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EDGAR ALLAN POE – A ESSÊNCIA DO MEDO – ADEMIR PASCALE

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EDGAR ALLAN POE – A ESSÊNCIA DO MEDO – ADEMIR PASCALE

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Edgar Allan Poe – A Essência do Medo Copyright © por Ademir Pascale

Projeto editorial, capa, arte interna e seleção dos trechos por Ademir Pascale

Fábrica de Ebooks www.fabricadeebooks.com.br

Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do autor

Obra protegida por direitos autorais

Esse e-book é grátis e pode ser distribuído livremente

Contato com o autor: [email protected] – Ademir Pascale

2015 2016

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EDGAR ALLAN POE – A ESSÊNCIA DO MEDO – ADEMIR PASCALE

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INTRODUÇÃO

primeira vez em que tive contato com um texto do escritor Edgar Allan Poe, já sabia em detalhes sobre a sua vida. Minha professora da época da faculdade era bem esforçada e adorava literatura estrangeira, isso fez com que eu também gostasse, principalmente da

obra do Poe. Conhecer a vida do escritor de qualquer obra deixa a leitura mais prazerosa. Estudei sobre muitos autores, como Oscar Wilde, Charles Baudelaire (que tem uma certa ligação com Edgar Allan Poe), Mary Shelley, Irmãs Bronte, etc. mas tenho que dizer que Edgar Allan Poe despertou bem mais atenção e isso fez com que eu fizesse vários trabalhos sobre ele, resultando também em dois livros: Poe 200 Anos (All Print), livro organizado por mim e pelo escritor Maurício Montenegro, e "Nevermore - Contos Inspirados em Edgar Allan Poe" (Editora Estronho), além de tirinhas, etc. Mantenho também uma fanpage dedicada ao escritor: http://www.fanpage.com/poesclub "A Essência do Medo", é um trabalho com poucas páginas, mas que iniciei em 2015 e aos poucos fui trabalhando as imagens que antecedem cada trecho de um conto do Poe selecionado por mim. Tentei passar em cada imagem que trabalhei usando técnica de montagem, recorte e efeitos do Photoshop, a essência de cada conto, o que senti e visualizei durante a leitura de cada um. O foco desse trabalho são realmente as imagens e os trechos, sendo que no final de cada um deixei um breve comentário e algumas informações para que os leitores busquem saber ainda mais sobre a maravilhosa obra de um dos principais escritores que já existiu. Demorei para finalizar esse trabalho (cerca de 1 ano), pois fiz nas horas vagas e com muita calma. Espero que curtam. Forte abraço,

Ademir Pascale Paulista, escritor e ativista cultural. Editor e criador da Revista Conexão

Literatura. Membro Efetivo da Academia de Letras José de Alencar (Curitiba/PR). Participou em mais de 40 livros, tendo contos publicados no

Brasil, França, Portugal e México. Adora pizza, séries televisivas, moedas antigas e HQs. E-mail: [email protected]

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SUMÁRIO - Annabel Lee - O Corvo - O Gato Preto - A Queda da Casa de Usher - O Coração Revelador - A Máscara da Morte Rubra

Os olhos são as janelas para a alma. Edgar Allan Poe

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Annabel Lee Por Edgar Allan Poe

oi há muitos e muitos anos já, Num reino ao pé do mar.

Como sabeis todos, vivia lá Aquela que eu soube amar; E vivia sem outro pensamento Que amar-me e eu a adorar. Eu era criança e ela era criança, Neste reino ao pé do mar; Mas o nosso amor era mais que amor O meu e o dela a amar; Um amor que os anjos do céu vieram a ambos nós invejar. E foi esta a razão por que, há muitos anos, Neste reino ao pé do mar, Um vento saiu duma nuvem, gelando A linda que eu soube amar; E o seu parente fidalgo veio De longe a me a tirar, Para a fechar num sepulcro Neste reino ao pé do mar. E os anjos, menos felizes no céu, Ainda a nos invejar... Sim, foi essa a razão (como sabem todos, Neste reino ao pé do mar) Que o vento saiu da nuvem de noite Gelando e matando a que eu soube amar. Mas o nosso amor era mais que o amor De muitos mais velhos a amar, De muitos de mais meditar, E nem os anjos do céu lá em cima, Nem demônios debaixo do mar Poderão separar a minha alma da alma Da linda que eu soube amar. Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos Da linda que eu soube amar; E as estrelas nos ares só me lembram olhares Da linda que eu soube amar; E assim 'stou deitado toda a noite ao lado Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado, No sepulcro ao pé do mar, Ao pé do murmúrio do mar. Poema “Annabel Lee” (1849), um dos últimos trabalhos escritos por Edgar Allan Poe. Expressei na arte o olhar sério e fixo de Annabel, ao fundo uma bela paisagem sintetizando as palavras de Poe.

