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A EDUCAÇÃO FÍSICA NA INSTRUÇÃO PÚBLICA PRIMÁRIA DO PARÁ (1918 1928): DA CONSTITUIÇÃO Á CONSOLIDAÇÃO DE UMA DISCIPLINA * ELIS PRICILA AGUIAR DA SILVA ** MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO DE SOUZA AVELINO DE FRANÇA *** INTRODUÇÃO Este artigo é originário de uma pesquisa de dissertação em desenvolvimento intitulada “A Educação Física na Instrução Pública Primária no Pará entre os anos de 1918 a 1938”, orientada pela Drª. Maria do Perpétuo Socorro de Souza Avelino de França, vinculada a linha de pesquisa “Saberes Culturais e Educação na Amazônia”, do curso de Mestrado em Educação da Universidade do Estado do Pará UEPA. O período histórico abordado neste texto se localiza entre os anos de 1918 e 1928, momento em que, a partir do Regulamento Geral da Instrução Pública de 1918, a Educação Física, entendida nesse momento pela ginástica, exercícios militares, o qual seria substituído posteriormente pelo escotismo, foi instituída como obrigatória. Originando assim, uma série de medidas necessárias para a implantação dessas práticas corporais nos estabelecimentos de ensino primário. METODOLOGIA Esta pesquisa se insere no campo dos estudos denominado história das disciplinas escolares, Chervel (1990), em sua obra “História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa”, indica a importância de se estudar as disciplinas, uma vez que: São criações espontâneas e originais do sistema escolar é que as disciplinas merecem um interesse todo particular. E porque o sistema escolar é detentor de um poder criativo insuficientemente valorizado até aqui é que ele desempenha na sociedade um papel o qual não se percebeu que era duplo: de fato ele forma não somente os indivíduos, mas também uma cultura que vem por sua vez penetrar, moldar, modificar a cultura da sociedade global. (p. 188) No que tange a nossa abordagem metodológica lançamos mão da história cultural na busca de compreender o ensino da educação física na instrução primária pública em um local determinado, o Pará, dentro de um determinado momento histórico, entre os anos de 1918 e * Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento e Tecnológico (CNPQ). ** Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPA; graduada em Licenciatura Plena em Educação Física (UEPA) e Membro do Grupo de Pesquisa História da Educação na Amazônia (GHEDA). *** Pós Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS); Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPA; Líder do Grupo de Pesquisa História da Educação na Amazônia (GHEDA).

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A EDUCAÇÃO FÍSICA NA INSTRUÇÃO PÚBLICA PRIMÁRIA DO PARÁ (1918 –

1928): DA CONSTITUIÇÃO Á CONSOLIDAÇÃO DE UMA DISCIPLINA*

ELIS PRICILA AGUIAR DA SILVA**

MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO DE SOUZA AVELINO DE FRANÇA***

INTRODUÇÃO

Este artigo é originário de uma pesquisa de dissertação em desenvolvimento intitulada

“A Educação Física na Instrução Pública Primária no Pará entre os anos de 1918 a 1938”,

orientada pela Drª. Maria do Perpétuo Socorro de Souza Avelino de França, vinculada a linha

de pesquisa “Saberes Culturais e Educação na Amazônia”, do curso de Mestrado em

Educação da Universidade do Estado do Pará – UEPA.

O período histórico abordado neste texto se localiza entre os anos de 1918 e 1928,

momento em que, a partir do Regulamento Geral da Instrução Pública de 1918, a Educação

Física, entendida nesse momento pela ginástica, exercícios militares, o qual seria substituído

posteriormente pelo escotismo, foi instituída como obrigatória. Originando assim, uma série

de medidas necessárias para a implantação dessas práticas corporais nos estabelecimentos de

ensino primário.

METODOLOGIA

Esta pesquisa se insere no campo dos estudos denominado história das disciplinas

escolares, Chervel (1990), em sua obra “História das disciplinas escolares: reflexões sobre um

campo de pesquisa”, indica a importância de se estudar as disciplinas, uma vez que:

São criações espontâneas e originais do sistema escolar é que as disciplinas

merecem um interesse todo particular. E porque o sistema escolar é detentor de um

poder criativo insuficientemente valorizado até aqui é que ele desempenha na

sociedade um papel o qual não se percebeu que era duplo: de fato ele forma não

somente os indivíduos, mas também uma cultura que vem por sua vez penetrar,

moldar, modificar a cultura da sociedade global. (p. 188)

No que tange a nossa abordagem metodológica lançamos mão da história cultural na

busca de compreender o ensino da educação física na instrução primária pública em um local

determinado, o Pará, dentro de um determinado momento histórico, entre os anos de 1918 e

* Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento e Tecnológico (CNPQ). ** Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPA; graduada em Licenciatura Plena em

Educação Física (UEPA) e Membro do Grupo de Pesquisa História da Educação na Amazônia (GHEDA). *** Pós – Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS);

Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPA; Líder do Grupo de Pesquisa História da

Educação na Amazônia (GHEDA).

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1928, na perspectiva de construção de uma narrativa que contribua para “a representação do

passado, que formula versões – compreensíveis, plausíveis, verossímeis- sobre experiências que se

passam por fora do vivido.” (PESAVENTO, 2008, p. 42).

Por se tratar de um trabalho histórico-educacional utilizamos a pesquisa documental.

Segundo Rodrigues e França, a pesquisa documental “utiliza materiais que não receberam

ainda um tratamento analítico, ou que podem passar por novas análises de acordo com os

objetivos da pesquisa.” (2010, p. 55).

Como fontes documentais principais foram utilizadas: o Regulamento Geral da

Instrução Pública Primária de 1918, a revista “O Ensino” de 1918 e 1919, as mensagens dos

governadores Lauro Sodré (1917 a 1920), Antonio de Sousa Castro (1921 a 1924), Dionysio

Ausier Bentes (1925 a 1928), o jornal “Diário Oficial do Estado do Pará” (1919 a 1928), entre

outros, além da produção historiográfica pertinente a educação física no país.

