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A efcácia do uso dos EPI's e a neutralização do risco em ambientes insalubres/perigosos e a análise do tema pelo STF em sede de recurso etra!rdinário Salvar 2 comentários Imprimir Reportar Publicado por Fernanda Carvalho - 1 ano atrás 4 Introdução Desde 2003 a !urisprud"ncia paci#cou o tema sobre a n$o descaracteri%a&$o tempo de servi&o especial pelo uso de '(uipamento de Prote&$o Individual )' tendo sido tal paci#ca&$o consolidada pela S+mula n, da ./ O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade , no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado. (grifamos) Com o tempo diversos !u %es ressalvadas as e ce&4es come&aram a aplicar outros casos o entendimento consolidado pela ./ ou se!a n$o apenas em ca ru do mas em todos os demais casos de e posi&$o aos diversos a5entes insa e peri5osos n$o se entendia a descarateri%a&$o do servi&o especial apenas p ou disponibili%a&$o dos 'PI6s7 8 maior motiva&$o das decis4es era o 9ato de (ue o 9ornecimento do 'PI era obri5a&$o da empresa com o #to de redu%ir os 9atores de risco mas tal redu !usti#caria a descaracteri%a&$o do servi&o especial7 8 e#cácia do uso de um 'PI sempre 9oi considerada limitada pois n$o depend apenas do uso mas da (ualidade do e(uipamento do 5erenciamento e acompanhamento do sistema de prote&$o e principalmente a correta utili%a& da(ueles7 'mbora a elabora&$o de um sistema de 5est$o de 'PI possa parecer simples o pro!eto e a documenta&$o deste sistema s$o t$o importantes (uanto sua implementa&$o para (ue se alcance o verdadeiro ob!etivo (ue : a preven&$o d acidentes e doen&as do trabalho7 Como se sabe no ;rasil as empresas ainda n$o est$o preparadas para implan de um sistema e#ca% de prote&$o e por isso a !urisprud"ncia sempre entend a simples disponibili%a&$o do e(uipamento sem a veri#ca&$o do uso da sua

A Eficácia Do Uso Dos EPI

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A eficcia do uso dos EPI's e a neutralizao do risco em ambientes insalubres/perigosos e a anlise do tema pelo STF em sede de recurso extrardinrioSalvar2 comentriosImprimirReportarPublicado porFernanda Carvalho-1 ano atrs4IntroduoDesde 2003, a jurisprudncia pacificou o tema sobre a no descaracterizao do tempo de servio especial pelo uso de Equipamento de Proteo Individual (EPI), tendo sido tal pacificao consolidada pela Smula n 9 da TNU:O uso de Equipamento de Proteo Individual (EPI),ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposio a rudo,no descaracteriza o tempo de servio especial prestado.(grifamos)Com o tempo, diversos juzes, ressalvadas as excees, comearam a aplicar a outros casos o entendimento consolidado pela TNU, ou seja, no apenas em caso de rudo, mas em todos os demais casos de exposio aos diversos agentes insalubres e perigosos no se entendia a descaraterizao do servio especial apenas pelo uso ou disponibilizao dos EPIs.A maior motivao das decises era o fato de que o fornecimento do EPI era uma obrigao da empresa com o fito de reduzir os fatores de risco, mas tal reduo no justificaria a descaracterizao do servio especial.A eficcia do uso de um EPI sempre foi considerada limitada, pois no dependia apenas do uso, mas da qualidade do equipamento, do gerenciamento e acompanhamento do sistema de proteo e, principalmente, a correta utilizao daqueles.Embora a elaborao de um sistema de gesto de EPI possa parecer simples, o projeto e a documentao deste sistema so to importantes quanto sua implementao para que se alcance o verdadeiro objetivo que a preveno de acidentes e doenas do trabalho.Como se sabe, no Brasil, as empresas ainda no esto preparadas para implantao de um sistema eficaz de proteo e, por isso, a jurisprudncia sempre entendeu que a simples disponibilizao do equipamento, sem a verificao do uso, da sua qualidade e da comprovao de sua eficcia na reduo ou eliminao do risco, por si s, no seria capaz de descaracterizar o servio especial.Outro ponto relevante o fato da legislao, durante toda sua evoluo no tempo, exigir, no mximo, que o segurado comprovasse a exposio aos agentes nocivos sade ou at mesmo o simples exerccio da atividade insalubre/perigosa, no fazendo meno questo da eliminao do risco.Assim, bastava que o segurado comprovasse que esteve exposto (mesmo que protegido) aos agentes insalutferos/perigosos ou que exerceu profisso elencada nos Decretos regulamentares que estaria atendido o requisito legal para reconhecimento do tempo especial.Por isso, muitos juzes manifestaram-se no sentido de que a questo de cunho infraconstitucional, no sendo matria a ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal.Noutra toada, alguns argumentam que a reduo/eliminao do risco pelo uso dos EPIs seria matria, eminentemente, ftico-probatria, no sendo o caso, portanto, de anlise em sede de Recurso Extraordinrio.De outro lado, o INSS, recentemente, encontrou argumento hbil a recepo de sua tese pela Corte Suprema, defendendo tema de incidncia obliqua (fonte de custeio), fazendo com que, de forma indireta, a matria, a priori, ftica, pudesse ser tambm ser analisada em sede de RE.Ser esta a nossa discusso no presente trabalho. A verificao da eficcia da neutralizao do risco com o uso dos EPIS em ambientes insalubres/perigosos e o julgamento de tal matria em sede de Recurso extraordinrio.1. Equipamentos de Proteo Coletiva (EPC) eindividual (EPI)1.1.ConceitosEquipamentos de Proteo Coletiva, ou EPC, so equipamentos utilizados para proteo de segurana enquanto um grupo de pessoas realiza determinada tarefa ou atividade.Esses equipamentos no so necessariamente de proteo de um coletivo. Como exemplos de EPC podem ser citados: Redes de Proteo (nylon); Sinalizadores de segurana (como placas e cartazes de advertncia, ou fitas zebradas); Extintores de incndio; Lava-olhos; Chuveiros de segurana; Exaustores; Kit de primeiros socorros;Como o prprio nome sugere, os equipamentos de proteo coletiva (EPC) dizem respeito ao coletivo, devendo proteger todos os trabalhadores expostos a determinado risco.Como exemplo, podemos citar o enclausuramento acstico de fontes de rudo, a ventilao dos locais de trabalho, a proteo de partes mveis de mquinas e equipamentos, a sinalizao de segurana, a cabine de segurana biolgica, capelas qumicas, cabine para manipulao de radioistopos, extintores de incndio, dentre outros.Equipamentos de Proteo Individualou EPIs so quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma pessoa contra possveis riscos ameaadores da sua sade ou segurana durante o exerccio de uma determinada atividade.Um equipamento de proteo individual pode ser constitudo por vrios meios ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou vrios riscos simultneos.O uso deste tipo de equipamentos s dever ser contemplado quando no for possvel tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se desenvolve a atividade (atravs de equipamentos de proteo coletiva).Os EPIs podem dividir-se em termos da zona corporal a proteger: Proteo da cabea (capacete); Proteo auditiva (protetores auriculares) e tampes; Proteo respiratria (mscaras; aparelhos filtrantes prprios etc); Proteo ocular e facial (culos, viseiras e mscaras); Proteo de mos e braos (luvas, protetores para os braos), etc.2. Legislao sobre EPC e EPI2.1. LegislaoA legislao que trata de EPI no mbito da segurana e sade do trabalhador estabelecida, essencialmente, pelaConsolidao das Leis do Trabalho(CLT).A Lei6514de dezembro de 1977, que altera dispositivos originais daCLT, estabelece a regulamentao de segurana e medicina no trabalho.Os artigos 166 e 167 estabelecem a obrigatoriedade da empresa em fornecer o EPI gratuitamente ao trabalhador, e a obrigatoriedade do EPI ser utilizado apenas com o Certificado de Aprovao (CA) emitido pelo Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), seno veja-se:Artigo 166 - A empresa obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,equipamentos de proteo individualadequado ao risco e em perfeito estado de conservao e funcionamento,sempre que as medidas de ordem geral no ofeream completa proteo contra os riscos de acidentes e danos sade dos empregados. (Verifica-se, aqui, a preferncia do legislador pelos EPCs).Artigo 167 - O equipamento de proteo s poder ser posto venda ou utilizado com a indicao do Certificado de Aprovao do Ministrio do Trabalho.2.2. Regulamentao quanto ao uso do EPC e EPIA regulamentao sobre o uso do EPI estabelecida pelas Normas Regulamentadoras 6 e 9, do MTE, com suas respectivas atualizaes.A NR 9 -Programa de Preveno de Riscos Ambientais- no item relativo s medidas de controle, prev a utilizao do EPI como uma dessas medidas.Deve-se lembrar, porm, que o EPI s deve ser utilizado aps a comprovao da impossibilidade de adoo de medidas de proteo coletiva, conforme apresentado a seguir:9.3.5.4 - Medidas de controleQuando comprovadopelo empregador ou