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A evolução do planeamento urbano de Olivais Sul a Telheiras Tiago Cardoso de Oliveira Publicado em CONCEIÇÃO, Luís (2012). DISPERSOS DE ARQUITECTURA. Portimão: Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. ISBN 978-972-788-403-2 Resumo Neste artigo trata-se o progressivo distanciamento das teorias urbanísticas da Carta de Atenas que se verifica nas operações urbanas de iniciativa pública em Lisboa – o regresso ao urbano, à cidade e à história – desde o início dos anos de 1960. utilizando como guião um percurso que vai do bairro de Olivais Sul ao bairro de Telheiras, nesta abordagem genérica observa-se também o modo como esta tendência para a contextualização da intervenção urbanística tem influência na arquitectura dos edifícios Palavras chave: Olivais Sul, Chelas, Telheiras, Urbanismo, Arquitectura Abstract This paper deals with the gradual distancing from Athens Charter urban theories that one can observe in public urban operations in Lisbon - the return to urbanity, to the city and history - since the beginning of the years of 1960. Using as a script the evolution that goes from the quarter of Olivais Sul to the quarter of Telheiras, in this generic approach we also take notice of the way this trend for the contextualization of urban planning has influence on buildings architecture. Key words: Olivais Sul, Chelas, Telheiras, Urbanism, Architecture

A Evolução Do Planeamento Urbano de Olivais Sul a Telheiras

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Lisbon urban history

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  • A evoluo do planeamento urbano de Olivais Sul a Telheiras

    Tiago Cardoso de Oliveira

    Publicado em CONCEIO, Lus (2012). DISPERSOS DE ARQUITECTURA. Portimo: Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. ISBN 978-972-788-403-2

    Resumo

    Neste artigo trata-se o progressivo distanciamento das teorias urbansticas da Carta de Atenas que se verifica nas operaes urbanas de iniciativa pblica em Lisboa o regresso ao urbano, cidade e histria desde o incio dos anos de 1960. utilizando como guio um percurso que vai do bairro de Olivais Sul ao bairro de Telheiras, nesta abordagem genrica observa-se tambm o modo como esta tendncia para a contextualizao da interveno urbanstica tem influncia na arquitectura dos edifcios

    Palavras chave: Olivais Sul, Chelas, Telheiras, Urbanismo, Arquitectura

    Abstract

    This paper deals with the gradual distancing from Athens Charter urban theories that one can observe in public urban operations in Lisbon - the return to urbanity, to the city and history - since the beginning of the years of 1960. Using as a script the evolution that goes from the quarter of Olivais Sul to the quarter of Telheiras, in this generic approach we also take notice of the way this trend for the contextualization of urban planning has influence on buildings architecture.

    Key words: Olivais Sul, Chelas, Telheiras, Urbanism, Architecture

  • A evoluo do planeamento urbano de Olivais Sul a Telheiras

    Tiago Cardoso de Oliveira

    Podemos considerar que foi com o Plano dos Olivais Sul, da autoria de R. Botelho e C. Duarte em 1960, que se iniciou, entre os empreendimentos de iniciativa pblica em Lisboa, o processo de distanciamento das teorias da Carta de Atenas. Com uma estrutura celular, este plano facilitava as incurses dos autores dos projectos no desenho urbano, e afastava-se da concepo de Olivais Norte, de 1958, que para Nuno Portas (Portas, 2002) lembrava um imenso siedlung fora de tempo com blocos paralelos entremeados por torres, e onde a repetio do tipo ou do standard era mais evidente.

    Figura 1 - Plano de Olivais Norte

    Em Olivais Sul a mistura de tipos e formas de agrupamento era encorajada, prescindindo-se da disposio helio-orientada ou de outra geometria sistemtica. Mas manteve-se a concepo higienista e a vertigem do verde, partilhando com Olivais Norte a dissociao entre elementos estruturantes (vias e verdes/equipamentos de proximidade) e edifcios, entendendo a edificao como composio de volumes (plan masse) e o espao livre como sobrante ou intersticial. As vias tinham a sua lgica prpria de cinturas separadoras das clulas, os espaos ou equipamentos no

  • residenciais previam-se autnomos e fisicamente separados e os edifcios de habitao mantinham-se descontnuos.

