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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR ... ...como prática participativa. Débora Cinosi Silva Rio de Janeiro 2010

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR como …no contexto escolar; Carlos Frederico B. Loureiro, em seu olhar sobre a relação entre a educação e o meio ambiente, através

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR ...

    ...como prática participativa.

    Débora Cinosi Silva

    Rio de Janeiro 2010

  • 3

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR ...

    ...como prática participativa.

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Candido Mendes como requisito de avaliação na disciplina Metodologia da Pesquisa, ministrada pelo professor Francisco Carrera.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Ao corpo docente do Instituto A vez do Mestre. Aos colegas da Turma de Educação Ambiental, que contribuíram com as experiências de suas práticas, como educadores ambientais, para investigação deste trabalho acadêmico

  • 5

    DEDICATÓRIA

    Dedico este livro ao meu marido e grande companheiro Douglas, que tanto colaborou com a construção deste trabalho. E a minha querida tia Christina pelo incentivo incalculável.

    .

  • 6

    RESUMO

    Esta pesquisa consiste em uma investigação a respeito da relevância da

    Educação Ambiental para uma prática educativo-pedagógica participativa.

    Neste sentido, a dimensão ambiental da educação, em sua esfera democrática

    e dialógica; objetiva o desenvolvimento do pensamento sustentável como meio

    de conscientização ambiental, na qual o conhecimento é produto de uma

    construção participativa. Este entendimento, parte da premissa de que o ser

    humano, dotado da capacidade de raciocínio, estabelece a sua relação com o

    meio ambiente, a partir do desenvolvimento da cultura, ou seja, a mediação

    homem-natureza se institui conforme a organização sócio-cultural de seu

    contexto.

    A Educação Ambiental se coloca como colaboradora de um

    processo de gestão democrática, direcionada à autonomia, à participação e à

    emancipação. Assim, a Educação Ambiental constitui um novo modo de olhar

    as relações sócio-ambientais; necessário à sociedade atual, como meio de

    conscientização dos educandos, através de uma práxis participativa norteada

    pela reflexão e ação de um pensamento sustentável, colaborador de uma nova

    hermenêutica social.

  • 7

    METODOLOGIA

    A metodologia utilizada neste Trabalho de Conclusão de Curso

    observa as contribuições de diversos autores, entre eles Pedro Roberto Jacobi,

    que aborda a construção de um pensamento sustentável, através de uma

    redefinição das relações estabelecidas entre o homem e a natureza, e da

    preocupação com a responsabilidade social que envolve o meio ambiente;

    Marcos Reigota, em seus esclarecimentos a respeito das questões ambientais,

    nos conceitos pertinentes ao estudo do meio ambiente e à sua aplicabilidade

    no contexto escolar; Carlos Frederico B. Loureiro, em seu olhar sobre a relação

    entre a educação e o meio ambiente, através de uma metodologia dialética de

    transformação social, onde o aprendizado ocorre na prática cotidiana dos

    alunos, enquanto ação política na esfera local e global; e Jose Eduardo dos

    Santos, favorecendo a esperança de uma nova prática ambiental, através de

    diversos ângulos de exemplos reais sobre a intervenção pedagógica no

    processo de conscientização do papel social da educação, junto às questões

    ambientais.

    O trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro capitulo,

    cujo título é Observando Teoricamente a Educação Ambiental, foram

    abordados os conceitos relacionados ao assunto, bem como a trajetória

    histórica do tema. O segundo capítulo, intitulado, O Olhar Pedagógico na

    Educação Ambiental, traduz a significação do tema para a Pedagogia. No

    terceiro e último capítulo – Uma leitura Holística da Educação Ambiental –

    foram expostas as contribuições teóricas de alguns temas transversais.

  • 8

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO CAPÍTULO I CAPÍTULO II CAPÍTULO III CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA ÍNDICE

  • 9

    INTRODUÇÃO

    O tema escolhido como objeto de estudo nesta pesquisa é a Educação

    Ambiental que tem sido muito discutida entre os educadores, como meio de

    mudança de atitudes e diminuição do impacto negativo que o homem tem

    causado na natureza.

    A escolha do tema ocorreu devido à observação sobre as

    questões ambientais que têm se destacado na educação, através das

    preocupações causadas pelos fenômenos naturais da atualidade, como os

    furacões, o derretimento das calotas polares, a desertificação dos corpos

    hídricos, bem como as diversas conseqüências do aquecimento global. A

    atenção ao tema é representada em âmbito mundial, vez que envolve a esfera

    política, social, econômica e cultural.

    É importante salientar que a causa destes fenômenos é,

    principalmente, o mau uso dos recursos naturais destinados às necessidades

    básicas do individuo, à sua moradia, suas instalações e equipamentos, que

    contribuem para o desperdício e grande produção de materiais descartados,

    prejudiciais ao meio ambiente e à qualidade de vida, consoante o

    funcionamento do sistema capitalista e as relações de consumo.

    Neste sentido, se observam grandes responsabilidades nas

    relações sócio-culturais dos homens. A Educação Ambiental torna-se elemento

    de fundamental importância no processo de reflexão para o desenvolvimento

    da ação e de um comportamento consciente da sociedade.

    Esta pesquisa se direciona a aplicabilidade da educação ambiental no contexto

    escolar, que se faz necessária, pois a sociedade vive um momento de extrema

    carência de um conhecimento crítico, direcionado à preservação ambiental, à

    sustentabilidade e à responsabilidade social.

    A Educação Ambiental implica em certa complexidade essencial

    para a prática pedagógica, por se tratar da formação do ser humano, onde a

    reflexão construtiva é um caminho na intervenção do comportamento do sujeito

  • 10

    (investigador de sua realidade ambiental), não cabendo a neutralidade, na

    medida que este tema exige um posicionamento efetivo de seus propósitos.

    Tamanha a relevância do assunto, o presente estudo tenta proporcionar uma

    grande contribuição para a Educação Ambiental, pois oferece um

    conhecimento fundamentado nas leituras teóricas e em observações de

    exemplos práticos.

    As atuais discussões no campo da Educação Ambiental trazem a

    necessidade de ações emergenciais e de mudanças de hábitos incompatíveis

    com o equilíbrio do meio ambiente. Este momento de investigação se baseia

    num esquema sistêmico envolvendo a situação ambiental, a saúde e qualidade

    de vida.

    Segundo o cenário atual de degradação do meio ambiente, se a

    Educação Ambiental não for considerada, há uma tendência, em um futuro

    próximo, em se pensar sobre meios alternativos – caso existam – de

    sobrevivência do homem no planeta Terra, devido à falta de recursos naturais e

    aos fenômenos provenientes que inviabilizarão as condições da vida humana.

  • 11

    CAPÍTULO I. OBESRVANDO TEORICAMENTE A

    EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

    Para melhor compreensão deste capítulo, se faz necessário considerar

    que educação e meio ambiente estão profundamente atrelados e envolvidos

    em seu “foco conscientizador”, uma vez que a educação é um processo sócio-

    histórico e cultural que deve promover uma mudança de comportamento

    favorável à preservação ambiental, pois a educação possibilita um novo olhar,

    nova visão de mundo mais ampla e diversificada em possibilidades de

    compreensão da realidade.

    Sendo o ambiente tudo aquilo que está ao nosso redor inclusive nós,

    este não se limita apenas ao âmbito natural, mas também a questões como:

    sociedade, biologia, violência, antropologia, saúde, cultura e educação. A partir

    de uma visão ampla, o ambiente compreende tanto os seres vivos

    microscópicos, quanto, casas, ruas, cidades, planetas... O homem é parte

    integrante do meio ambiente.

    1.1 Do histórico da Educação Ambiental:

    Os primeiros registros de uso do termo Educação Ambiental datam de

    1948, em Paris, a partir de idéias discutidas em um encontro da União

    Internacional para a conservação da natureza.

