A ESTRADA · Web view- Há! Então deve estar numa espécie transe entre os sonhos e o refugio da alma para pessoas com sentimentos frágeis dotadas de dons especiais por algum motivo

A ESTRADAMARGARYDA BRITO.

A ESTRADA

MARGARIDA BRITO

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A ESTRADA

Para um amigo especial.

As pessoas quando aparecem em nossas vidas não é por acaso, elas vem cumprir uma missão. Nem sempre tomam conhecimento ou sabem, quando o conheci não tinha noção de como ele mudariam a minha vida.

Este livro é para alguém que já esteve comigo nesta estrada “Josuel”.

Onde quer que esteja obrigada por existir e por ter tornado a minha jornada especial.

“O amor é para sempre as pessoas é que são passageiras”.

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MARGARYDA BRITO.

Capítulo I

É engraçado como as coisas acontecem em nossas vidas, dá para tirar exemplo de cada acontecimento que advém no nosso dia a dia, no entanto o que estava incidindo em minha vida era um grande mistério, pois fazia parte de um segredo que começou no dia 23 de outubro de 1983, um ano trágico e marcante, me apaixonei pela primeira vez e descobri que tinha um pequeno nódulo no seio esquerdo. Se por um lado estava feliz por outro chorava sem parar, decidi por vontade própria não procurar um médico e manter o assunto em absoluto segredo, pois todas as pessoas que conheci, que tinha um mioma no seio estavam mortas, minha mãe tinha razão nessas coisas o melhor é não mexer. Os anos foram passando, terminei o colegial naquele ano. Três anos depois o normal, minha vida seguiu seu curso, o mioma estava incomodando, os bicos dos seios ficaram em carne viva, pensei que seria meu fim, mas continuei com o segredo. Para que ninguém percebesse, passava a primeira saliva nele e depois maizena para ver se estancava a ferida, foi um martírio, todos os dias, entregava minha alma a Deus.

Passado alguns meses a ferida cicatrizou-se e já estava mais tranqüila. As dores que sentia nos seios eram de ver estrelas, não sei como escapei, tomei alguns remédios caseiros tipo: Babosa com

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mel, a dieta do limão que é indicado para pacientes em etapa terminal, enfim, fui me alimentando melhor.

Decidi viver um dia de cada vez. Até que surgiu do nada um caroço enorme no dorso de minha mão, não dava para esconder apareceu outro no pulso esquerdo, desta vez estava estourando o diacho da doença por todo quanto era lugar, tinha dores horríveis na barriga, era um tipo de cólica de rim, quem já teve pode imaginar o quando é dilacerante, acreditava que poderia estar afetando os meus órgãos internos, mais e daí! Decidi que o que mata uma pessoa não é a doença e sim a forma como as pessoas tratam o doente, eles não vêem a hora de sepultar a pessoa afinal ela esta com câncer e câncer é sentença de morte por acreditarem que não tem cura e de fato não tem mesmo; Mas eles não teriam o gosto de me ver definhando, quando menos esperassem, amanheceria morta, provavelmente por falência múltipla dos órgãos.

Passaram-se muitos anos, mais de vinte. Aparentemente estava que nem um coco, lindo por fora. A doença fazia parte de mim e do meu cotidiano. Depois que minha mãe adoeceu de câncer no fêmur pensei que fosse antes dela continuei mantendo o segredo e ela não conseguiu as dores eram demais as pernas perdiam forças e os médicos tratavam do nervo asiático, tratavam de osteoporose até que ela passou por um médico que lhe pediu uma radiografia do osso.

E lá estava à mancha enorme era um câncer e já em estado avançado, começaram as idas para Curitiba as quimioterapias e todo aquele processo inútil. A família assistia seu sofrimento calada

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sem poder fazer muito e eu! Eu continuava calada com o meu segredo pensando que podia ir antes dela, mais Deus tinha outros planos para a mim. Não morri, por cinco longos anos cuidei dela, via-a definhar dia a dia, até o dia de sua morte. Nos hospitais por onde passávamos observei como cada pessoa vê sua dificuldade, todos tem medo de morrer e este medo atiça a morte, atiça o jogador que ganha às almas, eu não tinha medo, estava preparada, não ia permitir que me vissem implorando por vida, morreria com dignidade.

Andei culpando Deus por um bom tempo, afinal ele disse que nada acontece sem a sua permissão. Só então comecei a compreender e a aceitar que Deus pode tudo, e quando as dores atacavam dizia a mim mesma: A dor é controlável se ficar imóvel ela não vai sentir vida em mim e vai embora, e lentamente a dor passava e eu adormecia. Na manhã seguinte ao acordar me beliscava para ver se não estava morta. Já fazia doze anos que minha mãe havia falecido e hoje fazia exatamente 26 anos que estaca com o mioma no seio e ele já tem alguns filhinhos que de vez em quando faziam uma bagunçinha. Ganhei uma ligeira dormência nos braços mais atribui a lesão por movimentos repetitivos devido ao trabalho artesanal. Estava sentindo dores na costa, uma canseira muito grande e uma fadiga sem explicação quando me esforçava; Sendo assim resolvi abolir os esforços grandes um trabalho mais leve me faria bem. Consegui um trabalho num escritório de digitadora onde estou até hoje, amo esse emprego ele me deu possibilidades de continuar a viver dignamente recentemente tomei vergonha na cara e comecei a

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estudar. Como eu sempre vivi um dia de cada vez e a morte para mim era questão de tempo, era fato não precisava me iludir! Para que estudar, alguém que sabe que a morte é certa vai querer saber de estudar? Realmente não queria perder meu tempo estudando. Mas já haviam se passado tantos anos, fiz piada comigo mesmo “é deve ser bom morrer letrada” vai que lá no céu eles também têm um lugar melhor para quem se dedicou aos estudos pensando desta forma seria melhor fazer alguma coisa para equilibrar a mente e não ficar só pensando na maldita doença. Fiz o terceiro grau. O fato é que agora já estava apta a ir para lá com um diploma. Não sem antes ver muitos amigos morrerem desta maldita doença. Era triste acalentá-los ao mesmo tempo em que os achava covardes querendo se apegar à vida a qualquer preço, nessa loucura pela cura apressavam sua partida, também não conseguia me compadecer com o sofrimento deles eu também tinha a doença à diferença é que ninguém sabia quanto a eles todos sabiam, não era segredo, tinham medo da morte. Mas é um medo comum. Não há nada de vergonhoso em sentir medo. Estou muito feliz, sei que não devia, mas para quem usa salto alto têm e deve ser mais cuidadosa.

Aqui estou falando da Maria escandalosa uma pessoa totalmente insignificante, mas que mereceu essas linhas fiz uma brincadeira inofensiva, pensa numa pessoa sem escrúpulos, é ela, não tem coragem para chegar e perguntar ou falar qualquer coisa prefere falar pelas costas rindo e falando alto pelos corredores com outras pessoas iguais a ela, é muito mais escandalosa do que se pode imaginar tem os que acreditam que é a pessoa mais

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despachada e competente do mundo, mas posso provar o contrário, testemunhei muitas burrices cometidas por ela, a ignorância perante alguns assuntos que estavam sobre sua competência. Além de fazer com que as pessoas executassem os serviços que era de sua competência e acabava levando a fama, mas isso mudou ao sair do departamento no qual trabalhávamos juntas descobri o quanto fui usada, por isso digo que prefiro inimigos declarados a fingidos e traiçoeiros, ela era traiçoeira, gostava de sobressair sobre os outros usava as pessoas e as pessoas acreditam que ela era uma pessoa boa, sei que ela não dormia que tinha insônia, que sofria por promiscuidade, uma idiota, que só enxergava o próprio umbigo, não é que não tenha admiração por pessoas com este tipo de comportamento, é que tem coisas que não tem como ou porque engolir, também não se pode dizer que era inveja, pois ela não tinha nada de bonito, era uma perua, nada mais que isso pior era uma piriguete das mais feias.

Recentemente, pro meu azar e azar dela comecei a ficar com seu ex- namorado, supunha eu que não tinham mais nada, afinal ela o tinha largado para ficar com um supostamente mais rico, e que lhe dava status, mesmo assim ela continuava a se encontrar com o corno do meu atual ficante. Não sei o que os homens vêem nesse tipo de mulher, quando me envolvi com ele foi porque ele quis, nunca havia pensado na hipótese de namorá-lo até porque ele não tinha altura, mas enfim nos envolvemos, embora as pessoas achassem que eu era pouco para ele. A que ponto as pessoas se revelam, lamentei, podíamos ter vivido uma grande história mais

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ele não quis, preferiu uma pessoa influenciável acabei cansando e desistindo de boa.

Olhando assim, as pessoas ainda acham que minha vida é uma moleza, quando eu digo que minha existência por si só já não precisa de muito para ser comentada, as pessoas não acreditam! Sou descendente de negros uma mistura de raças, sou um tipo brasileiro nato, as pessoas quando me vêem ou se apaixonam ou me detestam me detestar sem justa causa é mais acertado.

Acostumei a levar a vida com as pessoas me aguentando. Não tenho porque me defender acostumou-me ao tratamento vip, a luz própria à cultura, a inteligência frustra muito a quem tem muito, mas não tem o principal o humanitário, não podem classificar-me como uma pessoa simples e também não poderiam classificar-me como uma pessoa vingativa, dava tempo ao tempo.

Hoje é dia de santo Antonio, não vou pedir nada a ele e nem fazer simpatia, mais seria bom que afastasse de mim esses tipos de homens com os quais venho me relacionado, como sei que até hoje ele não me escutou não vai ser hoje que ele me escutara. Decidi por conta própria esquecê-los, e ficar sozinha como sempre estive. Hoje fiz duas visitas a pessoas em fases terminais de câncer, falo assim! Mais essa doença pode te dar mais um dia ou mais um ano, o que não entendo é que na maioria das vezes acontecem com pessoas boas que são anjinhos de Deus. Sei que não faço parte deste grupo porque essas pessoas são boas, permitem que alguns seres sintam piedade e compaixão. Já eu entraria mata adentro e definharia sozinha se me fosse permitido, Deus sabe o que faz não tenho o direito de criticar o modo como ele santifica os seus

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prediletos, talvez ele os use para causar esse sentimento de medo, de poder, para que as pessoas temam e pensem! Se a pessoa foi boa e sofreu tanto assim! Imaginem pelo que não passarei?Estou só, meus familiares me acham alto suficiente criei um mito em torno de minha pessoa, sempre firme, sempre decidida, parece que nada abala a minha estrutura, a impressão que passo é que nem sentimentos têm, uma senhorita fria e autossuficiente é isso que vêem. Meus namorados são de curtos períodos eles também acham que não tenho sentimento, criei uma alta defesa, na verdade criei uma redoma, não permitindo que fatos corriqueiros abalem o alicerce que construí para firmar a minha existência. Alguns amigos aos poucos vão me conhecendo ou como dizem alguns deles: conseguem me decifrar, pois permito, outros só me conhecem superficialmente uma estatua que transite pelo mundo sem propósito. Ou como a maioria acha e acredita uma pessoa arrogante que não aceita sua condição de subalterna, está ai um ponto sobre minha personalidade que adquiri até para minha própria defesa, não fico babando nas pessoas que se julgam superiores, ou até mesmo as que são superiores, reconheço seus valores e respeito seu trabalho, e talento se houver algum, mas sai atrás delas como uma tiete é coisa que vai contra a minha natureza, para mim as pessoas ocupam os lugares que ocupam por que são pagas para fazerem um trabalho, nada mais justo que o façam bem feito e receba os méritos pelo cumprimento do mesmo. Tirando isso somos todos absolutamente iguais diferentes intelectualmente mais iguais em condições humanas, com direitos e deveres. Essa forma de pensar vai contra pessoas que gostam e

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precisam ser paparicadas porque se acham num grau mais elevado que o dos outros. O que da para concluir é que uma posição de chefia dá o direito de mandar e desmandar, sem considerar que o que faz uma pessoa melhor não é o cargo que ela ocupa e sim a forma como ela trata as pessoas a sua volta, não só aqueles que estão sobre a sua vigilância mais todos, se quem esta no poder tratar a todos com igual respeito também vai ser respeitado e até admirado, não precisa lembrar a todo instante quem é o chefe, quem manda e desmanda, podendo mandar fulano embora se ele não se curvar a seus caprichos, o que torna uma pessoa grande é justamente o contrario; é o chefe ficar no nível dos demais e não querer dizer a maldita frase que tanto desprezo, mas que ouço em todas as esferas do poder, “você por acaso sabe com quem esta falando?” Quando ouço essa frase da vontade de vomitar, como alguém pensa que só porque ocupa um cargo transitório e superior ao do outro, acredita que é melhor, no entanto meu senhor ou minha excelentíssima senhora o que faz um homem grande não é o cargo, são suas atitudes, a forma como tratamos o nosso semelhante, com humanidade, com respeito, sem arrogância, simplesmente com humildade. O que da para observar, são seres pequenos que precisam lembrar aos outros quem são. As pessoas que são grandes elas não precisam disso elas sabem do seu potencial, e para elas tanto faz ganhar um salário mínimo ou um milhão elas sempre trataram o semelhante com a mesma dignidade com que gostariam de serem tratadas. Essa é a grande diferença entre uma pessoa grande e uma pessoa que quer ser grande.

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Sou escritora rabisco algumas poesias, não o sou porque isso me engrandece, o sou porque recebi um dom, e agradeço a Deus todos os dias por ele ter me escolhido, não editei meu primeiro livro porque recebi apoio financeiro, editei porque precisava por nas mãos dos outros a avaliação da vida que vivo ou que já vivi, e fiz tudo contando apenas com a força de Deus e dos anjos que me guardavam, sem bolsas, sem emprego, sem patrocínio, apenas com a cara e a coragem, abrindo meu destino com as próprias mãos. Obtive apenas uma entrevista com um amigo do Jornal Noroeste, que publicou algumas notas sobre o lançamento do livro, depois mantivemos contato por mais algum tempo, depois sempre que precisava publicar algum artigo ele sempre o fazia, era uma alma boa e cheia de sabedoria não era atoa que se chamava Bem-te-vi que Deus o tenha sobre a sua guarda. Depois da sua morte não foi publicado mais nada. Iniciei outros trabalhos, à alma fica inquieta a gente não consegue mais parar.

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Capítulo II

Hoje não falarei de doença, comentarei uma viagem que fiz ontem à noite; peguei um transporte desconhecido que parou numa cidadezinha esquisita. Pareceu-me que aquela cidadezinha não era deste mundo, um clima diferente um vento misterioso as folhas secas a rolar pelas ruas, tudo muito quieto, aquela aura misteriosa envolvia aquela pequenina cidade logo que desci do ônibus deparei com uma antiga conhecida chamada Meurer ela era uma senhora que já beirava os seus 60 anos ou mais, também pouco importava sua idade, as marcas e as rugas da sua pele branca denunciavam sua idade avançada, perguntei a ela o nome do lugar, apenas sorriu sem nada responder. O local parecia uma praça toda feita com toras de eucalipto uma madeira em abundancia encontrada naqueles arredores. Numa das pontas ovuladas da cidade existia uma igreja construída com as toras de eucalipto, envernizado, na frente da igreja quase na outra extremidade havia doze casas pequenas enfileiradas seis de cada lado, construídas a dois metros do chão, erguida como casas pantaneiras, como aquelas

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construídas as margens dos ribeirinhos. As construções seguiam a arquitetura da igreja, fiquei ali parada por horas talvez admirando. Ao mesmo tempo em que era uma arquitetura rústica era moderna. Existiam árvores, mas também eram árvores envernizadas, achei estranha aquela paisagem tão diferente de tudo quanto havia visto, a natureza estava morta, perguntei: - Dona Meurer, o que significa esta construção? Logo respondeu:- São salas de aulas, cada uma delas cabe doze crianças, lá elas aprendem de um tudo, cada professor leciona uma disciplina, e a cada hora os professores mudam de sala, mas os alunos permanecem lá.– E elas ficam lá dentro o tempo todo?– Sim. – E porque não saem de lá?– Não sei bem ao certo, parece que estão preparando aquelas crianças para o novo mundo, e nada pode tirar a concentração delas, ficaram lá até aprenderem todos os mandamentos da lei de Deus e serão preparadas para a 3º profecia de Fátima.

A guerra já estava acontecendo, os terremotos, maremotos e as grandes catástrofes já era realidade, elas aguardam o grande sinal, neste dia elas terão o suficiente para se manterem em oração durante três longos dias de pura treva. Elas não abriram as portas para ninguém, a única luz que verão será a luz das velas de ceras bentas que lá armazenaram para a ocasião, e todo aquele que quiser ser salvo terá que permanecer em sua casa com as portas trancadas. Aconteça o que acontecer não se deve abrir uma só fresta, pois o senhor os protegerão no dia de sua ira, todo aquele

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que se manter afastado do mau e em seus lares se salvaram. Muitos deles bateram nas portas, seja quem for: Filho, pai, mãe, parente, amigo, não se deve abrir, pois o demônio estará disfarçado medindo forças com Deus e todo aquele que acreditar nas profecias de Nossa Senhora de Fátima se salvará, pois terão mantido em suas casas velas e mantimentos para estes dias. Para isso precisamos nos preparar, pois haverá sinais, teremos que ser vigilantes.

Haverá um grande estrondo que será ouvido no mundo todo, e o centro da terra, ou seja, o eixo da terra vai girar um giro de 360º graus. Uma fenda se abrira e a terra vai sair do lugar, outros estrondos seguiram e tudo equivalera a trevas; Os povos perambularão por entre as ruas batendo de porta em porta, mais eis que o senhor já alertou quem esta fora não pode entrar e quem esta dentro não poderá assistir ao que esta se passando do lado de fora. Serão dias intermináveis a única fonte de luz serão as das velas... - Nossa isso é muito trágico, acredita mesmo nisso?– Sim, já tive grandes demonstrações do poder de Deus, e tu não deves duvidar, mas se preparar para quando chegar este dia, não esteja despojado do necessário.

Nesse momento houve uma mudança de cenário. Tive a nítida impressão que havia sido teletransportada para outro local, havia muitas casas aglomeradas. No local estava acontecendo uma grande festa popular, havia barracas por toda parte, me encostei-me a uma delas. Um senhor alto e com um chapéu de palha quebrado sobre a testa chegou até mim, deu a entender que já me

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conhecia me enlaçou pela cintura e beijara-me os lábios sem dizer uma só palavra, o beijo era bom, mas também podia ser carência!

Afastei-me para tomar fôlego sem entender, nisso minha mãe chegou gritando:- Não se aproxime de minha filha seu sem-vergonha!

O homem se afastou sem proferir uma só palavra, fiquei sem entender parecia um sonho mal acabado, minha mãe saiu de cena e outra cena começou. Havia fogo por todas as partes. Quando abri os olhos estava caminhando por uma estrada que me conduzia para algum lugar.

De um lado só havia queimadas e na parte do Paraná onde era as sete quedas do Iguaçu estava seco sem uma gota de água. Neste trecho podíamos atravessar andando, só tinha que seguir por uma estrada estreita que me levou a outras casas todas no mesmo estilo com a mesma arquitetura de madeira envernizada, entrei numa delas, as pessoas não me deixavam passar e a muito custo, depois de inúmeras tentativas consegui escapar das guardiãs da entrada, não sei por que corri em direção a uma casa que ficava mais distante das outras, fui seguindo minha intuição, intui que minha mãe estava lá tentei entrar mais ela com sua voz serena me disse apenas: - Não filha ainda não é tua hora, deves voltar para o teu mundo, para o teu pai, tenha um pouco de paciência tudo vai se ajeitar aqui ainda não é lugar para você...

Comecei a chorar... - Vá filha minha, vá com o coração em paz.

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Capítulo III

Acordei em minha cama. Só então lembrei de que minha mãe já estava morta e o local que havia visitado era o portal de um sonho meio esquisito.

Lamentei ter acordado e apesar de toda aquela catástrofe, o fogo acabando com as matas, a destruição do mundo, me sentia como se fizesse parte daquele mundo.

