado, dado que o custo

dos transformadores de potência, conforme foi já exposto, é sensível a este

parâmetro.

Nota: pode ser economicamente proveitoso alimentar o TSA.II através de uma linha

de tensão mais reduzida (caso exista na proximidade da Central).

Segundo um estudo4 realizado (nos finais dos anos 70, inicio dos anos 80) a Centrais

térmicas de 18 países diferentes, mais de 84% das Centrais em serviço adoptavam

uma Arquitectura semelhante ao da Figura 8 (com um barramento independente

alimentado por um transformador TSA.II), devendo-se tão difundido uso essencial-

mente à possibilidade de dispor de duas fontes de alimentação independentes asse-

gurando uma maior fiabilidade na alimentação dos serviços auxiliares.

Segundo este mesmo documento, a escolha da Arquitectura depende essencialmente

de três Critérios (os mesmos que foram considerados como mais relevantes neste

estudo): a fiabilidade, os custos económicos e a facilidade de operação, dependendo

a sua importância relativa de alguns factores:

Potência dos grupos da Central;

Importância da Central na rede;

Tipo de serviço atribuído aos grupos;

Nível de tensão da rede à qual os grupos estão ligados;

Localização da Central e disponibilidade de uma rede fiável

na vizinhança para alimentar os serviços auxiliares.

4 Ref.Bibliográfica #4 – “Auxiliary Power Supply for generating stations – Experience and practices adopted by

various utilities in the countries represented by the members of Study Committee 23”

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2.3 Redundância

Dada a necessidade de garantia de Continuidade de serviço assumir uma relevância

extrema, todos os serviços considerados essenciais são instalados de forma redundante,

quer em termos de duplicação de equipamentos, quer em termos de multiplicidade de

opções de alimentação, conseguindo assim um nível extremo de fiabilidade visando a

garantia de continuidade de serviço.

Esta Redundância permite que a indisponibilidade de um dado equipamento (por falha ou

simples manutenção) não comprometa a exploração da Central.

A rede de Serviços Auxiliares toma assim uma topologia complexa e extremamente

ramificada conforme evidenciam as Figuras 7, 8 e 9.

Figura 9 – Arquitectura Central termoeléctrica III

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Em termos técnicos, a implementação da arquitectura redundante tem um impacto con-

siderável ao nível do projecto, impondo alguns requisitos de dimensionamento:

as correntes de curto-circuito devem ser calculadas para os cenários mais

desfavoráveis;

os transformadores devem ser dimensionados para toda a carga que, numa

situação de contingência, possa vir a depender deles;

os cabos e barramentos devem ser dimensionados:

em termos de limite térmico para a situação em que são percorridos

pela maior corrente nominal e pela maior corrente de defeito;

em termos de esforços electrodinâmicos, para o caso em que o

barramento está sujeito a uma maior corrente de curto-circuito.

os isoladores devem ser dimensionados para suportar o esforço imposto pelo

caso que apresente maior corrente de curto-circuito;

os disjuntores devem ser dimensionados para que o seu poder de corte seja

superior à máxima corrente que os atravessa na configuração mais desfavorá-

vel;

todos os equipamentos, desde os disjuntores de níveis de tensão elevados até

aos quadros BT, devem estar dimensionados para suportar a corrente de

curto-circuito correspondente à situação mais desfavorável (no seu barra-

mento).

Note-se que todos estes “requisitos” são sem excepção, agravantes do ponto de vista do

investimento económico inicial do projecto.

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3. FILOSOFIAS DE EXPLORAÇÃO

A definição dos procedimentos de exploração dos Serviços Auxiliares, está intimamente

relacionada e extremamente condicionada ao processo de geração de energia.

São de resto os consumidores associados ao processo de geração os responsáveis pela

maior quota-parte de potência consumida nos serviços auxiliares da Central, dos quais se

destacam os grandes motores das bombas associadas ao arrefecimento, extracção e ali-

mentação dos geradores.

Sendo um projecto multi-disciplinar, o projecto de uma Central Termoeléctrica envolve,

além da electricidade, uma forte componente de termodinâmica. Ainda que fora do

âmbito deste estudo, no Anexo I estão esquematicamente representados - de forma

simplificada - os três processos de geração termoeléctrica.

As Filosofias de Exploração não sendo consideradas uma restrição ao projecto, condicio-

nam-no fortemente em aspectos tais como:

Definição de encravamentos;

Dimensionamento de geradores de emergência;

Dimensionamento de onduladores e rectificadores;

Determinação de factores de simultaneidade;

Etc.

A importância dos serviços auxiliares assume assim um papel vital numa instalação deste

tipo sendo imperativo garantir a sua “continuidade de serviço”.

A rede de serviços auxiliares necessita assim de um elevado grau de “Fiabilidade”, tendo

para isso, tipicamente, uma filosofia redundante, de tal modo que seja em qualquer

momento possível alterar a configuração da rede eléctrica de forma a efectuar uma ali-

mentação alternativa a um dado serviço/consumidor.

A alteração da configuração da rede é conseguida operando os órgãos de

corte/seccionamento (disjuntores/seccionadores) existentes para o efeito, transferindo

um determinado barramento e as suas cargas para outro transformador ou barramento

que garantirá a sua alimentação até que sejam reunidas as condições para repor a sua

alimentação normal.

Além da redundância na alimentação, a continuidade de serviço é também garantida pela

duplicação dos principais equipamentos. Desta forma, por avaria ou manutenção de um

dado equipamento, o seu serviço pode ser assegurado pelo equipamento de ”backup”.

É recomendável que os equipamentos (motores, disjuntores, etc.) associados a um

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mesmo serviço e que possam vir a socorrer-se mutuamente sejam de fabricantes dife-

rentes20 visando reduzir a probabilidade de falha simultânea que conduziria à indispo-

nibilidade do respectivo serviço.

Este tipo de arquitectura redundante obriga a um sobredimensionamento generalizado

dos equipamentos conforme será abordado mais à frente neste estudo.

A complexidade das redes de serviços auxiliares, derivada da quantidade de equipamen-

tos envolvidos e duplicada pela redundância necessária, leva a que sejam estabelecidos

alguns protocolos de operação onde são estipuladas sequências de procedimentos que

permitem realizar as manobras pretendidas, garantindo quer a segurança quer a conti-

nuidade de serviço, nomeadamente:

Sequências de Arranque;

Sequências de Paragem.

Paragem Programada;

Paragem de Emergência.

Transferência de cargas.

Conforme abordado anteriormente, existem arquitecturas que dispõem de uma fonte de

alimentação directa da rede.

Esta alimentação poderá garantir não só os serviços mínimos associados à segurança de

pessoas e protecção de equipamentos num estado de “Shut down” mas também garantir

a alimentação dos serviços auxiliares necessários ao “StartUp” e “Shut down” em

segurança da Central associados às “Sequências de arranque” e “Sequências de Para-

gem” atrás referidas.

No que se refere aos serviços essenciais, além da alimentação directa da rede é usual

garantir a sua alimentação por vias alternativas tais como Geradores Diesel, Ondulado-

res, Rectificadores (tipicamente redundantes), etc.

Relativamente aos serviços associados ao arranque de um grupo gerador importa referir

que nas Centrais com mais do que um grupo, é possível efectuar o arranque de apenas

um dos grupos através da rede, uma vez que, após o arranque deste, a alimentação dos

auxiliares associados ao arranque dos seguintes pode ser assegurada pelo grupo em fun-

cionamento.

No caso de uma paragem total da Central, dos serviços considerados essenciais, desta-

cam-se os necessários à segurança de pessoas (iluminação de emergência, etc.) e pro-

20

Ref.Bibliográfica #2 – Pag. 154 [Choice of operating mechanisms]

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tecção de equipamentos (bombas de circulação de óleo, resistência anti-condensação,

Sistemas de Comando, Supervisão, Protecção, etc.).

Ainda acerca das Filosofias de Exploração importa referir que, a fim de garantir o elevado

Critério Fiabilidade (garante da continuidade de serviço), são necessárias manutenções

periódicas (agendadas em função quer do número de manobras quer do tempo decorrido

desde a última manutenção) aos equipamentos envolvidos na rede de serviços auxiliares

(disjuntores, transformadores, seccionadores, isoladores, etc.). Este tipo de intervenção

obriga a efectuar paragens programadas dos equipamentos representando um custo de

exploração acrescido.

Note-se que numa instalação deste tipo, os custos de exploração/manutenção são avul-

tados, devendo ser considerados na fase de concepção do projecto, além dos custos eco-

nómicos associados ao investimento inicial.

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4. EXPANSIBILIDADE Uma Central Termoeléctrica acarreta um investimento elevado, tendo uma vida útil que

ultrapassa os 40 anos21. Deve por essa razão, na fase de projecto, ser considerada a

possibilidade de implementação de alterações associadas à expansão da instalação

podendo estas ser devidas quer à necessidade de aumento de potência instalada ao

longo da sua vida, quer à evolução tecnológica tendencialmente crescente nesta área que

poderá ter repercussões a médio/longo prazo na necessidade de expansão/adaptação da

instalação.

Exemplos actuais são os sistemas de tratamento de emissões (FGD, SCR, Captação de

CO2), que estão a ser instalados nas Centrais mais antigas e que implicam um acréscimo

substancial de consumidores.

Estes sistemas conduzem assim a alterações da estrutura da rede de Serviços Auxiliares,

necessitando de novos barramentos e transformadores.

Além destes sistemas, é natural que no futuro surjam novas tecnologias e novas deman-

das por mais potência.

Este tipo de sistemas acarreta tipicamente um aumento de força motriz de grande potên-

cia, provocando um aumento da corrente de curto-circuito que poderá ultrapassar a

capacidade e robustez de alguns equipamentos existentes, no que se refere a esforços

térmicos e esforços electrodinâmicos, bem como ultrapassar os poderes de corte e fecho

dos disjuntores instalados.

Faz assim sentido considerar no dimensionamento dos Sistemas Auxiliares uma

“reserva”, ou “folga”, que permita (até certo ponto) integrar novas necessidades sem

comprometer toda a arquitectura do sistema.

Importa garantir, em especial no dimensionamento dos transformadores e nas caracte-

rísticas do ponto de interligação, a existência de uma “margem” que permita a expansão

da rede a jusante.

O impacto da implementação deste tipo de alterações ao “projecto base” deve ser estu-

dado tendo em conta a incerteza da sua necessidade no futuro.

21

Ref.Bibliográfica #2 – Pag. 154

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5. ELEMENTOS DO PROJECTO

O primeiro passo no projecto da rede de serviços auxiliares é a recolha de todos os ele-

mentos que condicionam o seu desenvolvimento.

Estes elementos resumem-se (na fase inicial) às características do(s) ponto(s) da interli-

gação, dos grupos geradores e dos próprios serviços auxiliares (consumidores) – pontos

fronteira da rede de serviços auxiliares – que representam as restrições externas ao

projecto.

Nestes dados assenta o desenvolvimento do projecto que compreende a definição dos

transformadores, níveis de tensão, níveis de curto-circuito e distribuição de cargas.

À parte das condicionantes impostas pelos “pontos fronteira”, e conforme foi já eviden-

ciado, o projecto da rede de Serviços Auxiliares conta com bastantes outras restrições e

exigências que deverão ser consideradas:

Restrições associadas à disponibilidade de equipamentos normalizados e de

fabrico standard;

Restrições impostas por critérios de segurança;

Restrições impostas pela filosofia de exploração preconizada;

Restrições associadas aos equipamentos, impostas pelos seus fabricantes no

que diz respeito às condições de instalação e exploração;

Restrições técnicas;

Restrições económicas associadas ao investimento.

Conhecendo a gama de equipamentos disponíveis (vide ANEXO III), o passo seguinte

centra-se na recolha de dados que são necessários ao estudo. Estes dados são

tipicamente fornecidos pelas especificações dos equipamentos associados ao processo de

geração (que definem os seus auxiliares) e pelas entidades responsáveis pela rede de

energia onde a Central se conecta (ponto de interligação).

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5.1 Rede

No que diz respeito à rede é necessário conhecer quantos os pontos de interligação e

conhecer os valores das grandezas que caracterizam a(s) respectiva(s) linhas(s),

nomeadamente:

Tensão Nominal V[kV];

Variação da Tensão Nominal V[%];

Potência Máxima do ponto de interligação S[MVA];

Potência de curto-circuito S[MVA].

