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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PAULO CESAR DA CRUZ JÚNIOR A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA NO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO POR PRAZO DETERMINADO: A (im) possibilidade. Tijucas 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PAULO CESAR DA CRUZ JÚNIOR

A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA NO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

POR PRAZO DETERMINADO: A (im) possibilidade.

Tijucas

2008

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PAULO CESAR DA CRUZ JÚNIOR

A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA NO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

POR PRAZO DETERMINADO: A (im) possibilidade.

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Tijucas.

Orientador: Prof. MSc. Celso Leal da Veiga Júnior.

Tijucas

2008

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PAULO CESAR DA CRUZ JÚNIOR

A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA NO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

POR PRAZO DETERMINADO: A (im) possibilidade.

Esta Monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em

Direito e aprovada pelo Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de

Educação de Tijucas.

Área de Concentração: Direito do Trabalho

Tijucas, 12 de maio de 2008.

_______________________________________

Prof. MSc. Celso Leal da Veiga Júnior

UNIVALI – CE Tijucas Orientador

_______________________________________

Prof. Esp. Fernando Laélio Coelho

UNIVALI – CE Tijucas Membro

_______________________________________

Prof. Esp. Edemir Aguiar

UNIVALI – CE Tijucas Membro

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de Direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer

responsabilidade acerca do mesmo.

Tijucas (SC), 12 de maio de 2008.

__________________________________

Paulo Cesar da Cruz Júnior

Acadêmico

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Dedico este trabalho a Paulo Cesar da Cruz (in

memoriam), pai amado, por ter me ensinado a aprender.

A Rosane Fausto da Cruz, mãe amada, pelo amor e

compreensão dispensados a mim durante toda a minha

existência.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, porque sem ele nada somos e nada podemos.

Meus sinceros agradecimentos, sobretudo pelo imensurável apoio ao idealismo

estudantil que tenho cultivado ao longo da minha vida, referenciado no incansável

desejo de meu saudoso pai Sr. Paulo Cesar (in memoriam) e de minha preciosa mãe

Sra. Rosane, em estimularem em todos os momentos da minha vida o estudo e a

pesquisa como única via de transformação social e humanística possível.

Aos meus preciosos e inestimáveis irmãos Anderson e Gabriel, seres humanos de

notável beleza interior, fontes de luz e nobreza humana.

Aos meus amados sobrinhos Pedro Henrique e Franciele, pela alegria contagiante

que me transmitem, fazendo de mim o “Tio Coruja” mais feliz do mundo.

À minha namorada Carolini, pela confiança depositada em mim.

Aos Professores do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, Campus de

Tijucas, que muito contribuíram para a minha formação jurídica.

Ao Professor MSc. Celso Leal da Veiga Júnior, que durante a convivência

acadêmica despertou em mim o prazer pelo estudo do direito laboral; pela

orientação à elaboração deste trabalho, meu apreço e gratidão serão eternos.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa.

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A maior recompensa para o trabalho de uma pessoa

não é o que ela recebe por ele, mas o que ela se

torna através dele.

(John Ruskin)

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ABREVIATURAS �

Art. – Artigo

Arts. – Artigos

CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CRFB/1988 – Constituição da República Federativa do Brasil de 19881

DJU – Diário de Justiça da União

Enunc. – Enunciado

EC – Emenda Constitucional

ed. – Edição

FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

Inc. – Inciso

LC – Lei Complementar

MSc. – Mestre

nº – Número

n. – Número

p. – Página

Prof. – Professor

Rec. – Recurso

Rel. – Relator

RO – Recurso Ordinário

RR – Recurso de Revista

STJ – Superior Tribunal de Justiça

STF – Supremo Tribunal Federal

TRT – Tribunal Regional do Trabalho

TST – Tribunal Superior do Trabalho

v. – Volume

§ – Parágrafo

����������������������������������������1 Adiante também designada de: Constituição Federal, CF, CF/88, Carta Magna, Carta Política e Lei Maior.

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ROL DE CATEGORIAS E CONCEITOS OPERACIONAIS

Rol das categorias2 estratégicas à pesquisa, juntamente com seus

respectivos conceitos operacionais3.

Acidente de Trabalho

O acidente de trabalho é aquele que ocorre durante a prestação de serviços

ou no percurso de ida ou de volta para o trabalho, o que usualmente denomina-se

de acidente de trajeto (in itinere), ou ainda a doença profissional, causada pelo

ambiente de trabalho e que também está equiparada a acidente do trabalho4.

Aposentadoria por Invalidez Acidentária

“É devida ao Instituto Nacional do Seguro Social ao segurado que for

considerado incapaz para o trabalho5”.

Auxílio-Acidente

“O benefício devido ao segurado que sofrer acidente que resultar seqüela

definitiva; é mensal e vitalício, mas tem natureza indenizatória (50% do salário de

benefício) 6”.

����������������������������������������2 "Categoria é a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia". (PASOLD, 2002, p. 40]). 3 "Conceito operacional [=cop] é uma definição para uma palavra e/ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos." (PASOLD, 2002, p. 40). 4 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. 2ª ed. São Paulo: IOB Thomson, 2005. p. 31. 5 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 101. 6 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 31.ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 84.

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Auxílio-Doença Acidentário

“O benefício pecuniário de prestação continuada, com o prazo indeterminado,

sujeito a revisão periódica que se constitui no pagamento de renda mensal ao

acidentado urbano ou rural, que sofreu acidente do trabalho ou doença das

condições de trabalho7”.

Comunicação de Acidente de Trabalho

“A emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho tornou-se mais que

simples notificação do infortúnio ao Instituto Nacional do Seguro Social, sendo

atualmente obrigação legal e social, com graves conseqüências ao empregador

omisso8”.

Contrato Individual de Trabalho

“Contrato individual de trabalho é um acordo de vontades, entre duas ou mais

pessoas, para criar, modificar ou extinguir entre si uma relação de direito”9.

Contrato por Prazo Determinado

“É o contrato que já inicia com uma data prevista para terminar.Observa-se que esta

cláusula deve ser ajustada expressamente entre as partes, pois, no caso de silêncio

o contrato será considerado por prazo indeterminado”10.

Contrato por Prazo Indeterminado

“Contratos Indeterminados são aqueles cuja duração temporal não tenha prefixado

termo extintivo, mantendo duração indefinida ao longo do tempo”11.

������������������������������������������COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. Porto Alegre: Síntese, 2003. p. 100.�

8 VILELA, Vianna Cláudia Sales. Manual prático das relações trabalhistas. 6ª ed. São Paulo: LTr, 2004. p. 597. 9 FELIPPE, Donaldo J.. Dicionário Jurídico de Bolso. 13. ed. Campinas: Péritas, 1998. 464 p. p. 110. 10 SCHADNER, Rúbia Márcia. Legislação Trabalhista, Social e Previdenciária. Disponível em: <http://www.aie.edu.br/curso/apoio/apoio160220060416_139.doc>. Acesso em: 30 abr. 2008. p.09. 11 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 5. ed. São Paulo: Ltr, 2006. 1471 p.; p. 519.

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Empregado

“Derivado do latim implicare (unir, juntar, ligar) é o vocábulo utilizado, na terminologia

jurídica, para indicar a pessoa física que, unida ou ligada a outra, por se encontrar

sob sua direção, presta serviços a esta, em regra, mediante a uma remuneração”12.

Empresa

“Derivado do latim prehensus, de prehendere (empreender, praticar) possui o

sentido de empreendimento ou cometimento intentado para a realização de um

objetivo”13.

Estabilidade Acidentária

“A Estabilidade Jurídica ou Econômica corresponde a garantia que se dá ao

empregado de permanecer no emprego mesmo contra a vontade de seu

empregador, enquanto inexistir uma causa relevante expressa em lei que permita a

rescisão contratual”14.

Pensão por Morte Acidentária

“Benefício que se entrega ao conjunto de dependentes do segurado que

falecer, aposentado ou não, a contar da data do óbito ou da decisão judicial, no caso

de morte presumida15”.

����������������������������������������12 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 15.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 302. 13 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 15.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 303. 14 PEREIRA, Rodrigo Magalhães. A estabilidade do empregado portador do vírus de HIV. Natal, 2006. Disponível em: <http://www.prt21.mpt.gov.br/estag/rodrigo.htm>. Acesso em: 14 abr. 2008. 15 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 17. ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2001. p. 676.

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Proteção Infortunística

É a proteção extensiva é conferida aos chamados trabalhadores avulsos e aos

segurados especiais, por força da interpretação do artigo 11, incisos VI e VII da Lei

8.213/91, que confere as categorias profissionais a consagração do benefício

acidentário.

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RESUMO

O presente trabalho analisa a Estabilidade Acidentária no Contrato Individual

de Trabalho por Prazo Determinado, formando uma gama de questionamentos que

geram perplexibilidade. Busca-se conhecer um pouco do que é a Contrato Individual

de Trabalho no Brasil, seu conceito, espécies e efeitos. Em seguida estuda-se o

Acidente de Trabalho, conceito, como ocorre, bem como os benefícios e

beneficiários provenientes deste Acidente, para por fim analisar a Estabilidade

Acidentária no Contrato Individual de Trabalho. Trata-se de um estudo acerca da

existência ou não da Estabilidade em caso de Acidente de Trabalho, usando como

base algumas discussões de alguns Tribunais do nosso país.

Palavras-chave: Estabilidade Acidentária, Acidente de Trabalho, Contrato Individual

de Trabalho por prazo determinado.

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ABSTRACT

� The present work analyzes the Acidentária Stability in the Individual Contract

of Work for Determined Stated period, forming a gamma of questionings that

generate perplexibilidade. One searchs to know a little of what it is the Individual

Contract of Work in Brazil, its concept, species and effect. After that one studies the

Industrial accident, concept, as he occurs, as well as the benefits and beneficiaries

proceeding from this Accident, finally to analyze the Acidentária Stability in the

Individual Contract of Work. One is to a study concerning the existence or about the

Stability in case of Industrial accident, not using as base some quarrels of some

Courts of our country.

Word-key: Acidentária stability, Industrial accident, Individual Contract of Work for

determined stated period.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 16

2 O CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO NO BRASIL................................. 19

2.1 O CONCEITO DE CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO.......................... 21

2.2 AS ESPÉCIES DE CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO......................... 23

2.2.1 O Contrato por Prazo Indeterminado.............................................................. 24

2.2.2 O Contrato por Prazo Determinado................................................................. 26

2.3 OS EFEITOS DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO........................... 29

3 ACIDENTE DE TRABALHO................................................................................. 32

3.1 O CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO................................................. 32

3.2 OS DESTINATÁRIOS DA PROTEÇÃO INFORTUNÍSTICA.............................. 34

3.2.1 A Proteção Infortunística............................................................................... 38

3.2.2 Os Dependentes ou Beneficiários do Acidentado......................................... 41

3.2.3 Os Excluídos da Proteção Acidentária............................................................ 41

3.3 A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO......................................... 42

3.3.1 O Período de Carência.................................................................................... 45

3.3.2 O Dia do Acidente........................................................................................... 46

3.3.3 A Decadência do Direito ao Benefício Acidentário.......................................... 47

3.4 O ROL DE BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS....................................................... 47

3.4.1 O Auxílio-Doença Acidentário......................................................................... 49

3.4.2 O Auxílio-Acidente........................................................................................... 53

3.4.3 A Aposentadoria por Invalidez Acidentária..................................................... 56

3.4.4 A Pensão por Morte Acidentária..................................................................... 59

4 A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA NO CONTRATO INDIVIDUAL DE

TRABALHO............................................................................................................ 62

4.1 O CONCEITO DE ESTABILIDADE E ALGUMAS ESPÉCIES DE

ESTABILIDADES ACIDENTÁRIAS......................................................................... 62

4.1.1 A Estabilidade Adquirida no Curso do Aviso Prévio....................................... 65

4.1.2 A Estabilidade Acidentária e a Norma Coletiva............................................... 67

4.1.3 A Estabilidade Acidentária sem Emissão de Comunicação de Acidente de 68

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Trabalho...................................................................................................................

4.1.4 Os Pressupostos para a Aquisição da Estabilidade Acidentária..................... 69

4.1.5 A Duração da Estabilidade Acidentária........................................................... 71

4.2 A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA EM CONTRATO POR PRAZO

DETERMINADO....................................................................................................... 71

4.2.1 Aspectos Jurídicos acerca da Estabilidade Acidentária no Contrato de

Trabalho por Prazo Determinado............................................................................. 71

4.2.2 A Estabilidade Acidentária na Jurisprudência................................................. 74

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 81

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1 INTRODUÇÃO

A presente Monografia que tem como tema: “A Estabilidade Acidentária no

Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado: A (im) possibilidade”, e visa

demonstrar se ocorre Estabilidade Acidentária no Contrato Individual de Trabalho

por Prazo Determinado, é um tema que tem causado divergências entre

doutrinadores, bem como discussões nos Tribunais Pátrios, pois já existem decisões

que favorecem o Empregado dando a este o direito a Estabilidade.

A importância do estudo deste tema reside na necessidade de aprofundar os

conhecimentos relacionados à Estabilidade Acidentária em um todo, principalmente

o Acidente de Trabalho, que é necessário que exista e que preencha os

pressupostos para uma possível Estabilidade Acidentária.

O presente trabalho também vem colaborar para o conhecimento de um tema

que não é novidade no campo jurídico, mas que ainda gera muita controvérsia, pois

os Empregadores não estão seguros de que o Contrato por Prazo Determinado não

gera Estabilidade Acidentária.

Assim, busca-se desenvolver da melhor forma possível a pesquisa, com base

nos materiais encontrados nas doutrinas, jurisprudências, legislações, entre outros,

que tratam do assunto, tendo a finalidade de transmitir aos leitores os

conhecimentos adquiridos, aclarando a possibilidade ou não de Estabilidade

Acidentária no Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado.

A escolha do tema é fruto do interesse pessoal do pesquisador em descobrir

se existe ou não Estabilidade em determinadas situações.

O objetivo institucional da presente Monografia é a obtenção do Título de

Bacharel em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí, Campus Tijucas.

Constitui-se como objetivo geral deste trabalho verificar a Estabilidade

Acidentária no Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado, bem como

apresentar entendimentos doutrinários e jurisprudenciais a respeito deste tema, para

demonstrar a quem cabe se existe ou não esta Estabilidade.

Para a confecção da presente Monografia, foram abordados os seguintes

objetivos específicos:

a) estudar o Contrato Individual de Trabalho e suas Espécies;

b) analisar o Acidente de Trabalho e sua legislação específica;

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c) verificar a Estabilidade Acidentária no Contrato Individual de Trabalho por

Prazo Determinado.

Não é propósito deste estudo adentrar em outras questões trabalhistas, o que

se deseja unicamente é verificar se existe ou não Estabilidade Acidentária no

Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado.

O Relatório Final da pesquisa foi dividido em três capítulos, podendo-se,

inclusive, delineá-los como três molduras distintas, mas conexas: a primeira, atinente

ao Contrato Individual em um todo, seu conceito, suas espécies, ou seja, Prazo

Determinado e Indeterminado, bem como os efeitos destes contratos; a segunda

consiste em uma análise ao Acidente de Trabalho; e, por último, um estudo da

Estabilidade Acidentária no Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais,

nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da

estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a Estabilidade

Acidentária no Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado.

Quanto à metodologia empregada, registra-se que na fase de investigação foi

utilizado o Método16 Indutivo17, na fase de tratamento de dados o Método

Cartesiano18, e o relatório dos resultados expresso na presente Monografia é

composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da pesquisa foram acionadas as técnicas do Referente19,

da Categoria20, dos Conceitos Operacionais21, da Pesquisa Bibliográfica22 e do

Fichamento23.

�������������������������������������������Conforme Pasold [2002, p. 104], “Método é a forma lógico-comportamental na qual se baseia o Pesquisador para investigar, tratar os dados colhidos e relatar os resultados”. 17 O Método Indutivo, segundo Pasold [2002, p. 103], consiste em “pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral”. 18 Segundo Pasold [2002, p. 237], Método Cartesiano é “base lógico-comportamental [...] que pode ser sintetizada em quatro regras: 1. duvidar; 2. decompor; 3. ordenar; 4. classificar ou revisar”. ���“[...] explicação prévia do motivo, objeto e produto desejado, delimitado o alcance temático e de abordagem

para uma atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa”. [PASOLD, 2002, p.241]. 20 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia”. [PASOLD, 2002, p. 229]. 21 “[...] definição estabelecida ou proposta para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias expostas”. [PASOLD, 2002, p. 229]. 22 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais”. [PASOLD, 2002, p 240]. 23 “Técnica que tem como principal utilidade otimizar a leitura na Pesquisa Científica, mediante a reunião de elementos selecionados pelo Pesquisador que registra e/ou resume e/ou reflete e/ou analisa de maneira sucinta, uma Obra, um Ensaio, uma Tese ou Dissertação, um Artigo ou uma aula, segundo Referente previamente estabelecido”. [PASOLD, 2002, p. 233].

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É conveniente ressaltar, enfim, que seguindo as diretrizes metodológicas do

Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, as Categorias Fundamentais são

grafadas, sempre, com a letra inicial maiúscula e os acordos semânticos que

procuram resguardar a linha lógica do Relatório da Pesquisa e suas respectivas

Categorias, por opção metodológica, são apresentados no rol de Categorias Básicas

e Conceitos Operacionais, no início do trabalho e no desenvolvimento do mesmo.

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2 O CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO NO BRASIL

O objetivo deste capítulo é abordar o Contrato Individual de Trabalho, em

seus aspectos gerais, como conceito, espécies e efeitos, será visto a associação do

Contrato Individual de Trabalho no Brasil e o Direito do Trabalho, bem como, sua

terminologia – histórica e sistemática.

