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A Evidenciação Das Ações Contabeis - Uma Analise Das Modificacoes Provocadas Pela Lei
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A EVIDENCIAÇÃO DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: UMA
ANÁLISE DAS MODIFICAÇOES
PROVOCADAS PELA LEI 11.638/07
APLICÁVEIS AOS CLUBES DE
FUTEBOL QUE DISPUTAM A SÉRIE A -
2009
Jorge Ribeiro de Toledo Filho (FURB)
ANANIAS FRANCISCO DOS SANTOS (FURB)
Os clubes de futebol no Brasil, a partir da publicação da Lei
10.672/2003 foram obrigados a publicarem as demonstrações
contábeis na forma definida na Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades
Anônimas), depois de auditadas por auditores independenttes. Em 28
de dezembro de 2007 foi promulgada a Lei nº 11.638/07, que alterou,
revogou e introduziu novos dispositivos à Lei 6404/76 provocando
importantes modificações na forma de elaboração das demonstrações
contábeis das entidades desportivas, visando adequar às normas ao
processo de convergência das práticas contábeis brasileiras com
aquelas constantes das normas internacionais de contabilidade. Este
trabalho tem como objetivo verificar se os clubes de futebol no Brasil
que disputam a Série A - 2009 evidenciam nas suas demonstrações
contábeis as alterações provocadas pela Lei 11.638/07 aplicáveis as
entidades desportivas. A metodologia utilizada é a análise documental
das demonstrações contábeis do período de 2008 de onze clubes da
Série A do campeonato brasileiro de 2009 que fazem parte da amostra.
Concluiu-se que, embora tenha havido um esforço dos agentes
normativos para padronizar as informações contábeis dos clubes,
atualizando a Lei 6.404/76 por meio da Lei 11.638/07 com o objetivo
de facilitar o processo de convergência das práticas contábeis
adotadas no Brasil com aquelas constantes das normas internacionais
de contabilidade, ainda prevalece à diversidade de tratamentos
contábeis para eventos semelhantes entre os clubes de futebol, é
possível afirmar ainda que persiste o problema da falta de
comparabilidade entre as demonstrações contábeis dos clubes de
futebol, comprometendo a transparência o que dificulta análises e
estudos sobre o tema.
Palavras-chaves: Evidenciação Contábil; Demonstrações Contábeis;
Clubes de Futebol;
XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
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A EVIDENCIAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: UMA ANÁLISE DAS
MODIFICAÇOES PROVOCADAS PELA LEI 11.638/07 APLICÁVEIS AOS CLUBES
DE FUTEBOL QUE DISPUTAM A SÉRIE A - 2009
1. Introdução
Em 28 de dezembro de 2007 foi promulgada a Lei nº 11.638/07, que alterou, revogou
e introduziu novos dispositivos à Lei das Sociedades por Ações, notadamente em relação ao
capítulo XV, sobre matéria contábil, que entrou em vigor a partir do exercício que se iniciou
em 1º de janeiro de 2008. A Lei 11.638/07 tem por objetivo atualizar a lei 6.404/76 visando
possibilitar o processo de convergência das práticas contábeis adotadas no Brasil com aquelas
constantes das normas internacionais de contabilidade e permitir que novas normas e
procedimentos contábeis sejam expedidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis.
Algumas alterações foram aplicadas a partir do início do exercício de 2008, enquanto outras
dependem de normatização por parte dos órgãos reguladores.
Dentre as modificações provocadas pela Lei 11.638/07 aplicáveis aos clubes de
futebol cita-se:
Substituição da demonstração das origens e aplicações de recursos pela
demonstração dos fluxos de caixa;
b) Criação do subgrupo de Intangível, no ativo permanente;
c) o uso de estimativas é requerido para contabilizar certos ativos, passivos e
transações;
d) Obrigatoriedade de análise periódica quanto à capacidade de recuperação
dos valores registrados no ativo do clube (“impairment”);
e) Avaliação e conclusão pela não necessidade de registro do Ajuste a Valor
Presente – AVP, para os ativos e passivos de longo prazo e, de curto prazo
quando aplicável.
Diante dessas alterações provocadas e que são aplicáveis aos clubes de futebol
questiona-se: Os clubes de futebol no Brasil que disputam a Série A-2009 adotam tratamento
contábil uniforme e de acordo com as alterações provocadas pela Lei 11.638/07 para os
eventos relacionados á publicação das demonstrações contábeis após 1º de janeiro de 2008?
Este trabalho tem como objetivo verificar se os clubes de futebol no Brasil que disputam
a Série A – 2009 evidenciam nas suas demonstrações contábeis as alterações provocadas
pela Lei 11.638/07 aplicáveis as entidades desportivas.