    Em 1968 (Roma) foi realizada uma reunião de cientistas, dos chamados

    paises desenvolvidos, que conclui ser de extrema necessidade a busca por

    meios de conservação dos recursos naturais. Os participantes do “Clube de

    Roma” (cientistas, empresários e políticos de diversos países) observaram que

  • 12

    o homem devia examinar a si próprio, seus objetivos e valores, para reflexão,

    debate e formulação de propostas sobre as questões ambientais.

    Como conseqüência do Clube de Roma, a Organização das Nações

    Unidas realizou em 1972 na Suécia, a primeira Conferência Mundial de Meio

    Ambiente Humano, o foco desta discussão, era a poluição ocasionada,

    principalmente pelas industrias. A importante resolução da Conferência foi a de

    que deve se educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais.

    Outro grande encontro para o estudo da Educação Ambiental foi a

    reunião realizada em Belgrado (1975), onde surge o Programa Internacional de

    Educação Ambiental, que define os princípios e orientações para o futuro,

    neste momento foi elaborada por representantes de 65 países, a “Carta de

    Belgrado”.

    Em 1977, acontece em Tbilisi (Geórgia) a Conferência

    Intergovernamental sobre Educação Ambiental, que origina um movimento

    global em favor de uma produção de conhecimento a respeito do valor da

    natureza, através de métodos interdisciplinares. Todos os estudos realizados

    em favor da causa ambiental, garantiam a noção de educação para a

    cidadania.

    Um grande passo foi dado na Constituição de 1988, quando a Educação

    Ambiental tornou-se exigência Constitucional a ser garantida pelos governos

    federal, estaduais e municipais (artigo 225, parágrafo 1, VI), até então, não

    havia participação popular efetiva quanto à definição de diretrizes e estratégias

    neste campo.

    Até a década de 1990 não havia uma definição completa sobre uma

    política de educação Ambiental em termos nacionais. As responsabilidades e

    características dos cidadãos e do poder público fixaram-se por lei no

    Congresso Nacional. Os objetivos, as estratégias e os meios para a efetivação

    de uma política de Educação Ambiental no Brasil, são definidos pelo Conselho

    Nacional de Meio Ambiente (Conama).

    No início da década de 1990 surgiram os primeiros apontamentos sobre

    a Educação Ambiental no sistema formal de ensino, principalmente nas escolas

  • 13

    particulares. Discutia-se no Brasil a possibilidade de transformar a Educação

    Ambiental numa nova disciplina no currículo escolar.

    Em consenso das iniciativas formais de educação Ambiental, observou-

    se a necessidade de incluí-la em todas as disciplinas (História, Geografia,

    Ciências...). Nesse momento as escolas criaram o cargo de “coordenador

    ambiental”, que se responsabilizava por inserir a Educação Ambiental no

    currículo, este coordenador era incentivado a promover programas ambientais

    através de uma abordagem interdisciplinar.

    O interesse pela educação ambiental aumentou a partir da Conferência

    das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de

    Janeiro em 1992 - que contou com a representação de 172 governos, incluindo

    108 chefes de Estado e 2400 representantes de organizações não -

    governamentais – nesta, foram estabelecidos inúmeros documentos e

    declarações, entre eles: a Agenda 21, a Declaração do Rio de Janeiro sobre o

    Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Convenção das Nações Unidas sobre

    Mudança e Clima e a Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade

    Biológica. Após esta grande reunião, a educação ambiental passou a ter maior

    reconhecimento no Brasil, se associando às tendências mundiais sobre o meio

    ambiente.

    A cúpula do Rio de 1992, também chamada Eco - 92 direcionou a

    educação ambiental para uma perspectiva holística e sistêmica (compreensão

    de que o universo é um todo indivisível, dinâmico, vivo e interconectado) .

    Nesta conferência foi estabelecido ainda, o Tratado de Educação Ambiental

    para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, do qual o Brasil faz

    parte, este tratado reconhece o papel da educação na formação de valores, em

    favor de uma transformação social e do desenvolvimento de comunidades

    sustentáveis, estabelecidas na justiça social e no equilíbrio ecológico,

    chamando a atenção para a articulação de ações de educação ambiental

    fundadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e

    diversidade, mobilização e participação. Esta reflexão contribuiu para que a

    Educação Ambiental no Brasil estivesse relacionada à justiça social.

  • 14

    Os temas apresentados na Eco – 92 são reforçados na Conferência

    Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência

    Pública para a Sustentabilidade, que destaca a relevância dos conceitos de

    ética, sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, como articulações de

    práticas da Educação Ambiental.

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais, lançados oficialmente em 15 de

    outubro de 1997, reforçaram e validaram a educação ambiental como tema

    transversal, ou seja, um tema que deve ser apresentado em todas as

    disciplinas – desafiando a abordagem educacional fragmentária.

    Outra contribuição deste entendimento, foi a Lei № 9795, de 27 de abril

    de 1999, onde o governo federal reconheceu a Educação Ambiental com um

    “componente urgente e essencial” do processo educacional, sendo

    regulamentada apenas em 25 de junho de 2002, como o exposto no “Art. 10 –

    A Educação Ambiental será desenvolvida como uma prática educativa

    integrada, continua e permanente em todos os níveis e modalidades de ensino

    formal” . Esta Lei institui uma Política Nacional de Educação Ambiental. Além

    disso, a legislação abrange tanto uma abordagem holística da Educação

    Ambiental nas iniciativas educacionais formais, quanto uma oportunidade de

    validar as iniciativas não formais deste campo. Loureiro (2006, p. 85) faz a

    seguinte observação da Lei:

    Observamos na Lei uma preocupação com a construção de condutas

    compatíveis com a ‘questão ambiental’ e a vinculação de processos formais de

    transmissão e criação de conhecimentos a práticas sociais, numa defesa das

    abordagens que procuram realizar a práxis educativa por meio de um conjunto

    integrado de atividades curriculares e extra- curriculares, permitindo ao

    educando aplicar em seu cotidiano o que é aprendido no ensino formal.

    Neste processo em que a Educação Ambiental foi colocada no centro

    das iniciativas sociais, as organizações não – governamentais tiveram grande

    participação. Entretanto, cabe ressaltar que a Lei ainda não é cumprida na

    sociedade brasileira, pois a Educação Ambiental, de modo geral, ainda está se

  • 15

    consolidando como política pública, devido à orientação econômica dominante

    – empresas responsáveis por grande parte da degradação ambiental no país.

    Muitos estudiosos deste tema observam a educação ambiental

    diretamente relacionada à cidadania, como propõe a concepção freireana de

    acordo com uma pedagogia participativa. Santos (2006, p. 114), grande

    investigadora da educação ambiental, no Brasil e em paises como: Israel,

    Inglaterra, Itália, Suécia, Estados Unidos e Canadá, coloca que: “a educação

    ambiental é entendida como construção do exercício da cidadania

    relacionando-se a uma nova forma de ver as interações entre seres humanos e

    natureza, e baseada numa nova ética que propunha novos valores morais.”

    Esta relação entre a educação ambiental e a cidadania se constitui a

    partir da compreensão de que há neste campo, o desenvolvimento da

    construção de uma nova consciência global das questões relativas ao meio

    ambiente, conforme sua posição em que valores éticos colaborem com a sua

    proteção e melhoria.

    O propósito de exercício da cidadania, que a dimensão ambiental da

    educação coloca a respeito de novos valores morais em prol de uma

    coletividade, estrapola os paradigmas atuais em torno do individualismo e da

    tecnocracia, pois, favorece uma análise da relação - estabelecida

    principalmente nestes últimos anos de industrialização - entre a sociedade e a

    natureza.