O Contrato Individual de Trabalho é importante para o desenvolvimento do

Direito do Trabalho:

[...] é através do contrato de trabalho (sem adjetivação, subentende-se sempre individual) que se concretizam, se materializam , tornando-se reais e eficazes, as medidas das outras fontes normativas do direito do trabalho, desde a constituição até o regulamento da empresa. Com ele, na linguagem de Kelsen, completa-se e acaba por se inteirar o tecido conjuntivo da realização do ordenamento jurídico positivo. Daí a importância primordial e inequívoca do contrato de trabalho; aí o interesse do seu estudo, prático e teórico a um só tempo. Dele decorre, ainda, o maior conteúdo da vida social em nossos dias, inclusive no que diz respeito à competência da Justiça do Trabalho24.

Esta espécie de Contrato teve origem no Direito Romano, com a

denominação Contrato de Serviços:

A denominação tradicional, oriunda do direito romano, era arrendamento ou locação de serviços (locatio operarum). Foi recebida pelos códigos civis modernos, desde o napoleônico (1804), passando pelo italiano (1865), até o brasileiro de 1916. O alemão de 1900 o denomina de contrato de serviços (Dienstvertrag)25.

O Contrato Individual de Trabalho está expresso na Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT) em seu artigo 442, que possui a seguinte redação:

Art. 442. Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. Parágrafo único. Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e

����������������������������������������24 MORAES FILHO, Evaristo de. Introdução ao Direito do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 1971. p. 205. 25 MORAES FILHO, Evaristo de. Introdução ao Direito do Trabalho. p. 205.

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seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela.

A simples expressão Contrato de Trabalho designa um gênero muito amplo e

compreende a todo contrato pelo qual uma pessoa se obriga a uma prestação de

trabalho em favor de outra. Este Contrato de Trabalho possui suas características

próprias, e classifica-se como “contrato propriamente dito” em função da

necessidade do consentimento das partes para sua formalização e realização de

seu desiderato26.

No decorrer dos tempos o Contrato Individual de Trabalho ganhou diversas

denominações, como vínculo empregatício, relação de emprego, relação de

trabalho, contrato de emprego ou simplesmente Contrato de Trabalho, que é a mais

utilizada27.

Pode-se conceituar Contrato Individual de Trabalho de forma sucinta e

objetiva: “[...] ato jurídico criador da relação de emprego”28.

Ou de forma mais complexa:

Contrato de trabalho strictu sensu é o negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado), se obriga, mediante o pagamento de uma remuneração/contraprestação (salário), a prestar trabalho não eventual (continuidade), em proveito de outra pessoa, física ou jurídica (empregador), a quem fica juridicamente subordinado. É acordo tácito ou expresso correspondente à relação de emprego29.

Para um bom entendimento destes conceitos, faz-se necessário descobrir o

que vem a ser esta citada Relação de Emprego:

[...] é o vínculo obrigacional que une, reciprocamente, o trabalhador e o empresário, subordinando o primeiro às ordens legítimas do segundo. A fonte imediata dessa subordinação jurídica, que caracteriza a relação de emprego, é o contrato individual de trabalho, que, como ato jurídico, cria relações novas30.

����������������������������������������26 MENDONÇA, Rita de Cássia Tenório. Contrato de Trabalho – Noções Preliminares. São Paulo, 2003. Disponível em: <http://www.vemconcursos.com/opiniao/index.phtml?page_sub=5&page_id=1408>. Acesso em: 29 abr. 2008. p.01. 27 MENDONÇA, Rita de Cássia Tenório. Contrato de Trabalho – Noções Preliminares. p.01. 28 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Direito do Trabalho. 8. ed. Curitiba: Juruá, 2000. p. 108. 29 MENDONÇA, Rita de Cássia Tenório. Contrato de Trabalho – Noções Preliminares. p.01. (grifo do autor) 30 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Direito do Trabalho. p. 108.

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A doutrina brasileira é bastante ampla no que diz respeito a conceito de

Contrato Individual de Trabalho, estes conceitos serão estudados a seguir, onde

será feita uma comparação sobre as idéias de diferentes doutrinadores.�

2.1 O CONCEITO DE CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

Antes de adentrar nas formas de Contrato Individual de Trabalho faz-se

necessário conceituar esta espécie de Contrato, já que por ser um conceito simples

encontra-se com facilidade na doutrina brasileira.

“Contrato individual de trabalho é um acordo de vontades, entre duas ou mais

pessoas, para criar, modificar ou extinguir entre si uma relação de direito”31.

Pode ser conceituado também como um acordo pelo qual uma pessoa natural

se compromete a prestar serviços não eventuais a outra pessoa natural ou jurídica,

em proveito e sob suas ordens, mediante salário32.

O Contrato Individual de Trabalho vem expresso na Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT) em seu artigo 442, conforme demonstrado anteriormente.

Diferenciando expresso de tácito tem-se um melhor entendimento do artigo

citado:

Expresso é o contrato onde há clara manifestação da vontade das partes. Ao contrário, tácito é o contrato subentendido, deduzido do comportamento dos interessados. Por exemplo, considera-se contratado o trabalho quando alguém passa a prestar serviços a outrem que, sabendo, não se opõe.

A CLT determina que para a validade do Contrato Individual do Trabalho é

necessário que existam algumas características obrigatórias:

Contrato individual de trabalho é o ajuste de vontades pelo qual uma pessoa física (empregado) se compromete a prestar pessoalmente serviços subordinados, não eventuais, a outrem (empregador), mediante o pagamento de salário. As características mais

����������������������������������������31 FELIPPE, Donaldo J.. Dicionário Jurídico de Bolso. p. 110. 32 MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao Direito do Trabalho. 9. ed. São Paulo: Ltr, 2003. 819 p. p. 242.

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importantes deste contrato são a subordinação, a pessoalidade, a não-eventualidade e o salário33.

O conceito de Contrato de Trabalho parte da circunstância de que o mundo

contratual trabalhista pode ser dividido em dois hemisférios: um das relações

contratuais individuais e outro das relações contratuais coletivas. Os contratos

individuais de trabalho não se contrapõem aos acordos ou convenções coletivas;

distinguem-se dos mesmos, mas existe, entre ambos, uma vinculação estreita e

notória34.

Conceitua-se Contrato de Trabalho e sua formação tácita ou expressa:

Tácito é o contrato individual de trabalho que se forma por meio de atos que comprovam a preexistência de um entendimento entre as partes. Ao passo de que o contrato de trabalho expresso, que pode ser verbal ou escrito, é aquele em que patrão e empregado estipulam, com exatidão, as condições em que o trabalho será executado e definem os direitos e obrigações de cada um35.

A ausência de formalismos é uma característica do Contrato de Trabalho, a

extraordinária simplicidade de sua celebração, no seu feito ordinário. O Direito

Brasileiro exige que o Contrato de Trabalho seja formal em alguns casos, como no

caso de aprendizagem. A regra, porém, é a simplicidade do ato de contratação. Ao

contrário do que ocorre em muitos países, abandona-se a forma escrita, sempre

mais segura e tranqüilizadora, para se admitir, de modo expresso, no art. 443, caput,

da CLT, a celebração do Contrato de Trabalho por escrito ou verbalmente. Indo

além, admite-se que o contrato nasça do ajuste de vontades manifestado

tacitamente. Embora na imensa maioria dos casos o Contrato de Trabalho surja de

entendimento expresso entre as partes, pode resultar, também, do simples fato

concreto da prestação de serviços, uma vez reunidas as características essenciais

ínsitas na definição legal de empregado. Nessa eventualidade, o Contrato nasce,

espontaneamente, dos acontecimentos cotidianos e produz todos os seus efeitos

jurídicos. A lei nacional, mesmo sendo redundante, talvez por isso mesmo, pôs

����������������������������������������33 FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo; FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito do Trabalho. 9. ed. vol 9. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 37. 34 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Direito do Trabalho. p. 107.. 35 SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2000. 624 p. p. 110.

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tônica forte na possibilidade da Contratação Tácita, em matéria trabalhista, lançando

a afirmativa, sucessivamente, nos arts. 442 e 443, da CLT36.

Já Contrato de Trabalho stricto sensu:

[...] é o negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado) se obriga, mediante o pagamento de uma contraprestação (salário), a prestar trabalho não eventual em proveito de outra pessoa, física ou jurídica (empregador), a quem fica juridicamente subordinado37.

Enfatiza dizendo que:

[...] é um ato jurídico bilateral, que depende da livre manifestação da vontade de ambas as partes, para que sua celebração seja válida e possa surtir todos os efeitos práticos garantidos pela ordem jurídica. Por isso mesmo lhe são aplicáveis os ensinamentos da teoria geral dos contratos do direito comum, naquilo que não sejam incompatíveis com o direito do trabalho, principalmente no que diz respeito aos chamados vícios de consentimento38.

Este Contrato de Trabalho Individual é oneroso, comutativo, sucessivo, típico,

informal, consensual, de adesão, embora possa ser paritário, por exceção.39.

Com esta pluralidade de conceitos sobre Contrato Individual de Trabalho,

estudar-se-á as espécies deste Contrato, bem como seus efeitos.�

2.2 AS ESPÉCIES DE CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

A legislação brasileira divide Contrato Individual de Trabalho em por Prazo

Indeterminado, que é o mais usado pelas Empresas e Contrato por Prazo

Determinado, mais usado na modalidade Contrato de Experiência. A seguir serão

analisadas estas espécies de Contrato Individual de Trabalho.

����������������������������������������36 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Direito do Trabalho. p. 108. 37 MARANHÃO, Délio Vianna. Instituições de Direito do Trabalho. 14.ed. São Paulo: Ltr, 1993. p.70 38 MORAES FILHO, Evaristo de. Introdução ao Direito do Trabalho. p. 207. 39 FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo; FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito do Trabalho. p. 37.

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2.2.1 O Contrato por Prazo Indeterminado

Não é difícil conceituar estas espécies de Contratos, pois o próprio nome já

determina que Contrato por Prazo Indeterminado é aquele que não tem data certa

pra se rescindir.

Verifica-se os conceitos adotados pelos doutrinadores, como o que segue:

[...] é aquele cuja vigência não tem termo prefixado, ou seja, não estipula ajuste quanto ao término dele. Quando não existe a determinação de um prazo, esse contrato passa a chamar-se Contrato por Prazo Indeterminado. Aquele que assume os riscos de uma atividade econômica e tem um trabalho permanente a ser executado deve admitir empregado por prazo indeterminado. O trabalho permanente (Prazo Indeterminado) tem como normas que regulam as relações individuais de trabalho a Consolidação das Leis do Trabalho. O Contrato Individual de Trabalho por Prazo Indeterminado pode ser acordado tácita ou expressamente, desde que corresponda a uma relação de emprego (Arts. 443 e 444 da CLT)40.

“Contratos Indeterminados são aqueles cuja duração temporal não tenha

prefixado termo extintivo, mantendo duração indefinida ao longo do tempo”41.

Neste mesmo sentido:

[...] não há prazo para a terminação do pacto laboral. Na prática, predomina o ajuste por prazo indeterminado. Quando as partes nada mencionam quantoa prazo, presume-se que o contrato seja por prazo indeterminado, que é o mais empregado. O Contrato de Trabalho de Prazo Indeterminado terminado não é, porém, um contrato eterno, mas apenas que dura no tempo42.

E também:

O contrato por tempo indeterminado é aquele em que as partes não prefixam o seu momento de extinção ou termo extintivo. Constitui a regra geral. A indeterminação da duração da relação de emprego

����������������������������������������40 OLIVEIRA, Aristeu de. Manual de Contrato de Trabalho. São Paulo: Atlas, 2000. 219 p. p. 19. 41 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. p. 519. 42 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 875 p. p. 105.

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deriva de um dos caracteres deste tipo peculiar de contrato (relação contratual de trato sucessivo, continuidade)43.

Para que se caracterize Contrato Individual de Trabalho por Prazo

Indeterminado, são necessários dois elementos, segundo a doutrina que segue:

A sua caracterização é feita com o auxílio de dois elementos: a) elemento subjetivo – ausência de uma declaração de vontade das partes no sentido de limitar, de qualquer sorte, a duração do contrato (quando o celebram não pensam no seu fim); b) elemento objetivo – traduz-se na necessidade de uma declaração de vontade de qualquer dos contraentes para que o contrato termine (denúncia, declaração receptiva de extinguir o contrato)44.

Verificando a comparação entre Contrato a Termo e por Tempo

Indeterminado: “os contratos a termo e por tempo indeterminado não se distinguem.

Num e outro, há a subordinação jurídica e a prestação de serviços pelo emprego,

cabendo ao empregador pagar-lhe a remuneração ajustada”45.

Como se vê, ambos os contratos apresentam os mesmos traços

característicos fundamentais. Distinguem-se, apenas, num ponto: a duração da

prestação de serviços. Em um o tempo é indeterminado e, outro, por tempo

prefixado.

No Brasil geralmente as Empresas adotam o Contrato por prazo

Indeterminado, tanto que o Contrato a Prazo para se revestir de legalidade precisa

ser justificado. Por outras palavras, o contrato por tempo indeterminado é a regra e,

o contrato a prazo, a exceção46.

Não existe neste país nenhuma lei que presume que o Contrato Individual do

Trabalho seja firmado por Prazo Indeterminado, pois o Contrato por Prazo

Determinado exige prova, portanto é conveniente que estes Contratos em sua

maioria tenham Prazos Indeterminados.

O próximo item analisará o Contrato por Prazo Determinado e verificar-se-á o

porque de sua utilização não é comum no Brasil.�

����������������������������������������43 MENDONÇA, Rita de Cássia Tenório. Espécies de Contrato de Trabalho. São Paulo, 2003. Disponível em: < http://www.vemconcursos.com/opiniao/index.phtml?page_sub=5&page_id=1429>. Acesso em: 30 abr. 2008. 44 MENDONÇA, Rita de Cássia Tenório. Espécies de Contrato de Trabalho. p. 01. 45 SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho, p. 153. 46 SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de Direito do Trabalho, p. 153.

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2.2.2 O Contrato por Prazo Determinado

É o contrato de trabalho que tem datas de início e término antecipadamente

combinadas entre o trabalhador e o empregador. Foi criado pela Lei 9.601, de 21 de

janeiro de 1998 e regulamentada pelo Decreto 2.490, de 04 de fevereiro de 1998.

Existem alguns requisitos para que este Contrato seja por Prazo

Determinado. O artigo 443 da CLT além de estabelecer um conceito para esta

espécie de Contrato, também estabelece em que situações o Empregado por ser

contratado por Prazo Determinado:

Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. § 1.º Considera-se como prazo determinado o contrato de trabalho cuja a vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. § 2.º O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência.

No caso de descumprimento deste artigo:

Se for fixado prazo certo fora dessas situações, haverá nulidade da cláusula, e o contrato vigorará por prazo indeterminado. O mesmo ocorrerá se o contrato por prazo determinado contiver cláusula assegurando direito recíproco de rescisão antes do termo fixado e se for exercido tal direito (art. 481)47.

O Contrato por Prazo Determinado pode ser prorrogado uma vez, mas desde

que na soma não ultrapasse dois anos:

É permitida a prorrogação somente por uma única vez. Não se admite porém, que ultrapasse o prazo global de dois anos, computada a prorrogação (art. 445). Excedido este limite ou prorrogado mais de uma vez, o contrato passa a vigorar sem

����������������������������������������47 FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo; FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito do Trabalho. p. 38.

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determinação de prazo. O mesmo ocorrerá se um contrato suceder a outro antes de seis meses, salvo se o fim do primeiro contrato dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certo eventos (art. 452)48.

Por esse tipo de contrato, o empregado deve desempenhar na empresa

serviço de natureza transitória, ou seja, o trabalho a ser realizado é de natureza

esporádica ou sazonal.

Exemplo de contrato por prazo determinado de atividades empresariais de

caráter transitório: Contratação de professor de inglês para dar curso de 18 meses

para empregados que irão prestar serviços nos Estados Unidos.

“É o contrato que já inicia com uma data prevista para terminar.Observa-se

que esta cláusula deve ser ajustada expressamente entre as partes, pois, no caso

de silêncio o contrato será considerado por prazo indeterminado”49.

Para a caracterização deste Contrato por Tempo Determinado:

O contrato por tempo determinado caracteriza-se sempre que as partes manifestam a vontade de não se ligarem indefinidamente e sabem, de antemão, que se desligarão automaticamente, desde que alcançado seu termo ou condição. Nem sempre é fácil precisar, na prática, se determinada relação é por prazo determinado ou indeterminado. Há contratos de trabalho por prazo determinado cujo termo é certo, e nenhuma dificuldade traz para a sua caracterização, e outros cujo termo é incerto, daí advindo as dificuldades de caracterizar, devendo ser observado, para tanto, a natureza do serviço a ser executado pelo empregado, entre outros indícios. Nesta última hipótese é apenas certo o evento, o acontecimento, mas não o dia em que se realiza. Ex.: pedreiro contratado para trabalhar em edifício de apartamento ou serviços compreendidos numa safra50.

Não existe garantia de emprego no Contrato de Trabalho por Prazo

Determinado; as partes entram num acordo e o Contrato termina quando o pacto se

extinguir. Se no curso desse contrato de trabalho o empregado for eleito dirigente

sindical ou membro da CIPA, ou a empregada ficar grávida, esses fatos, a princípio,

����������������������������������������48 FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo; FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito do Trabalho. p. 38. 49 SCHADNER, Rúbia Márcia. Legislação Trabalhista, Social e Previdenciária. p. 09. 50 MENDONÇA, Rita de Cássia Tenório. Espécies de Contrato de Trabalho. p. 01.