    Figura 2 - Plano de Olivais Sul

    C. Duarte (Duarte, 2004) reconhece na estrutura geral do plano a influncia das New Towns inglesas do ps-guerra, como a adopo do conceito de unidade de vizinhana, mas aplicada cidade de Lisboa, nomeadamente vida de bairro com traduo espacial em ruas, caminhos e praas. Esta dimenso de bairro ter sido abordada por algumas equipas de projectistas, na linha de algumas realizaes da INA-Casa da mesma poca em Itlia.

    Para J.M. Fernandes (Vieira de Almeida, Fernandes, 1986) a tentativa de compatibilizao dos princpios das New-Towns com as regras urbansticas dos CIAM, resultou em pouca legibilidade estrutural e inconsistncia do espao urbano em Olivais Sul. Reconhece porm que constitui uma experincia importante, at por se proporem

    tmidas mas significativas experincias de estruturao de espaos colectivos e de espaos-rua.

  • Figura 3 Edifcios em banda em Olivais Sul e planta de uma torre (de B. Costa Cabral e N. Portas)

    O Bairro de Olivais Sul beneficiou de algum desafogo econmico, o que permitiu alguma liberdade de aco arquitectura. A sua estrutura aberta possibilitou importantes experincias no campo da habitao. Foi tambm o primeiro plano a procurar integrar os diferentes estratos sociais, criando fogos de diferentes categorias. No entanto a sua diviso por clulas e a estruturao topolgica do territrio acabou por consentir a delimitao de ghettos que ganharam nomes populares como o Bairro dos ndios, ou a Aldeia dos Macacos.

    No plano de Chelas, de F. Silva Dias e J. Reis Machado, aprovado em 1964 de-pois de um estudo preliminar cuja autoria inclua ainda R. Botelho, tenta-se controlar a unidade do conjunto procurando uma imagem mais urbana. Praticam-se maiores densi-dades, uma estrutura contnua, um controle mais rigoroso da volumetria e tratamento dos edifcios, e privilegia-se o enquadramento urbano orientao solar. Enquanto nos Olivais se escolhem os pontos altos para a implantao dos edifcios em torre de forma a propiciar uma leitura rtmica das cumeadas1 em Chelas procura-se uma paisagem urbana facilmente memorizvel atravs de um processo dinmico (cinematogrfico) de apreciao2.

    A unidade no procurada pelo controle dos projectos de arquitectura mas pela continuidade do tecido urbano. Tenta-se desfazer as fronteiras entre clulas que se veri-ficam nos Olivais Sul, contrariando a polarizao do comrcio e servios que a se tinha praticado e procurando distribui-los linearmente de modo a assegurar faixas de vida ur-bana intensa que atravessem todo o bairro. Ensaia-se a resoluo das clulas de vizi-

    1 Olivais Sul em discusso em Arquitectura, n 95, Janeiro-Fevereiro de 1967, p. 59

    2 Plano de Urbanizao de Chelas. Zona 1 em Arquitectura, n 127/8, Junho de 1973, p. 54

  • nhana em quarteiro aberto, dando seguimento s experincias de alguns dos arquitec-tos projectistas nos Olivais Sul. As massas edificadas dispem-se formando uma sequncia de largos, e procura-se um acompanhamento edificado contnuo dos princi-pais percursos de pees.

    Figura 4 Plano de Chelas. A azul, as faixas de vida urbana intensa.