    Conforme o exposto, considera-se que, a hermenêutica fragmentária do

    homem, da vida social e do meio ambiente, questionada pelo pensamento

    contemporâneo, necessita de uma concepção mais integradora e

    interdisciplinar dos conhecimentos da educação. Neste sentido, a Educação

    Ambiental se alicerça sob uma visão holística, uma vez que sua prática e sua

    conceitualização consideram os problemas ambientais em uma esfera

    inclusiva, enquanto ação política, em favor de uma prática educativa

    colaboradora na construção de um pensamento sustentável.

  • 16

    1.2 Construindo o conceito de Educação Ambiental

    A questão ambiental vem com o passar do tempo, ganhando um caráter

    cada vez mais urgente, devido a exploração predatória que o homem promove

    na natureza. O futuro da humanidade depende de recursos naturais, que

    atualmente apenas se perdem com o consumismo irresponsável, produzido

    principalmente por interesses econômicos e pela alienação.

    A consciência ambiental futuramente pode ser determinante à

    sobrevivência humana, devido aos esgotamentos dos recursos naturais. Por

    este motivo, a Educação Ambiental como perspectiva educativa, é um

    instrumento de reflexão sobre as questões ambientais, que parte de uma visão

    crítica da realidade ambiental do sujeito, em direção a um comportamento

    ecologicamente consciente.

    Na busca de uma conceitualização da Educação Ambiental, se faz

    necessário inicialmente, um entendimento do conceito de meio ambiente, que é

    apresentado de diversas formas pelos teóricos deste assunto. Reigota (1996,

    p. 21) afirma que:

    “Defino meio ambiente como: um lugar determinado e/ ou percebido

    onde estão as relações dinâmicas e em constante interação os aspectos

    naturais e sociais. Estas relações acarretam processos históricos e políticos de

    transformações da sociedade”.

    Ainda hoje é comum a comparação entre Educação Ambiental e o

    ensino da ecologia. Conforme o conceito de meio ambiente apresentado por

    Reigota, observa-se que a questão ambiental é mais ampla que o universo

    ecológico, pois também tem como objeto de estudo as relações sociais,

    culturais e tecnológicas.

    O que deve ser observado como elemento chave, neste sentido é a

    hermenêutica política da Educação Ambiental, em favor de uma

  • 17

    conscientização a respeito do poder que se estabelece na relação homem –

    meio ambiente.

    O filósofo da complexidade, Morin (2005, p. 76) propõe a seguinte

    definição de consciência ecológica:

    A consciência ecológica, isto é, a consciência de habitar, com todos os

    seres mortais, a mesma esfera viva (biosfera): reconhecer a nossa união

    consubstancial com a biosfera conduz ao abandono do sonho prometéico do

    domínio do universo para nutrir a aspiração de convivibilidade sobre a Terra.

    Morin sugere uma percepção holística, ou seja, uma visão ampla, total,

    sobre a questão, sendo essencial o comprometimento coletivo, pois desde os

    anos 70, observamos que: dejetos, emanações e exalações provenientes do

    desenvolvimento técnico - industrial urbano degradam a biosfera e ameaçam

    de maneira irreversível o meio ambiente, explicitando a dominação

    desenfreada do homem sobre a natureza e estabelecendo uma relação de

    convivência desarmônica.

    Desta forma, a Educação Ambiental deve ser entendida, antes de tudo,

    como uma ação política, pois reivindica uma conscientização ambiental, sobre

    a leitura ética das relações sociais, e, prepara a sociedade para uma cidadania

    pautada na responsabilidade social da sustentabilidade, através se um

    processo de participação coletiva, no qual o sujeito percebe o meio ambiente, a

    partir de uma reflexão direcionada à uma ação emancipatória.

    O atual momento histórico de muitas mudanças, globalização e

    questionamentos sobre as relações de poder, exige como princípio da

    educação ambiental: criatividade, comprometimento com a causa e um

    posicionamento consciente.

    Outra noção central pertinente é a sustentabilidade relacionada ao

    desenvolvimento. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

    Desenvolvimento definiu desenvolvimento sustentável como: “desenvolvimento

    que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das

    gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

  • 18

    O Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) conceitua a

    Educação Ambiental, de modo a orientar as ações dos seus órgãos, da

    seguinte forma:

    Um processo contínuo, no qual os indivíduos e a comunidade tomam

    consciência de seu ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as

    habilidades, as experiências e a determinação que os tornem aptos a agir –

    individual e coletivamente – e resolver os problemas ambientais presentes e

    futuros.

    Esse conceito de Educação Ambiental incentiva o exercício consciente

    da cidadania, favorecendo o resgate e o surgimento de novos valores em

    direção ao pensamento sustentável. Desta maneira, considera o meio ambiente

    em sua totalidade, dirigindo-se aos cidadãos de todas as idades, estudante ou

    não de modo contínuo, e, engajado com as realidades sociais, econômicas,

    culturais, políticas e ideológicas, uma vez que em relação ao meio ambiente

    todos os seres humanos são aprendizes e educadores.

    Devido à determinação da Lei 9795 de 27/04/1999, os órgãos

    integrantes do SISNAMA são incumbidos de promover ações de Educação

    Ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria

    do meio ambiente; para tanto foi elaborado o Programa Nacional de educação

    Ambiental (PRONEA), este, objetiva estimular uma integração dinâmica dos

    processos nacionais de Educação Ambiental, envolvendo as ações dos

    governos e as organizações da sociedade.

    Guimarães Filho (2004, p. 144) advogado e professor universitário

    coloca a Educação Ambiental como:

    “Os processos por meios dos quais o individuo e a coletividade

    constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

    competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

    comum do povo, essencial, à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

  • 19

    Na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tibilisi

    (Geórgia, ex- URSS, 1977) definiu-se a Educação Ambiental como: “uma

    dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação orientada para a

    resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques

    interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada individuo e

    da coletividade”.

    Portanto, a partir desses conceitos, pode-se inferir que a Educação

    Ambiental é um processo de ensino aprendizagem, onde são desenvolvidas

    ressignificações qualitativas aos educandos, enquanto atores sociais, através

    de uma análise e compreensão do meio ambiente e das relações sociais,

    políticas, econômicas e culturais estabelecidas entre o sujeito e a natureza,

    como meio de ação política do conhecimento ambiental, com a finalidade da

    construção de um pensar crítico, instruído por princípios como: ética

    cooperação, participação ativa, responsabilidade social e pensamento

    sustentável.

    Cabe neste sentido, o questionamento de qual seria então, o foco do

    olhar pedagógico, que direção teria a Educação Ambiental no contexto escolar,

    para que todas as dimensões da questão ambiental sejam contempladas?

  • 20

    CAPÍTULO 2: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO

    CONTEXTO ESCOLAR

    Neste capítulo, será apresentada a dimensão pedagógica da Educação

    Ambiental, com o propósito de esclarecer o sentido amplo do pensamento

    ambiental, como tentativa de colaboração à prática educativa, uma vez que se

    direciona a formação de sujeitos conscientes de seu papel político, enquanto

    parte do meio ambiente em âmbito local e global. Além disso, este capítulo

    apresenta uma abordagem ampla do sentido da escola para a sociedade, em

    seu caráter formador, e, como veículo para uma educação emancipatória.

    2.1 Visão holística:

    O ser humano dotado da capacidade de raciocínio, estabelece a sua

    relação com o meio ambiente, a partir do desenvolvimento da cultura, ou seja,

    a mediação homem-natureza se institui conforme a organização sócio-cultural

    de seu contexto. Deste modo, se estabelece um grande dilema, pois a cultura

    pode observar esta relação como uma continuidade, ou como uma ruptura.

    A sociedade atual observa as relações humanas a partir de interesses

    políticos e econômicos particulares, que originam conflitos, pois, as

    necessidades de um todo coletivo, não são atendidas. Assim, a ruptura

    homem-natureza é evidenciada.

