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A ERA DA INVERSÃO

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Vivemos num mundo psiquicamente doente, porque o homem virou os valores em sentido contrário ao natural – é o diagnóstico. A instituição do avesso desta inversão– a vivência do sujeito “dentro-do-espelho” – é a via da cura total – o Renascimento de Narciso. Os fatos, aqui, são chocantes e em sua exposição imponho ao leitor uma introjeção bizarra, uma vivência catártica, terapêutica. Alguns momentos chegam a ser aterrorizantes: o confronto com o si mesmo põe medo, sobretudo nas pessoas sensíveis ou nas destroçadas pelo sentimento de culpa. O medo vem do desconhecido, da ignorância. Por isso que curar-se impõe conhecimento e saber num único nível absoluto: o da Consciência. a) Carujo

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Carlos Araujo Carujo Terapeuta Holístico

Inversão

Shamballah 2015

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“Não quero regra nem nada. Tudo tá como o diabo gosta, tá”.

Belchior

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Dados de Catalogação da publicação (CIP) Internacional Câmara Brasileira do Livro. São Paulo-SP Inversão, A Era da M02a A Era da Inversão – A Sublevação de Todos os Valores. Edição completa com A Era da Inversão – A Sublevação de Todos os Valores. Pesquisa e texto elaborados por Carlos Araujo Carujo (Carujo).

ISBN __________________________________

1. Ensaios. Ensaios e Crônicas I. Carlos Araujo Carujo,

2014. II. Título. Índice para catálogo sistemático:

1. Ensaios. Crônicas: crônicas. 2. Ensaios: M02a A Era da Inversão – A Sublevação de

Todos os Valores - Crônicas. Título original em português:

“M02a A Era da Inversão – A Sublevação de Todos os Valores – Carlos Araujo Carujo”. CONTEÚDO DESTE VOLUME: Apresentação. Abertura. A Contraversão da Natureza. A VERDADE INALCANÇADA. O ERRO DO MANIQUEÍSMO. A ERA DA INVERSÃO. MONOPOLIZAÇÃO DA PALAVRA. ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO. A MÍDIA INVERTIDA. A INVERSÃO DA SOCIEDADE. OS VAMPIROS. A ESCOLA ESTÁ MORRENDO. O TRANSE. TEOMANIA. QUANDO ERRAR É DESUMANO. A GRANDE HISTÓRIA. DA MAGIA À HIPNOSE. INVEJA. A DESTRUIÇÃO DA SOCIEDADE. PSICANÁLISE CRIMINOLÓGICA SER SEU PRÓPRIO MESTRE. TRAÇOS BIOGRÁFICOS DO AUTOR.

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Carlos Araujo Carujo Terapeuta Holístico

Inversão Sublevação de Valores

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Conhecer para poder Poder para agir

Agir para vencer Vencer para servir

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INVERSÃO Sublevação de Valores Carlos Araujo Carujo

RESUMO APRESENTAÇÃO ABERTURA A CONTRAVERSÃO DA NATUREZA A VERDADE INALCANÇADA O ERRO DO MANIQUEÍSMO A ERA DA INVERSÃO MONOPOLIZAÇÃO DA PALAVRA A MÍDIA INVERTIDA ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO A INVERSÃO DA SOCIEDADE QUANDO ERRAR É DESUMANO INVEJA TEOMANIA DA MAGIA À HIPNOSE O TRANSE A POSSESSÃO A GRANDE HISTÓRIA OS VAMPIROS PSICANÁLISE CRIMINOLÓGICA A ESCOLA ESTÁ MORRENDO A DESTRUIÇÃO DA SOCIEDADE SER SEU PRÓPRIO MESTRE TRAÇOS BIOGRÁFICOS DO AUTOR

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© 2015 Carlos Araujo Carujo Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução. Copyright © 2000/2015 By Carlos Araujo Carujo 2ª Edição publicada em 01 de agosto de 2015. IMPRESSO NO BRASIL.

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Apresentação Porque “A Era da Inversão” Vivemos num mundo psiquicamente doente, porque o homem virou os valores em sentido contrário ao natural – é o diagnóstico. A instituição do avesso desta inversão – a vivência do sujeito “dentro-do-espelho” – é a via da cura total – o Renascimento de Narciso. Os fatos, aqui, são chocantes e em sua exposição imponho ao leitor uma introjeção bizarra, uma vivência catártica, terapêutica. Alguns momentos chegam a ser aterrorizantes: o confronto com o si mesmo põe medo, sobretudo nas pessoas sensíveis ou nas destroçadas pelo sentimento de culpa. O medo vem do desconhecido, da ignorância. Por isso que curar-se impõe conhecimento e saber num único nível absoluto: o da Consciência. Nos capítulos que seguem enveredo pelos últimos cinquenta anos de vida no planeta – avalio uma época profundamente comprometida com a transmutação negativa dos valores, com a predominância do individualismo. Destaco a decadência de meu tempo, analiso os comportamentos sob o ponto de vista terapêutico, psicanalítico. Não apenas lanço, no rosto das pessoas, suas doenças sociais, mas ofereço perspectivas que podem encaminhar a cura, a felicidade até o momento

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inalcançada, pelas únicas vias existentes: as da Beleza, Bondade e Verdade. Minha visão tinha que ser corajosa diante do pessimismo do contexto mundial, do momento pelo qual passa a civilização envolta em episódios aterrorizantes. Mas, com os meus tirocínios clínicos, tento acordar alguns, já que a grande maioria está em transe mórbido, porque as mentes doentias atrelam-se umas às outras numa correria desenfreada, buscando aniquilar-se. A mente desperta pode acordar outras, criar uma chama e incendiar o mundo. Este livro deve ser lido de vagar, por mais de uma vez. Ele pode estar repleto de emboscadas conceituais, ardis verbais, mensagens de entrelinhas. Mas ele também é, certamente, um maravilhoso livro de autoterapia, de auto-cura, que dou de presente à você.

1º de Agosto de 2015.

Carlos Araujo Carujo Terapeuta

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Reversão do Estado O Império da Nova Ordem

"A regra de ouro é acomodar-se" Samuel Huntington

Um crescimento sem precedentes nos últimos 50 anos aponta, para o final de 2015, o aumento populacional para 7,4 bilhões de pessoas, informa a Organização das Nações Unidas (ONU) no estudo "Perspectivas de População Mundial". Cerca de 78 milhões de pessoas nascem a cada ano no planeta, o que equivale à soma do número de habitantes do Canadá, Austrália, Grécia e Portugal juntos. Nos últimos 55 anos poucos países tiveram um crescimento populacional tão grande e rápido como o Brasil. De 1970 a 2015 a população brasileira aumentou de 93 milhões para 206 milhões de habitantes. Esse fenômeno preocupa por preceder a chegada de uma grande crise demográfica. A fome é o maior dos espectros desse colapso esperado. A população mundial quase triplicou de 1970 para cá. Mas o que aconteceu, com a humanidade, nestes últimos 55 anos? Vamos ver isto, num panorama. O primeiro ciclo foi marcado pela gênese da Era do Individualismo – como ficou conhecida a Década de 1970 –

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quando aconteceu a crise do petróleo que levou os Estados Unidos à recessão e deu crescimento às economias de pós-guerra, como a do Japão. As revoluções comportamentais, da década anterior, desenvolveram-se em contestação a um modelo patriarcal, repressor. Eclodiram os movimentos musicais das discotecas e o experimentalismo na música erudita. Pela TV o mundo tornou-se transparente. Richard Nixon – o presidente americano deposto pelo caso Watergate – foi a personalidade típica das telas de TV dos anos 70. O mundo acompanhou, de perto, o escândalo e sua saída do Governo dos EUA festejada pela população. Termina a Guerra do Vietnam, mas por todo o mundo ocorrem revoluções: Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste. A União Soviética torna o exército vermelho o mais poderoso e influente no mundo. Acabam as corridas espacial e armamentista dando lugar ao “progresso humanístico”. Seguem-se, pelo mundo, guerras civis e lutas de libertação. A violência política cresce, cresce o endurecimento do aparato repressivo estatal. Na Década de 1980 houve a popularização da tecnologia digital, com os CDs, os videocassetes, os computadores pessoais e os videogames, que iniciaram uma nova era e uma nova tendência cultural. Nos anos 80 o avanço da Aids resultou no excesso de preconceitos e das intolerâncias. A mentalidade ultraliberal, na economia, ascende comandada pelos governos conservadores de Ronald Reagan, nos EUA e Margaret Thatcher, no Reino Unido. A Guerra Fria gerou uma paranoia acerca de um provável “holocausto nuclear”. A juventude passou a ser valor cultural dominante quando adolescentes aderiram aos princípios da “geração saúde” e muitos adultos comportavam-se como jovens e queriam aparentar ser jovens.

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Os anos 90 trouxeram o desenvolvimento tecnológico mais rápido da História. Tornou popular e aperfeiçoou as tecnologias inventadas na década de 80. A década de 90 começou com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria, sendo esses seguidos pela consolidação da democracia, globalização e capitalismo global. Fatos marcantes para a década foram a Guerra do Golfo e a popularização do computador pessoal e a Internet. Politicamente, os anos 90 foram de democracia expansiva. Os antigos países do Pacto de Varsóvia logo saíram de regimes totalitários para governos eleitos. O mesmo ocorreu com países em desenvolvimento: Taiwan, Chile, África do Sul e Indonésia. Apesar de prosperidade e democracia, houve um "lado maléfico" significativo. Na África, o aumento nos casos de AIDS e inúmeras guerras levaram á diminuição da expectativa de vida à estagnação do crescimento econômico. Nas ex-nações soviéticas havia fuga de capital e o PIB decaía vertiginosamente. Crises financeiras, nos países em desenvolvimento, tornaram-se comuns depois de 1994, apoiadas pela globalização. Eventos trágicos: as guerras dos Balcãs, o genocídio de Ruanda, a Batalha de Mogadíscio e a Primeira Guerra do Golfo. Houve o crescimento do terrorismo. A cultura jovem se ramificou em tribos desde as superficialistas e consumistas até as de militantes ambientalistas e antiglobalizantes. A expressão nas roupas, as tatuagens, os piercings e o consumo de drogas (o surgimento do Ecstasy) estavam ligados à cultura de música eletrônica. O jovem se viu envolvido, cada vez mais, com sexo em idade precoce e também foi vitima do aumento da violência. Esta Primeira Década do Século XXI marca a política internacional com os conflitos militares entre os Estados Unidos e o Oriente Médio, desencadeadas pelos atentados

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terroristas do World Trade Center, em Nova York. Alguns chegaram a afirmar que se tratava de um choque de civilizações, evocando a teoria de Samuel Huntington. Iniciam-se as invasões estadunidenses nos países do Oriente Médio e chegam ao fim as ditaduras de Saddam Hussein, no Iraque e dos Talibans, no Afeganistão. A Europa passa a adotar o Euro como moeda comum entre os países. Na América Latina inicia-se, também, uma onda de esquerda, antiamericana, liderada pelo presidente venezuelano Hugo Chávez. Nesta década a Internet se consolida como veículo de comunicação em massa e armazenagem de informações. A globalização da economia e da informação atinge um nível sem precedentes históricos. A década também é marcada pela expansão da telefonia, com o uso de aparelhos celulares: chegaram várias operadoras. A tecnologia tem grandes destaques com as TVs de plasma. Surge a TV digital e a Internet em banda larga. Aumenta a compra de computadores e ocorre a explosão das Lan-Houses. A instabilidade que sinaliza a nossa época resulta de mudanças sociais rápidas, ocorridas nas cinco décadas, associadas à mobilização de novos setores. Os atuais conflitos não são mais como os anteriores, orientados por fatores econômicos ou ideológicos, mas de caráter cultural e informacional. À medida que estes novos grupos conquistavam poderio econômico e social, passavam a exigir uma quota maior do poder político, ou seja, colocavam pressão junto das instituições existentes para que estas se abrissem às suas preocupações e interesses. Todavia, as instituições, criadas noutro contexto político e desenhadas para acomodarem outros grupos politicamente dominantes, manifestavam dificuldades em adaptar-se às novas realidades. Por isso, não tinham capacidade para agregar os novos setores sociais.

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A sociedade industrial evoluiu para a era da informação e nesta primeira década do milênio atingiu o frenesi em torno das novas tecnologias, da Internet e do comércio eletrônico. No entanto mudanças negativas na vida social, como o crescimento desmesurado da criminalidade, afugentaram os habitantes dos centros urbanos. Os laços familiares se afrouxaram com casamentos menos frequentes, divórcios mais constantes e gravidez fora do casamento. Também diminuiu a confiança que os cidadãos depositam em seus governos e instituições. Trata-se de uma ruptura da chamada sociedade pós-industrial, nas palavras de Francis Fukuyama. A cultura do individualismo intensivo, que no mercado e no laboratório conduz à inovação e ao crescimento, invadiu as normas sociais, corroeu todas as formas de autoridade e enfraqueceu os laços das famílias, das vizinhanças e das nações. O culto ao individualismo desenfreado, inaugurado na famigerada década de 1970, tem por regra o desrespeito a qualquer regra. Para Lester R. Brown, presidente da Earth Policy Institute e autor do livro “Planeta Cheio, Pratos Vazios: A Nova Geopolítica da Escassez de Alimentos”, o aumento da população e o fim das políticas de equilíbrio geraram cenário gravíssimo. O mundo transita de uma era de abundância de alimentos a uma de escassez. Bastaria um ano de más colheitas para produzir uma crise alimentar. Na última década, segundo Lester, as reservas mundiais de grãos reduziram-se em um terço. Os preços internacionais da comida mais que dobraram, desencadeando uma febre pela terra e dando origem a uma nova geopolítica alimentar. Os alimentos são o novo petróleo. A terra é o novo ouro. Essa nova era caracteriza-se pela carência dos alimentos e propagação da fome. Do lado da demanda, o aumento demográfico, uma crescente prosperidade e a conversão de alimentos em combustíveis para automóveis,

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combinam-se para elevar o consumo a um grau sem precedentes. É possível que, devido a esta situação, as novas gerações procurem impor a contestação por meio da violência. O Estado, perante a imobilidade cada vez mais evidente das instituições, pode recorrer à repressão para travar o aumento de novas reivindicações. A repressão, pois, poderá ser uma forma de preservar a nova ordem política neste período de profunda transformação. “A única forma que pode ser norma É nenhuma regra ter É nunca fazer Nada que o mestre mandar Sempre desobedecer Nunca reverenciar”. Belchior

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Sociedade versus Humanidade A Contraversão da Natureza

"No futuro, todos serão famosos durante 15 minutos". Andy Warhol

Um poder mórbido estabeleceu, nos últimos 55 anos, a pior de todas as ditaduras da História. Este poder advém de uma patologia e ganhou dimensões mundiais ao assumir o controle econômico, político e religioso. Conhecemos, cientificamente, esta patologia com a denominação de Inversão que se manifesta por meio de valores e estilos de vida opostos às consagradas virtudes naturais. O capital financeiro assumiu oficialmente posição primordial, acima do homem. Neste mundo invertido serve-se ao dinheiro em vez de servir-se do dinheiro. Isso gera a exploração selvagem, predadora, do indivíduo e da Natureza. A sociedade obriga as pessoas a serem menos “humanas”, incentiva o egoísmo e o materialismo que, por sua vez, desencadeiam patologias e psicopatias. As enfermidades orgânicas, psíquicas, socioeconômicas e ecológicas nasceram da atitude invertida, embora de natureza inconsciente, do ser humano. Esta atitude arquiteta uma ampla rejeição à vida para, a seguir, destruir tudo o que é belo, bom e verdadeiro – a regra áurea da vida intelectual. Isto compromete a

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individualidade de cada sujeito e ameaça a própria civilização. O fator da inversão da natureza psicológica ocorre, no campo individual, quando tentamos colocar tudo ao contrário em nosso interior: a fantasia é excelente e a realidade nociva, amor é um prejuízo e o ódio um bem, paciência é um desgaste e a intolerância é vantajosa. O sistema entrou em decadência, se corrompeu. As instituições agem contra o povo e a natureza humana. As ciências, as artes e o conhecimento como um todo, se arruínam. Enquanto os mecanismos da inversão permanecerem “inconscientizados”, pois esta atitude impõe censura à Consciência, a humanidade vai continuar a desenvolver meios cada vez mais sofisticados e antinaturais de destruir a si mesma. A inversão mostra como o ser humano aprende a identificar amor com sofrimento, consciência com restrição, trabalho com sacrifício, honestidade e bondade com deixar-se prejudicar, falar a verdade com agressão e assim por diante. Vivemos em uma “pseudo-sociedade” onde todos os valores estão invertidos. Neste caso devemos nos submeter à fantasia, o que é totalmente contrária à realidade. Na “sociedade organizada” o homem bom, honesto e verdadeiro representa um perigo e deve ser perseguido, agredido e segregado. A solução para esta morbidez está em reconhecermos, conscientemente, a realidade da vida que consiste em Beleza, Bondade e Verdade – formas que havia na Natureza antes de existir mentes humanas. Entre estes transcendentais (Beleza, Bondade e Verdade) há, o que se chama em Psicanálise Integral, uma Perichorese que quer dizer “comunhão profunda”. Todo homem possui inclinação para o que é belo, bom e verdadeiro, mesmo sem saber conceituar ao certo esses

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valores. Vamos encontrar esses valores a predominar em todos os recantos do mundo, não obstante a cultura e a religião de cada povo. Não se pode imaginar que um ser humano, senhor de si, não as admire e deseje, não as procure e cultive, não as prefira e escolha. Ainda que se escolha a morte, é a vida que se está buscando. Quando se prefere a fealdade crê-se que aí deve ser encontrada alguma beleza e ao adotar o que é ruim é esperando que isto ocasione algo de bom. Estes valores se interpenetram. “A Verdade vem ao encontro dos que a amam e o Amor só existe onde reinam a Bondade e a Beleza”. Platão

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Uma Evolução Alienante A Verdade Inalcançada

“Não é sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente”.