Quanto ao objetivo, esta pesquisa classifica-se como descritiva. São típicas desse tipo
de pesquisa, aquelas que objetivam estudar as características de um grupo, o que é o caso
desta investigação.
Quanto à abordagem do problema esta pesquisa classifica-se como qualitativa. Trata-
se de uma pesquisa qualitativa pelo fato de os dados pesquisados serem analisados com certa
profundidade, e não se utilizar instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento
dos dados.
Quanto ao procedimento, esta pesquisa classifica-se como documental, sendo
realizados levantamentos de fontes secundárias, ou seja, as demonstrações contábeis/2008 dos
clubes de futebol que participam da Série A-2009, por meio dos respectivos sites. Das
demonstrações contábeis, foram coletados e analisados os dados para atender aos objetivos da
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pesquisa. A população pesquisada é composta pelos 20 (vinte) clubes que atualmente
disputam a Série-2009. Desta população utilizou-se para amostra apenas 11 (onze) clubes.
Este trabalho justifica-se por abordar aspectos diferentes, mas que se inter-relacionam,
que devem ser considerados na etapa que trata da relevância da pesquisa, dentre eles citamos:
o aspecto teórico, ou seja, a relevância do tema para a comunidade científica, pois ao
demonstrar a importância da evidenciação das alterações provocadas pela Lei 11.638/07
aplicável aos clubes de futebol, relativas à elaboração das demonstrações contábeis acredita-
se que esta contribuição proporcionará um melhor entendimento sobre este tema.
Quanto ao aspecto empírico ou prático, está associado aos benefícios da pesquisa para
o cidadão comum tais como: os torcedores, os sócios, os profissionais que atuam no futebol e
a sociedade de modo geral, na medida em que percebem a importância da evidenciação das
informações nas demonstrações contábeis dos clubes de futebol.
Outro aspecto que justifica esta pesquisa está relacionado com a importância do
resultado da pesquisa para os clubes envolvidos, pois fornece informações que, quando bem
utilizadas, facilitará à gestão no que diz respeito ao controle financeiro e econômico, além de
dar transparência aos atos administrativos, refletindo na confiança e o respeito dos torcedores
que irá apoiá-los proporcionando maior adesão dos mesmos para se tornarem sócios do clube.
Torna-se relevante também, ao considerar as poucas pesquisas realizadas no Brasil que
abordam evidenciação das informações nas demonstrações contábeis segundo a Lei
11.638/07.
2. Fundamentação teórica
Para o desenvolvimento da fundamentação teórica, inicialmente apresenta-se o
conceito de evidenciação, em seguida cita-se os aspectos legais dos clubes de futebol
relacionados com às Demonstrações Contábeis. Por último serão abordados as características
básicas e os objetivos do Comitê de Pronunciamento Contábeis e seus procedimentos técnicos
relacionados às alterações provocadas pela Lei 11.638/07.
2.1 Conceitos de evidenciação (disclousure)
A palavra evidenciar significa, de acordo com o dicionário da língua portuguesa de
Aurélio Buarque de Holanda, tornar evidente, mostrar com clareza. A palavra divulgar,
segundo o mesmo dicionário, significa tornar público ou notório; publicar, propagar, difundir.
Uma das funções da contabilidade é fornecer informações que tornem claras e
evidentes a situação financeira e econômica dos clubes de futebol, além de satisfazerem a
expectativas dos usuários externos tais como: governo, sócio, investidores, torcedores e a
sociedade de modo geral.
Iudícibus (2000, p. 121) afirma que a evidenciação é um compromisso inalienável da
Contabilidade para com os seus usuários e para com os seus próprios objetivos realçando que:
As formas de evidenciação podem variar, mas a essência é sempre a mesma:
apresentar informação quantitativa e qualitativa de maneira ordenada, deixando o
menos possível de fora os demonstrativos formais, a fim de propiciar uma base
adequada de informação para o usuário.
Na opinião de Neto (1998, p. 10) “o conhecimento é fator primordial para que se possa
tomar alguma decisão. Esse conhecimento se dá através de informações e da forma pela qual
elas são evidenciadas”. Na contabilidade há diversas formas para evidenciar uma informação,
4
proporcionando ao gestor de qualquer entidade, seja ela com ou sem fins lucrativos, por meio
das demonstrações contábeis, informações relevantes e oportunas para a tomada de decisão.
Aquino e Santana (1992, p. 15) definem evidenciação como sendo “divulgação com clareza,
divulgação em que se compreende de imediato o que está sendo comunicado”.
Os elementos usuais de evidenciação contábil mais comumente utilizados na literatura
são: A forma e a disposição das Demonstrações contábeis; as informações entre parênteses; as
Notas Explicativa; os quadros e demonstrações suplementares; o Parecer dos auditores
independentes; o Relatório da administração; e os Relatórios Periódicos.