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não transformam tal contrato em prazo indeterminado51. Assunto este que será

estudado ao longo deste trabalho.

Assim:

No Direito do Trabalho, a regra é contratação por prazo indeterminado. O Contrato de Trabalho é um contrato de prestações sucessivas, de duração. Em razão do princípio da continuidade do Contrato de Trabalho, presume-se que este perdura no tempo. A exceção é a contratação por prazo determinado, de acordo com as determinações específicas contidas na lei52.

Acerca do assunto:

A indeterminação da duração contratual constitui-se, como visto, na regra geral incidente aos contratos empregatícios. Em harmonia a essa regra clássica, a ordem justrabalhista considera excetivos os pactos por prazo prefixado existentes na realidade sócio jurídica53.

“Para alguns o prazo é determinante de mera cláusula inserida num contrato,

enquanto para outros ele faz com que exista um contrato próprio, o por prazo

determinado”54.

Como todas as espécies de Contrato, também existem requisitos essenciais

para celebração do Contrato por Prazo Determinado:

-Não pode ser estipulado por período superior a 2 anos ou superior a 90 dias, em se tratando de contrato de experiência. -Quando estipulado por prazo inferior, permite-se uma única prorrogação, até atingir o limite máximo. -Havendo mais de uma prorrogação, o contrato passará a vigorar sem determinação de prazo. -Para a celebração de um novo contrato com o mesmo empregado, é necessário um intervalo de 6 meses. -Inexistência de cláusula de rescisão antecipada – art. 481 da CLT55.

O Contrato de Experiência é o Contrato por Prazo Determinado mais utilizado

no Brasil, pois a Empresa sente a necessidade de verificar se realmente o

����������������������������������������51 OLIVEIRA, Aristeu de. Manual de Contrato de Trabalho, p. 22. 26 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho, p. 105. 53 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, p. 523. 54 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. p. 655. 55 SCHADNER, Rúbia Márcia. Legislação Trabalhista, Social e Previdenciária. p.09.

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Empregado se encontra apto para desenvolver as funções que lhe cabem, sobre

este Contrato, segue:

É o mais comum dos contratos por prazo determinado. Sua finalidade é o de conhecimento recíproco, ou seja, durante o período experimental o empregador observará o desempenho funcional do empregado na execução das respectivas atribuições, disciplina, subordinação etc, e o empregado, por sua vez, verifica a adaptação, integração, relacionamento com superiores hierárquicos, condições de trabalho, etc56.

Neste item abordou-se as Espécies de Contrato Individual de Trabalho, bem

como suas distinções e finalidades. Passa-se à falar no próximo item sobre os

efeitos no Contrato Individual de Trabalho.

2.3 OS EFEITOS DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

Antes de iniciar a abordagem do assunto, será dado um breve relato de

Contrato por Prazo Indeterminado e Contrato por Prazo Determinado e seus

respectivos efeitos rescisórios.

Contrato por Prazo Indeterminado é o contrato comum. Neste caso, o contrato

flui normalmente, sem determinação de prazo. Na hipótese de rescisão, tanto o

empregado quanto o empregador que quiser rescindi-lo deverá dar aviso prévio. Já

o Contrato por Prazo Determinado é o que estabelece pré-determinação de prazo

para sua extinção, razão pela qual ao seu término, não há indenização e nem aviso

prévio.

Desta forma:

O contrato por tempo indeterminado tem efeitos próprios e específicos, se contrapostos aos contratos a termo. Esses efeitos jurídicos tendem, de maneira geral, a ser francamente mais favoráveis ao emprego, elevando o nível de pactuação da força de trabalho no mercado. Nos efeitos rescisórios, a indeterminação do tempo contratual importa em verbas rescisórias específicas, cujo conjunto é claramente mais favorável do que o elenco de verbas devidas em casos de ruptura de contrato a prazo. Citem-se o aviso

����������������������������������������56 SCHADNER, Rúbia Márcia. Legislação Trabalhista, Social e Previdenciária. p.10.

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prévio de 30 dias – que se projeta no pacto, ampliando correspondentemente o tempo de serviço (e parcelas rescisórias) para todos os fins (art. 487, § 1º, in fine da CLT; art. 7º, XXI, da CF/88); os 40% suplementares sobre o FGTS (Lei nº. 8.036/90); a indenização adicional da Lei nº. 7.238/84, se for o caso (Súmulas ns. 182, 242, 306 e 314, do TST); a indenização adicional devida em rupturas contratuais verificadas no período de vigência da antiga URV (de fevereiro a junho/94), instituída pela Medida Provisória 434/94 (art. 29) e suas edições posteriores, com conversão na Lei nº. 8.880/94 (art. 31). Aduze-se que todas essas parcelas rescisórias específicas dos contratos de duração indeterminada somam-se à ampla maioria das parcelas devidas em rescisão de contratos a termo (férias proporcionais, com 1/3; 13º salário proporcional; liberação de depósitos de FGTS), acrescidas, ainda, dos efeitos da projeção do aviso prévio57.

Em relação ao Aviso Prévio:

[...] em regra, é instituto inerente a contratos de duração indeterminada, seja para o Direito Civil e Comercial, seja para o Direito do Trabalho. Desse modo, de maneira geral, ele não comparece nos contratos a termo, uma vez que estes já têm sua extinção prefixada no tempo58.

Nos Contratos de Prazo Determinado, não cabe o Aviso Prévio, inclusive nos

de experiência, pois as partes ao pactuarem o Contrato já estipularam uma data

para término deste.

Havendo antecipação da ruptura contratual por qualquer das partes, nos

contratos a termo, incidirá a correspondente indenização, calculada na forma dos

artigos 479, 480 e 481 da CLT, conforme de quem seja a iniciativa de rompimento

antecipado. Tal indenização não tem qualquer vínculo com o instituto do pré-aviso.

Extingue-se o contrato por prazo determinado simplesmente com o fim do

prazo, sem que seja devido o aviso prévio. Mas, havendo despedida sem justa

causa antes do termo final, o empregador será obrigado a pagar ao empregado

indenização equivalente à metade da remuneração que seria devida até o final do

contrato. Caso o empregado queira se demitir, sem justa causa, antes do prazo, será

obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos porventura causados por essa

rescisão antecipada. Essa indenização não poderá exceder aquela que incumbiria

����������������������������������������57 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, p. 520. 58 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, p. 520.

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ao empregador, nas mesmas condições (metade da remuneração que seria devida

até o fim do contrato)59.

Complementando:

Só no caso de cláusula que estabelece o direito recíproco de rescisão antecipada, é que é devido o aviso prévio, uma vez que esta cláusula lhe retira o caráter de contrato por tempo determinado, quando do momento rescisório. Exceder o prazo de 90 (noventa) dias, do mesmo modo, transforma-o em contrato por tempo indeterminado60.

O Aviso Prévio, é portanto a maior característica dos Contratos por Prazo

Indeterminado. Mais do que isso, originariamente, a figura vinculava-se às situações

de resilição de contrato de trabalho por ato unilateral de qualquer uma das partes

(empregador ou empregado). Por isso não se aplicava à resolução contratual

culposa por infração do empregador61.

Assim conclui-se que mais importante característica que distingue o Contrato

Individual por Prazo Determinado e o por Prazo Indeterminado é o Aviso Prévio, em

que o primeiro por possuir data fixa para término e acordo entre as partes não possui

a necessidade de um pré aviso antes do término, não causando prejuízo a nenhuma

das partes. O verdadeiro sentido do Aviso Prévio é avisar as partes que o Contrato

será rescindindo, não trazendo prejuízo pra nenhuma das partes.

Depois de verificar as principais características do Contrato Individual de

Trabalho, será estudado o Acidente de Trabalho, conceito, formas, requisitos, tudo o

que a doutrina apresenta de informações acerca desta espécie de acidente.

����������������������������������������59 MENDONÇA, Rita de Cássia Tenório. Espécies de Contrato de Trabalho. p.01. 60 MENDONÇA, Rita de Cássia Tenório. Espécies de Contrato de Trabalho. p.01. 61 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, p. 1173.

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33

3 O ACIDENTE DE TRABALHO

O acidente ocupacional deve ser vislumbrado a partir de um ponto de vista

amplo e realista, a saber: “a idéia de acidente forçosamente nos conduz à idéia de

algo ligado a desgraça, desastre, fatalidade, um acontecimento fortuito e anormal,

que destrói, desorganiza ou deteriora, produzindo conseqüências de ordem

material”62

Ao cuidar do conceito de acidente de trabalho, o autor vincula o “infortúnio

laboral à idéia do trabalho ligado ao homem como meio e maneira indispensáveis à

vida em sociedade”63.

“O labor tem conteúdo moral relevante, na medida que se insere no contexto

das relações existentes entre o empregador e o empregado, segundo o dever de

lealdade, cooperação e amparo”64.

É lícito que do exposto não se abstrai nenhuma exceção às diversas

modalidades de acidentes ocupacionais segundo verba legis, denominados

“equiparantes” e previstos na Lei 8.213/91, artigo 20, incisos I e II, e artigo 21,

incisos I a IV, de sorte que contempla tanto os acidentes ocupacionais traumáticos

imediatos, assim como os mediatos, considerados doenças ocupacionais, além do

acidente in itinere”.

É partindo desse entendimento que será elaborado o conteúdo deste capítulo.�

3.1 O CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO

Afora a conceituação legal, preventiva é a iniciativa de preliminarmente

mensurar o entendimento conceitual doutrinário do instituto do acidente do trabalho.

O acidente de trabalho é aquele que ocorre durante a prestação de serviços ou no

percurso de ida ou de volta para o trabalho, o que usualmente denomina-se de

����������������������������������������62 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 69. 63 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 69. 64 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 71.

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acidente de trajeto (in itinere), ou ainda a doença profissional, causada pelo

ambiente de trabalho e que também está equiparada a acidente do trabalho65.

“O acidente tipo, ou acidente modelo se define como um ataque inesperado

ao corpo humano ocorrido durante o trabalho, decorrente de uma ação traumática

violenta, subitânea, concentrada e de conseqüências identificadas66”.

Para Salem et Salem67: “o acidente tipo é provocado pela causalidade direta,

ou seja, quando entre o infortúnio e o trabalho existe uma relação precisa e

inafastável de causa e efeito: acidente traumático”.

Complementa o autor: “portanto, é infortúnio modelo que versa um

acontecimento brusco, repentino, inesperado, externo e traumático, ocorrido durante

o trabalho ou em razão dele, que agride a integridade física ou psíquica do

trabalhador”68.

A partir da conceituação legal, o acidente de trabalho está delimitado pela Lei

8.213/91 em seu artigo 19, in verbis, no entanto os artigos 20 e 21 da mesma Lei

aponta as hipóteses equiparadas:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Ainda no caput do artigo supra citado, verifica-se a referência ao inciso VII da

Lei, donde se extrai que a caracterização de acidente de trabalho e toda a sua

extensividade protecionista laborativa, aplica-se também a categorias profissionais

diferenciadas, in verbis:

VII – como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro e os arrendatários rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 14 (quatorze) anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo.

����������������������������������������65 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 31. 66 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 71. 67 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 78. 68 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 78.

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(O garimpeiro está excluído por força da Lei nº 8.398, de 7.1.92, quew alterou a redação do inciso VII do artigo 12 da Lei nº 8.212 de 24.7.91).

O artigo inicial define o acidente propriamente dito, e que tenha ocorrido no

momento da execução do trabalho pelo empregado: “Este tipo de acidente pode ser

ocasionado por máquinas em funcionamento, por queda do empregado no local de

trabalho, entre outras condições que possam causar o acidente de trabalho”69.

“O acidente tipo, ou ainda acidente típico, difere da doença profissional ou do

trabalho, vez que se caracteriza pelo quesito temporal, podendo ser estabelecida a

cronologia entre lesões sucessivas”70.

Atende-se, no entanto, que “o conceito legal do acidente de trabalho exclui o

dolo ou a autolesão dolosa, incompatíveis com a imprevisibilidade do acidente do

trabalho71”.�

3.2 OS DESTINATÁRIOS DA PROTEÇÃO INFORTUNÍSTICA

O artigo 19 da Lei 8.213/91, ao conceituar o acidente de trabalho, prescreve

quem são os beneficiários originários da proteção infortunística.

O Decreto nº. 3.048/99, em seu artigo 104, explicita que o segurado

empregado, exceto o doméstico, ao trabalhador avulso, ao segurado especial e ao

médico residente, são devidos os benefícios acidentários.

Em interpretação ao conceito inicial de “empregado” a partir da Norma

Regulamentadora 01, verifica-se sua ratificação pelo art. 11 da Lei 8.213/91.

A legislação acidentária é aplicável: “a todos os empregados, sem distinções

quanto à espécies de emprego e à consideração do trabalho [...], sendo condição

essencial a existência de um contrato de trabalho72”.

Consoante aos preceitos normativos, os autores supra citados, salientam que

secundum jus: “o dever imposto ao empregador insere-se no conteúdo do contrato ����������������������������������������69 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 31. 70 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 74. 71 SOUZA, Lílian Castro de. Direito previdenciário. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.138. 72 GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Élson. Curso de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 287.

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de trabalho como objeto de cláusula necessária, insuscetível de recusa ou de

alteração por parte dos contratantes73”.

Pela dicção do artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho: “o empregado

é toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual ao empregador,

sob a dependência deste e mediante salário”.

O mesmo é também verificado no artigo 9º do Decreto nº. 3.048/99.

Ratificando os termos legais e imprimindo maior didática, Delgado74 considera

que os elementos caracterizadores da condição de empregado são: “trabalho não-

eventual, prestado intuito personae, por pessoa física, em situação de subordinação,

com onerosidade”.

Conforme leciona Costa75: “se impõe como requisito a condição de

empregado (urbano ou rural) àquele que irá cobrir-se com os benefícios da

prestação continuada da proteção infortunística”.

O autor adverte que ainda o trabalhador não tenha contrato escrito, ou

ausência da anotação de emprego em sua Carteira de Trabalho e Previdência

Social: “tal fato não será motivo suficiente para impedir a cobertura securitária do

instituto, já que essa anotação ou o contrato pode ser suprido através dos meios de

provas disponíveis em direito76”.

Consoante ao que o autor afirma, vê-se previsto no artigo 19 do Decreto nº.

3.048/99, em que a Previdência Social não impõe como requisito essencial a

anotação em Carteira de Trabalho e Previdência Social como prova única e

inafastável, sendo que pode ser exigido pelo Instituto Nacional do Seguro Social a

apresentação dos documentos que serviram à anotação.

Portanto, a inscrição do segurado empregado, no Registro Geral da

Previdência Social decorre pura e simplesmente da comprovação que faça o

trabalhador de sua condição de empregado, seja pelas anotações da carteira

profissional ou através dos meios probatórios disponíveis na legislação processual

pertinente77.

A Constituição da República Federativa do Brasil/88, artigo 7º, inciso XXXIII,

restringe o labor a menor de 14 anos, exceto na condição de aprendiz; a

����������������������������������������73 GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Élson. Curso de Direito do Trabalho. p. 287. 74 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. p. 290. 75 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 78. 76 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 78. 77 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 85.

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Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 388, estabelece que o Ministério do

Trabalho poderá estabelecer restrições ao trabalho da mulher em serviços

considerados insalubres ou perigosos. Ainda em relação ao trabalho da mulher, a

Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 390, proíbe que a mulher labore em

serviços sugestivos de esforço físico ou emprego de força muscular superior a 20 kg

para atividades continuadas, ou 25 kg para trabalho ocasional, desde que não

enseja a operação por meios de tração de veículos de transporte.

Mesmo diante das condições especiais, entendidas como tais: “a questão da

menoridade e da mulher, uma vez ocorrido o infortúnio laboral, ambos gozam do

amparo legal infortunístico78”.

A seguridade social tem universalidade de cobertura, conforme preconiza o

artigo 194, parágrafo único, inciso I, de sorte que tanto o trabalhador menor quanto a

mulher (observadas as especificidades laborativas supra mencionadas) gozam da

proteção legal.

Em igualdade de direitos, verifica-se o que prevê o artigo 9º do Decreto nº.

3.048/99, in verbis:

Artigo 9º São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I – como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural na empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, por prazo não superior a três meses, prorrogável, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço de outras empresas, na forma da legislação própria; c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado no exterior, em sucursal ou agência de empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e administração no País; d) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante pertencente a empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no País e cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidade de direito público interno; e) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições,

����������������������������������������78 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 86.

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excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do País da respectiva missão diplomática ou repartição consular; f) o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salva se amparado por regime próprio de previdência social; g) o brasileiro que presta serviços à União no exterior, em repartições governamentais brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de que trata a Lei nº. 8.745, de 9 de dezembro de 1993, este desde que, em razão de proibição legal, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local; h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei nº. 6.494, de 7 de dezembro de 1977; i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por regime próprio de previdência social; l) o servidor contrato pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal; m) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante de emprego público; n) o servidor civil ocupante de cargo efetivo ou militar da União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, amparados por regime próprio de previdência social, quando requisitados para outro órgão ou entidade cujo regime previdenciário não permita filiação nessa condição, relativamente à remuneração recebida do órgão requisitante; (Revogado pelo Decreto nº. 3.265, de 1999) o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular ou serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994.

As disposições legais relacionadas aos Acidentes de Trabalho destinam-se à

proteção dos acidentados. Mas, ao lado as incapacidades laborativas em vida,

classificadas como temporárias, parciais e permanentes ou de invalidez, há que se

mencionar o benefício em face da morte do trabalhador.