J. Krisnamurti

O progresso custa caro. A noção de avanço nos leva a um estranho paradoxo. O mundo evoluiu tanto quanto a necessidade de remédios e de tratamentos psiquiátricos. Neste campo específico, o da Psiquiatria, existe um demonstrativo do fator alienação a que chegou o “modelo” de civilização do mundo – os EUA. Eles têm gasto, com tratamentos psiquiátricos, 80 bilhões de dólares por ano. Em 10 anos estes gastos aumentaram em 934%, o que é muito superior ao seu crescimento populacional. Evoluímos mais, nos últimos 55 anos, do que nos 5 mil anos de “obscurantismo”. Somos mutantes. Mas, esta pretendida “rápida” evolução da humanidade, tomando como referencial o progresso desmedido, não deveria gerar um número progressivamente menor de problemas mentais? O progresso deveria trazer o paraíso, para os indivíduos, com melhor saúde e menos problemas psíquicos. A não ser que o esquema “paradisíaco”, projetado para o futuro da humanidade, seja uma fantasia provocada pelo uso de psicotrópicos, anestesiantes em dose suficiente para

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alimentar o mito de que o mundo moderno é, graças à tecnologia, “um mundo melhor”. Quando a Ciência entra em crise, do tipo que enfrentamos na década de 1960, torna-se necessário a invenção de um novo paradigma. As ciências sociais foram desafiadas a pensar a globalização do planeta no limiar do Século XXI. Processos e estruturas sociais, econômicos, políticos e culturais “começaram” a ser estudados naquele momento. As fronteiras civilizatórias modificaram-se de forma surpreendente. Surgem novos horizontes, realidades pouco conhecidas. O ponto principal do progresso, agora, não está mais na “verdade”, mas na crise que obriga a construir novos horizontes de interpretação configurados por “modelos” ou paradigmas culturais. Foi o caso do holismo, baseado em conceitos antigos calcados no taoísmo, inclusive. Desta forma compreende-se que a ação do cientista é histórica, cultural, daí porque nunca atingirá a compreensão total da Verdade. Isto cabe aos místicos como Teilhard Chardin, Swami Vivekamanda, Osho Rajneesh... Mas estes mutantes só conheceram suas próprias verdades, de uma realidade sutil, inefável. Fora isto, o mundo real só pode ser entendido por conceitos relativísticos, matemáticos e psicológicos. A Verdade nunca foi alcançada, nem será. Não existe uma verdade objetiva e total se esta, por sua própria natureza, sempre será relativa, subordinada a sistemas e a interpretações humanos.

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A Prova da Dialética da História A Infâmia do Maniqueísmo

“Todo o mal da humanidade resume-se a três patologias: inversão, inveja e teomania”.

NORBERTO KEPPE

O Maniqueísmo manteve a autenticidade do pensamento entranhado ao psiquismo ocidental, coerente com a História. A doutrina religiosa de Maniqueu, ou Mani, tinha por concepção o dualismo do mundo como fusão do espírito e da matéria, representantes do Bem e do Mal. Maniqueu declarava ser o último profeta, desde Adão e se dizia semelhante à Buda, Zoroastro e Jesus. Sua “mensagem universal” haveria de substituir todas as religiões existentes e por existir. Registrou-a por escrito e deu-lhe forma canônica. O maniqueísmo é um tipo de gnosticismo dualista segundo o qual a salvação depende do conhecimento da verdade espiritual. Ensina que a vida terrena é dolorosa e perversa. A iluminação interior, a gnose, revela que a alma é da natureza de Deus e que desceu ao mundo maligno para ser salva pelo espírito. Na morte, só a alma que superou a matéria vai para o paraíso. As outras almas estão condenadas a renascer no mundo.

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Na ética maniqueísta cada qual vive entre luz e trevas. No topo da hierarquia desse sistema religioso estão os “eleitos”. Os demais são os “ouvintes”, os que contribuem com trabalho, os doadores. O Maniqueísmo, em sua prática para a vida diária, não admitia ritos nem símbolos externos, mas somente jejum, oração, confissão, hinos e esmolas. Durante a intensa atividade missionária dos seus sacerdotes, com os adeptos envolvidos individualmente, prevalecia a característica que se consagrou como código: o bem combatendo o mal. Como religião organizada expandiu-se por Roma, Egito e África. Uma grande figura da Igreja Católica, Santo Agostinho, foi maniqueísta alguns anos antes de se ordenar padre. A partir daí, tornou-se seu principal inimigo. A eterna luta entre o Bem e o Mal está presente em mitos, contos, seriados de TV, HQs e videogames. O horário infantil da TV ensina as crianças, desde muito cedo, a dividir a realidade entre Bem e Mal. Há a oposição entre o lado “luminoso” e o lado “escuro”. Existem também personagens, como o Pica-Pau, por exemplo, que exaltam o mal sobrepujando o bem. As crianças aprendem que devem ser “do Bem” e que o Mal deve ser combatido, embora possa escolher “livremente” que caminho quer seguir. O caminho do Mal levará a um fim trágico e a criança pensa o porquê de os vilões, das historinhas, nunca saberem disso até serem derrotados no final. As “ingênuas” historinhas infantis caracterizam certos personagens para serem absolutamente maus e outros, os bons, para serem absolutamente bons. Os maus são sempre mesquinhos, não têm razão, merecem piedade, embora eles mesmos não queiram que lhes sintam pena. Só os bons podem obter os prêmios. Um dia a criança percebe que o mundo não é tão simples assim: o Mal não é tão fácil de identificar e não sabemos,

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de verdade, se a maioria das pessoas são, no fundo, boas ou más. A criança e por vezes o adolescente, ficam confusos ao descobrir que todos parecem possuir um lado bom e um lado mau e que não existe um divisor moral. É quando esses jovens, estreantes na arte de penar, não conseguem atribuir uma dessas qualidades extremas nem a si próprios. Religiões e seitas modernas são maniqueístas. Levam tudo ao extremo. Toda uma categoria de coisas pode ser atribuída ao Mal, no caso às legiões de Satanás e outra categoria à Jesus o qual deverá ser o único Bem. A Psicologia estudou, profundamente, a dinâmica de “nós e eles” e estabeleceu que dois determinados grupos, quando estão competindo, mesmo amistosamente, desenvolvem sentimentos de hostilidade irracionais. Em crianças isso é evidente, em certas torcidas de futebol também. Aqui entra o “estigma maniqueísta”: uma pessoa vendo a vida unicamente sob o ponto de vista específico reconhece a si como sendo “o lado do Bem”. Se ela possui o conhecimento necessário para justificar e entender é mais fácil ainda ver os outros como sendo “do Mal”, pois as atitudes deles não têm “justificativas”. Essa pessoa, marcada pelo “estigma”, carece dos elementos necessários para compreender a outrem. É nesse momento que ela parte para a agressividade. As grandes movimentações destrutivas da história possuem uma dialética maniqueísta. Elas têm como slogan o tradicional “we are right” (nós temos razão). Os centuriões romanos de antigamente “sabiam” que Roma era o progresso, portanto o Bem. Os cavaleiros cristãos medievais tinham “certeza” de que lutavam por uma causa “santa”. Até os nazistas, tremendos algozes da humanidade, estavam “convictos” de uma nobre ideologia repleta de misticismo messiânico.

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Estabeleceu-se a mania de estigmatizar, irracionalmente, as pessoas que não compreendemos. Os europeus colonizadores “precisavam” acabar com o paganismo maligno das Américas encarnado no povo de “peles vermelhas”. Os índios, por sua vez, se defendiam dos “demônios” vestidos de casacos – estes portavam poderosas armas de trovão, que “vomitavam” fogo. Até os cristãos, modernamente, achavam que o Comunismo era “coisa do demônio” e todo marxista deveria ser expulso dos templos e excomungado da Igreja. Um maniqueísta pode ser facilmente manipulado porque enxerga o mundo por uma lente preto e branco. Esta é a utilidade pela qual são elevados à membros de organizações radicais e a discípulos das religiões e seitas fundamentalistas. Ele não consegue distinguir, nos eventos, o que não se encaixa nos rótulos de Bem e Mal. Tudo o mais é ignorado. Não tem outra escolha a não ser o apego ao seu país, ao seu partido, á sua religião, à sua família e à sua pessoa como sendo a única certa. Um religioso neo-maniqueísta nada vê de bom na ideia oposta. Ao contrário, só vê o mal. Ele não aprende que mesmo algumas coisas boas podem apresentar aspectos negativos. A religião neo-maniqueísta é instrumento útil nas batalhas ideológicas (e até nas guerras armadas) quando luta contra a crença alheia e busca aniquilar todo opositor da doutrina. O Maniqueísmo era uma religião, que hoje se encontra extinta, mas o seu “espírito” subsiste nas pessoas e em toda a sociedade. Seu conceito do Universo em eterna oposição, em batalha permanente, sempre foi amplamente difundido. Hoje pensamentos maniqueístas permeiam as religiões, desde as mais rudimentares até as mais sofisticadas. Exemplos clássicos de religiões maniqueístas: Zoroastrismo ou Mazdaísmo (Ahura Mazda X Arimã),

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Judaísmo (IHWH X Samael), Cristianismo (Jeová X Lúcifer), Islamismo (AlIah x Shaitan). O Neomaniqueísmo baseia-se em idêntica crença, promovida, entretanto, a dogma. Este é o ponto fundamental e indiscutível duma doutrina religiosa, de qualquer doutrina ou sistema: o dogma. Esse fenômeno existe desde a antiguidade. O dogma calvinista, por exemplo, determina que o homem perdeu, pelo pecado original, todas as forças do bem. Na Igreja Católica Apostólica Romana, o dogma é um ponto de doutrina que ela define como expressão legítima e necessária de sua fé. O Neomaniqueísmo insere-se na retórica das novas religiões. Possui mira ontológica de alcance ilimitado porque, agora, não se trata apenas de os cristãos serem os bons e todos os que não colaborarem com a sua propagação exponencial serem os maus. Não. Bom, santo e imaculado é também tudo o que os bons fazem ou mandam fazer. Mesmo que na aparência isto em nada se distinga dos hediondos atos dos maus, dos hereges e dos pagãos. E assim o psiquismo e a sociedade ocidentais foram construídos, morbidamente, até descambar para o insuportável presente, em que se caminha para a auto-aniquilação. No passado os expositores do Maniqueísmo buscaram, sofregamente, destruir alternativas sadias da terceira via, do caminho do meio. Isto ainda persiste, como subproduto da sociedade contemporânea, como reflexo da religião. Prevalece a doutrina do pecado, o preceito da salvação e o mandamento da teomania. O neomaniqueísmo sobrepujou as atuais leis civis, ainda hoje elaboradas em cima de conceitos primitivos. Estas leis, em vez de exercer controle rigoroso sobre a hediondez das violências psicológicas praticadas por religiões maniqueístas, punir crimes de lesa-humanidade, estimula a prática livre desta excrescência. Em nosso país as

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religiões maniqueístas são garantidas, em sua prática, pela Constituição Federal. Sob este augusto manto constitucional isenta-se, seus templos e seus ministros, das punições por práticas criminosas ordinárias e hediondas. As escatologias são macabras: castigos medonhos, recompensas exageradas. Pois, mesmo nesse caso flagrantemente imoral, a doutrina tranquiliza porque a essência é que conta. E aí, “na essência”, garantem seus profetas e beatos, até os atos escancaradamente infames são excelentes!

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Processo Histórico e Falsos Valores A Era da Inversão

“Os falsos necessitam serem verdadeiros para serem realmente falsos”.

Yasmin Andrade

Cada vez mais colocamos em segundo plano os valores perenes, configurados nos heroísmos de nossos antepassados. A História é desprezada em seu alcance científico. Os ancestrais são desfigurados pela má lembrança. Quem morreu “está morto” o que, na expressão do populacho, significa que deve ser esquecido para sempre. Mas o morto, o “ex-ilustre”, porque não existe dignidade na morte, pode virar tabuleta de logradouro e até de presídio, mas permanecerá esquecido. Porque a memória é algo que, quando não abandonamos, destruímos. Como historiador de minha comunidade fui testemunha deste contrassenso. Esta serpente peçonhenta transpôs o século XX e perigosamente, rastejou pelo portal do Século XXI, mas ainda resta tempo para lhe “esmagar a cabeça”. Quando buscamos a Verdade esbarramos em conceitos calcados pelo tempo em seus ciclos culturais milenares. De escravos da Natureza evoluímos para deuses. Depois, “nos esquecemos disso”, no entendimento de Blavatsky. Veio o progresso e com ele a formação das riquezas. Os

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pensadores das elites dominantes se entrecruzaram, de Oriente à Ocidente. O pensamento alcançou a densidade da Filosofia. Em relação a esta, desde sua genealogia, o julgamento dos costumes tem promovido a inversão das categorias morais. Esta doença, é importante que fixemos, não é um mal recente e por isso carrega, em sua conjuntura, conteúdos terríveis que evoluíram para sintomas extraordinários. Esta morbidez transformou-se, com o aumento da população do planeta próxima à saturação, em uma síndrome. Em nossa proto-história encontramos a religião buscando conduzir o homem para a “Era de Ouro e da Verdade” quando, repentinamente, descambou para o seu momento de degeneração. Veio a Ciência. Em determinado momento até julgamos que a Ciência viria auxiliar a religião, já em decadência, no “resgate” da humanidade para a “Idade Áurea”. Aconteceu o contrário. Depois que as “escrituras sagradas” foram desacorrentadas dos altares a Ciência ergueu estandartes separatistas, derrubou os ídolos da moral, destronou o “rei da criação” e passou a governar em seu lugar montado numa máquina de guerra. E desde a concepção do primeiro servomecanismo os avanços tecnológicos se sofisticaram na proporção inversa ao desenvolvimento espiritual. Foi quando Nietzsche anunciou: “Deus está morto!” E tinha razão. Hoje, a religião se avilta através de um distanciamento cada vez maior das “escrituras”. Os homens, estribados na civilização cristã, embrutecem-se pelos crimes hediondos e querem, para seus semelhantes (eles mesmos!) a pena de morte – em contradição repudiam o suicídio, a eutanásia... Os sacerdotes, tentando ainda se apegar aos últimos filamentos da doutrina original, abandonando perigosamente, embora por um só

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momento, os dogmas, tentam refrear esta insânia por meio da retórica. Mas a sociedade degenera rapidamente numa vida subterrânea onde as drogas, a prostituição e o ócio projetam os mais doentes no poder. O marketing político enfatiza, nas mensagens subliminais, os valores invertidos da sociedade em sua existência torpe. As possibilidades de uma vida saudável são abolidas em função dos bens de consumo supérfluos, artificialmente manipulados, promovidos à necessidades pela mídia falaciosa. Proliferam os atos de terrorismo, as guerras, os assassínios religiosos. A família se desintegra e lares são desfeitos em traições, conflitos judiciais, fratricídios, matricídios… E pensar que você está longe disso?! Ao contrário! O telefone, o computador e a televisão se mostram grandes cúmplices dessas aberrações comportamentais. Porque, muito distante da paz que desejamos, as comunicações pessoais ainda são os moduladores sutis de todo tipo de discórdia. No entanto, as publicações da mídia, sobretudo as da televisão, operam na faixa da infâmia porque são criminosamente manipuladas para causar o impacto da “audiência”, pela inversão e por meio dos chamados conteúdos “chocantes”. Estas vilezas abastardam mais ainda a ralé e a incitam ao crime. Eis um retrato “três-por-quatro” do momento atual de inversão de valores dos quais, incluídos os do meio rural, não estamos alheios e nem a salvo. Pensar que isto só se dá do vídeo para lá, que não estamos dentro do processo histórico, é manifestar tanta ignorância quanto a pessoa que joga uma casca de banana num abismo sem soltá-la, atirando-se junto com ela. Já não somos os mesmos, contrariando a canção (“Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais” - Belchior). Além de tudo perdemos os laços com as nossas origens.

