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Abigail-Reynolds - O Refugio Do Sr. Darcy

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Fan fic de orgulho e preconceito.

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O Refúgio do Sr.Darcy

Abigail Reynolds

Traduzido por Tânia Nezio

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“O Refúgio do Sr. Darcy”Escrito por Abigail ReynoldsCopyright © 2015 Abigail ReynoldsTodos os direitos reservadosDistribuído por Babelcube, Inc.www.babelcube.comTraduzido por Tânia Nezio“Babelcube Books” e “Babelcube” são

marcas comerciais da Babelcube Inc.

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Índice AnalíticoPágina do TítuloPágina dos Direitos AutoraisSumárioCapítulo 1Capítulo 2Capítulo 3Capítulo 4Capítulo 5Capítulo 6Capítulo 7Capítulo 8Capítulo 9Capítulo 10Capítulo 11Capítulo 12Capítulo 13

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Capítulo 14Capítulo 15Capítulo 16Capítulo 17Capítulo 18Capítulo 19Capítulo 20Capítulo 21Capítulo 22www.pemberleyvariations.com |

www.austenvariations.comAS VARIAÇÕES DE PEMBERLEYTambém escrito por Abigail

Reynolds: | The Man Who Loved Pride& Prejudice | Morning Light

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SumárioCapítulo 1

Capítulo 2Capítulo 3Capítulo 4Capítulo 5Capítulo 6Capítulo 7Capítulo 8Capítulo 9Capítulo 10Capítulo 11Capítulo 12

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Capítulo 13Capítulo 14Capítulo 15Capítulo 16Capítulo 17Capítulo 18Capítulo 19Capítulo 20Capítulo 21Capítulo 22

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Capítulo 1A pausa da chuva parecia ser um sinal. Significavaque Darcy poderia ir até a casaparoquial e tentar descobrir o quepreocupava Elizabeth. A amiga dela,a Sra. Collins tinha dito que elaestava doente, mas seu primo declarouque ele a tinha visto, há algumas horas,e ela parecia bem. Darcy pensou queElizabeth faria qualquer coisa para virpara Rosings esta noite, aúltima noite dele em Kent. Ao invésdisso, ela ficou na casa paroquial,deixando seu primo tentar desculpá-la para sua tia, Lady Catherine.

Ela devia estar evitando-o.Não podia haver nenhuma outra

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razão para a ausência dela. Mas porquê? Ela tinha todosos motivos para desejar estar em sua presença, amenosque ela tivesse decidido que ganhar o seu amorera uma causa perdida. Talvez tenhasido isso. Talvez porque não tinha sedeclarado, ele a tinha deixado acreditarque estava simplesmentebrincando com ela. Talvez ela tenhapensado que seria muito doloroso vê-lo hoje à noite,sabendo que seria a última vez. Aboca de Darcy se curvou um pouco comeste pensamento. Querida Elizabeth!Como ela seria feliz em receber suas promessas deamor.

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Naquele momento, o bater da chuva contra as vidraçasfinalmente começou a abrandar enquantoo trovão se dissolvia na distância. Aatenção de sua tia estava focada em darconselhos indesejados para a Sra.Collins enquanto Richardestava tentando envolver Anne naconversa. Ele poderia escapar sem sernotado. Definitivamente era um sinal.

Assim que ele escapou da tristonhasala de estar, não perdeu tempo e foidireto para os estábulos. Coma voz entrecortada, ele pediua um cavalariço seu cabriolé.

O homem apertou osolhos. "Não sei se é umaboa idéia, senhor. Com essas rodas, osenhor certamente vai ficar

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preso, porque a estrada está cheia delama depois de toda essa chuva."

"Então eu vou acavalo," Darcy disse comfirmeza. Ele não permitiria que estradasruins o mantivessem longe deElizabeth, não esta noite.

Bocejando, o cavalariço foi selaro cavalo. Darcy pegou um chicotede uma prateleira e, em seguida, bateu-oimpacientemente contra sua pernaaté que ouviu os cascos do cavalo. O arao redor estava pesado e cheiode umidade. Com um pouco mais dechuva igual a essa, as plantaçõesiriam apodrecer nos campos antes desequer terem a chance de brotar.Ele teria que falar com sua tia sobre dar

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um auxílio aos agricultores, mas agoranão era o momento de pensar sobre esseassunto.

Em breve ele estaria na presença deElizabeth, onde finalmente seriafavorecido com seus sorrisosdeslumbrantes e esperançosamentereceberia alguma coisa mais. Comcerteza Elizabeth não se faria de”garotinha”. Não eraseu caráter. Sim, ele tinha todos osmotivos para supor que ela lhepermitiria provaraqueles lábios sedutores que o estavamtentando a ponto dele quase perder suasanidade. Seu corpo se encheude fogo com esse simples pensamento.Ele finalmente sentiria o calor

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dela em seus braços e poderia seguraraquela forma torneada contra ele, ea energia dela que finalmente seriadele, só dele.

Ele não podia continuar a teresses pensamentos, não agora, ouele não estaria em condições de ficarna presença de Elizabeth. Ele seforçou a pensar em outra coisa, qualquercoisa – o clima, a ladainha mais recenteda sua tia, seu cavalo. Ele pulou para asela, ignorando a assistência docavalariço.

E ele estava certosobre a condição da estrada. Oscascos do cavalo espirravam asgotas de lama. Darcy manteve-se em uma caminhada lenta, porque

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não queria estar coberto de lama,quando chegasse à casa deElizabeth. O passo do cavalo fazia ocaminho interminável, deixando para elemuito tempo parapensamentos e memórias.

Lembranças de seu pai, dizendo-lhe que ele deveria se casarcom uma herdeira porque o dote deGeorgiana golpeariaos cofres de Pemberley. Amãe dele, levando-o para o ladopara que seu pai não a ouvisse,lembrando-lhe que ele era neto de umConde. Ela tinha se casado porque tinhasido a única maneira dela escapar dodestino que o irmãotinha planejado para ela, mas de alguma

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forma ela tinha tido a esperança de secasar pelo menos comum Visconde. A voz delaainda ecoava em seus ouvidos. "Vocênão quer trocar Pemberleypor dinheiro ou por terra. Você deveencontrar uma moça com um títulopara trazer honra ao nome de família."

Eentão, sua tia, Lady Catherine, que estavadeterminada a fazer com que ele secasasse com sua filha. Darcy bufoupensando na insistência de LadyCatherine, dizendo que era o desejode sua mãe que ele se casassecom Anne de Bourgh. A mãedele não teria pensado que sua própria

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sobrinha seria boa o suficiente para secasar com seu filho e herdeiro.

Por todos estes anos Darcy tinha tentadoescolher uma noiva que fosse do agradotanto de sua mãe quanto de seu pai,mas ainda tinha queencontrar uma herdeira aristocrataque pudesse tolerar, por pelo menosuma noite, e lá estava ele, prestes adesafiar completamente osdesejos de seus pais, pedindo emcasamento uma moça cuja estirpe eraquestionável e cuja fortunaera inexistente. O escândalo talvezprejudicasse as chances de Georgiana,em ter um excelentecasamento. Como poderia ele fazer isso,

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sabendo que estava falhandoem seu dever com toda a sua família?

Sua decisão de seguir seu coração e secasar com Elizabeth tinha sido a maisdifícil de sua vida, e até agoratinha suas dúvidas. Ele estava sendo um toloe sabia disso, mas pela primeiravez em sua vida tinha sidodominado por uma paixão fora docontrole. Ele não podia evitar.Pelo menos essa foi sua desculpa,embora pudesse imaginar o desprezo dopai dele e o trejeito que sua mãe fariacom os lábios, se ele tivesse se atrevidoa dizer isso a eles.

Por um momento ele considerou puxaras rédeas do seu cavalo e retornar paraRosings sem o obstáculo de uma

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aliança de maugosto, mas a memória dos olhoscintilantes de Elizabeth e o modocomo o canto dos seus lábios secontorcia quando ela estava alegre, oimpediu. Ele tinha de tê-la.Não havia mais nada a ser feito, anão ser se desonrar mais doque já estava se desonrando ao fazeresta proposta. Os jovens selvagensde White teriam algumas idéias muitodiferentes sobre como ele deveria saciar sua luxúria,não se importando com nada a não serpagar o preço da escolha, uma vez queseus próprios desejos fossemcumpridos, mas isso não era para ele.Essa era uma das coisas que fazia Darcypreferir a companhia de Bingley.

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Bingley tinha sido tolo ao cair deamores por Jane Bennet,mas pelo menos nuncatinha considerado desonrá-la. ParaBingley tinha que sercasamento ou nada, e Darcy pensava omesmo. Mas como Bingley se sentiriaquandodescobrisse que Darcy estava querendose casar com a irmã damesma mulher que ele tinha insistido emdizer que não era boa osuficiente para seu amigo?Ele era um hipócrita, além de estarfalhando com odesejo de seus pais, mas Elizabethseria dele.

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O som dos cascos batendo nalama funda deu lugar ao som deferraduras atingindo as pranchas demadeira, ao cruzar a ponte. As águas dorio corriam apressadamente abaixo dele,e geralmente pacíficas, agora tinham setornado uma corrente furiosaapós o último mês chuvoso. Mesmo na escuridão ele estava certo deque a água já devia estar baixa. O ventocomeçou de novo, seatracando contra o seu casaco.

O clarão deum raio dividiu o céu, fazendo comque seu cavalo recuasse. Darcyautomaticamente o aquietou enquanto umestrondo de trovão fez parecer que o arestava tremendo. Sua pele formigava,

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um sinal de que outra tempestade eraiminente. Sim, era muito melhor pensarsobre inundações e chuvado que ouvir vozes do passado fazendocríticas para ele.

Por sorte ele chegou à casaparoquial, no topo da colina, quandoo céu começou a se abrir. Desmontandoapressadamente, Darcy conduziu seu cavalo para oabrigo e amarrou as rédeas.Silenciosamente pediu desculpasao cavalo que merecia mais do que oencharcado solo que ele estavarecebendo. Em circunstânciasnormais ele nunca trataria uma dassuas montarias deuma forma tão desprezível, mas esta nãoera uma noite normal, e o

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abrigo de um estábulo ficavaa um quarto de milha de distância.

Ele agradeceu a sua estrela da sorte que a portade entrada da frente era coberta. Um fiode água já tinha encontrado umamaneira de passar pela parte detrás deseu pescoço, fazendo com que sentisseum calafrio na espinha. Eletocou a campainha, esperandoque alguém viesse abrir rapidamente.Ninguém deveria estar esperandovisitantes, e seria difícil ouvir algumacoisa além da chuva e dos trovões.

A porta foi aberta, não tanto quantoDarcy gostaria, por uma serva tímida,segurando umaúnica vela. Claramente ela nãoesperava que seus serviços ainda fossem

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necessários naquela noite. Ele colocouseu chapéu e suasluvas em uma pequena mesa e tirou comas mãos algumas gotas de chuva docasaco. Seu criado teria tido convulsõesao ver seu senhor em tal desordem, umavez que normalmente ele estava sempreimaculado, mas não havia nadaa ser feito. Ele tinha uma missão, e estavacomprometido a realizá-la. "Gostariade ver Miss Bennet," disse para amenina.

Ele não reparou na sua resposta, seucorpo estava concentrado em se lembrarque em poucos minutos, Elizabeth ia seroficialmente dele, pondo fim a meses de tormentoao imaginar uma vida todana qual só iria vê-la à noite, em suas

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fantasias. Meio em torpor, eleentrou na sala de estar onde encontrouElizabeth, sentada ao lado de umapequena mesa que tinha uma pilha decartas em cima. Ela estava visivelmentepálida e não sorriu ao vê-lo. Talvez elarealmente estivesse passando mal?

Derepente, nervoso, embora ele não soubessepor que, fez uma reverência. "Srta.Bennet, seu primome informou que você estava doente demais para sejuntar a nós em Rosings. Espero que jáesteja se sentindo melhor?"

"Não foi nada a não seruma ligeira dor de cabeça." O tomdela era calmo.

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Ele se sentou em seu lugar habitual,tentando dar sentido aseu comportamento grave.Certamente ela deveria saber o que eletinha ido fazerlá? Ela deveria estar muito satisfeitacom sua presença! Em seguida, eleentendeu. Ela deveria ter esperado porsua presença nestas últimas semanas, eseu silêncio tinha feridosua sensibilidade. Era natural. Que mulher não sesentiria ferida quando um pretendenteparecia incapaz de se decidir sobre ela?Em súbita generosidade de espírito,ele decidiu que deveria sercompletamente franco com ela. Ele iriacontar-lhe seu dilema e porque tinha

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demorado tanto tempo, e como oseu amor por ela tinha superado todas asbarreiras. Ele iria ajudá-la a ver que nãoera uma reflexão sobre seus encantosou a profundidade de seusentimento por ela. Pelo contrário, otamanho de sua luta mostrava a força desua devoção. Mas como começar? Elaparecia relutante até mesmo emolhar para ele.

Sua agitação de espírito não podia ser contida, entãoele saiu da cadeira, e começoua andar ao redor da pequena sala,procurando as palavras para seexpressar. Ele não queria nada mais doque derramar seu coração aseus pés, mas primeiro tinha quereverter o prejuízo

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que inconscientementetinha infligido sobre ela. Quetolo que ele tinha sido poresperar tanto tempo para reclamá-la como sua pretendida!

Ele não podia esperar nem maisum minuto. Ele se aproximou dela,chegando tão perto quanto o decoropermitia, e as palavras começarama cair na sua frente. "Em vão eu lutei.Mas não consegui. Meussentimentos não vão serreprimidos. Permita-me lhe dizer o quãoardentemente a admiro e a amo."

Que alívio foi finalmente dizer as palavras! Ele tinhatoda a atenção de Elizabeth agora;ela estava quase o encarando, suasbochechas começando a ficar coradas,

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aparentemente parecendo que tinhaperdido as palavras. Com mais certezaainda, ele continuou:"Eu te admirei desde o primeiromomento que nos conhecemos,e há muitos meses eu percebique minha vida vai serincompleta sem vocênela. Você pode pensar porque eu fiqueiem silêncio até agora e pode quererquestionar a força da minhadevoção, mas garanto que não temnada a ver com a profundidadedo meu amor. Eu nunca imaginei quefosse capaz de ter uma paixãocomo esta. Pela primeira vezna minha vida, entendi o que inspiraos maiores poetas para

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produzirem suas obras-primas. Até teconhecer, sempre acheique as palavras de amor eramapenas uma forma dehipérbole artística, e eu não podiaacreditar que qualquer homem poderiarealmente se encontrar conquistado comtanto amor. Mas eu descobri que precisode você como preciso de ar pararespirar."

Ele fez uma pausa para juntar todosos seus pensamentos. "Na verdade, eudevia ter feito essa oferta para você hámuito tempo, se não fosse pelasdiferentes coisas que acontecemem nossas vidas. Minha família tem umahistória longa e distinta, e têm aexpectativa de que eu me

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case com uma mulherde posição e fortuna, e você não seenquadra em nenhuma dessas duascategorias. Sua falta de dote talvezpudesse ser negligenciada,mas meus pais ficariamhorrorizados com suas conexões. Seupai é um cavalheiro, apesar de ter umaclassificação inferior a minha,mas a família da sua mãe deveser vista como uma degradação.Não tive escolha, a não ser lutar contra aminha atração por você, com todaa força que pude reunir -meu julgamento em guerra com a minhainclinação. Nãotenho palavras para descrever asbatalhas que lutei comigo mesmo, mas

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no final, apesar de todos osesforços, achei impossível esquecero meu apego a você. Meus sentimentosse revelaram poderosos o suficientepara superar todasas expectativas da família e dos amigos.Minha devoção e meuamor ardente foram intensamentetestados e saíram vitoriosos. Possome atrever a ter esperançaque meu amor por você sejarecompensado por suaaceitação de minha mão emcasamento?". Ele fitou seus olhosbrilhantes, aguardando a sua resposta afirmativa.

Elizabeth, aparentemente sofrendode uma perda de palavras, enrolava suas

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mãos. Ela respirouprofundamente e disse, "em casos como este, euacredito, que o modo estabelecidopara expressar um sentimento deobrigação para os sentimentosdeclarados, pode desigualmente serdevolvido. É natural quea obrigação deve ser sentida, e se eupudesse sentir gratidão, sentiria...".

Um som alto de uma batida na portainterrompeu suas palavras. Assobrancelhas de Elizabeth se arquearamquando ela olhou por cima do ombro emdireção à porta da casa paroquial.

Um grito profundo sacudiu asjanelas. "Ôde casa! Pelo amor de Deus, deixem-nosentrar!".

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Darcy franziu furiosamente a testana direção da porta. Como alguémousava interrompê-lo, neste momento edesta maneira? Pela voz ele sabia queera alguém de origembaixa. Poderia haver salteadores numanoite como esta?Onde estava aquela empregada? Sóentão um flash brilhante de luz inundou asala, acompanhado por um trovão e umestrondo retumbante. Um grito decriança perfurou a noite.

Darcy caminhou para a janela. Através da chuvaescorrendo pela janela, ele podia ver aforma de um galho de árvore caído. Umacastanheira gigante tinha sidodividida ao meio, a fumaça subia do

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tronco irregular. Um aglomerado de formasamontoadas nas proximidades.

Passos leves atrás dele oalertaram para a presença de Elizabeth.Ela estava logo atrás dele, suas mãos cobrindo sua boca.A brancura de seu rosto o fez entrar emação. Eleagarrou o braço dela levemente, "não há nada a temer. Um raioatingiu a árvore do lado de fora,mas estamos em segurança. Deixe-metomar contar disso."

Ele andou em direção a porta dafrente, descobrindo a empregadaagachada na porta de entrada. Franzindoa testa para ela, abriu a porta querevelou um velho vestido com

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simplicidade, molhado até a alma,com talvez duas dúzias de outraspessoas, principalmente mulheres,atrás dele.

O homem disse, "Porfavor, senhor, a água está subindo comferocidade! Ele estava comsua esposa e filhos, metade da aldeia jáestá com a água quase no joelho.Nunca vimos uma coisaassim, nunca! Você tem que nosajudar senhor!".

Por um momento Darcy se sentiuirritado e pensou se essas pessoasachavam que ele tinhao poder de parar o rio, logo emseguida, ele se deu conta de que a casaparoquial e a Igreja ocupavam a parte

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mais alta da cidade. Eles tinham fugidopara o local mais seguro, que elesconheciam.

Um lamurio alto chegou aoseu ouvido quando umamulher apareceu, puxando o braço dohomem. "É a Jenny dos Millers. Elaestá presa debaixo da árvore, e nãopodemos levantá-la!".

Darcy segurou sua respiração e, emseguida, virou-se para a empregada."Leve as mulheres e as criançaspara a cozinha e acendao fogo." Ele franziu a testa. Não havianenhuma ajuda para ele; ele teriaque sair.

O castanheiro caído não estavamais do que a alguns passos de

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distância, mas a chuva fria já estavagotejando no pescoço deDarcy quando ele se aproximou,seguindo o som dos lamentosde uma criança. Ele mal conseguiadistinguir as formas do tronco da árvorecaída. Era grande o suficiente paraque ele não fossecapaz de envolver seus braços em tornodela.Uma das figuras escorregou na grama molhadae caiu, dizendo um palavrão. A visão deDarcy estava começando a seajustar. Não era nada mais do queum velho e dois rapazes tentandodeslocar um tronco muito além do pesodeles. Darcy agachado perto da criançapequena, cujas pernas

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estavam presas, examinoua posição do tronco caído.

"Vamos precisarde uma alavanca," ele disse. "Você, rapaz – corre até a casa e avisa queprecisamos de um pé decabra ou algo parecido, o queeles tiverem." Ele apontou para ooutro menino. "Você deve encontraralguns ramos, grandes.Onde estão os outros homens?"

"Eles estão na vila, tentando salvar oque podem," disse o velho. "Enviaram-me com as mulheres."

Darcy assentiu com a cabeça e, emseguida, virou-se para a menina. "Você deve ser muito corajosa, me ouçacom atenção. Nós vamos encontrar uma

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maneira de mover isso, e quando eu teavisar, você deve puxar sua perna parafora tão rapidamente quanto você possa.Você entende?"

"Sim... Sim, senhor,"ela choramingou. "Por favor, issodói muito!"

"Nós vamos tirar você assim quepudermos." E Elizabeth estariaesperando por ele, como um tesouro nofinal da jornada do cavalheiro.Com um sentimento amoroso,apesar da chuva fria, Darcy tirou de seusolhos, uma mecha de cabelo encharcado,em seguida, quebrou um galho dotronco e começou a recliná-lo sob amadeira caída.

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***

Elizabeth correupara os armários, cuidadosamente arrumadosde acordo com as ordensde Lady Catherine deBourgh. Era simples encontraros cobertores que ela estavaprocurando, mas não havia tantos comoela esperava. Ela acrescentou ocobertor da sua cama, emseguida, voltou para a cozinha e começou a distribuí-los, incentivando as mulherescom crianças pequenasa embrulharem os cobertores emtorno delas para aquecê-las. O fogoestava tão alto quanto à empregada tinha

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ousado fazê-lo, mas os refugiados,molhados, ainda tremiam.

Uma mulher maisvelha estava de pé, sozinha, com asmãos estendidas para o fogo. Elizabethse aproximou dela e disse: "Pode medizer qual é a situação na aldeia?"

A mulher abanou a cabeça. "Vocênão imagina como a água está alta e acorrente forte o bastante para arrastarum homem. Não sobrará muito quando aágua baixar." A voz dela tremeuum pouco.

Elizabeth mordeu o lábio. Enquanto oSr. Collins e suaesposa Charlotte estivessem emRosings Park, ela teria quefazer arranjos para todas essas pessoas. Ela não fazia

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idéia que alimentosestavam disponíveis ou onde elas iriamdormir, mas ela dificilmente poderiaenviar os paroquianos do Sr. Collins,recém-desabrigados, para fora natempestade, sem lugar para ir.

A porta da cozinha se abriupara revelar o Sr. Darcy, seus cachosescuros encharcados e pingando norosto, carregandouma jovem garota em seus braços.Ele chamou-a do outro lado da cozinha,"Srta. Bennet, umapalavrinha, por favor?"

Ela deu um longo suspiro. Oque ele ainda estava fazendo lá? Elaesperava que ele fosse para muito longedepois dela ter recusado seu pedido de

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casamento. Depois da insultanteproposta, ela o desprezava mais do quenunca, e como um pretendenterejeitado, deveria estar furioso com ela.Ele tinha certeza de que ela iria aceitá-lo. Que destino infeliz os tinha forçado aficarem juntos,especialmente nestas circunstâncias?

Ainda assim, ela nãoteve nenhuma escolha, a não ser segui-lopara o corredor. A últimacoisa que ela queria fazerera encontrar os olhos dele, em vezdisso, virou seu olhar paraa forma flácida em seus braços. "Elaestá ferida?" perguntou.

"Acredito que a perna delaestá quebrada. Foi uma sorte para ela ter

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desmaiado quando nós a movemos. Qualé o melhor lugar para ela ficar?" OSr. Darcy parecia muito calmo sob ascircunstâncias. Seu tom não carregavanenhuma raiva como ela esperava.

Se ele podia ser civilizado, ela seriatambém. "Você poderia levá-la lá paracima? Eu lhe mostro o caminho." Acoisa maissimples seria colocar a criançana sala, que elacompartilhava com Maria, uma vez queacama no quarto de hóspedes não estavapronta.

Ele inclinou a cabeça. O gesto perdeu umagrande quantidade do seu araristocrático devido à água pingando do

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seu cabelo. Elizabeth mal controlavaum sorriso enquanto apanhavauma vela na sala e a levavapara o quarto. Ela deixou a vela na mesae encontrou uma toalha para a cama.

A menina gemeu quandoDarcy a colocou na cama, tomandomuito cuidado para movê-la o maissuavemente possível. Uma das pernas estavadobrada num ângulo nada natural.Elizabeth tentou remover o sapatodela, mas parou quandosua ação provocou outrogemido na criança.Ela só esperava que a garota ficasseinconsciente o tempo suficientepara sua roupa molhada ser removida.

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Elizabeth secou asmãos em um canto da toalha, e emseguida, olhou para cima para encontraros olhos escuros do Sr. Darcy,fixados nela. Percebeu com um choqueque, além da menina inconsciente, elaestava sozinha numquarto escuro com um homem quedizia ser violentamente apaixonado por ela.Para seu total espanto,ele sorriu levemente.

"Mas o senhorestá muito molhado! O quarto do Sr.Collins fica logo abaixo desse. Tenhocerteza que ele não serácontra o uso de algumas de suas roupas.Afinal, ele ficaria mortificado se vocêficasse doente enquanto estivesse em sua

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casa," disseElizabeth, consciente do que ela estava falando.

"Uma excelente idéia," ele disse, mas semfazer nenhum movimento para sair.

"E eu preciso encontrar a mãe desta criança. Ela vaiprecisar de carinho e conforto quandoacordar." Elizabeth começou a sair dasala, ansiosa para se afastarde sua presença enervante.

Ele pegou a vela e a entregou paraela. "Nãoesqueça isto. Eu não gostaria que vocêtropeçasse na escada."

Sua cortesia era irritante, mas ela não iriapermitir que ele a intimidasse"Obrigada, mas eu já desci a escadamuitas vezes, e você vai precisar deluz no quarto do Sr. Collins."

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"Eu não poderia..." Darcy fez umapausa e, em seguida,seu rosto se iluminou com um sorriso."Talvez um consenso seja o maiscerto. Eu vou com você lá parabaixo; então, quando você estiver emsegurança, eu pego a vela e vou até oquarto do Sr. Collins, se você meindicar onde fica."

Esta era uma batalha de vontades para ver quempoderia mostrar ser mais cortês?"Muito bem, senhor. Uma idéiaexcelente."

Ele se curvou e moveusua mão livre para fora,indicando a porta. "Além disso, nãohaveria nenhum lugar para secar minhasroupas antes que eu encontre abrigo para

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meu cavalo. O galpão no jardim – seriagrande o suficiente para acomodá-lo?"

Elizabeth assentiu coma cabeça apaticamente. "Talvezhaja uma pausa na chuva em breve evocê será capaz de retornar a Rosings."

Ele balançou a cabeça. "Não posso deixar vocêaqui sozinha nestas circunstâncias. Alémdisso, não haveránenhuma necessidade para uma pausa dachuva. Sem dúvida, Lady Catherine vaimandar sua carruagem o Sr. ea Sra. Collins de volta para casa, e euvoltarei nesse transporte."

"Como você desejar. Agora, se vocême desculpa, tenho que descobrir paraquantos convidados nós

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devemos fornecer abrigo." Qualquercoisa para dar-lhe uma desculpa paradeixar sua companhia. Ela começou adescer as escadas.

Sua voz continuou por trás dela. "Noentanto muitos estão aqui agora, e éprovável que o número aumente.Aparentemente alguns deles ainda estão tentandoresgatar seuspertences, e provavelmente chegarão maistarde. Eu já instruí os homens láfora para se arrumarem na igreja.Felizmente, não é uma noite fria, entãoos cobertores e tijolos quentesdevem ser suficientes para mantê-los aquecidos até de manhã."

No sentido de confiança, o Sr.Darcy era a pessoa certa para assumir o

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comando de qualquersituação, independente se ele tinha quaisquerdireitos! Elizabeth bufava, porque elanão tinha pensado nessasolução. Ela não confiava em simesma para responder-lhe de forma tãocomedida, então ela não disse nada. Elanão ia desperdiçar sua energia com o Sr.Darcy quando havia tantas outraspessoas precisando de sua ajuda.

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Capítulo 2Darcy tirou sua roupa encharcada tãorapidamente quanto possível, e teve quelutar com o seu sobretudo,que era confortável, masque requeria ser removido por seucamareiro. Estar encharcado deágua não o ajudava. Se ele apenaspudesse pedir a Elizabeth suaassistência – como ele gostaria que elatirasse sua roupa!

Sua roupa molhada fez uma poça no chão enquantoele se secava da melhormaneira possível. A fricção aqueceu umpouco a pele fria, mas não tanto quantoElizabeth poderia fazerapenas olhando para ele.

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Seu recente comportamento era intrigante. Elaparecia quase nervosa, ao contrário decomo ela era normalmente.Talvez ela estivesse preocupada em nãoconseguir lidar com esta crise coma altivez que ele esperaria da senhorade Pemberley. Essa, sem dúvida, eraa causa; era assim que sua doceElizabeth já estavalevando seu futuro papel tão a sério!Ele fazia questão de dizer a ela comoela estava se saindo bem. Depois,talvez, ele poderia lhe dar algumasdicas sobre como ela deveria ter secomportado. Era generoso da parte delatentar ajudar os moradores, mas ela nãodevia ficar na cozinha como se fosseum deles.

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As roupas no armário do Sr. Collins estavam secas, masisso era o melhor que se podia dizersobre elas, Algumas pareciam ter sidopassadas recentemente – elepoderia agradecer a Sra. Collins por isso –mas outras estavam amarrotadas, e todas eram de tecidos grosseiros, queele nunca sonharia em usar sobcircunstâncias normais.Embora a Sra. Collins sem dúvida tenhafeito o seu melhor, as camisas dele nãoeram de um branco imaculado queDarcy geralmente achava necessário.Fazendo uma careta, ele escolheu uma.Era razoável, ele achava,franzindo o nariz. Como o quarto inteiroestava impregnado de fedor de suor,ele associou o cheiro ao Sr. Collins.

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Ele não se importava se Elizabethcontinuasse suaamizade com a Sra. Collins.Embora seu pai trabalhasse comcomércio, a Sra. Collins erauma mulher muito bem educada e nãoenvergonharia qualquerum deles, pelo menosenquanto ela não mencionasse afamília dela. O Sr. Collins era outrahistória. Darcy não tinha intenção de teraqueletolo em Pemberley, mesmo que por um dia.Era difícil acreditar que ele erarelacionado a Elizabeth,não que a maioria de sua família fossemuito melhor, claro. Felizmente, seriamuito pouco necessário

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sua família interagir com o sua, e Darcy suponhaque para o interesse deElizabeth, ele poderia, de algumaforma, conseguir tolerar os Bennets, empequenas doses.

Ele fez umapausa, seu braço na metade do caminhopara a manga da camisa. Elizabeth eradele, por Deus! Mesmo vestindo umaroupa emprestada e nojenta, e sendoforçado a lidar com a ralé de Hunsford,nada poderia diminuirsua sensação de triunfo. Não haviamais dúvidas; estava feito. Ese ele tivesse alguma coisaa dizer sobre isso – e ele pretendiadizer muita coisa - eles secasariam tão logo os proclamas fossem

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publicados. Ele gostaria de ter ouvidomais sobre a resposta de Elizabethà sua proposta, mas isso não era a coisamais importante. Eles estavamnoivos. E ele ainda planejava roubarum beijo, assim que todas as pessoasestivessem acomodadaspara a noite. Se o Sr. e a Sra.Collins não tivessem aindavoltado, poderia até ser mais do que umbeijo. Agora,havia uma idéia para melhorar o seuhumor! Se ele tivesse muita, muita sorte,os caminhos ficariam completamenteintransitáveis e ele seria obrigado apassar a noite na casa paroquial.

Ele puxou a camisa sobre a cabeça e seolhou no espelho. Mal ajustada, é claro,

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mas o sorriso que elenão conseguia reprimir compensou.

***

Várias horas mais tarde, unstrinta aldeões tinham sido acomodadosna igreja. Elizabeth tinha racionado aspoucas velas disponíveis,enquanto o cozinheiro fazia umbalanço dos suprimentos, resmungando sobre ter que alimentar uma multidãode manhã. Na casa paroquial, algumascrianças repousavamsobre cobertores na frente da lareira dasala, suas mães ao lado delas. O Sr.Collins não iria ficar contente com isso,mas Elizabeth não tinha intenção

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de permitir que as crianças adoecessemsimplesmente para que fosse feito o queele achava conveniente.Ela tinha sido incapaz de encontrar ospais da menina com a perna quebrada –aparentemente eles ainda estavamna aldeia tentando salvar o que podiam – então tinha ajudado duasmulheres da vila a colocar talas naperna dela, umaexperiência estressante, uma vezque a menina gritava em agonia sempreque elas lhe tocavam.Felizmente, uma mulher mais velha seofereceu para ficar com a garota.

Elizabeth olhou, pela centésimavez, para fora da janela dapequena sala de estar, como se ela fosse

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capaz de fazer qualquer coisa sobreo dilúvio em curso. A única vela, maliluminava o aposento, ecintilava cada vez que o vento sacudia asvidraças. Era meia-noite, e o Sr. e aSra. Collins ainda não tinham retornado. Esse dia nunca iriaacabar? Parecia semanas desdeque ela tinha andado com o CoronelFitzwilliam no jardim, sem saber que oSr. Darcy a admirava. Ela inclinoua testa contra a janela.

Ela nunca poderia perdoá-lo por tersido responsável pela separação deJane e do Sr. Bingley, mas com toda justiça,ele tinha tratado muito bem sua recusa.Ela jamais pensaria que ele fosse

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capaz de ter uma civilidadebásica nestas circunstâncias, mas eletinha sido educado e tinha empurrado aresponsabilidade para seus convidadosinesperados.

Como se o simples pensamento dele ofizesse aparecer, ela ouviuseus passos atrás dela. Ela fechou osolhos, emsilêncio, esperando que ele fosse embora. Emvez disso, os passos continuaram a seaproximar dela, parando apenasquando estava tão perto que elaquase podia sentir o calor quese irradiava a partir do seu corpo.

"Srta. Bennet, vocêdeve descansar. É muito tarde, e não há

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mais nada que possa fazer esta noite,"ele disse

Ela balançou a cabeça. "Eu nãovou ser capaz de dormir até que o Sr. e aSra. Collins estejam de volta emsegurança."

"Eles não vão voltar esta noite. Deacordo com umaldeão que acabou de chegar, aponte está interditada. Não chega a seruma surpresa; precisava de manutenção,como minha tia disse em váriasocasiões. Mas você não precisa sepreocupar; os Collins vão passar anoite em Rosings Park.Pela manhã, talvez seja possível elesviajarem rio acima e pegar a próximaponte."

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Elizabeth suspirou. "Então é melhoreu fazer planos para o café damanhã, uma vez que Charlotte não vaiestar aqui."

"Você não precisa se preocupar.Falei com a empregada,que recrutou duas dasmulheres da aldeia para auxiliar acozinheira, amanhã pela manhã. Ocardápio será simples, mas ninguém vaipassar fome. Tudo vai ficar bem."

Ela odiava admitir, mas ficou aliviada deleter cuidado de tudo, aliviada o suficientepara que não percebesse imediatamentea fonte de calor reconfortante emtorno da cintura dela. Mas ela não podiadeixar de sentir uma pincelada delábios contra seu pescoço,

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especialmente porque criava umasensação muito além de umestímulo imediato. Em ummomento de fraqueza, ela estava umpouco tentada a se apoiar contra o corpoforte atrás dela, mas esse desejo atrouxe de volta para seus sentidos.

Ela tirou suas mãos dacintura dela e deslizou por debaixo dobraço dele. Uma vez que ela alcançousegurança, com váriospassos de distância, ela girou para enfrentá-lo. "Como ousa senhor! Eu penseique pela primeira vez você estava secomportando como umcavalheiro e agoradescobri que não é nada mais do que

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uma tentativa de tirar proveito da minhasituação."

Ele teve a ousadia de olhar comperplexidade. "Peço desculpas por terlhe afligido. Parecia que você precisavade consolo, edada às circunstâncias, pensei que você não seoporia."

"Sob as circunstâncias de eu estarsozinha com você e não teroutra escolha?"

"Sob as circunstâncias que nós estamosnoivos para casar,Elizabeth. Sei que você está cansada, etalvez seja melhor nós nosfalarmos pela manhã."

"Certamente não estou noiva devocê, e não lhe dei permissão para me

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chamar pelo meu nome de batismo!"Ele respirou

profundamente. "Peço desculpa se ultrapasseimeus limites, mas não acredito que vocêdeseje cancelar o nosso noivado porcausa disso."

Ela olhou para ele com espanto. "Não há nenhumcompromisso! No caso de você não terprestado atenção, eu estava no processode recusar seu pedido, quando osaldeões nos interromperam!"

Ele empalideceu, deu um passo para trás. "Isso é umdisparate. Você estava esperando, não,você estava aguardando omeu pedido. Você não tem razão para merecusar."

"Nenhuma razão! Você acha que euposso aceitar o homem que tentou

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arruinar, talvez parasempre, a felicidade de umairmã muito amada? Não se atreva, vocênão pode negar que foi o principal, senão o único a tentar separar o Sr.Bingley dela, expondo-a acensura do mundo por capricho e porinstabilidade, e envolvendo os dois namiséria."

Ela fez uma pausa e viusem nenhuma indignaçãoque ele estava ouvindo com um arque provava que eleestava totalmente impassível e semqualquer tipo de remorso. Ele inclusiveolhou para ela com um sorriso deincredulidade afetado.

“Você pode negar que você fez isso?" Ela repetiu.

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Com tranquilidade aparente ele replicou, "não tenhonenhum desejo de negar que fiz tudoa meu alcance para separar meu amigode sua irmã, ou que eu me regozijo como meu sucesso. Em relação a ele eutenho sido mais gentil do que para mimmesmo."

Elizabeth desdenhou esta reflexão decivilidade, mas seu significado não escapoua ela, e não era provável que isso areconciliaria com ele.

"Mas não é apenas neste caso," ela continuou, "quea minha antipatia por você é real.Muito antes disso ter ocorrido, eu játinha uma opinião sobre você. Seucaráter já era conhecido desde que eu oconheci, há muitos meses atrás, atravésdo Sr. Wickham. Sobre este assunto, o

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que você tem a dizer? Que atoimaginário de amizade você pode tentarse defender?"

"Você tem um ávido interesse naspreocupações destecavalheiro," disse Darcy emum tom menos tranqüilo e comuma cor intensificada.

"Quem que sabe quais foram seus infortúnios, issopode ajudar a você a sentir alguminteresse por ele?"

"Seus infortúnios!" repetiu Darcy comdesprezo; "Sim, seus infortúnios foramde fato grandes."

"E uma imposição sua," falouElizabeth com energia. "Você colocou-ono seu atual estado de pobreza,Você ficou com as vantagens,

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que você sabia que tinhamsido designadas para ele. Você o privoudos melhores anos de sua vida, e daindependência que era devida a ele.Você fez isso tudo, e ainda trata osinfortúnios dele com desprezo!"

"Então é isso," gritouDarcy, enquanto atravessava a sala,com passos rápidos "esta é a suaopinião sobre mim! Isso é o que vocêpensa sobre mim! Obrigado por seexplicar. Meus defeitos, para você,são realmente enormes! Talvez um diavocê me dê à honrade me dizer que tipo de falsidadeWickham está espalhando sobre mim,e por qual razão você escolheu acreditar

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em tudo o que eledisse na ausência completa de provas!"

"Eu vi suficiente provas com osmeus próprios olhos! Suas boasmaneiras me impressionaram e mefizeram ver a sua total arrogância,sua vaidade, e seu desdémegoísta dos sentimentos dos outros,que se formaram em desaprovação antesmesmo de eu ter conhecido o Sr.Wickham; e mesmo queeu não tivesse te conhecido um mêsantes eu saberiaque você era o último homem no mundo que eupoderia pensar em me casar."

"Agora está tudo claro! Você nãogosta do meu orgulho, que qualquerforma de difamação

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anexada ao meu nome se tornaverdade. Pergunto mais uma vez, queprova ele forneceu de seus chamadosinfortúnios?"

"E posso lhe perguntar que provasvocê pode oferecer paraque as alegações dele não serem falsas!"

"Nenhuma, tanto que eu não sei oque ele afirma que eu fiz, mas ele podeproduzir mais do que suficienteevidência com sua natureza enganadora. É claro quenão há nenhum ponto em fazê-lo, desdeque você claramente já determinou emnão acreditar em uma palavra do queeu digo. Perdoe-me por ter tomado tantodo seu tempo. Eu espero que esta chuvaacabe para que você não precise tolerarminha presença pela manhã."

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Com estas palavras, ele saiu àspressas do quarto, e um momento maistarde Elizabeth ouviuum estrondo enquanto a porta sefechava.

Cobrindo o rosto com as mãos, Elizabeth seafundou na cadeira mais próxima,lágrimas de raiva e de fadiga encheramseus olhos. Que desastre! Ela não sabiao que era pior, suas suposiçõesridículas ou o seu comportamentointempestivo. Mesmo que anteriormenteele a tivesse entendido errado,ela deveria ter simplesmente sido firmecom ele sobre sua recusa. Nãohouve nenhuma razão para ela perder apaciência com o Sr. Darcy, mas aexaustão e o choque no seu

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comportamento impróprio tinham setransformado num pedágio dasua compostura. Seu ardor tinha sido perturbador, masera bastante compreensíveldado o seu equivoco. Seu abominávelorgulho a surpreendeu. Como elepoderia pensar que ela estavaesperando por seu pedido!E que ela concordaria em se casar comele, por nenhuma outra razão a não serque era isso o que eledesejava! Ela teria achadoele cômico se não estivesse tão cansada – e se não tivesse que enfrentá-lo demanhã. E pensar que sua opinião sobreele tinha melhorado desdeque ele tinha sido tão útil e educadocom ela desde que os desabrigados

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chegaram! Era só porque ele acreditavaque tinha triunfado. Homem irritante!

De alguma forma ela tinhaque descansar um pouco. Ela se arrastoupara o andar decima, mas parou na porta do quarto dela. A garotaJenny estava deitada na sua cama,enquanto a mulher idosa que estavatomando conta dela, provavelmenteestava dormindo na cama que MariaLucas usava.Elizabeth inclinou a cabeça contra obatente da porta, seforçando a pensar. Havia o quarto deCharlotte, mas tinha uma porta que secomunicava com o quarto do Sr. Collins,e era onde o Sr. Darcy iria passar anoite. O mero pensamento

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foi suficiente para banir a sonolência.Não, o quarto menor, que tinha sido usado por SirWilliam Lucas antes de sua partida,seria a melhor opção,mesmo que a cama não estivesse pronta.

Pelo menos a sala pequena estavaarejada, e o colchão desencapado. Elateria que procurar roupa para acama, mas talvez não conseguisseenfrentar o esforço, nem apossibilidade deque ela poderia encontrar o Sr. Darcymais uma vez. Não importava;a manta estavadobrada no banco do janela,e ela simplesmente poderia envolver-senela durante a noite.

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Ela teria que dormir sem se trocar,uma vez que sua camisola estava nooutro quarto. Desfazer sozinha os botõesna parte de trás do vestido seria umdesafio, mas de alguma formaela conseguiu. Enquanto a musselinadeslizava para baixo de seu corpo, asmãos dela fizeram uma pausa em seusquadris quando ela inesperadamente selembrou dasensação das mãos do Sr. Darcy emtorno da cintura dela. Sua pele começoua vibrar estranhamente numa sensaçãoperturbadora, que fez com que elatirasse o vestido com menos cuidado doque normalmente faria. Na escuridãoela tropeçou na saia,e um som de vestido rasgado a fez

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estremecer.Elizabeth acenou com a cabeça com

a sua própria falta de jeito. Era apenasum sinal a mais dessa noite desastrosa.Jogando o vestido descuidadamente sobre umacadeira nas proximidades,ela pegou a manta e foi paraa cama, esperando o sono vir imediatamente.E a memória dos lábios do Sr. Darcy na sensível pele do seu pescoçonão atrapalhou. A mão dela searrastou até o ponto dotoque, e ela adormeceu cobrindo-ocom os dedos.

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Capítulo 3O sol já estava alto no céu quando Elizabeth acordou.A cama estranha lhe fez lembrarinstantaneamente oseventos da noite anterior, e ela colocouseu rosto debaixo do travesseiro,na esperança de que tudo, de algumaforma, desaparecesse. Infelizmente, avida raramente colabora desta maneira,e agora que estava acordada, nãoconseguia entender como tinhadormido até tarde com gritos infantis,pontuado com o barulho da cozinha,para não mencionar a chuvasibilante contra a janela.

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Ela não poderia ficar na cama com tanta coisa para serfeita. Além de ter a certeza de

que tudo estava emordem antes de Charlotte e do Sr.Collins voltarem, ela deveria ir ver amenina.Fazia sentido fazer isso primeiro, desdeque precisaria ir ao quarto para pegarroupas limpas e sua escova de cabelo.O vestido que ela tinha usado no diaanterior estava um rasgo de várioscentímetros na bainha. De qualquermaneira, ela tinha que usar algo,então o colocou de volta, tendo ocuidado de fechartodos os botões, exceto o que ficava nomeio das costas.

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Felizmente, o corredor estava vazio, e a porta doquarto dela no extremo oposto estavaescancarada. Na esperança de evitar quealguém visse o seu vestido rasgado eenrugado, ela foi correndo para oquarto. Para seu espanto, o últimohomem do mundoque desejava ver estava sentado aolado da cama da menina, falandocalmamente com ela.

A voz de Darcy parou no meio deuma frase. Com umaexpressão fria, curvou-se em umasaudação, mas não disseuma palavra. Elizabeth encolheu-sefazendo sua reverência tardia oque serviu para revelar uma visãocompleta de seu tornozelo, através do

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rasgo na saia, só entãoela percebeu que ele estava de novono quarto dela. A presençade uma pequenamenina não poderia mudar esse fato.

Para ficar pior,aquela pequena menina tinhalágrimas correndo pelo seu rosto, algoque Elizabeth não podia ignorar,mesmo que isso significasse falar com oSr. Darcy. Elizabeth foipara o outro lado da cama antesde colocaruma mão confortante no braço damenina."Dói muito?" perguntou delicadamente.

A voz da menina tremeu enquantorespondia. "Terrivelmente."

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"Lamento ouvir isso. Há algumacoisa que eu possa fazer para ajudar?"

A garota virou osolhos aflitos para ela. "Você podeencontrar minha mãe, Sra. Darcy?"

Elizabeth lançou um olhar furiosopara Darcy, mas antes que pudessecorrigir a garota, Darcy disse,"Jenny quer que a mãe fiquecom ela, mas a mãe correu em direçãoda água atrás do irmão dela, e ela não osviu desde então."

“O rio estava levando ele,então ela tinha que pegá-lo. Nãopodemos brincar na água,mas ele escorregou," disse Jenny, comuma tranquilidade que indicava que elanão entendia as implicações.

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"Jenny tem esperado por ela desdeentão," Darcy disse gravemente.

Seus olhos se encontraram num reconhecimento mútuoe sua própria discussão nãotinha lugar na presençade tragédia. Darcy disse, "Eu estava prestes a fazerumas investigaçõessobre o paradeiro de seus pais."

"Isso é típico dosenhor," disse Elizabeth.

Seus lábios secontraíram. Sem dizer uma palavra, ele saiu dasala.

Elizabeth, estranhamente sesentindo como se elativesse sido castigada, fez o melhor queela podia para distrair Jenny,pediu a opinião da garota sobre

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qual dos seus vários vestidosela deveria usar, e solicitou suaassistência para arrumar seu cabelo. Elanão queria pensar como ele ficaria,mas Jenny parecia encantada com aoportunidade, então ela desistiu de sabercomo seria o resultado destaexperiência.

Ela retornou o favor, penteando ocabelo fino de Jenny, ea garota começou a se abrir, falandopara ela sobre o moinho do pai e daboneca que ela tinha deixado para trásna enchente. "No caminho eu a coloqueino alto do telhado, então acho que elaestá a salvo, não importa oquão alto a água chegou."

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"Isso foi muito esperto," disse Elizabeth, esperando quea boneca de Jenny tivesse sobrevividoao dilúvio. Era muito provável que embreve, ela fosse precisar de seubrinquedo familiar para consolá-la.

Elizabeth percebeu que não tinhacorrigido o erro de Jenny sobre seurelacionamento com o Sr. Darcy. Bem, oque importa se uma pequena menina quetalvez ela não visse maisamanhã pensasse que eles eramcasados? Seria mais fácil permitir queela acreditasse do queexplicar porque os dois estavamno mesmo quarto.

***

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Quando a fome finalmente levou Elizabeth parabaixo em busca de algum tipo de café damanhã, ela ficou aliviada por saberque Darcy já tinha saído. Parecia quetinha finalmente parado de chover,então com algumasorte, ele podia ter levadoseu cavalo para onde quer que estejaa próxima ponte e podia ter encontradoo caminho de volta para Rosings Park. Acozinha estava um caos,com seis mulheres trabalhandoem um espaço suficiente para nãomais detrês. Foi uma sorte que Charlotte não pudesse ver oque tinha se tornado o bemorganizado domínio dela.

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Ela pegou um pedaço depão, decidindo que a perspectiva de umabebida quente era um casoperdido. Não valia apena o esforço para tentar fazer-se ouvir. Ela procurou refúgio na sala dejantar onde assustou uma empregada quecontava com cuidado a prataria.

“Oh, Srta. Bennet, você me fez darum pulo! Eu achei que eu deveria ver setudo está aqui, com todas essas idas evindas, a Sra. Collins vai ficarfuriosa se algo estiver faltando. Euestou pensando em levar os objetos devalor lá para cima onde eles não ficarãoem perigo."

"Uma excelenteidéia", disse Elizabeth.

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Ela não tinha dúvidas que osparoquianos do Sr. Collins eramconfiáveis, sobcircunstâncias normais, mas alguns deles tinhamperdido todas as suas posses, ea tentação podia conseguir fazer afloraro pior deles. "Presumo que eles aindanão possam retornar para suas casas?"

“O Sr. Darcy disse quenão, mas ele enviou algumaspessoas para ficar no celeiro da fazendaBrown, na colina. O velho TomBrown ficou feliz em levá-los, mas elenão tem como alimentá-los,não nesta época do ano. Não sei o quevamos fazer senhorita, se issocontinuar. A maioria das provisõesdaqui já se acabou."

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Elizabeth mordeu pensativamente,um pedaço do bolo frio. "Então vamoster que enviar alguém para a cidadevizinha para comprar mais comida."

Foi a vez dela dar um pulo ao ouviruma voz familiar que vinha portrás dela. "Já tentamos Srta. Bennet, massem sucesso. A estrada para a cidadevizinha que fica do lado oeste acabou, e os homens que eu mandei paraTunbridge Wells voltaram de mãosvazias porque os lojistas delá não querem nos dar crédito." Elese virou para a empregada. “Temos umcriado aqui, certo?"

"Normalmente temossim, senhor, mas John vive do outro ladodo rio."

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"É uma pena. Será preciso passarminha roupa logo que possível."

"Sim, senhor." A criada saiupara fazer suas tarefas.

Elizabeth virou-se lentamente para enfrentá-lo. Ela nãotinha observado sua aparência maiscedo, mas ele certamente nãotinha seu habitual estilo impecável. Ocasaco que ele usava, feito para umapessoa mais pesada, o Sr. Collins,estava pendurado para fora dosseus ombros, e sua gravataestava frouxa. Ela dificilmente pensariaque passar sua roupa erauma questão de prioridade em umasituação como esta,mas aparentemente era para um

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homem com tanto orgulho e vaidade. "Então,você vai retornar paraRosings?" ela disse.

"Não. Lady Catherine nãopode ser de nenhuma ajuda paranós aqui. Levaria um dia, se não mais,para chegar aRosings. Eu teria que andar a maior parte do caminhopara Londres para dar a voltanas inundações. Vou aTunbridge Wells. Eles não vão recusarcrédito para o sobrinhode Lady Catherine, mas vou precisarconvencê-los." Ele olhou com tristezapara sua aparição amarrotada.

Ela rapidamente revisou sua opinião comrelação a sua vaidade tola. "Será uma

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viagem longa para você se a chuvacomeçar outra vez."

Ele encolheu osombros, os lábios apertados. "Não hánenhuma outra escolha – para nenhum denós," disse incisivamente. "Você,claro, terá que me acompanhar. Lamentoa necessidade de te expor aos elementosda natureza." Ele não tinha queadicionar que ele se arrependia de expô-la e a si mesmo também; estava claro,em sua expressão.

"Já fiquei aqui antes sem o Sr. e aSra. Collins, e não hánenhuma razão porque não posso fazê-lonovamente," ela disse bruscamente.

"O problema nãoé a ausência de seus primos,

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mas a presença de tantos estranhos.Independentemente do que vocêpossa pensar de mim, nãoposso e não vou deixar você aquidesprotegida, então nós dois iremospara Tunbridge Wells ou nós dois vamosficar aqui enquanto todas estaspessoas passam fome. A escolha é sua.Pedi para a égua do Sr. Collins serselada para você."

Ela engoliu com dificuldade. "Eu não sou uma amazona,senhor."

"Eu presumo, que você possamontar".

"Um pouco. Não tenho nenhuma habilidade específicaa esse respeito. Não podemos levar acarroça?"

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"A carroça pode ficar com oeixo preso na lama a menos deuma milha daqui. O cavalo parece ser anossa única opção."

“Então eu tenho que melhorara minha própria aparência." Elizabethtocou no seu cabelo. "Eu descobriesta manhã porque meninas de quatroanos de idade nunca sãocontratadas como damas de companhia,mas Jenny gostou de representar estepapel." Por um momento ela pensouque ele estava começando a sorrir, masdepois seu rosto se transformou emuma carranca. "Você conseguiu descobrir algumacoisa sobre os pais dela?"

"O pai dela foi visto tentando liberar a roda do moinho.Sua mãe e seu irmão foram levados pela

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enchente. Ela tem uma tia que trabalhaem Rosings e um irmão mais velho, quedeve ter doze ou treze anos deidade, que é aprendizde um moleiro, perto de Londres. Umadas mulheres concordou em levá-laaté que sua tia seja contatada, mas atéque ela possa ser movida, meparece um ponto discutível."

Era oque ela esperava, mas Elizabeth sentiu umapontada ao pensar que a menina de olhosbrilhantes nunca mais voltaria a ver ospais dela. Ela se perguntava quem irialhe dizer a triste verdade.

O Sr. Darcy puxou os punhos docasaco que estava usando, e o examinoucomo se fosse de grande interesse.

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"Em qualquer caso, temos que ir embreve se a gente quiser ter comidaaqui ao anoitecer. Você pode estarpronta em meia hora?"

Ela hesitou, depois disse, "Eu tenho uma pergunta. Porquevocê está fazendo isso? Você não temnenhuma responsabilidade para comessas pessoas."

Ele deu a elaum olhar incrédulo. "Porque estou fazendo isso?"

"Sim, por quê? Você nãopode realmente estar querendo ir paraTunbridge Wells nessa chuva,principalmente na minhacompanhia, mesmo assim você insiste."

"É meu dever, senhora." A voz dele estava gelada."Você pensou que eu poderia me

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esquivar? Não, por favor, nãoprecisa responder. Prefiro não saber. Atémesmo o seu queridoamigo, George Wickham, pode lhe dizerque eu sempre cumpro com omeu dever.

Elizabeth levantou seu queixo. "Não quis insinuar nadado tipo. Até agora, eu nunca vivocê mostrar tanto interesse no bem-estar de pessoas tãoabaixo de você. Isso é tudo."

Ele parecia não tê-la ouvido."Claro, eu tenho muitoshábitos que ele despreza. Eu pagominhas dívidas. Falo averdade, mesmo quando não quero.Não jogo mais do que posso perder. Nãome aproveito de mulheres jovens,

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sem ninguém para protegê-las. Nãotenho dúvidas que George Wickhamiria encontrar uma desculpapara ficar dentro de casa bebendo oconhaque do seu primo, aoinvés de andar na chuva em buscade comida, mas eu não farei isso. Essaspessoas são inquilinos da minha tia, e naausência dela, eu souresponsável por eles – e porvocê. Se gosto ou não é irrelevante."

Elizabeth sentiu como se ela tivesse pisado parafora da borda de um precipício semidéia de que teria alguma coisa embaixo.Ela nunca tinha visto Darcy, com umaraiva tão fria. No ficariasurpreendida se visse gotas de gelo seformando em torno dele, mas ela não o

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deixaria intimidá-la, então fixouseus olhos nos dele, firmemente.

Ele teve a graça de ficarruborizado. "Vejo você em meiahora, senhora." Ele virou-sesobre seu calcanhar sem sequer umareverência e saiu da sala.

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Capítulo 4Darcy descobriu rapidamente que Elizabeth não tinhasido modesta, quando sedescreveu como uma pobre amazona. Aoinvés de ter uma postura correta, suascostas estavam retas e duras, eprovavelmente ela estava commedo. Por duas vezes ele já a tinhamandado afrouxar as rédeas da égua,e novamente ela estava puxando-amuito apertado fazendo a égua ficararredia. Se continuassedesse jeito, ela ficaria dura e doloridano dia seguinte. Elaprecisava melhorar o modo de se sentar.

Pelo menos, porenquanto, a chuva tinha parado. A

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estrada estava em mau estado, cheia decrateras e coberta de poças de lamafundas, mas estava transitável. Semdúvida isso adicionava ansiedade namente de Elizabeth. Seu própriocavalo tinha uma pata firme,mas Darcy mantinha umolhar atento sobre a égua.

Ele não podia acreditar quetinha perdido a paciência com ela aindaesta manhã. Por algumas horas na noiteanterior, ele achou que os doistinham um futuro feliz pela frente,e tinha ficado abalado, em fúria, quandodescobriu seu erro. Enquanto ele estavadeitado na cama do Sr. Collins,tinha resolvido que de manhãele calmamente explicaria para

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Elizabeth a verdade sobre GeorgeWickham. Mas quando finalmente eleteve um momento para falar com ela empaz, apenas uma pergunta inoportuna atransformou em uma besta feroznovamente. Seusobjetivos eram mais modestos agora.Manter uma polidez distante pareciaser o melhor que ele poderia esperar.

Demorou mais de duas horas para eleschegarem à cidade, e durante toda aviagem ficaram em silêncio, a não serpor algumas sugestões ocasionais sobresua equitação. Ele tinha decidido nãodar opinião desde que ela chegou à salapronta paraviajar, mas aparentemente bastanteincapaz de olhar em sua direção, para

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dizer o mínimo, simplesmente por umaquestão de civilidade. O patético eraque doía ver que ela evitavalidar com ele. Quão tolo elepoderia ser?

Assim queeles chegaram à estrada dopedágio, bem no topo da colina,fizeram rapidamente os últimosquilômetros, e pela primeira vez desdeque tinham deixado a casa paroquial,parecia que tinham chegado a uma áreaque não tinha sido afetada pelaenchente. Carruagens passavamem ambas as direções, e Darcy estavaperfeitamente ciente dosolhares que elesestavam recebendo de alguns dos

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passageiros. Felizmente, Elizabethparecia não notar que elaera a destinatária da maioria deles, montandoa égua do Sr. Collins ao lado de seupróprio puro-sangue. Ele esperava queninguém o reconhecesse.

Na cidade, Elizabeth finalmente pareceuse interessarnos arredores, olhando para as lojas epara as casas. Darcy encontrouo caminho para o armazém que aempregada tinha recomendado, semdificuldade. Pelo menosElizabeth estava disposta a aceitar suaajuda na hora de desmontar, e isso já eraalguma coisa, ele pensou.

***

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Darcy encontrou Elizabeth olhando asprateleiras com ervas secas. "Nós temosum pouco de tempo, enquantoeles carregam os alforjes. Gostaria depassear enquanto esperamos? Tem umarua com marquises se a chuvacomeçar de novo."

Para sua surpresa, ela lhe deuum dos seus sorrisos. "Isso seria adorável."

Oque tinha mudado seu humor? Levantando umasobrancelha, ele fez um gesto emdireção à porta. Ele decidiuque seria mais inteligente não oferecer-lhe o braço, dada a probabilidade delarecusar. "É virando a esquina."

Ela balançoua cabeça. "Bem, senhor, você me

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convenceu de uma coisa.""Do

que?" Ele esperava que ela estivesseprovocando-o, fosse o que fosse.

"Você não tem o hábito de pedir crédito.""Foi tão óbvio?"Ela fez uma pausa, os

olhos brilhando, mesmo estando com orosto solene. "Três repetiçõesdo nome de LadyCatherine de Bourgh provavelmente teria sidosuficiente para estabelecer as suas credenciais, mas sem dúvidauma dúzia foi ainda mais eficaz."

Ele securvou ligeiramente. "Manterei isso em mente se aocasião surgir de novo."

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Eles começaram a passear.Elizabeth, ao contrário da maioriadas mulheres que ele conhecia,parecia termais interesse na arquitetura elegante dosprédios do que nas vitrines de roupase outros bens de luxo. Ela parecia alheiaas elegantes e caras roupas das senhorase dos cavalheiros que também estavampasseando.

Ela disse, "Aqui não se pode dizerque pessoas perderam suas casasno dilúvio, no entanto, estamos a poucosquilômetros de Hunsford."

"A cidade serve para aqueles que desejam tomar aságuas medicinais e participar dasociedade. Eles não querem que nadafeio chegue aqui."

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Ela lhe deu um olhar surpreso e, emseguida, pareceu ficar presa por algumacoisa em uma vitrine. "Você seimportaria se eu der uma olhadanesta loja?"

"Claro quenão," ele disse automaticamente. Erauma papelaria, e ele se perguntou no queela estava interessada.Ele segurou a porta para ela entrar efingiu interesse por umaexibição de caixas de madeira, enquantoElizabeth falava com um funcionário eapontava para a seção debrinquedos. Ela se juntou a ele algunsminutos mais tarde,carregando um pacote.

"Para Jenny?" ele perguntou.

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Ela assentiu com a cabeça. "Elame contou que teve que deixar suaboneca para trás. Ela a colocou notelhado da casa dela e não a viu maisdesde então. Eu pensei que ela vaiprecisar de algo para abraçar." Avoz dela ficou um pouco emocionada naúltima palavra.

Darcy foi tomado por uma vontade maluca deagarrar as mãos dela e implorar-lhe parase casar com ele. Foi salvo por um ruídode trovão que fez ambos irimediatamente para perto davitrine. Alguns pingos de chuvarespingavam no vidro e entãocomeçaram a bater ferozmente contra aspedras da calçada.

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Elizabeth suspirou profundamente. "Obom tempo que tivemos durante aviagem parece ter acabado."

Darcy olhou a capa queElizabeth estava usando, e depois para achuva torrencial. "Seria melhor vocêficaraqui enquanto vejo se os cavalos estão prontos."

"Não importa. Eu vou ficarencharcada mais cedo ou mais tarde."

"Talvez a chuva pare até lá." Não era mentira, pelomenos não tecnicamente. Tudo erapossível com um tempo como esse.

Ela lhedeu um olhar límpido de descrença. "Talvezsim".

***

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Elizabeth cruzou os braços e olhou para oSr. Darcy. "Não. Absolutamente não."

"Esta é uma questão de simples praticidade, nãoé um presente. Não desejo que vocêfique doente por se expor achuva." Ele estendeu o manto delã para ela mais uma vez.

"Naverdade não é um presente, pois não vou aceitá-lo."

"Srta. Bennet, é tanto pelo seu bem quanto pelo meu. Sevocê se recusar a levá-lo, tenho queinsistir que você vistameu casaco para ficar seca, e aí eu vouficar encharcado. Agora, você vai usá-lo, ou vamos ficar aqui discutindo até que seja demasiado tarde para viajar devolta para a casa

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paroquial? Se você acha que aceitar ummanto de mim pode ser umproblema, comovocê vai explicar passar uma noite aqui comigo?"

Ele realmente tinha ditoisso? Claro, ele queria casar comela, então ele não se importaria seeles fossem forçados a secasar porque eles tinham ficado presostendo que passar a noitejuntos. Ela pegou o manto de lã pesadoe o envolveu em torno de seusombros, colocandoo pacote para Jenny debaixo dele.

"Obrigado", disse Darcy determinado. Eleestendeu a mão e levantou o capuz, commais delicadeza do que ela esperava

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as mãos persistentes perto de suatêmpora. "Vamos?"

Uma vez fora daproteção da marquise, Elizabeth ficougrata pelo manto pesado, apesardela ter preferido sofrer tormentos semfim, ao invés de dizê-lo. Ela tentou sergentil em aceitar a ajuda de Darcy paramontar a égua e estava feliz por ele estarlá para ajudá-la, quando ela sentiu queo couro do selim estava escorregadio.

Ela achou a cavalgada traiçoeira aténaestrada do pedágio. A égua tinha colaboradobastante bem, mas ela nãogostava da chuva batendo nela e agoratinha que ser persuadida a cadapasso do caminho. Uma vez que eles

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chegaram à estrada de terrapara Hunsford, tornou-se ainda pior,porque a égua lutava para manter acorrida na lama e seesquivava de cada ramo baixo.Elizabeth mal conseguia manter-sesentada. Algumas vezes ela conseguiaporque se agarrava na borda dosalforjes pesados, mas o coraçãodela batia com medo de cair. Aolado dela, Darcy parecia não estar tendonenhuma dificuldade,o que só fazia ela se sentir pior.

Depois de meia hora, e após teremtido pouco progresso,Elizabeth começou a desejar que elestivessem ficado nacidade, mesmo que isso

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significasse ter que casar com o Sr.Darcy. Apesar deseus melhores esforços, a chuva friatinha encontrado ocaminho dentro da capa e escapavapara o pescoço dela, e ela se sentiucompletamente miserável. Piorainda, a luz estava começando a desaparecer. Mas nãohavia nada a fazer agora, além de seguirem frente.

Ela estava consciente de Darcy lançando olharesem sua na direção, e uma ou duas vezes,perguntou-lhe se estava tudo bem. Dealguma forma ela conseguiu responderde forma afirmativa. Então, enquantoeles cruzavam uma grande poça, a éguacolocou a pata em um buraco escondidopela lama e cambaleou até parar.

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Elizabeth já não podia mais tolerá-la. Ela desmontou da égua,milagrosamente, pousando seuspés na lama que imediatamente cobriumetade de suas botas.

Instantaneamente, Darcy desmontou e foipara seu lado, a água vertendo pelo seucapote. "Você se machucou?"

Ela balançou a cabeça. "Nãoposso mais fazer isso. Eu vouandar o resto do caminho." Masela sabia que entre acondição da estrada e o adiantado dahora, isso era impossível.

Darcy ficou emsilêncio por um momento e, em seguida,ele desembaraçou as rédeas da égua e asamarrou com um nó. "As patas do

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meu cavalo são mais firmes, ele podemanter um ritmo melhor.Você pode montar antes de mim."

"E o que vamos fazer comela?" Elizabeth apontou para a égua.

"Ela provavelmente vai nosseguir de volta para o estábulo, e se nãoo fizer, alguém pode ser enviado maistarde para pegá-la. Épouco provável que ela fuja nessascondições." Ele se virou para ocavalo, duas vezes maior doque qualquer animal que Elizabeth játinha montado, e fez os ajustes dasela. "Venha."

Apesar do manto encharcado, elecolocou-a nasela como se ela não pesasse nada.

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Ela agarrou o couro escorregadio,mas o cavalo ficou completamenteparado, mesmo quando Darcy montouatrás dela, graciosamente,como se ele fizesse essa manobra todososdias. Ela não ousava respirar enquanto sentia asmãos de Darcy na sua cintura, mudandosua posição ligeiramente para frente, emseguida, pressionando as pernas delaentre o joelho dele e os ombros docavalo. Ela podia sentir a forma da coxadele atrás dela.

"Você está confortável?" Sua voz parecia maisáspera do que o habitual.

"Você está certo deque isso é seguro?" Ela não queria que

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ele soubesse quanto à proximidade doseu corpo a perturbava.

"Eu fiz isso muitasvezes com a minha irmã quando elaera mais jovem. Ela adoravaandar comigo, mesmo depoisque aprendeu a montar por contaprópria." O braço dele veio aoredor dela por trás, circundando suacintura e a segurando com firmeza contraele. "Eu estou te segurando, e você nãovai cair. Stormwind é o cavalo mais péfirme que você jamais vai encontrar."

Sem aviso, ele cutucou o cavalo.Elizabeth sufocou um suspiro, incapaz de manter-se segura agarrada a ele. Elenão disse nada, mas seu rosto

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sob a borda do chapéu era severo,então ela se forçou a se segurar nele.