instituio a inviabilidade tcnica da adoo de medidas de proteo coletiva, ou quando estas no forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantao, ou ainda em carter complementar ou emergencial, devero ser adotadas outras medidas, obedecendo-se seguinte hierarquia:1. Medidas de carter administrativo ou de organizao do trabalho;2. Utilizao de Equipamento de Proteo Individual - EPI.No item relativo utilizao de EPI a NR 9 estabelece o seguinte:9.3.5.5 - Utilizao de EPIA utilizao de EPI no mbito do programa dever considerar as Normas Legais e Administrativas em vigor e envolver, no mnimo:1.seleo do EPI adequado tecnicamente ao risco que o trabalhador est exposto e atividade exercida, considerando-se a eficincia necessria para o controle da exposio ao risco e o conforto oferecido segundo avaliao do trabalhador usurio;2.programa de treinamento dos trabalhadores quanto a sua correta utilizao e orientao sobre as limitaes de proteo que o EPI oferece;3.estabelecimento de normas ou procedimentos para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higienizao, a conservao, a manuteno e a reposio do EPI, visando garantir as condies de proteo originalmente estabelecidas;4.caracterizao das funes ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva identificao dos EPIs utilizados para os riscos ambientais.A NR9 regulamenta os seguintes itens:Definio; Certificado de Aprovao obrigatoriedade; Situaes passveis de uso do EPI; Lista de EPIs; Competncia para a recomendao de uso de EPI; Obrigaes do empregador; Obrigaes do empregado; Obrigaes do fabricante e do importador de EPI; Certificado de Aprovao validade; Restaurao, lavagem e higienizao de EPI; Obrigaes do TEM; e Fiscalizao.O processo de certificao de EPIs est estabelecido nos itens 6.2, 6.9, 6.11 e 6.12 da NR 6 (alterada pela Portaria25/2011 TEM) no Anexo II daquela norma.Temos que esse no o processo ideal, pois o que se avalia apenas a conformidade das amostras de EPI apresentadas pelo fabricante/importador com os requisitos estabelecidos nas normas de ensaios.Nesse processo no se verifica a capacidade do fabricante/importador em manter a mesma qualidade do EPI aps a obteno doCA(certificado de aprovao). O sistema de produo da empresa no avaliado.Em funo disso, a prpria NR 6 prev a adoo da certificao de EPIs segundo os procedimentos estabelecidos no mbito do Sistema Nacional de Metrologia (SINMETRO), que coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (INMETRO).Segundo esses procedimentos os EPIs sero certificados a partir da realizao de ensaios em amostras coletadas por Organismos de Certificao de Produtos (OCP) e da avaliao contnua dos sistemas de controle da produo desses equipamentos.A adoo desse modelo de certificao visa a aumentar a garantia da qualidade dos EPIs disponibilizados no mercado e a melhoria das formas de controle do uso desses equipamentos.2.2.1. Questes normativas previstas na NR6 quanto fiscalizao do uso e qualidade do EPI:6.11.2. Cabe ao rgo regional do MTE: a) fiscalizar e orientar quanto ao uso adequado e a qualidade do EPI; b) recolher amostras de EPI; e, c) aplicar, na sua esfera de competncia, as penalidades cabveis pelo descumprimento desta NR.6.12. Fiscalizao para verificao do cumprimento das exigncias legais relativas ao EPI.6.12.1. Por ocasio da fiscalizao podero ser recolhidas amostras de EPI, no fabricante ou importador e seus distribuidores ou revendedores, ou ainda, junto empresa utilizadora, em nmero mnimo a ser estabelecido nas normas tcnicas de ensaio, as quais sero encaminhadas, mediante ofcio da autoridade regional competente em matria de segurana e sade no trabalho, a um laboratrio credenciado junto ao MTE ou ao SINMETRO, capaz de realizar os respectivos laudos de ensaios, ensejando comunicao posterior ao rgo nacional competente.6.12.2.O laboratrio credenciado junto ao MTE ou ao SINMETRO, dever elaborar laudo tcnico, no prazo de 30 (trinta) dias a contar do recebimento das amostras, ressalvado os casos em que o laboratrio justificar a necessidade de dilatao deste prazo, e encaminh-lo ao rgo nacional competente em matria de segurana e sade no trabalho, ficando reservado a parte interessada acompanhar a realizao dos ensaios.6.12.2.1.Se o laudo de ensaio concluir que o EPI analisado no atende aos requisitos mnimos especificados em normas tcnicas, o rgo nacional competente em matria de segurana e sade no trabalho, expedir ato suspendendo a comercializao e a utilizao do lote do equipamento referenciado, publicando a deciso no Dirio Oficial da Unio - DOU. 6.12.2.2 - A Secretaria de Inspeo do Trabalho - SIT, quando julgar necessrio, poder requisitar para analisar, outros lotes do EPI, antes de proferir a deciso final.6.12.2.3.Aps a suspenso de que trata o subitem 6.12.2.1, a empresa ter o prazo de 10 (dez) dias para apresentar defesa escritaao rgo nacional competente em matria de segurana e sade no trabalho. 6.12.2.4 - Esgotado o prazo de apresentao de defesa escrita, a autoridade competente do Departamento de Segurana e Sade no Trabalho - DSST, analisar o processo e proferir sua deciso, publicando-a no DOU.6.12.2.5.Da deciso da autoridade responsvel pelo DSST, caber recurso, em ltima instncia, ao Secretrio de Inspeo do Trabalho, no prazo de 10 (dez) diasa contar da data da publicao da deciso recorrida.6.12.2.6. Mantida a deciso recorrida,o Secretrio de Inspeo do Trabalho poder determinar o recolhimento do (s) lote (s), com a consequente proibio de sua comercializao ou ainda o cancelamento doCA.6.12.3. Nos casos de reincidncia de cancelamento doCA, ficar a critrio da autoridade competente em matria de segurana e sade no trabalho a deciso pela concesso, ou no, de um novoCA6.12.4 - As demais situaes em queocorra suspeio de irregularidade, ensejaro comunicao imediata s empresas fabricantes ou importadoras, podendo a autoridade competente em matria de segurana e sade no trabalho suspender a validade dos Certificados de Aprovao de EPI emitidos em favor das mesmas, adotando as providncias cabveis.Verifica-se que, conforme as normas supramencionadas h amplo envolvimento ftico-probatrio em relao a eficcia da neutralizao do fator de risco pelo uso de EPCs e EPIs.No se sabe se a fiscalizao feita corretamente, se a qualidade dos equipamentos realmente boa e se o uso, em si, produz neutralizao do fator de risco.A nosso ver, baseado, inclusive, na legislao trabalhista, nus do empregador provar a qualidade, os sistemas de fiscalizao do uso, a eficcia do uso dos EPCs e EPIs para que, s assim, possa se isentar do recolhimento da contribuio.Vejamos o que diz aCLTem alguns pontos especficos sobre a segurana do trabalho, o uso de equipamentos de proteo e a sua fiscalizao:Art. 168 -Ser obrigatrio exame mdico, por conta do empregador, nas condies estabelecidas neste artigo e nas instrues complementares a serem expedidas pelo Ministrio do Trabalho:I - a admisso;II - na demisso;III periodicamente;(...) 3 - O Ministrio do Trabalho estabelecer, de acordo com o risco da atividade e o tempo de exposio, a periodicidade dos exames mdicos.(...) 5 -O resultado dos exames mdicos, inclusive o exame complementar,ser comunicado ao trabalhador, observados os preceitos da tica mdica. Art. 169 - Ser obrigatria anotificao das doenas profissionais e das produzidas em virtude de condies especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instrues expedidas pelo Ministrio do Trabalho.Art. 176 - Os locais de trabalho devero ter ventilao natural, compatvel com o servio realizado.Pargrafo nico -A ventilao artificial ser obrigatria sempre que a natural no preencha as condies de conforto trmico.Art. 177 - Se as condies deambiente se tornarem desconfortveis, em virtude de instalaes geradoras de frio ou de calor,ser obrigatrio o uso de vestimenta adequada para o trabalho em tais condies ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento trmico e recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiaes trmicas.Das atividades insalubres ou perigosasArt. 189 - Sero consideradas atividades ou operaes insalubres aquelas que,por sua natureza, condies ou mtodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos sade, acima dos limites de tolerncia fixados em razo da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposio aos seus efeitos.Art. 190 - O Ministrio do Trabalho aprovar o quadro das atividades e operaes insalubres eadotar normas sobre os critrios de caracterizao da insalubridade, os limites de tolerncia aos agentes agressivos, meios de proteo e o tempo mximo de exposio do empregado a esses agentes.Pargrafo nico - As normas referidas neste artigoincluiro medidas de proteo do organismo do trabalhador nas operaes que produzem aerodispersides txicos, irritantes, alrgicos ou incmodos.Eliminao ou neutralizao da insalubridadeArt. 