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É preciso retornar ao passado, repensar a História, resgatar os valores perenes e somar a isto nossas conquistas atuais. Assim recobraremos o equilíbrio interior. Os japoneses têm razão: o culto mais importante é o dos antepassados – um fator “desalienante”, terapêutico. Devemos aos parentes mais distantes tudo. Esta dívida deve ser paga por meio do culto à sua memória, da preservação desses laços não apenas e isoladamente através dos monumentos, das placas inauguratórias ou das denominações de ruas, mas pelo estabelecimento de organizações de preservação, associações pró-memória, publicações regulares sobre as tradições, realizações de festivais étnicos. Cultivar a História não é apenas passatempo de saudosistas melancólicos, mas uma tática de não-esquecimento, de autopreservação racial, da memória cromossômica até, de fixação da mente em valores reais. E que não se cumpra a fórmula de Rui Barbosa para quem “um povo sem memória é um povo sem futuro”.

"A felicidade é um princípio; é para alcançá-la que realizamos todos os outros atos; ela é exatamente o gênio de nossas motivações." Aristóteles. Ética a Nicômaco, 1.12.8

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Processo Hegemônico da Imprensa A Monopolização da Palavra

"O jornalismo é popular, mas é popular principalmente como ficção. A vida é um

mundo e a vida vista na mídia é outro." G. K. Chesterton

Um dia eu acordei pensando no papel do intelectual na vida contemporânea. Não costumo dar asas às divagações, mas nesse dia gastei um tempo conjecturando. Certas posições ideológicas, quando publicadas para amplo conhecimento, podem revelar uma mentalidade tacanha ou um pensamento aberto à defesa de causas universais. Por esse último agente de consciência tenho vivido em conflito com os grupos de poder, em minha diminuta esfera de relacionamento e anonimamente em confronto com os poderosos reinantes na estratificação social. Fico pensando no grau de distinção ou de prestígio de cada um, no status, na situação hierárquica de um indivíduo ou grupo de indivíduos perante os demais membros de seu grupo social. Isto depende de avaliações e critérios variáveis. As diferentes sociedades praticam ações, desenvolvem comportamentos e formam expectativas que correspondem exatamente às suas realidades palpáveis. Por isso, não fujo do dever de agir.

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O primeiro propósito do intelectual deve ser o de impedir, dentro de seus limites, que o monopólio da força se transforme em monopólio da verdade. Esta não é tarefa para jornalista, que vive da exploração institucionalizada da informação (ou desinformação), mas do escritor que vive exclusivamente da venda de sua obra, não se vinculando ao patrocínio comercial: um livro, científico ou filosófico, não tem espaço publicitário, não tem “break”. O pensador, o intelectual, tem o dever de assumir todas as responsabilidades de sua escolha e as consequências que desta escolha advierem. Em alguns momentos da guerrilha verbal o combatente ideológico pode ser reconhecido, enquanto entrincheirado no pensamento aprofundado, na escrita escorreita, mas apenas por alguns adversários mais argutos. Estes, que desde algum tempo já deveriam ter colocado as “barbas de molho”, logo se empenham em desconstruir aquela imagem ameaçadora do sistemático das ideias. Voltando ao meu pequeno mundo, fui contestado sobre minhas credenciais, tachado de inculto e ateu, ainda que ambos os predicados se excluam mutuamente. Ora, não pode um ateu ser inculto, nem um inculto ser ateu. Porque para negar a Deus é preciso ter cultura científica abrangente e as seitas supersticiosas apetecem, principalmente, aos mais ignorantes. Logo... Com meia palavra posso dizer que não sou ignorante nem descrente a Deus. Se eu cultivo o humanismo, este deverá ser uma fonte de cultura inigualável. Mas deve-se colocar Deus acima do mundo dos fenômenos. O milagre é apenas a Natureza agindo de forma extraordinária na imanência de si mesma ou de forma paranormal no psiquismo humano. Deve-se cultivar uma perspectiva antropocêntrica, própria do humanismo, que deveria determinar toda questão de lógica e de ética na esfera dos poderes

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temporais. O falso e o verdadeiro são fecundados pelas ações humanas. Logo, distantes estão essas ações da “realidade divina”. Quem criou os valores morais foi o homem, portanto esta moralidade requer participações concretas psicológicas, econômicas, sociais e históricas. Nisto se resume a vida humana. Quanto à formação do espírito, esta se dá pela erudição, cultura literária, científica. Indagam sobre que treinamento especial, acadêmico, eu teria recebido, uma pessoa que se habilita a falar desse modo, sobre esses assuntos... A suposição é de que, pessoas assim, que são estranhas de um ponto de vista profissional, não têm direito de falar tais coisas. Tenho sim, porque, para mim o saber é a primeira e última liberdade do homem – ouso fazer da minha vida um eterno aprender e assim posso dispor de toda a liberdade! Vivemos em meio à cultura política da contradição. Por isso é preciso que as liberdades comunicativas dos cidadãos não apenas possam, mas devam ser desencadeadas e mobilizadas. O livre-pensador não se intimida. O autoritarismo, tanto político como econômico, gera a deterioração da democracia. Uma elite esclerosada, composta pelos de sempre, são os autores desta degeneração. Uma nova história da sociedade pode oferecer o contexto necessário para as mudanças necessárias. Esta Nova História está em construção e não enfatiza as vozes institucionais, mas sim as vozes humanas. A mídia, uma fonte histórica suspeita, tende a aparecer ao lado da escola, da lei, do Estado e da família, mas como espaço privilegiado para o exercício da liderança pelas classes dominantes. Estas só visam a manutenção do poder sobre o conjunto da sociedade, a qualquer custo. As alianças hegemônicas querem buscar, avidamente, o consentimento geral para os seus modos nos espaços midiáticos comprados ou vendidos. Do contrário, se não

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obtiverem o consenso pela propaganda, a alternativa seria a coerção direta sobre o indivíduo, em ações administrativas e judiciais ou sobre a massa, com operações policiais. De qualquer forma, o povo sempre estará sendo vítima do sistema, iludindo-se com o simulacro de direito empalhado na camuflagem da “cidadania”. O jurisdicionado que insurgir-se, fisicamente, contra seus algozes há de ser acusado de um crime: algo assim como “fazer justiça com as próprias mãos”. O homem natural não conhece outra forma de fazer, a si próprio, a justiça ideal senão elevando-se à situação anterior ao dano que lhe foi ocasionado. Num bloco de poder político abriga-se a classe que exerce a autoridade cultural e naturaliza, da forma como se “naturaliza” os zumbis, os que nutrem o mesmo interesse medonho, formando um aparente “senso comum”. Estes “cascões”, mesmo depois de mortos e enterrados, continuam sendo evocados como exemplos de “cordeirinhos imolados”. É o caso dos políticos e de alguns jornalistas – vilões enquanto vivos e heróis depois que falecem – um complô antidemocrático. A alternativa à essa indecência é a proposta, que transita na web, de atuar como um contra-poder no campo midiático, com outro discurso da realidade e com a recusa formal ao “consenso”. Aí é quando muitos não se aguentam: são pelo desenvolvimento da consciência contra-hegemônica, mas mediante confronto. Outra, das visões, sobre a qual seria benéfico a muitos que não fosse revelada, é que a onipresença dos meios de comunicação alternativos são antídotos ao monopólio da palavra por parte daqueles que exercem o poder político e econômico. Embora muitas rádios comunitárias estejam devidamente engessadas pela burguesia, as opções libertárias ante o discurso dominante seriam: rádios livres, tabloides, panfletos, blogs... e viva o Twitter e o Facebook!

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Os meios massivos são poderosos, mas não onipresentes. Essa turma mal-acostumada precisa saber que o cidadão comum, enquanto leitor, ouvinte e telespectador não é apenas um expectador passivo das críticas contra o processo hegemônico da imprensa institucional, à monopolização da palavra pelas elites, mas um agente de transformação.

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A Mídia Invertida Da aversão pelos fatos reais

“Contra a conspiração do silêncio existe a conspiração da posteridade”.

Machado de Assis

Na Mídia Invertida – termo criado pelo psicanalista Norberto Keppe – os fatos são fragmentados, resumidos a aspectos particulares de acordo com as preferências de quem os “editorializa”. Os eventos são descontextualizados tornando-se claro o padrão da inversão. No reordenamento das partes estas são substituídas, umas nos lugares de outras, operando-se a destruição da realidade em função de uma criação artificial que sirva às finalidades do jornalista, apresentador, da empresa de comunicação ou de quem este veículo está à serviço. Este padrão de inversão do fato é operado desde a coleta, persistindo na transcrição dos dados, até o momento da redação final que culmina com a edição. As inversões da mídia possuem uma classificação bem definida: 1 – Inversão da Relevância dos Aspectos. 2 – Inversão da Forma pelo Conteúdo. 3 – Inversão da Versão pelo Fato. 4 – Inversão da Opinião pela Informação.

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INVERSÃO DA RELEVÂNCIA DOS ASPECTOS Esta é uma das modalidades mais simples, provinciana, da mídia invertida. Neste caso o secundário é apresentado como primário e também o contrário. O particular dá lugar ao geral e vice-versa. O acessório e supérfluo entra no lugar do que é decisivo e importante. Os adjetivos são usados no lugar dos substantivos. O que é absolutamente indispensável, em uma notícia ou fato, é trocado por detalhes esdrúxulos, recreativos e banais. INVERSÃO DA FORMA PELO CONTEÚDO A modalidade anterior evolui para um mais complexo e bem elaborado fator. É quando começam a sobressair as intenções de manipulação. A mente enferma engendra estratagemas diabólicos. Tratam-se dos artificialismos da fala e do texto. O agente desvirtua o fato que ele narra. Palavras, frases de efeito e bordões tomam o lugar da informação. O consumo do tempo, do tipo “encher linguiça” (matar o tempo), tomam todo o espaço e prejudica a clareza, tornando as explicações ininteligíveis. A fidelidade ao acontecimento é prejudicada pela apresentação espetaculosa, ficcional da realidade. INVERSÃO DA VERSÃO PELO FATO Nesta terceira modalidade da inversão, na mídia, o que menos importa é o fato. A famosa “versão”, que é apresentada antes que os fatos se tornem conhecidos da população, na mídia invertida pode surgir dentro do próprio órgão de imprensa, como um artifício de manipulação mórbido. Ou originada e aceita de uma fonte à qual se quer atender, geralmente ao pagador ou anunciante ou, ainda, de um “inocente-útil” que serve à finalidade de arruinar os fatos.

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O mais correto e até trivial seria observar os fatos e narrar, mas as finalidades não estariam asseguradas uma vez que é preciso adulterar e manipular, invertendo em todos os processos, escamoteando a verdade, promovendo declarações e opiniões de diversas pessoas, não importa quem, mas que se encaixem ao propósito. É assustador quando observamos que, para sustentar versões, os órgãos apresentam fatos que as contradizem. Vemos evoluir as máscaras, as várias facetas psicológicas em apresentadores, locutores e narradores. Temos visto e ouvido figuras bizarras se desdobrarem em explicações nebulosas, quando naufragam em complicações opiniáticas, porque têm que se render à evidência esmagadora dos fatos. Os membros dessa mídia invertida agem sob um domínio maléfico do qual se originou o mandamento máximo: “Se o fato não corresponde à minha versão então o fato é que está errado”! O farisaísmo, próprio da inversão da versão pelo fato, é o extremo deste padrão. Exemplo: diante de um acontecimento absurdo, para tirar o foco da discussão que levaria à solução e para também esvaziar o movimento de mudança o jornalista às avessas encerra com uma frase fatídica, parecida com esta: ”... mas isso acontece em todos os lugares do mundo”. Existe um abuso de frases farisaicas, como esta, ou de pedaços de frases que representam a vontade de substituir a realidade por algo em outra dimensão, menos palpável, mas distanciada. Isto cria um comportamento enfermiço, entre as pessoas que consomem este tipo de mídia, identificado como efeito “avestruz” – o animal que, diante do perigo, esconde a cabeça num buraco. A manipulação é elevada aos seus limites máximos com o farisaísmo, porque aquelas palavras robóticas foram ditas por aquelas pessoas, que estão sempre a se elogiar uma às outras, outorgando prêmios de “melhores” à si

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mesmos, dizendo-se “campeões” de audiência, intérpretes “fiéis” da sociedade, cheios de “credibilidade”... O “oficialismo” também opera como um dos fatores extremos da inversão midiática. Uma “fonte oficial” da autoridade, do órgão governamental e a do próprio órgão de imprensa, porque se quer persuadir, apresentar algo chulo como verdadeiro e “positivo”, tem que ter o cunho “oficial”, ainda que este porta-voz seja corrupto na opinião pública e na Justiça. A finalidade, neste caso, não é mais para que o leitor ou espectador simplesmente “acredite”, mas para que “aceite” a falácia como uma verdade universal e a adote em sua vida pessoal, familiar e social. Quem é você diante do que diz o presidente, o governador, o prefeito, o vereador, o comandante, o delegado, o líder comunitário e religioso? As declarações destes valem sempre mais do que as dos subalternos, sem importar a inversão porque contam com o “poder massificante”, que sempre monetariza, que publiciza tudo o que vem da política. Assim o “oficialismo” se transforma em “autoritarismo”. A doença, embora requeira tratamento, não implica em isenção e culpa, nem na negligência quanto ao ajuizamento dos necessários processos criminal e cível. INVERSÃO DA OPINIÃO PELA INFORMAÇÃO Esta quarta modalidade ocorre quando os padrões de manipulação descritos acima, empregados sempre de forma abusiva, leva à substituição da informação pela opinião. Não é algo que passa pela informação para, depois, ser gerada alguma opinião. A opinião de péssima qualidade já está embutida na informação como o verme na maçã, como o cupim na madeira. O grave disso, na mídia invertida, é que ela quer fazer passar a opinião como se fosse a própria informação. O tratamento da realidade se dá de forma inescrupulosa, com o operador

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da mídia podre fazendo passar um infecto blefe por um juízo de realidade. Diante de si o ouvinte e expectador não tem algo de existência real, mas um simulacro, uma coisa que não é aquilo que o colocará diante da realidade palpável se fosse abordada por uma mera exposição ou narrativa. Tem algo que desconhece, porque a realidade lhe foi subtraída, de si ocultada. Esta negação, operada pela inversão da realidade, impede que haja juízo de valor, porque a realidade foi denegada. A FALÊNCIA DOS GÊNEROS JORNALÍSTICOS Temos que registrar a falência quase que total, nos dias de hoje, dos chamados “gêneros jornalísticos”. Antes da inversão, um fenômeno que tem se aprofundado na mídia mundial nos últimos 50 anos, tínhamos de um lado a notícia com suas diversificações na crônica, na reportagem, na entrevista, no editorial que se completavam e davam autonomia para que o leitor e espectador tirassem suas próprias conclusões. Do outro lado tínhamos a ética jornalística que hoje é um canal de puro farisaísmo, não obstante os esforços de alguns setores livres e de jornalistas “independentes” em resgatá-la. O jornalismo, cada vez mais distante da realidade, não mais consegue refletir a opinião pública ou sequer de seu próprio público leitor e espectador. O único papel desta clientela, neste momento, é o de consumidor no qual é introduzida, sub-repticiamente, a inversão da realidade que passa a ser, em sua crueza, mera peça ilustrativa de uma tese que se quer impor à sociedade. O próprio órgão de informação e seus componentes, muitas vezes, assimilam de tal forma estes falsos valores que acabam por se mesclar e a fazer parte “orgânica” desta patologia psicossocial. O mentiroso acreditando na própria mentira.