    Este entendimento sugere que a Educação Ambiental surge com uma

    função social, na qual a escola tem um papel determinante, pois a escola é um

    local de relações sociais, onde são estabelecidas ações coletivas. Pode-se

    inferir que caráter democrático desta instituição tem duas faces diferentes

    neste campo, a da reprodução e a da participação social.

    Neste sentido, a Educação Ambiental em sua esfera democrática e

    participativa, objetiva o desenvolvimento do pensamento sustentável, como

  • 21

    meio de conscientização ambiental, na qual o conhecimento é produto de uma

    construção participativa. Assim, a escola é um local de ensino e aprendizagem

    do propósito da cidadania, o exercício da vivência dos direitos e deveres do

    cidadão.

    A Educação Ambiental se institui desta forma, como um processo

    educativo, que tem sua prática norteada pelos seguintes princípios, segundo

    (Loureiro, p. 2006):

    “A Educação Ambiental atua como instrumento mediador entre os atores

    sociais que agem no ambiente; A proposta educativa da Educação Ambiental

    se estabelece no questionamento legítimo de idéias e conhecimentos do

    ambiente em sua complexidade; Aprendizagem permanente; Articulação entre

    teoria e prática; Favorecimento da emancipação a partir de uma

    instrumentalização e preparação do indivíduo”.

    Os princípios expostos estabelecem na prática educativa, um

    compromisso com o conhecimento que o aluno tem de sua realidade, através

    de uma organização coletiva, na busca por soluções de problemas, e,

    compreensão do ambiente e suas relações.

    Assim, a Educação Ambiental atua a partir de uma consideração

    dialógica e dialética da prática educativa, estabelecendo relações de

    aprendizagem, conforme a apreensão da realidade do educando, construindo

    associações entre a esfera local e a esfera global.

    Faz-se necessário esclarecer que o propósito ambiental da educação se

    contrapõe ao momento histórico da sociedade atual, onde as relações de

    consumo, o processo de acumulação de capital, e a alienação, ditam normas e

    “valores” culturais.

    A perspectiva ambiental da educação assume assim, uma postura de

    ação transformadora, onde o caráter reflexivo em favor de uma superação das

    relações de dominação entre os homens e a natureza garante novos olhares

    culturais e novos entendimentos a respeito das questões ambientais.

  • 22

    Para tanto, atualmente, muitos estudos da dimensão ambiental da

    educação, se direcionam a uma possível incorporação da Educação Ambiental

    no currículo escolar, mas essencialmente se observa este aspecto educacional

    como uma necessidade de articulação interdisciplinar.

    2.2. Interdisciplinaridade e Educação Ambiental:

    A posição reflexiva da Educação Ambiental contribui com a prática

    educativa, na medida em que confere ao contexto escolar, a possibilidade de

    fundamentação de uma consciência ambiental, de docentes e discentes, em

    sua investigação e debate ecológico.

    Entretanto, se faz necessário um esclarecimento a respeito do caráter

    interdisciplinar da Educação Ambiental, que se estabelece a partir de uma

    articulação sistêmica de diversos saberes e necessidades do meio ambiente.

    Desta maneira, a dimensão ambiental da educação se constrói não apenas nas

    áreas escolares das ciências naturais, mas, em todas as disciplinas

    (humanísticas ou exatas), pois o meio ambiente é produto das relações sociais,

    nas quais estão presentes, a linguagem, a história e a ciência.

    Segundo a consideração de Noal (2006, p. 376):

    “As questões socioambientais são, na sua essência, multi, inter e

    transdisciplinares, pois perpassam e interligam além das questões sociais e

    ambientais, questões econômicas, políticas, estéticas e culturais. Mesmo que

    na maioria das vezes não sejam tratadas desta forma, elas abrigam uma

    diversidade de componentes e variáveis multidimensionais que exigem

    abordagens e interpretações sistêmicas e não deterministas”.

    Assim, a condição integradora da Educação Ambiental, se origina na

    necessidade de componentes dialógicos no processo de ensino e

    aprendizagem, uma vez que as articulações de saberes de natureza diversa

    são exigências da sociedade.

  • 23

    Esta característica interdisciplinar da Educação Ambiental proporciona

    uma abordagem ampla dos olhares em direção ao meio ambiente, pois

    considera as colaborações das diferentes esferas de conhecimento, garantindo

    uma compreensão favorável e maior integração entre alunos, professores e a

    toda a comunidade escolar.

    A articulação interdisciplinar presente no contexto educativo como um

    todo, assegura: uma ligação entre o trabalho realizado em sala de aula, e o

    cotidiano do aluno, de modo a dinamizar o processo de ensino-aprendizagem,

    através de vivências; análise de problemas ambientais, pertinentes ao contexto

    escolar do aluno, bem como a proposição de possíveis soluções; o

    favorecimento da construção coletiva de saberes; a percepção de que o aluno

    é sujeito participante deste processo; a dinamização do processo de reflexão –

    ação entre os educandos, através de atitudes sociais individuais e coletivas; o

    destaque do papel do professor, como coordenador deste processo coletivo.

    (Penteado, 2003).

    2.3. Uma ação política participativa:

    Conforme o exposto, observou-se que o caráter interdisciplinar da

    Educação Ambiental é responsável pela articulação entre as disciplinas

    escolares, e entre os sujeitos do contexto escolar, favorecendo desta forma,

    uma dinamização da escola, enquanto local de ação coletiva.

    Neste sentido, a escola assume seu papel na formação sociocultural dos

    educandos, que vivenciam as experiências de conscientização e de ação

    política.

    O desenvolvimento deste processo de articulação entre teoria e prática

    se estabelece nos questionamentos apresentados pelos alunos acerca de seus

    saberes imediatos, produtos de sua realidade.

    De acordo com Loureiro (2006, p. 133):

  • 24

    “A internalização de uma visão ambiental de mundo passa, sem dúvida,

    pela vinculação, feita por múltiplas mediações, entre o imediato vivido e as

    grandes questões globais. Não existe cidadania planetária sem que o indivíduo

    crie o senso de pertencimento e seja cidadão de algum lugar e de um Estado-

    nação, exercitando e redefinindo o próprio sentido de cidadania”.

    Deste modo, a dimensão ambiental da prática educativa se direciona a

    uma reflexão global e a uma ação política local a respeito das questões

    ambientais, a fim de que se construa uma relação participativa, onde o aluno

    possa entender a importância do seu conhecimento para o exercício da

    cidadania (saber empírico).

    Assim, a Educação Ambiental é antes de tudo um ato político, em favor

    de uma transformação social, que se situa no contexto da educação para a

    cidadania, sendo elemento determinante no desenvolvimento de sujeitos

    cidadãos, conscientes de seu papel sócio-ambiental, como multiplicadores de

    novos olhares, comportamentos e atitudes.

    2.4. Uma práxis em Gestão Escolar:

    A Educação Ambiental se insere como uma prática educativo-

    pedagógica de Gestão escolar, buscando uma estrutura de referência à

    conscientização ambiental, em seu propósito político, para uma transformação

    social. A Gestão escolar se responsabiliza por transformar metas e objetivos

    educacionais em ações, através de um processo político administrativo

    contextualizado, onde o sentido social da educação é orientado, organizado e

    colocado em prática.

    A sociedade hodierna1 revela a necessidade e a emergência de um

    pensar coletivo, em direção à conservação ambiental e à qualidade de vida,

    1 Sociedade atual.

  • 25

    através de uma prática participativa, ou seja, de uma intervenção de ação e

    reflexão dialógica.

    Um indicativo desta necessidade de um pensar coletivo na sociedade

    atual, é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394 de 1996

    artigo 3º, inciso VIII, que demonstra a gestão democrática como um dos

    princípios da gestão educacional, garantindo a participação dos profissionais

    de educação e da comunidade escolar, na construção do Projeto Político

    Pedagógico da escola, onde será estabelecida, qual a cidadania que se deseja

    para determinado contexto.