As fontes foram localizadas na seção de obras raras e de microfilmagem da Biblioteca

Pública Arthur Viana em Belém do Pará.

O Início da Obrigatoriedade da Educação Física: o regulamento da instrução primária

de 1918

A Diretoria de Instrução Pública Primária do Pará atenta as discussões realizadas pelos

pedagogos e médicos paraenses e do restante do Brasil em prol da importância da educação

física no cotidiano do ensino primário, institui pelo Decreto n. 3.356 de 07 de maio 1918, que

alterou o Regulamento Geral da Instrução Pública Primária do Pará na seção “Do ensino

primário de letras”, no art. 3º “os exercícios militares e de calistenia sueca, apropriados a

idade e ao sexo dos alunos (p. 3)” como disciplinas para o currículo do ensino primário, e na

seção “Da higiene Escolar” no art. 266º complementa: “Os exercícios de ginástica são

obrigatórios, duas vezes por semana, para todos os alunos, salvo contraindicação do inspetor

sanitário ou á requisição da família, sob atestado médico (p. 51)” (PARÁ, REGULAMENTO

GERAL DA INSTRUÇÃO PÚBLICA DO ESTADO DO PARÁ,1918).

Ainda de acordo com o referido Regulamento, na seção “das aulas e das férias” temos

a prescrição da quantidade de dias e os horários no qual a educação física deveria acontecer e

institui que, o ensino da ginástica destinava-se aos alunos de ambos os sexos, mas os

exercícios militares somente para os alunos do sexo masculino. “Em dias que serão regulados,

duas vezes por semana, das 3 ½ ás 5 ½ da tarde, para o ensino da ginástica aos alunos de

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ambos os sexos e de exercícios militares, aos alunos do sexo masculino (art. 146)” (PARÁ,

REGULAMENTO GERAL DA INSTRUÇÃO PÚBLICA DO ESTADO DO PARÁ,1918, p.

32).

O sistema de ginástica ministrado na instrução primária do Pará nesse período foi o

sueco, idealizado por Per Henrik Ling, é composto por três tipos de ginástica sendo, ginástica

pedagógica/ educativa, ginástica militar, ginástica médica.

A ginástica pedagógica/ educativa: recomendada aos indivíduos saudáveis apresenta

um caráter educacional e social: educacional pois, seus exercícios essencialmente

respiratórios buscam educar o corpo com objetivo de prevenir alterações posturais. E social/

patriótica, ao formar, através da disciplina empregada para realização desses exercícios,

cidadãos também obedientes a ordem e a serviço da sociedade. A ginástica militar: combina

exercícios da ginástica pedagógica com exercícios típicos militares como tiro e esgrima. Por

fim, a ginástica médica/ortopédica: indicada para indivíduos com alguma enfermidade ou

defeito postural, que com exercícios específicos para cada caso, curaria ou minimizaria tais

situações (MARINHO, 1965).

Segundo a mensagem do Governador Lauro Sodré apresentada ao Congresso

Legislativo em 1919 seria contratado professores para as aulas de ginástica e os exercícios

militares seriam ministradas por instrutores “especiais escolhidos entre os mais habilitados

oficiais inferiores da Brigada Militar do Estado” (PARÁ, MENSAGEM DO GOVERNADOR

DO ESTADO 1919, p. 114),

Sobre a organização das aulas de ginástica sueca e seus conteúdos o “Programa de

Ensino da Instrução Primária” de 1919 prescreve que estas deveriam ser divididas em duas

turmas, separando os alunos por idades e de acordo com o desenvolvimento físico. A primeira

turma deveria ser composta de meninos e meninas com idade de 7 a 10 anos e compreendia a

execução de exercícios de ginástica respiratória, exercícios preliminares de equilíbrio da

cabeça, do tronco, braço e perna, além de marcha simples, devendo essa aula acontecer no

decorrer de 20 minutos (PROGRAMA DE ENSINO DA INSTRUÇÃO PRIMÁRIA, 1919)

Já a segunda turma deveria ser composta de meninos e meninas com idade entre 11 e

14 anos. Esses executariam os mesmo exercícios e exercícios progressivos dos realizados pela

primeira turma, compreendendo diferentes movimentos combinados entre si, além de diversas

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maneiras de marchar, essa aula deveria acontecer no decorrer de 30 minutos (PROGRAMA

DE ENSINO DA INSTRUÇÃO PRIMÁRIA, 1919).

De acordo com palavras do Diretor de Saúde Pública utilizadas por Lauro Sodré na

mensagem de 1919, apresentada ao Congresso Legislativo, os exercícios respiratórios era

indica, pois, associados a outras medidas desenvolveriam nas crianças resistência à invasão do

bacilo da tuberculose, doença que a cada ano causava um maior número de mortes no Pará.

Problema sobre o qual não estão de acordo todos os higienistas é o da profilaxia

desta espécie nosológica, pois que repelem muitos o isolamento obrigatório dos

doentes, admitindo que o que convêm é colocar o organismo em condições de

resistir à invasão do bacilo de Koch, procurando desenvolver já na criança essas

condições de resistência com meios higiênicos necessários, tais como colônias

escolares, escolas ao ar livre, ginástica respiratória, fiscalização do mobiliário

escolas, etc, fatores que tornem o organismo apto a defender da possível infecção

(PARÁ, MENSAGEM DO GOVERNADOR DO ESTADO, 1919, p. 105)

Continuando essa relação entre a prática da ginástica associada a manutenção ou

recuperação da saúde do alunado paraense, Thomas Nunes, do município de Curuçá, ao

publicar na revista “O Ensino” de 1919, o artigo intitulado “Ginástica Sueca nas Escolas”,

revela sua visão sobre o estado físico das crianças e adolescentes que frequentavam a

instrução primária e a expectativa de transforma-los, lapida-los, “reforma-los” a partir da

ginástica:

O Pará hoje cumpre o seu dever. De suas escolas não sairão falanges de

defeituosos desfilando macabramente aos olhos da multidão, e sim brasileiros

robustecidos pela pratica da ginástica a completar em outro meio a sua formação

intelectual (NUNES, 1919, p. 359.)