Levantei da cama me troquei e já estava montada em uma bicicleta rumo a um velho rancho que a muito não visitava, estava tudo tão diferente, eu não conseguia associar aquele lugar aos lugares que conhecia, parecia outro mundo mesmo, me belisquei para ver se estava viva, parecia que estava tudo natural... Parei no portão enfrente a um casarão uma criança veio me atender, um menino, com olhar terno, ar mofador rindo muito, enquanto me assustava com um porco enorme que grunhia atrás de mim numa poça de lama recém feita pela chuva. Perguntei cadê os moradores

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daquela casa, e ele continuava a me olhar como se nunca tivesse me visto antes, parecia não me conhecer!- Todo mundo quem? - Seus pais?- Saíram foram para a cidade, é bom à senhora ir também que tem uma festa grande pó lá me dizendo isto me deu as costas e entrou casa adentro, surgiu uma tuia enorme bem a minha frente, poderia jurar que momentos antes não estavam ali, a casa, a porteira e o menino desapareceram. Que coisa mais maluca parecia que alguém estava se divertindo a me ver atrapalhada. Peguei a única estrada que tinha, não havia carreadores ou trilhas somente aquela estrada e era uma estrada só de ida não tinha como não prosseguir, pois todo caminho percorrido ia sendo apagado era como se o caminho percorrido não existisse mais, só podia seguir em frente só podia ir adiante e fui. A estrada parecia não ter fim quando cheguei à rua onde morava, a casa estava completamente mudada parecia que haviam passado séculos, no lugar onde era minha casa estavam construindo uma casa de barro e tijolos a vista formato de casa do João de barro, “João de barro é um passarinho que constrói sua casa nos galhos altos das arvores”. A fachada da casa parecia uma pintura, mas no tom do barro avermelhado, achei estranho não entrei na casa, não tive coragem fiquei ali parada e confusa, o tempo estava se fechando, as nuvens negras sobre a minha cabeça denunciavam que ia cair um temporal, os trovões e os relâmpagos eram assustadores, aterrorizantes, precisava procurar abrigo num repente apareceram dois anjos numa espécie de nave aberta eram

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minhas sobrinhas a me procurar para me conduzir de volta para casa, estavam todos espavoridos, porém as duas estavam calmas como se nada estranho estivesse acontecendo; Estavam contentes pegaram na minha mão e me levaram por uma estrada, ladeadas de árvores que mais pareciam um túnel, sorri agradecida por não estar só, de repente uma pontada no seio esquerdo lembrando a doença, pensei comigo mesma devo estar morrendo, agora qualquer esforço me dava pontadas que mais pareciam facadas adentrando minha carne, como podia existir uma dor tão doída? Se ficasse imóvel feito um tronco a dor se dissipava, acordei chorando, os dias estavam difíceis tudo o que eu fazia dava ibope mesmo que não fizesse nada, que mundo era aquele, como as coisas haviam mudado.

Era como se todos se sentissem recompensados, pois não entendiam como eu podia ser pobre e feliz, e ainda por cima cercado de colegas de todas as classes sociais, jamais procurei ter amigos ricos, polêmicos ou populares, eu era popular, não dava para negar isso, nunca precisei fazer esforço para isso, apenas existia.

A educação que tive foi rígida meus pais me ensinaram tudo o que sabiam e a partir dos oito anos, minha educação ganhou professores do alto escalão fui moldada pela irmã do cardeal de fortaleza e seu esposo, nunca tive do que me queixar, na adolescência me achava muito feia e esquisita, era muito magra usava roupas largas para disfarçar a magreza depois com o passar dos anos, ser uma pessoa magra era sinônimo de beleza aos poucos fui aceitando me achando bonita, já conseguia me olhar no

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espelho e arrancar um sorriso de satisfação, mas era só para mim mesma. O pessoal da cidade me achava metida, eu me achava normal indiferente à vida alheia cada um faz o que quer, mas tem que saber aceitar tanto as criticas construtivas como as destrutivas, esse é o preço para quem quer viver a sua maneira, do jeito que quer nas vistas de todos. Odeio isso de certo ou errado, tudo tem explicação, mas a humanidade mesmo diante do próprio defeito prefere julgar é bem mais fácil cuidar da vida alheia. Isso só quer dizer que eles fazem escondido, acreditando que ninguém sabe ou que ninguém comenta sobre suas vidas, nada mais que isto. Acredito que os sintomas que estou sentindo, seja depressão, uma tristeza tão grande um aperto no peito, não conhecia nenhuma maneira de aliviar tais sentimentos a não ser chorar e chorei muito uma mistura de raiva e abandono, estava me sentindo assim ultimamente não tinha nenhum sentimento de verdade talvez nunca tenha sentido ou tido. Isso provocou uma fenda no meu interior. Tinha momentos frequentes de felicidade, mas também tinha momentos frequentes de solidão e esses eram mais frequentes que os de felicidade, isso me deixara derrubada, não estava querendo romance, estava vivendo um momento diferente, querendo provar para mim mesma que conseguia. O fato de ter parado a minha vida por conta própria por acreditar que estava nas ultimas, me fez perder muito tempo, no entanto neste momento achava inútil continuar, mas era preciso fazer com que as pessoas acreditassem que estava esbanjando saúde quando na verdade não passava de uma goiaba bem madura e bichada que no menor apertão ia explodir. É assim essa doença, estraga tudo por dentro

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enquanto por fora parecemos saudáveis... Já não sentia a força do corpo era só Deus para me tirar dessa enrascada que ele próprio me lançou.

Mas Deus sabe o que faz.Realmente sou um ser humano que incomoda, mesmo não

saindo do lugar, mesmo não abrindo a boca o fato de existir já bastava para incomodar as pessoas, como é que eu conseguia a empatia de tantos, nem eu mesma sabia, gente como é que alguém podia ser daquele jeito. To falando da Maria escandalosa foi exonerada politicamente e ainda age como primeira dama, coisa que ela nunca foi cada coisa que a gente tem que suportar. É ridícula a pessoa não acordar para a vida. Querendo estar em tudo sem ter precisão, pior não sendo nada, apenas mais um na multidão, será que nunca vai cair a ficha dela, ela não é mais uma autoridade ela não é ninguém importante é apenas uma louca de pedra que devia estar no hospício, pior esta se achando normal, só que não é normal uma pessoa querer ser melhor que todo mundo, querer ser utilitária em tudo até no desnecessário, doida varrida é isso que ela é, se achando a tal só porque anda no salto. Não adianta nada andar a toda pompa e não ter dignidade e o respeito das pessoas, ou até de si próprio, atentar o tempo todo contra os outros não é normal, ela só pode ser psicótica idiota é a palavra exata, leva um monte de esfolada e continua dando à cara a tapa. Vocês nem imaginam o que ela fez comigo, me proibiu de fazer os ornamentos do prédio onde trabalhava, é claro que não ouvi afinal ela não era ninguém, ela podia ate arrancar depois, mais só depois que eu realizasse o meu serviço, ela esperneou falou, gritou feita

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louca pelos corredores, mas eu com meu sangue frio, decidida a fazer o trabalho, fingi que não era comigo, ela ficou ainda mais furiosa, e ao terminar o trabalho me senti vingada, ela até poderia arrancar tudo para tanto teria que se explicar com os superiores, mas eram pessoas fracas e ela arrancou não me importei, apenas jurei por Deus que jamais faria nada para aquela empresa, que contratassem um decorador e que pagassem os olhos da cara por isso, foi tudo o que pensei.

À noite já em meu leito rezei: Meu Deus! Afasta ela do meu caminho, afasta essa coisa ruim da minha estrada, livra-me de querer desejar o mau a ela o tempo todo, não deixe que meu coração se incline para o mau ou para a prática de perversidade, não quero ter esse tipo de ressentimento. Mais uma etapa vencida para o meu condicionamento humano já havia passado por tantas provações, mais uma não tinha importância, pois quem nasce para ser, já nasce pronto nada pode mudar o rumo de uma trajetória já traçada, façam o que quiserem quem nasceu estrela não perde o brilho mesmo distante... Uma vez que é depois das tempestades que o brilho se intensifica ainda mais e tenho a certeza de que Deus estava comigo, e se ele estava a meu favor a quem temeria...

Por hora esqueceremos a Maria escandalosa...

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Capítulo IV

O PORTAL

Não sabia como acontecia, parecia um filme de ficção destes que possuem um tipo de portal que abre em intervalos, ainda não havia descoberto como, mas estava novamente acontecendo: Estava novamente naquela estrada onde tudo podia acontecer, a estrada era cercada de mistérios, no transcorrer da caminhada entrei na mansão de Shyam. Ele veio me receber no portão todo afetuoso, com o sorriso mais lindo que já havia visto neste mundo, me enlaçou pela cintura e beijou-me nos lábios. Fiquei surpresa com aquela atitude afinal fazia algum tempo que não ficávamos ele me jogou no chão, encostando sua cabeça na minha de forma que podia fitar muito bem seus lindos olhos azuis e então perguntou:– Quem é mais forte sua irmã ou sua sobrinha

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- Porque esta pergunta assim do nada? Você sempre soube minha posição em relação a elas, pensei que estivesse a par do que estou sentindo. As duas têm peso igual é sangue do meu sangue.- Não posso dar uma opinião, muito menos ter uma preferida. Vai contra meus princípios trair a minha família. Ele deu um salto e levantou de súbito e mudou de feição radicalmente, fiquei sem entender, era típico de ele fazer isso desde a nossa infância ele agia assim nem mesmo a vida e a idade mudaram sua forma de agir. – Vamos para a festa? Perguntou num tom de voz suave.- Vamos... Entramos num salão grande havia muitos convidados, muita gente bonita e muitas pessoas interessantes, de repente todos correram para a janela, a sirene da policia tocava e rumava para algumas mulheres que corriam sem parar, uma delas já de idade com roupas baratas e ares de mulher de vida fácil. Outra mulher bem vestida, de salto alto tropeçou e caiu numa poça de lama, quando virou o rosto reconheci, era minha mãe! O que estava fazendo vestida daquele jeito e como poderia estar ali? Ela olhou pra mim e gritou sonoramente:- Pensa que é fácil comprar roupas finas, mas se quero eu roubo, e essas roupas que estão aqui são minhas e ninguém vai tomar, arrancou os sapatos e jogou longe, pois estavam atrapalhando na sua fuga... Saiu correndo desembestada, fiquei ali parada sem entender nada só então quando recobrei os sentidos e passado a estagnação fui atrás querendo entender aquela cena, numa metrópole como aquela era confuso demais entender como uma cidadezinha de menos de oito mil habitantes, de uma hora para outra havia se transformado numa cidade metrópole, era muita

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loucura para um dia só, ficou difícil até achar localizar a casa onde morava, nada mais me surpreendia depois vi meu pai na frente da casa sentado em sua cadeira de balanço, logo deduzi que aquela deveria ser a minha casa, era uma casa grande para duas pessoas até há pouco tempo antes de passar pelo portal e pegar a estrada morava em uma casinha humilde, agora me encontrava numa mansão como as coisas aconteciam rápido por ali.

Perguntei a meu pai sobre minha mãe porque ela estava agindo daquela forma e porque ele não a trazia para casa, ele não respondeu nada. Saí novamente e a estrada era a mesma, agora ladeada de casas de dois andares e de prédios, parecia o centro de Curitiba, não lembrava ao certo, fui até a janela do terraço parecia-se com a Avenida Sete de Setembro. A banda da cidade estava tocando, que esquisitas às meninas todas uniformizadas vinham voando em cima de um guarda-chuva, uma passou bem próxima da janela onde estava assistindo,tentando entender o que estava se passando. Puxei o guarda chuva de uma delas para perguntar, ela caiu e gritou aos berros você é uma louca como pode acabar com o espetáculo desse jeito? Sua doida, sua louca.

As palavras ecoaram no ar, ignorei totalmente. Entrei na casa, que com certeza não era minha, fiquei ali pensando em tudo que estava acontecendo, como a vida da gente podia mudar tão rapidamente! Era uma espécie de fuga de mim mesma caindo num mundo infernal onde tudo se desfazia e refazia-se de outro jeito. Ali sentada com a cabeça sobre as pernas lembrei-me de que aquele não era o meu mundo, minha mãe já era morta e meu pai um pobre senhor aposentado, ao lembrar-me da vida real era como voltar

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pelo portal, e lá estava eu no meu familiar mundinho... Com meus problemas, com minhas preocupações, a gripe que havia pegado a mais de 40 dias estava cada vez mais forte, sentia náuseas, dores pelo corpo todo, tinha também uma tosse que toda vez que tossia doía o pulmão. A dificuldade em respirar estava me incomodando podia ser da gripe e podia ser culpa da doença que poderia estar avançando me destruindo aos poucos, melhor mesmo era não pensar nisso, mas uma coisa era certa, um bom antibiótico podia eliminar a possível infecção. A senhora que eu havia visitado estava com câncer e daqueles incuráveis, dos brabos como dizem as pessoas, a doença estava se espalhando numa velocidade espantosa, as crises de dores eram continua, a sorte dela era um médico que nascera naquela cidadezinha e que fizera especialização em dor e estava aplicando os métodos que aprendera nela. Era uma forma de bloquear a dor não sei explicar direito, estava feliz que o método estava dando certo, pois o próximo paciente poderia ser eu mesma, não estou de brincadeira a coisa pro meu lado tem andado muito feia, além dessa gripe que não sara essa falta insuportável de ar, tudo leva a crer que minha hora esta se aproximando.

O mundo dá voltas, mas tinha que garantir um futuro menos preocupante e enquanto não aparecer um serviço melhor, esse estava bom... Também não vou me preocupar com isso, um dia de cada vez esse é o lema. Ninguém saia definitivamente da estrada, hoje amanheci impaciente sabia que a estrada era imaginária, mesmo assim caminhava por ela, uma tristeza imensa invadia o meu coração,

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parecia um pressentimento, decididamente eu era uma pessoa ruim, como podia ter discutido e gritado com meu pai daquele jeito era apenas um senhor de idade, dentro dos seus limites, e que culpa ele tinha de acreditar que eu era uma pessoa saudável e sem problemas, não ele não tinha culpa, eu quem devia controlar os meus impulsos, pessoas pobres como eu não tinham o direito de adoecer, se fossemos levados para um hospital onde o tratamento fosse financiado pelo SUS (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE) seriamos tratados feitos bichos senti isso no momento em que sentei naquela cadeira e mostrei os exames para o medico o infeliz nem olhou para minha cara foi logo falando a senhora vai ter que fazer quimioterapia, o senhor deve ser louco esses exames não são meus, são de minha mãe. Perguntei a ele o que ela tinha como é que estava o seu câncer, mas ele nem sequer olhou o laudo era como se fossemos de má qualidade, certamente invisíveis, meu Deus! Pensei em voz alta. Doutor, farei qualquer coisa para que minha mãe não sinta dores que dilaceram até alma, só quero um alivio, mas ele disse mais uma vez:- A única solução é fazer a quimioterapia.

Minha mãe já não argumentava mais, viu que o médico era um estúpido um desumano, que ao invés de tentar nos confortar nesse momento de dor ele tirou toda a fé que eu ainda tinha.

Ah! Meu Deus, como falta humanização neste mundo. Custava ele ser mais humano e usar palavras mais confortantes, não, não custava mais ele pouco se importava afinal o que pretendíamos um tratamento vip, não isso não imaginava o que espera um paciente da fila do SUS.

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No trajeto para casa minha mãe me olhava com aquele ar desesperançado tentando se apegar a qualquer coisa para dissipar a dor que estava sentindo e a impossibilidade que tinha diante da doença já sem cura.

Chegando em casa, levei-a ao hospital, mostramos as radiografias para outro médico que já a acompanhava e ele falou:- Como que um médico ignora tal fato, estava claro na radiografia que o coração estava inchado, o pulmão estava cheio de água, como ele não viu que era caso de internamento pelo amor de deus ele teria que ter um pouco de compaixão. Minha revolta era ainda maior neste momento. As pessoas escolhem profissões pelo status que ela pode oferecer e não pelo dom de exercer uma das profissões mais bonitas que é a de salvar vidas, que importa se tem dinheiro! Importa ser pobre e pobre tem cara de pobre, sendo reconhecida a milhas de distancia é como se nascessem, com uma tarja na testa: ”Sou pobre”. Não agüentei a pressão sai dali sem rumo nada mais existia a minha volta, nem mesmo conseguia respirar, estava fora de mim, tudo naquela estrada tinha desaparecido me encontrava não existia uma só lembrança, nada.

Era tudo tão vago, o tempo parou congelou-me numa eternidade de solidão de desesperança continuada, quis organizar os pensamentos mais era inútil a gente passa uma vida inteira trabalhando tentando sobreviver, e não para um só minuto nem para olhar a vida dos pássaros, com certeza ia me sentir mais infeliz ainda, Deus disse para observar. É! Observar o pássaro. Mais é só poesia, se o homem não plantar o pássaro também não come

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alguém tem que semear. Era tudo inútil neste momento de dor, onde o limite já não existe e já havia transposto tudo o que era normal. Pensei comigo mesmo! Como é que não ficaria estressada com tamanha indiferença, não podia ignorar, mas não tinha direito de ficar brava; Não tinha direito de gritar; Não tinha nenhum direito. Até então eu era agradecida e talvez ainda seja, mas ia continuar a pedir que Deus confortasse minha mãe, pois não tinha forças para compreender os filhos às criaturas que ele criou a sua imagem e semelhança e se fosse possível que ele me perdoasse neste meu desabafo. Um estrondo no céu me fez voltar à realidade. Avistei uma bola de fogo subindo de um tumulo rumo as nuvens, que coisa estranha em pleno dia, ela saia do tumulo de um padre, a historia correu as pessoas ficaram apreensivas, havia muitas historias envolta da morte do polemico padre, eu não era amiga dele, mas gostava dele não acreditava que fosse possível um padre assombrar outro, corria o boato que o pároco ouvia barulhos durante a noite na casa paroquial, e o crucifixo era trocado de lugar o pároco colocava no lugar e a noite depois do amanhecer ele aparecia no outro lado do corredor como isso era possível não me perguntem, o mundo estava virado de ponta cabeça. Tudo se misturava eu podia estar louca, percebi que soluçava aos prantos, resolvi sentar numa pedra na beira da estrada e ali continuei chorando e chorando compulsivamente. Não conseguia compreender, tantas eram as incompreensões da estrada que me habituei a calar... Cada ser humano vive sua história, mas quando se trata de perdas, não tem perda mais doída que a da gente, a dos outros parece não doer

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tanto, mas a nossa nos deixa sem chão, sem ar, sem vontades, nos deixa alheio... Fechei os olhos para rezar por todos os doentes com dores. Pedi a Deus que pelo menos esta noite eles tivessem uma noite de trégua, sem dores. Que eles pudessem como eu, fechar os olhos e agradecidos adormecer rezando...

Capítulo V

Rezei não sei por quanto tempo, quando despertei não reconheci a estrada estava mudada, tinha um brilho diferente nas coisas, às pessoas não tinham mais aquela expressão de tristeza, apenas indiferença, ninguém conhecia ninguém e não se importavam comigo, será que o mundo tinha acabado ou eu havia morrido? Levantei meio atordoada o sol ardente me fez caminhar depressa e procurar abrigo, o mundo havia ficado mudo as pessoas transitavam para lá e para cá feito formigueiros. Alguém já parou para ver um formigueiro trabalhando, caminhando... É um silêncio total, não se ouve nada, assim estavam às pessoas. Perguntei para

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um senhor de barbas enormes cabelos brancos cor de neve o que havia acontecido, porque as pessoas estavam daquele jeito? Ele fitou-me nos olhos como quem está admirado, demorou um longo tempo refletindo até resolver falar.- Então é você! - Eu o que?- você quem estávamos a procurar. Há muitos e muitos anos atrás aconteceu uma coisa esquisita houve um grande estouro seguido de um clarão e a partir deste dia todos ficaram desse jeito caminham sem parar, parecem zumbis. Fico observando-os o tempo todo e fico a imaginar o que pensam, mais só vou até ai, pois por mais perguntas que eu me faça eu nunca iria obter as respostas.- Mas o senhor fala e escuta e porque eles estão desse jeito?- Eu estava morando na cidade subterrânea fica a alguns quilômetros daqui, lá as pessoas estão todas normais, eu tive permissão para construir um dos prédios lá embaixo, passei muitos anos da minha vida morando lá, e quando finalmente acabei o serviço e retornei a superfície estavam todos assim,– E onde fica essa cidade quero conhecê-la.– Impossível eles não vão deixar que entre, mas posso te levar até lá. É o lugar mais lindo que já vi, caminhamos por um longo tempo neste trecho da estrada o tempo não contava, pois não existia noite, apenas dias e um minuto podia ser um século não dava para ter uma precisão exata de tempo e o que estava se passando. Logo avistei um amontoado de esculturas feitas por larvas vulcânicas muito brancas, tão brancas quanto à neve. Essas montanhas se

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estendiam por todos os lados da estrada, parecia ter seu inicio e fim ali mesmo, o velho me levou até uma enorme pedra que bloqueava a entrada da cidade subterrânea. – É aqui que eu estava até o momento em que a vi perambulando entre os transeuntes da superfície. - Não tem como entrar?- Não. Nisso abriu em baixo de nossos pés uma espécie de olho mágico e fomos tragados por aquele estranho objeto que tinha formas curiosas apesar de parecer familiar. Ouvi uma risada alta vindo do centro do lugar onde estávamos. Nilo! É você? Está tão jovem! Era como se tivesse feito plásticas por todo o seu corpo foi uma sensação de espanto e alegria ao mesmo tempo. – Nossa você por aqui! Que milagre é esse! Disseram-me que não se podem encontrar amigos do outro lado materializados em carne e osso nesse trecho. - Como conseguiu chegar até aqui? - Este homem me conduziu até aqui. Num repente fomos sugados novamente, era como se o espaço vazio abrisse um nada e no leve piscar de olhos o cenário mudasse, nada mais me espantava ao mesmo tempo em que não sabia o que poderia acontecer no seguinte momento.