    Essa práxis, em seu caráter criador, ousado, crítico e reflexivo,

    descortina o poder da escola de repensar a sociedade. Para tanto, esta

    educação transformadora se coloca como educação para a cidadania, a fim de

    desenvolver a capacidade de pensar crítica e autonomamente, propondo

    questionamentos, fazendo novas leituras de sua realidade ambiental, e

    estabelecendo possíveis soluções aos embates encontrados.

    Deste modo, a Educação Ambiental se coloca como colaboradora neste

    processo de gestão democrática, que objetiva a autonomia, a participação e a

    emancipação, conforme as mudanças paradigmáticas necessárias, pois, se

    apresenta como uma nova hermenêutica das questões ambientais na escola –

    conforme seu papel socializador.

    A escola, neste sentido, é responsável pela elaboração, construção e

    ressignificação qualitativa do saber ambiental, a partir do diálogo, da pesquisa

    e das diferentes fontes de informação, considerando, fundamentalmente, a

    ética como princípio norteador.

    Como explica Pedro Jacobi (2006, p. 255):

    “O principal eixo de atuação da Educação Ambiental deve buscar acima

    de tudo, a solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença através de formas

    democráticas de atuação baseadas em práticas interativas e dialógicas”.

  • 26

    Este novo paradigma de gestão escolar apresenta as relações de poder

    horizontais, estruturas integradas, espaços coletivos, formas de ação

    democráticas e autônomas. Tais aspectos incorporam as necessidades

    educacionais da atualidade, que estão de acordo com o sentido da Educação

    Ambiental, uma vez que o meio ambiente envolve a fauna, a flora e as relações

    sociais.

    A Educação Ambiental se insere como instrumento dessa práxis,

    observando no contexto escolar, as relações sócio-educacionais, a partir da

    realidade do educando, e promovendo uma mudança de comportamento para

    a sua efetivação.

    Um aspecto de extrema relevância para este entendimento pedagógico

    é a organização do currículo escolar, que deve contemplar a questão

    ambiental, como princípio educativo; e a metodologia, que deve valorizar o

    conhecimento que o aluno tem a priori em seu contexto ambiental, a partir de

    discussões em classe, ou em grupo, debates, questionários, reflexões e

    projetos elaborados pelos próprios alunos. É importante salientar que o

    currículo vivido, ou seja, o currículo que surge na prática educativa cotidiana

    (como as questões ambientais locais), e o currículo oculto (real questionamento

    coletivo), são elementos de grande significado para a elaboração de núcleos

    conceituais no processo de ensino e aprendizagem.

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1998 fazem referência à

    Educação Ambiental como tema transversal, que tem conteúdos relativos a

    valores e atitudes, como: desenvolver um espírito de crítica às relações de

    consumo e o senso de responsabilidade e solidariedade, e, conteúdos relativos

    a procedimentos, como: formas de manutenção e limpeza do ambiente escolar,

    formas de evitar o desperdício e saber utilizar os serviços existentes

    relacionados com as questões ambientais. Além das questões básicas do meio

    ambiente (proteção, preservação, conservação, recuperação, degradação e

    sustentabilidade).

    Os assuntos de investigação escolar predominantes são: o lixo; a

    poluição do ar, de rios e mares, enchentes; investigação sobre a realidade

  • 27

    ambiental do local da escola; a proteção e a conservação das áreas verdes; a

    degradação de mananciais e bacias hidrográficas; problemas da saúde

    coletiva; bem como a causa de fenômenos ambientais (aquecimento global, El

    Nino, La Nina etc).

    A atuação da Educação Ambiental está diretamente relacionada com a

    cidadania, como formação e exercício desta, proporcionando ao aluno, um

    novo modo de pensar a relação do homem com o meio ambiente. Esta

    proposta educativa para a cidadania é um processo de aprendizagem

    permanente, que valoriza o conhecimento prévio do educando, em suas

    diferentes formas, e, favorece o desenvolvimento do cidadão com consciência

    local e global. Pois, a cidadania é construída na relação com o outro, havendo

    igualdade, quanto aos direitos e deveres, e, diferença, quanto ao contexto

    sociocultural e ambiental – particular do aluno. Este propósito cidadão da

    questão ambiental, como dimensão escolar, ainda descortina o sentido

    democrático da cidadania, na medida em que oferece estruturas referenciais de

    conhecimento para o pensamento crítico do discente, frente às suas escolhas

    sócio-ambientais.

    Assim, a Educação Ambiental constitui um novo modo de olhar as

    relações sócio-ambientais, necessário à sociedade atual como meio de

    conscientização e mudança comportamental dos educandos, através de uma

    práxis participativa de gestão escolar, norteada pela reflexão e ação de um

    pensamento sustentável, em favor do meio ambiente.

    2.5 Aprendizagem e Avaliação na Educação Ambiental

    A Educação Ambiental constitui atualmente uma das dimensões mais

    importantes nas discussões do processo educacional, pois, evidencia o poder

    da escola, em repensar a sociedade. Para tanto a denominação Educação

    Ambiental, tem instrumentos básicos de uma proposta pedagógica: a

    conscientização, a capacidade de avaliação e a participação dos educandos.

  • 28

    Entre as atribuições da Educação Ambiental, destacam-se: o sentido da

    cidadania; a transformação social a partir de novos valores; e, uma nova

    relação homem – meio ambiente pautada na preservação e no pensamento

    sustentável. Enquanto tema de conteúdo transversal (segundo os Parâmetros

    Curriculares Nacionais), e por tratar-se de uma área de amplo significado

    educativo, a Educação Ambiental não pode ser avaliada apenas sobre um

    ponto de vista, se faz necessário considerar, os aspectos sócio-históricos,

    econômicos, políticos e culturais, conforme as relações humanas, nos diversos

    modos de olhar a questão ambiental.

    A avaliação na Educação Ambiental, não deve objetivar apenas a

    verificação de conteúdos, tais como o lixo, os materiais recicláveis, os

    fenômenos naturais ou a diversidade da fauna e da flora, mas, a avaliação de

    um processo contínuo de aprendizagem na integração dos conhecimentos na

    prática cotidiana, uma vez que o seu alvo é a conscientização e a mudança de

    comportamento do educando.

    Assim, a utilização prática dos saberes discutidos sobre o meio ambiente

    é mais relevante, como apropriação de conhecimento, do que as informações

    presentes nos conteúdos. Segundo Depresbiteris (2006, p. 534):

    “A avaliação em educação ambiental, como a avaliação em todo o

    processo de ensino e aprendizagem, deve se distanciar dos paradigmas

    clássicos que sempre a nortearam, buscando cumprir um novo papel: o de

    auxiliar o aluno a identificar o significado do seu aprendizado”.

    Deste modo, a Educação Ambiental se apresenta como um desafio, na

    medida que se responsabiliza por uma conscientização de que as ações

    praticadas pelo homem influenciam o meio ambiente e a qualidade de vida em

    esfera global. É pertinente neste sentido, esclarecer que a escola deve

    incentivar o aluno a investigar as questões ambientais de seu contexto, com a

    finalidade de estabelecer uma aprendizagem de ressignificações qualitativas,

    na construção de propostas e soluções para os problemas ambientais

    observados.

  • 29

    Outro aspecto fundamental no processo avaliativo da Educação

    Ambiental é o comportamento ético na ação desenvolvida pelo educando, pois

    o sentido de seu aprendizado tem a ética como princípio essencial. Propõe-se

    desta forma, um entendimento novo, a respeito do papel da escola, que passa

    a ter toda a comunidade escolar (direção, coordenadores, professores, alunos,

    pais e funcionários) envolvida, na condição de aprendizes das questões

    ambientais.

    Os conteúdos básicos que teriam a função de ligar a ciência aos

    problemas apresentados no cotidiano são: o ecossistema, o conceito de

    habitat, nicho ecológico, cadeia alimentar, relações de consumo,

    desenvolvimento sustentável, degradação e preservação ambiental.