    A preocupao com os percursos de pees mantm-se desde o Plano dos Oli-vais. Mas enquanto neste se centra no afastamento do circuito automvel ligando os centros principais e explorando o interesse paisagstico dos percursos, em Chelas quer-se circuitos distintos entre automveis e pees mas relacionados de forma a existirem pontos de contacto a nveis diferentes, ou ao mesmo nvel, mas nunca linhas de contac-to3

    C. Duarte diz do plano de Chelas que formalmente foi objecto de um controlo mais rigoroso. Realizado depois de Olivais percebe-se nele a influncia predominante das realizaes contemporneas de Toulouse-le-Mirail e Park Hill. A ideia de uma estrutura contnua, de desenvolvimento linear e largas densidades, substitui aqui a estrutura celular dos Olivais (Duarte, 1987, p. 20)

    3 O plano de Chelas em Arquitectura, n 95, Janeiro-Fevereiro de 1967, p 11

  • Figura 5 Toulouse-le-Mirail

    Segundo J. M. Fernandes (Vieira de Almeida, Fernandes, 1986) o regresso ao urbano, uma frase de ento que recordava os ensinamentos de C. Alexander no texto A Cidade no uma rvore, j se faz notar no plano de Chelas. Do mesmo modo se reconhecem contactos com as observaes de Kevin Lynch nas intenes de desenho urbano.

    O texto de Alexander, publicado em 1967 na revista Arquitectura que tambm apresenta o plano de Chelas, distingue cidades naturais (formadas ao longo dos anos mais ou menos espontaneamente) de cidades artificiais (criadas expressamente por designers e urbanistas) incluindo explicitamente nestas ltimas as New Towns britnicas, observando que as primeiras tm uma estrutura em semi-retcula4 enquanto que as segundas tm uma estrutura em rvore5. Esta estrutura em rvore representa um sistema fechado cuja rigidez, na opinio de Alexander, no se adequa j nossa actual organizao social e traduz uma ausncia de complexidade que deforma as nossas concepes de cidade. Assim o autor prope o sistema em semi-retcula como nica forma de articular uma cidade viva.

    Chelas no teve a mesma sorte dos Olivais no que se refere a recursos financeiros, sofrendo com o esforo da guerra colonial e mais tarde com a revoluo de Abril de 1974. Acabou por alojar principalmente os sectores mais desfavorecidos da 4 Uma coleco de conjuntos forma uma semi-retcula quando e s quando, dado dois

    conjuntos que se intersectam e pertencem coleco, necessariamente o conjunto de elementos comum a ambos tambm pertence coleco.

    C. Alexander A cidade no uma rvore- em Arquitectura, n 95, Janeiro-Fevereiro de 1967, p. 245 Uma coleco de conjuntos forma uma rvore quando e s quando, para cada dois conjuntos

    que pertencem coleco, ou um deles est totalmente contido no outro ou dele est totalmente separado

    C. Alexander A cidade no uma rvore- em Arquitectura, n 95, Janeiro-Fevereiro de 1967, p. 24

  • sociedade que demandavam a Lisboa procura de trabalho. A estrutura urbana pretendida acabou por no sobressair, e mais uma vez a arquitectura ganhou protagonismo nas solues que procurou para resolver os problemas de quarteiro. Aqui so os edifcios que ganham nome prprio, como os 5 dedos ou a pantera cor-de-rosa.

    Figura 6 Pantera Cor-de-rosa de G. Birne e Reis Cabrita e 5 Dedos de V. Figueiredo

    A EPUL (Empresa Pblica de Urbanizao de Lisboa) criada em 1971 com o objectivo de auxiliar a aco municipal nos estudos de urbanizao ou de remodelao urbana, subordinando-os a moldes de gesto empresarial e assegurando a execuo das obras. A concepo, execuo e promoo ficam garantidas pela mesma entidade, que promove conjuntos habitacionais assentes em planos de pormenor, como no Restelo e em Telheiras: Estudos que se preocupam j com noes ento inovadoras, como a da proteco aos ncleos histricos (Telheiras) ou a articulao tipolgica com a cidade tradicional (Restelo) (Vieira de Almeida, Fernandes, 1986, p.161).

    O regresso ao urbano, que se tinha verificado em Chelas, acentuado no plano do Restelo (1971-72) com o uso do quarteiro semi-fechado e virado ao rio, abandonando o tema do edifcio isolado e virado ao sol. Mas aqui os seus autores (N. Teotnio Pereira, N. Portas e J. Pacincia) so tambm responsveis pelos projectos de arquitectura. Curiosamente os dois primeiros admitem que para este plano voltaram a avaliar as qualidades dos planos em Lisboa anteriores a Olivais Norte, como por exemplo Alvalade (Teotnio Pereira, 1974).