Nilo caiu numa risada sonora novamente. – Logo se vê que és de outro mundo. Vamos quero te mostrar a cidade.- No caminho te conto o que se passou, lembram da Profecia de Fátima, então, todos os que estavam na superfície terrestre foram

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levados rumo à morte, consumidos pela ira de Deus. Somente os seus escolhidos ficaram agora o fato de você ter escapado é uma incógnita, não da para entender como escapou se estava na estrada, o que fazia naquele momento? - Só me lembro que estava inconformada com os doentes de câncer em fase terminal peguei o meu terço fechei os olhos e pedi a Deus para aliviar todos os doentes do mundo naquela noite, para que tivessem uma noite de trégua. Não sei por quanto tempo rezei só sei que quando abri os olhos o mundo que eu conhecia não era mais o mesmo, tudo havia mudado. - Há! Então deve estar numa espécie transe entre os sonhos e o refugio da alma para pessoas com sentimentos frágeis dotadas de dons especiais por algum motivo está aqui.- Nesta cidade não há doenças nem pessoas que ajam de ma fé, vivemos em harmonia, é como se fosse separado o joio do trigo e aqui só ficassem os bons.- Onde estão todos?- Estão alimentando a alma intercedendo por aqueles que ficaram na outra dimensão.

Nisso uma mulher com um lenço na cabeça passou por mim e sorriu, reconheci-a de imediato, era minha mãe, como estava linda com seu vestido azul com estampa de flores coloridas ela estava tão esplendorosa que fiquei muda contemplando sua beleza.- Que fazes aqui menina? Não sabes que ainda não é tua hora trate de voltar e cuidar do seu pai, não se preocupe com as mutações de seu corpo isso são coisas do maligno, querendo testar sua fé, mas não se deixe abalar, continue com o seu segredo não conte a

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ninguém a não ser quando fores torturada a tal ponto que não agüente mais.

No mesmo instante em que falava tirou uma medalha de nossa senhora de um porta-jóias. Toma, ela irá te proteger e te dar forças, mas agora volte pela mesma estrada vou te acompanhar por um trecho, vá e não olhes para trás, eu estarei sempre com você e seu tio também, pois é! Ele esta sempre tão bem humorado, foi ele quem me trouxe para cá numa espécie de olho que se abriu aos nossos pés,

- Filha seu tio Nilo, é muito apegado a ti ele também está cuidando para que teus inimigos não triunfem sobre você. Agora vá seu pai precisara muito de sua companhia ele vai lhe dar um pouco de trabalho, mas tenha paciência a sua recompensa será grande. Pronto aqui estamos volte e cuide do seu pai. Acordei com o despertador gritando feito louco e meu pai batendo na porta dizendo que eu havia perdido a hora. Levantei de um salto e fui pro banheiro escovar os dentes. O dia estava carregado, uma atmosfera estranha, de repente o som do telefone ecoando pela casa desviou meus pensamentos. Oi! Reconheci a voz calma do outro lado, fala Virginia o que houve quando fala desse jeito é porque alguma coisa aconteceu, coisa boa é que não é já me conheces tão bem vou direto ao assunto sua companheira de caminhadas descansou essa tarde.- a Tália.– Sim ela mesma.

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- Pobrezinha sofreu tanto, melhor assim, Deus teve piedade, vou rezar por ela e que Maria mãe das mães venha orientar na sua caminhada espiritual. Era uma criatura humana sobre o ponto de vista dela, e cada um o é segundo seu ponto de vista, não devemos julgar as pessoas, devemos antes de tudo procurar entende-las.- É! Ela descansou. Mortes como a dela me deixava deprimida, pois sabia que era este o meu fim, só pedia para que Deus tivesse compaixão quando chegasse meu momento final.

Capitulo VI

A MEDALHA

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Quando acordei percebi que tinha algo entre as mãos, abri-a e logo senti que tinha algo entre elas, uma medalha de nossa senhora, incrível disse em voz alta. Logo me lembrei do verso do poeta. “E se dormindo você ir ao céu, e lá chegando receber uma flor, e quando acordar esta flor estiver entre suas mãos o que fará?” – O que? – Nada, eu não fiz nada estava atrasada. Coloquei a medalha sobre a escrivaninha e fui me arrumar depois sai apressada para o trabalho. Liguei para Virginia para agradecer por avisar sobre a morte de minha companheira de caminhada.- Vou visitá-la mais tarde podíamos ir juntas para o velório, pode ser. A semana foi horrível, morreram duas pessoas de uma mesma família, mal enterraram a mãe de Berta, no outro dia faleceu o marido ambos vitimas de câncer. O esposo de Berta era um senhor já de idade ela tinha com ele dois filhos, foram muitos anos de sofrimento nos últimos tempos ela praticamente morava no hospital. No final do mês mais duas mortes de pessoas conhecidas e as duas com câncer essas duas mulheres uma de 34 e a outra com 37 anos e de 37 anos deixou filhos, uma ainda bebe, a capela mal desocupou e mais uma morte, faleceu um dos pioneiros da pacata cidade, a igreja ficou lotada ele era muito respeitado e querido por todos, uma fatalidade aconteceu nesse mesmo dia, na saída do cortejo da igreja um rapazinho de 17 anos cai no chão já morto.

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Teve um ataque fulminante do coração, quando caiu, já caiu morto, mas só ficamos sabendo quando voltávamos do cemitério foi aquela choraria aquele alvoroço na porta do hospital ninguém acreditava parecia brincadeira de mau gosto, mas era um fato, a cidade continuava de luto desta vez ainda mais sensibilizada, pois já era o quarta pessoa que morria em 8 dias seguidos mal saia o morto da capela mortuária o outro entrava, a cidade parou, os jovens não se conformavam, também não entendiam porque um amigo tinha que partir sem um ultimo abraço, sem uma despedida, sem dizer adeus muito menos conseguiam explicar o fenômeno ocorrido. Nunca antes na história da cidade houve acontecimento parecido. O que queria Deus com aquelas mortes, qual era o recado que estava tentando mandar, não sabemos, não fazemos idéia, mas uma coisa é certa ele quis que a cidadezinha parasse e refletisse melhor sobre a vida e sobre a amizade. Em um lugar tão pequeno não deveria haver tantas rivalidades, ele quis provar que na hora da dor não temos rivais, todos somos iguais, que todos choram e sofrem e que todos se consolam uns aos outros e que todos formam juntos uma grande família. Pode ter sido isso as eleições para prefeito estavam se aproximando também era a primeira vez na historia da pequena cidade que saia quatro candidatos a prefeitos disputando 3 mil votos, que coisa incrível não pode ser apenas uma coincidência, pois quatro foram os corpos enterrados um atrás do outro, como se estivessem mandando um recado lá de cima. É preciso união se querem o bem um dos outros é preciso que se unam, mas uma vez ele deixou bem claro o que pretendia, ele só

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queria que cada um parasse e refletisse bem cada uma de suas atitudes. E mais uma vez nós seres pequeninos que nos achamos humanos, vivemos feito leões na arena disputando a dente cada eleitor, a igreja caiu em si entendeu o recado adiou a festa que seria dia sete de setembro, se a festa acontecesse sabe Deus o que teria por vir, isso poderia causar um reboliço. Os políticos continuavam na arena da vida não sei se entendeu o recado, a vida vai escapando por entre os dedos, ninguém é eterno é nisso que temos que pensar e pensar no bem geral e não na ambição de três ou quatro.

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Capítulo VII

GOMES

Que sentimento estranho alguma coisa me pedia para voltar para casa a tal medalha não saia da minha cabeça lembro-me bem que amanheci com ela em minhas mãos na hora que o telefone tocou o sonho que tive... Estava na estrada minha mãe havia me dado, mas não sei como a medalha pode se materializar fora do portal, coisas que não podemos explicar o que dizer deste episódio, não podia falar nada a respeito da estrada estaria violando um segredo ao mesmo tempo, ninguém acreditaria num absurdo desses como é que você dorme, sonha ganhando um objeto e ele amanhece entre suas mãos, era impossível alguém acreditar, até eu! Se não tivesse escrevendo o que estava acontecendo comigo, registrando cada passagem, nem eu mesma poderia acreditar. Tratei de comprar uma corrente bem forte e coloquei-a no pescoço seria uma espécie de talismã, um amuleto. O material da medalha era desconhecido, mas era uma verdadeira obra de arte com a imagem de nossa senhora de Fátima talhada em alto relevo, em uma das faces do outro lado da face tinha o sagrado coração de Jesus, muito bonito. Quando a coloquei no pescoço ela começou a brilhar, uma luz branca saia de dentro da medalha e a minha frente abriu o portal, mas desta vez misturou tempo real com o futuro vi no noticiário que

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Pela primeira vez na história um negro se tornava presidente dos Estados Unidos, ele que veio de uma classe média, mas caiu na graça da população americana, a esposa se orgulhava em estar vestindo um vestido de 30 dólares e ainda receber elogios do esposo eram diferentes, das pessoas da alta burguesia, estava tudo se modificando lentamente rumo ao desenvolvimento globalizado. Neste século XXI obtiveram-se muitas conquistas e uma das principais era a revolução dos conceitos. Temos que repensar sobre os valores, não será fácil para um negro num país racista como é os EUA governar em paz, será um grande desafio e com certeza haverá muitos obstáculos a serem superados.

Então será assim: Os países sobre novos comandos, um presidente negro nos Estados Unidos cujo nome Barack Obama, e o piloto vencedor daquele ano, era também o mais novo da Formula 1 também era um negro chamado Hamilton. Quanta informação!

Tirei a medalha e guardei no porta-jóias; Alguém me chamava no portão.- Ola! Tudo bem com a senhora?- Tudo.- Sou vendedor de tapetes a senhora não esta precisando.- Não, obrigada, o vendedor não insistiu virou a costa e foi bater palmas na próxima casa. O dia estava radiante, estava me sentindo leve, mais meu pensamento era de Shyam estava lá nele não conseguia entender como é que ainda o queria tanto? Nem mesmo a viagem amenizou os sentimentos, bastou por os pés na pequena cidade para saber que mesmo depois de tanto tempo e de todo o esquecimento, da

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falta de querer, o meu querer o queria igual, gostaria de saber o que ele havia feito para me prender daquele jeito. Porque não conseguia esquecê-lo mesmo depois de tanto abandono. Ainda sentia a presença dele dentro de mim, fundindo todo sentido, gastando cada fantasia e se tornando maior, tão grande que o peito parecia que ia explodir, por não suportar um sentimento tão grande tão intenso, às vezes me perguntava se era só eu quem sentia, tinha a impressão de que ele andava muito tranqüilo, tão vazio de lembranças, esquecido. Chegava a doer o coração e ferir a alma já tão cativa, esse desdém transtornava o meu pobre romantismo e então me perguntava se tudo tinha valido a pena? Uma coisa era certa, nunca terei certeza de nada a não ser que ele viesse me confidenciar, mas andava calado, quieto, tão preso ao seu mundinho que ficava difícil penetrar no mundo dele, se houvesse uma brecha por menor que fosse de amar menos, esse intenso sentimento não haveria de esmagar minha existência vendo-o assim, tão tranqüilo, sem nenhuma responsabilidade em relação ao amor que lhe devotava, me perguntava se era eu mesma quem fez esse amor brotar dentro de minha alma sozinho. Neste caso seria a única culpada por amar tanto assim, mas daí o que me faria acreditar que poderia ser amada por ele? Perguntas sem resposta, caso sem solução é essa a nossa história. Mesmo não sabendo nada o pensamento não se afastava das lembranças vividas, já beijei outras bocas, mas todas elas se tornavam a dele, todas as mãos eram as mãos dele a me acariciar bastava fechar os olhos, tinha que admitir que este amor romântico enlouquecia-me e pensar que já fui um ser quase normal, isso sem falar que já fazem mais de um

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ano que só beijava na boca mais nada, não consigo ir, além disso, pois me dá nojo, enjôo só de pensar que serei tocada por outras mãos que não sejam as dele, isso tinha que ter um fim. Pensei que poderia a partir de agora sair por ai beijar cada sorriso que conquistar ousar mais deixar minha timidez de lado sair por ai representando e atuando na vida tão bem que todos acreditariam na minha experiência, beber todas até flutuar, saindo do juízo normal, perder a razão, e ter uma postura em relação a Shyam, pois não se deve correr atrás do vento, onde eu iria parar! Trilharia caminhos justos sem fingimentos sem romancear, a festa do chope era um acontecimento anual, que por acaso acontece nesta noite de sábado 19 de agosto, estava um frio de lascar mais o que importa eu vou, e com a cerveja custando C$0,50 iria lotar, vai ter gente saindo pelo teto e prometendo ser uma festa alegre, com pessoas alteradas quimicamente e por um preço que se a cabeça rodar de tanto doer terá valido cada centavo. Já havia planejado tudo na minha cabeça era assim que eu funcionava nesta festa eu iria decidida a esquecer que tive passado, e beber todas e beijar um monte de caras, e assim o fiz, parecia outra pessoa estava possuída, mas também estava adorando, se eu pudesse ficar daquele jeito para sempre seria bom, nunca antes havia me sentido tão poderosa. Um dos caras que havia beijado, no final do baile, quando as palavras já saiam livremente pela boca como quem recita um verso decorado sem nenhum pingo de vergonha ou pudor nossa! Estava sentindo uma liberdade libertina, me divertia com a situação Gomes era o nome do senhor que estava comigo parecia ter uns 47 anos e eu jamais o beijaria se não estivesse

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embriagada, resolvi dar uma de mulher fatal e vadia, ele parecia se achar. Decidi curtir com a cara dele, exercitar com ele meu primeiro ato teatral e então fui me transformando em uma louca consciente, mas sem um pingo de vergonha. Aquela experiência estava me divertindo, tudo era novo naquele mundo, nem eu mesma sabia que era tão divertido falar aquelas coisas no ouvido de um homem estava dando tudo de mim analisando meu potencial sedutor, era a primeira vez que ficava no comando, estava vivendo coisas nunca antes vividas “a sedução”. Percebi que Gomes faria qualquer coisa por mim naquele momento, deixei ser beijada e fui balbuciando em seu ouvido tudo que vinha de indecente e sedutor em minha mente a cada frase dita, surgiam outras que antes nem pensava só fantasiava e nunca tinha dito a ninguém por causa do pudor, já haviam ouvido, os homens dizem tais frases sem corar e naquele momento de representação dizia sem corar também, ria em pensamento daquela ousadia, para mim eram apenas frases, mas para Gomes surtiu efeito, ele se ajoelhou aos meus pés e queria fazer sexo ali mesmo afinal eu o tinha incitado eu tinha falado em seu ouvido o que queria fazer, mais cai em mim a tempo me afastei dele e perguntei se estava louco, estamos no meio de uma multidão, meus amigos dentro do carro, uma porção de gente circulando a nossa volta, me recompus e com um sorrisinho para amenizar a frustração do homem disse: É melhor entrar no meu carro, mas ele quis me arrastar para o carro dele, estava consciente da brincadeira não estava totalmente fora da razão, estava me testando até onde poderia ir e ali onde ninguém me conhecia podia beijar quantos eu quisesse sem ser chamada de piranha, larguei de

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súbito o senhorzinho como quem bebe o ultimo gole de vinho e entrei no carro rindo e contando o feito. Foi divertido havia superado, no dia seguinte não me lembrava de nada, mas do que tinha aprontado e falado para Gomes ficou gravado dentro da minha cabeça como um pecado imperdoável. Durante o dia me flagrava tendo acessos de risos e às vezes me perguntando se era uma loucura ou se havia enlouquecido de vez, pois não conseguia tirar Gomes do pensamento, isso sim era ridículo. Como que eu, ia parar para pensar num cara que tinha visto apenas uma vez, apenas havia usado-o como quem usa uma presa, mas aquela situação excitava, tinha que admitir: Foi preciso uma embriagues para enxergar uma vírgula no destino, Gomes era esperto gravou o numero do meu telefone, no dia seguinte me ligou varias vezes, mas não me encontrou, quando fui lavar minhas roupas achei um papel amarelo que guardo até hoje nele estava escrito o nome dele e o numero do telefone e a cidade onde ele morava. Movida pela curiosidade, pensando no lucro que aquela brincadeira renderia , liguei... Era o telefone de um alto-peças ele não se encontrava deixei o telefone da minha residência e não demorou muito ele ligou, conversamos bastante cheguei a corar quando ele repetiu o que eu havia lhe dito na madrugada de domingo, disse-lhe que não lembrava e que foi por causa da bebedeira, o cérebro havia se atrapalhado, tinha apagado todas as lamparinas e que aquela a quem ele havia conhecido era a outra que morava em mim e que tinha se escapulido, rimos, ele me achou muito doida, mas pagou para ver, me ligava diariamente passava horas pendurado no telefone, não me lembrava muito de suas feições. Virginia ia dar

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uma festa em sua residência, pedi a ela para convidar o tal senhor, ela me achou maluca, mas não se opôs , no dia seguinte quando ligou convidei-o e ele aceitou , estava ansiosa para ver a minha reação quando o visse. Preparei-me para encenar novamente, ele chegou com uma hora de atraso fui de encontro, beijei-o no rosto ele ficou meio assim, pois veio com tudo, querendo um beijo na boca, expliquei a situação e que o apresentaria como um amigo, pois ali tinha muitas pessoas do meu cotidiano, o tempo foi passando e ele logo ele estava enturmado com o resto do pessoal, parecia sociável, as pessoas já estavam se retirando para suas casas e ele se aproximando cada vez mais , fiquei entre beija-lo ou dispensar de vez, mas tive dó, o cara havia viajado mais de 80 quilômetros para me ver, tinha que me esforçar um pouquinho para lhe dar uns beijinhos, não custava nada, só não queria que fosse na frente de meus amigos, fomos para o carro dele... Quando chegamos lá ele partiu para cima feito um leão faminto, fazendo tudo o que tinha pedido a ele no dia em que nos conhecemos, eu fui deixando me perdendo entre uma caricia e outra, os beijos se tornavam cada vez mais ardentes as caricias intensas, mas não finalizamos ficamos ali naquela brincadeira divertida e excitante mais muito gostoso, aquele chameguinho gostoso que só fazia bem, as horas passaram rápidas demais nem percebemos quando o amigo que veio com ele chegou à janela do carro batendo e o chamando para ir embora, me despedi dele e ele me seguiu até em casa. Fui com o meu carro e ele com o dele. Naquela madrugada não consegui dormir, pensando nele, e no carinho que já tinha, podia ser! Eu estava apaixonada novamente, interessante que foi

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sucinto uma embriagues para dar uma pausa em minha vida e enxergar ele, embora ainda não soubesse o quanto o queria. Ele me achava louca, eu era normal, mas graças a ele me tornei louca. Antes dele não tinha noção do que era uma loucura, nunca havia me permitido viver intensamente um sentimento ele tinha se tornado minha maior aventura, pois com ele sabia exatamente o que queria, enfim estávamos namorando, ele era o oposto de tudo que já tinha conquistado, e dos homens pelos quais havia me apaixonado. A melhor coisa a fazer era deixar rolar e deixar essa poesia da beleza de lado, ir em busca de belezas interiores, era isso que ele representava para mim, um começo diferente sabia que não podia entrar neste relacionamento de corpo e alma, precisava manter os pés no chão e a cabeça abaixo das nuvens enfim ir devagar. Mas não muito devagar, pois não dispunha de muito tempo afinal não existe arte mais difícil do que a arte de viver e a minha provocava rumores, a vida ia fluindo barulhenta por demais. É impressionante como a bebida transforma o ser humano, principalmente a mim, havia descoberto que quando tomava destilado ficava impossível, dominadora, possuída. Era outra mulher que tomava o meu lugar essa sim era livre, para ela os valores morais não existiam, iam todos por água abaixo, quando me contavam as proezas nem eu acreditava, pois sou o oposto dessa outra, sou recatada, tímida, mas ao permitir e libertar esse outro eu, assustei Gomes que ficou sem reação, pois estava acostumado a conduzir e não que o conduzisse, eu dava tapa nele praticamente o violentava fisicamente, mas não me lembrava de nada no outro

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dia, quando ele me contou o que aprontei fiquei vermelha de vergonha, contei a ele o que se passava quando bebia destilados. Liguei para ele assim que acordei pedindo desculpa, porque não se lembrava de nada, dava um branco, sabia que tinha aprontado só não tinha noção do quanto, ele deve ter gostado, pois não terminou comigo, quando veio para minha casa no fim de semana fizemos o teste , mas pedi para que não me deixasse sozinha por nada deste mundo e ele assim o fez , viu a minha mutação. E se aproveitou, usou do jeito que quis e bem entendeu , amanheci com o corpo dolorido, pois deveríamos ter feito amor à noite toda.