No relatório apresentado ao Governador do Estado pelo diretor do Instituto Lauro

Sodré, Antônio Marçal, e publicado na Revista “O Ensino” de 1919, o autor também traz suas

impressões sobre a situação física e moral encontrada entre o alunado do ensino primário,

assim diz:

Um menino, com 11 anos, idade taxativa do Regulamento, viciado, mal educado

enfim, como aqui existem alguns, é um elemento perturbador e profundamente

deletério, que precisa de higiene e da colônia correcional.

Um candidato doente, mas com atestado de saúde, impaludado crônico, com

ancilóstomo duodenal, anemiado por várias causas, alquebrado, sem energia para

o trabalho, apático, sem vivacidade, como se pode verificar aqui um ou outro

especimem, é um mal irremediável; para o hospital seria o caminho. (MARÇAL,

1919, p. 143)

Tomando como base a imagem relatada por Thomas Nunes e Antônio Marçal, a

instrução pública primária, recebia em seus estabelecimentos alunos com vício,

indisciplinados, acometidos das mais variadas doenças, debilitados fisicamente, seja por

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deformações causada, pelo raquitismo, ou simplesmente em virtude de serem corpos frágeis e

sem vigor e, ambicionava devolver para a sociedade cidadãos regenerados moral e

fisicamente, ou seja, robustos, com alinhamento postural correto, disciplinados, arraigados do

sentimento de coletividade, união, além de dispostos a se sacrificarem pelo Brasil, seja indo a

guerras, ou trabalhando até a exaustão para ver a prosperidade do País.

Em relação a preocupação com a postura ereta dos alunos, essa estava muito além da

questão dos benefícios fisiológicos, seu alcance era também simbólico ao associa-la a

questões de demonstração de orgulho, confiança, esperança, como nos mostra o seguinte

trecho do Programa de Ensino da Instrução Primária de 1919, fazendo referência a disciplina

educação moral e cívica:

Evite no educando, á mesa, no banco de estudo, no recreio e nos passeios a pé ou

em bicicleta, as atitudes viciosas e antifisiológicas; não lhe deixe cruzar os braços

sobre o peito, o que lhe vicia a pouco o tórax; incuta-lhe no espirito o orgulho da

sua raça e o orgulho da sua pátria; [...]aconselhe-o a olhar, confiante, para a frente

e, esperançado, para cima, em busca de longos horizontes; demonstre-lhe que uma

atitude de vencido é impropria de um homem lutador, [...]provi-lhe que a todo

homem cabe uma missão na vida e que falseá-la por fraqueza ou por interesse

pessoal é trair a pátria e as supremas aspirações da humanidade, e ensine-lhe, ao

lado de uma estética atitude física, uma perfeita atitude moral, cultuando o dever e

o amor da verdade e da justiça (PROGRAMMA DE ENSINO DA INSTRUÇÃO

PRIMÁRIA, 1919, p. 193).

Portanto, a educação física e suas estratégias pedagógicas deveriam ser utilizadas para

formar esse novo cidadão, educado em todos os aspectos do seu corpo, devendo saber

controlar a mente e o corpo e com isso subjugar as suas vontades a vontade da Pátria não

agindo na individualidade, mas em função da coletividade.

Dentro das escolas primárias essa função de forjar nas crianças um espírito patriótico,

deveria ser realizada de maneira ordenada e coordenada através das aulas de ginástica sueca,

educação moral e civismo e dos exercícios militares.

No Pará, os exercícios militares aparece pela primeira vez no Regulamento Geral da

Instrução Primária de 18993, no entanto com exceção do Instituto Lauro Sodré

4, não

3 Art. 85. § Único. O ensino de trabalhos manuais, ginástica e exercícios militares, será ministrado pelos próprios

professores do grupo nos respectivos cursos. Seção III – Dos Grupos Escolares. Regulamento Geral da Instrução

Pública Primária, 1899, p. 24. 4 O Instituto Lauro Sodré era um estabelecimento de ensino profissionalizante que também oferecia ensino

primário de acordo com o prescrito pela Diretoria da Instrução Pública foi encontrado indícios dos exercícios

militares. PARÁ, Relatório Instituto Lauro Sodré “1889” F. Chiathi & C. Editores. PARÁ – MILANO. 1889, p.

12 e 38. PARÁ, Monografia do Instituto Lauro Sodré: Escola Profissional do Estado. Typ. e Encadernação do

Instituto Lauro Sodré, 1904, p.

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localizamos documentos ou referências bibliográficas que indicassem a realização dessa

prática em outros estabelecimentos de ensino primário nesse período.

Historicamente a instrução militar no ensino primário ao redor do mundo começou a

perder força sobretudo durante a 1º guerra e alguns países do mundo como Uruguai e

Argentina na América do Sul e Inglaterra e Alemanha na Europa já haviam extinguido tal

prática de seus estabelecimentos de ensino ou discutiam tal possibilidade. Em São Paulo, o

inspetor de ensino Mário Cardin em relatório ao governo Paulista em 1918 já aconselhava

substituir os exercícios militares pelo escotismo (SOUZA, 2000).

No entanto, no Pará é, em 1918, que a instrução militar é posta como obrigatória no

Regulamento da Instrução Primária e para legitimar os exercício militares como parte da

educação das crianças paraenses os dirigentes e legisladores do Pará vão buscar na França

subsídios ao publicar no jornal, “Diário Oficial do Pará” na seção “Ciências, Indústria e

Artes” em 2 de agosto de 1919, o artigo intitulado “a Educação Física na França – seu

surgimento e a preparação militar como ensino obrigatório, desde a escola” que retratava as

iniciativas do governo francês em reestruturar o país no pós 1ª guerra mundial, não apenas do

ponto de vista material e econômico, mas do revigoramento da raça por meio da educação

física, e lança para isso, um projeto de lei com os seguintes termos “a educação física é

obrigatória para os franceses de ambos os sexos desde a idade de seis anos até a de 17 anos e

que a preparação para o serviço militar e igualmente obrigatória para os rapazes, desde os 17

anos” (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ, 1919, p. 516).