Falcão (1995), Dantas et al. (2004), Ponte e Oliveira (2004) e Procianoy e Rocha
(2002) definem a evidenciação ou Disclousure como o processo de fornecer informações
claras e suficientemente detalhadas, para que os leitores dos demonstrativos contábeis possam
conhecer melhor a entidade principalmente no que diz respeito às atividades desenvolvidas,
aos riscos a que está sujeita, à sua situação patrimonial e financeira, à eficácia na gestão dos
recursos disponíveis e ao potencial de geração de resultados futuros.
Ainda nesse contexto, autores como Bushman e Smith (2003) realizaram estudo da
literatura relacionada à evidenciação contábil das empresas e seus impactos no ambiente
econômico. Estes autores apresentaram as principais implicações do aumento de qualidade na
evidenciação das informações: identificação de oportunidades de investimento no mercado;
alocação de recursos em projetos benéficos para as empresas, e afastamento daqueles que
beneficiam apenas os gestores em detrimento dos proprietários de capital; prevenção á
fraudes; e redução de assimetria de informações entre investidores.
Diante dos conceitos de disclousure e pesquisas apresentadas sobre o tema, Rezende et
al. (2007) resume os efeitos do aumento do nível de evidenciação da seguinte forma: redução
da assimetria da informação entre os agentes do mercado; maior interesse na empresa para
analista de mercado, trazendo maior visibilidade à empresa; redução do custo de capital para a
empresa; e maior transparência na prestação de contas por parte dos gestores.
No Brasil, os clubes de futebol necessitam criar condições favoráveis ao ingresso de
investidores privados e à transição para o regime empresarial, processo que já ocorreu na
Europa. Aragaki (2002, p. 1) apresenta a atração de investidores como alternativa aos clubes
brasileiros, ressaltando a importância da divulgação contábil:
Contudo, os investidores têm surgido, ainda que de forma insipiente [...] Nesses casos,
mais do que nunca a boa transparência nos números contábeis daria base para o início
de boas negociações para os clubes brasileiros em dificuldades financeiras.
Pinto (2004) também destaca que a maioria dos clubes brasileiros são pessoas jurídicas
fechadas, cujas informações contábeis são desconhecidas do público. Isto dificulta a análises
por parte do mercado sobre o potencial desses negócios no país. Tais informações seriam de
grande valia para orientar investidores locais e estrangeiros que pretendem investir no futebol
brasileiro.
Importante frisar que a maioria dos clubes brasileiros são associações desportivas, ou
seja, entidades sem fins lucrativos o que de certa forma inibe investimentos privados no
sentido de solucionar a situação econômica e financeira destes. Uma das soluções seria a
transformação destes clubes em empresas, experiência que teve sucesso com os clubes
europeus. A grande dificuldade destes clubes em se transformarem em empresas está
mudança cultural de administração, ou seja, sair de um modelo tradicional, onde o gestor não
é obrigado a prestar contas à sociedade, para um modelo mais evoluído, onde a uma rigorosa
fiscalização por parte das autoridades e um aumento da profissionalização da administração,
pois se busca conciliar os lucros e a performance nas disputas em campo.
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Mesmo sendo associações, é importante que os clubes disponibilizem informações
claras e transparentes dos atos administrativos dos seus gestores, permitindo que os sócios e
os torcedores dos clubes tenham acesso a fontes de informação para avaliar os resultados
obtidos pela administração, bem como conhecer a situação econômica e financeira.
Diante do exposto acima, percebe-se a importância da divulgação contábil para os
clubes, como ferramenta de análise da situação econômica e financeira e do desempenho dos
gestores, a ser utilizada pelos usuários externos (investidores, sócios, torcedores, governo,
imprensa, etc). Com o objetivo de aumentar a qualidade da evidenciação contábil dos clubes
de futebol que disputam a série A-2009, foi publicada a Lei 11.638/07 que alterou e revogou
alguns artigos da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações) aplicáveis aos clubes de
futebol.
2.2 Aspectos legais e os clubes de futebol
Em 15 de dezembro de 1976 foi aprovada a Lei 6.404 conhecida como a Lei das
Sociedades por Ações, que contempla os aspectos relativos à escrituração contábil, bem como
à elaboração e publicação das demonstrações contábeis. Os artigos 176 a 186 enumeram as
peças contábeis que devem ser elaboradas pelas sociedades, pelo menos uma vez a cada
período de 12 meses, podendo este período coincidir ou não com o ano civil. Esta Lei
estabelece a obrigatoriedade de publicação das seguintes demonstrações:
Balanço Patrimonial;
Demonstração do Resultado do Exercício;
Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos;
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados;
Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido.