Depois do acorrido não me deixava mais tomar, a não ser quando queria ser mau tratado ai pedia para que eu bebesse um pouquinho, pois sentia saudades das loucuras da outra.Gosto de pensar por mim mesmo, não se pode aceitar um pouco quando o objetivo é conseguir tudo, e não aceito ter pensamentos que não seja formulado por mim mesmo. Tenho que admitir que por muitas vezes, fui leviana no que diz respeito aos amores, pois me adapto com facilidade a novos relacionamentos, e os velhos amores vão para a caixinha de esquecimento. Com menos de 15 dias de relacionamento Gomes já era minha nova paixão dominava meus pensamentos me deixando fora do ar, ele fazia com que me sentisse confiante, com ele podia ser eu mesma sem maquiagens, sem me preocupar com as palavras, sabia que o assustava, mas ao mesmo tempo sabia que isso nos aproximava mais e mais. Com ele sentia mais leveza, mais volúvel devia ser por causa da liberdade de expressão desde o primeiro momento de loucura. Ele era um fofo me ligava todas as noites dizia o que queria ouvir fazia com

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que me sentisse melhor, mais amada, mais querida, mais bonita, mais tudo. Mas não o conhecia isso provocava muita insegurança, algo nele não era verdadeiro. Ainda estava descobrindo, estudando sua geografia, sua personalidade, além disso, andou me dando um bolo “quando alguém marca um encontro e não aparece” depois aparecia com uma conversinha mole, tão falsa que dava risada da ingenuidade dele e dos homens em geral, que acreditavam que as mulheres são bobas. O que importava era que estava vivendo um momento diferente, paguei para ir mais adiante, o que estava sentindo por ele era novo não podia deixar que ele escapasse da minha vida, embora sabendo que ele estava mentindo. Resolvi continuar no jogo, homens adoram ser adorados e acreditar que são importantes para nós, fiz o jogo dele mandei pelo correio um presente e uma carta dizendo assim:

Querido Gomes.Não vale a pena me esquecer. Então não me esqueça.Não agora!Que juntos fomos um.Que louca te assustei.Saiba que o momento vivido é breve, A vida é tão breve como um piscar de olhos.Não vale a pena desperdiça-la com explicações.Sendo a vida a minha bem mais preciosa,E o único tesouro que possuo.

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O meu bem maior e supremo é estar em harmonia consigo mesma e estarei em harmonia comigo mesma se aceitar a minha amizade e este carinho que você já conquistou agora não me deixe te esperando sem um telefonema, para que a minha agonia e preocupação acalme.Beijo em seu coração Sempre sua eu...

Ele reapareceu nas semanas seguintes e continuou a me ligar todas as noites agora já dormia em minha casa era realmente um namoro sério, pelo menos era o que eu estava pensando; o tempo ao seu lado voava, nosso carinho era grande e explicito nada mais existia para mim apenas ele e seu suposto amor. Os outros não passavam de lembranças arquivadas, já não era mais o inicio de namoro tinha dias que Gomes não me ligava por motivos que desconhecia, mesmo com os pés no chão, passava pela minha cabeça um monte de coisas e a primeira e a mais certeira era que ele estava distraindo-se com outras, pois sabia que aqui neste mundo a única exclusividade que temos é no DNA e o resto é tudo um ponto de interrogação, decidi não ficar bolada, admitia que estivesse envolvida, apaixonada; Fazia falta os seus beijos, seus carinhos. Gostava da forma como ele me olhava da conversa boa, do olhar dele dentro de minha alma tentando descobrir meus segredos, me ganhando cada dia mais, me despindo não o corpo mais tudo em mim ficava transparente, ele me conduzia da forma que queria e dessa forma ele ganhou meu respeito e minha admiração, tinha que admitir ele estava reagindo na minha vida de

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forma benéfica, era tudo tão intenso entre a gente que ele tomou conta de todo meu ser invadindo o meu coração, os meus pensamentos, me dando paz e alegria, realmente eu podia me sentir uma pessoa privilegiada. Ele era ilusoriamente muito especial, digo deste jeito porque pouco sabia dele, mas o pouco que sabia e os momentos que passávamos juntos eram intensos, repleto de carinhos, ele não representava só mais um capricho meu, quis com ele construir um alicerce firme, com estrutura para agüentar uma eternidade, e quando não estávamos juntos, sentia saudades, sentia falta, pois ele já fazia parte de mim. O fato de ele morar distante da minha cidade me fez recuar um pouco me deixava insegura, atenta, afinal se morando na mesma cidade já há traições ele morando longe como seria? Neste fim de semana ligou avisando que estava vindo, no entanto chegou a minha casa quase meia noite, quimicamente alterado pelo álcool, estava inquieto e quis ir para a balada logo, apesar da inquietude, mas muito carinhoso eu estava ainda brava por ter esperado por tanto tempo, enfim fomos para o baile na cidadezinha vizinha que ficava a 16 km de minha. Nossa demora lá foi pouca, logo ele quis vir embora, ele veio cochilando no volante eu fiquei atenta, volta e meia pedia para que me deixasse dirigir, mas ele permaneceu no volante, graças a Deus chegamos bem em casa. Nesta noite meu pai não estava tinha viajado, fui tomar um banho, e ele bêbado de sono e alterado pela bebida entrou no primeiro quarto e dormiu ali mesmo não tinha cristo que o acordasse, fiquei sem reação sem saber o que pensar desapontada,

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mas ao mesmo tempo compreendia o seu cansaço. Fui para o meu quarto antes o cobri com uma manta e tirei seus sapatos, ele já estava roncando, do meu quarto e do outro lado do mundo podiam ouvir, parecia um motor de avião, deitei em minha cama sozinha sem animo para ter pensamentos próprios, dormi muito mal nesta noite levantei mais cedo do que de costume fiz café e fui comprar pão, quando voltei, ele ainda dormia agora um sono mais leve. Dei um beijo em suas faces, ele abriu os olhos e sorriu meio desapontado ao perceber que tinha dormido sozinho, perguntou por que eu não o acordei, disse que ele caiu que nem uma pedra, fiquei com pena de acordá-lo, sinceramente não entendi a minha reação, fazia mais de 15 dias que a gente não se via e ele vinha para mim daquela forma, praticamente bêbado nem boa noite, nem um beijo nada, mas isso era o de menos, um pressentimento estranho uma sensação de abandono tomou conta de mim, ele levantou pediu uma toalha e rumou para o banheiro , quando saiu do banheiro eu estava cuidando do leite, ele veio todo carinhoso me beijando da cabeça aos pés, como quem tenta se desculpar por um ato irresponsável. Ele tinha o dom de me levar a loucura com seus carinhos intensos ele sabia tudo sobre mim, sabia como tirar a minha razão e ali mesmo na cozinha ele me despiu estava empenhado a apagar em mim a frustração da noite anterior, fizemos amor a manhã toda, de todo jeito depois tomamos um banho e fomos tomar o café o leite já estava frio , rimos nos beijando fomos almoçar na casa de uma prima dele na cidadezinha que tínhamos ido na noite anterior, voltamos logo para casa pois estávamos famintos um do outro, fizemos amor intensamente,

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parecíamos dois adolescentes descobrindo o prazer ele se empenhou ao máximo deu tudo de si naquele momento, foi o melhor amor que fizemos ele estava perfeito, em tudo o que fazia, fazia com qualidade e amor, tinha que admitir ele me fazia feliz, ele percebeu o nódulo em meu seio e perguntou se já tinha feito exame, disse que sim e que ficasse despreocupado pois meu medico disse que não precisava tirar que não era nada grave, não sei se acreditou, eu sei que menti pois já tinha o bichinho a mais de vinte anos e nunca tinha me dado problemas, portanto não precisava me preocupar, mais eu sabia que aquele nódulo ali representava minha sentença de morte, e tudo o que já havia sofrido as dores incontroláveis que aprendi a conter saindo de mim. Quando caiu a tarde ele partiu me deixando mais uma vez sozinha, com sua presença viva em cada canto da casa, seu cheiro ainda em meu corpo. Partiu deixando-me com aquela sensação de despedida, nos dias seguintes não ligou, foi como receber secretamente uma facada no peito, meu coração apertado, os pensamentos desalinhados, não sabia o que fazer só sabia que pertencia a ele e ele a mim.

Segunda - feira

Ele esta aqui Em cada cantoDesta casa Com seu olharFixados aos meus

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Com seu desejo Alcançando-meEle está aquiColado em lembranças Retidas no arComo um carinho bem feitoEsta no ar que respiroNo sorriso triste que esboçoEsta em mimComo nunca esteve antesAgora sim posso dizer sou deleE ele ilusoriamente meu.Assim como:Como o mar é de quem o admira. Como a lua é de quem a namora.Como o ar é de quem respira.Como tudo que se pode ver,E não se pode tocar Sem poder reter Pois neste espaço tempoEm que vivemos Tudo é teu Ao mesmo tempo em que nada é Tudo tomas emprestado Desta vaga trajetória que fazemosMas enquanto estivermos Na mesma sintonia será assim

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Eu deleE ele de mim.

Terça - feira

Ele me esquece.Não o conheçoSei tão pouco dele No entanto estou envolvidaNamorando um desconhecidoCada passo que dou Em sua direção é lentoPor vezes, não sei o que pensar.O ser humano é cheio de falhas Tem muitas brechas E por elas escorregam verdadesQue aos pouco se revelam. Um detalhe aqui, Certas atitudes Ele deve estar lá Do lado de outra, me esquecendo. Enquanto estou aquiCom esse aperto no coração Pensando no que poderia ter acontecidoEle sabe que estou só Esperando que ligue.Meu coração vai se esmagando

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Chega a sufocar Dói tanto!Que o peito parece que vai arrebentar.Mesmo sabendo que nada é absolutamente certo.Algo me diz que é esquecimento, e dói muito.Ele me conhece, sou transparente. Mas ele não, eu não o conheço.No entanto estou envolvida.E ele! Porque será que me esquece?

Quarta-feira

Ele esta fugindo Posso sentir Tem outra e prefereIgnorar que existoSerá que não pensa Em meus sentimentos No meu sofrimentoPorque é tão fácil Para um homem Por uma mulher de lado E pegar outra Porque será que faz isso comigoO que fiz de errado para merecer?É pergunta sem resposta.Apenas a dor de perda

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Do esquecimento e do desprezo.

Quinta-feiraSaudações

Fiquei triste, por vários momentos, pois ainda outro dia, estava aqui, depois não mais, a impressão que tenho é que quer o esquecimento, como quem esquece um bichinho de estimação, que morre de repente e então somem com o corpo. Então me questiono, para onde foi todo aquele carinho, aquele amor, aquele afeto, que tínhamos tão seguro de o ser realmente verdadeiro, para onde foi em?

Meu peito se aperta em meio às ultimas lembranças, tento resgatar o momento em que seu carinho, sua afeição foi apagada, quando foi que o encanto se quebrou? Não consigo pensar em nada, prefiro que fale o que foi que fiz para você sair da minha vida assim? Como quem deixa um carro batido no ferro velho, me desespera saber que um carinho, um dia desses, tão enorme; Possa ter desaparecido como num passe de mágica, a cabeça tenta vasculhar as lembranças ainda vivas, ainda marcadas em meu corpo, sua presença em cada canto desta casa atormentando os meus dias, neste momento cercada com tua lembrança, sentida pela falta de um telefonema, que faria toda a diferença. Procuro o que procurar, um momento, uma palavra, qualquer coisa que não me faça experimentar este desanimo desta busca absolutamente intransponível e desiludida, o carinho que acreditei estar recebendo de ti era falso, você me usou o tempo todo, queria não acreditar, queria estar enganada, te fiz melhor do

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que era criei um ser incrivelmente inexistente e acreditei ser real, mas me abandonaste,deixando-me fraca e irremediavelmente insegura.

Passei os últimos dias tentando conversar com ele, mas ele me fechou todas as portas e todos os caminhos me bloqueando. Talvez a mão de Deus a afastar o perigo que ele representaria em minha vida, pouco sabia dele, mas é o que vivemos um com o outro que mostra como somos , quando fui ao seu encontro fui de coração aberto e com a alma limpa disposta a escrever nas paginas de minha vida meu melhor momento, você arrancou-as de mim sem piedade. A verdade às vezes assusta, mas não saber o que pensar é pior. Tenho que terminar aqui a nossa história, pois não quero passar o resto de minha vida ouvindo desculpas a não ser que tivesses morrido talvez assim o perdoasse. Sofrerei como neste momento, mas sei que assim como os outros passaram em pouco tempo a tua lembrança estará morta, esquecida e arquivada, não estou sendo dramática, estou sendo pratica fazendo o que você não teve coragem de fazer. Estou terminando da única maneira que você não poderá recusar um telefonema a gente pode evitar o celular à gente desliga, mais uma carta não se rasga antes de ler. Termino triste, sem saber o motivo de tanta leviandade.Pense:- Uma pessoa idiota e deslumbrada você consegue levar no bico, na conversa;- Uma pessoa inteligente deixa-se conduzir até onde ela quiser;

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E eu te deixo aqui neste momento neste ponto em que não encontro a pessoa pela qual me apaixonei.

Sexta - feira:

Escrevi uma carta, mas não a remeti, fiquei pendurada ao telefone até conseguir falar com ele, isso já eram seis horas da tarde, perguntei o que tinha acontecido, ele disse que me ligaria à noite, disse a ele que era bom ligar senão pegaria o carro e iria ate lá, ele riu sonoramente e respondeu vem!

Ele não ligou... Todo vez que o telefone tocava achava que era ele, pro meu desânimo e tristeza ele estava me ignorando, porém já estava decidida a não mais ligar.

Sábado:

Acordei com uma raiva mortal, fui logo ligando não esperei que ele ligasse me fingi de morta e acalmada.

O empregado o chamou, não perguntou quem era ou o que queria apenas o chamou.- Tudo bem?- Mais o menos, to com uns problemas depois te explico.- Depois não! Agora.

Você esta me fazendo de besta, fala logo o que tem para falar para acabar com essa agonia, não me enrola, se tem outra ou se sempre teve outra, fala logo, fala, gritei, chega de me fazer de

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besta, seja franco por mais que doa eu não vou sofrer mais do que já estou sofrendo.- Sim. - Sim o que?

Eu tenho outra, eu ia te contar, mas não tive coragem até quando pretendia me enrolar? Diga, eu mereço isso, devo merecer só pode, esse é o pagamento pelo carinho que tenho por você. Neste momento eu já estava chorando com um ódio de mim mesma por ser mais idiota do que todos os idiotas do mundo.- Não, eu estava pensando em ir ai pra gente conversar.- Bati o telefone com toda raiva do mundo, blasfemei, falei mal todos os palavrões que sabia, mas depois já aliviada pude respirar melhor raciocinar. O assunto dentro de mim ainda era a manchete principal, mas a vida tinha que continuar, não podia deixar de viver porque tinha encontrado mais um imbecil na estrada. Nos dias seguintes a vida voltou ao normal depois ia ter à festa do peão eram 4 dias com a cidade cheia de turistas bailes todas as noites. Ia aproveitar cada segundo nada de ficar curtindo fossa. Naquela noite fui à lanchonete. Logo vieram me perguntar dele. – É melhor dar um tiro na prosa, logo perceberam que as coisas não iam bem, fiquei ali numa roda de amigos mais meu coração estava apertado, uma angustia uma tristeza sem tamanho. Podia esperar tudo de outra pessoa, mas do Gomes não, ele parecia perfeito! Mas era humano. Como é que se pode esperar a perfeição de um ser humano, cheguei em casa desolada, o sono não viria sem a ajuda de um calmante, naquela noite quis esquecer me dopando para não pensar em nada...

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DOMINGO:

Eram seis horas da manhã, quando acordei para tomar remédio; devido a uma infecção na garganta, depois que levantei e não consegui dormir, fiquei pensando, no ódio na raiva já estava sentindo. Dei risada do peti que presenciei de mim mesma só eu pra não conseguir controlar o choro, chorei durante toda a semana me sentindo lesada; o choro limpou minha alma, mesmo assim peguei o que tinha escrito durante a semana, pôs num envelope e decidi que ia ter com ele acontecesse o que acontecesse. Caso não conseguisse falar tudo, lhe entregaria os manuscritos. Liguei na rodoviária da cidade onde Gomes morava anotei o horário de ônibus e liguei para vários lugares e parti ao seu encontro. Não podia ir de carro, pois não estava no meu juízo perfeito. Pegaria o primeiro ônibus. Dei um salto da cama já resolvida, tomei banho, coloquei uma roupa confortável, um boné, óculos escuros para não ser reconhecida e fui... Toda cheia de coragem, ao chegar à rodoviária, fui informada de que o ônibus que saia as oito e meia da manhã não sairia mais naquele horário, aos domingos só tinha ônibus às 10 horas, voltei para casa irritada, o que faria para que as horas passassem mais rápidas! Resolvi ir à missa, chegando lá fiz minhas orações, ainda faltava meia hora para a celebração. Se a missa começava às 9 horas terminaria só as dez e trinta, melhor não arriscar ou perderia o precioso ônibus, levantei do banco em que estava ajoelhada e pedindo desculpa para Deus e proteção ao

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mesmo tempo, pois se não aproveitasse a coragem do dia eu nunca mais iria ter com Gomes. Cheguei a minha casa liguei para a casa de marta que morava na cidade vizinha por sorte ela mesma atendeu, pedi para deixar o meu carro em sua casa depois explicava o por quê?