    A escola, assim, tem a sua preocupação voltada para a iniciativa, à

    independência, a responsabilidade, a cooperação e a comunicação dos

    educandos. E para tanto, deve utilizar como estratégia de ensino os debates

    dos problemas ambientais, o estímulo ao envolvimento dos alunos na

    resolução destes problemas, a pesquisa de campo e a utilização de diversas

    linguagens como meio de investigação (documentários, filmes, acesso a

    Internet, jornais e revistas).

    O papel da avaliação na Educação Ambiental deve assumir a dimensão

    qualitativa, observando a organização do currículo escolar, de modo a propiciar

    um envolvimento dos educandos nas questões ambientais de seu contexto,

    para uma reflexão sobre seu papel na situação ambiental global.

    Dessa maneira, a metodologia de avaliação deve contemplar a

    pesquisa, enquanto ação investigativa, através de exploração teórica e prática

    (pesquisa de campo, aula - passeio) sobre os problemas e as possíveis

    soluções das questões ambientais estudadas, a partir dos valores

    apresentados na Educação Ambiental.

    Cabe ressaltar que a Educação Ambiental não é uma disciplina escolar,

    mas um tema que deve ser observado por todas as disciplinas, assim sua

    avaliação não se destinará a verificações ou medições do conteúdo

  • 30

    transmitido, e sim a uma avaliação do processo de aprendizado –

    ressignificação qualitativa da dimensão ambiental – como um todo.

    A avaliação auxilia o aprendizado, na medida em que é parte integrante

    do processo educativo; não como cobrança, mas como mais um momento de

    aprendizagem; buscando a compreensão da dificuldade do educando, numa

    perspectiva emancipatória, que se direciona a transformação do seu contexto,

    pois, tem seu objetivo para o favorecimento da autonomia do aluno, sobre suas

    observações, suas possíveis alternativas ou soluções aos problemas

    observados e suas conclusões, sendo um sujeito crítico e um cidadão

    consciente de seu papel sócio – ambiental

  • 31

    CAPÍTULO 3. CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO

    AMBIENTAL.

    Sendo a Educação Ambiental, um veículo de pensamentos e ações

    favoráveis ao meio ambiente, esta se destina à valorização das potencialidades

    sócio-ambientais, no contexto educacional do aluno, e, à reflexão construtiva a

    respeito das relações estabelecidas entre escola, alunos, comunidade e o

    ambiente em que estão inseridos. A partir da escola, expandindo-se pela

    comunidade, cidade, região, país, planeta, a aprendizagem será mais efetiva,

    pois promove, de maneira articulada, o desenvolvimento de conhecimento, de

    atitudes e habilidades necessárias à melhoria da qualidade ambiental.

    3.1 Crise Ambiental e Crise Civilizatória.

    O comportamento do homem, conforme sua história, vêm sendo

    aprisionado à valores superficiais, pois o universo contemporâneo mostra uma

    preocupação com o consumismo e o avanço das tecnologias. Guattari (1990, p.

    8) inicia sua obra “As três ecologias”, dissertando sobre as transformações

    intensas que o mundo vivencia, que colaboram com os desequilíbrios

    ecológicos. “É a relação da subjetividade com a sua exterioridade – seja ela

    social, animal, vegetal, cósmica – que se encontra assim comprometida numa

    espécie de movimento geral de implosão e infantilização regressiva”.

    Este posicionamento contemporâneo – originado nos princípios

    capitalistas – gera uma crise civilizatória, onde estão distorcidas as concepções

    de mundo, de natureza, de coletividade, e, de poder. A partir de então, o

    homem não se percebe parte integrante do meio ambiente, pois a sociedade

    fragmenta e classifica seus elementos, banalizando sua relevância. Segundo

    Loureiro (2004, p. 71)

  • 32

    “A conscientização acerca da interdisciplinaridade e complexidade que

    envolve o meio ambiente, observa um novo olhar da natureza. Sendo

    primordial a educação ambiental como meio educativo pelo qual se podem

    compreender de modo articulado as dimensões ambiental e social,

    problematizar a realidade e buscar raízes da crise civilizatória”.

    Assim, esta crise ambiental e civilizatória, se estabelece conforme a

    dicotomia entre valores políticos, econômicos, sociais e éticos, produto de uma

    relação predatória constituída ao longo do tempo. Neste sentido, a educação é

    um elemento de resistência ao silenciamento da sociedade sobre seus conflitos

    socioambientais, uma vez que objetiva a unidade de pensamento favorável a

    uma conscientização ambiental.

    3.2 A contribuição da Ecopedagogia.

    Esta pesquisa não poderia se desenvolver sem a significativa

    apresentação da ecopedagogia, que não esclarece apenas uma pedagogia

    ecológica, mas, um novo olhar sobre a educação. Este novo paradigma

    fundamenta-se na contribuição freireana de pensar conforme a esfera da

    subjetividade e da cotidianidade, buscando sentido nas pequenas ações,

    resgatando uma unidade planetária de ser e saber. A ecopedagogia investiga a

    vida e a relação dos homens, sendo um movimento sócio – político, que surgiu

    no final dos anos 90 e atualmente é coordenado pelo Instituto Paulo Freire em

    São Paulo.

    A ecopedagogia implica uma reorganização do currículo, a partir de seus

    princípios, essencialmente a promoção da vida. Desta forma, valoriza os

    conteúdos relacionais, as vivências, atitudes e valores, bem como a

    diversidade cultural, garantindo manifestações das minorias étnicas, religiosas

    e sexuais, trata-se ainda de uma educação multicultural.

  • 33

    São princípios da ecopedagogia: o planeta é uma comunidade única; a

    Terra é um organismo vivo, em evolução; a consciência sustentável faz sentido

    para a nossa existência; a Terra é nosso endereço, com o qual temos que ter

    ternura; uma pedagogia que promove a vida (envolvimento, comunicação,

    compartilhamento, problematização, relação entusiasmo); caminhar com

    sentido na vida cotidiana; racionalidade intuitiva e comunicativa; novas atitudes,

    reeducação sentimental do olhar; cultura e sustentabilidade.

    Segundo Gadotti, (2000, p. 183)

    “O movimento pela ecopedagogia encontra nessas praticas alimento

    para a sua trajetória de consolidação de um novo paradigma educacional. Ao

    mesmo tempo, essas práticas ganham uma dimensão maior, ultrapassando a

    visão ambientalista e local, compreendidas dentro de uma visão mais

    totalizadora do mundo”.

    A ecopedagogia se estrutura numa abordagem filosófica, que se

    preocupa com o sentido mais profundo da existência humana, direcionada a

    uma educação sustentável, mais ampla que a educação ambiental. Entretanto,

    a ecopedagogia e a educação ambiental não são opostas, mas

    complementares, a ecopedagogia não se opões a educação ambiental. Para a

    ecopedagogia, a educação ambiental é um pressuposto. A ecopedagogia

    incorpora-a e fornecendo estratégias, propostas e meios para a sua realização.

    Marli Alves Santos (2006, p. 115) afirma que:

    “A ecopedagogia parece ser uma evolução da pedagogia freireana,

    incorporando o princípio da sustentabilidade à educação para a cidadania.

    Caracteriza-se por uma abordagem ecológica, propondo não só a reforma do

    currículo, mas também a comunidade escolar como um todo”.

    Assim, a ecopedagogia, enquanto hermenêutica educacional surge

    como elemento de resistência à hegemonia capitalista do mundo

  • 34

    contemporâneo, através de uma pedagogia participativa em todos os sentidos

    sócio – culturais, sendo traduzida a partir de uma sensibilização, promovendo

    uma reflexão histórica que favorece um pensamento ético e sustentável sob

    uma política da condição humana.