"Relaxe, Elizabeth. Deixe Stormwind fazer todoo trabalho." Seu hálito quente acariciavasua orelha.

Como ela poderia relaxar? Não, elasó estava em cima de um cavalomuito alto, e o Sr. Darcy estavaefetivamente abraçando-a. Ela tentou fechar os olhos para quenão tivesse que ver a distância até osolo, mas isso só aumentoua consciência de que um ladointeiro do seu corpo estavapressionado contra ele. E ela começou ater arrepios pela sua espinha.Ela tentou ficar ereta e o mais longedele, mas isso também não ajudava.

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"Você pode achar maisfácil se você se inclinar contramim. Isso é o que minha irmã fazia."

O que importava, afinal?Sua posição não poderia ser maisinadequada do que já era. Ela tentou seguir o conselho dele, e issoa fezse sentir mais segura, mesmo quando obater do seu coração ameaçava afogar achuva. "Desculpe-me. Não costumo sertão “garotinha.” Ela se sentia satisfeitaque sua voz tinha soado normal.

"Não, você não é," ele concordou."Estou arrependido de ter feito vocêpassar por todo esse trabalho.Eu sei que você pensou que eradesnecessário, e eu devia ter dito que eu

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não estava apenas sendo arbitrário. Eutenho assistido o feitor da minhatia lidar com alguns homens grosseirosda aldeia de Hunsford. Eu não podiadeixar você sozinha, lá, sem segurança."

"Entendo". Isso eraconsolador, especialmente desde que aviagem deles tinha sido maiscomprometedora do que se ela tivesseficado sozinha. Ela deveriaagradecer que a chuva tinha mantidotodos dentro de casa, entãoninguém podia vê-los. Ela fechou osolhos novamente, desta vez apreciando asensação de segurança, de ser seguradatão cuidadosamente.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos e, emseguida, Darcy disse, "Elizabeth, o

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que Wickham me acusou de fazer?"Ela tensa, percebeu que ele estava

mais cansado do que irritado."Ele disse que seu pai o colocou notestamento, e que você não honrou o legado." Naquelemomento, a história não sooutão sensata quanto tinha soado emMeryton. Afinal de contas, uma vontade nãopodia ser ignorada, podia?

O peito dele se moveuem um suspiro. "Isso de novo. Suponhoque ele não contou a parte onde ele meinformou que tinha resolvido nuncareceber ordens e solicitou algum tipo deadiantamento. Ou, eu imagino, se ele lhedisse que eu dei para ele trêsmil libras, em trocade que ele renunciasse a

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toda reivindicaçãode assistência na igreja."

Elizabeth mordeu o lábio. "Ele disse que pediu paravocê dar uma profissão para elee que você não o ajudou."

"Isso é verdade, mas issoaconteceu uns três anos mais tarde,depois que ele tinha gasto o dinheiro queeu tinha lhe dado. Eleme disse então que ele estava totalmenteconvencido em ser ordenado. Como eledisse, eu me recusei a cumpriro seu pedido, por razões que eu esperoque você entenda."

A explicação dele colocoua mente de Elizabeth emturbulência. Isso se encaixavacom a história do Sr.

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Wickham menos num detalhe crucial. Naverdade, ela não sabianada do passado do Sr. Wickham, a nãoser o que ele mesmo tinha lhe dito; elanunca tinha ouvido falar nele antesde sua entrada para a milícia. Não havianenhuma particularidadede bondade da parte deleque ela pudesse se lembrar, só que ele jáhavia tido a aprovação do povoado combase em seu semblante, sua voz e suasboas maneiras. Ele não tinha contadosua história para ninguém a não ser paraela, depois que o Sr. Darcy deixou acidade, depois que elese tornou conhecido. Ela poderia estartão errada? A idéia a fez sesentir doente.

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Quando ela não respondeu, Darcy falou novamente,desta vez com aparente relutância."Infelizmente, issonão foi o último dos nossos negócios. Minha irmã, queé dez anos mais nova do que eu, saiu daescola no verão passado e foi colocadaaos cuidados da Sra.Younge, cujo caráter infelizmente euestava completamente enganado. Ela eraconhecida de Wickham, e com aconivência dela, ele foi capaz de seaproximar deGeorgiana. Ele recordou sua bondade com ela quandoainda era uma criança e ela foipersuadida a acreditar que ele a amava,e aceitou fugir para que eles secasassem. Nesta época ela só estavacom quinze anos, e era incapaz de

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imaginar que o objetivo principal deWickham era suafortuna de trinta mil libras.Sem dúvida ele também pretendiavingar-se de mim. Se eu não tivesse poracaso descoberto seus planos,sua vingança teria sido realmentecompleta."

Elizabeth não conseguia respirar. Era completamenteinesperado e horrível, mas elanão podia acreditar que o Sr.Darcy, inventaria um conto sobre a própria irmã.

“Imagino que aminha palavra valha muito poucopara você, mas a verdade é queposso apelar para o testemunhodo Coronel Fitzwilliam, que pode verificar

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todos os detalhes. Eu vou pedir para eleresponder a quaisquer perguntasque você fizer." A voz de Darcyagora estava dissonante.

Na tentativa de reunir seus pensamentos dispersos, eladisse com uma voz trêmula,"Eu... isso não será necessário."Ela já não duvidava de sua versão. Elenão tinha motivos para mentir e tinhatodos os motivos para esconder averdade.

Mesmo através do mantodela e do pesado capote queele usava, ela podia sentir a tensãodeixando seu corpo."Obrigado," ele disse em voz baixa.

Elizabeth seafundou num silêncio miserável, lembrando a

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mudança repentina de Wickham quandoMary King recebeu sua herança, seucomportamento irreverente comKitty e Lydia, incentivando-as a viverem intensamente,e a impropriedade em confessar seussegredos para ela na primeiro encontroque eles tiveram. Lisonjeada pelaatenção que ele estava dando, ela tinha ficadodeliberadamente cega para tudo e tinhacaído naarmadilha de suas mentiras, como se elativesse a mesma inteligência de Lydia.Ela não tinha acreditado no Sr. Bingley,que tinha dito que havia outro lado dahistória, como se seuconhecimento ligeiro fosse mais

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valioso do que seus anos de amizadecom o Sr. Darcy.

Para coroar tudo isso, ela ainda não tinha tido obom senso de manter seuspensamentos para si mesma – não,ela teve que se fazer de boba ao jogaracusações na cara do Sr. Darcy. Afinal eletinha sofrido nas mãos de Wickham, eela agravou a lesão, e até tinhagostado que os seus sentimentos por elao tinham tornado muito mais vulnerávelcom às suas palavras.

Todo esse tempo ela achou queera tão inteligente e perspicaz! Se ao menos ela pudesse se esconder domundo, e mais especialmente deum homem que tinha razão parater rancor dela – o mesmo que

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neste momento, estava abrigando-aem seus braços. Pelo menos elenunca saberia que lágrimas de humilhaçãoestavam correndo pelo seu rosto;só pareceria ser a chuva.

Ela nem percebeu queo cavalo tinha parado até Darcy dizersuavemente, "Elizabeth, nós chegamos."Ele apeou do cavalo, de alguma formaconseguindo manter uma mão firmeno braço dela. Ele a levantou da sela, asmãos persistentes na cintura delaficando um espaço estreito entre ocorpo dele e o flanco do cavalo, mas suamortificação era tal que ela não podiaolhar nos olhos dele.

Ele a levou paradentro como se ela fosse uma criança.

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Ela parou na soleira da porta, para tiraro excesso de água do seu capote, e viuque ainda estava segurandoo pacote encharcado da loja debrinquedo. A tinta daembalagem tinha sangrado em suas mãos.

"Você deve seaquecer no fogo,", disse Darcy. "Vouvoltar em breve."

Apaticamente, ela ficou olhando atéele desaparecer na chuva. Foi só entãoque ela percebeu que ele tinha sedirigido a ela por seu nome de batismo.

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Capítulo 5Elizabeth ficou enormemente aliviada emtirar suas roupas molhadas e colocar umroupão seco. Mesmo usandoum chapéu e uma capa, o cabelo delaestava encharcado. Oembrulho de papel fino tinha quase sedissolvido, deixando vestígios deresíduos de tinta em seus dedos.

Ela pegou suas roupas molhadas em seu antigoquarto, suspeitando, corretamente, quehaveria um fogo na lareirana qual ela poderia pendurá-laspara secar. Ao descobrir quea pequena Jenny estavasentada no chão aolado de sua cama, sua perna

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estendida na frentedela e o rosto amassado com dor,Elizabeth deixou cair àroupa imprudentemente e correu parao lado da menina.

"O que aconteceu? Vocêcaiu da cama?" Ela afastouuma madeixa de cabelo do rostoda menina, expondo uma bochecha cheiade lágrimas.

"Não, senhorita," sussurrou Jenny. "Eu precisava dopenico, e eu não sabia que doeria tanto."

"Cadê a mulher que deveria estaraqui com você."

"Ela teve que sair. Há muito trabalho a fazer agora, eela não podia ficar comigo o dia todo."

Elizabeth decidiu que ela iria conversarcom a mulher

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que tinha deixado Jenny sozinhae desamparada. Melhor ainda,ela deixaria o Sr. Darcy fazê-lo. "Venha,deixe-me ajudá-la a voltar para a cama."

Demorou quase uma hora antes de Jenny ficardeitada num lençol limpo com algumgrau de conforto. Elizabeth sesentia exausta pelo esforço do dia, mas agarota estava inquieta, ecada movimento causava dor nela.

Elizabeth disse, "você deve estar entediada depois deficar sentada na cama o dia todo. Vocêgostaria que eu te desenhasse?"

Os olhos de Jenny seIluminaram. "Oh, sim, Sra. Darcy!Ninguém nunca me desenhou."

Estremecendo por causa do nomeque a garota a tinha chamado,

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Elizabeth disse, "Então este será oprimeiro." Ela pegou a caixa comobjetos de desenho quetinha visto no quarto de Charlotte,e tirou um pedaço de papel. Ela nãotinha nenhumgrande talento para o desenho, que eramais uma das muitas maneiras em queela nunca se enquadrava na definição doSr. Darcy de uma dama. Mas se issomantivesse Jenny entretida, era tudo oque ela desejava.

***

Darcy lutou com as tiras dos alforjes. Achuva escorria da aba do seuchapéu e suas luvas molhadas

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progrediampouco sobre as fivelas apertadas. Com um assobio deraiva, ele tirou sua luva direita e aenfiou no bolso, depoisvoltou para as correias escorregadias.

Seu cavalo relinchou comimpaciência. Darcy falou com os dentestrincados, "Concordo com você."Ele preferia estar em qualqueroutro lugar, mas o único refúgio queacenava para ele era mais perigoso doque inundações ou tempestades. Seele entrasse na casa paroquial, agora,ele não seria responsável por suasações, não depois de abraçartão intimamente a forma doce deElizabeth contra o seu corpo na últimameia hora. Ele deu um puxão furioso na

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correia, e na fivela, e elasbeliscaram seu dedo indicador forteo suficiente para fazê-lo a cerrar osdentes.

Pelo menos ela parecia acreditar nele sobre Wickham, eele tinha fingido ter ficado inconscientede sua agitação silenciosa e dos seussoluços abafados. Ele não tinha tomadonenhuma vantagem de sua posição,mesmo quando ela tinha finalmentedescansado seu corpo contra o dele.E ainda, quando eles chegaram, ela nãoo olhou nos olhos e não conseguiudeixar sua companhiarápida o suficiente. O que mais ela queria dele?

Graças a Deus ele insistiu em comprar a capa paraela. A capa não a tinha mantido seca,mas pelo rápido vislumbre

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do vestido molhado quando ela tirou omanto, foi tudo o quetinha preservado sua sanidade. Se ele ativesse mantido na sela, com um vestidotransparenteque escondesse o pouco do que estava porbaixo, ele duvidava que pudesse serresponsabilizado porsuas ações. Mesmo imaginar faziaseu sangue correr quente.

Felizmente para o dedo latejante, a segunda correianão se revelou tão teimosa comoa primeira. Comesforço, ele ergueu o pesado conjunto de alforjes sobreseu ombro. O dono da loja colocoutijolos de chumbocom a cevada? As botas dele seafundaram na lama quando ele levou os

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alforjes para a casa paroquial,empurrando a porta da cozinha com oombrolivre. As botas enlameadas esmagando o chãode pedra.

A cozinheira, uma mulher forte demeia idade com uma careta permanentegravada no rosto, se virou. "Umatrilha de lama na minha cozinha, foivocê?"

Darcy ignorou-a e deixoucair os alforjes pingando sobre a mesacom um som alto. “Cevada,ervilhas secas, farinha," ele disse de ummodo quase malcriado.

"Sem dúvida arruinado" ela murmurou. "Inútil."Em circunstâncias normais, Darcy teria dado um

olhar desdenhoso para tal insolência e

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então teria dado ordens para oinfrator ser demitido. Desrespeito não eratolerado entre os empregados dePemberley, e estava abaixo desua dignidade discutir com osservos. Foi má sorte dacozinheira, que neste dia emparticular neste momentoparticular, Darcy estava mais doque pronto para atirarsua raiva em qualquer alvo disponível.

"Você manterá uma língua educadana minha presença," ele falou. "Se acomida que eu fui servido nesta casa é oque representa a sua habilidade,então é notável que você tenha sidomantida aqui, e você pode estar certa de

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que o Sr. Collins vai ter notícias minhassobre isso."

“Ele gosta da minha comida.""Enquanto a escassez de pratos dispostos no jantar

de ontem à noite poderia ter sidodesculpada dada ascircunstâncias incomuns, o alimento emsi era indefensável - o assado estavaqueimado, o ensopado de carne comlegumes estava aguado, os bolos soladose o pudim indigesto. O chá mal mereciao nome. É surpreendente, queninguém ainda tenha quebrado um dentecom uma das suas comidas. Eu esperavamais de uma empregada."

"Você tem que saber que aprópria Lady Catherine de Bourgh merecomendou!"

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"Então eu farei questão de dizer a minha Catherine, minha opinião também. Ese eu for obrigado a comer outro pratoinsípido nesta casa, você serádispensada de suaposição e aquela mulher - "ele apontouna direção de uma mulher da aldeia" –vai tomar o seu lugar e o seu salário.E tenho certeza que ela não vai ternenhuma dificuldade em produziralimentos palatáveis com oque eu trouxe."

Indiferente a chuva incessante, elesaiu. O que estava errado com ele? Elenunca tinha falado com umservo dessa maneira em todasua vida. Mas a resposta era clara.Elizabeth Bennet era o que estava errado

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com ele, Elizabeth e essa situaçãoimpossível em que eles estavam.Ele deveria ter mandado ela decarruagem, de Tunbridge Wells, diretopara Londres não importandocomo seria escandaloso para ela viajarsozinha. Ele teria feitoisso se não fossem os perigos que elapoderia encontrar por chegarinesperadamente. Se ele apenas pudesseter abandonado os moradorescarentes, poderia tê-la levado, mas aresponsabilidade com seus inquilinos –e por extensão, com os inquilinos de suatia – tinha sido criada nele desde que eleera um menino.

Não, era possível fugir... para qualquerum deles.

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***

Elizabeth tinha finalmente saído doquarto, na ponta dos pés, logo depoisque Jenny caiu em um sono exausto. Seela tivesse ficado, ela poderiater se juntado a garota no sono,mesmo tendo que dormirna cadeira desconfortável. Em vezdisso, ela desceu para a salade estar. Sally, quando a viu, colocoumais lenha na fogueira e timidamenteperguntou para ajovem senhorita se deveria pôr amesa para o jantar.

Elizabeth, de fato, tinhabastante fome, mas a perspectivade uma refeição, de se sentar

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à mesa com o Sr. Darcy eradesconcertante. "Onde está o Sr. Darcy?"

"Eu não sei, senhorita. Ele saiu acavalo, para algum lugar."

Talvez ela estivesse com sorte. "Nesse caso, seria ótimose você pudesse me trazer algumacoisa quente para eu comer aqui. O Sr.Darcy sem dúvida vai querer comer algoquando voltar."

Sally fezuma reverência e saiu. Elizabeth colocousua cadeira mais perto da lareira ondeas chamas agora envolviam alenha, enchendo asala com um calor de boas-vindas.Ela soltou seu cabelo que ainda estavamolhado e o espalhou pelos ombrospara que ele

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secasse. Tinha sido um dia cansativo emmuitas maneiras, entre ela ficarembaraçada por não ser uma boaamazona, e o tempo surpreendente queesteve na cidade com o Sr. Darcy, alémde ficar encharcada e serforçada a andar tão perto do Sr.Darcy que ela podia sentir o calor delepressionado contra o seupróprio. Seu estômago se revirou com opensamento. Ela pressionou a ponta dosdedos na sua têmpora, recordando suaspalavras sobre o Sr. Wickham. Como elapoderia ter julgado ele tão mal?

Ela desejava poderir dormir e não acordar até Charlotte tervoltado com o Sr. Collins, nãoimportava quando isso iria acontecer.

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A empregada voltou carregando uma bandeja que colocou em cima de uma mesa pequenaperto de Elizabeth. "Sopa e chá quente,senhorita."

"Perfeito," disse Elizabeth. "Diga-me, alguém já falouse o rio começou a descer?"

Sally lhe deu um olhar umpouco peculiar. "Eles achavam quetinha, mas depois da tempestade destatarde, estápior do que antes. Vai demorardias antes dele baixar."

Elizabeth a dispensou e, emseguida, voltou sua atençãopara a sopa. Pela primeiravez, ela estava ansiosa para começar acomer, embora a comida na casa

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paroquial tenha sido sempre de umaqualidade questionável, a não serquando Charlotte preparava uma comidacom suas próprias mãos. Os lábios delase contorceram com ironia. A únicacoisa que ela tinha se arrependidosobre perder o jantar em Rosings foipela oportunidade de desfrutaruma refeição decente.

Ela decidiu que a fome certamente fazia o molho ser melhor, a sopa pareciatão saborosa que ela terminoua tigela inteira e desejou que tivessemais. Pela primeiravez, o pão estava macio e crocante aoinvés de parecer uma pedra. Atéo chá estava gostoso, bem, chá, mas issoera uma grande melhoria

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sobre o sabor de alcatrão quegeralmente acompanhava o chá na casaparoquial. Elasorriu satisfeita, correndo os dedos peloseu cabelo para separar os cachosque ainda se agarravam juntos.

***

Darcy fez questão de ficar exaustoantes de voltar para a casa paroquial.Ele encontrou a égua, em seguida foi veros aldeões que estavamno celeiro, falando com cadaum sobre o estado de suas casas.

Sem dúvida Elizabeth já estaria nacama. Ele entrou calmamente,mas Sally o estava esperando para tirar

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seu casaco e seu chapéu. Ele aceitouuma vela para iluminar seu caminhopara o quarto do Sr. Collins, onde podetirar suas roupas suadas e colocarum roupão que mal chegava a seuspulsos. Masestava seco, e isso era tudo o que elepodia pedir no momento. Um copo de conhaquenão viria mal, também. A garrafa do Sr.Collins que ele tinha encontrado nodia anterior mal merecia esse nome, masera melhor que nada.

Ele viu umaluz na sala de estar. Elizabeth ainda estavaacordada? Poderia ser possível ela teresperado por ele? Ele parouum momento antes de se apresentar na

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porta aberta. A visão diante dele tirousua respiração.

Ela estava dormindo na cadeira aolado da lareira, pernas dobradas sob elae seus cachos escuros soltos. Oschinelos estavamalinhados ordenadamente sob a cadeira.O fogo estava morrendo e piscavaatravés dela, dandobrilho ao seu cabelo.

Como poderia ela parecer tão inocente e tãosedutora ao mesmo tempo? Foi aprimeira vez no dia que ele tinha sidocapaz de apenas olhar para ela, e tinhasido um dos seus maioresprazeres. Ela se mexeu no sono, sorrindo, como se um sonho a estivessefazendo sorrir. Se ao menos ele tivesse o

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direito de acordar essa princesaadormecida com um beijo – mas ele não o fez, pelo menos ainda não.

Ele ficou tentado a sesentar na cadeira em frente a ela esimplesmente vê-la dormir,deixando sua imaginação ir onde seuslábios não se atreviam, masnão era certo se aproveitar dasua vulnerabilidade para seupróprio prazer.Mas ele também não podia deixá-la láonde qualquer pessoapoderia entrar e encontrá-la incapaz dese defender. Ele teria que acordá-la para que ela fosse para a cama.

"Srta. Bennet," ele disse suavemente e depois repetiu onome um pouco mais alto. Não teve

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nenhuma resposta,então ele se aproximou de sua cadeira. Agoraem sua mente, seriasempre a cadeira dela. "Desculpe-meincomodá-la, Srta. Elizabeth, mas nãopode permanecer aqui.Você deve subir para ir para cama." Emsua mente, ele acrescentou, depreferência comigo. Só estarna presença dela tinha restauradoseu senso de humor – ealguns outros sentidos também.

Ela estava obviamente dormindo. Se ela estivessemetade cansada como ele, não eranenhuma surpresa. Ele colocoua mão no ombro dela, com cuidado paratocar apenas no tecido da manga,apesar da sensação morna, tentadora, da

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pele dela, apenas a umapolegada de distância. Ele balançoulevemente o braço dela, mas apesar delater mexido um pouco o canto desua boca, não abriu os olhos.

E agora? Ele não podia deixá-la,e ele não poderia ficar. Ele poderia,é claro, buscar Sally para ficar com ela,mas ele queria que esse momento fosseparticular. Não, o que elequeria fazer era levá-la até a cama dela,para que ele pudesse segurar sua formaadormecidaperto dele por alguns minutos.Isso, claro, era uma boa razão para queele não fizesse isso.

Seu olhar começou a descer lentamente paraseu corpo iluminado à luz da lareira

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cintilante, da luz à sombra, do tecido desua roupa paraa pele macia, de seu pescoço delgado,passando porseus ombros levemente arredondadospara as curvas que ele desejava embalarem suas mãos... não, ele não fariaisso. De alguma forma ele tinhaconseguido, o dia todo, agir comoum cavalheiro,apesar da provocação extrema.Não seria o fim do mundo ele levá-lapara cima, e poder salvá-la de algopior, especialmente se sua imaginaçãocontinuasse dessa maneira.

Antes que ele pudesse questionarcom ele mesmo sobre isso, ele foi paracima para colocar a vela no quarto dela

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e arrumar as cobertas da cama, sempensar nela dormindo ali.Não, ele não ia pensar nisso, de jeitonenhum. Era simplesmente uma camacomo outra qualquer, umpedaço de mobília cobertacom colchão e lençóis, não era umsantuário para uma deusa que ele nãoconseguia parar de adorar. Mas esseslençóis afortunados estavamautorizados a tocá-la durante todaa noite; como ele não estaria apenasum pouco invejoso, quando ele dariaquase tudo para tê-la dormindo em seusbraços? Com raiva, ele balançou acabeça. Ele tinha que parar com essespensamentos absurdos.

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Ele voltou para a sala de estar, metadedele temendo que ela pudesseter acordado enquanto ele tinha subido,mas ela não tinha se movido.Ele se aproximou, então parou. BomDeus, ele naverdade estava saboreando omomento da antecipação? Mas saborearo momento antecipadodificilmente poderia feri-la, ecertamente lhe estava dando muitoprazer.

Ele seinclinou perto o suficiente para ouvir arespiração dela, e deslizou um braço portrás de seus ombros.Foi complicado encontrar uma rota paraa outra mão, e ele manteve seus

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olhos próximos ao seu rosto, pronto paraparar se ela acordasse. Tambémo impediade pensar onde a mão dele estava. Afinal, ele deveriaajudá-la, e não desfrutar de seu corpo.Mas era um corpo tão agradável que eradifícil não notá-lo.

Ela fez um pequeno som enquantodormia, mas se aconchegou emseus braços, como um sonho. Ela seencaixava como um sonho, também. Seucalor natural tinha aumentado por causado tempo que ela tinha ficado nafrente do fogo. Seu braço estavaescondido entre os ombros e a cortina doseu cabelo, que mudava a cada passo,quando ele a carregou, regando-ocom cheiro de madressilva e rosas. O

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peito dela mudava com cada respiração,e sua cabeça era um peso agradável em seu ombro.Ela era a sua Elizabeth, e isso era tudo oque ele queria.Porque ela não podia ver isso?

Ele começou a subir as escadas, dando passoslentos para evitar susto na sua cargapreciosa, não que ela oferecesse algumperigo de acordar. Era pior do que isso -ela estava se mexendo durante o sono,sempre aninhadaperto dele, assim como ele tinhasonhado. Seus olhos se arregalaramligeiramente quando elepercebeu exatamente qual parte desua anatomiaque ela estava pressionando contra elequando ela encostou-se no seu ombro. O

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que em nome de Deus ofez decidir usar um roupão grosso aoinvés de sua camisa? Ele então poderiasentir cada movimento dela,mas não, ele tinha decididoser adequado. Às vezes o decoro eradistintamente superestimado.

Decoro - era também difícil delembrar quando seu instinto lhe diziapara explorar o rosto dela comos lábios, comprometendo o sentimentoque a memória usaria para conhecê-la melhor. Ele malconseguia pensar porqueisso era uma má idéia. Era uma torturanão mais do que segurá-laem seus braços, e ainda assim eleesperava que isso não acabasse nunca.

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Rapidamenteele alcançou o quarto dela, iluminadopor uma vela. Meu Deus, ele estavasozinho com Elizabeth, noquarto dela, e ela estava aninhada pertodele e ele ia colocá-la na cama e sair.Ele ia ser um candidato a santidadequando tudo isso acabasse. Indopara o lado da cama, ele abaixou delicadamente até repousá-la sobre o lençol, então lentamentee relutantemente começou a tirar seusbraços debaixo dela.

Ele estava quase livre – quepalavra terrível, livre, quando aplicadaa algo tão desagradável como separar-se de Elizabeth – quando ela se mexeu.Segurando a respiração,

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ele assistiu quando seus olhos seabriram por um mero segundo, e emseguida, se fecharam novamente. Ela mudou de lado, viradapara ele e apertou a mão delepara que ficassepresa entre sua bochecha e o travesseiro.Com um som de contentamento, elaesfregou seu rosto contraa mão dele, enquantoentrava num sono profundo.

Agora somente o braço dele,que tinha segurado as pernasdela, estava livre. O que em nome deDeus ele ia fazer agora? Ocomportamento cavalheiresco realmenteexigia que ele puxasse a mãofora do seu alcance quando

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a incrível maciez de seurosto descansava sobre ela?Ele não tinha procurado a posição; eladefinitivamente tinha pegado a mão dele,emborasem saber a quem pertencesse. Ou talvez, emalgum nível, em alguma parte dela, elanunca tinha acreditado nas mentiras deGeorge Wickham, e sabia que elapertencia a ele.

Mas ele não poderia ficar em pécurvado sobre ela parasempre, então ele se abaixou até que sesentou no chão aolado de sua cama, sua mão ainda nela. QueDeus o ajudasse, porque ele nãotinha força para puxar sua mão e ficarlivre, não quando parecia tão certo ficar

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preso a ela. Ele não devia estar olhandopara ela, pois ele sabia que –ela não teria lhe dadopermissão para fazer isso – entãoele fechou osolhos contra a tentação, descansandoa cabeça dele contra o colchão, todo oseu ser concentrado napequena parte dele que ela seguravatão perto.

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Capítulo 6O sonho de Elizabeth a levou para umbaile em Netherfield, que, por algummotivo, estava acontecendo nos salõesde Rosings Park, onde uma trupe deacrobatas estava se apresentando. Elaestava dançando com o Sr. Darcy, masnão era uma quadrilha. Ela estavaem seus braços para dançar aescandalosa “valsa”, famosa nos salõesde Londres. Eles giravam ao redor dosalão, agora milagrosamente vazioexceto por um acrobatarealizando proezas impossíveis em umacorda bambaamarrada entre os candelabros. Dealguma forma o acrobata se transformou

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em uma criança que caiu da cordabamba, o corpo dela se lançando emcírculos lentos e descontrolados e elacomeçou a gritar...

Assustada como sonho, Elizabeth sentou-seabruptamente na cama, seu coraçãobatendo. Uma criança estavagritando, "Não! Não! Não!" E foi nesse momentoque o Sr. Darcy desapareciana porta do quarto dela? Não, eladevia ter sonhado essa parte.

Ela tirou a manta e ficou depé, tentando alcançar um roupãode banho que não estavalá. Claro que não estava; elaainda usava o vestido dela. O sonhodeve ter distorcido sua mente, e

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ela decidiu correr para o corredor emdireção aos gritos.

O quarto de Jenny estavafracamente iluminado pelo luar queentrava pela janela. Foium momento antes de Elizabethperceber que o Sr.Darcy estava ajoelhado ao lado dacama, tentando falar com a garota. Ospunhos de Jenny estavam em sua boca,mas de alguma forma não abafava seusgritos. Ela estava encarando a mulher naoutra cama, como se ela fosse uma dascriaturas do pesadelo.

Lembrando os terrores que Lydia sofria todas as noites quando tinhauma idade semelhante, Elizabethse sentou ao lado de Jenny e a colocou

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em seus braços. "Calma Jenny. Foiapenas um sonho mal. Agoraacabou. Não vou deixar quenada te aconteça. Estou aqui e o Sr.Darcy está aqui para mantê-la segura."Ela continuou na mesma linha comrepetições calmas, até que os gritos deJenny diminuíram e se transformaramem soluços. Sobre a cabeça da garota,ela encontrou os olhos de Darcy.

Ele acenou para a mulher. "Vaibuscar uma vela."

Depois dela sair,Jenny parecia um pouco maiscalma. Elizabeth empurrou o cabelo damenina, atrás das orelhas. "Viu?Está tudo bem, e você está segurana cama."

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Comlágrimas ainda escorrendo pelo rosto, Jenny disse,"é verdade, o que ela disse?"

Comcalma, Elizabeth disse, "Eu não sei. Oque ela disse?"

"Que minha mãe é... não vai voltar."Elizabeth fechou os

olhos em simpatia com a dor damenina. "Ninguém pode dizer issocom certeza. Só tem um diaque ninguém a vê. Ela sabia nadar?"

Jenny enterrou a cabeça no ombro deElizabeth. "N...Não, mas talvez, dealguma forma, ela pode ter conseguidoir para o outro lado e pode não terconseguido voltar para cá."

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Do outro lado da cama, Darcybalançou a cabeça. Elizabeth,consciente dos olhos deDarcy nela, disse, "Eu suponho que épossível."

"Ela não pode ter idoembora. Ela não pode." Os soluços daJenny começaram novamente. "Issosignificaria que todos foram embora,não é?"

Não tendo nenhum consolo para oferecer, Elizabethapenas acariciou seus cabelos. Quãoterrível deve serpara ela ouvir a notícia tão inesperadamente nomeio da noite!

A mulher voltou com sua mão emconcha ao redor da chama de uma velaque ela usou para acender a lâmpada ao

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lado da cama. Normalmente a lâmpadasempre fornecia pouca iluminação, masdepois de estar sentada no escuro,o quarto parecia de repente brilhar.

Elizabeth podia ver agora que Darcy aindaestava vestido, com uma das roupascaseiras do Sr. Collins sobre seucolete e calça. Quando ele voltou para a casaparoquial? Deve ter sido muito tarde, jáque ela tinha ficado na sala de estarpara comer a sopa e depois... e então oque? Ela deve ter caído no sono,mas depois como ela tinha ido paraa cama dela?

Uma dúvida animada a abraçou.Seu olhar desconfiado encontrou o deDarcy, ele corou e se afastou,

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levantando-se e indo falar com a jovemmulher em sussurro.

Esse roupão. Não tinha sido sua imaginação. Ela tinhavisto Darcy deixando o quarto dela,quando ela despertou,e ele estava usando esse roupão. Mas oque ele fazia no quarto delaenquanto ela dormia? Ele sótinha trazidoela para a cama? Isso foi um pensamento que a deixou chocada,porque ele podia ter levado ela emseus braços. Não era mais condenáveldo que cavalgar com ele naquela tarde,mas era mais íntimo de alguma maneira,especialmente quando ela selembrava dançando em seus braços noseu sonho. O timing de trazê-la para

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cima deve ter sido cronometradopara caber tão intimamente com osgritos de Jenny.

E o que afazia pensar nisso enquanto confortavauma criança que tinha perdido todaa família? Felizmente, a fadiga pareciaesmagar a tristeza de Jenny, agora seussoluços eram intercalados commomentos de silêncio. Maiscedo ou mais tarde, a garota estavaprestes a cair no sono.

Foi pelo menos um quarto de hora maistarde queElizabeth delicadamente colocou acabeça de Jenny notravesseiro, mas quando ela olhou para cima, oSr. Darcy já tinha saído do quarto.

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***

De volta ao quarto do Sr. Collins,Darcy verificou seu relógio de bolso. Era quase três da manhã. Ele devia terdormido metade da noite aolado da cama da Elizabeth. Como elepodia ter feito uma coisa tãotola? Ele só queria fechar os olhos por um minuto.Exaustão física era indesculpável,principalmente passar a noite noquarto de uma senhora. Homensforam mortos por menos. Se Elizabethdescobrisse, ela ficaria furiosa.

Mas Elizabeth já sabia, era quase certo,principalmente depois do olhar dereprovação que ela tinha lhe dado.Porque ele estava sempre piorando as

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coisas com ela? Como ele iria encará-la de manhã?

A situação entre eles estava cadavez mais insustentável. Seo rio estivesse mais calmo, pelamanhã, ele iriaencontrar um barco e levarElizabeth para Rosings, depois iria seconsultar com a tia dele sobre o cuidadocom os inquilinos. Ele não queria pensarno tratamento que Lady Catherine dariaa Elizabeth. Informar sua tia dasua intenção de se casar com Elizabethera algo que ele próprio temia,e ele estava mais acostumado com osseus ataques deressentimento. E, claro, tão logo ele e Elizabeth estivessemcom alguém do seu conhecimento, a

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questão do relacionamento deles teriade ser abordada, e seria uma coisa queele preferia adiar o máximo possível.

A primeira coisa de manhã que eleiria fazer era verificar o rio. Se aindaestivesse uma torrente, ele teriaque inventar algum outro plano.

***

De manhãSally trouxe chocolate quente e bolinhospara Elizabeth, era um sinalde que a vida na casaparoquial estava gradualmente retornando ao normal,mesmo ela se sentindo um pouco comoNoé na arca. Ela teve umanova simpatia por aquele

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cavalheiro bíblico que viveuquarenta dias e noites sobuma chuva torrencial.

"Como está a Jenny esta manhã?"Elizabeth pegou um bolinho. Parecialeve e gostoso. Obviamente ascoisas não tinham realmente voltado aonormal como ela pensava. Os bolinhosda cozinheira geralmente pareciam umabala de canhão.

"Ela estava acordada um pouco maiscedo, mas agora elaestá dormindo novamente, senhorita."Sally endireitou a manta na cama.

Elizabeth provou o bolinho. Estavadeliciosamente amanteigado e suave."Quem fez os bolinhos hoje?"

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Sally lhe deu um olhar assustado. "Acozinheira, senhorita.Ela não deixa ninguém cozinharpara você e para o Sr. Darcy."

"Não se preocupe; o bolinho estáexcelente. Você viu o Sr. Darcy hoje?"

"Sim, senhorita. Esta manhãele foi para a aldeia com alguns homens para ver oque pode ser salvo."

"Com este tempo?" Elizabeth apontou para a janela, paraa forte tempestade.

"Nãoestava chovendo, e o rio parecia estar baixando.Tenho certeza que eles estão sendomuito cuidadosos, senhorita."

Umavez vestida, Elizabeth desceu para a sala de estarpara trabalhar na cesta de

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Charlotte, fazendo remendos nasroupas a serem enviadas para os pobres.Ela podia ter escolhido ler em vez decosturar, mas tendodescoberto que havia pouco oque ela podia fazer para ajudarna crise atual, ela resolveu quenão queria se sentir inútil. Ela estavaacostumada a participar nosassuntos da casa, mas não erachamada no momento de arranjar asflores, ou para fazeruma compra em Meryton. Aqui emHunsford ela tinhaacompanhado Charlotte paracuidar de suas galinhas, mas aamiga dela tinha as contas gerenciadas,planejava os menus,

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e dirigia Sally e a cozinheiranas suas tarefas. A empregada fazia amaior parte desse trabalhoem Longbourn, e embora Elizabethpudesse aprender a fazê-lo comtanta facilidade como Charlotte tinhaaprendido sua falta total deconhecimento a impediu de fazeruma tentativa.

O Sr. Darcy tinha sidoo único a perceber que as lojas decomida estavam quase vazias. Ele tinhaenviado o carrinho para buscar maiscomida, e quando isso não pode serfeito, ele viu que era preciso fazeralguma coisa. Ele sabia ainda menos doque ela sobre os arranjos de casa, e elenão tinha sido treinado nessas

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tarefas mais do que ela. Ainda assim,ele tinha arranjado um tetopara os aldeões no celeiro,quando ela não tinha nem percebidoque havia um celeiro, e agora ele estavadirecionando os esforços para a vilainundada. Tudo o queela tinha feito era entreter Jenny eremendar roupas. No dia anterior,quando ela tentou alimentar asgalinhas de Charlotte, a cozinheiratinha informado que tudo já tinhasido resolvido. Ela tentou visitar os moradoresdesabrigados no lugar de Charlotte,mas o Sr. Darcy tinhasido bastante claro que ela não deveriaficar a sós com eles.

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Mexendona cesta de roupas velhas, elacolocou de lado as meias de lã comfuros de traça que estavam por cima.Jane tinha sempre brincado com elasobre a confusão que ela fazia paracerzir uma roupa, uma tarefa queElizabeth não gostava e nunca tinhacolocado muito esforço paraaprender a fazer bem. Em vez disso,ela encontrou umacamisa velha cuja bainha tinhasido parcialmente arrancada. Coser umacostura básica estavadefinitivamente dentro de suas capacidades. Colocandolinha numa agulha, ela começou atrabalhar.

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A luz estavafraca, mesmo sentada aolado da janela, e os olhos dela jáestavam sentindo a tensãoquando ouviu gritos vindos da cozinha. Ela resolveu que era horadela se interessar mais pelas tarefas dacasa, colocou de lado a camisa,e marchou para a porta da cozinha.

A criatura que estava na cozinha eraum dos homens da aldeia,se a grossa camada de lama fedorentaque o cobria fosse removida. Acozinheira olhou para ele, mãos nosquadris. "Fora da minha cozinhaneste minuto! E não, você não podedestruir nosso varalbom naquele rio imundo!"

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"O que está acontecendoaqui?" Elizabeth perguntou.

A cozinheira virou comum brilho nos olhos. "Ele nãopode pegar o nosso varal. A Sra.Collins não permitiria tal disparate."

Elizabeth olhou para o homem. "Paraque você precisa dele?"

"O rio estásubindo novamente. Preciso colocarpara fora de casa o que nóspudermos, mas o rio é muito rápido paraentrar sem uma corda. O Sr. Darcy dissepara buscar mais corda."

A cozinheira fungou. "O TodoPoderoso Sr. Darcy sempre sabe mais,eu suponho, então você pode levá-lo

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antes que ele venha correndo paracá. Está na prateleira, no galpão."

O homem sevirou para sair, mas Elizabeth disse: "eo Sr. Darcy ainda está lá perto do rio?"

O homem gargalhou. "Nãoposso dizer isso. Ele está norio até aqui". Ele indicou umalinha sobre seu peito. "Sem umacorda. Não quero precisar dizer para aCondessa nada de ruimse ele não conseguir voltar." Ele ficourindo da sua própria sagacidade, e foiembora da cozinha.

Elizabeth sentiu um impulso ridículo para correr atrásdele e descobrir por si mesma, oque estava acontecendo norio, mas sua presença só seria um

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obstáculo aos esforços.Certamente ele devia estarexagerando o risco. Ela nãoqueria pensar nisso. Ela decidiu em vezdisso ver como estava Jenny.

Jenny estava acordada agora, sentada na cama com osbraços envolvidos em volta do cão demadeira,olhando fixamente para a parede oposta. Suasprimeiras palavras ao ver Elizabeth,foram: "O Sr. Darcy já voltou?"

Elizabeth piscou com surpresa. Ela não achou quea garota tivesse uma ligação especialcom o Sr. Darcy, ou mesmo que elasoubesse seu nome. "Ainda não. Háalgo que eu possafazer por você? Você gostaria de algopara comer?"

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A menina abanou a cabeça. "Só queroo seu marido."

Isso de novonão. Elizabeth tinha suposto quealguém teria contado a verdade paraa menina, mas neste momentoprovavelmente faria mais mal doque bem corrigi-la. "E porque vocêestá tão ansiosa para ver o meu... o Sr.Darcy?"

A boca de Jenny seabriu. "Não posso dizer".

Que absurdo éesse? Se a garota não tivesse passadopor tanta coisa,Elizabeth teria tentado tirar osegredo dela, mas dadas as circunstâncias, ela podiaapenas esperar para descobrir. Ela teria

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uma conversa com o Sr.Darcy em seu retorno. O peito dela seapertou.

Determinada a nãodar nenhum sinal de sua aflição, ela sesentou ao lado da cama de Jenny e pegouum laço de corda que elatinha feito mais cedo. "Você quer jogarcomigo o jogo da corda?"

Jenny fez uma seqüência decaracteres que levou mais de uma hora,e Elizabeth estava feliz em vê-larindo dos erros bobos que Elizabethfazia deliberadamente. Foi no meio dosrisos que ela ouviu passos atrás dela.

Era o Sr. Darcy. Ele parecia tersido usado, recentemente, como isca depescador. O alívio de Elizabeth com

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a visão dele era suficiente para roubarsuas palavras.

Jenny deu um pequeno salto na cama e, emseguida, recuou de dor. "Você aencontrou?"

Darcy entregou-lhe algo coberto comuma toalha. "Ela está muito molhada."

Como Jenny ansiosamente embalava o embrulho,Elizabeth olhou fixamente para Darcy.O casaco estavaúmido, como era de se esperar porcausa da chuva, mas sob ocasaco ele parecia estarmolhado até os ossos.

Darcy olhou as roupas dele, "porfavor, desculpeminha aparência, Srta. Bennet, mas aminha missão era urgente."

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“Com efeito," ela disse gravemente.Curvou-se para ela, fazendo uma

reverência e, em seguida,partiu. Para sua surpresa,ela estava decepcionada. Omais provável era quesimplesmente tinha o desejo derepreendê-lo por correr riscos.

Jenny estava chorando abertamente sobre o pacote,quando a toalha se abriu erevelou uma boneca pintada.Elizabeth pegouum trapo que Jenny usava para secar aforma grosseiramente esculpida, commuito cuidado,como se fosse uma criança viva.

Elizabeth podia ver que ela não era mais necessária.E num momento de inspiração, ela

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voltou para a sala de estare vasculhou a pilha de remendos até que eladescobriu um pedaço rasgado demusselina grande o suficiente parafazer um vestido para a boneca. Elaespalhou o tecido sobre uma mesa epensou qual seria a melhor forma defazer isso quando umabatida firme soou na porta da frente.

Um momento depois, Sally timidamente entrou na salade estar. "Coronel Fitzwilliamestá aqui, Senhorita."

Com um sorriso feliz, Elizabeth disse:"Traga ele aqui, por favor."

"Srta. Bennet." OCoronel Fitzwilliam curvou-se,seu cabelo liso caindo na testa e a calça

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salpicada de lama. Ainda assim, eramuito bom vê-lo.

"Isto é uma surpresa agradável," ela disse. "Não penseique alguém seria capaz de nos alcançarvindo de Rosings."

"Minha rota não foidireta. Eu tive que andar até acosta para encontrar uma ponte que eupudesse atravessar, com meu cavalocom água até o joelho. Espero que vocênão tenha sofrido indevidamente aqui.Em Rosings, estávamos preocupadoscom você."

Elizabeth riu. "Imagino que oSr. Collins não tenha permitido ummomento de silêncio sobre o tema! Masconseguimos ficar bem aqui, apesar dascircunstâncias."

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"Estou muito feliz em ouvir isso." O Coronel foipara perto da lareira e estendeuas mãos na frente das chamaspor um minuto para aquecê-las, emseguida, ele virou-se paraela com uma expressão grave. "Nãoacho quevocê teve alguma notícia de Darcy."

"Eu tenho muitas palavras sobre elee dele," ela disse. "Eu acreditoque ele está descendo as escadas agora."

"Ele está aqui?" Ele correu emdireção à porta assim queDarcy apareceu vestindo um roupão malajustado, mas seco, do Sr.Collins. Para surpresa deElizabeth, o Coronel o abraçou."Darcy, graças a Deus. Nós pensamos

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que você tinha sido levado pelaenchente."

Darcy pareceu tomado desurpresa. "Por que vocês acharamuma coisa dessas?"

"Você sumiu depois do jantarsem dizer uma palavra e não voltou, eentão descobrimos que você tinha tiradoseu cavalo do estábuloantes do rio transbordar. O quepoderíamos pensar? Mas estou felizpor que você pôde se abrigar aqui. "Elerecuou, como se de repente selembrasse a presença deElizabeth. "Você não ficou sozinho aquitodo esse tempo."

Elizabeth riu. "Sozinho? Dificilmente. Temos sido bemacompanhada por Sally, pela cozinheira

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e por uma menina com umaperna quebrada,para não mencionar cinquenta oumais moradores que se refugiaram aquido dilúvio. E aqui está Sally com umbule de chá quente. Posso lhe servir umaxícara?"

***

Os jornais da manhã chegaram aMeryton, como de costume, na primeiracarruagem da manhã. A Sra. Long,que sempre era a primeira a ler o jornaltomando uma chávena de chá,apareceu na porta da Sra. Phillips meiahora mais tarde com o papel ofensivo namão. Depois que esta senhora fez uma

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leitura, foi decidido que isso mereciauma visita imediata a Sra. Bennet.

ASra. Bennet não tinha o hábito de acordarcom as cotovias. Ela possuía uma firmeopinião de que qualquer evento queocorresse antes do meio-dia não eradigno desua atenção. Como resultado, ela aindausava suas roupas de dormir quandoa Sra. Phillips e a Sra.Long chegaram a Longbourn. No entanto,as senhoras estavam determinadas, econvenceram a Srta.Mary Bennet, através de suas aflições e olharesfuriosos, que o apocalipse estavacomeçando, e a Sra. Phillipsalegando privilégio de irmã, violou a

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defesa final da porta do quartoda Sra. Bennet.

Ela trazia o jornal como se estivessenuma batalha, sacudindo-o no ar,até que ela o jogou no colo da Sra.Bennet. "Bem,irmã, gostaria de explicar isso?" Ela exigiu.

Os problemas da Sra. Bennet comseu penhoar eram ineficazes. "O quevocê quer dizer?" ela perguntou de umaforma ranzinza.

A Sra. Phillips fezuma pose e dramaticamente apontoupara um item específico no jornal. ASra. Bennet, que era mais míope doque gostava de admitir, tinha que segurá-lo perto de seu rosto para conseguir leras letrinhas. Assim que começou a ler,

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sentou-se na cama, incapaz deproferir uma sílaba, olhando fixamentepara as portadoras de tamanhainformação. O choque foi tão grandeque ela fez o impensável e se levantouda cama, enquanto o dia ainda podia serchamado de jovem. Segurando ojornal, ela correu para baixo, gritando onome do Sr. Bennet.

Osnervos da Sra. Bennet tinham sido companheirosconstantes do Sr. Bennet pormuitos anos, mas em legítimadefesa, ele tinha aprendido a diferençaentre seus “ataques”habituais e quando ela estava realmentesofrendo. Sua aparência na porta de suabiblioteca sugeria o último caso. Isso na

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verdade, não o fez ficar maissimpático com ela, apenas o fez ter maiscuidadopara potenciais objetos voadores.

"Sim, Sra. Bennet?" ele disse."Olhe! Olha isso!"

ela gritou, acenando o jornal nafrente dele tão rapidamente, que teriasido impossível ele ler as manchetes.

"Oque, precisamente, vou olhar?" ele perguntoucurioso com o jornal em suas mãos.

"Para isso! Oh, Sr. Bennet!"Desde

que sua esposa não tinha feito nenhumaindicação do que ela estava falando, oSr. Bennet olhou para o finalda página. É uma verdade

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universalmente conhecida que nãoimporta quantas palavras possamaparecer em uma página de jornal, mas oseu próprio nome, de algumaforma, imediatamente saltará aos olhos,e assim foi com o Sr. Bennet. Ele leu,franziu a testa, pensou, leu novamente,e finalmente abaixou o jornal comuma delicadezaextraordinária que indicava como elequeria rasgá-lo em pedacinhos.Mesmo com sua indolência naturalele não podia agüentar uminsulto desta magnitude.

Ele colocou suas mãos sobre sua mesa e levantou-se lentamente. "Sra. Bennet, porfavor, tenha a gentileza de pedirpara Hill fazer uma mala para mim

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imediatamente. Vou viajar para RosingsPark na próxima carruagem."

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Capítulo 7O Coronel Fitzwilliam tomouvárias xícaras de chá, uma atrás daoutra, enquanto estava sentadojunto ao fogo, com Darcy relacionandoos vários eventos dos últimos dois dias. "Hoje eu tive alguns homenstrabalhando para salvar o que podiam de suas casasno campo,mas então a água começou a subir denovo. Eu esperava que o rio ficassecalmo o suficiente para poder levar aSrta. Bennet de barco para Rosings,mas entre a forte correntee os detritos que estão aparecendo norio, pareceu-me insensato."

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Elizabeth, agora aliviada aodescobrir queDarcy estava ileso, tinha retornado o seuaborrecimento para os riscosque ele tinha tomado. "Mais sábio doque ir para o rio sem cordas?" eladisse com doçura simulada. "A águadeve estar bastanteprofunda no moinho."

Darcy atirou-lhe um olhar pelo canto do olho. "Eraseguro o suficiente com as casas, paraquebrar a corrente."

O Coronel balançoua cabeça. "Porque eu acho que a Srta.Bennet pode não concordar? Mas euainda não

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vejo porque você não retornou para Rosingsontem."

"Nós tivemos bastante dificuldade em chegaraTunbridge Wells!", exclamou Elizabeth.

O Coronel franziu os lábios. "Vocêfoi com Darcy?"

"Eu não podia deixá-la aqui sozinha." O tom de Darcy nãotolerava nenhum argumento.

"Não querodiminuir a importância dos seus esforços,primo, mas você consideroucomo pode ter parecido para os outros?”

"Há muito pouco para considerar". Lançou um olharsério para Elizabeth. "Por mais que osnossos desejos pudessem querer, asituação estava bastante

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difícil, e tem sido assim desde queos aldeões nos descobriram sozinhosaqui, juntos."

Ele não poderiaestar sugerindo... Será que ele poderia?"Não concordo",disse Elizabeth calorosamente. "Aopinião dos inquilinos de Lady Catherinenão pode afetar uma parte da sociedadetão totalmente alheia a eles."

"Não tão alheia", disse o Coronel, "umavez que eles possam contar para seusfamiliares que trabalham em Rosings,que vão espalhar a notícia para quemeles puderem. Os servos deLady Catherine podem serdisciplinados, maseles não são conhecidos por sua

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lealdade. É gentil de sua parte, SrtaBennet, tentar evitar este entrosamento.Muitas mulheres na sua posição seaproveitariam da situação. Mas oentrosamento existe, e a pergunta,Darcy, é o que vocêvai fazer sobre isso?"

Darcy cerrou os dentes. "Richard, agradeço suapreocupação, mas você não entendecompletamente a situação. Tenho todosos assuntos sob controle."

Richard franziu a testa. “Não évocê quem vai sofrer por isso."

Elizabeth levantou-se num farfalharde saias. "Coronel Fitzwilliam, permita-me assegurar-lhe que seu primo foium perfeito cavalheiro. Nós, como eu já

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disse, não ficamos sozinhos, e,portanto, não há razão para sepreocupar com minha reputação. Se vocêsme desculpam, vou dizer para acozinheira que vamos ter mais umapessoa para o jantar."

"Elizabeth", Darcy disse cansadamente natrês antes dela se retirar. "Quem me deraque fosse verdade, e teve algumas vezesque nós não tivemoscompanhia. A empregada nãoestava conosco quando os aldeõeschegaram pela primeira vez, e não háninguém que possa confirmar ondenós estávamos ontem à noite." E era bomque não tivesse ninguém; ter alguém paraatestar que ele tinha passado metade

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da noite no quarto dela não iriaajudar aos dois.

Ela olhou para trás sobre o ombro, estreitando osolhos. "Na verdade," ela disse comgrande atitude. "Não háninguém que possaconfirmar que você não estava no meuquarto ontem à noite. Absolutamenteninguém." Ela não tinha nada paraacrescentar, “Nem você.” Ela saiuda sala.

Richard soltou um assobio baixo. "Um perfeitocavalheiro, hein?"

"Não começa", advertiu Darcy."Desculpe-

me, mas você realmente tem que casarcom ela, você sabe."

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"Claro que eu tenho que me casarcom ela! Não é a mim quevocê precisa convencer."

Richard piscou com surpresa. "Oh, vamos. Não sejaridículo. Claro que ela vai se casarcom você."

"Engraçado. Não foi isso o que elame disse." Darcy massageou suastêmporas. "Ela vai ter que se casarcomigo, quer ela queira ou não."

"Se ela não quer casar com você, oque você fazia no quarto dela ontem ànoite?”

"Onde tirou a idéia que eu estava no quarto dela?"O Coronel deu-lhe um olhar

profundo. "Se é assim que vocêdeseja jogar, tudo o queposso dizer é que espero que

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ninguém tenha te visto. Vai ser ruim osuficiente para que todo mundo saibaque você foi forçado a se casar semadicionar mais lenha na fogueira."

"Com sorte, vai parecer como se já estivéssemosnoivos. O anúncio deve sair no jornal dehoje, ou no de amanhã, o mais tardar."

Richard levantou suas sobrancelhas. "Como vocêconseguiu isso?"

"Ontem eu mandei um bilhete paraminha secretária enquanto eu estava emTunbridge Wells."

"Você mandou um bilhete para Londres, mas nãome avisou que você estava vivo?"

Darcy, acostumado a sedefender contra seu primo,geralmente agradável, disse. "Eu nãotinha idéia que você

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estava preocupado, e eu tinha o suficiente para mepreocupar!Richard, se não tiver nada melhor parafazer do que criticar tudo que eudigo e faço, espero que vocêencontre seu caminho de volta paraRosings, rapidamente."

O Coronel ia dar uma resposta, masse virou para olhar para o fogo. Eledevia saber que era melhor não desafiarDarcy. Menosainda, após dois dias de incertezaquanto à possibilidade de Darcy nãoestar vivo, e depois de umalonga e desconfortável viagem, eradifícil ter sua habitual deferência paracom seu primo rico. Ele não podia virarDarcy contra ele, mas às vezes ele o

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irritava, principalmente quando Darcyinsistia em ignorar as regras do decoroque limitava toda a sociedade.Um dos argumentos paraencontrar uma herdeira e se casarera que ele não teria mais quese dobrar as vontades de seus parentesricos. Darcy estavaentre os melhores do lote, nãohavia dúvida, mas seriamelhor ainda ser independente.

Pelo menos Darcy parecia aceitar que ele tinha aresponsabilidade de se casar com aSrta. Bennet. Isso era o pontocrucial de sua raiva, afinal de contas. Elepróprio estavaacostumado a Darcy, fazendo o quequisesse o que lhe

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aprouvesse, mas agora era outro assunto,quando uma rapariga doce e adorável como aSrta. Bennet pudesse ser ferida por umcomportamento indiferente doseu primo. Ele se perguntava sea preocupação repentina de Darcy parao noivado ser anunciado, na verdade,não tinha nada a ver com preocupação àsensibilidade da Srta Bennet, mas erasimplesmente querer evitar qualquerindício de escândalo que pudesserefletir sobre Georgiana na suapróxima primeira temporada.

Richard pensouna questão como um tema mais seguro,para não mencionar um quenão lhe causasse dor. "A Srta Bennet jáfoi apresentada na corte? Você não pode

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se casar com uma mulher que nãotenha sido apresentada."

"Ainda não, mas ela vai ter que ser. Isso é outradificuldade - vou ter que encontraralguém para patrociná-la."

"Existe alguém na sua família que possa fazê-lo?"

Darcy fez um som de desprezo. "Deus melivre. É a última coisa que eu desejaria.Não, tenho que encontrar alguém.É pouco provável que Lady Catherine concorde em assumir essa tarefaespecífica. Um dos meus primospode ser convocado."

Richard duvidava quanto a um dosprimos ajudá-lo. Darcy tinhaconseguido ofender a vários, ao longodos anos. "Minha mãe pode estar

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disposta, já que issosignificaria que ela nãoteria que patrocinar Georgiana,desde que ela se tornesua esposa." Ele não gostavaparticularmente do sabor dessa frase na bocadele.

"Georgiana terá todoo prazer em qualquer caso,simplesmente porque issosignificará adiar sua apresentaçãopor maisum ano," Darcy disse secamente.

"Pelo menos alguém vai lucrar como resultado dessa situação!"

Darcy lhe deuum olhar estranho. "Você se refere aapresentar a Srta. Bennet?"

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Ele não tinha se referido aisso, mas não seria sábio falar averdade. Se Darcy não entendia o efeitodele, o efeito que sua formaarbitrária teria no espírito animado da Srta.Bennet, não era Richard que iria dizer-lhe. As vantagens materiais docasamento certamente iriam superar aincompatibilidade pessoal, mas ele duvidava quea Srta. Bennetiria encontrar prazer em passar tempo como marido. Lá estava ele – outra frase queele não gostava de considerar.Ele tinha gostado maisquando ele pensava que Darcy acharia aSrtaBennet tão imprudente quanto ele próprio.Na verdade, ele não tinha se importado

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de ver Darcy, pela primeira vez,desejar uma coisa queele não poderia ter.

Em vezdisso, ele disse, "presumo que a Srta.Bennet desconheça sobre o anúncio denoivado?"

Darcy desviou o olhar."Eu já lhe disse. Estouesperando por um momento calmopara levantar a questão, mashouve uma escassez de momentoscalmos. Espero que elaentenda a necessidade disso."

A voz melódica da Srta.Bennet veio por trás dele. "Quenecessidade eu tenho que entender?"

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Observando a tensão súbita na postura deDarcy, Richard disse, "se você me derlicença, eu devo ir ver ah... omeu cavalo." Foi uma desculpaembaraçosamente fraca, mas ele nãoconseguiu pensar em nada melhor.

Darcy disse, "Richard, está chovendo, eu prefiro quevocê permaneça aqui."

"Obrigado." Richard seperguntou como ela iria se adaptar tendoque obedecer aos decretos de Darcy.Ele tinha sido criado para agir dessaforma. Ela parecia ter sido educada paraser mais independente.

Darcy disse, "Eu não estava ciente de que haviaoutro quarto".

"Não há, mas euposso facilmente voltar ao meu antigo

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quarto. Jenny vai ficar feliz pelacompanhia."

"Jenny? Quem poderia ser?"Elizabeth disparou um olhar travesso para

Richard. "Jenny é a jovem por cujafelicidade o Sr. Darcy quase se afogou."

Outra jovem, uma aquem Darcy estava aparentementeligado? Isso estava ficandocada vez pior.

Darcy, aparentemente observando sua perturbação,disse, "Jenny é uma criança, uma menina camponesaque recentemente ficou órfã por causada enchente. Salvei o seubrinquedo favorito."Ele virou seu olhar para Elizabeth."Eu não tinha percebido que você seoporia que eu fizesse isso, Srta. Bennet."

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"Oponho-me ao comportamento temerário comoprincípio geral!"

"Foi a perspectiva do meu afogamento que eupensei que você não se oporia", Darcyrespondeu secamente.

Os olhos de Elizabeth brilharamdivertidos. "Na verdade é uma perguntamuito diferente, senhor."

Richard limpou a garganta. "Ouso esperar que seucamareiro possa me ajudar para que eutenha algumtraje limpo? Eu não esperava ficarafastado durante a noite, quandosaí de Rosings."

Como ele esperava Darcyestava distraído. "Infelizmente, nóssó temos uma empregada e a

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cozinheira, mas se você me acompanhar,talvez consigamos alguma coisa."

Darcy sem um camareiro! Isso davaalgumas possibilidades para ele sedivertir.

***

Elizabeth ficou aliviada quando Darcy saiupara checar os inquilinos que estavamno celeiro vizinho. Ele estava com umsemblante estranho desde achegada do seu primo, e elanão tinha perdido o olharde aviso que ele tinha dadopara o Coronel Fitzwilliam um poucoantes de sua partida. Ainda assim,o Coronel era sempre uma companhia

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agradável, e ela pensou que teriauma agradável hora de conversa com ele,após as tensões dos últimos dois dias.

Para sua surpresa, ele ficou emsilêncio por algunsminutos, depois disse, com umsemblante extraordinariamentegrave, "eu estava conversando comDarcy sobre o seu futuro."

"Outravez não!" Elizabeth exclamou.

"Eucompartilho da preocupação dele porsua reputação – e pela dele. Não querover nenhum de vocês infeliz."

Ela se esforçou para manter o nívelda sua voz. "E você achaque eu poderia fazê-lo feliz? Ele lhe

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contou sobre suaopinião da minha família, das minhasbaixas conexões que seriamuma degradação para ele?"

“Estou ciente de seus sentimentos paracom a sua família. Também estou cienteque só as mais fortes emoções podemfazê-lo ignorá-los."

"Então, naturalmente, emdeferência as fortes emoções, você achaque eu devo me casar com ele."

"Eu não disse isso, só que não vejo qualquer saída paravocê que não seja se casar."

Seu coração seapertou. "Acredito que esta é umaconversa que eu deva ter com o Sr.Darcy."

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"Talvez sim. Talvez não. Talvez vocêdeva tê-la comigo."

Ela lhe atirouum olhar zombeteiro. "Agradeço suapreocupação, mas não vejo comovocê possa se envolver."

Ele se mudou para o outro lado dasala, perto da lareira.Por um momento ele parecia preocupadoexaminando a lareira e, em seguida,ele disse, "Srta. Bennet, você deve secasar. A questão é se você deve casarcom Darcy, ou se outro cavalheiro lheseria suficiente."

Talvez todos os homens da família deDarcy tivessem uma predisposição parasuposições ridículas. "Não tive o prazerde lhe entender," ela disse com cuidado.

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Eleinclinou seu cotovelo contra a lareira, oque o fazia ter, naquele momento,uma semelhança impressionante com seuprimo. "Se casar com Darcy não épalatável para você, então estou meoferecendo como outra opção."

As bochechas dela ficaramquentes. Ele podia estar falando sério?Havia algo estranho sobre o ar em Kent,que fazia com que os homens a pedissemem casamento? "Temo que você estejabrincando comigo, Coronel. Você nãome disse há alguns dias que precisava secasar com uma herdeira? Eu nãotenho fortuna, como deve saber."Era como se aquela conversa estivesseacontecendo numa outra vida.

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"Eu estou ciente disso, mas nesta circunstânciaparticular, isso não pode ser umobstáculo. Eu admito que atualmente eunão possuo os meiosnecessários para ter uma famíliada maneira queeu gostaria, mas acho queé provável que meu pai estejapreparado para remediar essa situação afim de manter o status de Darcycomo um solteiro elegível."

"Porque seu pai se importaria sobre oestado civil do Sr. Darcy?"

Ele suspirou. "Em uma família como a minha,os casamentos servem como alianças,tanto financeiras quanto políticas. ODarcy tem grande valor no mercado decasamento. Ele pode fazer um

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casamento favorável,que será do benefício da minha família.É improvável que eu possa encontraruma noiva que seja também herdeira deuma grande fortuna, jáque sou apenas mais umaristocrata sem dinheiro, entre muitosoutros. Eu não tenhonenhuma perspectiva de serherdeiro, como meu irmão mais velho,que já tem três filhos e uma mulherfecunda. Sem querer lhe faltar com orespeito, meu pai iria preferir dardinheiro para mim a desistir deseus planos para Darcy."

"Eu posso ser boa o suficiente para oseu filho, mas não para o seu sobrinho?Eu acho isso difícil de acreditar.” Sem

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mencionar que o Conde pagariapara remover Darcy de sua influência.

Ele balançou a cabeça. "Não é um julgamento sobrevocê, mas um pouco sobre o que maispode beneficiar afamília Fitzwilliam, uma questão de praticidade."

"Por essas normas, melhor eu nãome casar com o Sr. Darcy? Ele, afinal,tem muito a oferecer."

O Coronel sorriu. "Meu pai seria um tolo se nãoaproveitasse a oportunidade, e se é umafortuna o que você desejaacima de tudo, então ele estaria certo. Seeu acho que eu sou o que você quer,eu não teria feito essa oferta. Desdeque você é uma mulher de bom senso,eu suponho que você possa

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ter outros motivos para recusar o meuprimo."

"Posso perguntar em nome de quem você estáfazendo esta oferta? É para agradar seupai?"

"Meu Deus, não. Sua atitude torna possível para euconsiderá-la, mas isso não me levariaa qualquer coisaque eu já não queria fazer."

"Entendi.". Elizabeth na verdade, nãotinha entendido Enquanto se sentiaelogiada por sua oferta, ela não podiavera natureza calma da sua apresentação como umasugestão de interesse da parte dele.Ela enfiou com força a agulha namusselina do vestido da boneca.

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"Talvez você queira saber a naturezaimparcial da minhaoferta. Sei muito bem, talvezmais do que você, que você deve secasar com meu primo ou comigo. Nãoimporta quem você escolha,sem dúvida vai acabar semprevendo nós dois, uma vez que muitasvezes estamos juntos fazendo companhiaum ao outro. Eu prefironão falar nada que poderia serdifícil para qualquer um de nós esquecerse porventura você optar por se casarcom Darcy"

Elizabeth mordeu o lábio. Suas palavras eramleves enquanto ele falava, mas a faziampensar o que haveria por baixo delas.Que situação estranha – o Sr.

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Collins tinha dito que ela poderia nuncamais ter outro pedido de casamento, masagora tinha uma escolha entre o rico Sr.Darcy e o filho do Conde deMatlock! Em termos de qual companhiaela iria mais gostar, não existiadúvida em sua mente, mas ela se sentiacomo se houvesse mais do que o que oCoronel tinha dito. "O Sr.Darcy sabe sobre os seus planos?"

"Não". Ele parecia notavelmente despreocupado comisso. "Duvido que a idéia tenhapassado por sua mente."

"Não consigo imaginar que ele fosseficar satisfeito."

"Não, é mais provável quenão. Ele parece um pouco aliviado coma questão de se casar com você, porque

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ele já decidiu isso. Coitado – ele teve um tempo difícil para tentardecidir o que fazer com você.Ele sente o peso das expectativas dafamília."

Elizabeth fixou osolhos na sua costura. "E há a pequenaquestão da sua crença de que aminha irmã não erasuficientemente boa para o Sr. Bingley."

"Todos nós temos parentes quenós faz corar!"

Elizabeth notou que ele não parecia surpreso comessa informação. "Pergunto-me, então,porque você me diria que oSr. Darcy tinha salvado o Sr. Bingley deum relacionamento desvantajoso,

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se soubesse que a senhoraenvolvida era minha irmã."

Ele se sentou ao lado dela,e disse "Você me pegou. Eu contei essahistória deliberadamente com a intençãode fazer você ficar contra Darcy."

Seus olhos searregalaram com essa confissãodescarada. "Pensei que você gostavadele."

"Eu gosto. Isso não significa que eusempre concordo com ele."

"E qual o seu benefício, eu ficar comraiva dele?"

Ele tocou os dedos na borda da cadeira. "Não havianenhum benefício para mim.Esperava apenas protegê-la

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de uma situação potencialmenteembaraçosa."

"Devo estar particularmente lerda hoje, porque isso não faznenhum sentido para mim."

“Claro que não. Para me explicar, eu teria quelevantar um assunto inadequado paradiscutir com uma senhora, em vezdisso, eu estou escolhendo ser obscuro."