Estas grandezas são importantes para a determinação da contribuição da rede quando

alimenta um curto-circuito num ponto da instalação dos serviços auxiliares.

No ponto Q directamente ligado à rede, a impedância (directa) equivalente ZQ da rede

será dada por22:

kQ

nQ

kQ

nQ

QI

Uc

S

UcZ

"3"

2

(E. 5)

Se o curto-circuito for alimentado pela rede através de um transformador, a impedância

equivalente ZQT pode ser obtida por:

22

2

1

"3

1

"rkQ

nQ

rkQ

nQ

QTtI

Uc

tS

UcZ

(E. 6)

Onde,

UnQ – tensão nominal da rede no ponto Q

S”kQ – potência aparente de curto-circuito simétrica inicial da rede no

ponto Q

I”kQ – corrente de curto-circuito simétrica inicial da rede de alimentação no

ponto Q

c – factor de tensão

tr – relação de transformação estipulada com o regulador de tensão na

posição principal

Nas Centrais Termoeléctricas (tipicamente interligadas com linhas aéreas de tensão

superior a 35kV) a impedância equivalente ZQ pode ser assumida como uma reactância

pura ZQ = 0 + jQ ou assumir-se a aproximação R=0,1.XQ com XQ=0,995.ZQ (23

).

22 Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.00/07 [Impedância de uma rede de alimentação] 23

Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.00/07 [Impedância de uma rede de alimentação]

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Importa referir que, de uma forma geral, os valores das grandezas que caracterizam as

linhas no ponto de interligação são facultadas pelos responsáveis por estas (no nosso

país – REN/EDIS).

5.2 Instalação

Conforme referido anteriormente, grande parte das cargas dos serviços auxiliares estão

relacionadas com o processo de geração sendo compostas por numerosos consumidores

de elevada potência de carácter fortemente indutivo.

A importância da caracterização das cargas para o estudo conduz à criação de “listas de

consumidores” como as apresentadas a titulo de exemplo nas tabelas do Anexo II onde

se encontram listadas as cargas típicas de uma Central Termoeléctrica evidenciando as

respectivas potências e correntes nominais bem como a tensão de alimentação utilizada

em cada caso de acordo com a distribuição de cargas considerada no projecto.

Além da caracterização dos consumidores, e ainda no que diz respeito à instalação,

importa conhecer a filosofia de exploração preconizada e requisitos pretendidos, dados

esses que permitirão projectar os encravamentos, calcular factores de simultaneidade,

etc.

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6. DESENVOLVIMENTO DO PROJECTO

A Arquitectura Óptima para os Serviços Auxiliares de uma Central Termoeléctrica encon-

tra-se no compromisso que maximiza diversos Critérios.

Neste estudo, foram eleitos 3 Critérios, considerados como mais relevantes24:

“Fiabilidade”

“Operacionalidade-Performance”

“Custos económicos” de Instalação, Operação e Manutenção

A “Segurança”, embora não seja abordada neste estudo representa também um Critério

importante e que deve ser sobreposto a qualquer um dos acima mencionados.

Entende-se por “Parâmetros” no âmbito deste estudo todas as grandezas que caracteri-

zam a rede e seus equipamentos, tais como as correntes de curto-circuito, os níveis de

tensão, as características dos transformadores, o número de barramentos, a distribuição

das cargas, etc.

Pretende-se assim, através do dimensionamento destes Parâmetros, correlacionados com

cada um dos 3 Critérios, desenvolver o projecto e arquitectura que melhor se adapte à

rede dos serviços auxiliares deste tipo de instalação.

O tratamento destes Critérios é um problema complexo, dada a sua interdependência, as

diversas restrições impostas, bem como a correlação entre alguns dos Parâmetros de que

dependem.

O desafio reside no estabelecimento de metodologias que busquem a solução que melhor

se adapta e optimiza as necessidades de cada projecto.

No âmbito deste estudo, entende-se por “optimização” da arquitectura da rede dos

serviços auxiliares da Central o compromisso técnico-económico que majora a

“Fiabilidade” e “Operacionalidade” e minimiza os “Custos Económicos” incorridos na

construção, operação e manutenção da rede.

Além do estudo do custo associado à instalação de equipamentos e à sua variação com

os principais parâmetros da rede (vide Cap.1), importa identificar e caracterizar as

condições técnicas que condicionam (directa ou indirectamente) os custos económicos do

projecto, nomeadamente os custos ligados à Fiabilidade/Continuidade de Serviço e os

associados à Operação/Manutenção da rede dos serviços auxiliares.

O estudo técnico-económico depara-se assim com a necessidade de proceder a estudos

24

Ref.Bibliográfica #1 – Pag. 257 [Block 6- Critics]

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complexos (de índole estatística, financeira, etc.) que têm um papel fundamental na

optimização do projecto e arquitectura da rede dos serviços auxiliares.

Neste estudo propõe-se uma abordagem simplificada da optimização técnico-económica,

considerando-se que cada solução/investimento é analisada individualmente e avaliada

pela verificação da seguinte condição:

0 INVESTCR (E. 7)

onde,

EIINVEST CCC (E. 8)

INDISPINDDIR CRRR (E. 9)

CINVEST – Custos associados ao investimento a avaliar;

R – Retorno - Receitas/Benefícios/Lucros provenientes da implementação da

solução associada ao investimento CINVEST;

CI – representa os custos associados ao investimento inicial (Ex: aquisi-

ção/maiores-valias de Equipamentos/Instalações);

CE – representa os sobrecustos associados à exploração (Operação e Manuten-

ção) da solução associada ao investimento CINVEST;

CINDISP – Custos associados à indisponibilidade (Perdas de Exploração) devida

à ausência de um determinado nível de garantia de Disponibilidade da instala-

ção que poderá eventualmente ser garantido pelo investimento em avaliação.

Caso o investimento em análise não interfira com a disponibilidade da instala-

ção, esta parcela deverá ser ignorada;

RDIR – Retorno Directo - Receitas/Benefícios/Lucros directos provenientes da

implementação da solução associada ao investimento CINVEST (Ex: o investi-

mento na melhoria de rendimento de um Transformador resulta numa redução

das perdas de potência na exploração deste equipamento. Conhecido o dia-

grama de carga estimado, o valor do retorno pode ser calculado e anualizado

de forma relativamente simples e directa);

RIND – Retorno Indirecto – Custos evitados pela implementação da solução

associada ao investimento CINVEST.

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Sendo o objectivo deste estudo o estabelecimento de metodologias de projecto e

arquitectura para definição e optimização da rede de serviços auxiliares de uma Central

Termoeléctrica, e dada a complexidade, interdependência e restrições envolvidas, consi-

derou-se necessário dividir este estudo em 5 etapas distintas embora não

independentes:

Hierarquização dos Critérios

Níveis de tensão

Transformadores

Níveis de curto-circuito

Distribuição de cargas

6.1 Hierarquização dos Critérios

O primeiro passo para o desenvolvimento da arquitectura óptima é a hierarquização dos

Critérios de acordo com as necessidades do projecto em questão.

Cada projecto é um caso único, com particularidades e requisitos próprios, condicionado

por diversas restrições.

De entre os três Critérios considerados neste estudo, o que toma maior relevância num

projecto deste tipo é sem dúvida o Critério “Fiabilidade”.

A importância deste Critério é consequência da necessidade de garantia de “Continuidade

de Serviço” na exploração destas Centrais, conseguida essencialmente através de redun-

dância de equipamentos, redundância de fontes de alimentação e rigorosos protocolos de

operação, temas abordados anteriormente (vide Cap.3).

O Critério “Operacionalidade” representa a harmonização entre a “performance” da

exploração da Central e factores como a Segurança e a Filosofia de Exploração da insta-

lação.

Pretende-se conceber um sistema de exploração simples, segura e que rentabilize ao

máximo os recursos da instalação.

O Critério “Custos Económicos” está relacionado quer com o investimento inicial neces-

sário, quer com os custos de exploração e manutenção. Representa assim o único Crité-

rio cuja optimização é conseguida pela minimização do seu valor.

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Assim, de uma forma simplificada, pode-se representar o objectivo da optimização pre-

tendida em função dos 3 Critérios da seguinte forma:

6.1.1.Interdependência entre Critérios

A complexidade do processo de optimização da arquitectura da rede dos serviços

auxiliares é, além dos condicionalismos técnicos, derivada da interdependência

existente entre os Critérios.

Se por um lado o Critério “Fiabilidade” visa garantir a continuidade de serviço da

Central e consequentemente evitar perdas de exploração contribuindo para o

reforço do Critério “Custos Económicos”, por outro, ao consegui-lo através de

redundância de equipamentos e formas de os alimentar, representa uma maior

complexidade do sistema e um avultado incremento no investimento inicial bem

como uma quase duplicação nos custos de manutenção da Central contribuindo de

forma negativa quer para o Critério “Custos Económicos” quer para o Critério

“Operacionalidade”.

Surge assim uma incerteza quanto ao “saldo” custo/benefício da “Fiabilidade”.

Neste tipo de situações é necessário avaliar cada investimento, comparando o custo

directo dos equipamentos necessários à melhoria de Fiabilidade e o custo associado

à sua operação e manutenção, e compará-lo com o custo da indisponibilidade de

serviço (caso não existissem).

Entre os 3 Critérios é possível identificar outras interdependências como se

demonstra no exemplo seguinte.

- Fiabilidade

- Operacionalidade

- Custos Económicos

Retorno Fiabilidade

(perdas evitadas)

Custos de Investimento e Manutenção

Operacionalidade e custos de Operação

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A instalação de encravamentos além de garantir a segurança dos técnicos que ope-

ram o sistema, incrementa o Critério “Fiabilidade” protegendo os equipamentos de

manobras que possam danificá-los ou mesmo destruí-los.

A instalação destes dispositivos, em especial os mecânicos através de fechadura,

comprometem o Critério “Operacionalidade” tornando mais complexa a operação do

sistema.

Torna-se evidente assim que, para um correcto estudo técnico-económico de cada

solução/proposta de optimização, é necessário identificar, avaliar e caracterizar as

interdependências entre os três Critérios suscitadas pela nova solução.

Esta interdependência entre Critérios pode ser considerada como uma restrição que

condiciona o projecto da rede dos serviços auxiliares em estudo.

6.1.2.Hierarquização

Até aqui considerou-se a Continuidade de Serviço como o mais relevante dos

valores a considerar na exploração de uma instalação desta natureza. Existem no

entanto outros valores importantes, dos quais se destacam a Segurança, o

Rendimento, a Facilidade de operação e a Redução de custos.

Dependendo do ponto da rede considerado, estes valores podem assumir

relevâncias diferentes, facto que torna a hierarquização dos Critérios num processo

que não pode ser considerado inflexível.

A hierarquia adequada num dado ponto da rede pode ser assim determinada pela

graduação dos valores considerados por ordem de relevância nesse ponto.

EXEMPLO:

Considere-se um dado ponto da rede de Serviços Auxiliares onde se encontram

inseridos alguns dos serviços essenciais da central associados ao processo de

geração.

Neste ponto da instalação, a graduação de valores deverá ter como protagonista a

garantia de continuidade de serviço por se tratar de serviços essenciais à

exploração da Central.

De seguida virão os valores associados à performance dos serviços como são o seu

desempenho e rendimento.

Segurança

Retorno Fiabilidade (perdas evitadas)

Custos de Investimento e Manutenção

Operacionalidade e custos de Operação

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Só por fim deverão ser considerados os valores associados à facilidade de operação

do sistema e à redução de custos associados a estes.

A Segurança, como em qualquer outro ponto da instalação, deve ser considerada

acima de todos os restantes valores.

A graduação dos valores a considerar para os serviços essenciais da Central pode

assim ser ilustrada conforme apresentado na Figura 10.

Figura 10 – Exemplo de graduação de valores para o Projecto

Graduados os valores, a Hierarquização dos Critérios a considerar para este ponto do

sistema é estabelecida facilmente por correspondência dos valores graduados com os

critérios que os garantem.

Assim, a hierarquização neste caso particular será a apresentada na Figura 11.