191 -A eliminao ou a neutralizao da insalubridade ocorrer:I - com a adoo de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerncia;II - com a utilizao de equipamentos de proteo individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerncia.Pargrafo nico - Caber s Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminao ou neutralizao, na forma deste artigo.A pergunta : o Ministrio do Trabalho e Emprego tem realmente fiscalizado de forma ampla este tipo de ordenamento legal? Como confiar plenamente em um LTCAT? Em alguns casos essencial que se faa uma percia judicial para fiscalizao das condies de trabalho?Veja-se o que diz o artigo195, 2daCLT:Art. 195 -A caracterizao e a classificao da insalubridadee da periculosidade, segundo as normas do Ministrio do Trabalho, far-se-o atravs de percia a cargo de Mdico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministrio do Trabalho. 1 - facultado s empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministrio do Trabalho a realizao de percia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas. 2 - Argida em juzo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designar perito habilitado na forma deste artigo, e, onde no houver, requisitar percia ao rgo competente do Ministrio do Trabalho. 3 - O disposto nos pargrafos anterioresno prejudica a ao fiscalizadora do Ministrio do Trabalho, nem a realizao ex officio da percia.Do adicional de insalubridadeArt. 193. So consideradas atividades ou operaes perigosas, na forma da regulamentao aprovada pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou mtodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposio permanente do trabalhador a:I - inflamveis, explosivos ou energia eltrica;II - roubos ou outras espcies de violncia fsica nas atividades profissionais de segurana pessoal ou patrimonial. 1 - O trabalho em condies de periculosidadeassegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salrio sem os acrscimos resultantes de gratificaes, prmios ou participaes nos lucros da empresa. 2 - O empregado poder optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. 3 Sero descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente j concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo.Art. 194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidadecessar com a eliminao do risco sua sade ou integridade fsica, nos termos desta Seo e das normas expedidas pelo Ministrio do Trabalho.A pergunta : h previso naCLTpara a cessao do adicional de insalubridade (verba de carter indenizatrio). E a contribuio do empregador para o INSS, deve cessar automaticamente nesses casos? Teremos melhores concluses no captulo sobre a fonte de custeio da aposentadoria especial.3. A eficcia dos EPI e EPC na neutralizao dos agentes agressores - matria ftico probatria? sabido que, como o EPC no depende da vontade do trabalhador para atender suas finalidades, este tem maior preferncia pela utilizao do EPI, j que colabora no processo minimizando os efeitos negativos de um ambiente de trabalho que apresenta diversos riscos ao trabalhador.Portanto, o EPI ser obrigatrio somente se o EPC no atenuar os riscos completamente ou se oferecer proteo parcialmente.Conforme dispe aNorma Regulamentadora 6, a empresa obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservao e funcionamento, nas seguintes circunstncias: sempre que as medidas de ordem geral no ofeream completa proteo contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenas profissionais e do trabalho; enquanto as medidas de proteo coletiva estiverem sendo implantadas; para atender a situaes de emergncia.Compete ao Servio Especializado em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comisso Interna de Preveno de Acidentes -CIPAnas empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade.Os tipos de EPIs utilizados podem variar dependendo do tipo de atividade ou de riscos que podero ameaar asegurana e a sade do trabalhadore da parte do corpo que se pretende proteger, tais como: Proteo auditiva: abafadores de rudos ou protetores auriculares; Proteo respiratria: mscaras e filtro; Proteo visual e facial: culos e viseiras; Proteo da cabea: capacetes; Proteo de mos e braos: luvas e mangotes; Proteo de pernas e ps: sapatos, botas e botinas; Proteo contra quedas: cintos de segurana e cintures.O equipamento de proteo individual, de fabricao nacional ou importado s poder ser posto venda ou utilizado com a indicao doCertificado de Aprovao -CA, expedido pelo rgo nacional competente em matria de segurana e sade no trabalho do Ministrio do Trabalho e Emprego.Dentre as atribuies exigidas pela NR-6, cabe ao empregador as seguintes obrigaes: adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade; exigir seu uso; fornecer ao trabalhador somente o equipamento aprovado pelo rgo, nacional competente em matria de segurana e sade no trabalho; orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservao; substituir imediatamente o EPI, quando danificado ou extraviado; responsabilizar-se pela higienizao e manuteno peridica; e comunicar o MTE qualquer irregularidade observada;O empregado tambm ter que observar as seguintes obrigaes: utilizar o EPI apenas para a finalidade a que se destina; responsabilizar-se pela guarda e conservao; comunicar ao empregador qualquer alterao que o torne imprprio ao uso; cumprir as determinaes do empregador sob o uso pessoal;Os Equipamentos de Proteo Individual alm de essenciais proteo do trabalhador, visando a manuteno de sua sade fsica e proteo contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenas profissionais e do trabalho,podem tambm proporcionar a reduo de custos ao empregador. o caso de empresas que desenvolvem atividades insalubres e que o nvel de rudo, por exemplo, est acima dos limites de tolerncia previstos naNR-15.Neste caso, como visto no captulo acima, a empresa deveria pagar o adicional de insalubridade de acordo com o grau de enquadramento, podendo ser de 10%, 20% ou 40%.Com a utilizao do EPI, de acordo com a legislao trabalhista, a empresa poder eliminar ou neutralizar o nvel do rudo j que, com a utilizao adequada do equipamento, o dano que o rudo poderia causar audio do empregado ser eliminado.A eliminao do rudo ou a neutralizao em nvel abaixo do limite de tolerncia isentaria, por conseguinte, a empresa do pagamento do adicional, alm de evitar possibilidades futuras de pagamento de indenizao dedanos moraisou materiais em funo da falta de utilizao do EPI.A jurisprudncia diverge nesse sentido. Alguns acham que a diminuio do risco no isenta totalmente.A nosso ver, no basta o fornecimento do EPI ao empregado por parte do empregador, pois obrigao deste fiscalizar o empregado de modo a garantir que o equipamento esteja sendo utilizado.So muitos os casos de empregados que, com desculpas de que no se acostumam ou que o EPI o incomoda no exerccio da funo, deixam de utiliz-lo e consequentemente, passam a sofrer as consequncias de um ambiente de trabalho insalubre.Nestes casos o empregador deve utilizar-se de seu poder diretivo e obrigar o empregado a utilizar o equipamento, sob pena de advertncia e suspenso num primeiro momento e, havendo reincidncias, sofrer punies mais severas como ademisso por justa causa.Para a Justia do Trabalho o fato de comprovar que o empregado recebeu o equipamento (por meio de ficha de entrega de EPI), por exemplo, no exime o empregador do pagamento de uma eventual indenizao, pois a norma estabelece que o empregador deva garantir o seu uso, o que se faz atravs de fiscalizao e de medidas coercitivas, se for o caso.As empresas parecem estar despertando para a realidade de que a qualidade uma exigncia da qual no podem fugir. Pecam, contudo, quando no fazem uma interao entre estes objetivos e um eficiente programa de segurana.As pessoas so os agentes dinamizadores da organizao e utpico pensar que possam desempenhar, de modo eficiente, suas atribuies se o prprio ambiente de trabalho no lhes proporciona segurana.No pode existir qualidade onde h insegurana. A qualidade de uma empresa depende, primordialmente, dos seus recursos humanos e, levando-se em conta que o medo uma das mais fortes emoes, inconcebvel pensar que um operrio possa desempenhar de maneira satisfatria, suas funes, em um ambiente que no inspira segurana.A partir de dados elaborados pela UNESCO, atravs da anlise de 13.000 profisses registradas em diversos pases, constatou-se que os operrios da construo civil esto entre as doze classes mais sujeitas aos riscos de atividades perigosas e insalubres.A segurana no trabalho uma funo empresarial que, cada vez mais, torna-se uma exigncia conjuntural. As empresas devem procurar minimizar os riscos a que esto expostos seus funcionrios pois, apesar de todo avano tecnolgico, qualquer atividade envolve um certo grau de insegurana.A falta de eficaz sistema de segurana acaba causando problemas de relacionamento humano, produtividade, qualidade dos