"Você talvez pudesse tentar ser umpouco menos obscuro?"

Ele desviou o olhar,então disse resoluto,"casamento não é a única coisa que umcavalheiro pode oferecer a uma mulherque ele admira."

Agora ela estava verdadeiramente chocada. "Você nãoque dizer que ele iria me pedir

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para ser... que ele iriame oferecer carte blanche?"

"Espero que ele não ofereça. Noentanto, eu nunca o tinha visto assim tãochegado a uma senhora, e ele parecia tãoconvencidode que o casamento com você eraimpossível. Elenão está acostumado a ter negadoqualquer coisa que ele deseje,e então eu temia que ele pudesse dizerque você estava favoravelmenteinclinada a aceitá-lo. Não tenhodúvidas sobre qual teria sido a suaresposta. Eu tenho umaantipatia poderosa por cenasembaraçosas."

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"Você ficará aliviado, então, emsaber que o Sr. Darcy me escolheuapesar de minhas conexõesdesprezivelmente baixas." Inexplicavelmente, ela sesentiu irritada que o Coronel estivessesuspeitando que Darcy pudesse terplanos não tão honrados. Darcypoderia ter ditocoisas que ele não deveria terdito, mas ela não conseguia imaginá-lofazendo sugestões desonrosas para ela.

Ele sorriu, retornando a sua velha amabilidade. "Eu não colocaria dessaforma, mas sim, eu estou feliz, por vocêsdois, e se você desejar se casar com omeu primo, você terá osmeus melhores votos e eu nunca voulevantar esse assunto novamente."

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Percebendo quesuas próprias maneiras tinham sido suaculpa, Elizabeth rapidamente, disse "Euestou muito gratae comovida pela sua oferta. Permita-meum pouco de tempo para considerá-la?"Assim que ela disse isso, ela seperguntou. Há dois dias, ela teria ficadofeliz em receber um pedido do Coronel. Por que ela hesitava agora?

"É claro. Eu sei que peguei vocêde surpresa e que as circunstâncias nãosão muito propícias, mas eu voucontinuar esperançoso comum desfecho feliz. Neste meio tempo,vou gostar de ter o prazer de suacompanhia, que é ainda mais deliciosa

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do que as companhias que eu encontroem Rosings Park."

Com alívio, Elizabeth gostoudo redirecionamento da conversae de seus próprios pensamentos. "Eu sóposso imaginar!Posso perguntar se você tem lucradocom o fluxo constante de sabedoriaque sai dos lábios do Sr. Collins?"

Ele riu. "Refiro-me a isso como uma inundação, umatorrente, em vez de um fluxo. Atéminha tia parece começar a se cansar deseus elogios." Sua expressão pareceutriste. "Lady Catherine, como todos nós,está muito preocupada com Darcy. Elaestá quase perdendoa esperança, temendo que todos

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os seus planos para o futuro de Annetenham sido em vão. Claro queDarcy nunca teve a intenção de se casarcom Anne, mas Lady Catherine só ouveo que ela deseja ouvir."

"Imagino que se ela tivesse algumaidéia do que está acontecendo aqui, elairia comandar as águas para que elapudesse resgatá-lo das minhas garras."

O Coronel riu. "Provavelmente ela teria simplesmente assumido que parariaassim que ela se aproximasse da casa."

"De fato. Ela já é bemproficiente em dar ordens e não temnecessidade de praticar." Elizabethexaminou sua tentativa de fazerum vestido de boneca. Por algum milagre, naverdade parecia um vestido.Ela esperava que coubesse na boneca da

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Jenny. Inclinando a cabeça para umlado, ela disse,"Eu acredito este traje elegante requeralguma guarnição para serverdadeiramente elegante.Será que a senhora Collins tem algumpedaço de fita na sua caixa de costura?"

***

Darcy voltouna hora do jantar com a boa notícia que a água tinha recuado umpouco e que algumas das casas maisafastadas da margem dorio podiam voltar a ser habitadas embreve. "Espero que elas estejam bem;o celeiro está superlotado, e os ânimosestão começando a esquentar."

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OCoronel Fitzwilliam indagou sobre os danosenquanto Elizabeth colocava pequenasporções de comida em vários pratos. Acozinheira tinha de alguma formaconseguido encontrar provisõessuficientes para preparar umavariedade de pratos. Sem dúvida opresunto tinha vindo da adega, masElizabeth se questionou sobre apresença da torta de galinha e se issoindicava que Charlotte iadescobrir um frango a menos quando elavoltasse para casa. Comum gesto hesitante, ela descobriu que atorta estava macia e bem temperada ecom um delicioso molho.

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O Coronel aparentemente chegou à mesma conclusão. "Eutenho que parar de sentir qualquer penapor você ter ficadoencalhado aqui, Darcy. Eu não tinhapercebido que o pessoal aquida cozinha tinha tantos talentos, achoque vou dar um jeito de ficar preso parajantar aqui mais vezes."

Darcy limpou a garganta e fez umgesto para Sally. “Ah, sim. Sallypode dizer para a cozinheira que ojantar de hoje está aceitável."

"Aceitável?", exclamou o Coronel. "Estámuito melhor da comida que é servidaem Rosings!"

"Aceitável" repetiu Darcyfirmemente, dispensando Sally.

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"Não tenha medo; a cozinheira e eu nosentendemos muito bem."

Elizabeth arqueou uma sobrancelha. "Temos que agradecera você, então, sobre odesaparecimento dos jantares insípidose dopão que poderia servir como pedra deconstrução?"

Darcy sacudiu sua cabeça, mas com um ligeiro sorriso. "Algumas pessoassimplesmente gostam de um desafio.Ela não escolheu mostrar seusmelhores esforços na casa do Sr.Collins, uma vez que ele nunca notounenhuma diferença."

O Coronel Fitzwilliam gaguejandodisse, "na verdade você falou comuma simples cozinheira? Darcy,você me deixa chocado!"

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Elizabeth, vendo que Darcy olhou umpouco ofendido, disse, "O Sr. Darcy temfeito um trabalho admirável chefiandouma situação difícil aqui. Os inquilinos deLady Catherine têm muito a agradecer."

Darcy olhou para ela, seu rosto ilegível. "Você também enfrentouo desafio admiravelmente, Srta. Bennet,especialmente com a jovem Jenny. Ela memostrou a foto que você desenhou dela.Ela está muito orgulhosa e agradecida."

"Você me lisonjeia, senhor. Tenhopouco talento para desenho e o que eufiz, mas parece uma caricatura do queumretrato. É uma sorte para mim a Jenny não ser umacrítica de arte."

"Eu achoque você capturou a semelhança muito bem."

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"O desenho serviu para omeu propósito, que era convencê-la a ficar sentada para evitar ferir aperna dela aindamais." Elizabeth ficou surpresa ao trocar umaconversa agradável com o Sr. Darcy.Talvez fosse a presença de seu primoque o tinha permitidoser mais civilizado.

No entanto, ela estava conscientedo desconforto inerente ao passar umanoite amigável com dois senhores, cadaum tendo pedido sua mão em casamento,o que a fez chegar à conclusão de queos esforços do dia podiam a ter cansadoo suficiente e que elesentenderiam sua necessidade de retirar-se de suas companhias tão cedo quanto

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possível. O fato de que essesesforços tinham sido principalmente porparte de Sr. Darcy, ao invés de simesma,e que fazer roupas de boneca, na verdade, nãoera particularmente um trabalhocansativo, não pareciaparticularmente relevante. Alémdisso, ela tinha ainda que terminar oromance que Charlotte tinha emprestadoe estava à sua espera na mesa decabeceira, apesar de que ela poderiaficar até mais tarde lendo à luz de velas,o que seria mais sensato?

O romance não iaconseguir segurar sua atenção naquelanoite, não quando ela tinha tantasdecisões a tomar. Os pensamentos

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que se aglomeravam na cabeça delaexigiam ser ouvidos. Ela tinha ficadochocada ao descobrir que o Sr.Darcy considerava que sua propostaainda estava em aberto. O CoronelFitzwilliam semdúvida teria que esperar umaresposta para o seu pedidono dia seguinte, e ela não sabia o que lhedizer.

Há dois dias, ela teria o aceitadocom prazer. Ela gostava dele e oestimava, e ela acreditava que poderiaaprender a amá-lo. Sua renda, apesar denão ser suficiente para o estilo devida com que ele tinha sido criado,pareciaperfeitamente satisfatória para ela, e

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suas maneiras nãopodiam ser questionadas. Ainda que, dealguma forma parecesse impróprioaceitá-lo tendo em vista a propostado Sr. Darcy, tão indesejada como podiaser, mas como interferircom os desejos do seu primo e, senão incomodava o Coronel, porque deveria incomodá-la.

Ainda assim, o Coronel na verdadenão tinha proposto a ela dois diasatrás e não tinha feito isso até que tinhadecidido que ele ou seu primo deveriase casar com ela. Darcy, por outro lado,havia falado sem que ninguém o tivesseforçado. Isto significava que o coronelestavamais preocupado em evitar o casamento de

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Darcy, do que se casarcom ela? Ela sabia que ele aadmirava, mas ele também admitiu queos desejos do seu pai fizessem parteda sua decisão. E esta decisão contava afavor dele ou contra ele? A opiniãode sua família mostrava uma agradávelsensação de dever da parte dele, masdificilmente indicava um sentimentoforte dele por ela. Ela pensou que eleficariadecepcionado se ela o recusasse, masnão ficaria triste,mas ela não podia dizer o mesmode Darcy.

O coração dela começou a batermais forte. Era isso que a fazia ficar tãopreocupada? Darcy não disse nada

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sobre seus sentimentos por ela, mas elainstintivamente sabia que eletinha ficado ferido, gravemente ferido,com sua recusa. Ele tinha mostrado em sua aparênciainarticulada, suas longas ausências –talvez mesmo em seu comportamentotemerário, arriscando-se pararesgatar a boneca da Jenny. E aindaassim ele mostrou preocupação com ela,comprou a capa na cidade e a ajudouquando ela já não podia mais enfrentara égua. Mesmo assim, ele nãotinha levado vantagem sobre ela quandopoderia. Ela não podia negarque, se fosse apenas para julgar sobre aprofundidade dos sentimentos de umcavalheiro, Darcy iria sair na frente.

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Era uma coisa recusá-lo, mas seria cruel para ele se elase casasse com seu primo, poisele teria que vê-la com outrohomem em ocasiões familiares? Ela poderia nãogostar dele, mas era outra questão fazê-lo infeliz. Após menosprezá-lo e machucá-lo por acreditar nasmentiras de Wickham, ela agora estavano meio de dois homens que tinham umalonga história de amizade? Isso era algoque ela não gostava nem um pouco. Maspor que ela deveriaser forçada a recusar uma oferta excelente só porque podiamagoar Darcy? Esse homem erairritante!

Ela agarrou o livro esquecido e opôs de lado. Era injusto que um golpe de

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sorte a tivesse colocado em umasituação tão difícil. Comoalguém que não gostava de ter suasescolhas ditadas para ela, ela preferiaacreditar que eles exageravam sobre orisco da sua reputação, masela sabia que eles estavam corretos.Se fossem só os dois cavalheiros e LadyCatherine, que soubessem da situação dela poderia seracobertada, mas Maria Lucas poderianão manter o segredo, se sua vidadependesse disso, e havia umaexpectativa razoável que o Sr. Collinspermaneceria emsilêncio sobre um assunto como este.Entre os dois homens, a palavra quechegaria a Meryton era que o Sr.Darcy tinha passado duas noites

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sozinhos com ela, eisso seria o fim da sua respeitabilidade.

Agora ela desejava que não tivesseido para cima tão cedo. Depois deficar presa dentro de casa o dia todo porcausa do tempo, ela precisava de arfresco, precisava andar, semover, mas em vez disso, estava presapelo seu próprio esquema, com apenasseus pensamentos como companhia.No final, a melhor solução que elapoderia encontrar era seembrulhar num xale, abrir a janelaalguns centímetros e se sentar ao lado deum livro fechado em sua mão.

***

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Apesar da súbita sensação de mauagouro, Darcy de alguma formaconseguiu responder apropriadamentequando Elizabeth,ridiculamente cedo, disse boa noite paraeles. Ele achava que ascoisas tinham saído bastante bemno jantar. Ele conseguiu pela primeiravez participar de umaconversa com ela em vez de ficarsentado em silêncio, olhando ela rir comRichard. Ela tinha aindaelogiado seus esforços e defendido elepara seu primo quando elejá tinha desistido de ouviruma palavra positiva dela. Ele maisuma vez a tinha mal interpretado?

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Tornando-se ciente de que seu primo estava olhandopara ele estranhamente, Darcy cruzou asala e derramouduas porções generosas de bebida dajarra. "Esta bebida mal mereceser chamada de conhaque,mas serve para o seupropósito." Ele ofereceu um copopara Richard.

Richard levantou seu copo num brinde silencioso. Tomou um gole com cuidado,e fez uma cara perversa. "Já bebipiores, mas não é para o seu padrãohabitual, isso é certo."

"Duvido que eu possa meacostumar a um brandy ruim e aroupas folgadas. Tenho desenvolvidoum apreço

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muito maior por meu criado e pormeu alfaiate durante esses últimosdias. Eu não poderia viver assim."Darcy rodou o conhaqueno copo dele, mais por hábito doque qualquer esperança que o aroma setornasse agradável. "Dessa forma,eu serei grato aochegar a Rosings Park." Ele não seimportaria, no entanto, a um atraso demais um dia ou dois para fazer com queElizabeth se acostumasse a suacompanhia antes dele ter que informá-la do anúncio de seu noivado.

"Eu pretendo voltar paralá amanhã pela mesma rota que eu vimpara cá. Você acha que a Srta. Bennetserá capaz de fazer essa viagem?"

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Parecia que o corpo de Darcy ficavamais quente ao se lembrar de Elizabethem seus braços quando eles montaramjuntos, suascurvas descansando contra a coxa dele, masnão foi isso o que Richard quis dizer."Uma hora, talvez duas, em uma estradaboa é o melhor que se pode esperardela. Com algumas lições ela pode setornar competente para cavalgar, mas elanão é uma amazona decente."

"Nem todos são tão afeiçoado a cavalgar como você."De alguma forma o comentário de

Richard soou crítico para os ouvidos deDarcy. "Eu sei disso. É uma habilidadeútil, isso é tudo o que eu quis dizer."

"Quando você planeja contar a ela sobre o anúncio?"

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Darcy tomou um gole do conhaque e, emseguida, o engoliu rapidamente e o gostoestranho queimou sua língua."Amanhã, eu suponho. Antes devoltarmos a Rosings. Eles podemter lido sobre o noivado."

"Se eles tiverem, meu pai terá, e aposto que ele vai ficar na porta logoapós lê-lo. Você está prontopara enfrentar uma frente unida dele eLady Catherine?"

"Eu não me importo como que dizem. Nada vai me impedir de mecasar com ela."

Richard pousou seu conhaque e endireitou os ombros. "Há uma coisa que pode.Eu fiz o pedido para ela hoje."

Por um momento, Darcy não podia acreditar que tinha ouvido corretamente, emseguida, ele se levantou da cadeira,

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medo e traição apareceram no seu rosto."Como ousa... O que ela disse?"

"Ela pediu tempo para considerar opedido. Quanto a como me atrevi,bem, eu tenho tanto direito de tentar serfeliz quanto você."

Elizabeth recusou-o à queima-roupa, mas não tinha recusado Richard.Elizabeth e Richard. Bom Deus, tudomenos isso! "Não pode ser. O anúncio já tinhasido preparado."

Richard encolheu os ombros. "Serámuito fácil explicar como um mal-entendido. O nome, você sabe ... –alguém ouviu Fitzwilliam e pensou em você, e não em mim. Ninguémduvidaria, especialmente com a suafama de evitar embaraços."

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As bordas afiadas dos braços dacadeira pareciam morder os dedos deDarcy quando ele apertou-asfirmemente,quase tão firmemente como ele tinha cerrado os dentespara manter as palavras na sua boca queameaçavamescapar dela, palavras que não teriamvolta. Richard e Elizabeth. Richardsegurando Elizabeth nos braços dele.Richard beijando Elizabeth. "Por quê?Você nunca mostrou qualquerinteresse em se casar com ela,até que você soubeque eu queria. É isso? Eu não pensaria isso de você,

"Ou vocêquer dizer que você não imaginaria possível que qualquer mulher

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pudesse me escolher ao invés deescolher você?"

Era real, mas Darcyestava cego de dor e raiva para seimportar. "Você sabia que euestava planejando me casar com ela!"

"Eu também sabiaque ela não parecia feliz com o acordo, então oferecipara ela uma opção diferente. Isto não ésobre você ou eu, Darcy. Só dependedela."

E isso era o que mais metia medoem Darcy. "Você pode acreditar que istolhe deu conforto. Eu pensei que podiaconfiar em você," ele mordeu seu lábioenquanto ficava de pé. Ele teve que seretirar antes que perdessecompletamente o controle.

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Richard ficou também de pée agarrou o braço dele enquantoDarcy tentava ultrapassá-lo."Por amor de Deus,pare e pense por um minuto! Estoupensando nela! Você está encantado porela. O que acha que vai acontecer,depois que ela passar anos escutandoseus insultos sobre sua família e depoisdela viver anos com sua expectativa deque todo mundo sempre vai aceitarseus planos? Estouacostumado a viver na sua sombra. Vocêdecide ficar em Rosings, então ficamosem Rosings. Você decide ir embora, então vamosembora. Você decide se casar com aSrta. Bennet, então ela tem que se casarcom você, ela gostando ou não. Não,

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nem mesmo ocorre para você quepossamos ter nossos próprios desejos.Não, você é o mestre de Pemberley.O mundo anda conforme o seu comando.Bem, a Srta. Bennet não tem que aceitaroseu comando. Você nem tentou conquistá-la, você apenas assumiu que elaficaria muito grata por qualquer atençãosua? Que ela não se importaria de seuscomentáriossobre a família dela, ou como tedesagrada essa conexão? Você seimporta com o que lhe acontece,enquanto você consegue oque você quer?"

"Você sabe que a famíliadela não é igual a nossa!"

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"Claro que sei, mas eu posso reconhecer paraela isso sem fazê-la sentir-sehumilhada!"

Darcy olhou para baixo, paraos dedos deRichard, segurando seu braço, tentandorevidar o impulso de atacá-lo comos punhos. "Deixe-me ir," ele dissenuma voz glacial.

Richard libertou-o. "Pense sobre isso, Darcy," ele disse comdeterminação.

Darcy não queria pensar nisso. Ele caminhou parafora do quarto e deixou a casaparoquial, batendo a porta dafrente, fechando-a atrás dele.

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Capítulo 8Charlotte Collins estava exausta. Ela tinha ficado aliviada quando oCoronel Fitzwilliam ofereceu-se paraencontrar uma maneira de ver seElizabeth estava bem, mas ela nãotinha percebido o quão difícilseria gerenciar a situação em Rosings,sem que ela fosse da deterioração paraum desastre. O Coronel pareciagerenciar sua tia quase sem esforço,apesar dela se preocupar com o Sr.Darcy, o que permitiu que Charlotte seconcentrasse emmanter Maria sem pânico por estar presaem Rosings e impedir o Sr. Collins deagravar as circunstânciascom simpatias bem intencionadas

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que serviam apenas para LadyCatherine ficar ainda mais aflita.

Na ausência do Coronel Fitzwilliam, Lady Catherine aparentavauma falsa calma. Ela foi ríspida comduas empregadas levando-asàs lágrimas com um palavreado brutal,não merecido e, em seguida, virousua ira sobre o Sr.Collins, criticando tudo, desde asua postura até a maneiraque ele usava sua gravata, fazendoo pobre homem tentar dizer algumacoisa que pudesse agradar sua senhoria.Anne de Bourgh tinha informado queestava bastante indisposta e foipara a cama,indubitavelmente, para evitar a raiva desua mãe, uma vez que Anne tinha sido a

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única pessoa em Rosings,que parecia não se importar sobre odesaparecimento do Sr. Darcy.

No jantar, Charlotte foi forçada a manter a conversa com a senhora sozinha,uma vez que o Sr. Collins e Mariaestavam completamente intimidados, emsilêncio. Isto, claro, queriadizer que Lady Catherine voltou suaatenção para ela,inequivocamente, criticando tudo, desdea sua aparência, quanto suasraízes familiares. Era quase osuficiente para romper a calma atémesmo de Charlotte, mas que de algumaforma conseguiu manter a compostura.Ela desejava que oCoronel Fitzwilliam apressasse sua

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volta. Ela ficaria feliz em ver qualquerpessoa além das companhias atuais.

***

O humordo Sr. Bennet tinha só piorado depois que elese esforçou a abandonar suaamada biblioteca. Quando elealcançou Rosings Park,ele estava furioso. Ele quase destratou omordomo que abriu a porta para ele,enquanto ele exigia ver o Sr. Darcy.

"O Sr. Darcy não está," disse omordomo de um modo quase malcriado.

"Oh, sim, ele está," O Sr.Bennet surtou. "Eu recebiuma carta da minha filha dois dias atrás

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me dizendo que ele está aqui.Diga a ele, que o Sr. Bennet quer vê-loimediatamente."

"Lamento, mas sou incapaz de fazê-lo devido à sua ausência."

"Onde posso encontrá-lo, nesse caso?"

"Não sei lhe dizer, senhor.""Você não sabe dizer onde ele

está? Então quero falar comLady Catherine de Bourgh."

O mordomo disse:"Sua Senhoria não está recebendo visitantesneste momento.”

"Isto não é uma visita social. Preciso de informações de Sua Senhoria, e exijo vê-la imediatamente."

"Se o senhor esperar aqui, senhor,vou ver o que posso fazer."

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O Sr. Bennet virou e foi para umasala de jantar ornamentada,mas sua esperança em ser conduzido atéLadyCatherine estava destinada a ser frustrada. Emvez disso, o mordomoapareceu para repetir as mesmasinformações que ele já tinha recebido: oparadeiro do Sr.Darcy era desconhecido, eLady Catherine não iria recebê-lo.Somente quando o Sr. Bennet serecusou a ir emborao mordomo concordou em procurar umconselho sobre o assunto.

Um quarto de hora mais tarde a portafoi aberta mais uma vez,e para espanto do Sr. Bennet, ele foi

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saudado por ninguém menos que suaantiga vizinha, a Sra. Collins.

Charlotte parou abruptamente. "Sr. Bennet! Eu não esperava lhe encontrar aquiquando Jamison me disse que havia umapessoa querendo saber sobre o Sr.Darcy."

"Tenho certeza de que você não meesperava," disse o Sr. Bennet."Parece que nós dois estamosem lugares onde não somosesperados. Lizzy também está aqui?"

"Não, ela não está." EnquantoCharlotte alisava asmãos sobre sua saia, o Sr. Bennet notouque ela parecia cansada e infeliz. "Euacredito que ela ainda está na casaparoquial, do outro lado do rio."

"Não importa. Estou aqui para ver o Sr. Darcy."

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O rosto daCharlotte ficou pálido. "Você já teve notícias dele?"

O Sr. Bennetbufava. "Modo de falar."

"Onde eleestá? Está ferido?" Charlotte torcia asmãos enquanto falava.

"Estoutentando descobrir onde ele está, e não tenho idéia se está ferido,embora eu ache que é bem possívelque eu mesmo possa feri-lo!"

"Sr. Bennet!" Charlotte fez umapausa e, emseguida, começou de novo. "Eu devo meexplicar. Você nos encontrou numagrande confusão aqui. O rio que seencontra entre o presbitério e Rosingstransbordou a dois dias,

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levando a única ponte, enquantoeu e o Sr. Collins estávamosjantando aqui. O Sr. Darcy desapareceupouco antes do dilúvio começar,e tememos o pior, pois nãohouve nenhuma palavra desde então.Lady Catherine está naturalmentebastante...perturbada, e Miss de Bourgh esta decama, é por isso que o mordomome pediu para falar com você."

"E Lizzy, ela está bem?""Não vejo porque ela não estaria. Ela não veio

jantar conosco devido a uma dor decabeça, então ela ficou na casaparoquial. É na zona alta, e nossaempregada está lá para cuidar dela.Esta manhã o Coronel Fitzwilliam foi

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até lá para vê-la, mas ele ainda nãoretornou. Sem dúvida ele teve de viajarmais longe do que o esperado, paraencontrar uma maneira deatravessar o rio."

"Quem, é o Coronel Fitzwilliam?""Minhas desculpas; ele é sobrinho de Lady Catherine e primo de Mr. Darcy."Sr. Bennet assentiu lentamente. "Então, Lizzy não

pode ser alcançada, Darcy estásumido, e você parece estranhamentesurpresa em me ver."

A expressão de Charlotte era deperplexidade. "Eu não esperava porisso, mas o Sr. Collins e euficaremos felizesem ter você como nosso convidado, e tenho certezaque Lizzy terá um grande prazer em vê-lo."

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"Eu suponho, então, que você não sabe nadasobre isso também." O Sr. Bennet tirouuma folha dobrada de jornaldo bolso e entregou para Charlotte.

Charlotte abriu comcuidado. Um sorriso apareceu no seurosto. "Oh, Lizzy tem sido bastantedengosa! Ela não me disse nemuma palavra sobre isso. "Então,o sorriso deladesapareceu abruptamente."Oh, não. Pobre Lizzy! E ela não temidéia que ele está ... sumido."

"Eu não vou desperdiçar meu tempo mepreocupando com isso, minha querida,"O Sr. Bennet disse secamente."Eu arriscaria a adivinhar que você vai encontrarDarcy com Lizzy."

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Charlotte pressionou a mão nopeito dela. "É claro!Isso explicaria onde ele estava indonaquela noite. Soubemosapenas que ele cavalgou após escurecer,apesar do aviso de que asestradas estavamimpróprias para viagens, masdevido a isso, "ela levantou o anúncio,"ele provavelmente está seguro na casaparoquial."

"Perfeitamente seguro até eu colocar minhas mãos nele," resmungou o Sr.Bennet. "Eu não gosto de saber sobre onoivado da minha filha através de umanúncio no jornal, eeu gosto ainda menos da idéia dele terpassado os dois últimosdias sozinho com Lizzy".

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Sua companheira, noentanto, não estava prestando atenção. Ela estavarelendo o anúncio e mordeu o lábio."Mas o que digo para LadyCatherine? Ela está frenética sobre odesaparecimento do Sr. Darcy,mas se ficar ciente disso podeser ainda pior."

"É melhor ele estar morto doque noivo da minha filha?" O Sr. Bennetmostrou toda a sua indignação.

Charlotte se permitiu um ligeiro sorriso. "Estou certa que ambos ouviremosmuito mais do que desejamos sobre osdesejos de Lady Catherine."

Uma nova batida soou na direção da porta da frente. "Talvez sejao Coronel, com notícias da casaparoquial," disse Charlotte.

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Uma voz dehomem rugiu, "onde está ele, malditosseja ele?"

Charlotte voltou para o Sr. Bennet. "Pensando bem, essenão é o Coronel Fitzwilliam."

***

Elizabeth deixou a brisa leve que vinhapela janela bater sobre suas bochechas.A chuva tinha parado, mas o arpermanecia úmido, como ela imaginava queseria o ar marinho. Umdia ela gostaria de visitar o mar. Erauma pena estar tão perto do maraqui em Kent, e não poder vê-lo.

O céu estava começando a limpar. Enquanto ela olhavapara o céu, uma fina lua crescente

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saiu por detrás das nuvens, fazendo quea casa paroquial parecesse uma colchade retalhos de luz e sombras, antes de mais uma vez ser engolida em umaturva e mera sugestão de luz.Para oeste o céu brilhava com estrelas, eElizabeth entreteve-se com novasconstelações dos padrões que a faziamsonhar.

Uma portabatendo quebrou o silêncio da noite. Uma forma sombriaemergiu da frente da casa paroquial,caminhando rapidamente em direção alinha de árvores que ladeavam apropriedade. Ela reconheceu o Sr.Darcy pelos seus ombros fortes.Atingindo as árvores, ele inclinou-se para pegar alguma coisa - um pedaço

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de pau? – e isso pesava na mão dele.Então, com ummovimento brusco, ele recuou o braço delee jogou. Voou para longe da casa e parafora de sua vista, eElizabeth ouviu barulho de madeira.

Depois de repetir a ação com outro pau, ele olhou para o céu, juntando asduas mãos no seu cabelo e, em seguida,segurou sua cabeça entre elas. Ele ficouassim por muito tempo, osuficiente para Elizabeth perceberque ela não deveria estar olhando paraele quando ele acreditava estarsozinho. Ela desviou o olharconscientemente, mas os olhos delaeram atraídos de volta à sua forma,agora agachada perto do solo,com as mãos segurando algo

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muito pequeno que ela não conseguiaver o que era.

Então o contidoSr. Darcy tinha limites para o seuautocontrole! Ela não teria acreditado seela não tivesse visto. Oque ele trouxe tão perto dele?Sua calma na presençadela tinha sido nada mais doque um pretexto?

Então eledesapareceu atrás da linha das árvores. Elizabeth seviu se esforçando para ouvir algumacoisa, mas o som que ela ouviu foio chilrear dos grilos. Ele não podiair longe nessa direção; o caminho levavapara o rio. Haveria suficiente luz

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para ele ver o seu caminho comsegurança e evitar a água alta?

O som de um respingo veio uma,duas, três vezes. Uma pausa, seguida pormais respingos em intervalosvariáveis. Seus lábios securvavam enquanto ela se perguntava oque o Sr. Darcy estava jogando no rio.Mais paus, ou erampedras? Os salpicos pareciam maispesados do que o que elaimaginava que seria o barulho deuma vara.

Ela inclinou a cabeça para trás e fechou osolhos. Ele tinha dado a ela um pequenovislumbre de sua alma quandoele derramou na noite vazia seu – oque? - raiva, ou

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frustração, ou puro mau humor. Oque ela realmente sabia dele, o que elasabia do homem além de suas boasmaneiras e comportamento orgulhoso?Ela estava errada sobre o conto deWickham; no que mais ela podia estarenganada?

O comportamento rude deDarcy na Assembléia de Meryton não podia ser negado.Ela mesma tinha ouvido seus insultos.Ela não podia dizer se era típico dele,ou não; embora eleestivesse orgulhoso e distante, em outrasocasiões, em Hertfordshire, ela nãopodia recordar outrocomportamento insultuoso. Ele nãotinha estado tão distante aqui em Kent.Qual era o verdadeiro Darcy?

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O Coronel Fitzwilliamhavia confirmado para elaque Darcy tinha sido o instrumento naseparação de Janee Bingley, e ela não acreditava que elepudesse criar uma história sem algumabase. O que Darcy tinha dito na suaproposta, sua opinião sobre a famíliadela e suasconexões baixas pareciam ser a causa.Ela sentiu o calor da raiva só de pensarnas palavrasdele. Verdade, sua linhagem não era tãoalta quanto à dele, mas ela não tinhanada do que se envergonhar!

Abrindo os olhos, ela abanou a cabeça para clareá-la. Raiva não era útil na sua situaçãoatual. Ela precisava avaliar

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isso racionalmente, para provar paraela mesma que ela nem sempre tinhasido tão tola a ponto deaceitar uma história como a deWickham, que somente porquelisonjeava sua vaidade. O Sr.Darcy tinha sido tão poucolisonjeiro que ela teria acreditado emqualquer coisa de ruim que falassemdele, mas ele era o único que realmentea admirava nãoWickham, que estava prestes a se casarcom a Senhorita King. Como elatinha acreditado nele tãocompletamente?

Só então sua figura surgiu das árvores, fazendo-a ciente de que em algum nível elaestivesse procurando por ele. Ele se

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aproximou da casa mais lentamente doque ele a tinha deixado, com umritmo quase relutante. Ele parou duasvezes para olhar para algo em tornodele, mas não ficou claro na escuridão oque tinha a sua atenção.

Ele estava apenas auma curta distância do trajeto do jardim quando olhou paracima. Por sua rigidez súbita, ela sabiaque ele devia tê-la visto. Como éhumilhante ser pega espionando!Como ela poderia ter sido tão tola deficar no banco da janela onde ele deviater visto perfeitamente sua silhueta?Pelo menos ela ainda estava com seucabelo preso. A mera idéia dele podervê-la emsua camisola com o cabelo solto lhe

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dava um frisson, um arrepio. Era ruimo suficiente ele tê-la visto sentada nobanco da janela oque dificilmente poderia serconsiderado a pose de uma dama.

Ela teve que reprimir a vontade de seesconder de volta na escuridão – o que afazia ter mais vergonha de si mesma. Emvez disso, obrigou-se aacenar no que ela esperava ser umamaneira graciosa e levantar a mão emuma breve saudação.

Ele hesitou então, fez umareverênciacomo seria adequado para umaduquesa, ou talvez para uma princesa deconto de fadas. A respostaadequada seria ela jogar um lenço para

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fora de sua janela, oque enviaria uma mensagem errada. Aindaassim, a idéia lhe fez sorrir.Pelo menos não havia nenhuma treliça,então ela estava segura do papel deprincesa na torre.

O encontro deixou-a ainda mais inquieta. Ela soprou sobre o vidro da janela paracriar uma névoa, em seguida, fezum desenho nele, uma espiral.Ela precisava encontrar uma maneirade distrair-se. Talvez eladevesse escrever para Jane uma carta, enão havia muitacoisa que ela precisaria deixar de fora.

A luz brilhou na porta dela.Ela pressionou a mão naboca por um momento, então, com uma

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resolução que a surpreendeu,ela colocouo cabelo no lugar e envolveu o xale maisfirmemente em torno de si mesmo antesde abrir a porta.

Como ela esperava, Darcy estava do outro lado. Ele recuou e securvou para ela, com uma expressãoséria."Srta. Bennet poderia fazer à gentileza de me conceder ahonra de conversar comigo poralguns minutos? Não aqui, é claro – talvez na sala de estar?"

"Se vocênão tem nada contra, prefiro dar umavolta lá fora. Estou dentro de casa o diatodo"

"Como você desejar. O céu está seabrindo e você pode ver as estrelas –

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mas eu suponho que você jádescobriu isso."

Ela olhou para a janela com uma pitada de um sorriso. "Não mepassou despercebido."

Ele relaxou um pouco. "Vou esperarpor você lá embaixo, então."

Elizabeth lançou um olhar sobre o gancho onde tinhapendurado seu odiado gorro. Seele podia sair sem chapéu,então ela também podia. "Estouindo." Seria interessante ver seele diria alguma coisa sobre ela nãoestar usando gorro e luvas – afinal, ninguém iria vê-la exceto ele.

Um flash de algo não específicopassou pelos olhos dele, mas eleapenas segurou a porta para ela. Comum aceno de cabeça, ela o seguiu para

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baixo, pelo corredor escuro. Nenhumsom vinha do quarto de Jenny, mas láembaixo Elizabeth observouque uma luz ainda brilhava na sala dejantar. Ela se perguntava seera Sally acabando seu trabalho ou oCoronel Fitzwilliam. Ela esperava quefosse a empregada. Passou pela cabeçadela que o Coronel poderia vê-los, eela não tinha percebidocomo pareceriam furtivos, os doisdeixando a casa juntos, a esta hora danoite. Pelo menos com as estradas emsuas condições atuais, ninguém iriaconsiderar a possibilidade de uma fuga!Ela teve que dar uma risada suave comeste pensamento, enquantoDarcy abria a porta.

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Calmamente, ele fechou a porta atrás dele. "Algo engraçado, Srta. Bennet?""Só um pouco de tolice." Uma vez

que ele continuavaa olhar para ela, Elizabeth disse,"escorregar fora de casaà noite com um cavalheiro deveria indicaruma fuga. Eu imaginavaum infeliz casal de amantes, retornandopara casa edizendo, "Nós tentamos ir para GretnaGreen, mas a ponte caiu." Como eudisse apenas um pensamento tolo."

Darcy riu. "Não, eu acredito queGretna Green está fora de questão, estanoite, mas nós ainda podemosdar um passeio. Você tem alguma preferência?"

Ela pensou. Por causa dodecoro deviam permanecer perto

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da casa, mas ela queria fugir,e como tinha ficado sozinha com Darcynos últimos dois dias,sabia que estaria a salvo."Está muito lamacento para andarmospela margem do rio?"

“Não mais do que qualquer outrolugar no momento. O caminho está livre,e o rio está mais calmo hoje."

Ela ofereceu seu braço.Não havia nenhum ponto em correr riscos, afinal de contas."Então vamos."

Eles andaram lado a lado, sem dizer uma palavra durante vários minutos atéque Elizabeth disse,"Para um cavalheiro que desejaconversar, você éincrivelmente silencioso."

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"Você, claro, está certa. Mas eusou melhor calado do queconversando, e estou tentando decidirpor onde começar a conversa."

"O tradicional écomeçar pelo início", ela disse com umagravidade simulada, tentandoocultar a ansiedade quesuas palavras agiam dentro dela.

"O problema é comocomeçar. Muito bem, Srta. Bennet eupercebi que o que eu dissepara você duas noites atráspode ter saído de uma forma que eunão pretendia. Eu tenho," eledisse secamente: "como um presente, meexpressar de uma forma ofensiva."

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"Todos nós temos nossos talentos." Ela deu-lhe um olhar de soslaio, mas não podiaver sua expressão na escuridão.

"Nesse caso, seus dons devem ser muito superiores aosmeus! Mas meu ponto é quenão quis insultar sua famíliaquando tentei enumerar osobstáculos que o meu afeto teria quesuperar, mas temo que eu tenha feitoisso. Enquanto há umadesigualdade de renda e, decerta maneira, status,sei que sua família é tão querida paravocê como a minha é para mim." Pronto,ele conseguiu falar.

As sobrancelhas deElizabeth levantaram-se. "Alguns mais

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queridos do que outros."Ela disse com uma inflexão provocativa.

Ele olhou para ela, querendosaber se ela se referiaao comportamento desagradável da suatia. Era verdade quesuas relações podiam ser tãoembaraçosas quanto às dela. "Devotambém mencionar que, enquanto meusparentes podem ter outros planospara o meu casamento, eutenho a sorte de não precisar respondera ninguém além de mim mesmo naescolha que eu fizer."

"Mas há, claro, minhas conexões baixas e como elas afetarão sua posição nasociedade." Não, afinal, ele nãoera uma princesa na torre esperando seu cavaleiro; elanão era uma humilde Cinderela,

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embora ela dificilmente rotulasse Darcy comoum príncipe.

Como ele devia lidarcom isso? Lembrou-se das palavras deRichard sobre reconhecer desigualdadessem degradar a ela. "Você deve meachar um tolo ou um mentiroso, mas nãoteria nenhum efeito sobre mim,mas quem me julgarpor isso não são aqueles cuja opiniãodou valor. Com justiçaeu devo dizer que não sou muito bemrecebido na sociedade, em parteporque o nome daminha família ainda carrega umaligeira mancha por causa do modo quefoi realizado o casamento dosmeus pais, desde que todas as

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pontes entre eles e Gretna Greenestavam intactas. A maior parte é devidoao meu dom de ofender, e tambémporque eu nunca fui capaz de meimportar em gostar das pessoasque recebem vales do Almack e as quenão recebem. A sociedade me tolera porcausa da minha fortuna, e eu tolero asociedade, porque eutenho uma irmã que deve ser apresentadaem breve para esta mesma sociedade."

Para seu alívio, Elizabeth riu. "De todas as preocupaçõesque considerei sobre esse assunto, nãome importei com o que a sociedadepensa."

"Estou feliz". Algum senso ridículo de honra o levou a dizer, "meu primo ébem aceito pela sociedade."

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Ela parou e virou-se para enfrentá-lo. "Por que você está me dizendo isso?"

"É provavelmente imprudente eusalientar suas virtudes, mas parece justodizer a verdade.Eu não gostaria..." Sua garganta apertou-se num ponto onde ele já não mais sabiaseconseguiria dizer as palavras. Finalmente, em uma voz baixa,meio-estrangulada, ele disse,"Eu não gostaria que você fosse infeliz."

Para seu total espanto, ela enfiou a mão no braço dele quandocomeçou a andar novamente. Elenão tinha lhe oferecido o braçoporque pensou que ela ficariadesconfortável, então foi umadecisão dela. Ele não conseguia entender,

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mas estava agradecido pelospequenos milagres.

"Você é muito generoso. Presumo que oCoronel Fitzwilliam falou sobre a nossaconversa?"Ela parecia estar escolhendo suas palavras com umcuidado incomum.

"Ele falou". Darcy não confiavaem simesmo para dizer algo mais sobre o assunto."Junto com algum comentário sobre oque ele considera serem os meusfracassos."

Elizabeth era grata agora pela escuridão. "Oh, meuDeus. Isso soa desagradável."

"Foi inesperado. É melhor pararmos por aqui, ouos seus pés vão se familiarizar com onovo caminho do rio."

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"A água está mais alta doque eu esperava."

"Mas está mais calmo do que nestamanhã."

"Exceto, talvez, quando alguém joga pedras nela?"Houve um longo silêncio. "Me

pareceu preferível a dar murros"."Infinitamente preferível.""Além disso, lutar com Richard

é inútil. Numa luta livre, ele venceria.No boxing, eu triunfaria. Pistolas – ele ganharia. Espadas – eu ganharia.Nós crescemos juntos, então eu sei."Ele tentou manter a amargurade sua voz, mas ele acreditava não tersido totalmente bemsucedido. "Ele pensa que eu esperoque todos aceitem meus planos,

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independentementede seus próprios desejos."

"Você espera"?"Às vezes, sim. É parte do meu papel como mestre de Pemberley. Richard não

percebe que também há vezes que eu nãotenho escolhas." Agora ele pareciadefinitivamente amargo.

"Quais vezes?"Ele respirou fundo para se acalmar, mas isso não

o fez se sentir bem. "Você acha que euqueriate deixar com ele esta tarde e checar os inquilinos?Eu sei que ele te admira e quevocês dois poderiam estar rindo e brincando juntosenquanto eu estava no meio do caos e dasujeira, tentando me certificar de queninguém havia sucumbido à doença. Acontece após asinundações – um dia ou dois mais tarde,

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eles desenvolvem um problema nosangue, e alguns deles morrem. Euvi isso acontecer em Pemberley, umavez, e meu pai me disse que é comum.Ele pensou que era um pouco demau humor nativo pelaságuas da inundação, mas isso não oimpediu de cumprir seu dever, mesmo podendocolocá-lo em risco, até que ele mesmoficou doente. Felizmente, com umexcelente atendimento, ele serecuperou." Ele nãoconseguia esconder sua raiva. "Sim, eupreferia ter ficado na sala de estarcom vocês. Mas eu não podia."

"Entendo". Depois de um momento, ela acrescentou, "e você tambémse expôs nas águas da inundaçãoesta manhã."

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"Talvez você acheque eu deveria ter comandado damargem, permitindo-lhes assumir riscosaos quais eu não estava disposto aassumir. Peço desculpas;Não deveria estar dizendo issopara você. Especialmente se você eRichard..." Ele não terminou.

Elizabeth surpreendeu a si mesma."Não acho que é provável que você váprecisar se preocupar com isso."

"Você acha?" Seu espanto e alívio eram aparentes. "Mas você parece gostarde sua companhia."

"Eu gosto dele – mas não daproposta que ele mefez. É só... bem, deixe-me explicar deuma formadiferente. Se eu descobrisse que uma das minhas irmãs se

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importava profundamente comum cavalheiro que eutambém admirasse, nãoimportaria pra mim quanto eu gostassedele. Mesmo se eu soubesse que ele nãoligava para ela, ele só poderia ser umamigo para mim. Eu não fiqueiparticularmente interessada no Sr.Bingley, e eu nunca o considerariacomo um pretendente porquesabia o quanto Jane gostava dele.Talvez seja diferente entrecavalheiros, mas eu não consigoentender." Ela esperava que ela nãoestivesse cometendo um erro ao dizerisso,mas ele tinha sido muito honesto com ela,e ela lhe devia o mesmo em troca.

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Sua mão livre se fechou na dela e adescansou em seu braço. "Obrigado.Você me poupou deuma noite desagradável de reflexões."

Embora ele tenhaapertado sua mão suavemente,a força de seus dedos era aparente. Amão dele, mais quente doque ela esperava fechada na dela,de uma forma que era simultaneamentereconfortante e desconcertante,deixando seus sentidos desequilibrados,apenasequilibrados entre o desejo de inclinar-se mais próximo a ele e igualmente comuma poderosa vontade de fugir.

A escolha para deixar de lado suas luvas tinha sido um erro grave. Não erade se admirar que todos esperassem que

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moças devessem usar luvas, se este tipode sensação era o que se podia esperardo contato de mãos sem luvas com asmãos de um cavalheiro! E parecia maisíntimo a cada segundo.

Às pressas, ela disse,"Isso não significa que alguma coisa tenhamudado, eu simplesmentenão vejo essa opção, para mim."

"Eu entendo". Desta vez, porém, sua voz parecia umpouco vazia. Ele soltou a mão dela."Devemos voltar à casa paroquial?"

Voltar para o silêncio sufocante, de volta para as tensões e paraas regras educadas? "Somentese todas as pedras já estiverem no leitodo rio."

Ela falou e ele começou arir. "Eu suspeito que possa ter

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algumas que eu tenha me esquecido dejogar. Quer uma?"

"Sim, por favor."Ela tirou sua mão do braço dele,

enquanto ele se arrastava pelo chão,parando ocasionalmente para pegaralgo. Era, definitivamente, um lado doSr. Darcy que ela não esperava queexistisse.

Ele voltoue estendeu suas mãos cheias. "Para o prazer dadama."

Aparentemente Cinderela tinha setransformado mais uma vez emuma princesa de conto de fadas.Elizabeth inclinou-se para mais perto.Ela selecionou uma pedra ao acaso e aergueu em sua mão, sentindo a forma

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irregular e o peso, e deu um passo àfrente, jogando a pedra no rio.Ela desapareceu na escuridão e atracouna água com um barulhogratificante. Ela espanou asmãos. "Definitivamente satisfatório", elaanunciou.

Ela sentiu mais, quando viu osorriso dele, quando ele disse, "Podeser útil agora." Ele recuou um braçoe atirou uma pedra contraa corrente. Pelo barulho da queda naágua, parecia ter caído bem longe.

"Você pareceter bastante prática!" ela disse.

"Richard e eu costumávamos ter concursos dequem poderia jogar o mais longe."

"Quem ganhava?"

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"As honras sempre eramdivididas, então tivemos que trabalhar ainda maispara melhorar."

"Bem, pode ficartranquilo que você vai poderme derrotar facilmente, com aespada ou com a pistola,bem como jogando pedras e montando a cavalo, embora euprefira evitar as lutas."

"E em que habilidade você pode me derrotar?" Ele entregou outra pedra.Ela virou

a cabeça para um lado. "Emprovocação. Imagino que minhashabilidades em provocar as pessoas sãomelhores que as suas."

"Tem toda a razão. Eu seria umpobre esportista na arte de provocar,embora eu fique feliz em

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servir como alvo aqualquer hora que você deseje praticar. Eu prefiro serprovocado, pelo menos por você."

"Veja, você tem algumas habilidades rudimentares a esse respeito, mas é bomsaber que você admite derrota tãofacilmente." Ela jogou a pedra, mas a julgar pelo som,ela não tinha ido mais longe doque a última.

"Isso é porque você me derrotou emdiferentes maneiras, Srta. Bennet." Sua voz estava divertida agora, mesmoassim ela sentiu uma pontada.

"Foi um ato involuntário, eu lhegaranto." A superfície da água na frentedela ficou mais brilhante e maisturbulenta quandoa lua rompeu as nuvens mais uma vez.

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“Tenho certeza que sim. Conheço vocêbem o suficiente para acreditar que vocênão iria deliberadamente ferir alguém."

Elizabeth mordeu o lábio. Eramuito maisdifícil manter distância dele quando eleera gentil. Se ele já tivessefalado com ela assim, não teria porqueela não gostar dele. E tinha sido maisfácil falar livremente quandonão podia vê-lo tão claramente. Agora,com as sombras do luar no rosto dele,a segurança que ela tinha encontrado naescuridão fugia. "Temo que você estejasendo muito gentil comigo. A noite está ficandofria; talvez seja hora de voltar."

"Como quiser." Ele não ofereceu o braço dele enquantocaminhava ao lado dela, e ela sentia

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a falta dele, mesmo o caminho estandomais claro por causa do luar.

Quando eles estavam quase de voltaa casa, ele disse com uma vozconstrangida, "Peço desculpas se aofendi. Eu não queria fazê-lo."

"Não, você não fez nada para me ofender. Você simplesmente não é a pessoaque uma vez pensei que fosse, e isso medeixa confusa." Ela falou com umtom leve e agradável.

Ele abriu a porta para ela. "Eutenho que esperar que issoseja uma melhora no nossorelacionamento".

Ela riu. "Dada à opinião que eu tinhade você, eu teria que dizer que é umamelhora. Boa noite, Sr. Darcy". Ela fezuma reverência.

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"Boa noite, Srta. Bennet." Elese curvou, em seguida, vendo-a sair.

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Capítulo 9Elizabeth saiu rápido do seuquarto pela manhã, uma vez que asopções, que a aguardavam no primeiroandar da casa, na melhordas hipóteses, seriam desconfortáveise possivelmente muito ruins. Se o Sr.Darcy e o Coronel Fitzwilliam jáestivessem lá, elasuspeitava que houvesse tensão.Se o Coronel estivesse sozinho, ela teriaque encontrar umamaneira delicada de recusá-lo. Se fosse só o Sr. Darcy –bem, então dependeria de como estaria oSr. Darcy. O Darcy que ficava emsilêncio, olhando-a fixamente? Ou

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aquele secamente humorístico?Ou aquele que gostava deinsultar, ou a paquerar, ou o brincalhão,ou o Darcy sombriamente obedienteou talvez um Darcy que ela ainda nãoconhecia? Irritante, essehomem complicado! O Coronel pareciaconfortavelmente simples emcomparação. Se elesnão estivessem lá, ela se sentariaem suspense, pensando quemiria aparecer primeiro. Ficarno quarto dela sozinhao dia todo estava começando a parecer atraente.

Ela não seria tão covarde, entãodepois de terminar seu chocolate quente,respirouprofundamente e desceu. Ela encontrou

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o Coronel Fitzwilliam na sala de jantarcom a bandeja de pãezinhos e bolos. Elea cumprimentou com seu habitual bomânimo, que serviu como um lembretede que sua amabilidade provavelmenteiria suavizar o caminho através dadiscussão difícil.

Se servindo deuma xícara de café, mais para que elativesse alguma coisa para fazer com asmãos, ela disse, "Você viu o Sr.Darcy esta manhã?"

Sua sobrancelha levantada mostrou que ele não tinha conhecimento daimportância da questão. "Ele já tinhasaído quando vim tomar café damanhã. A empregada disse que ele foipara o celeiro, o que querque isso signifique."

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"As pessoas pobres queforam desalojadas pela enchente, foramcolocadas no celeiro de um vizinho. OSr. Darcy tem sido bastanteconsciencioso e sempre vai ver se suasnecessidades estão sendo atendidas."Ela se perguntava se ele tinha saídocedo para lhe dar a oportunidade derecusar, em particular, seu primo.

"Ah, sim – Darcy é sempre o proprietário responsável, mesmo quando a terraenvolvida não pertence a ele."

"Ele parece levar a sério as suas responsabilidades." Ela estavadefendendo seu primo?

"Ele parece sentir alguma responsabilidade para agir como senhorio aqui umavez que nossa tia tende a dar paraseus inquilinos conselhos quando ela deveria dar

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assistência. Seu pai fazia omesmo quando estava vivo."

Elizabeth tomou um gole de seu café, semconseguir achar um modo de dizer comdelicadeza o discurso que ela tinhapreparado. Finalmente, ela resolveutocar no assunto. "Pensei muito nagenerosa oferta que você me fez ontem.Não consigo lhe dizer como fiqueihonrada de ser a destinatáriade tal oferta, nem como sou gratapor sua preocupação com o meu bem-estar e minha reputação.Você é realmente umdos homens mais amáveis queconheço..."

Ele segurou a mão para detê-la. "Srta. Bennet, embora eu não seja especialista em

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tais coisas, sei reconhecer o início deuma recusa quando a ouço. Devemos salvar aomenos o embaraço de discuti-la e simplesmente considerar o casoencerrado?"

Ela soltou um suspiro profundo. "Naturalmente, se isto é o que deseja, mas, porfavor, permita-me dizer quefiquei muito tentada e em outras circunstânciaseu teria provavelmenteaceitado com prazer."

"Em que circunstâncias - aproposta de Darcy ou apergunta se você já está comprometida?"Ele parecia tãodesinteressado como se eles estivessemdiscutindo um jogo de cartas.

"Ambas eu suponho. Nãogosto da idéia de não ter nenhuma escolha sobre

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com quem eu vou me casar, mas eununca poderia ser feliz sabendo que minha presença estariacausando um mal estar entre vocês,e não há nada quevocê possa dizer para me convencerde queeste não seria o caso. Você e o Sr. Darcy parecem mais irmãos doque primos, e eu não querointerferir numa amizade tão antiga."

"É este o argumento que vocêpretende usar para recusarDarcy também?"

"Deveria ser de um ponto de vistalógico, mas na verdade eu aindanão decidi. Eu tenho mais fé nasua capacidade de tolerar umadecepção do que ele. Eu estoudecepcionando as suas poucas

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esperanças. O Sr. Darcy tem lutadocom este assunto por muitosmeses. Tenho certezaque ele será capaz de me esquecer,se isso for necessário, mas eu suspeitoque ele se sintaprofundamente incapaz de esquecer esseassunto, se ele fosse obrigado a me vercasada com você."

"Em poucas palavras, vocêrealmente capturou onosso relacionamento, senhora. Inclino-me à circunstânciamuito mais facilmente doque o meu primo."

"Vou acrescentar a minha lista de comparações. Eu entendo quevocê pode ganhar do Sr. Darcy numaluta com

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pistola, mas não com uma espada, que é igual asua capacidade de jogar,e que sua habilidade de dar socossupera a dele, mas você não o superano boxe. Confesso quefico um pouco perplexa quantoao que pode ser diferença entre lutarboxe e dar socos, mas tenho queacreditar que essa diferença existe."

"Regras, Srta. Bennet," ele disse com um sorriso triste. "Boxe tem regras, e socosnão tem."

Desdeque ele parecia animado por provocá-la, ela disse, "Há outrascompetências em que vocês sãodiferentes?"

"Existem muitas. Ele perde nascartas – qualquer

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um pode ler a expressão dele parasaber quais as cartas que ele tem – mas tem os bolsos cheios para pagar asderrotas, enquanto eu som bom com ascartas, mas não tenho dinheiro parajogar." Ele balançou acabeça com um suspiro de simulação e, emseguida, sentou-se, abruptamente, alerta,olhando por cima do ombro, parafora da janela.

"Inferno e danação!" Ele correu emvolta da mesa e levou-a pelo braço, colocando-alonge da janela. "Peço desculpas, Srta.Bennet, mas peço-lhe para ir para seuquarto imediatamente e permaneça lá atéque Darcy retorne. Você deve se moverrapidamente agora."

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Surpreendida por sua veemência, ela perguntou, "Porque, qual é o problema?"

"Meu pai e minha tia estão vindopara cá, acompanhados, senão me engano, por umadvogado. Eles achamque você está noiva de Darcy, e isto vai ser uma cenaextremamente desagradável."

"Eu não tenho medo de enfrentá-los!"

"Mas eu tenho medo de deixá-lafazer isso, porque se vocêo fizer, Darcy vai pegar a espadadele e me cortarem pequenos pedaços, e ele estariacompletamente correto em fazê-lo. Seria mais gentil entregá-la para um

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pelotão de soldados de Napoleão. Porfavor, vá para o quarto, Srta. Bennet."

"Muito bem", ela disse. "Mas porque eles acham que eu estou noivade Darcy quando não estou?"

"Deixa pra lá. Vá agora e não desça amenosque Darcy esteja aqui, mesmo se euenviar alguém para chamá-la, nãoimporta o que você ouvir ou o quequalquer pessoa diga."

Ele levou-a emdireção a escada e chamouSally, instruindo-lhe paramandar um rapaz procurar Darcy,Elizabeth estava na escada, forada vista, quando ouviu som na porta dafrente. Ela pressionou-se contra a

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parede onde não podia servista, ouvindo atentamente o quefalavam.

O Coronel falou comuma voz diferente do que ela conhecia, "senhor,a que eu devo esta honra?"

"Onde está Darcy, maldito sejaele!" O barulho devia ter vindodo Conde.

"Por aí. Algo sobre o dilúvio." Ocoronel Fitzwilliam conseguiu umsom completamente entediado. "Vocêgostaria de um refresco? Aviso, queo conhaque daqui é um insultopara o nome conhaque."

"Aquela garota está aqui?" Lady Catherine soou como se tivesse comidopingentes de gelo no café da manhã.

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"A empregada? Como eu possosaber?"

"Essa pivete Bennet, seu idiota!""Ela? Ela provavelmente está

com Darcy. Porfavor, fiquem bem à vontade aqui – oh,perdoe-me, vejo que vocês já estão."

Lady Catherine perguntou, "Ele dissepara você que eles estão noivos?"

Ela não podia ouvir a resposta doCoronel, mas o Conde poderia serouvido na cidade vizinha. "Vocêdeveria ter acabado com esse noivado!"

"Eu fiz o meu melhor. Ele nãoquis ouvir, então eu tentei propor casamentopara a Srta. Bennet – até lhe disseque meu irmão estava doente e euera seu único herdeiro. Sem

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sorte, nem mesmo quando eu coloqueiem frente a elao título de condessa." Mais uma vez,ele usou aquele sotaque lânguido.

"Você deveria ter feito alguma coisapara ela ter que se comprometer comvocê, idiota!"

Não era de admirar que oCoronel Fitzwilliam não a quisesse nasala!

"Tentei, também, mas Darcy não adeixa fora de sua vista, dia ou noite. Eudeveria saber, eu tentei subir na janeladela ontem à noite. Uma pena, embora –ela seja um ‘pedaço’ demulher, e eu não teria me importado deprová-la. Oh, bem - não se pode tertudo, você sabe."

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O queixo de Elizabethestava caído. Que jogo ele estavajogando?

"Fique fora disso!" o Conde rosnou para alguém - talvez Lady Catherine?Elizabeth se perguntou se haveriasangue no chão no momento em que issoacabasse.

O Coronel disse "como descobriu tão rápido? Ele só me disse ontem ànoite."

"O tolo colocounos jornais! Temos que dizer que foi um erro."

A mão de Elizabeth vooupara a boca. Como podia estar nosjornais? Eles tinham ficadopresos aqui na casa esse tempo todo!

O som de passos apressados soouacima da conversa e, em seguida, ela

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ouviu a voz de Darcy. "Deus, Richard!Qual é o problema?"

"Você tem convidados," o Coronel faloulentamente.

Darcy deu algum tipo de resposta e, emseguida, exclamou: "Sr. Bennet?"

"Eu mesmo," veio à voz familiar,afiada e com raiva. "Você parece ter seesquecido da minha existência,então pensei que talvez fosse melhor lhelembrar que minha filha é menor deidade, e você não pode e nãose casará com ela semo meu consentimento, que, devoacrescentar, não tenho intenção de lhedar, agora ou nunca."

Elizabeth fechou os olhos e, emseguida, deslizou para baixo, pela

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parede, até que ficou sentada no chão, osjoelhos dobrados no peito. O pai dela! Ele deve ter ouvido todas ascoisas terríveis que o Coronel tinha dito.Isso tinha que ser um pesadelo.

"Não importa", o Condefalou. "Você não vai se casarcom ela, Darcy. Você sabeperfeitamente bem que tenho planospara você."

O Coronel disse em um tomsarcástico, "você tem planos, Lady Catherine templanos – Darcy, você tem toda a suavida planejada"!

Então era isso –o Coronel Fitzwilliam estavatentando colocar à ira de seu pai, longede Darcy. Apesar de tudo o

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que tinha acontecido entre os doishomens na noite anterior,aparentemente o vínculo antigo aindaexistia. O coronelestava desempenhando um papelpara ambos, porque ele sabia que Darcynão podia fazê-lo por si mesmo, e pelafacilidade com aqual ele fez isso, Elizabeth suspeitavaque não fosse a primeira vez.

Lady Catherine tinha ficadosilenciosa por muito tempo. "Ele vai secasar com a minha Anne, e ponto final.Aquelapivete pode ter enganado ele com suas artes eatrativos, mas eleestá prometido para Anne."

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"Fique quieta, Catherine! Ele pode acharuma esposa muito melhor do que a suaAnne."

"Ele deve se casarcom Anne! Ela precisa dele, e a mãe dele e eu planejamosesse casamento quando os dois aindaestavam em seus berços!"

"Não me importo se todos os Santos do céu planejaramesse casamento. Ele não vai se casarcom Anne. Se ela precisa se casarcom alguém, ela pode casarcom Richard."

"Quebom para mim," o Coronel observou. "Eu prefiroser o mestre de Rosings Park,

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especialmente depois que você semudar para Dower House, tia".

"Monstro ingrato!" choramingou Lady Catherine. "que fiz por você! Eu faço você serenforcado se você chegar perto de minhafilha."

"Que encantadora reunião de família," disse o Coronel. "Você não acha, Darcy?"Elizabeth enterrou o rosto nas mãos dela. O coronel estava certo –

se uma seleção dosmelhores soldados deNapoleão invadisse a casa, seria um alívio. Elaesperava que suas atitudes estivessemdando a Darcy um momentopara se recolher antes de atacar.

Darcy aparentemente tinha visto o suficiente. "Agradeço a todos vocês porcompartilharem suas opiniões comigo.Estou certo de que vocês têm apenas omelhor dos motivos. No entanto,

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o fato é que a minha escolha para ser aminha esposa é exatamente – a minhaescolha. Eu não tenho que obedecer aninguém senão a mim mesmo. Sr.Bennet, eu gostaria de falar com osenhor emparticular. Existem fatores aqui que osenhor não está ciente".

"Eu duvido. Aquele senhor já teve a gentileza de nos informar que vocêtem passado as noites no quarto daminhafilha. Não tenho nada para lhe dizer.Agora, onde está a minha filha?"

Elizabeth só podia imaginar o olhar de traição queDarcy devia estar enviando para oCoronel. Sua voz estavabastante irritada, quandoele disse, "Eu não sei o que lhe foi dito,

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mas nada de erradoaconteceu entre Elizabeth e eu.Ela vai dizer o mesmo."

"Darcy, eu sei que você vai ver a razão." O Conde foi aparentemente mudandode tática, agora era pura polidez."Não consigo imaginar você arriscando areputação de Georgiana dessa forma."

"Meu casamento não terá nenhumefeito na reputação de Georgiana. ASrta. Bennet é respeitável."

O Coronel falou, "você nãoentendeu o que ele disse Darcy.Isso foi uma ameaça. Se você insistir emse casar com a Srta. Bennet, ele vaitentar arruinar a reputação de Georgianaem retaliação."

Elizabeth não podia acreditar no queela ouvia especialmente quanto ao que o

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Coronel falou não como umanegação, mascomo silêncio. Isso era o fim dela,então. Ela não iria se casar com oSr. Darcy. Ela não iria vê-lo novamente.De repente, ela teve que voltar à sufocar um soluço. Quando ela começoua se importar com ele? Elamordeu a mão dela até doer.

Como ela poderia esperar queDarcy sacrificasse a irmãpor causa dela? Ele não podia. Não, elaseria deixada aqui sozinha,com sua reputação em frangalhos comnada para mostrar a não ser uma dor nocoração, tudo porque Lord Matlockassim queria.

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Quando Darcy começou a falar, Elizabeth cobriu seus ouvidos com as mãos. Elaentendia porque ele tinhaque renunciar a ela, mas não queria ouvi-lo dizer isso, ou iria ecoarem sua mente para sempre. Mas elapodia ouvi-lo de qualquer forma,falando com a mesma voz distante queela tinha ouvido na noite anterior. "Vocême oferece a escolha entre arruinara reputação da Srta. Bennet ou arruinar ade Georgiana.Eu dei minha palavra para a Srta.Bennet, e não vou retirá-la."

Asmãos dela estavam no peito agora,segurando seu coração que batia forte.Ele realmente disse isso? Ela sópodia imaginar o quanto estava lhe

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doendo – e tudo por uma mulher queainda não tinha aceitado sua proposta,mas a quem ele não permitiria sermachucada. Erademais para suportar. Até oCoronel parecia estar sempalavras diante desta reação.

Elizabeth nãopodia suportar. Sem pensar nas consequências, ela segurousuas saias e correu pela escada. Chegouperto deDarcy e colocou a mão no seu braço."Estou bastante surpreendida com tudo oque ouvi," ela disse com um falsobrilho. "Meu senhor, claro que o senhordeseja ver o seu sobrinhofazer um casamentobrilhante, mas ele me propôs casamento

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e eu aceitei, e temos um número detestemunhas para confirmar. Nãoo liberarei desse noivado. Antes que osenhor tente que ele volte atrás nopedido, peço-lhe para consideraros efeitos de uma quebrade promessa. Ele só teria que me pagarum acordo, é claro, mas todos saberãoque ele quebrou um noivadopublicamente reconhecido após comprometer a senhora em questão.Nessas circunstâncias, será que qualquercavalheiro, permitiria que sua filhacontraísse um compromisso com ele?Acho que não. Embora possa ser maissatisfatório para o senhorver tanto sua sobrinha quanto oseu sobrinho arruinados, não

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seria mais sensato concentrarseus esforços em fazer uma aliança brilhante para aSrta. Georgiana, uma vez queo caso do Sr. Darcy já está terminado?"Ela não se atreveu a olhar para opai dela.

O silêncio ao final dessadeclaração foi quebrado apenas porum bater de palmas do Coronel Fitzwilliam."Oh, bravo, Srta. Bennet! Falou parecendouma Fitzwilliam." Ele estava sentadoem uma poltrona, com umgrande copo de conhaque na mão. Eledeu uma piscadela rápida quando viuque ela estava olhando para ele. "Diga,Darcy, há mais desse medonho brandy?Esta foi a última da garrafa, e ainda

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não estou tonto suficiente paralidar com a minha família."

Ela enviou um arremetidoolhar de gratidão emdireção a ele por defender não apenasDarcy, mas a ela também, quando elenão devia nada a ela e tinha razão pararessentimento também.

"Tem outra garrafa no estúdio,"Darcy disse lentamente, mas elenão estava olhando para oseu primo. Seusolhos estavam fixos no rosto dela.

Foi nesse momento que Elizabeth percebeu que, em sua pressa impulsiva paradefender o Sr. Darcy, ela também tinhase comprometido a se casar com ele. Orosto dela ficou vermelho assim queela viu seu olhar, suas entranhas se

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agitaram com o conhecimento deque ela havia concordado em ser suaesposa, ser carne da sua carne, até quea morte osseparasse. Ele iria tomar posse docorpo dela, e ela iria viver ao seu lado.Era como se um vento tivesse voadoparafora dela, e ela tivesse esquecido como respirar.

"Você falou sério?" PerguntouDarcy num sussurro, suas palavrasdirigidas apenas para ela,como se ele tivesse esquecidoa presença de todos os outros.

Por algum motivo, a dúvida dele fezcom que ela se esquecesse dos seuspróprios problemas. Eles ainda podiamdiscordar em muitas coisas, mas de

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alguma forma iriam resolver isso juntos,e essa idéia a fez se sentir levecomo o ar, e como se o sol tivesseacabado de nascer. "Eu faleisério," disse, em seguida, com um sensode ousadia, ela se levantou na ponta dospés e sussurrou em seu ouvido, "sobreo casamento com você, – não aoutra parte." Não ter nenhuma reputação paraarruinar, ela descobriu, podia ser muitolibertador.

Um sorriso tranqüilo apareceu norosto dele. Ele segurou as mãos dela nasdele, uma rajada de fogo correndo entreos dedos entrelaçados.

Então o coronel queestava de pé, balançou ligeiramente acabeça. "Oh, por favor, Darcy.

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Você pode estar feliz, mas é demasiadocedo para sujeitar-me a sua exibiçãoamorosa."