Figura 11 – Exemplo de Hierarquização dos Critérios

Embora a maior parte dos serviços auxiliares se rejam pela hierarquia exposta neste

exemplo, podem existir pontos da Instalação em que a Fiabilidade pode não ser consi-

derada preponderante sobre a Operacionalidade e/ou sobre os Critérios Económicos (ilu-

minação normal, climatização, etc.). Trata-se de serviços não essenciais à exploração da

Central, pelo que a Continuidade de serviço não assume a relevância de outros casos.

FIABILIDADE

OPERABILIDADE

CUSTOS ECONÓMICOS

SEGURANÇA

CONTINUIDADE

DE SERVIÇO

DESEMPENHO E RENDIMENTO

SIMPLICIDADE DO SISTEMA

REDUÇÃO DE CUSTOS

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A optimização da arquitectura nestes casos pode passar pelo sacrifício da Fiabilidade e

benefício do Critério Custos Económicos.

Note-se porém que, de uma forma geral, estes serviços são garantidos por equipamentos

que pouca relevância têm em termos de “Custos Económicos” quando comparados com

os restantes equipamentos da rede, podendo a optimização deste Critério tornar-se

pouco relevante quando analisada em termos da globalidade da instalação.

6.2 Níveis de tensão

A definição dos níveis de tensão, não pode ser analisada independentemente de outros

temas como a distribuição de cargas e a análise das correntes de curto-circuito tratados

mais à frente neste estudo. Neste capítulo pretende-se identificar e caracterizar as

principais restrições à sua definição bem como identificar as suas relações com alguns

elementos do projecto.

Numa primeira abordagem, as principais restrições a considerar na definição dos níveis

de tensão a adoptar para um dado projecto são:

As normas e standards que condicionam a disponibilidade de equipamentos

tais como disjuntores, seccionadores, transformadores, etc. bem como a dis-

ponibilidade de equipamentos/consumidores afectos aos serviços auxiliares.

Esta restrição afecta todos os níveis de tensão, desde a tensão da Rede a

montante dos grupos geradores como a tensão de geração, tensão de

alimentação dos serviços auxiliares (MT e BT).

Critérios de Segurança.

As tensões impostas, nomeadamente:

A tensão da Rede - no ponto de interligação da Central – a interligação a

uma rede (ou redes) já existente condiciona o projecto obrigando-o a

considerar o nível de tensão daquela rede naquele ponto da instalação;

A tensão de geração – imposta pelos grupos geradores nos respectivos

barramentos de geração. A tensão de geração depende da definição das

características dos grupos (exterior aos Serviços Auxiliares e por isso fora

do âmbito deste estudo) encontrando-se limitadas às normas e standards

(entre 690V e 15kV tipicamente). Este nível de tensão pode

eventualmente ser coincidente com o de alimentação de alguns serviços

auxiliares

A baixa-tensão – 400V/230V – necessária em qualquer instalação deste

tipo para alimentar cargas de potência modesta;

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A primeira restrição identificada assenta sobre a norma IEC60038 que

define os níveis de tensão normalizados, para os quais existem

equipamentos de fabrico standard.

Níveis de Tensão – Norma IEC 60038

Tabela I-2 Serie I ou II (50 Hz ou 60Hz)

Tabela I-3 Serie I ou II (50 Hz ou 60 Hz)

Tabela II – Níveis de tensão normalizados [IEC 60038]

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Após identificadas as principais restrições impostas à definição dos níveis de tensão do

projecto, importa determinar quais e quantos os níveis de tensão a considerar.

À partida, deverão ser considerados um mínimo de quatro níveis de tensão alternada,

conforme se pode observar na Figura 12:

Tensão da Rede – aos terminais do ponto de ligação à Rede

Tensão de Geração – aos terminais do barramento de geração

Tensão de alimentação dos Serviços Auxiliares

MT – eventualmente mais de um nível

BT - Corrente Alternada (necessariamente 400V/230V e eventualmente

690V/400V (motores BT))

A definição dos níveis de tensão é conseguida através:

da classificação das correntes de cada equipamento e a determinação dos

níveis de defeito da instalação25;

da análise das características, custo económico e capacidades dos

equipamentos disponíveis26.

Assim, a determinação da quantidade e do valor dos níveis de tensão a considerar em

cada projecto recorre ao cálculo e análise de alguns parâmetros, tais como:

Corrente nominal e de arranque das cargas;

Níveis de curto-circuito admissíveis;

Quedas de tensão admissíveis.

grandezas intimamente relacionadas com a potência das cargas a alimentar e a distância

ao gerador/fonte de alimentação.

A elevada potência de alguns consumidores dos serviços auxiliares, nomeadamente

motores de dimensão considerável, apresentam correntes de arranque elevadas (con-

forme evidenciado na tabela IX do Anexo II).

Conforme será abordado mais à frente neste estudo, uma das formas de reduzir o

impacto destas elevadas correntes (níveis de curto-circuito e quedas de tensão durante o

arranque) é a colocação destes grandes motores em níveis de tensão superiores.

Assim, os consumidores de elevada potência, tipicamente motores, tanto quanto a dispo-

nibilidade de equipamentos o permita, são colocados em barramentos de tensões mais

elevadas deixando para os barramentos de baixa tensão as cargas de menor consumo.

25 Ref.Bibliográfica #3 – Pag. 207 [Introduction] 26

Ref.Bibliográfica #9 – Pag. 49 [Nominal System Voltage]

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Figura 12 – Exemplo – Níveis de Tensão – Rede Serviços Auxiliares

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Por outro lado, as perturbações associadas à operação dos motores de maior potência

(nomeadamente quedas de tensão durante o arranque) tornam conveniente o agrupa-

mento e divisão criteriosa por barramentos com níveis distintos de corrente de curto-cir-

cuito (tema abordado mais á frente neste estudo).

Esta distribuição de cargas criteriosa poderia conduzir à criação de um número elevado

de barramentos para conseguir uma adequação plena das cargas aos respectivos barra-

mentos.

Contudo, a criação de barramentos adicionais, embora tecnicamente tentador, é opera-

cionalmente desaconselhável. Se por um lado a criação de múltiplos níveis de tensão

permite uma melhor adequação às necessidades e comportamento das cargas, por outro

obriga à instalação de mais equipamento de corte e seccionamento, mais barramentos,

transformadores, etc. sendo que, para manter a fiabilidade do sistema, todos eles

deverão ser instalados em duplicado - Redundância.

Esta política conduz a um sistema de múltiplos níveis de tensão, com uma estrutura

complexa do ponto de vista operacional e com inevitáveis custos económicos associados

à proliferação de níveis distintos de tensão.

A decisão de criar um novo nível de tensão deverá ser estudada não só do ponto de vista

técnico, mas também do ponto de vista operacional e económico.

Se do ponto de vista técnico a tendência seria proceder à criação de múltiplos níveis de

tensão, do ponto de vista meramente económico a tendência é não só reduzir ao mínimo

o número de níveis distintos mas também fixar os níveis de tensão utilizados no valor

mais baixo possível.

Esta tendência é resultado da relação directa que existe entre os custos dos

equipamentos e o seu nível de tensão nominal.

Na Tabela III encontra-se esquematicamente evidenciada a tendência do custo dos prin-

cipais equipamentos da rede com a variação do nível de tensão nominal.

Ajuste óptimo dos níveis de tensão

Custos de Investimento e Manutenção

Operacionalidade e custos de Operação

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Nível de

Tensão

[kV]

CUSTO DOS EQUIPAMENTOS

Transf. Disj. Secc. Barramentos Quadros MT

-Variação Crescente -Variação Decrescente

Tabela III - Variação do custo dos principais equipamentos x nível de tensão

Esta tabela resume simplificadamente as relações estudadas de forma mais

pormenorizada no Cap.1, evidenciando a tendência crescente generalizada do custo de

todos os equipamentos com o aumento da sua tensão nominal, devendo-se este

comportamento essencialmente à necessidade de um maior nível de isolamento à medida

que a tensão a suportar se torna cada vez maior.

A determinação dos níveis de tensão encontra-se assim sujeita a um balanço que deverá

ser satisfeito sem nunca comprometer as restrições técnicas, as exigências operacionais

nem os limites económicos. Esquematicamente:

Figura 13 – Definição dos Níveis de Tensão – Diferentes abordagens

É na abordagem técnica que surge a maior complexidade em termos de projecto.

Uma vez que a análise da distribuição de cargas e a sua correlação com os níveis de

tensão e curto-circuito será abordada mais à frente neste estudo, deixa-se para já em

aberto este tipo de estudos sem os quais a definição dos níveis de tensão não pode ser

Reduzir Complexidade

do Sistema

Criar múltiplos níveis

de Tensão

Reduzir o

valor dos níveis de

Tensão Reduzir

número de

níveis de

Tensão

Abordagem Técnica

Abordagem Operacional

Abordagem Económica

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considerada como totalmente estudada.

Pode-se no entanto afirmar, a título de conclusão, que a definição dos níveis de tensão

presentes na rede de serviços auxiliares de uma Central Termoeléctrica são afectados de

forma relevante pelos seguintes factores27:

Dimensão e tipo das cargas;

Distâncias entre equipamentos (para o trânsito de potência);

Futuro crescimento da carga (Expansibilidade);

Disponibilidade de equipamento para os níveis de defeito preconizados

(Normas e Standards aplicáveis);

Possibilidade de Regulação de Tensão (vide Cap.6.4 - Transformadores);

Custo dos equipamentos (aquisição, exploração e manutenção) dos

equipamentos.

Além destes factores há que considerar ainda os critérios de segurança aplicáveis a cada

situação e todos os estudos técnicos que foram excluídos da análise realizada neste

capítulo, tais como a análise das correntes de curto-circuito e distribuição de cargas e

transformadores.

No que concerne aos “Custos Económicos” é possível desde já identificar a existência de

uma proporcionalidade directa relativamente ao:

Número de níveis de tensão utilizado - derivada da necessidade de emprego

de mais equipamento (órgão de corte e seccionamento e transformadores);

Valor do nível de tensão utilizado - resultante do aumento de custo dos

equipamentos de tensões superiores;

Complexidade e consequente redução da “Operacionalidade” do Sistema.

Por outro lado, podemos afirmar que o emprego de níveis de tensão elevados torna-se

necessário quando se pretende, entre outras razões:

Reduzir níveis de curto-circuito;

Reduzir as perdas de potência no trânsito de energia.

A arquitectura óptima apresenta o menor número possível de níveis de tensão que

garanta níveis de curto-circuito, perdas e quedas de tensão admissíveis.

Conforme exposto atrás, considera-se como mínimo a existência de quatro níveis de

tensão: Tensão da Rede, Tensão de geração, Tensão de alimentação de Auxiliares MT e

Baixa Tensão.

27

Ref.Bibliográfica #9 – Pag. 49 [Nominal System Voltage]

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A Figura 14 ilustra uma proposta de metodologia simplificada para a determinação dos

níveis de tensão, que resulta da análise levada a cabo neste Capitulo.

Figura 14 - Determinação Níveis de tensão - Metodologia simplificada

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6.3 Níveis de Curto-circuito

As redes de Serviços Auxiliares das Centrais Térmicas apresentam valores de correntes

de curto-circuito extremamente elevadas.

Este fenómeno, conforme foi já referido, resulta da presença de numerosas cargas indu-

tivas (motores de elevada potência) bem como da proximidade extrema aos grupos

geradores.

Conforme foi também já evidenciado neste estudo, a importância da definição dos níveis

de curto-circuito é de extrema relevância na definição dos equipamentos que integram a

rede dada a sua relação com os níveis de “robustez” exigidos e, consequentemente, com

o seu custo económico.

De forma a evidenciar esta relação e identificar a forma como este fenómeno influencia o

dimensionamento dos equipamentos, distinguem-se três valores distintos associados à

corrente gerada por um defeito:

Valor da corrente de pico I’’k – 0,01s – corresponde ao valor eficaz da com-

ponente alternada simétrica da corrente de curto-circuito. Associada a:

Poderes de fecho de disjuntores;

Robustez electromecânica dos equipamentos, barramentos e isoladores.

Valor Sub-transitório da corrente Ib – 0,05s – corresponde ao desvaneci-

mento do regime sub-transitório dos geradores e atenuação significativa da

contribuição da força electromotriz. Trata-se do valor eficaz da componente

alternada simétrica da corrente de curto-circuito no movimento de separação

dos contactos do aparelho de corte. Associada a:

Poderes de corte de disjuntores.