Sobre as perspectivas e os objetivos da inserção dos exercícios militares nos

estabelecimentos de ensino primário, Afrânio Peixoto, em discurso proferido na Conferência

realizada pela Liga da Defesa Nacional em 20 de novembro de 1917 e publicado na revista “O

Ensino” de 1918, afirma ser a instrução militar e a ginástica modeladores do caráter através da

aquisição de virtudes morais, vivenciadas nessas práticas:

Estou convencido que os maus sujeitos que pregam o antipatriotíssimo, ou o

pacifismo subserviente aos povos violentos e agressivos vem das crianças que não

fizeram na escola exercícios ginásticos e militares com que se aprende a ordem, se

conforma á obediência, se submete os ímpetos individuais á vantagem coletiva, se

solidariza e se vem, com a resistência física ás provações, a adquirir a coragem,

com a coragem a capacidade de afrontar o perigo, perigo esquecido na dedicação á

causa nobre da defesa do nosso lar, que se projeta nos outros lares, de todos os

concidadãos (O ENSINO, 1918, p. 69).

Até aqui apresentamos subsídios encontrados no Regulamento de 1918 e em outros

documentos, que indicam a obrigatoriedade dos exercícios militares para o sexo masculino e

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da ginástica sueca para ambos os sexos na instrução primária e como estes deveriam ser

ministrados.

Todavia, entre o sancionar de uma lei e seu cumprimento no dia a dia da sociedade, e

neste caso na vida escolar, existe uma grande diferença, por isso, buscamos nas páginas do

Diário Oficial do Estado do Pará (1918 a 1928), da Revista “O Ensino” de 1918 e 1919, e das

Mensagens dos Governadores, indícios da implantação da educação física na instrução

pública primária. Mesmo se tratando de documentos oficiais do governo do Pará, entendemos

que estes, a partir da devida analise, podem ser tratados como um reflexo, mesmo que

embaçado, para ajudar na reconstrução e entendimento da educação física no ensino primário

nesse período histórico.

Da construção à consolidação da Educação Física no cotidiano da Instrução Pública

Primária no Pará

Sobre o início da implantação da ginástica nas escolas primárias no Estado do Pará, o

relatório de Raymundo Trindade, diretor do 2º grupo escolar da capital, apresentado ao diretor

da Instrução Pública Primária do Pará, e publicado na Revista “O Ensino” de 1918 temos

indícios de como era realizada a educação física nesse grupo escolar:

Instituímos o ensino da ginástica sueca, aproveitando para esta o tempo do recreio,

o qual, principalmente para os rapazes, é de tal forma desordenado e prejudicial

que mais vale não haver. O instrutor, um atual aluno nosso do Instituto Lauro

Sodré, presta obsequiosamente os seus serviços, sem custar aumento de despesa

para o tesouro essa iniciativa tão proveitosa (TRINDADE, 1918, p. 49).

Ao analisarmos o trecho acima percebemos que as aulas ginástica estavam

acontecendo no horário destinado ao recreio que era de 20 minutos, tempo muito inferior as 2

horas que, segundo o Art. 146º do Regulamento Geral da Instrução Pública Primária de 1918

deveriam ser destinadas para esse fim. Outro ponto a ser analisado é que essas aulas estavam

sendo ministrada por um aluno do Instituto Lauro Sodré, estabelecimento de ensino de caráter

profissionalizante, com nenhuma ligação direta com o preparo para a docência.

Assim, nos primeiros meses da obrigatoriedade da ginástica na instrução primária

acreditamos ter acontecido o sistema que iremos denominar de “instrutores leigos de

ginástica”, esses seriam formados por alunos que, por alguma capacidade física e ou morais,

seja força, resistência, flexibilidade, disciplina, obediência entre outras, se destacavam nas

aulas de ginástica se tornando uma espécie de monitor e posteriormente era indicado para

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ministrar ginástica em virtude da escarces de professores capacitados para a prática da

ginástica.

No entanto, segundo a circular N. 2.246 enviada pelo diretor da Instrução Pública,

Paulo Maranhão em 26 de julho de 1918, aos diretores dos grupos escolares da capital,

escolas anexas a Escola Normal e Escolas agremiadas5, solicitando que estes enviassem

mensalmente atestados de frequência das professoras de desenho e ginástica para que fosse

realizado o pagamento do salário, indica que ao menos, nos grupos escolares os instrutores

leigos foram substituídos por professoras de ginástica (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO

PARÁ, 1918).

Uma vez que, a implantação da ginástica sueca era recente nos estabelecimentos

escolares muitos ajustes ainda teriam de ser realizado, por isso a Diretoria da Instrução

Pública Primária enviou uma circular6 em agosto de 1918 destinada as professoras de

ginástica, Annita Muller e Naruma Jordan, indicando os equívocos cometidos e indicando as

diretrizes a serem seguidas em relação a organização e a pedagogia dessas aulas.

Quanto a organização das aulas as professoras reuniam em uma mesma turma todos

alunos independentemente da idade e do desenvolvimento físico e esses realizavam os mesmo

exercícios, pelo mesmo período de tempo, invertendo assim a função da ginástica ao torná-la

para muitos um dano a saúde. Para reverter essa prática o indicado pela Diretoria da Instrução

Pública Primária foi dividir os alunos por turmas levando em consideração a idade e mais do

que isso, as condições físicas, devendo os alunos de 8 a 9 anos realizarem 30 minutos de

ginástica já incluindo nesse tempo os movimentos de ordem e os alunos de 10 a 14 anos

deveriam se exercitar por 45 minutos (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ, 1918).