O Conde virou para enfrentar oseu filho. "Você não vale nada seuingrato! Você é uma vergonha para onome Fitzwilliam."

Richard levantou o copo dele como se fosse examinar o conteúdo. "Umavergonha para o nome Fitzwilliam?Minha memória deve estar falhando.Porque o nome Fitzwilliamnão é mais tão orgulhoso comofoi? Poderia ser por que..."

"Miserável!", gritou o Conde.Elizabeth perdeu a noção da gritaria

quando o pai dela se aproximou deles,seu rosto duro. Ele parecia não verDarcy. Em vez disso, a abraçou com um

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aperto doloroso e disse,"Vamos embora."

"Não podemos ir embora, nãocom..."

Seu rosto ficou roxo. "Você vai me obedecer. Eu fuimuito relaxado com você, e eu estoupagando por isso agora."

Darcy disse, "Sr. Bennet, temos muito a discutir, mas talvez possamos fazer isso láfora."

"Não tenho nada para discutir com você"Por

favor, eu sei você está zangado, mas não podenos dar um momento e ouvir oSr. Darcy – e me ouvir? Isso não é o queparece, e..."

"Basta. Você está sob minha responsabilidade e sob minhas ordens e seeu digo que vamos você vem comigo."

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Elizabeth quasenão reconheceu o homem que estava diante dela. "Mas..."

Darcy pediu mais umavez. "Sr. Bennet, peço que me dêalguns minutos do seu tempo."

"Você não tem o direito de me pedirisso, e solte a minha filha!"

Olhando perplexo, Darcy largou amão dela, procurando o rosto deElizabeth como se quisesse algumapista. "Eu tenho o maior respeito pela sua filha, senhor."

"Sim, você a respeitou durantetodos osdias e todas as noites, me disseram!" OSr. Bennet puxou o braço de Elizabethaté que ela o seguiu parafora da sala de estar e, em seguida, pelaporta da frente.

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Elizabeth jogou um olhar desamparado porcima do ombro para Darcy. "Papai, issonão é verdade. Não sei porque o Coronel Fitzwilliam disse issoa menos que fosse paraimpressionar seu pai. O Sr.Darcy poderia ter se aproveitado daminha situação indefesa,mas ele não quis."

"Isso explica porque ele anunciou seu noivado sem falar comigo primeiro, eusuponho." A voz do Sr. Bennet vibroucom sarcasmo.

Uma vez do lado de fora dacasa, Darcy andou até eles, parou emfrente ao Sr. Bennet e puxou Elizabethpara perto dele. "Lá na casa elesestavam inventando razões, queeu ficaria feliz em lhe

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explicar se apenas o senhor me permitirfazê-lo!" Sua calma aparenteestava começando a acabar.

OSr. Bennet o ignorou e continuou emdireção a estrada, em direção a pontearruinada.

Elizabeth tentou novamente, falando mais devagar desta vez. "Eu não entendo.Você não age assim." Emborao pai dela tenha sido forçado aouvir coisas terríveis sobre ela – coisasfalsas - ela não pensaria que algumacoisa poderia colocarseu pai, normalmentedescontraído, num estado como este. Oque poderia ter acontecido com ele?

Seu pai ignorou-a, assim como ele tinha ignorado o Sr.

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Darcy, o que a deixou ainda maispreocupada. Não era assim que ele agia.Será que ele estava febril ou doente dacabeça?

"Sr. Bennet, enquanto eu entendo seu desejo de levar sua filha para longe daqui,não acho que esse seja o melhorinteresse para nós, não discutir o que vaiacontecer a seguir. Eu teria ficadomuito mais feliz de pedir permissãoprimeiro para o senhor, masera impossível no momento.Qualquer atraso no anúncio resultariaem danos à reputação da Srta.Elizabeth e iniciaria os rumores deque eu iria me casar com ela somentepor necessidade. Se parecesse que onosso noivado tinha acontecido antesdas inundações, ela estaria protegida."

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"E nunca ocorreu a você,que eu poderia não lhe dar permissão?"

Darcy olhou para Elizabeth em confusão. "Não, senhor, issonunca me passou pela cabeça. Sua filhafoicomprometida pela minha presença, mas não por minhaculpa. Eu sou bem capaz de sustentá-la, sou de boafamília, eu a amo, e agora também tenho aresponsabilidade de me casarcom ela. Se eu estivesse me recusando ame casar com ela, o senhor teriatodo o direito de estar furioso comigo, mas eu

"Oh, sim, eu vi sua boa família, Sr. Darcy, e você vai me perdoar se eu quero queminha filha não tenha absolutamentenada a ver com eles.Prefiro ver Lizzy desonrada e sozinha aser tratada com tal desrespeito.

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Talvez suas dez mil libras por ano sejamsuficientes para convencerqualquer outro pai, mas você não temnada a oferecer a elaque eu valorize. Você provavelmente já arruinou a vida dela, e isso é mais queo suficiente.

"Papai, por favor! Eu quero mecasar com ele."Havia uma ponta de desespero emsua voz. Quanto mais deinsolência ultrajante o Sr.Darcy iria tolerar antes de decidir queela não valiaà pena? "Ele é um bom homem!"

O Sr. Bennet parou a poucos metrosda borda das águas do dilúvioonde um velho tripulava um barcoa remos. "Quando você tiver idade, eu

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não vou te impedir de se casar comquem você quiser, mas até lá, você nãopode casar com alguém sem a minhapermissão. Eu não dou minha permissão.Isso é o fim do caso."

O rosto deDarcy empalideceu. "Planeja,colocar uma retratação nos jornais?"

Os lábios do Sr. Bennet seapertaram. "Não, isso seria simplesmente chamar mais aatenção para a questão."

"Obrigado, senhor." Ficou claro que as palavras custavamcaro para Darcy. "Então podemosesperar, se necessário, atéque Elizabeth sejamaior de idade. Quando será isso?"

Elizabeth lançou um olhar desesperado para o pai dela. "Não até dezembro.Boxing Day – 26 de dezembro - eu sou

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um bebê de Natal.""Dentro de poucos dias eu vou te

procurarem Longbourn, e então discutiremos maissobre esse assunto."

O rosto do Sr. Bennet ficou ainda mais vermelho. "Vocênão vai fazer nada disso, Sr.Darcy. Você não tem permissão para procurar Lizzy. Se pisar em Longbourn,vou ter que o levar perante o magistradopor invasão depropriedade. Você não deve escreverpara Lizzy ou tentar contatá-la de qualquer maneira."

"Senhor, não duvido da sua autoridade para definir qualquer regra que vocêescolha, mas isso irá simplesmentecausar mais conversas e fazermais mal à sua filha!"

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Elizabeth acenou com a cabeça nadireção de Darcy. Comcerteza seu pai voltaria a ter seussentidos novamente,e discutir com ele agora só pareciapiorar as coisas. "Não precisamosdecidir tudo agora. Vamos termuito tempo para discutir isso maistarde." Ela esperava que ele entendessea mensagem, que um argumento racionalnão poderia dissuadir o pai delanesse momento.

OSr. Bennet pôs uma mão nas costas deElizabeth e a empurrou para o barco.Ela começou a bufar assim que aágua gelada do rio bateu em seuspés, correndo por suas botas e meias,

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que ficaram imersas em questão desegundos. Ela subiu no barco, que mexeuprecariamente até que ela se sentouem um dos bancos. O barco balançoumais uma vez quando o Sr.Bennet entrou.

Darcy lutava para se acalmar. "Vouaguardar uma solução melhor doque esta que está aparecendo nessemomento." Em seguida,a emoção pareceu superá-lo. "Meucoração é seu, Elizabeth, e nadapode mudar isso. Posso ser paciente atédezembro, se for preciso.Espere por mim, eu imploro, nãoimporta o que aconteça."

Lágrimas quentes jorravam nos olhos dela, enquantoo barqueiro usava seu remo para se

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afastar da beira do rio.Ela tentou formar as palavras para dizer-lhe que iria esperar por ele,mas a voz dela a tinha abandonado.

Comseus olhos ainda fixos em Elizabeth, Darcy disse para o barqueiro, "Volte aquidepois que os levar para o outro lado dorio."

O homem cuspiu na água comoresposta e começou a remar.

Elizabeth sevirou para olhar para Darcy mais umavez, enquanto o barqueiro lutava paralevar o barco através daságuas agitadas ainda carregadas comgalhos soltos e detritos, tirando osobstáculos com seu remo. Levou apenas

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alguns minutos para o barcochegar ao outro lado do rio.

Darcy ficou olhando Elizabeth e oSr. Bennet, até que elesdesapareceram de vista.Ele esfregou uma mãocansada em seu rosto, edificilmente conseguia acreditar no quetinha ocorrido – a alegria de Elizabeth em aceitá-lo de bom grado e, em seguida, vendo-aser arrancada dele, talvez por meses.Ele precisava encontrar umamaneira de se comunicar com ela,mas isso teria que esperar até que eletivesse lidado com a sua família.Cansado, se afastou do rio e andou de

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volta até a colina, em direção a casaparoquial.

***

E pensar que há apenas uma hora, Elizabeth tinha estado preocupada emcomo ela iria, gentilmente eeducadamente, recusar a oferta decasamento do Coronel! Há um dia, elateria ficado aliviada de ficar longe deDarcy. Tanta coisa tinha mudadodesde então. Seu pai tinha se tornadoum virtual desconhecido para ela.Ela arriscou um olhar para ele, mas seurosto ainda estavafechado, sem nenhum sinal deseu divertimento habitual.

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A caminhada para Rosings pareceu demorar mais doque o habitual e não apenas porqueseus pés estavam espremidos dentro desuas botas. Ela não tinha esperança deconseguir meias secas quandochegassem a Rosings; todas as suasroupas estavam na casaparoquial. Ela teriaque viajar até Longbourn com ospés molhados? O que foi que Darcytinha dito uma vez – oque são cinqüenta milhas de estrada boa? Euchamo de uma distância muito fácil.Metade da viagem que iria durar um dianão parecia fácil com meias molhadas.

Pensando na conversa, ela seperguntava como ela nunca tinhapensando que os dois dariam uma

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combinação perfeita. Ela tinhaestado cega. Agora, que ela finalmentepodia ver claramente, era tarde demais.

O Sr. Bennet a tinhalevado direto para os estábulos onde uma carruagem aberta estavaesperando por eles. "Prepareos cavalos. Vamos deixar Rosingsagora," ele anunciou ao cocheiro.

O cocheiro murmurou concordando ecorreu para preparar a carruagem.

O cocheiro tinha acabado de colocaro arreio no segundo cavalo quandoCharlotte veio correndo emdireção a eles. "Lizzy, estoutão feliz em te ver! Você está bem? É verdade queDarcy estava com você? O Coronel

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Fitzwilliam conseguiu chegar à casaparoquial?"

Elizabeth ensaiou um sorriso. "Ambosos senhores estão a salvo na casaparoquial". Se pudesse ser chamadoseguro o local enquanto o Conde e LadyCatherine permanecessem nele, cheiosde raivas.

"Você já está indo embora?"O

Sr. Bennet bufou. "Você acha que eu ficaria aquium minuto a mais do que onecessário? Se a distância até o posto detroca não fosse de dez milhas, eu nemteria passado por aqui."

"Mas o Sr. Darcy..."

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Elizabeth acenou com a cabeça para aamiga. "É melhor não mencioná-lo."

"Vocês não romperam relaçõescom ele, certo?"

"Eu não". Elizabeth assentiu coma cabeça em direção a seu pai.

"Bem, estou muito feliz por você. Sempre achei queele a admirava, mas você temsido muito furtiva comigo."

"Vou escrever para você, eu prometo. Porfavor, agradece ao Sr. Collins por mim,e diz para ele que eu gostei muitoda minha visita e que eu sinto muito queela tenha sido tão curta."

"Dentro do carro agora, Lizzy," disse o Sr. Bennet.Charlotte tirou suas luvas. "Aqui, Lizzy, leve minhas

luvas e meu chapéu. Você não podeviajar dessa

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maneira. Lamento que as luvas sejam grandes para você,mas é melhor do que nada."

Elizabeth não tinha pensado comoela estava tão mal vestida, não queseu pai lhe tenha dado alguma escolha.

"Mas você não vai precisar de luvase chapéu para retornar para a casaparoquial?"

"Eu pegoemprestada uma touca da Sra.Jenkinson." Charlotte desamarrou seugorro e colocou-o na mão de Elizabeth.

"Obrigada, Charlotte". Com um olhar arrependido sobre sua amiga, Elizabethentrou na carruagem. "Você poderiaenviar meus pertences paraLongbourn quando tiver umaoportunidade?"

"É claro".

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A estrada estava toda esburacadapor causa das chuvas, tornando a viagemdesconfortável. Elizabeth desejou que alateral do carro fosse maior, para queela pudessereclinar sua cabeça. Se ela pudessefechar os olhos, ela poderia fingirque nada disso era real.

Após passar mais ou menosum quarto de hora, o Sr. Bennet dissevivamente, "bem, Lizzy, você nãotem nada a dizer para se defender?"

Seu rosto agora parecia tão calmo como sempre, oque a fez ficar com raiva dela própria.Como ele tinha ousado tratá-la comouma criança, e agora esperava que tudovoltasse ao normal, apósdeixarem Rosings? “Não.”

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"Não?"Elizabeth enunciou

cada palavra lentamente e comcuidado. "Não, senhor, eu não tenho."

"Não é necessáriovocê ficar amuada," ele repreendeu.

"Não é necessáriovocê se recusar a ouvir!"

"Lizzy," ele disse em um tom de aviso.Ela virou-

se para esconder as lágrimasnos cantos dos olhos dela. "Você jádecidiu. Você foi juiz e júri sem pararpara ouvir as provas, e eu estou sendolevada como um criminoso,para a cadeia. Você terá que me perdoar

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se eu parecer não estar inclinada aconversar."

"Mas o anúnciooficial de seu noivado sem um pedidopara mim não é motivo suficiente paraque eu possa julgar?"

"Que anúncio público? Não faço idéia como você ouviu sobre o noivado,uma vez que ele não existiu até hoje demanhã!"

"Eu ouvi sobre ele,de sua mãe, que ouviu desua irmã Phillips, que ouviu da Sra.Long, que leu no jornal da manhã – damanhã de ontem, oque é muito oportuno uma vez que ocompromisso não aconteceu até hoje!"

Ela se lembrou então queo Coronel Fitzwilliam tinha dito algo sobre um anúncio

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nos jornais no início daqueleencontro horrível com o Conde, e que Darcy tinhadito a mesma coisa para o pai dela maistarde. Eles deviamsaber algo sobre isso mesmo que ela nãosoubesse. Será queDarcy estava tão certo de si mesmo quecolocou o anúncio mesmo antes delerealmente proporpara ela? Isso não fazia sentido. Tudo oque ela sabia de seu caráter sugeriaque ele gostava de seguir o procedimento habitual,ainda que de alguma forma o anúnciotivesse sido publicado, e ele não tinhadito nada para ela. Será que ele estavatão certo que ela diria sim para ele,ou simplesmente a sua opiniãonão importava para ele? Ela se esforçou

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para recordar o que Darcytinha dito sobre o assunto –algo sobre proteger sua reputação.

"Eu não sabia sobre o anúncio.""Ha! Então é assim que o seu

Darcy mostra respeito por você bem comopara mim! Como pode pensarem se casar com um homem que não irianem mesmo consultá-la sobrealgo dessa magnitude – e antes mesmo que você estivessenoiva! Você está melhor sem ele, Lizzy."

"Eu não querome livrar dele. Tenho certezaque ele tem uma explicação."

"Uma explicação que elenão pode ficar incomodado emdar, mesmo para você?"

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Não havia nada que ela pudessedizer. O comportamento deDarcy nos últimos dias tinha sido osuficiente para convencê-la que elenão agia por impulso, ou sem ter alguma razão, mas o pai dela não tinha motivospara acreditar nisso.Ela não condenaria Darcy antes deouvir a explicação dele,não depois de ter errado ao ouvir o Sr.Wickham, que tinha enchido sua cabeçacom as suas mentiras.

Felizmente, eleslogo chegaram à cidade. Eles aindateriam que esperar uma hora, mas nãohavia privacidade no posto de trocaou no coche para eles continuarem aconversa. Elizabeth era grata por este

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adiamento. Ela preferiria ficarespremida entre meia dúzia depassageiros do que estar sozinho com o pai dela.

Quando eles chegaram a Londres, para sua surpresa,seu pai contratou uma carruagempara levá-los à residência dos Gardinersna Rua Gracechurch, ao invés de pegar uma carruagempara Meryton. Eles chegaram à casa dotio antes de escurecer. Vendo arecepção que sua tia deu a eles,ficou claro que o pai dela não ostinha avisado desta visita comantecedência.

Jane correu para abraçá-la,derramando lágrimas defelicidade ao ver sua amada irmã. A Sra.Gardiner ofereceu refrescos,

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mas Elizabeth disse que tudo o que elaprecisava era um sapato secoe um lugar para descansar. Se deitarnão era o que ela realmente desejava,tudo o que ela queria era ficarlonge de seu pai. Ela quis sabervagamente como ele planejavaexplicar sua estranha chegada para osGardiners.

Foi quase engraçado; depois de três dias desejando acima de tudo escapar da casaparoquial, agora que ela tinhaconseguido, ela não queria nada mais doque retornar para lá. Não, não era a casaparoquial...- ela queria Darcy. Eleentenderia o que ela estava sentindo eiria fazê-la sentir-se melhor sobre isso, e além disso, dealguma forma, ele encontraria uma

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maneira de resolver os problemasque ela estava enfrentando.

Em vez disso, ela tinhaJane, que exclamou com simpatia sobre a pele brancae encolhida dos pés dela, quandoela finalmente foi capaz de remover suasbotas na privacidade de seu quarto.Sua irmã queria massageá-los para queeles ficassem mais quentinhos, masElizabeth disse: "não, eu devo lavá-los primeiro. É água de inundação,e isso pode levar a uma doença." Queera o que o Sr. Darcy diria, ela pensou.

"Houve uma enchente em Kent? Estão todos seguros?""Todo mundo que você

conhece. Alguns pobres aldeões foram levadoscom a enchente." O que pensaria apequena Jenny agora que Elizabeth

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tinha desaparecido, assim como ospais dela? Ela só podia esperar que oSr. Darcy explicasse isso para a garota."Haviauma garotinha com uma perna quebradaque eu ajudei a cuidar.O resto da família dela morreuna enchente."

"Ah, pobre criança! E vocêteve que sair por causa da enchente?"

"Tive que sair porque nosso pai serecusou a permitir-me a permanecer lá."As palavras trouxeram de volta aamargura da traição, e libertouas lágrimas que ela teve que segurar.Ela cobriu o rosto com as mãos e chorou.

Imediatamente braços daJane estavam ao seu redor. "Querida Lizzy, qual é o

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problema? O que aconteceu?""Muita coisa.

Tanta coisa aconteceu. Não sei nem poronde começar."

Jane colocouum lenço na mão dela. "Diga, embora -eu já esteja imaginando os maisterríveis acontecimentos!"

Elizabeth soluçouatravés de suas lágrimas e, emseguida, enxugou os olhos. "Não éterrível, mas é terrivelmentechocante. Hoje, por exemplo – eurecusei uma proposta decasamento do segundo filho do Conde deMatlock e aceitei uma oferta do Sr.Darcy e conheci o próprio conde que éhorrível, horrível com todo mundo.

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Eu tive minha reputação completamentearruinada, e então nosso pai jurou que alémde não me permitir que eu me casecom Sr. Darcy, eu também não posso vê-lo, falar com ele ou escrever-lhe. Eessa foi a minha manhã!"

Jane deu um suspiro, e, em seguida,começou a rir. "Oh, Lizzy, você tinhaque me enganar por um momento! Eupensei que você estivesse falandosério."

"Eu estou falandosério. Isso é precisamente oque aconteceu. E agora estou aqui,noiva, mas proibida de ver o meu amadoe completamente em desacordocom nosso pai, queparece ter ficado completamente louco!"

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"Você está realmente noiva do Sr.Darcy?" Jane pareciadescrente. "Mas eu pensei que você nãogostasse dele."

"Eu não gostava, mas – oh, Jane, eu levaria metade da noite para te contartudo o que aconteceu! E eu não seicomo vouenfrentar o nosso pai de novo, ou atémesmo nossos tios depois que ele contara versão dele – ele entendeu tudoerrado e se recusou a me ouvir.Foi como se um demônio tivesse seapoderado dele. Ele não permitiu que oSr. Darcy explicasse nada para ele. Foihorrível em todos os sentidos!" Asmãos de Elizabeth tremeram quandoela apertou o lenço.

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Jane, ao ver sua amada irmã tão estranhamente distraída, implorou praque ela se deitasse na cama,enquanto ia buscarum chá e um tijolo quente para os pésdela. Elizabeth, se sentindo a maismiserável das mulheres, a obedeceu.

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Capítulo 10Jane voltou carregando uma bandeja de chá. "A empregada deixou um jarro deágua quente para que eu possa lavar osseus pobres pés."

"Não há nenhuma necessidade para isso. Eu não estou doente; eu posso fazerisso sozinha."

"Mas isso fará eume sentir melhor, se posso fazer algo para ajudar." Janederramou um pouco de leite na xícara deElizabeth e, em seguida, levantou o bulede chá.

"Muito bem." Elizabeth assistiu o chá fumegante cair em uma linha suaveem sua xícara. Água, água, em todos oslugares. Em seguida, percebendo queela não tinha sido cortês coma irmã dela, ela se sentou na cama eacrescentou: "Obrigada."

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Jane colocou o jarro, a bacia ea toalha ao lado da cama e, em seguida,ajoelhou-se no chão. Ela pegou o pé deElizabeth na mão dela e segurou-o sobre a tigela. Quando eladerramou um pouco deágua quente sobre o pé, Elizabeth sentiucomo se seu pé estivessequeimando. "Eles devem estarainda mais frios do que eupensava," ela disse.

Deixando de lado o jarro, Jane mergulhou a toalha dentro da tigela, eem seguida, suavemente, massageou opé da irmã. Sem levantar a cabeça, eladisse, "Vamos jantar daquià uma hora, mas eu disse para anossa tia que você estava praticamente

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dormindo e provavelmente não desceria.Espero que tenha feito o certo."

"Deus te abençoe, Jane! Eu estavatentandopensar em uma desculpa. Eu não achoque possa enfrentar todosaqueles olhos acusadores."

"Não consigo imaginar nossos tios tecondenando."

"Não pensei quenosso pai seria capaz também!"

Jane acenou com a cabeça. "Estou certa deque ele deve ter tido boas intenções.Talvez haja algo que não saibamosque justifique o comportamento dele.É difícil imaginar – uma vez que o Sr.Bingley pensa tão bem do Sr. Darcy - e

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é muito difícil imaginá-loum canalha total."

"Ele não é um patife! Há um vilão, mas o nome dele é George Wickham.""Mr. Wickham! Não acredito. Suas

maneiras são de um cavalheiro.""Aparentemente o

comportamento dele nem sempre coincide como seu caráter. Isso é outra coisa que euaprendi." Elizabeth se inclinou para trás.Talvez um dia seus pés ficassemquentes outra vez.

A porta do quarto se entreabriu. Acara da Sra. Gardiner apareceu na abertura. "Oh! Desculpe-me por entrar sembater, Lizzy. Pensei que você já estavadormindo, e estava à procura de Jane".

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"Entre, tia," Elizabeth disse resignadamente. "Você é sempre bem-vinda, é claro."

Jane olhou para a tia. "Lizzy veio portodo o caminho desde Kent com asmeias e os sapatos molhados."

"Não me deram outra opção, e dequalquer maneira, eu não tinhasapatos secos comigo. Jane euespero que você possa meemprestar sapatos e roupas.Deixamos Hunsford apenas com asroupas que estou vestindo."Com uma pontada de dor no coração, elaviu queseu manto tinha sido deixado para trás, omanto que Darcy tinha lhe dado de

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presente. Charlotte não saberia queera dela. De algumaforma essa perda parecia pior doque todo o resto.

"Qual eraa grande pressa?" Perguntou a Sra.Gardiner.

"Isso eu não posso lhe dizer. Asenhora terá que perguntarao meu pai. Ele não lhe contoua história?"

"Não. Ele está fechadocom seu tio desde que vocês chegaram."

"Bem, quando eles determinaremo meu destino, sem dúvida eu sereiinformada. Se eu for afortunada, destavez eu não serei arrastadasem uma razão."

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"Tome cuidado, Lizzy; esse discursoestá me parecendo fortemente amargo.Seu pai está preocupado com suareputação."

Elizabeth se forçou a ficar sentadanuma posição ereta. "E eu não tenhomotivos para sentir-me amarga? Ele nãopermite que Lydia e Kitty corram soltas? Elas têm saídosozinhascom oficiais mais vezes do que consigome lembrar. Ambas vivem flertando comos oficiais, enenhum homem decente consideraria secasar com uma delas, mas isso nãoperturba meu pai. Mas quando eu ficonoiva de um cavalheirorico e respeitável e de boafamília, e fiquei sozinha com ele porque

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foi um ato de Deus, ele recusa o seuconsentimento – ele se recusaa falar com ele – porque ele não gostado fato de que foi publicado um anúnciono jornal cedo demais!Pelo menos houve um anúncio, oque é melhor do que o tipo de desgraçaque Lydia e Kitty trazem para nós. O Sr.Darcy foi de alguma forma, muitocuidadoso. Não vejo por que eudevo ser tratada como uma idiota e umacriminosa por ter aceitado uma ofertaexcelente." Ela irrompeu em lágrimas comesse último lembrete.

A Sra. Gardiner se sentou aolado dela e apertou sua mão."Então é verdade, então,você está noiva do Sr. Darcy? O Sr.

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Darcy de Pemberley? É além daminha compreensão, desdeque eu vi Pemberley. É mais doque apenas uma casaricamente decorada; os motivoslá são deliciosos e tem algumasdas melhores madeiras do país. A menosque o Sr. Darcy tenha conseguido jogarfora toda sua fortuna, não vejo qual poderia ser o problema.Você nos disse que ele é orgulhoso – será que seu pai se opõe ao casamentopor causa da maneira como ele tratou obom Sr. Wickham?"

Elizabeth fechou osolhos e esfregou sua têmpora."Não houve nenhum tratamento erradopara o Sr. Wickham. Tudo o que eledisse era mentira."

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Jane secou os pés deElizabeth com uma toalha limpa. "Lizzy, você não tocou noseu chá. Por favor, beba um pouco;você vai se sentir melhor. Tambémtrouxe alguns bolinhos de passas."

"Não estou com fome"."Quando foi a última vez que você comeu?"Elizabeth conhecia

esse tom. "Esta manhã". A última vezque ela comeu tinha sido no café damanhã junto com o CoronelFitzwilliam. O pai dela tinha compradocomida para eles naparada, mas Elizabeth estavaperturbada demais para comer qualqueralimento. "E, por favor, eu não querodescer para jantar. Vou comer algo aquise eu tiver fome."

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A Sra. Gardiner encontrou osolhos de Jane. "Meu maridopediu uma bandeja de carnes frias paraeles comerem no estúdio ao invés decomer na sala de jantar. As criançasjá comeram no quarto delas. Então nóstrês podemos tomar nossa sopa aqui."

Não fazia sentido em resistir.

***

Eventualmente, Elizabeth sucumbiu à sondagem suave daSra. Gardiner e revelou a maiorparte de sua história. Ela teve o cuidado de deixar de fora certaspartes, como o que ela tinha ouvido doCoronel sobre o papel queDarcy desempenhou na separação de

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Bingley e Jane. Isso eraalgo que ainda precisava ser resolvidoentre eles, apesar de suainclinação agora ser assumir que osmotivos de Darcy tinham sido bons,mesmo que ela discordasse desuas ações. Tambémnão havia nenhuma razão para contar todos os detalhesdo que tinha acontecidoentre ela e Darcy. Jane tinha ficadobastante chocada com o simples fatode que Darcy tinha passado anoite na mesma casa com ela. Sua preciosa lembrança deter sido mantida apertada nos braços deDarcy era algo que ela queriamanter para ela mesma.

"Então, você vê, nós tivemos muito pouca escolha anão ser fazer o melhor de uma

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situação que se apresentava. O Sr.Darcy, facilmente poderia ter tiradovantagem de mim, mas ele escolheu nãofazê-lo." Pelo menos não muito, ela secorrigiu silenciosamente.

Jane disse hesitante, "Nosso pai se explicou maistarde?"

"Não. Ele só perguntou se eu tinha algumacoisa a dizer para mim mesma, comose eu tivesse feito algo errado.

A Sra. Gardiner franziua testa. "Isso pode não ser a maissábia atitude a tomar, Lizzy.Eu entendo porque você estáressentida, mas receio que sua raiva só podelevar seu pai a sermais teimoso em sua posição. Se ele achaque você aceitou a situação, ele pode

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eventualmente ser persuadido a teouvir."

"Eu não vou renunciar ao Sr.Darcy! Se tenho que esperar até ter idade para vê-lo, então vou esperar, mas não voufingir o contrário."

"Não peço que vocêminta minha querida; apenas paravocê tornar mais fácil para o seupai ver os dois lados da questão."

"Então ele pode ser injusto comigo, e eu devo sertoda doçura em troca?"

"Ele é seu pai e ele tem poder sobrevocê. Minha sugestão é apenas paraarrumar a cena para que ela seja maisfavorável para você."

"Eu vou considerar isso", Elizabethdisse petulante. "É mais provável que

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ele vá para sua biblioteca e esqueçatudo, se ele acharque eu aceitei seus ditames."

"Será melhor vocês continuaremem conflito?" Como Elizabeth não tinhanenhuma resposta para isso,acrescentou, "mas deixe-nosesperar para que possamos descobrirmais. Seu tio vai entender, sem dúvida,as motivações do seupai e poderá ser capaz de nos ajudar.Deve ter muito mais por trás desseassunto do queaparenta. Como você disse isso é forado normal para ele."

"Se eu escrever uma carta, vocêenvia para o Sr. Darcy para mim?"

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ASra. Gardiner mordeu o lábio. "Não, Lizzy, eunão posso," ela dissesuavemente

"Não quando seu pai proibiu isso."Elizabeth desviou o olhar. Essa era a

sua única esperança.

***

Depois de uma noite de insônia, Elizabeth decidiu que oconselho da sua tia tinha algum mérito.Usando um dos vestidos deJane, ela desceu para o café damanhã com uma aparência de calma,apesar de não conseguir sorrir parao pai. Ela comeu o suficientepara aliviar a preocupação de qualquer

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pessoa que podia estar observandoseus hábitos. Elaouvia sem comentar, enquantoos outros discutiamseus planos para o dia. O paidela não feznenhuma referência ao dia anterior oua qualquer assunto relacionado à Kent.

Após o café, ela cedeu o pedidode seus primos para lhes contar umahistória. Ela era uma das primasfavoritas deles, por causados contos fantásticos que inventavapara eles, e pensou se neste dia elaestaria um pouco mais pálida do que decostume, apesar deles não terem sequeixado.

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Uma vez que as crianças foram paraa sala de aula, a Sra. Gardiner sugeriuas sobrinhas que elas saíssem para fazercompras. "Precisamoscomprar alguns artigos para Lizzy umavez que não sabemos quando suas malasvão chegar."

"Imagino que Charlotte já os envioupara Longbourn, desde que não falamosque iríamos parar em Londres," Elizabeth disse. "Mas não vouprecisar de nada se eu estou indo paracasa nos próximos dias, e se eu for ficaraqui mais tempo, imagino que as malaspossam ser enviadas para cá."

"Você é bem-vinda para ficar aquipor quanto tempo quiser," sua tia dissecalorosamente.

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"Obrigada. Estou sempre feliz em te ver, mas acho que não cabe a mim."Elizabeth olhou para o pai dela.

OSr. Bennet abaixou o jornal que ele estava lendo."Eu ainda não decidi quando nósretornaremos". Seu olhar voltou-se para o papel.

A Sra. Gardiner encolheu osombros levemente. "Bem, então, você e Janeprecisam buscar seus gorros e luvas. Euvou lheemprestar um xale, Lizzy. Não quero que pegueum resfriado!"

Elizabeth optou por não falarque ela tinha ficado ao ar livre no diaanterior sem um xale.Pelo menos ela tinha o manto eas luvas, e hoje os pés dela não iriam

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ficar molhados. Suasbotas ainda estavam um poucoúmidas apesar de terem ficado nafrente do fogo toda anoite, mas um par de meias de lã quentesfaria uma barreira adequada.

Quando as duas irmãs voltaram parabaixo, e estavam preparadas para sair,encontraram a Sra. Gardiner, ainda nasala de estar conversando com seu pai.

O Sr. Bennet tinhadobrado seu jornal e ocolocado de lado. Levantando-se dacadeira, ele se aproximou deElizabeth e estendeu a mão. "Eu ficocom a carta, Lizzy."

Elizabeth levantou seu queixo. "Que carta?"

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"A carta para o Sr.Darcy que tenho certeza que você escondeuentre suas roupas – a que você estáquerendo postar enquanto estiverfora e eu não estiver vendo."

Naquele momento, Elizabeth detestava-o. Lentamente ela enfiou a mão nobolso e mostrou para ele umenvelope, mas em vez de entregá-lo a ele, ela correu para a lareira eempurrou o envelope diretamente para aparte mais quente do fogo. A tia pegou amão dela, batendo nas faíscas quepermaneceram na sua luva.

Elizabeth olhou friamente paraas marcas chamuscadas.Ela teria que comprar um novo par deluvas para

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Charlotte. "Nós vamos agora?" ela perguntou com umbrilho falso.

OSr. Bennet estendeu uma mão para detê-la. "Não, até que eu tenha a sua palavrade que você não vai tentar escrever parao Sr. Darcy ou vai contatá-lo de algumaforma, diretamenteou através de outra pessoa."

Elizabeth levantou os olhos paraele. "E se eu não te dera minha palavra?"

"Então você vaificar no seu quarto até o momento como você está estiverpreparada para dar."

O sorriso com o qual ele de seu ultimato abalouo temperamento frágil de Elizabeth quejá estava além do seu

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ponto de ruptura. Ela removeu as luvas e a capae colocou-os sobre uma mesa pequena."Então eu vou para o meu quarto.Você pode me manter refémcomo garantia de que eu não vou sair.Claro, isso não vai fazerdiferença para você, desde que não seimporta que a minha vida estejasendo exposta ao mundo inteiro, Talvezfosse melhor vocêamarrar minhas mãos nas minhas costas."

A Sra. Gardiner colocou umamão no braço dela. "Lizzy, seu pai nãoquer dizer..."

Elizabeth a cortou. "Não sepreocupe. Ficarei perfeitamente bem.Se ele pretende me fazer morrer defome, posso confiar que Jane vai me dar

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algumas crostas de pão seco e um copode água."

OSr. Bennet disse secamente: "Poupe-nos do drama, Lizzy."

"Por que eu deveria?Afinal, aparentemente, é a única coisa que eu possofazer," ela se virou e saiu da sala.

A Sra. Gardiner franziu oslábios. "Oh, Thomas, não façaisso. Eu posso tomar conta delaenquanto estivermos fora."

OSr. Bennet cruzou os braços. "Ela temque aprender a me obedecer."

"O que aconteceu com você?As fadas trocaramo verdadeiro Thomas Bennet por outro

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quando você estava emKent? Eu posso entender que você não querolhar para o futuro e ver a suaLizzy partindo de casa, mas tudo oque você está fazendo agora é mantê-la com você por maisalguns meses, assegurando-sede que quando ela finalmente saia, elanunca mais olhe para trás!"

"É minha família, e vou tratá-lacomo quiser." Ele sacudiu o jornal e abriu-o mais uma vez.

A Sra. Gardiner encontrou osolhos de Jane e indicoua porta com uma inclinação decabeça para ela. Antes de sair de casa,Jane olhou para as

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escadas. "Talvez eu devesse gastaralguns minutos com Lizzy, antes de sair."

A Sra.Gardiner abanou a cabeça. "É melhor agente dar a mínima importância possívelpara isso." Mas uma vez que a portafechou atrás dela, ela soltouum suspiro longo. "Apósessa cena, eu mesma tenho vontade deescrever para o Sr. Darcy!"

Com a vozembargada, Jane disse, "Não entendo porque ele não quer deixá-la escrever parao Sr. Darcy."

"Eu gostaria de entender.Seu tio sabe algo a respeito,mas ele me disse que não pode mecontar. Mas algo vai ter que mudar."

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***

A mesa de jantar naquelanoite foi colocada para quatro pessoas. O Sr. Bennet viu a arrumação comum olhar afiado enquanto ia para o seulugar. "A Lizzy ainda está amuada?"

A Sra.Gardiner trocou um olhar com o marido. "Umavez que você disse que era para elanão deixar o quarto, eu mandei prepararuma bandeja para ela."

"Não quis dizer que ela não poderia tomar asrefeições com a família!"

"Se essa foi sua intenção, não ficouclaro para mim; e, eu ousodizer, também para Lizzy." A Sra.Gardiner pareceu

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completamente preocupada com acomida no prato dela. "Talvez vocêpossa explicar isso para ela."

OSr. Bennet acenou embora essa sugestão obviamente lhedesagradasse. "Mais tarde, talvez."

***

Elizabeth, na verdade,não estava de mau humor. Ela tinhapassado a tarde inteira escrevendouma carta para o Sr. Darcy. Uma vez queele nunca iria recebê-la, ela podiaescrever com total liberdade tudo oque ela quisesse, incluindo uma longaacusação contra seu pai. Ela entãomudou o assunto para discutir

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todas as coisas que a intrigavam sobre oSr. Darcy, fazendo-lhe todasas perguntas que ela queria e nunca tinhapensado que ousaria fazê-las, e então, naausência dele, ela mesma iria respondê-las. Quando Jane retornou trêshoras mais tarde, Elizabeth tinha asmãos manchadas de tinta, osdedos doloridos e uma canetaque tinha sido aparada tantas vezes queagora estava praticamente inútil, mas elase encontrava mais animada por terliberado seus pensamentos através daescrita.

O bom humor dela não durou muito, jáque Jane estava inclinada a fazê-laconcordar com seu pai, o que fezElizabeth querer destruir e rasgar

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todos os lençóis ao redor do quartocomo um tigre furioso. Mas comoela amava sua irmã, ela resolveu ficarquieta e ler um livro. Depois deassegurar paraJane, pelo menos meia dúzia de vezes,que ela não precisava nem desejavanada, Elizabeth foifinalmente capaz de ficar em pazquando Jane desceu para jantar.

A bandeja de jantar, que a Sra.Gardiner tinha preparado comsuas próprias mãos, incluíaum pequeno vaso de flores brancas.Esse pequeno detalheanimou Elizabeth um pouco,mas a perspectiva de ficar presaindefinidamente no quarto

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estava fazendo com que ela ficasseinquieta. Por quanto tempo aindaseu pai ia continuar com estacharada? Em seu estadode espírito atual, ela temia desistir antesdele, e então ela nunca iria perdoar ele –ou a ela mesma.

Ela seperguntava se o pai dela iria visitá-la em algum momento, mas quandofinalmente bateram na porta, era otio dela. Era estranho ele vir sozinho; geralmente era com a tia que ela tinharelações diretas. Claro, ela não faziaidéia de que lado ele estava nestabriga, então eladecidiu prosseguir com cuidado,especialmente quando ela viu a visão

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muito incomum de uma garrafade vinho sobre abandeja que ele carregava.

Quando ela lhe ofereceuum assento, ele disse, "você se importariase eu fechar a janela? Estáum pouco frio aqui para mim."

"Claro que não". Ela tinha deixado ajanela aberta toda à tarde como se fosseum pouco de liberdade que elaainda possuía. Não que afuligem de Londres pudesse sequalificar como o ar fresco, maspelo menos ela podiase mover livremente.

Uma vez que ele fechou ajanela, pegou a jarra e encheu um copo

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com vinho. "Você gostariade um copo?" perguntou.

"Eu posso?" ela perguntou emdúvida. Em circunstâncias normais,seu tio era um homem temperado e seriamais provável ele lheoferecer limonada.

Ele sorriu como se fosseuma piada particular. "Isso eu nãoposso dizer, mas eu certamente voupoder antes de terminarmos."

“Isso vai ser desagradável, então." Seu coração pareciater parado de bater.

"Menos para você doque para mim, minha querida.Eu sou aquele que tem que fazer asexplicações difíceis.Você precisa apenas escutar."

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"Então vou tomar aquele copo de vinho."Ele levantou uma sobrancelha, mas serviu um

copo para ela, em seguida sentou-sena cadeira. "Você estásem dúvida confusa pela posiçãoveemente contra do seu pai com relaçãoao seu casamento com o Sr. Darcy."

"Com omeu noivado, quer dizer? Eu estou."

"Para seu noivado, então, se você querassim. Tendo falado longamente com seupai ontem à noite, garantoque sua objeção não é tanto pelo Sr.Darcy quanto à sua família e asuposição de que o Sr. Darcy deve seassemelhar a família no comportamento."

"A família dele? Que eu saiba,ele tem apenas uma irmã, e ela

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é não mais velha do que a Lydia. Oque pode ser censurável sobre ela?"

"Para ser mais preciso, ele tem uma antipatia poderosa peloConde de Matlock".

Elizabeth não podia deixar de rir. "Eu certamente poderia creditar nisso, mas nãoestou querendo me casarcom Lorde Matlock, e não é como se meu pai fossesempre ter que se encontrar com o tiodo Sr. Darcy".

"É verdade, mas você subestima a profundidade da agressividade queele sente. Suas queixas contra Matlock – senhor Matlock, devo dizer – existehá muitos anos."

"Anos? Mas eles acabaram dese conhecer!"

OSr. Gardiner tomou um longo gole de vinho. "Não. Elesse conhecem há muitos anos.

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Eles estudaram juntos, ou melhor, nóstrês estudamos juntos, na mesmaescola."

"Ele nunca mencionou Matlock senhor.""Não estou surpreso. Lizzy, você cresceu sem irmãos, então talvez você

desconheça que, embora se possacolocar um verniz de civilidade emmeninos jovens, na verdade eles sãojovens selvagens, e eu posso atestar queé assim que um menino age."Ele sorriu para ela. "Entãonós mandamos aquelesjovens selvagens para escola com outrosjovens selvagens, e fingimos que o queacontece nessas escolas não éselvageria. Infelizmente, é muitas vezespura selvageria."

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“Então vocês todos estudaramjuntos."

"Matlock – senhor Matlock, mas você deve meperdoar, ele era chamado simplesmentede Matlock na escola, desde que eleainda não tinha herdado o Condado,quando ainda usava calças curtas – eraum aluno fraco, mas sedestacou na selvageria, umtalento que percebi que ele ainda possui.Seu pai era alguns anos mais jovem,e ele era bem pequeno para aidade dele, e não tinha umirmão ou primo para protegê-lo. Elerapidamente se tornou uma dasvítimas favoritas de

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Matlock." Ele caiu em silênciopor alguns minutos.

Finalmente, Elizabeth disse, "e você?""Eu cheguei dois anos mais

tarde, e seu pai e eunos tornamos amigos rapidamente.Ele não tinha amigos antes – Matlock viu que ele estava sozinho. Ogrande talento do Matlock erahumilhar os garotos mais jovens, enenhum deles se atrevia a enfrentá-lo. Eu era depouco interesse para os outros... umavez que eu não era filho deum cavalheiro, não tinha ‘berço’como o resto deles. Meu pai havia subornadomeu caminho para uma escola parafilhos de cavalheiros

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porque ele pensou que seria bom paramim no futuro. De qualquermaneira, Matlock também me tratavamal. Eu era um alvo muito fácil, uma vezque todos sabiam que eu não era nobre

Uma memória voltou a Elizabeth. "BoboBennet. Ele o chamou de Bobo Bennet."

"Sim, Bobo Bennet, foitalvez, o menos ofensivo dos nomes deque seu pai foi chamado,e os nomes ficaram com ele durante seus anos de escola,pois naturalmente os outros jovensselvagens seguiam Matlock de olhosfechados. Não quero falarsobre as muitas humilhações, público eprivada, que Matlock forçou seu pai,mas você temque entender que eles eram cruéis.

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Não gostaria de ver tais coisasinfligidas a Napoleão Bonaparte,muito menos a um menino indefeso.Às vezes eu temia que Matlockacidentalmente matasseseu pai com um dos seus 'jogos',e eu sei que às vezes seu paiesperava que ele fosse acabar de vezcom seu sofrimento."

Horrorizada, Elizabeth cobriu a boca com sua mão."Ambos sobreviveram, como muitos rapazes antes e como

muitos outros vão sobreviver,e eventualmente a selvageriaparou durante os nossos últimosanos na escola.Matlock foi uma exceção, uma vez queele manteve sua selvageria até o final,talvez porque ele tivesse tido muito

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poder jovem demais, ou talvez fossesimplesmente por sua naturezacruel. Pelo que seu pai disse, ele não mudou muito."

"Pelopouco que vi, tenho que concordar," disse Elizabeth. "Seucomportamento foi abominável."

"Bem... Então seu pai leu sobre seunoivado nos jornais e saiu paraconfrontar o grosseiro e ousado Sr.Darcy que não se importava por suaopinião – sim, eu sei Lizzy, mas vocênão acha que foi assim que o anúnciopareceu para seu pai? Mas em vez deencontrar Darcy, ele descobriu queo senhor Matlock era tio deDarcy, que não ligava nada para aopinião do seu pai,assim como Matlock. Entretanto, quando

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Matlock descobriu que a mulherque tinha aprisionadoseu precioso sobrinho era filha de umhomem que ele sempre desprezou, ele seencheu de raiva. Ele acusou-o de ser demasiadofraco para controlar sua própria filhae de deixar sua mulher mandar nele.Ele falou para quem quisesse ouvir,incluindo um vizinho seu de Meryton,todas as coisas humilhantes queele forçou seu pai a fazer na escola,coisas que nenhumcavalheiro gostaria que soubessemsobre ele."

Elizabeth enterrou o rosto nas mãos dela. Era horrível sabersobre esses fatos do passado.

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"E isso, minha querida, foi acompanhia que seu pai teve até teencontrar na manhã seguinte,determinado a mostrar que elenão era um fraco quenão podia controlar a sua filhae igualmente determinado a mantê-lasegura do sobrinho desdenhoso deMatlock. Eu não estoudesculpando o seu comportamento emrelação a você – pelo que minhaesposa me disse, foi terrível – mas queria que você tivesse umamelhor compreensão do por que ele estásendo tão irracional com toda essasituação."

"Eu.... Obrigada." A voz deElizabeth estava estrangulada. Ela bebeu um

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gole de vinho, mas engoliu um poucorápido demais, o que a fez tossir.

"Bem, minha querida, espero que isso tenhasido apenas o vinho, e que você nãoesteja pegando um resfriado por causadaquela janela aberta. Seu pai não sabe que euplanejei te contar isso; ele achaque estou tentandoargumentar com você. Ele ficariahorrorizado ao descobrir que você sabedessa história, e espero que você nãodiga nada para ele."

"Não. Mas você pode me dizer oque ele planeja fazer comigo? Eu vou ficar aquiindefinidamente? O que ele estádizendo a todos sobre o Sr. Darcy e eu?"

"Eu não sei quais são os planos delepara você, e eu duvido que ele também

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saiba. Eu suspeito que ele tenha tetrazidoaqui, simplesmente porque ele sabia que eu iriaentender o que tinha acontecido. Tenhacerteza de que eu tenho fé emseu bom senso. Desde que vocêconcordou em se casar com Sr. Darcy,acredito que ele não seja como seu tio."

"Não, ele não é. Ele é justo e honesto em demasia. Eleestava tentando me proteger de seu tio."

"Bem, fico feliz em ouvir isso, e espero que em algum momento seu pai fiquetambém. Mas agora eu te desejo boanoite, minha querida."

Depois que ele saiu, Elizabeth passou uma dolorosa meia hora olhando parao teto enquanto tentava assimilaresta nova visão de seu pai. Foi por issoque ele sempre serecusou a viajar a Londres para a temporada,

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e se escondeu em sua biblioteca emLongbourn? Ela àsvezes queria saber por que eleera tão propenso a denegrir sua própriafamília. Talvez ele tenha crescidotão acostumado a insultos, que ele os via como natural.

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Capítulo 11Na manhã seguinte, Elizabeth acordou com dorde cabeça, que ela atribuiu a sua afliçãode ficar presa noquarto e a incerteza sobre o que fazer sobreo ‘dictum’ de seu pai,mas pela hora do almoço,ela achou doloroso engolir a comida.Depois de um ataque de tosseque trouxe Jane para o lado dela,Elizabeth teve que admitirque sua constituiçãogeralmente forte estava falhandocom ela dessa vez. Ela tinha pegadouma gripe.

Jane chamou a Sra.Gardiner, e Elizabeth foi enfiada na cama

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com um tijolo quente em seus pés e umapilha de lenços ao lado dela."Não há nenhuma necessidade de seirritar. É apenasum resfriado e vai passar. "É só que eudetesto ficar doente,” disse Elizabeth.

As palavras dela caíramcomo ela esperava, em ouvidos surdos. Jane insistiu emficar do seu lado a maior parte dotempo, seu desejo era evitar aumentara tensão contínua entre a Sra. Gardiner e oSr. Bennet, sobre o assunto de Elizabeth.

A contribuição dopai de Elizabeth para diverti-la enquanto ela estava doente foi enviaruma mensagem através de Jane dizendoque ele esperava que

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sua doença passasse rapidamente.Ela não esperava nada; ele nunca tinhamostrado muito interesse em suasdoenças da infância.

No terceiro dia da doença deElizabeth, Jane apareceu comuma carta na mão. "Recebi uma carta deMary," ela disse.

"E quais são asnotícias de Longbourn?" perguntouElizabeth.

"Mary diz..." Jane virou a carta entre os dedos. Ela diz que nossa mãe estámuito angustiada, desde que o nosso paia avisou que o noivado entre você e oSr. Darcy era uma invenção.“Ela refletiu longamente sobre o tipo depessoa que poderia colocar um anúnciocomo uma brincadeira sem sequer

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pensar nas conseqüências entãopresumo que seja o que elas acreditamque aconteceu."

"Bem, essaé uma explicação original, suponho. Eu esperava algo do tipo."

Mas não é verdade!""Eu estou bem ciente disso, mas uma

vez que nosso pai quer manter-melonge do Sr. Darcy, ele não tem escolha a não sernegar o noivado. Se nossa mãe acreditasseque o Sr.Darcy queria se casar comigo, ela faria qualquercoisa em seu poder para nosunir, mesmoque isso significasse colocar-me naporta da casa dele."

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"Mas ela detesta oSr. Darcy! É tudo um malentendido, é claro, mas ela ficou contraele desde a primeira noite na reunião."

Elizabeth deu um sorriso. "Ela pode detestá-lo, mas os sentimentos dela seriam muitodiferentes sobre suas dezmil libras por ano. Ela me casaria comSatanás se ele tivesse essa fortunae fosse sobrinho de um Conde." Umataque de tosse diminuiu a dor de suasúltimas palavras.

"Ele não pode esperar que agente minta para ela em seu nome!"

"Cuidado com o quevocê diz Jane, se você não quiser ficar

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presa comigo na minha cela da prisão!Ou ele assume quevocê será obediente, ou ele faz planospara você ficar aqui,onde não possa fazer nada errado."

"Lizzy, você deve tentar falar com ele novamente, e eu vou também. Talvez umade nós consiga fazer com que ele volte ater razão."

Elizabeth espirrou em um lenço, então virouo rosto. "Não faria nenhuma diferença.Ele nunca vai dar o seuconsentimento. Ele acha que eu devoescolher entre ele e o Sr. Darcy".

"Ele ainda pode mudar de idéia.""Se nossos tios

foram incapazes de convencê-lo, nóstambém não vamos conseguir. Não,tudo o que podemos fazer é esperar em

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silêncio até o meu aniversário, e entãome casarei com o Sr. Darcy... supondoque ele não mude de idéia ou sejaconvencido por sua tia ou por seu tio anão se aliar com uma famíliacomo a nossa. Ele já pode ter mudadode idéia, mas eu vou continuar semsaber durante todos esses meses uma vezque ele nãopode me dizer isso." Ela usou o lenço para limpar aslágrimas que rolavam de seus olhos.

"Não acredito que ele seja tão inconstante assim.""Teremos a resposta em dezembro e nem um minuto mais

cedo"."Ele é um

homem honrado e também estáviolentamente apaixonado por você paramudar de idéia."

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Elizabeth suspirou. "Você está certa, sem dúvida, Jane. Estar doente sempre mefaz sentir que tudo é inútil."

Jane sentou-se silenciosamente,desdobramento e dobrando a carta."Você realmente vai escolher o Sr.Darcy sobre nosso pai?"

"Eu riria se a minha gargantanão doesse tanto.Uma semana atrás, eu provavelmentenão teria feito isso, masagora tudo mudou. Nosso pai,tentando me manter longe do Sr. Darcy,tornou impossível eu permanecerem casa, assim o Sr. Darcy, é ovencedor."

Jane olhou paraa irmã. "Acho que é mais doque ganhar. Acho que você se importa

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mais do que você desejaque acreditemos.

Elizabeth estava agora de fatobem familiarizada com os seussentimentos. Ela agora sabiao quanto ansiava que o Sr.Darcy montasse no enorme cavalodele e a resgatasse da Torre,envolvendo-a no seu manto e nos seusbraços, levando-a emboracom ele... bem, para qualquerlugar, enquanto ela estivesse com ele.

***

Em poucos dias, a saúde de Elizabethmelhorou bastante e a tia sugeriu que eladescesse enquanto a empregada

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mudava a roupa de cama e arejavao quarto dela. O Sr.Bennet não fez nenhum comentário sobrea presença dela, eElizabeth não disse nada também,mas continuou a passar o tempo na salacom a família. Parecia que o pai delatinha caído de volta na sua habitualletárgica falta de interesse dos assuntosde suas filhas, mas ela suspeitava que asimples menção do Sr. Darcy produziriao retorno do tirano. Então elanão disse nada e não sugeriusair de casa, mas seu espíritose irritou com a sua faltade conhecimento sobre os planos dopai dela.

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Ela achava que ele pretendiapermanecer em Londres por um tempoindeterminado quando a Sra. Gardiner,aparentemente também cansadada incerteza, levantou a questãodiretamente quando eles se sentarampara jantar.

"Dependede Jane e Lizzy", disse o Sr. Bennet. "Se elas estiverem dispostasa se comprometer a ficarem emsilêncio sobre o assunto Darcy ou sobreo compromisso, e se Lizzy estiver prontapara dar a palavra dela que não vaientrar em contato com ele, entãopodemos voltar para Longbourn."

Elizabeth manteve seu rosto semexpressão. "Então devomentir para minha mãe?"

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O pai dela sorriu largamente, como se ele tivesse acabado de ganhar uma aposta."Isso não será necessário. Sua mãe ficouencantada por saber que eu tinhamudado de idéiasobre viajar para Brighton.Ela e suas irmãs mais novas já deixaramLongbourn e passarão um mês à beira-mar, ou talvez eu deva dizer vão passarum mês perto da milícia, uma vezque esse é o fator queparece ser mais importante para elas. Umavez que vamos estar emLongbourn, você não precisa sepreocupar sobre dizer qualquer coisapara sua mãe. Quando elasvoltarem, você já terá partido para umaviagem pelo norte. Depois disso –veremos."

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As bochechas de Elizabeth ficaramquentes enquantoela tentava segurar a raiva. "Vocême censura, mas você permite que elasfiquem emBrighton com a milícia, quando vocêsabe como é impróprio ocomportamento de Lydia e deKitty. Com tantos soldados para tentá-las e sem nós para segurá-las,elas serão ainda mais imprudentesdo que são quando estão em casa!"

O Sr. Bennetabanou a cabeça. "Elas são bobas ondequer que elas estejam e pelomenos assim não temos que observá-las."

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"Nós nãoveremos, mas o mundo vai vê-las! Ocomportamento desprotegido delas jáafeta a respeitabilidadeda nossa família no mundo. Embreve elas vão flertar mais determinadasdo que nunca e vão fazer a nossafamília cair no ridículo! E você ascoloca no caminho datentação quando vocêsabe que minha mãe não vai fazernada para verificar o comportamentodelas!"

OSr. Bennet levantou suas sobrancelhas. "Ela nãofaz nada para ver como elas se portam,mas elasparecem ter sobrevivido até agora."

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Suas unhas fincavamem suas palmas enquanto ela apertava osdedos nas mãos. Como ele podia ser tãodescuidado com Lydia e Kitty, etão intolerante sobre o noivado? Masnão era uma questão de racionalidade,ela sabia, nem mesmo uma incapacidadede admitir que ele pudesse estarenganado. Não importava o quãozangada ela estava, ela não podia dar-lhe razões para tornar-se ainda maisenraizado em sua posição, então nãodisse mais nada. O apetite delatinha fugidocompletamente. Consciente do olharde sua tia, ela engoliu alguma comidapara manter as aparências, mas a comidaparecia entrar como um

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tijolo no estômago dela.Depois do jantar, ela disse para Jane e para

a tia, que desejava ficar sozinha, e elasconcordaram, embora não semtrocar algunsolhares preocupados. Elizabeth teve aoportunidade de sentar-se no quartocom papel e caneta e passou maisde uma hora elaborando meticulosamente uma carta.Depois de três tentativas ela ficousatisfeita. Ela guardoua carta na gaveta sem lacrá-la.

No café da manhã, no dia seguinte,ela calmamente disse para o pai queestava disposta a aceitar suas condições.Ele levantou suassobrancelhas de forma provocante, e a

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expressão facial dela não demonstrounada.Finalmente, ele anunciou que partiriam paraLongbourn, no dia seguinte, emseguida, terminou seu café e saiu dasala.

***

O Sr. Gardiner olhou parao pedaço de papel que tinha nas mãos, edepois para o edifícioimponente diante dele.Levantando sua bengala, ele bateu na porta com ela.

A porta foi aberta por um mordomo idoso cujo rosto pareciater sido esculpido em pedra. OSr. Gardiner ofereceu

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o cartão dele. "Gostaria de falar com o Sr.Darcy".

"Um momento". O mordomo fechoua porta, poucos minutos depoisvoltou. "O Sr. Darcy não está em casa."

O Sr. Gardiner esperava essaresposta. "Gentilmente informe ao Sr.Darcy que eu tenhouma carta para ele daSrta. Elizabeth Bennet."

"Sim, senhor."O

Sr. Gardiner balançou a bengala debaixo do braço. Acasa de Darcy cheirava adinheiro. Ele seperguntou se seu cunhado tinha sido correto nasua avaliação sobre Darcy.Lizzy era muito jovem, afinal de contas.

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Em vezdo mordomo envelhecido, um jovem alto apressou-se em direção a ele, vestidocom roupas que deviamter sido elegantes, se não parecesse queele tinha dormido com elas.

"Mr. Darcy, eu presumo?" OSr. Gardiner estendeu a mão. "Edward Gardiner, aseu serviço. Eu acreditoque você conheceminha sobrinha, Elizabeth."

Darcy olhou para ele, eapertou sua mão sem hesitação. "Porfavor, Sr. Gardiner. Peçodesculpas por fazê-lo esperar. Por favor,me acompanhe até a sala de estar."Parecia não saber o quefazer com as mãos.

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Sem dúvida ele estava acostumado queum servo acompanhasse os hóspedes.O mordomo ficou em pé atrás dele,olhando discretamente, estarrecido.

"Obrigado". A sala de estar confirmou suas expectativas, com móveis carose elegantes, ao invés de seremsimplesmente vistosos.

Logo que ambos estavamsentados, Darcy disse, "Você tem umacarta para mim da Srta. Bennet?"

OSr. Gardiner questionou se Darcy estava sendodeliberadamente rude oudesesperadamente preocupado."Tenho uma carta que ela escreveu para você,mas não é bem oque você poderia esperar."

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Darcy, de repente, parecia serdez anos mais velho. "Entendo".

"Ela escreveu sob circunstâncias incomuns. O pai dela aproibiu de ter qualquer contatocom você, mas ela sabe que eutenho alguma simpatia por sua posição. Eladeixou a carta paravocê na minha mesa, sem lacre, comuma nota pedindo para eu lere determinar se eu achavaapropriado enviá-la para você. Ela medeu uma razão que parecia cruel deixá-lo em suspense sobre suas intenções,mesmo eu estando relutante em ir contrao desejo expresso do pai dela."Ele tirou a carta do bolso,notando como avidamente Darcy assistiaa cada movimento. "Ela claramente

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fez um esforço para fazer a carta parecertão inócua quanto possível a fim de nãome dar razão para meopor, assim você vai achar a cartabastante empolada, sem sero estilo habitual de Lizzy." Ele seinclinou e estendeu a carta.

Darcy segurou-a nas mãos por um momento como seestivesse temendo o que poderia estarescrito. Quando ele finalmente abriu, leua carta rapidamente. Eleesfregou a mão sobre sua boca, emseguida levantou-se abruptamente ecaminhou para a janela onde leu a cartade novo. Em seguida, inclinou a cabeça.Após uma longa pausa, eledisse, ainda olhando para longe,

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"Peço desculpas por minha grosseria.Eu pensei que a carta poderia darum fim para as minhas esperanças."

O Sr. Gardiner piscouos olhos. "Você pensou que ela podia ter mudado suadecisão?"

"Eu temia isso." A voz deDarcy era baixa.

"Por causa da oposição dopai dela? Não consigo pensar em alguém menospropensa a ceder sob pressão doque Lizzy. Você não sabe como ela podeser muito teimosa?"

Darcy olhou para cima, o esboçode um sorriso atravessando seu rosto."Chegou ao meu conhecimento umavez ou duas."

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O Sr. Gardiner decidiu fazer-lheum teste. "Não acho que você seimportaria de me explicar o significadodesse esboço na parte inferior da página. Esteonde ela está parada norio com uma grande pilha de... algumacoisa."

"Isso"? Darcy olhou para a carta e porum momento parecia quase feliz. “Achoque é sua maneira de dizer queela está chateada com a situação. Umavez, quando eu estavairritado, ela me encontrou jogando pedrasno rio."

"E isso explica porque há pedras suficientes naquele rio, para reconstruir amuralha de Adriano."

Lá estava, um novosorriso. "Ela parece pensar que vai ser

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necessárias muitas pedras."Ele retornou da janela e sentou-se mais uma vez, parecendo estar maiscalmo do que antes. "Talvez eu precisede uma pequena montanha de pedras."

"Não estou surpreso."Darcy parecia estar lutando com alguma

coisa. "Elizabeth diz na carta queeu posso confiar no senhor, assim comoela confia."

OSr. Gardiner levantou uma sobrancelha parecendose divertir. "Eu sei. Eu li isso, afinal decontas."

"Você pode me aconselhar sobre oque eu devo fazer?" As palavras saíramcom pressa. "Não conheçobem o Sr. Bennet para saber como faço

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para defender a minha causa.Devo escrever-lhe e me explicar ou tentar encontrá-lo,ou devo ficar afastado? Eu não seiqual é a sua objeção por mim." Ele encolheuos ombros, impotente.

"Eu acho que sua objeção não é porvocê mais a suposição de que o seucaráter pode ser semelhante ao caráterdealguns de seus parentes. Ele tem uma intensaantipatia por Matlock, senhor."

"Quanto a issoele está em boa companhia. Seria fácilfazer uma lista com o nome de umadúzia de pessoas quetêm uma intensa antipatia por meu tio."

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O Sr. Gardiner riu. "Vejo quevocê não tem ilusões sobre ele."

"Você conhece o meu tio, senhor?""Sim, eu conheço. Há muitos anos.""Então você sabe quão difícil seria reter quaisquer ilusões sobre ele. Mas o

que eu fiz para fazer o Sr. Bennet pensarque eu sou parecido com ele? Ele temtão pouca fé no julgamento deElizabeth?"

"Eu duvido, mas éum parecer fundamentado. Mas para retornar à sua pergunta,não acho que você iria prejudicarseu caso se você escrever para ele,mas eu não esperaria umamudança da parte dele.Ele parece determinado apensar o pior de você."

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Os lábios deDarcy formaram uma linha fina. "Então devo aprender a ser paciente. Sevocê tiver oportunidade, porfavor, diga a Elizabeth que vou encontrá-la no dia 26 dedezembro, com uma licença especial na minha mão."

"Mantenha-me informado de seus planos.Minha esposa e eu somos muitoafeiçoados a Lizzy, e eu não meperdoariade perder o dia do casamento."

"Você pode ter certeza que vou lheavisar senhor. Entretanto, o senhorestaria disposto a deixar-me de vez emquando saber se está tudo bem com ela... ou estoupedindo muito?"

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"Eu ficarei feliz de fazê-lo. Nós vamos convidá-lo para jantar embreve. Minha esposaestá ansiosa para conhecê-lo."

"Obrigado, senhor. Nãosei como agradecer – você não sabe como você aliviou aminha mente".

O Sr. Gardiner pensou que ele sabiamuito bem que tinha aliviado a mente deDarcy.

***

Longbourn House geralmente fervilhava com barulho e atividade, mas estavaestranhamente silenciosa quandoos três Bennets voltaram para casa.

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Para sua surpresa, elesforam recebidos por Maria.

OSr. Bennet olhou através dos óculos para ela. "Eu penseique você estava em Brighton".

"Preferi ficar aqui onde eu posso ler e praticar minha música em paz. Nãoencontro nenhum prazerem atividades frívolas como festas, ecomo acho que flertar com soldadosmostra desprezo para a reputação deuma jovem senhora, então Brighton nãotem nenhum apelo para mim."

Chocada, Elizabeth disse, "Nossa mãe concordou em deixar vocêaqui sozinha?"

Mary deu de ombros,os lábios apertados. "Foi idéia dela.Ela disse que se euplanejei moralizar os prazeres delas, o

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tempo todo, ela preferia que eunão fosse. Só faz alguns dias, e eugosto do silêncio."

Elizabeth trocou um olhar com Jane. "contentes com a sua companhia, Mary."

OSr. Bennet desapareceu imediatamente na sua biblioteca, enquanto Jane eElizabeth escolheram se refrescarprimeiro. Embora o quarto deElizabeth não tivesse mudado desde asua partida,ela descobriu que parecia menor, eque ela já não se encaixava nele.

Suas malas ebaús, enviadas de Hunsford, estavamao pé da cama dela. Ela abriu atampa para descobrir que ainda nãotinham sido desfeitas. No topo

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das roupas dobradasordenadamente tinhauma nota de Charlotte.

Querida Lizzy,Espero que eu tenha conseguido

achar todas as suascoisas, mas se eu tiver deixado decolocar alguma coisa, levo paravocê assim que for visitá-la.Incluí um manto que o Sr. Darcyinsistiu em dizer que é seu, embora eunão o reconheça. Eu o vi por apenasalguns minutos antes dele edo Coronel Fitzwilliam partirem paraLondres, não muito tempo depoisque você foi embora. Eu nãoposso culpá-los por terem ido embora;Lady Catherine estava fora de si,

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com raiva e o senhor Matlock também.O Sr. Darcy parecia estar mal decabeça, e fiquei feliz porque o coronelestava com ele. Aqui está tão quietoagora... nossas reuniõesconsistem apenas de Lady Catherine, aSrta de Bourgh e minha irmã.Maria vai ficar aqui mais do queesperávamos; Lady Catherinedecretou que ela deve ficar todoo verão. Nós não ousamosmencionar seu nome pormedo da ira de Lady Catherine caindo sobre oSr. Collins pelo crime de ser seu primo.

O cocheiroestá esperando por sua bagagem, por isso vou escrever maisoutro dia.

Charlotte Collins

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Elizabeth leu a carta duasvezes, principalmente a parte sobreo Sr. Darcy ‘estar mal decabeça’, desejandoque ela estivesse lá para confortá-lo.