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Você não se conhece Estratégias da Manipulação

"Uma verdade dita com má intenção bate todas as mentiras que se possa inventar”.

William Blake

O linguista norte-americano Noam Chomsky estuda, em sua obra, a ação dos meios de comunicação na mente coletiva. Baseado em seu trabalho se popularizaram os 10 elementos de manipulação por meio da mídia. Melhor dizendo, são estratégias de manipulação midiática. Vejamos. O elemento da distração é primordial. Consiste em distrair sua atenção dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, com um “dilúvio” de informações insignificantes. Esta tática visa impedir o público de se interessar por Ciência, Economia, Psicologia, Neurobiologia e Cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais“. (“Armas silenciosas para guerras tranquilas”). O método do “mal necessário” também é chamado “estímulo-reação-ação”. A “situação” deverá causar

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determinada reação no público porque este deve ser o “mandante” das medidas que se deseja fazer aceitar. Consentir a violência, por exemplo, com eventos sangrentos, dará chance ao público de ser o “mandante” das “soluções” de segurança e políticas públicas que acabam afetando a liberdade. Geralmente a elite deixa ocorrer uma crise na infraestrutura, a mídia faz com que aceitem como “um mal necessário” o que na verdade é um retrocesso dos direitos sociais, para que permaneça impune um grave desmantelamento dos serviços públicos. O inaceitável deverá ser aplicado gradativamente, “de vagar e sempre”, com um “conta-gotas” e por anos consecutivos. Condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante duas décadas (1980 e 1990): estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários inconsistentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez. Para impor decisão impopular apresentam-na como “dolorosa, mas necessária”, visando obter a aceitação pública e “aplicar” no futuro: uma “injeção na testa”. Porque é mais fácil aceitar o que ainda não está presente do que uma dor imediata – a massa tem a ingenuidade de esperar que tudo vai melhorar “amanhã” porque o sacrifício previsto poderá ser evitado. Assim o público vai se acostumando com a ideia para se resignar quando chegar o momento. E quando o fato desagradável está em curso, “aplicam” o bordão dos cretinos a que nos referimos no capítulo anterior, banalizando: “...mas isso acontece em todo lugar”. Deve-se agir como o público fosse criança ou imbecil. A maioria da publicidade utiliza discursos, argumentos, personagens e entonações infantis, como se o ouvinte-espectador fosse uma criança de baixa idade ou débil mental. Melhor método de enganar a audiência é adotar

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um tom “infantilizante”. Em razão da sugestionabilidade o adulto, tratado como criança, tenderá a uma reação crítica de uma criança. Em outa tática o sentimento terá que dominar a razão. Usar elementos emocionais é a técnica clássica para causar um black-out na razão, no sentido crítico. O campo emocional é a porta de acesso ao inconsciente onde se pode implantar ideias ruins, sentimentos mórbidos e compulsões comportamentais negativas. O órgão de comunicação deve mante a distância. Nem pensar em revelar para o público as técnicas que o mantêm imbecilizado, escravizado. Nunca escrevem nem falam sobre tais conhecimentos. Quem o faz tem liberdade, portanto é perigoso. A educação, aplicada às classes sociais inferiores, deve ser muito medíocre, a mais pobre possível. As classes inferiores não devem superar, nunca, a distância das superiores que são os jornalistas, políticos, religiosos, patrocinadores. Deve-se estimular, sempre, a mediocridade: programas medíocres, apresentadores medíocres, assuntos medíocres. Promover o público com afagos elogiosos, abraços “no ar”, felicitações “ao vivo”, brindá-lo com “prêmios” e fazê-lo achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar, inculto. Outra tática é reforçar a autoculpa. O leitor-ouvinte-espectador deve acreditar que ele, somente ele, é o culpado da sua própria desgraça. Ele não deve se rebelar contra o sistema, mas culpar-se a si mesmo. Induzindo o estado depressivo pode-se gerar um sentimento de autodestruição que inibe a ação porque, sem ação, não há revolução! Os artífices da mídia de manipulação conhecem os indivíduos melhor do que eles mesmos. Há 50 anos a Ciência apresenta um progressivo “abismo” entre conhecimento público e saber das elites dominantes. Estas desfrutam dos conhecimentos avançados da

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Biologia, da Neurobiologia, da Psicologia aplicada e conhece melhor o indivíduo comum do que ele próprio. Por isso que o sistema exerce maior controle sobre os indivíduos do que os indivíduos sobre si mesmos.

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Consciência cada vez mais alienada A Inversão da Sociedade

Os novos paradigmas: Pensamento, Emoção e Ação.

Existem três problemas que envolvem a natureza psíquica humana: Inveja, Inversão e Teomania. Esta é a visão da Trilogia Analítica, ou Psicanálise Integral. Segundo os cânones desta novel disciplina, liderada pelo Dr. Norberto Keppe, trata-se de uma descoberta científica. A palavra Inveja vem do latin “invidere”, que significa “não querer ver”. O sentimento da inveja é não querer ver, mas também desejar destruir aquilo que é belo, bom e verdadeiro. Neste processo o invejoso procura retirar prazer da destruição. A Teomania, por sua vez, nasce do desejo maléfico e invejoso de ter um poder semelhante ao de um deus, como os fanáticos que se dizem “portadores” de determinado “dom” divino, porque são “profetas”, “ungidos”, “enviados”, “representantes”, “homens de Deus”... Esta anomalia não está associada à realização do bem, mas é acionada para servir às fantasias de grandeza do enfermo. Já a Inversão é o processo por meio do qual a pessoa vê o bem naquilo que é ruim e o mal no que é bom. O certo é errado e o errado é tomado por verdadeiro.

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Para essas psicopatologias a cura se dá pela Consciência, já que esta foi, na enfermidade, suprimida pela vontade. Ao contrário do que se pensa, a vontade não tem uma conotação positiva, pois é geralmente invertida e leva o homem a escolher o que lhe é prejudicial e rejeitar o que lhe é benéfico. Trata-se de uma compulsão mórbida. Desta forma se justifica o fato de acontecerem coisas ruins para pessoas boas. Estes conceitos da Psicanálise Integral, parte do princípio de que o homem possui uma natureza trina: Pensamento, Emoção e Ação. O Dr. Norberto Keppe, psicanalista, foi considerado pessoa não grata, pelas autoridades, quando declarou, na imprensa, que a sociedade brasileira é enferma e que os mais doentes são os próprios governantes. Contrariamente às orientações psicanalíticas, psicológicas, psiquiátricas e outras, Keppe é o único cientista a focalizar a causa principal das doenças mentais e psicossomáticas em fatores psíquicos, isto é, advindos do próprio interior do indivíduo, ligados ao uso invertido de sua vontade. Desta forma foi criada a primeira ciência verdadeiramente psicológica. Na Psicanálise ortodoxa, freudiana, quando a pessoa é vitimada por um gesto físico involuntário, um movimento muscular incontido que resulta num desastre, isto é interpretado como a intromissão do inconsciente psíquico “pregando uma peça”. Por exemplo: você vai pegar a jarra de suco, sobre a mesa e a meio caminho derruba, “sem querer”, o corpo. Para Freud seria a “mente inconsciente” manifestando sua “presença”. Nasceu desta “psicologia profunda” o conceito de homicídio culposo. Para Norberto Keppe, ao contrário, este fenômeno deve-se à presença da Consciência uma vez que o verdadeiro estado do ser humano, no mundo, é o de inconsciência total ou parcial. É como se a Consciência se insinuasse dizendo: “Olá… Estou aqui!” Para esta linha de pensamento não existe homicídio culposo, mas que todo

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prejuízo causado por alguém “involuntariamente” deve ser encarado como psicopatologia passível de tratamento clínico: a inconscientização – um neologismo de Norberto Keppe para a atitude de esconder, reprimir ou negar a Consciência. Diferente de Freud, Keppe acredita que o ser humano tem um inconsciente dentro de si, que é o resultado da atitude do individuo de negar a Consciência. Ele nega categoricamente aquilo em que Sigmund Freud acreditava, o “Inconsciente” e que este seria uma parte da estrutura do psiquismo como instância “inata e natural” no ser humano. Na Índia o constrangimento involuntário, causado a alguém, é uma falta grave. Pisar no pé de uma pessoa, “sem querer”, não pode ser reparado com pedido de desculpas. Diz o mestre yôgi: “se havia a possibilidade de pisar no pé do semelhante, porque não prestou atenção ao caminhar?” A Consciência esteve ali, inserida, para causar o vexame – uma maneira de insistir em sua importância para a vida e para a convivência social. A técnica para lidar com esse tipo de enfermidade é dialética. A psicopatologia não é a natureza humana, mas o resultado de uma luta contra ela. Assim, a melhor maneira de tratá-la é compará-la com o elemento são, a fim de que a sanidade possa prevalecer. Por exemplo: a ignorância não existe por si, mas é uma recusa ao conhecimento, a preguiça uma oposição à ação e a irresponsabilidade à responsabilidade. As possibilidades desta escala são infinitas. A conscientização da psicopatologia (ideias, sentimentos e atitudes negativas) é a chave que poderá desbloquear o individuo para o desenvolvimento do seu ser como um todo. O homem só será são se puder manifestar, livremente, sua essência, que é sinônimo de ação pura. Em outras palavras, a felicidade do homem vem por meio de ações belas, boas e verdadeiras. Estas

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ações se originam no interior, como resultados da aceitação dos valores universais – as ideias perfeitas e inatas, que se expressam na Consciência pela Intuição. Insisto que usar corretamente a vontade é aceitar a realidade como sendo bela, boa e verdadeira. Disto nasce a boa ação, equilibrada. Este processo começa pela Interiorização, que consiste em usar a realidade externa como um espelho. Somente dessa forma pode ocorrer a conscientização psíquica e o contato efetivo com as realidades interna e externa. A Matemática, colocada na base da Ciência, desviou o ser humano da realidade. A Arte, que o elevam à sanidade, é menosprezada. A grande parte da causa do sofrimento humano se situa dentro da estrutura socioeconômica criada para servir aqueles que detêm este poder. Isto é patológico. A organização “falha” da sociedade, com suas leis invertidas e filosofias errôneas baseadas na inveja, também é causa de doenças mentais e orgânicas. A solução é corrigir estas inversões na sociedade.

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Relacionamento Neurótico Quando Errar é Desumano

“Vivemos o desastre da ética humana entre os médicos, que hoje passa mais pelo campo

mercantilista de relacionamento com os planos de saúde, antes de passar pela vida humana”.

Fernando Olintho

Erros médicos são frequentes, aumentam as queixas. Existem extremos: escassez e excesso de procedimentos. Mas, por que todos têm medo de criticar médicos? “O dia de amanhã, nunca se sabe…”, responde o homem simples, do povo, querendo com isso dizer que poderá precisar dos cuidados médicos e ser preterido. O ser humano se afastou da Natureza e a dependência cada vez maior, por parte da população, dos cuidados médicos resulta em relacionamentos neuróticos, à semelhança do que ocorria nas tribos primitivas quando se temia até o local onde os feiticeiros pisavam. Criticar os atos médicos, hoje, também é tabu. Mas não ficam muito distantes do mundo primitivo certas cidades (eu mesmo conheço uma) quando médicos intimidam pessoas da sociedade. Médicos influem na política, na religião, nos meios de comunicação. Um jornalista deixou de escrever num periódico, onde publicava regularmente, após ter sido

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“dissuadido”, por figuras anônimas, quanto a isto. Motivo: havia criticado a instituição médica como um todo, colocando em dúvida a competência de curar, dando destaque à imperícia médica. Alguns médicos se comportam como predadores e cassam-se uns aos outros. Um médico recém-formado foi ameaçado caso ousasse executar procedimento de sua competência, numa área que já estava sendo ocupada “comercialmente”. A ameaça partiu de outro profissional, mais antigo na “praça”. A incompetência e a imperícia não encontram obstáculos. É o caso de outro médico que, sem habilitação para operar equipamento de ultrassonografia, emitia laudo impreciso, com enorme desvio no resultado. Quando foi repreendido por outro colega médico, recusou a correição e continuou desafiando a ética, pondo em risco a vida das pacientes e nascituros. Casos de erros médicos são frequentes e enlutam famílias, revoltam cidadãos. Tenho buscado notícias de procedimentos éticos instaurados, que resultaram em punição rigorosa contra os maus profissionais no Conselho de Medicina, mas encontrei poucos casos. Geralmente só nos casos de grande repercussão na mídia é que ocorrem prisões e as invalidações de registros profissionais. Os médicos são organizados e corporativos. Dificilmente há ressonância entre os profissionais de Medicina quanto aos problemas dos pacientes. Embora uns critiquem outros em certos momentos, na hora da denúncia e do perigo de punição, todos se protegem mutuamente, como entre abelhas, quando prevalece o “espírito da colmeia”. O debate sobre as questões morais da Medicina, como a falta de ética médica, está mais no plano filosófico do que no jurídico. Não existe tribunal do júri para julgar consciências.

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Resta à população, para proteger-se, organizar-se em associações de vítimas de erros médicos, à exemplo do que já vem sendo realizado em muitas cidades onde a população é “esclarecida”.

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O Que não queremos ver A Inveja

"É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende

e insultar o que se inveja." Honoré de Balzac

Inveja vem do latim (in, não – videre, visto, olhado). É o não visto – aquilo que não vemos porque não queremos ver. As pessoas se recusam a admitir (não querem ver) que este sentimento existe, de fato, dentro delas. Nossa herança familiar, cristianizada, valoriza sobremaneira os aspectos "espirituais" e por isso suprimiu da Consciência. A vivência da inveja é um sentimento que faz parte de todos indistintamente. As pessoas não conseguem ter todo o bem que desejam, que querem e que observam. Assim ambicionam, com despeito, tudo aquilo que os outros têm. Às vezes isso é involuntário, ou seja, inconsciente. Este sentimento de cobiça pode ocorrer num pequeno lapso de tempo, mas é neste exato momento que a inveja se instala. Este processo inclui, às vezes, um acesso de raiva de si mesmo quando o sensor critico assume aspecto acusador, causando desequilíbrio interior.

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A decantada paixão é, em verdade, uma modalidade de inveja. A autoanálise nos leva a concluir que toda a pessoa, pela qual nos apaixonamos, tem algo que não possuímos, mas que desejamos ter. Depois que a inveja se instala vem, na sequencia, a inversão de valores. Quando não atingimos nosso objetivo de cobiça, passamos a depreciá-lo. Isto está bem descrito na fábula “A Raposa e as Uvas”. Aí é quando o espírito de extermínio pode se manifestar: maltratamos quem amamos, agredimos quem queremos bem e tentamos destruir tudo o que não alcançamos. A vivência deste fato está bem representada na amizade entre Mozart e Sallieri, quando este último trama destruir o seu mestre da música. O psicanalista Norberto Keppe acredita que o “Inconsciente”, desenvolvido pelo o ser humano, criou dentro de si um mecanismo de negação da Consciência. Por ser desenvolvido artificialmente o Inconsciente não é, como o Freud acreditava, uma propriedade natural da psique humana. Muitas pessoas que têm medo de perceber os próprios erros e problemas tendem a "turvar" a Consciência. Seria como colocar uma venda nos olhos para não se enxergar, por não se quer ver, o que está diante de si. Tentamos “esquecer” aquilo que não gostamos de perceber. Esta atitude é conhecida como “inconscientizar” (tirar do campo da Consciência), pois cremos, de forma invertida, que se não conscientizarmos algo este algo não existe e não nos causará danos. Persistimos em acreditar que os problemas só existirão se estiverem no foco da Consciência e a partir do momento em que os admitimos. Daí nasce a ignorância – esta fruto de todo o sofrimento humano. É quando o ser humano se torna alienado porque, colocando voluntariamente um obstáculo diante dos olhos, para não ver o que está adiante, também ficará

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impedido de ver o que é belo. A vida psíquica se deteriora porque estamos cegos para toda beleza que existe na vida. A inveja escurece, porque assim o queremos, a luz da nossa Consciência – única arma contra a ignorância. A alienação da mente leva o ser humano a ter medo de ver os problemas que existem em si e na sociedade. Este instante histórico é marcado pelo término da completa instalação da alienação humana, que ingressou em um transe mórbido. Quando observamos de longe, sem paixão, nos parece que os diversos setores da sociedade passaram a viver numa “outra dimensão” que não a verdadeiramente humana. É importante ressaltar que este problema não advém de um Consciente “recalcado”, como Sigmund Freud teve a infelicidade de sugerir, mas é o resultado da atitude voluntária de “recalcar” a Consciência. Trata-se de um fenômeno, ou componente, ao qual o Dr. Keppe chama de “inconscientização”. Como dissidente de Freud o Dr. Norberto Keppe impõe uma descoberta recente, científica, que coloca por terra a teoria do Inconsciente. Esta nos fazia acreditar que haveria, no psiquismo, uma espécie de depósito (porão) de impulsos sexuais de Vida (Eros) e de Morte (Ta5natos). No entanto Keppe afirma que não existe um Inconsciente, mas uma atitude de “inconscientização” – um processo energético (no sentido de energia psíquica) e não uma entidade. O povo acredita que, se o problema não é visto acaba-se por si mesmo e não se sofre. Nada mais errado. O oposto é verdadeiro: quanto melhor for a nossa visão do problema mais enxergaremos os erros e os corrigiremos com mais eficiência. O objetivo desta “receita” é tornar nossa vida cada vez melhor.