No intuito de tornar perfeita a execução dos movimentos realizados pelos alunos, as

professoras deveriam seguir as seguintes recomendações: jamais ensinar um novo movimento

sem ter a certeza de que todos dominavam o movimento ensinado anteriormente; estruturar as

aulas de maneira que os exercícios mais intensos não fossem ensinados na parte final da aula

reservando para esse momento os exercícios mais fáceis e leves; estar sempre atenta a

execução dos alunos e corrigir todas as faltas mesmo as iniciais, como a posição das mãos, em

5 Entende-se por escolas agremiadas a reunião de escolas isoladas em um mesmo prédio podendo ser unissex ou

mista, nestas se ministrava somente o curso elementar ficando sua direção a cargo de um de seus professores

(REGULAMENTO GERAL DA INSTRUÇÃO PÚBLICA PRIMÁRIA, 1918). 6 Circular n. 2.650 expedida em 22 de agosto de 1918. Diário Oficial do Estado do Pará, 24 de agosto de 1918, p.

758-759.

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cada movimento, podendo ser utilizado para essa correção “alunos mais aptos, para o oferecer

de modelo á turma, corrigindo, por seu intermédio, os exercícios mal feitos". Outra

recomendação era específica sobre os exercícios que deveriam ser evitados para meninas

maiores de 12 anos em certo período do mês, os quais não poderiam exigir esforço intenso tal

como os “que se executam com os pés afastados e os braços verticais, flexionando o tronco

para diante e para traz” (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ, 1918, p. 759).

A Diretoria esperava que o cumprimento dessas recomendações pelos professores

tornassem as aulas de ginástica mais interessantes e despertaria a simpatia dos alunos pelos

exercícios pois, com essas modificações na organização e ministração seriam capazes de

aprender.

Quanto aos exercícios miliares, a Diretoria de Instrução Primária agiu rapidamente

para que esse saber fizesse parte da instrução primária, enviando em julho de 1918

solicitações para que o Coronel comandante geral do designasse instrutores militares para os

grupos escolares do interior.

[...]recomendo-vos que providencies no sentido de que os comandantes dos

destacamentos policiais nos municípios de Igarapé-Assú, Bragança, Vigia, Soure,

Cametá, Santarém, Alenquer, Óbidos, abaete, Mocajuba, São Caetano de Odivelas,

Curuçá, Marapanim e maracanã, e vilas do pinheiro, Mosqueiro, Santa Izabel e

Castanhal, onde há grupos escolares, proporcionem instrução militar aos alunos

desses estabelecimentos de ensino, em dias e horas que devem ser combinados com

os respectivos diretores (Diário Oficial do Estado do Pará, 1918)7.

Constatamos que essa solicitação não foi atendida de imediato e se repetiria no

decorrer dos nos de 1919 e 19208, indicando talvez uma resistência ou falta de disponibilidade

por parte dos comandantes dos municípios para serem instrutores nos grupos escolares,

recaindo ao passar do tempo essa função aos militares de patente mais baixa, exemplo disso é

7 Governo do Estado. Secretaria Geral. Expediente do dia 22 de julho. Circular N. 2.185. Diário Oficial do

Estado do Pará 24 de julho de 1918. 8 Governo do Estado. Instrução Pública Primária. Expediente do dia 16 de julho de 1919. Solicitação de instrutor

militar para Castanhal e Bragança. Diário oficial do estado do Pará 18 de julho de 1919. p. 282; Governo do

Estado. Instrução Pública Primária. Expediente do dia 30 de julho de 1919. Solicitação de instrutor militar para

Soure. Diário oficial do estado do Pará 01 de agosto de 1919. p. 494; Governo do Estado. Instrução Pública

Primária. Expediente do dia 17 de março de 1920. Solicitação de instrutor militar para Marapanim e Santarém.

Diário oficial do estado do Pará 19 de março de 1920. p. 1562; Governo do Estado. Instrução Pública Primária.

Expediente do dia 21 de março de 1920. Solicitação de instrutor militar para Abaeté. Diário oficial do estado do

Pará 23 de março de 1920. p. 1623.

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a designação do cabo Manoel Nogueira para instrutor do grupo escolar Santa Izabel9

(DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ, 1920)

Se a Diretoria de Instrução Primária encontrava dificuldades para implantar a

instrução militar nos munícipios do interior do estado, o mesmo não aconteceu na capital

paraense. Circulares10

enviadas por esta Diretoria aos diretores dos grupos escolares e escolas

agremiadas da capital referentes a estatística da frequência dos alunos nas aulas de exercícios

militares e ginástica, indicam que a instrução militar nos grupos escolares da capital iniciaram

logo nos primeiros meses após o Regulamento Geral da Instrução Pública de 1918.

Apesar dos exercícios militares terem sido constituídos como um saber escolar

obrigatório, no Pará seus conteúdos e forma de ministração eram de exclusiva orientação da

polícia militar, tendo pouca ou talvez nenhuma intervenção da Diretoria da Instrução Pública

Primária, prova disso é a ausência de referência sobre como deveria ser esse ensino no

“Programa de Ensino Primário” de 1919.

Sendo portanto a Policia Militar munida de grande autonomia em relação a execução

da instrução militar foram formados nos estabelecimentos de ensino primário da capital

paraense os chamados “quarteis ou batalhões escolares”.

Cunhando uma expressão de Rosa Fatima de Souza (2000) para definir os batalhões

escolares, estes eram “simulacros de corporações militares”, pois, seguiam as mesmas

hierarquias/patentes presentes no quartel, e estruturavam o sentido de ordem entre os alunos

estabelecendo regras para elevação dessas patente, além de inúmeras normas disciplinares e

penas para transgressões dessas normas.