Outra Lei importante para o futebol brasileiro foi a chamada Lei Zico (Lei 8.672/93)
tinha como objetivo legislar sobre a participação do setor privado no esporte; estabeleceu a
atuação da Justiça Desportiva e possibilitou aos clubes transformarem-se em sociedades
comerciais, com o objetivo de facilitar o investimento privado no esporte. A principal
novidade apresentada por esta lei foi à possibilidade dos clubes serem gerenciados por
entidades com fins lucrativos e foi também o embrião da intenção do governo de transformar
os clubes em empresas. Esta lei não foi bem aceita pelos dirigentes de clubes na época, visto
que o enquadramento neste novo conceito eliminaria uma série de vantagens fiscais que os
clubes possuíam.
Tendo em vista a baixa aderência dos clubes a Lei Zico, foi lançada em 1998, a Lei
Geral sobre os Desportos, também chamada de Lei Pelé (Lei 9.615/98). Esta lei destaca a
concretização da proposta de implementação do clube empresa, num período de dois anos e a
extinção do passe. Os clubes poderiam firmar contratos com jogadores por eles formado até a
idade de 23 anos, momento em que o atleta adquiriria os direitos sobre o seu passe, podendo
firmar novos compromissos com qualquer outro clube. Outra polêmica nesta lei foi à
obrigatoriedade dos clubes de futebol se transformarem em empresas. No entanto, esse
período de adaptação dos clubes gerou muita insatisfação pelos dirigentes dos clubes, como
forma de minimizar os conflitos e acalmar os ânimos foi editada a Lei 9.940/99, que alargou o
prazo para três anos.
Em 2003 foi publicada a Lei 10.672/03 conhecida como a Lei da “Moralização do
Futebol”que trouxe a obrigatoriedade da aprovação das contas em assembléia geral dos
associados. Outro ponto a destacar foi a necessidade de publicar, em jornais de grande
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circulação, as demonstrações contábeis de cada período, devidamente aprovadas por auditores
independentes. Por último, um dos pontos marcantes da lei é a responsabilização dos
dirigentes em caso de má administração dos clubes.
Esta Lei introduziu no texto da Lei Pelé (Lei 9.615/98), o artigo 46-A, em que as
entidades de prática desportiva, ou seja, os clubes de futebol envolvidos em qualquer
competição de atletas profissionais, independentemente da forma jurídica adotada, ficam
obrigados a “elaborar e publicar, até o último dia útil do mês de abril, suas demonstrações
contábeis na forma definida pela Lei 6.404/76, após terem sido auditadas por auditores
independentes”.
O Conselho Federal de Contabilidade, cumprindo seu papel de normatizador na área
contábil aprovou em 2004, a Resolução 1.005, a NBC T 10.13, que trata dos aspectos
contábeis específicos em entidades desportivas profissionais. A importância dessa norma foi
disciplinar e padronizar critérios e procedimentos específicos de avaliação, de registros
contábeis e de estruturação das demonstrações contábeis das entidades de futebol profissional
e demais práticas desportivas.
Em 28 de dezembro de 2007 foi promulgada a Lei nº 11.638/07, que altera, revoga e
introduz novos dispositivos à Lei das Sociedades por Ações, notadamente em relação ao
capítulo XV, sobre matéria contábil, que entra em vigor a partir do exercício que se inicia em
1º de janeiro de 2008. Essa Lei teve, principalmente, o objetivo de atualizar a lei societária
brasileira para possibilitar o processo de convergência das práticas contábeis adotadas no
Brasil com aquelas constantes das normas internacionais de contabilidade e permitir que
novas normas e procedimentos contábeis sejam expedidos pela Comissão de Valores
Mobiliários em consonância com os padrões internacionais de contabilidade. Algumas
alterações foram aplicadas a partir do início do exercício de 2008, enquanto outras dependem
de normatização por parte dos órgãos reguladores.
Dentre as modificações provocadas pela Lei 11.638/07 que aplicáveis aos clubes de
futebol podem ser sumariadas como segue: a) Substituição da demonstração das origens e
aplicações de recursos pela demonstração dos fluxos de caixa; b) Criação do subgrupo de
Intangível, no ativo permanente; c) o uso de estimativas é requerido para contabilizar certos
ativos, passivos e transações; d) Obrigatoriedade de análise periódica quanto à capacidade de
recuperação dos valores registrados no ativo do clube (“impairment”); e) Avaliação e
conclusão pela não necessidade de registro do Ajuste a Valor Presente – AVP, para os ativos e
passivos de longo prazo e, de curto prazo quando aplicável.
2.3 Comitê de pronunciamentos contábeis
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de
esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA; APIMEC
NACIONAL; BOVESPA; conselho Federal de Contabilidade; FIPECAFI; e IBRACON. Foi
criado em função das necessidades de convergência internacional das normas contábeis
(redução de custo de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises
e decisões, redução de custo de capital);
- centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem) e
representação e processo democráticos na produção dessas informações (produtores da
informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo).
Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como objetivo o estudo, o preparo
e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a
divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade
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reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção,
levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões
internacionais.
Suas principais características básicas são:
O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas, deliberando por
2/3 de seus membros;
O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura necessária;
As seis entidades compõem o CPC, mas outras poderão vir a ser convidadas
futuramente;
Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria Contadores, não auferem
remuneração.
Além dos 12 membros atuais, serão sempre convidados a participar representantes dos
seguintes órgãos: Banco Central do Brasil; Comissão de Valores Mobiliários (CVM);
Secretaria da Receita Federal; e Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).
2.3.1 Pronunciamento Técnico CPC 01 – redução ao valor recuperável de ativos
O objetivo deste Pronunciamento Técnico é definir procedimentos visando a assegurar
que os ativos não estejam registrados contabilmente por um valor superior àquele passível de
ser recuperado por uso ou por venda. Caso existam evidências claras de que ativos estão
avaliados por valor não recuperável no futuro, a entidade deverá imediatamente reconhecer a
desvalorização por meio da constituição de provisão para perdas. O Pronunciamento também
define quando a entidade deve reverter referidas perdas e quais divulgações são necessárias.
Este Pronunciamento é de natureza geral e se aplica a todos os ativos relevantes
relacionados às atividades industriais, comerciais, agropecuárias, minerais, financeiras, de
serviços e outras. Estende-se aos ativos dos balanços utilizados para equivalência patrimonial
e consolidação total ou proporcional.
2.3.2 Pronunciamento Técnico CPC 03 – demonstração do fluxo de caixa
Este Pronunciamento fornece informação acerca das alterações históricas de caixa e
equivalentes de caixa de uma entidade por meio de demonstração que classifique os fluxos de
caixa do período por atividades operacionais, de investimento e de financiamento. A entidade deve elaborar demonstração dos fluxos de caixa de acordo com os requisitos
deste Pronunciamento e apresentá-la como parte integrante das suas demonstrações contábeis
divulgadas ao final de cada período.
Os usuários das demonstrações contábeis se interessam em conhecer como a entidade gera
e usa os recursos de caixa e equivalentes de caixa, independentemente da natureza das suas
atividades, mesmo que o caixa seja considerado como produto da entidade, como é o caso de
instituição financeira. As entidades necessitam de caixa essencialmente pelas mesmas razões, por
mais diferentes que sejam as suas principais atividades geradoras de receita. Elas precisam dos
recursos de caixa para efetuar suas operações, pagar suas obrigações e prover um retorno para
seus investidores. Assim sendo, este Pronunciamento requer que todas as entidades apresentem
uma demonstração dos fluxos de caixa.
2.3.3 Pronunciamento Técnico CPC 04 – Ativo Intangível
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O objetivo do presente Pronunciamento Técnico é o de definir o tratamento contábil dos
ativos intangíveis que não são abrangidos especificamente em outro Pronunciamento. Este
Pronunciamento estabelece que uma entidade deve reconhecer um ativo intangível apenas se
determinados critérios especificados neste Pronunciamento forem atendidos. O Pronunciamento
também especifica como mensurar o valor contábil dos ativos intangíveis, exigindo divulgações
específicas sobre esses ativos.
O presente Pronunciamento aplica-se à contabilização de ativos intangíveis, exceto:
ativos intangíveis dentro do alcance de outro pronunciamento;
ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill ou fundo de comércio)
surgido na aquisição de investimento avaliado pelo método de equivalência
patrimonial ou decorrente de combinação de negócios;
ativos financeiros, que atendam à definição de Instrumentos Financeiros;
arrendamentos mercantis dentro do alcance de outro pronunciamento;
direitos de exploração de recursos minerais e gastos com a exploração ou o
desenvolvimento e a extração de minérios, petróleo, gás natural e outros recursos
exauríveis similares;
ativos intangíveis de longo prazo, classificados como mantidos para venda, ou
incluídos em um grupo de itens que estejam classificados como mantidos para
venda;
ativos fiscais diferidos;
ativos decorrentes de benefícios a empregados; e
custos de aquisição diferidos e ativos intangíveis resultantes dos direitos
contratuais de seguradora segundo contratos de seguro. No caso dos ativos
intangíveis, mesmo relacionados a contratos de seguro, os requerimentos de
divulgação contidos neste Pronunciamento são aplicáveis (itens 118 a 128).
3. Metodologia
Quanto ao objetivo, esta pesquisa classifica-se como descritiva. São típicas desse tipo
de pesquisa, aquelas que objetivam estudar as características de um grupo, o que é o caso
desta investigação, ou seja, pretende-se verificar se os clubes de futebol que disputam a Série
A – 2009 evidenciam nas suas demonstrações contábeis as alterações provocadas pela Lei
11.638/07 aplicáveis as entidades desportivas. Quanto à abordagem do problema esta pesquisa
classifica-se como qualitativa. Trata-se de uma pesquisa qualitativa pelo fato de os dados
pesquisados serem analisados com certa profundidade, e não se utilizar instrumentos
estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados.
