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A D IVERSIDADE DA G EOGRAFIA B RASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 6303 A expansão urbana do Norte da Ilha de Santa Catarina Giselli Ventura de Jesus 1 1-Processo de ocupação do Norte da Ilha frente às demais regiões Segundo o último senso do IBGE (2010) a população de Florianópolis é de 438.731 habitantes, sendo a parte central (sede e continente) a área que apresenta a maior concentração demográfica do município, por volta de 249.477 habitantes 2 , cerca de 56,86% da população total da cidade. O Norte, composto pos seis distritos (Santo Antônio de Lisboa, Ratones, Canasvieiras, São João do Rio Vermelho, Ingleses do Rio Vermelho, e Cachoeira do Bom Jesus), compõem a segunda área mais ocupada da Ilha de Santa Catarina. Sua população é de 107.950 habitantes, ou seja, 24,60% da população existente de Florianópolis. Esses dados demográficos demonstram uma tendência que vem se estabelecendo ao longo do processo de Formação Socioespacial de Florianópolis. Desde a sua gênese a parte central sempre foi a que mais concentrava pessoas por ter uma vida comercial e um porto que estimulavam as atividades econômicas e sociais da Ilha. No caso do Norte há presença de um porto e um posto da alfândega em Santo Antônio tornava a vida dos agricultores e comerciantes um polo de atração para trocas e escoamento da produção local, sendo já na época a segunda região mais habitada. 1 Acadêmico do curso de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail para contato: [email protected] 2 Foram analisados através dos dados do IBGE em que se dividiu em 4 partes a ilha: norte, Oeste, leste e sul. O Norte é composto por seis distritos: Santo Antônio de Lisboa, Ratones, Canasvieiras, São João do Rio Vermelho, Ingleses do Rio Vermelho, e Cachoeira do Bom Jesus. O Oeste, no texto considerado como a “parte Central”, se divide em dois distritos: O distrito sede e o distrito sede continental. O distrito sede apresenta 13 localidades: Saco Grande, Monte Verde, João Paulo, Itacorubi, Trindade, Santa Mônica, Córrego Grande, Pantanal, Agronômica, Centro, José Mendes, Saco dos Limões, e Costeira do Pirajubaé. O distrito sede continental apresenta 11 localidades: Jardim Atlântico, Balneário, Canto, Estreito, Coloninha, Monte Cristo, Capoeiras, Abrão, Coqueiros, Bom Abrigo e Itaguaçú. O Leste com dois distritos: Barra da Lagoa, Lagoa da Conceição. E o Sul com três distritos: do Campeche, do Pântano do Sul, e do Ribeirão. Essa divisão proposta considerou os distritos existentes na Ilha conforme a classificação do IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis).

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

6303

A expansão urbana do Norte da Ilha de Santa Catarina Giselli Ventura de Jesus1

1-Processo de ocupação do Norte da Ilha frente às demais regiões

Segundo o último senso do IBGE (2010) a população de Florianópolis é de

438.731 habitantes, sendo a parte central (sede e continente) a área que apresenta

a maior concentração demográfica do município, por volta de 249.477 habitantes2,

cerca de 56,86% da população total da cidade.

O Norte, composto pos seis distritos (Santo Antônio de Lisboa, Ratones,

Canasvieiras, São João do Rio Vermelho, Ingleses do Rio Vermelho, e Cachoeira do

Bom Jesus), compõem a segunda área mais ocupada da Ilha de Santa Catarina.

Sua população é de 107.950 habitantes, ou seja, 24,60% da população existente de

Florianópolis.

Esses dados demográficos demonstram uma tendência que vem se

estabelecendo ao longo do processo de Formação Socioespacial de Florianópolis.

Desde a sua gênese a parte central sempre foi a que mais concentrava pessoas por

ter uma vida comercial e um porto que estimulavam as atividades econômicas e

sociais da Ilha. No caso do Norte há presença de um porto e um posto da alfândega

em Santo Antônio tornava a vida dos agricultores e comerciantes um polo de atração

para trocas e escoamento da produção local, sendo já na época a segunda região

mais habitada.

1 Acadêmico do curso de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail para contato: [email protected] 2 Foram analisados através dos dados do IBGE em que se dividiu em 4 partes a ilha: norte, Oeste,

leste e sul. O Norte é composto por seis distritos: Santo Antônio de Lisboa, Ratones, Canasvieiras, São João do Rio Vermelho, Ingleses do Rio Vermelho, e Cachoeira do Bom Jesus. O Oeste, no texto considerado como a “parte Central”, se divide em dois distritos: O distrito sede e o distrito sede continental. O distrito sede apresenta 13 localidades: Saco Grande, Monte Verde, João Paulo, Itacorubi, Trindade, Santa Mônica, Córrego Grande, Pantanal, Agronômica, Centro, José Mendes, Saco dos Limões, e Costeira do Pirajubaé. O distrito sede continental apresenta 11 localidades: Jardim Atlântico, Balneário, Canto, Estreito, Coloninha, Monte Cristo, Capoeiras, Abrão, Coqueiros, Bom Abrigo e Itaguaçú. O Leste com dois distritos: Barra da Lagoa, Lagoa da Conceição. E o Sul com três distritos: do Campeche, do Pântano do Sul, e do Ribeirão. Essa divisão proposta considerou os distritos existentes na Ilha conforme a classificação do IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis).