produtos e/ou servios prestados e o aumento de custos. A pseudo-economia feita no se investindo no sistema de segurana mais adequado acaba ocasionando graves prejuzos.No Brasil, de acordo com dados da Previdncia Social, demonstrados na Revista CIPA, foram registrados 412 mil acidentes no trabalho em 1993, 388 mil em 94 e 424 mil em 95. Neste ltimo ano, ocorreram 3.381 bitos por esta causa portanto, em nosso pas, os acidentes no trabalho causam por dia 1.160 vtimas fatais (nmero maior do que o de bitos em acidentes de trnsito).Deve-se levar em conta, ainda, que estes nmeros no refletem a globalidade total de acidentes pois, os especialistas em segurana no trabalho acreditam que apenas 50% dos acidentes de trabalho so registrados oficialmente. Assim, chegaria-se a assustadora marca de 850 mil acidentes no trabalho por ano.Pela importncia do assunto o Ministrio do Trabalho vem tomando medidas que, de forma lenta e gradativa, vem causando alguma melhoria nas aes preventivas, fundamentais para a diminuio dos acidentes no trabalho, atravs da realizao da Campanha Nacional Contra os Acidentes do Trabalho.Tambm o SESI e o SENAI, desenvolvem h vrios anos programas especficos s questes de segurana e sade do trabalhador. O Programa Nacional de Sade Operacional e a Coordenao de Higiene e Segurana do SESI, e todo o programa de formao de recursos humanos do SENAI, constituem exemplos concretos do esforo desenvolvido para a reduo de acidentes no trabalho.Porm, enquanto os empresrios no se conscientizarem do grave problema de acidentes no trabalho e dos riscos da insalubridade e periculosidade, nenhum esforo obter sucesso.Como muitos empresrios pensam em termos de custos, deveriam saber que um Programa Integral de Segurana, com o objetivo de atuar preventivamente e, conseqentemente, contribuir para evitar acidentes, acarretaria uma diminuio de custos.A Norma Regulamentadora Nmero Cinco (NR5), que trata especificamente da construo civil, prev obrigaes mnimas em termos de Equipamentos de Proteo Individual (EPI) e exige que as empresas com mais de 100 empregados possuam uma Comisso Interna de Preveno de Acidentes (CIPA). E o que se nota que nem mesmo as exigncias legais so cumpridas.Atravs de dados fornecidos em referncias bibliogrficas, levantamos as seguintes indagaes: se empresas fornecem todos os equipamentos de proteo individual e exigem sua utilizao, por que, frequentemente, quando passamos por obras de construo, nos deparamos com os operrios trabalhando sem nenhum tipo de equipamento de proteo individual? Ser que os operrios no utilizam EPIs porque no querem, porque os mesmos no so fornecidos ou, porque a empresa no os obriga a usar?Verificamos que a no utilizao dos EPIs no de exclusiva culpa dos operrios pois, as empresas, que tem a responsabilidade e obrigatoriedade de fornec-los e exigi-los, no fornecem grande parte dos mesmos.Os nicos EPIs que so 100% fornecidos pelas empresas so: capacete, calado fechado e cinto de segurana. Cabe destacar que os EPIs que apresentam fornecimento mais precrio so os de proteo para o tronco, 70,6% das empresas no os fornecem.Um dado extremamente importante e preocupante o de que muitas empresa no sabem quais so os EPIs necessrios para a construo civil e, algumas desconhecem que os mesmos so obrigatrios.Salienta-se que o simples fornecimento de EPIs e exigncia de seu uso no podem evitar acidentes se utilizados isoladamente pois, um eficaz sistema de segurana caracterizado no apenas pelo simples cumprimento de exigncias legais, mas, principalmente, pela preocupao em fornecer aos empregados um ambiente seguro, os mais adequados equipamentos de proteo individual e um eficiente treinamento do mesmo, sem levar em conta apenas a minimizao dos custos.Enfim, o uso eficaz dos EPCs e EPIs quanto neutralizao/eliminao do risco matria ftico-probatria que depende de uma srie de requisitos para sua comprovao. No se sabe se a qualidade do Equipamento permite a eliminao do risco, no se sabe se o empregado realmente o utilizou ou se o empregador forneceu todos os equipamentos necessrios reduo ou mesmo eliminao do risco. Nesse passo, faz-se necessrio, para a iseno da contribuio para aposentadoria especial, que o empregador faa prova suficiente e idnea dos critrios utilizados para tal, permitindo-se sempre ao empregado (beneficirio da aposentadoria especial) o contraditrio, inclusive, na via judicial.4. Aposentadoria especialA aposentadoria especial uma espcie de aposentadoria por tempo de contribuio, com reduo do tempo necessrio inativao, concedida em razo do exerccio de atividades consideradas prejudiciais sade ou integridade fsica. Ou seja, um benefcio de natureza previdenciria que se presta a reparar financeiramente o trabalhador sujeito a condies de trabalho inadequadas.A aposentadoria especial possui caractersticas diferenciadas das outras prestaes da Previdncia Social, sendo cada benefcio com caractersticas prprias e autnomas.Para aposentadoria especial, por exemplo, exigido tempo de trabalho menor (15, 20 ou 25 anos) que a difere da aposentadoria por tempo de contribuio, sendo apenas espcie desta, como acima afirmamos.Difere-se ainda pelo critrio quantitativo, pois aposentadoria especial no se aplica o fator previdencirio, trazido pela Lei9.876/99, obrigatrio aposentadoria por tempo de contribuio e, facultativo aposentadoria por idade.H ainda, aqueles que entendem tratar-se de aposentadoria extraordinria.Seu efeito extraordinrio foi conceituado pelo Professor SRGIO PINTO MARTINS, como modo de compensar o trabalhador pela exposio a agentes nocivos em condies de risco superior aos limites de tolerncia.A nosso ver,data vnia,a conceituao do renomado jurista trabalhista estaria apenas dando um sinnimo palavra especial, sem modificar sua verdadeira conotao.A respeito da finalidade da aposentadoria especial manifestou-se a doutrina, a qual nos filiamos, deMaria Lcia Luz Leiria: A finalidade do benefcio de aposentadoria especial amparar o trabalhador que laborou em condies nocivas e perigosas sua sade, reduzindo o tempo de servio/contribuio para fins de aposentadoria. Tem, pois, como fundamento o trabalho desenvolvido em atividades ditas insalubres. Pela legislao em regncia, a condio, o pressuposto determinante do benefcio est ligado presena de agentes perigosos ou nocivos (qumicos, fsicos ou biolgicos) sade ou integridade fsica do trabalhado e no apenas quelas atividades ou funes catalogadas em regulamento.O DR. PAULO GONZAGA, Instrutor Nacional dos Mdicos-Peritos do INSS/RS7, entre outros autores, classificam aposentadoria especial como aposentadoria por invalidez, citando, por diversas vezes, no seu livro, o benefcio como sendo aposentadoria por invalidez, ao invs de aposentadoria especial.A nosso ver, tal conceituao no merece prosperar, pois apesar da exigncia de desligamento da empresa, sob pena de ver-se suspenso o benefcio, no h impedimento algum para o exerccio de outra atividade fsica.Tanto verdade, que o benefcio pode ficar suspenso durante o perodo em que se exera a atividade exposta nocividade, restabelecendo-o, imediatamente, aps cessar seu labor no ambiente pernicioso.Temos que a aposentadoria especial um benefcio absolutamente autnomo, para cuja concesso exigem-se vrios requisitos diferenciados dos demais benefcios. E, a partir da Lei9.732/98, seu financiamento diferenciado aumentou ainda mais a diferena com as outras prestaes da Previdncia Social, conforme demonstraremos a seguir.5. Fonte de custeio da aposentadoria especialDesde que foi instituda a aposentadoria especial com a LOPS (Lei Orgnica da Previdncia Social), em 1960, o financiamento deste benefcio sempre foi efetuado juntamente com todas as outras prestaes da Previdncia Social, em que o custeio era atendido pelas contribuies dos segurados em geral, dos servidores das autarquias federais do regime celetista, das empresas, da Unio e dos trabalhadores autnomos, em porcentagem especfica para cada categoria, conforme dispunha o art. 60 da referida Lei.Nenhuma das prestaes asseguradas pela Previdncia Social, auxlio-doena, aposentadoria por invalidez, aposentadoria por velhice (hoje, aposentadoria por idade), por tempo de servio (hoje, aposentadoria por tempo de contribuio), aposentadoria especial, auxlio-natalidade e peclio (hoje extintos), alm de penso, auxlio-recluso e auxlio-funeral (tambm j extinto), a maioria delas criadas desde a Lei Eli Chaves, em 1923, tinham financiamento diferenciado.O sistema de arrecadao e de recolhimento das contribuies era gerido pelo Departamento Nacional de Previdncia Social, hoje, j abolido. Este DNPS tinha atribuies planejar, orientar e controlar a administrao previdenciria, alm de elaborar anualmente o Plano de Custeio e analisar o balano anual do Instituto.O Plano de Custeio da LOPS, regulamentado pelo Decreto72.771/73, era definido para a planificao econmica