Então ela colocou a carta àparte, tirou a camada superior dosvestidos e os colocou na cama comcuidado, uma vez que Charlotte tinhadobrado todos meticulosamente. Elaprocurou pelas malas até achar alã pesada da capa. Ela a segurou bemperto dela, e com um som que eraquase um soluço, sentou-se numacadeira de balanço e a abraçoufirmemente, enterrando seurosto nela. Ainda tinha o cheirode couro e de cavalos, levando-a de

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volta para aquele momento em que elaesteve em seus braços, quando ela sesentiu segura.

***

Longbourn era de fato um lugar diferente na ausência daSra. Bennet, de Lydia e de Kitty. Ohabitual caos barulhentofoi substituído por umaconversa civilizada. A única coisaque permaneceu inalterada foi que oSr. Bennet continuou a procurar refúgioem sua biblioteca todosos dias, vendo suas filhas apenas nojantar. Do lado de fora, podia parecercomo se nada tivesse mudado entre ele esua filha preferida, mas as

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provocações e o calor que tinha sidouma característica dorelacionamento deles,agora era uma coisa do passado. OSr. Bennet ainda brincava,mas Elizabeth já não compartilhavadas brincadeiras com ele.

Para grande alívio deElizabeth, não demorou muito para Maryperceber que algoestava errado. Quando ela levantou esta questão,Elizabeth prontamente concordou queera verdade, e que ela mesma estavadescontente com issoe gostaria de contar a Mary tudo o quehavia acontecido, mas seu pai atinha proibido de falar sobre isso.Como esperava, o Sr. Bennet estava

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suficientemente descontente ao ouvirum sermão da sua filha do meio entãoele contou toda a história para Mary,e Mary ficou sabendo deduas versões diferentes damesma história, uma contada pelodo pai e a outra por Elizabeth.

Elizabeth previa um aumento dramático de palestras deMary sobre moralidade, comoresultado de seus novosconhecimentos, mas para sua surpresa, aconteceuo contrário. Quando Mary acostumada aser a menos considerada e valorizadadas irmãs, descobriu que Elizabeth, e decerta maneira Jane, estavam emdesfavor dos pais enquanto ela mesmanão estava à atitude dela foi se tornarprotetora delas.

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Elizabeth, que não questionava suaspróprias ações ao grau queMary parecia acreditar, encontrouem Mary uma companheiramuito agradável em quem elapodia confiar.

Outra felicidade para Elizabeth foi a ausência da milícia em geral e deWickham em particular. Ela jánão conseguia encontrar prazerem flertar com um homem bonito. Elaevitou até mesmo as partes habituais poronde ela passeava na cidade, não poraversão a qualquerpessoa, mas porque ela tinha certeza queiriam lhe perguntar sobre o anúncio denoivado, e ela não queriamentir para seus amigos.Ela encontrou o

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suficiente para interessá-la nasproximidades de Longbourn e saíaandando por horas, no silêncio o quepermitia que ela colocasseseus pensamentos sobre osdias em Hunsford com o Sr. Darcy.

Ela ficou aliviada ao receber uma carta da tia dela alguns dias depois de suachegada mencionandode passagem que oSr. Gardiner tinha encontradotempo para lidar com toda acorrespondência que tinha ficadoempilhada na mesadele durante a sua visita. Era osuficiente parasaber que Darcy tinha recebido sua nota,ela mal podia chamá-la de carta, masela se consolou no fato

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de que a Sra. Gardiner não tinhamencionado nada de errado naentrega da carta e atia dela não parecia angustiadacom ela por ter feito o pedido. Se ela foisurpreendida pelo grau de subterfúgio na resposta da sua tia, não durouaté o dia seguinte, quando o pai delaa convocou para sua biblioteca.

Ele segurava uma carta na mão. "A senhora Collins querque você saiba que os porcosencontraram seu caminhopara o jardim, causando graves depredações,para desespero do Sr. Collins.Ela também menciona que Jenny, quemquer que possa ser, é agora capaz demancar sobre muletas e vaiviver com a tia em Rosings.A aldeia está aparentemente sendo

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reconstruída lentamente." Ele deixoucair a carta na sua mesa. "O restantede sua carta consiste em mensagensde Darcy. Gentilmente informea Sra. Collins na sua resposta que euvou ler qualquercorrespondência que você receba, e que se ela deseja quevocê a leia, ela deverá se abster de talassunto. Está claro?"

"Você leu uma carta enviada para mim?" Elizabeth lutou para manter seu nívelde voz.

"Eu estava aparentemente correto por fazê-lo. Isso é tudo, minha querida."

Se ao menos ela pudesse arrebatar a carta da mesa dele e fugir com ela! Talvezela pudesse atraí-lopara fora e retornar para pegar a cartamais tarde. "Jane deseja saber sevocê gostaria de tomar um chá conosco."

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Com um suspiro exagerado, ele pegou a carta e arasgou em pedacinhos, e jogou osfragmentos no fogo.

Uma fúria impotente começou aqueimar dentro dela. "Eu vou dizerque você não tem interesse nochá," ela disse com a vozgelada. Ou alguma coisa a ver comigo, ela pensou.

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Capítulo 12Quando Elizabeth voltou de seupasseio, ela viu uma figura de uniformese aproximando de Longbourn a cavalo.Primeiramente elapensou que era um dos oficiais que tinharegressado por alguma razão,mas quando ele se aproximou um poucomais, ela percebeuque seu uniforme não era da milícia.O rosto debaixo do chapéu de bico pretoparecia ao mesmotempo familiar e estranho, e ela sóreconheceu o Coronel Fitzwilliamquando ele desmontou na frente da casa.

Nunca antes ela otinha visto de uniforme o que fazia

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parecer um estranho aos olhosdela, mas ela se aproximoudele com prazer.Seu desconforto em recusar sua propostafoi esquecida com a felicidade que elateve dever alguém que conhecia a verdade sobreo seu noivado.

Ela saudou-o pelo nome, e ele fezuma reverência tão extravagante que afez rir. "Coronel, quesurpresa agradável. Não pensei em lhever em Longbourn."

"Embora eu nunca vá reclamar de sua encantadoracompanhia, eu confesso que o objetoda minha visita é falar comseu pai. Deixei-o com umaimpressão bastante errada

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naquela manhã em Hunsford – eu não tinha noção que ele era seu pai – e eu sinto que é omeu dever tentar consertar os danosque eu fiz."

"Muito bem, mas provavelmente ele vairecusar vê-lo. Ele não é precisamenterazoável sobre o assunto daquele dia."

"Isso é oque Darcy disse também, mas ele nãopode recusar a me ver. Eu sou,afinal de contas, um oficial a serviçode suaMajestade, e vim trazer uma carta para eledo Ministro da Guerra." Ele inclinou-se mais perto e disse numtom confidencial, "é, na verdade,apenas uma carta de apresentação

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para servir como uma referência sobre omeu caráter, mas Lord Palmerston mepediu para entregá-lo ao Sr. Bennet, edevo cumprir o meu dever pelorei e pela pátria."

Ela riu como ele sem dúvida tinha previsto. "Eunão posso ficar no caminho de umsoldado em cumprimento do seudever, mas eu esperariauma recepção bem fria se eu fossevocê."

"Seu pai não me mete medo. Vocêconheceu o meu pai; você acha que oseu pode fazer algo pior?"

"Eu acho que não! Mas já que eunão vou poder falar com você, assimque ele ficar ciente da sua presença, euposso

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perguntar se você tem alguma notícia doSr. Darcy?"

"Se ele sabe que estou aqui, é isso oque você quer dizer? Ele estáciente que eu planejei algo desse tipo,embora não saiba dos detalhes. Isto dizrespeito a minha honra, e não a dele."

Elizabeth sentiu asbochechas dela ficarem coradas."Mas ele está bem? Não ouvi nada sobreele desde que saí de Hunsford."

"Ele está bem o suficiente,embora não possodizer que ele esteja feliz com a situação.Atualmente ele está sempre com umsemblante sombrio."

"Eu temia isso.Estou proibida de enviar-

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lhe mensagens, mas você pode dizerpara ele que me viu?"

"Se isso é o que deseja." Curvou-se ligeiramente.

Um pouco constrangida, elase lembrou que o Coronel podia tersentimentos mistos sobre facilitara comunicação com Darcy. "Eu devia terdito isso imediatamente, se eu nãotivesse sido pego de surpresa,mas permita-meexpressar minha gratidão pelos seusesforços para tirar à ira de LordMatlock para longe de Darcy e de mim.Foi muita generosidade sua.E se você decidir trabalhar,você pode ter um futuro brilhanteem Drury Lane, no teatro! Se

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eu não estivesseperfeitamente sóbrio antes da chegadadeles, eu poderia pensar que vocêqueria enganá-los!"

"Espero que esse dia não tenhaconsequências duradouras para você." Era algoque a tinha preocupado.

"Nada digno de nota. Meu acesso aMatlock House está proibido,mas perder aoportunidade de desfrutar dacompanhia encantadora de meu pai não é oque posso chamar de castigo."

"Acho que não! Mas devo levá-lo ao meu pai, porque se eleme encontrar falando com você, ele farácom que eu me arrependa,"ela disse levemente.

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Ele fez sua voz ficar mais baixa."Lamento profundamente sera fonte do conflito entre vocês.Você sempre falou de seupai com carinho, então isso deve serdoloroso para você."

Sua simpatia e consideração ameaçaram romper as paredes que retinhamseus sentimentos de traição, então elarespondeu em um tom de provocação. "Euprefiro pensar nissocomo abrir meus olhos para suas deficiências.Mas, por favor, vou lhe anunciar para omeu pai. Você tem sorte queminhas irmãs mais novas estão fora; elasficam loucas porqualquer cavalheiro num uniforme demilitar."

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"Eu manterei minha espada caso eutenha que medefender," ele disse com uma risada.

Ela o levou para a casa, passaram pela porta aberta dasala de estar e depois foram paraa biblioteca. Ela bateu naporta antes de abri-la. Quando o pai dela olhou para cima, ela dissecom toda doçura que ela pode reunir, "OCoronel Fitzwilliam deseja vê-lo." Ela ficou a espera de uma explosão.

"Eu não conheço nenhumCoronel Fitzwilliam," ele resmungou.

Elizabeth escondeu um sorriso, percebendo quenenhuma introdução tinha sido feita emHunsford. Ela recuou e acenou parao Coronel, depois fechou a portaatrás dela e esperou a explosão.

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***

Richard estava preparado para ser amável apesarde qualquer provocação, mas eleficou surpreso quando o Sr. Bennet selevantou e estendeu a mão.

"Prazer em conhecê-lo, Coronel."Ele não o tinha reconhecido usando

uniforme. "Nós já nosconhecemos, senhor, mas em umacircunstânciainfeliz que impediu uma introdução formal. RichardFitzwilliam, a seu serviço." Ele fez umareverência formal.

Seu nome ou sua voz, isso foi osuficiente para o Sr. Bennetfazer uma conexão, seus olhos seestreitaram e ele retirou a mão.

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"Pergunto-me como o senhor temcoragem de se apresentar aqui."

"Posso entender seu sentimento, senhor, e é precisamente porisso que eu estou aqui hoje.Deliberadamente lhe deiuma idéia muito errada naquele dia, semsaber do seu relacionamento com a Srta.Bennet. Acho que o senhor viu umshow que era destinado aimpressionar um públicodiferente. Teria sido mais do queinsolente se conhecesse a suaidentidade."

O Sr. Bennet mordeu seu lábio. "Dequalquer maneira, foi mais do queinsolente. Diga oque você tem a dizer e em seguida saia."

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"Eu não culpo o senhor por ficardesconfiado,dadas as circunstâncias do nosso últimoencontro. No seu lugar, eu agiria damesma forma. Apresentei-me como umbêbado, semnenhum respeito por sua filhae duvidando de seu bom nome, quando na verdade eu estavasóbrio e tenho o maior respeito por suafilha, etudo o que disse sobre ela foi invenção."

"Eu não me importo comas suas razões."

"Mas eu lhepeço uma chance de me defender. Mesmovocê não tendo nenhumarazão para acreditar em mim,

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eu vim preparado com referências sobreo meu caráter, feita por indivíduos que osenhor ficará mais propenso a acreditar,e que lhe serão confiáveis." Elecolocou duas cartas fechadas sobre a mesa nafrente do Sr. Bennet. "A primeiraé de LordPalmerston, meu superior no Ministério da Guerra e contém sua avaliaçãosobre os pontos fortes e os pontosfracos do meu caráter. Como não seisobre suas inclinações políticas, tomei aprecaução de também obter uma cartado Sr. Perceval, no caso do senhor sermais inclinado a colocarsua fé na opinião de um políticoconservador – um Tory. Espero que osenhor concorde comigo que ambos

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são conhecidos por serem homenshonestos.”

O Sr. Bennet não tocou nas cartas."Em comparação com outros políticos, éverdade, mas tudo o que você meconvenceu é que você é extremamentebem relacionado, o que eu já sabia."

Richard deu um sorriso acolhedor."Se eudesejasse provar minhas conexões, teriapedido para Wellington escrever para osenhor. Eu fui seuassessor por um tempo, mas quisevitar os atrasos desnecessários de terque localizá-lo nos confinsda Espanha. Mas se euconheço Lord Palmerston, o senhorverá a extensão de sua franqueza em

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sua carta. Não será uniformementepositiva."

"Independentementedo que eles dizem,não tenho vontade de falar com você.Eu lhe agradeço por deixar aminha casa."

"Com o devido respeito, Sr. Bennet, não vou embora até que osenhor me ouça."

"Devo chamar meus servos para lhetirar à força?"

Richard inclinou-se e colocou as pontas dosdedos na borda da mesa do Sr. Bennet."Se o senhor acredita queseus servos vão me tirar à força,um oficial comissionado a serviçode sua Majestade, que não está lhe

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oferecendonenhuma ameaça então eu lhe convido afazer exatamente isso. Mas euduvido que você tenha esse tipode servos, então a maneira maisrápida de se livrar de mim é escutar oque tenho a dizer."

O Sr. Bennet cruzou os braços e serecostou na cadeira dele. "Vejo que você émuito parecido com seu pai."

"Touché, senhor – o senhorsabe onde atacar. Está, noentanto, completamente errado. O senhoro vê vindo à sua casa paralimpar seu nome?"

"Não, mas duvido que existaqualquer coisa que ele não faria se ele

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sentisse que era do seumelhor interesse."

"O senhor lhe dá mais crédito doque ele possui. Eu entendo que vocêsestudaram juntos,então imagino que você saibacomo ele prefereresolver os problemas."

A boca do Sr. Bennet setorceu. "Então ele lhe falou sobre isso?"

"Claro que sim. Ele não seimporta se o comportamento dele eradesonroso, nem que ele estejaquebrando ocódigo de honra falando sobre issoagora. O senhor não esperava coisamelhor dele, certo? Porque se o senhoresperava, ficarei desapontado com você,

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Sr. Bennet. Pensei que o senhor seriamais perspicaz do que esperar umcomportamento honrado dele."

"Quegrande respeito você mostra para comseu pai!", comentou Sr. Bennet.

"Dou-lhe o respeito que é devido.Você já leu uma descrição de uma touradaespanhola, Sr. Bennet? O toureirorespeita o touro devido à sua forçae o perigo que ele oferece,não porque o touro tem alguma honra.E quando o touro está pronto paracobrar, o toureiro o engana agitandoum manto vermelho no ar ao invés de irdireto para ele. Um toureiro que não fazfinta com um manto vermelho éum toureiro morto. O que o senhor viu

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naquele dia em Hunsford era aminha própria versão de acenar um manto vermelho nafrente de um touroenlouquecido. Meu pai entrou determinado a destruir sua filha, mas emvez disso resolveu me atacar e aatacar Darcy – e eu afinal de contas,tenho anos de prática, estouacostumado com seus ataques."

"Destruir o bom nome da minha filha parece uma maneira estranha paraprotegê-la."

"Considere a minha audiência, senhor. Sua filha e Darcy sabiam queo que eu disse não era verdade. ParaLady Catherine e para o meu pai, eudisse o que eles já estavam convencidosque era verdade, que sua filha tinhaaprisionado Darcy com suas artes eatrativos.Isso é onde teria acabado exceto que o

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senhor não é advogado de animais deestimação que o meu pai achava, masprefiro um pai preocupado que um paique saiba que eu oestava fazendo de bobo. E éisso, Sr. Bennet, que euvim aqui hoje para lhe dizer, assim,sabe que a culpa foi minhapor ter mentido, e que o comportamentode sua filha foi irrepreensível,porque não importa se o senhoracredite em mim, eu não permito queuma mulher inocente levea culpa por meus fracassos."

"Ou talvez o seu verdadeiro motivo para vir aqui foi para promover oSr. Darcy e tirar toda a culpa dele.Não vai funcionar. Continuo a me oporao noivado."

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Intrigado, Richard balançou suacabeça. "Por que o senhor acha que derepente eu iria promover esse noivado?"

"Oh, vamos. Ele é seu primo e seu amigo e provavelmente seu agiota também.""Ele é meu primo e meu

amigo, mas isso não significa... Senhor, você sua filha sobre o que aconteceuem Hunsford, entre nós três?"

"De certa maneira.""Bem, se o senhor conversar com ela

vai poder descobrir que eu não era umdefensor desse noivado; naverdade eu tentei dissuadi-la. Eu apoio o casamento só para quesua filha possa preservar a reputaçãodela, e desde que Darcy é oúnico que ela vai aceitar, então ela temque casar com ele. Prefiro vê-la

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casada com Darcy quearruinada e sozinha."

"Deixe-me adivinhar -agora você está acenando um manto vermelho naminha frente." O tom do Sr. Bennet erapuro escárnio.

"Oh, pense o que o senhor quiser! Eujá lhe disse o que eu vim dizer, que suafilha é inocente de todo o ocorrido.Bom dia, Sr. Bennet." Ele saiu dasala, irritado consigo mesmo porsua perda de composturacom as insinuações do Sr. Bennet.

***

“Lá está ele." Elizabeth sussurrou para Jane na porta da sala de estar. "Esperoque o pai não o tenha perturbado

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muito. Ele é um cavalheiro tão amável."O Coronel caminhou na direção

das duas senhoras, suahabitual expressão de volta ao seusemblante. "Você não precisase preocupar por mim, Srta.Bennet. Seu pai só ameaçou expulsar-me uma vez, e eu não precisei medefender com a minha espada,"ele brincou.

Elizabeth soltou a respiraçãoque ela estava segurando. "Estou felizpor isso. È muitodifícil de limpar um tapete sujo desangue. Coronel Fitzwilliam apresento-lhe minha irmã Jane. Evocê está seguro com ela também; só as

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minhas irmãs mais novas são loucas porum militar."

Jane estendeu sua mão, e curvou-sede maneira cortês. "Agora issoé uma pena," disse o Coronel com seusolhos fixos no rosto de Jane.

Elizabeth, acostumada com a expressãoque a maioria dos cavalheiros faziam,quando conheciam Jane, apenasriu. "Você vai entrar e tomarum refresco com a gente?"

"Eu ficaria honrado, mas se não estou enganado, esperamque eu saia do local sem demora."

"Absurdo. Querem que eu seja inóspita comvocê e lhe deixar ir embora sem lheoferecer algo para comer e beberquando você está viajando desde

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Londres?” Elizabethcolocou a mão no braço dele.

"Quando você fala assim, sinto-me obrigado a aceitar," ele disse.

Jane o levou até a sala, sentou-se aolado do bule dechá, o Coronel sussurrou no ouvido deElizabeth. "É ela que Bingley admira?"

Ela assentiu com a cabeça. Edisse, "Jane também voltou para casa.Ela passou os últimos meses em Londrescom nossa tia e tio."

O Coronel Fitzwilliam pegou a dicae perguntoua Jane sobre seu tempo em Londres,comparando notas sobre as coisas

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favoritas que ela tinha feito.Elizabeth permitiu que os doisdominassem a conversa, a tensão aindasolta dentro dela enquanto esperavao inevitável confronto com o pai dela.

Veio mais cedo doque ela esperava quando ele emergiu da biblioteca,um quarto de hora maistarde, uma carta aberta em uma mão e os óculos na outra.Ele parou na portada sala de estar, admirando aaconchegante cena doméstica."Então você ainda está aqui," ele disse.

O Coronel Fitzwilliam replicou."Deixei as senhoras me convencerem que seriaindelicado não apreciaras bebidas que elas me

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ofereceram, mas eu não vou abusar dahospitalidade."

O Sr. Bennet acenou parasua afirmação. "Não tão rápido, porfavor. Se eu tivesse imaginado quãodivertido seriam estas cartas, eu asteria lido mais cedo."

Elizabeth fechou os olhos, desejandoestarlonge. Ser forçada a observar comoo pai dela se divertia à custa doCoronel era a última coisa que ela queria.

Enquanto o Coronel voltou a sentar, o Sr. Bennet colocou seus óculose abriu a carta. "Eu gostei muito destaparte: embora oCoronel Fitzwilliam tenha servido comdistinção na Índia, durante alguns anos,

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é improvável que ele vá avançar paraalém de sua posição atual.Embora sempre tenhacumprido seu dever, sua falta deentusiasmo para ofensivas militarestem sido observada. Como eu trabalheiem estreita colaboração com ele,não tenho dúvida quantoà sua lealdade, mas não prevejo ele sercolocado em uma posição de combate, amenos que ele decida voltar para aÍndia, oque eu acredito ser improvável.”E esta é a sua referência de caráter, meujovem! "

A rigidez súbita na expressão doCoronel a fez ver que o que estavaescrito na carta tinha sido

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inesperada. Mas ele se recuperourapidamente. "Eu avisei queele descreveria minhas falhas,bem como minhascaracterísticas positivas."

"Ele está realmente dizendo – deslealdade e – digamos covardia?"

"Pai!" Elizabeth gritou. "Isso é mentira."A mão do Coronel Fitzwilliam tinha

ido para o punho da espada, mas elelentamente relaxouos dedos. "Se você chamar decovardia eu não ir alegremente para abatalha contra meus parentes e amigos,então na verdadesou um covarde, mas como diz a carta,sempre fiz o meu dever. Matei tantossoldados franceses na batalha como qualquer outro

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oficial. Você terá que meperdoar se eu não me regozijo disso."

"Um simpatizante francês aserviço de sua Majestade? Estou realmentechocado!"

Elizabeth disse. "Isso é alémdo suficiente, senhor! Continue a sedivertir como o senhor gosta, mas nãopermito que osenhor insulte um convidado nesta casa."

OSr. Bennet a ignorou completamente. "Bem, Coronel?

"Eu acredito ter vistouma garrafa de conhaque francês nasua biblioteca, e a Srta.Bennet está elegantementevestida em um estilo, que acredito sejaparisiense. Isso faz de

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você um traidor em apoiar uminimigo da Inglaterra? E quem faz parteda boa sociedade inglesa, pelo menos amaioria, fala um pouco de francês.Muitas das nossas modas seoriginaram na França. Ainda assimdevemos ter prazer em matar osfranceses. Nós somostodos alunos da hipocrisia – ou talvez deva dizer l'hypocrisie".

"Mas você aparentemente dá um passo maislonge ao beber conhaque francês.Talvez você seja um admiradorde Bonaparte."

"Eu não sou umBonapartiste, mas eu simpatizo com o povo francês.Eles sofreram bastante nos últimos trintaanos, antes mesmo do tirano do

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Bonaparte entrar em cena. Minhamãe é francesa, e quando a situaçãopolítica permitiu, visiteia França com ela. Eu falo francês,assim como o inglês, é por issoque eu sou especial para o Ministérioda Guerra. Émoda atual exibir todos os francesescomo demônios. Eu não faço isso e fuiforçado em mais de uma ocasião adefender minha honra por causa disso,mas não me envergonho dos meussentimentos."

Balançando a cabeça, o Sr. Bennet dobrou os óculos, ecolocou-os no bolso. "Matlock casadocom uma papista. Quem poderiaacreditar?"

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"Uma muito, muito rica herdeirapapista, precisamente no momento em que suaspropriedades estavam precisandodesesperadamente de dinheiro." O Coronel erasó amabilidade de novo.

Elizabeth notou então a mão de que Jane agarrou o braço doCoronel. Seu rosto estavapálido, mas sua voz era firme quandoela disse, "não suporto essa conversasobre política num dia tão bonito.Coronel, talvez vocêgostasse de ver nossos jardins? Asflores estão maravilhosas este ano."

Ele olhou para ela com surpresa. "Medaria muito prazer, Srta. Bennet. Srta.Elizabeth vem conosco?"

Elizabeth murmurou. "Daqui aalguns minutos, talvez."

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Jane manteve um sorriso enquantoela e o Coronel Fitzwilliamdeixavam a sala. Elizabeth olhouacusadoramente para o pai dela.

"Lizzy, de todas as ocorrências infelizes em Kent, o pior foi ocompleto desaparecimentodo seu senso de humor. Para oque vivemos, a não ser para zombarnossos vizinhos e rir deles?"

"Rir dos outros às vezespode ser muito doloroso. Eu não achoque seja divertido insultar um amávelcavalheiro. Independentementedo que você acredita, o CoronelFitzwilliam tem sido muito gentil comigo."

“Você terá que me perdoar se eu assumo que, se o filho do senhor Matlock foigentil com você, foi porque ele achouque fosse do seu interesse."

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"Ele não é responsável pelos pecados do seu pai. Talvez eletenha puxado sua mãe."

“Só porque ele sente simpatia pelos pobres,pobres franceses, que estão fazendo todoo possível para matar tantosingleses quanto possível."

Elizabeth ia começar a dar umaresposta, mas parou quando umpensamento ocorreu-lhe.

"O que é?"Eu estava pensando sobre o

que ele disse para mim quando ele viu o Conde seaproximando da casa. Ele me disse parame esconder porque ele preferia me verencarar a artilharia de Napoleão doque estar na mesma sala com seu paisem ninguém para me proteger."

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"Isso é a coisa mais sensata que ouvi dele até agora. Opior que as balas podem fazeré te matar."

Antes de sair, Elizabeth deu-lhe um olhar afiado, mas não disse nada.

Ela deu a volta na casasem conseguir ver Jane e o Coronel, enão os encontrou no caramanchão. Ooutro lugar provável era no pequenojardim além do muro arruinado. Ela sedirigiu para lá e estava apenas a algunsmetros da entrada quando ouviu um somque ela não ouvia há muitotempo. Era o som de Jane rindo, nãoum riso forçado ou educado, mas umarisada alegre, real. Ela ouviu a voz doCoronel e Jane riu mais uma vez.

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Elizabeth não poderia recordar tal alegria na irmã dela desdeque o Sr. Bingley tinha deixadoNetherfield. Jane tinha ficadotriste durante todo o inverno edurante a estadia deElizabeth em Hunsford e depois disso, oespírito de Jane tinha ficado igualmenteoprimido pelo conflito com seu pai,mesmo que não a envolvesse. Entreos dois golpes, o bom humornatural de Jane tinha sidosubstituído por uma tristeza tranquila.

Se o Coronel Fitzwilliam podia dar aJane alguns minutos de felicidade,Elizabeth não tinha nenhum desejo deinterromper o tête-à-tête. Sua apariçãosó traria de volta o assuntodoloroso sobre seu pai. Ela andou

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silenciosamente de volta para casa, e foicaminhar pelo prado pelo menosum quarto de hora.

Ela não tevechance de falar com o Coronel sozinhoaté que ele estava pronto para partir.Quando o cavalariçotrouxe seu cavalo, o Coronel disse, "Espero que minhavisita não piore as coisas para você."

"De jeito nenhum. Só queria às vezespoder voltar para antes de tudo issoacontecer, mas claro não sepode pisar no mesmo rio duas vezes – e não seria muito sensato tentar,quando o referido rio transbordou com ainundação. Mas peço desculpa pelocomportamentoimperdoável do meu pai."

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"Você não precisa se desculpar – sua irmã já fez isso longamente,apesar dos meus protestos e elafoi bastante encantadora."Ele pegou as rédeasdo cavalo. "Devo dizer, Bingleyfoi um tolo em deixá-la.Darcy também, mas Bingley foi maisainda." Ele balançou a cabeça emdescrença.

Elizabeth riu. "Você não terá nenhum argumento de mim sobre esse ponto,senhor. Estou feliz que ainda acreditenisso após o encontro com meu pai."

Ele bateu no selim com um gestoestudado. "Como eu disse anteriormente,você conhece meu pai, Srta. Bennet.Adeus, até que nos encontremos denovo!"

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Capítulo 13Elizabeth geralmente apreciava overão, porque lhe dava liberdade paravaguear e explorar, mas este ano,parecia que ela estava simplesmentemarcando o tempo. Seu passeio nolago agora era o objeto de seuspensamentos mais felizes; erao melhor consolo para todas as horasdesconfortáveis que a desaprovaçãodo pai dela tornou inevitável.

Ela pensou que teria que desistir dopasseio que ela faria mais tarde,quando Hill, com seu rostopálido, anunciou umavisitante inesperada. "A Condessade Matlock está aqui, Srta. Lizzy.”

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Elizabeth deixou cair seu bordado."Jane, Mary – vocês não precisam

ficar aqui. Verdade.” Elizabeth se sentiaum pouco estrangulada.

Mary com um olhar zombeteiro, eJane, que sabia bem mais do que Marysobre o confronto deElizabeth com Lorde Matlock, disse, "Não deixaremosvocê enfrentar isso sozinha."

Antes de Elizabeth poder dizeralgo, Hill anunciou umaelegante senhora, mais ou menos damesma idade que aSra. Bennet, vestindo umelegante vestido de seda verde."A Condessa de Matlock."

Lady Matlock pesquisou a salacom um olhar e andou diretamente

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para Elizabeth. "Você deveser Elizabeth! Posso chamá-lade Elizabeth, n'est-ce pas?

Elizabeth agarrou a cadeiramais firmemente, olhando para ela comdesespero. Como tinha a senhoraMatlock a reconhecido? Umadescrição de sua aparência caberiatambém a Mary, igualmente bem. "É umahonra, senhora Matlock."

Ah! "Você quer saber como eu tereconheci. Simples;Richard me disse que vocêconheceu meu esposo e você é a únicaque parece capaz de arrancar todas assuas penas e servi-lo para o jantar."Ela pronunciou o nome do filho Ree-shar, de uma maneira francesa, e foi um

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momento antes de Elizabeth perceber de quem elaestava falando. Inclinada parafrente e usando um tom confidencial, asenhora Matlock acrescentou:"vocês não precisamtemer. Eu não sou como meu esposo, vraiment

Fazendo um esforço para afrouxar osdedos, Elizabeth disse, "Eu não quis serdesrespeitosa com o senhor Matlock".

Sua visitante deu umsorriso. "Ah, mas eu sim! Vem, sente perto de mim, Temos de nos conhecer melhor,você e eu, uma vez que você vai serminha sobrinha." Elagraciosamente se sentouno sofá e acariciou o espaço aolado dela.

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Então, foi com ela queo Coronel Fitzwilliam tinha aprendido suas maneiras amáveis.Elizabeth sentou-se conformeas instruções, embora dandoum olhar nervoso para Jane."Obrigada, senhora".

Richard me contou tudo sobre você. Você odeixou encantado! Darcy, claro, ele estásempre com a caraamarrada, o pobre rapaz. Eu soube imediatamente que tinhaque conhecer a pessoa que capturou ocoração do meu sobrinho. "

Elizabeth não pode suprimir um sorriso. "Foi bastante inconsciente, Vossa Senhoria.""Mas claro que foi! Darcy nunca teria lhe

notado se você fosse umadaquelas moças que se jogam em cimadele tão

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embaraçosamente! Ele odeia muito essetipo de moça."

"Eu estava tão longe de bajulação quanto possível! Meu comportamento emrelação a ele só pode serdescrito como impertinente."

Lady Matlock acariciou o rosto deElizabeth. "Então nós vamos nos daresplendidamente bem, você e eu. Nósseremos impertinentes, e Darcy vai ficaramarrado o tempo todo e vaiaprender a sorrir novamente. Eu desejoque você não tenha que esperaraté o Natal!"

"Eutambém, senhora Matlock, mas meu pai achao contrário."

Lady Matlock franziua testa, as penas

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em seu penteado elaborado balançandoindignadas. "Seu pai, ele é um ogro, nãoé? A pessoa que recusa deixar vocêver o pobre Darcy?"

Elizabeth questionou se seria mais educado concordar que o seu pai era umogro ou discutir o ponto. "Ele temboas intenções," ela disse semconvicção.

“Espero que sim, porque se ele nãotiver, ele é apenas um tolo,e para um homem, talvez sejamelhor ser um ogro doque um tolo, n'est-ce pas? Richard está com ele agora,eu acredito."

Nesse momento os dois senhoresapareceram. Lady Matlock olhou para oSr. Bennet. "Ah, você deve ser

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o ogro, então!" ela exclamou em deleiteaparente, o sotaque dela fazendo soarcomo se fosse um elogio.

O Sr. Bennet fez uma reverênciasuperficial. "A seu serviço, senhora.Mas você não precisa temer; Eujá agucei meu apetite por carne humana como seu filho, então você está segura."

O Coronel parecia se divertir, ao serecostar na cadeira maispróxima de Jane."Felizmente, as minhas feridas sãoalgo menos mortal."

O resto da visita continuouconsideravelmentebem, como seria de se esperar davisita de umacondessa, à casa de um cavalheiro rural de pequena fortuna.

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Com a ausência de sua mãe e dasirmãs mais novas,havia pouco para constrangê-la.Mary estava com medo de falar demais,e o Sr. Bennet se limitava a comentáriossarcásticos ocasionais.

Quando finalmente a carruagem deLady Matlock se afastou, depois que asenhora fez vários convites paraElizabeth visitá-la quando estivesseem Londres, Elizabethficou surpresa ao descobrir que oCoronel Fitzwilliam, que tinha vindopara Longbourn a cavalo, emvez de viajar numa carruagem sufocante,tinha permanecido em pé entre Jane eo Sr. Bennet.

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"Espero que você esteja satisfeito," oSr. Bennet disse secamente para ele,"embora minha contenção não sejadevido a algumacoisa você disse, mas em vez dissoveio da minha própria convicçãode que qualquer mulher éinfeliz o suficiente por ter se casadocom seu pai e merece piedade, enão censura."

OCoronel Fitzwilliam riu. "Verdade, embora ela nãotenha vivido com meu pai por muitosanos. Uma vez ela lhe deu veneno,e reteve o antídoto, até que ele assinasseos papéis, concedendo-lhe uma casa separada.É uma história bem conhecida."

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O Sr. Bennet apertou as mãos nafrente do seu peito. "Verdadeiramente umasenhora que pertence ao meu coração! – embora eunão veja a necessidade de umantídoto. Dê-lhe meus cumprimentos.E agora acredito você esteja indoembora, senhor."

"É verdade, embora, eu deixesua casa para providenciar umquarto para mim na pousada. A Srta.Bennet me informou que vai ter umareunião em Meryton hoje à noite e foigentil o suficiente para me convidar aparticipar."

O Sr. Bennet tirou os óculose colocou no bolso do colete e, emseguida, olhou para o Coronel da

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cabeça aos pés."Devo entender que você tem o hábitode conceder a graça de sua presença emreuniões pelo país?"

"Não, mas sua filha mais velhaé muitobonita, e tenho o hábito de aceitar taisconvites, quando eles vêm desenhoras de notável beleza." Curvou-se em direção a Jane,que corou lindamente. "Espero que você váme dê à honra de dançar comigo,o primeiro conjunto."

Como Jane acenou com a cabeça, oSr. Bennet disse, "ao contrário. Eu achoque você aceitou porque você sedeleita em irritar-me."

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O Coronel assumiu uma expressão pensativa. "Prazer talvezseja a palavra errada. Melhor,talvez, dizer que esse tipo de coisa vemnaturalmente para mim." Ele piscou paraElizabeth. "Srta. Elizabeth, uma vezque já solicitei a honra da primeiradança para sua irmã,espero que você esteja livre para a segunda?"

Elizabeth olhou direto para o pai dela, edisse, "Eu vou esperar ansiosa por isso,senhor."

***

Na reuniãoo Coronel Fitzwilliam imediatamente setornou objeto de discussão entre osparticipantes. O murmurinho que

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circulou em um ritmo impressionante,seguido por rumores duvidosos, era queele era solteiro, filho de um Conde eque ele estava cortejando a Srta.Bennet e na fila para ser um General.Em um momento de diversão ímpia,Elizabeth consideroumencionar seu irmão mais velho e queestaria doente, mas absteve-se de criaressa ficção.

O Coronel dançou duasvezes com Jane e com Elizabeth, umavez com Mary, e uma vez com cada umadas duas jovens senhoras que Janeapontou para ele, como sendo as quemais necessitavam da atençãocavalheiresca dofilho de um Conde. Elizabeth não via

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Jane em tão boaaparência e espírito desde que o Sr.Bingley tinha fugidode Netherfield, e estavaagradecida ao Coronel.

"Foi numa reuniãocomo essa que eu vi pela primeira vez oSr. Darcy," Elizabeth disse aoCoronel duranteuma pausa entre as danças.

"E ele caiu violentamente de amor por você." O Coronel deu copos de limonadapara Elizabeth e para Jane.

Elizabeth riu. "Não, de fato. Ele disse que eu era tolerável, mas não bonita osuficiente para tentá-lo a dançar,e que Jane era a mulher mais bonita dosalão. E disse no meu ouvido!"

"Só mesmoDarcy para fazer algo tão

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estúpido! Não me admira que você logoo tenha odiado. Aparentemente você odeixou tentado."

"Parece que sim, embora não consiga imaginar porque. Eu estava muito impertinentecom ele."

"Ele sem dúvida mereceu. Sobre o tema da impertinência, esperoque a minha presença não causeespeculações que possam fazê-ladesconfortável?"

"Não, especialmente porque eles parecemvincular seu nome com Jane, nãocomigo. Sua presença esta noite é muitobem vinda, mas infelizmente, vou-me embora de Longbourn em dois dias,vou viajar com minha tia e meutio para o lago. Quando euvoltar, imagino que a confusão terá sido

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esquecida. Os fofoqueiros terãoencontrado outra pessoa para falar."

Elizabeth não sabia como a previsãodela estava correta.

***

"Eu me pergunto oque Coronel Fitzwilliam disse ao nosso pai, antes deles sejuntarem a nós," disse Elizabethenquanto Jane penteava seu cabelo.

"Você vai se surpreender com minha ousadia, Lizzy! Perguntei-lhe sobre isso. Aparentemente,ele disse que embora nosso pai pudesseinsultá-lo com impunidade, ele não iriaretaliar contra o futurosogro do seu primo, a grosseria contra

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a mãe dele nãocaiu na mesma categoria."

"E tenho certeza que ele disse isso de uma maneira tão amável que eraimpossível ficar ofendida!"

"Sim, ele é um cavalheiro muito amável." Jane caiu silenciosa, e Elizabeth sabiaque ela estava pensando em outrocavalheiro amável que tinhadecepcionado suas esperanças.“Mas ainda assim, ele pôde ser firme."

No futuro haveriapoucas oportunidades para o caminho deJane atravessar o do CoronelFitzwilliam. Elizabeth não queria quea irmã ficassedesapontada no amor novamente.

***

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A carruagem dos Gardiners começoua sacudir na estrada, logo após a partidade Meryton. Elizabeth agradecia aoluxo de ficar sozinha com sua tia e seutio. "Vocês não podem imaginar como estou feliz de deixarLongbourn para trás! Eu estou ansiosapara ver os lagos, e eu não acho queeu não conseguiria suportar maisum dia em casa."

O Sr. Gardiner limpou agarganta. "Tenho uma notícia decepcionantesobre o Lake District, Lizzy. Uma vezque devo voltar para Londres maiscedo do que o esperado,decidimos que seria maissensato substituir nossa viagem poruma excursão contratada,

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então nós vamos viajar somente atéDerbyshire. O cenário é quase tãobonito quanto oslagos, e também nos dará a oportunidade de visitar a cidadeonde sua tia passou sua infância."

Elizabeth ficoudecepcionada com a notícia. Elaesperava ansiosa ver os lagos,mas ela fez omelhor para disfarçar seu espanto."Mas ainda esta manhã vocêfalou sobre visitar Windermere!"

"Eu sei que estou lhe dando umapequena decepção," disse a Sra.Gardiner com um ligeiro sorriso. "Nósjá sabíamos sobre esta mudança háalgumas semanas,mas temíamos que seu pai não permitisseque você se juntasse a nós, se ele

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soubesse que planejamos viajar paratão perto de Pemberley. Enviaremos umacarta para ele, em umdia ou dois, informando-o da nossa mudança de planos."

"Imagino que Derbyshire é grande o suficiente para que eu e oSr. Darcy não nos cruzemospor acidente, mas vocêsem dúvida está correta".Elizabeth escolheu um fiosolto na luva dela, tentando esconder seutom amargurado. Seria difícil saber queele talvez pudesse estar por perto e nadapoder fazer sobre isso. Por outro lado,não há nenhuma razão paraacreditar que ele vai estar na residênciade sua propriedade; ele pode estar emqualquer lugar.

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Percebendo que suas palavras podiam ter soado reprovadoras,ela acrescentou, "Eu estou tão felizque vocêsme convidaram para acompanhá-los.Sem esta viagem, não sei como eu teriasobrevivido no último mês."

A Sra.Gardiner acariciou a mão dela. "Eu sinto muito, Lizzy. Eu esperava que, umavez que você tivesse voltadopara Longbourn, seu pai seria mais compreensível."

"Ele já não me dá ordens, embora eu ainda não possa entrarem contato com o Sr. Darcy. Oque não suporto é o escárnio."

"Sua zombaria?""Oh, não é nada novo. Ele sempre disse que suas filhas eram tolas e ignorantes,

e nunca prestei atenção nessaspalavras, porque ele dizia queeu era mais rápida do que as outras, e a

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minha vaidade lisonjeadainsistia que ele devia estarfalando em um tom de brincadeira.Mas não é divertido ser chamada deboba, especialmente quando ele é oúnico que opta para suas filhas ficaremna ignorância. Peço desculpa; eunão quero estragar a nossa viagemcom minhas reclamações. Eu quero saber tudo sobre oque veremos emDerbyshire." Ela forçou-se a sorrir.

A tia assentiu compreensivelmente. "Se isso é o que deseja, mas espero quesaiba que sempre estou feliz de ouvirqualquer coisa que você queira dizer."

A garganta de Elizabeth ficouapertada com as palavras da tia,então ela se limitou a um rápido acenode cabeça.

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O Sr. Gardiner,suas sobrancelhas ligeiramente arqueadas, disse,"temos um ambicioso roteiro planejado. VisitaremosOxford, Blenheim e Kenilworth nocaminho, e claroem Derbyshire haverá muita coisa para ver –o pico, é claro, assim como Dove Dale,Matlock e Chatsworth."

A menção de Matlock trouxe oCoronel Fitzwilliam imediatamente à mente.Será que ela estava condenada a passartoda a viagem, confrontando aslembranças da situação dela, quando elatinha a esperança de colocar seuspensamentos nas belezas do LakeDistrict?

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"Parece maravilhoso," disse Elizabethcom firmeza.

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Capítulo 14A mente humana é uma coisa curiosa, e não podia haver nenhuma surpresa umavez que Elizabeth tinha resolvidoque a possibilidade de um encontro acidental emDerbyshire com o Sr. Darcy eraridiculamente remota, apesar dela nãoperder a esperança de ver sua formaalta cada vez que eles viravamnuma curva da estrada. Quandoos viajantes chegaram aLambton, a cidade onde a Sra.Gardiner tinha passado sua infância,Elizabeth ficou doente pelo cicloconstante de esperançae decepção. Ao descobrir quePemberley ficava a apenascinco milhas da pousada onde eles

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estavam hospedados, sua ansiedadeaumentou ainda mais.

Sua primeira preocupação ao chegar àcidade era que o nome dela poderia serreconhecido entre a população local,que tinha ouvido sobre o noivado doSenhor de Pemberley, mas isso nãoaconteceu. À noite, ela perguntou para acamareira se Pemberley eraum lugar bom e se a família ia para lá,muitas vezes. Ao receber a notíciadecepcionante de que a famíliararamente era vista em Lambton,ela perguntou se por ventura ela sabiase a família iria para o verão. Aempregada respondeu negativamente,mas em vez da resposta fornecer alívio

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para Elizabeth,causou uma nova depressão.

Na manhã seguinte, ela se preparoupara conhecer os planos do tio e da tiapara o dia com uma aparência deentusiasmo, quefoi completamente desfeita quando suatiaexpressou uma inclinação para conhecerPemberley. "Meu amor, vocênão gostaria de ver olugar onde você vai viver? É uma lástima nãoir até lá quando estamos aqui navizinhança," disse a Sra. Gardiner.

Elizabeth não conseguia esconder sua aflição. Ela assentiu que não tinha nadaa fazer em Pemberley sem a presença doSr.Darcy, e que sua visita poderia ser vista como

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uma curiosidade desagradável.Ela não podia pensar que o nomedela seria desconhecido lá, uma vez quesua vida estava entrelaçada coma do Sr. Darcy. O que ele pensaria se eledescobrisse que ela tinha estado lá?

Sua tia tentouargumentar com ela, mas ao ver que Elizabethestava decidida, ela conversoubrevemente como marido, que propôs um planopara irem visitar o pico.Elizabeth rapidamente concordou com essa idéia.

Eles partiram logoem seguida, e Elizabeth sentou-se nobanco da carruagem paradesfrutar da paisagem que oscercavam. Ela

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ficou surpresa quando a carruagem parounum portão, e o tio dela desceu parafalar com o guardião.Quando voltou, ele instruiu ococheiro para virar para afloresta através de um conjuntode portões grandes, ornamentados, logoapós a entrada, fazendoElizabeth olhou paraele com curiosidade e comdesconfiança.

"Esta parece ser uma estrada privada", disse ela."Temos de fazer uma breve parada em Pemberley," sua tia disse se

desculpando. "Desculpe, minha querida,mas nós já tínhamosfeito arranjos e seria muito mal-educadose nós não aparecêssemos. Nãoprecisamos demorar, só vamos ficar

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o tempo suficiente para explicar quenão podemos fazer o passeio completo.Você pode permanecer nacarruagem se quiser."

As bochechas de Elizabeth ficaramcoradas. Há dois meses teriadiscordado, mas agora ela achava quesua opinião nãoiria fazer diferença. Alémdisso, ela era apenasuma convidada nesta viagem e não tinhao direito de reclamar se não gostassedo itinerário. Eladobrou as mãos no colo, fazendo omelhor para escondersua aflição e disse,"muito bem. Se você deseja fazer o passeio, não ficarei no caminho."

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Alívio floresceu no rosto de sua tia."Obrigada pela compreensão, Lizzy.Eu não esperava que você desejasseevitar o lugar."

"Eles sabem quem eu sou?"O Sr.

Gardiner disse, "Eu simplesmente disse que traria algumaspessoas comigo."

"Eu prefiro que o senhor não falesobre a minha conexão com o Sr.Darcy."

A tia dela sorriu, parecendomuito mais feliz do que ela teriaesperado. "Nós não mencionaremos issopara ninguém."

Elizabeth deuvárias respirações profundas, naesperança de retardar sua pulsação.

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Apesar dela não ter tido escolha noassunto, ela podia muito bemfazer o melhor da situação,e não podia negar que tinha certacuriosidade sobre seu futuro lar. Quandoolhou para fora, a carruagem chegava aotopo de uma colina, o olhar delainstantaneamente foi pego pelo grande, ebonito edifício de pedra, majestoso,com um pequeno lago ao lado. Elarespirou em deleite. Apesar de todos oselogios que tinha ouvido sobrePemberley, ela não esperavatamanha beleza. Ela estavadeterminada a ficar satisfeita por causado Sr. Darcy, mas tanta elegância naturalmereciamais elogios para ele. Pensar que um dia

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ela viveria num ambiente tão bonito!Sua tia e tio foram instantaneamenteperdoados por trazê-la contra a vontade,mas ela sentiu, naquele momento, umanova queixa contra seu pai. Se não fossepor ele, ela hoje poderiaestar chegando aqui como a Sra. Darcy.

A carruagem paroua uma curta distância da casa. Quando ela saiu, Elizabetholhou para o pórtico Palladiano queficava na frente da casa. Com osolhos dela ajustadospara o tamanho da casa, ela percebeuque havia uma figura elegantemente vestida de pé nocomeçoda escadaria. O coração dela, derepente, começou a bater mais rápido.Ela piscou duas vezes, dizendo-se

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que deveria estar imaginando coisas,mas seus ombros largos e suapostura eramdolorosamente familiares, bemcomo sua marcha rápida quando elecomeçou a se mover na direçãodela. Com um grito inarticulado, ela correupara ele.

Odecoro foi completamente esquecido coma sua súbita alegria e ela sentiu alívioquando voou para os braços dele.Seus braços se apertaram em torno delaaté que seus pés quase deixaramo chão, mas Elizabeth não seimportava. Meio rindo, meio chorando,ela pressionou orosto contra o peito dele

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até que pode sentir o pano superfino do casacodele na bochecha dela e ela só queria que elea segurasse mais perto ainda. Ela podiaouvi-lo murmurando o nome dela, eencontrou consolo no refúgiodos seus braços, e com ele alibertação de toda a dor das últimassemanas. Ela podia ouvir o batimentocardíaco acelerado, edesejou que esse momento não acabasse nunca.

A realidade demorou avoltar, e quando o fez, Elizabeth escolheu ignorá-la tanto quanto possível, preferindomanter a sua atual posição feliz, emvez de obedecer às leisdo decoro que de repente pareciamextraordinariamente tolas. Afinal, se o

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Sr. Darcy não se opunha, por que elairia? O pensamento a fez rir e ela viroua cabeça para olhar para ele.

Sua expressão era uma que ela nunca tinha visto antes, uma mistura de alegriasincera, ternura e outra coisa, queela não podia classificar. Eleinclinou sua testa contra adela, uma intimidade que roubou dela opouco de fôlego que ainda restava.

Um pensamento derepente cruzou a mente dela. "Você não parece surpreso emme ver."

Ele balançou a cabeça ligeiramente e riu baixo. "Verdade. Estouencantado, muito feliz e é um prazerenorme vê-la – mas não estou surpreso."

"Mas como..." ela começou, masentão percebeu que ela não se importavacomo isso tinha acontecido.

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"Seu tio foi gentil o suficiente para dizer-me que estaria aqui hoje."

"Meu tio"? Derepente muitas coisas faziam sentido –o desrespeito dos Gardiners comrelação aos seus desejos deevitar Pemberley, o olhar estranho queeles trocaram, e atémesmo a mudança do itinerário daviagem.

"Sim". Darcy parecia divertido. "O mesmo tio que está tomando grande cuidadode olhar em todas as direções, menos nanossa."

"Oh. É claro." Agora consciente da faltade adequação do comportamento dela,ela relutantemente se desembaraçoude Darcy, mesmo parecendo queela estava perdendo algo

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muito precioso. "Peço desculpa; eu nãopensei nas aparências."

"Não peçadesculpas por isso. Jamais".Sua voz era baixa e intensa enquantoele a puxava de volta para os braçosdele. "Você não sabe oque significa saber que você está felizem me ver."

Portrás dela, a voz do Sr. Gardiner disseincisivamente, "as proporções dos arcossão muito bonitas. Quanto àsbalaustradas, elas não são umareminiscência dos desenhos da Abadiade Woburn que pairam sobre aminha mesa? Oh, Lizzy,aí está você. Eu tinha me

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esquecido que você tinha vindo com agente hoje."

Darcy lançou para ela, um olhar umpouco envergonhado. "Minhas desculpas, Sr.Gardiner, por permitir que meussentimentos anulassem meu melhor julgamento."

OSr. Gardiner fez silêncio. "Não se preocupe, rapaz. Ninguém pensamenos de você por isso."

Elizabeth virou-se para abraçar o tio dela, pressionando um beijo na suabochecha. "Obrigada, obrigada. Eu nãoposso lhe agradecer o suficiente."

"Sua felicidade é o agradecimento que eusempre quis. E manteremos nossapromessa de não contar paraninguém daqui da sua conexão com o Sr.

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Darcy – mas acho que todos eles agorajá adivinharam." Ele piscou para ela.

Ela riu. "Mas porque você não me disse?"

Seu rosto ficou sóbrio. "Embora nós discordemos doseu pai, não queríamos encorajá-la a desobedecer-lhe. Uma vez quevocê não sabia por que nós estávamos tetrazendo aqui, você não odesobedeceu. Eu acredito que podemoscolocar essa responsabilidade emDarcy."

Ela olhou para frente e paratrás, entre seu tio e Darcy, que estava escovandoseu chapéu que tinha caídono chão durante o abraço. "Oque você que dizer?" ela perguntou.

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"Que Darcy entende que vocênão pode contatá-lo."

Darcy pegou sua mão. "Eu pretendo estar com você sempreque você quiser me ver."

"Se você está esperando que eureclame, você vai esperarum bom tempo!" Ela sesentia muito bem em ter suas mãos aoredor dela, mesmo sentindo seuestômago tremer.

"Bom". Darcy se inclinou em suadireção e falou baixinho no ouvido dela. "Nãotive a oportunidade de cortejá-la comovocê merece ser cortejada. Agora é aminha única chance de fazê-lo antes de nos casarmos, entãoeu pretendo fazer a maior parte dotempo".

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"Mas como tudo isso aconteceu?"O Sr. Gardiner riu. "Darcy tornou-

se um visitante regular da RuaGracechurch, onde compartilhamosqualquer notícia que temosde você. Sua tia e eu passamos a gostarmuito dele, então quando fizemos nossosplanos para visitar Lambton, decidimosfalar paraele. Você pode imaginar o resto."

Darcy disse, "OSr. e Sra. Gardiner foram extraordinariamente gentis comigo. Euos agradeço por me ajudarem apreservar minha sanidade em maisde uma ocasião. E agora,espero que todos me honrem com umavisita a casa."

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"Obrigado," disse oSr. Gardiner. "Eu confesso que estouansioso para ver Pemberley depoisde ouvir minha esposa elogiá-la tantasvezes."

Elizabeth hesitou. "Seu pessoal sabe quem eu sou?"Darcy sorriu para ela. "Sim, mas a minha empregada está

instruída a tratá-la como qualquer outroconvidado."

"Obrigado; Eu acho que nestemomento eu não poderia fazer justiça ameu futuro papel.”

Seu hálito quente semovia contra seu ouvido enquanto ele falava. "Estou felizque você não se importe, mas eufiz isso por razões puramente egoístas. Meutempo com você é muito precioso paracompartilhar com eles."

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Elizabeth estava em êxtase quandoDarcy levou-osem uma excursão pela casa, mostrando omobiliário elegante eas vistas deslumbrantes das janelas.Embora geralmente tivesseum excelente senso de direção, elapoderia se perder na mansão. Elacontinuou voltando-se para olhar paraDarcy, às vezes até tocar seu braço,achando difícil deacreditar que ele estavarealmente lá. Ela nunca tinha visto ele assim –carinhoso e afetuoso, à vontade. Seuorgulho por Pemberley brilhava em seurosto, mas não havianenhuma arrogância em suas maneiras.Seus tios podiam parecer com pessoas

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da sociedade, mas se ele esteve na RuaGracechurch, devia sabera verdade sobre o status deles.Ela achou que ele ia querer terpouco contato com seus parentes quetrabalhavam com comércio, mas em vezdisso ele pareciaverdadeiramente feliz de vê-los e aindadisse que esperava que ficassemem Pemberley em quaisquer futurasviagens para Derbyshire.

Ele concluiu a visita, mostrando-lhes uma suíteprivada, ricamente decorada em estilorococó diferente a elegânciasutil do resto da casa. Trabalhos emouro sobressaíam nasparedes da sala de estar, e esculturas de

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porcelana estavam agrupadas em cimada lareira. Um quarto de vestir ficavaentre a sala de estar e um quarto grande.

Darcy pegou a mão deElizabeth. "Estes eram os aposentosda minha mãe, e serão seu. Eles ficaramfechados por anos, mas eu penseique você gostaria de vê-los, então eu fizcom que o meu pessoal os arrumasse.Eles precisam ser modernizados, masqualqueralteração deve ser de acordo com sua preferência. Espero quevocê me diga o que você gostaria quefosse feito. Eu quero que você seja felizaqui."

Ela riu comseu olhar preocupado. Ele realmente achou queela poderia ficar desapontada com

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Pemberleysimplesmente porque a decoração dessesquartos era antiquada e fora de moda?Em Longbourn, a maioria domobiliário era muito mais antiga doque isso."Não consigo imaginar ser infelizem Pemberley. Esses quartos sãorealmente muito grandes.Eu sinto como se eu estivesse visitandoum palácio real!"

As linhas de seurosto relaxaram, permitindoque um pequeno sorriso aparecesse."Podemos falar sobre issodepois. Venham, há refrescos na sala deestar, e então talvez a gente possa irvisitar os jardins."

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Eles discutiram seus planos aolongo de uma extensa mesa comcarnes fria, bolos e uma variedade detodos os melhores frutos da temporada.Darcy disse que ele estavacompletamente à sua disposição nospróximos dois dias. "O resto do meugrupo, em umavisita que foi planejada antes queeu soubesse que você estaria aqui, sejuntará a mimdepois disso. Minha irmã estará entre eles, juntamentecom algumas pessoas que conhecemElizabeth – o Sr. Bingley e suasirmãs. Georgiana estáparticularmente ansiosa para conhecê-la;ela quer te conhecer desde que eu conteique te conheci em Hertfordshire."

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Embora decepcionada com a idéia de dividi-lo com um grupo maior, Elizabeth disse:"Eu ficarei contente coma oportunidade de conhecê-la." Ela esperava que a presença doSr. Bingley não provocasse nenhum malentendido. Mesmo Jane alegando quenão se importava mais com ele,Elizabeth ainda não tinha sereconciliado com a ação de Darcy naseparação de Bingley e Jane.

***

Depois do chá, Darcy levou-os para ojardim. Ele tinha andado esse caminhomil vezes, uma pitoresca caminhadaà beira da água, mas desta vez era

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como se ele estivesse vendo tudocom novos olhos. A alegria de Elizabethao ver a concepção artísticado parque, o prazer dele nãosomente por causa de seu amor porsua casa, mas o sinal deque ela não ficaria descontente em viver lá.Pemberley eraadorável e para ele nenhum outrocondado poderia se rivalizar com abeleza de Derbyshire, mas ele quis saber mais de umavez o que Elizabethpensava da paisagemmontanhosa, austera, e se ficaria comsaudades dos campos mais suaves deHertfordshire.

De longe a melhor surpresa do dia tinha sidopoder vê-lo. O Sr. Gardiner estava certo

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sobre isso. No início ao seconhecerem, Darcy expressou apreocupação de queElizabeth poderia serconvencida a cancelar o noivado devidoà oposição de seu pai. O Sr. Gardinertinha discordado, porém, achouque nesta circunstância particular, aoposição do Sr. Bennet provavelmenteiria trabalhar a favor de Darcy. "Se eletivesse tentado persuadi-la aacabar com o noivado,ela poderia ter considerado, mas aoproibi-la, e ele a empurrou para osseus braços. Eu achoque você vai encontrar a sua ligação comvocê muito mais forte, do que maisfraca."

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Darcy podia ver como isso eraverdade, mas ele achou que seria mais umadeterminação da parte de Elizabethde seguir com o noivado, em vez deverdadeiro apego. Isso era tudo o queera necessário agora; não importava oquanto desejava o amor dela, eleaceitava que para ganhar a afeição delapodia esperar até depois de secasarem. Afinal, como ela poderiadesenvolver sentimentosquando não podia nem secomunicar comele? Ele não tinha coragem de acreditar queisso era possível até que viuElizabeth correr para ele.Que momento que tinha sido! Ele nuncaesqueceria, não importa

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quanto tempo vivesse.Os Gardiners novamente mostraram seu tato, seguindo-

os à distância, permitindo aoportunidade para umaconversa privada. Elizabeth encontrou-se na posição incomum de se sentir coma língua presa. Ela tinha imaginadoconversas com Darcy tantas vezes nosúltimos meses que mal sabia o que dizerna frente dele, mas apenaster a mão deladescansando no braço deleera um prazer inegável. Ainda assim, elasentia inexplicavelmentetímida na presença dele.

"Seu tio medisse que seu pai continuaa ser ferozmente contrário ao nosso noivado."

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"Sim, mas às vezes acho que é purateimosia. Ele odeia admitir que possaestar errado sobre qualquer coisa."

"Tem sido muito difícil para você?"Sua preocupação era quase sua perdição, como o sentimento de traição e a dor

que ela tinha sentido nessesúltimos meses ameaçando oprimi-la. Sentimentos como essesnão eram algo queela confiava a alguém, nem mesmo aJane ou a Charlotte, e a idéia de fazer omesmo com Darcy, parecia assustadora."Eu tento focar nas coisas que me trazemprazer, não nas que eu nãoposso mudar."

"Lamento que a minha presença em sua vida tenhacausado uma ruptura entre você e

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seu pai. Eu sei que você o ama,"Darcy disse gravemente.

“A rupturafoi causada pelo meu pai, não por você.Nunca estive cega para aimpropriedade do seu comportamentocomo pai, mas sou muito grata pelotratamento carinhoso que ele mededicou por muitos anos, e prefiroesquecer o que eu não posso mudar.Agora, meus olhos se abriram. Euesperava que a atitude dele fosse mudarcom o tempo, mas agora eu acho que eleradicalizou eque ele já não pode admitir cometer umerro."

"Quem me dera eu pudessefazer algo para ajudar. Escrevi-

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lhe várias vezes, mas ele nunca merespondeu. Ele pode até nãoter lido minhas cartas, mas eu me sentiobrigado a tentar."

Ela apertou a mão no seu braço. "Ele nunca mencionou isso para mim. Obrigadapelo esforço."

"Você deve saber que não há nada que eu não faria para te fazer feliz."O calor envolveu o estômago de

Elizabeth, e um arrepio passou por seucorpo consciente da presença dele. Estehomem, que ainda era um poucoestranho para ela, seria seu marido.Ela podia sentir seu rosto corar e deixarsuas bochechas vermelhas. "É uma sortepara você, então, que eutenha tendência a ficar sempre de altoastral. Caso contrário você poderia ficarmuito ocupado."

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Ele riu. "Eu seria feliz em ficarocupado com uma causa tão boa. Mas eutambém não tive a chance de lheagradecer pelo risco de ter meaceitado."

"Eeu deveria pedir desculpas por terdemorado tanto tempo para decidir a teaceitar!", ela brincou.

Ele deu um pequeno sorriso, mas seus olhosdemonstravam um calor maior."Algumas coisas valem a pena esperar."Ele parou e a próxima coisa que ela viu,foi sua mão descansando levemente noseu rosto, e seu olhar nos lábios dela."Elizabeth", ele sussurrou. "Sinto queestou ficando louco por não ter aindasido capaz de fazer isso."

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Ela sabia oque ia acontecer, mas mesmo assim, a intimidadede seus lábios suavemente acariciandoos delafoi um choque. Todo o seu corpo parecia pulsarcom seu beijo, como se ela estivesseacordando depois de umlongo sono, a pele dos braços,formigavam, como se uma tempestade estivessechegando. Mais chocante, no entanto,foi como o calor firme de seus lábiosparecia fazer umespiral fundo dentro dela, puxando-a devolta para seu núcleo. Dando um passopara trás, ela engasgou "Minha tia e tio!"

Darcy com os olhos fixos emElizabeth. "Salvos, no último minuto."

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Ele estava correto; o caminho formavauma curva acentuada, e a mataos escondeu do casal. "Vocêplanejou isso?" ela disseem acusação falsa.

Ele teve a graça de parecer culpado. "Poucos minutos atrás."Seu momento de medo passou, e

Elizabeth estava com os lábios doendodesejando ele de novo, em seguida,os Gardiners apareceram por atrásdeles. Darcy ofereceu-lhe obraço novamente como se nadativesse acontecido, mas de algumaforma tudo tinha mudado.

Nenhum deles falou durante vários minutos.As bochechas de Elizabeth estavamquentes e ela dificilmente podiaolhar para Darcy, mas sentia

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sua presença ao lado dela,com cada fibra do seu ser. MeuDeus, se um mero beijo a deixoutotalmente fora de si, oque aconteceria quando eles fossemcasados e ultrapassassem o beijo?Baseada nos vislumbres que Elizabethtinha visto ao longo dos anos dejovens agricultores se amando, ela sabiaque isso tinha sido um beijo bastante casto, noentanto, ainda assim a tinha afetadoprofundamente.

Ela olhou de relance através doscílios de Darcy. Ela não podia ler aexpressão dele, mas havia algo quasedistante no seu rosto. Ela se sentiudesconfortável, então disse,"você está muito quieto, senhor."

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A distância sedesvaneceu e seus olhos arderam deamor por ela, fazendo-a ficar comfalta de ar. "Estou me lembrandode todas as razões por queseria um erro a gente fugir para se casar.Dado que sou um perito em saber porque fugir é uma má idéia, torna-seum testemunho de seu poder,que eu pense sobre o assunto umasegunda vez, ou ao menos ter que medissuadir sobre isso."

"Enquanto eu concordo que a fuga não é a solução, estou curiosa desaber por que você se descreve comoum especialista no assunto. Há algumacoisa que eu deva saber sobre oassunto?" A idéia de que ele poderiater considerado se casar

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com outra mulher a deixouvagamente doente de ciúmes.

"Toda a minha vida euvivi com as consequências da fuga dos meus pais– os arrependimentos de minha mãesobre a perda desua posição na sociedade que não teriaacontecido se ela não tivesse fugidopara se casar e osofrimento do meu pai sobre asconseqüências do escândalo.Após a morte da minha mãe, ossussurros acabaram. Pareceque a sociedade tem padrões mais exigentes para asmulheres do que para os homensneste assunto."

Entãonão tinha sido outra mulher. Elizabeth ficou

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envergonhada pelo alívio que sentiu.Isso também explicava a preocupaçãodele por sua reputação. "É por isso quevocê estava tão ansioso para anunciar onosso noivado?"

Ele considerou. "Eunão podia ignorar o fato de que qualqueratraso poderia manchar sua reputação.Então, quando estávamos em TunbridgeWells, nós passamos por algunsdos meus conhecidos da sociedade. Vicomo eles estavam olhando para você, eeu percebi que “a fofoca”já tinha começado. Na esperança deminimizar os danos, mandei oanúncio do nosso noivado, sem perceber qual opreço que nós ambos pagaríamosquando seu pai o visse"

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Elizabeth escolheu suas palavras comcuidado. "Eu gostaria de saber porque você não disse nada dissopara mim."

“O que eu disse para mim mesmofoi que, embora você ainda não tivesseaceitado o meu pedido, provavelmente ofaria em alguns dias, e, com sorte, euteria a oportunidade de suavizarsua opinião sobre mim, e o anúncio nãoviria como um golpe para você. Mas erao meu orgulho ferido. Eu ainda estavasofrendo com sua recusa e não poderiaenfrentar a raiva que você sentiria se pensasseque eu a tinha forçado a aceitar o meupedido. Mas posso dizer com toda asinceridade que eu não fiz isso para forçá-la a se casar comigo.”

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"Aperda de reputação talvez fosse preferível aocasamento com um homem aquem eu considerava detestável,mas eu esperavaevitar ambos, embora de algum modo,sabia que você estava correto. Aindaassim, meu próprio orgulho revoltou-se quando me vi forçada a isso.Sinceramente eu não gosto de terminhas escolhas tiradas de mim, comomeu pai descobriu." Para alívio deElizabeth, eles entraram em uma grutaescura que,apesar de sua aparência natural,sem dúvida tinha sido construída paracomplementar a paisagem.

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"Claro, issoera parte do meu dilema", suavoz ecoando nas paredes de pedraáspera em torno deles. "Eu queria quevocê desejasse se casar comigo, oque parecia mais impossível a cada dia.O melhor que eu podia esperar era verque você decidiraque não tinha escolha senão aceitar a minhaoferta. Sua vivacidade e brilho meatraíram, no entanto, eu via queminha presença estava sufocando asqualidades que eu tinha amadoem você. Não queria que vocêviesse para mim contra sua vontade,ainda assim tudo oque eu tentava parecia apenas meafastar ainda mais de você". A dor de

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Darcy pareciaencher o ar fresco da gruta.