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O Corvo Por Edgar Allan Poe

ntro com a alma incendiada. Logo depois outra pancada

Soa um pouco mais tarde; eu, voltando-me a ela: "Seguramente, há na janela Alguma coisa que sussurra. Abramos. Ela, fora o temor, eia, vejamos A explicação do caso misterioso Dessas duas pancadas tais. Devolvamos a paz ao coração medroso. Obra do vento e nada mais." Abro a janela e, de repente, Vejo tumultuosamente Um nobre Corvo entrar, digno de antigos dias. Não despendeu em cortesias Um minuto, um instante. Tinha o aspecto De um lord ou de uma lady. E pronto e reto Movendo no ar as suas negras alas. Acima voa dos portais, Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas; Trepado fica, e nada mais. Diante da ave feia e escura, Naquela rígida postura, Com o gesto severo - o triste pensamento Sorriu-me ali por um momento, E eu disse: "Ó tu que das noturnas plagas Vens, embora a cabeça nua tragas, Sem topete, não és ave medrosa, Dize os teus nomes senhoriais: Como te chamas tu na grande noite umbrosa?" E o Corvo disse: "Nunca mais." Vendo que o pássaro entendia A pergunta que lhe eu fazia, Fico atônito, embora a resposta que dera Dificilmente lha entendera. Na verdade, jamais homem há visto Coisa na terra semelhante a isto: Uma ave negra, friamente posta, Num busto, acima dos portais, Ouvir uma pergunta e dizer em resposta Que este é o seu nome: "Nunca mais." (...) Trecho do poema “O Corvo” (1845), escrito por Edgar Allan Poe. Tentei sintetizar na arte o máximo do desespero e espanto do protagonista ao notar que estava lidando com uma ave demoníaca e sobrenatural.

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O Gato Preto Por Edgar Allan Poe

erta noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante

a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser. Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos! Enrubesço, estremeço, abraso-me de vergonha, ao referir-me, aqui, a essa abominável atrocidade. Quando, com a chegada da manhã, voltei à razão — dissipados já os vapores de minha orgia noturna, experimentei, pelo crime que praticara, um sentimento que era um misto de horror e remorso; mas não passou de um sentimento superficial e equívoco, pois minha alma permaneceu impassível. Mergulhei novamente em excessos, afogando logo no vinho a lembrança do que acontecera. Entrementes, o gato se restabeleceu, lentamente. A órbita do olho perdido apresentava, é certo, um aspecto horrendo, mas não parecia mais sofrer qualquer dor. Passeava pela casa como de costume, mas, como bem se poderia esperar, fugia, tomado de extremo terror, à minha aproximação. Restava-me ainda o bastante de meu antigo coração para que, a princípio, sofresse com aquela evidente aversão por parte de um animal que, antes, me amara tanto. Mas esse sentimento logo se transformou em irritação. E, então, como para perder-me final e irremissivelmente, surgiu o espírito da perversidade. Desse espírito, a filosofia não toma conhecimento. Não obstante, tão certo como existe minha alma, creio que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano — uma das faculdades, ou sentimentos primários, que dirigem o caráter do homem. Quem não se viu, centenas de vezes, a cometer ações vis ou estúpidas, pela única razão de que sabia que não devia cometê-las? Acaso não sentimos uma inclinação constante mesmo quando estamos no melhor do nosso juízo, para violar aquilo que é lei, simplesmente porque a compreendemos como tal? Esse espírito de perversidade, digo eu, foi a causa de minha queda final. O vivo e insondável desejo da alma de atormentar-se a si mesma, de violentar sua própria natureza, de fazer o mal pelo próprio mal, foi o que me levou a continuar e, afinal, a levar a cabo o suplício que infligira ao inofensivo animal. Uma manhã, a sangue frio, meti- lhe um nó corredio em torno do pescoço e enforquei-o no galho de uma árvore. Fi-lo com os olhos cheios de lágrimas, com o coração transbordante do mais amargo remorso. Enforquei-o porque sabia que ele me amara, e porque reconhecia que não me dera motivo algum para que me voltasse contra ele. Enforquei-o porque sabia que estava cometendo um pecado — um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal, afastando-a, se é que isso era possível, da misericórdia infinita de um Deus infinitamente misericordioso e infinitamente terrível. (...) Trecho do conto “O Gato Preto” (1843), escrito por Edgar Allan Poe, é um dos seus contos mais populares no Brasil e um dos mais preferidos pelos leitores. Escrito em primeira pessoa, num estilo pessoal de Poe, a sua leitura faz extremecer até os mais fortes.