    3.3 A contribuição do Pensamento Sustentável.

    Segundo Kranz (1995 apud GADOTTI, 2000, p. 62) “desenvolvimento

    sustentável significa usarmos nossa ilimitada capacidade de pensar em vez de

    nossos limitados recursos naturais.”

    Conforme o conteúdo apresentado no capitulo I, a educação ambiental

    justifica-se na busca e construção de alternativas sociais fundadas em

    princípios éticos, pois o meio ambiente necessita de preservação para garantia

    da sobrevivência humana.

    Uma colaboração de extrema relevância neste sentido é a do

    pensamento sustentável, onde a ação humana sobre o meio ambiente não

    ocorre como forma de destruição, mas, como meio de renovação dos recursos

    naturais. Para tanto, a educação tem o poder de intervir junto à formação de

    sujeitos conscientes. Segundo Guattari, (1990, p. 52) “o princípio particular à

    ecologia ambiental é o de que tudo é possível tanto as piores catástrofes

    quanto as evoluções flexíveis. Cada vez mais, os equilíbrios naturais

    dependerão das intervenções humanas”.

    Assim, o desenvolvimento sustentável – que tem o seu conceito

    discutido por diversos autores: Edgar Morin, Marcos Reigota, Marli Alves

    Santos e Pedro Jacobi entre outros – diz respeito a um comportamento

    consciente diante dos recursos naturais limitados e finitos.

    A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

    Sustentável das Nações Unidas elaborou em 1988 o Relatório de Brundtland,

    no qual definiu-se desenvolvimento sustentável como: aquele que satisfaz as

  • 35

    necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras

    de suprir suas próprias necessidades”.

    Contudo, a abordagem da sustentabilidade não existe sem uma

    sociedade econômica e politicamente sustentável, uma vez que a participação

    deste entendimento permeia o caráter comportamental do sujeito, que

    atualmente encontra-se atrelado às questões de consumo e tecnologia.

    Deste modo, o conceito de sustentabilidade remete à necessidade de

    uma definição mais concreta de sociedade e natureza, portanto uma mudança

    na civilização, que discute estas significações a partir de olhares particulares e

    abstratos, tornando impossível uma conceitualização concreta, operacional e

    precisa de sustentabilidade. Neste sentido, as pesquisas sobre este tema, em

    meio a conferências e reuniões, apontam para uma orientação, enfoque, ou

    ainda, perspectiva sobre o desenvolvimento sustentável.

    A construção de uma leitura sustentável de mundo depende de uma

    postura consciente, em que o contexto escolar tem primordial participação.

    Moacir Gadotti (2000, p. 87) observa o desenvolvimento sustentável como uma

    “idéia – força” ou “idéia – mobilizadora”:

    A educação, concebida como escolarização, pode e deve ser um peso

    na luta pela sustentabilidade econômica, política e social. Processos não

    formais, informais e formais já estão conscientizando muitas pessoas e

    intervindo positivamente, se não solucionando, despertando para o problema

    da degradação crescente no meio ambiente.

    O urgente pensamento sustentável tem como principais argumentos: a

    solidariedade e a ética do cuidado. Cabe ressaltar que os avanços ocorridos no

    entendimento de sustentabilidade são ainda, entraves para o crescimento

    econômico, o que resulta na perda da biodiversidade, diminuição dos recursos

    naturais não renováveis e degradação do meio ambiente.

  • 36

    3.4 A dimensão ambiental da Educação para a Cidadania

    O presente estudo esclarece que o conceito de meio ambiente não está

    relacionado apenas à ecologia, mas – sob um olhar mais amplo – a dimensão

    ambiental traduz diversas facetas da sociedade, como: cultura, história e

    comportamento.

    A questão ambiental está relacionada à educação, com a finalidade de

    garantir o desenvolvimento de um olhar sustentável da sociedade, assim o

    indivíduo se insere em seu papel de cidadão consciente. “Promover a

    consciência política e o pensamento crítico entre os estudantes, a fim de torná-

    los aptos a serem cidadãos responsáveis, é considerado um aspecto

    importante da educação para a cidadania” Santos, (2006, p. 105).

    Neste sentido, a educação ambiental favorece a construção do

    pensamento do aluno em direção à cidadania, pois, de acordo com os ideais

    propostos estão valores como ética, respeito e responsabilidade.

    Este direcionamento auxilia o educando em seu posicionamento crítico,

    de forma a estabelecer uma visão holística da sociedade, pois este se observa

    ator deste contexto de direitos e deveres, no qual o meio ambiente é parte

    integrante, pois é produto das relações sociais.

    Segundo Jacobi (2005, p. 244):

    “Atualmente, o desafio de fortalecer uma educação para a cidadania

    ambiental convergente e multi – referencial se coloca como prioridade para

    viabilizar uma prática educativa que articule de forma incisiva a necessidade de

    se enfrentar concomitantemente a crise ambiental e os problemas sociais”.

    O processo de aprendizagem do sujeito sobre as questões

    socioambientais inicia-se por meio de uma observação (e conseqüentemente

    intervenção) em sua realidade local, de cultura e ideologias singulares, bem

    como as relações de interesses, favorecendo ainda, a construção de saberes

  • 37

    políticos. Assim, a educação ambiental propõe o esclarecimento do papel dos

    educandos, enquanto atores políticos.

    Portanto, a educação ambiental se estabelece como educação para a

    cidadania, na medida que confere um aprendizado social ao aluno, fundado no

    diálogo, na recriação e reinterpretação do conhecimento (informações,

    conceitos e significados) que se originam no sistema formal ou informal de

    ensino – contexto ambiental do aluno.

    3.5. Refletindo sobre a ação... conceitos pertinentes à

    Educação Ambiental.

    Após as considerações teóricas feitas nos capítulos anteriores, se faz

    necessário um esclarecimento a cerca da práxis na Educação Ambiental. Para

    tanto, serão apresentados a seguir, alguns conceitos pertinentes a um

    entendimento das questões ambientais.

    O homem convive com a natureza a mais de 1 milhão de anos, assim,

    esta interação muitas vezes descaracteriza alguns elementos naturais. O

    elemento natural é aquele que não sofreu qualquer alteração do homem, para

    existir, como exemplo, podem ser mencionados: rios, nascentes, lagos e

    animais silvestres. Entretanto, devido à relação antiga entre a ação humana e a

    natureza, grande parte dos recursos naturais, resultam de uma intervenção da

    cultura humana, ou são produto de uma ação conservativa, podendo ainda,

    tratar-se de um sistema ecológico que já foi regenerado, após qualquer

    intervenção. Deve se considerar também os elementos produzidos ou

    transformados pela ação humana, como bosques plantados, jardins, praças,

    plantações e pastos.

    Esta diferenciação é relevante, na medida que delimita a ação do

    homem na natureza, tanto nos aspectos físicos, quanto nos aspectos sociais,

    lembrando a definição de meio ambiente que não restringe este conceito,

  • 38

    apenas a ecologia material ou física, mas se amplia nas relações sociais

    participantes deste sistema.

    Os parâmetros Curriculares Nacionais (1998) apresentam alguns

    conceitos básicos referentes ao meio ambiente: proteção, preservação,

    conservação, recuperação e degradação; observado como tema transversal.

    A proteção ambiental é a defesa daquilo que é ameaçado, no Brasil, a

    Constituição Federal apresenta várias leis, estabelecendo as Áreas de

    Proteção Ambiental (APAs), ou seja, espaços do território brasileiro definidos e

    delimitados pelo poder público. Nestas áreas, a proteção é uma necessidade

    para garantir o bem estar das populações da atualidade e do futuro, e o

    equilíbrio do meio ambiente. Neste sentido, poderão ser constituídos critérios e

    normas complementares, que restrinjam o uso de recursos naturais nestas

    áreas (como exemplo: a proibição das queimaduras e do desmatamento),

    considerando a realidade local. A Constituição Federal afirma a seguinte

    condição para ao uso de recursos naturais nas APAs: “não comprometa a

    integridade dos atributos que justifiquem sua proteção”. (Constituição Federal,

    artigo 225, parágrafo 1º, III).