do regime e para a busca do equilbrio tcnico-financeiro do sistema.AConstituio Federalde 1988 teve o cuidado de implementar e organizar a Seguridade Social, donde dela fazem parte a sade, a assistncia social e a Previdncia Social. Todos financiados pelo Sistema da Seguridade Social, disciplinadas por lei infraconstitucional.A Lei8.212/91 foi o primeiro Plano de Custeio da Previdncia Social realmente consolidado, embora alguns autores entendam que esta lei no reflete um verdadeiro Plano de Custeio por faltar levantamentos estatsticos, demogrficos e atuariais, dos quais criam bases de financiamento sem nenhum apoio tcnico.Apesar disso, referida lei dispe sobre a organizao da Seguridade Social, instituindo o Plano de Custeio, em seu artigo 10, abaixo transcrito:A Seguridade Social ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos do art.195daConstituio Federale desta Lei, mediante recursos provenientes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios e de contribuies sociais.Toda a sociedade financia a seguridade social, que, pelo princpio da solidariedade, implcito no art.195daCarta Magna, cobre, num sistema de repartio simples, os riscos sociais existentes.O princpio da solidariedade social significa a contribuio pecuniria de uns em favor de outros beneficirios, no espao e no tempo, conforme a capacidade contributiva dos diferentes nveis da clientela de protegidos, de oferecerem e a necessidade de receberem.A partir da edio da lei8.212/91, o artigo96, estabeleceu que o Poder Executivo enviar ao Congresso Nacional, anualmente, juntamente com a Proposta Oramentria da Seguridade Social, as projees atuariais para um futuro aproximado de 20 anos, levando-se em considerao as variveis demogrficas, econmicas e institucionais relevantes.Assim, depreende-se que o Plano de Custeio da Previdncia Social deve ter como escopo principal o equilbrio financeiro e atuarial do Sistema, conforme estabelece aConstituio, em seu art.201, para que todas as contingncias de riscos previsveis sejam cobertas.5.1. A contribuio adicional trazida aposentadoria especial pela lei9.732/98O art.201, 1daConstituiohistrica, com redao que lhe deu a Emenda Constitucional n20/98, estabelece que no ser permitida adoo de critrios diferenciados para a concesso de aposentadoria do RGPS, ressalvando aqueles casos de trabalhadores expostos a atividades exercidas sob condies especiais prejudiciais sade, ou integridade fsica, definidos em Lei complementar. Desta forma, at que referida Lei complementar no regule a matria, ficam em vigor os art.57e58da Lei8.213/91.A Lei9.732, publicada em 13.12.98, inclui no art. 57 do Plano de Benefcios da Previdncia Social, o 6,in verbis:O benefcio previsto neste artigoser financiado com os recursos provenientes da contribuio de que trata o incisoIIdo art.22da Lei8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alquotas sero acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a servio da empresa permite a concesso de aposentadoria especial aps quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuio, respectivamente(grifo nosso).Referido artigo mudou por completo o conceito da aposentadoria especial. Foi criado um novo financiamento da aposentadoria especial, destacado dos outros benefcios.A partir da Lei9.732/98, a empresa responsvel pelo custeio da aposentadoria especial, no ficando mais a cargo da Seguridade Social o financiamento deste benefcio.Isto quer dizer que, sem recolhimento suplementar, no haver pagamento de aposentadoria especial.Alm de todos os encargos sociais pelos quais a empresa obrigada a pagar, foi acrescido mais um,cujo valor do recolhimento significativoe fez com que as empresas mudassem seus conceitos de preveno efetiva, para se isentarem da contribuio.O problema como verificar como tem sido feita a fiscalizao quanto aquela preveno efetiva capaz de isentar o empregador daquela contribuio.Os empregados que estiverem expostos aos agentes agressivos prejudiciais sade, tero um recolhimento adicional sobre sua folha de pagamento.Referida modificao funciona como um divisor de guas. At 13.12.98 no se exige contribuio suplementar, preservando-se o direito adquirido de acordo com a lei ao tempo de perodo de trabalho, tal como estabeleceu a nova redao dada ao Art.70do Decreto3048/99, pela publicao do Decreto4.827/03. A partir de 14.12.98, exige-se contribuio adicional da empresa, na proporo estabelecida pelo respectivo pargrafo, como condiosine qua nonpara a concesso do benefcio.Assim a empresa que, hoje, mantm empregado em rea de risco que fatalmente o levar a requerer aposentadoria especial dentro de 15, 20 ou 25 anos de atividade, dever elaborar relao destes empregados em folha suplementar no percentual de 6%, 9% ou 12% dessa folha para recolhimento previdncia social, alm da folha normal de recolhimento de todos os empregados.A partir da referida lei, para a concesso de aposentadoria especial haver confrontao com o Cadastro Nacional de Informaes Social CNIS, para que sejam confirmados os recolhimentos aos cofres da Unio, como condio indispensvel para o deferimento do pedido.Entretanto, salienta-se, por oportuno, que a contribuio do empregador presumida, no podendo o empregado, ser prejudicado pela inadimplncia do empregador. Evidentemente que, havendo trabalho nocivo sem o efetivo recolhimento, a fiscalizao dever ser acionada. a que entra o problema: at que ponto o INSS tem fiscalizado as cessaes das contribuies. Ser que tem feito apenas com base no PPP apresentado?O Perfil Profissiogrfico Previdencirio, formulrio especfico do INSS, preenchido pela empregadora em vigor desde 01 de janeiro de 2004, possui um campo prprio para preenchimento do cdigo da GFIP destinado a informar se o empregado estava exposto ao agente agressivo no ambiente de trabalho.Ao requerer o benefcio previdencirio junto ao Instituto e dependendo do cdigo de identificao da exposio ao agente pernicioso (que varia de 0 a 8), o perodo respectivo ser ou no considerado como especial, aps a confirmao, pelo CNIs, se as contribuies adicionais vertidas Unio para custear o benefcio foram efetivamente recolhidas.Com tantas mudanas ocorridas desde a Lei9.032/95, culminando nesta nova engendrada legal criada a partir da Lei9.732/98, parece no se estar mais falando daquela aposentadoria especial criada em 1960, pela LOPS, tantas foram as modificaes e retaliaes ao benefcio.Atualmente, a aposentadoria especial exige para sua concesso: carncia mnima de 180 contribuies ou tabela do art.142da Lei8.213/91; exposio habitual, permanente, no ocasional e nem intermitente a agentes agressivos fsicos, qumicos, biolgicos ou associao de agentes exigncia de informao quanto ao uso dos EPIs e EPCs; agente nocivo prejudicial sade e integridade fsica do trabalhador, cuja comprovao a estes agentes depende do segurado, alm do recolhimento suplementar sobre a folha de salrio para o custeio do benefcio.A partir da Lei9.732/98 exsurge uma nova aposentadoria especial? Pode-se dizer que foi criado um novo benefcio, diante da criao de uma nova fonte de custeio?A regra da contrapartida esculpida no art.195, 5daCarta Federalestabelece que nenhum benefcio ou servio poder ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte total de custeio. E a recproca deve ser verdadeira.Ora, a aposentadoria especial vinha sendo custeada pela seguridade social, juntamente com os outros benefcios da Providncia Social. Se a Lei9.732/98 criou um financiamento prprio para esta prestao especfica, no se poderia falar no mesmo benefcio, pois se assim no for entendido o preceito legal restaria inconstitucional, por ferir o princpio da contrapartida.O Prof. WAGNER BALERA, assim se manifestou:Devemos ter presente a regra da contrapartida. Nela est enunciado que no h benefcio sem fonte de custeio, o que absolutamente certo. Mas nela tambm est escrito que no h fonte de custeio sem benefcio.Esta regra da contrapartida, assim definida por WAGNER BALERA faz parte do iderio bsico sem o qual seria de todo inconcebvel qualquer sistema de proteo que tivesse buscado inspirao no modelo alemo do seguro social. Por conseguinte, sempre esteve, implicitamente pelo menos, presente em nosso direito constitucional positivo. a viga mestra da Seguridade Social. Se no h custeio, no pode haver novo benefcio, sob pena de ver-se em desequilbrio o Sistema, ferindo e rasgando aConstituio Federal. Da mesma forma, no havendo novo benefcio, no pode haver novo custeio. certo que a empresa, responsvel pela exposio do empregado ao risco, que tem o dever de verter aos cofres da Unio, contribuio adicional por causar prejuzo sade do obreiro.Quanto maior o risco, maior deve ser a contribuio. Este outro dos princpios basilares da Seguridade Social, esculpido no art. 194, inciso V equidade na forma de participao no custeio.No creio que, nesse ponto, se est tratando desigualdade