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A Queda da Casa de Usher Por Edgar Allan Poe

urante todo aquele triste, escuro e silencioso dia outonal, com o céu encoberto por nuvens baixas e opressivas, estive percorrendo sozinho, a cavalo, uma região rural

singularmente deserta, até que enfim avistei, com as primeiras sombras da noite , a melancólica Casa de Usher. Não sei por quê, mas, assim que entrevi a construção, um sentimento de intolerável tristeza apoderou-se de meu espírito. Digo intolerável porque essa impressão não era suavizada por qualquer sensação meio prazenteira, porque poética, com que a mente geralmente recebe até mesmo as mais sombrias imagens naturais de desolação e de terror. Observei a paisagem à minha frente: a casa simples e a simplicidade do aspecto da propriedade, as paredes frias, as janelas semelhando órbitas vazias, os poucos canteiros com ervas daninhas e alguns troncos esbranquiçados de árvores apodrecidas e senti na alma uma depressão profunda que não posso comparar a nenhuma sensação terrena senão ao que experimenta, ao despertar, o viciado em ópio: o amargo retorno à vida cotidiana, o terrível descair de um véu. Havia um frio, uma prostração, uma sensação de repugnância, uma irrecuperável aflição de pensamento que nenhum excitamento da imaginação conseguiria forçar a transformar-se em algo sublime. Que era, parei para pensar, que era que tanto em perturbava ao contemplar a Casa de Usher? Era um mistério completamente insolúvel, e eu não conseguia controlar as sombrias imagens que me enchiam a cabeça enquanto refletia isso. Fui forçado a socorrer-me da conclusão nada satisfatória de que existem, sem dúvida, combinações de objetos naturais muito simples, que têm o poder de nos afetar assim, embora a análise desse poder se situe em considerações além de nossa perspicácia. Era possível, pensei, que um mero arranjo diferente nos pormenores da cena, dos detalhes do quadro, bastasse para modificar, ou talvez, parar suprimir sua capacidade de provocar impressões aflitivas. Com essa idéia na cabeça, guiei o cavalo até a margem íngreme de um fosso negro e sinistro cujas águas paradas refulgiam junto a casa e contemplei, com um arrepio ainda mais forte do que antes, a imagem invertida e modificada dos arbusto cinzentos, dos lívidos troncos de árvores e das janelas semelhantes a órbitas vazias. Apesar disso, era nessa desolada mansão que eu tencionava passar algumas semanas. O proprietário, Roderick Usher, havia sido um de meus joviais amigos de infância, mas muitos anos tinham se passado desde o nosso último encontro. Uma carta, no entanto, que me chegara recentemente numa parte distante do país exigia pela insistência de seu teor uma resposta pessoal. A caligrafia revelava agitação nervosa. O remetente falava de aguda doença física, de opressiva perturbação mental e do intenso desejo de me ver, como seu melhor e na verdade único amigo pessoal, com a intenção de lograr, pela alegria de minha companhia, alguma alívio para sua doença. A maneira pela qual tudo isso e muito mais coisas foram ditas e o manifesto estado de espírito expresso no pedido impediram-me qualquer hesitação e por esse motivo obedeci na mesma hora ao que ainda considerava como um convite muito estranho. (...) Trecho do conto “A Queda da Casa de Usher” (1839), escrito por Edgar Allan Poe dez anos antes de sua morte. Este conto é o meu preferido e no meu ponto de vista a mais bem escrita e tenebrosa história escrita pelo mestre do horror.

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O Coração Revelador Por Edgar Allan Poe

verdade. Tenho sido muito nervoso, terrivelmente nervoso. Mas, por que ireis dizer que sou louco? A enfermidade me aguçou os sentidos, não os destruiu, não os entorpeceu. Era penetrante, acima de tudo, o sentido da audição. Eu ouvia todas as coisas, no céu e na

Terra. Muitas coisas do inferno eu também ouvia. Como, então, sou louco? Preste atenção. E observe quão lucidamente, quão calmamente posso contar toda a história. É impossível dizer como a ideia penetrou meu cérebro, uma vez concebida, porém, ela me perserguiu dia e noite. Não havia motivo. Não havia cólera. Eu gostava do velho. Ele nunca me fizera mal. Nunca me insultou. Eu não desejava seu ouro. Penso que era o olhar dele. Sim, era isso. Um de seus olhos se parecia com o de um abutre... um olho de cor azul pálido, que sofria de catarata. Meu sangue gelava, sempre que ele olhava para mim, e assim, a pouco e pouco, bem lentamente, fui-me decidindo em tirar a vida do velho e desse modo libertar-me daquele olho para sempre. (...) Trecho do conto “O coração revelador” ou “O coração delator” (1843), escrito por Edgar Allan Poe. Esse conto mostra como Poe conseguia em poucas palavras nos deixar arrepiados.