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A forma como ocorreu à ocupação das terras na Ilha é resultado do interesse

político e econômicos, de cada período histórico, resultando no desenvolvimento de

algumas regiões e no atraso de outras ao longo dos séculos.

Apesar da tentativa de ocupação pelos vicentistas no século XVII é no século

XVIII que ocorre efetivamente o processo de ocupação através da vinda dos

imigrantes açorianos.

Essa ocupação na Ilha acontece de forma nucleada, sendo a parte central (o

Centro) o ponto de chegada desses açorianos. Segundo o documento de 1797, feito

pelo Governador de Santa Catarina, Miranda Ribeiro havia três freguesias: na parte

central Nossa Srª do Desterro, a primeira a ser ocupada (1673); em segundo surgem

tanto a freguesia de Nossa Srª da Conceição da Lagoa (1750) como a freguesia de

Nossa Srª das Necessidades e Santo Antônio (1750), uma à leste da Ilha e outra ao

Norte.

Ocorreu inclusive no século XIX uma tentativa de desmembrar a porção Norte

do restante da Ilha, através do projeto de Lei 1864. Essa lei tinha como objetivo

constituir um novo município com a junção das freguesias: N.Srª das Necessidades

de Santo Antônio, N.Srª da Conceição da Lagoa, São Francisco de Paula de

Canasvieiras, e São João Batista do Rio Vermelho, porém a Lei não conseguiu ser

aprovada.

Já no século XX com a decadência da pequena produção mercantil,

sobretudo os que viviam no interior da Ilha, acaba acarretando em um forte

empobrecimento e elevado êxodo da população rural para os grandes centros

urbanos (BASTOS, 2000). Para ter uma dimensão, tabela 1, o número de pessoas

que viviam no interior da ilha tendo como base econômica a agricultura acabam

emigrando, uma parte para o centro da Ilha (oeste), e outra parte considerável acaba

indo buscar de emprego em Santos e no Rio Grande do Sul.

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1950 1960

Norte da Ilha 8.269 1.889

Oeste da Ilha 51.317 73.889

Leste da Ilha 3.589 420

Sul da Ilha 4.365 1.387

Tabela 1: Dados demográficos de Florianópolis Fonte de dados: Censos demográficos de 1950 e 60. Organizado: Giselli Ventura de Jesus

O Estado por sua vez a partir da década de 30 passa a ser o grande

incentivador de politicas de investimentos de estatais, que efetivaram com mais

força nos anos 50 e 60. O governo desempenha um papel decisivo em nível

nacional e estadual, pois, com a nova divisão territorial do trabalho que se

estabelece com o desenvolvimento industrial brasileiro (e catarinense), o capital

catarinense converteu-se em polo de concentração de novas e importantes funções

administrativas referente à política econômico social presente pelo menos desde a

década de 1930 (BASTOS, 2000).

Florianópolis acaba no período de 1950 e 1960, sediando várias sedes

administrativas de estatais federais e estaduais como o BESC, Eletrosul, TELESC, a

vinda da Universidade Federal de SC, etc..., o que gerou um fluxo de emprego no

setor público, e um aumento populacional na parte central.

A década de 1970, diante das políticas Nacionais desenvolvimentistas teve

inicio a construção de grandes estradas em todo o território brasileiro. Em Santa

Catarina a construção da BR-101 vai “exerce(r) grande influência no plano urbano

de Florianópolis. Os seus acessos constituíram artérias” (PELUSO JR, 1991, p.321),

facilitando o trânsito no litoral.

Em Florianópolis a

“execução e pavimentação da SC-401 e SC- 404, na década de 1970, representaram os marcos iniciais desta intensão. A Via de Contorno Norte-Ilha, no final dos anos 70, viabilizou este propósito, gerando acessibilidade e constituindo-se no eixo estruturador e de interligação dos principais bairros onde as elites localizaram e pretenderam expandir suas áreas residenciais e de veraneios” (SUGAI, 1994, p.217).

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A SC- 401 vai ter um papel importante não apenas a partir da década de 1970

como também atualmente no processo de expansão no sentido Oeste (Centro de

Florianópolis) para o Norte. A figura 1 demonstra a principal via de ligação entre o

distrito sede e os demais distritos ao Norte.