os iguais, e sim igualando os desiguais, a fim de diminuir as desigualdades sociais.Quem pode mais paga mais quem expe seu empregado a riscos capazes de serem nocivos sade tem que contribuir mais tambm.A relao sinistro/prmio segundo o qual: quanto maior venha a ser estimado o risco de sinistro tanto maior ser o prmio vertido pelo tomador, tambm se mostra presente na relao securitria.Porm, a aposentadoria especial um risco previsvel, coberto j, desde seu nascedouro, pelo sistema.Acredito que no deveria o legislador ordinrio, inserir, no texto legal, um novo financiamento a um benefcio que j existe, h muito tempo, sob pena de ferir otexto constitucional.Ademais, aCarta Federalassim dispe em seu 4do art.195:A lei poder instituir outras fontes destinadas a garantir a manuteno ou expanso da seguridade social,obedecido o disposto no art. 154, I (grifo nosso).Est inserido, implicitamente, neste artigo o princpio da expansibilidade, do qual a seguridade deve ter como escopo.Isto significa dizer, que no pode haver fontes de custeio que restrinjam direitos e sim que os universalize para atender ao maior nmero de segurados, pois se assim no for, camos novamente na inconstitucionalidade.Em levantamento realizado na DATAPREV (Empresa de Processamento de Dados da Previdncia Social, atualmente denominada Empresa de Tecnologia e Informaes da Previdncia Social), os nmeros encontrados so impressionantes. A concesso das aposentadorias especiais tem cado a quase zero, numa descida ngreme, assustadora.Em 1995, por exemplo, foram concedidos quase 40.000 benefcios, enquanto que no ano de 2002, os nmeros chegaram a quase zero (foram 604 aposentadorias especiais concedidas naquele ano).Isto implica dizer que, com tantas mudanas ocorridas na Lei8.213/91, na sua maioria iniciada em 1995, com a publicao da Lei9.032/95, a aposentadoria especial estar praticamente extinta nos prximos anos.A partir dessa exigncia (recolhimento adicional), que pesou bastante no oramento das empresas, o empresrio passou a adquirir melhores equipamentos de proteo e a atentar mais na sua utilizao pelo empregado.Ora, com isso, pode-se prever, sem bola de cristal, que em mdio prazo o benefcio extinguir-se- por falta de demanda.Este benefcio, que foi uma conquista dos trabalhadores industririos, no incio da dcada de 60, vem agora sendo retalhado, restringido, suprimido. Isto est longe de ser social. Est deturpando o bem maior do homem que o seu trabalho.O primado trabalho est notexto constitucional, art.193, inserido acima dos outros princpios da Seguridade Social e, assim, deve ser tratado com supremacia, com respeito e com dignidade.Assim tambm entende o Professor WAGNER BALERA:Deveras, sobre ser fundamento da Repblica (art. 111, inciso IV), o trabalho se situa em posio sobranceira no conjunto de valores que a Ordem Social salvaguarda.O novo financiamento da aposentadoria especial inserido no texto legal com a Lei9.732/98 no est expandindo a seguridade social e sim reduzindo o direito aos segurados de verem-se aposentados por este benefcio especfico.Este custeio, a cargo da empresa uma faca de dois gumes, pois a empresa que no proteger seus empregados, eficazmente, dever fazer a contribuio adicional. Isto ensejar muitas fraudes, pois estas empresas podem muito bem induzir a concluso do laudo para se isentarem da contribuio e a nica vtima deste esquema ser o trabalhador, que ter sua sade prejudicada pela exposio aos agentes agressivos e que no ter direito aposentadoria especial em virtude da no-contribuio suplementar da empregadora. Ao Instituto caber uma fiscalizao bastante acirrada.Esta nova aposentadoria especial, por assim dizer, exige, alm do tempo exposto nocividade, a contribuio. As informaes prestadas na GFIP, devero, obrigatoriamente, retratar com fidelidade o ambiente laborativo que embasou seu preenchimento. certo que o legislador teve a inteno de prevenir, precaver o trabalhador das condies agressivas advinhas pelo labor, pois a contribuio adicional obriga as empresas a reverem seus ambientes de trabalho, dando melhores condies de exerc-lo, diminuindo as doenas ocupacionais. certo tambm dizer, que as grandes empresas, por serem mais fiscalizadas, esto revendo seus recintos de trabalho, para no serem mais fiscalizadas, esto revendo seus recintos de trabalho, para no serem obrigadas a recolher a porcentagem suplementar indicada na lei.Mas o resultado que se v, na prtica, a diminuio significativa da concesso das aposentadorias especiais, isso se no for pela ao corajosa dos advogados a provocarem o judicirio, requerendo perciasin locupara verificao da eliminao do risco que justificou a cessao da contribuio; para requerer a contagem do tempo em que havia o risco, mas o empregador no efetuou o recolhimento, entre outras inmeras causas de pedir.Ora, se o empregado se aposentar mais cedo, certamente haver menos tempo de contribuio.A Previdncia Social deve ser vista como um seguro, do qual a contribuio a coluna vertebral para o equilbrio do sistema, sem o qual, no havendo lastro suficiente, a quebra certeira.Partindo desta premissa, nada mais justo do que transferir o custeio deste tempo em que o empregado obrigado a se aposentar ou a sair do ambiente pernicioso, para a empresa, que o colocou nesta atividade insalubre sem proteg-lo eficazmente.Pensamos, entretanto, que,para algumas funes, mesmo que haja equipamentos de proteo coletiva e individual seguros, o agente nocivo no ser possvel eliminar totalmente. o caso, por exemplo, dos agentes biolgicos, para cujos materiais infectocontagiosos seria impossvel neutralizar, visto que vrus e bactrias esto presentes na natureza. Nestes casos, a contribuio adicional ser inevitvel.Em contrapartida, o ambiente prejudicial sade poderia ser melhorado com um estudo profissiogrfico eficiente, que diminua a agressividade e, conseqentemente, a prejudicial idade sade. Mas isso tem que ser fiscalizado, sob pena de serem cometidas inmeras injustias aos trabalhadores.A aposentadoria especial assegurada pelaConstituio Federal, um direito social e deve ser tratado como tal.A nosso ver, antes de um sistema eficaz de fiscalizao, de aculturamento por parte dos empresrios e da conscientizao dos trabalhadores quanto ao uso dos EPCs e EPIs o poder legislativo no poderia, incluir no texto legal, normas que venham a diminuir este direito social. dever do Estado promover a sade para toda sociedade. Da mesma forma, dever do Estado garantir o direito da aposentadoria diferenciada queles que trabalham expostos a condies prejudiciais sade e integridade fsica.Como muito bem escreveu MRCIA DOMETILA LIMA DE CARVALHO:Que o instituto da aposentadoria especial vem sofrendo modificaes legislativas significativas, nos ltimos tempos no se ignora.Entretanto, tinham estas por escopo corrigir os abusos e aperfeioar o reconhecimento de ordem constitucional, seja a mesma preservada. (grifo nosso)Assim, a aposentadoria especial, definida como beneficio autnomo, com caractersticas prprias e critrios diferenciados de concesso, vem sendo modificada a todo instante. Observa-se que, quando foram publicados os artigos5758da Lei8.213/91, os quais tratam especificamente desta aposentadoria, tinham apenas poucos pargrafos, delimitando as exigncias do benefcio.Atualmente, os referidos artigos possuem oito e quatro pargrafos, respectivamente, com alteraes trazidas principalmente pelas Leis9.032/95 e9.732/98, das quais vm tornando a concesso deste benefcio impraticvel, tamanhos os seus requisitos de exigibilidade para o seu deferimento.O novo financiamento introduzido pelo legislador, sem antes colocar em prtica de um sistema eficaz de fiscalizao, de aculturamento por parte dos empresrios e da conscientizao dos trabalhadores quanto ao uso dos EPCs e EPIs, afronta aCarta Polticade 1988, em seus princpios fundamentais. A regra da contrapartida a viga mestra do Sistema da Seguridade Social e precisa ser preservada, para garantir o equilbrio financeiro e atuarial do RGPS sim, mas tem que ser ponderada com os requisitos para sua cessao.Da mesma forma, a seguridade social deve ser expandida, para atingir o maior nmero de titulares possvel, com o objetivo de cobrir os riscos existentes, com base no princpio da universidade da cobertura e do atendimento (art.194,pargrafo nico, incisoI, daConstituio Federal). Contudo, as mudanas ocorridas na aposentadoria especial vm agindo contrariamente a estes princpios, o que se tem a impraticabilidade do benefcio diante de tantas exigncias que a norteiam e com as inmeras fraudes no sistema que podem e devem ser fiscalizados pelo judicirio quando provocado.Se continuarmos neste mesmo direcionamento, daqui h alguns anos, a aposentadoria especial ser letra morta, fazendo parte apenas da histria da Previdncia Social, assim como tantos outros benefcios que foram extintos.A maior batalha agora se coloca: a interposio do Recurso Extraordinrio pelo INSS para que o STF se manifestasse sobre a questo da neutralizao pelo uso eficaz do EPI e a ausncia de fonte de custeio como elementos eficazes para a no concesso da aposentadoria especial. Falaremos desse assunto a seguir.5.Recurso ExtraordinrioO Recurso extraordinrio (RE), numa abordagem processualista, o meio pelo qual se impugna perante oSupremo Tribunal Federaluma deciso judicial proferida por umtribunalestadual ou federal, ou por umaTurma recursalde umjuizado especial, sob a alegao de contrariedade direta e frontal ao sistema normativo estabelecido naConstituioda Repblica.No se trata de recurso que contesta apenas decises dos Tribunais de Justia ou Tribunais Regionais Federais, pois aConstituio Federal, em seu art.102,IIIno faz qualquer meno origem do julgado, ento se poderia impugnar qualquer acrdo, at aqueles oriundos de Turmas Recursais dos Juizados Especiais.O Recurso extraordinrio tem previso constitucional de pressupostos genricos e cumulativos, alm de pressupostos especficos e alternativos de admissibilidade.S ser admitido se a deciso recorrida for de ltima ou nica instncia, ocorrer o prequestionamento e ter repercusso geral. (pressupostos genricos).Outrossim, s ser admitido o recurso extraordinrio se enquadrar-se nas hipteses especficas, nos termos do artigo102, incisoIII, daConstituio Brasileira, o RE cabvel quando se alegar que a deciso de tribunal recorrido (pressupostos especficos): Contrariar dispositivo daConstituio Federal; Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; Julgar vlida lei ou ato de governo local contestado em face daConstituio. Julgar vlida lei local contestada em face de lei federal.6.1.Pressupostos Genricos6.1.1.Deciso de nica ou ltima instnciaO recurso extraordinrio s pode ser interposto contra deciso de nica ou ltima instncia, significando que as vias ordinrias de impugnao j devem ter sido esgotadas no caso concreto.6.1.2.PrequestionamentoO pressuposto de admissibilidade do prequestionamento, que para alguns na realidade no propriamente um juzo de admissibilidade especfico, fazendo parte do pressuposto genrico cabimento, alvo de inmeras crticas e debates doutrinrios. Entende-se, majoritariamente, que o prequestionamento constitui a exigncia de que o objeto do recurso extraordinrioj tenha sido objeto de deciso prviaProferido acrdo omisso quanto matria que se pretende impugnar em sede de RE, caber parte ingressar no tribunal de segundo grau ou turma recursal com embargos de declarao para sanar o vcio do acrdo gerado pela omisso.6.1.3.Repercusso GeralCom a EC45/2004, foi acrescentado ao art.102daCFum terceiro pargrafo, que criou acomo pressuposto genrico de admissibilidade do recurso extraordinrio. Percebendo-se com clareza que o STF tinha se desvirtuado da funo para a qual foi projetado, atuando em demandas de menor significncia, e sendo exorbitante a quantidade de recursos extraordinrios que chegam quele tribunal, via direta ou por meio do agravo previsto no art.repercusso geral544CPC (conhecido como agravo destrancador), o legislador resolveu criar um pressuposto de admissibilidade para que o tribunal passe a julgar somente causas de extrema relevncia ou de significativa transcendncia.Trata-se de singular pressuposto de admissibilidade, j que no pode ser analisado pelo rgo prolator da deciso impugnada, ainda que o RE passe por um juzo de admissibilidade perante esse rgo. A competncia para sua anlise exclusiva do STF. E tambm contm outra intessante particularidade: sempre o ltimo requisito de admissibilidade a ser analisado, de forma que s se passa anlise da Repercusso Geral, tendo o RE preenchido todos os demais requisitos genricos e especficos de admissibilidade (art. 323, caput, do Regimento Interno do STF).Segundo o art. 543-A 2 doCPC, o recorrente dever arguir obrigatoriamente, em preliminar de RE, a existncia da repercusso geral das questes constitucionais nele versada, demonstrando a relevncia dessa questo do ponto de vista econmico, poltico, social ou jurdico, ou ainda a circunstncia de essas questes ultrapassarem os interesses subjetivos da causa; elementos alternativos para configurar a repercusso geral, conforme previso do art. 543-A 1 doCPC.Nos tribunais, turmas de uniformizao de jurisprudncia e turmas recursais, ser selecionado um ou mais recursos extraordinrios fundados em idntica controvrsia jurdica e encaminhados ao STF, enquanto os demais- j existentes e que venham a ser interpostos antes da anlise da repercusso geral dos recursos j encaminhados- ficaro sobrestados (art. 543-B 1 doCPC).A escolha dos recursos extraordinrios que se seguiro ao STF atividade privativa dos rgos referidos, que determinaro quais os recursos iro ao julgamento do Tribunal Supremo em deciso irrecorrvel a ser proferida pelo magistrado competente para o Juzo de admissibilidade do recurso.Sendo negada a existncia da repercusso geral, todos os recursos extraordinrios que ficaram sobrestados sero automaticamente inadmitidos. ( art. 543-B 2 do CPC) interessante hiptese na qual a ausncia de repercusso geral admitir ao juzoa quono receber o recurso extraordinrio, considerando-se que a anlise desse pressuposto de privativa competncia do STF.Reconhecendo o STF a existncia de repercusso geral, os recursos extraordinrios enviados por amostragem sero julgados em seu mrito. Havendo provimento do recurso, podero os tribunais, turmas recursais e turmas de uniformizao de jurisprudncia retratar-se de suas decises, adaptando-se ao entendimento do STF. (art. 543-B 3 doCPC).Reconhecida a presena de repercusso geral e julgados, no mrito, os recursos extraordinrios enviados por amostragem ao STF, sendo o julgamento pelo no provimento, o art. 543-B, 3 doCPCdetermina que os tribunais, turmas recursais e turmas de uniformizao de jurisprudncia podero declarar prejudicados os recursos sobrestados.Essa perda superveniente de objeto previsto pelo dispositivo legal ser mais uma causa de inadmissibilidade do RE, o que reala o respeito que o legislador pretende que se tenha pelas decises de mrito do STF, em especial do seu rgo plenrio, ainda que proferidas em demandas nas quais seja feito pelo Tribunal um controle difuso de constitucionalidade.6.4. Pressupostos especficos6.4.1. Deciso que contrariar dispositivo constitucionalO primeiro e mais utilizado pressuposto especfico do cabimento do RE ter a deciso impugnada contrariado dispositivo constitucional. (Art. 102, III, a, da CF)O STF no admite a ofensa indireta (reflexa ou obliqua) norma constitucional, exigindo que a ofensa seja direta, ou seja, se a deciso ofendeu uma norma infraconstitucional e, somente de maneira reflexa, atingiu aCFF, no caber recurso extraordinrio. natural que essa ofensa reflexa se verifique na maioria das decises que ofendem normas infraconstitucionais, em especial, quelas que preveem princpios, considerando-se que todas elas derivam do texto maior, de forma mais ou menos intensa. Caso essa norma agredida em primeiro plano seja federal, caber recurso especial e sendo estadual ou municipal no caber nenhum recurso aos rgos superiores. interessante ao sistema que, no tocante aos acrdos proferidos pelo Colgio Recursal dos Juizados Especiais, haja uma flexibilizao dessa regra quando ocorrer uma manifesta ofensa Lei Federal com relevante reflexo constitucional. Entendemos que, nesse caso, a liberdade concedida ao Colgio Recursal- formado por juzes de primeiro grau- na aplicao das normas federais no deve ser plena, sob pena do cometimento de insuportveis injustias.Diante do no cabimento do recurso especial contra essas decises, caberia ao STF, ainda que em situaes excepcionais, de extrema injustia, provocada pela m aplicao da lei federal, reconhecer a ofensa reflexa e admitir o recurso extraordinrio.Preferiu-se, entretanto, admitir o cabimento da reclamao constitucional.6.4.2. Deciso que declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federalNo ordenamento jurdico brasileiro, convivem ocontrole concentrado de constitucionalidade,exclusivo do STF, e ocontrole difuso de constitucionalidade,que deve ser feito por qualquer rgo jurisdicional de forma incidental. evidente que o art.102,III,b, daCF, trata dessa segunda forma de controle, permitindo que se leve ao STF qualquer declarao incidental de inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, considerando-se que a principal tarefa desse tribunal dizer na demanda a ltima palavra a respeito da inconstitucionalidade, o que faz de forma originria no controle concentrado e de forma recursal na forma difusa.Note-se que o dispositivo constitucional ora analisado refere-se to somente inconstitucionalidade declarada incidentalmente, no sendo cabvel o recurso extraordinrio, ao menos no por essa hiptese de cabimento, de deciso que incidentalmente declara a constitucionalidade de lei federal ou