Nada tiraria da idéia a minha ida à casa de Gomes que ficava a duas horas de casa e depois eu nunca tinha ido para aquelas bandas sozinha, melhor mesmo e mais acertada era pegar o ônibus e terminar esse namoro de uma vez por todas, antes de perder a dignidade e o resto das forças, esmorecendo e perdoando aquele cafajeste... Entrei no carro abri as janelas, fui sentindo a brisa fresca a surrar meu rosto. Aparentemente estava calma, quando cheguei à casa de Marta ela veio me receber no portão expliquei o acontecido, ela me deu a maior força já sua irmã Eliane disse para pensar melhor, pois não estava fácil arrumar um bom namorado nos dias de hoje, o que ela queria dizer com um bom namorado! Mal conhecíamos Gomes e depois nada me faria mudar de idéia estava decidida e orgulhosa por ter tomada essa atitude, quando ia saindo seu irmão falou um oi aguado, nem liguei quem ia se importar com ele agora que não pensava em outra coisa, eu estava obstinada a ir à casa do safado, desse no que desse. Caso o encontrasse com outra tanto melhor, pois o barraco ia ser feito e derrubado, sai dali ligeiro Shyam ficou me olhando tinha que admitir ele era realmente lindo mais era tão vazio que a gente conseguia ver ele do outro lado, quando entrei na circular deu um aperto no coração uma vontade de chorar, mas já tava tudo decidido nada me faria voltar atrás agora, levei sorte a

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circular chegou na hora dando tempo de pegar a seguinte e lá me fui para Sertaneja e mesmo sabendo que Gomes não me esperava. Sabia que essa aventura era necessária, pois o homem por quem havia me apaixonada tinha me esquecido, neste momento não sabia o que pensar de mim mesma, nem o que realmente queria, ou se o que estava fazendo era o mais correto. Também não importava com o que Gomes iria pensar ia e pronto, desse no que desse, estava calma, as idéias se alinhando em minha mente. Com meu disfarce parecia uma garotona: tênis calça jeans, camiseta vermelha óculos escuros e uma bolsa a tira colo. Parecia mais uma turista.

Cheguei a Sertaneja, a cidade parecia outra de dia, pois a única vez que havia ido lá foi com um grupo de amigos já era noite, mas estava lá ia bater de porta em porta se preciso fosse, mas acharia a bendita casa... Fui perguntando para cada pessoa que via e cada uma delas me dava um endereço diferente. Pior, não tinha nenhum táxi por perto, muito pior ainda, não tinha táxi na cidade, a coisa estava ficando feia e eu e estava cada vez mais irritada. Que diacho de homem era aquele que não parava em lugar algum, ou devia ser muito do nó cego, ou não sei não, um carro escuro se aproximou, fez a volta a minha frente e voltou bem devagar, era um moço de aparência bonita, resolvi perguntar se ele conhecia Gomes, ele respondeu que sim, e que se não me importasse ele me daria uma carona, pois era meio longe, não sei o que me deu nas a idéias de aceitar, enfim aceitei, no trajeto ele foi me interrogando , falei que era namorada do tal Gomes ele ficou abismado como uma jovem como eu namorava uma pessoa como Gomes que já

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amanhecia alcoolizado, falou horrores dele, deixei que falasse, pois só sabia dele o que sabia mais nada, chegando a casa de Gomes estava tudo trancado o carro não estava na garagem o desgraçado havia ido à casa de outra desafortunada como eu, enfiei o envelope amarelo por baixo da porta, o moço do carro ficou me esperando, chamei-o de anjo da guarda, pois era exatamente isso que ele era um anjo que Deus havia colocado no meu caminho para não ficar ainda mais louca, ele ficou dando voltas na cidade comigo andamos por tudo, disse a ele que ia pegar a circular para a outra cidade ele disse que ia demorar um pouco e que não era legal uma moça como eu ficar naquela rodoviária, me levou próximo ao hospital, tinha um ponto de ônibus na frente, disse que era melhor esperar a circular ali, agradeci a atenção e os cuidados que aquele estranho estava tendo comigo, sentei no banco e abri um livro, mais não conseguia ler, um senhor já alcançando seus 50 anos, mal vestido e falante feito um papagaio se aproximou, puxou conversa, falou um monte e achou que eu tinha caído em suas graças. Deu umas investidas mais violenta, ou seja, uma cantada descabida. Mandei ele se olhar no espelho, o homem ficou bravo, pensa num cara nervoso, começou a engrossar comigo e eu, com aquela calma irritante disse bem lentamente para ele decorar, meu senhor eu só quero ficar em paz e pegar esta maldita circular que não chega, não pedi ao senhor que conversasse comigo foi o senhor quem chegou falando só ouvi porque sou educada, mais não vem o senhor me desaforar não! O senhor também não me conhece, portanto se não for pedir demais gostaria que sumisse das minhas

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vistas ou que pelo menos se mantivesse calado, pois não estou a fim de conversa, o senhor entendeu ou quer que eu desenhe?O homem saiu me amaldiçoando, fiquei ali irritada com o episódio. Eu lá queria saber quem conhece Chitãozinho, Leonardo e tampouco empresário do Bruno e Marroni! Pode um troço desses! Queria apenas o silêncio, nenhum som de voz ou barulho. Acho que não era querer demais, ou era? Enfim a circular chegou sentei na poltrona perto da janela e vim sentindo a brisa suave acariciando meus pensamentos e me acalmando vagarosamente, pensando no que o anjo tinha falado a respeito de Gomes. A volta foi tranqüila abaixei o boné por cima dos óculos e fechei os olhos até chegar à próxima cidade lá peguei um ônibus e fui até a casa de Marta onde havia deixado meu carro, não me demorei, cheguei, apenas cumprimentei o pessoal e voltei para casa. O final de semana passou assim, eu, frustrada com os homens no geral, segunda-feira não agüentei liguei para ele para saber se tinha lido a carta ou que fosse o jornal. Por dias não consegui falar com o safado e quando consegui, aparentava tranqüilidade tanta tranquilidade que irritava, foi como se nada tivesse acontecido. - Perguntei se havia lido as cartas que havia deixado em sua casa.- Não recebi nada!- Então de uma boa olhada deixei um envelope amarelo, enorme com um monte de manuscrito dentro, debaixo da sua porta ele deu aquele sorrisinho, pensando na minha maluquice de ir até lá só para deixar um envelope. Também não era só isso ele tinha me abandonado me traído e me feito de besta o que mais ele poderia

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ter feito de ruim, muitas coisas poderia passar o resto da vida enumerando os desaforos dele.

Mas só falei que havia ficado bem, que tinha conhecido um de seus clientes e que esse tal cliente me levou até a casa dele, pois não me lembrava mais onde morava, ficou fulo da vida bateu o telefone com força... Claro que fiquei chateada e ao mesmo tempo com aquele arzinho de vencedora, isso não impediu de maquinar uma forma de atormentá-lo por aquele e pelas demais situações pelas quais ele havia me exposto.

O telefone tocou em seguida, atendi era o safado me pedindo desculpas. É bom mesmo senão amanha teria uma faixa pendurada em frente a sua oficina, pendurada entre as arvores da praça. Deu risada da minha infantilidade e do meu poder criativo e disse.- Estou lendo a carta, carta não, um jornal!

Desta vez fui eu quem ri. - Mas ainda não terminei toda hora chega um cliente aqui para interromper, mas estou lendo. Depois disse que estava com problemas financeiros.– Então é melhor desligar o telefone e ir trabalhar afinal: Carro parado não ganha frete, pedi para que me ligasse depois que terminasse de ler, para poder tripudiar mais um pouco. À tarde recebi a visita de Virginia contei-lhe o episódio, pois tinha feito tudo isso sem contar a ninguém é claro que floreei um pouquinho a história que me transformava em vitima e realmente era, fosse ou não o ocorrido, exatamente como contara, não importa! Verdade é o que você ouve e acredita. E acreditava que essa minha história com Gomes podia acontecer de tudo, nada

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podia passar despercebido, tudo o que queria que acontecesse iria acontecer era o meu conto real e eu estava aqui somente para transcrever os acontecimentos, era importante que não o odiasse. teria que manter o interesse por ele até ter um fim satisfatório para o enredo que queria viver aqui na terra com ele, ele foi o escolhido, o homem que amaria eternamente, acontecesse o que acontecesse seria sempre o mesmo amor, já estava decidido.- A tardezinha deste mesmo dia Gomes ligou novamente com o manuscrito em mãos, não deixei que ele falasse nada fui atropelando e perguntando você entendeu tudo? - Entendi.- Fiz o que você não teve coragem, terminei.- Mas estava pensando em ir até ai pra gente ter essa conversa pessoalmente. - Você estava pensando! Porém preferiu me deixar angustiada e ir me levando no bico certo?- Não é isso! Eu ia falar que estava com outra pessoa, mas as coisas foram acontecendo, quando vi já estava envolvido , mais com ela do que com você.- Pensa no ódio que estou sentido de você muito mais que antes, então é assim que você age conquista hoje larga amanhã como se não tivesse responsabilidade alguma, mais saiba o senhor que desde o primeiro dia eu fui sincera em nenhum momento te trai, e esta é a paga que recebo por gostar tanto de você!- Mas eu gosto de você.- Não gosta não, quem gosta não faz o que você fez , pensei que estávamos namorando.

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- Mas a gente está.- Então você não sabe o que é namoro. Você não pode ver um rabo de saia que sai correndo atrás, é melhor a gente se esquecer. Vai ser sempre assim hoje é essa! Amanhã será outra, depois outra e não terá mais fim. O que mais dói é que eu acreditei em você isso sim dói, pior, ver a nossa história terminando como tantas outras por causa de um rabo de saia. Mas você já fez a sua escolha, quando resolveu jogar o nosso relacionamento no lixo como quem amassa um papel mal escrito, não tem importância só espero que ninguém faça com você o mesmo que você fez comigo.- É uma praga?- Não! Só quero o seu bem, não disse que queria que fizessem com você o mesmo que você fez comigo foi justamente ao contrario, não desejo que façam o mesmo, sei o quanto merecia, pois fui sincera demais. Falei de minha insegurança dos meus medos, mas me fez acreditar que com você seria diferente, mais foi pior por isso, sempre preferi apenas ficar, pois tinha certeza que iria acontecer outra vez. Mas é bom para que aprenda e para que sirva de lição e exemplo, se já não confiamos em quem convive no nosso meio imagina num ser de outra cidade! E sabe o que o desgraçado me respondeu:- ninguém é bom!- Eu sei bom é Deus, só que pensei que um homem na tua idade não fosse aprontar uma dessas, mas vejo que são os piores. Sabe de uma coisa vai trabalhar para pagar suas dividas e me deixa em paz, para mim já deu o que tinha que dar e desliguei o telefone. Fiquei ali ao lado do telefone parada, frustrada, ferida na alma com

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uma ferida tão grande de difícil cicatrização, que nem eu mesma tinha noção do tamanho da dor por ela causada.- Pensei! Como os homens são burros bastava ele não ter assumido nada, ter dado uma desculpa esfarrapada e me deixaria com chances de sobreviver, mas a forma como ele reagiu deixava bem nítido que o interesse dele por mim tinha acabado e pouco se lixava se ia sofrer ou não inventava histórias tão idiotas que até uma criancinha saberia que estava mentindo, imagine que um dia me contou que foi comprar um carro batido às 23 horas da noite em outra ocasião que tinha ficado na cola do filho de 21 anos sendo que: Os filhos dele faziam o que bem entendiam, era uma mentira pior que a outra quando é que eu poderia acreditar em uma verdade! Ele realmente não era de confiança. A noite parecia não ter fim deitei na cama e fiquei olhando para o céu estrelado. Tão quieta que não conseguia ouvir a minha própria respiração, não sabia no que pensar, naquela noite até o pensamento ficou calado mudo, onde tinha errado? Porque esse romance tinha tomado essa direção, era para ser perfeito, para ser escrito dia a dia com emoções verdadeiras, com amor eterno, que tolice a minha pensar que poderia escrever um romance perfeito e vive-lo ao mesmo tempo. Já eram altas horas quando o telefone tocou...- Oi.

Era ele com aquela voz, de quem não tinha feito nada, desmontou meu cenário. Reaparecia para verificar se saiu do jeito que tinha planejado como ele podia ser tão frio, tão calculista. - Perguntei irritada! O que foi dessa vez? Esqueceu-se de falar alguma coisa?

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- Não só liguei para saber se você está bem.Deu-me um ataque de riso...

- Você deve me achar uma idiota mesmo; o que é vai tripudiar? O que mais falta fazer. Não se preocupe, não vou morrer por tão pouco, precisa mais do que um sem vergonha para me fazer sair dos trilhos. Não vai ser um imbecil como você que vai conseguir. Depois nunca ouvi alguém morrer porque levou um chifre, não precisa ficar ligando, vai acabar ficando mais pobre e eu já esqueci que você existe afinal a fila anda, ninguém morre porque Deus tirou um imbecil do seu caminho.- Está bom! Só liguei para saber se vai ficar bem, beijo...- Hum!

Fiquei muda não disse nada me faltaram palavras para responder a altura, tamanho era o cinismo.- Fica com Deus.- Você também e adeus não me liga mais não tá porque eu não vou mais atender. Os dias seguintes não passavam... Tinha ele no pensamento, o tempo todo então liguei, voltei atrás, disse que estava arrependida e que já não conseguia viver sem ele, mal acreditava no que acabava de fazer pedindo a ele que viesse me ver. Há! Como mulheres apaixonadas viram idiotas egoístas e bobas. Estava fazendo o que o coração pedia, e ele só me queria ver humilhada pedindo ao mentiroso que voltasse porque a imbecil aqui tinha viciado naquela droga de homem, pois era isso que ele era uma droga que fraca não conseguia mais viver sem, ao ponto de rastejar atrás dele. Animei-me resolvi fazer um jantar romântico e lá foi à

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idiota comprar vinho, flores, roupa intima, eu mesma fiz uma faixa enorme escrito assim:Gomes Teu rosto brinca em meus pensamentos. Teu sorriso encanta o meu querer.Você me deixa assim:Apaixonada! Sentindo amor por você.

Coloquei a faixa no quarto, joguei pétalas de rosa sobre a cama, arrumei taças com morangos, uvas e o vinho. Estava tudo perfeito, e fiquei esperando ele chegar o relógio começou a correr rápido demais as lágrimas corriam e rolavam em minhas faces o pranto foi inevitável, o medo e a certeza de que não mais viria me deixou transtornada, um ataque de raiva fez com que quebrasse tudo e depois ficasse olhando no espelho para o meu rosto incrédulo e desfigurado. Ele não ia vir nunca mais eu o tinha perdido para sempre, tantas coisas se passaram pela minha cabeça mais a humilhação diante de mim mesma era a pior de todas, foi a primeira vez que fazia essas coisas e jurei diante de meu rosto no espelho que jamais faria coisa igual em minha vida, pois homem algum merecia, foi a única vez que deixei me levar pelo romantismo adormecido há séculos dentro de mim, parecia um grande avanço mais daí o telefone tocou era ele inventando outra mentira não deu para ir, aconteceu um monte de coisas depois te conto.- Depois não pode começar a contar agora, depois é muito tempo para uma idiota feito eu; você está namorando outra? Ótimo para

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você, então fica com ela e me deixa em paz. Desliguei o telefone e o deixei fora do gancho, me entupi de remédios e dormi dopada. Chorando sem cessar. Olhando para tudo o que tinha feito, a faixa o porta retrato as taças tudo no chão, um ódio de mim mesma por ser mais idiota do que todas as idiotas do mundo.- Por outro lado talvez não estivesse tão apaixonada. Talvez fosse só romantismo barato, coisa que li demais e que lá nos manuscritos folheados com tanta sofreguidão tenha dado certo, mas a vida real era um roteiro escrito a cada momento, alterando totalmente as expectativas para o bem ou pro mal. Quem sabe tenha sido meu orgulho ferido querendo um respaldo a seu favor para sair por cima; porém tinha que admitir; não era fácil inventar um grande amor e sendo ou não amor estava sentindo todos os sintomas de uma paixão não correspondida. Estava triste, uma personagem perdida em seu próprio papel no meio do povo sem nenhuma reação. Caminhei pela casa com minha tristeza sufocando, cada atitude. Fui até o quarto vi o cenário que mais parecia cena de um filme , peguei a faixa dobrei, coloquei junto com o porta-retrato, guardei tudo, pelo menos o que não estavam quebrados e limpei o bagunça que no momento de raiva havia destruído, azar meu não é mesmo! Quem mandou quebrar tudo, agora tinha trabalho dobrado, ainda bem que não quebrei o vinho resolvi abrir e tomar um porre afinal eu merecia, ainda chorando observava minhas lagrimas caírem em silêncio, gota a gota, dentro da taça de vinho matando a fantasia eliminando a dor que dilacerava, como um câncer que ninguém vê, mas só quem o tem é que sabe o quanto é doído e destrutivo, não conseguia parar continuava caminhando pela casa, fui até a

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cozinha a mesa posta para dois, a toalha de linho tão delicada branca com bordados tão delicados, as flores no centro da mesa, vasos castiçais com velas, fui retirando os pratos, guardando tudo mecanicamente como quem se desfaz do ultimo sonho, do ultimo ato corajoso que lhe roubara toda ilusão, a taça de vinho namorava a garrafa quase vazia, deitei no sofá onde dias antes havíamos feito amor, em tudo tinha a lembrança dele, voltei pra a ante-sala, sentei do lado do telefone e olhando para ele se lembrando das conversas de todas as noites. O pranto rolava ainda mais intenso, dali dava para ver o quarto, agora na escuridão, com o teto repleto de estrelas, abaixaram-se as cortinas do teatro da vida já podia sentir a morte e a vida fugindo com minha alegria e meus sonhos sem se realizarem, e a falsa tristeza novamente em minha alma.

FALSA TRISTEZA

Ainda assim tristeUma tristeza diferente.Como quem:Acaba de bater um carro novoOu de queimar com ferro um vestidoQue ainda não foi usado.Como quem:Acaba de dar por falta de uma peça intimaQue era a preferida.Como quem:Termina de ler um livro

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E já suspirando com pena de ter acabado a história.Como quem:Acorda de um sonho do qual podia jurar que era realComo quem:Sente falta de alguma coisa. E não sabe identificar o que é!Ou seja, não é tristeza verdadeira.É uma falsa tristeza. Que deixa-nos sem vontadesE tudo o que se deseja neste momento É dormir por anos inteiros, E acordar como quem acorda de um pesadelo.

Um ano é tempo suficiente para esquecer uma traição, traição que não envolva sentimentos verdadeiros, do contrario seria preciso uma vida inteira para refazer novas bases de segurança, para tentar se aventurar novamente, mas não tinha tanto tempo assim, e não pretendia gostar de ninguém, tranquei o coração, não iria mais confiar nos homens, se um sentimento tão grande tinha que ser esquecido, já não tinha certeza se valia à pena tentar novamente, adormeci chorando acordei mais triste ainda, olhei no relógio eram cinco da manhã, acendi a luz, e pensei já é sexta–feira, a primeira do resto da minha vida.

QUERO O SILÊNCIO

Quero ouvir a voz da razão

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Escutar o coração Quero o silêncioMuito mais silencioso.Para não escutar a própria respiração Fechar os olhos lentamente Levitar, se preciso for. Sair de mim! Esquecer quem sou.Esquecer o que andei fazendo.Esquecer tudo que escrevi.Esquecer o que falei.Esquecer o que ouvi,De lábios mentirosos e sedutores.Quero apenas, o silêncio mudoPara desfazer vagarosamente As telhas da desilusão.Passar hora diasSem pensar em nadaApenas querendo estar só,Em silêncio.Sem ouvir o barulho do vento,Sem ouvi o barulho dos pássaros,Sem ouvi o canto dos galos em alvorada,Sem um pingo de sentimento.Apenas com o corpo se esvaziando lentamente De tudo que sentiu.E em silêncio.

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Silêncio vazio, sem explicações..Ouvindo a voz oculta da razão Dizendo em silêncioEsquece.Esquece!Esquece...

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Capítulo VIII

O baile

A vida continuou, nos dias seguintes evitei ficar sozinha em casa, sai, mas saia vazia, porque minha alma estava morta, minha alegria antes tão explicita em meu rosto, agora dava lugar a um fantasma. Os amigos tentavam me distrair mais não dava. Logo voltava para casa, me troquei mecanicamente e cai na cama, adormeci profundamente, despertei com batidas fortes na porta do meu quarto, meu pai desesperado gritava para que chamassem a policia, pois tinham pegado um ladrão dentro de casa e o mantinha na mira do revolver, que tremulo apontava para a cabeça do ladrão. Meus olhos se arregalaram incrédulos não queria acreditar que aquele rosto era o de Gomes. Sim era ele mesmo.- Eu te avisei filha que este cara não prestava, vai lá fora e olha a caminhonete dele, estava fazendo uma limpa em nossas coisas, esta tudo lá, geladeira, fogão televisão, tudo não deixou nada, fui correndo lá fora, sem querer acreditar, Gomes olhava com aqueles olhos assustadores estava transfigurado. Corri rumo à casa do cabo Neves, ele já estava pronto, pois tinha ouvido a gritaria, contei o que se passava, ele pediu reforço e partimos em sua viatura, e lá estava Gomes com uma arma apontada para sua cabeça, isso não impediu de me xingar de tudo quanto é nome que ele sabia.