Quanto ao procedimento, esta pesquisa classifica-se como documental, sendo
realizados levantamentos de fontes secundárias, ou seja, as demonstrações contábeis/2008 dos
clubes de futebol que participam da Série A-2009, por meio dos respectivos sites.
Das demonstrações contábeis, foram coletados e analisados os dados para atender aos
objetivos da pesquisa. A população pesquisada é composta pelos 20 (vinte) clubes que
atualmente disputam a Série-2009, conforme o Quadro I.
Náutico/PE Sport/PE Vitória/BA
Goiás/GO Avaí Fluminense/RJ
Flamengo/RJ Botafogo/RJ Santos/SP
São Paulo/SP Palmeiras/SP Barueri
9
Cruzeiro/MG Atlético/MG Santo André
Atlético/PR Coritiba/PR Corinthians
Internacional/RS Grêmio/RS -
Quadro I – Clubes que participaram da Série A 2009
Fonte: CBF 2009
Desta população, utilizou-se na pesquisa uma amostra de 11 (onze) clubes, que
representam 55% da população, em razão das demonstrações contábeis terem sido obtidas por
meio da rede mundial de computadores (Internet). Em relação aos outros 9 (nove) clubes que
não participaram da amostra, três disponibilizaram nos seus sites as demonstrações contábeis
de 2007, são eles: Cruzeiro, Atlético/MG e Grêmio. O Palmeiras, Sport, Avaí, Botafogo e
Vitória não disponibilizam estas informações nos seus sites. O Santo André disponibilizou
apenas o Balanço Patrimonial, o que prejudicou a análise dos temas em estudo. O Quadro II
mostra os clubes que fazem parte da amostra desta pesquisa.
Náutico/PE Fluminense/RJ Flamengo/RJ
Santos/SP São Paulo/SP Corinthians/SP
Atlético/PR Coritiba/PR Internacional/RS
Goiás/GO Barueri/SP
Quadro II – Clubes que participaram da pesquisa
FONTE: O Autor
Após a definição da amostra, foi investigada se os clubes de futebol evidenciam nas
suas demonstrações contábeis as alterações provocadas com a entrada em vigor em 1º janeiro
de 2008, da Lei 11.638/07, aplicáveis às entidades desportivas. O Comitê de Pronunciamento
Contábeis, criado para definir procedimentos técnicos visando facilitar o processo de
convergência das práticas contábeis adotadas no Brasil com aquelas constantes das normas
internacionais de contabilidade que são emitidas pelo IASB.
4. Análise dos resultados
A Lei 10.672 de 15 de maio de 2003 introduziu no texto da Lei Pelé (9.615/98) o art.
46-A que obrigam as entidades desportivas, ou seja, Clubes de Futebol envolvidos em
qualquer competição de atletas profissionais, independente da forma jurídica adotada, a
elaborar e publicar, até o último dia útil do mês de abril, suas demonstrações financeiras ou
contábeis, na forma definida pela Lei 6.404/76 após terem sido auditadas por auditores
independentes.
No país, o conjunto das demonstrações financeiras que as sociedades jurídicas devem
elaborar a cada exercício social é estabelecido por Lei. A Lei 6.404/76 que dispõe sobre as
Sociedades por Ações contempla os aspectos relativos à escrituração contábil, bem como a
elaboração e publicação das demonstrações contábeis que devem ser elaboradas pelas
sociedades, no mínimo uma vez a cada período de 12 meses, podendo este período coincidir
ou não com o ano civil.
Com a entrada em vigor no dia 1º janeiro de 2008 da Lei 11.638/07 houve alterações
relacionadas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras ou contábeis foram
revogados e alterados. Essa lei foi promulgada em 28 de dezembro de 2007 e alterada pela
MP 449 de 04 de dezembro de 2008, modificando e introduzindo novos dispositivos à Lei das
Sociedades por Ações.
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Tanto a Lei quanto MP tiveram como principal objetivo atualizar a legislação
societária brasileira para possibilitar o processo de convergência das práticas contábeis
adotadas no Brasil com aquelas constantes das normas internacionais de contabilidade que são
emitidas pelo “International Accounting Standards Board – IASB”.
