A Emergência de Mariana

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  • 7/25/2019 A Emergncia de Mariana

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    A EMERGNCIA DE MARIANA/MGArtigo

    Criado em 16 de Dezembro de 2015Atualidade

    POR CARLA NBIA NERY OLIVEIRA*

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    AS BARRAGENS DE FUNDO E SANTARM, da mineradora Samarco, esto localizadas

    entre Mariana e Ouro Preto e se romperam na tarde de 5 de novembro ltimo, liberando uma

    onda de lama que teria chegado a 2,5 m de altura.

    Dias aps o rompimento dessas barragens de rejeitos de minrio, no distrito de Bento

    Rodrigues, pertencente a Mariana, ficam as imagens do desastre que se estendeu por vriosquilmetros, indo de Minas Gerais ao Estado do Esprito Santo. Considerado o maior desastre

    ambiental do Brasil nos ltimos anos, possui dimenso inimaginvel em relao a impactos na

    natureza.

    A empresa responsvel pelo sinistro opera o complexo de barragens na regio, e suas

    acionistas so a brasileira Vale (antiga Vale do Rio Doce) e a anglo-australiana BHP Billiton.

    Todas elas tm anunciado medidas de emergncia para atender s populaes locais e tentar

    reparar os j inmeros danos causados ao meio ambiente. Todavia, percebe-se que as

    medidas so poucas diante das consequncias do ocorrido.

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    Vrias notas foram publicadas pela Samarco, em sua pgina oficial na internet, e apenas duas

    mencionaram "investigaes e estudos" sobre as causas do rompimento da barragem de

    Fundo. Lembrando que, desde 2013, o Ministrio Pblico (MP) de Minas Gerais havia

    denunciado o risco de algo assim acontecer. E as medidas de preveno no foram adotadas,

    nem mesmo aquelas de aviso populao sobre algum desastre.

    por esse motivo que a Samarco j recebeu multas preliminares do Ibama e assinou termos,

    tambm preliminares, com os Ministrios Pblicos dos Estados de Minas e do Esprito Santo

    e, mais recentemente, com o Ministrio Pblico Federal. Nesses documentos, a empresa se

    compromete a realizar aes de emergncia, de reparao e de preveno nas regies aonde

    a lama chegar.

    Nesse sentido, a Polcia Federal determinar, por inqurito, se o rompimento da barragem foi

    um crime ambientalartigo 54, 2, incisos I, II e III, e 62, da Lei n 9.605/98.

    De toda forma, a Samarco ter de responder s exigncias dos MPs de ambos os Estados e

    ser parte em diversas aes cveis, judiciais individuais e coletivas de pessoas afetadas direta

    e indiretamente pela tragdia.

    O desafio agora coordenar esforos e reunir os dados para poder se estimar o tamanho das

    perdas e o tipo de ressarcimento em dinheiro (indenizaes) e em aes de recuperao

    que ser preciso cobrar das empresas envolvidas.

    Os problemas so imensurveis, pois, alm das mortes de moradores daquela regio e dos

    danos materiais e histricos das cidades atingidas, h ainda os animais silvestres dizimados,

    as espcies nativas e raras de peixes que morreram, a poluio da gua, tendo sido o Rio

    Doce o mais afetado.

    Segundo ecologistas, gegrafos e gestores ambientais, pode demorar dcadas, sculos para

    que os prejuzos ambientais sejam revertidos, pois a lama que se espalhou por tantos

    quilmetros impede que a matria orgnica cresa. Uma das consequncias do desastre que j

    esto ocorrendo o assoreamento, acmulo de sedimentos na calha dos rios, gerando

    impactos socioeconmicos e ambientais. O prprio Ibama afirmou que houve alteraes nos

    padres da qualidade da gua.

    Em cidades como Governador Valadares e Colatina (MG), que tiveram o abastecimento de

    gua temporariamente suspenso por causa da passagem da lama, a Samarco foi obrigada a

    fornecer gua potvel, porm a distribuio gerou muitas reclamaes.

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    No dia 16 de novembro, a Samarco assinou um acordo com o MP e concordou pagar R$ 1

    bilho para comear a compensar os danos materiais e ambientais. A Justia determinou,

    inicialmente, o bloqueio de R$ 300 milhes da empresa para os ressarcimentos. A inteno

    fazer com que os prejuzos sejam completamente reparados com aes como limpeza, resgate

    de animais e reconstruo de casas. Se a empresa for condenada a pagar uma indenizao

    coletiva, o dinheiro ir para um fundo destinado a aes de melhoria da qualidade ambiental.

    Sendo assim, os moradores podem ganhar uma indenizao por seus danos pessoais,

    inclusive em caso de morte de parentes, podendo eles pedirem o pagamento de penses s

    famlias das vtimas.

    Por fim, o prefeito de Mariana, Duarte Jnior (PPS), durante audincia pblica na Cmara dos

    Deputados, no dia 18 de novembro, voltou a solicitar que a mineradora Samarco seja

    responsabilizada pelo ocorrido e destacou que a empresa era a principal fonte de recursos da

    cidade, por conta da arrecadao tributria. Por isso, os prejuzos se estendero ao setor

    econmico do municpio, afetando investimentos em diversas reas, desde a sade e a

    educao at a administrao municipal, prejudicando os prprios funcionrios pblicos.

    * Ad vog ada OAB /CE e-mail: [email protected]

    Especial ista em dir eito con stituc ional aplicado e direito tr ib utrio

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    Fonte: Revista Mais B et im/MGRua Cremerie, 216, Jardim Petrpolis - Betim/ MG CEP: 32.655.080

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