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- Sua vagabunda, piranha, vadia... E eu tendo que ouvir tudo aquilo, realmente ele era uma caixa de surpresas, como é que confiei tanto nele, e pior, porque o amava tanto, quando o apresentei pela primeira vez a meu pai, de cara ele não gostou, parecia que adivinhava o que estava por vir, mas como uma mulher apaixonada vai enxergar o obvio. Os vizinhos começaram a aglomerar na frente de casa, queriam saber o motivo de tanta gritaria. Eu continuava imóvel as palavras me faltavam, custei a acreditar que aquela cena patética era real, como é que ele tinha coragem de jorrar boca a fora palavra tão imunda, tão repugnante. Justo para alguém que só sabia ama-lo. A policia saiu arrastando-o em meio a multidão curiosa, enquanto todos ouviam as ameaças, vou matar você, você vai morrer, isso é um fato e não uma promessa. Juro que te mato sua vadia...- Fiquei tão transtornada que desmaiei. Quando acordei minha irmã estava ao meu lado, como uma mãe acariciando a cabeça de um filho, o meu coração ficou ainda menor, de tão apertado, parecia que tinha sonhado, mas pelo visto era real, durante os dias seguintes a família evitava comentar o episodio, mais foi o ibope do mês. - Passaram alguns meses, o telefone tocou era a policia avisando que Gomes tinha conseguido fugir da cadeia e que era para tomar mais cuidado, pois ele havia me jurado de morte, a minha cabeça rodopiava, teria que fugir o quanto antes...A polícia fez várias buscas na cidade avisaram as cidades vizinhas e fizeram o retrato falado dele que apareceu em todos os noticiários, mas a vida precisava continuar e continuou nas primeiras semanas

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acordava em meio a pesadelos e mesmo sobre o efeito de calmantes era difícil ter dias tranqüilos. De mais a mais a vida precisava continuar não era a primeira mulher a viver debaixo de uma ameaça, tinha plena consciência que não seria a ultima a ser engabelada da forma mais prejudicial ao ser humano, que é através da confiança do afeto e da conquista, os amigos estavam sempre me convidando para festas, tentavam me detrair, mas continuava acuada dentro de casa, com medo, parecia que estava sendo espionado o tempo todo, anos se passaram e o episódio quase esquecido. A vida voltou ao normal, meu câncer foi totalmente esquecido, não me incomodava, o braço ganhou uma leve dormência, às vezes perdia a força da mão e os objetos escorregavam por elas caindo no chão, mas ainda não era o final, continuava com meu segredo sem mostrar qualquer sintoma visível a olho nu, pela manhã cuidava do jardim, fazia minhas vendas e ainda decorava ambientes seja lá qual fosse, gostava dessa vida, um dia quando entrei deparei com um lindo convite azul marinho escrito em letras de ouro: REENCONTRO DA TURMA VIP. Nele iriam estar presentes todos os amigos e a alta sociedade. Minha amiga Virginia insistiu para que fosse afinal já se passara tanto tempo e eu só vivia para a família, meu pai concordou com meus amigos ele também insistiu para que eu fosse. Já vencida aceitei. Não que fosse a procura de um namorado, mas uma companhia agradável seria muito bom, dançar, beber um pouquinho poderia me render algum prazer e depois um pouco de

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requinte não iria fazer mal. Seria só para quebrar a monotonia daqueles longos anos de clausuras. A festa foi no terraço da piscina o ambiente estava todo decorado, no alto dos coqueiros uma borboleta enorme feita com balões coloridos, e em volta da piscina seguia o mesmo estilo de decoração, no centro da piscina construíram uma ilha e ancorada a ela um barco com um jovem casal, luzes coloridas iluminavam o túnel da entrada, as pessoas só se viam depois do túnel, nossa! Quanto tempo não ia numa festa tão elegante e sofisticada, muita gente bonita circulando com suas taças de champanhe na mão, reencontrei muitos colegas que não via há anos, as pessoas a minha volta tagarelavam sem parar sorrindo alteradas pela bebida. Marques veio minha direção, estava mudado mais tinha o mesmo brilho no olhar, de quando não desgrudávamos, nossos olhares ternos e afeiçoados se olharam ele me abraçou com ternura, nunca soube por que a gente nunca havia ficado havia me apaixonado platonicamente por ele, depois apresentou sua jovem esposa, Virginia estava do meu lado ele a cumprimentou. No meio daquela multidão de pessoas fui reconhecendo alguns rostos, reencontrando antigos namorados e velhos amigos, um senhor grisalho já beirando seus 50 anos não tirava os olhos de mim parecia estar me seguindo, pois para onde quer que olhasse ele lá estava, parecia que havia se multiplicado, só podia para estar em todos os lugares! Era bem apanhado. Cabelos cumpridos meio selvagens, barba bem feita, muito elegante em seu terno italiano, gravata riscada enfim muito bem vestido, notava-se que era um homem de grandes posses. Enquanto o observava ele se aproximou com seu sorriso

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gentil, me pareceu tão familiar, mas de onde o conhecia? Virginia cochichou ao meu ouvido.- Acho que ele gostou de você, veja como te olha! Fingi que não havia percebido, e assim iam passando as horas, os casais iam se formando na medida em que a bebida ia dando coragem, a musica tocava alto, o homem misterioso se aproximou e me tirou para dançar, com o olhar fixo aos meus, como imas que se atraem. Pude sentir o meu corpo colado ao dele, falou ao meu ouvido, você continua linda, a voz bombardeou os meus sentidos perdi o ar tudo a minha volta começou a girar, não poderia ser verdade não podia ser quem eu pensava que fosse.- Esta surpresa - Fiquei muda queria pedir socorro mais a voz não saia o coração explodindo dentro do peito olhava para os lados, mas estava todos envolvidos com a dança para perceberem o meu desespero, Jesus amado porque eu, porque comigo?- Esta surpresa? Apertando-me em seus braços, beijou-me a nuca e o pescoço sussurrando... - Ta lembrada de mim?Eu te disse que era um fato. E não uma ameaça apertou-me ainda mais contra seu peito. Enlaçou-me pela cintura fazendo-me perder o ar. Porem continuei calada, olhando em todas as direções, procurando alguém para pedir socorro, mas o grito era mudo, a voz não saia e o desespero só ia aumentado ele pegou em minha mão e foi me conduzindo rumo ao estacionamento, abriu a porta do carro e disse é melhor você entrar e não fazer escândalo se gritar só vai

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consegui encurtar ainda mais a sua vida e sua estadia nesse mundinho sem graça. Entrei no carro rezando e entregando minha alma a Deus, tentei me desligar do mundo, minha sentença era a morte. Porque esta fazendo isso comigo? O que foi que eu te fiz? Pra que você se transformasse nisso? Meu único e maior erro foi ter me apaixonado por você e o amado mais que a mim mesma, porque tanta revolta? Se tiver alguém que foi lesada no corpo, na alma, no coração e existência fui eu! Eu sou a vitima. Foi você quem tramou contra mim e minha família foi você; ele parou o carro de brusco e pegou em meu rosto com as duas mãos e me beijou suavemente. Meu ódio por ele aumentava a cada segundo, ainda tinha a coragem de continuar. Você vai ter o que merece! Achou que ia conseguir me esconder a verdade por muito tempo? Acreditou mesmo que não descobriria? Eu estive presente em sua vida mais do que você possa imaginar, cada passo que deu cada objeto que comprou tudo! Sei de tudo, outra coisa; Sei sobre a Sofia.- Do que esta falando, deixa-a em paz você não tem nada haver com ela, não ouse se aproximar dela ou eu te mato, meus olhos se arregalaram; Como ele podia saber! Escondi Sofia como quem esconde um tesouro. Poucos sabiam que tinha uma filha.- Ela se parece muito comigo, tem os seus olhos. - Porque a escondeu de mim? Até o momento ninguém sabia da minha gravidez a não ser os mais íntimos que ajudaram a escondê-la e agora ele vinha com essa, santo Deus como isso foi acontecer!

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- Desde quando você está sabendo?- Desde que sai da cadeia e fui te procurar. Estava zonza a cabeça rodopiando. O que seria de Sofia e de mim? Sofia era muito pequena tinha apenas três anos iria completar 4 em de outubro e tudo o que sabia do pai era que tinha morrido num acidente. Gomes ficou me olhando imaginando o que se passava em minha cabeça. Olhou meus olhos marejados e com aquela doçura na voz me disse:- Maybe, tudo o que eu mais quero é esquecer o passado, todas as loucuras que fiz. Descobri tarde demais que a amava. Enquanto estava preso não tinha um só dia que não me arrependesse das besteiras que fiz, em nenhum momento deixei de pensar em você, ali mesmo na cadeia comecei a estudar jurei que quando saísse iria ser um homem diferente e iria tentar te conquistar nem que levasse uma vida toda eu a conquistaria novamente. Segui-te durante semanas... Foi assim que descobri a nossa filha, voltei para casa atordoado, a partir de então trabalhava dia e noite sem para, mudei meu nome agora ninguém mais me conhece por Gomes e sim Nascimento, sou um homem respeitado no mundo dos negócios, depois que escapei da policia o meu objetivo era te procurar, porém vi que estava sendo vigiada pela policia; mais um dia vi você saindo com uma barriga enorme fiz os cálculos e descobri que só podia ser meu, a paternidade meche com a gente e quando a vi! Juro por Deus nunca na minha vida tinha visto uma grávida mais linda! Sei também que você a mantém aos cuidados da madrinha Virginia, passava lá todos os dias para ver se a via brincando no jardim, e quando a via vindo pro meu lado a minha vontade era abraçá-la

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acariciar seus cabelos, beijar seu rostinho, nossa como é bonita! Se parece muito com você e não se preocupe jamais a mataria, disse tudo para amedrontá-la e trazê-la comigo, se eu quisesse mata-la não acha que já o teria feito! Como é o nome dela?- Sofia- Lindo nome. - Significa sabedoria.- O que contou sobre mim?- Tudo o que sabe é que o pai morreu num acidente.- Bem criativoSorriu sonoramente.- O que vai fazer comigo?Hum!!! Vou pensar! Mais antes quero que conheça um lugar, não se preocupe, pode não parecer, mas esta em boas mãos. Fiquei calada o coração batendo forte parecia que ia sair pela boca, não podia confiar numa só palavra daquele homem, tudo o que vinha na minha mente eram fatos do passado parecia que tinha acontecido ontem, tinha que manter o equilíbrio precisava pensar formular um plano de fuga, mas fazer o que se ele estava com Sofia, não podia deixá-la em suas mãos, era melhor tentar me acalmar, e depois de ver Sofia e tê-la em meus braços pensaria em algo.

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A ESTRADAULTIMA PARTE

Não sei a que horas adormeci, Sofia dormia profundamente seu rostinho angelical me acalmava, talvez Gomes tivesse mudado realmente, talvez quisesse se desculpar pelos erros do passado, mas nada poderia justificar o seqüestro de duas pessoas que ele dizia amar, os meus sentimentos eram confusos, havia passado tanto tempo e em 3 anos muita coisa havia mudado ou ficou definido, no entanto outras coisas vão perdendo suas formas, Gomes era pai de Sofia e isso era para sempre nada mudaria essa realidade nem mesmo se quisesse. Seu rosto outrora tão inquieto, agora estava calmo sereno, dando a impressão de que sabia exatamente o que estava fazendo. O que sentia por ele há anos estava adormecido, acalmado até encontrá-lo naquela festa, a forma como conduziu as coisas, o beijo roubado, a forma como me abraçou, todos os detalhes iam se repetindo em pequenos fleches reprises que vinham em minha mente o tempo todo, talvez ainda o amasse! Porém essa idéia era reprimida o tempo todo, não podia

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admitir nenhum tipo de sentimento por um homem que me fez sofrer tanto, mesmo assim sentia que lá no fundo não o odiava, mas daí a merecer o meu perdão e o amor de Sofia, já era pedir demais e com esses pensamentos fervilhando na cabeça adormeci fazendo perguntas sem respostas... Acordei com o barulho dos trovões, parecia que o mundo estava acabando, demorei a assimilar onde estava. Vi Sofia ao meu lado dormindo feito anjo, nesse momento bateu na porta do quarto e a porta se abriu era Gomes com o semblante tranqüilo um jornal na mão e uma foto minha na primeira página.- Quero que veja isto, leia com bastante atenção jogou o jornal sobre a cama e saiu em silêncio. Comecei a ler... A noticia era sobre a tragédia do final do baile, contava que houve varias mortes; um confronto entre policiais e traficantes que invadiram a festa e acabou em uma grande tragédia, havia encontrado perto de uma valeta do lado de fora do clube um corpo de mulher que pela aparência era de “Maybe Quesper” uma escritora pouco conhecida no meio literário. Tinha escrito dois livros de poesias. Era fonte segura que estava terminando seu primeiro romance, sabia-se também que escrevia por prazer e que além deste passa tempo tinha outras profissões que lhe permitiam sobreviver era uma artista da vida. Sua morte era um mistério para todos. Seus familiares estavam desesperados, mas acreditavam na policia local e tinham certeza que solucionariam o caso. Seu corpo será enterrado esta tarde por causa da mutilação de seus membros. A pessoa foi totalmente mutilada, havia duas vitimas fatais um segurança e o frentista,

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quando terminei de ler sai correndo atrás de Gomes, perguntei aos gritos o que significava aquilo o que ele tinha haver com aquele monte de mentiras, Gomes estudou minha fisionomia que não era nada amigável e respondeu.- Agora somos livres para recomeçar uma vida nova, não existe mais Maybe Quesper e não existe mais o senhor Gomes. Segundo as noticias ele foi morto a tiros depois de mutilar o corpo de uma antiga namorada, como havia prometido há 3 anos atrás. Já providenciei novos documentos para você e Sofia será a partir de hoje a senhora nascimento, poderemos começar zerados.- Então pensa que é simples assim! Entra na minha vida como se nada tivesse acontecido, arma um circo e acha que devo agradecer por ter apagado o meu passado? Por não poder estar com as pessoas a quem amo, acha mesmo que pode causar um dano desses em minha vida e acreditar que será perdoado, só Deus sabe o que passei nesses últimos anos sempre fugindo como um cachorro com medo de fogos, sempre acuada feito tatu num buraco, esperando que se cumprisse a sua maldita ameaça, e agora você. Surge do nada e acredita que vai ser perdoado, que iria cair na sua lábia de bom moço de todo bem intencionado, saiba que o inferno esta cheio de pessoas idênticas a você, seria ainda mais nojento, acredita mesmo que teremos uma vida a dois depois de tudo?- Sei que você não é tola, só esta ferida, magoada, mas senti quando a beijei que ainda me ama, e tenho certeza que vou consegui provar para você que a amo.

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- joguei o jornal com toda força contra ele, que se manteve calmo e caminhando em minha direção prendeu-me as mãos nas minhas costas me deixando imóvel e beijou-me loucamente, cuspi em sua cara com um ódio que só eu sabia a grandeza, me soltei dele, falava com ar zombeteiro.- Beijo roubado é melhor, lembra quando nos conhecemos, você disse que se não estivesse alcoolizada o suficiente jamais teria olhado para mim... E dias depois estávamos completamente apaixonados, sei que errei muito, tardei a perceber que você era a única mulher capaz de mudar o meu destino, a cadeia foi a oportunidade que Deus me deu para regenerar, foi lá naquele bendito lugar que percebi que a amava e que teria que sofrer o quanto fosse preciso para merecer tamanho sentimento, a carta que escreveu eu a mantive sempre junto ao peito era a única coisa que me dava força e me repetia a todo os momento sua frase “se você ama essa pessoa que você escolheu para ficar, seja feliz, porque não há nada que o ser humano possa fazer quando o amor acontece a não ser amar.” Descobri tarde demais, mas ainda dá tempo para sermos felizes não de recuperar o tempo e perdido, mais daqui para frente vou te conquistar um pouco a cada dia e cada dia o amor que sinto por você se renovara e terá cada vez mais força isso eu posso te garantir, nem que custe o resto dos meus dias eu ainda serei merecedor do teu amor e do de Sofia. Neste momento Sofia acordou e sorrindo perguntou para Gomes: - Vocês estão namorando?- Ainda não, mas isso só depende da mamãe perdoar o papai.

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Sofia estendeu os braços e ele a pegou no colo afagando seus cabelos e beijando suas faces, aquela cena parecia tão normal eles pareciam tão íntimos que sorri dando uma piscadinha para ela, tentei esconder a raiva que sentia por ele por tudo o que havia me feito passar.- Quando é que vamos andar a cavalo papai?- Hoje à tarde filhinha isso se essa chuva parar. Fiquei observando aquela cena tão paterna, como é que podia! Conheciam-se há tão pouco tempo e já era tão íntimos, Sofia o chamava de pai sem nenhuma cerimônia fiquei a me perguntar o que ele teria lhe contado para que ela tão pequena o olhasse de forma como se ele sempre estivesse presente.- Sofia conte a mamãe nosso segredo.- Posso mesmo papai, não era um segredo só nosso?-Sim mais acho que agora a mamãe já esta preparada para compartilhar do nosso segredo, você também não acha?- Sofia correu para os meus braços e sussurrou em meu ouvido, papai sempre esteve comigo ia todos os dias me ver quando brincava no jardim me contou um segredo, falou que eu era sua filhinha querida e que ele ia cuidar para sempre da gente principalmente de mim, só que não era para contar para a senhora porque a senhora poderia proibir a gente de se ver, porque vocês dois estavam brigados. É! Diante desta história que Gomes havia inventado para Sofia e muito criativa, tinha que abrir a guarda principalmente agora que sabia que a amizade dos dois não era recente. Talvez Deus estivesse me dando uma oportunidade, principalmente se minha

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doença me levasse de repente, seria melhor Sofia ter o pai por perto do que ser mais uma órfã no mundo, mais distrai a minha mente para não ter uma tristeza repentina...- Como trouxe Sofia para cá?- Subornei a baba, contei que era o pai dela e que ia levá-la, com ou sem o consentimento da madrinha que não devia saber de nada ou a mataria sendo melhor ela concordar e continuar viva e com o emprego do que ficar desempregada numa época tão difícil! Ainda mais para ela que é uma senhora de idade. Disse que você viria comigo depois da festa você ainda não sabia de nada e que não era para te contar, que era para ela ficar tranqüila que tudo ia acabar bem, e mais se não viesse comigo eu a mataria ali mesmo e de qualquer forma levaria a minha filha, não foi difícil e sei ser persuasivo quando é preciso e deu uma gargalhada.