As mudanças provocadas pela Lei 11.638/07 na Lei 6.404/76 trouxeram os seguintes
principais impactos nas demonstrações contábeis dos clubes de futebol:
a) Avaliação e conclusão pela não necessidade de constituição de provisão para
redução ao valor recuperável dos ativos permanentes (impairment), em conformidade ao
previsto no Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 1.
b) Substituição em conformidade ao previsto no CPC 3, da demonstração das origens e
aplicações de recursos pela demonstração dos fluxos de caixa;
c) Reclassificação dos ativos intangíveis para uma conta específica do grupo do ativo
permanente, anteriormente classificados como ativo imobilizado, em conformidade ao
previsto no CPC 4;
d) Avaliação e conclusão pela não necessidade de registro do Ajuste a Valor Presente
– AVP, para os ativos e passivos de longo prazo e, de curto prazo quando aplicável, em
conformidade ao previsto no CPC 12; e
e) No preparo das demonstrações contábeis, o uso de estimativas é requerido para
contabilizar certos ativos, passivos e transações (CPC) 1.
4.1 Avaliação e conclusão pela não necessidade de constituição de provisão para redução
ao valor recuperável dos ativos permanentes (impairment).
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) – 1 define procedimentos visando a
assegurar que os ativos não estejam registrados contabilmente por um valor superior àquele
passível de ser recuperado por uso ou por venda. Caso existam evidências claras de que ativos
estão avaliados por valor não recuperável no futuro, a entidade deverá imediatamente
reconhecer a desvalorização por meio da constituição de provisão para perdas. O
Pronunciamento também define quando a entidade deve reverter referidas perdas e quais
divulgações são necessárias.
Dos 11 (onze) clubes pesquisados apenas o Goiás evidencia nas suas Notas
Explicativas a análise periódica obrigatória para os clubes quanto à capacidade de
recuperação dos valores registrados no ativo do clube (“impairment”). Alguns clubes que não
evidenciam claramente esta alteração, caso do Coritiba, afirmam que não é aplicável ao clube
ou sua implantação ainda está em andamento.
4.2 Substituições da demonstração das origens e aplicações de recursos pela
demonstração dos fluxos de caixa;
As informações dos fluxos de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos
usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar
caixa e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades de liquidez.
As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade de a
entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época e do grau de segurança de
geração de tais recursos. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) – 3 fornece
informação acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa de uma entidade
por meio de demonstração que classifique os fluxos de caixa do período por atividades
operacionais, de investimento e de financiamento.
11
Nesta análise observou-se que todos os clubes pesquisados publicaram a DFC
atendendo à solicitação da Lei 11.638/07. Outros detalhes observados quando da análise das
demonstrações contábeis dos clubes foram: Atlético/PR foi o único clube que publicou, além
das demonstrações contábeis exigidas pela Lei 6.404/76, o Balanço Social e a DOAR extinta
com a publicação da DFC. Todos os onze clubes que participam da amostra são entidades sem
fins lucrativos, sendo que o São Paulo e o Corinthians foram os únicos clubes que publicaram
a DVA, demonstração contábil obrigatória apenas para as companhias de capital aberto.
O Clube Náutico Capibaribe não publicou o Parecer dos Auditores Independentes que
complementam as demonstrações contábeis obrigatórias. Percebe-se ainda que todos os clubes
participantes da pesquisa publicam a DMPS (Demonstração das Mutações do Patrimônio
Social) e não publicaram a DLPA (Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados).
4.3 Reclassificações dos ativos intangíveis para uma conta específica do grupo do ativo
permanente
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) – 4 definem o tratamento contábil dos
ativos intangíveis que não são abrangidos especificamente em outro Pronunciamento. Este
Pronunciamento estabelece que uma entidade deve reconhecer um ativo intangível apenas se
determinado critérios especificados neste Pronunciamento forem atendidos. O
Pronunciamento também especifica como mensurar o valor contábil dos ativos intangíveis,
exigindo divulgações específicas sobre esses ativos.
Observou-se na pesquisa deste item, que a maioria dos clubes está cumprindo o que
determina a Lei 11.638/07. As exceções são o Atlético/PR, Goiás/GO, Náutico/PE. No caso
do Atlético/PR não foi possível identificar tanto no Balanço Patrimonial quanto nas Notas
Explicativas o registro de gastos com atletas em formação e atletas profissionais. O Goiás e o
Náutico registraram os respectivos gastos no Ativo Imobilizado, cumprindo a determinação
contida na NBC T 10.13.
4.4 O uso de estimativas é requerido para contabilizar certos ativos, passivos e
transações no preparo das demonstrações contábeis
Outra alteração imposta pela Lei 11.638/2007 para os clubes de futebol está na
preparação das demonstrações financeiras que deverá ser feita de acordo com as práticas
contábeis adotadas no Brasil requer que a Administração das entidades sem fins lucrativos se
baseie em estimativas para o registro de certas transações que afetam os ativos e passivos, as
receitas e as despesas, bem como a divulgação de informações sobre dados das suas
demonstrações financeiras.