Valor da corrente de limite térmico Ik – 0,5s – corresponde ao desvaneci-

mento da contribuição da força electromotriz. Trata-se do valor eficaz da cor-

rente de curto-circuito que subsiste quando a corrente de curto-circuito é

amortecida. Associada a:

Capacidade térmica dos equipamentos – permite achar o tempo máximo

de permanência de defeito do ponto de vista dos efeitos térmicos sobre os

equipamentos para parametrização das protecções eléctricas.

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Em termos de estudo das correntes de curto-circuito importa ainda referir a componente

contínua IDC de amplitude inicial A decrescente para zero.

Para o cálculo da corrente de curto-circuito num dado ponto da rede dos serviços auxi-

liares consideram-se anuladas todas as tensões internas das máquinas síncronas e assín-

cronas e aplicada nesse ponto uma fonte de tensão equivalente, em que “c” é

dado pela Tabela IV:

Factor de Tensão “c” para o cálculo de:

Tensão Nominal Corrente de Curto-circuito Máxima Corrente de Curto-circuito Mínima

CEI 38-Quadro I

230V/400V

Outras tensões BT

1,00

1,05

0,95

1,00

CEI 38-Quadro III

>1kV a 35kV 1,10 1,00

CEI 38-Quadro IV

>35kV a 230kV 1,10 1,00

Tabela IV – Factores de tensão para o cálculo de correntes de curto-circuito

Conforme foi já referido e evidenciado no Cap.1, o valor da corrente de curto-circuito a

suportar pelos equipamentos é um parâmetro capaz de agravar significativamente o seu

custo.

Torna-se assim economicamente conveniente reduzir o valor deste parâmetro.

Existem diversas formas de limitar as correntes de curto-circuito nas redes MT dos servi-

ços auxiliares, das quais se destacam:

Aumento da tensão de curto-circuito dos Transformadores de Serviços Auxilia-

res (vide Cap.6.4.3);

Instalação de bobinas limitadoras de corrente de curto-circuito;

Instalação de limitadores-fusíveis na saída dos Transformadores de Serviços

Auxiliares.

Se economicamente a redução dos níveis de curto-circuito na rede dos serviços auxiliares

se apresenta como uma solução vantajosa, tecnicamente existem limitações dado o seu

impacto noutros parâmetros, nomeadamente nas quedas de tensão admissíveis, tema

que será abordado oportunamente neste estudo.

Da mesma forma que os níveis de tensão, os níveis de curto-circuito normalizados repre-

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51/87

sentam uma séria restrição ao projecto deste tipo de redes, uma vez que os equipa-

mentos de fabrico standard se encontram disponíveis apenas para esta gama de valores.

Na Tabela V estão apresentados os níveis de curto-circuito característicos dos equipa-

mentos de fabrico standard para diferentes níveis de tensão segundo a norma

[IEC60038].

I’’k [kA]

12.5kA 16kA 20kA 25kA 31.5kA 40kA 50kA 63kA 80kA 100kA

Tabela V – Níveis de curto-circuito segundo a norma IEC 60038

Sem pretender detalhar excessivamente o estudo das correntes de curto-circuito,

apresentam-se, na Tabela VI as fórmulas de cálculo das principais impedâncias

necessárias para a determinação da corrente de curto-circuito em cada ponto da rede de

serviços auxiliares de uma Central Termoeléctrica.

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Expressões de cálculo de algumas impedâncias relevantes: Aproximações

Serv.Aux. alimentados directamente do

barramento de geração sem transformador

dGG

GGGK

jXRK

ZKZ

"

rGdrG

n

Gsenx

C

U

UK

."1

max

RG=0,05X”d p/alternadores com UrG>1kV e SrG>=100MVA

RG=0,07X”d p/alternadores com UrG>1kV e SrG<100MVA

RG=0,15X”d p/alternadores com UrG<1kV

Impedância directa e homopolar dos geradores síncronos

consideram-se iguais a ZGK=KG.ZG

Grupo

alternador-transf.

Entre alternador e

Transformador THVGrPSUPSU ZZtKZ 2

rGTdTHVr

rTLV

rG

nQ

rGTdr

f

PSUsenXx

c

U

U

U

U

senXx

c

t

tK

"1"1

max

2

2

2

2

max

2

Barramento consumi-

dores TLVTPSUTPSU

GGPSUGPSU

ZKZ

ZKZ

rGd

GPSUsenx

CK

."1

max

maxCKTPSU

Motores Assíncronos (2)

rM

rM

rM

LRrM

rM

rM

LR

MS

U

III

U

II

Z

21

3

1

Motores AT com PrM por par de pólos >=1MW

RM/XM=0,10 com XM=0,995.ZM

Motores AT com PrM por par de pólos <1MW

RM/XM=0,15 com XM=0,989.ZM

Grupos de Motores BT ligados por cabos

RM/XM=0,42 com XM=0,922.ZM

Motores de Conversores Estáticos (2) ILR/IrM=3

RM/XM=0,10 com XM=0,995.ZM

Contribuem para I”k e para a corrente de crista Ip mas não

para Ib

Transf. de Potência

rT

rTkrT

S

UUZ

2

%100

2

2

2

2

.3%100rT

rTkrT

rT

krT

rT

rTRrT

S

UP

I

P

S

UuR

22

TT RZXT

Motor equivalente: grupos de motores BT

incluindo os cabos, ligados ao mesmo jogo

de barras (1) rM

rM

rM

LR

MI

U

II

Z

3

1

IrM=soma das correntes estipuladas de todos os motores

ILR/IrM=5

RM/XM=0,42

M = 0,05MW (se o valor for desconhecido)

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53/87

Legenda

cmax – factor de tensão

IrM < corrente estipulada do motor

IrT – corrente estipulada do transformador, lado AT ou BT

ILR/IrM – relação entre a corrente com o motor bloqueado e a corrente estipu-

lada do motor

PrM – potência activa estipuladado motor

PkrT – perdas totais dos enrolamentos do transformador á corrente estipulada

RG – resistência do alternador

SrG – potência estipulada do gerador

SrT – potência estipulada do transformador

SrM – potência aparente estipulada do motor SrM=PrM/(r.cosr)

Tr – relação de transformação estipulada correspondente á posição principal

das tomadas do Tr. – tr=UrTHV/UrTLV

Un – tensão nominal da rede

UrG – Tensão estipulada do alternador

UrT – tensão estipulada do transformador, lado AT ou BT

UnQ – tensão nominal da rede no ponto Q de conexão com o grupo G-T

UrTLV – tensão estipulada para a BT para a posição principal do Tr.

UrTHV – tensão estipulada para a AT para a posuição principal do Tr.

UrM – tensão estipulada do motor

Ukr – tensão de curto-circuito estipulada

Urr – tensão resistiva estipulada em %

X”d – reactância sub-transitoria do alternador (em fase)

x"d – reactância sub-transitória do alternador reportada à sua impedância estipulada

x"d=X”d/ZrG… ZrG=UrG2/SrG

XT – reactância do transformador

xT – reactância do transformador de grupo, reportada à sua impedância estipulada

xT=XT/ZrT… ZrT=UrT2/SrT

ZGK – impedância corrigida do alternador

ZG – impedância do alternador ZG=RG+jX”d

ZT – impedância corrigida do transformador de grupo

ZPSU –impedância corrigida do grupo gerador – transf. reportado ao lado AT

ZGPSU – impedância corrigida do alternador

ZTHV – impedância do transformador de grupo reportada ao lado AT

ZTLV – impedância do transformador reportada ao lado BT

rG – ângulo de fase entre IrG e UrG

r – rendimento do motor

Tabela VI – Formulas de Cálculo – Impedâncias

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6.4 Transformadores

A instalação dos Serviços auxiliares numa Central Termoeléctrica caracteriza-se pela pre-

sença de um número considerável de Transformadores.

A quantidade de Transformadores empregue neste tipo de projecto resulta da combina-

ção da necessidade de alimentação de cargas com níveis diferentes de tensão e da

redundância, que exige a existência de múltiplos barramentos e respectivas alimentações

distintas.

Conforme foi já abordado neste estudo, estes equipamentos têm um impacto

significativo, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista da rede. O

dimensionamento e especificação do transformador a usar em cada ponto da rede bem

com a avaliação do seu impacto na rede em que se insere merece especial atenção.

6.4.1.Impacto na instalação

Sendo a sua principal função a transferência de potência entre barramentos com

níveis de tensão diferentes, os transformadores quando inseridos numa rede como

a dos serviços auxiliares de uma Central Termoeléctrica permitem ainda controlar e

definir algumas grandezas e regimes de funcionamneto, nomeadamente:

Limitação das correntes de curto-circuito – A introdução da impedância

do próprio transformador no ponto da rede onde é instalado permite limitar a

corrente de defeito a jusante. Esta limitação pode eventualmente permitir

dispensar o emprego de outros métodos de limitação de correntes de curto-

circuito conseguindo com isso uma mais-valia do ponto de vista técnico-

económico. O custo evitado com a instalação de outros equipamentos para

este fim deverá ser considerado como na parcela RINDIR (Retorno Indirecto) na

avaliação técnico-económica do instalação do transformador;

Regulação de tensão – Comummente os transformadores permitem, através

de um comutador de tomadas, regular a relação de transformação entre o

enrolamento primário e secundário. Dependendo do tipo de regulador

instalado, esta regulação pode ser realizada em carga ou apenas em vazio.

Este tipo de dispositivo é tipicamente instalado no enrolamento primário

controlando a tensão no enrolamento secundário;

Definição do regime de neutro – Através do grupo de ligações do

transformador e modo de ligação do neutro à terra (isolado, impedante ou

directo). A escolha dos grupos de ligações está também relacionada com

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regimes equilibrados/desequilibrados, eliminação de harmónicas e eliminação

de componentes homopolares (vide 6.4.6).

6.4.2.Dimensionamento da Potência Nominal

A flexibilidade e dinâmica próprias da topologia deste tipo de redes conduzem à

necessidade de que (numa contingência) cada transformador de serviços auxiliares

tenha capacidade de alimentar todos os serviços (consumidores) que possam ser

comutados para jusante dele.

Deste facto resulta um necessário sobredimensionamento da potência nominal

destes equipamentos. Consequentemente, em condições normais de exploração, os

transformadores de Serviços Auxiliares funcionam num regime que não se

aproxima da sua potência nominal.

Conforme analisado anteriormente, o custo destes equipamentos é bastante

sensível ao aumento da potência nominal pelo que este tipo de

sobredimensionamento acarreta sobrecustos importantes no custo inicial do

equipamento.

Além do aumento do custo de investimento inicial, este sobredimensionamento

acarreta ainda uma penalização relevante a ter em conta na avaliação técnica e

económica. Esta penalização resulta do facto do rendimento da máquina ser

comprometido motivado pela exploração longe do seu regime nominal, tema que

será apresentado mais à frente neste estudo (ponto 6.4.5).

O dimensionamento da potência nominal dos transformadores deve assim ser

analisado técnico-economicamente de forma a satisfazer a relação ( )

devendo ser considerada, a título de “Retorno” uma significativa quota-parte de

“Custos de Indisponibilidade” (CINDISP) que são eliminados pela existência de

alternativa na alimentação dos barramentos a jusante. A título de “Custos de

investimento” não só deve ser considerado o valor de aquisição, manutenção e

operação do equipamento mas também as perdas resultantes do decréscimo de

rendimento motivado pela exploração afastada do regime nominal. A valorização

destas perdas poderá ser contabilizada como um Retorno Indirecto negativo (-RIND)

De salientar que, do ponto de vista técnico-económico, a análise dos

transformadores não pode ser realizada de forma dissociada do investimento em

órgãos de corte e seccionamento indispensáveis à sua exploração.

Ainda acerca do sobredimensionamento da potência nominal dos transformadores

importa referir que além dos motivos associados à garantia de alimentação de

cargas normalmente alimentadas por outros barramentos importa considerar uma

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eventual expansão dos serviços auxiliares a jusante (vide Cap.4).

6.4.3.Tensão de Curto-Circuito

A definição do parâmetro tensão de curto-circuito é de extrema relevância para o

dimensionamento dos transformadores de serviços auxiliares.