Quando me apresentei a Sofia disse a ela: Todo mundo tem um nome e o meu era papai, ela riu. Só por isso me chama de papai, sem cerimônias, a princípio achou graça, disse que não sabia que alguém podia ter um filho com o nome de papai a não ser que fosse pai. Disse a ela que depois você explicaria, a nossa amizade foi criando vínculos muito fortes e ela foi se apegando a mim lhe contei em segredo o resto você já sabe. O que um homem não faz pelo amor de duas mulheres ainda mais sendo as duas mulheres de sua vida! A qual ama acima de tudo sei que errei, mas estou disposto a melhorar como pai e como esposo, se te contasse ou aparecesse por lá, além de me expulsar da sua vida ainda chamaria a policia. O que não seria bom nem

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para mim nem para meus negócios, arquitetei durante anos como trazer as duas para perto sem dar a mínima condição de receber um não, rapta-las me pareceu mais sedutor, achei que fosse curtir. Lembra como se divertia imaginando cenas que só acontecem em contos de fadas engendradas por cabeças sedutoras e iluminadas e que está muito apaixonado, então eu sei que agora está furiosa me detestando mais também sei: Nem que seja lá fundo você ainda me ama, senti isso quando a beijei, pode até não admitir mais o beijo foi até melhor do que os que dávamos antigamente, por outro lado pode ser que seja o meu desejo por você que aumentou, foram como nos velhos tempos. Quero apagar o passado, mas quero as lembranças boas para sempre e tenho certeza que serei merecedor do seu amor mais uma vez.- Talvez tenha razão, mas isso não te da o direito de roubar minha identidade, de me tirar à força do meu mundo e me colocar de volta na sua vida como quem reforma um carro com perda total. Fiquei observando a serenidade de seu rosto um pouco mudado, mas nem tinha tanto tempo assim afinal foram apenas três anos, fiquei perdida preocupada em reformular alguns conceitos tinha que pensar no futuro de Sofia minha pobre filha. Lembro-me como se fosse hoje quando fui fazer o pré-natal o medico disse que teria que retirar o nódulo do seio e que talvez não pudesse amamentar, mas graças a Deus ela foi amamentada até os 8 meses, depois parei por conta do trabalho, troquei de médico assim que Sofia nasceu, mudei para um que não soubesse do meu câncer e assim o fiz... É melhor do que ter alguém pentelhando, querendo curar o que não tem cura. Já estava perdendo a

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sensibilidade das mãos e o braço vivia com dormências, já estava acostumada, tinha dias que estava normal como se nada tivesse os sintomas não mudavam era praticamente os mesmo comecei a tomar anticoncepcional, as dores diminuíram mais sabia que esse ato poderia agravar alguns pontos da doença, mas era melhor do que ter outro filho, o segredo era só meu agora e morreria comigo, pois jamais daria chance para que essa doença me visse arruinada e deformada a não ser quando realmente não pudesse ordenar meus sentidos até lá seria assim como o já determinado tinha se passado 23 anos e ainda estava com a doença, porém estava viva isso sim já era um milagre. Triste era ver meus amigos sendo sepultados um a um tudo porque que se desesperava atrás de uma cura que não existia. Só tinha que continuar torcendo para que a doença não atingisse nenhum órgão vital. Mas Deus que já estava sendo misericordioso comigo não iria me abandonar agora, talvez Gomes tivesse razão, talvez fosse melhor esquecer o passado e aproveitar cada dia como se fosse o único, já haviam se passado três meses que estávamos naquele lugar eu pouco saía do quarto para evitar contato direto com Gomes. Seus carinhos explícitos estavam em tudo o que fazia me incomodavam apesar do esforço para superar tudo o que tinha acontecido nos últimos meses. Venci, até o momento. Isso já fazia 25 anos, porém estava viva, isso por si só já era um milagre. Mesmo com tantos sintomas novos. O sangramento menstrual irregular; Talvez fosse relativo aos miomas que teria no útero, a dor de cabeça repentina, o céu da boca inflamado a gripe, a baixa resistência, a dor dilacerante quando fazia um pouco de esforço físico, os dentes que de repente

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ficaram sensíveis e me doía até o cérebro. Antes estava menos preocupada, mas o sangramento contínuo podia me matar mais rápido, tinha apenas dois caminhos ou continuava saudável aos olhos dos outros ou me declarava uma cancerosa. Preferi me calar enquanto ia observando a vida passar e meus conhecidos serem sepultados pela mesma causa, precisava continuar acreditando que ainda faltava muito para a fase terminal, precisava de mais um tempo para terminar de escrever este livro. Precisava fazer conhecida a minha história, e continuar torcendo para que a doença fosse ainda mais generosa do que vinha sendo e que não atingisse órgãos vitais. Sentia dor no ombro e a infecção no céu da boca estava me preocupando. A estrada parecia tão grande, tão vazia, assim de perto tão triste! A minha frente à promessa de felicidade com Gomes, bastava um sim. Já tinha perdido a noção de tempo Gomes era um homem especial, continuava evitando seus olhares seu carinho, meu porto seguro era Sofia que parecia outra ao lado do pai estava sempre alegre, sempre saltitante, estava feliz. O pai fazia todos seus caprichos enchendo-a de mimos, quando entrava dentro de casa vinha correndo para contar suas aventuras me fazia prometer que no dia seguinte iria com ela, pois o pai havia prometido que iam a um parque e que eu também iria, pois íamos de avião, o parque ficava em outra cidade.Perguntei se era sério e ela arregalou os olhinhos negros fitando-me então disse:- Mamãe! Nunca andei de avião vai ser a primeira vez.

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- Verdade só que em compensação à senhorita já andou de trem, de metro, de ônibus, de circular de charrete, de teleférico, e até de barco, ela olhava para o pai pedindo ajuda como quem desafia e disse:- Pede para ela ir papai!- Só vai depender dela meu anjo não posso forçá-la a fazer o que não queira.- Por mim tudo bem, já estava entediada de ficar dentro de casa.- Isso significa um sim? Perguntou Sofia.- Sim é sim. - Oba! Gritou Sofia eufórica e saiu para o jardim pulando e cantarolando de tanta felicidade. Dei risada do jeitinho dela era mesma linda e faceira, como uma criaturinha daquelas mudava completamente a rotina da casa e a minha vida? Gomes olhou para mim com aquele olhar analítico e falou... - Não vai se arrepender vai ser só nós três e farei com que seja inesquecível, terá sabor de férias, consegui uma semana, iremos para o recife, lá ninguém nos conhece poderemos transitar livremente pelas ruas, feiras, praias, lojas, avenidas. Partiremos no sábado a noite serão 4 horas de viagem até o aeroporto mais próximo dormiremos num hotel e partiremos pela manhã, já providenciei seus documentos, tomei a liberdade de acrescentar meu sobrenome, isso se você estiver de acordo, assinaremos a papelada aqui mesmo, o juiz é um grande amigo e sabe toda a nossa história não há o que temer.- Houve um silêncio... Permaneci quieta não sabia o que dizer o que pensar, uma coisa era certa, Gomes não estava preparado para

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levar um não, eu não tinha nada a perder com o casamento muito pelo contrario seria benéfico para mim que iria assegurar o futuro de Sofia, na quarta-feira o juiz apareceu cedo eram 8 horas da manhã, ainda estava deitada, Gomes providenciou tudo até uma cabeleira para que me tornasse uma noiva feliz... Desci a escada vagarosamente o juiz já esperava na sala de reuniões o livro negro estava aberto sobre a mesa, agora era só assinar, mas antes o juiz pediu a palavra e disse:- Um homem e uma mulher quando se olham pela primeira vez já sabem o que poderá acontecer se os corações baterem ao mesmo tempo, crê que estou diante de um casal que nasceram um para o outro, mesmo que ainda não saibam disso, posso ver no olhar de cada um que o amor esta presente e esta união ira coroar de felicidade suas vidas...- Vi os olhos de Gomes a contemplar, ele fez questão de comprar um vestido amarelo, quase idêntico ao que usava no nosso primeiro baile como namorados, como eu estava feliz e apaixonada, todos iriam conhecer o meu grande amor, o homem que estava me enchendo de vida e de felicidade, como nos divertimos, aquele dia ficou na história. Não podia beber bebidas destiladas elas me transformavam numa outra pessoa, mais estava tão feliz que tomei um porre horas depois não era mais eu era a outra que possuía o meu corpo eu só me lembrava que havia estado nos braços dele rodopiando pelo salão, o mundo acabou ali numa cena perfeita nos braços do meu príncipe encantado. A paixão que estava sentindo permaneceu até aquele episódio fatal em que nossas vidas ruíram-se.

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- Você esta linda querida!- Dei um sorriso triste e agradeci o elogio, assinamos o livro, Nadia também assinou como testemunha ela e o porteiro estava elegantemente vestido parecia outra pessoa. Já Gomes estava impecável terno preto e a gravata combinando com o tom do meu vestido, pensei comigo! Ele pensou em tudo, como as pessoas se ajustam depressa ao capitalismo e como a capital muda a vida de uma pessoa. Nem parecia àquele cara quebrado por quem me apaixonei. A mesa do café da manhã parecia um banquete foi servido um café colonial, contratou um serviço particular, pois os funcionários da casa eram padrinhos e convidados especiais, depois foi à hora de tirar as fotos, tiramos os três eu ele e Sofia uma família perfeita e feliz, o juiz após a cerimônia virou fotografo oficial clicava todos os movimentos. Quanta coisa ainda teria que suportar, contra a minha vontade, quantas? Não saberia dizer e nem mesmo sabia o que estava sentindo, parecia anestesiada conduzida por uma estrada que não se sabe aonde vai dar. Sábado saímos 10 e meia da noite a cidadezinha estava acordada com suas luzes acesas, parecia tão diferente tão mudada que estranhava. Meu pensamento ia flutuando pela cidade... Sofia quis ir à janela para olhar os carros e contá-los chegava até dez depois se perdia e começava de novo até que adormeceu Gomes a tinha em seus braços e contemplava o rostinho da filha adormecida- Ela é tão linda! Essa expressão no olhar, a firmeza ao falar ela é muito esperta, muito inteligente, vai nos dar muito trabalho.

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- Sorri ela é bonita mesmo tem a quem puxar gracejou, mas também se parece com você, tem seus olhos. Sempre que olhava para ela tinha a nítida impressão de estar olhando para você. Chegamos ao hotel, por volta da 1 hora da madrugada, a reserva já estava feita reservou uma suíte, mas com duplex tinha uma caminha que ele depositou Sofia e a beijou suavemente, cobrindo-a, depois me conduziu pela mão me fez sentar na cama e disse:- Fique aqui não saia dessa posição trouxe uma caixa grande e depositou em minhas mãos é para você. Desatei os laços dentro havia um buquê de rosas coloridas sentia um leve perfume, engraçado é a primeira vez que recebo um buquê de flores com tantas rosas. Acho que esperei por este momento minha vida toda e agora são apenas rosas, mais são lindas valeu a intenção, só não espere que este buquê faça à mágica de trazer o amor que senti por você exatamente como era, preciso de mais um tempo, vou me deitar na cama com Sofia.- Por favor, fique não tocarei em você, apenas fique. A não ser que você me queira tanto quanto eu te quero, mas não vou insistir, juro pode confiar. - Sorrimos, era mesmo um danado podia ver a malicia no cantinho dos olhos dele.

- Só não diga nunca, pelo menos diga que sente um grande carinho por este velho amor da juventude. Talvez o único amor de nossas vidas, da minha eu tenho certeza. Quanto a você é uma questão de tempo, e você terá esse tempo!

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A viagem até o recife foi tranqüila fizemos duas escalas uma na cidade de Belo Horizonte e a outra na Bahia. Em questão de minutos o avião aterrissou no Recife, Sofia se divertia olhando pela janelinha, tentando entender porque não via as casas e o porquê de ver tantos rabiscos lá embaixo, o pai ia explicando e à medida que o avião ia fazendo os pousos ela ia desvendando os mistérios. Ainda no aeroporto tivemos que esperar até as bagagens serem liberadas, pegamos um táxi até a pousada que Gomes havia feito às reservas, imaginava que ia encontrar um bando de gente faminta e muitos pedintes pelas ruas, maltrapilhos ou coisa desse gênero, mas para a minha surpresa não vi a pobreza explorada pelos políticos em épocas de campanha, vi uma cidade linda bem sinalizada, verdade seja dita; Recife era mesmo a Veneza brasileira e o fato de ser uma cidade histórica requeria esse tipo de atenção dos seus governantes chegamos a pousada que ficava em frente da praia de Boa Viagem era só atravessar a rua que lá estava o marzão lindo com suas ondas a quebrar o silêncio há meu Deus! Tem coisa mais linda que admirar o mar? Soube através dos jornais que semanas antes, um banhista foi atacado por um tubarão. A pousada era linda composta de pequenos chalés, parecia uma grande colônia, o nosso chalé era bem espaçoso tinha dois quartos uma salinha bem mobiliada com tudo o que a gente podia imaginar. Encima da mesa tinha uma maquina fotográfica caso o turista não tivesse. Nunca tinha visto nada igual, na frente da pousada tinha moças e rapazes uniformizados que acompanhavam os turistas até seus aposentos, Sofia se divertia, para ela aquele era outro mundo,

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parecia conto de fadas, quando viu o zoológico ficou eufórica fez o pai leva-la até lá, mas logo voltaram. Chegaram a tempo de desfazer as malas, as casas beiravam as piscinas de todos os tamanhos tinha algumas que a água borbulhava, tinha piscinas de água morna, era realmente um luxo lembrei-me de Foz do Iguaçu quando fiquei hospedada no hotel karimã. Era enorme, tão grande que às vezes nos perdíamos dentro dele, tinha de um tudo no hotel danceteria, cinema, zoológico, parque, aula de ginásticas, entretenimento para as crianças. Nunca me imaginei num hotel daqueles, no bar tinha karaokê e ainda tínhamos direito a ir para Argentina jogar nos cassinos tudo incluído no pacote de viagem. Já havia me hospedado em outros hotéis, mas igual ao karimã nunca! Também não tinha visto nada igual foi um dos primeiros hotéis a serem construídos por ali, tanta mordomia que preferíamos ficar no hotel a ir ao Paraguai, mas depois acabávamos indo pois estávamos em excursão e o bom da excursão é não perder um só lance, depois tínhamos o consolo da volta, a noite fomos num jantar oferecido pelo hotel “uma noite italiana” num restaurante enorme tinha uma mesa com queijos que por mais que você comesse não conseguira provar todos os queijos ali expostos, acabamos por provar um ou outro, embora a parte que mais interessava era a das sobremesas essas, sim comi. Tinha muitas especiarias. As outras noites o jantar foi no próprio hotel, o café da manhã era bom serviam a partir das 9 horas depois era recolhido, pois era servido o almoço e quando já estava me acostumando com a vida boa era hora de voltar para meu pão com

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margarina, mais voltamos contentes com o outro lado da vida, valeu à pena trabalhar um ano inteiro para pagar essa semana de luxo às compras no Paraguai e tudo mais.- Maybe! Que cara é essa? Parece tão distante.- Eu estava recordando uma excursão que eu fui, ficamos uma semana no hotel karimã em Foz do Iguaçu era hotel 5 estrelas, tão grande que nos perdíamos dentro dele, achei tudo tão sofisticado, assim como este.- sim o conheço, estive num congresso, mais posso te garantir que vai conhecer hotéis que vai deixar aquele no chinelo, mas tinha perguntado se queria ir a praia topa ou vai preferir ficar no hotel curtindo uma piscina?- Não, eu vou preciso cumprimentar um velho amigo, vê-lo de longe não é a mesma coisa que deixá-lo lamber as minhas pernas, adoro quando ele faz isso, e cai na risada Gomes ficou admirado a me ver tão disposta e feliz parecia uma garotinha. É seu Gomes preciso dizer a ele o quanto o amo e não importa qual seja o mar eu vou sempre amar o mar de qualquer lugar.- Está inspirada! - Pode ser, onde está Sofia? Não a vi faz algum tempo, esta ali com a babá, tomando água de coco. Vamos tomar uma, desta vez eu pago. - Faremos melhor, você paga! Porque me deve lembra que ainda não pagou aquele dinheiro que emprestou, Gomes sorriu.- Nossa você não esquece mesmo tem uma boa memória.- Olhando Gomes todo amável dava a impressão de fracasso era como admitir que esteja me aliando ao inimigo, não! De forma

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alguma eu poderia esquecer o passado, à tarde fomos a uma locadora de veículos para escolher um carro depois iríamos direto para a praia, na locadora até Sofia deu palpite, para mim tanto fazia, nunca me liguei em marcas, muito menos em carro.- Hum! Então é melhor não dar palpite, que tal esse Sofia o gerente abriu os compartimentos do carro, banco revestido de couro conversível um luxo.- Sofia foi logo dizendo: Gostei desse papai.- Então está fechado, ficaremos com ele. E lá se foram com o gerente para assinar a papelada, em seguida já estávamos a caminho do mar.- Nossa veja aquilo o mar vai acabar engolindo aqueles prédios, a rua já não existia e estava interditada, pois havia risco de desmoronamento, os prédios foram desocupados, envoltos com fitas adesivas amarela indicando perigo. Era a natureza se revoltando contra seus invasores contra seus inimigos. Ao longo da orla havia quebra-mar, eram pedras e sacos de pedras empilhados para evitar o desaparecimento daquele lugar que estava prestes a ser engolido pelas ressacas que se tornavam constante, respirei fundo sentindo a maresia senti a onda lambendo minhas pernas, sussurrei vai com calma eu voltei... Gomes ouviu, deu uma risada alta e disse a Sofia, poetas! Andam sempre com a cabeça alem das nuvens, Sofia não entendeu, mas ficou eufórica vendo aquele marzão a sua frente. Sorri novamente era a mágica daquele momento sentia a alegria da vida e naquele gesto tirar meu coração das trilhas descarrilando meus sentimentos até então organizados, era sempre essa impressão que eu tinha quando

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chegava perto do mar, não podia um poeta ter uma visão de paraíso e não tocar-lo admirando sua imensidão. - Sinto-a diferente mais leve. - Deve ser a maresia.- Poderia morar aqui para sempre.- É uma idéia! Já era quase noitinha quando voltamos para o hotel, Sofia voltou exausta e dormiu no banco de traz, tanto pela viagem e também porque não parava um só minuto, que menina danada! Mas criança sadia é assim mesmo, era uma garotinha esperta fazia cada pergunta que não era normal vindo de uma criança de apenas 3 anos. O jantar foi servido no chalé, mas tinha o restaurante onde podíamos fazer a refeição ao som de uma boa musica, depois do jantar fui para a varanda e ali fiquei olhando a lua clareando o mar refletindo-se inteira e lembrei-me de um verso “a lua toda no lago brilha porque alta vive”. (Fernando Pessoa). Talvez fosse necessário tirar os pés do chão, me desarmar um pouquinho permitindo que Gomes se aproximasse. Permitir a mim mesmo viver um amor de verdade. Buscamos tanto esse sentimento lutamos tanto para sentir o amor e já o tinha, só precisava de um sinal de um gesto meu, e ele poderia me fazer feliz ele tinha potencial isso tinha que admitir, se tornou um verdadeiro cavalheiro, companheiro, não o vi se aproximando.- No que esta pensando? - Em nós, preciso tomar uma decisão, estava aqui pensando se tiro os pés do chão e começo a flutuar me deixando ser conduzida por

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teu amor, ou se continuo nesta angustia louca escondendo o meu desejo e esta saudade horrível que sinto de tão perto.- Saudade! Lembra uma poesia que você me mandou naquela época você já era especial, parecia maluquinha acho que foi essa espontaneidade que me confundiu, mas eu decorei , vou recitar para você.

SAUDADES

Saudade é pensamento distante.Saudade é carinho que fica.É como um abraço apertado,É como o ar que respira.Saudade é delírio que dói.São lagrimas a rolar.É doçura ao pensar,Ficando triste sem estar.

E não há ninguém nessa vida Que saiba definir,Essa saudade infinita,Que por vezes me faz chorar.

Saudade é forma de amar.Alguém que distante está,Ou que esta perto,Sem poder se aproximar

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É ter o coração palpitante,De desejos e carinhos.É ter pensamentos que dão beijosFazendo de ti um ninho

É sonhar sem estar dormindoTer tudo sem nada possuir,Saudade é assim!Mata sem ferir.