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A Máscara da Morte Rubra Por Edgar Allan Poe

“Morte Rubra” devastou o país. Jamais se viu peste tão fatal ou tão hedionda. O sangue era sua revelação e sua marca. A cor vermelha e o horror do sangue. Surgia com dores agudas e súbita tontura, seguidas de profuso sangramento pelos poros, e então a morte.

As manchas rubras no corpo e principalmente no rosto da vítima eram o estigma da peste que a privava da ajuda e compaixão dos semelhantes. E entre o aparecimento, a evolução e o fim da doença não se passava mais de meia hora. Mas o príncipe Próspero era feliz, destemido e astuto. Quando a população de seus domínios se reduziu à metade, mandou vir à sua presença vários amigos sadios e divertidos dentre os cavalheiros e damas da corte e com eles retirou-se, em total reclusão, para um dos seus mosteiros encastelados. Era uma construção imensa e magnífica, criação do gosto excêntrico, mas grandioso do próprio príncipe. Circundava-a a muralha forte e muito alta, com portas de ferro. Depois de entrarem, os cortesãos trouxeram fornalhas e grandes martelos para soldar os ferrolhos. Resolveram não permitir qualquer meio de entrada ou saída aos súbitos impulsos de desespero dos que estavam fora ou aos furores do que estavam dentro. O mosteiro dispunha de amplas provisões. Com essas precauções, os cortesãos podiam desafiar o contágio. O mundo externo que cuidasse de si mesmo. Nesse meio-tempo era tolice atormentar-se ou pensar nisso. O príncipe havia providenciado toda a espécie de divertimentos. Havia bufões, improvisadores, dançarinos, músicos, beleza e muito vinho. Lá dentro, tudo isso. Lá fora, a “Morte Rubra”. Lá pelo final do quinto ou sexto mês de reclusão, enquanto a peste grassava mais furiosamente lá fora, o príncipe Próspero brindou os mil amigos com um magnífico baile de máscaras. Que voluptuosa cena a daqueles mascarados! Mas antes descrevamos os salões em que ela se desenrolava. Era uma série imperial de sete salões. Em muitos palácios, porém, esses salões formam uma perspectiva longa e reta, quando as portas se abrem até se encostarem nas paredes de ambos os lados, de tal modo que a vista de toda essa sucessão é quase desimpedida. Ali, a situação era muito diferente, como se devia esperar da paixão do príncipe pelo fantástico. (...) Trecho do conto “A máscara da morte rubra” (1842), escrito por Edgar Allan Poe. Esse conto chegou a ganhar uma adaptação para o cinema, com o ator Vincent Price.

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EXTRAS

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Este foi o primeiro teste e opção de capa que fiz para este projeto, mas precisava de algo mais semelhante a obra de Edgar Allan Poe, com cores mais escuras. Apesar de ter gostado da tipologia que fiz para o título, acabei mudando e deixando de uma forma mais visível, além de que azul não tem nada a ver com a obra de Poe.

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A página de nº 2 deste projeto seria esta que está acima, mas depois de alguns testes e estudos, decidi fazer outra, embora esta tenha ficado num estilo bem gótico.

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SOBRE O AUTOR, ORGANIZADOR E ARTISTA VISUAL

Ademir Pascale é paulista, escritor e ativista cultural. Editor e criador da Revista Conexão Literatura. Membro Efetivo da Academia de Letras José de Alencar (Curitiba/PR). Participou em mais de 40 livros, tendo contos publicados no Brasil, França, Portugal e México. Publicou pela Editora Draco os romances “O Desejo de Lilith” e “Caçadores de Demônios”. É fã n° 1 de Edgar Allan Poe, o que lhe rendeu as publicações dos livros "Poe 200 Anos" (All Print) e "Nevermore - Contos Inspirados em Edgar Allan Poe" (Editora Estronho), adora pizza, séries televisivas, moedas antigas e HQs. Redes sociais: Twitter: @ademirpascale Facebook: Ademir Pascale Instagram: www.instagram.com/revistaconexaoliteratura E-mail: [email protected]

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PATROCÍNIO E APOIO: www.revistaconexaoliteratura.com.br

W.R