É através da definição deste parâmetro que se determina a impedância de curto-

circuito do equipamento, relevante para a limitação de corrente de curto-circuito

(vide 6.4.1.Impacto na instalação) e se estabelecem as quedas de tensão a

considerar.

A tensão nominal de curto-circuito UkN (tensão à frequência nominal que deve ser

aplicada no primário para que no secundário fechado em curto-circuito passe a cor-

rente nominal IN) pode ser calculada por28:

kNNk ZIU 3 (E. 10) %100N

kN

NkU

Uu (E. 11)

A tensão de curto-circuito não é uma grandeza estática, sendo proporcional à carga

do transformador.

Deve por isso ser tido em conta o regime de carga em que o equipamento será

explorado (em condições normais)29:

N

kN

N

kNkS

Su

I

Iuu (E. 12)

Desprezando a impedância da rede a montante, a corrente de curto-circuito

trifásico simétrica pode ser determinada em função da tensão de curto-circuito pela

expressão30:

%100" k

Nk

u

II (E. 13)

6.4.4.Corrente de Curto-Circuito

Um dos impactos dos transformadores na rede dos serviços auxiliares, conforme foi

já referido, é a limitação da corrente de curto-circuito a jusante da máquina,

resultante da impedância do próprio transformador.

Sendo o estabelecimento dos níveis de curto-circuito um tema importante neste

tipo de redes, a limitação deste parâmetro pode ser conseguida assim através do

criterioso dimensionamento dos transformadores de forma a garantir níveis de

curto-circuito apropriados a cada barramento conseguindo eventualmente evitar a

28 Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 Pag.5/6 [Transformadores de Potência – 2.1 Tensão de Curto-Circuito] 29 Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 Pag.6 [Transformadores de Potência – 2.1 Tensão de Curto-Circuito] 30

Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 Pag.7 [Transformadores de Potência – 2.2 Corrente de Curto-Circuito]

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instalação de outros equipamentos para este efeito.

Determinada a potência necessária e especificada a tensão de curto-circuito do

transformador, a impedância directa do transformador pode ser obtida a partir dos

valores estipulados ZT = RT+ j.XT 31.

rT

rTkr

TS

UUZ

2

%100 (E. 14)

2

2

2

2

.3%100rT

rTkrT

rT

krT

rT

rTRrT

S

UP

I

P

S

UuR

(E. 15)

22

TT RZXT (E. 16)

Onde,

UrT – Tensão estipulada do transformador, lado AT ou BT

IrT – corrente estipulada do transformador, lado AT ou BT

SrT – potência aparente estipulada do transformador

PkrT – perdas totais dos enrolamentos à corrente estipulada

Ukr – tensão de curto-circuito estipulada em %

URr – tensão resistiva estipulada em %

Note-se que para grandes transformadores a resistência é tão pequena que, nos

cálculos da amplitude das correntes de curto-circuito, a impedância pode ser

assimilada à reactância, tornando-se relevante quando se pretende calcular a

corrente de crista Ip ou a componente aperiódica IDC32.

6.4.5.Perdas e Rendimento do Transformador

Relevantes do ponto de vista económico, as perdas no transformador podem ser,

em qualquer regime de carga, dadas por:

kV PaPP 2

0 (E. 17)

NS

Sa (E. 18)

onde P0 e Pk representam as perdas em vazio e de curto-circuito respectivamente.

As perdas em vazio compreendem as perdas por histerese, as perdas por corrente

de Foucault no ferro e as perdas no dieléctrico, todas elas independentes da

carga33.

As perdas de curto-circuito compreendem as perdas no cobre dos enrolamentos e

as perdas adicionais, variáveis com o quadrado da corrente de carga34.

31 Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 [Transformadores de Potência – Impedância Transformador] 32 Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 [Transformadores de Potência – Impedância Transformador] 33 Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 [Transformadores de Potência – Perdas Transformador] 34

Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 [Transformadores de Potência – Perdas Transformador]

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Conforme abordado em 6.4.2, o sobredimensionamento da potência nominal do

transformador tem aqui um impacto relevante nas perdas do mesmo, devendo

assim ser um factor a considerar no estudo técnico-económico.

O rendimento do transformador pode ser assim determinado para qualquer carga

com exactidão suficiente pela expressão35:

%100cos 0

2

0

PSa

PaP

N

k

(E. 19)

6.4.6.Grupo de Ligações e Regime de Neutro

Sendo o estabelecimento dos grupos de ligações dos transformadores e

determinação do regime de neutro a utilizar em cada ponto da rede um assunto

marginal a este estudo (embora relevante), apresentam-se algumas notas sobre o

assunto.

A escolha do regime de neutro é realizada consoante o ponto da rede dos serviços

auxiliares.

O regime de neutro é definido pela ligação (ou não – regime de neutro isolado) do

neutro dos Transformadores (e/ou) geradores à terra (directamente – regime de

neutro à terra - ou através de uma impedância – reactância e/ou resistência –

regime de neutro impedante).

Como restrições ao projecto apresenta-se apenas o regime de neutro da rede

(ponto de interligação).

O regime imposto pela rede (pela entidade que a explora) deverá ser seguido pelo

painel de chegada de linha da instalação. Desta forma o(s) transformador(es) de

interligação terá(ão) o grupo de ligações e ligação do neutro do enrolamento

primário (caso exista) de acordo com a rede a montante.

Em arquitecturas em que os auxiliares são alimentados directamente do

barramento de geração (sem transformador) o seu regime é geralmente

impedante, imposto pelas reactâncias/resistências de neutro do gerador.

No caso dos auxiliares alimentados através de um transformador, existe alguma

liberdade de escolha para o regime de neutro a implementar.

35

Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 [Transformadores de Potência – Rendimento Transformador]

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Nestes casos há que pesar as vantagens apresentadas pelo regime de neutro

isolado, associadas à garantia de continuidade de serviço (numa rede que já

apresenta redundância em termos de arquitectura) versus as características de um

regime de neutro impedante que além de limitar a corrente de defeito, simplifica a

detecção e eliminação selectiva deste tipo de defeito.

No caso particular dos serviços auxiliares de iluminação e tomadas é utilizado o

regime directo à terra por razões que se prendem quer com a simplicidade do sis-

tema, quer com a segurança de pessoas.

O regime de neutro é assim determinado para cada ponto da instalação de acordo

com as particularidades dos seus consumidores.

A título de conclusão e não pretendendo definir um procedimento inflexível para a

determinação do regime a adoptar, apresenta-se na tabela VII alguns critérios que

resultam das notas acima apresentadas:

Regime

Neutro Obs.

Interligação - Imposto pela rede

Gerador(es)

Neutro

impedante

Importa detectar

defeitos à terra / pro-

tecção dos gerador(es)

Serviços Auxiliares alimentados

directamente do barramento de geração

Serviços Auxiliares alimentados através

de Transformador

Neutro

isolado

Importa garantir a

continuidade de serviço

Serviços Auxiliares BT

iluminação e tomadas Neutro à terra

Importa garantir a

segurança de pessoas

Tabela VII – Proposta de critérios para estabelecimento de regimes de neutro

De uma forma simplificada, é possível representar esta proposta de metodologia

para estabelecimento de regimes de neutro para os diversos pontos da rede dos

serviços auxiliares conforme ilustrado na Figura 15.

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Figura 15 – Proposta de metodologia para estabelecimento de regimes de neutro

6.4.7.Transformadores de 3 ou mais enrolamentos

O emprego de transformadores de 3 enrolamentos é por vezes considerado neste

tipo de instalações. O emprego de tal solução apresenta algumas vantagens e

desvantagens. Destacam-se neste estudo as seguintes:

Vantagens

Redução dos Custos de investimento CInvest e operação e manutenção CO&M

(quando comparado com a instalação de 2 transformadores);

Introdução de impedância entre os barramentos secundário e terciário –

poderá representar uma maior valia ao limitar as correntes de curto-

circuito entre estes.

Desvantagens

Redundância limitada (devido ao facto de existir um enrolamento primário

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61/87

único capaz de comprometer a alimentação de ambos os enrolamentos

secundário e terciário);

Regulação de tensão complexa. Se realizada no primário não permite

regular as tensões nos enrolamentos secundário e terciário

simultaneamente. Alternativamente podem ser instalados comutadores de

tomadas nos enrolamentos secundário e terciário ou deixando um deles

sem regulação.

No que diz respeito às impedâncias, considerando os três enrolamentos do transfor-

mador A, B e C, é possível determiná-las em função da tensão estipulada do

enrolamento A da seguinte forma36:

)aberto C borne(%100

2

rTAB

rTAkrAB

ABS

UUZ (E. 20)

)aberto B borne(%100

2

rTAC

rTAkrAC

ACS

UUZ (E. 21)

)abertoA borne(%100

2

rTBC

rTAkrBC

ABS

UUZ (E. 22)

Segundo as formulas:

BCACABA ZZZZ (2

1 (E. 23)

)(2

1ACABBCB ZZZZ (E. 24)

)(2

1ABBCACC ZZZZ (E. 25)

Onde,

UrTA – Tensão estipulada

SrTAB – potência aparente estipulada entre os bornes A e B

SrTAC – potência aparente estipulada entre os bornes A e C

SrTBC – potência aparente estipulada entre os bornes B e C

ukrAB – tensão de curto-circuito estipulada entre os bornes A e B em %

ukrAC – tensão de curto-circuito estipulada entre os bornes A e C em %

6.5 Dimensionamento I’’k vs. ΔVAdimissível

A necessidade de manter as quedas de tensão dentro de níveis admissíveis impostas

pelos equipamentos representa uma restrição que se impõe em todos os pontos da rede

dos serviços auxiliares de uma Central Termoeléctrica.

36 Ref.Bibliográfica #6 – I.P17.08 [Transformadores de Potência – Serviço em paralelo – Associação de

Transformadores]

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62/87

O dimensionamento do nível de curto-circuito conforme exposto no capítulo 6.3 está

assim condicionado por esta restrição, tornando-se muitas vezes complexo o ajuste

óptimo destas grandezas.

Tal complexidade torna-se evidente quando se analisa o problema tendo em conta as

seguintes realidades:

Os Serviços Auxiliares da Central estão muito próximos do barramento de

geração, estando assim sujeitos a correntes de curto-circuito muito elevadas;

Os diversos motores de elevada potência presentes neste tipo de Central

contribuem também para elevar o valor de correntes de defeito;

A ocorrência de relevantes quedas de tensão devidas aos arranques (e/ou

acelerações) dos motores de elevada potência, os quais se caracterizam por

correntes de arranque extremamente altas.

Se os dois primeiros pontos nos induzem a limitar a corrente de curto-circuito I’’k

(aumentando a tensão de curto-circuito no transformador a jusante ou recorrendo a

outros equipamentos de limitação de I’’k), já o terceiro ponto sugere que não a devemos

limitar (eventualmente reduzindo o valor da tensão de curto-circuito do transformador a

jusante), de forma a evitar as referidas quedas de tensão.

O desafio reside na identificação de uma gama de valores para a tensão de curto-circuito

Ukr de cada Transformador de Serviços Auxiliares que permita chegar a uma solução de

compromisso.

O equilíbrio deste dimensionamento encontra-se assim no ponto em que a menor

corrente de curto-circuito possível conduz a uma situação em que as quedas de tensão

não ultrapassam os limites admissíveis conforme ilustrado na Figura 15.

Sendo este um tema técnico, note-se que a tensão e corrente de curto-circuito de um

dado ponto da rede são parâmetros de extrema relevância no dimensionamento de

esforços electromecânicos e capacidade térmica de equipamentos, barramentos e

isoladores, bem como no poder de corte e fecho dos órgãos de manobra da rede. Assim,

este é um estudo que deverá também ser encarado do ponto de vista económico dado o

seu possível impacto no custo dos equipamentos envolvidos.

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FIGURA 16– Proposta de metodologia simplificada para estabelecimento de I’’k vs V

Importa relembrar que este dimensionamento está intrinsecamente relacionado com a

escolha dos níveis de tensão (vide Cap. 6.2) bem como a distribuição dos serviços pelos

diferentes barramentos (tema que será tratado com maior detalhe mais à frente neste

estudo) tendo todos estes temas um impacto técnico-económico não desprezável. Desta

forma, a proposta de metodologia acima apresentada deve ser encarada como uma

orientação e não como um método directo de dimensionamento de I’’k o qual deve ter

em conta todos estes factores.