- Nossa! Bati palmas, faz tanto tempo que escrevi, ainda lembro enviei o cartão e uma camisinha aromatizada, com cheirinho de morango, que você esqueceu em casa eu odiava usar, a gente começava com e terminara sem ah! Quantas maluquices e esta lá no quarto o resultado.- Você era maluca demais, moleca demais, dizia cada coisa! Eu escrevi tantas outras, e achava que conhecia as mulheres, mas você era diferente era especial, tinha em tudo exclusividade e quando te falava isso você me respondia. Exclusiva para você e só assim com você, porque ninguém podia saber o quanto era indecente e acabávamos por fazer amor, lembro como se fosse hoje era sempre da mesma forma tínhamos tanta fome um do outro que nos descontrolávamos de tanto sentimento. Gomes foi se aproximando sorrateiramente e enlaçou-me a minha cintura num abraço terno e apertado, quando dei por mim já estávamos a nos beijar vendo o clarão da lua refletindo sobre as ondas brancas do

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mar. Ouvindo o barulho das mesmas a quebrar. E depois voltarem lentamente de encontro com o mar. Não tinha como resistir, eu não queria resistir queria fazer amor ali e ficamos nos beijando nos acarinhando desenhando aquele momento de reencontro em nossos corações para guardarmos para a nossa eternidade, depois silenciamos amontoados um sobre o outro até adormecer na quietude de quem redescobre o amor. Em silêncio caminhamos sobre a areia branca do mar, como um casal recém namorados, deitamos sobre a areia fresca e ficamos observando as estrelas.- Uma estrela cadente, faça um pedido.- Eu já fiz, sorrimos um para o outro e cada um fez seu pedido secreto, depois nos beijamos, nos acarinhamos e diante daquele mar tendo como testemunha as estrelas e a lua. Fizemos amor como se fossemos dois pagãos, não falamos nada apenas sentindo um ao outro, nos possuindo em silêncio com medo que o momento não fosse real, ficamos horas abraçados à maresia suavizando nossos sentimentos as estrelas trocando de lugar para melhor nos observar era uma festa no céu e na terra feito anjos banidos, nos acalmamos. Pela primeira vez depois de tanto tempo acordamos abraçados e felizes, Sofia também estava contente percebia que algo tinha mudado entre nós, estava contente porque ia conhecer a terra de seus avos apesar de não estarem mais entre nós, quando chegamos a Lagoa Nova, na Paraíba fomos direto para o convento onde meu pai trabalhou, depois fomos à igreja onde casaram. Na casa dos tios onde foi à festa do casamento deles, quis ir conhecer o cacimbão, onde minha mãe buscava água e lavava roupa, fomos ao cemitério onde estavam enterrados os meus antepassados me

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sentiam agora fazendo parte da história de minha mãe. Poder pisar o chão onde ela nasceu, onde cresceu, viveu e se casou até vir para o Paraná. Na cidade de Campina Grande vi o maior cacimbão que alguém já viu na vida era muito grande.- O telefone tocou, Gomes atendeu e logo ficou sem cor, transtornado, pelo visto a noticia não era nada boa, quando desligou o telefone corria lagrimas de seus olhos, perguntei angustiada, a que foi que aconteceu para ficar daquele jeito?- Aonde vamos parar com tanta violência! O homem tornou-se indiferente está cada vez mais desumanizado, distanciando do bem, estão se tornado animais. Não tem respeito pela vida alheia, se tornaram coisas é isso o que somos para muitos, coisas. O governo não faz nada. O estado não faz nada a policia é corrupta e tudo isso leva a esse caos vira uma bola de neve é um jogando a culpa no outro, Sabe quem era ao telefone, um primo do Rio de Janeiro me comunicando que alvejaram meu tio na portaria do prédio onde ele mora depois que fizeram essa barbaridade, sequestraram um ônibus assaltaram os passageiros. jogaram gasolina dentro do ônibus saíram, deixando os passageiros, dentro do ônibus em chamas. Poucos escaparam com vida e entre as vitimas estava Pablo o meu porteiro eu tinha pedido a ele que fosse pessoalmente entregar a mesada do meu tio e verificar se eles estavam bem, ele era um cara bom uma pessoa simples, significava muito mais que isso para mim, era meu confidente meu amigo, passava horas a conversar ele era como um filho para mim. E agora esta morto por minha causa, se não tivesse pedido que fosse para o Rio ele ainda estaria vivo.

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- Você não pode se culpar deste jeito, a violência esta por toda a parte e a tendência é aumentar diante de tanta desigualdade social, as pessoas estão vivendo a era do ter do poder. Os pobres tendo que se conformar com a miséria enquanto seus governantes assistem a tudo de seus camarotes elegantes, sim, a grande massa se conformou com as esmolas dos vários programas sociais como a Bolsa Família, arranca das entranhas do ser humano a dignidade que é o seu trabalho, e acumulam-se riquezas a custa da miséria de muitos. Os mesmo que sobem nos palanques em época de eleição garantindo uma política justa são os mesmo que sacam dos cofres públicos milhões de reais, que acabam parando em um paraíso fiscal como é do conhecimento de todos. Mas que saída tem os pobres coitados a não ser as facções criminosas o mundo do crime, o problema é que eles assaltam ônibus, roubam galinhas, e isso é muito grave, diante de muitos que roubam à nação, não querendo defender, sou contra a violência e não estou querendo defender a bandidagem, mas as desigualdades sociais provocam esse tipo de reação. É uma forma de se fazerem notar é um pretexto desumano, chega a ser terrorismo com o intuito de medir forças com os governantes que de uma forma direta ou indireta vem contribuindo para a crescente onda de criminalidade sem punição. Não se reconhece quem é do bem ou quem é do mal, não podemos confiar em ninguém nem mesmo na policia que tem se corrompido por alguns trocados e pelo acesso que tem as informações do regime carcerário, não estaremos seguros em nenhum lugar, sim é triste assistir a tudo e não poder fazer nada a não ser lamentar. O mundo está perdido o ser humano

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desumanizou-se, cada um pensa somente em si, ou seja, é cada um por si e Deus por todos. Já imaginou como será o futuro de nossos netos, isso me irrita de um jeito que você nem imagina.- Mas o que pretende fazer?- Vou ter que ir ao velório, vai ser amanhã às 9 horas da manhã se pegar um avião dará tempo para tomar todas as providências necessárias, também terei que contratar outro segurança, só não sei se arrumarei alguém a altura dele, era meu braço direito, vou arrumar a mala, deixo você e Sofia em casa e parto em seguida para o Rio de Janeiro ainda hoje, sinto muito, João Pessoa vai ficar para um outro dia. Sabia o quanto Gomes era apegado a Pablo viveram muito tempo em companhia um do outro era lamentável. O sofrimento de Gomes era visível, estava estampado em seu semblante. Na viagem de volta Gomes veio quieto com o olhar parado, às vezes sorria com as travessuras da filha que não estava nem ai e nem entendia nada, para ela era tudo diversão porque estava passeando, tarde, o vôo teve um atraso de meia hora por causa do mau tempo, as tempestades de verão estava castigando a todos o avião derrapou na pista, não houve nenhum dano somente um grande susto, Gomes nos deixou em casa e voltou para o aeroporto, ele havia providenciado para que o corpo fosse transportado para a cidade onde os pais de Pablo moravam.

A manhã estava radiante as árvores tinham um verde primaveril às flores exalavam um perfume suave o barulho das cachoeiras convidava a refletir, quanto tempo havia passado Sofia já ia completar 12 anos, Gomes se mostrava cada vez mais

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surpreendente, ouvi seus gritos no portão e com a mão na buzina parecia um adolescente que acabou de ganhar sua primeira motocicleta.- Não é uma beleza, sempre quis ter uma e quando vi essa aqui não tive duvidas era ela mesma, que tal querida gostou? - Você é maluco essa moto é muito esquisita e grande.-Que nada venha ver de perto monta ai, vamos dar uma volta.- Me pegou no colo feito um adolescente e me fez montar nela.- Nossa você ficou maravilhosa, linda! Sorri e ele me beijou apaixonadamente e ficamos ali colados um no outro sem se importar se alguém nos observava, eu o amava mais que tudo que pudesse amar na minha vida era dele e ele de mim. Estava escurecendo corremos para o jardim deitamos sobre a grama observando as estrelas que pouco a pouco iam se multiplicando, o eclipse total ia ser as nove, ele me fazia sentir uma moleca, talvez eu fosse uma moleca o tempo todo. Sabia que ele exercia sobre mim certo poder, envolvida em seus braços não agüentava esperar e foi me conduzindo pelos cantos da casa parando, me seduzindo, do jeito que queria e imaginava, eu deixava dava asas para sua imaginação flutuávamos apaixonados explorando cada parte de nossos corpos e assim acabamos amontoados um sobre o outro exausto. Quando percebemos já era dia, sorrimos um para o outro, encantados e sintonizados no mesmo amor, fechamos os olhos e nos calamos, queria eternizar todos os momentos. Jamais podia imaginar que ele fosse tirar a medalha do meu pescoço, fiquei em pânico não sabia o que poderia acontecer se ele colocasse aquela medalha no pescoço dele e foi exatamente o que

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ele fez, quando ia perguntar se tinha ficado bem nele eu o vi desaparecendo uma luz intensa surgiu e o portal se abriu em questão de segundos ele já não estava mais em meu mundo, e eu não teria como pedir que se tire o colar, o segredo, a estrada o portal tudo mais me deixara apavorada, fiquei ali parada durante horas, mas ele havia sumido, já fazia mais de meses, ele não retornou, todo o dia ia ao mesmo local e não o via. Sofia pedia pelo pai, não sabia o que responder o que teria acontecido a ele. Rezei e rezei era a única coisa que podia fazer. Depois que minha mãe me deu a medalha em um sonho era o único meio de ir para a estrada de estar na outra dimensão, Gomes não sabia eu não tinha contado a ele e se tivesse contado talvez não acreditasse estava sem saída não sabia que rumo tomar as noites de insônia se tornava freqüente. Tentava dormir o tempo todo para ver se conseguia atravessar a dimensão, mas era inútil. E o único meio de voltar era tirando o colar e quebrando uma vez que a medalha não podia ser usada por mais ninguém a não ser por mim. Mais Gomes não tinha como saber disso. Era madrugada quando me lembrei que o portal abria em intervalos, não sabia exatamente como aconteceria mais das primeiras vezes que estive lá e que não tinha a medalha podia ser tele transportada através dos sonhos. Tomei três calmantes dos mais fortes deixei um recado avisando Sofia que estava na escola, faltavam dois dias para o natal, tinha que dar certo. Adormeci.

Acordei na estrada depois de 6 meses buscando uma saída e a única saída era sair de mim e ir tentar encontrar Gomes na outra dimensão, quando cheguei havia muita coisa mudada, o tempo não

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era tempo, mas estava de volta na velha estrada, depois do casamento com Gomes não havia, mas voltado. As arvores que ladeavam a estrada estavam cobertas por uma espessa camada de neve, não havia estado por ali das outras vezes, nada era familiar, tentei encontrar Simon, mas foi inútil, comecei a caminhar... A estrada só ia, e se olhasse para trás abria-se um abismo nada do que havia visto a um segundo estava lá, tudo se desfazia ouvi varias explosões, sinais de fogo no céu, aviões que passavam sobre minha cabeça e helicópteros das forças armadas, com mísseis e bombas, o cenário era feio a guerra não deixava nada parecer normal. E não fazia idéia do tempo ou em que ano estava não sabia se era passado, presente, ou futuro. Continuei a caminhar havia multidões de pessoas por toda a parte tentando encontrar abrigo. Perguntei a um senhor alto, de chapéu quebrado na testa em que ano estávamos?- No ano do inferno, imagine que o presidente dos estados unidos foi assassinado por um racista de esquerda; O povo não engoliu o fato de um negro estar no comando de um país como este, o histórico dos negros que tentaram de alguma forma se destacar acabaram todos assassinados, pobre criatura cheia de ideais, era um homem bom apesar de se cercar de adversários e pegar o país em total ruína. O que podia ele fazer se todos os recursos haviam se esgotado agora o EUA não é mais uma potencia caiu, esta pior que a áfrica, o desmando e o caus. se instalaram tudo isso vem de anos e anos de corrupção o capital na mão de poucos enquanto a grande massa viu tudo o que era seu confiscado pelo estado. Os países caíram um a um é o tal do efeito domino cai o maior e

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arrasta consigo todos os pequenos e enquanto isso os ladrões permanecem em seus palacetes sem o mínimo de compaixão. Por onde a senhora andou que não viu o desfeche dessa historia?- Venho do passado e lá este presidente ainda nem assumiu, somente daqui a 30 dias por isso perguntei em que ano estávamos.- No ano de 2011, coitado ele conseguiu governar por pouco tempo até o seu assassinato.- Nossa! Havia comentado com amigos que isso iria acontecer, pois ainda vejo os Estados Unidos como o maior potencia racista do mundo. Quanto à guerra ela é local ou mundial?- Mundial. - nossa que sono! O homem esboçou um sorriso.- Neste mundo ninguém tem sono! Quanto a mim continuei a caminhar, neste trecho da estrada havia placas proibindo o acesso, muitas máquinas trabalhavam sem parar, encontrei Terezinha sentada à beira do caminho e sorrindo me cumprimentou:- Olá!- Oi, o que está fazendo neste mundo?- Enfartei, não agüentei a pressão, a política acaba com a vida de qualquer pessoa normal, mas estou melhor agora, estava te esperando para pedir perdão por todo o mal que te causei, não fazia noção das barbaridades que praticava, sempre acreditei que eu era uma pessoa boa, compreensiva e bem entendida, mas agora percebo que nada sabia, errei muito e fiquei neste ponto da estrada para abordar as pessoas que prejudiquei e pedir perdão às vezes

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agimos por impulso e então pecamos sem falar que aos nossos olhos nossas atitudes são sempre as melhores.- Sorri!- Não guardo magoas de você, sabia que não devia te condenar afinal você era apenas, mas um ser humano com todos os defeitos de um ser humano. O que te distraía de praticar as boas ações era o teu superego. Sentia que no fundo tudo isso causava mais sofrimento a você do que a mim, pois dava pena ver uma senhora tão talentosa desperdiçando tempo com ninharias, coisas insignificantes.- Engraçado você sempre teve esse dom de relevar as pessoas, talvez fosse isso que alimentava minha gana de te prejudicar, porém agora sei que a única prejudicada fui eu.- Não tem problema você já estava perdoada no outro mundo, vá em paz.- Ah! Você veio procurar uma pessoa, certo?- Sim. Meu marido, ele sem querer atravessou a dimensão, deve estar por aqui em algum lugar.- Fiquei sabendo, fui orientada para te acompanhar até ele, vamos, te conto durante o trajeto. No caminho conversaremos sobre a catástrofe que no seu mundo já matou milhares de centenas de pessoas. Vocês têm que rezar muito por aquelas pessoas para que tenham forças para recomeçar, vi o noticiário na televisão. Era interessante falava o governador de Santa Catarina, disse ontem que a terra molhada, após quatro meses de chuva contínua, não suportava mais e que era preciso rezar para que a chuva pare e venha o Sol.

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Disse ainda que a reconstrução das áreas afetadas ocorrerá após cessar as chuvas. Não tenho dúvidas de que isso vai acontecer, porque depois da tempestade vem à bonança. E na bonança nós vamos reconstruir tudo novamente Fez questão de afirmar que o turismo em Florianópolis não pode ser afetado pela tragédia. O litoral não foi afetado, as praias não foram afetadas. De modo que os turistas podem ir tranqüilos para Santa Catarina, disse o governador, durante visita ao kartódromo dos Ingleses, onde acompanhou uma das baterias do desafio de kart organizado por Felipe Massa, piloto da Ferrari na fórmula 1. A prova, realizada hoje, tinha locais para coleta para doações do público presente, e alguns pilotos já anunciaram que enviarão seus equipamentos para que o Estado faça um leilão em benefício às vítimas. Massa já anunciou que doará R$ 50 mil e mais o macacão da Ferrari, enquanto Rubens Barrichello doou seu macacão, capacete e luvas. O desafio foi vencido por Barrichello. Defesa civil alerta para risco de deslizamentosEquipe de resgate da Defesa Civil de Santa Catarina trabalham na região próxima ao município de Luiz Alves, no Vale do Itajaí. No vôo de observação realizado pela manhã de domingo, eles detectaram áreas de deslizamento iminente de terra na localidade conhecida como Serafim. De acordo com o tenente, essas áreas estão próximas a um gasoduto e um alojamento das Centrais Elétricas de Santa Catarina, onde técnicos que realizavam serviços de recuperação de uma linha de transmissão de alta-tensão já foram retirados.

O oficial também informou que os trabalhos de resgate de moradores no Vale do Baú, em Ilhota, se resumem agora na tentativa de localizar pessoas que se recusam a deixar suas moradias.Segundo o tenente, cerca de 80% das famílias já foram retiradas da região e o restante foge com a aproximação do helicóptero. “O problema é que algumas delas percebem a chegada das aeronaves se escondem ou fogem para as áreas de matas”.

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http://esporte.uol.com.br/velocidade/ultimas/2008/11/30/ult4366u949.jhtm


Terezinha levantou-se e desligou o aparelho, eu apenas lamentei dizendo isso é calamitoso, mas o povo brasileiro tem um coração enorme não faltara quem ajude. Como é o nome deste jornal? - Não sei exatamente puxei na internet. - Tudo bem, depois eu vejo com mais calma.- Não se preocupe isso acontecera daqui a alguns anos. Agora vamos que já estamos quase chegando ao seu destino. - Isso é bom porque o que acabei de ver é a natureza se revoltando contra o próprio homem, o homem não para, não tem noção do estrago que faz a si mesmo quando promove o desmatamento, quando inicia queimadas criminosas, quando invade a privacidade do mar e da natureza toda causa tem sua conseqüência e efeito. - Eu fico por aqui o Gomes esta logo ali com Simon. Devia imaginar que Simon cuidaria dele para mim.

Simon veio ao meu encontro.- você demorou a chegar o que aconteceu?- O desespero não deixa a gente raciocinar direito fiquei tão atordoada com a possibilidade de perdê-lo que perdi a razão foi quando me dei conta de que podia retornar aqui sem o colar. Preciso vê-lo falar da minha saudade e do quanto ele me faz falta, agora sei mais do que nunca que não posso viver sem ele, ele é a minha fonte de energia, minha maior cura sem ele ao meu lado todo o meu ser entristece, toda vida se esvai e me torno um vazio sem dimensão. Preciso levá-lo de volta comigo eu e Sofia, precisamos muito dele.

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- O que foi Simon o seu semblante me diz que aconteceu algo pelo amor de seus antepassados me diga o que aconteceu?- Calma muita calma, é só o que lhe peço como diz o ditado, a única coisa que não tem jeito é para a morte. Vocês estão em transe, a vidas que vocês pensam que estão vivendo não passa de uma grande ilusão, tens um imaginário evoluído, consegue viver a história já imaginada no interior da mente.

Criaste um mundo perfeito a partir do momento em que perdeste o feto que estavas gerando, o qual deu o nome de Sofia. A perda se deu a um fato não muito comum, um escorpião te mordeu e o aborto acorreu com dois meses de gestação, depois do aborto você teve um surto, se afastou dos amigos e das pessoas; A partir de então começou a viver uma vida paralela a vida real. Nela você encontrou a estrada. Um caminho só de ida; não aceitando o passado por isso toda vez que olha para trás vê um abismo tudo se desfazendo, a única maneira de continuar sua jornada é caminhar e caminhar sempre e sempre por essa estrada de via única só de ida sem retorno, sem arrependimentos, onde os mundos se misturam, onde o tempo não é tempo. Embora seja abençoada com uma graça divina, pode fazer o teu destino, para tanto basta que se projete para ele com toda convecção e fé, e terás a vida que decidir e esquecera a outra. - Simon, isso só pode ser um sonho, diga que não é real, que ao acordar vou ter minha vida de volta.- Não posso Maybe se resolver continuar saiba que vai ter que escolher ou o mudo paralelo ou o mundo real. Ela virou para mim e seguiu a frente, encontrou sua mãe sentada na velha cadeira de

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balanço cor de rosa feita de madeira ao seu lado com um violão nas mãos estava Gomes todo sorridente quando me viu levantou-se nossos olhares se encontraram e nossos corações batiam juntos e em sintonia.

A mágica do momento estava sendo desenhada na vida imaginária; Era perfeita a felicidade que ambos sentiam; eram reais.

Maybe retirou delicadamente o colar com a medalha de nossa senhora que estava no pescoço de Gomes e jogou no chão com toda a força. Neste momento houve uma explosão de luz; Uma luz incandescente e forte, o céu clareou, a lua se ofuscou e as estrelas tímidas desapareciam em meio ao clarão. Não se sabe ao certo o que aconteceu, porém quando Maybe e Gomes acordaram estavam um ao lado do outro e entre suas mãos havia uma medalha cortada ao meio em côncavo, uma se encaixando na outra os dois com as mãos unidas pela medalha sorriram, estavam felizes e isso era o mais importante. Estavam juntos sentindo a felicidade de ser felizes, Sofia cantarolava do outro lado da casa, estava tudo normal.

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Ser feliz é uma questão de escolha

Margaryda Brito

Postado no recanto das letras no dia 26 de maio de 2012 quando a escritora mais uma vez releu e achou defeitos, mas saberia que seria sempre assim. Nada é perfeito.

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A ESTRADA · Web view- Há! Então deve estar numa espécie transe entre os sonhos e o refugio da alma para pessoas com sentimentos frágeis dotadas de dons especiais por algum motivo