  • Figura 7 Maqueta do Plano do Restelo

    O Bairro de Telheiras levou mais longe o caminho do regresso ao urbano, procurando o enraizamento no tecido existente de Telheiras Velho. O plano original (por Gilles O Callagham em 1969) entregue a P. Vieira de Almeida e A. Pita para uma reviso que acabou resultar num novo Plano de Pormenor aprovado pela Cmara em 1974. Este segue o caminho aberto por Olivais e Chelas, agora com mais regularidade geomtrica e ensaiando as pracetas semi-fechadas e de uso condmino (Vieira de Almeida, Fernandes, 1986, p.160).

    Segundo A. Pita (Pita, 1980) consideraram-se fundamentais as seguintes questes: a recuperao do ncleo antigo de Telheiras; a implantao e vitalizao dos percursos pedonais; a tipologia e conceito de rua; a substantivao dos espaos exteriores; o grau prescritor do plano em relao aos edifcios; a proposio de uma linguagem transmissora de exigncias formais (esquema de notao espacial); a criao de uma pr-existncia integradora da interveno arquitectnica; o sistema construtivo subjacente.

    Tentou-se aproveitar de maneira viva o ncleo antigo de Telheiras como embrio de vida existente, aproveitando o eixo direccional que prope e prolongando-o de modo a constituir a espinha dorsal do sistema. Este eixo, exclusivamente pedonal e servido em alguns pontos por vias de acesso automvel, teria animao urbana ao longo do percurso e seria polarizado nos extremos por ncleos de equipamento forte. A ele viriam entroncar-se naturalmente os percursos de pees.

    Tambm aqui, como em Olivais e Chelas, se tenta desvincular os percursos dos pees do circuito motorizado. Prevem-se 7 passagens de pees por baixo das vias

  • principais de trfego automvel, que se integram naturalmente no percurso pedonal por entre os quarteires semi-encerrados uma vez que ficam contguas a pracetas mesma cota com equipamento. Procura-se que o percurso de pees se afunde naturalmente e passe sob as vias automveis em viaduto.

    Figura 8 Maqueta do Plano de Telheiras

    No interior dos quarteires tambm so previstas diferenas de nvel entre as zonas de aparcamento e acesso aos edifcios e os jardins no interior, de modo a assegurar a continuidade visual do espao ao nvel do peo. Os edifcios teriam uma frente rua com caractersticas tendentes a criar em conjunto um espao rua e por outro lado apresentavam uma frente interior voltada para as zonas verdes comuns, o que permitiria outro tipo de relao com o exterior (Pita, 1980).

    Levando mais longe as preocupaes de Chelas procurou-se aqui substantivar o espao exterior. Assim, para alm de peas desenhadas a uma escala no muito detalhada com as intenes genricas do plano, distribuiu-se tambm a cada equipa projectista uma pea grfica-esquema de notao espacial na qual se pretendeu situar as intenes de uma articulao volumtrica, de uma modelao de espao e de uma relao entre ambos (Pita, 1980). diferena de Olivais e Chelas, a distino entre categorias de construo que aqui se pratica no feita em funo das reas mas apenas ao nvel da qualidade de acabamentos, o que contribuiu para a homogeneizao da paisagem urbana do bairro. diferena de Olivais e Chelas, aqui j no se praticam diferentes categorias de construo, e a consequente distino de reas e acabamentos

  • para tipologias semelhantes, o que contribuiu para a homogeneizao da paisagem urbana do bairro

    Figura 9 - Aplicao do Sistema de Notao Especial Clula 11 de Telheiras

    Para evitar o ar de desenraizamento caracterstico dos planos novos procurou-se um envelhecimento acelerado explorado ao nvel do mtodo de trabalho. O plano procurou voluntariamente um certo grau de ambiguidade e complexidade, uma incoerncia interna controlada permitindo intervenes no totalmente convergentes nem rigidamente integradas. O Sistema de notao espacial e as perspectivas apresentadas pretendiam dar aos projectistas, tambm, a noo de uma pr-existncia na qual iriam trabalhar, portanto sujeitando-se a problemas de integrao que normalmente s surgem quando se procede a remodelaes parciais de centros antigos (Pita, 1980).