Incapaz de suportar oquanto ele tinha sido ferido pormeio de seus equívocos, ela colocouseu rosto em seu ombro. "Eu gostaria deter lhe entendido." A voz dela foiabafada pelo tecido superfino de seu casaco.

Seus braços a apertaram compaixão. "Você não pode saber quealegria me deu quando marchou poraquela sala de estar como uma“Amazona Vingadora” e anunciouque ia se casar comigo".

Lágrimas queimavam os olhos deElizabeth, quando ela se lembrou doque tinha acontecido, e antes queela percebesse um soluço a sufocou. As

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surpresas do dia e oalívio esmagador de poder estar em seusbraços protetores aabalaram ainda mais do que elagostaria de admitir. Ela tentou dizer paraela mesma que era uma tola por chorar,agora que estava finalmente comele, ainda que as lágrimassalgadas insistissem em descer pelo seurosto. "Peço desculpas; não costumo ser umacachoeira!" Sua voz tremeu.

A pressão dos lábios dele nasua testa a acalmou fazendo-a sentir-se quente por dentro. "Não, não peçadesculpas, minha queridíssimaElizabeth," ele murmurou."Eu nunca quis te magoar ou te causarnenhum

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desconforto. Não sei como você podeme perdoar."

"Eu te perdoei assim que eu percebisuas reais intenções. Meu pai foi quemverdadeiramente me machucou vocênão." Suas últimas palavras foram quaseinaudíveis.

Os braços de Darcy a apertaram, emseguida, ele a soltou apenas o temposuficiente para levá-la para umabancada de pedra rude esculpida na parede dagruta. Era grande o suficiente para queeles pudessem se sentarcom uma distância adequadaentre eles, mas em vezdisso, ele pôs o braço em volta dela e acolocou bem perto, ao ladodele. "Você é muito gentil comigo. Eu tive culpa pela

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situação, em primeiro lugar. Se nãofosse por mim, sua reputação nãoestaria em perigo, não teria havidonenhum anúncio, e seupai não teria vindo para Kent e não teriavisto nós dois juntos."

Mesmo através de suas lágrimas, ela conseguiu um riso trêmulo. "Então vocêcausou o dilúvio que nos aprisionou?Eu nunca soube quevocê tinha tanto poder sobre o tempo!"

"Eu não poderia impedir a inundação, mas foi minha escolha ir paraa casa paroquial à noite, sabendoque você estava lá sozinha. Eu sabia quevocê e sua reputação podiamser prejudicadas, mas assumialegremente que ficaríamos noivos e,portanto, acima de qualquersuspeita, antes alguém soubesse."

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"Então, teria sido mais respeitoso de sua parte seafastar, deixando-me sozinha paraenfrentar os rufiões da aldeia?"

O braço de Darcy emtorno dela apertado."Não brinque com isso. É difícil osuficiente saber quão pouco posso fazerpara protegê-la, uma vez que você voltepara Longbourn."

Ele era - ela pensou- muito propenso a assumir responsabilidade porcoisas muito além do seu controle. "Euconsegui sobreviver muito bem atéagora, senhor! Eu não sou umacriatura tão frágil quanto pensa." Elaenxugou aslágrimas com um lenço amassado queestava no bolso dela.

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Ele falou baixinho no ouvido dela. "Seu tio está apenas adez passos da entrada da gruta."

Assustada, Elizabeth olhou para cima. OSr. Gardiner estava olhando diretamentepara os dois, sem condenação,mas também defendendo sua posição de umaforma que mostrassesua intenção de tomar conta deles.Ele não poderia ter dito mais claramenteque permitiria que Darcy a confortasse,desde que não fosse mais longe do queisso. Envergonhada,escondeu o rosto no ombro de Darcyaté que pudesse se controlar mais umavez. "Oh, o que ele deve pensar demim!"

"Ele entende o quanto você sofreu. Ele tem sido muito bom para mim, oque eu não mereço quando fui eu quem

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umavez condenou suas conexões baixas. Temsido uma lição para mim."

Suas palavras foramum bálsamo para ela. Ela se preocupoumuitas vezes, nestes últimos meses, queDarcy podia querer que ela mantivesseseus parentes à distância.Ele podia gostar deles era umpresente inesperado.

***

Foi o dia mais feliz queDarcy tinha experimentado em meses.Como acontece depois de um longoperíodo de escuridão, foi muitomais valorizado. Enquanto ver as

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lágrimas que Elizabeth derramava porcausa do pai lhe doía, ele se sentiamelhor pela satisfação depoder dar conforto a ela. Maistarde, quando o habitual alto astral delavoltou a emergir, ele mais uma vez foiabsorvido para o lugar alegre edespreocupado, que o mundo poderia setornar quando a vivacidade de Elizabetho abrangia. Ele tinha sentido falta desuas maneiras provocantese do brilho de seus olhos, dasua inteligência rápida tão ao contráriodo langor em moda entre as damas dasociedade. Pensar que um dia elepoderia desfrutar constantemente dessasqualidades! Ele estava determinado anão pensar nos meses de

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separação, que iriam sofrerapós a sua partida de Derbyshire. Àsvezes ele até mesmo conseguia manter aescuridão longe dele.

A parte mais difícil era lutarcom a constante tentação de tê-laem seus braços. Aqueles brevesmomentos de segurar seu corpo contra odele tinham sido inebriantes, e se nãofosse pela presença dos Gardiners,ele ficaria com ela em seus braçospor horas. Ah, porque ele estava mentindo para si mesmo?Ele teria feito muito mais do que esperarpor ela. Cada movimento sinuoso de seucorpo flexível, cada gesto inconscientemente sedutor queela fazia, cada riso

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brilhante o tentava em desejos cadavez mais perigosos para acariciar a pelemacia, para reivindicar oslábios dela, para fazê-la gemercom o prazer do seu toque. Quando umdos seus cachos escuros escapou do seucoque, ele não conseguiudesviar o olhar, imaginando como elaficaria com o cabelo solto e espalhadoem seu travesseiro. Durante suacaminhada, ele tinha sido assombradopela visão de suas pernas, vistas atravésda finamusselina da saia, quando o sol estava atrás dela. O desejode levá-la e fazê-la para sempredele tinha sido quase insuportável, e tinhasido doloroso, ele se limitar a umcasto beijo, isso seria suficiente para ele

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se qualificar como um homem a sersantificado. Semanas de jejumnão seria nada em comparação. Aindaassim, felizmente, ele toleraria essetormento em troca do deleite de tera companhia de Elizabeth.

Embora ele tivesse desejado -dezenas de vezes - que os Gardinersestivessem longe apenas paraque pudesse ter Elizabeth só para ele,também era grato ao Sr. Gardiner por terfeito vista grossa em algunsmomentos quando ele já não podia seconter. Muitos acompanhantesnão teriam tolerado tais violações, o queé apropriado para uma jovem sob osseus cuidados, mas Darcy suspeitavaque o Sr. Gardiner devia ter simpatia

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por sua posição, e a Sra.Gardiner parecia feliz emseguir o exemplo do marido.

O dia acabou muito cedo, mesmo os Gardiners tendoestendido sua visita por meio de umjantar informal. Quando oSr. Gardiner anunciou que era hora devoltar para a Pousada, foi como seDarcy não estivesse preparadopara a dolorosa sensação de vazio que oengolia com a perspectiva de ficarseparado de Elizabeth. Ele iria vê-la amanhã de manhã, masas horas entre agora e então, de repente,pareciam ser um trechointerminável de desolação.

Seus olhos automaticamente sedirigiram para Elizabeth, então ele

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não notou que o Sr. Gardiner estava indocom sua esposa para a porta. Ele voltou,foi até ele,bloqueando a sua visão de Elizabeth e bateu-lhe no ombro. Inclinado para frente,dissecalmamente, "Você tem cinco minutos, rapaz, nem umsegundo a mais."

Como Darcy tentou dar sentido a isso, oSr. Gardiner saiu da sala e fechou aporta, deixando-o sozinho comElizabeth. Em seguida, entendeu –atônito - que nem o simpáticoSr. Gardiner iria tão longe, maspreparado para ser muitograto por isso. Mais tarde. Agoratinha coisas mais importantes parapensar.

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Elizabeth ficou ruborizada quandopercebeu o que estava acontecendo.Felizmente seu rubor foi suficientepara frear a voz insaciável na mente deDarcy que estava informando-o do quepodia ser feito em cinco minutos. Nãoquerendo perder um segundode seu precioso tempo, tomou asmãos de Elizabeth nas dele. Colocouos lábios contra a palma de sua mão,primeiro uma, depois a outra. Quandoela tremeu em resposta, fez com que elequisesse mais."Seu tio disse que nós temos cincominutos". Sua voz pareciarouca mesmo para seuspróprios ouvidos.

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Bom Deus, como podialevar isso devagar quando ela estava olhando para elede uma formainconscientemente sedutora? Seu corpo já estava respondendocomo se ele a tivesse em seus braços,seu familiar cheiro de lavanda flutuandosobre ele. Ela tremia enquantosuas curvas suaves entravam em contatocom seu corpo, e por ummomento Darcy ficou sem saberse foi medo ou antecipação o que elasentiu. Então as mãosdela encontraram seu caminho emvolta do pescoço dele, trazendo-o paraainda mais perto dela.

O batimento cardíaco deElizabeth estourava os ouvidos dela

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enquanto vagamente se perguntava porque oslábios dela estavam já formigandoquando Darcy sequer os tinha tocado,mas então ele lhe deu um beijo tãocarinhoso que fez seu coração doer.Seu corpo doía também,mas de uma forma muito diferente, e elase apertou contra ele maisfirmemente, na tentativa depreencher o vazio dentro dela.

Darcy reagiu imediatamente, seuslábios tocando os delatão suavemente como um sussurro. Aspálpebras deElizabeth fechadas enquanto ela sentia adelicada sensação de como a ponta dalíngua dele traçava uma linha entre seus

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lábios. Uma sensação deformigamento na boca do estômago ameaçou apoderar-se dela. Ela permitiu que a insistênciasensual de seus lábios, deixasse que alíngua dele explorasse a boca dela. Elapodia sentir a doçura quentee uma sugestão tentadora como umfogo varrendo o corpo dela enquanto elao abraçava cada vez mais apertado.

Instintivamente, ela respondeu, encontrando seu ardor com sua própria paixãoflorescente. Mesmo sentindocomo se todo o seu ser estivesse centrado noponto onde suas bocasse encontravam, de alguma forma elaestava ciente do calor das mãos deleexplorando-a, enquanto aacariciava para baixo em direção assuas ancas. Um calor se espalhou dentro

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dela em cada carícia que ele faziaaté que ela sentiu que nada no mundoimportava além destasurpreendente sensação. Tudo oque ela queria era ficar ainda mais pertodele, até que nada pudesseficar entre eles. Ela searqueou contra ele, e a resposta deDarcy foi segurá-la ainda maisapertado.

Elizabeth mal ouviua batida forte na porta até os lábios deDarcy não estarem mais nos lábiosdela. Ela abriu os olhos paraver os ângulos agudos de seu rosto, seusolhosescuros com paixão e sua respiração irregular.

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Ele tocou seu rosto levemente com asduas mãos. "Minha Elizabeth doce, ebela," ele disse suavemente.

Sua mente ainda não podia formular palavras, mas ela conseguiu se lembrarde se afastar dele, quando a porta abriu.

O Sr. Gardiner entrou assim queDarcy começou a endireitar sua gravata."Nossa carruagem estáesperando, Lizzy."

Darcy ofereceu-lhe o braço. "Posso levar você até asua carruagem?"

"É claro", murmurou Elizabeth. Enquantoapoiava a mão em seu cotovelo, ela seaproveitou de sua proximidadepara colocar a cabeça dela contra seu ombro. Elasentiu a pressão breve de seu beijo emsua testa.

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Suas mãos se apertaram quando elea colocou dentro do carro. Quando acarruagem começou a se afastar,Elizabeth foi grata que sua tia e tio não tentaram aenvolver na conversa.Sua mente e seu coração estavamainda em Pemberley.

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Capítulo 15Na manhã seguinte, Darcy apareceu na Pousada antes docafé da manhã com a intenção de passaro dia todo ao lado deElizabeth. Ela tinha passado grandeparte da noite anterior,revivendo seus beijos com muito prazere seu rosto ficou corado assim que eleentrou na sala. Apesar de ser difícilencontrar os olhos dele, elasuperou esse fato quando eleaproveitou todasas oportunidades possíveis para tocar nobraço dela, na palma da sua mão,cada carícia fazendo-a se lembrardo fogo entre eles. Se ao menos ela pudessebeijá-lo novamente!

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O plano para o dia erauma visita a DoveDale, uma viagem que seria mais rápidae mais confortável na carruagemelegante e luxuosa de Darcy.Eles pararam duas vezes, porrecomendação de Darcy, para desfrutarda paisagem, e Elizabeth novamente tevea sensação que ele olhava para ela comuma intensidade incomum.

Ela tinha visto ilustrações de DoveDale e ouviu seu tio falareloqüente sobre o famosoriacho que corria ao longo da cidade,mas nada a tinha preparado para abeleza dovale com suas encostas densamente

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arborizadas e suasimponentes formações rochosas.

A seulado, Darcy descansou sua mão levemente em suas costas. "Vocêgosta do que vê?"

"Como não poderia? Ninguém pode resistir a tanta beleza." Ela nunca tinhapercebido que um toque nas costas delapoderia provocar tais sensações.

"Ninguém, de fato," murmurou Darcy, mas ele estava olhando para ela, não paraa paisagem, e seu polegar traçavacírculos sensuais em suas costas.

Absorta ao toque de suas mãos,Elizabeth dificilmente conseguia ver apaisagem. Percebendo que sua tia estavaolhando para eles comdesconfiança, Elizabeth decidiu queera hora para um assunto mais seguro.

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"Então, o Sr. Bingley vai se casarcom sua irmã?"

Sua mão parou as carícias secretas e ele olhou paraela, um sulco apareceu por cima da suasobrancelha. "Não.Por que você acha isso?"

"Oh". Elizabeth brincou com as fitas de seuchapéu. "Em uma carta no invernopassado, o senhor deu a entender que umanúncio era iminente, e então quandovocême disse eles estavam viajando juntospara Pemberley, presumi quedevia ser verdade."

Ele franziua testa ligeiramente. "Isso foi apenas uma questão de conveniência,desde que eu estava viajando a frentedeles. Ao mesmo tempo esperava tal

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arranjo entre eles, mas não deu em nada.Bingley não tem nenhum interesseparticular por Georgiana, nem ela nele."

"Imagino que não faltam jovens ansiosas para conseguiros afetos do Sr. Bingley." Elizabeth seesforçou para manterqualquer amargura fora de sua voz.

"Com efeito, embora elas estejamtendopouca sorte a esse respeito." Ele ficouem silêncio por um minuto. “Sua tiae seu tio me disseramque sua irmã ainda tem um grandecarinho por Bingley."

"É verdade, mas ela não acredita quealgo de bom possa vir a acontecer."

"A preferência dela por Bingley éamplamente conhecida?"

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"Todo mundo em Meryton sabe""Não me admira que você tenha se

ressentido tanto pela minha participação naseparação deles," Darcy dissecategoricamente. "Minha intenção nãoera causar dano. Eu tinhaobservado sua irmã atentamentedurante o baileem Netherfield, e enquanto os modosdela era aberto, alegre e cativantecom ele, eu não vi nenhum outro tipo desentimento. Ela parecia receber asatenções de Bingleycom prazer, mas não por sentir algumacoisa por ele.Seu semblante estava aberto e sereno, enão parecia que o coração dela estava

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tocado por amor. Eu pensei que ela iriaesquecê-lo rapidamente."

"Os sentimentos de Jane podem serdifíceis de serem exibidos, mas eles nãosão menos fervorosos por isso."

"Sentimentos fervorosos de ambas as partes, para um conhecimentoque não durou mais do que seissemanas!Eu não queria ferir a sua irmã, muitomenos, quando aconselhei Bingleycontra o namoro." Ele suspirou e, emseguida, disse em uma voz mais calma,"Eu tentei dizer-lhe que eu estavaerrado quando voltei para Londres."

"Você disse?" Uma onda de alívio apareceuno seu rosto. Ela tinha se preocupadotanto sobre comoeles iriam resolver suas diferenças neste

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assunto. Então ela percebeu oque ele não tinha dito. Se ele realmentequeria compartilhar a verdade comBingley, o que poderia tê-lo impedido?"Então, você realmente não lhedisse," ela falou com cuidado.

"Eu disse, mas ele não acreditou em mim. Ele veio me confrontar sobreo nosso noivado, chamando-me dehipócrita e muito mais.Quando levantei a questão sobre a suairmã,ele pensou que era por razões egoístas.Ele me disse que eu não era digno defalar o nome dela e, em seguida, foi-se embora. Não estamos em bons termosdesde aquele dia." Sua voz estava umpouco tremula.

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Elizabeth odiava ver sua dor. "Certamente ele não viria para Pemberley se estivessechateado com você."

Darcy deude ombros, sua expressão sombria. "O acordo já havia sido feito, eduvido que as irmãs de Bingleypermitam que ele o anule.Elas estão sempre procurando desculpaspara visitar Pemberley. Eu esperavaque esta visita me desse oportunidade defalar com ele aindamais sobre o assunto. Se ele não acreditarem mim, talvez ele escute você."

"Ele sabe que estou aqui?"Darcy abanou a cabeça. "Eu não

disse para ninguém, nem mesmo paraGeorgiana. Não quero que nenhumapalavra chegue até seu pai."

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Elizabeth olhou a formação de rocha elevando-se sobre eles. Como poderia tal pilar depedra ser natural? Parecia quetinha sido esculpido por umescultor gigante.

Ela não queria pensar sobre o pai dela. Ela teria que lidar com ele de novocedo demais.

***

Darcy se sentiu estranhamente satisfeitopor ter Elizabeth ao lado dele enquantoesperava a carruagem com oshóspedes, mas ele notou o sinal nervosode Elizabeth, esfregando o tecido dasaia entre os dedos. Ele seperguntava se era a perspectiva dareunião com Georgiana, ou se era por

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ver Bingley mais uma vez que a estavaperturbando, ou se era porque ela estavaao lado dele, para receber osconvidados, como se fosse sua esposa.

Se ao menos ela fosseverdadeiramente sua esposa! Ele nãopodia suportar pensar que em uma semana ela iria voltarpara Hertfordshire e estariacompletamente fora de seu alcance porterríveis e longos cinco meses. Eleestava mais certo dela agora do queapós sua separação em Hunsford,mas também sabia melhor o que eleestaria perdendo. Apresença dela trouxe luz e alegria para sua vida,e o simples ato de ser capaz de

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descansar seus olhos sobre ela, lhetrouxe alegria.

E seus beijos! Pelos céus, ela era um aprendiz rápido. OSr. Gardiner tinha dado, generosamente,cinco minutos nanoite anterior, e desta vez não tinhahavido nenhuma hesitação da parte dela.Ela veio direta para seus braços e obeijou como seestivesse esperando por isso o diatodo. Ele certamente tinha esperado –todos os pequenos toquesque tinha roubado durante o curso do dia,só tinham aguçado seu apetite,especialmente quando apanhouvislumbres de sua resposta.Os pequenos tremores, o rosto coradoe o alargamento dos seus olhos, tudo

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queria dizer que ele estava tendo umimpacto crescente sobre elafisicamente, e por Deus, enviavaemoções para ele também.

Mas estes não eram pensamentos seguros quando seus convidados estavamprestes a surgir. Felizmente, eletinha a distração de sepreocupar sobre como sua irmã e amiga,responderia à presença de Elizabeth.

O rosto de Georgiana apareceu najanela quando o cocheiro parou emfrente da casa, e ela lhe deu um sorrisofeliz. Ela foi a primeira a sair da carruagem, e correu paraele, e, em seguida, parou ao ver que elenão estava sozinho.

Ele beijou a face de Georgiana, edisse, "Posso ter a honra de apresentar asua futura irmã?"

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Os olhos da sua irmã sealargaram. "Você é a Srta. Bennet?Que surpresa maravilhosa! Oh, estou tãofeliz em lhe conhecer!"

Darcy não pode ouvir a resposta deElizabeth, uma vez que a Srta.Bingley e Sra. Hurst estavam falandocom ele,exclamando sua alegria por voltar a Pemberley.A Sra. Hurst notou primeiroa presença de Elizabeth e puxou amanga da irmã dela. Um olhar dedesdém cruzou o rosto da Srta. Bingley,mas ela rapidamente o cobriu com umfalso sorriso e cumprimentou sua"querida Eliza" com civilidadesuficiente que chegava a serembaraçosa. Pelo

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menos ela parecia ter reconhecido queElizabeth doravante seria a dona dosconvites para Pemberley e tinhadecidido pagarsua dívida de incivilidade.

Bingley ficou atrás de suas irmãs, enão fez nenhum esforço para seguir emfrente e apertar a mão de Darcy."Darcy," ele disse friamente.

Então ele não tinha sido perdoado. "Bem-vindo a Pemberley, Bingley. Tenhocerteza que você se lembra da Srta.Elizabeth Bennet, certo?"

A frieza de Bingley desapareceuquando suas irmãs finalmente seafastaram para ele cumprimentarElizabeth."Que surpresa agradável, Srta. Elizabeth!" ele

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exclamou com cordialidade nãoafetada. "Eu não sabia que você estariaaqui. Espero que sua famíliaesteja bem de saúde?"

Foi um contraste doloroso com o tratamento queele deu para seu velho amigo, masDarcy estava grato a Elizabeth por pelomenos ter poupado a raiva de Bingley."Por favor, entrem," ele disse para osconvidados. "Temosdois outros convidados, queeu gostaria que vocês conhecessem."

No salão, Darcy apresentouos Gardiners. A Sra.Gardiner, assumiu a liderança, falandocalorosamente comGeorgiana. Quando ela foi apresentadapara Bingley, ela disse que

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estava encantada em conhecê-lofinalmente depois de ouvir tanto sobreele pelassobrinhas, ele corou furiosamente, olhando como se quisesseouvir mais.

A Srta. Bingley foi apresentada,ofereceu um aceno com desdém e, emseguida, virou-se imediatamente parafalar com a Sra. Hurst, que deu umsorriso sem graça eenvergonhado pela maneira indelicadade sua irmã. A Sra. Hurst fez umareverência e uma saudação, mas nãomostrou nenhuma vontade de conversar,que podia ser atribuída afadiga da viagem se não fossepelo comportamento de sua irmã.

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A Sra. Gardiner, noentanto, não parecia preocupada peloacontecido. Ela era toda civilidadequando falou com asirmãs de Bingley em uma voz clara quepodia ser ouvida por todas as partes."É um prazer vê-las de novo! Eu fiqueimuito feliz em conhecê-lasquando vocês procuraramnossa querida Jane. Foi uma pena quevocês não pudessem ficar maistempo naquela ocasião."

Bingley parecia confuso, então disse, "Asenhora estava em Longbourn, Sra.Gardiner?"

A Sra.Gardiner sorriu para ele. "Não, isso foi em nossa casana Rua Gracechurch, em fevereiro,

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se não estou enganada.Sim, deve ter sido fevereiro, porque nestaépoca Jane estava com a gente, háum mês. Mas foi apenas uma visitabreve; eu acredito que assenhoras tinham outro compromisso."

Se Darcy tinha quaisquer dúvidas de que se a Sra. Gardiner tinha um motivooculto nas suas palavras,elas foram confirmadas por um olhar para oSr. Gardiner, queobservava Bingley com grande atenção.

Bingley virou primeiro para Caroline, que agora parecia estar examinando aminiatura de um retrato em cimada lareira, em seguida, para aSra. Hurst, e depois voltou para a Sra.Gardiner. "A Srta. Bennet esteve emLondres?"

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Sentindo uma explosão iminente, Elizabeth falourapidamente. "Sim, Jane ficou emLondres por vários meses. Srta.Georgiana,você deve estar cansada depois da longa jornada."

"De jeito nenhum. Bem, talvez um pouco." Ela lançou umolhar tímido para Darcy, que assentiucom a cabeça de forma encorajadora."Talvez eu possa descansar por um curtoperíodo de tempo."

A Srta.Bingley instantaneamente estava ao lado dela. "Uma excelente idéia,Georgiana querida! Eu acho que todosnós precisamos descansar um pouco."

Sem dizer uma palavra, Darcy tocou a campainha, emseguida pediu para o mordomo levarseus convidados para

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seus quartos. Bingley seguiu-o rapidamente, após as senhoras.

A Sra.Gardiner suspirou, colocando uma mãona sua testa. "Desculpe-me, Lizzy!Não devia ter dito nada, masquando elas fingiram nãoter me conhecido, eu não consegui ficarcalada. Você acha que elasesperavam que eu fossedissimulada para o bemdelas? Pobre Jane! É claro que oSr. Bingley nunca ficou sabendo dapresença dela na cidade."

Elizabeth tocou o braço da sua tia. "Estou felizque você tenha dito, pois caso contrárioeu poderia ter falado alguma

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coisa." Ela lançou um rápido olhar sobre Darcy, como seesperasse desaprovação.

Darcy tentou olhar comtranquilidade, um desafio, dado o aborrecimentocom o comportamento mal-educado daSrta. Bingley – até porque elesuspeitava ter se comportado da mesmamaneira há um ano – quando o seu breveidílio com Elizabeth tinha chegado a umfim prematuro. Bingley se estivesse comraiva antes, agora estava totalmenteindignado. Ao ver oolhar preocupado deElizabeth, ele disse, "ele tinha queaprender sobre decepção maiscedo ou mais tarde."

Qualquer esperança de que o problema poderia ser suavizadofoi sufocado pela atmosfera tensa no

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jantar. Bingley bebeu demais e nãofalou com ninguém, a não ser comElizabeth e os Gardiners. A Srta.Bingley agiu como se fosse uma mártir,enquanto Georgiana parecia quererdesaparecer. Se não fosse pela aacompanhante deGeorgiana, Sra. Annesley, e a Sra.Gardiner engajarem-se num discurso sobre boas maneiras, àsvezes auxiliado por Elizabeth, a reuniãoficaria reduzida a umsilêncio constrangedor. O jantar foi umpesadelo, muito distante das refeiçõesaconchegantes que Darcytinha compartilhado comElizabeth e os Gardiners.

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Foi ainda pior quando as senhoras seretiraram. Enquanto Darcy nãotinha nenhuma objeção à companhiado Sr.Gardiner, Bingley estava num mau humor perigoso, e oSr. Hurst, como de costume, estavaagarrado ao seu copo.Mesmo os melhores companheiros domundo não podiam separá-lo deElizabeth. Com tão poucos dias restantesantes que eladeixasse Lambton, Darcy queria passar cadamomento disponível com ela.

Bingley faloucom grande cuidado, "Eu suponho que vocêtambém sabia Darcy." Emborao comentário fosse aparentemente semrelação ao que eles estavam

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conversando, ninguémtinha qualquer dúvida sobre o que elese referia.

"Sua irmã medisse, sim, e eu devia terlhe dito. Eu estava errado ao pensar quea Srta. Bennet estava te perseguindo emobediência aos comandos da mãe dela, enão porque ela própria tinha sentimentospor você."

O Sr. Gardiner disse, "você estavaenganado, mas écompreensível. Enquanto eu nãotenho dúvida dos sentimentos daJane, é provável que ela deva ter sidoinstruída a se comportar dessa forma."

"Você devia ter me contado! Era umadecisão minha, não sua!" Os punhos de

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Bingley caíam fechados ao lado dele."Você está certo," disse Darcy com uma voz. "Eu devia ter te

contado. Eu agi errado por não tê-lo feito".

"É fácil para você dizer isso agora!""Eu tentei te

dizer isso em maio, mas você não quis ouvir."Bingley abaixou o tom da

voz um pouco enquanto oSr. Gardiner começou umaconversa sobre pesca.

Darcy estava completamente sem paciência com Bingley quando elesse juntaram novamente as senhoras.Nem mesmo o bálsamo da presença deElizabeth poderia acalmá-lo,especialmente quando ele consideroucomo seus hóspedes o impediam depassar preciosos minutos a sós com ela.

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Ele ainda tinha deveres comoanfitrião, então informou para todos quetinha feito planos para um piquenique nodia seguinte.

A Srta. Bingley ea Sra. Hurst ficaramem êxtase com a idéia, mas Darcy não ficousurpreso quando a Sra. Gardinerdisse que tinha amigos em Lambton aquem eles tinham negligenciado."Com tantas outras senhoraspresentes, nãovejo razão porque Lizzy não possaparticipar da sua reunião, se elao desejar," disse o Sr. Gardiner.

Darcy pensouque ele nunca conseguiria pagar tudo o

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que o Sr. Gardiner estava fazendo poreles.

***

O piquenique em Pemberley era diferente de qualquer umque Elizabeth já tinha participado.Havia seis grandes cestascom delicados doces, salgadinhos delagosta, as melhores frutas, carnes frias,bolos e pelo menos quatro qualidades devinhos, todos servidos para eles porempregados uniformizados. Um caropano cor de damasco cobria ochão para proteger as mulheres da grama úmida. Elizabeth pensouque se isso era a idéia do Sr.Darcy de um

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piquenique, ela teria algo novo para ensiná-lo.

Elizabeth dedicou seu tempo na tentativa de atrair atímida Georgiana, mas ela não estavasendo bem sucedida uma vez que a SrtaBingley se aproximava da garota sempreque ela dizia algo, fazendo-a ficar emsilêncio de novo. Pelo menos parecia queo Sr. Bingley estava com um espírito umpouco melhor, apesar dele não estaramável como de costume. Apesar detudo, Elizabeth podia sentir os olhos deDarcy nela, e ela ficou louca dealegria quando ela olhou em sua direção e seus olhos seencontraram.

Quando eles terminaram a refeição eseguiram para a carruagem,Darcy segurou Elizabeth. Quando

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todas as outras pessoas jáestavam sentadas, ele disse num tom que não tolerava nenhum argumento,"Elizabeth eeu pretendemos voltar a pé. Bingley posso confiarem você para que as moças cheguembem em Pemberley?"

Bingleyconcordou, Elizabeth levantou uma sobrancelha sedivertindo com Darcy, desdeque esta tinha sido a primeira vezque tinha ouvido esse plano. Ela não seopôs - algum tempo a sós com Darcy,mesmo sendo ao longo de um caminhopúblico, era precisamente oque o espírito dela precisava.

Assim que a carruagem ficoufora de vista, Darcy se direcionou para

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fora da via, longe da estrada até quechegaram aum pequeno bosque. "Espero quevocê não se importe. Esse caminho nosdará mais privacidade. Voltamos para avia novamente antesde chegarmos a casa."

"Não, de fato. Gostaria que fosse mais particular ainda,"Elizabeth disse sem pensar, já que elesainda podiam ser vistos da viae ela desejou estar em seus braços.

"Você deve ser cuidadosacom o que deseja," Darcy disse."Especialmente porque você vai terprivacidade em pouco tempo quandoo nosso caminho nos levar para trásdaquele bosque. Lá você vai encontrarum lugar muito privado."

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"De fato? E eu suponhoque você planejou isso também?"

"Estou tentando mecomportar como um cavalheiro, Elizabeth."

Ela deslizou a mão em seu cotovelo. "Confio em você, você sabedisso."

"Mesmo depois que anunciei que planejávamos andar? Obrigado por não mecontradizer."

Elizabeth riu. "Nem sempre fui tão complacente com seus desejos, certo?""Durante os dias que ficamos presos

por causa da enchente? Não, vocêcertamente não foi. Na verdade, houvemomentos que parecia que se eu fizessealgo, a melhor maneira de realizá-lo seria dizer-lhe que faria exatamenteo oposto."

"Sim, eu estava mesentindo bastante contrária a tudo a que

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você dizia ou fazia emuito envergonhada de ficarperturbada sobre nossa situação quandotodas aquelas pobres pessoasperderam suas casas e seus entesqueridos!”

"Mesmo assim você eratoda bondade para eles, especialmente coma Jenny. Você até mesmo me tolerava napresença dela!"

"Pobre Jenny. Quem me dera eu terdito adeus a ela antes de ir embora.Deve ter parecido para ela como se eunão me importasse com ela. Eu esperoque ela esteja bem."

As sobrancelhas de Darcy seuniram. "A senhora Collins não lhemanteve informada?"

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"Só que a Jenny foi morar com sua tia em Rosings. Meu pai não me permite leras cartas de Charlotte se ela falarde você, então ela raramente menciona algumacoisa sobre aquela época."

"Jenny foiviver em Rosings, mas uma vezque ela era incapaz de andar, ou talvezdeva dizer correr, Lady Catherine opôs-se ao ruído de uma criança tão jovemem sua casa.Sua tia não queria perder sua posição, tendotrabalhado em Rosings toda a sua vida,então Jenny foi enviada para o orfanato."

Elizabeth parou deandar, horrorizada pelo pensamento de Jennyem um desses lugares terríveis. "Comoela pôde? Pobre,pobre menina! Teria sido melhor

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para ela ter morrido com ospais dela. Oh, eu não posso suportar!"

“Se tudo correu bem, elajá não está mais lá. Dei ordens para queela fosse tirada do orfanato eencontrassem uma família paracuidar dela."

"Você é tão bom! Mas como você sabia oque estava acontecendo?"

"A senhora Collins escreveu para mim no mês passado, umavez que nada estava sendo feito parareconstruir avila, e muitos dos moradores aindanecessitavam de assistência. Elaesperava que eu pudesse falar comminha tia einterceder por eles, e convencê-la adedicar alguns recursos para sanar a

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calamidade. Desde que Lady Catherine émais inclinada a me repreender doque me ouvir, eu enviei umassistente do meu administrador paraliderar os esforços derecuperação. Pedi-lhe para elever o bem-estar da Jenny."

"Graças a Deus pelo quevocê fez! Sei que existem muitas crianças condenadas aesses lugares horríveis, mas de algumaforma é pior pensar sobre uma criançaque se tornou querida por mim."

"Como eupoderia não ajudar Jenny? Involuntariamente, ela participoude um papel para que ficássemosjuntos." A voz de Darcy era macia.

"Você se lembra como ela mechamou de

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Senhora Darcy?" Ela apertou a mão noseu braço, se movendo mais paraperto dele. "Tanta coisaaconteceu nesses dias, e minhavida tem sido muitodiferente desde então."Inexplicavelmente,ela sentiu vontade de chorar.

"Quem me dera..." Ele não terminou oque tinha começado a dizer, mas suaexpressão era severa.

Com alguma ansiedade, Elizabeth perguntou, "eufalei alguma coisa errada?"

"Não,está tudo bem." Ele parecia maissuave agora, e então ele riu.

"Qual é a graça?"

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"Estou rindo de mimmesmo, por razões que eu achomelhor não compartilhar."

Ela parou e deu-lhe um olharbrincalhão. "Você não pode meconfiar seus segredos?"

"Não, este eunão posso, Elizabeth. Acrediteem mim." Ele riu outra vez, sua vozbaixa.

"Eu quero saber, ou eu devo imaginar as coisas mais terríveis!" Ela puxousua gravata cuidadosamente atada,criando uma confusão onde antes tinhahavido perfeição.

"Se você insistir, meuanjo. É o meu próprio dilema pessoalO primeiro dia que você esteve aqui,quando eu lhe perguntei

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se era difícil para você estarcom seu pai, vocêmanteve seus sentimentos escondidos.Deu-me vontade de beijá-la, até que nãohouvesse dúvidas de que você eraminha. Somente agora que você abriuseus sentimentos para mim, me faz ficarcontente com sua confiança e issome deu uma vontade quase incontrolávelde te beijar.“Assim, parece que estou fadado apassar o meu tempo todo querendo te beijar."

"Um destino verdadeiramente terrível, senhor!" Elizabeth proclamou com adevida solenidade. "Como eu vouconseguir sobreviver?"

"Você não deve rir de um homem desesperado," ele rosnou."Não pense que não passou pela minhamente que o único jeito de forçar seu pai

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a me deixar casar com você maiscedo seria seduzi-la. Na verdade,existem provavelmente não maisque três ou quatro minutos por dia, queessa idéia não passe pela minhacabeça."

"Sr.Darcy!" Elizabeth estava metade-escandalizada, metade-tentadaa se atirar nos braços dele. "Você podeesquecer esse pensamento. Você, afinal,precisaria da minha cooperação."

Ele olhou para ela, exaustivamente, emseguida, fechou os olhos firmemente."Você realmente não sabe, não é?"ele disse com uma voz estranha.

Ela cruzou os braços sobre o peito dela e sorriu. "Oque eu não sei?"

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"Você é um barril de pólvora de paixão só esperando por uma faísca. Eu sintoisso sempre que eu toco em você.Deus docéu seria tão fácil fazer você querermais, e eu não confio que tenhaforça para parar."

Elizabeth cambaleou. Ele podia terdado uma bofetada na suacara, ou talvez cravado uma faca em seucoração. Teria sido menos doloroso doque isso, porque ela estariamorta e nunca teria que enfrentá-lonovamente."Porque não dizer que eu sou uma semvergonha e acabarlogo com isso?" ela disse com uma vozgelada. "Eu não tinha percebidoque sua opinião sobre

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minha moral era tão baixa. Obrigadopor se explicar tão completamente.Bom dia, Sr. Darcy". Ela sevirou e apressou-se, tãorapidamente quanto as pernas delaconseguiam, no que esperava ser adireção da via, mas não havia maneirade superar a dor.

"Elizabeth espere! Não foi isso queeu quis dizer!" Darcy corria pelo matoatrás dela.

Ela segurou as saias e correu parauma pequena ravina, lágrimas dehumilhação ardendo em seus olhos.Ela não podia acreditar que issoestava acontecendo, que ele tinha ditouma coisa tão horrível. Então a mão deleapertou seu braço, fazendo com

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que parasse tão abruptamenteque ela tropeçou em uma raiz escondidano chão. Ele a agarrou pela cinturaantes que ela pudesse cair, mas aindaassim ela tentou correr para longe dele. Então ambos caíram no chão,Elizabeth debaixo de Darcy, o cheiro de terra úmida efolhas secas, subindo ao seu redor.

"Você se machucou?" ele perguntou, agarrando seuspulsos.

"Estou bem", ela disseofegante, com os dentes cerrados. "Agora medeixe ir."

"Não até que você me escute! Não foi oque eu quis dizer. Elizabeth, quandoestivermos casados, vou me ajoelhartodas as noites para agradecer a Deuspor sua natureza

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apaixonada. Não consigo explicar o quevocê significa para mim. Isso quer dizerque devemos ficar juntos, você e eu,não que sua moral seja insuficiente ouqualquer outracoisa. Deus sabe que sinto por você omesmo que você sente pormim e sempre foi assim. Tudo oque você precisa fazer é olhar paramim, e eu me sinto em chamas. BomDeus, às vezes eu acho que seu pai temrazão em nos separar, porque esta podeser a única maneira de me manter nalinha!"

Não tendocerteza no que acreditar, Elizabetholhou para ele como se a respostapudesse estar escrita em seus

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olhos. Acima dela, a respiração deleera curta e rápida, seucabelo escuro caindo em torno de seurosto. "é muito feio chamar o nome dosenhor em vão?" ela disse sarcástica.

“Deus, não,"ele abaixou a cabeça e capturou oslábios dela a espera dos lábiosdele. Isso não era uma exploraçãosuave, mas uma reivindicação feroz.Sua língua invadiu a boca dela, como seestivesse explorando e exigindo umaresposta igual. Seuslábios palpitavam com uma necessidade ardentequando ela aceitou seu pedido e oencontrouna metade do caminho. Seu beijo parecia preencher todo o seu ser, masentão ela ficou ciente de que seu corpo

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estava se movendo ao longo dela,seu peito tentadoramente roçando aponta dos seus seios de uma forma queenviava surtos de relâmpago atravésdela. Involuntariamente, ela arqueou suas costas,esforçando-se para ficar mais perto delee recebermais de seu toque, mas ele tinha imobilizado ospulsos no chão ao lado dela e uma daspernas de algumamaneira tinha encontrado o seucaminho entre as dela, para que elapudesse fazer não mais do que secontorcer embaixo dele.

Ele rosnou de prazer, mas antes que ela conseguisse ser preenchidapor ele, ele tirou a boca dos seus lábios.No começo ela pensou que ele estava seafastando, mas em seguida

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seus dentes começaram a beliscara sensível pele do seu pescoço,deixando para trásuma dor deliciosa. A língua delese aprofundou e, em seguida,ele estava correndo os lábiospor cima dos seus seios.

Elizabeth fechou osolhos em resposta a sensaçãoque ele criou com seus lábios traçandoumcaminho ardente através dela. Assim queela pensou que não poderia ficarmais intenso, sua língua mergulhouabaixo dodecote do vestido, e ela esqueceu tudomenos a necessidade que nasciadentro dela. Então ele mudou, e com

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uma sacudida, ela sentiu a mão dele noseu peito, o calor vindo diretoatravés da musselina de seu vestido.O deleite chocante de intimidade intensificoua sensação dos lábios dele explorandoseus lábios, que agoraestavam empurrandoseu decote e mordiscando ligeiramenteo ombro. Isso era o paraíso.

Quando o polegar dele seposicionou na ponta do peito dela, criouum surpreendente choque de prazer, masisso não foi nada para a intensa onda desensação quando ele começoua traçar pequenos círculos sobre esseponto terrivelmente sensível. Quandoele mudou para brincar com o mamilodela, rolando-o entre os dedos, ela

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engasgou, gemendo impotente comas dores afiadas dapaixão arqueadas direto para oâmago do seu ser. Elaestava pegando fogo coma intensidade do que ele fazia como serespondesse a impulsos de prazerecoando por todo o corpo dela.Mas não, isso não era umeco, mas a perna dele pressionando suaspartes íntimas, e que Deus a ajudasse,ela estava se arqueando contra ele,sucumbindo a sua necessidade como sesua própria essência se dissolvesse emum caldeirão fervilhante de desejo.

Ela choramingou quando ele parou, estimulando o peito dela, e ela abriu osolhos para ver o rosto dele acima dodela,

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seus olhos queimando, sua perna aindaentre as dela. "Isso écomo eu te quero", ele murmurou, "comos olhos cheios de desejo somentepara mim. E por isso eu poderia seduzi-la, porque você é inocente sobre o que apaixão pode fazer com você eporque você confia em mim – e éprecisamente por isso queeu não vou seduzi-la, mesmo queisso me mate." Abruptamente, ele rolousobre suas costas, seus punhospressionando sua testa.

Levou um momento para suas palavras penetrarem através do clamor de seussentidos. Quando o fez, elaoscilou entre consternaçãocom o comportamento dela e umavontade súbita de rir sobre a loucura de

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tudo o que tinha acontecido. Erguendo-sesobre um cotovelo, ela provou o canto dos lábios deDarcy com um delicado beijo. "Esperoque você consiga evitar a morte, umavez que seria uma pena sevocê nunca tivesse uma chance de memostrar todas as outras coisas nas quaissou inocente", elamurmurou provocativamente.

Ele não abriu os olhos, mas um braço serpenteava emvolta da cintura dela e ele a puxoucontra ele. "Eu não sei sevocê está querendo me tentar ou metorturar," ele resmungou.

"Provavelmente ambos." Ela apoiou a cabeça no ombro dele. "Quando eu descobri Wickham com Georgiana em Ramsgate," ele disse em

um tom convencional em desacordo

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com a tensão em seu corpo, "eu fiqueifurioso com ela por permitir que eletomasse algumas liberdades. Somentemais tarde percebi que ela estava numasituação impossível. Um jovem é treinado na arteda sedução e quanto mais elepratica, mais seus amigos o proclamamcomo um garanhão. Meninas, entretanto,são mantidas em completa ignorância,então elas não sabem nada doque pode acontecer com elas,até um sedutor chegar. Seela confia nele, como Georgiana confiavaem George Wickham, pode sertarde demais quando ela percebe o queele está fazendo, e mesmo se de algumaforma entender, ele é mais forte doque ela. E então temos o descaramento

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para culpá-la? Mandamos um jovem garoto comuma espada de madeira para a batalhacontra as tropas de Napoleão e entãopodemos censurá-lo por ter perdido a batalha?"

Elizabeth escorregou suamão sob o casacão de Darcy edescansou a palma da mão por baixo doseu colete. Para sua surpresa, ele ficouainda mais duro.

"É claro", continuou ele, "Talvez sepossa culpar um homem quando ele éconfrontado por tal talento naturale sedutor, que algumas mulherespossuem."

"Sedutores talentos como ocultar ou exibir seus sentimentos?", ela provocou."Precisamente o que eu quis dizer."

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Elizabeth ficou nos braços deDarcy, enquanto foipossível, mas eles não poderiamdemorar muito tempo, sabendo que eramesperados.Eles caminharam de mãos dadas comocrianças, seus dedos entrelaçados,parando frequentemente para beijosque não eram nem um pouco infantis.Quando finalmente avistaram a casa,Darcy disse, "Talvez fosse melhor eulevá-la para Lambton sem entrar emcasa." Ele tirou uma pequena folha docabelodela. "Pode ser difícil explicar algumas das manchas verdesna parte de trás do seu vestido. Vocêpode querer mudar de roupa antes de suatia e tio retornarem para a Pousada."

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"Oh, não!" Elizabeth tentou a façanha impossível de tentar ver aparte de trás da própria roupa, porcima do ombro."Eu não tinha pensado isso."

"Não acredito que nenhum de nós doisestávamos pensando naquele momento."

Ela riu. "Seeu me lembro bem, parecia que você estavagostando de não ter que pensar."

Seu olhar caiu para os lábiosdela. "Não é tarde demais para voltar para lá."

"Como se você fosse permitir queeu concordasse!"

"Lamento dizer que você totalmentecorreta," ele disse. "Mais do que possa imaginar."

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Capítulo 16Na manhã seguinte Darcy esperou impacientementeseus convidados terminarem o café damanhã. Ele sentiu como se dias tivessempassado desde a última vez que tinhavisto Elizabeth, mesmo que tivesse sidoontem que ele a havia deixado napousada. Ela o convidoupara ficar e tomar chá, mas Darcypensou que seria muito perigoso.Pousadas têmcamas, e depois da tarde queeles tinham desfrutado juntos, qualquerequação que incluía Elizabeth, umacama e nenhum acompanhante eraprocurar problemas. Então eletinha apenas beijado sua mão na sala

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comum da Pousada e se despedido comrelutância.

Finalmente seus convidados terminaramo café da manhã. Ele sabia que eramelhor não dizer que ia vê-la, porquemetade deles iria querer sejuntar a ele, em vez disso, disse queia tratar de alguns negócios e osencontraria de novo no jantar.

Na pousada, encontrou apenas os Gardiners esperando por ele. Em respostaa seu olhar interrogativo, a Sra.Gardiner disse, "Lizzy está em seu quarto, lendoas cartas quechegaram de Longbourn. Eu vou avisarque você chegou."

Mas antes de Darcy pudesse concordar, Elizabeth apareceu na porta, seusolhos vermelhos e inconfundíveislágrimas rolando pelo rosto. O que tinha

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acontecido? Ele tinha de alguma forma amagoada no dia anterior? Será quesua tia e tio tinham encontrado seuvestido manchado afinal?

Preocupado ele andou em suadireção, mas ela lhe deuapenas um olhar distraído e seaproximou do tio, segurando duas folhasde papel.

Com uma carranca, o Sr. Gardiner começou a ler. A esposa dele disse, "Qual é oproblema, Lizzy? É má notícia?"

"É, em todas as maneiras, sãonotícias terríveis".Elizabeth disse para sua tia, dando umolhar desesperado em direção aDarcy. "Lydia deixou todos seus amigos – fugiu – lançou-se em poder de..." ela fezuma pausa, fechando os olhos. "do Sr.

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Wickham. Elessaíram juntos de Brighton."

O som desse nome odiado fez comque Darcy entrasse em ação. Colocousua mão no cotovelo dela como umaforma de apoio moral, levou-a até um banco e pediu que sesentasse. Ocupando seu lugar aolado dela, pegou suasmãos geladas. "Há algumacoisa que você queira beber parasuavizarsua angústia? Um copo de vinho?”

"Não, eu agradeço," ela disse, sua voz tremendo. "Você conhece o Sr.Wickham muito bem para não duvidardo queaconteceu. Ela não tem dinheiro, não tem

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conexões, não tem nada que possa tentá-lo – ela está perdida para sempre." Elasoluçava. "Quando eu pensoque eu poderia ter evitado isso! Eu seiquem ele é. Se eu tivesse explicado paraa minha família metade do que eu seisobre ele, eles saberiam sobre o seucaráter, e isso poderianão ter acontecido."

A Sra. Gardiner entregou um lençoparasua sobrinha. "Mas é verdade, realmenteverdade?" ela perguntou.

"Oh, sim! Eles deixaram Brighton juntos no domingo ànoite e foram para Londres;eles certamente não foram paraa Escócia. Meu pai foipara Londres, e Jane escreveu

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para pedir auxílio imediato do meu tio.Como eles ainda podem serdescobertos? Já não há amenor esperança. Agora é tarde,tarde demais."

Darcy firmemente agarrado asmãos dela, falou. "Não é tarde demais.Sua irmã não tem conexões, e Wickhamsem dúvida tem conhecimentodisso. Quanto a descobri-los, eutenho algumas idéias por onde começar."

A princípioela não pareceu compreendê-lo, mas então ela balançou a cabeça."Eu não posso pedir que vocêse envolva nesseproblema. Não com ele!"

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"Já estou envolvido. Não permitirei que Wickham brinque com a minhafutura irmã, e você pode estar certa deque ele está contando precisamente comisso."

A Sra.Gardiner tocou a manga do seu marido, trazendosua atenção para a conversa e, emseguida, disse, "Sr.Darcy, se você tem alguma idéia decomo localizar Lydia,ficaríamos muito gratos de ouvir."

"Eu conheço vários de seus amigosque podem ter informações sobre seuparadeiro. È por aí que eu pretendocomeçar. Se isso falhar, há umcavalheiro que tem um escritório emBow Street que me ajudou cominformações confidenciais no passado.

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Ele tem umarede de informantes e pode ser capaz de descobri-los."

OSr. Gardiner assentiu lentamente. "Então vamos conversar como melhorproceder."

***

Apesar da pressa e daconfusão dos preparativos para umapartida inesperada, Darcy só queria queo Sr, e a Sra. Gardiner fossem bastanteineficientes e demorassem, para que elepudesse ter mais tempo com Elizabethantes da partida. Infelizmente, após umahora tudo estava pronto e aseparação estava ao lado deles.

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Parecia que umaparte dele estava sendo arrancada.Ele sabia que seus diasjuntos seriam breves, mas esta partidainesperada era dvastadora para ele. Elesó tinha começado a sesentir mais confiante na sua ligaçãocom ela, e agora suas preocupações comsua irmã pareciam predominar sobre ossentimentos dela por ele. Ele entendia,mas isso não queria dizer quetinha que gostar.

Ele não podia suportar que Elizabeth estivesse sofrendo e quenão houvesse nada que ele pudessefazer paraaliviar a dor dela, pelo menos não neste momento. Mesmoque – não, quando ele encontrasseWickham e o obrigasse a se casar

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com Lydia, Elizabeth aindateria a dor de saber que a irmã tinha secasado com um réprobo e iria enfrentarum futuro incerto na melhordas hipóteses. Ele duvidava seriamenteque Wickham poderia fazerqualquer mulher feliz, mesmo por umbreve período, e a infelicidade de Lydiamachucaria Elizabeth. Deus, comoele odiava problemasque não podia resolver! E era pior aindaquando eles envolviam a mulher queele amava.

Darcy levou Elizabethpara o pequeno salão privado dapousada. Como ele se preocupava com odecoro, fechou a porta atrás deles.Afinal, se alguém quisesse

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reclamar sobre seu comportamento,ele ficaria muito feliz em fazer algohonrado e casarcom Elizabeth neste momento. Na verdade, metadedele - esperava que alguém fizesseum escândalo. Qualquercoisa seria melhor do que mergulhar devolta ao limbo horrível da separaçãosem sequer ter o consolo de notíciasou cartas, sabendo que Elizabeth estariasofrendo. Fechando os olhos, ele aabraçou firmemente. Quase como seessa fosse a primeira vez de tamanhafamiliaridade com ela, ele nem queriabeijá-la, queria apenas segurá-la em seus braços e não deixá-la irembora nunca mais.

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Ele podia sentir a tensão, mas quandoela apoiou sua cabeça em seu ombro, seucorpo pareceu relaxar um pouco."Quem me dera poder fazer mais paraajudar," ele disse.

Ela escorregou seus braços aoredor dele, as mãos pressionando contra suascostas. "Você sabe o que é pior?"

Ele podia imaginar muitas possibilidades para isso. "Diga-me."

"Estou frenética para saber se Lydiaestá em segurança, claro, sobrea perda de sua reputação, e comoisso afetará você e minha família,mas a coisa que mais me chateia é queeu tenho que ir embora." A voz delatremeu no final.

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Ele se inclinou colocandoseu rosto contra o cabelo dela. "Minha querida!Se eu não fosse parecer horrivelmenteegoísta, eu diria a mesma coisa."

Seus ombros tremiam agora. "Eu não meimporto o que meu pai diz. Vou tentararranjar uma maneira de te escrever."

"Só se você puder fazê-lo comsegurança. Eu não quero que vocêsuporte algum outro castigo porminha causa. São apenas cinco meses – e se eu disser isso com freqüênciasuficiente, talvez eumesmo comece a acreditar."

Ela deu um sorriso, triste.A

voz da Sra. Gardiner veio do lado de fora. "Lizzy? Você está aí?"

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Uma vez que Elizabeth agora estavachorando abertamente, Darcy disse, "Ela estáaqui." Ele não podia libertá-la, mesmo sabendo que devia.

A porta se abriu e a Sra.Gardiner entrou. Para alívio deDarcy, ela pareceu capaz de ignorarsua posiçãoinadequada. "Me desculpe, mas acarruagem está pronta".

Darcy assentiu coma cabeça e desceu seus braços até que pegouas mãos de Elizabeth. Ele beijou-a suavemente na testa, e disse, "Lembre-se de ontem. Lembre-sede que sempre te amarei. Pense emmim."

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Ela assentiu coma cabeça, incapaz de falar, aslágrimas ainda fluindo de seusolhos quando Darcy a colocoudentro do carro. Ele ficouolhando a carruagem se afastar, e não semexeu até que ela ficasse completamentefora de vista. Entãolentamente, como se na última hora eletivesse envelhecido dez anos, montouem seu cavalo e cavalgou devolta para Pemberley.

***

A viagem de Elizabeth de volta paraLongbourn, acompanhada dos Gardiners, foipreenchida de angústias, na qual ela não

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podia encontrar nenhum intervalo deesquecimento. Seus tios ofereceram todoo conforto que podiamdar, mas havia pouco o que eles podiamdizer para ajudá-la.

Eles viajaram o maisrapidamente possível. A cena eracaótica, quando chegaram a Longbourn. A Sra. Bennet e Kitty tinham sido trazidas paracasa pelo Coronel Foster, doisdias depois da fuga de Lydia e a Sra.Bennet tinha sido levadadiretamente para a cama.O Sr. Bennet tinha ido para Londresno dia seguinte, deixandoJane e Mary responsáveis pelasquatro crianças dos Gardiner, bem como

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pela sua perturbada mãe. Kitty era depouca ajuda, queixando-seconstantemente, e desejando retornarpara Brighton. A chegada de Elizabethcom o Sr. e a Sra. Gardiner foirecebida com grande alívio por parte deJane.

À tarde, Jane e Elizabeth puderamficar sozinhas por meia hora. Elizabethna mesma hora aproveitou aoportunidade para dizer a Jane sobreo encontro com o Sr. Darcy emPemberley e seus planos para auxiliar nabusca de Lydia. Ela resolveu nãomencionar a presença do Sr. Bingley.

Jane disse, "Sinto-me tão culpada por manter seu noivadoem segredo para nossa mãe. Demos a

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nossa palavra ao nosso pai, mas achoque se ela soubesse seria umgrande conforto para ela neste momento.Tremo só de pensar quão desesperadaeu me sentiria se não fosse por essecasamento, pensar que ficaríamos parasempre humilhadas e eventualmente semum tostão. Seu casamento além denos garantir um teto sobre nossascabeças depois que o pai morrer, vai darmaisrespeitabilidade para o resto de nós. Kitty, Mary e eu seríamos condenadas aficar solteironas sea nossa única ligação fosseLydia, mas como cunhadas do Sr.Darcy, ainda poderemos casar, apesar

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de ficarmos umpouco manchadas por tudo isso."

Aspalavras dela atingiram Elizabeth no coração. Porque, afinal, ela ainda mantinha segredo?O pai dela não estavalá, e quando ela tinha lhe dado suapalavra, essa situação não eraimaginável. Ela pensou o que Darcydiria o que reforçou sua determinação."Tem toda a razão, Jane! Não tinhapensado dessa forma. Venha, euvou contar para ela."

"Mas como você vai explicar porque guardou estesegredo por tanto tempo?"

Elizabeth pensou por um momento. "Tenho uma idéia." Elafoi direta para o quarto de sua mãe, onde

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encontrou a Sra. Bennet sentada,chorando.

"Mamãe, tenhoalgo muito importante, para lhedizer," Elizabeth disse com firmeza."Enquanto estávamos emDerbyshire, eu vi o Sr. Darcy, e ele e euestamos noivos. Resolvemos manterem segredo, até que eu falasse com meupai, mas na suaausência, é justo que você saiba a verdade."

Este surpreendente anúncioteve o efeito de acalmar os soluços daSra. Bennet, e ela olhou para a suasegunda filha numa descrença atônita."Esta é outra das suas piadas, Lizzy?"ela perguntou. "É cruel você tentarme irritar num momento como este!"

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Elizabeth levou um momento para recordar que a mãe dela tinhaacreditado no anúncio no jornal. "Nãoé uma piada. O Sr. Darcy e eu estamosnoivos, e pretendemos noscasar no Natal."

A Sra. Bennet virou seu rosto para aSra.Gardiner. "Isso pode ser verdade, irmã? Porque você não me disse nada?"

A Sra.Gardiner disse "é verdade que eles estão noivos.Edward e eu concordamos em manter oassuntoconfidencial até seu marido dar permissão."

Abanando-se, aSra. Bennet disse "de todas as idiotices!Claro que ele vai dar permissão.Dez mil libras por ano! Oh,

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minha querida Lizzy, venha até aquie me dê um beijo! Como você foiinteligente de encontrá-lo e trazê-lo paraa nossa família!"

"Garanto, que não tivea menor expectativa de ver o Sr.Darcy em Derbyshire." Pelomenos isso era completamente verdade.

A Sra. Bennet sentou-se. "Ah, mas temos que contar a boa notíciapara todos! Então eles vão parar defofocar sobre a pobre Lydia."

Elizabeth não tinha pensado nesseponto. "Não! Nós não devemos contarainda para ninguém. O Sr. Darcy ficariamuito descontente se descobrisseque todo mundo ficou sabendo sem eleter a permissão do meu pai. Ele é um

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homem justo, você sabe, e nósnão devemos desagradá-lo!"

Os olhos da mãe se arregalaram,"Obviamente nós nãodevemos desagradar o Sr. Darcy! Ah, mas vai ser tãodifícil manter esse segredo. Como eutenho vontade de contar para aminha irmã Phillips!Mal posso esperar para ver a cara deLady Lucas quando elaouvir a notícia. O casamento deCharlotte não é nada, absolutamentenada! Dez mil libras por ano!"

Os arroubos da Sra.Bennet eram tais que foi quase meia hora maistarde ela se lembrou novamente dasituação de

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Lydia. "Ah, mas isso não importa agora! Tudovai se resolver muito bem, eu tenhocerteza. O Sr. Wickham com certeza vaiquerer se casar com ela,agora que ele vai ser irmão doSr. Darcy! Afinal, eleseram tão bons amigos quando eram maisnovos, e agora eles serão capazes determinar essa briga!"

A Sra.Gardiner e Elizabeth trocaram um olhar– bestificadas - ao ver a convenientereestruturação da verdade feita pela Sra.Bennet.

***

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O próximo passo deElizabeth foi familiarizar Mary com anovidade dela ter contado para sua mãe,sobre o noivado.

Mary fechou o livro que ela estavalendo. "Estou felizque você disse a ela. Eu meperguntei como você iria explicaras visitas do Coronel Fitzwilliam. Ele estásempre mantendo suas visitas habituais."

"Suas visitas habituais?""Ele nos

visita aproximadamente umavez a cada quinze dias, e não faz muitotempo que ele esteve aqui."

Elizabeth jogou sua cabeça paratrás. "Ele veio enquanto eu estava fora?"

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"Sim, ele se ofereceu para levar Jane e eu para visitar o parque em Ashridge. Foirealmente ótimo. Ele disse que vai noslevar à Wimpole Hall na próximavez. Ele acha que eu vougostar de conhecer a biblioteca."

Parece-me que oCoronel Fitzwilliam esteve muito ocupado. "Isso foi muita gentilezadele. Qual é o livro quevocê está lendo? Eu não o reconheço?"

Mary mostrou a capa. "Foi escritopor Mary Wollstonecraft."

Ogosto de sua irmã na leitura evidentemente tinha tomado um rumosurpreendente. Elizabeth examinou olivro, à espera de ver o títulode um dos romances da Sra.Wollsonecraft. Em vez disso, ele leu otítulo: 'A Defesa dos Direitos da

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Mulher'. Elalevantou suas sobrancelhas. "Um novo interesse?"

"O Coronel Fitzwilliamme recomendou. Ele achou que eu meinteressaria em suas opiniões sobre aeducação das mulheres."

Certamente proporcionará equilíbrio para as pregações que constituíam omaterial de leitura habitual de Mary."Estou ansiosa para ouvir a sua opiniãosobre ele."

***

Mais tarde, Elizabeth perguntoupara Jane, "oque aconteceu na minha ausência? Marynão consegue falar de nada, a não sersobre o Coronel Fitzwilliam!"

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Jane corou. "Ele foi muito gentil com ela. Ele sempreelogia sua aparência – o cabelo ou a cordo vestido – e isso a fez ficarmuito mais atenta para o visual dela. Elesempre parece saber o que as pessoasprecisam ouvir."

"Bem, se ele de algumaforma conseguiu convencer Mary a ler um livroescrito por uma mulher como a Sra.Wollstonecraft, ele claramente exerceuma grande influência. Estou convencidade que ela deve estar meioapaixonada por ele!"

Jane desviou oolhar. "Ele é muito amável. Posso entender porque você gostava tanto dele."

Elizabeth começou a suspeitar de que mais de uma das suas irmãs estavadesenvolvendo carinho pelo Coronel.

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Ela esperava que Jane, pelo menos,soubesse dessa vezproteger seu coração.

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Capítulo 17Darcy se perguntou se deveria enviarpara o Sr. Gardiner uma notapedindo uma reunião privada em vez demarcar um encontro. Um encontropoderia significar encontrar tambémo Sr. Bennet e revelar a ligação doSr. Gardiner com ele. Por que eledeveria evitaro Sr. Bennet, como se fosse o vilão da história? Se o pai deElizabeth não queria nada com ele, bem,não havia nada para impedi-lo de ir embora.

Assim, quase três horas após terrecebido informações sobre alocalização de Wickham ele bateu naporta da casa da Rua Gracechurch. O

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criado o reconheceu de suas visitasanteriores, recolhendo o chapéu e asluvas mesmo antes de informarao seu patrão sobre a chegada de Darcy.

A casa era compacta o suficiente para que Darcy pudesse ouvi-lo dizendo, "O Sr. Darcyestá aqui para vê-lo, senhor."

Houve uma pausa quase imperceptível antes doSr. Gardiner dizer, "Faça-o entrar".

Quando Darcy entrou no estúdio, o Sr. Gardiner ficoude pé perto de um par de cadeiras decouro vermelho na frente da lareira. OSr. Bennet estava sentado na outracadeira, com um copo deconhaque, erguido a meio docaminho da boca.

O Sr. Gardiner deu um passo parafrente para apertar a mão dele. "Estou feliz em vê-

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lo, Darcy. Estava pensando sesuas idéias podem ser úteis em decidir qualserá o nosso próximo curso de ação.Você conseguiu saber alguma coisa?"

Darcy curvou-se ligeiramente na direção do Sr. Bennet, olhandodireto para seus olhos, depois virou todasua atenção paraa face mais acessível doSr. Gardiner. "Tivealgum sucesso. Localizei osdois, e eu pretendo fazer contato comWickham amanhãpara descobrir seus planos."

OSr. Bennet abaixou seu cálice de conhaque muito suavemente. "Ondeeles estão?" ele rosnou.

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Darcy disse com calma, "Eles estãonum quarto compartilhado em umalbergue cuja reputação deixa muito adesejar."

"Mas em que rua, qual é a direção?"Darcy fez uma pausa, olhando para o

Sr. Gardiner. "Eu prefiro lidarcom Wickham sozinho neste momento.Se a sorte estiver conosco, a Srta.Lydia pode retornar para cá, e nestecaso qual é a direção não temimportância."

O Sr. Bennet levantou-se da sua cadeira. "Como ousa você entrar aqui e serecusar a dizer-me onde está minhafilha?"

O Sr. Gardiner estendeu a mão parasegurar seu cunhado. "O

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Darcy ofereceu sua ajuda nesse assunto.Ele está familiarizado com Wickham esua maneira de agir.”

"Como ele sabe o que aconteceu?" OSr. Bennet perguntou com os dentes cerrados.

"Isso não é importante agora. Oque importa é que ele pode nos ajudar."

"Nos ajudar se recusando a medeixar ver minha filha?Lydia é responsabilidademinha não dele. Eu vou falarcom Wickham, e se necessário, lutocom ele."

Darcy faloucalmamente. "Se alguém tiver que lutarcom Wickham, será eu, uma vez que eutenho mais chances deganhar. A questão é discutível, pois se ele

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for desafiado paraum duelo, Wickham não vai aparecer.Esta não é a primeira vez que aconteceuma situação comoesta. Ele não tem honra para defender."

"Então vou falar com ele e tentar fazê-lo ver a razão."

Foi a última gota. "Você terá que me perdoar, Sr. Bennet, se eu tenho algumasdúvidas sobre se você é a melhorpessoa para falar com um genro em potencial . Vocêpode ter falhado em me afastar, mas Wickham é umahistória diferente. Ele está à procura deuma desculpa para fugir, e tudo oque você vai ter é uma filha arruinada."

O Sr. Gardiner ficou em pé entreeles. "Já chega vocês dois! Nósestamos partilhando o mesmo objetivo,

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que é resgatar Lydiada sua situação atual. Não podemosbrigar entre nós mesmos. Agora, melhorvocês deixaremde lado seu desacordo sobreLizzy e concentrar-se sobre oque precisa ser feito. Agora, quero que vocêsapertem as mãos."

Nenhum dos dois semoveu, e finalmente Darcy balançou a cabeçalentamente. "Eu concordo em colocar osoutros assuntos de lado por enquanto, mas é tudo oque posso fazer. Porque você é o pai deElizabeth, eu já te perdoei por seucomportamento emrelação a mim em Kent, por serecusar a me ouvir e, por me separardela sem necessidade. Por causa da

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Elizabeth, eu mesmo opteipor ignorar suas repetidas ofensas àminha honra. Você pode fazer o quisercomigo, e eu vou aceitá-lo.Mas isto não é só sobre mim. Você estáfazendo mal para Elizabeth, estámagoando-a, e isso eu nãoposso perdoar."

"Eu estou tentandoproteger Lizzy, e não preciso do seu perdão para qualquercoisa que eu faço!"

O Sr. Gardiner levantou as mãos."Acho que é seguro dizer que vocês doisestão tentando proteger a Lizzy,mesmo que vocês não concordemsobre os meios. Entretanto,precisamos trabalhar juntos se quisermos resolver a situação de Lydia."

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Darcyrespirou profundamente. "Minhas desculpas, senhor," eledisse firmemente para o Sr.Gardiner, com relação ao seucomentário. Ele ignorou o Sr. Bennet bufando,em segundo plano.