A morte do trabalhador, normalmente o esteio da família, gera conseqüências

de cunho financeiro muito sérias, “daí que o amparo aos dependentes se afigura

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como meio indispensável a sobrevivência digna das pessoas que dependiam do

trabalhador79”.

Consistência doutrinária ocorre também quando as pessoas que são

chamadas, pela ordem sucessória, a recolher os benefícios instituídos pela Lei em

face da morte acidentária, quais sejam, “o cônjuge, a companheira, o companheiro,

e o filho de qualquer condição, menor de idade de 21 anos ou inválido”80.

Em exegese ao artigo 16 da Lei 8.213/91, inciso III, depreende-se que o irmão

não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido,

goza da prerrogativa, não sendo, portanto, atingido pela alteração introduzida pelo

no Código Civil, conforme verificado em jurisprudência regional:

ESTADO DE SANTA CATARINA, Tribunal Regional do Trabalho. Ementa: PENSÃO TEMPORÁRIA. Faz jus o filho menor a habilitar-se como beneficiário temporário de pensão instituída por ex-servidor falecido, até a idade em que completar vinte e um anos (sem grifo no original) ou enquanto durar a invalidez, se inválido, nos termos do art. 217, II, “a”, da Lei nº. 8.112/90. (Processo: Nº: 00372-2005-000-12-00. Relator Juiz Gilmar Cavalheri. Acórdão 71/2006 – Publicado no DJ/SC em 13-01-2006, página: 161. Disponível em: www.trt12.gov.br. Acesso em 30/03/2008).

3.2.1 A Proteção Infortunística

A proteção extensiva é conferida aos chamados trabalhadores avulsos e aos

segurados especiais, por força da interpretação do artigo 11, incisos VI e VII da Lei

8.213/91, que confere as categorias profissionais a consagração do benefício

acidentário, in verbis:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: [...]; VI – como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento; VII – como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de

����������������������������������������79 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 87-88. 80 GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Élson. Curso de Direito do Trabalho. p. 286.

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terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiro e filhos maiores de 14 (quatorze) anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo.

Delgado81 compreende que o que diferencia com substancialidade o

trabalhador avulso de outra categoria: “é o locus de trabalho e a sua vinculação com

uma entidade portuária”. A entidade a que se refere o autor denomina-se,

hodiernamente, gestor de mão-de-obra e o locus de trabalho são os portos.

No entendimento de Costa82, trabalhador avulso: “é aquele que não mantém

vínculo empregatício, mas trabalha para várias empresas urbanas ou rurais,

sindicalizado ou não, com a intermediação obrigatória do gestor de mão-de-obra”,

nos termos da Lei 8.630/93 ou do sindicato da categoria.

Prefaciando, Delgado83 cuida do conceito de trabalhador avulso discorrendo

que entende-se como trabalhador avulso, no âmbito do sistema geral de previdência

social: “todo trabalhador sem vínculo empregatício que, sindicalizado ou não, tenha

a concessão de direitos de natureza trabalhista executada por intermédio da

respectiva entidade de classe”.

O rol dessa categoria encontra-se expresso no artigo 9º, VI, letras “a” até “j”

do Decreto 3.048/99.

“Empregado e trabalhador avulso são duas categorias jurídicas distintas”,

conforme leciona Nascimento84. A autor define Trabalhador Avulso, como “todo

trabalhador sem vínculo empregatício que, sindicalizado ou não, tenha a concessão

de direitos de natureza trabalhista executada por intermédio da respectiva entidade

de classe”.

As características elementares que definem o trabalhador avulso são: a) a

intermediação do sindicato do trabalhador na colocação da mão-de-obra; b) a curta

duração dos serviços prestados a um beneficiado; c) a remuneração paga

basicamente em forma de rateio procedido pelo sindicato85.

A Constituição da República Federativa do Brasil/88 prevê em seu artigo 7º,

inciso XXXIV, que “são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros

que visem a melhoria de sua condição social a igualdade de direitos entre o

����������������������������������������81 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. p. 340. 82 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 88. 83 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. p. 341. 84 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. p. 780. 85 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. p. 780.

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trabalhador com vínculo permanente e o trabalhador avulso”. Portanto, a igualdade

de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício e o trabalhador avulso é

incontroversa.

Cuida-se que o trabalhador avulso tem ocupação a título precário,

contrariamente ao empregado cujo labor é de cunho contínuo.

Ao segurado especial também é extensivo o benefício do acidente do trabalho

por força da Lei 8.213, artigo 11, inciso VII. O atual Regulamento da Previdência

Social, decreto 3.048/99, também prevê essa espécie de beneficiário, nos artigos 9º,

inciso VII e 104.

O comando constitucional para o amparo do segurado especial encontra-se,

por igual, na Constituição da República Federativa do Brasil/88, artigo 195, § 8º.

Caso atípico de proteção infortunística é o que ocorre com o médico

residente. Tal categoria se acha equiparada ao trabalhador autônomo, não tendo,

ademais subordinação empregatícia nos moldes definidos na Constituição das Leis

do Trabalho.

“O atual regulamento Previdenciário Social concedeu benefício acidentário à

categoria, por força do artigo 104 do Decreto 3.048/99, o que figura como nítido

equívoco, diante da ausência da fonte de custeio86”.

Latu sensu, as relações relativas ao acidente do trabalho são devidas ao

empregado, ao trabalhador avulso, ao médico-residente (Lei nº. 8.138, de 28/12/90)

e ao segurado especial. Não são devidas as prestações relativas ao acidente do

trabalho:

Ao empregado doméstico, ao empresário: titular de firma individual urbana ou rural, diretor não empregado, membro de conselho de administração de sociedade anônima, sócios que não tenham, na empresa, a condição de empregado, ao autônomo e outros equiparados; e ao facultativo87.

Com a edição da Lei 8.213/91: “não se tem no Brasil uma legislação apenas

voltada para os acidentes do trabalho, mas sim uma miscelânea de normas em

����������������������������������������86 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 90. 87 MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. Manual de instruções para preenchimento da comunicação de acidente do trabalho – CAT. Disponível em: http://www.mpas.gov.br/pg_secundarias/paginas/perfil_Empregador. Acesso em: 30/03/2008.

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sentido estrito, em um só estatuto, sem a existência de um capítulo ou título

exclusivo para esta última”88.

Para este autor, o que tem conduzido os governantes ao desinteresse pela

edição de uma nova lei de acidentes do trabalho “é a vultuosa quantia arrecadada

com os percentuais incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou

creditada a qualquer título aos empregados e trabalhadores avulsos89”.�

3.2.2 Os Dependentes ou Beneficiários do Acidentado

Em inteligência ao artigo 16 da Lei 8.213/91, extrai-se que não existem regras

infortunísticas em relação aos dependentes, restando apenas o interessado busca-la

no regime previdenciário.

De sorte que o que se origina como benefício acidentário aos dependentes é

o resultado da norte por acidente de trabalho, por força do artigo 18, inciso II, “a” da

Lei 8.213/91. O fato gerador do benefício é verificado no momento em que ocorre a

morte do segurado.

Costa90 alerta, “o auxílio-acidente que um infortunado estivesse a receber,

caso ocorra o seu óbito, não soma à pensão por morte, fato que é inequívoco

prejuízo ao dependente”. �

3.2.3 Os Excluídos da Proteção Acidentária

Ratificando o que prevê a lei, a empregada doméstica, que é conceituada

como aquela que presta serviço de natureza contínua a outra pessoa ou família, no

âmbito residencial destas e sem finalidade lucrativa e, por esta característica e pelo

fato de seu empregador esta isento de efetuar recolhimento compulsório ao seguro

de acidente do trabalho, “não foi incluída no rol dos segurados obrigatoriamente por

����������������������������������������88 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 90. 89 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 90. 90 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 92.

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acidente do trabalho, merecendo tão só o amparo previdenciário, no sentido estrito

em conformidade com o artigo 18, § 1º da Lei 8.213/91”91.

O autor enumera ainda outras duas categorias, a saber – o autônomo e o

trabalhador eventual:

Aquele que não ter vínculo empregatício com definido em lei, portanto não se enquadra na condição de empregado ou assemelhado, e não possuindo empregador não recolhe o Seguro de Acidente do Trabalho, e sem fonte de custeio não confere o respectivo benefício; este, como não recolhe o prêmio do Seguro de Acidente do Trabalho, não há amparo por falta de custeio92.

Para Costa93, “o princípio que rege a proteção infortunística é o da fonte de

custeio, constante do artigo 125 da Lei 8.213/91, em consonância, aliás, com o que

prevê o artigo 195, § 5º da Constituição da República”.

Em relação ao presidiário, que outrora tinha direito ao amparo infortunístico,

mesmo ele não efetuando o recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social, a

Lei nº. 9.032/91, art. 3º, suprimiu a revisão constante no artigo 18 da Lei 8.213/91,

indicando, portanto, que esse tipo de trabalhador não tem direito ao benefício

acidentário.�

3.3 A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DE TRABALHO

A considerar a legislação trabalhista e previdenciária vigente no ordenamento

jurídico pátrio, bem como a postura adotada pelos tribunais do trabalho de todo o

país, “a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho tornou-se mais que

simples notificação do infortúnio ao Instituto Nacional do Seguro Social, sendo

atualmente obrigação legal e social, com graves conseqüências ao empregador

omisso94”.

E surge que é dever do empregador, nos termos do artigo 21 da Lei 8.213/91:

����������������������������������������91 YU, Juang Yuh. Ação acidentária. São Paulo: Atlas, 1998. p. 17. 92 YU, Juang Yuh. Ação acidentária. p. 17. 93 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 93. 94 VILELA, Vianna Cláudia Sales. Manual prático das relações trabalhistas. p. 597.

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A emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho, até o 1º (primeiro) dia útil ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.

O Decreto nº. 3.048/99, em seu artigo 336, reproduz o que menciona o artigo

33 da Lei 8.213/91, estabelecendo que a empresa deverá comunicar o acidente do

trabalho à Previdência Social até o 1º dia útil ao da ocorrência, em caso de morte de

imediato, à autoridade competente “sob pena de multa variável entre o limite mínimo

e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas

reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social”.

A comunicação do acidente do trabalho poderá ser registrada em qualquer

agência de atendimento da Previdência Social em conformidade com o artigo 22 da

Lei 8.213/91.

Adverte-se que a ausência da comunicação do acidente do trabalho, não

exclui o direito ao benefício da estabilidade acidentária, conforme preconizado pelas

melhores jurisprudências:

a) Em face de acidente do trabalho típico:

SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Ementa: INDENIZAÇÃO EM FACE DA ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. AUSÊNCIA DE GOZO DO RESPECTIVO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. INOBSERVÂNCIA POR PARTE DO EMPREGADOR DO DEVER LEGAL DE COMUNICAR O ACIDENTE. DIREITO ASSEGURADO. É regra geral que o afastamento do serviço por período superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário constituem pressupostos para a aquisição do direito à estabilidade provisória prevista no art. 118 da Lei nº. 8.213/1991 (item II da Súmula nº. 378 do TST – ex-OJ nº. 230). No entanto, excepcionalmente, em caso de existência inconteste de acidente de trabalho e se tais exigências não foram atendidas por culpa exclusiva do empregador, que deixa de cumprir a obrigação legal de comunicar o acidente à Previdência Social (art. 22, caput, da Lei nº. 8.213/1991), há reconhecer o direito à estabilidade acidentária, à luz da regra expressa no art. 129 do Código Civil. Processo: Nº: 06727-2002-036-12-00-5. Acórdão 8499/2006 – Juíza Lília Leonor Abreu – Publicado no DJ/SC em 04-07-2006, página: 61. Disponível em: www.trt12.gov.br. Acesso em 06/04/2008.

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b) Em face de doença profissional:

SÃO PAULO. Ementa: ESTABILIDADE PROVISÓRIA – DOENÇA PROFISSIONAL COMPROVADA – NÃO EMISSÃO DA CAT – Restando comprovado o nexo causal entre o trabalho executado e a doença profissional diagnosticada – tendinite II/III -, e verificando-se que os afastamentos ocorridos superaram quinze dias anuais, sem que, no entanto, fosse emitida a competente CAT, deve a empresa suportar o ônus da indenização pecuniária, referente ao período estabilitário a que faria jus a autora, uma vez que o hipossuficiente não pode ser prejudicado por ato omisso do empregador. Acórdão: 40613/01 – 1ª T. Relator Juiz Luiz Antonio Lazarim. – Publicado no DO/SP em 01.10.2001 – p. 25. Disponível em: www.trt15.gov.br. Acesso em: 06/04/2008.

A comunicação do acidente do trabalho via formulário, deverá ser emitida em

seis vias, com a seguinte destinação: 1ª via – Instituto Nacional do Seguro Social; 2ª

via – Segurando ou Dependente; 3ª via – Sindicato dos Trabalhadores; 4ª via –

Empresa; 5ª via – Sistema Único de Saúde; 6ª via – Delegacia Regional do

Trabalho95.

O óbito decorrente de acidente ou doença profissional do trabalho, ocorrido

após a emissão da comunicação do acidente do trabalho inicial ou comunicação do

acidente do trabalho de reabertura, será comunicado ao Instituto Nacional do Seguro

social por comunicação do acidente do trabalho de óbito, constando a data do óbito

e os dados relativos ao acidente inicial.

A Lei nº. 8.213/91 determina no seu artigo 22 que: “todo acidente do trabalho

ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao Instituto Nacional do

Seguro Social, sob pena de multa em caso de omissão”.

Cabe ressaltar a importância da comunicação, principalmente o completo e

exato preenchimento do formulário, tendo em vista as informações nele contidas,

não apenas do ponto de vista previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas

também trabalhista e social.

Deverão ser comunicadas ao Instituto Nacional do Seguro Social as seguintes

ocorrências96:

����������������������������������������95 MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Disponível em: MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. Manual de instruções para preenchimento da comunicação de acidente do trabalho – CAT. 96 MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Disponível em: MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. Manual de instruções para preenchimento da comunicação de acidente do trabalho – CAT.

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a) acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional ou do trabalho -, comunicação do acidente do trabalho; b) reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já comunicado anteriormente ao Instituo nacional do Seguro Social -, comunicação do acidente do trabalho reabertura; c) Falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, ocorrido após a emissão da comunicação do acidente do trabalho inicial -, comunicação do acidente do trabalho de óbito.

Salutar é o que preconiza o artigo 22 da Lei 8.213/91, § 2º, ao comandar que

na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la, “o próprio

acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o

assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo

previsto neste artigo”.

É lícito afirmar que o fato da comunicação ter sido feita de forma excepcional

e atípica, “não exime a empresa da responsabilidade pela falta da comunicação do

acidente do trabalho”, por força do § 3º do artigo 22 da Lei 8.213/91.

3.3.1 O Período de Carência

O período de carência tem tratamento sui generis do artigo 26 da Lei supra

citada, pois não é aplicável no caso de concessão das seguintes prestações:

I – pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente (sem grifo no original) -, (Redação dada pela Lei nº. 9.876, de 26.11.99); II – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho (sem grifo no original), bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; III – os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei; [...].

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Para Martins97: “a partir do momento em que o trabalhador passa a ter a

condição de segurado, já tem direito às prestações decorrentes do acidente do

trabalho”. Encerra dizendo, “pode ocorrer que o empregado venha a se acidentar no

primeiro dia de trabalho, sem nunca ter contribuído com a Previdência Social, por ser

o seu primeiro emprego, tendo direito ás prestações por acidente do trabalho,

observados os requisitos da lei”.

É oportuno ratificar que compete à Previdência Social, a responsabilidade

objetiva de indenizar o trabalhador vítima de acidente do trabalho. “À Previdência

Social, independentemente, da culpa do empregador cabe dar cobertura aos danos

resultantes de acidente do trabalho, visto que se trata de um direito social do

trabalhador, assegurado constitucionalmente98”.

3.3.2 O Dia do Acidente �

Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do

trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade

habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o

diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro, conforme preconiza o

artigo 23 da Lei 8.213/91.

Com relação à data do acidente pra fazer constar na comunicação do

acidente do trabalho, Yu99 comenta que: “é de suma importância por que é um dos

elementos essenciais para a apuração do quantum indenizatório acidentário; é a

data efetiva em que o empregado sofreu o evento lesivo”.

����������������������������������������97 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 418. 98�LIMA, Maria Marta Rodovalho Moreira de. Acidentes do trabalho: responsabilidades relativas ao meio

ambiente laboral. Teresina, 2004. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5815>. Acesso em: 09out. 2006.�99 YU, Juang Yuh. Ação acidentária. p. 17.

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3.3.3 A Decadência do Direito ao Benefício Acidentário

O artigo 103 da Lei 8.213/91, assim preceitua:

É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário pra a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo. (Redação dada pela Lei nº. 10.839, de 2004).

Passados dez anos, o ato de concessão do benefício não poderá ser revisto,

no entanto poderá ser reclamadas diferenças, observando o prazo de prescrição,

mas não a concessão do benefício100.

No que concerne à prescrição do direito de ação acidentária previdenciária, o

prazo para haver vencidas as prestações ou quaisquer restituições ou diferenças

devidas pela Previdência Social, finca em cinco anos, a contar da data em que

deveria ser paga”, conforme previsão no artigo 103, da Lei 8.213/91.

A leitura da referida data é realizada como segue: “a) do acidente, quando

resultar a morte ou a incapacidade temporária verificada esta em perícia médica a

cargo da Previdência Social; b) em que for reconhecida pela Previdência Social

incapacidade permanente ou agravamento das seqüelas do acidente101”.