As demonstrações financeiras incluem, portanto, várias estimativas referentes à
seleção das vidas úteis do ativo imobilizado, provisões para créditos de liquidação duvidosa,
provisões para passivos contingentes, entre outras, as quais, apesar de refletirem a melhor
estimativa possível, determinada pela Administração do Clube, podem apresentar variações
em relação aos dados e valores reais.
Neste item observou-se que a maioria dos clubes pesquisados evidencia estas
informações nas suas respectivas Notas Explicativas, exceto o Barueri, Coritiba, Internacional
e o Náutico que não comprovam esta informação. Apenas o Internacional justificou o não uso
desta informação, afirmando que não seria necessário o referido ajuste.
12
4.5 Avaliação e conclusão pela não necessidade de registro do Ajuste a Valor Presente –
AVP, para os ativos e passivos de longo prazo e, de curto prazo quando aplicável
O Comitê de pronunciamentos Contábeis (CPC) – 12 estabelece os requisitos básicos a
serem observados quando da apuração do Ajuste a Valor Presente de elementos do ativo e do
passivo quando da elaboração de demonstrações contábeis, dirimindo algumas questões
controversas advindas de tal procedimento, do tipo: (a) se a adoção do ajuste a valor presente
é aplicável tão-somente a fluxos de caixa contratados ou se porventura seria aplicada também
a fluxos de caixa estimados ou esperados; (b) em que situações é requerida a adoção do ajuste
a valor presente de ativos e passivos, se no momento de registro inicial de ativos e passivos,
se na mudança da base de avaliação de ativos e passivos , ou se em ambos os momentos; (c)
se passivos não contratuais, como aqueles decorrentes de obrigações não formalizadas ou
legais, são alcançados pelo ajuste a valor presente; (d) qual a taxa apropriada de desconto para
um ativo ou um passivo e quais os cuidados necessários para se evitarem distorções de
cômputo e viés; (e) qual o método de alocação de descontos (juros) recomendado; (f) se o
ajuste a valor presente deve ser efetivado líquido de efeitos fiscais.
Quando da análise deste item observou-se que o Corinthians, o São Paulo e o
Internacional foram únicos clubes a utilizarem estas informações nas suas respectivas Notas
explicativas. Os outros clubes alegaram que esta exigência introduzida pela Lei 11.638/2007
já vem sendo atendidas ou não são aplicáveis à entidade.
5. Considerações finais
Esta pesquisa teve como objetivo verificar se os clubes de futebol que disputam a
Série A – 2009 evidenciam nas suas demonstrações contábeis as alterações provocadas pela
Lei 11.638/07 aplicáveis as entidades desportivas.
Para cumprir o objetivo proposto, adotou-se como parâmetro de análise a Lei
11.638/2007 que entrou em vigor no dia 1º janeiro de 2008, alterando e revogando alguns
dispositivos da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas). Analisou-se a adequação das
demonstrações contábeis do exercício social de 2008 dos clubes de futebol em relação ás
alterações propostas aplicáveis a essas entidades desportivas.
Não obstante as limitações do trabalho foi possível fazer algumas constatações acerca
da realidade estudada. Observou-se que, embora tenha havido um esforço dos agentes
normativos para padronizar as informações contábeis dos clubes, atualizando a Lei 6.404/76
com o objetivo de facilitar o processo de convergência das práticas contábeis adotadas no
Brasil com aquelas constantes das normas internacionais de contabilidade, ainda prevalece a
diversidade de tratamentos contábeis para eventos semelhantes entre os clubes de futebol.
Foi verificado ainda , se os clubes de futebol usam estimativas para contabilizar certos
ativos, passivos e transações no preparo das demonstrações contábeis. Observou-se que o
Corinthians, o São Paulo e o Internacional foram únicos clubes a utilizarem essas informações
nas suas respectivas notas explicativas. Os outros clubes alegaram que essa exigência
introduzida pela Lei 11.638/2007 já vem sendo atendidas ou não são aplicáveis à entidade.
Concluindo, é possível afirmar que persiste o problema da falta de comparabilidade
entre as demonstrações contábeis dos clubes de futebol, comprometendo a transparência o que
dificulta análises e estudos sobre o tema. Durante a pesquisa, surgiram alguns
questionamentos que não puderam ser explorados com maior profundidade, apresentando-se
como limitações do estudo, os quais podem servir como estímulo para novas pesquisas.
13
O enfoque é uma limitação da pesquisa , pois optou-se por estudar especificamente os
aspectos diretamente relacionados às alterações provocadas pela Lei 11.638/2007 aplicáveis
aos clubes de futebol, sendo que a norma adotada como paradigma de análise aborda também
outros aspectos relacionadas a outras pessoas jurídicas que exercem atividades diferentes da
população pesquisada. Sugere-se para outras pesquisas um estudo mais abrangente. da Lei
11638/207 enfocando outras pessoas jurídicas relacionadas ao esporte.
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