A Sra. Gardiner entrou apressada noestúdio, com o seu habitual bom humor.“Sr. Darcy, acabei de saberde sua chegada a Londres.Espero que tenha feito uma boaviagem. Não, não precisa responderagora. Por favor, venha para a sala deestar, onde podemos nossentar e compartilhar o que sabemos."

Darcy seguiu-a comgratidão, ciente de queo Sr. Bennet vinha logo atrás. Em vez

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de se sentar no sofá que haviausado em suas visitasanteriores, optou por se sentar aolado da Sra. Gardiner,que perguntou sobre Georgiana. Quandoele tinha acabado suaresposta, os outros tinham sejuntado a eles.

O Sr. Bennet continuava com seuolhar furioso."Eu estou desolado por ser obrigado ainterromper esta reuniãoencantadora, mas tenho necessidadede uma explicação de como Darcy estáfamiliarizado sobre este assunto e comvocês dois."

A Sra.Gardiner parecia encantada com a

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oportunidade. "Você sem dúvida já estáciente de que nós viajamos para nãomuitoalém de Lambton, onde planejamos ficarvários dias para visitar uns amigos daminha infância, quando as cartas deJane chegaram, nos informandoda situação da Lydia. Mas eu estouadiantando minha história! Eu tinhamuita vontade devisitar os jardins de Pemberleynovamente, e como eu poderia ter essachance, apesar das garantias que eutinha recebido de que a família estavafora, descobri que o Sr. Darcy tinhachegado antes do previsto.Quando ele soube danossa presença, naturalmente

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desejou falar com Lizzy, e meumarido e eu decidimos que era umaexcelente oportunidade para ver quetipo de homem ele era. Ele nosapresentou sua irmã, uma jovemencantadora, e nos vimos emvárias ocasiões. Quando fomosinformados sobre a questão de Lydia,não tínhamos como esconder dele."

Darcy serecostou na cadeira dele, impressionado com sua capacidade de criarum conto enganoso sem contar nenhumamentira. "A Srta. Bennet estava muitoperturbada, e naturalmente eu nãodescansei até saber a causa."

Os olhos apertados do Sr. Bennet sefocaram no Sr. Gardiner. "Interessante

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como você optou por ignorar os meusdesejos."

“Thomas, este nãoé o momento nem o lugar,"disse a Sra. Gardiner. "O Sr. Darcy nosofereceu a sua ajuda, e eusou grata por isso."

Darcy decidiu que era melhor falar oque ele sabia antes do Sr. Bennet voltarao ataque. "Como eu já disse aossenhores, localizei Wickham e aSrta. Lydia. Se tudo correr bem,vou falar com eles amanhã. Wickham,claro, eu conheço muito bem, mas euesperava que vocês pudessem me daralgumas sugestões sobre como abordar oassunto com a Srta. Lydia, uma vez

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que não tenhonenhum conhecimento significativo dela."

A Sra.Gardiner passou uma bandeja de doces paraseu marido. "Talvez eu deva ir comvocê. Lydia pode estar maisinclinada para atender às minhas sugestões."

O Sr. Bennet fungou denovo. "Como se ela ouvisse alguém."

Darcy aceitou um docinhopara ser educado e, em seguida, colocouseu prato de lado. A perspectivade comernão tinha nenhum apelo neste momento. "Precisonegociar umacordo com Wickham. É provávelque seja mais razoável se ele acreditarque eu estou trabalhando por conta

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própria, desde que ele deve esperar queeu seja mais desinteressado doque a família de Lydia.As suas exigênciaspodem bem se agravar se elesouber que você está envolvido."

"Suas demandas?" disse o Sr. Bennet agudamente. "Parece estar assumindoque ele precisará ser subornado."

Darcy inclinou a cabeça. "Wickham nunca perde uma chance de melhorarsua própria situação em detrimento deoutros. Quem me dera eu pudesse dizer ocontrário, mas o fato dele ter seinstalado numa parte da cidadeimprópria para a filha de umcavalheiro, fortemente sugere que ele não temnenhuma intenção honrosa com relação aela. Se assim for, ele não mudará suamente sem um incentivo significativo."

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O Sr. Bennet se inclinou parafrente. "Mais uma razão para eunegociar com ele. Qualquer pagamentovirá de mim."

Darcy abriu a boca para dar umaresposta, mas o Sr. Gardiner falouprimeiro. "Não há nenhum ponto emdiscutirquem vai pagar a conta, quando ainda não sabemosse haveráuma. Haverá muito tempo para isso maistarde." Ele deu um olhar de aviso paraDarcy. "Espero que você nos mantenhainformado do seu progresso."

"Naturalmente.” Ele selevantou. "Obrigado por sua hospitalidade."

A Sra.Gardiner apontou sua cadeira. "Oh, por

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favor, não vá ainda, Sr. Darcy. Tivemostão pouco tempo para conhecer umao outro em Lambton."

OSr. Bennet deslocado em sua cadeiraolhou irritado com esta manipulação afavor de Darcy. No entanto, ele seguiuas instruções dela. "Seráum prazer, senhora."

"Espero que sua viagem para a cidade não tenhasido desagradável."

"De jeito nenhum. Cheguei antes que a chuva tivessecomeçado por isso a viagem foiexcelente."

"Eu cheguei ontem. Tenho medoque as crianças não fiquemfelizes em me ver; eles

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esperavam por um feriadoprolongado com sua querida tia Jane!"

"Espero que você tenha encontrado aSrta Bennet em boa saúde".

"Além de uma preocupação natural pela situação e pelo sofrimento dafamília dela, sim, ela está muito bem.Temalguém da sua família na cidade atualmente, Sr.Darcy?"

Pelo canto do olho, ele viuo Sr. Bennet se sentar mais ereto. "Nãoposso dizer. Mas imagino que elesdevam ter ficado nointerior para o verão. Londres perdemuito do seu apelo com clima quente."

O Sr. Bennet riu. "É porisso que eu vi vários dos seusparentes em Longbourn? Não

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era certamente pelo charme daminha companhia."

Darcy olhou para eleinquisitivamente. Se o visitante tinha sidoo senhor Matlock, ele duvidava que oSr. Bennet faria umapiada sobre isso. "Meus parentesnão me mantêminformados dos seus paradeiros,mas não ouvi nada sobre viagens aLongbourn."

"Acredito que seu encantador primomilitar não carrega mensagens para vocêde Lizzy? Eu não soutão ingênuo, meu jovem, quanto aacreditar que ele de repente estátão enamorado da minha filha mais

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velha que não consegue ficar longe pormais de quinze dias."

"Sua filha maisvelha? Não, é a Elizabeth que Richard... bem, não importa."

"E então houve a visitaque Lady Matlock fezpara minhas filhas", Sr. Bennet dissefriamente.

"Sim, Elizabeth falou isso para mim, mas não acredito que osenhor não tenha achado a minha tiaextremamente encantadora."

Antes do Sr. Bennet responder, o Sr.Gardiner perguntou"o senhor Matlock continua contra seucasamento com Lizzy?"

Isso dificilmente parecia um tema seguropara uma conversa, talvez fosse melhorconversar em campo

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aberto. Ele esperava que o Sr.Gardiner soubesse o que estava fazendo."Que eu saiba, ele não mudou suaopinião, mas fazpouca diferença para mim, se não fossepelo seu extraordinário talentopara convencer outras pessoas a fazer otrabalho sujo por ele."Ele olhou diretamente para o Sr. Bennet."Ele ficou muito feliz quando soubeque você tinha se recusado adar o seu consentimento e planejado nos manterseparados – especialmente porque elenão tem nenhum poder para me deter."

O Sr. Bennet levantou umasobrancelha, mostrandodubiedade. "Então a opinião da

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sua família não significa nada paravocê?"

"Não vejo razão para considerar a opinião de meu tio, jáque ele nunca considera aopinião dos outros. Os membros daminha família, cujas opiniõessão importantes para mim,são mais propensos a assumir que eusou o melhor juiz para decidir comquem devo me casar. Uma vezque eles foram tranqüilizados ao saberque Elizabeth não é uma caçadorade fortunas, eles ficaram do meu lado.Somente o Senhor Matlock e LadyCatherinede Bourgh que persistem em seopor". Darcy esperava que os Gardiners

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apreciassem o que ele tinha dito deuma forma calma, que desmentia seu tumulto interior.

O Sr. Bennet claramente não tinhaapreciado. "Matlock pode não ser oúnico manipulador inteligente dasua família. Diga-me, por ventura oWickham fugiu comLydia sob suas ordens?

"Bom Deus, não." A reação deDarcy foi automática, mesmo antes dele terpercebido a profundidade do insulto.Ele estabilizou-se agarrando o braçoda sua cadeira até machucar os dedos."Ou você não tem idéia do que estádizendo, ou você tem muito mais emcomum com meu tio Matlock, do queeu tinha percebido. Sra. Gardiner,Sr. Gardiner, espero que vocês entendam

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que eu tenho que ir. Vou lhes informarquando souber mais sobre asituação." Ele curvou-se rigidamente e saiu da sala, antes que alguém pudesseresponder.

Ele ouviu os passos da Sra.Gardiner seguindo-o, mas ele não parouincapaz de confiar em seu própriotemperamento. Ele já tinha abertoa porta da frente, quando amão dela desceu sobre seu braço. "Porfavor, Sra. Gardiner, é melhor euficar sozinho agora."

Ela apertou seu punho levemente e, emseguida, osoltou. "Eu entendo. Mas lembre-se que eu conheço vocês dois,

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e acredito que isso possa ser resolvido, apesarde não parecer no momento."

Ele assentiu coma cabeça, temendo que ele não pudesse responder de formacivilizada, depois saiu.

***

O Sr. Gardiner derramou brandynum copo para ele eem outro para o Sr. Bennet."Thomas, estou feliz porque vocêvai voltar amanhã paraLongbourn. Eu, claro, vou lhe manterinformado sobre cada desenvolvimento."

"Você prefere aassistência do filhote de cachorro do

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que a minha?" O tom do Sr.Bennet era frio e distante.

"No momento, sim. Eu entendo que você está comraiva, mas é tolice arriscar a únicapista que temos paraencontrar Lydia. Além disso, tudo o quevocê disser agora pode se virar contravocê quando Lizzy se casar com Darcy."

Os lábios do Sr. Bennet seapertaram. "Não, se ela voltar à realidade."

"Ela não vai mudar de idéia. Eu vi os dois juntos, e francamente, não vejoqualquer razão para ela não se casarcom ele. Ele não é como Matlock.Ninguém em Pemberley tem uma palavraa dizer contra ele. Ele tem umtemperamento forte – quementre nós, não tem? Mas comovocê viu hoje, ele

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faz o possível para mantê-losob controle, mesmo quando éescandalosamente provocado."

"Ele não me provocouigualmente, sugerindo que eu estavaservindo como peão de Matlock?"

OSr. Gardiner não respondeu imediatamente, emvez disso, olhou para o seu brandycomo se ele tivesse aresposta. "A questão é se ele disse isso para provocá-lo, ou porque é verdade."

O silêncio durouvários minutos e, em seguida, o Sr.Bennet colocou seu cálicede conhaque na mesacom delicadeza incomum."Ainda há tempo para eu pegar a última

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carruagem para Hertfordshire.Desculpe-me."

"Não seja tolo, Thomas! Olhe racionalmente. Vocêestava zangado com Darcy quandoo procurou em Rosings,mas quando você já se recusou aouvir um homem, principalmente um quequer se casar com uma das suasfilhas? Foi isso que você tinha emmente quando você foi lá, ou foi só após osinsultos de Matlock que vocêescolheu tratá-lo dessa maneira?É razoável que você tenharestringido Elizabeth tão grandementequando elanão fez nada além de aceitar a proposta de umhomem que ela acreditava quevocê tinha todos os motivos para

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aprovar, enquantoao mesmo tempo permitiu queLydia corressesolta com os soldados em Brighton? Meexplica, como você pode se comportartão estranhamente se não fosse por causadas provocações de Matlock. Não seesqueça, eu também o conheço faztempo, e eu sei oque ele pode fazer. Quantas vezes vimosele jogar ummenino contra o outro, mesmo quando tinham sidoos melhores amigos no dia anterior?"

"Você quer que eu me alegre com anova conexão de Lizzy comMatlock?" Falou o Sr. Bennet com osdentes cerrados.

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OSr. Gardiner abanou a cabeça, parecendomais velho do que sua idade real. "Não,eu não. Mas eu também não esperavaque você fosse sacrificar a felicidade daLizzy por seu desejo de evitá-lo. Eupensei que uma vez que Matlock écontra o casamento, você iria apressá-lopara lhe mostrar que ele nãotem poder sobre você. Isso seria sevingar dele. Isso é jogar com as suascartas."

"E porque de repente vocêestá do lado deles?"

"Thomas, euestou do seu lado também. Eu nunca fiqueicontra Darcy, desde que eu não oconhecia antes, e não tratei nada com

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Matlock em Rosings, e dou a Lizzyalgum crédito por bom senso. Eupresumi que Darcy provavelmenteera um tipo desagradável,até que eu o conheci. Ele não écomo Matlock, e ele não gosta deletanto quanto nós. Acredite, eu fizminha parte e bisbilhotei em Lambtonperguntando sobre o comportamentotípico de Darcy, falei compessoas que nada devema ele, e eu ouvi muito pouco para meopor. Sua mãe também não era muitoamada, mas Darcy parece serrespeitado."

"Eu ainda não gosto dele.""Só pense nisso. Será que realmente

você não pode falar com o rapaz por

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alguns minutos?"O Sr. Bennet ficou aliviado por não

ter que dar uma resposta uma vez que aempregada entrou para anunciar que ojantar estava servido.

***

No dia seguinte, Elizabeth estava fazendo esforço paranão dar ouvidos a Mary dando uma liçãode moral sobre a perda da reputação deLydia. Kitty estava desgostosa. Foi comalgum alívio que ela viu Jane entrarna sala de estar e pedirà Mary para tomar o lugar nacabeceira de sua mãe, já que aSra. Bennet, incapaz de se vangloriarsobre a futura Sra. Darcy, tinha voltado

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a se lamentar sobre ter perdido Lydia.Mary concordou relutantemente, e Janeesperou-a sair da sala antes de falarpara Hill que ele podia mandar seuconvidado entrar.

"Um convidado? Eu penseique não havia mais ninguém quegostaria de ser visto emnossa companhia," disseElizabeth, mas o quebra-cabeça foiexplicado quando ela viu quenão era um dos seus vizinhos, mas oCoronel Fitzwilliam, que entrou na sala.

"É um prazer inesperado," ela disse seperguntando se Darcy o tinha mandado.

"Para mim, também," respondeu o Coronel. "Pensei que você estava ainda nasua viagem pelos lagos."

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Então ele não tinha falado com Darcy e Mary tinha sido correta em pensar que o Coronel Fitzwilliam planejavacontinuar suas visitas na ausência dela.Elizabeth olhou paraJane, cujas bochechas estavamdelicadamente ruborizadas. Seo Coronel tinha pensado que ela aindanão tinha voltado, então devia ter vindopara ver Jane. Assim uma feliz suspeitacomeçou a encher sua mente, ela lembrou ascircunstâncias e o provável efeito sobresuas irmãs solteiras. "Esse era o plano,mas ascircunstâncias exigiram um retorno maiscedo."

Jane fez umgesto para uma cadeira. "Porfavor, sente-se, Coronel. Tenho medo de

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que você não nos encontre nonosso melhor hoje. Nossa mãe está doente, e onosso pai está em Londres, então eusou grata que Elizabeth estejade volta mais cedo do que o esperado."

"Lamento ouvir isso. Espero quea doença da sua mãe não seja nada grave."

Jane olhou parao chão. "Não acreditamos que ela esteja em perigo,obrigada. Tenho certeza que ela vai searrepender de ter perdido a oportunidadede conhecê-lo. Você veio deLondres hoje?"

Elizabeth percebeu com consternação que Jane evitava o assunto sobreLydia. Talvez ela esperasse mantersegredo dele, o que eraaltamente improvável, uma vez queDarcy sabia sobre a situação. "Coronel

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Fitzwilliam, minha irmã está falandocom muito tato, sem dúvida naesperança de evitar qualquer perigopara você. Eu acredito que vocêconhece o Sr. Wickham?"

"Infelizmente.""Duas semanas atrás, ele convenceu

minha irmã caçula, que tem 16 anos,a fugir com ele. Eles foramrastreados atéLondres, mas não sabemos mais nada.Ela não tem nenhum dote para tentá-lo."

"O Darcy sabe?" O amávelCoronel mostrou uma dureza incomum aoredor dos lábios.

"Eu acreditoque ele se juntou na procura dos doisem Londres."

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O Coronel franziu a testa. "Eu penseique ele ainda estava em Pemberley.Independente disso, você podeestar certa de que ofereçominha ajuda também. Eutenho alguns recursos que podem serúteis em localizar sua irmã."

"Agradeço-lhe, embora eu não tenhalhe contado na esperança de receberajuda, mas sim porque eu penseique vocêgostaria de saber a verdade sobre esse assunto."

"Você está completamente correta." Ele tocou os dedos rapidamente emsua coxa, claramente já perdido empensamentos sobre quais as medidas aserem tomadas.

Jane estava piscando rapidamente, seus olhosbrilhantes. Elizabeth mudou-se para o

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lado dela e pegou amão de sua irmã. "Querida Jane, me desculpe! Eu não quis teafligir!"

"Não é nada." A voz deJane tremeu ligeiramente. "Desculpe-me, Coronel. O que vai pensar de nós!"

"Cala-te, Jane. Ele sabe quem é oWickham. Osoutros podem pensar mal de nós, masele não vai."

Para espanto deElizabeth, o Coronel Fitzwilliam ajoelhou-se aos pés de Jane. "Srta.Bennet, sua irmã está correta.Isso não muda meu respeito por você de qualquermaneira. Não estou autorizadoa divulgar os detalhes, mas Wickhamtem causado muitas dificuldades para a

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minha família.Ele é uma força da natureza, espalhandodestruição aonde ele vai."Ele não tirou os olhos do rosto deJane, procurou no bolso, e entregou-lheum lenço.

Elizabeth estava começando asentir que ela era demais na sala. Eraruim o suficiente para ela seencontrar no meio de uma cena, masquando incluía um homem que tinhaproposto casamento para ela há apenasquatro meses, e que agora olhavaternamente parasua querida irmã, era ainda maisconstrangedor. Se a situação com Lydianão fosse tão terrível, ela teria tidovontade de rir.

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Elizabeth estava tentando inventar um motivo parapoder se retirar para o outrolado da sala, quando Hill voltousegurando umenvelope. "Uma carta para você, Srta.Elizabeth."

"Correio de Londres?" Elizabeth seperguntou. Cartas pessoais eram boas,mas eram notícias da Rua Gracechurch.

Pelo menos lhedeu uma desculpa para sair do lado deJane. Ela pegou a carta distraidamente,vendo que era aletra da sua tia, quebrou o selo e a abriucom o maior entusiasmo.Ela tinha visto a Sra. Gardiner há apenasdois dias. O que poderiamerecer uma carta?

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Era curta, e ela leu duasvezes antes de lentamente dobrar e baterligeiramente contra sua outra mão."Hill, vou precisar de uma mala pequenano meu quarto. Eu vouviajar para Londres na carruagemde amanhã."

Jane olhou paraela. "Para Londres? Mas por quê?"

Elizabeth estendeu a carta para ela."A Sra. Gardiner sente que é importanteeu estar lá o mais rápidopossível, mas ela não diz porque, exceto que elanão acredita que nosso pai vávoltar para cá amanhã. Eu não gostariade deixar você aquipara lidar com nossa mãe, mas

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presumo que nossa tia tem alguma boarazão paraseu pedido." A única outra vez que elase lembrou da tia fazendo estenível de mistério foisobre sua viagem paraPemberley. Talvez issotambém envolvesse Darcy, de algumaforma.

A idéia de que ela podia ser capaz de vê-lo enviou uma onda de alívio, atravésdela, quase o suficiente para fazê-la chorar. Tinha sido apenas uma semanadesde que ela tinha se despedido emDerbyshire, mas parecia muito maistempo. Tantas vezes nestesúltimos dias estressantes, ela ansiou por

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sua presença e pelo conforto deseus braços ao redor dela.

O Coronel retomou para oseu lugar. "Srta.Elizabeth, você disse que planeja pegaruma carruagem para Londres?"

"É como normalmente viajamos. Nossa carruagem não é adequada para viagemde longo curso." Ela lhe sorriu. "Deixe-me adivinhar – você está prestes ame dizer que sua vidaestará em sério risco se seu primodescobrir que você mepermitiu viajar de carruagem. Não sepreocupe. Eu digo paraele que é tudo minha culpa."

Ele riu. "Se fosse apenas uma questão de enfrentar um arroubodele, eu poderia ter alguma serenidade.No entanto, nesse caso ele estaria certo,

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o que é muito mais chato. Eu esperoque você seja misericordiosa osuficiente para me poupar daautoflagelação e me permitaprovidenciar um transporte privado."

"Agradeço a generosa oferta, mas você deve saber que nãoposso permitir que faça tal despesa emmeu nome."

Ele piscou para ela. "Absurdo. Eu pretendo fazer Darcy pagar a fatura, e eleficará mais do que feliz em fazê-lo.”

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Capítulo 18O Coronel agiu melhor do que oesperado. Enquanto Elizabeth fazia suamala, ele alugou em um estábuloem Meryton uma carruagem para levá-lapara Londres naquela tarde, e contratouuma empregada da Pousada para ser suaacompanhante. Ele cavalgou aolado da carruagem por todo o caminho,alegrando a viagem comanedotas ocasionais, o que aimpediu, a maior parte do tempo,de ruminar sobre o motivo daconvocação da sua tia.

Quando chegaram a RuaGracechurch, ele acompanhou-a até aporta e permaneceu o tempo suficiente

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para ser apresentado para a Sra.Gardiner e receber dela ‘obrigada’ porentregar sua sobrinha segura,mas recusou o convite para entrar."Devo continuar meu caminho, esperome encontrar com Darcy ainda hoje. Euposso dar-lhealguma ajuda neste assunto."

Elizabeth abriu a boca para expressar sua gratidão, mas sua tia falou primeiro.“Se você está procurando o Sr. Darcy,ele está aqui em nossa sala de estar.Tem certeza que não vai entrar?"

"Nesse caso, como poderia recusar?" O Coronel endireitou o casaco dele.Elizabeth esqueceu-se da

presença dele, e espreitou por cima doombro de sua tia, desejando passar porcima dela para chegar até Darcy. Masisto não aconteceu até que

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eles chegaram à porta da sala de estar, eocorreu-lhe também um flash de mauagouro quando viu que seupai estava lá. Seu sorriso congelaou norosto com a visão do Sr.Bennet em sua cadeira favorita.

Darcy, comexpressão de surpresa e alegria sincera, foipara o seu lado após algunspassos rápidos. Por ummomento ela pensou que eletinha a intenção de abraçá-la, mas ele apuxou para trás a tempo, colocando suasmãos nas suas em vez disso. Seusdedos juntos enquanto ela bebia suavisão e seu carinho, mesmo enquantoaguardava o protesto que certamenteviria de seu pai.

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O Sr. Bennet olhou para eles semnenhum prazer, mas em resposta ao olharpreocupado de Elizabeth, ele dissesecamente: "não há nenhuma causa paratemer, Lizzy. Estamos conseguindoser relativamente civilizados hoje,pelo menos na maior parte dotempo. Mas o que a traz aqui?"

Elizabeth decidiu que a discriçãofazia parte da coragem edeliberadamente se fez de desentendida."O CoronelFitzwilliam foi gentil o suficiente paraprovidenciar umtransporte privado. Ele cavalgou aolado da carruagem durantetodo o caminho."

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Ela foi salva pela Sra.Gardiner. "Escrevi par a Lizzy e pedipara ela vir", disse."Eu esperava que ela pudesse termais sorte do que eu para manter a paz."

O Coronel Fitzwilliam curvou-se em direção ao Sr. Bennet. "Eu não fuiconvidado. Aconteceu eu estar visitandoas Srtas. Bennet quando a Srta.Elizabeth recebeu a carta da Sra.Gardiner. Ela estava planejando pegarsozinha uma carruagem, e eu achei queisso iria contra a aprovação de Darcy".

Darcy pareceu quenão estava ouvindo seu primo, em vezdisso, estava ocupadoolhando nos olhos de Elizabeth,um leve sorriso nos lábios. "Obrigado por

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terem vindo", ele disse baixinho, sópara os ouvidos dela.

Elizabeth não queria nada além de estar em seus braços, mas ela não ousousequer tocar seu rosto, por medoda reação do pai. Em vez das palavrascarinhosas que ela queria dizer,disse apenas, "seu primo fez a viagemser mais fácil. Hoje ele tomou contade mim muito bem."Somente quando viu um sulco na testadele... ela percebeu que ele podia nãoestar satisfeito por ela ter sidoacompanhada pelo Coronel Fitzwilliam.Ela acrescentou,"Jane ficou desapontada a se verprivada de suacompanhia tão rapidamente.

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Aparentemente ele se tornou umvisitante regular em Longbourn."

OCoronel Fitzwilliam tomou uma taçade vinho que lhe foi oferecida pelo Sr.Gardiner. "Sr. Bennet, suas filhascompartilharam comigo por que osenhor está em Londres. Espero que mepermita lhe oferecer minha ajudana localização da Srta. Lydia.

OSr. Bennet empurrou os óculos para onariz. "Eu aprecio você ter a gentilezade pedir minha permissão antes deagir, mas é desnecessário. Osfugitivos foram localizados."

Os olhos de Elizabeth voaram para orosto do pai. "Ela está aqui? Ela está

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segura?"O pai dela apenas levantou uma sobrancelha. Darcy disse, "ela está bem, mas se

recusa a deixar Wickham,insistindo que algum diaeles vão se casar, e que nãose importa quando isso vai acontecer.Wickham admite, em particular, que nãotem nenhuma intenção de se casarcom ela, mas está disposto a fazê-lo sobcertas circunstâncias."

OSr. Bennet disse, "Então agora devemosir para o cerne da questão, e a questão ése Darcy ou eu devemos pagar a conta.Sente-se, Lizzy; você vai me dar umtorcicolo de olhar para você."

Ela obedeceu, permitindo Darcylevá-la para o sofá onde se sentou ao

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lado dela. "Vocês dois estão firmesem sua determinação," ela dissecuidadosamente, "mas tenhode admitir que, com a minhaexperiência, o Sr. Darcypode ser mais persistente doque a maioria das pessoas que euconheço."

O pai dela levantou seu copo. "Teimoso como uma mula é como eu odescreveria."

O Coronel riu. "Muito perspicaz, devo dizer!"Darcy disse "é minha responsabilidade, e vou

resolver como eu quiser."O Coronel Fitzwilliam inclinou-

se em direção do Sr. Bennet,como se quisesse falarconfidencialmente, mas seu tomera audível para todos na sala. "Se isto é uma

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questão de responsabilidade,posso apenas aconselhar a se retirar decampo agora. Darcy é mesmo um casoperdido sobre esse assunto."

O Sr. Bennet riu. "Como seu primofala sobre você gentilmente, Sr. Darcy."

Darcy deslocou seuolhar para Elizabeth e, emseguida, virou para o Sr. Bennet. "Eunão tinha percebido que vocêe meu primo estavam em termos tão amigáveis."

"Por que, o que poderia eu ter contrao bom Coronel? Verdade, elecaluniou minha filha e levantou avoz para mim, mas fora issoele foi um perfeito cavalheiro,"disse o Sr. Bennet amigavelmente.

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Elizabeth inclinou-se emdireção a Darcy. "Ele está pulando aparte quando tentou correr com seuprimo para fora deLongbourn, bem como algunsoutros detalhes importantes."Ela baixou a voz. "Mas se ele estábrincando com você, é melhor do que eupoderia ter esperado encontrar."

"Eu tambémacho", ele sussurrou pegando na mão dela maisuma vez, como se não pudesse evitar.A carranca aguçada do Sr. Bennet, fezcom que ele tentasse largar a mão dela,mas Elizabeth apertou seu punho.

A Sra.Gardiner educadamente perguntou pelafamília em Longbourn, e pela

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discussão que se seguiu, Elizabeth podedeterminar que o pai dela não iriavoltar para casa tão cedo. Ela seperguntava quanto da presença deDarcy tinha mudado os planos de seupai, e como os Gardiners tinhamexplicado sua familiaridade com ele.Ela teria que esperar para fazer essasperguntas para a tia.

Darcy não teve um papel ativo nesta parte da conversa e na verdadeele mal parecia estar presente nasala, desdeque seus olhos repousavam sobre Elizabeth otempo todo.

OSr. Bennet assistiu a interação com uma expressão azeda e, emseguida, disse abruptamente,

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"Presumo que seu pai não estámais conosco, Sr. Darcy".

Darcy olhou surpreso para o Sr.Bennet, uma vez que agora ele era odono de Pemberley, mas mesmo assimrespondeucivilizadamente. "Infelizmente elemorreu há cinco anos."

"E sem dúvida, dedicado ao senhor Matlock até o fim."Darcy e o Coronel trocaram olhares intrigados. "Meu pai e meu tio nunca foram

amigos.""Oh, vamos. Seu pai tinha uma alta

consideração porMatlock na escola e mais tarde se casoucom sua irmã. Isso nãosoa como inimizade comigo."

"Casou-se com sua irmã para irritá-lo, o senhor quer dizer," disse o Coronel

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Fitzwilliam com uma risada. "Você deveter ouvido a versão pública. Meu pai queria queminha tia se casassecom um Marquês bem mais velho do queela, cheio de dinheiro, mas ela se atirouà misericórdia de Darcy, seuamigo de infância, que fugiu com elaunicamente para impedir o casamento."

Olábio superior do Sr. Bennet afinou-se. "Perdoe-me por pensar que issoseria improvável, tendo em conta queeles eram amigos".

"Talvez em algum momento eles tenhamsido amigos; eu não sei," disse Darcy."Tudo o que sei é que meu paifoi enviado para Cambridge e queele culpou meu tio, acreditando que ele

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tinha causado isso deliberadamente. Eunão sei os detalhes, mas elenutria um ressentimento por eleaté o dia que ele morreu. Meu tionunca reconheceu ocasamento deles, e se ele se encontrassecom qualquer um deles na cidade, osignorava. Eu nunca teria conhecidomeu primo se não fosse os esforços dasenhora Matlock para nos unir."

Para alívio de Elizabeth, oCoronel Fitzwilliam tomou isso como uma sugestãopara relacionar várias ocasiõesdivertidas de suas aventuras de infância com Darcy.Com o apoio da Sra.Gardiner, ele conseguiu manter aconversa com civilidade ao longo demeia hora. Foi então que chegou a

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hora dos senhores irem embora uma vezque eles não tinhamsido convidados para o jantar, embora Darcymostrasse relutância, por deixarElizabeth.

Elizabeth tentava conseguir tempopara ter uma conversa privada comDarcy, e não apenas se comunicaratravés de olhares e mãos unidas. Ela ansiava por umpouco de tempo com ele,longe dos olhos acusadores do pai dela.

Apesar da presença dos Gardiners, asala para Elizabeth pareceu vaziaquando Darcy saiu. Ela sentia uma ondade mau agouro cada vez que olhava paraseu pai. Ela considerou irpara a cama mais cedo para evitar ficarsozinha com ele, mas isso

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só iria adiar o inevitável além de lhe daruma noite sem dormir. Não, seria melhorenfrentarsua ira e o castigo que ele escolhesse paraela, mesmo que fosse mandá-la de volta para Longbourn, pela manhã.Pelo menos desta vez ela poderia contar com o tio delapara informar ao Sr. Darcy, sobresua partida e não teria que sepreocupar com a reação dele com a suaausência. Sua ansiedade aumentou acada som que vinha do relógio em cimada lareira. Ela encontrou-se na posição altamente incomum dedesejar ter um bordado em suas mãos; pelo menos ficaria com as mãosocupadas e teria alguma distração.

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A Sra.Gardiner aparentemente, sentindo a tensão entre os dois, solicitou aassistência do marido para colocar ascrianças na cama. Não foi a melhor dasdesculpas...uma vezque todos sabiam que o costume da casaera ela mesma levá-los para a cama,masElizabeth não disse nada enquanto o Sr. Bennet somentelevantou uma sobrancelha.

Assim que eles ficaram sozinhos, oSr. Bennet tirou seus óculos e esfregouas lentes com seu lenço, segurando-os contra a luz para verificar se havia algumamancha restante novidro. Ele demorou mais tempo do que ohabitual para dobraros óculos e envolvê-los no pano macio.

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Então fechou os olhos e esfregou a pontado seu nariz com o polegar eo indicador, como se seus olhos doessem.

Elizabeth sentou-se emsilêncio, as mãos dobradas em seu colo,a tensão rastreando através do pescoçoe dos ombros. Essa pausa aencheu de pavor. Ela achou muitomais fácil enfrentar seu paiquando Darcy estava ao lado dela. Elafixou seu olhar sobreo recuo da almofada ao lado dela ondeele tinha se sentado. Se ao menospudesse ter a sua presença!

"Bem, Lizzy." A mão de seu pai finalmente deixou a cara dele, e Elizabeth notoupela primeira vez que ele parecia muitomais velho.

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Ela não conseguiu pensar em algumaresposta adequada, então ela não dissenada, em vez disso simplesmenteesperou a bronca começar.

"Suponho que eu devo retirar aminha objeção ao seu noivado."Sua boca torcida como se ele tivesseprovado algo desagradável.

Pega por umafeliz surpresa, ela começou a lheagradecer, Então reconsiderou. Seusemblante todo mostravaque era uma concessão relutante. "Estou feliz por isso,mesmo que você não esteja."

"Ele me deixou pouca escolha!" OSr. Bennet franziu o cenho enquantoesfregava sua mão ao longo do braço dacadeira de

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madeira. "Por que insistiria em tomarconta do casamento da Lydia, se nãofosse para me forçar a aderir a seupróprio casamento?"

Uma fúria irracional encheu o corpode Elizabeth. "Por que você está tãodeterminado a interpretar mal tudo oque ele faz? Ele teria feito omesmo, independente de suaatitude. Ele leva suas responsabilidadesmais a sério do que você talvez possaimaginar, e acho que você sabe disso! Étão difícil para vocêadmitir que ele tenha umacaracterística redentora?"

O Sr. Bennet encolheu osombros com desdém. "Muito bem,se você insiste. Talvez ele seja

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decente o suficienteem sua própria maneira, mas seurico vestuário e suas jóias finas não vãocompensar a falta de respeito, quevocê pode esperar dele. Ele vem de ummundo diferente, e você não será feliz com ele."

"Não tenho sido feliz em Longbourn nosúltimos tempos! Se estamos falando derespeito, por que você não mostrourespeito durante todo essetempo? Você não sabe tudo, noentanto, insiste em lhe difamar. Você temrancor contra seu tio, o que é certo; maseu te desafio a me mostrar que ocomportamento dele se assemelha ao dosenhor Matlock! Ou talvez você acheque eu deva ser condenada parasempre como um caso perdido,

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simplesmente porqueminha mãe é boba? Ele não é seu tio, nem seu pai, nem alguém alémdele próprio! Me diga, você acha queo julgamento de minha tia e do meu tiopode ser tão defeituoso, quanto o meu?Eles não pensam mal dele, e eles o conhecem melhorque você!Mas não, todo mundo deve estar errado,simplesmente porque têmuma opinião diferente da sua!"Elizabeth tinha perdido todo seujulgamento por causa da raiva que elasentia, como seas palavras que ela tinha retido todos essesmeses fossem cuspidas.

"Eu estou dando a você minha permissão para secasar com ele," disse

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pesadamente. "Não peça mais do queisso."

"Talvez eu devesse ter tido uma lição com Lydia! Ela parece ter ganhado seuconsentimento muito mais facilmente,mesmo que ela esteja para se casar comum patife imoral e inútil!"

"Boa noite, Lizzy". OSr. Bennet se levantou e saiu.

Pela primeira vez, Elizabeth percebeu que a pele deseu pai tinha uma coloraçãoacinzentada. Ela foi correndo pegarseu cotovelo. "Por favor, sente-se," ela disse, em um tom muitodiferente. "Você não está bem. Talvez umpouco de vinho possa lhe ajudar." Ajarra estava quase vazia, mas ela derramou opouco que restava em um copo eentregou ao pai dela. Sua

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respiração era superficial. Fazendocareta, ele apertou a mão no peito.

"Espere aqui – não semexa". Elizabeth correu pela escada, segurando a saiaquase na altura dos joelhos para quepudesse andar mais rápido.Ela encontrou a Sra. Gardiner noquarto, colocando a filha na cama. Agarrando obraço da sua tia, ela chorou, "por favor,venha! Meu pai está doente, muito doente!"

A Sra.Gardiner olhou para o rosto da sua sobrinha e correu atrás dela.

***

Mais de duas horas mais tarde, ospés de Elizabeth estavam doloridos por

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causa de seu ritmo acelerado, mas ela secongratulou pelador. "Foi tudo minha culpa! Eu estavatão zangada com ele."

A Sra. Gardiner tinha respondido aesta afirmação tantasvezes que tinha desistido de garantirpara Elizabeth que elanão tinha nada a ver com isso. "Vamosesperar para ouvir oque diz o médico. Afinal,ele teve um episódio semelhante a esseassim que chegou, e na manhã seguinteele se sentiu muito bem."

"Eu não devia ter dito certas coisas para ele. Eu sei!"Um barulho fez com que elas

previssem o retorno do Dr. Jenniston.Elizabeth apertou as mãos juntas

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firmemente quando umcavalheiro gordo apareceu na porta. OSr. Gardiner pousou o jornal noqual ele estava tentando se esconder.

"Bem, bem!" O médico esfregou as mãos juntas, sorrindo. "OSr. Bennet está descansandoconfortavelmente. Um pouco deláudano e algumas sanguessugasestrategicamente aplicadas – algumaspoucas! – parecem ter resolvido oproblema. Ele vaiprecisar descansar pelo menos uma semana e nada maisforte do que caldo de cevada paraele, não importa oque ele possa dizer Sra. Gardiner!"

O Sr. Gardiner perguntou, "O queaconteceu com ele?"

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“Só um ataque de coração leve, muito leve mesmo! Ele é um afortunado porvocê ter me chamado tão rápido, oupoderia ter sido muito pior. Mas enquantoele não fizer esforçoexcessivo, ele ficará com a gente pormuitos anos ainda."

"Graças a Deus!" Elizabeth caiuem uma cadeira, sentindo como se elapudesse ter uma convulsão a qualquermomento.

"Não precisa se preocupar, minha jovem. Um sorriso alegre seuvai fazer mais por ele do que qualquerremédio queeu possuo, tenho certeza! Você podelhe dar maisláudano se ele reclamar de dor, e voltarei para vê-lo pela manhã. Há um pouco deedema em volta dos tornozelos,

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e se isso não melhorar, ele podebeneficiar de um pouco de tintura dedigitalis, adoçado com uma colherde mel. Mas vamos esperar até amanhã,para resolver."

"É uma excelente notícia," disse o Sr. Gardiner. "Vocême acompanha ao estúdio paraum copo de vinho madeira antesde ir, doutor?"

"Vamos sim. Agora, não seesqueça Sra. Gardiner - nada mais doque caldo de cevada!"

"Nada mais do quecaldo de cevada, eu prometo." A Sra.Gardiner colocou sua mão no ombro deElizabeth quandoos cavalheiros partiram. "Acho melhorvermos se seu pai está

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acordado. Talvez você queirase sentar com ele."

Elizabeth piscou as lágrimas que ameaçavam rolarpor seu rosto. "Sim. Eu gostaria de fazerisso."

Elas encontraram o Sr. Bennet dormindo, mas ele despertou ao som de seussussurros. Elizabeth ficou aliviadaao ver que apesar dele estar pálido e umpouco confuso, seu rostojá não carregava o matiz acinzentadoque então a tinha preocupado mais cedo.

Elizabeth beijou seurosto. "Você nos deu um grande susto," ela orepreendeu, mas o tom dela eracarinhoso.

"Mmm. sono.""O médico te deu láudano.""... Isso explica...."

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Ela pegou sua mão entre as suas. Ela assentiu pegajosas, mas quentes.Impulsivamente, ela disse, "Estou tãotriste por ter te perturbado, papai."

"Não, eu.... Eu não deveria..." Osolhos dele se fecharambrevemente e, em seguida, se reabriram.

"Não tente falar. Você deve descansar. Voume sentar ao seu lado".

Houve apenas um momento dehesitação antes deleassentir. Poucos minutos depois, amudança na respiração dele disse paraElizabeth que eleestava dormindo novamente.

***

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Estava completamente escuro quando Elizabeth desceue encontrou seu tio, escrevendoem sua mesa no escritório, uma pequenalâmpada cintilando, deixandouma piscina de luz na frente dele.

OSr. Gardiner olhou para ela. "Como ele está?"

"Ele acordou cerca de meia hora atrás e tomoumais láudano, e agora estádormindo outra vez. Minha tia estácom ele agora."

"Bom. Descansaré sem dúvida a melhor coisa para ele."

"Posso pedir seu conselho sobre umacoisa?"

"É claro". Ele colocou sua caneta no tinteiro e virou sua atenção para ela."Você sabe que há alguns meses meu pai proibiu-

me de escrever para o Sr. Darcy. Você

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acha que, sob essasnovas circunstâncias, ele oporia se eu escrevessepara lhe contar sobre osacontecimentos de hoje à noite?"

OSr. Gardiner acariciou a mão dela. "Não, eu achoque ele não se importaria, mas édesnecessário. Eu enviei uma nota paraDarcy logo após a saída do médico,sugerindo que ele viesseaqui amanhã de manhã."

Elizabeth sentiu um peso sair de seusombros. "Obrigada".

"É claro. Isso também dizrespeito a ele, uma vezque precisamos evitar causar qualqueraflição a seu pai, e issosignifica manter Wickham longe dele.

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Darcy também é claro, mas eu nãotenho nenhuma dúvida que ele vaicooperar na proteção a seu pai,enquanto não posso dizer o mesmo deWickham, ou mesmo de Lydia. Eugostaria de acabar com isso tudo tãorapidamente quanto possível."

Elizabeth assentiu coma cabeça. "Isso seria o melhor."

***

As lâmpadas já estavamacesas quando Darcy chegou emcasa na noite seguinte,após um longo dia reconfortandoElizabeth, que ainda estava angustiada pelosproblemas de saúde de seu

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pai e propensa a se culpar por isso.Seria apenas um pequeno passo, paraculpá-lo por toda a situação,assim Darcy estava determinado a ficarcom ela o máximo de tempopossível para contornar essapossibilidade.

Atémesmo o mordomo parecia cansado quandoele cumprimentou Darcy. "Senhor, oSr. Jackson está à suaespera na sala de jantar."

Oencontro com um desconhecido não tinhanenhum glamour. Ele teria pedido aomordomo para mandá-loembora imediatamente, exceto que seu mordomo nãoo teria deixado entrar sem uma razão.

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"Quem é o Sr. Jackson e porque ele está na sala de jantar?"

"Ele chegou deKent hoje, mas ele afirma ser de Pemberley.A sala de estar pareciainadequada devido a uma pessoa que eletrouxe. A sala de jantarparecia o lugar mais seguro."

Jackson – era oassistente do seu administrador. Porque ele estava em Londres em vezde liderar a recuperação emHunsford? Darcy estava muitocansado para tentar saber porque a sala de jantar era mais segura doque qualquer outra sala. Era mais fácilsimplesmente ir lá e ver.

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O mordomo abriu a porta para ele. Darcy apenas viuum vislumbre de Jackson, umjovem desajeitado que pareciaainda mais cansado doque seu mordomo, antes de um animalgrande pular na perna dele.Assumindo na luzofuscante, que devia serum cão, ele abaixou para afastá-lo, apenas para encontrar umemaranhado de cabelos, quedefinitivamente não era canino. Porque uma criança suja estava agarradana perna dele?

"Sr. Jackson, sem dúvida você tem uma explicação para isso." Darcy tentoucontrolar seu temperamento.

O jovem saltou para ficar em pé e securvou. "Eu sinto muito, Sr. Darcy.

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Essa é a criança que o senhor me pediupara tirar do orfanato. Eu tentei encontrar um larpara ela, como o senhorordenou, mas ela se tornou, perturbada.Ela se transforma em umanimal selvagem, quando alguém tenta tocá-la. O boticário local sugeriu que talvezummédico de Londres possa ter alguma idéia de comoajudá-la."

Esse emaranhado de cabelosera Jenny? Ele não podia ver seu rosto,uma vez que ele estava enterrado em suaperna. "Não me pareceque ela não está disposta a sertocada." Era difícil não parecer desdenhosoquando a criança estava agarrada nele, e

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suamão repousando sobre a cabeça dela.

"Eu.... Eu nãoposso explicar, senhor, mas eu juropara o senhor, ela mordeuuma mulher que estava tentando ajudá-la. Eu não sabia mais o que fazer. Se eupensasse que ela não iria respeitar sua pessoa, senhor, não teria trazidoela."

Com um suspiro profundo, Darcy seajoelhou no chão,o que forçou a menina liberar a pernadele. As calças provavelmente estavamarruinadas. E como ele ia saber o que fazer com ela, se os outros tinhamfalhado?

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Agora que ele podia ver seu rosto, seu primeiro pensamento foi que Jacksontinha pegado a criança errada. Essatinha um olhar pálido com uma cara que erasó seu olho e não separecia em nada com a garota queele nunca tinha visto empé. Mas foi a expressão dela que o fezreconhecê-la – foi a mesmaque ela tinha usado naquela noite,quando ele tinha acordado com elagritando – e a boneca que ela apertava, eque parecia pior do que aquela queele tinha salvado do dilúvio.

"Jenny?" ele disse timidamente.Ela assentiu com a cabeça."Qual é o problema?"Ela sussurrou algo que ele não

entendeu. Darcy olhou para Jackson

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interrogativamente."Esse orfanato –

era um lugar terrível, senhor," Jackson disse, sedesculpando. "Acho que todos eles sãopéssimos, mas o que ela ficou bem, esseé terrível."

"Ninguém vai te machucar, Jenny.Esta é minha casa, e todos aquitrabalham para mim. Você entende?"

Ela assentiu coma cabeça novamente.

O que Jackson pensou que ele seriacapaz de fazer com ela?"Bem, então, Jenny, eudiria que você precisade uma boa refeição,um banho e uma cama quentepara dormir."

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"Sem banho!" Ela apertou a bonecacom as duas mãos.

A criança não sabia que ele estava tentando ajudá-la? "Muito bem, então, sem banho,apenas uma boa refeição euma cama quente, e você vai obedecer àsempregadas e aoSr. Jackson quando te pedirempara fazer algo, a menos que sejatomar um banho. Se você tiver algumproblema, pode me dizer amanhã e euvou escutá-la. Temos um acordo?" Eamanhã ele ia perguntar para Elizabeth oque ele deveria fazer com ela.

"Temos se eles não pegarem aminha boneca."

"Ninguém vai pegar sua boneca, eu prometo. Agora, Jackson irá levá-la para a cozinha para comer alguma

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coisa." Ele se levantoue bateu nas calças. Elecertamente esperava queElizabeth soubesse o que fazer.

***

Pela manhã, Darcy concluiu que sua equipe bemtreinada não era páreo para uma meninade quatro anos. Nointeresse de manter a tranqüilidadedoméstica entre seus servos –ou ele mesmo –ele decidiu levar Jennycom elepara os Gardiners para que Elizabeth pudessevê-la por si mesma. Realmente nãotinha nada a ver com o fato de que Jennycomeçou a soluçar

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incontrolavelmente quando descobriu que ele estava saindoe ia deixá-la para trás.

Elizabeth viu Jenny pela primeira vez àluz do dia, e ficou chocada com amudança. Rapidamente, percebendo queisso ia muitoalém da sua limitada experiência comcrianças, ela perguntou se Jenny podiaficar com o Sr. Darcy poralguns minutos enquanto foi ao encontroda tia para contar a história da menina.

Jenny, inicialmente, se esquivou daSra. Gardiner, mas ao ouvir que ela eraa amada tia de Elizabeth e uma boaamiga do Sr. Darcy, ela pareceu decidirque isso a fazia uma senhora confiável. A Sra. Gardiner, após solicitargravemente a honra de ser apresentada

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para a boneca de Jenny, exclamou:"Oh, sua pobre boneca! O vestido delaestá rasgado e sujo. Devemos consertar isso, vocênão acha?"

A garota considerou apergunta brevemente antes de concordar.

A Sra.Gardiner disse, "Primeiro, você precisará remover o vestido dela e assimpodemos lavá-lo e então vocêpode ajudar a consertá-lo quando eleestiver seco, entretanto, nós vamosprecisar fazer algo para aquecer suaboneca." Ela fez uma pausa,como se estivesse pensando."Eu sei o que vamos fazer!Minha filha tem uma boneca não muitomaior do que a sua,podemos emprestar um dos vestidos da

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boneca dela para a sua boneca vestirenquanto ela própria está secando. O que você acha?"

"Oh, sim, Dolly gostaria disso!""Excelente!" A Sra.

Gardiner estendeu sua mão para Jenny,que a pegou sem hesitação e saiu da salacom ela. A voz dela continuou por todoo corredor. "Seeu encontrar um pano molhado para você, vocêacha que pode limpar sua boneca umpouco? Tenho medo dela ficar triste porestar suja quando ela estiver comum lindo vestido novo."

Elizabeth olhou para Darcy com diversão. "Aparentemente ela só precisava dotoque certo."

Darcy disse, "Acho que é um passo na direção certa, a boneca não estarimunda e maltrapilha, mas eu preferiria

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que ela própria fosse a única a serlimpa."

Elizabeth verificou, para ter certeza, de que o corredor agora estava vazio e, emseguida, colocou seus braços emtorno dele. "Eu posso entender porque Jenny não quer deixá-lo. Eu mesinto da mesma maneira sempre quevocê parte, mesmo que agora eu nãochore mais por isso."

"Vocêsente verdadeiramente a minha falta quando eu vou embora?"

"Que tipo de pergunta boba é essa? Claro que sim. Você não sentea minha falta?"

Ele respondeu primeiro com um beijo que vibrou seus pulsos. "Dolorosamente",ele disse em voz baixa. "Especialmenteagora que podemos ter certeza de queseu pai não vai te afastar de mim."

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"Ele não mencionou isso, e meu palpite é que me quer aqui por causadele. Se ele me pedir para irembora, eu não irei sem umbom argumento."

"Estou feliz por isso." Ele a soltoucom aparente relutância, então se afastoualguns passos.

Isso não era bom,se ele não estava interessado em segurá-la. "Aconteceu alguma coisa?"

"Não". Em seguida, após vê-lacom um olhar ferido, ele acrescentou,"ontem à noite, seu tio me disseque desdeque ninguém poderia ser poupadopara me acompanhar,ele esperava que eu não tirasse proveitodesse fato,

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especialmente dado o escândalo emtorno de sua irmã."

"Você parece bravo."A expressão dele suavizou. "Não estou zangado. Ele está certo, e eu deveria ter

sabido disso antes mesmo que alguémme falasse. Só não gosto,particularmente quandonosso tempo juntos é tão limitado.Mesmo assim, eu prefiro estar comvocê mesmo sendo incapaz de tocá-la doque não te ver. Mas o mais importante,como está seu pai esta manhã?

Ela sabia que ele só estavaperguntando para o bem dela,mas gostou. "Seu espírito temmelhorado bastante eele está reclamando sobre não ter nadapara comer, além de caldo de cevada.

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O médico parece satisfeito com oprogresso dele."

Uma hora mais tarde, a Sra.Gardiner reapareceu, segurando duas meninas pelamão. Uma era sua filha, Emma, e a outraera uma sorridente Jenny, usando umvestido rosa que deviater sido de Emma, seu cabelocurto caindo em suaves ondulações emtorno de seu rosto magro.

Elizabeth estava esperando algo assim, mas ajulgar pelo olhar atordoado de Darcy,ele não. "Você está linda,Jenny! Seu cabelo está como o de umasenhora elegante!"

Jenny deu umarisadinha. "Emma quer cortar o cabelodela também, mas a mãe dela disse não."

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"Eu ajudei," replicou Emma. "Fiz um bom trabalho!"Darcy finalmente conseguiu

falar. "Sra.Gardiner, você fez um milagre. Nãoposso lhe agradecer o suficiente. Comoa convenceu a tomar banho?"

"Jenny ficouperfeitamente feliz em tomarbanho assim que nós estabelecemos queela podia manter sua bonecacom ela. Aparentemente uma das crianças maisvelhas doorfanato roubou a boneca dela,e ela não a conseguiu devolta até que um de seus funcionáriosinsistiu com a enfermeira chefe.Você, Sr. Darcy, é aparentemente aúnica pessoa a

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quem ela confiou seu bem mais precioso." Oslábios da Sra. Gardiner tremiam dealegria.

Elizabeth riu. "Não éde admirar, uma vez que ele arriscou ase afogar para trazer a boneca paraJenny!"

"Foi o que ouvi! A Jenny nos contoucom detalhes." A Sra.Gardiner sorriu para ela.

Emma perguntou ansiosamente, "Havia realmente um dragão que você teve quelutar para pegar a boneca?"

"Só um rio muito cheio, que paramim é perto o suficiente de serum dragão," Darcy disse gravemente.

Elizabeth pegou a mão dele. "Eu acredito que eu estava fazendo o papel dodragão naquele momento!"

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A Sra. Gardiner largou asmãos das duas meninas. "Emma, eu achoque Jenny gostaria de ver seusbrinquedos. Por favor, leve-a até o seuquarto com você."

As meninas conseguiram sair da sala com certa quantidade de decoro, masuma vez que elas ficaram fora de vista,Elizabeth podia ouvir seus passos e risos.

"Sra. Gardiner, estarei parasempre em dívida com asenhora," Darcy disse.

"Absurdo. Emma teveum tempo glorioso transformando a garota emandrajos, em uma princesa. Jennyé uma garota doce."

"Se ao menos você pudesse convencer meu pessoal disso!""Ela estava com

medo, isso é tudo. Alguém do orfanato

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bateu nela – eu vi as marcas nas costasdela. Oque você pretende fazer com ela?"

"Meu homem está procurando uma família disposta a levá-la para viver na aldeia. Eu vou pagar asdespesas dela, claro. Ele só atrouxe para mim porqueninguém conseguia controlá-la, e ele temia que eu me opusesse aqualquer tratamento mais forte com ela."

Elizabeth não pode deixar de rir. "Ébem você! Você puxou-a de debaixo de uma árvore, então agora você sesente responsável por ela, pelo o restoda sua vida."

Darcy franziu a testa. "Você temalguma coisa contra"?

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"Não, não. Eu achoque é muita gentileza sua."

A Sra.Gardiner disse: "ela teve sorte em teencontrar Posso sugerir que você deixe-a aqui por alguns diasenquanto os preparativos são feitos?"

"Eu não poderia pedir isso para você! Você já está cuidando do Sr. Bennet, e embreve haverá necessidades para a Srta.Lydia também."

"Só estou sendo prática. Tenhouma babá quepode gerenciar facilmente tanto quatroquanto cinco crianças, e você não.Meus filhos irão desfrutar da novidade.É o mínimo que posso fazer depoisde tudo o que você está fazendopor Lydia."

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Darcy abriu a boca, mas Elizabeth falou primeiro. "A minha tia temtoda a razão. Um homem tão generosocomo você precisa aprender a aceitar agenerosidade dos outros."

Ele olhou intrigado, mas disse: "nesse caso, ofereço-lhe meus agradecimentos, Sra.Gardiner. Não arrisco a discutirquando ambas estão de acordo!"

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Capítulo 19Darcy entregou seu chapéu e luvas parao empregado dos Gardiners. "Eu vim omais rápido que pude," ele disse para oSr. Gardiner. "Qual é o problema? OSr. Bennet piorou?"

"Não, nada do tipo. Mandei techamarporque ele pediu para falar com vocêlogo que possível."

Darcy olhou para o Sr. Gardiner. "OSr. Bennet quer me ver?"

"Foi o que eledisse. Sozinho e sem conhecimento daLizzy. Eu estava relutante emconcordar com essa parte,mas não quis agitá-

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lo, então mandei Lizzy fazercompras com a minha esposa. Eu confioque você fará tudo em seu puderpara evitar deixá-lo angustiado."

Desde que o Sr. Bennet -como regra parecia estar sempreangustiado por sua própria existência- Darcy se considerou não qualificado aevitar não deixá-lo agitado. Deus sabequantas vezes ele já tinha tentado!"É claro. Mas ele não ficaria maistranqüilo se você falassecomigo em seu nome?"

"Ele insiste nesta conversa particular com você.""Contanto que

ele não me peça para desistir de Elizabeth, farei todoo possível para concordar com tudo oque ele deseja." Infelizmente, isso era

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provavelmente o que o Sr.Bennet queria dele.

O Sr. Gardiner bateu no braçodele. "Bom rapaz. Vá até ele – segundaporta à esquerda."

O Sr. Bennet parecia melhor do queDarcy esperava. Ele estava sentado nacama, apoiado por almofadas, com umabandeja de chá ao lado dele. "Ah, Sr.Darcy. Sente-se."

Darcy sentou-se cautelosamente. Ele nunca tinhaouvido o Sr. Bennet falar com ele deuma forma tão gentil, o quelevantou ainda mais suas suspeitas. "Euentendo que você queria mever, senhor."

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"Sim, eugostaria de te perguntar umacoisa, mas em primeiro lugar, esperoque você me diga, em nome de Deus,o que está acontecendo com Lydia eWickham, desde que todosaqui parecem acreditar que podem meimpingir somente banalidades."

Darcy hesitou ciente de que os Gardiners preferiam manter as informações forado alcance do Sr. Bennet paraevitar angustiá-lo, mas ele não podia serecusar aresponder a uma pergunta direta."Wickham e eu chegamos aum acordo há dois dias. Nofinal, ele foi mais razoável doque eu esperava, sem dúvida devido àinfluência do Coronel Fitzwilliam que

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acariciava seusabre enquanto conversávamos. Meuadvogado está cuidando da papelada.Wickham ficará estacionado emNewcastle, por sugestão do meuprimo, que está familiarizado com ocomandante da guarnição de lá."

“Quando eles vão se casar?""Na

próxima semana. Wickham conseguiu uma licença."

"Lydia ainda está com ele?"Darcy não esperava que

o Sr. Bennet fosse gostar de sua resposta,mas evitar a questão provavelmente iriaperturbá-lo ainda mais."Não. Isso era parte do acordo.

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Inicialmente planejei trazer Miss Lydia paracá, mas desde que a Sra. Gardiner já temsuas mãos cheias, ela está hospedadaem uma casa de hóspedes respeitávelcom uma acompanhantecontratada que se reporta a mim."

"Eu achoque você quer dizer que os Gardinersacharam que eu não ficariaobedientemente calmo com Lydiadebaixo deste teto."

Darcy deu um ligeiro sorriso. "Algo nesse sentido, senhor.""Ah, bem. Provavelmente eles têm

razão. Minhas filhas são muito bobas,mas você escolheu a melhor delas." OSr. Bennettinha um brilho nos olhos que Darcyreconheceu.

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Ele decidiu correr um risco. Levantando uma sobrancelhadisse, "agora estou preocupado. Isso mepareceu como um elogio."

Sr. Bennet deu uma risada que setransformou em tosse. “Não deixe subira sua cabeça." Ele enxugoua testa com um lenço, parecendocansado.

"Você disse que havia algumacoisa que você queria falar comigo."

"Sim". OSr. Bennet fechou os olhos e inclinou a cabeça dele contra otravesseiro. Ele ficou calado temposuficiente para que Darcy começasse ase preocupar com o seu bem-estar,mas então ele se sentou ereto novamente,seu olhar alerta. "Quero que você secase com Lizzy o mais cedo possível."

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Darcy estava certo deque ele devia ter perdido algumacoisa. "Me desculpe"?

"Você me ouviu perfeitamente bem. Então, qual éa sua resposta?"

Tinha que ser uma armadilha. "Posso perguntar o motivo de sua mudança deopinião sobre o assunto?"

Sr. Bennet tossiu maisuma vez, um pouco mais desta vez. "Wickham."

"Porque eu armei o casamentodele?"

O homem maisvelho acenou uma mão para ele comdesdém. "Não, não é isso. Eu precisode você para mantê-lo na linha. Otolo do médico me disse que mais umataque de coração pode acabar comigo,e então Wickham pode querer tirar da

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Sra. Bennet cada centavo se não tiveruma pessoa para impedi-lo. Isso nãopode acontecer."

“Estou aliviado", Darcydisse secamente. "Por um momento eu penseique você podia ter, na verdade,começado a me aprovar, mas seagora pensa melhor de mim do quede Wickham, posso ficar tranqüilo."

"Não me faça rir. Isso abala os meus pulmões. Você fará isso?""É claro. Vou mandar providenciar

os proclamas.""O mais cedo possível, Sr.

Darcy." O Sr. Bennet falou bruscamente."Ah". Darcy não podia se

lembrar quando tinha sidoa última vez que ele tinha ficado sempalavras. Ele reuniu seus

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pensamentos dispersos. "Muito bem. Elizabeth sabe queé este o seu desejo?"

"Não. Você diz a ela. Agora medeixe descansar.”

"É claro". A mão de Darcy estavana maçaneta da porta quando percebeu arazão para a mudança repentinado humor do Sr. Bennetnos últimos minutos. Ele podia nãoestar ansioso para perder sua filha preferida,enquanto ele estava com a saúdetão precária.Ele voltou para enfrentar seufuturo sogro. "Vou pedir ao Sr.Bingley para usar Netherfield.Elizabeth não vai querer ficar longe devocê agora."

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"Aquelelugar velho, Netherfield. Nunca gostei delemesmo." Apesar da queixa, o Sr.Bennet já não pareciairritado, apenas cansado.

Darcy encontrou seu caminho até a salade estar, sem sequer perceber quesua mente girava. Ele tinha que escreverimediatamente para o seu advogadoe mandá-lo preparar o acordo.Um clérigo. Ele precisava de umclérigo e de uma licença também,mas já era tarde, então os cartórios jáestariam fechados. Amanhã de manhã,então. Ele devia chamar a Srta.Jane Bennet – Elizabeth gostaria que ela estivesse presente –e talvez Charlotte Collins, contanto

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que ela pudesse vir sem a praga domarido. As duas poderiam viajar paraLondres e voltar em um dia,ou poderiam ficar em Darcy House. Eleteria que contar para Richard, eteria que ser pessoalmente.Richard provavelmente nãogostaria de assistir a cerimônia,devido às circunstâncias, mas ele nuncaperdoaria Darcy se ele não fosseinformado. E ele teria que dizer paraElizabeth... Bom Deus, e se Elizabeth serecusasse a aceitar um casamentoimediato? O Sr. Bennet iria culpá-lo.

OSr. Gardiner tinha claramente ficadoandando para cima e para baixoenquanto esperava. "O que

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aconteceu?" perguntou, olhando parao rosto de Darcy. "Meu Deus, o queele disse? Sente-se e beba uma taça devinho. Você está branco como umfantasma."

Darcy abanou a cabeça distraidamente. "Estou perfeitamente bem, apesar deprecisar de caneta e papel".

"Venha para o meu escritório, então." OSr. Gardiner ficou calado até Darcyestar sentado em sua mesa,a caneta riscando o papel com uma mãofirme. "Ele proibiu que você se casassecom a Lizzy?"

Darcy não olhou paraele. "Não, agora ele quer que eu me casecom ela."

"Verdade? É uma excelente notícia. Lizzy ficará muito satisfeita."

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Os dedos deDarcy congelaram, deixando uma mancha de tinta da caneta. "Será?"

"Claro que ela vai ficarsatisfeita! Que tipo de pergunta tola é essa?"

"Ele quer que a gente se case o maisrápido possível." Ele mergulhou acaneta no tinteiro e, em seguida, voltou aescrever. "Não quer nem esperar que osproclamas saiam."

"Sério? Isso é uma mudança de fato! Ele deve estar mais preocupado comsua saúde do que tem admitido."

A caneta estremeceu. Percebendo que a mão dele estava tremendo Darcy colocoua caneta de volta no tinteiro.

O Sr. Gardiner riu ao compreender oque estava acontecendo. "Darcy, você éo último homem no mundo que eu

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esperava ver nervoso com ocasamento. Aqui, beba algum vinhomadeira. Isso vai acalmá-lo."

"Há tanta coisa que devo fazer," Darcy disse distraidamente. "E devoperguntar para Elizabeth se ela estádisposta a aceitar a proposta do paidela. Você acha que ela vai ficar aflitapor causa dessa pressa para a gente secasar?"

"Naturalmente que não, rapaz." Arisada do Sr.Gardiner foi seguida pelo som de umaporta se fechando. "E se não estouenganado, é minha esposa e a Lizzy.Peço para ela vir falar com você?"

"Sim, porfavor." Darcy fez outra tentativa para

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escrever, focalizando sua atenção nasua caligrafia.

Alguns minutos maistarde, Elizabeth entrou e fechou à porta,sua presença iluminou a sala e forneceuum bálsamo para sua agitação. Ele seperguntou distraidamente se sempresentiria essa mistura de alívioe desejo ardente sempre que avisse, ou se seria diferente... depois queeles se casassem. Mas não importava,enquanto ela estivessecom ele, tudo estaria bem.

"Eu não sei porque," ela proclamou com uma risada, "mas meu tio me disse queeu não deveria perder tempo para virfalar com você e que devo consentircom o que você quiser." Ela beijou seu

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rosto levemente, em seguida sua boca,a carícia de seus lábios macios acendeuum fogo ardentedentro dele, e ele não hesitou em retornar o gestocom interesse, segurando a nuca delacom a mão. “Ele parecia muito animado.”

"Ele disse para vocêconcordar com tudo o que eu desejar?"Darcy disse em descrença. A primeiraimagem que veio emsua mente não tinha nada a ver com os planos dopai dela, e tudo a ver em como fazerum bom uso do sofá no canto.

"Foi isso o que ele disse." Osolhos de Elizabethbrilharam para ele. "Então o queé que você deseja?"

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Quando ela olhou para ele, havia apenas uma respostaque Darcy poderia dar. Ele pegousua forma suave em seus braços,divertindo-se com a sensação de seusseios pressionados contra o peito dele ebeijou-a com todaa necessidade apaixonada que tinhareprimidodesde seu interlúdio em Pemberley. Desdeque ela havia chegado a Londres, elesó tinha sido capaz de beijá-la uma vez, e tudo o que ansiava era seutoque.

"Oh, meu Deus," Elizabethdisse ofegante. Seus lábios tão perto dele que ele podiasentir seu hálito quentefazendo cócegas nasua bochecha. "Eu não acho

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que isso foi o que meutio tinha em mente."

"Ele disse que você deveria concordar com tudoo que eu desejasse, não foi?" Suas mãosainda presas nacintura dela, ele roubou um beijo rápidopor pura alegria de poder fazê-lo.

Para seu deleite, ela respondeu com umbeijo profundo, uma mão seemaranhando em seu cabelo, a outrasegurando sua gravata. Por algunsminutos isso era tudo o que existia – a boca de Elizabeth para a suaexploração, seu corpopressionado contra o seu, as mãos deleacariciando suas curvas deliciosas, e a

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única coisa em sua mente era o desejorebelde e irresistível de fazê-la dele. Mas a razão oincomodava, lembrando-lhe que estenão era omomento nem o lugar, e relutantemente eletirou seus lábios dos dela.

A única coisa mais deliciosa do sorriso deElizabeth era quando seus olhos ficavamescuros de desejo por ele."Então, o que devoconsentir?" ela perguntou.

Ele não podia suportar a idéiade libertá-la, em vez disso, ele a fez sesentar no colo dele, onde poderiasegurá-la perto o suficiente para respiraro perfume de rosas saindo do seu corpo.Enquanto ele evitava olhar para o decote

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dela, podia colocar seuslábios contra a peleexposta do pescoço dela. Se elecedesse à tentação de olhar para baixo,perderia qualquer vestígio de ter umpensamento racional. Ele fez umatentativa corajosade forçar sua mente longe docorpo tentador de Elizabeth. "Seu pai mefez um pedido surpreendente hoje."