A Súmula nº. 230 do Supremo Tribunal Federal, fixou que o “prazo da

prescrição da ação de acidente do trabalho, conta-se do exame pericial que

comprovar a enfermidade ou verificar a natureza da incapacidade”.

3.4 O ROL DE BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS

O regime especial do artigo 7º da Constituição da república Federativa do

Brasil/88, inciso XXVIII, “converteu o seguro contra acidente de trabalho em seguro

de responsabilidade civil: ao mesmo tempo em que torna obrigatório o seguro contra

����������������������������������������100 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 432. 101 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. p. 432.

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acidente de trabalho, transfere a responsabilidade civil do empregador para o

Instituo Nacional do Seguro Social102”.

Em contrapartida, determina que o fundo necessário à indenização dos

trabalhadores acidentados seja custeado pelos empregadores103. Conforme leciona

Vilela104, o seguro contra acidentes do trabalho a cargo do empregador, previsto no

inciso XXVIII do artigo 7º da Constituição Federal de 1988 “é contribuição

previdenciária efetuada pela empresa, por meio de guia de previdência social que

tem como objetivo o custeio da complementação doas prestações resultantes de

acidente do trabalho”.

Na atual legislação, “quem tem que provar que teve a saúde ou a integridade

física agravada em função da atividade laboral é o trabalhador, através da

incumbência de exigir a comunicação do acidente do trabalho para poder entrar com

o pedido de auxílio-doença acidentário105”.

Para o secretário-executivo do Instituto Nacional do Seguro Social, Carlos

Gabas: “toda vez que um empregado chegar ao Instituto Nacional do Seguro Social

com uma doença tida como comum em sua atividade, imediatamente terá seu

problema associado ao trabalho106”. Conclui dizendo:

Muitas empresas não notificam os danos que causam ao trabalhador, principalmente no que tange a doenças, que são de diagnósticos mais difícil, e com isso elas se eximem de responsabilidades, sendo que com a inversão do ônus da prova a realidade vai mudar.

Com relação ao fator acidentário previdenciário, o objetivo é rever os

percentuais das alíquotas do seguro de acidente do trabalho, no sentido de

beneficiar as empresas que investem na prevenção. Nos dias atuais, a empresa

recolhe o Seguro de Acidente do Trabalho através do grau de risco, independente

de evidenciar ações de prevenção.

Para o secretário-executivo do Instituto Nacional do Seguro Social, o novo

mecanismo de cobrança é mais justo, na medida que os trabalhadores terão a

����������������������������������������102 CAIRO JÚNIOR, José. O acidente de trabalho e a responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2005. 150 p. 103 CAIRO JÚNIOR, José. O acidente de trabalho e a responsabilidade objetiva do empregador. 2. ed. São Paulo: LTr, 2005. 150 p. 104 VILELA, Vianna Cláudia Sales. Manual prático das relações trabalhistas. p. 612. 105 VILELA, Vianna Cláudia Sales. Manual prático das relações trabalhistas. p. 612. 106 VILELA, Vianna Cláudia Sales. Manual prático das relações trabalhistas. p. 612.

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ambiência laboral melhorada, ao Estado que passará a agir mais pro ativamente em

relação aos acidentes e às doenças do mundo do trabalho107”.

Afora a reparação que o artigo 7º, inciso XXVIII da Constituição da República

Federativa do Brasil/88, a legislação infraconstitucional, por meio da lei 8.213/91,

conferiu uma espécie de patrocínio tarifário com fulcro na viabilização do prejuízo

patrimonial sofrido pelo empregado acidentado.

São quatro as modalidades de benefícios, assim estabelecidas: a) auxílio-

doença; b) auxílio-acidente; c) aposentadoria por invalidez; c) pensão por morte.

3.4.1 O Auxílio-Doença Acidentário

No entendimento de Costa108, o auxílio-doença acidentário nada mais é que:

o benefício pecuniário de prestação continuada, com o prazo indeterminado, sujeito a revisão periódica que se constitui no pagamento de renda mensal ao acidentado urbano ou rural, que sofreu acidente do trabalho ou doença das condições de trabalho.

Pode ser também: “o benefício mensal concedido pelo Instituto Nacional do

Seguro Social ao segurado que se encontrar incapacitado para o trabalho por mais

de 15 (quinze) dias” 109.

Para Carrion110: “é benefício devido ao segurado incapacitado para sua

atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos”.

Diferente do que prevê o artigo 59 da Lei 8.213/91, ao prescrever que “o

auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso,

o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou

para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos”, o artigo 29,

incisos I e II da mesma Lei, prevê que independe de carência a concessão das

seguintes prestações “in verbis”:

����������������������������������������107 Previdência traz novidade. Proteção, São Paulo, v. 1, n.178, p. 26, abr. 2008. 108 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 100. 109 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 91. 110 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. p. 84.

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I – pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente; (Redação dada pela Lei nº. 9.876, de 26.11.99); II – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa de doença profissional ou do trabalho (sem grifo no original), bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaboradas pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; [...].

No mesmo sentido o § 2º do artigo 71 do Decreto 3.048/99 “dispensa o

período de carência quando for acometido de acidente do trabalho o segurado

obrigatório e o facultativo”.

Realizada a análise literal dos dois últimos dispositivos legais, resulta o

entendimento que se a doença for de natureza comum, ou seja – não relacionada ao

trabalho, assim como não agravada por este, há que se falar no período de carência.

Por período de carência justifica-se apresentar a anotação de Nascimento111:

Os benefícios dependem, salvo exceções, de carências. Carência é o prazo

que o beneficiário deve cumprir para, só depois, adquirir o direito ao benefício.

Exemplifique-se com o auxílio-doença, que exige carência de 12 contribuições. Vale

dizer que, ficando doente antes de decorrido esse prazo de atividade de segurado,

com as respectivas contribuições, este não terá direito ao benefício porque estava

cumprindo carência, que é a fase de expectativa do direito.

O artigo 61 da Lei 8.213 aborda o auxílio-doença acidentário, preconizando

que “o auxílio-doença, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, consistirá

numa renda mensal correspondente a 91% (noventa e um por cento) do salário de

benefício, observado o disposto na Seção III, especialmente no artigo 33 desta Lei

[...]”; redação dada pela Lei 9.032/95.

Costa112 aborda com primor os prejuízos que o acidentado sofre ao ser

beneficiado pelo auxílio-doença acidentário, a saber: “o pecuniário, porque não

recebe o salário integral, o que provoca previsível desajuste em seu orçamento

familiar, e o psíquico, porque permanece, em muitos casos, durante vários anos sem

que sua capacidade laborativa obtenha a devida definição temporal”.

����������������������������������������111 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. p. 671-672. 112 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 104.

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Tal benefício do auxílio-doença acidentário “inicia-se a partir do 16º dia de

afastamento do empregado segurado (avulso e especial) e da data do início da

incapacidade, ou seja, do sai subseqüente ao infortúnio, ou o dia em que for feito o

diagnóstico, valendo para esse efeito o que ocorrer primeiro113”.

Imprescindível é a observação de Costa em relação às manobras executadas

pelo ente público segurador competente administrativamente em lidar com o auxílio-

doença acidentário, ao citar que “é do conhecimento geral que na esfera

administrativa o ente administrador concede altas médicas ao acidentado, com a

suspensão dos pagamentos do auxílio-doença, obrigando-o a novo pedido de

perícia114”.

Verifique-se o realce doutrinário:

A alta que ilegalmente a autarquia conceder ao acidentado pode ser objeto de medida judicial (tutela antecipada da lide – art. 273 do CPC, v.g), desde que o interessado disponha dos meios razoáveis de prova da conduta precipitada ou ilegal do INSS. Se for recepcionada a ação da tutela antecipada, o juiz da causa determinará que o segurado se submeta de imediato a uma perícia judicial, que dirá a respeito da exigência ou não de incapacidade total e temporária, para então decidir pelo deferimento ou não da tutela, concedendo ou não o retorno do interessado ao auxílio-doença acidentário. Deferida a tutela, deverão ser pagas as prestações continuada a partir da data em que o instituto cessou indevidamente o pagamento ao segurado115.

O regulamento da Previdência Social, em seu artigo 80, prevê que “o

segurado em gozo do auxílio-doença acidentário é considerado pelo seu

empregador como licenciado”.

Já no artigo 476 da Consolidação das Leis do Trabalho, tal circunstância é

tida como “suspensão do contrato de trabalho”.

Para Carrion116, ao mencionar o artigo 63 da Lei 8.213/91, que “após os

primeiros 15 dias, a interrupção se transforma em suspensão do contrato de trabalho

e o empregado é considerado pela empresa como licenciado”.

����������������������������������������113 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 101. 114 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 101. 115 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 102. 116 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. p. 338.

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Caso o afastamento seja superior a 6 meses, “e empresa não é onerada no

pagamento do 13º salário proporcional do período correspondente, no entanto a

Previdência Social concede o abono117”.

Quatro são as formas mencionadas por Costa118 para cessar o auxílio-doença

acidentário:

a) Alta médica em que o trabalhador é reintegrado às suas atividades habituais, eis que não apresenta seqüelas incapacitantes; b) conversão do auxílio-doença acidentário em aposentadoria por invalidez, uma vez que constatado que o infortúnio impede definitivamente o desempenho de qualquer atividade laborativa; c) conversão do auxílio-doença acidentário em aposentadoria por invalidez acidentário, um a vez constatado que o infortúnio laboral impede definitivamente o desempenho de qualquer atividade laborativa; d) pela morte do segurado, caso em que os dependentes passarão a receber a pensão por morte acidentária.

A Lei 8.213/91, em seu artigo 124, com redação dada pela Lei 9.032/95,

restringe a possibilidade de acumulação de benefícios, ao prever que “salvo no caso

de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes

benefícios da Previdência Social”.

Cita o autor “o caso do aposentado por tempo de serviço, que retorna ao

trabalho e venha sofrer acidente, seja ela de que natureza for, não teria direito ao

auxílio-doença acidentário a ao auxílio acidente, o que afronta qualquer princípio

lógico de proteção do trabalho e ressarcimento119”.

A jurisprudência Riograndense tem respondido nesse sentido:

RIO GRANDE DO SUL. Tribunal Regional do Trabalho. Ementa: NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DE DEFESA. O autor não foi cerceado em seu direito de defesa pelo juízo de origem, pelo fato de não haver sido colhida prova testemunhal, porquanto esta não se fazia necessária, não havendo falar em decretação da nulidade da sentença. DECISÃO “INFRA” PETITA. Diversamente do que afirma o autor, as questões referentes à ocorrência de acidente do trabalho, à não-emissão da CAT pela empresa, além da validade da despedida, foram devidamente enfrentadas na sentença, não se divisando qualquer julgamento “infra” petita. ACIDENTE DO TRABALHO. EMISSÃO DA CAT. INVALIDADE DA DESPEDIDA. REINTEGRAÇÃO. Na medida em que o autor era empregado aposentado, não poderia acumular o benefício da aposentadoria com

����������������������������������������117 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. p. 338. 118 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 104. 119 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 104.

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o auxílio-doença acidentário. Assim, a falta de emissão da CAT pela empresa não causou qualquer prejuízo ao demandante, diversamente do que afirma, porquanto não era hábil a perceber o auxílio-doença acidentário. Consequentemente, não faz jus o reclamante a estabilidade acidentária. Além do mais, o próprio autor admite que o INSS não reconheceu ter ocorrido acidente de trabalho. desta forma, impede refutar o seu pedido de reintegração ao emprego, com o deferimento dos salários e vantagens devidas desde o afastamento. (ACÓRDÃO do Processo 00369-2004-022-04-00-0 (RO). Juiz Relator: DIONÉIA AMARAL SILVEIRA. Publicado no DO/RGS em 19/07/2005. Disponível em: www.trt4.gov.br. Acesso em: 13/04/2008).

Na concepção de Costa120, “a restrição imposta à classe de aposentados é

odiosa, incompreensível, polêmica e discutível”.

Por fim, como requisito essencial ao gozo ao auxílio-doença acidentário, “faz-

se necessária a comunicação do acidente ao Instituto Nacional do Seguro Social e a

necessidade de tratamento por mais de 15 dias após o acidente121”.

3.4.2 O Auxílio-Acidente

Carrion122 se refere ao auxílio-acidente como sendo “o benefício devido ao

segurado que sofrer acidente que resultar seqüela definitiva; é mensal e vitalício,

mas tem natureza indenizatória (50% do salário de benefício)”.

O artigo 104 do Decreto 3.048/99, menciona que o auxílio-acidente será

concedido, como indenização, ao segurado empregado, exceto o doméstico, ao

trabalhador avulso e ao segurado especial quando, após a consolidação das lesões

decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela definitiva [...] que

implique na:

I – redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam; (Redação dada pelo Decreto nº. 4.729, de 2003). II – redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam e exija maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exerciam à época do acidente; ou III – impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do acidente, porém permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação

����������������������������������������120 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 105. 121 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 94. 122 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. p. 84.

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profissional, nos casos indicados pela perícia médica do Instituo Nacional do Seguro Social.

“A expressão ‘acidente de qualquer natureza’, pode sugerir que o acidente

não seja apenas do trabalho, mas de ‘qualquer natureza’, quanto mais que o artigo

86 fala em ‘segurado’ e não ‘empregado’” 123.

Nesse mesmo sento o artigo 78 do Decreto 3.048/99, prevê que “o auxílio-

doença cessa pela recuperação da capacidade para o trabalho, pela transformação

em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer natureza, neste caso

se resultar seqüela que implique redução da capacidade para o trabalho que

habitualmente exercia”.

Já o artigo 86, § 1º da Lei 8.213/91, estabelece que: “o auxílio-acidente

mensal corresponderá a 50% (cinqüenta por cento) do salário de benefício e será

devido, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do

segurado”.

A condição para a percepção do auxílio-acidente: “é que tenha havido a

cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou

rendimento auferido pelo acidentado, vedada a sua acumulação com qualquer

aposentadoria”, conforme previsão no § 2º do aludido artigo.

No entanto, o § 3º prevê que: “o recebimento de salário ou concessão de

outro benefício não prejudicara a continuidade do recebimento do auxílio-acidente”.

Da interpretação do § 4º do mesmo artigo, verifica-se que a perda da audição

sói figura como direito a percepção do auxílio-acidente se “depois de verificado o

nexo da doença com o trabalho restar que a incapacidade de fato reduz ou limita a

capacidade para o trabalho que anteriormente exercia”.

“Modificações legislativas introduzidas no tocante ao texto primitivo da Lei

8.213/91, eliminando os §§ 4º e 5º, tornaram o auxílio-acidente de cunho

estritamente pessoal, intransferível aos dependentes124”.

Ressalta o autor que: “pelo fato do texto normativo que o comporta ser

prejudicial à disciplina do ressarcimento resultante de acidentes do trabalho, acaba

sendo, ademais, fonte de infindáveis discussões judiciárias125”.

����������������������������������������123 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 95. 124 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 110. 125 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 111.

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O § 2º do artigo 86 considera que “o auxílio acidente inicia a partir do dia

seguinte àquele em que cessou o auxílio-doença acidentário”.

Para Costa126:, “se a Previdência Social não concedeu auxílio-doença

acidentário, o marco inicial do benefício conta da data que ficar estabelecida na

decisão judicial, em ação acidentária proposta pelo interessado”.

Da mesma forma que no caso de auxílio-doença acidentário, “o empregado

em auxílio acidente, entre outros, faz jus ao recebimento do abono anual” em

conformidade com o que dispõe o artigo da Lei 8.213/91, in verbis:

Art. 40. É devido abono anual ao segurado e ao dependente da Previdência Social que, durante o ano, recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria, pensão por morte ou auxílio reclusão. Parágrafo único. O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a Gratificação de Natal dos trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro de cada ano.

Este abono anual para Costa127: “é uma importância anual, atrelada ao

benefício em curso e equivale a 1/12 avos por mês da prestação acidentária

concedida ao infortunado”.

Em relação ao diploma legal aplicável ao benefício, Costa ainda comenta que:

“a indenização será concedida após consolidação das lesões, e que boa parte da

doutrina entende que se aplica ao benefício o princípio do tempus regit actum, ou

seja, a lei do tempo em que eclodiu a doença profissional ou do trabalho128”.

Nesses termos, verifica-se que o instituto do auxílio-acidente é o meio e a

maneira que o legislador viu de atribuir ao segurado um benefício personalíssimo e

intransferível, pelo dano sofrido em razão de acidente, sem que a origem venha a

ser tão somente a ambiência laboral.

����������������������������������������126 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 48. 127 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 108. 128 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 113.

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3.4.3 A Aposentadoria por Invalidez Acidentária

O Instituo da Aposentadoria por Invalidez Acidentária: “é devida ao Instituto

Nacional do Seguro Social ao segurado que for considerado incapaz para o

trabalho129”.

Para Nascimento130, a aposentadoria por invalidez acidentária deve ser assim

entendida:

A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigia, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício da atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição.

Na concepção de Costa131, a Aposentadoria por Invalidez Acidentária: “é a

prestação continuada ao infortunado que, afastado da atividade laborativa, por

acidente do trabalho tipo ou moléstia do trabalho, torna-se totalmente incapaz e

insusceptível da reabilitação pra atividade que lhe garanta a subsistência”.

Embora o caput do artigo 42 use e expressão insuscetível de reabilitação, “a

aposentadoria por invalidez não se reveste de caráter definitivo, isso porque a

pessoa incapacitada para o trabalho hoje pode ser reabilitada amanhã132”.