Além dos métodos referidos anteriormente para limitação de I’’k (instalação de bobinas

limitadoras, limitadores fusíveis e dimensionamento criterioso de Ukr dos

transformadores), apresentam-se de seguida algumas alternativas:

6.5.1 Instalação de equipamentos

Instalação de “Arrancadores Suaves” ou “Arrancadores estrela-triângulo” em

motores de elevada potência.

A utilização deste tipo de equipamento permite uma redução drástica no valor das

correntes de arranque dos motores, e consequentemente na corrente de curto-

circuito necessária para evitar quedas de tensão relevantes.

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6.5.2 Exploração

É possível estabelecer protocolos de exploração de forma a minimizar o impacto das

correntes de arranque dos grandes motores na rede de serviços auxiliares.

Uma, relacionada com os protocolos de operação já abordados, consiste na inclusão

de um procedimento adicional no protocolo de arranque de qualquer motor de

potência elevada. Este procedimento consiste na subida de uma* tomada do

comutador de tomadas do transformador imediatamente a montante do barramento

onde se encontra o motor que se pretende arrancar, caso este esteja equipado para

tal. No caso de o transformador não ter possibilidade de regulação de tomadas em

carga, a manobra poderá ser efectuada pelo transformador mais próximo que, a

montante, tenha capacidade para tal. A implementação deste tipo de solução implica

a avaliação do impacto desta alteração na restante rede dos serviços auxiliares.

Em termos económicos, se por um lado esta solução pode ser implementada nos

automatismos do sistema de gestão da Central (não agravando substancialmente os

custos de exploração), por outro é necessário contabilizar os custos de manutenção

associados ao número de manobras suplementares dos reguladores de tomadas.

Outra alternativa, embora menos elaborada, é a regulação das tomadas dos

reguladores de tensão (em vazio ou em carga) dos transformadores associados a

barramentos que alimentam cargas de grande potência capazes de causar quedas de

tensão acentuadas para posições que imponham uma tensão superior à nominal.

Note-se que esta alternativa obriga a que a exploração das cargas a jusante seja

feita com uma tensão superior à nominal em regime permanente sendo por isso

necessário garantir que todos os equipamentos alimentados por este barramento se

encontram preparados para funcionar nestas condições.

6.5.3 Distribuição de cargas

A distribuição de cargas pelos barramentos da rede de serviços auxiliares é um tema

complexo.

Do ponto de vista do dimensionamento de I’’k vs VAdmissível é recomendável que as

cargas dos serviços auxiliares sejam distribuídas pelos diversos barramentos de

forma a separar as cargas de grande potência com correntes de arranque/aceleração

relevantes das cargas mais modestas e sensíveis.

Com esta separação pretende-se “isolar” as cargas problemáticas (capazes de gerar

* ou várias. A definição do número de tomadas a operar dependerá não só do impacto

que o arranque do motor em questão tem na tensão do barramento, mas também da percentagem da tensão nominal que cada tomada representa.

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perturbações gravosas), “imunizando” as cargas de pequena dimensão.

Esta separação passa assim pela criação de barramentos com níveis de curto-

circuitos diferentes, objectivo que pode ser atingido de diversas formas, das quais se

destacam as seguintes propostas:

Alimentação das cargas de potência modesta por transformador

separado com uma tensão de curto-circuito mais elevada, protegendo

estas cargas das perturbações oriundas da rede de cargas de grande

potência. (vide 6.6.2);

Alimentação por transformador com dois secundários, com tensões de

curto-circuito diferentes, impondo correntes de curto-circuito diferentes

a cada barramento;

Introdução de uma bobina limitadora de corrente a montante do

barramento que alimenta as cargas mais sensíveis.

Além do aumento de complexidade da rede, a implementação destas soluções é

penalizada também pelo incremento dos custos económicos envolvidos.

Contudo, os benefícios conseguidos associados à redução dos níveis de curto-circuito

- possibilidade de instalação de equipamentos (Quadros, Disjuntores, etc.)

substancialmente menos onerosos nos barramentos das cargas de potência menos

elevada - deverão ser contabilizados (assumidos como um Retorno Indirecto - RIND)

de forma a realizar uma correcta avaliação técnico-económica do investimento neste

tipo de solução.

Conforme exposto existem diferentes formas de abordar o dimensionamento de I’’k

encontrando o compromisso I’’k vs VAdmissíveis.

Dada a complexidade e dimensão destas redes, importa realçar que deve ser considerada

a possibilidade de implementação de soluções “combinadas” de forma adaptada às

particularidades de cada ponto da rede e sempre que a sua avaliação técnico-económica

o justifique.

6.6 Distribuição de Cargas

A complexidade, topologia dinâmica e extremamente ramificada (vide Cap.2),

particularidades e condicionantes de cada ponto da rede, assim como as especificações e

requisitos próprios de cada consumidor, fazem da distribuição das cargas (consumidores)

pelos diversos barramentos um tema tão complexo quanto relevante.

As cargas, tipicamente identificadas e caracterizadas numa lista de consumidores (vide

exemplo no Anexo II), devem ser criteriosamente agrupadas e distribuídas pelos

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barramentos da rede dos serviços auxiliares pelos motivos apresentados nos capítulos

anteriores dos quais se destacam:

6.6.1 Controlo dos Níveis Tensão e Curto-Circuito

Os serviços auxiliares das Centrais Termoeléctricas apresentam muitos circuitos

com motores de potência elevada. No arranque, estes motores absorvem correntes

que podem atingir seis vezes37 o valor da sua corrente nominal.

Os efeitos derivados destas correntes elevadas são determinantes para a definição

dos equipamentos, os quais deverão ter robustez suficiente para suportar tais

requisitos.

É desta forma conveniente que este tipo de cargas, de carácter fortemente

indutivo e potência elevada estejam (tanto quanto possível) convenientemente

agrupadas e separadas.

A distribuição das cargas na rede dos serviços auxiliares de uma Central assume

portanto um papel relevante não apenas no dimensionamento das correntes

nominais mas também no dimensionamento das correntes de curto-circuito.

Conforme foi já referido no Cap.6.5, quer por redução das perdas por efeito de

Joule, quer por motivos associados à definição da robustez dos equipamentos, é

conveniente reduzir tanto quanto possível a corrente nominal que transita na rede

de serviços auxiliares bem como o nível de curto-circuito de cada ponto da rede.

É assim importante que a distribuição das cargas seja feita de forma criteriosa,

colocando as cargas mais elevadas (que necessitam de uma maior corrente nominal

e de arranque) em barramentos ajustados aos seus requisitos.

A redução da corrente nominal (e nível de curto-circuito) pode ser conseguida pela

instalação destas cargas em barramentos com um nível de tensão superior,

deixando os níveis de tensão mais baixos para as cargas mais “modestas” e

sensíveis.

Note-se que a aplicação deste critério se encontra condicionada às restrições

técnicas identificadas no Cap.6.2 bem como à gama de tensões disponíveis no

mercado para cada equipamento (consumidor) de fabrico standard.

Na Tabela VIII apresenta-se um exemplo de distribuição das cargas dos serviços

auxiliares de uma Central Termoeléctrica pelos vários níveis de tensão:

37

Ref.Bibliográfica #2 – Pag. 148 [Operating Condictions of auxiliary Switchgear - Electrical duty]

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Tensão Cargas Utilização

24kV / 15kV / 12kV Motores de elevada

potência

Ventiladores

Bombas

Compressores

6kV / 3kV Motores de elevada

potência

Ventiladores

Bombas

Compressores

690kV Motores de baixa

potência

Bombas

Compressores

400V QGBTs

Motores de baixa potência, Ilu-

minação, Climatização, Sistemas

de alimentação CC, outros

Tabela VIII – Exemplo de distribuição de cargas pelos diferentes níveis

de tensão

Importa salientar que o custo de equipamentos de tensões mais elevadas é, de

uma forma geral (conforme evidenciado nos Capítulos 1 e 6.2), superior ao custo

de equipamento equivalente alimentado numa tensão inferior, pelo que o balanço

técnico-económico deverá ser analisado.

Ainda acerca dos critérios de distribuição de cargas pelos níveis de tensão

disponíveis na rede, importa referir o caso particular das cargas de potência

considerável que são instaladas em pontos geograficamente distantes do barra-

mento de geração. Para estas cargas é necessária uma especial atenção

relativamente às perdas por efeito de Joule e/ou às quedas de tensão nos cabos

uma vez que podem tomar valores críticos que justifiquem o estudo de alternativas.

6.6.2 Minimização do impacto das Quedas de Tensão

Conforme exposto no Cap.6.5 importa controlar e garantir que os transitórios picos

de tensão ocorridos no momento do fecho dos disjuntores e/ou arranque de

grandes motores estejam dentro dos valores considerados aceitáveis.

É pois necessário estudar com especial atenção a disposição das cargas que se

destaquem pela sua capacidade de gerar perturbações relevantes.

De acordo com o estabelecido no Cap.6.6.1, estas cargas podem ser alimentadas

através de barramentos separados das cargas mais “sensíveis” ainda que num

mesmo nível de tensão, cuja alimentação poderá ser garantida através de

transformadores (ou enrolamentos) com tensão de curto-circuito Vcc mais limitada

(maior corrente de curto-circuito). As restantes cargas poderão assim ser “isoladas”

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através de barramentos com um nível de curto-circuito limitado por um dos

métodos apresentados no Cap.6.3.

Este tipo de solução acarreta custos económicos consideráveis uma vez que conduz

à criação de barramentos suplementares e instalação de mais órgãos de corte e

seccionamento, o que não só representa um esforço ao nível do investimento inicial

mas também um acréscimo substancial nos custos de manutenção e complexidade

do sistema.

6.6.3 Equilíbrio

Como em qualquer rede MT, também neste tipo de redes deve existir a

preocupação de equilibrar (tanto quanto possível) as cargas quer a nível do

equilíbrio entre fases quer a nível do equilíbrio na sua disposição topológica.

No caso particular em que existem transformadores de 3 enrolamentos

(tipicamente com regulação de tensão no primário) a importância do equilíbrio

entre as cargas nos dois enrolamentos (secundário e terciário) torna-se bastante

relevante uma vez que não é possível regular a tensão no secundário e terciário

independentemente.

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A título de conclusão, apresenta-se sintetizado na Tabela IX, uma proposta de

metodologia para a distribuição de cargas dos serviços auxiliares.

Potência Carácter Arranque Barramento

Elevada

Indutivo

Equipada com dispositi-

vos limitadores de cor-

rente de arranque

Tipo II

caso se justifique a sua criação

(Tipo I caso contrário)

Arranque directo

Tipo I

Não-Indutivo

Tipo II

caso se justifique a sua criação

(Tipo I caso contrário)

Reduzida Indutivo

Equipada com dispositi-

vos limitadores de cor-

rente de arranque

Tipo IV

ou eventualmente

Tipo II

Arranque directo Tipo III

Não-Indutivo Tipo IV

Barramento tipo I – tensão MT / elevada corrente de curto-circuito

Barramento tipo II – tensão MT / corrente de curto-circuito limitada

Barramento tipo III – tensão BT / elevada corrente de curto-circuito

Barramento Tipo IV – tensão BT / corrente de curto-circuito limitada

Tabela IX – Proposta de metodologia para a distribuição de cargas

Tendo a proposta acima apresentada sido baseada apenas em critérios técnicos, importa

salvaguardar a necessidade da avaliação económica cuja relevância tem sido evidenciada

ao longo deste estudo.

Partindo dos pressupostos estabelecidos na proposta sintetizada na Tabela IX, apresenta-

se esquematicamente na Figura 17 a metodologia de projecto proposta onde se evidencia

a forma como se relacionam os tipos de carga, os níveis de tensão e de curto-circuito.

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Figura 17 - Exemplo de metodologia para distribuição de cargas

Legenda:

A: Avaliação técnico-económica da solução “Instalação de equipamento limitação de

corrente de arranque nesta carga.”

B: Avaliação técnico-económica da solução “Instalação de um barramento deste

tipo”

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7. CONCLUSÕES Conforme proposto, este estudo focou-se na identificação e caracterização dos parâme-

tros e principais restrições envolvidas no projecto. Sempre que possível foram

identificadas alternativas e propostas metodologias de projecto visando a optimização da

arquitectura destas redes tão particulares.