"Oh, Deus. Isso não meparece promissor."

"Embora tenha sido um choque, devolhe dizer que a idéia éboa." Na verdade, um casamento rápidoparecia uma idéia inspirada nomomento. Só de pensar seu corpo vibroucom desejo. Por que os cartórios tinham

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que fechar tão cedo afinal? "Ele querque a gente se case tão logo sejapossível."

Elizabeth desviou oolhar. "Eu sei quevocê tem boas intenções, mas isso não é umaquestão para se brincar."

"Eu estou falandosério, meu amor, assim comoseu pai. Parece que ele aceitou que eupretendo me casar com você dequalquer maneira, e uma vez que ele nãopode impedir, decidiu que é melhor ocasamento ser agora. Ele me disse que épor causa de sua saúde em declínio queo faz temer que ele sejaincapaz de manter Wickham na linha,mas acho que é porque ele percebe que,

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se algo acontecer com ele, sua mãe eirmãs ficariam desprotegidas.Ele quer que a gente se case para que eupossa proteger sua família caso ele sejaincapaz de fazê-lo."

Elizabeth empalideceu. "O médico disseque ele vai se recuperar e vai ficarconosco ainda por muitos anos. Porque o meu pai está tão preocupado?"

Ele apertou os braços emvolta dela, desejando que pudessefazer isto mais fácil para ela. "Se háalguma coisa que ele sabe e nósnão sabemos, eu não posso dizer,mas ele parece ter medo de teruma recaída. Seu tio me disse que, sobnenhuma circunstância, eu deveriadizer ou fazer qualquer coisa que

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aborrecesse seu pai, então eu nãoperguntei nada para ele. Ele parecia tãofeliz depois que eu concordei com opedido dele."

"Se foraliviar sua ansiedade, então é claro que devemos fazê-lo," ela disse com sua determinação."Os proclamas vão sair no domingo?".

Com ela em seus braços e como consentimento dela, ele estava feliz em explicar asinstruções de seu pai com maioresdetalhes.

***

“Esta é uma surpresa, Darcy,", disse o Coronel Fitzwilliam. "Não melembro da última vez que esteve aqui.É Wickham criando mais problemas?"

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Erarealmente uma ocorrência rara para Darcy iraté a Hospedaria de solteiro onde oCoronel Fitzwilliam morava, mas Darcyqueria saber como seu primo se sentiriasobre o casamento."Não que eu saiba. Mas há alguns novosdesenvolvimentos em outro assunto."Ele explicou brevemente amudança do Sr. Bennet, observando deperto o rosto do seu primo."Então, depois de toda a sua oposição, agora vamosnos casar daqui a dois dias."

Se Richard ficouperturbado com a notícia,ele não demonstrou. "Em dois dias? Vaiter que ser um trabalho rápido."

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"Ele teria preferido até maiscedo, mas eu pedi para ser domingopara que eu possa arrumar tudo – o acordo nupcial, preparar osaposentos em Darcy House e outrascoisas necessárias.Eu duvido que fiquemos muito tempo emLondres, embora, uma vez que oSr. Bennet seja capaz de viajar vamosacompanhá-lo até sua casa."

"Você vai ficar em Longbourn? Desejoque você seja feliz lá! É um pouco cheiademais para o meu gosto."

"Para o meutambém, acredite. Elizabeth e eu vamosficar em Netherfield, na casaque Bingley alugou.Bingley planeja voltar lá em breve."

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Seria como aqueles dias quandoJane ficou doente em Netherfield,só que desta vez ele não vai ter queaturar Elizabeth, como um fantasmaem sua casa.

Richard deu-lhe um olhar assustado. "Eu penseique ele planejava desistir do lugar."

Darcy deude ombros. "Ele mudou de idéia, tanto sobre a casacomo sobre se casar com a irmã deElizabeth."

Richard virou as costas para Darcy para buscar uma jarra no aparador. Sua expressão era neutra. "Um vinho do Porto? Não é um vinho para osseus padrões, mas bastantedecente. Bingley então está noivo daSrta. Bennet?"

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"Não, mas acredito que ele planeja fazer-lhe um pedido. Ela não sabe nada dissoainda."

Richard levantou sua taça. "Para a linda Srta. Bennet, então.""Ela é o meu próximo assunto. Desde

que o casamento será realizado nacasa do Sr. Gardiner, para que oSr. Bennet possa estar presente,será bastante pequeno, masElizabeth gostaria muito queJane estivesse ao lado dela. Ofereci-me para mandar umacarruagem para Longbourn para apanhá-la".

"Bom, mas se você confiar emmim posso lhe poupar desteproblema. Viajar para a zona rural de

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Hertfordshire seria apenas uma maneirade escapar do calor de Londres."

Darcy supôs queesta oferta era maneira de Richard lhedizer que ele tinha chegado a um acordocom a escolha que Elizabethfez. "Eu não gostaria de colocá-lo emqualquer problema."

"Desde quando é problema tirar proveito dos seus cavalos enquanto eutenho o prazer da companhia de umalinda mulher"?

"Nesse caso, eu aceito a sua oferta. Naturalmente, você é bem-vindo na cerimônia também,mas vou entender sevocê preferir não comparecer." Darcyevitou os olhos do seu primo.

"Émuita gentileza sua," Richard falou. "Eu não perderia isso por nada

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nesse mundo."

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Capítulo 20A princípio Jane tinha ficadonervosa, ao se sentar na carruagem. Elanunca tinha andado em um veículo tãoelegante, nemem uma carruagem aberta. Mas oCoronel Fitzwilliam tinhanotado seu desconforto e fez uma piadasobre como ele se sentiupequeno quando sentou na carruagemfáeton e deslocou-se para dar maisespaço para Jane,para que ela não tivesse que se sentarna borda do assento. Ela percebeu ahabilidade dele em lidar com oscavalos.

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Como sempre, ela achou notavelmente fácil conversar com ele. Ela aindanão conseguia entender por que Lizzytinha escolhido Darcy sobre seu primomuito mais amável, e perguntou-se,não sem culpa, se a irmã dela tinha feitoa escolha dela, baseada em seu coração,ou sobre a necessidade de se casar bem.Se Bingley tivesse correspondidoàs expectativas dela, Lizzy não teria quese responsabilizar pelo futuro dasua família, ao tomar sua decisão. Elaprecisaria ver os dois juntos para saber ao certo.

"Desdeque você está ciente de que a Lizzy está em Londres, eu suponhoque o Sr. Darcy deve estar também.Vocês se encontraram?"

"Várias vezes. Na verdade, há uma confissão sobre esse assunto que tenho querfazer para você."

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O estômago deJane revirou, e não tinha nada a ver com o movimento dacarruagem. Ela não queria ouvirsobre o desgosto do Coronel Fitzwilliam porcausa de Lizzy. Elapodia aceitar que suas próprias fantasiasromânticas sobre ele estavam semesperança uma vez queele não podia casar com uma mulherpobre, mas era difícil encarar que ele gostou de Lizzy, mais do quedela. "Estou ansiosa para ouvi-lo", disse educadamente.

"Eu estou te levandoa Londres sob falsos pretextos.Minha mãe na verdade convidou você ea Srta. Elizabeth para o chá, mas só apósdela ter descoberto que você

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estaria indo de qualquermaneira. Escolhi contar para sua mãe doconvite para ser a razão pela qualvocê deveria vir comigo, porque asminhas instruções foram buscá-la semcontar à sua mãe a verdadeira causa."

O coração deJane começou a tremer. "Qual é o problema? Lizzy está doente? Oumeu pai?"

"A Srta. Elizabeth me deuuma carta para lheentregar, que explica a situação. “Eleretirou um papel dobrado dobolso e entregou para ela.

Lançando um olhar para ele,Jane abriu a carta e começou a ler.Ela engasgou quando chegou na partesobre o ataque de coração do

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pai dela, e deve ter empalidecido umavez que o Coronel colocou a mãolevemente em seu braço e disse,"Ele está melhor agora."

Não foi a primeira vez, que ela seperguntou como ele poderia dizer tão facilmente oque ela estava pensando. Osolhos dela correram peloresto da carta. "Eles vão secasar amanhã?"

"Sim e a Srta. Elizabeth deseja muitoa sua presença".

O primeiro pensamento que ela tevefoipara o Coronel. Como este casamentorepentino deve ter doído, noentanto, ele tinha saído do seu caminho para buscá-la e a tinha reconfortado

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quando ele próprio devia estarprecisando de conforto! Os pensamentosde inveja que ela teve mais cedo,agora estavam banidos, substituídopor um desejo de protegê-lo da dor."Obrigado por metrazer," ela disse lentamente."Eu aprecio os esforços que você fezpara que eu possa participar".

"É um prazer e uma honra lheservir." Soou como se ele realmente quisessedizer isso. Em um tom maisleve, acrescentou, "mesmo que meexigisse um pouco deprevaricação com sua mãe, assim queela começou a dizer que sabia quepodia confiar em mim para te levar emsegurança à casa do seu tio."

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Ela lhe deuum sorriso agradecido. "Você deu a ela tal deleite, fazendo-a acreditar que a Condessa de Matlockdesejou a minha presença o suficientepara enviar seu filho para me levar atéela. Você pode ter certeza que ela vaicompartilhar essa história com todas aspessoas que ela conhece!"

"Espero que a mudança de planos não lhe cause qualquer aflição."

"De maneira nenhuma!"

"Fico feliz. Você mepareceu um pouco decepcionada."

Como ela poderia dizer a ele que ela sentiu dor porele? "Fiquei muito surpresa ao saber doproblema de coração do meu pai."

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"É claro". Ele olhou para ela comtanta simpatia que ela quase sesentiu culpada por tê-lo enganado.

"Eu também sou uma criatura egoísta, e encontro-me triste em perder a companhia daminha irmã mais cedo doque eu esperava."

"Essa é uma preocupação que posso ajudar a dissipar. Darcy e sua irmã pretendempassar um mês ou mais em Netherfieldpara que ela possa estar perto de seu paidurante sua recuperação."Ele parecia estar olhando paraela com muito cuidado.

A menção de Netherfield não lhe causou sofrimento ou angústia quetantas vezes ela sentiu após o Sr.Bingley ter ido embora. "É muito gentildo Sr. Bingley lhes permitir o uso dacasa." Que estranho era –

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normalmente ela teria achado difícilfalar o nome dele, mas desta vez saiu desua boca sem ela pensar duas vezes.

Ele parecia muito preocupado com os cavalos quandopassou ao lado de um lento carrode fazenda. "Eu fiqueisabendo que Bingley vai voltar paralá em breve."

Por um momento ela não conseguiu pensar em nada. Ela tinha rezado por tantotempo para ouvir essa notícia,ansiava por ela e sonhava com isso, e agora que iriaacontecer, ela não sentiu nadaexceto vergonha por todaconversa e trauma que agora ia começarde novo. Com vergonha de Lydia, o Sr.Bingley seria muito menospropenso a procurá-la.Ele podia mesmo estar procurando

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outra garota bonita que pelo menos teriaa vantagem desaber que ele eventualmente desapontariatodas as suas esperanças.Ela não seria capaz de evitar vê-lo quando Lizzy fosse viverem Netherfield. Para seu espanto, ela percebeuque não queria vê-lo, o que a afligiuacima de tudo. Ela olhou parao Coronel, fingindo interessena fazenda, por ondeeles estavam passando. Pelo menos tinhao consolo que o Coronel não sabia oque Bingley tinha significado para ela.

Com muito cuidado, oCoronel Fitzwilliam disse, "o Darcy medisse que tem uma senhora nasproximidades a

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quem Bingley se encontra incapaz de esquecer, e cujocontato ele pretende renovar."

"Verdade"? As palavras atipicamente zangadas escaparam doslábios de Jane antes queela percebesse oque tinha acontecido. "Será que alguma mulher que tenha sidoabandonada tanto tempoestaria disposta a recebê-lo novamente? Acho que ele acreditaque sua fortuna é suficiente para obter o perdão."

O Coronel Fitzwilliam não pareceuficar perturbado por sua explosão."Muitas senhoras iriam tolerar muitacoisa por uma fortuna como a dele."

Ela não poderia entendê-lo. Ele estava rindo dela?Ela teve o cuidado de falar com suavoz normal, calma, quando

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ela disse, "Talvez alguns possam pensarque é ingenuidade minha, mas euacredito que verdadeiro afeto erespeito valem mais do que uma fortuna.Está tudo bem, Coronel? Você estábastante pálido."

Sua palidez foi desmentida pela expressão dele quandoele sorriu para ela. "Estou bem,obrigado! Eu apenas estousofrendo com uma vontade inexplicável dedar uma corrida comos cavalos, mas não vou sujeitá-la a isso."

Era um prazer vê-lo alegre novamente, eela disse imprudentemente, "porque não? É muito perigoso?"

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Ele sorriu largamente. "Você não seimporta se eu colocar os cavalos paracorrerem? Não é perigoso, pelo menosnão em uma estrada tão boa. Os cavalos são muito bemtreinados."

"Não posso dizer se vou meimportar, porque é algo que nunca fiz,mas nunca saberei se eu não tentar."Ela não conseguia entender o que tinhaacontecido à sua reticência normal.

"Nesse caso, você podesegurar o trilho."

Obedientemente, ela se inclinou eagarrou com as duas mãos. "Muitobem, vamos começar, senhor!"

Ele hesitou. "Você me dirá imediatamente se você achardesagradável?" Com um gesto, ele apertou as rédeas. Com os

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cavalos deslocados em uníssono a ummeio galope suave, a carruagemseguiu em frente.

O vento assobiava passando pelasorelhas deJane. Era uma sensação estranha, masemocionante de andar em talvelocidade. A paisagem parecia quasese diluindo ao lado deles,mas sua atenção se fixou naexpressão do Coronelenquanto ele dirigia, deslocandoas rédeas, os cavalos respondendoinstantaneamente às suas instruções.Apesar davelocidade, ela não tinha dúvidas dele sero comandante total da situação.

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Ele freou os cavalos para desviarhabilmente de uma diligência quepassava trotando na estrada em frente aeles. "Bem?" ele disse. Seu cabeloestava apropriadamente despenteadoe sua expressão era juvenil.

"Pode ser um pouco demais fazerisso todos os dias, mas éagradável fazer. Você dirige muito bem.Eu não fiquei nem um pouco assustada."

Sua expressão de satisfação aqueceu o coração dela. Ele disse"Obrigado. É um prazer dirigir oscavalos de Darcy. Na verdade, eu nãopossuo uma parelha de cavalos, eu tenhoapenas um, mas ele me tem carregadobravamenteatravés de várias batalhas, então nãoposso reclamar."

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"Carregar você emsegurança parece de maior valor do queter cavalos para correr aolongo da rodovia numa carruagemelegante."

“Ah, mas ter uma parelha eleganteé agradável, não é? Ainda, que se possaviver sem ela. Diga-me, Srta.Bennet, vocêconsideraria uma oferta de um cavalheiro compouco a oferecerexceto sua afeição e respeito?”

O coração de Jane bateu contrasuas costelas. Ela possivelmente nãotinha entendido sua perguntacorretamente. Ele era apaixonado por sua irmã, e Lizzylhe tinha ditoque o Coronel precisava casar com uma

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herdeira. Como ele poderia seoferecer para ela? Ou erao coração dela que ouvia apenas oque ele desejava numa pergunta quetinha sido feita inocentemente? Deviaser isso. A decepção era amarga. Tinhasido exatamente calculada para fazê-la compreender seuspróprios desejos, mesmo queeles fossem em vão.

Mas ela pretendia manter o respeito doCoronel, então ela colocou calma emseu rosto para disfarçar a angústia."Isso é uma questão teórica, Coronel?"

Os cantos de sua boca seestreitaram. "No momento, sim.Afinal de contas, seu pai deixou bemclaro sua opinião sobre homens que

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fazem propostas para suas filhas semfalarem com ele primeiro.Felizmente, eu seiexatamente onde encontrá-lo."

Calor parecia subiratravés dela, e Jane tinha certeza deque suas bochechas deviam estarescarlates. Ela olhou parabaixo para esconder o sorriso incrédulo queinsistia em aparecer em seurosto. "Mas você mal me conhece."

"Você se lembra do dia que nosconhecemos,e você andou comigo através do jardimao lado de sua casa? Quandodeixamos o jardim, senti como se aconhecesse toda a minha vida. Quandodançamos juntos na reunião,

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percebi que eu senti mais prazerem um dos seus sorrisos, do queeu podia recordar de um dia inteiropassado com qualquer outradama." Ele fez uma pausa e, emseguida, começou de novo, sua vozrouca. "Apesar da minhaprofissão, eu não souum homem violento. Mas quando soubeque Bingley pretende voltar aHertfordshire, me deu vontade deexecutá-lo. Foi quando eu vi oque me custaria ver vocêcasada com outro homem."

"Ainda assim você foi a únicapessoa a me falar sobre o seu retorno."

"É claro. Eunão tentaria proteger você sob

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falsos pretextos. Você merece saber quevocê tem uma escolha,especialmente porque ele tem muito mais a oferecer doque eu."

"Lamento discordar". E ela olhou para ele comos olhos cheios de carinho.

***

Eles concordaram em não dizer nadaaté após o casamento deElizabeth e Darcy, para não desviar a atenção da noiva e donoivo. Este atraso também daria tempopara o Coronel Fitzwilliamfalar com o Sr. Bennet. Janetinha mais motivo para manter osegredo porque estava um

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pouco relutante emcompartilhar a notícia comElizabeth, que provavelmente iriaquestionar a nova devoção doCoronel. Ainda assim, mesmo que ela sópudesse abraçar a notícia para simesma, ainda se considerava a mulher maisfeliz do mundo.

Jane estava contente com a decisão, quando ela viu o tumulto em Gracechurch.Elizabeth estava fazendo algumasalterações num vestido de seda da Sra.Gardiner que iriaservir como seu vestidode noiva, enquanto a Sra. Gardinertrabalhavafebrilmente para criar uma atmosfera de celebração nacasa, aproveitando a infinidade deflores disponíveis naquela época do ano. O

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Sr. Darcy e o Sr. Gardiner estavam noestúdio com o advogado do Sr.Darcy, finalizando o acordode casamento. Tinha a aparência de umjogo idiota, já que tudo isso estavasendo feito quase em completo silênciopara evitar qualquer indício de estresse.

Ao ouvir isso, Jane imediatamente consultouo Coronel, temendo que a notícia de seunoivado provavelmente afligisseseu pai. "Ele não vai ficar satisfeito,dado seus sentimentos para com seu pai.E se ele sofrer outro ataque do coração?Eu nunca me perdoaria."

O coronel pegou sua mão enluvada na sua. "Se quiser que eu espere, claroeu farei isso. Não acho que nossa notíciavai incomodar. Ele temsido muito cordial comigo, e ele

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tem medo do futuro. Ele ficaráaliviado por ter o seu futuro decidido,assim como ele queria que o da Srta.Elizabeth se estabelecesselogo que possível. Além disso, ele estápreocupado com os efeitos do escândalosobre sua irmã mais nova, e ter umaconexão comuma família aristocrática, empobreciaou não, pode melhorar isso."

"Mas como podemos ter certeza? Ele estava tão bravo sobre o noivado daLizzy, e ele gostou de você não mais doque ele gostou deDarcy, quando você apareceu pelaprimeira vez."

"Eu acreditoque você pode ser surpreendida.Eu proponho que nós o visitemos juntos

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para que você possa ver como eleme recebe, e se você estiver aindadesconfortável, tudo quevocê precisa fazer é ficar no quarto. Amenos que vocês saiam da sala para queeu fale com ele sozinho, vou assumirque você deseja que eu fique emsilêncio."

Na verdade, oSr. Bennet parecia feliz em ver o Coronel,e após uma breve troca de cumprimentoscom Jane e asperguntas habituais sobre a sua recuperação,ele dedicou a maiorparte de sua conversa ao Coronel Fitzwilliam. "Então, vocêencontrou maisuma desculpa para visitar Longbourn, mesmo

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sabendo que eu estava em segurança emLondres?" Se sua expressão eradesafiadora, seu tom divertido desmentiu isso.

O Coronel esticou as pernas, cruzando-as na altura do tornozelo."É claro. É tudo parte do meu plano parasubverter toda a sua família. Eles quasesimpatizam com os franceses agora!E você tem aproveitadominha ausência para torturaro meu pobre primo Darcy".

"Culpado." Aexpressão do Sr. Bennet era mais alegre doque culpada.

Richard balançou a cabeça com tristeza. "Até agora, você ainda nãose convenceu de sua retidão. O que eledeve fazer para satisfazê-lo?"

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Sr. Bennet sorriu. "Torturar seu primo é um dos poucos divertimentos queeu tenho atualmente."

"E ele é tão fácil deser torturado", concordou Richard.

"Eleé." Os dois cavalheiros compartilharam um olhar divertido.

Após vários minutos de mais algunsoutros gracejos, Jane pediu para serdesculpada, pois sua tia estava exigindosua assistência. Quando o Coronel não semexeu, o Sr. Bennet deu-lheum olhar afiado. "Então, isso é umavisita oficial ou não-oficial?"

"Definitivamente oficial. Uma pena; queria te pegar de surpresa.""Não fiquei com a impressão de que você se

manteve voltando para Longbourn porum desejo de me ver. Então, você

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está pedindo meu consentimento, minhabenção ou outra coisa?"

O Coronel deu um sorriso. "Nadadisso, senhor. Estou lhe dizendo asminhas intenções. A Srta. Bennet é maiorde idade. Você não precisa se envolver,certo, mas desde quese opôs tão tenazmente ao pobre Darcypor ter anunciado seu noivado antesde falar com você, eu pensei em nossalvar de uma cena."

"Muito atencioso de suaparte. Jane pode ser maiorde idade, mas ela aindaconcordaria em se casar com vocêcontra a minha vontade? Ela não tem oespírito da minha Lizzy".

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Richard podiareconhecer um blefe quando via um jogador."Não sei", disse cordialmente. "Vamosperguntar?"

Sr. Bennet acenou uma mão para ele comdesdém. "Apenas a mantenha longe deseu pai."

"Desde que eu fique longe deleo máximo que eu puder,ela fará o mesmo, mas haverá ocasiõesquando eles deverão se encontrar.Eu não permitiriaque ela ficasse sozinha com ele, noentanto."

"Mantenha elacom sua mãe, então. Eu gosto dela."

"Estou feliz por isso, desdeque Jane e eu provavelmente iremos

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viver com ela. Ela vai oferecer maisconforto a Jane do que eu posso oferecerpor conta própria, especialmente depoisque minha mãe me endividarcomprando o que ela considera ovestuário adequado para a introdução de sua filhapara a sociedade. Ela está ansiosa parafazer isso há anos."

“Eu lhe agradeço por poupar-me detalhes de rendas e fitas" o Sr.Bennet disse secamente.

***

Os dois primos apaixonados resolveramfazer uma despedida naquela tarde. OCoronel Fitzwilliam bateu no ombro deDarcy e disse-lhe que ele queria parar

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em Darcy House, poisprecisava conversar com ele.

"Estanoite?" Darcy perguntou com uma voz resignada.

"Ou você prefere que seja amanhã ànoite?" Richard rebateu.

No entanto, Darcy o tratoucordialmente quando eles chegaram,parecendo mais relaxado que Richardpudesse se lembrar de tê-lo visto há algum tempo. "Então, comoé a última noite de solteiro?"

"Boa, mas está devagar.Tudo o que precisa ser feito foi feito, eagora tudo o que tenho a fazer é esperaramanhã e sentir um enorme prazer. E atéque enfim isso está acontecendo."

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"Meus pêsames", disse Richard. No olhar desconfiado deDarcy, ele acrescentou “não,estou falando sério.Simpatizo muito com tudo o que vocêestá passando, uma vez que agoraestou no mesmo barco. A Srta. Bennet –a Srta. Jane Bennet – fez-me a honra deaceitar minha mão hoje."

As sobrancelhas de Darcy seuniram. "O que? Não entendo. Eu penseique você queria...Bem, eu penseique você queria Elizabeth."

“Eu também, mas desde que eupercebi que Elizabeth foi apenas umaprecursora para mim, a pessoa queseduziu minha atenção por causa de suasemelhança com a mulher que eu estava esperando.

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Quando conheci a minha Jane, não tivedúvidas."

"Mas Bingley está planejando proporpara ela, e ela está esperando por isso!"

"Sei que isso veio como um choque para você, mas seja sensível, Darcy. Quandoconheci Jane, ela estava sofrendopor Bingley. Mas ele a abandonou semlhe dizer uma palavra, e quemulher quer um homem que não está aolado dela? Eu lhe disse,diretamente, que Bingley planeja proporcasamento para ela, e mesmo assim elame aceitou."

"Esse é um grande choque". Darcy balançou a cabeça como se para limpá-la. "Eu pensei que você só a tinha vistoalgumas vezes."

"Eisso foi o suficiente. Eu teria esperado mais,

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se você não tivesse me dito dasintenções de Bingley. Eu não pretendiaperder minha oportunidade me movendolentamente."

"Você sabe que a herançadela é pequena? Não vaifornecer o suficiente para vocês viveremno estilo ao qual você está acostumado."

"E isso é que é diferente. Eu queria Elizabeth, eu admito, mas só se ela me trouxessedinheiro. Com Jane, meparece irrelevante. Todo o dinheiro do mundo nãopoderia compensar a perda dela. Nósvamos conseguir de algumaforma. Eu vou desistir do meu quarto desolteiro e vamosviver com minha mãe, o que vai mepermitir pôr algum dinheiro de ladoenquanto posso fornecer a Jane os

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luxos que ela merece. E antes que você pergunte –Sim, ela sabe que eu tenho pouco paralhe oferecer financeiramente."

"Essa eraa menor das minhas preocupações. Se há uma coisa que eu aprendi noano passado, é que Elizabethe a irmã dela não são mercenárias. Noentanto, há uma questão que eugostaria de mencionar. Éminha intenção dar algum dinheiro paraas irmãsBennet, para aumentar suas heranças,obviamentenada pode ser feito até eu me casar comElizabeth. Vai teofender se eu ainda fizer isso?"

Richard riu. "Só você paraperguntar isso, Darcy. Como um filho mais

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novo, não posso ser orgulhoso sobre deonde vem o dinheiro. Mas vai estar emseu acordo em todo o caso, paraque possa nos fornecer alguma paz deespírito, eu imagino...."

"Bem, então, não há nada que eupossa dizer, a não ser desejar felicidadee que tenhas mais sorte do que eu tivequando você falar com o Sr. Bennet."

Com um sorriso, Richard respondeu, "Eu já fiz isso hoje de manhã, e ele deu oseu consentimento."

"Ele deu seu consentimento, apenas assim?" Darcy parecia incrédulo."Maldito homem!".

"Imagino que ele fez issoem parte, para irritá-lo. Ele parece ter prazer em serperverso."

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"Como bem eu sei! Eu pretendo ser gentil com ele por causa daElizabeth, mas vai passar um longotempo até que eu possa perdoá-lo por estes últimos meses. Mas pelomenos eu vima conhecer os Gardiners, que serevelaram ser uma das melhores pessoasde todas as pessoas que eu conheço."

"Nunca pensei ouvir vocêdizer isso sobre pessoas do comércio, Darcy. Elizabethtem sido boa para você."

"Não há nenhuma dúvida quanto a isso. Só espero tornar-me digno dela." Darcy franziu a testa."Entretanto, é melhor euescrever para Bingley esta noite. Eunão espero que ele vá querer viajar paraNetherfield, sob essas circunstâncias."

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***

Jane Bennet preservava seu alegrecomportamento habitual, enquanto subiana cama ao lado de sua irmãnaquela noite, pela última vez,embora ela estivesseexperimentando uma surpreendentemistura de sentimentos. Foi difícilacolherverdadeiramente o significado de umaúltima noite com Lizzy quando seupensamento estava sobrecarregadocom a maravilhosa surpresa da propostado Coronel Fitzwilliam. Naquelamanhã ela teria considerado tal coisaimpossível, e agora era verdade! Mas

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nesta noite importante, deveriadesempenhar o papel da irmã de Lizzy.

Ela tentou mostrarsua própria alegria, emsolicitude para com sua irmã. "Lizzy?"

"Sim?""Você

está preocupada com amanhã?""Não tive tempo para me

preocupar, para dizer a verdade. Foitão difícil chegar a esse ponto que sintocomo se meus problemas tivessem seacabado. Além de te deixar, nãome arrependo de nada. Euestou errada?"

"Claro que não! Amanhã será o dia maisfeliz da sua vida."

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Elizabeth riu. "Espero que não, desdeque eu pretendo ter muitos outrosdias ainda mais felizes no futuro!E eu espero que agente se veja muitasvezes. Você vai me visitarem Pemberley? Os Gardiners vãoà época do Natal, mas eu vou ficarfeliz se você passar mais tempocomigo."

"Bem..." Ontem Jane ficaria muitosatisfeita com este convite, mas agora elaesperava estar casada por essa época.

"Naturalmente, se você preferir não ir..." Elizabeth forçoualegria na sua voz.

"Claro que eu vou querer tever! É só..." Jane se sentiumiseravelmente culpada por suaincapacidade de explicar-

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se, especialmente nessa noite. Oque pensaria Lizzy? Ela esqueceu suafalta de coragem e disse, "há algumacoisa que eu devo lhe dizer, algoque aconteceu hoje e esperoque você não fiqueperturbada sobre isso, uma vez que euestou muito feliz com oacontecido, então, por favor, tente serfeliz por mim."

"Querida Jane, do quevocê está falando! Qual é o problema?"

Jane respirou profundamente e, emseguida, disse "Hoje oCoronel Fitzwilliam me propôscasamento e euaceitei. Eu sei que você deve achar muito estranho desdeque ele fez a mesma proposta para você,

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não faz muito tempo, mas eu tenho omaior respeito porele, e ele tinha motivo para me pedirrapidamente e...."

"Esta é uma notícia maravilhosa!" Elizabeth aabraçou firmemente. "Bastanteinesperada, admito, mas como vocêpode pensar que eu não ficariafeliz por você? Estoucontente por vocês – por sua causa,por ter encontrado umhomem tão amável quanto você, e porele ter escolhido seguir seu coração, aoinvés de sua carteira. Eu odiava aidéia dele se casar sem amor!E estou muitocontente de ouvir que ele não pensamais em mim. Eu nunca realmente

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acreditei que ele gostava de mim, e você é muito melhor paraele. Oh, Jane!"

"Você não acha que eu estouerrada"?

"Como poderia pensar uma coisa dessas! Masvocê tem a certeza de que ele é o quevocê quer? Não queria dizer nadaantes, mas o Sr. Bingley tem aintenção de retornarpara Netherfield, e seique ele quer ver você. Se vocêestá aceitando o Coronel porque achaque não pode ter o Sr. Bingley,você não deve desistir da chance de serfeliz com ele."

"Eu sei que deve parecer estranho que eu tenhatransferido meu afeto tão rapidamente.Se eu não tivesse conhecido

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o Coronel Fitzwilliam, euprovavelmente aindaestaria sofrendo pelo Sr.Bingley, mas a razão pela qual queeu parei de pensar nele, não é porqueo Coronel tomou o lugardele, mas prefiro achar que ele me fezver o verdadeiro Sr. Bingley. Lembra aprimeira vez que o Coronel veio a Longbourn? Ele foiamável, mesmo quando nosso pai foitão cruel, mas ele não recuou. Ele não hesitou em falar desua simpatia pelos franceses,e não pediu desculpas por isso. Aamabilidade do Sr. Bingley é tal queele não pode suportar discutir comninguém. OCoronel é amável e conhece sua própria menteque é muito superior. Ele não

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é rico, mas eu sei queposso confiar nele, não importa o quepossa vir a acontecer para nós."

Eu nãoposso discutir com você nesse ponto. OSr. Bingley é um bom homem, mas elenão tem a força da mente doCoronel. Ele vaite fazer muito feliz. E também estouencantada por uma razão muito egoísta – porque você vai se casar com umhomem que já é um amigopróximo do meu quase-marido!É estranho que esteja perfeitamentecalma sobre casar com ele amanhã, maschamá-lo de meu marido parece algoimpossível?"

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Jane riu. "Eu mesinto do mesmo jeito!"

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Capítulo 21No dia do casamento o Sr. Bennetdesceu pela primeira vez desde seuataque de coração. Se ele não pareciaparticularmente alegre, pelo menos Elizabeth nãopodia ver nenhum sinal de doença ou dedesagrado.

A festa de casamento foi na apertadasala de estar, a maioria da mobília tinhasido retirada, e de alguma forma elesconseguiramencontrar espaço para todos os convidados,bem como para oSr. e Sra. Gardiner e seus quatro filhos.Jenny se recusou a ficarpara trás no quarto, embora aindaestivesse um pouco confusa porque esse

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casamento estava ocorrendo quando,tanto quanto lhe dizia respeito, Darcy eElizabeth tinham sempre sido casados.Ainda assim, a mãe dela tinha lhe ditoque as maneiras dos ricos eramestranhas, talvez todos repetissemseus casamentos em intervalosregulares. Faziapouca diferença para ela,especialmente com a promessa de bolosde creme depois.

Foi uma cerimônia comovente ondeninguém podia duvidar da afeição que anoiva e o noivo sentiam um pelo outro,e tanto a Sra. Gardiner quantoJane tinha lágrimas em seus olhos.Depois que os votos foram ditos, todosdevoraram os bolos de creme e o casal

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partiupara Darcy House com muitos votos defelicidades; o Sr. Gardiner virou-se paraseu cunhado edisse carinhosamente, "Seu velhomentiroso."

"Eu? O que você quer dizer?"O Sr. Gardiner riu. "Que

o ataque cardíaco foi real, eu garanto,mas convincente, para que essaspobres crianças acreditassemque você tinha mudado seuparecer sobre ocasamento unicamente porque vocêestava quase em seu leito de morte enecessitava proteger a sua família?Teria sido mais fácil simplesmenteadmitir que você estava errado!"

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"Aquele rapaz tem muita certeza nelemesmo," resmungou o Sr. Bennet. "Eu fizbem em mantê-lo incerto."

"Como eu disse, vocêé um aldrabão. Vamos, vamos para meuestúdio. Eu comprei um bom vinhodo porto para esta ocasião."

"Contanto que não sejacaldo de cevada, eu bebo qualquercoisa! Espero nunca ver outra gota dessecaldo na minha vida."

O Sr. Gardiner bateu-lhe no ombro. "Bem, então, se você estábem, talvez você possa comer algunsalimentos sólidos, uma vez quevocê teveuma recuperação milagrosa. Vamos,pois assim não teremos que ver a nova

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dupla de pombinhos fazendo juras deamor."

***

Darcy mal podia acreditar. OSr. Bennet parecia tão saudávelque Darcy tinha pensado napossibilidade dele mudar de idéia e serecusar a deixar que o casamentoprosseguisse.Mas o Sr. Bennet não tinha voltado atrásno último minuto, e Elizabeth era agorasua esposa. Ele não tinha respiradofacilmente até que os votos foram ditos,e então o mundo inteiro parecia um lugarmuito melhor para ele.

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Agora ela estava sentada aolado dele na carruagem. Na esperançade ser capaz de beijar a noiva,Darcy tinha planejadousar uma carruagem fechada para termais privacidade, masa manhã tinha amanhecidoquente e úmida, e uma carruagemfechada teriasido opressiva. Nada, porém, poderia impedi-lo de tocar sua mão ou rastrear com seudedo sua pele do braço exposta, paradespertar-lhe e fazê-la estremecer,apesar do sol brilhar intensamente nocéu.

Um pouco de conversa podia ser a única coisa para mantê-lo são durante a viagem

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para Darcy House. "Seu pai pareciabem esta manhã."

"Também achei, apesar de eu admitiralgumas distrações." Elizabeth lhe deuum sorriso.

"Você sabe quanto tempo ele planeja ficar em Londres?""Ele não disse, mas acho que ele tem planos para ficar

até depois do casamento de Lydia napróxima semana."

Darcy estava até sesentindo generoso com relação àLydia Bennet. Apesar de todos osproblemas queela tinha criado, finalmente podia serconsiderada responsável pelamudança do Sr. Bennet, e isso tinhasalvado Darcy de quatrolongos meses de separação de Elizabeth.

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Sim, apesar dele detestar a conexão comWickham, nesse momento, ele não sesentia aborrecido com Lydia.

"Você acha que nós ainda vamospoder ficarem Netherfield, por um tempo?"

A mesma pergunta passou pela sua cabeça várias vezes desde queele tinha ouvido as notícias doseu primo. "Seria melhor não dependerdisso. Bingley já estava infeliz, e tersuas esperanças terminadas não vaiajudar."

"Certamente ele nãopode te culpar por não saber o verdadeiro sentimento deJane!"

"Acho que isso eleprovavelmente podeperdoar, mas a conclusão dele com

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relação ao nosso noivado foi diferente.Ele acredita que eu o desencorajei a secasar com Jane, porque eu achava queele não seria bom o suficiente para secasar com minha futura irmã."

"Mas isso é ridículo! Você não tinha sequer pensado empropor para mim naquela época."

"Oh, eu tinha pensado nisso até demais; Só consegui me convencer de que euseria capaz de te esquecer depois quedeixei Netherfield. Quando que eu te viem Rosings, eu vi que não conseguia teesquecer por mais que eutentasse. Apesar das suposições deBingley nãoestarem longe da verdade, nãoposso provar isso para ele e o fatode meu primo ficar noivo de Jane justoquando Bingley decidiu voltar, pode

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confirmar suas suspeitas. Cometi umerro muito grave, e Bingley está pagando porele."

"Você cometeu um erro muito grave? Eu posso discordar com os conselhos quevocê deu a ele, mas foi só isso:conselhos. Bingley é quem cometeu o erro, nãovocê."

"Eu sabiaque ele iria seguir meu conselho.Bingley é muito modesto. Sua timidezimpediu ele depender de seu própriojulgamento."

"Sim e sua tendência é assumir a responsabilidade por tudo, nãoimporta se é da sua alçada ou não. Osinquilinosda sua tia, Jenny, Wickham, Bingley –quando alguém cruza seucaminho, torna-se sua responsabilidade,

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e se lhes acontecer alguma coisa, é suaculpa. Perdoe-me, mas o Sr.Bingley é um homem crescido, e foi elequem escolheu seguir o seu conselho e anão seguir o seu próprio coração."

"Nós estamos tendo uma discussãoapenas duas horas após onosso casamento?" ele perguntousuavemente.

Elizabeth riu. "Se nós estamos, prevejo seruma que vamos ter em uma base regular.Admiro seu senso deresponsabilidade, mas às vezes vocêo leva ao extremo. Você terá quese acostumar a ser provocado sobreisso. De vez em quando é aceitável vocêfazer o que quiser ao invés de você fazero que acha que deve ser feito."

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"Você não é a primeira pessoa a dizer isso,eu admito. Muito bem, eu vou meesforçar a agir melhor." E muito embreve, naverdade, ele pensou presunçosamente.

Ele freou os cavalos nafrente de Darcy House. "Bem-vinda, meu amor."

Elizabeth inclinou a cabeça paratrás para examinar a fachada da casa deDarcy enquanto ele a ajudava a descerda carruagem. A porta da frente jáestava se abrindo; o mordomoclaramente tinha ficado observandoquando eles chegariam na esperançade impressionar sua nova patroa.Entretanto, Darcy o ignorou. Em vezdisso, quando chegaram à

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porta, ele disse no ouvido deElizabeth, "a coisa mais responsável para eu fazeragora seria levá-la em uma visita pelacasa, apresentar-lhe os funcionários epermitir que eles nos servissem o jantarelegante queeles sem dúvida prepararam. Mas desdeque você quer que eu pratique ser menosresponsável, sou forçado ao invés dissode fazer o que eu desejo."

Ele a colocouem seus braços e carregou-a através da porta, mas não parou por aí.Por cima do ombro, eledisse para o mordomo, "essa é a Sra.Darcy. Não queremos ser incomodados."

"Claro, senhor," o mordomo murmurou.

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Darcy já estava carregando asorridente Elizabethaté a grande escadaria, diretamentepara seu quarto. Ele chutou a portaque se fechou atrás deles e, em seguida,depositou sua noiva diretamente nacama.

"Você não perde tempo, senhor!" Elizabeth brincou, mas ele podia sentiruma pitada de nervosismo por trás desuas palavras.

"Eu estou seguindo suas instruções, minha querida," ele disse com austeridadetrocista. "E agora o que eu desejofazer é te mostrar o que eu teria feitoem Pemberley se eu não tivesse mecontrolado. Pensei muito sobreessa questão."

Elizabeth levantou uma sobrancelha. "E você agoraconfia mais no seu autocontrole?"

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Ele não perdeu tempo em sejuntar a ela na cama, erguendo-se sobre um cotovelo enquanto roçavaseu dedo levemente por seu queixo,descendo para a base do pescoço edepois um pouco mais embaixo, para odecote de seu vestido. "Sim". Elemergulhou seu dedo entre a suavidadedeliciosa dos seios, provocando umsuspiro nela,depois continuou em um tom maissuave, mais íntimo. "Desde quedessa vez eu não terei que parar e nãovou precisar ter autocontrole, émuito mais fácil. Agora, se você forgentil e colocar sua mente de voltanaquele dia..."

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"Muito bem, mas sua cama é muito maissuave do que a terra, e não tem pedaçode pau para machucar as minhas costas."

Ele parou sua boca com um beijo, ecolocou sua mão ao redor de seu peito."Talvez você se lembre dessa parte," eele permitiu que seus lábios fossem atéseu pescoço, plantando beijos aolongo de sua pele sensível, atéa respiração de Elizabeth ficar irregulare ela virar a cabeça para trás,expondo mais de si mesma para suasexplorações, convidando-o para virarsuas atenções mais para baixo.

Deus, ele tinha sonhado comisso tantas vezes, desde aquele dia, queele degustou a parte superiorde seus seios, suas narinas felizes com

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Elizabeth e seu perfume de águade rosas.Intoxicado por sua proximidade,ele colocou opolegar sobre a ponta de seu peito,sentindo-o crescer e endurecer. O gemido de Elizabeth foio convite que eleprecisava para tirar proveito de seucorpo, os dedos agora brincavamcom o mamilo dela através da sedado vestido, apertando e rolando até queo corpo dela começou a mover-se involuntariamente.

Ver sua resposta não foi suficiente. Ele precisava senti-la embaixo dele. Prendendo as pernasdela com as dele, ele ficousobre ela, roçando seus seios,

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sentindo um choquemesmo através de todas as camadas deroupa que os separava. Seusquadris balançaram até encontrá-lo. O movimento contra sua dureza fezcom que ele continuasse essa seduçãolenta, mas ele queria dar-lhe mais doque isso.

E Elizabeth queria mais. Não, ela precisava de mais, estava desesperada parater mais. Então ela começou a beijá-lotão desesperadamente como ele tambéma estava beijando, suas mãos explorandoo corpo dela, tocando-a de maneira quenenhum homem jamais a tinha tocadoantes, colocando cada nervo em chamas.As mãos dela fez com que ele aapertasse mais, quando ele abriu suaspernas com o joelho, então tomou o seu

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lugar entre elas.Ela sabia muito bem que suas saias e acalça dele estava entre eles,mas ainda assim ela se sentiuesmagada por uma mistura estranha devulnerabilidade íntimae antecipação. Depois sua dureza seprensou contra ela,ritmicamente roçando suas partesmais reservadas, cadamovimento enviando um choque, umprazer tão puro que a fazia contorcer-se contra ele. Instintivamente, elalevantou seus joelhos para se abriremmais plenamente para ele e para asinebriantes sensações que ele estavacriando nela.

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A intimidade do momento foi tão grande, que era quase um choqueolhar nos olhos dele, a apenas algunscentímetros dela. O peito dela pulavacomo se ela tivesse corrido uma umlongo caminho. Ela tentou se acalmar edeixar a tempestade dentro dela seesvaziar, mas então ela se intensificouquandoDarcy colocou sua mão contra a pelenua de sua coxa. Com uma respiraçãoprofunda,ela descobriu que suas saias tinham seagrupado acima de seus joelhos,expondo para a visão dele, grande partede suas pernas. Omais chocante foi que ela não seimportava. Na verdade, o calor nosolhos dele, como se ele

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estivesse inspecionando-a,acenderam um fogo novo dentro dela.

Sem retirar a mão, ele se acomodouao lado dela, acariciando levemente suacoxa. Então ele falou, numa voz quejá não estava constante. "Semeu autocontrole tivessefalhado, e minha consciência tivessepermitido, aqui era onde eu teria pedidosua autorização para satisfazê-la."

Tremendo ela riu. "Você poderia ter me seduzido, então?"Seu sorriso parecia ter

uma maldade sedutora."Não, não é isso, é só para te dar prazer.Isso não vai violar você;você ainda será virgem, pelo menos poragora.... intocável. Eteria ajudado você... a aliviar a

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tensão". Os dedos dele começaram atraçar círculosna pele sensível da coxa dela. "Isso é oque pretendo fazer agora".

Inundada em necessidade, Elizabeth não conseguia pensar em qualquercoisa que pudesse aliviar sua tensão deser atingida na cabeça por um tijolo e certamentenão viu como esta tentação poderiamelhorar as coisas.

Seus lábios sorriam, em seguida, elecobriu sua boca com um beijoapaixonado. Mas como ela poderiafocar nobeijo quando seus dedos estavamacariciando suas coxas e então – oh, Deus – suas partes íntimas.Ela tinha certeza que deveria pedir paraele parar, mas o corpo dela não parecia

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concordar, em vez disso, essasmesmas partes se esticavam contra suasmãos, implorando por mais. Ela fez asurpreendente descoberta que a merapressão era uma tortura de uma espécie nova,enviando uma necessidade de querercada vez mais o seutoque. Como poderia isso relaxá-la?

Ele parecia sentir sua necessidade, seus dedos ágeis, continuando sua viagemde descoberta até encontrar um pontoonde suas carícias suscitavamondas de prazer. Incapaz de ajudar a simesma, ela gemeu, e Darcy cessouseu beijos apenas o tempo suficientepara sussurrar, "Oh, sim, Elizabeth, sim."

Ela obrigou seus lábios aobedecerem, "Como..."

"Eu adoro você, e isso é tudo que importa. Apenas sinta."

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E ela sentiu. Ela se sentiu cheia dedesejo e desejos imorais, equando um dos dedos dele escorregoudentro dela, ela pode sentir a sensaçãochocante através de cadacentímetro do seu corpo enquanto ele semovia para dentro e para fora. Dealguma forma, ele continuou aacariciar aquele localincrivelmente sensível, aquele que afazia se contorcercomo uma louca, ansiando por algo que ela nãoentendia.

Ar frio flutuava sobre seu peito, e ela percebeu vagamente que ele devia terpuxado o vestido para fora do ombro. Então sua boca inesperadamente desceu sobre omamilo dela, e ele estava chupando e oprovocando com sua língua e dentes,

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enviando uma corrente inesperada desensação através dela. Esta nova tensão,mais os efeitos da dança de seudedo ágil em suas partes íntimas,levantou-se em algo perto de dor,e ela não sabia como elapoderia suportar outro minuto.

Então, sem aviso, a dor aumentounuma esplêndida inundação de prazer emcascata através dela, do lugar onde ele atinha tocado até a ponta dos dedos. Elaestavatremendo incontrolavelmente, com asensação de que seu corpo estava vivo erespondendo ao seu toque. Lentamente amaré recuou, deixando Elizabethesgotada e incrivelmente satisfeita aomesmo tempo.

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Ele beijou-a delicadamente e, emseguida, levantou a cabeça para encontrar osolhos dela. "Meu amor", ele murmurou."Era issoque eu queria fazer naquele dia, paramostrar que nós pertencemos um aooutro."

Oprimida pela ternura dele,ela queria responder, mas osmúsculos dela não a obedeciam. Tudo oque elapodia fazer era colocar seus sentimentos nos olhosdela e esperar que ele entendesse.

"Está tudo bem. Demora um pouco para se recuperar,”ele disse.

Ela deuuma respiração profunda. "Então... Entendo. Mas é muito melhor do

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que ser atingida na cabeça porum tijolo."

Ele riu. "Do que você está falando?”"Só um pensamento aleatório. Não liga. Sou cheia de tolices."Darcy não estava mais pensando na

questão; ele estava setornando um homem ardente.Ele tinha a intenção de remover asroupas de Elizabeth, de modoque ele pudesse se deleitar com seusolhos e lábios antes de consumar ocasamento deles. Mas dar prazer aElizabeth provou ser ainda maisexcitante doque ele esperava, e seu corpo estavaclamando por mais satisfação comuma veemência que não deixava espaçopara ele lidar com botões minúsculos,

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muito menos para chamarseu criado para remover as botas e ocasaco apertado, tão namoda. Não quandoElizabeth estava quente emseus braços, olhando para ele com olhossonhadores, excitados, e ele estavacontando os minutos para fazer com queela fosse dele. Ele amaldiçooualfaiates e modistas que tinham criadotodas essas camadas de roupas formais econjuntos elegantes que exigiam botastão altas e fortes queum homem não podia removê-los elemesmo. Bem, aquela fantasia particularde admirar o corpo adorável deElizabeth teria que esperar até a noite.

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Elizabeth estendeu a mão para tocar a ponta do seu nariz. "Você parece tãosério. Aconteceu alguma coisa?"

"Não, nada." E era verdade. "Só que estou precisandomuito dos seus beijos, meu amor."

"Que homem de sorte quevocê é, então, porque eu estou bem fornecidade beijos!"

Ele sabia como perseguir o sorriso do seu rosto e substituí-lo por um olhar mais adequado para suanoite de núpcias – mesmo que fosse nomeio da tarde. Ele mexeu os dedos,ainda abrigados em suas partes íntimase foi recompensadoquando Elizabeth deu uma respiraçãomais profunda.

Sim, com efeito, ele iria fazer comque ela fosse dele,mas ele queria que ela estivesse

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completamente excitada quando eleassim o fizesse. Agora ele estavasorrindo enquanto acariciavadelicadamente seu ponto mais sensível."E agora, minha bela Elizabeth, desdeque nós não estamos na mata emPemberley," fez uma pausa para colocarsua línguatentadoramente sobre o mamilo dela. "Éjusto avisá-la para ignorar qualquercoisa que eu disse sobre não te seduzir,por que..." ele dava beijos ao longo deseu peito exposto antes de colocar aauréola completamente na boca,chupando e mordiscando, enquanto elagemia de prazer, suas mãosentrelaçando-se nos cabelos dele.Ele levantou sua cabeça apenas

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o suficiente para liberar o mamilo dela edisse, "... porque agoracom certeza vou seduzi-la."

Com essas palavras, ele mergulhou dois dedos dentro dela. Ela engasgouos quadris balançando até encontrarsua mão. Se fosse possível, ele ficariaainda mais desesperado para possuí-la.Com os últimos pedaços do seuautocontrole, ele usou seus dedos paradentro e para fora dela, preparando-a para o que estava por vir.O polegar dele fez pequenos círculossobre sua protuberânciaaté que ela começou a choramingar e pressione-se mais e mais contra a mão dele.

Ele não podia esperar mais.Ele parou apenas o tempo suficientepara abrir sua calça e libertar-se.

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Equilibrando-se na suaentrada, ele a beijou profundamente,explorando as profundezas doces de suaboca por um longo minuto. Tãolentamente quanto ele podia suportar, seempurrou dentro dela, uma umidadequente, exultante a cada momento, atéchegar à última barreira. Emseguida, com um golpe final, ele afez dele.

Elizabeth estremeceu, mas não chorou. Ele fezuma pausa para beijá-la com ternurapor um momento, mas ela era tão doce,que era difícil, era impossível eleesperar muito tempo.Assim que ela começou a retornar obeijo dele, ele pode se mexer, fazendo seu melhor para ser gentil. E ela

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envolveu suas pernas ao redor dele, comum suspiro de prazer, permitindo-lhe irmais fundo ainda. Quando ela finalmentegritou, ele finalmenteencontrou sua felicidade enquantoderramava sua semente dentro dela.

Ele poderiater ficado naquele momento parasempre se ele pudesse, ligado aElizabeth da maneira mais básicapossível, seu corpo pressionado contra osúltimos tremores de prazer dela.Ele tinha sonhado isso tantotempo, e agora era real. Não haviapalavras para isso. Levantando-se nos cotovelos para não esmagá-la, ele disse a única coisasensata que passou por sua

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cabeça. "Você está bem? Você sentiudor?"

Os olhos dela vibravam, olhandopara ele com ternura. "Menos do que eufui levada a esperar, e tudo acabourapidamente." Ela levantou a mão paraa sua bochecha. "Meu amor".

"Sempre seu, minha querida."Elizabeth olhou para baixo, para si

mesma, observando suas saias vincadas atéa cintura, o ombro do vestido delaabaixado para expor um seio e seucabelo solto. Ela olhou para ele com umpouco de tristeza. "Pelo menos dessavez não vai ter grama manchando aminha roupa."

"Não. E hoje à noite, quando eu vierficar com você, não teremos todos esses

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apetrechos entre nós. Mas você pode ter o prazer de saber que segui seusábio conselho, fazendo oque eu desejei em vez de esperar – evocê é tudo que eu sempre desejei." Suavoz era baixa e intensa.

Ela sentiu umaprofunda afeição por ele e seperguntou como ela jamais poderiater ficado sem amá-lo. Então umtamborilar contra as janelas chamou asua atenção. Rindo, ela disse, "Olha -está chovendo!"

"Ótimo". Ele a beijou profundamente. "Espero que continue até o Tamisatransbordar e nos prender aqui porvários dias."

***

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Foi um prazer assistir Elizabeth, mesmo quando ela estava fazendo algo tãobanal como selecionar quais as comidasque ela queria no café da manhã. Osolhos dela se moviam entre as opçõese, em seguida, sua mão delgada pairouno ar por um momento como um beija-flor prestes a saborear o néctarde uma flor antes que descesse sobre suaescolha. A curva de seu braço o fazialembrar como tinha sido teraqueles braços em volta dele ontem ànoite e em seguida, ao despertarnesta manhã. Um paraíso.

Seu devaneio foi interrompido pela entrada do seu mordomo, que lheentregou uma bandeja de prata comum cartão.

"Quem quer falarcomigo?" Ele pegou o cartão

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e olhou para ele, em seguida, jogou nabandeja com desgosto.

"Qual é o problema?", perguntou Elizabeth. "É osenhor Matlock?"

"Pior. George Wickham."O mordomo se

curvou. "Posso mandá-loentrar, senhor?"

"Não. Melhor eu falar com ele nasaleta da entrada." Darcy atirouo guardanapo na cadeira e caminhoupassando pelo mordomo chocado.

Wickhamaguardava no hall de entrada, usando um sorrisofalso que Darcy detestava. Apresença dessehomem estava poluindo sua casa! "Oque você quer Wickham?"

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"Soube da boa notícia e vimdar para aSra. Darcy meus melhores votos, claro."

Darcy, silenciosamente, olhou para ele, esperandoencontrar o verdadeiro propósito desua visita.

O sorriso dele ficou maisamplo. "E ter pensado quea reputação da irmã da Sra. Darcyé algo mais valioso doque quando ela era não mais doque sua, digamos, noiva?"

"Você não terá um centavo amais de mim."

"É mesmo? Bem, espero que o escândalo da irmã da Sra. Darcy não afete asperspectivas de casamento deGeorgiana muito severamente. Você seráresponsável por ela, você sabe."

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Darcy considerou brevemente. "Não. Aculpa vai ser sua. Bom dia.” Ele sevirou para o mordomo. "Stephens, seesse homem não sair dessa casa dentrode um minuto, por sua própria vontade,ele deve ser jogado na rua." Avoz de Wickham veio por trás dele."Darcy, isso é maneira de tratar seufuturo irmão?" Darcy o ignoroucompletamente,além de fechar a porta da salaatrás dele.

Elizabeth sorria quando ele entrou."Foi rápido".

"Eu suponho que você ouviu tudo."Ele ficou atrás da cadeira dela e sedobrou para colocar seus lábios contra opescoço dela. "Espero que você esteja

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satisfeita, mesmo que eu não tenha feitoo que realmente eu pretendiafazer, que era colocá-lo porta afora."

"Euconcordei com seu pedido para descer para o caféda manhã, para que os empregadospudessem vê-la. Em minha opinião,isso significa que você deve concordarem voltar para o nosso quartoimediatamente após o café damanhã." Ele continuou a explorar seupescoço e sua nuca.

"Mas o que os empregados vãopensar?", ela brincou.

"Eles vão pensar que os recém-casados têm coisas mais importantes para fazerdo que comer." Ele capturou sua

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boca com a dele, e Elizabeth foi forçadaa concordar que ele poderia estar certo.

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Capítulo 22O camarote deDarcy no Theatre Royal estavacompleto por ocasião do últimodia do Sr. Bennet em Londres: os recém-casados, Jane, o Sr. Bennet, oCoronel Fitzwilliam e Lady Matlock,todos juntos para assistirem a uma peçade teatro. O Sr. Bennet parecia tervoltado ao seu habitual sarcasmo,com nenhum indício de sua doençarecente, embora Elizabethinsistisse que ele subisseas escadas lentamente. Ele não tinhamostrado nenhum sinal de desconfortodurante o casamento de Lydia no diaanterior, mesmo indo tão longe

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a ponto de rir durante o discurso deLydia quando ela acusou Elizabeth de tê-la enganado para ser aprimeira da família a se casar.

Darcy guiou Elizabeth para a segunda fileirade cadeiras no camarote, colocando seusconvidados na fila da frente, e nãoapenas por boas maneiras, mas tambémporque ele poderia segurar a mão deElizabeth durante a peça.Mesmo depois de duas semanas decasamento, ele era ainda maisfeliz quando podia manter contato físicocom ela.

Richard e Jane estavamdiretamente na frente deles, aolado de Lady Matlock e do Sr.Bennet, que estavam

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envolvidos em uma conversa animada,como se fossem velhos amigos. "Você ia gostar! Eu, não sou tão afeiçoada a Hamlet. Porque deveria ter tantas mortes no final?Seria muito melhor se o Sr.Shakespeare tivesse permitidotodos apertarem as mãos – exceto o reimalvado. Ele merece o seu fim, n'est-ce pas?

Richard estavasussurrando no ouvido deJane, quando de repente sentou-se. "Oh,charmoso," ele disse com ironia.

"Qual é o problema?" Jane perguntou.Ele entregou a Jane o

binóculo. "No terceiro camarote apóso palco. Meu pai."

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Jane olhou através dos óculos. "Quem é aquela mulher com ele?"Agora, Lady Matlock tomou parte na

conversa deles. "Ninguém importante. Aúltima prostituta, sem dúvida." Ela fezum gesto de desdém com a mão.

"Mãe!" Richard disse comdesaprovação.

"Qual é o problema? Tenho certezaque a Srta. Bennet sabe o que é umaprostituta, n'est ce pas? Se não,vou ficar feliz emexplicar para ela mais tarde." Voltandosua atenção de volta para o Sr. Bennet,Lady Matlock levantou seu leque esussurrou algo para ele. Aresposta do Sr. Bennet foi uma risadaprofunda.

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Richard estremeceu e virou um olhar aflito para Jane. "Minhas desculpas. Osfranceses podem ser muito francossobre determinados assuntos."

Elizabeth tocou na manga de Darcy."Eu não sei se isso é uma boa idéia," eladisse suavemente, indicando seu paicomum movimento da cabeça. "Ele precisaficar calmo, mas ver seu tio mesmo dooutro lado do teatro pode perturbá-lo."

Darcy achouque seria mais provável queo Sr. Bennet se sentiria muito bempor estar flertando com Lady Matlocksob o olhar do seu ex-marido."Ele parece imperturbável, mas se issomudar podemos deixar o teatro aqualquer momento."

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Logo depois as luzes se apagaram,deixando apenas o halo da ribaltailuminando a cortina pesada,que lentamente subiupara revelar o parapeito do castelo dovelho rei Hamlet.

Quando o intervalo começou, Elizabeth tentou convencer seu pai aficar no camarote. "O Sr. Darcy vai ficarfeliz emlhe trazer um copo de vinho," ela disse.

"Obrigado, mas eu estou sentadohá muito tempo." O Sr. Bennet ofereceuo braço para Lady Matlock.

Darcy tentou ficar pertodo Sr. Bennet, no caso de Matlockaparecer, mas a quantidade de pessoasindo para o bar tornou isso difícil.Havia vários estranhos entre

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eles quando ele ouviu a voz familiar. "Obobo Bennet de novo? Eu pensei queestávamos livres de você."

Richard interpõe-se entre os doishomens."Este é um encontro fortuito. Pai, possolhe apresentar a Srta. Bennet, que medeu a honra de aceitarser minha esposa? O anúncio estarános jornais dentro de uma semana."

"Outra das filhas do boboBennet? Só porque Darcy está fazendo um tolo de simesmo, não quer dizer que você tambémprecisa. Sem dúvida esta é pobre também. Nãopense que você vai receber um centavode mim, garoto."

Richard ficou rígido e, em seguidafalou, "nem por um sonho, uma vez que

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ouvi que você mal tem um centavo noseu nome."

Darcy empurrou as pessoas queestavam no caminho. Elasjá estavam começandoa olhar e sussurrar. O Sr. Bennetdisse: "Felizmente, eu ainda tenho alguns centavos nomeu nome, provavelmente porqueeu não tenho que pagaralguém para tolerar minha companhiano teatro. Afinal, eu posso desfrutar dacompanhia de sua esposa, seu filhoe seu sobrinho! É suficiente para fazervocê pensar qual de nós dois é o bobo.Agora, se nos permite, temos que irandando."

Elizabeth puxou o braço dele. "Oque ele disse?"

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Darcy sorriu para ela comcarinho. "Vou lhe dizer mais tarde – mas acho que você não precisa mais sepreocupar com seu pai."

***

Com a saúde do Sr. Bennet melhor, oSr. e a Sra. Darcy decidiram que eraseguro voltar para Pemberleyonde Georgiana os aguardava. Era difícilacreditar que só tinham passadoalgumas semanas desdeque eles haviam partido deDerbyshire, cada um indo para seu ladoe esperando não se verempor meses. A estadia deles lá tinha sidobreve, devido à necessidade de

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retornar a Hertfordshire para ocasamento de Jane com Richard,onde eles tiveram oprivilégio de ouvir em várias ocasiões,os comentários gelados da Sra.Bennet sobre como era agradávelela finalmente sercapaz de assistir ao casamento de umadesuas filhas. Felizmente, o casamento deJane foi um que ela ia poder se gabarpor muitos anos, uma vez quevários parentes nobres do noivocompareceram. Essa lista, no entanto,não incluiu o Condede Matlock, que sentiu que era inútil eleviajar para tão longesimplesmente para assistir seu filho

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se casar com uma garota sem qualquertipo de distinção.Sua ausência não causounenhum sofrimentoentre aqueles reunidos para celebrar asbodas.

Depois de receber de Darcya notícia do noivado de JaneBennet, Charles Bingleytinha muitas coisas para dizerao homem que ele tinha tidoconfiança acima de todos os outros,algumasverdade, algumas falsas, mas todas comraiva. Como ele podia escolher emculpar a irmã, Darcy, ou ele próprio, eleelegeu Darcy como a opção menosdolorosa para

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carregar o ônus de sua culpabilidade naperda de Jane Bennet.Sua intenção era acabar a amizade,mas ele cedeusob a pressão de suas irmãs emanteve uma relação de civilidadecom os Darcys, embora sem aproximidade dos anos anteriores. Elenunca retornou a Netherfield e logodepois desistiu de alugar o local. Apósum ano do casamento de Jane,Bingley anunciou seu noivado comuma garota delicada criada em York,com cabelos dourados e muito boasmaneiras.

Jenny se recusou a voltar paraHunsford, onde, como ela disse, todas aspessoas que eram importantes

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para ela estavam mortas. Em vez disso,ela foi levada para afamília do mordomo de Pemberley,onde seu pai adotivo, quando ela seportava mal, ameaça contar para o Sr.Darcy. Ela permaneceu sendoum espinho no sapato do jovemassistente do administrador, que muitasvezes se perguntava em desesperocomo lidar com umacriança espirituosa que o importunavaem todas as oportunidades, até quealguns anos mais tarde, ele finalmentepercebeu que ela não eramais uma criança. Nesse ponto ela setornou um tipo de espinhocompletamente diferenteaté que ele a convenceu que ela poderia

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fazer um trabalho muito mais eficaz deimportuná-lo como sua esposa.

Jane e o Coronel Fitzwilliam viveram na casada senhora Matlock durante vários anosenquanto ele continuou seu trabalhono Ministério da Guerra.Quando a paz foi declarada,ele vendeu sua Comissão e foiconvidado a trabalhar na Embaixada emParis, a pedido pessoal do primeiro-ministro. Para fornecer algumacompanhia para Jane na França, elesconvidaram Mary Bennet para vivercom eles. Nesse ambiente Maryfoi capaz de ganhar umpouco da confiança que lhefaltava em Meryton. Ela também ensinouinglês para uma nova geração de

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Fitzwilliams, cujasprimeiras palavras foramem francês com a babá. A famíliaregularmente passava os verões emPemberley, para o deleite de Elizabeth.

Com os Gardiners, eles sempretiveramcondições mais íntimas. Darcy, bem comoElizabeth, os amava e ambos sentiamuma enorme gratidão pelaspessoas que, ao levá-la para Derbyshire, a tinham unido a ele.

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Sobre a AutoraAbigail Reynolds é médica e por todasua vida uma entusiasta de Jane Austen.Nascida no estado de NovaYork, ela estudou russo, teatro e BiologiaMarinha antes de se decidir a freqüentara escola médica. Elacomeçou a escrever as variações de”Orgulho e Preconceito” em 2001para passar mais tempo com seuspersonagens favoritos de Jane Austen. Oencorajamento dos amigos de Austen apersuadiram a continuar a se perguntar"E se...?", o que a levou a escreversete romances, baseados em“As Variações de Pemberley”.Ela também escreveu dois romancescontemporâneos que se passam em

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Cape Cod, ”OHomem Que Amava Orgulho ePreconceito” e ”Luz da Manhã”. Em 2012, retirou-se da prática médica para seconcentrar exclusivamente emescrever. Ela está atualmentetrabalhando em umanova variação de Pemberley, bem comona próxima novela de sua série passadaem Cape Cod. Ela mora em Wisconsin,com o marido, dois filhosadolescentes e um zoológico de animaisde estimação. Seu hobby é tentarencontrar tempo para dormir.

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www.pemberleyvariations.com

www.austenvariations.com

AgradecimentosMuitas pessoas ajudaramna criação deste livro. Eugostaria de agradecer a Rena Margulis,Susan Mason-Milks,Sharon e Deirdre Sumpter por seus comentáriossobre a versão final. LeeSmith Parsons sugeriu o título,juntamente com umaalternativa tentadora "Orgulho &Precipitação".O talentoso Frank Underwood que

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trouxe a minha atenção a pintura feitaMerry-Joseph Blondel usada naimagem da capa.Meus colegas escritores das variaçõesde Austen (www.austenauthors.net) peloapoio fornecido, peloconhecimento e pelo encorajamentogeral. Como sempre, a conversacom os meus leitores me ajudou amoldar o trabalho em andamento. Eusou grata por vivermos em umaépoca onde a gente pode se conectarfacilmente com os leitores e comoutros escritores.

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AS VARIAÇÕES DEPEMBERLEY

por Abigail ReynoldsWhat Would Mr. Darcy Do?

To Conquer Mr. DarcyBy Force of InstinctMr. Darcy’s Undoing

Mr. Fitzwilliam Darcy: The Last Man in theWorld

Mr. Darcy’s ObsessionA Pemberley Medley

Mr. Darcy’s LetterMr. Darcy’s Refuge

Mr. Darcy’s Noble ConnectionsThe Darcys of Derbyshire

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Também escrito porAbigail Reynolds:

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The Man Who LovedPride & Prejudice

Morning Light

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Sua classificação esuas recomendaçõesdiretas farão adiferença

Classificações erecomendações diretassão fundamentais para osucesso de todo autor. Se

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