Tendo como base o Boletim Regimental do grupo escolar Benjamin Constant

publicado no Diário Oficial do Estado do Pará em março de 1920, os batalhões escolares

apresentavam a seguinte organização estrutural: o comandante instrutor, responsável por

ministrar a instrução militar, representava o mais alto nível de autoridade; o comandante da

companhia ou capitão, era a maior patente entre os alunos, sendo subalterno apenas do

comandante instrutor, poderia ser designado para instruir uma unidade; 1º tenente ocuparia

essa patente o aluno que apresentasse melhor capacidade nos exercícios, nas aulas e por idade;

9 Governo do Estado. Instrução Pública Primária. Diário Oficial do Estado do Pará 07 de março de 1920. P.

1334. 10

Governo do Estado. Instrução Pública Primária. Circular n. 2.246 de 26 de julho de 1918. Diário Oficial do

Estado do Pará 30 de julho de 1918. p. 846; Governo do Estado. Instrução Pública Primária. Circular n. 2.753 de

28 de agosto de 1918. Diário Oficial do Estado do Pará 30 de agosto de 1918. p. 846

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2º tenente, dois ou mais alunos poderiam ocupar essa patente, estes eram responsáveis por

comandar o pelotão; além dessas patentes havia também as de 1º, 2º e 3º sargentos; cabos de

esquadra; anspeçadas ou praças e; os soldados (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ,

1920).

A instrução militar estabelecia normas rígidas relativas a conduta do aluno nas suas

relações interpessoais que deveria ser sempre de: respeito e obediência para com os

superiores; polidez para com os inferiores; assiduidade e disciplina nas aulas de instrução

militar; boa conduta quer dentro ou fora do estabelecimento escolar. O descumprimento de

alguma dessas regras tinham consequências variadas que poderia ser desde uma repreensão

verbal ou em boletim até a exclusão da companhia (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO

PARÁ, 1920).

O prestigio que a instrução militar recebia dentro da instrução primária do Pará pode

ser percebido pelo comparecimento do mais alto representante do estado, o governador Lauro

Sodré e do diretor da Instrução Pública, Paulo Maranhão na festa realizada para a entrega da

bandeira ao batalhão escolar do grupo Jose Verissimo (O ENSINO, 1919).

Segundo informações do Boletim Regimental das escolas agremiadas além da

bandeira, os batalhões escolares, possuíam uniforme e insígnias que os alunos eram obrigados

a usar, sob pena de serem rebaixados de patente (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO

PARÁ, 1920).

Após dois anos do Regulamento da Instrução Pública Primária e com ele a

obrigatoriedade da Educação Física como matéria, o Governador Lauro Sodré expressa em

mensagem apresentada ao Congresso Legislativo a importância do equilíbrio entre a educação

intelectual e a educação física e os fins pretendidos com o ensino da educação física na

instrução pública primária no contexto paraense:

O ideal é assim a alma forte no corpo forte. Tudo estará no equilíbrio do sistema, de

sorte que se harmonizem os métodos sem que tanto se carreguem os cérebros

infantis que daí resultem males para o corpo, e que por outro lado não se dê aos

exercícios físicos tal largueza que venha a padecer a inteligência.

É ter sempre em vista os fins visados pela cultura física: higiênicos, estéticos,

econômicos e morais (PARÁ, MENSAGEM DO GOVERNADOR DO ESTADO,

1920, p.71).

Temos nessa mensagem informações importantes do posicionamento do Estado sobre

a educação física: a de que ela ocupava uma função bem definida nesse grau de ensino a de

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resguardar a saúde e o desenvolvimento físico das crianças com o intuito de ofertar uma

educação harmônica intelectual e fisicamente.

A mensagem acima também nos mostra que a prática da educação física deveria ser

difundida e ministrada sem que se perdesse de vista os seus objetivos: higiênicos ao promover

uma geração de crianças consciente da necessidade da limpeza pessoal e do ambiente como

base para a manutenção da saúde; estéticos ao gerar crianças vistosas, com boa postura e

fortes; econômicos pois diminuiria os gastos oriundos dos surtos de doenças e principalmente

geraria a longo prazo trabalhadores mais resistentes as desgastantes jornadas de trabalhos e

por isso mais rentáveis; morais pois através dos jogos e outras atividades da educação física

era produzida situações com o intuito de forjar o caráter das crianças.

No intuito de alcançar tais objetivos, podemos perceber o avanço protocolar que o

ensino da ginástica através da lei n. 1996 de 20 de novembro de 1920, que criou uma cadeira

de ginástica nos grupos escolares da capital e empossou a professora Annita Muller como

efetiva (PARÁ, LEIS DO ESTADO, 1920).

Denominei de “avanço protocolar” pois, a partir dessa data, não encontramos mais

referências ao nome de Narunda Jordan nos documentos pesquisados, indicando que a partir

da nomeação de Annita Muller a cadeira de ginástica, uma única professora seria responsável

pelos 7 grupos escolares da capital, com uma matricula de 4.511 alunos e a frequência média

de 3.167, mais a Escola Anexa com matricula de 130 alunos e frequência média de 107

(PARÁ, MENSAGEM DO GOVERNADOR DO ESTADO,1921).

Atestados de frequências da professora Annita Muller do ano de 1921 disponível no

Arquivo Público do Pará11

referentes aos grupos escolares e Escola Anexa da capital mostram

que as aulas de ginástica nesses estabelecimentos de ensino aconteciam duas vezes por

semana inclusive nos dias de sábado.

Ainda que os atestados de frequência dos grupos escolares e da escola anexa indique

ter sido possível que uma única professora fosse capaz de ministrar ginástica em 8

estabelecimentos de ensino, tendo que se descolar por dia no mínimo entre dois desses grupos

escolares, levantamos a suposição que, para cumprir essa “maratona”, importantes prescrições

11 Há atestados de frequência dos seguintes grupos escolares. Wenceslau Braz: março e junho de 1921. Floriano

Peixoto: novembro de 1920; março e maio de 1921. Barão do Rio Branco: outubro de 1919; abril e maio de

1921. José Verissimo: março e maio 1921. Paulo Maranhão: março, maio e junho de 1921. Escola Anexa: maio e

junho de 1921. Benjamin Constant: fevereiro, março e abril de 1921. Ruy Barbosa: março, abril e maio de 1921.

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da legislação da instrução primária tais como: o horário e a carga horária destinada ao ensino

da ginástica sueca, a divisão dos alunos por turmas levando em conta o desenvolvimento

físico, podem não ter sido colocados em prática, comprometendo a qualidade do ensino.