tratado.6.4.3. Deciso que julgar vlida lei ou ato de governo local contestado em face daConstituio FederalA deciso que julga vlida uma lei estadual ou municipal contestada em face daConstituiopode afrontar o texto maior, prestigiando incorretamente uma norma contida em lei estadual ou municipal em detrimento daConstituioFederal, sendo nesse caso cabvel recurso extraordinrio. O mesmo ocorre com a deciso que julgar vlido ato administrativo ou normativo praticado pelas trs esferas de Poder no mbito estadual ou municipal, que seja contestado em face daConstituio Federal.6.4.4. Deciso que julgar vlida a lei de governo local contestado em face de lei federalAt a EC45/2004, a hiptese de cabimento do recurso extraordinrio atualmente prevista no art.102,III,d, daCFera hiptese de cabimento de recurso especial. A modificao de competncia do tema tratado nesse dispositivo constitucional pode levar o leitor mais desatento a no compreender a modificao, afirmando que a tarefa de preservar a boa aplicao da lei federal no do STF e sim do STJ. Se a deciso preferiu a aplicao de lei municipal ou estadual em face de lei federal, seria problema a ser resolvido em sede de recurso especial.Ocorre, entretanto, que sempre que uma deciso julgar vlida uma lei municipal ou estadual contestada em face de lei federal, a questo imediata a ser enfrentada no exatamente o desrespeito lei federal, mas o conflito de competncia legislativa entre Municpios e Estados de um lado e a Unio de outro, pano de fundo e fundamento indispensvel para a verificao do acerto ou erro da deciso impugnada. Como se sabe, a questo de competncia legislativa matria constitucional, devendo ser enfrentada em ltimo grau pelo STF, tendo sido, nesse sentido, perfeita a modificao realizada pela Emenda Constitucional n.45/2004.7. Anlise do recurso extraordinrio com agravo 664.335 - SCA Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seo Judiciria de Santa Catarina, ao julgar o Processo n 201072520042440, negou provimento ao recurso interposto pelo Instituto Nacional de Seguro Social INSS e assentou a impossibilidade de, em se tratando de exposio a rudo, o mero fornecimento de Equipamento de Proteo Individual EPI vir a descaracterizar o tempo de servio especial para concesso da aposentadoria.Concluiu pela aplicabilidade do Verbete n 9 da Smula da Turma Nacional de Uniformizao e asseverou a inexistncia de limitao temporal dessa, haja vista no ter sido revogada. Consignou que a aferio do carter especial do servio estaria relacionada ao enquadramento das atividades nas categorias profissionais previstas nos decretos regulamentares ou exposio do empregado a agentes prejudiciais sade e no condicionada ao recolhimento de um adicional sobre as contribuies previdencirias.No extraordinrio protocolado com alegada base na alnea a do permissivo constitucional, o recorrente (INSS) argui transgresso aos artigos, e, cabea e 1, da195 5201daCarta da Republica.Art. 195. A seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos oramentos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e das seguintes contribuies sociais:(...) 5 - Nenhum benefcio ou servio da seguridade social poder sercriado, majorado ou estendidosem a correspondente fonte de custeio total. ( grifei)Art. 201. A previdncia social ser organizada sob a forma de regime geral, de carter contributivo e de filiao obrigatria, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial, e atender, nos termos da lei, a: 1 vedada a adoo de requisitos e critrios diferenciados para a concesso de aposentadoria aos beneficirios do regime geral de previdncia social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condies especiais que prejudiquem a sade ou a integridade fsica e quando se tratar de segurados portadores de deficincia, nos termos definidos em lei complementar.Aduz ter a deciso impugnada ignorado as informaes contidas no Perfil Profissiogrfico Previdencirio PPP, que teriam comprovado a inexistncia de atividade prestada sob condies especiais, em virtude do uso de equipamentos eficazes de proteo individual pelo trabalhador.Sustenta que, ao no atentar para essa situao, o acrdo atacado teria implicado violao do princpio da preservao do equilbrio financeiro e atuarial, concedendo benefcio previdencirio sem a correspondente fonte de custeio.Afirma exigir a Lei n /98, para a concesso da aposentadoria especial, a anlise individual do caso concreto, incluindo o exame da relao entre a comprovao da efetiva exposio aos agentes nocivos e os critrios de tributao da respectiva fonte de custeio.9.732Sob o ngulo da anlise em sede de Recursos Repetitivos ou Recurso Extraordinrio, ficava a dvida se matria relativa ao uso eficaz de EPI seria passvel de anlise pelo STJ ou STF, haja vista a clarividente situao ftico-probatria que demandaria esgotamento desta fase instrutria, o que no coadunaria com os recursos especiais (em sentido lato) analisados por aqueles rgos.Ocorre que o INSS no se restringiu ao uso eficaz do EPI para neutralizao do fator de risco, mas sustentou a tese de que havendo uso eficaz, no haveria mais razo para o recolhimento da contribuio especfica por parte do empregador e, com isso, no haveria mais fonte de custeio para estender o benefcio da aposentadoria especial nos casos em que no houvesse fonte de custeio para tal concesso, sob pena de no se preservar o equilbrio financeiro e atuarial, nos termos do caput do art.201daCF.Enfim, tal sustentao ultrapassou o interesse subjetivo das partes, mostrando-se relevante do ponto de vista econmico, poltico, social e jurdico, em razo da influncia a ser gerada em diversas situaes.O Recurso extraordinrio no foi admitido na origem. A autarquia federal interps agravo. Reiterou os argumentos constantes do extraordinrio e o Ministro Luiz Fuz se manifestou pelo reconhecimento da Repercusso Geral nesses termos:(...) o Relatrio.A questo constitucional posta apreciao deste Supremo Tribunal Federal, portanto,cinge-se na discusso, luz dos artigos195, 5e201, 1daConstituio Federal, da possibilidade, ou no, de o fornecimento de Equipamento de Proteo Individual - EPI -, informado no Perfil Profissiogrfico Previdencirio (PPP), descaracterizar o tempo de servio especial para aposentadoria.A meu juzo,o recurso merece ter reconhecida a repercusso geral, haja vista que o tema constitucional versado nestes autos questo relevante do ponto de vista econmico, poltico, social e jurdico, e ultrapassa os interesses subjetivos da causa.Diante do exposto, nos termos do art. 543-A, 1, doCdigo de Processo Civil, combinado com o art. 323, 1, do RISTF, manifesto-me pela existncia de repercusso geral da questo constitucional suscitada.Ministro Luiz Fux"(grifei)Enfim, o Supremo Tribunal Federal, por maioria, reputou constitucional a questo, vencidos os Ministros Marco Aurlio e Ricardo Lewandowski.No se manifestaram os Ministros Joaquim Barbosa e Crmen Lcia.O STF, por maioria, reconheceu a existncia de repercusso geral da questo constitucional suscitada, vencidos os Ministros Marco Aurlio, Cezar Peluso, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. No se manifestaram os Ministros Joaquim Barbosa e Carmen Lcia.A nosso ver muitas dvidas ainda restaro, mesmo que a deciso seja favorvel ao INSS. Uma delas a seguinte:Se o STF disser que, sem a devida fonte de custeio, no h como conceder a aposentadoria especial ao postulante, tambm definir como ser o processo de fiscalizao/verificao da eficcia dos EPIs fornecidos pelo empregador para que seja possvel a iseno da referida contribuio especfica?Basta que o empregador fornea os EPIs para que possa deixar de recolher as contribuies, ou ter que demonstrar a eficcia do uso na eliminao do risco?Parece-me temerrio deixar ao arbtrio do empregador tal tarefa sem que haja uma fiscalizao acerca da qualidade e o real uso dos EPIs capazes de eliminar/reduzir o risco.Enfim, aguardemos o posicionamento do STF.Por enquanto, continuo usando o meu livre convencimento com o qual motivo minhas decises.A meu ver, no h como verificar o uso dos EPIs no trabalho; no se sabe se aqueles que usaram tiveram reduzidos/eliminados a insalubridade; no se sabe se aqueles equipamentos tinham a qualidade necessria a eliminao do risco.Por isso, prudente manter-se agregado corrente de que o uso dos EPIs no descaracteriza o tempo de servio especial para fins de concesso da aposentadoria.Quanto fonte de custeio, entendo no ser correto que o empregador deixe de recolher a contribuio especfica sem que tenha provado ser o EPI fornecido eficaz para eliminao da insalubridade.Assim, se o INSS afirma ter cessado a fonte de custeio, tal fato no o isenta de custear a aposentadoria especial, pois lhe resta cobrar as contribuies do empregador que as tenha cessado sem o devido processo fiscalizatrio quanto eficcia do uso dos Equipamentos de Proteo e da eliminao da insalubridade.