É lícito mencionar que a aposentadoria por invalidez acidentária não põe

termo ao contrato de trabalho, apenas o suspende, conforme ratificado pela

jurisprudência:

SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho. Ementa: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. A aposentadoria por invalidez, por possuir natureza de provisoriedade, não extingue o contrato de trabalho, mas somente suspende os seus efeitos. Exegese do art. 475 da CLT. (Acórdão 13504/2006 – Juiz Relator: Marcus Pina Mugnaini – Publicado no DJ/SC em 11/10/2006, página: 83. Disponível em: www.trt12.gov.br. Acesso em: 21/10/2006).

����������������������������������������129 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 101. 130 NASCIMENTO, 2002, p. 674. 131 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 141. 132 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 101.

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58

Com relação à eventual perda do benefício pela retomada da capacidade

laborativa, existem duas situações possíveis podendo implicar na perda do

benefício, a saber: “o empregado recuperar totalmente sua capacidade laboral ou

recuperar parcialmente sua capacidade laboral” 133.

Nos termos do artigo 46 da Lei 8.213/91, “o aposentado por invalidez que

retornar voluntariamente terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a

partir da data do retorno”.

Verifique-se o que diz a Lei 8.213/91 preconiza caso o aposentado por

invalidez acidentária retornar sua capacidade laborativa:

Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, será observado o seguinte procedimento: I – quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará: a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela Previdência Social; [...].

Com relação à recuperação parcial, em absoluta conformidade com o artigo

47, Inciso II da Lei 8.213/91, assim lecionam:

Se o empregado-segurado aposentado por invalidez recuperar parcialmente sua capacidade laborativa, ou se a recuperação ocorrer após 5 (cinco) anos, ou, ainda, se for declarado apto para o trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida sem prejuízo da volta à atividade, não sempre integral, obedecendo a uma regressão gradativa, conforme dispõe as alíneas do mesmo artigo134.

Uma vez presente a incapacidade laborativa, o requisito essencial para a

concessão da aposentadoria por invalidez acidentária “dependerá da verificação da

condição da incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência

Social, podendo o segurado, a suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de

sua confiança135”.

����������������������������������������133 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 104. 134 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 105. 135 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. p. 674.

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59

No entanto, caso o Instituto Nacional do Seguro Social não reconheça que o

segurado apresenta incapacidade para o trabalho, e “se o segurado estiver ciente de

sua condição de incapacidade, há de recorrer à justiça e mover uma ação

previdenciária em relação ao Instituto Nacional do Seguro Social, para reclamar seu

direito ao benefício, provando judicialmente sua situação de incapacidade laboral136”.

Em relação ao valor do benefício, “a aposentadoria por invalidez decorrente

de acidente do trabalho dá ao segurado o direito de perceber o correspondente a

uma renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário de benefício137”.

No entanto, “se o segurado aposentado necessitar de assistência permanente

de outra pessoa, o salário de benefício será acrescido de 25% (vinte e cinco por

cento)”, conforme o artigo 45 da Lei 8.213/91.

“Assim como no auxílio-doença acidentário, a aposentadoria por invalidez

acidentária independe de carência”, conforme previsão do artigo 26 da Lei 8.213/91

e artigo 30, III do Decreto 3.048/99.

Costa138 menciona que se: “caso o empregado segurado receber o auxílio-

doença acidentário, antes da aposentadoria por invalidez, evidentemente deve a

aposentadoria contar como termo inicial o sai subseqüente ao encerramento

daquele benefício”.

Com efeito, “o Instituto nacional do Seguro Social torna obrigatória a

reabilitação profissional do acidentado, acometido por incapacidade parcial ou total

para o trabalho [...]”, por força do artigo 89 e 90 da Lei 8.213/91.

Com relação a falácia do serviço de reabilitação e readaptação profissional no

Brasil, é salutar evidenciar relevante constatação doutrinária139:

O serviço de reabilitação e readaptação profissional já mostrou, no Brasil, a

inteira desvalia, porquanto, quando funciona, o é de forma precária. Aí está, no

judiciário de todo o Brasil, grande número de infortunados pleiteando aposentadoria

por invalidez acidentária, quando o ente segurador concedeu apenas auxílio-

acidente, tendo fracassado a tentativa de retorno do trabalhador ao mercado de

trabalho pela ineficiência dos métodos de reabilitação profissional.

Verifica que o benefício retro ilustrado elenca a relação daqueles que “não

contemplam a possibilidade de cumulatividade de prestações previdenciárias”,

����������������������������������������136 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 102. 137 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 102. 138 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 144. 139 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 143.

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conforme preconiza o artigo 124 da Lei 8.213/91, o que “outrora era possível por

força da Lei 6.367/76, na qual se previa a possibilidade de aposentadoria por tempo

de serviço com aposentadoria por invalidez acidentária140”.

Adverte-se, porém:

A aposentadoria acidentária é cumulável com pensão por morte, pois se trata de benefício oriundos de causas diversas. O primeiro tem como fonte original o pagamento que o empregado fez ao Instituto no tocante ao prêmio de seguro sobre a folha de pagamento. O segundo é benefício dependente. Exemplifica-se com o caso da mulher que se aposenta acidentariamente e, algum tempo depois, vem a falecer o seu marido, deixando-lhe a pensão por morte. Observe-se, no caso, que a natureza de ambos os benefício é absolutamente distinta, o que pertine a cumulação141”.

Por fim, a Lei 9.528/78:, “destituiu o direito à possibilidade de cumulatividade

do benefício do auxílio-acidente com aposentadoria por invalidez acidentária, o que

tanto significa perda substancial da proteção infortunística, sem esquecer a flagrante

inconstitucionalidade142”.

Mais uma vez, constata-se a absoluta violação dos direitos sociais do

trabalhador impondo regras absolutamente contrárias aos princípios de direito.

3.4.4 A Pensão por Morte Acidentária

Refere-se ao: “benefício que se entrega ao conjunto de dependentes do

segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data do óbito ou da decisão

judicial, no caso de morte presumida143”.

Como morte presumida: “esta se relaciona à declaração judicial depois de

seis mese de ausência do segurado, concentrando-se, então, a pensão144”.

É benefício “devido aos dependentes do segurado que falecer aposentado ou

não. É devida a partir do óbito quando requerida até 30 (trinta) dias deste ou a partir

����������������������������������������140 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 148. 141 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 149. 142 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 149. 143 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. p. 676. 144 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. p. 676.

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do requerimento quando requerida após esse prazo, ou no caso de morte

presumida145”; neste último caso, conforme preconiza o artigo 74 da Lei 8.213/91.

Nas letras de Costa146, “é imperioso verificar e afirmar a relação da morte e o

acidente, doença profissional, acidente-tipo ou acidente de itinerário, gera direito de

pensão ao conjunto de dependentes do trabalhador que veio a falecer”.

A “ordem de preferência” está prescrita no artigo 16 da Lei 8.213/91. A

pensão por morte, conformidade com o artigo 76 da Lei 8.213/91, “corresponde a

100% (cem por cento) do valor de aposentadoria que o segurado recebia ao tempo

em que estava em atividade laborativa ou ainda aposentado por invalidez na data de

seu falecimento”, calculando conforme o artigo 33 da Lei 8.213/91.

O artigo 124, VI da Lei 8.213/91, veda a comunicabilidade “de mais de uma

pensão deixada por cônjuge, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa”.

“Entretanto, a pensão por morte é acumulável com a aposentadoria

acidentária, por inexistir vedação legal no artigo 124 da Lei 8.213/91147”.

A argumentação do autor se dá pelo fato de que “a primeira é por

dependência e a segunda em razão do seguro acidentário pago pelo

empregador148”.

Por equiparação, a pensão por morte é cumulativa com auxílio-acidente,

pelos mesmos argumentos.

Atente-se que a obrigação originária de prestação do benefício de pensão por

morte é da Previdência Social, no entanto “é regressiva à empresa nos casos de

negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicados

para a proteção individual e coletiva”, em conformidade com o artigo 120 da Lei

8.213/91.

Cite-se, ainda, a legislação relacionada: artigo 22, Inciso II, da Lei 8.213/91,

Constituição da República Federativa do Brasil/88, artigo 7º, Incisos XXII e XXVII e

artigo 195 da Constituição da República Federativa do Brasil/88 e Emendas

Constitucionais 42 e 45, artigo 114, Inciso II.

Porquanto suporta a obligatio naturalis de repor aos cofres públicos os valores

da reparação à família do empregado vitimado por acidente do trabalho, haja vista

que in caso é parte legítima passiva ad litem de regresso proposta pelo Instituto

����������������������������������������145 SALEM, Diná Aparecida Rossignolli; SALEM, Luciano Rossignolli. Acidentes do Trabalho. p. 107. 146 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 150. 147 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 153. 148 COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. p. 153.

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Nacional do Seguro Social, conforme visto em decisão do egrégio Tribunal Regional

Federal do estado do Amazonas, ut infra:

AMAZONAS. Tribunal Regional Federal. Ementa: PREVIDENCIÁRIO E CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÃO REGRESSIVA AJUIZADA PELO INSS CONTRA O EMPREGADOR. 1. É constitucional a previsão de ressarcimento do INSS a que se refere o artigo 120 da Lei 8.213/91. 2. O INSS é parte legítima para ajuizar ação contra o empregador que não observou as normas de segurança do trabalho, a fim de reaver as despesas decorrentes da concessão de benefício previdenciário aos filhos de empregado que se acidentou em serviço (art. 120 da Lei 8.213/91). Precedente desta Corte. 3. A empresa cujo empregado morreu em acidente de trabalho é parte legítima passiva em ação de regresso proposta pelo INSS. Precedente do STJ. 4. Como as provas juntadas aos autos comprovam que a Apelante agiu com culpa e nem ela mesma, em sua apelação, nega que tenha sido negligente, é de se entender que deva ressarcir o INSS pelo que a autarquia teve que pagar a título de pensão por morte aos filhos do empregado da empresa que se acidentou em serviço. 5. Nega-se provimento à apelação. Decisão: A Turma, por maioria, afastou a preliminar de incompetência deste Tribunal para julgamento da apelação, e, no mérito, por unanimidade, negou provimento à apelação Processo: AC 1999.38.00.021910-0/MG; APELAÇÃO CIVEL Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA ISABEL GALLOTTI RODRIGUES. Órgão Julgador: SEXTA TURMA. Publicação: 17/10/2005 DJ. P. 79. Data da Decisão: 29/07/2005. Disponível em: www.trt1.gov.br. Acesso em 16/04/2008.

A decisão do Tribunal regional Federal do Estado do Amazonas foi no sentido

de comandar a reposição aos cofres públicos dos valores gastos pelo Instituto

Nacional do Seguro Social em face de infortúnio laboral fatal, à ocorrência de evento

infortunístico em que o empregador concorreu com inconteste negligência.

O próximo capítulo abordar-se-á a Estabilidade Acidentária no Contrato

Individual de Trabalho, demonstrando de forma fica a Estabilidade do Empregado

em diversas situações do cotidiano.�

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4 A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA NO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

A Estabilidade Acidentária no Contrato Individual de Trabalho é alvo de

discussões nos Tribunais Pátrios, por ser um assunto muito complexo, ele abre

margens para diversas interpretações, e devido a legislação escassa, muitas vezes

a principal decisão fica a cargo dos Tribunais do Trabalho. No decorrer deste

capítulo, irá estudar-se a Estabilidade Acidentária, bem como as formas em que esta

pode ocorrer, pressupostos e prazo de duração.

Os Empregados passaram a ter maior proteção à sua saúde dentro da

Empresa com o advento da Lei 8.213/91. É que o artigo 118 da citada lei garante a

Estabilidade no emprego ao Trabalhador que sofrer Acidente de Trabalho, pelo

prazo de doze meses após o afastamento pela Previdência Social. Esta Estabilidade

se estende ainda aos casos de Acidente de trajeto e Doença Profissional ou do

trabalho. Embora essa lei já tenha completado mais de uma década de existência,

muito se discute sobre o alcance da Estabilidade mencionada149.

Para analisar a Estabilidade Acidentária no Contrato Individual de Trabalho,

faz-se necessário antes verificar o conceito de Estabilidade, e os tipos de

Estabilidades existentes na legislação brasileira, é o que será estudado, nos itens

que seguem, ao longo deste capítulo.�

4.1 O CONCEITO DE ESTABILIDADE E ALGUMAS ESPÉCIES DE

ESTABILIDADES ACIDENTÁRIAS

Analisar o conceito e as espécies de Estabilidade torna-se difícil por ser um

conteúdo muito complexo. O conceito de Estabilidade nos olhos dos doutrinadores é

basicamente o mesmo, apenas com algumas palavras diferentes, mas as espécies

de Estabilidade, acabam se tornando objeto de divergência entre um pesquisador e

outro.

����������������������������������������149 PEREIRA, Luiz Fernando. A estabilidade acidentária e o ônus probatório das partes. Teresina, 2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3883>. Acesso em: 08 abr. 2008.

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“A Estabilidade Jurídica ou Econômica corresponde a garantia que se dá ao

empregado de permanecer no emprego mesmo contra a vontade de seu

empregador, enquanto inexistir uma causa relevante expressa em lei que permita a

rescisão contratual”150.

Acrescenta Diniz:

A estabilidade é uma das garantias fundamentais conferidas ao trabalhador e representa um dos temas mais polêmicos, apresentando vários aspectos controvertidos. A estabilidade é oriunda do princípio trabalhista da continuidade da relação de emprego e do princípio da proteção, respaldando-se ainda no princípio da causalidade da dispensa, impossibilitando a dispensa arbitrária ou abusiva, devendo propiciar ao empregado a segurança adequada para o desempenho de seu papel profissional151.

E para Martins: “A estabilidade jurídica é mera espécie do gênero garantia de

emprego, significando a impossibilidade de dispensa do empregado, ressalvadas as

hipóteses expressamente previstas pelas fontes formais do direito”152.

Alguns doutrinadores acabam confundindo Estabilidade com Garantia de

Emprego, mas na verdade, elas não possuem o mesmo significado:

A estabilidade é a vantagem jurídica de caráter permanente deferida ao empregado em virtude de uma circunstância tipificada de caráter geral, de modo a assegurar a manutenção indefinida no tempo do vínculo empregatício, independentemente da vontade do empregador. (...) A garantia de emprego é a vantagem jurídica de caráter transitório deferido ao empregado em virtude de uma circunstância contratual ou pessoal obreira de caráter especial, de modo a assegurar a manutenção do vinculo empregatício por um lapso temporal definido, independentemente da vontade do empregador. Tais garantias têm sido chamadas, também, de estabilidades temporárias ou provisórias (expressões algo contraditórias, mas que se vem consagrando)”153.

Estabilidade e Garantia de Emprego são figuras que não se identificam

embora sejam muito próximas. Garantia de emprego é um instituto mais amplo que a

estabilidade. Compreende, além da estabilidade, outras medidas destinadas a fazer

����������������������������������������150 PEREIRA, Rodrigo Magalhães. A estabilidade do empregado portador do vírus de HIV. . 151 DINIZ, Dulce. Estabilidade e Garantia de Emprego. São Paulo, 2001. Disponível em: <http://www.fdc.br/Revista/..%5CArquivos%5CRevista%5C13/01.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2008. (grifo do autor) 152 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. p.356. 153 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. p.1241.

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com que o trabalhador obtenha o primeiro emprego e a manutenção do emprego

conseguido. Relaciona-se com a política de emprego154.

Desta forma, vê-se que a Estabilidade é um direito que o Trabalhador possui

de continuar no emprego, independente do desejo do Empregador.

Quanto as espécies de Estabilidade, fazendo um resumo das principais

doutrinas verifica-se a existência de 3 (três) tipos: definitiva, provisória e especial.

Conceituando cada uma destas espécies vê-se que: “a estabilidade definitiva,

é aquela que não possui lapso de tempo determinado para terminar, ou seja, é um

tipo de estabilidade vitalícia, inexistente no ordenamento jurídico brasileiro”155.

“A estabilidade provisória no emprego é, assim, um óbice transitório que se

opõe ao direito potestativo de dispensa de que em geral o empregador é portador,

justificado por uma situação especial em que se encontre determinado

empregado”156.

E a Estabilidade Especial é a garante o direito ao trabalhador vítima de

Acidente de Trabalho, e a que será estudada neste trabalho, por isso adotaremos

pra ela a nomenclatura de Estabilidade Acidentária, e que será estudada,

detalhadamente ao longo deste capítulo.

Esta é a Estabilidade que é regulamentada pelo artigo 118 da Lei 8.213/91,

que possui a seguinte redação:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

Este artigo garante ao Empregado vítima de Acidente de Trabalho, uma

Estabilidade de um ano, após cessar o auxílio-doença acidentário.

����������������������������������������154 COIMBRA, Rodrigo. Estabilidade e Garantia de Emprego. Teresina, 1999. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1197>. Acesso em: 14 abr. 2008. 155 PEREIRA, Rodrigo Magalhães. A estabilidade do empregado portador do vírus de HIV. 156 MARTINS, Nei Frederico Cano Martins. Estabilidade Provisória no Emprego. São Paulo, LTr, 1995. p. 55.

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4.1.1 A Estabilidade Adquirida no Curso do Aviso Prévio

Pode ocorrer, em alguns casos, situações em que o Empregado sofre

Acidente de Trabalho quando se encontra já em Aviso Prévio, prestes a sair da

Empresa. Neste item será estudado como ficará a Estabilidade Acidentária do

Empregado, se esta Estabilidade adquirida no Curso do Aviso Prévio, possui os

mesmos requisitos e pressupostos que a Estabilidade Acidentária no Contrato de

Trabalho.