A dependência em ter uma única professora de ginástica para a capital foi sentida

quando a instrução pública primária ficou entre abril de 1922 e dezembro de 1923 sem a

prática da ginástica, uma vez que, em 7 de abril de 1922 de acordo com o publicado na seção

“Atos do Poder Executivo” a professora Annita Muller recebeu liberação por quatro meses de

suas funções por motivos de saúde (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ, 1922).

E posteriormente, Annita Muller foi autorizada pelo Secretário Geral do Estado por

meio do oficio n. 1.171 de 19 de junho de 1922 a “observar na Alemanha ou qualquer outro

país da Europa o estado atual do ensino da ginástica sob os diferentes aspectos que fossem

uteis e aplicáveis entre nós” (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ, 1924, p. 645).

Nesse mesmo período, o governo do Pará e seus legisladores, entendendo a

necessidade de proporcionar uma formação especifica em educação física, autoriza através da

lei nº 2.229 de 10 de novembro de 1923 a instalação de uma Escola de Cultura Física em

Belém.

Segundo esta lei, o Curso de Educação Física seria dividido em: geral ou teórico,

constituído dos seguintes saberes: “ensino de anatomia, fisiologia, higiene, estética, história

da educação física e vantagens morais dos exercícios e jogos” (art. 2º) e em: especial ou

prática, este dividido de acordo com cada sexo e composto pelos conhecimentos específicos

como a ginástica e jogos (PARÁ, COLEÇÃO DE LEIS DO ESTADO, 1924, p.?).

Poucos meses após a aprovação dessa lei, Anita Muller retornou de sua viagem e

encaminhou um relatório ao Secretário Geral do Estado em 15 de janeiro de 1924, sendo

divulgado em 10 de fevereiro de 1924 no “Diário Oficial do Estado do Pará”, neste constava

que, Annita Muller havia viajado para a Alemanha onde fez um curso de ginástica medicinal,

no Instituto Ortopédico de Kiel, estabelecimento de ensino que formava enfermeiras

ortopedistas. Segundo a própria professora, a escolha por esse curso de seu em função de ter

“observado diversos casos de escolioses entre os alunos dos grupos escolares (p. 645)”

(DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ, 1924, p. 645).

Apesar da promulgação da lei que instituía a Escola de Cultura Física, esta não se

tornou uma realidade nesse período, por isso, e devido ser inadiável a formação de

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professores de educação física para atuarem na instrução primária, em 05 de julho de 1924 foi

(re) inaugurada as aulas de ginástica na Escola Normal, sobre tal acontecimento o jornal

“Folha do Norte” de 6 de julho de 1924 em matéria intitulada “As Comemorações do Ensino”

descreve alguns detalhes:

A inauguração dos novos cursos de datilografia, canto e ginástica, deu-se em

primeiro lugar, numa sala ampla no andar térreo do edifício da Escola Normal,

onde foram recentemente feitas as necessárias ampliações.

A mesa da presidência do ato, estavam as professoras donas Dina Aben-Athar

Benemod, Annita Muller e Salustiana Araújo a cuja direção foram confiadas os

novos cursos.

A cerimônia foi encerrada com uma aula de ginástica, dada ás alunas do 5º anno

pela respectiva docente, professora Annita Muller (FOLHA DO NORTE, 1924, p.

1).

A escolha da professora Annita Muller para assumir a turma de ginástica da Escola

Normal, haja vista, ser efetiva da cadeira de ginástica dos grupos escolares da capital

denuncia novamente a carência de professores de ginástica, expresso no acumulo de funções

exercidas por esta professora.

Provavelmente, em função da formação desses novos (as) professores (as) da Escola

Normal, agora providos do conhecimento mais aprofundados sobre a ginástica, finalmente,

em 23 de maio de 1925, o poder executivo do Estado nomeou “Virgínio Andrelino Ferreira e

Emília Pinheiro Soares, para professores auxiliares de ginástica dos grupos escolares da

capital” (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ, 1925, p. 401).

Com a nomeação de dois professores auxiliares de ginástica nos grupos escolares da

capital, foi expedido um oficio pela Secretaria Geral em 3 de julho de 1925 e publicado no

“Diário Oficial do Estado do Pará, em 7 de julho de 1925, no qual, esta Secretaria informava

as diretoras dos grupos escolares que havia sido “determinado aos professores auxiliares de

ginástica naqueles estabelecimentos que apresentem ás mesmas, em relatórios semestrais, o

resultado dos exercícios ministrados ás crianças” (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO

PARÁ, 1925, p. 43).

A cobrança de relatórios semestrais por parte do governo aos professores de ginástica

indicava, uma exigência por aulas bem executadas, cujos preceitos da ginástica sueca fossem

bem aplicados para então surtirem os resultados desejados. Os documentos encontrados, não

revelaram a maneira como esses relatórios deveriam ser organizados, mas levando em conta a

concepção dos governantes desse período de formar uma nova raça, e suas preocupações

fisiológica e estética em relação ao físico para alcança-la, inferimos se tratar principalmente

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da descrição das medidas antropométricas das crianças e nos casos de problemas postural a

evolução de cura ou de melhora desses quadros.

Outra decisão tomada em 1925 importante para a consolidação de práticas ligadas a

educação física na instrução primária foi o decreto n. 4.224 de 9 de setembro, que instituiu

para os meninos o escotismo nos grupos escolares:

O governador do Estado, no intuito de intensificar, quanto possível, imprimindo-lhe

um cunho de segura eficiência, os ensinamentos do amor da Pátria, no seio da

juventude que frequenta os estabelecimentos de ensino primário do Estado,

despertando e desenvolvendo, ao mesmo tempo, o coração dos estudantes, os

sentimentos de altruísmo, e, no seu espirito, o culto do dever, da verdade e da

justiça, - resolve instituir o escotismo nos grupos escolares (DIÁRIO OFICIAL DO

ESTADO DO PARÁ, 1925, p. 507).