    A preservação ambiental é a ação da proteção contra a destruição e/ou

    qualquer forma de dano ou degradação do meio ambiente (área geográfica,

    espécie de animais ou vegetais ameaçados de extinção), através de medidas

    preventivas legalmente necessárias e medidas de fiscalização cabíveis. Por

    exemplo, as áreas de preservação permanente, previstas pelo Código

    Florestal, ao longo dos cursos das águas; estas áreas se destinam à vegetação

    ou mata ciliar, ou seja, (como os cílios para os olhos) faixa de vegetação nativa

    às margens dos rios, lagos, nascentes e mananciais, importantes para garantir

    a quantidade e qualidade das águas.

    A conservação é a utilização consciente de qualquer recurso natural,

    garantindo a renovação ou a auto-sustentação (idéia de sustentabilidade).

    A recuperação é o ato de recuperar o que foi perdido, adquiri-lo

    novamente. Nem sempre a área destruída pode retornar ao seu estado

    anterior, a lei prevê a responsabilidade da recuperação, pelo agente

  • 39

    degradador, o agente responsável pelo dano, deve repará-lo. Além da

    recuperação da área degradada, a lei assegura provável pagamento de multa

    (Lei Federal nº 6938).

    A degradação ambiental é a manifestação de alterações ou

    desequilíbrios provocados no meio ambiente, que são prejudiciais aos seres

    vivos, impedindo os processos vitais antes destas alterações. Algumas das

    formas mais evidentes de degradação ambiental são a desestruturação física,

    a poluição e a contaminação.

    Estes conceitos evidenciam a responsabilidade da consciência e da

    ação humana em sua relação em sua relação com o meio ambiente, assim a

    educação tem um importante papel neste processo de conscientização a

    respeito destes conceitos.

    A degradação ambiental cresce em grande escala, tendo como principal

    contribuinte a ação humana de exploração dos recursos naturais. Surgem com

    isso, os fenômenos como o aquecimento global, as chuvas ácidas, os furacões

    e os maremotos entre tantos outros. Provavelmente em 50 anos a educação

    ambiental seja necessária como meio de sobrevivência em alguns pontos da

    Terra.

    Em todos os segmentos, a educação se efetiva na união entre os

    pressupostos teóricos e práticos, buscando construir dialogicamente o

    pensamento e a ação, a partir da capacidade humana de planejar e replanejar.

    A questão ambiental por ser alicerçada na ação pela transformação do meio

    ambiente, se traduz da mesma forma.

    Segundo Loureiro (2006, p. 130):

    “Não nos educamos abstratamente, mas na atividade humana coletiva,

    mediada pela natureza, com sujeitos localizados temporal e espacialmente. Ter

    clareza disso é o que nos leva a atuar em Educação Ambiental, mas não a

    partir do discurso genérico de que todos nós somos igualmente responsáveis e

    vítimas do processo de degradação ecossistêmica. Educar para transformar é

    agir conscientemente em processos sociais que se constituem conflitivamente

    por atores sociais que possuem projetos distintos de sociedade”...

  • 40

    A discussão a respeito da Educação Ambiental, na atualidade, se

    direciona a uma intervenção pedagógica em favor do desenvolvimento de uma

    construção sistêmica do pensamento sustentável, buscando a transformação

    do comportamento humano e de seu modo de olhar; da sociedade; da cultura,

    sobre a concepção de meio ambiente.

  • 41

    CONCLUSÃO

    Este Trabalho de Conclusão de Curso disserta sobre a Educação

    Ambiental no contexto escolar, que se apresenta como uma necessidade do

    momento histórico atual, onde os problemas ambientais têm demonstrado a

    degradação causada pela ação humana, através dos desastres e fenômenos

    naturais. A pesquisa se direciona a conscientização política e ética das

    questões ambientais no contexto escolar, a partir de uma abordagem

    pedagógica sobre o assunto.

    Inicialmente, se faz necessário um esclarecimento a respeito do

    significado do meio ambiente, que não se traduz apenas na fauna e na flora,

    mas, contempla as relações estabelecidas entre o homem e a natureza.

    Estas relações entre o homem e a natureza que compõem o meio

    ambiente, se manifestam nas esferas: política, social, cultural, econômica..., e,

    assim, sugerem uma visão holística, ou seja, ampla - visão do todo - de

    diversos olhares (da filosofia; da sociologia; da antropologia; comportamental,

    da psicologia; biologia; política; economia, etc) para a construção do conceito

    de educação Ambiental.

    A Educação Ambiental é um processo de ensino – aprendizagem, onde

    são desenvolvidas novas estruturas de referência sobre o meio ambiente aos

    educandos, enquanto atores sociais, através de uma análise e compreensão

    do meio ambiente. Configura-se ainda, como meio de ação política do

    conhecimento ambiental, pois tem como finalidade, o favorecimento de um

    pensar crítico; instruídos por princípios éticos, que abrangem o sentido de

    cooperação, participação ativa, responsabilidade social e pensamento

    sustentável.

    Desta forma, a escola tem um papel fundamental neste processo, na

    medida que se responsabiliza pela formação sócio – cultural de seus alunos, e

    pela conscientização destes, enquanto cidadãos.

  • 42

    O sentido amplo da Educação Ambiental deve ser assistido pela

    interdisciplinaridade no contexto escolar, pois, a articulação sistêmica, ou seja,

    interligada, dos diversos saberes e olhares atende às necessidades de

    investigação das questões ambientais.

    Deste modo, a Educação Ambiental deve ser abordada por todas as

    disciplinas escolares (não somente as Ciências Naturais), com o propósito de

    valorização da realidade local do aluno, para que este, possa não apenas

    apontar os problemas ambientais do seu contexto, mas também, a partir de

    reflexão (articulação entre teoria e prática), propor possíveis soluções a estas

    questões.

    Neste sentido, a educação Ambiental, tem em sua função social, o

    caráter determinante de uma ação política, pois se responsabiliza por preparar

    educandos para assumir seu papel, enquanto ator sócio - ambiental, e,

    fundamentalmente, potencializar seus questionamentos e reflexões sobre a

    realidade de maneira crítica, em favor do meio ambiente e de uma

    conscientização coletiva.

    Para tanto, a Educação Ambiental deve ser observada pela Gestão

    Escolar, como instrumento de um educação política, que atribui o sentido de

    formação para a cidadania do aluno.

    A Gestão Escolar é um meio efetivo de promoção da Educação

    Ambiental, porque tem como atribuição principal, a formação do cidadão no

    sentido maior, bem como a organização das estruturas educacionais; como: a

    construção do Projeto Político Pedagógico; das Propostas Pedagógicas; e pela

    revisão do currículo escolar. Sendo, assim, responsável por um compromisso

    político de mediação de interesses, a partir de uma participação coletiva.

    Torna-se, portanto, um eixo de viabilização da dimensão ambiental da

    educação no contexto escolar.

    A proposta de Educação Ambiental na Gestão Escolar conta com a

    contribuição do pensamento sustentável, que sugere novas atitudes aos

    educandos, em favor da renovação dos recursos naturais, valorizando a

  • 43

    reflexão do aluno, para que suas ações sejam norteadas pelo princípio da

    sustentabilidade.

    Outra grande colaboração para alicerce da Gestão escolar em

    detrimento da Educação Ambiental é a ecopedagogia, que se traduz numa

    concepção freireana de valorização da vida e da humanização, a partir de uma

    abordagem filosófica de entendimento das pequenas ações cotidianas. A

    ecopedagogia se fundamenta nos princípios da sustentabilidade e nas

    questões propostas pela Carta da Terra, e estabelece uma relação

    complementar com a Educação Ambiental.

  • 44

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