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O Desejo do Poder Divino Teomania

“Não posso acreditar num Deus que quer ser louvado o tempo todo”.

FRIEDRICH NIETZSCHE

Uma das psicopatologias que envolvem a natureza do homem atual, segundo a Trilogia Analítica ou Psicanálise Integral, é a Teomania. Teomania (do grego theomania) é dual: a mania de Deus e a mania de querer ser Deus. É uma doença psíquica, cuja evolução etiológica se dá pela “inconscientização” de valores como Beleza, Bondade e Verdade. A cura é obtida pela Consciência. Esta anormalidade deriva de outra: o sentimento de inveja. As duas passam a coexistir. O desejo de poder, ou vontade de potência, manifesta-se de forma distinta no homem e na mulher. E isto não tem nada a ver com machismo ou feminismo, trata-se de uma constatação científica, baseada em resultados estatísticos. Os homens se interessam mais pelo poder econômico e esta construção pode se dar por meios desonestos, o que realmente não importa, contanto que se satisfaça a patologia. Ele também luta pelo prestígio social impondo-se por meio de cargos, títulos e destaques na mídia, estes quase sempre comprados. Daí a proliferação de

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empregos com denominações pomposas como superintendente, diretor-presidente, executivo máster, sênior. Talvez alguns nem se importem de ser chamados de “majestade” ou “divindade”. Por meio do tráfico de influência é muito fácil obter títulos. Se pagar determinada importância poderá ganhar destaques “Vips” nos jornais, entrevistas “especiais” na TV, títulos de mérito, certificados de “melhor do ano”, primeiro colocado na “preferência popular”, diplomas de “maior da categoria”, embora nem tenha competido e não possua concorrente. Existem entidades em que os associados vivem a dar títulos a eles próprios e a pagar instalações de outdoor para homenagear e parabenizar a si mesmos. As mulheres, por sua vez, podem comungar dos mesmos desejos anormais do homem, mas estão mais inclinadas para o campo afetivo e sexual. As relações humanas são marcadas, para elas, pela força da libido. Assim pretendem influir no controle social pela via afetiva. Para incrementar a imagem anômala apelam para o amor excessivo a si mesmas e destacam, como supremo conceito de vida, os atributos de beleza artificialmente implantados. Não faltam clínicas de estéticas extravagantes e produtos quase milagrosos. Neste campo existem repercussões memoráveis nos órgão de proteção ao consumidor, nos distritos policiais e nas varas judiciárias por perdas e danos morais: algumas perderam os cabelos e as unhas, outras tiveram queimaduras faciais, lesões, cicatrizes. Na internet, sobretudo no Facebook, a maioria das postagens femininas são eróticas. A grandeza, para o homem, só tem sentido se for por meio dos bens, do dinheiro, ou pelos cargos importantes e prestígio que lhe permita função de “controle” na sociedade. A mulher só é feliz se sentir-se bonita, no controle de seu homem e de sua família, inclusive dos

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seus filhos e tornar-se admirada pelo que tem e faz. Ambos são narcisistas, megalômanos, egocêntricos e se sentem insatisfeitos e infelizes, sem saber o motivo, porque, acreditam mesmo, têm “tudo” para ser felizes. Assim a Teomania caminha na mesma esteira do sentimento de grandeza e é alimentada pela megalomania. A cultura e a civilização encontram-se separadas. O antagonismo impõe-se porque a sociedade doente quer “domesticar” as naturezas sadias, mais intelectuais e audaciosas. Daí a inclemência dos novos conceitos iniciados com o termo “preconceito” (religioso, sexual, racial...). Esta é a cena desoladora do início da segunda década do Milênio. A sociedade atual foi privada da sanção moral, revestida como estava de fatores do Cristianismo. Há muito que todo sentimento de piedade, de solidariedade cristã, caiu por terra. Prevaleceu a lei da selva, do mais forte. A desigualdade social está aí, por todos os lugares, para fortalecer esta tese. Na política está cada vez mais ausente a crença na força do direito, imperando o direito da força. Alianças escandalosas, visando saquear os cofres públicos, originadas de conluios palacianos, prepõem-se aos interesses sociais, embora tentem alimentar a mentira de que se “unem” visando a “governabilidade” e o bem comum. A escola transformou-se em campo de batalha. Descaracterizou-se a função sublime de educar em vista das crescentes falhas no controle ético em sala de aula, sendo esta autoridade cada vez menos praticável junto a uma juventude em franca rebelião. Os mestres querem dividir esta aberração, surgida dentro da escola, com os pais e assim aumentam a angústia da família na busca de superação social. É comum ver os pais se digladiando ferozmente em reuniões de “conselho escolar”, incitados

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a resolver problemas surgidos no âmbito da escola, enquanto os verdadeiros agentes dos desvios comportamentais em sala de aula – os professores – retiram-se da responsabilidade para formar uma insípida plateia. Os educadores, também operários em constante conflito com seus pagadores, mal conseguem cumprir as metas curriculares de ensino, acumulando os alunos de “trabalhos extras”. A área de saúde, pública e particular, está às portas da indigência e os hospitais mal podem pagar seus fornecedores. Aumentam, dia após dia, as indenizações por danos morais à pacientes abandonados, mutilados e mortos. No entanto a indústria farmacêutica prospera no lançamento de drogas cada vez mais potentes sendo estas, numa inversão macabra, a desencadeadora de doenças avassaladoras (iatrogenias), mortais, cuja disseminação se dá no próprio âmbito hospitalar. Por isso o homem de hoje não suporta a visão da História. História, para quê? Para lançar no rosto as anormalidades, a perspectiva do fracasso, da alienação crescente?! Diante de todos esses males o homem encontra, na Teomania, uma suposta saída. Mas trata-se de um desejo, apenas, embora maléfico e invejoso, de adquirir o poder divino. Isto ocorre com maior intensidade nos indivíduos psicóticos, que se destacam em liderança e acabam por alcançar pessoas em posições de poder na sociedade, iludindo-os. Os psicóticos frequentemente se veem como “instrumentos” de divindades, “enviados”, “profetas”. Segundo o Dr. Norberto Keppe a Teomania, forma extrema de megalomania, é a causa primeira de toda doença social, mental e orgânica.

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Técnicas das Religiões Milagreiras Da Magia à Hipnose

“Querem-nos levar ao Céu pela força”. OSHO

A religião progressista promove quase o mesmo que a Psiquiatria: um esquema “paradisíaco”, projetado para o futuro do paciente, uma fantasia provocada pelo uso de psicotrópicos, anestesiantes. No caso da religião ocidental a abordagem é mais brutal, mais artificiosa, prenunciando um futuro tenebroso para a humanidade. O principal fator dessa ilusão é a credulidade, a superstição. A meta suprema dos sacerdotes é manter os templos repletos e a tática para isso é alimentar a credulidade exacerbada. Associada a rebanho, a multidão age como manada. Dividida em “células”, estas comportam-se como magote de éguas e burras que acompanham um garanhão. Os carismáticos, pentecostais e neopentecostais, praticam a auto-hipnose e técnicas da sugestão hetero-hipnótica. Promovem, mediante esta indução artificial, a crença fanática no estado salvífico e também a certeza da vitória relacionada a um mundo repleto de riquezas, vida amorosa plena, equilíbrio psicossocial e ainda a libertação das maldições, das feitiçarias, além de imunização contra o Diabo.

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Neste caso, diferente do fator psiquiátrico clínico, que é um mal aplacado pelo uso de psicofármacos, o que ocorre durante os cultos das religiões é um psicotropismo não-químico de natureza psicossomática. Isto é, o “sujet”, induzido ao estado de alta sugestionabilidade pelos cânticos estridentes, gritos histriônicos, insinuações aterrorizantes e preces vozeiradas com perturbação emocional, ingressa num estado de transe artificial, mas de natureza psicofisiológica. Durante este transe, uma ação endorfínica (agente químico orgânico), cujos efeitos se assemelham aos da morfina, exacerba o estado de credulidade do paciente e o expõe às sugestões pós-hipnóticas que, saído dali, pode caminhar para a realização de ações benéficas ou maléficas, no cotidiano, dependendo de seu sensor crítico (ente moral psicológico). Este fenômeno também provoca ação antálgica (analgésica) prolongada, de ausência de dor, o que explica a “curas instantâneas” de algias (dores) e hiperalgias (exagero à sensibilidade à dor) que normalmente são taxadas de “milagres”. As hipocondrias (doenças imaginárias) são removidas por mero efeito da sugestão. Algumas práticas têm por base a utilização de elementos da Magia (Magia Clássica, Alta Magia) como plantas místicas, óleos, água e sal-grosso. Nos cultos, por vezes, são usadas grandes quantidades de sal grosso. O sal é uma substância eletrolítica, variando sua condutibilidade elétrica conforme a humidade, que pode desequilibrar a homeostase orgânica e provocar desequilíbrio metabólico se a quantidade empregada for grande. Vejamos como funciona este princípio: dielétrico é um tubo, cheio sal umedecido no qual se mergulha um eletrodo. Quando este é ligado a um gerador de alta voltagem e alta frequência, como um flyback, se ali encostarmos o dedo, poderemos observar o fenômeno de

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efeito corona. O halo luminoso, que aparece em volta do dedo, é a manifestação espectral de íons de potássio, sódio e cloro. Quando esses elementos são “arrancados” de nosso organismo pode desequilibrar sua homeostase, seu equilíbrio interno e afetar as funções de catabolismo e anabolismo. Nas sessões são empregados, também, gestos mágicos – para o Hipnotismo são signos-sinal – aplicados geralmente na testa do paciente, que possuem a finalidade, como em Letargia, de induzir o aprofundamento ou a redução do transe, o que aumenta o poder do agente sobre o paciente. No Yôga os toques reflexológicos servem para despertar substratos inconscientes profundos, de natureza atávica e da forma como são aplicados, por estes agentes religiosos, sem nenhuma técnica, podem desencadear a psicastenia cujos sintomas são: ansiedade, perda do sentido da realidade, depressão, tendência a manias, obsessões e transe convulso. Alguns estudiosos comparam as movimentações, nos templos, de erguer os braços, deambular, bater palmas, tremelicar as mãos, gritar “amém” e “aleluia” como uma espécie de exercício aeróbico que promove embriaguez por hiperventilação (aumento da quantidade de ar que entra nos alvéolos pulmonares). Outros, com experiência pessoal nessa técnica, dizem que a hiperventilação não causa embriaguez, mas muita disposição física durante todo o dia, o que indispõe a deitar ou sentar-se após esta prática. O sentido de todo rito é o controle externo da mente e sua sujeição. A Hipnose é matéria médica, embora não conste regularmente nos currículos dos cursos de Medicina. Recentemente adotou-se o home de Hipniatria, por aprovação do Conselho Federal de Medicina, ao procedimento ou ato médico que utiliza a Hipnose como

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parte predominante do conjunto terapêutico. Os psicoterapeutas a utilizam para as terapias de comportamento. No palco e no circo é usada uma modalidade livre desta técnica: o Hipnotismo. A Hipnose Ericksoniana, também conhecida por Hipnose Moderna, é bastante utilizada pelos terapeutas holísticos. Estes podem adotar o uso coloquial das palavras, quando o próprio sujeito tenha a liberdade de escolher o tipo de experiência que deseja ter. Assim, a pessoa é levada a um estado alterado de consciência (transe), o que facilita o acesso aos conteúdos inconscientes. Esta abordagem também é utilizada em Programação Neurolingüística (PNL) – um conjunto de modelos e técnicas que permitem mudanças rápidas de comportamento. Na técnica de Hipnose busca-se romper a resistência do “sujet” fazendo-o repetir ”sim”, várias vezes. Da mesma forma “amém” e “aleluia” criam o chamado “estado de consentimento” no candidato ao transe. Erickson também procurava não entrar em choque com as crenças e opiniões do paciente. Ao contrário, usava qualquer coisa trazida pelo cliente para induzi-lo ao transe. Nas seitas progressistas não importa a que religião você pertença, contanto que “aceite”, que dê o seu “consentimento”. Nos cursos clássicos, ainda na fase histórica do Hipnotismo, como foi denominada inicialmente esta disciplina científica, a primeira aula versava, sempre, sobre os seus “perigos”. Mas, com o cérebro não se brinca. Durante o culto religioso, quando o transe aprofunda-se e vai além da fase hipnoidal (transe superficial), o que ocorre em “sujets” hipersensíveis (altamente hipnotizáveis), as convulsões revelam um estado psicopatológico, perigoso, que pode resultar em lesões cerebrais irreversíveis. O terapeuta profissional provavelmente não utilizaria Hipnose em paciente que apresentasse doença coronária grave, diabetes,

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hipertensão ou em condição física que pudesse mascarar uma doença. Nos problemas emocionais severos, como a psicose e estados “borderline” (Transtorno de Personalidade Limítrofe), a indução ao transe não apenas pode ser inadequada como altamente prejudicial. A causa de lesões cerebrais é a hipoventilação (oposta à hiperventilação) que por sua vez provoca a hipoxemia (baixo teor de oxigênio no sangue). Neste caso a interrupção súbita e inesperada dos batimentos cardíacos, ou a presença de batimentos cardíacos ineficazes, pode ocasionar uma parada cardiorrespiratória (PCR). Após uma PCR o indivíduo perde a consciência em cerca de 10 a 15 segundos devido à parada de circulação sanguínea cerebral. Caso não haja retorno à circulação espontânea e o paciente não seja submetido à ressuscitação cardiopulmonar, a lesão cerebral começa a ocorrer em cerca de 3 minutos. Um ou outro “missionário”, conscientemente ou de forma intuitiva, promove a ressuscitação do convulso (no culto, “endemoninhado”) por manipulações letárgicas visando a síncope por hiperventilação (balanço do tronco). Pode, ainda, promover a excitação reflexológica do Lobo Frontal (a palma da mão comprime a testa do paciente). O Lobo Frontal se relaciona à regulação e inibição de comportamentos. Jesus não “ensinou” essas técnicas!

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Psíquico, Fisiológico e Cultural O Transe

“Difícil estabelecer os limites entre onde termina a doença e começa a religiosidade e vice-

versa”. Walmor Piccinini.