Com base em amostragens de valores de compra de equipamentos nos últimos anos em

território nacional, foram estabelecidas expressões capazes de estimar os custos de

aquisição dos principais equipamentos envolvidos na concepção da rede evidenciando a

sua variação com parâmetros relevantes da rede, tornando possível avaliar de forma

aproximada o impacto económico associado à instalação de cada equipamento bem como

o impacto económico causado pela alteração dos parâmetros estudados.

Este tipo de estudo, permitindo aferir custos de uma forma aproximada, pode auxiliar a

realização de simulações e estudos técnico-económicos preliminares.

De forma a sintetizar as principais conclusões do estudo, apresenta-se de seguida um

sumário etápico que pretende descrever o processo de criação de um projecto de

arquitectura da rede de serviços auxiliares de uma Central Termoeléctrica.

Neste sumário encontram-se evidenciadas de forma esquemática os principais interve-

nientes na elaboração de um projecto de uma rede de serviços auxiliares para uma Cen-

tral Termoeléctrica, suas relações, dependências e restrições.

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1

Caracterização do ponto de

Interligação e Geração

Restrições externas

2 Avaliação e estudo dos Critérios

e Filosofias de exploração

Hierarquização de

Critérios

Redundância

Restrições

REDE

Tensão

Nominal

Scc[MVA]

S[MVA]ΔV[%]

Numero Pontos Interlig. GERAÇÃO

Tensão

Nominal

Numero de

Grupos

Potência

S[MVA]

Reactância

Transitória e Sub-

transitória

Filosofia de

Exploração

Definição de

Encravamentos

Dimensiona-mento

Rectificadores

Dimensiona-mento

Onduladores

Dimensiona-mento

Geradores

emergência

Determinação

Factores

simultaneidade

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3

Caracterização das cargas

dos serviços auxiliares

Listas de Consu-

midores

Restrições

(Normas e Standards

de fabrico)

4 Estudo da possibilidade de expansão da Central e

definição das “margens” a considerar na rede Expansibilidade

5 Definição do tipo de alimentação

da rede de serviços auxiliares Alimentação

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6

Processo de Optimização

Técnico-Económica

Redução do

custo global da

instalação

Níveis de Tensão

Distribuição cargas

Definição

Transformadores

Regime Neutro

OBJECTIVO

PROCESSO

RESTRIÇÕES

“TOOLS”

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ANEXO I – Processos de Geração

TURBINAS A GÁS

4MW a 280MW

TURBINAS A VAPOR

45kW a 1200MW

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CICLO COMBINADO

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ANEXO II – Listas de Consumidores (Exemplo)

AREA Qt. SERVIÇO Potência (kW) Intensidade Nominal (A)

Tensão(V) Potência em

Operação

TURBOGENERADOR TG1 3 ANTI-CONDENSATION HEATERS 0,18 0,29 400

TURBOGENERADOR TG1 1 AUXILIARY LUBE OIL PUMP MOTOR 30 48,11 400

TURBOGENERADOR TG1 2 IMMERTION HEATER LUBE OIL TANK 5,6 8,98 400

TURBOGENERADOR TG1 2 TURBINE EXHAUST FRAME COOLING FAN MOTOR 30 48,11 400 60

TURBOGENERADOR TG1 1 AUXILIARY HYDRAULIC SUPPLY PUMP MOTOR 15 24,06 400 15

TURBOGENERADOR TG1 2 LUBE OIL MIST SEPARATOR MOTOR 7,5 12,03 400 7,5

TURBOGENERADOR TG1 1 ACCESSORY COMPARTMENT SPACE HEATER 9 14,43 400

TURBOGENERADOR TG1 1 LOAD COMPARTMENT HEATER 4,5 7,22 400

TURBOGENERADOR TG1 1 TURBINE COMPARTMENT SPACE HEATER 9 14,43 400

TURBOGENERADOR TG1 2 GT ENCLOSURES FAN MOTOR 15 24,06 400 15

TURBOGENERADOR TG1 1 COMPARTMENT AIR INLET HEATER 60 96,23 400 60

TURBOGENERADOR TG1 2 GAS VALVE COMPART. VENTILATION FAN MOTOR 1,5 2,41 400 1,5

TURBOGENERADOR TG1 2 LOAD GEAR COMPART. FAN MOTOR 7,5 12,03 400 7,5

TURBOGENERADOR TG1 2 EXHAUST PLENUM FAN 4 6,42 400 4

TURBOGENERADOR TG1 1 SELF CLEANING FILTER 5 8,02 400 5

TURBOGENERADOR TG1 1 SELF CLEANING FILTER 6 28,99 230 6

TURBOGENERADOR TG1 1 OTHERS 4,5 7,22 400 4,5

TURBOGENERADOR TG1 10 OFF BASE FIN FAN COOLERS 7,5 12,03 400 75

TURBOGENERADOR TG1 1 APU COMPRESSOR MOTOR 30 48,11 400 30

TURBOGENERADOR TG1 1 CONTAINER AIR CONDITIONNER MOTOR 10 16,04 400 10

TURBOGENERADOR TG1 1 CO2 HEATER 5 8,02 400 5

TURBOGENERADOR TG1 1 MCC SUBDISTRIBUTION 40 64,15 400 40

TURBOGENERADOR TG1 1 BATTERY CHARGER 13,5 21,65 400 13,5

TURBOGENERADOR TG1 1 BATTERY CHARGER 13,5 21,65 400

TURBOGENERADOR TG1 1 TCC AIR CONDITIONNING 10 16,04 400 10

TURBOGENERADOR TG1 1 TCC AIR CONDITIONNING 10 16,04 400

TURBOGENERADOR TG1 1 EXCITATION TRANSFORMER (BRUSHLESS GENER.) 5 8,02 400 5

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\TURBOGENERADOR TG1 1 SPACE HEATER GENERATOR COMPARTMENT 4,5 7,22 400

CALDERA GRUPO 1 2 BOMBA DE DOSIFICACIÓN DE SECUESTRANTE DE O2

1 1,60 400 1

CALDERA GRUPO 1 2 BOMBA DE DOSIFICACIÓN DE FOSFATO 1 1,60 400 1

CALDERA GRUPO 1 2 BOMBA GRUPO HIDRAULICO 15 24,06 400 15

CALDERA GRUPO 1 1 MOTOR GUILLOTINA CALDERA 1,5 2,41 400 1,5

CALDERA GRUPO 1 4 VALVULAS MOTORIZADAS DRENAJES SOBRECA-

LENTADORES

0,2 0,32 400

CALDERA GRUPO 1 2 VENTILADOR AIRE DE SELLADO 22 35,28 400 22

CALDERA GRUPO 1 2 VENTILADOR REFRIGERACION DETECTOR LLAMA Y MIRILLAS

5,5 8,82 400 5,5

CALDERA GRUPO 1 1 VALVULA MOTORIZADA LINEA DE VAPOR 5,5 8,82 400 5,5

CALDERA GRUPO 1 1 VALVULA MOTORIZADA DRENAJES LINEA DE VAPOR 0,2 0,32 400 0,2

CALDERA GRUPO 1 1 VALVULA MOTORIZADA ESTACION CONTROL DE AGUA 2,5 4,01 400 2,5

CALDERA GRUPO 1 1 VALVULA MOTORIZADA VENTEOS CALDERIN 0,2 0,32 400 0,2

CALDERA GRUPO 1 1 VALVULA MOTORIZADA VENTEOS LINEA DE VAPOR 0,2 0,32 400 0,2

CALDERA GRUPO 1 1 COMPUERTAS DEL VENTILADOR 1 1,60 400 1

CALDERA GRUPO 1 2 AGITADOR ALIMENTACIÓN QUÍMICA 0,5 0,80 400 0,5

AGUA BRUTA GRUPO 1 1 BOMBA AGUA BRUTA (RW) 20 32,08 400 20

SISTEMA DE AIRE COM-PRIMIDO GRUPO 1

1 COMPRESORES DE AIRE 45 72,17 400 45

AIRE GRUPO 1 1 SECADORES DE AIRE 0,5 0,80 400 0,5

CALDERA GRUPO 1 1 POLIPASTO CALDERA 10 16,04 400

GRUPO 1 1 BOMBA FOSO AGUAS ACEITOSAS 2,2 3,53 400

GRUPO 1 1 BOMBA FDSO AGUAS QUIMICAS 2,2 3,53 400

TURBOGENERADOR TG2 3 ANTI-CONDENSATION HEATERS 0,18 0,29 400

TURBOGENERADOR TG2 1 AUXILIARY LUBE OIL PUMP MOTOR 30 48,11 400

TURBOGENERADOR TG2 2 IMMERTION HEATER LUBE OIL TANK 5,6 8,98 400

TURBOGENERADOR TG2 2 TURBINE EXHAUST FRAME COOLING FAN MOTOR 30 48,11 400 60

TURBOGENERADOR TG2 1 AUXILIARY HYDRAULIC SUPPLY PUMP MOTOR 15 24,06 400 15

TURBOGENERADOR TG2 2 LUBE OIL MIST SEPARATOR MOTOR 7,5 12,03 400 7,5

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TURBOGENERADOR TG2 1 ACCESSORY COMPARTMENT SPACE HEATER 9 14,43 400

TURBOGENERADOR TG2 1 LOAD COMPARTMENT HEATER 4,5 7,22 400

TURBOGENERADOR TG2 1 TURBINE COMPARTMENT SPACE HEATER 9 14,43 400

TURBOGENERADOR TG2 2 GT ENCLOSURES FAN MOTOR 15 24,06 400 15

TURBOGENERADOR TG2 1 COMPARTMENT AIR INLET HEATER 60 96,23 400 60

TURBOGENERADOR TG2 2 GAS VALVE COMPART. VENTILATION FAN MOTOR 1,5 2,41 400 1,5

TURBOGENERADOR TG2 2 LOAD GEAR COMPART. FAN MOTOR 7,5 12,03 400 7,5

TURBOGENERADOR TG2 2 EXHAUST PLENUM FAN 4 6,42 400 4

TURBOGENERADOR TG2 1 SELF CLEANING FILTER 5 8,02 400 5

TURBOGENERADOR TG2 1 SELF CLEANING FILTER 5 24,15 230 5

TURBOGENERADOR TG2 1 OTHERS 4,5 7,22 400 4,5

TURBOGENERADOR TG2 10 OFF BASE FIN FAN COOLERS 7,5 12,03 400 75

TURBOGENERADOR TG2 1 APU COMPRESSOR MOTOR 30 48,11 400 30

TURBOGENERADOR TG2 1 CONTAINER AIR CONDITIONNER MOTOR 10 16,04 400 10

TURBOGENERADOR TG2 1 CO2 HEATER 5 8,02 400 5

TURBOGENERADOR TG2 1 MCC SUBDISTRIBUTION 40 64,15 400 40

TURBOGENERADOR TG2 1 BATTERY CHARGER 13,5 21,65 400 13,5

TURBOGENERADOR TG2 1 BATTERY CHARGER 13,5 21,65 400

TURBOGENERADOR TG2 1 TCC AIR CONDITIONNING 10 16,04 400 10

TURBOGENERADOR TG2 1 TCC AIR CONDITIONNING 10 16,04 400

TURBOGENERADOR TG2 1 EXCITATION TRANSFORMER (BRUSHLESS GENER.) 5 8,02 400 5

TURBOGENERADOR TG2 1 SPACE HEATER GENERATOR COMPARTMENT 4,5 7,22 400

CALDERA GRUPO 2 2 BOMBA DE DOSIFICACIÓN DE SECUESTRANTE DE

O2

1 1,60 400 1

CALDERA GRUPO 2 2 BOMBA DE DOSIFICACIÓN DE FOSFATO 1 1,60 400 1

CALDERA GRUPO 2 2 BOMBA GRUPO HIDRAULICO 15 24,06 400 15

CALDERA GRUPO 2 1 MOTOR GUILLOTINA CALDERA 1,5 2,41 400 1,5

CALDERA GRUPO 2 4 VALVULAS MOTORIZADAS DRENAJES SOBRECA-LENTADORES

0,2 0,32 400

CALDERA GRUPO 2 2 VENTILADOR AIRE DE SELLADO 22 35,28 400 22

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CALDERA GRUPO 2 2 VENTILADOR REFRIGERACION DETECTOR LLAMA Y

MIRILLAS

5,5 8,82 400 5,5

CALDERA GRUPO 2 1 VALVULA MOTORIZADA LINEA DE VAPOR 5,5 8,82 400 5,5

CALDERA GRUPO 2 1 VALVULA MOTORIZADA DRENAJES LINEA DE VAPOR 0,2 0,32 400 0,2

CALDERA GRUPO 2 1 VALVULA MOTORIZADA ESTACION CONTROL DE AGUA 2,5 4,01 400 2,5

CALDERA GRUPO 2 1 VALVULA MOTORIZADA VENTEOS CALDERIN 0,2 0,32 400 0,2

CALDERA GRUPO 2 1 VALVULA MOTORIZADA VENTEOS LINEA DE VAPOR 0,2 0,32 400 0,2

CALDERA GRUPO 2 1 COMPUERTAS DEL VENTILADOR 1 1,60 400 1

CALDERA GRUPO 2 2 AGITADOR ALIMENTACIÓN QUÍMICA 0,5 0,80 400 0,5

AGUA BRUTA GRUPO 2 1 BOMBAS AGUA BRUTA (RW) 20 32,08 400

SISTEMA DE AIRE COM-

PRIMIDO GRUPO 2

1 COMPRESORES DE AIRE 45 72,17 400

AIRE GRUPO 2 1 SECADORES DE AIRE 0,5 0,80 400

CALDERA GRUPO 2 1 POLIPASTO CALDERA 10 16,04 400

GRUPO 2 1 BOMBA FOSO AGUAS ACEITOSAS 2,2 3,53 400

GRUPO 2 1 BOMBA FDSO AGUAS QUIMICAS 2,2 3,53 400

Tabela VIII – Lista de Consumidores (CCM’s 400V) de uma Central com 2 Grupos Geradores