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Figura 1: SC-401 e a área de estudo na Ilha de Santa Catarina

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2-A SC-401: novo corredor econômico de Florianópolis

No atual Plano Diretor, ainda a ser aprovado, fica explicito: “Cabe ainda

destacar que a proposta é que as regiões Norte e Oeste de Florianópolis cresçam

mais do que as regiões Leste e Sul”3.

A SC-401 atualmente é chamada por muitos de o “novo corredor econômico”,

“rodovia da inovação”, ou mesmo “novo corredor do polo tecnológico”. O que se

explica pelo aumento no número de empresas de tecnologias que estão indo, e se

instalando ao longo dessa via, assim como outros setores comerciais, até mesmo o

centro Administrativo do Estado de Santa Catarina.

Esse aumento é justificado por muitos comerciantes como uma alternativa

hoje mais viável, já que o centro de Florianópolis tem hoje o m² mais caro, além da

questão da falta de mobilidade urbana como também a dificuldade de

estacionamento. Apontam ainda que a SC- 401 facilita o acesso por ser uma via

duplicada, e por estar próxima ao centro.

Por sua vez a procura por um ponto ou sala comercial ao longo da SC-401 fez

com que ocorresse em 2002 uma valorização de 2.000%, conforme reportagem do

Diário Catarinense de 16/02/2013. “Se, em 2002, o metro quadrado de um terreno

custava R$ 70, em 2007 passou a valer até R$ 600 e hoje, está por até R$ 1,5 mil”.

Ao entrevistar vários estabelecimentos, os que responderam: Quanto você

paga de aluguel por mês? Percebe-se que o aluguel pode varias de 800 reais por

mês, no caso de uma borracharia, até 10 mil por mês em um grande

estabelecimento. Tendência que vem acompanhando essa valorização do m² na

rodovia.

A construção de grandes empreendimentos com salas comerciais aumentam

a cada dia. A SC- 401 hoje tem vários prédios ao longo de sua via sendo o ParqTec

Alfa (próximo a entrada do João Paulo) o primeiro “Polo Tecnológico de Florianópolis

conquistara seu primeiro parque tecnológico em 1993” (XAVIER, 2010, p.105). Mais

recentemente surgiu o Techno Tower (Os mesmo proprietários do “Casa e Desing

3 http://www.pmf.sc.gov.br/sites/planodiretor/?cms=a+importancia+do+novo+plano+diretor ,

acessado em maio de 2015.

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Shopping” também na SC-401); o grande empreendimento do momento feito pela

Construtora CFL4, Square Corporate, no trevo de Cacupé. O Corporate Park na

entrada de Santo Antônio de Lisboa é outro empreendimento com varias salas

comercial já construído. Fora outros que estão em obras ao longo da SC-401. A

própria ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia) esse ano levou sua sede

também para a SC-401. Assim como o SEBRAE que vem fazendo parecerias em

cursos e palestras nesta área do setor tecnológico. Aos poucos muitas empresas

ligadas a esse setor estão indo nessa direção e se estabelecendo nesse novo

corredor econômico.

A figura 2 ilustra os principais empreendimentos com salas comerciais

destinados, principalmente as empresas de tecnologia.

Figura 2: Prédios Comerciais voltados para empresas de Tecnologia na SC-401 FONTE: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2012/06/sc-401-na-capital-vira-

polo-de-empresas-de-tecnologia-3794594.html, acessado em junho de 2012.

Próximo a Canasvieiras no final da SC-401, o Sapiens Parque é outro polo de

atração, com 4 milhões e meio de m² o maior espaço destinado a esse setor, que

tem como objetivo implantar e desenvolver um parque tecnológico e de inovação, ou

4 http://www.sc401.com.br/?gclid=CLjRptOj1sYCFYeRHwoduWIPVg , acessado em maio de

2015.

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seja, um Centro de Empresarial de Sedes de Empresas de Tecnologias.

Investimentos como a arena multiusos e a ida de grandes empresas como a

SOFTPLAN são uma das grandes apostas para fazer do parque uma referencia no

setor de tecnologia.

Mais recentemente a ACATE5 anunciou que foi aprovado pelo BNDES um

investimento de 10 milhões de reais para um novo prédio no Sapiens Parque, tendo

como objetivo ser sede de 10 companhias.

3-Polo Tecnológico em Florianópolis

As empresas de tecnologia vêm desenvolvendo um papel importante em

Florianópolis, não apenas por trazer uma boa participação da arrecadação de ISS

(Imposto sobre serviço), onde no ano de 2007 foi o terceiro maior, Figura 3,

perdendo apenas para o setor de “serviço” e de “intermediação financeira”. Cujo

“valor aproximou-se de 10 milhões em 2008” (XAVIER, 2010, p.27).