Qualquer forma de transe convulso, carismático e mediúnico estabelece uma dissociação na personalidade. Diferente do transe hipnótico que é um estado alterado de consciência artificial, induzido. Alguns estudiosos têm feito a análise das conexões do fenômeno sob enfoques meramente psicofisiológicos e também culturais. Estas duas abordagens são tendenciosas e preferidas dos simpatizantes do xamanismo (Candomblé, Umbanda, Catimbó, Pajelança), principalmente. A interpretação da mediunidade, sob o aspecto cultural, pretende revogar o conceito da doença mental com todos os seus elementos psicopatológicos. Quer que a mediunidade possua um caráter eminentemente psicossocial. Não obstante esta tentativa, as relações ainda não estão bem delineadas. Não basta apontar a existência de correlações. Seria necessário enfatizar que

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não existem informações suficientes de como e em quê essas correlações ocorrem. No começo do século passado o Brasil assistiu a inúmeras interpretações da mediunidade relacionadas à dissociação da personalidade. Porém tais experiências estavam descontextualizadas de seus aspectos culturais, principalmente nas religiões naturalistas onde ocorrem manifestações psicofisiológicas de “forças da Natureza”. A posição da comunidade médica sobre o Espiritismo parece acompanhar os acontecimentos históricos relacionados a essa religião no Brasil. Nas décadas de 1920 e 1930 a Liga de Higiene Mental considerava o Espiritismo como um problema de saúde mental. Os psiquiatras Murillo de Campos e Antônio Xavier de Oliveira escreveram sobre o Espiritismo e outras religiões mediúnicas como sendo um problema social. Durante esse período muitos centros espíritas foram fechados. A repressão ao Espiritismo ganhou legitimação científica, com o argumento de que a mediunidade era um sintoma psicopatológico. Esta marca parece ter sido mantida pela posição dos primeiros psicanalistas brasileiros a se interessar por essa religião, como Artur Ramos. Mas a Psicanálise daquela época estava completamente impregnada de Psiquiatria, com suas máquinas de tortura e tudo o mais. A história nos oferece a visão de que a mediunidade foi descrita, quase que invariavelmente, como um sinal de morbidez psicopatológica. Os estudiosos brasileiros da mente ainda viviam sob a euforia da descoberta do Hipnotismo, o transe artificial fisiológico, pelo Abade Faria e da Sugestão Hipnótica, dada a conhecer posteriormente por Breuer, este último mestre de Freud que também era hipnotizador. O psiquiatra Nina Rodrigues, em 1900, dizia que a possessão era o “estado de sonambulismo provocado,

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com cisão e substituição da personalidade“. Nada mais canhestro. Já no ano de 1955 o médico Manoel Querino arrisca dizer que se trata de uma “exaltação dos sentidos: é o resultado de uma ideia fixa determinada pela conversão sobre a espécie com pessoas entendidas, ou por ter assistido aos atos fetichistas; tudo isso a influir no temperamento nervoso, auxiliado pelo histerismo, desde que esse fenômeno é peculiar ao sexo feminino, sempre impressionável“. O psicanalista e antropólogo Arthur Ramos acompanha o mesmo pensamento. Outro estudioso, Monique Augras, no ano de 1983 , falando de Arthur Ramos diz que o mesmo, “quarenta anos após Nina Rodrigues, pensa que o transe não revela nenhuma característica além das já estabelecidas pela Psiquiatria como a histeria de massa”. Temos nesta linha de enunciados a marcada influência da escola psiquiátrica europeia, que predominou no final do Século XIX, sobre as ideias desses pesquisadores. Naquele momento Gustav Le Bon falava de “histeria das multidões” e Pierre Charcot propõe a dissociação histérica como degeneração neurológica das mulheres. Difícil acreditar que esses estudiosos não conheciam médiuns do sexo masculino, aqui no Brasil, já que era algo muito comum na Europa e na América, naquela época. Foi com o antropólogo Melville J. Herkovits (1967) que a mediunidade ganhou dimensão social e deixou de ser psicopatologia. Ele afirma que o transe ritual, por ser institucional, é um fenômeno normal. E que se trata de culto organizado, em vez de patologia individual. Esta perspectiva foi empregada, posteriormente, por Octavio da Costa Eduardo, no Maranhão e por René Ribeiro, no Recife. Mas foram Roger Bastide e Pierre Verger que trouxeram uma perspectiva propriamente sociológica e histórica

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para a análise das religiões mediúnicas no Brasil, a partir da década de 1950. Para Bastide o que ele chama de “transe místico” é um recurso religioso por conta do protesto racial, uma forma de compensação psicológica da desigualdade social. Ele diz que “o transe místico, identificando empregadinhas de restaurante, cozinheiras ou pedreiros com os deuses do céu, da tempestade ou do mar, faz desaparecer os sentimentos de inferioridade, os ressentimentos contra as humilhações diárias, em resumo, tudo o que pode originar ou alimentar o protesto racial“. No entanto existe um embaraço nesta situação. A posição de Verger quanto a mediunidade, o coloca numa situação de acanhamento quando, por exemplo, em uma discussão o interlocutor insistia em relacionar a histeria com a possessão. Verger daria por encerrado o diálogo, saindo-se com esta: “No terreno da histeria, não o posso acompanhar, eu não sou médico, sou fetichista!”. Pude notar, ao consultar a bibliografia histórica relacionada ao assunto, que as análises feitas na mediunidade, dentro desta linha naturalista, apenas raramente foram realizadas por pesquisadores com formação psicoterapêutica. Foram antropólogos e sociólogos que ofereceram interpretações psicológicas ou psicossociais para esse fenômeno.

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Psicopatologia Religiosa A Possessão

“Uma influência maldosa é capaz de tornar as pessoas vitimadas mais

vulneráveis às doenças”. Ortolani Ballone

A Classificação Internacional das Doenças (CID.10) rotula, sob o código F44.3, o chamado Estado de Transe e de Possessão. É descrito como um transtorno que se caracteriza pela perda transitória da consciência da própria identidade, que pode vir associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente. São incluídos, nesse diagnóstico, somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluindo-se aqueles do contexto cultural religioso. O estado de êxtase do qual falamos é a mesma coisa que “transe de inspiração”, como no caso de “falar línguas estranhas”. Este fenômeno, também conhecido por glossolalia, ou xenoglossia, é um dos elementos marcantes dos pentecostais, portanto, neste caso, um fenômeno cultural religioso. O êxtase é uma “evidência” da presença do “Espírito Santo” no batismo, segundo os pentecostais. Alguns antropólogos distinguem essa “experiência extática”, denominada de “transe de inspiração”, do que ocorre na

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Umbanda e no Candomblé classificado como “transe de possessão”. O DSM.IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4º Edição) classifica de forma mais completa o caso e cita o quadro (300.15) como sendo de “Transtorno Dissociativo Sem Outra Especificação”. Esta categoria é destinada àqueles transtornos nos quais a característica predominante é um sintoma dissociativo, isto é, uma perturbação nas funções habitualmente integradas da consciência, memória, identidade ou percepção do ambiente. Trata-se de uma manifestação histérica que não satisfaz os critérios para outro “Transtorno Dissociativo” mais específico. Como exemplos desse “Transtorno” o DSM.IV cita, entre outros, os casos em que indivíduos foram submetidos a períodos de persuasão coercitiva prolongada e intensa como, por exemplo, nas chamadas “lavagens cerebrais”, na “reforma de pensamentos” ou na “doutrinação” em cativeiro. Logo a seguir o DSM.IV fala do “Transtorno de Transe Dissociativo”, que é associado a perturbações isoladas ou episódicas do estado de consciência, de identidade ou de memória, próprios a determinadas culturas. Este fenômeno pode ser dividindo em: “Transe Dissociativo” e “Transe de Possessão”. O “Transe Dissociativo” é caracterizado pela diminuição da consciência em relação ao ambiente e comportamentos que aparentam estar além do controle do indivíduo. Já o “Transe de Possessão” envolve a substituição da identidade pessoal por outra, como a de um espírito, poder, divindade e associada com movimentos "involuntários". Na maioria das vezes o paciente apresenta amnésia. De acordo com a Psiquiatria Transcultural, o “Transe de Possessão” está presente nas culturas de vários países do mundo: Transe Amok e Bebainan na Indonésia, Transe

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latah na Malásia, Transe Pibloktoq no Ártico, Ataque de Nervios na América Latina e Possessão na Índia. As questões culturais religiosas podem precipitar quadros patológicos. Mas os estudiosos da Psiquiatria Transcultural afirmam que a falta de fé pode contribuir para a ocorrência crescente de outros quadros patológicos, nas culturas exageradamente individualistas.

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A Linha do Tempo Holística A Grande História

"Todos sabem fazer história - mas só os grandes sabem escrevê-la."

Oscar Wilde

O que pretendemos, em nossa abordagem histórica dos fatos até aqui descritos, tem a ver com a corrente de pensamento que se dispõe a analisar eventos ocorridos em períodos extremamente longos, levando em conta cada célula temporal, englobando-os numa visão única. Esta linha de trabalho historiográfico surgiu nos Estados Unidos na década de 1980, a Big History, que é de natureza multidisciplinar. Por isso pode ser classificada como ciência holística. Este método exige, por parte do historiador, um esforço para superar a fragmentação do conhecimento. Daí a importância de não se perder de vista o momento que o próprio autor do estudo histórico de longo alcance está vivendo, suas questões e embates da vida moderna. Para o Holismo – visão do todo – a história não pode ser explicada apenas pela soma dos componentes encontrados na linha do tempo. Este reducionismo impede que o estudioso obtenha uma visão unificada. A história é um organismo integrado e mais do que a simples soma de suas partes.

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Este pensamento holístico, moderno e ao mesmo tempo antigo, já era cultivado na Índia Clássica e foi esboçado pelo grego Aristóteles, em sua “Metafísica” (“O todo é mais que a soma das partes”). Mas o primeiro a institucionalizá-lo, no Ocidente, foi o francês Augusto Comte que destacou “a importância do espírito de síntese sobre a análise” (o todo sobre a parte) na valorização da ciência perante o conjunto da existência. Minha investida na História é uma tentativa de analisar os eventos passados dentro de um contexto de múltiplas escalas de tempo, sem perder de vista que tivemos um período de formação geológica, depois passamos pela era paleolítica até chegarmos aos tempos atuais. As temáticas históricas formam padrões periódicos, cíclicos. É duvidoso que os historiadores acadêmicos, de formação universitária, venham a aceitar este tipo de pensamento como um desdobramento da ciência histórica acadêmica. Porque surge como uma ciência múltipla, requerendo domínio interdisciplinar, erudito, nas áreas da Biologia, Astronomia, Arqueologia, Antropologia, Sociologia, Linguística, Psicologia… Por vezes extrapola a fronteira das ciências objetivas e envereda pelo campo paracientífico. A especialização reducionista, cartesiana, faz com que o historiador acadêmico limite-se a abarcar a História por meio de dados temáticos e estudar, apenas, a palavra escrita. Já o cientista holístico se dá ao trabalho de explorar os eventos com a magnificência científica. Este é o elemento primordial em nossa abordagem da História, que nos faz deparar com fenômenos relevantes de causalidade na origem de cada grupo formativo, na trajetória autônoma de cada cultura elementar e em suas resultantes: cidade, povo, nação, mundo.

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Servos do Novo Feudalismo Vampirismo

Quem quer a paz deve se preparar para a guerra.

Sun Tzu

Pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicadas) mostra que o setor de serviços é o que apresenta o maior índice de rotatividade, dentre todos os outros da economia nacional. Nele as trocas chegaram a 57%, em 2009. Novos dados, publicados em outubro de 2011, pelo ministro do Trabalho Carlos Lupi, revelam que numa força de trabalho estimada em 45 milhões de trabalhadores celetistas o número de desligamentos, em quatro anos e meio, chegou a 73 milhões e destes mais da metade (42 milhões) sem justa causa. São demitidos, sem justa causa, oito milhões por ano, o que dá uma demissão injustificada por grupo de seis trabalhadores. Hoje a rotatividade da mão de obra não difere muito do que ocorria no regime feudal, característico da Idade Média na Europa, que constava no seguinte: um grande proprietário de terra – o Senhor Feudal – oferecia a terra aos que não a possuíam, aos servos. Estes lavravam a terra, produziam os alimentos e podiam ficar com uma

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pequena quantidade desta produção, que era destinada ao seu sustento. A maior parte da safra pertencia ao dono das terras. Modernamente, mesmo que prospere a oferta de empregos, o desempregado vive, realmente, à margem do contexto social. E a culpa é da rotatividade do mercado de empregos. Emprega-se na mesma proporção em que se demite. A velocidade é crescente. Os tribunais trabalhistas vivem abarrotados e os advogados assoberbados. Os atuais e futuros bandidos vivem da falta de emprego e muitos deles são vítimas de dispensas injustas. Existem firmas que, inadvertidamente, têm feito dispensas sem considerar, por um instante sequer, a miséria, de consequências econômicas e sociais, que induz a população carente. Este sistema antissocial de “empregos em alta rotatividade”, praticado de forma irresponsável, seja lá por que razão gera a marginalização, no mesmo ritmo com que são feitas as dispensas. Tanto assim que a grande maioria dos jovens e adultos, da periferia urbana, marginalizados pela sociedade, são ex-empregados. Aumentam as “passagens”, nas delegacias de polícia, daqueles que nunca se envolveram com a lei. Existem empresas que só funcionam na “temporada” ou na “safra”. Contratam a baratíssima mão de obra e na “baixa” promovem as dispensas. A fome é o primeiro motivo para o primeiro roubo. É importante lembrar que, por infelicidade, determinadas empresas são consideradas “geradoras de empregos”. E por isso ficam isentas de impostos e então deixam de colaborar, diretamente, para as obras sociais. Há imposição de jornada de trabalho sem descanso, às vezes em ambiente insalubre, com a discriminação segregacionista. Existem as restrições de idade, além de casos de exploração de menores. As empresas

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dificilmente fazem pelos empregados o mesmo que estes fazem por elas. Se empresas vieram gerar emprego, por outro lado constituem as maiores causas do desemprego que atinge milhares de lares desesperançados. Em verdade criam um falso “mercado de empregos”, tirando o máximo proveito da contratação de mão de obra, escravizando rurícolas e emigrantes iludidos pela ideia de que a cidade é o melhor lugar para viver e trabalhar. Os jovens arquitetam uma viagem de fuga, através das drogas. O caminho inicial é o do álcool. O vício é o maior dos motivadores da criminalidade, porque pela droga se mata e se morre. Quem não se entrega à prisão domiciliar, acaba por se envolver em uma verdadeira guerra civil, resultado da desigualdade social. O balanço macabro de tudo isto escoa, diariamente, pelo noticiário da TV, na crônica do Rádio e nas páginas dos jornais. É também consequência da deserção do jovem da vida de convivência, outro vício: os meios de comunicação mórbidos, especialmente a internet e a televisão – lixo cultural – que podem adquirir conotações de vício tão perigoso quanto as drogas químicas. Evidentemente empresa é para dar lucro. Mas isso só é justificável se a empesa desenvolver um papel social agregado. Não é apenas patrocinar uma ONG, para fugir do Imposto de Renda, ou promover jornadas de prevenção de acidentes, que é uma obrigação de toda empresa, ou fazer propaganda nos espaços comprados na TV e no jornal para dizer o quanto é “boazinha”. O que a Imprensa sadia deve questionar é o que as empresas tem feito e quanto tem investindo em relação à escolas técnicas, cursos técnicos, cursos profissionalizantes.

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A rotatividade no trabalho, num quadro de baixo nível de desemprego, pode haver, mas não nas gigantescas proporções do Brasil. Os empresários, até então, acham-se livres para empregar essa técnica de “moer gente”. Isto resulta numa sociedade tão injusta e desigual. E desta forma quem quer paz, deve se preparar para a guerra. O mundo, invertido, aferra-se ao dinheiro, servindo-o em vez de servir-se dele. A exploração selvagem da mão de obra pela sociedade força todos a serem menos “humanos”. O incentivo ao egoísmo e ao materialismo desencadeia patologias e psicopatias.