AREA Qt. SERVIÇO Potência

(kW) Intensidade Nominal (A)

Tensão (V)

EDIFICIO SUBESTACION 1 LLEGADA SECUNDARIO TRAFO TS1 3150 606,24 3000

TURBOGENERADOR 1 1 MOTOR ARRANQUE GENERADOR 1 450 108,26 3000

CALDERA 1 1 MOTOR VENTILADOR AIRE FRESCO CALDERA 1 500 106,92 3000

EDIFICIO SUBESTACION 1 TRANSFORMADOR SERVICIOS AUXILIARES TSA1 1600 307,93 3000

EDIFICIO SUBESTACION 1 RESERVA - 630,00 3000

EDIFICIO SUBESTACION 1 LLEGADA SECUNDARIO TRAFO TS2 3150 606,24 3000

TURBOGENERADOR 2 1 MOTOR ARRANQUE GENERADOR 2 450 108,26 3000

CALDERA 2 1 MOTOR VENTILADOR AIRE FRESCO CALDERA 2 500 106,92 3000

EDIFICIO SUBESTACION 1 TRANSFORMADOR SERVICIOS AUXILIARES TSA2 1600 307,93 3000

EDIFICIO SUBESTACION 1 RESERVA - 630,00 3000

Tabela IX – Lista de Consumidores (3kV) de uma Central com 2 Grupos Geradores

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AREA Qt. SERVIÇO Potência

(kW) Intensidade Nominal (A)

Tensão (V)

SUBESTACION 1 LLEGADA SECUNDARIO TRAFO TSA1 1600 2309,40 400

TURBOGENERADOR 1 1 CCM TG1 380 609,43 400

SUBESTACION 1 CCM CALDERA GRUPO 1 155 248,58 400

TURBOGENERADOR 2 1 CCM TG2 380 609,43 400

SUBESTACION 1 CCM CALDERA GRUPO 2 155 248,58 400

SUBESTACION 1 SISTEMA 1 (125 V CC) 50 80,19 400

SUBESTACION 1 PANEL ALUMBRADO Y SERVICIOS GRUPO 1 100 160,38 400

TURBOGENERADOR TG1/2

1 WATER WASH SKID TG1/2 50 80,19 400

ERM TG1/2 1 ESTACION DE REGULACION Y MEDIDA GAS NATURAL 10 14,43 400

SUBESTACION 1 SISTEMA 1 (230 V CA ININTERRUMPIDA) 30 48,11 400

SUBESTACION 1 LLEGADA SECUNDARIO TRAFO TSA2 1600 2309,40 400

TURBOGENERADOR 2 1 CCM TG2 380 609,43 400

SUBESTACION 1 CCM CALDERA GRUPO 1 155 248,58 400

TURBOGENERADOR 2 1 CCM TG1 380 609,43 400

SUBESTACION 1 CCM CALDERA GRUPO 2 155 248,58 400

SUBESTACION 1 SISTEMA 2 (125 V CC) 50 80,19 400

SUBESTACION 1 PANEL ALUMBRADO Y SERVICIOS GRUPO 2 100 160,38 400

SUBESTACION 1 SISTEMA 2 (230 V CA ININTERRUMPIDA) 30 48,11 400

Tabela X – Lista de Consumidores (QGBT 400V) de uma Central com 2 Grupos Geradores

Qt. SERVIÇO Potência

(kW) Intensidade Nominal (A)

Tensão (V)

NOTAS

1 INTERRUPTOR GENERADOR G1 47500 2285,41 15000

1 TRANSFORMADOR SECUNDARIO TS1 3150 121,25 15000 POTENCIA EN kVA

1 TRANSFORMADOR PRINCIPAL TP1 63000 2424,94 15000 POTENCIA EN kVA

1 INTERRUPTOR GENERADOR G2 47500 2285,41 15000

1 TRANSFORMADOR SECUNDARIO TS2 3150 121,25 15000 POTENCIA EN kVA

1 TRANSFORMADOR PRINCIPAL TP2 63000 2424,94 15000 POTENCIA EN kVA

Tabela XI – Lista de Consumidores (15kV) de uma Central com 2 Grupos Geradores

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ANEXO III - Equipamentos de fabrico standard (Exemplos)

Disjuntores

AT/MT

Tensão

Nominal

[kV]

Corrente

Nominal

[A]

Poder de Corte

em Curto-Cir-

cuito

[kA]

Poder de fecho

em

Curto-Circuito

[kA]

Duração Nominal

do Curto-Circuito

[s]

SF6

12 630 a 2500 16 a 25

2.5 x

Poder de Corte

3

17,5 630 a 2500 16 a 25

24 630 a 2500 16 a 25

36 630 a 2500 16 a 25

42,5

Até 2000 31,5 80

72,5

Até 3150 40 100 100

145

170

245

4000

50 149

300 40

362

63 170 420

550

800

Vácuo

12

630

16/25/31,5/40 2.5 x

Poder de Corte

3

1250

1600

2000

2500 16/25/31,5

2.5 x

Poder de Corte 3150

17,5

630

16/25/31,5/40 2.5 x

Poder de Corte

1250

1600

2000

2500 16/25/31,5

3150

24

630

16/25/31,5 2.5 x

Poder de Corte

1250

1600

2000

2500

3150

Tabela II – Características típicas de disjuntores AT/MT

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Interruptores

MT

Tensão

Nominal

kV

Corrente

Nominal

A

Corrente de

curta duração 3s

kA

Poder de

fecho

kA

Corte de cabos

em vazio

A

12

200 a 400 16 40 25 17,5

24

36 12,5 31,5 10

Tabela III – Características típicas de interruptores MT

Seccionadores

de Terra

Movimento

Simples

Ou

Duplo

Tensão Nominal

kV RMS

Intensidade Admissível

De curta duração

kArms

Pico

Apeak

64;72,5;100;123;

145:170;245;300;

362;420;550

Até 40 Até 100

Até 63 Até 160

Tabela IV – Características típicas de seccionadores de terra

Seccionadores

de

Linha

Tensão Nominal

kV RMS

Intensidade

Nominal

A

Intensidade Admissível

De curta duração

kArms

Pico

Apeak

Horizontal

24

Até 3150

31,5 80

36 Até 40 Até 100

52

72,5

Até 3150

Até 4000

Até 6000

Até 40

Até 63

Até 80

Até 100

Até 125

100

123

145

170

245

300

362

420

550

800 Até 4000 Até 63

Pantógrafo

72,2 Até 1250

Até 2000

Até 2500

Até 40

Até 50

Até 100

170 Até 100

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245 Até 3150 Até 125

362

Até 4000 Até 63 Até 160

420 Até 2000

Até 2500

Até 4000

Até 40

Até 63

Até 100

Até 125

Até 160

550

800

Verticais

36 Até 1250 Até 40 Até 100

52

72,5

Até 3150 Até 50 Até 125

100

123

145

170

245

420 Até 4000 Até 75kA Até 125

550

Tabela V – Características típicas de seccionadores de linha

Quadros

MT

Tensão

Nominal

kV

Corrente Nomi-

nal

A

Corrente de

curta duração

kA

Standard

12

17,5

24

36

400

630

1250

1600

2000

2500

3000

50

40

25

20

16

GIS

12

17,5

24

400

630

50

40

25

20

16

Tabela VI

Características típicas de Quadro MT

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Quadros

BT

Tensão Nominal

Vac

Corrente Nominal

A

Corrente de Curto-circuito

kA

240/415

500/690

16/25/40/63/100

125/160/250/400/630

800/1000/1250/1600

2000/2500/3000

4000/5000

16

25

36

40

50

65

70

100

Tabela VII – Características típicas de Quadros BT

A compilação apresentada foi baseada em informações recolhidas em catálogos de alguns

fabricantes de referência38 visando apresentar uma noção da disponibilidade de equipa-

mentos de fabrico standard.

38

Ref.Bibliográfica #8 – Catalogos [Efacec, Siemens, ABB, Areva, Telemechanique]

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ANEXO IV – Cálculo Económico do Transformador (Exemplo sucinto)

Numa instalação como uma Central Termoeléctrica, o cálculo económico de um

transformador passa pela necessidade de considerar não só o custo inicial de cada uma

das soluções em estudo, mas também a incidência das perdas no ferro e no cobre nas

despesas anuais.

Esta análise é feita com base no diagrama de carga correspondente ao funcionamento do

transformador (ou considerando uma carga constante – factor de carga k) durante um

período de t horas por ano.

Impõe-se que a amortização do capital investido se realize num prazo inferior à vida do

transformador pelo que se toma um prazo de 20 anos ou inferior.

Considerando duas soluções possíveis A e B para duas arquitecturas em estudo,

A anuidade de amortização do capital investido:

11

1

n

n

AAr

rrCa (E. 26)

11

1

n

n

BBr

rrCa ( E. 27)

A anuidade devida às perdas no ferro:

AoPtc (E. 28)

BoPtc (E. 29)

A anuidade devida às perdas no cobre:

AkPktc 2 (E. 30)

BkPktc 2 (E. 31)

A solução economicamente mais favorável é aquela que conduz à menor anuidade

global.

(Po)A,B – perdas no ferro em kW do TP da solução A,B

(Pk)A,B – perdas no cobre nominais em kW do TP da solução A,B

CA,B – custo de aquisição do TP da solução A,B

r – taxa de juro do capital invertido tendo em conta as bonificações e deduzidas as eventuais despesas

c – custo kWh em AT

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] An Expert system for the design of a power plant electrical auxiliary system – Hans B. Plittgen,

John F. Jansen

[2] High-Voltage auxiliary switchgear for power stations – W.D. Goodwin

[3] Refurbishment of power station auxiliary switchgear – D. Cockburn

[4] Auxiliaries Power Supply for generating stations – Experience and practice adopted by various

utilities in the countries represented by the members of Study Committee 23 – Y.Enault, G.Pisanti,

E.Thuries

[5] Essential AC supplies for power stations – G.Straub, P.B.Schindler, J.Taylor

[6] Instruções de Projecto – EFACEC Engenharia - Normas CEI 60909-1; CEI 865-1; CEI 865-2; CEI

76 1/5; CEI 606; CEI 726

[7] Centrais Termoeléctricas – EDP – DOPR Produção Térmica

[8] Documentação Técnica

GE Energy – Generator Products

Catálogos Equipamento – Telemechanique

Catálogos Equipamento EFACEC AMT

Catálogos Equipamento SIEMENS

Catálogos Equipamento AREVA T&D

[9] IEEE Design Guide for electrical power Service for Generating Stations

[10] ABB Switchgear Manual 10th Edition