    A princpio previa-se para a arquitectura um sistema construtivo misto: pr-

    fabricao na fachada, procura de uma economia de escala, e construo convencional de beto armado no interior para permitir mais liberdade ao projectista e a possibilidade de apropriao ao habitante. No entanto desistiu-se dessa pretenso por dificuldades de produo.

    A integrao da arquitectura no esprito do plano de pormenor foi assegurada pelo acompanhamento dos projectos por parte dos autores do plano e pelo sistema de notao espacial. As restries s despesas levaram naturalmente uniformizao dos sistemas construtivos. A degradao dos recursos financeiros disponveis nota-se nas

  • restries que foram sendo postas aos projectistas, nomeadamente ao nvel da movimentao das fachadas dos edifcios.

    Figura 10 - Corte e plantas da Clula 11 de Telheiras por A. Pita

    Apesar destas restries arquitectura, de no se construram as passagens de pees e o grande eixo de Telheiras Velho ter sofrido sucessivas agresses, o bairro tem uma imagem urbana forte, especialmente na rea que foi construda primeiro, e a arquitectura revela-se engenhosa e variada nas solues encontradas para articular os acessos em escadas, elevadores e galerias, e conjugar as diversas tipologias numa volumetria dinmica que valoriza a rua.

    Autores como Paulo Martins Barata (Martins Barata, 2002) consideram que Telheiras representa uma apologia da mediania, j que considerados individualmente, nenhum dos edifcios construdos chega a ser verdadeiramente relevante para a histria contempornea da arquitectura portuguesa. Para este autor a pretensa criao de pontos de interesse redunda frequentemente em enfatizaes formais produzidas custa de

  • caixas de elevadores, varandas e escadas de galeria, mas admite que o conjunto acaba por ter alguma unidade.

    O plano de Telheiras beneficiou de menos recursos financeiros que os que o antecederam, mas investiu grande parte deles na imagem urbana em eventual detrimento da arquitectura. O que facto que esta bastante diferenciada sem que no entanto os edifcios ou os quarteires se destaquem demasiado ou constituam territrios.

    Em Chelas o almejado processo dinmico no chega a acontecer e a arquitectura manifesta-se de forma to dspar como em Olivais Sul. S que aqui a disparidade torna-se mais notria porque o plano se pretendia mais urbano e no tem a mesma ligao com a paisagem.. E a urbanidade interrompida confere singularidade arquitectura.

    Olivais Sul tem uma estrutura pouco clara que at C, Duarte, co-autor do plano, reconhece (Silva Nunes, 2007, p. 120). No entanto a articulao entre edificao e espao exterior potencia simultneamente o enraizamento no lugar e a desenvoltura das solues arquitectnicas. A imagem geral fragmentada, mas por no procurar continuidade, no gera a sensao de interrupo que se experimenta em Chelas, do mesno modo que a abertura de forma da arquitectura no tem paralelo em Telheiras

    Curiosamente, a preocupao com a continuidade do plano e a disciplina imposta arquitectura so de certo modo partilhadas, embora com abordagens diferentes, em Telheiras e Olivais Norte, aproximando neste sentidos os dois extremos do percurso proposto neste texto. Por outro lado lara entre estes dois polos uma evoluo para uma ordem mais complexa que procura considerar especificidades sociais e culturais, e que remete, a partir do plano e Chelas, para a estrutura em semi-recticula proposta por Alexander.

    Os bairros aqui mencionados - Alvalade, Olivais Norte, Olivais Sul, Chelas, Restelo, Telheiras inscrevem-se numa linhagem de grandes empreendimentos habitacionais de promoo pblica em Lisboa, com preocupaes sociais e equipamento integrado, construdos consecutivamente no tempo. Por se implantarem em zonas livres de extenso da cidade, no experimentam grandes constrangimentos de pr-existncias e podem assim aproximar-se mais livremente de modelos conceptuais, o que facilita comparaes entre as diferentes pocas.

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