O Empregado Estável não pode receber Aviso Prévio, pois ele possui a

Garantia do Emprego, mesmo que por um determinado tempo. E se caso o

Empregado acidentar-se no curso do Aviso Prévio, este será suspenso até o término

da Estabilidade do Empregado, vejamos: “Assim, quando a empresa demiti-lo sem

justa causa, deverá conceder-lhe o aviso prévio após o último dia de estabilidade,

para não suprimir 30 dias de tempo de serviço do empregado”157.

Calvet coloca:

Assim, se algum fato superveniente ocorre de forma a impedir o curso normal do aviso prévio, trabalhado ou indenizado, a única solução plausível é reconhecer tal efeito impeditivo, suspender temporariamente a contagem do curso do pré-aviso e, após cessado o fato, retomar-se pelo tempo que faltava o resto do aviso para, só então, ser possível a extinção do contrato158.

Essa afirmação ganha mais força quando verificada a redação do art. 478 da

CLT que garante que o Aviso Prévio integra tempo de serviço para todos os efeitos

legais.

Algumas opiniões divergem desta, pois por não possuir legislação específica,

este assunto ainda é objeto de dúvida no Direito do Trabalho:

Quando à ocorrência do fato gerador da Estabilidade no curso do aviso prévio, não é pacífico o entendimento no sentido de ser ou não devido o direito à garantia de emprego, face a inexistência de legislação específica a respeito. Todavia o entendimento

����������������������������������������157 COIMBRA, Rodrigo. Estabilidade e Garantia de Emprego. p. 37. 158 CALVET, Otavio Amaral. Estabilidade adquirida no curso do aviso prévio. p. 49. João Pessoa, 2006. Disponível em: <http://www.juristas.com.br/mod_revistas.asp?ic=211>. Acesso em: 15 abr. 2008.

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predominante é de que a estabilidade adquirida durante o prazo de aviso prévio não impossibilita a rescisão do contrato de trabalho respectivo eis que já sujeito a termo159.

Coimbra acrescenta: “O aviso prévio objetiva a procura de um novo emprego

e a estabilidade propicia tranqüilidade ao empregado no sentido de que pode contar

com o emprego atual, sendo, assim suas finalidades diversas e anatômicas”160.

Desta forma, caso ocorra algum fato superveniente, de forma a impedir o

curso normal do Aviso Prévio, seja este trabalhado ou indenizado, a única solução

plausível é reconhecer tal efeito impeditivo, suspender temporariamente a contagem

do curso do pré-aviso e, após cessado o fato, retomar-se pelo tempo que faltava o

resto do Aviso para, só então, ser possível a extinção do contrato, e desta forma que

a maior parte da jurisprudência vêm optando161.

Quando fala-se em Acidente de Trabalho durante o Aviso Prévio imagina-se

que esse aviso tenha sido trabalhado, mas não pode-se deixar de considerar que se

o Empregado numa visita ao Empregador, durante o Aviso Prévio Indenizado, sofrer

com algum acidente em suas dependências, poderá ensejar numa situação de

acidente do trabalho e as devidas conseqüências supracitadas162.

O intuito é preservar o Direito do trabalhador de possuir condições iguais e

dignas para concorrer no mercado de trabalho.

Verifica-se a complexibilidade da Estabilidade Acidentária no adquirida no

curso do Aviso Prévio, mesmo que esse Aviso Prévio seja indenizado, o Empregado

ainda corre o risco de acidentar-se, por isso, é necessário muita cautela com o

Empregado que esteja durante o Aviso Prévio, pois a Empresa corre um grande

risco de ter que ficar com um funcionário indesejado pelo período de mais 12 meses.�

����������������������������������������159 COIMBRA, Rodrigo. Estabilidade e Garantia de Emprego. p. 39. 160 COIMBRA, Rodrigo. Estabilidade e Garantia de Emprego. p. 40. 161 CALVET, Otavio Amaral. Estabilidade adquirida no curso do aviso prévio. p. 53. 162 ______. Estabilidade. Disponível em: <http://www.professortrabalhista.adv.br/Estabilidade6.html>. Acesso em: 18 abr. 2008.

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4.1.2 A Estabilidade Acidentária e a Norma Coletiva

Os Sindicatos em suas Convenções Coletivas sempre buscaram beneficiar os

Empregados da categoria correspondente, mas sem sobrepor a lei é claro, a

Estabilidade Acidentária sempre este presente nas Normas Coletivas, pois os

Sindicatos achavam justo que a Empresa desse esta Estabilidade ao Empregado

como forma de pagar por sua negligência.

Antes de existir a Lei que regulamentou a Estabilidade Acidentárias, as

Convenções Coletivas já estabeleciam um período de Estabilidade para os

funcionários que sofressem acidentes nas dependências da Empresa.

Hoje Estabilidade Acidentária não precisa ser regulamentada nas

Convenções Coletivas, pois está descrito na Lei 8.213/91, o que deve constar nas

Normas Coletivas são os limites e as exigências com relação ao Atestado Médico.

Esses limites e exigências variam de acordo com o Sindicato que faz a Norma.

A Constituição Federal em seu artigo 114, §1º define que os Sindicatos

podem estabelecer normas e condições, observando algumas disposições, de

acordo com a Justiça do Trabalho.

Assim, os Tribunais vêm decidindo de acordo com as Normas Coletivas dos

Sindicatos competentes, conforme a que segue:

DOENÇA PROFISSIONAL – ACIDENTE DE TRABALHO – PREVISÃO EM NORMA COLETIVA – AUSÊNCIA DOS REQUISITOS CONVENCIONAIS E LEGAIS DO ARTIGO 118 DA LEI Nº 8213/91 – INDENIZAÇÃO – Havendo cláusula coletiva que estabeleça condições tanto para o acidente de trabalho como doença profissional quanto ao atestado fornecido pelo órgão da Previdência Social, esta deverá ser atendida. Entretanto, ocorrendo acidente de trabalho ou doença profissional sem a notificação do Órgão Previdenciário por parte da empresa e conseqüente afastamento, não há falar em aplicação do artigo 118 da Lei nº 8213/91 nem tampouco de utilização do instrumento coletivo por não atendidos os requisitos necessários. No entanto, em havendo perícia judicial estabelecendo-se nexo causal entre a doença existente e o labor na reclamada sem que houvesse afastamento superior a 15 dias o qual, pelas circunstâncias do caso, deveria ter ocorrido, por omissão da reclamada, autorizada resta a outorga de indenização de 12 meses respectiva nos termos do artigo 159 do Código Civil c. c. artigos 1522 e 1523 do mesmo Codex. (TRT 15ª R. – RO 25.039/00-0 – Rel. Juiz Laurival Ribeiro da Silva Filho – DOESP 04.03.2002. Disponível em www.trt15.gov.br. Acesso em 05.03.2008).

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Então, sabe-se que os limites e exigências quanto ao atestado médico serão

impostos pelos Sindicatos em suas Convenções Coletivas, sendo que estas normas

impostas deverão ser cumpridas, pois os Tribunais decidem a favor do descrito em

Convenção Coletiva.

4.1.3 A Estabilidade Acidentária sem Emissão de Comunicação de Acidente de

Trabalho

A Emissão da CAT sempre foi assunto de grande discussão nos Tribunais do

Trabalho, muitas Empresas se omitem de emiti-la achando que desta forma irão

deixar de cumprir com a obrigação da Estabilidade Acidentária. O que será estudado

a seguir é que a falta da CAT não muda em nada o direito do trabalhador de usufruir

da sua Estabilidade Acidentária.

Para que o Empregado receba o benefício do Auxílio-doença Acidentário é

necessário que a Empresa apresente a CAT (Comunicação de Acidente do

Trabalho) ao Instituto Previdenciário. A princípio, esta emissão, é obrigação da

empresa (artigo 22 da lei 8.213/91), embora possam emiti-la o Sindicato da

categoria, o médico que assistir o empregado, autoridades locais ou mesmo o

próprio segurado e seus dependentes (parágrafo 2o). O que muitas vezes ocorre é

que algumas empresas, com o intuito de evitar a aquisição do direito à Estabilidade

Acidentária pelo Empregado, deixam de emitir a CAT, e este, por falta de

conhecimento, não utiliza a facultada mencionada. Evidente que diante do

desconhecimento do acidente/doença do trabalho, o Instituto Previdenciário acaba

por conceder o benefício do auxílio-doença comum, não preenchendo assim, o

empregado, os requisitos legais para a aquisição da estabilidade163.

O artigo citado possui a seguinte redação:

Art.22.A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o

����������������������������������������163 PEREIRA, Luiz Fernando. A estabilidade acidentária e o ônus probatório das partes. p. 51.

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limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. § 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo.

Seria impossível aceitar que o empregador tirasse vantagem da própria

torpeza, pois não cumprindo ele obrigação imposta pela lei, acabaria por prejudicar o

empregado em benefício próprio. Nessas situações, a Justiça do Trabalho tem

proferido decisões favoráveis aos empregados, garantindo o direito à Estabilidade

mesmo sem a percepção do Auxílio-doença Acidentário, estas decisões serão

demonstradas no item 4.2.2 deste capítulo164.

Como pode-se notar, a falta da CAT não é motivo para o Empregado perder a

sua Estabilidade, afinal, a CAT é responsabilidade da Empresa, caso a empresa não

faça a comunicação, um terceiro poderá fazê-la, mas os Tribunais Pátrios já vem

decidindo pela Estabilidade do Empregado mesmo sem a emissão da Comunicação

de Acidente de Trabalho.�

4.1.4 Os Pressupostos para a Aquisição da Estabilidade Acidentária

A Estabilidade Acidentária não é adquirida simplesmente quando sofre-se

Acidente de Trabalho. A legislação determina alguns pressupostos para que seja

concedida esta Estabilidade Acidentária, pressupostos estes que serão estudados

neste item.

São pressupostos para a concessão da Estabilidade: o afastamento superior

a 15 dias e a conseqüente percepção do Auxílio-doença Acidentário, salvo se

constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de

causalidade com a execução do contrato de emprego, ou seja, para em se tratando

de doença profissional ou do trabalho, não se pode aplicar, literalmente, o rigor da

����������������������������������������164 PEREIRA, Luiz Fernando. A estabilidade acidentária e o ônus probatório das partes. p. 52.

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previsão do art. 118 da lei 8.213/91, justamente em razão de suas peculiaridades,

quando comparadas com o acidente de trabalho típico165.

Pereira coloca:

Para aquisição da estabilidade a lei estabelece dois requisitos básicos: a existência de acidente do trabalho ou doença laboral, e a percepção do auxílio-doença acidentário. Este último não se confunde com o auxílio-doença comum, benefício previdenciário concedido nos casos de doença comum ou acidentes estranhos ao trabalho. Também independe da percepção do auxílio-acidente, que é devido no caso de acidentes com seqüelas permanentes que acarretem a diminuição da capacidade laborativa do segurado166.

Há entendimentos que dizem que nem sempre esses pressupostos são

válidos, como o que segue:

Embora possa parecer que a lei (art. 118 da Lei 8.213/91) estabeleça requisitos claros para aquisição da estabilidade, tal dispositivo precisa ser interpretado segundo os fins sociais por ele visados (artigo 5o da LICC, Decreto-lei 4657/42. Nesse sentido devemos lembrar que no Direito do Trabalho prevalece a interpretação mais favorável ao empregado, conforme rege o Princípio Protetor, viga mestra do Direito Laboral, plenamente aplicável ao caso em estudo). Não há dúvida que no caso da estabilidade acidentária o que se busca é proteger o empregado, vítima do próprio trabalho. Assim, deve-se adaptar a letra fria da norma e acomodá-la às situações reais da vida, pois somente assim atingiremos um sistema jurídico justo e que garanta efetiva proteção ao trabalhador167.

Não se faz necessária a existência de seqüelas, posteriormente ao acidente,

para a aquisição dessa estabilidade, eis que ela é assegurada independentemente

de percepção de auxílio-acidente . Esse último benefício é específico para o

surgimento de redução da capacidade laborativa (art. 86 da Lei 8.213/91), e o seu

gozo restou expressamente excluído como pressuposto para o direito à garantia de

emprego168.

Preenchendo os pressupostos determinados acima a Empregado fará jus a

Estabilidade Acidentária, cujo o período de duração será estudado no item a seguir.

����������������������������������������165 VIANA, Admilson. Brasil – Estabilidade Acidentária. São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=31246>. Acesso em: 15 abr. 2008. 166 PEREIRA, Luiz Fernando. A estabilidade acidentária e o ônus probatório das partes. p. 53. 167 PEREIRA, Luiz Fernando. A estabilidade acidentária e o ônus probatório das partes. p. 54. 168 VIANA, Admilson. Brasil – Estabilidade Acidentária. p. 38.

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4.1.5 A Duração da Estabilidade Acidentária

No decorrer deste trabalho monográfico, principalmente deste capítulo, já foi

citado que Estabilidade Acidentária tem duração de 12 meses após a cessação do

Auxílio-doença Acidentário.

Neste sentido, confirma Viana:

“O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente”169.

Não existe na legislação, na doutrina ou na jurisprudência brasileira

dispositivo que apresente período de Estabilidade Acidentária diferente de 12

meses, não hipótese de postergação, nem de prorrogação deste período.

4.2 A ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA NO CONTRATO À PRAZO DETERMINADO

Este item demonstrará a aplicabilidade da Estabilidade Acidentária no

Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado na legislação, na doutrina e

na jurisprudência, conforme segue.

4.2.1 Aspectos Jurídicos acerca da Estabilidade Acidentária no Contrato de Trabalho

por Prazo Determinado

A Estabilidade decorrente de Contrato de Trabalho por prazo Indeterminado

impede dispensa do Empregado, conforme demonstrado anteriormente. Entretanto,

no Contrato por prazo determinado, inclusive de experiência, que é o mais comum, o

desligamento será possível no último dia do contrato, sem ônus para a empresa,

����������������������������������������169 VIANA, Admilson. Brasil – Estabilidade Acidentária. p. 40.

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porque a hipótese não será de dispensa, mas de desligamento decorrente da

extinção normal do contrato, face à transitoriedade desta modalidade contratual.

Na verdade não existe legislação que abranja esta idéia, e as jurisprudências

ainda são bem confusas em relação a este assunto, alguns dizem que suspende o

contrato durante o período de Estabilidade, outros dizem que não existe Estabilidade

nessas situações podendo o contrato ser extinto no prazo determinado.

Duas correntes doutrinárias despontam a respeito deste tema, uma que

considera que a interrupção e a suspensão sustariam os efeitos contratuais, apenas

dentro do lapso temporal prefixado no contrato, sem terem o condão de prorrogarem

o termo final do contrato a prazo, ou seja, o contrato iria se extinguir normalmente,

na data fixada, mesmo que o trabalhador estivesse afastado do trabalho em virtude

de Auxílio-doença Acidentário. Já a segunda posição seria de que este Auxílio-

doença Acidentário suspenderia o contrato, prorrogando seu termo final até o

término da Estabilidade170.

O artigo 472, §2º da CLT, tenta amenizar o problema, mas acaba por não

resolver nada, deixando para o magistrado optar pela decisão: “nos contratos por

prazo determinado, o tempo de afastamento, se assim acordarem as partes

interessadas, não será computado na contagem do prazo para a respectiva

terminação”.

Com esta afirmação, pretendeu o legislador esclarecer que o tempo de

afastamento, nos contratos a termo por suspensão ou interrupção, será, como regra,

computado para contagem do prazo e como exceção, dependendo do acordo entre

as partes, não contado durante este período de afastamento. Caso não haja

qualquer tipo de pactuação sobre este assunto não há como se falar em não

contagem deste prazo durante o período de afastamento do Reclamante171.

A idéia de que se assim acordarem as partes interessadas de nada resolve a

dúvida entre suspender ou não o contrato por prazo determinado. Desta forma, as

jurisprudências dos Tribunais Pátrios, possuem diferentes decisões acerca do tema.

Na jurisprudência que segue, verifica-se que os magistrados determinaram o

término do contrato no prazo determinado, reforçando a idéia de quem é contratado

desta forma não tem direito a Estabilidade:

����������������������������������������170 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. p. 523. 171 FACHINI, Luis Eduardo. O contrato de trabalho e a estabilidade. Paraná, 2006. Disponível em: <http://www.advogadocuritiba.com.br/Direito-do-trabalho/contrato-de-trabalho-e-estabilidade.asp>. Acesso em: 18 abr. 2008.

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CONTRATO A TERMO. ACIDENTE DE TRABALHO. ALTA MÉDICA. DEMISSÃO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA INOCORRENTE. O empregado contratado por prazo certo não faz jus a qualquer estabilidade ou garantia de emprego no curso do pacto laboral, em razão da pré-determinação da data do término do contrato de trabalho. Assim, acidente de trabalho ocorrido no curso de contrato de safra suspende seus efeitos até a alta médica, contudo, não obsta o seu término no período aprazado, não prosperando a pretensão obreira à estabilidade provisória assegurada pelo art. 118, da Lei nº 8213/91. Recurso ordinário provido. (TRT 12º – Proc. n. 01316-2004-291-06-00-6 - 1ª Turma – Rel. Valdir José Silva de Carvalho. Disponível em: www.trt12.gov.br. Acesso em 25.04.2008).