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Modelo de Ensino Decadente A Escola Está Morrendo

"Queremos ver crianças perseguindo o conhecimento, e não o conhecimento

perseguindo crianças. " George Bernard Shaw

A escola está se decompondo. Deteriora-se. Dentro de pouco tempo, estará morta. Intelectuais têm feito, sobre isto, uma “conspiração do silêncio”, pois uma declaração como esta provoca controvérsia e polêmica. Os que vivem do “negócio” rendoso, que é a escola, abominam e censuram tal ideia. Quem entende o atual modelo de ensino como sendo farsa e teima em denunciá-lo acaba sendo perseguido. Para a descrença de muitos publicamos, sobre o evento pernicioso que hoje se concretiza, uma espécie de profecia: a invasão, nas cidades, de instituições alienígenas de ensino, algumas com nomes de fast-food, inclusive de ensino à distância que muitos, no passado, ridicularizavam. Observamos, estarrecidos, as imensas fachadas, as propagandas desmesuradas e enganosas. A falta de estrutura interna de estabelecimento de ensino destinado a dar lucro, em primeiro lugar, só compete na irresponsabilidade com alguns pais (e os próprios alunos)

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que buscam o modismo em vez de qualidade de ensino. Afinal, o mérito em “passar” no exame de vestibular ou formar-se em nível superior é do próprio aluno, ora essa! Conheço pessoas que estudaram só o básico, outras que estão na fase média e tantas outras de nível superior. Observo que a ignorância está na razão direta do número de anos de estudo. Desconfio que, nestes casos, a escola é uma espécie de máquina de “desaprendizagem” de coisas que se compreendem, mesmo sem ela, como pensar e falar. A teoria piagetiana e outras do mesmo gênero – a chamada pedagogia moderna – impressionam pelo caráter aparentemente cartesiano e científico. Experiências realizadas em laboratório, freneticamente, dá-lhe “autoridade” para sentenciar que todas as crianças são “intelectualmente iguais”. Segundo essas teorias a qualidade da aprendizagem seria igual para todos, de acordo com as fases sempre idênticas: todos partiriam do “grau zero” até chegar ao “mesmo ponto”. Estamos diante da “fôrma única” do espírito. O aluno – sujeito da aprendizagem – será um objeto de manipulação e sua individualidade será absorvida por algo patológico, sem singularidade. Um pedagogo sente o “poder” que lhe cai nas mãos quando “manipula” o “material humano”, de acordo com as teorias pedagógicas do século passado. O aluno, depois de “formado” (quer dizer: manufaturado, elaborado dentro de uma fôrma), vai exigir um “tratamento” especializado, pois o homem “produzido” daí, coletivizado, é a prova de sua própria decadência na deterioração que a sociedade atual apresenta. Hoje os alunos fogem, cada vez mais, desta tirania que pretendia impingir um controle psicológico fictício, para surpresa dos educadores, que veem o estabelecimento de ensino

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se transformar, a cada dia, numa verdadeira escola de bárbaros. As desigualdades culturais entre as família é o grande obstáculo para que o atual modelo da escola prospere. Ainda persiste aquela política viciosa que impõe a homens iguais uma educação desigual. Não esperam que a criança exercite a criatividade, antes de despojá-la de todo lastro cultural anterior. O mais grave deste atentado é a chamada “educação religiosa” quando se pretende suprimir a herança social, usurpar a aquisição familiar. Desta forma é que os mais dotados e instruídos sofrem uma grave mutilação na escola, para toda a vida.

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Realidade da Consciência Ser Seu Próprio Mestre

“Somos deuses e nos esquecemos disto.”

HPB

Sacerdotes, especialmente teólogos, repelem o livre-pensador, porque este está próximo de ser ateu – pessoa desagradável aos olhos de Deus. No entanto, este deus sequioso de seguidores, entronizado nas religiões milagreiras, comercializado em templos de mármore ricamente ornados, do qual se dizem “procuradores” os agentes indutores da manipulação psicológica sobre os sujets em estado de necessidade, não apenas deve ser descrido como combatido. Quem deposita seus destinos em mãos de terceiros não é apenas um fraco, é um despersonalizado. Ao suprimir a personalidade (persona), que é a via de expressão objetiva da alma, o ser humano passa a agir como autômato – por impulsos instintivos. A alma, já despojada de sua forma de expressão, ou veículo, recebe a influência de um hospedeiro que deposita o germe da prosopopéia (prosopopese) ou personificação. Personifica-se o Espírito do Bem ou o Espírito do Mal. No Oriente se diz “avatarização” (de avatar, sânscrito), quando a vontade de outrem, impondo-se à do “avatarizado”, o faz agir como

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se estivesse “possuído”. Com o tempo o indivíduo, aquilo que era para ser indivisível (individuu), aliena-se e passa a apresentar psicopatologias. As características particulares, físicas e psíquicas, tanto da pessoa como do ser humano integral, estão desagregadas, fragmentadas, advindo o estado de alienação. No mesmo contexto devemos inerir a escola, como desencadeadora da alienação coletiva. Vamos tomar a alma humana no sentido primordial, em sua acepção unívoca de alma coletiva. A personalidade é a alma individualizada. A alienação da personalidade é um processo ligado essencialmente à ação, à consciência e à situação dos homens no mundo e pelo qual se oculta ou se falsifica essa ligação de modo que apareça este processo (e seus produtos) como indiferente, independente ou superior aos homens, seus criadores. Devemos admitir a existência objetiva da Consciência – janela da personalidade. Na subjetividade a Consciência tende a se corporificar como elemento de uma realidade avaliável tanto para um como para outros. Por outro lado, durante o processo de alienação, ocorre o momento de reificação, isto é, o momento em que uma ilusão se torna realidade objetiva. Não caia nesta armadilha! O excessivo emprego de sutilezas, por parte de educadores, dos pregadores e apologistas religiosos, é sempre uma força de argumentação pejorativa. Mas as torpezas são ditas em alto e bom som, como se construíssem uma alegoria espiritual na desaprovação aos costumes das comunidades, às tradições étnicas, ao pensamento livre e dando significação desagradável as pessoas que não pertencem às suas fileiras. Os processos gerados daí, por oposições, não se resolvem em unidades lógicas, mas em conceitos absolutos de tirania. Em todo monólogo prevalece o ilógico.

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Para Hegel, que em sua obra cultivava o idealismo absoluto, o ser e a razão são idênticos e se resolvem pela ação incessante de argumentos pró e contra resultando, invariavelmente, na Verdade – esta a categoria superior de qualquer argumentação. Todo real é racional – a Consciência tem um desenvolvimento histórico. Marx, que veio depois de Hegel, foi curto e grosso: a arte do diálogo é o processo de descrição exata do real. Toda proposição é suscetível de ser dita verdadeira ou falsa. Deve-se levar em conta o contexto em que a ideia ocorreu. A tutorização religiosa, ou educacional, quando as regras místicas ou pedagógicas submetem as pessoas aos seus domínios, é antinatural. O homem não pode dispor de duas liberdades (libertate) – uma individual e outra coletiva, aquela primeira e esta última. O homem natural desfruta da liberdade do começo ao fim, dispõe dela desde o advento da consciência corporal até o seu ocaso. E como a manifestação desse tipo de consciência depende de fatores neurofisiológicos, atividades químicas e elétricas dos neurônios, com a morte física este élan se desfaz na decomposição. Portanto, não se pode alcançar o homem, em sua individualidade, depois da morte, porque lá este não mais existe. Compreende-se por liberdade não simplesmente a faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação. Mas, no sentido filosófico, o caráter ou condição de um ser no mundo que não está impedido de expressar, ou que efetivamente expressa, algum aspecto de sua essência ou natureza. Quanto à liberdade humana coletivizada, esta requer determinação dos limites que sejam garantia de desenvolvimento das potencialidades de todos os homens em relação às leis, a organização política, social e econômica. Também se concebe a liberdade coletiva como o efetivo exercício das potencialidades que se manifestam pela capacidade que tenham os homens de

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reconhecer, com amplitude sempre crescente, os condicionamentos, implicações e consequências das situações concretas em que se encontram aumentando, com esse reconhecimento, o poder de conservá-los ou transformá-los em seu benefício e da sociedade. Na mesma acepção devem ser tomados os conceitos individuais de autodeterminação e de autonomia. Continuando à sombra de Hegel, para quem a realidade se identifica com a razão, ou seja, a faculdade de avaliar, julgar, ponderar e raciocinar (ratione), esta só é compreendida por meio do desenvolvimento histórico da Consciência, da realidade. Este conceito é, em essência, a base do método dialético. Este, por sua vez, consiste em uma trilogia – tese, antítese e síntese – que introduz um ponto de vista superior. O livre-arbítrio é uma ilusão. Parte de uma premissa falsa, de que o homem teria uma liberdade apenas relativa. Esta liberdade seria acidental e se fosse assim encarada, já não seria liberdade, mas escravização aos componentes desta relatividade (a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos). E até Deus não poderia, por sua vez, reger a liberdade do homem, ou estendendo ou limitando. Simplesmente porque o homem é da mesma natureza de Deus, quer como criatura ou como criador. Explico. Ilógico é dizer que Deus é diferente de suas criaturas – Ele não poderia criar algo que não fosse semelhante a Si mesmo. Do contrário não seria Deus, mas um demiurgo. Não seria aquele demiurgo de Platão (!), mas um ser mitológico, um fauno – mutação intermediária entre a natureza divina e a humana. Desta forma, talvez, ficasse entendido porque o oponente de Deus evoca a lúbrica figura de um sátiro com chifres e pernas de bode. O homem, ao conceber Deus em seu intelecto, faz deste um ente ontologicamente semelhante a si mesmo. Mais além.

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Sendo o homem semelhante a Deus logo todo indivíduo é seu próprio Mestre, imanente em sua própria Lei. Dispensados estão os “procuradores” da Divindade por fraude ao crente, estelionato espiritual e falsidade teológica.

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Psicanálise Criminológica O Poder do Crime

“A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo.”

Friedrich Nietzsche

A Criminologia é uma matéria interdisciplinar, diferente do Direito Penal que é dogmático. Por isso na análise do comportamento criminoso tem a Psicanálise por aliada. O estreitamento entre esses campos faz aumentar, no Brasil, as teses de conclusão de curso, de pós-graduação e doutorado, assim como seminários de Direito, tendo a Psicanálise como fronteira altamente atrativa de estudo. O especialista em processo penal Jacinto Coutinho, em “O Estrangeiro do Juiz ou o Juiz é o Estrangeiro?”, declara que o Direito não tem salvação sem as luzes o discurso psicanalítico. A Psicanálise disserta com desenvoltura sobre o crime, o criminoso, a violência, a vítima, a criminalidade, sobre os processos de criminalização e as formas de controle social. A Psicanálise impele a evolução da Criminologia como ciência. Por estar próxima à Psiquiatria contribui para a compreensão da etiologia do crime. Procura avaliar as causas psíquicas profundas e suas dimensões na vida pessoal e na sociedade.

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A Criminologia não pode controlar o comportamento delitivo, enquanto a Psicanálise, embora não sendo saber médico, pode obter um diagnóstico estrutural das enfermidades do criminoso a partir de técnicas analíticas bem definidas e conduzir soluções, inclusive terapêuticas, mais eficientes. No entanto a Psicanálise exerce um efeito corrosivo na Criminologia e no Direito Penal quando labora na “despatologização” do criminoso. Os atuais modelos acadêmicos da Criminologia recebem contribuições significativas das correntes psicanalíticas, desde Freud, para a formação de modelos para a prática profissional em procedimentos científicos. Com a Psicanálise a Criminologia saiu da ingenuidade histórica quando adotava as concepções de Ferri, Lombroso e Garófalo. O criador da Psicanálise, ou Psicologia Profunda, Sigmund Freud, conforme escreve em “O Futuro de Uma Ilusão”, diz que o indivíduo é inimigo da civilização. Os poderes coercitivos põem freio aos impulsos e aos desejos naturais. O homem que renunciar a instintos poderosos pela imposição opressiva e repressiva. Este fenômeno gera a tensão cultural que predomina nos relacionamentos entre humanos e deste com a sociedade. Assim sendo a civilização parece se erigir sobre a renúncia dos instintos e sobre a coerção. Porque a potência dos instintos não deve se transformar em ato. E o curso deste processo civilizatório resultou na aquisição de uma segunda natureza humana em permanente confronto com a sua situação original. Isto, projetado na primeira infância, deixa vestígios que repercutem na idade adulta sob a forma de psicopatias. Neste modelo de civilização a felicidade só existe pela coação dos desejos e pelo sofrimento (Superego), o que nem sempre é absorvido, mas que invariavelmente resulta em culpa (Ego) e desta necessidade de autopunição vivem as religiões. Porque, no caso do ideal cristão, o homem é

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escravizado pela “culpa original” e no processo de conversão se estabelece uma falsa interpretação do mundo que dá privilégio ao sofrimento sabotando a vida saudável. O mecanismo psicológico inconsciente da punição é a projeção do delinquente como bode expiatório. A extrojeção da agressividade e do sentimento de culpa sobre o delinquente é analisado, na literatura psicanalítica, através da imagem da expiação carregada pelos sentimentos de culpa da comunidade. A pesquisa de Freud revela que o sentimento de culpa, inconscientizado, é exteriorizado por meio do delito e do masoquismo moral. Se a culpa for interiorizada esta resultará em ressentimento com atribuição da culpa à outra pessoa e à sociedade. Ao tomar contato com essa realidade o filósofo Jean-Françoise Lyotard, em seu livro “Lo Inhumano”, concluiu que “toda educação é inumada porque não funciona sem coação e terror”. No texto “Os Vários Tipos de Caracteres Descobertos no Trabalho Analítico”, Freud revela que pessoas honradas e moralistas cometeram crimes na juventude e na idade adulta. Esta etiologia conduz à “despatologização” do crime e do criminoso. Os crimes de “colarinho banco” destituem a Criminologia de seu objeto mais precioso que é a “patologização” do delito e do delinquente. Esta assertiva é de Edwin Sutherland quando derruba as hipóteses de que o delito é devido a patologias pessoais e sociais. Para ele as patologias não explicam os delitos de “colarinho branco” porque estes não são fatores essenciais nos crimes que ordinariamente afrontam os departamentos policiais e os tribunais penais juvenis. As correntes psicanalíticas vieram desfazer a imagem do criminoso como ser degenerado dado à sua inferioridade biológica, antropológica e psicológica. A

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teoria psicanalítica do crime faz com que as oposições entre homem honesto e criminoso deixem de existir. Para Freud os fatores externos não tem nexo causal algum e se o autor do crime fosse sincero deveria confessar que ele mesmo ignora no fundo porque o cometeu. Carente de motivos psíquicos o delinquente racionaliza o que em verdade é irracional. Em “A Psicanálise e o Diagnóstico dos Fatos nos Processos Criminais”, Freud diz que falta garantia ao depoimento, tanto no interrogatório do réu como na oitiva de testemunhas: um inocente neurótico poderia reagir como culpado por causa de um “sentimiento de culpabilidad preexistente en él y en acecho constante de una ocasión propicia se apodere de la acusación de que se trate.” Aliás, a prova testemunhal já resultou em inúmeras condenações em casos considerados “discutíveis”. Os mecanismos do direito penal são desestruturados na responsabilização do ato ilícito porque o crime é construído como produção inconsciente. Estamos diante da necessidade do desenvolvimento de novos métodos de investigação judicial. As teorias psicanalíticas da sociedade punitiva rompem com a legitimidade do direito penal. Em Willhelm Reik, discípulo direto de Freud, se estrutura a teoria psicanalítica do direito penal pela dupla função da pena: individual, com a satisfação da necessidade inconsciente de punição do criminoso que conduz e societária, pela realização do desejo comunitário na sua inconsciente identificação com o delinquente. Ambas as hipóteses seguem a teoria freudiana do criminoso por sentimento de culpa. As mórbidas e sensacionalistas descrições de crimes na imprensa refletem a necessidade de identificar o criminoso como catalizador sobre o qual são projetadas as tendências criminosas inconscientes do corpo social.

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O efeito catártico da pena e o processo de identificação da sociedade com o delinquente são princípios construtores da teoria psicanalítica do direito penal. O psicanalista Jacques Lacan, em “Introdução Teórica às Funções da Psicanálise em Criminologia”, vai além de Freud e sustenta a inexistência de instintos criminosos. Ele faz perceber que o criminoso é sujeito e não objeto de intervenção criminológica. A atual Psicanálise transcende a opinião de Freud para o qual a civilização elevou o homem acima da natureza animal. Para a Psicanálise Integral (Trilogia Analítica) o homem pós-freudiano é de natureza transcendental e trilógico, ou seja, ente integrado de corpo, alma e espírito. Neste ponto o homem supera a mera capacidade de controlar as forças da natureza para dela extrair riquezas e passa ao controle de si mesmo. A História demonstra, no entanto, que a humanidade ficou enferma e fracassou neste último paradigma – o fim para o que foi criada. Para Norberto Keppe, idealizador da Trilogia Analítica, as psicopatologias brotam de três fatores mórbidos: inveja, inversão e teomania. Para ele, no Brasil, os mais doentes são os nossos líderes políticos, educacionais e religiosos. As leis emanadas de uma sociedade mórbida é resultado deste momento histórico. A sociedade doentia delega, em momento anterior, o poder de decidir por ela, a fim de que possa culpar alguém do fracasso. Diferente de Feude, Keppe acredita que o ser humano tem um inconsciente dentro de si, que é um resultado da atitude do individuo de negar a consciência (e não como o Freud acreditava; uma instânçia inata e natural no ser humano.) Os educadores moralistas revelam esta morbidez quando, frequentemente, segregam a verdade enquanto, sem o menor escrúpulo, querem impô-la a todos nem que seja pela força. Esta corrente de pensamento resulta em modelos de justiça odientos, vingativos, montados com a

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finalidade de excluir e eliminar aqueles para os quais as culpas são direcionadas. Para o sociólogo Émile Durkheim o delinquente não é o membro doente de uma sociedade sã, mas elemento catalizador e regulador da vida social: “o delito faz parte, enquanto elemento funcional, da fisiologia e não da patologia da vida social.” Portanto o crime não é barbarismo em vias de extinção pelo processo civilizatório, mas constantes da natureza humana, presentes em sua primeira e última manifestação cultural. Nas análises dos réus e condenados os laboratórios criminológicos se equivocaram por mais de um século. Isto foi objeto de denúncia de Paul-Michel Foucault em “Os Anormais” e “O Poder Psiquiátrico”. A vida pregressa do imputado, não obstante a brutal distinção entre sua história de vida e o objeto da investigação, é escarafunchada de forma a dar mais poder à inquisição e assim justificar a pena. A técnica psicanalítica é inadequada na produção da verdade processual porque o discurso jurídico-penal inquisitorial, busca a culpa e a punição. Os estudiosos da Psicanálise Criminológica preferem substituir a pena por medidas pedagógicas. Assim pensa J. P. Porto-Carrero em sua “Psicologia Judiciária”: “a pena satisfaz somente á culpa intima, infantil, inconsciente, do juiz e da collectividade. Já a pedagogia aboliu a pena; e não nos cançamos de repetir: a pedagogia destruirá a penalogia.” A tática da intervenção junto ao criminoso requer a adoção de um saber multidisciplinar visando a readaptação: “isolamento conveniente, sem caracter de prisão, se faria a reeducação, pelos methodos pedagógicos e pela psychanalyse, unico meio actual capaz de mergulhar no inconsciente do individuo e de refazer-lhe o SuperEgo, isto é, de reconstrui-lo na capacidade de adaptação”.