Apesar de não ter sido citado na justificativa do decreto, um de seus principais

objetivos do escotismo, idealizado pelo inglês Robert Stephenson Smyth Baden-Powell e era

o desenvolvimento da saúde corporal dos alunos, a partir da “prática controlada de exercícios

ao ar livre e a criação de um senso de responsabilidade com o autodesenvolvimento da saúde

corporal levariam a uma queda nos índices de mortalidade infantil e de deficiência mental e

física, e, consequentemente, ao robustecimento (NASCIMENTO, 2004, p. 28)”.

Não localizamos nos documentos pesquisados quais seriam as práticas corporais

dentro do escotismo que seriam aplicadas nos grupos escolares. Todavia o programa seguido

pela Associação de Escoteiros Católicos do Pará foi divulgado no Diário Oficial do Estado do

Pará em 24 de maio de 1923 e prescrevia as seguintes práticas:

Desenvolvimento físico: marchas a pé por estradas e pelo mato, corrida de

velocidade e resistência, corrida através do mato, escalada de barreiras e morros,

saltos de obstáculos naturais, içamento e transporte de fardos e subida de arvores.

Defesa própria: luta de tração e repulsão, de captura, lançamento de bolas com as

mãos e com os pés, raquete ball, football e golf, lançamento de cordas, de azagaia,

tiro de arco, etc

Nautismo: natação, remo, salvação de pessoas n’agua, liças e, canoas, etc (DIÁRIO

OFICIAL DO ESTADO DO PARÁ, 1923, p. 370).

O escotismo aparece como um substituto eficaz para a instrução militar, uma vez que

essa prática continuaria a educar os alunos nos mesmos princípios básicos da instrução

militar, ou seja, a hierarquia e a disciplina, com a vantagem de proporcionar atividades físicas

fora do ambiente e do horário escolar.

Em mensagem enviada pelo então governador Dionysio Bentes ao Congresso

Legislativo em setembro de 1926, este discorre a respeito das condições em que encontrou o

ensino da ginástica ao iniciar seu governo e, suas iniciativas para amplia-la/ desenvolve-la na

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instrução primária, as quais destacamos, a contratação de professores o que possibilitaria

estabelecimento de horários específicos para as aulas de ginástica:

Os exercícios de ginástica escolar, hoje indispensáveis nas escolas para o

desenvolvimento físico da infância, estão dando ótimos resultados. Instituídos nos

grupos escolares e institutos da Capital, encontramo-los sob o trabalho de uma

única professora, a quem faltava tempo material para ministrar ensaios, os mais

ligeiros, a 9 estabelecimentos com mais de 3.000 alunos. Resolvemos criar mais três

lugares de professores de ginástica, sendo um para o sexo feminino e dois para o

masculino, dando horário aos exercícios, como uma verdadeira disciplina (PARÁ,

MENSAGEM DO GOVERNADOR DO ESTADO, 1926, p. 16).

Dionysio Bentes de acordo com mensagem enviada ao Congresso legislativo em

novembro de 1927, estabeleceu o uso obrigatório de uniforme nas aulas de ginástica e

escotismo:

Já hoje é cindível incentivar cada vez mais os exercícios de ginástica sueca e

calistênica, adotados com magníficos resultados nas escolas estaduais. Feita com

disciplina regular, nos grupos, tornado obrigatório o uniforme dos alunos de ambos

os sexo, a ginástica e o escoteirismo disciplinam, com vivo entusiasmo, o espírito e

o sentimento das crianças, além da contribuição para a robustez física adquirida

(PARÁ, MENSAGEM DO GOVERNADOR DO ESTADO,1927, p. 22).

A obrigatoriedade do uniforme para as aulas de ginástica e escotismo significava uma

preocupação com a padronização entre os alunos, evitando assim a visível distinção entre

ricos e pobres, reafirmando “a construção de um sistema educacional que postulava uma

educação igual para todos” (RIBEIRO; SILVA, 2012, p. 583).

CONCLUSÃO

Devido a promessa oriunda do método sueco que baseado na fisiologia, psicologia e

evolução social se dizia capaz de conservar a saúde e até curar o corpo de debilidades

articulares, musculares e ósseas, e a esperança de que a instrução militar moldaria o corpo e o

caráter forjando um espírito patriótico nos futuros cidadãos republicanos, essas duas práticas

são colocados como obrigatórios no Regulamento Geral da Instrução Pública Primária em

1918.

É possível perceber um desenvolvimento mais acentuado da educação física/ginástica

como disciplina escolar entre os anos de 1925 e 1926 com a contratação de novos professores,

o que possibilitou uma melhor organização e o cumprimento dos horários e carga horária

dessa disciplina.

REFERÊNCIAS

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17

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XXVIII – 29º da Republica n. 7.847. p. 758- 759. 1918.

. Instrução Pública Primária. 10 de julho de 1919. Anno. XXIX – 31º da

Republica n. 8.095. p. 154. 1919.

. Instrução Pública Primária. 12 de julho de 1919. Anno. XXIX – 31º da

Republica n. 8.097. p. 198. 1919.

. Instrução Pública Primária. 18 de julho de 1919. Anno. XXIX – 31º da

Republica n. 8.101. p. 282. 1919.

. Instrução Pública Primária. 30 de julho de 1919. Anno. XXIX – 31º da

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. Noticiário: Aniversário do Grupo Escolar Júlio Cesar de Soure. 30 de julho de

1919. Anno. XXIX – 31º da Republica n. 8110. p. 465. 1919.

. Instrução Pública Primária. 01 de agosto de 1919. Anno. XXIX – 31º da

Republica n. 8.110. p. 494. 1919.

. A Educação Física na França – seu surgimento e a preparação militar como

ensino obrigatório, desde a escola. 2 de agosto de 1919. Anno. XXIX - 31º da Republica n.

8.112. p. 516. 1919.

. Instrução Pública Primária. 1ª. Companhia do Batalhão “Paulo Maranhão” das

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16 de março de 1920. Anno. XXX – 32º da Republica n. 8296. p. 1447- 1448. 1920.

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