Contrariando a idéia acima, o TST decide da seguinte forma:

AUXÍLIO-DOENÇA NO CURSO DE CONTRATO DE EXPERIÊNCIA - SUSPENSÃO - A percepção de auxílio-doença no curso de contrato de experiência, espécie de contrato por prazo determinado, acarreta sua suspensão, conforme previsto no art. 476 da CLT. Não ocorre, contudo, prorrogação. Assim, a data de extinção do contrato de trabalho dá-se no momento da expiração do benefício previdenciário. São devidos ao Reclamante somente saldo salarial, décimo terceiro proporcional, férias proporcionais e respectivo adicional e depósitos do FGTS, até o início da percepção do benefício previdenciário, Autorizada a compensação. Recurso conhecido e parcialmente provido. Invertido o ônus da sucumbência, com isenção do recolhimento das custas. (PROC. Nº TST-RR-14.326/2002-902-02-00.0 - Ministra-Relatora Maria Cristina Irigoyen Peduzzi. Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em 25.04.2008.).

Desta forma, torna-se impossível adotar uma posição em relação ao assunto,

aguardando-se as decisões proferidas pelo Tribunal Superior do Trabalho, para

decidir o que fazer quando ocorrer caso semelhante em uma Empresa.

4.2.2 A Estabilidade Acidentária na Jurisprudência

A seguir, analisar-se-á algumas jurisprudências encontradas sobre o tema

desta monografia, com o intuito de demonstrar como vêm sendo decido pelos

Tribunais sobre a Estabilidade Acidentária.

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Verifica-se no julgado abaixo do TRT da 8ª Região que a falta de CAT não é

impeditiva para a concessão da Estabilidade, ficando a empresa obrigada a readmitir

o funcionário lesado:

NO EMPREGO – ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA – MANUTENÇÃO DA SENTENÇA – Se a empresa reclamada deixa de fazer o exame demissional, não impugna a existência do acidente de trabalho e deixa de emitir a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), a que também estava obrigada, é óbvio que todos esses atos acabaram culminando na impossibilidade do autor de ver reconhecida, pela própria empresa, a estabilidade do art. 18 da Lei nº 8.213/91. Assim, correta a decisão que declarou nula a resilição contratual e determinou a reintegração do reclamante no emprego. (TRT 8ª R. – RO 4339/2001 – 3ª T. – Rel. p/o Ac. Juiz Marcus Augusto Losada Maia – J. 11.10.2001. Disponível em www.trt8.gov.br. Acesso em: 25.04.2008) (grifo nosso).

Desta mesma forma, neste Acórdão do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª

Região, os magistrados acordam com a idéia de que a falta da CAT não pode

prejudicar o Empregado, mas ao invés de obrigar a Empresa a readmiti-lo, o Tribunal

opta pela idéia da Empresa indenizar o Empregado pelo tempo de Estabilidade que

ele tem direito:

ESTABILIDADE PROVISÓRIA – DOENÇA PROFISSIONAL COMPROVADA – NÃO EMISSÃO DE CAT – Restando comprovado o nexo causal entre o trabalho executado e a doença profissional diagnosticada – tendinite II/III -, e verificando-se que os afastamentos ocorridos superaram quinze dias anuais, sem que, no entanto, fosse emitida a competente CAT, deve a empresa suportar o ônus da indenização pecuniária, referente ao período estabilitário a que faria jus a autora, uma vez que o hipossuficiente não pode ser prejudicado por ato omissivo do empregador. (TRT 15ª R. – Proc. 12238/00 – (40613/01) – 1ª T. – Rel. Juiz Luiz Antonio Lazarim – DOESP 01.10.2001 – p. 25. Disponível em www.trt15.gov.br. Acesso em: 25.04.2008) (grifo nosso)

E no caso da emissão da CAT não restam dúvidas quanto a obrigação da

Empresa e o direito do Empregado:

ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA – Comprovado o acidente de trabalho, mediante a emissão da CAT pela empresa e concessão do auxílio-doença por acidente de trabalho, tem o empregado direito a estabilidade acidentária e a todos os direitos trabalhistas deste período. (TRT 11ª R. – RO 0618/00 – (0156/2002) – Rel. Juiz José

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Dantas de Góes – J. 15.01.2002. Disponível em www.trt11.gov.br. Acesso em: 25.04.2008).

Sobre o Contrato por Prazo Determinado, já foram observados dois julgados

anteriormente, reforçando a idéia exposta acima verifica-se a contradição entre um

julgador e outro:

EMENTA - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. ACIDENTE DO TRABALHO. INTERRUPÇÃO. ESTABILIDADE DA LEI 8.213/91. Ocorrendo o acidente durante o período de experiência, o contrato a prazo se interrompe, contando-se o tempo do afastamento como de efetivo exercício, para todos os efeitos. Ultrapassado o marco temporal fixado para a experiência, transmuda-se o pacto a termo em contrato a prazo indeterminado, incidindo a garantia estabilitária durante um ano contado da alta médica (art. 118 da Lei 8.213/91), não podendo o empregador, no retorno da alta médica, considerar seu empregado ainda em experiência. Tanto nos primeiros quinze dias, por conta do empregador, como a partir do 16º dia de afastamento, com o empregado recebendo da Previdência Social o auxílio-acidentário, o contrato de trabalho considera-se interrompido, computando-se esse tempo como de serviço efetivo. Assim ocorre porque o efeito do afastamento acidentário sobre o contrato de trabalho é interruptivo e não suspensivo, ou seja, embora cessem as atividades laborativas, remanescem obrigações contratuais, tais como: a contagem de tempo de serviço para fins de indenização e estabilidade (artigo 4º, parágrafo único, CLT); cômputo de tempo para férias até o prazo de seis meses (artigos 131, III e 133, IV, CLT); recolhimento de FGTS (artigo 15, §5º, Lei nº 8.036/90) (DOE SP, PJ, TRT 2ª - RELATOR RICARDO ARTUR COSTA E TRIGUEIROS - REVISOR PAULO AUGUSTO CAMARA. Disponível em www.trt2.gov.br. Acesso em: 25.04.2008) ACIDENTE TRABALHO. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. EFEITOS. Embora a condição resolutiva do contrato a termo impeça o reconhecimento da garantia de emprego prevista no art. 118, da Lei nº 8.213/91, que objetiva a proteção da continuidade do vínculo de emprego, apenas nos contratos por prazo indeterminado, a suspensão contratual por motivo de acidente de trabalho ou doença profissional prorroga o vencimento do respectivo pacto empregatício ao termo final do benefício previdenciário (auxílio-doença), momento em que o contrato extingue-se automaticamente, sem perda do caráter determinado do prazo contratual. Quanto aos efeitos jurídicos dessa suspensão, o inciso III, do art. 28, do Decreto nº 99.684/90, que regulamenta as normas do FGTS, diz que é obrigatório o depósito enquanto perdurar o afastamento. Do mesmo modo os artigos 131, III e 133, IV, da Consolidação das Leis do Trabalho, diz que o período de afastamento, de até seis meses, integrará o período aquisitivo de férias do empregado. (PROC. Nº. TRT 15º - 00319 - 2004 - 020 - 06 - 00 - 9. Órgão Julgador : TERCEIRA TURMA, Juíza Relatora : VIRGÍNIA MALTA CANAVARRO. Disponível em www.trt15.gov.br. Acesso em: 25.04.2008).

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Mesmo assim, percebe-se a predominância quanto a impossibilidade de

Estabilidade no Contrato por Prazo Determinado, sendo que a maioria das

jurisprudências toma esta decisão e Tribunal Superior do Trabalho também tem esta

idéia como base para suas decisões:

ESTABILIDADE PROVISÓRIA. CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO DETERMINADO. ACIDENTE DE TRABALHO. ART 118 DA LEI 8213/91. Na modalidade de contrato por prazo determinado, as partes já conhecem, com antecipação, a data de seu término, não tendo a ocorrência de fatos supervenientes o condão de prorrogar o período de trabalho ajustado. Deste modo, não há como estender a estabilidade provisória prevista no art. 118 da Lei 8.213/91 àqueles que prestam serviço de natureza transitória. Recurso conhecido, mas desprovido. (TST – RR 72537 – 2002 – 900 – 04 – 00 – Terceira Turma. Rel. Ministra Maria Cristina I. Peduzzi – Data da Decisão: 10.12.2003. Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em: 11 mai. 2008).

RECURSO DE REVISTA. CONTRATO À TERMO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA ADVINDA DE ACIDENTE DE TRABALHO. INCOMPATIBILIDADE. Partindo do pressuposto de que o instituto da estabilidade acidentária objetiva a proteção da continuidade do vínculo de emprego, supondo, necessariamente, a vigência do contrato por tempo indeterminado, há concluir ser este incompatível nos contratos à termo, máxime porque o fato de o autor ter sofrido acidente de trabalho e ter entrado em gozo de benefício previdenciário não implica transmutação do contrato à termo em prazo indeterminado. Recurso conhecido e provido. (TST – RR 24434 – 2002 – 900 – 03 – 00 – Quinta Turma – Rel. Juiz Convocado André Luiz Moraes de Oliveira – Data da Decisão: 04.02.2004. Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em 11 mai. 2008).

Acentuando a importância dos requisitos para a caracterização da

Estabilidade Acidentária, e que a falta dele faz com que seja negado o benefício ao

trabalhador, observa-se os Acórdãos dos TRTs da 4ª, 9ª e 12ª Região:

ACIDENTE DO TRABALHO. REINTEGRAÇÃO NO EMPREGO. Dois requisitos devem ser preenchidos para que o empregado faça jus à estabilidade acidentária, quais sejam: a ocorrênciaz de acidente do trabalho e a percepção de benefício previdenciário daí decorrente. Os mesmos se constituem em condição "sine qua non" à garantia de emprego decorrente de acidente do trabalho, não estando eles preenchidos na espécie. Recurso desprovido. (TRT 4ª R. RO

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00249.511/98-3 - 3ª T. Relª. Juíza Vanda Krindges Marques - J. 22.11.2000. Disponível em www.trt4.gov.br. Acesso em: 11.05.2008).

ESTABILIDADE PROVISÓRIA – DOENÇA PROFISSIONAL – AUSÊNCIA DOS REQUISITOS – Não há como reconhecer o direito da obreira à estabilidade provisória prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91 se não ficou comprovado nos autos o recebimento durante a vigência do contrato de trabalho de auxílio-doença acidentário. (TRT 12ª R. – RO-V 5405/2001 – 1ª T. – (01019) – Redª p/o Ac. Juíza Licélia Ribeiro – J. 17.01.2002. Disponível em www.trt12.gov.br. Acesso em: 11.05.2008). DOENÇA PROFISSIONAL – EQUIPARAÇÃO A ACIDENTE DE TRABALHO – INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS PARA CONFIGURAÇÃO DA ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA – Infere-se da dicção do art. 118 da Lei 8.213/91, que são pressupostos para o deferimento da garantia de emprego, decorrente de acidente de trabalho, o afastamento do(a) empregado(a) das funções laborais por mais de quinze (15) dias e a percepção de auxílio-doença acidentário. O acidente de trabalho deve ser caracterizado de forma administrativa e técnica: a primeira através do setor de benefícios do INSS, que deverá estabelecer o nexo entre o trabalho/exercício e o acidente; a técnica através da perícia médica, que irá estabelecer o nexo de causa e efeito – acidente/lesão. Se a moldura fática dos autos aponta o afastamento do(a) empregado(a) em prazo inferior a quinze (15) dias, sem a necessidade de expedição do CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e sem os qualificativos legais do acidente de trabalho (administrativo e técnico), o(a) obreiro(a) não faz jus à estabilidade acidentária ou indenização substitutiva. Inteligência do artigo 59 c/c art. 118, ambos da Lei 8.213/91. Recurso do reclamante a que se nega provimento. (TRT 9ª R. – RO 03873-2001 – (01116-2002) – 1ª T. – Rel. Juiz Ubirajara Carlos Mendes – DJPR 25.01.2002. Disponível em www.trt1.gov.br. Acesso em: 11.05.2008).

Não esquecendo de demonstrar algumas decisões dos Tribunais a respeito

de Acidente de Trabalho no decorrer do Aviso Prévio:

ACIDENTE DO TRABALHO. Se à luz do direito posto e em consonância com a jurisprudência consagrada no Precedente Normativo n.º 135 da SDI do TST, o contrato de trabalho só se extingue pelo decurso do aviso prévio e os efeitos da dispensa "só se concretizam depois de expirado o benefício previdenciário", inquestionável se encontre preenchido o suporte fático do artigo 118 da Lei n.º 8.213/91, quando o acidente do trabalho propicia a suspensão do contrato de trabalho. Recurso provido em parte. (TRT 4ª R. RO 00443.373/98-1 - 3ª T. Relª. Juíza Maria Guilhermina Miranda - J. 10.08.2000. Disponível em www.trt3.gov.br. Acesso em: 11.05.2008).

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ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA - AQUISIÇÃO NO PERÍODO DO AVISO PRÉVIO CUMPRIDO - Acidente de trabalho ocorrido no curso do aviso prévio cumprido gera direito à estabilidade acidentária, eis que a rescisão somente se torna efetiva depois de expirado o prazo do pré-aviso. Ademais, a inaptidão temporária do empregado para o serviço também o torna inapto para buscar nova colocação no mercado de trabalho, finalidade social do instituto. (TRT 9ª R - RO 9536/1999 - Ac. 07635/2000 - 5ª T - Rel. Juiz Arnor Lima Neto - DJPR 7.04.2000. Disponível em www.trt9.gov.br. Acesso em: 11.05.2008). Acidente do trabalho - aviso prévio - Expedida a Comunicação de Acidente do trabalho dentro da projeção do aviso prévio, o contrato de trabalho resta automaticamente interrompido, sendo vedado o despedimento face à obrigação da empresa de pagar os primeiros 15 dias, aplicando-se à hipótese a previsão do art. 120 do Código Civil.(Acórdão: 02970654355 Turma: 08 Data Julg.: 17/11/1997 Data Pub.: 02/12/1997 - Processo: 02960464260 - Relator: WILMA NOGUEIRA DE ARAUJO VAZ DA SILVA. Disponível em www.tst.gov.br. Acesso em: 11.05.2008).

Verificando todo o exposto ao longo deste trabalho, reforçado com os

julgados apresentados, acredita-se que o Trabalhador Brasileiro, apesar da

legislação ser vaga, encontra-se bem amparado quanto a Estabilidade Acidentária,

podendo este contar com a garantia de emprego por 12 meses, após o término do

Auxílio-doença Acidentário, desde que seu Contrato de Trabalho seja por Prazo

Indeterminado. Nos Contratos por Prazo Determinado mesmo havendo

jurisprudência a favor da Estabilidade, esta não existe, sendo o Empregado afastado

da Empresa no término do seu Contrato de Trabalho.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da pesquisa realizada e exposta em linhas pretéritas, pode-se afirmar

que se buscou explanar da melhor forma possível o tema sobre a Estabilidade

Acidentária no Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado.

Foram abordados alguns aspectos jurídicos relevantes a Estabilidade,

especialmente aqueles relativos à Estabilidade Acidentária no Contrato Individual de

Trabalho por Prazo Determinado.�

Inicialmente, no primeiro capítulo, foi apresentado o Contrato Individual do

Trabalho no Brasil. Por conseguinte buscou-se apresentar o conceito deste,

demonstrar suas espécies que se dividem em Contrato por Prazo Indeterminado e

Contrato por Prazo Determinado, bem como os Efeitos destes Contratos Individuais

de Trabalho.

Verificou-se que no Brasil é bem mais comum a adoção do Contrato por

Prazo Indeterminado, e que os Contratos por Prazos Determinados são usados

somente para fins específicos, e que apesar de terem a mesma finalidade ambos se

distinguem em vários aspectos.

No segundo capítulo tratou-se de Acidente de Trabalho, inicialmente

demonstrando seu conceito e tratando dos destinatários da Proteção Infortunística,

depois verificou-se a importância da Comunicação de Acidente de Trabalho e como

ocorre esta comunicação, para em seguida adentrar no benefícios decorrentes de

Acidente de Trabalho.

Assim, pode-se perceber que o Acidente de Trabalho está muito bem

amparado pela legislação, sendo que cada benefício decorrente deste acidente tem

seus pressupostos e requisitos para a concessão.

No terceiro capítulo finalmente, abordou-se a Estabilidade Acidentária no

Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado. Como esta Estabilidade

pode existir em diversas situações decorrentes do Contrato de Trabalho, tratando

mais especificamente do tema central.

Constatou-se que a legislação e as jurisprudências são bem amplas quando

trata-se do tema desta monografia, e verificamos também as diferentes opiniões dos

Tribunais de várias regiões do Brasil.

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Mas apesar da resistência de alguns juristas e doutrinadores, verificou-se a

impossibilidade da Estabilidade Acidentária no Contrato Individual de Trabalho por

Prazo Determinado, pois quando acordado entre as partes, Empregador e

Empregado, estes já sabem que existirá um dia fixo para este contrato ser

encerrado, principalmente pelo fato deste Contrato à Prazo Determinado ser usado

no Brasil somente em situações específicas.

Em relação ao conteúdo desenvolvido no presente estudo monográfico, e

tendo em vista o que foi abordado no desenvolvimento da pesquisa, espera-se de

alguma forma, ter contribuindo para o desenvolvimento do Direito, uma vez que o

tema abordado, sempre foi presente no âmbito jurídico pátrio, no entanto, existem

ainda infinitas discussões e grandes avanços em relação a legislação, a doutrina e a

jurisprudência.

Evidente que a presente monografia não esgota o estudo sobre a Estabilidade

Acidentária no Contrato Individual de Trabalho por Prazo Determinado, pois são

inúmeras as inclinações e modificações especialmente em relação ao Direito

Previdenciário que regulamenta os Benefícios decorrentes de Acidente de Trabalho.

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