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O delito tem como fundamento a responsabilidade da conduta humana consciente, no crime culposo e nas hipóteses de erro. O conceito de inconsciente desloca o registro do eu do psiquismo e demonstra que a consciência não é soberana e que o eu não é autônomo. A ideia de inconsciente desestabiliza qualquer legitimidade de intervenção penal. A situação se aprofunda por uma contingência histórica atual. O antropólogo Rodolph Atcom, no seu livro “Síndrome de Densidade”, depois de percorrer dezenas de países concluiu que a humanidade atingiu a saturação populacional e em consequência ingressou em um estado de inconsciência – o “transe amoque”. Este termo ele retirou da prática de certa tribo africana, quando em guerra, de se lançar freneticamente em correria na frente do inimigo sem se importar em matar ou morrer. Os habitantes das grandes cidades vivem mergulhados nesse transe inconsciente. O estresse e as doenças psicossomáticas são produtos evidentes desta síndrome. O criminoso não está cotado como exceção. Na psicanálise moderna não há espaço para admitir o crime doloso, porque o momento psicológico do crime é concomitante a um transe mórbido, ao estado de inconsciência. Quanto ao crime culposo este é levado a efeito quando ocorre uma inserção da Consciência. Esta apenas submerge, por breves instantes, de um transe doentio. Segundo a Trilogia Analítica não haveria a hipótese de uma Consciência criminosa porque ela é, por essência, Beleza, Bondade e Verdade. Não sendo a Consciência responsável pelo crime cessa todo efeito punitivo, fenece o Direito Penal. O psiquiatra Francisco Paes Barreto, Diretor Geral do Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais, em “Psicanálise Aplicada à Saúde Mental” diz que os domínios da Psiquiatria constituem-se de diretrizes

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normativas de uma moralização do tratamento psíquico, desde sua função por Pinel, no Século XVIII, até os atuais manuais “estatísticos” e classificação de doenças psíquicas. No entanto a Psicanálise Integral nos autoriza a pensar (de acordo com sua experiência como supervisor clínico) numa clínica dissociada dessa normalidade moral, mediante a afirmação da responsabilidade o sujeito e de sua singularidade – o homem caminhando com seus próprios pés – como diretrizes éticas na condução do tratamento e nas intervenções que ela produz sobre o campo da saúde mental.

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A Destruição da Sociedade Hegemonia ao Preço do Caos

“Quando a confusão é gerada pela manipulação da mídia invertida, a

consciência não opera na faixa racional e imerge na dúvida. A decisão se

desloca para o descaramento dos manipuladores e seus patrões”.

Karl Mannheim

Uma pessoa sai da faixa da miséria, ingressa no mercado de trabalho, podendo ficar extremamente grato a quem lhe deu esta oportunidade, talvez algum político. Isto por algum tempo. Assim que descobre que está ali, dando duro, por causa de si mesmo, de seu esforço a ser mantido diariamente, passa a desconsiderar o favor recebido. Mas quem depende de se manter, em sua subsistência, por meio de uma cota financeira mensal, sem que haja trabalho, transforma-se em puxa-saco, em “baba-ôvo”. Tem político que deve toda sua carreira a esse tipo de “programa” que o transformou, ao longo dos anos, em um corruptor que contribui para a deterioração da moralidade pública. É impossível que o assistencialismo não tenha feito crescer a onda de crimes, nem o tráfico e o consumo de drogas. Mas os pobres foram transformados em “mendigos remediados”, grande parte deles hoje se

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constitui em uma massa de cínicos aproveitadores, pequenos, mas cínicos. Eles querem é se eternizar nesta condição de dependência, porque visam arrancar miudezas, proveitos aviltantes, como meio de vida. Esta marca de assistencialismo que o Estado proporciona ao populacho, no Brasil não foi inaugurado pelo partido político que está no poder. No entanto faz parte da natureza dos políticos atuais a tentativa de reduzir a sociedade a uma situação de miserabilidade moral. Como o assistencialismo coloca, para o povo pobre, o emprego em segundo plano de importância, quando o governante se esquiva de instruir os pobres e dar-lhes educação de qualidade, que não pé construir prédios, está lhe tirando o sentido da própria vida. Durante todos esses anos passados o sistema educacional do Brasil tornou-se uma fábrica de analfabetos e delinquentes sem paralelo em outro país. O Governo Brasileiro, nos anos de omissão na educação do povo, implantou à força modelos de conduta mórbidos como o racialismo, o abortismo, gayzismo, a ecolatria o laicismo, entre outras. É objeto de pesquisa da Trilogia analítica que o rompimento com os padrões tradicionais de moralidade induz o povo a diluir os laços da solidariedade, ficando desorientado, indiferente à moral tradicional e aprofundando as distâncias entre seree humanos pelo individualismo. Este egoísmo mórbido gera a criminalidade. Quando vimos o projeto para um novo Código Penal, compreendemos que estava em perigo a capacidade de julgamento moral. A ordem jurídica foi abalada com a inversão da gravidade dos crimes. Por exemplo: o aborto foi consagrado como um direito amplo, a pedofilia foi facilitada, descriminalizou criminosos autênticos e criminalizou pessoas honestas.

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A intensão, bem medida e bem pesada, é desestabilizar, pela desordem sistemática, a sociedade como a conhecemos hoje para que evolua para outra realidade que tenha o condão de elevar a elite de governantes ao poder total, permanente e absoluto. A inteligência deste engenho é que não precisa sequer suprimir garantias, nem operar por meio da ditadura aberta. Em “Diagnóstico do Nosso Tempo”, de Karl Mannheim, a estratégia dos nazistas possui uma fórmula é simples: “na confusão geral das consciências, toda discussão racional se torna impossível e então, naturalmente, espontaneamente, quase imperceptivelmente, o centro decisório se desloca para as mãos dos mais descarados e cínicos, aos quais o próprio povo, atônito e inseguro, recorrerá como aos símbolos derradeiros da autoridade e da ordem no meio do caos”. Na prática, é exatamente isso que está acontecendo. Quando os partidos de esquerda ascendem ao poder, passando de dominados a dominadores, eles querem a hegemonia, a exclusividade política. Com a supressão de opositores passaram, então, a desenvolver um trabalho para destruir a ordem natural da sociedade. Os setores para os quais não se disseminou o caos, permanecendo atrelados à razão lógica, foram a Economia e a Defesa. Estas estruturas sustentam as duas classes sociais, por meio das quais poderia haver alguma reação contra o sistema.

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Sobre o Autor

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Carlos Araujo Carujo TRAÇOS BIOGRÁFICOS Carlos Araujo (Apelido: Carujo. Pseudônimo: CarloZaraUjo) é escritor há 34 anos, terapeuta holístico e naturólogo há 20 anos. DIPLOMAS DE FORMAÇÃO: Naturologia Aplicada ao Tratamento Clínico Profissional com residência/estágio na Clínica Escola do Instituto Vida Natural da Open University International, de Curitiba-PR, atualmente Universidade Hipocrática, sob a Direção do Dr. Wilson Nemes Nemer, Reitor da World Hipocratic Center Foundation e Professora Lília Wolski Nemes. Durante sua residência terapêutica recebeu treinamento na Farmácia Etnobotânica, do Laboratório e Centro Farmacêutico Nemes, especializada em fitoterápicos para o tratamento de herpes-zoster e psoríase. CURSOS DE APRIMORAMENTO E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EDUCACIONAL: Plantas Medicinais, Fitoterapia, Hidroterapia, Hodrocólonterapia, Geoterapia, Do-In, Massoterapia, Salivodianóstico, Trophoterapia, Iridossomatologia.

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RECICLAGENS SUBMETIDAS DURANTE A RESIDÊNCIA: Hipnologia, Kirliangrafia, Iridologia, Acupuntura, Laserterapia, Naturopatia, Parapsicologia, Psicanálise. CERTIFICADOS DE CURSOS: Hipnotismo e Parapsicologia – Prof. José Lins Marques. I Seminário de Hipnologia, com o Dr. Wilson Pedrosa Amanajás, pelo Instituto de Parapsicologia do Amapá. Curso de Investigação das Sagradas Escritura, pelo Instituto de Herança Judaica de Itapecirica da Serra (SP). Curso de Hipnose Aplicada – Dr. Erimá Moreira. Primeiro Seminário de Kirliangrafia, com Newton Milhomens, em Mapcapá (AP). Curso Intensivo de Iridologia, com Gurudev Sing Khalsa, em Brasília (DF). Segundo Seminário de Kirliangrafia, com Newton Milhomenes, em Macapá (AP). Curso de Iridologia Comportamental com Denny Jhonson, em Nova Friburgo (RJ). Equilíbrio Total Através da Parapsicologia, com Miguel Lucas, do Colégio Santo Agostinho de São Paulo (SP). Curso de Acupuntura e Laserterapia, com Norberto Naboru Arakawa, em Macapá (AP). Curso de Alfagenia e Hipnose, com Erimá Moreira, pelo Instituto Paraense de Parapsicologia, em Belém (PA). Técnica de Interpretação de Fotos Kirlian, pelo Instituto Internacional de Psicobiofísica e Psicotrônica, Curitiba (PR). Curso Integrado de Parapsicologia e Psicanálise, com Aldny Faya, da Faculdade de Ciências Bio-Psiquicas, São Paulo (SP). Curso PMD – Poder da Mente, com Lauro Trevisan, da Faculdade de Enfermagem de Santa Maria (RS). Iniciação à Parapsicologia, pelo Instituto Paraense de Parapsicologia (PA).

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Primeiro Seminário de Kirliangrafia – Técnica e Interpretação, com o Professor Newton Milhomens, Curitiba (PR). CERTIFICADOS DE EVENTOS: Congressista e Expositor do 1º COMATMA-95 (1º Congresso Mundial de Medicinas Alternativas, Terapias Naturais e Meio Ambiente) realizado pela Open University International em parceria com o CCIAMAN (Comitê Cientifico Internacional Associativo de Medicinas Ancestrais Naturais) em Curitiba, PR. – VI Congresso Brasileiro de Parapsicologia e Psicotrônica, em Belém (PA). – I Simpósio Internacional de Medicina Holística e Iridologia, realizado em Nova Friburgo (RJ) promovido pela Associação Brasileira de Iridologia e Naturopatia. – Primeiro Encontro de Matafísica, em Mococa, com Carmen Lucia Ballestero (SP). – Primeiro Seminário Amapaense Sobre Poderes da Mente, em Macapá (AP). – Semana de Psicologia promovida pelo Departamento de Psicologia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará – UFPA (PA). – Expositor da Primeira Feira da Nova Era de Ribeirão Preto, pelo Centro de Estudos Vitalistas Paracelso (SP). – Terceira Produsul, promovida pela Prefeitura Municipal de Tubarão (SC). – Festival Nacional da Magia, em Florianóplis (SC). – Expositor da Feira Mística de Brasília (DF), em várias edições. OUTRAS JORNADAS: O Autor pesquisa, com afinco, Assiriologia (Civilização Suméria), desde quando concluiu o Curso de Investigação das Escrituras Sagradas pelo Instituto da Herança Judaica de Itapecerica da Serra – SP – em 1977. Frequentou a Universidade da Grande Fraternidade Universal (GFU), onde praticou Yôga e Cosmobilogia, sob a tutela de Dom Ferriz Olivares, discípulo de Serge Reynauld de La Ferrière (Chandra Bala), em Brasília (DF).

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Audiências pessoais de aprendizado com Swami Agnimitrananda Saraswati, com quem estudou Kunalini Yôga e Mantra Yôga. Ingressou, ainda na adolescência, no Instituto Brasileiro de Yôga (hoje, UNYôga), em Brasília (DF), onde estudou com a Professora Dalma, recebendo a chancela iniciática (OM) por legado direto do Professor De Rose, presente desde então em sua assinatura, em memorável evento no Clube do Congresso. É integrante regular do grupo inominado da augusta Ordem Macrocósmica. Na década de 1970 foi iniciado em ordens e sociedades de “mistérios” como Antiga Ordem Mística (AOM), Colégio dos Magos, Antiga e Mística Ordem Rosacruz (AMORC), Ordem Iniciática Hermética, entre outras agremiações de estudos psíquicos. Foi um dos fundadores do Capítulo Rosacruz, de Macapá (um rosacruz é diferente de um maçom) e fundador do Projeto Shamballah II destinado a inventariar o acervo esotérico prático, resultando em dezenas de livros eletrônicos (E-book), áudio-book e video-learn, vendidos em campanha itinerante por 18 estados brasileiros. Autor das brochuras “O Paranormal e Seus Mistérios”, “Segredos da Parapsicologia” e “Parapsicologia e Psiônica”. Membro da Associação Brasileira de Terapeutas Naturistas, na categoria de Divulgador. Filiado a CCIAMAN (Comitê Cientifico Internacional Associativo de Medicinas Ancestrais Naturais). Estudante de Letargia, disciplina de Hipnose Avançada, quando o transe é induzido por toques reflexológicos, que aprendeu com o Major Giselar Oliveira. Aprendeu a técnica da Psicotranseterapia com o Dr. Eliezer Cerqueira Mendes, num encontro coletivo de Psicotranse. Foi Editor do “Jornal da Mente”. OBRAS DE CARUJO LIVROS EM PAPEL: “O Paranormal e Seus Mistérios”, “Segredos da Parapsicologia”, “Parapsicologia e Psiônica”, entre outros.

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E-BOOKS: “Iridologia”, “Cromologia”, “Grafologia”, “A Linguagem das Mãos”, “Tarot”, “Quirologia”, “A Pirâmide da Saúde”. ÁUDIO-BOOKS: “Hipnotismo”, “A Arte do Domínio de Si”, “A Arte da Prudência”, “Tao-Te-King”, “A Arte da Política”, “O Anticristo”, “A Arte da Guerra”, “A Arte de Vencer Sempre”. VIVÊNCIAS: “Relax”, “Tanatoterapia”, “Psiônica”, “Autodefesa Psíquica”, “Viagem Astral”, “Biopsicoenergética”, “Auto-Iniciação”, “Intruição e Premonição”, “Leis da Mente”, “O Dom de Voar”, “Telepatia e Clarividência”, “Programa de Cura”, “Viagem ao Centro do Eu”. OBRAS EM ANDAMENTO: Metacriminologia – Ensaio de Criminologia Holística. A Era da Inversão – Psicanálise Integral (Trilogia Analítica). A Pirâmide da Saúde – Naturologia Aplicada. A Cônica dos Pássaros – Lendas. Amazônia Fantástica – Mitologia. Tanatoterapia – Sem Medo da Morte. Hipnotismo – Na Terapia Holística.

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Empresa SHAMBALLAH PRODUÇÕES. CNPJ: 05.123.849.000.176. Castanhal-PA.