Figura 3: Setores que mais contribuirão para o ISS

5https://www.acate.com.br/noticia/acate-apresenta-novo-programa-do-bndes-para-apoiar-inovacao-em-florianopolis, acessado julho de 2015.

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FONTE: Jornal Diário Catarinense (16/11/2008)

Florianópolis é um dos três principais polos tecnológicos de Santa Catarina,

assim como Blumenau e Joinville. Juntos eles somam “50,3% das empresas e

59,6% dos empregos do setor. De acordo com dados da Secretaria de Estado da

Fazenda de Santa Catarina, relativos a 2007, o setor de tecnologia representa 6,2%

do valor adicionado fiscal do estado” (SEBRAE, 2010, p.09).

Em entrevista com o diretor de inovação da Fundação CERTI6, José Eduardo

Fiates, ele descreve a relevância das empresas de tecnologia hoje onde participam

de 20% do PIB de Florianópolis, e 3% do PIB de Santa Catarina.

Florianópolis é a região que mais emprega pessoas nesse setor da economia,

conforme a Figura 4. O fato de Florianópolis se destacar é atribuído a alguns

fatores: o surgimento na década de 1960 de um curso de engenharia na

Universidade Federal de Santa Catarina bem estruturada que deu suporte para

implementar uma política voltada para esse setor na década de 1970. Os Cursos

técnicos oferecidos pela Escola Técnica, hoje IFSC (Instituto Federal de Santa

Catarina) foram também importante para formação de profissionais na área de TI

(Tecnologia da Informação). Como também a participação dos laboratórios de

algumas estatais como a CELESC e a ELETROSUL.

Figura 4: Número de empregados no setor de tecnologia-2008 FONTE: SEBRAE, 2010, P.13.

6 Data da entrevista: 11/06/2015.

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Historicamente o setor tecnológico ganha força com as políticas nacionais a

partir da década de 70, através dos PNDs (Planos Nacionais de Desenvolvimento),

as indústrias “eletrônica de base e a eletrônica digital seriam priorizadas para o

desenvolvimento no país com vistas ao atendimento dos sistemas integrados de

comunicação e informática” (VIEIRA, 1996, p.18).

Mas é nos anos de 1980 onde o setor de Florianópolis ganha novos

estímulos,

“o prefeito Edison Andrino de Oliveira já havia captado a potencialidade da indústria limpa de tecnologia como uma alternativa de desenvolvimento socioeconômico sustentável para a capital, tornando-se um dos apoiadores da criação do Polo Tecnológico. O governador do Estado, Esperidião Amim, compartilhou da mesma visão” (XAVIER, 2010, p.82).

Em 1980 o complexo industrial de informática é implantado na Trindade onde

se instalaram a “Incubadora Empresarial Tecnológica e o Condomínio Industrial de

Informática” (XAVIER, 2010, p.101). Mas só na década de 1990 ganha o Parque

Tecnológico Alfa ao longo da SC-401. E em 2001 ocorre a celebração do acordo de

cooperação entre a CERTI e o Governo do Estado de SC para o desenvolvimento

do Sapiens Parque.

Os incentivos nesse setor tecnológico é uma alternativa viável em

Florianópolis por apresentar uma alta porcentagem de pessoas com nível superior e

com pós graduação, conforme aponta um estudo divulgado na Revista Exame de

novembro de 2014, feito pela Endeavor (uma organização internacional) :

“O setor de tecnologia tornou-se o maior pagador de impostos ao município. Hoje, reúne 600 empresas que mantêm 6000 empregos e devem faturar 1,3 bilhões de reais este ano. “Tecnologia não é mais uma opção para Florianópolis”, diz o prefeito Cézar Souza Junior. “É uma necessidade”” (Revista Exame, 26/11/2914, p.38 e 39).

Um estudo feito pelo SEBRAE em 2010 já dava indícios de bom faturamento

do setor tecnológico, pois, além de apresentar os melhores salários, figura 5, entre

os anos de 2005 e 2009, “o salto no faturamento do setor de tecnologia foi de 55%.

“A tecnologia possui alto valor agregado e que exige capacitação dos funcionários, o

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que eleva a faixa salarial, distribuindo melhor as riquezas entre a população”” (Jornal

ND, 24/03/2012, p.02).

Figura 5: Salário médio do trabalhador no setor de tecnologia-2008 FONTE: SEBRAE, 2010, P.15.

Outra vantagem do setor tecnológico é que precisa de pouco espaço para

trabalhar, e com isso cresce o número de salas comerciais em Florianópolis

motivando também o setor imobiliário, como uma forma de investimento frente a

necessidade da economia local. Essas empresas são indústria de ideias, fabricas de

produção sem chaminé, não precisam de estradas para levar o seu produto, basta

uma boa conexão de internet para atingir o mundo e conquistar novos mercados.

Ao analisar essas mudanças do mercado econômico de Florianópolis cabe

destacar uma passagem do livro “Os Centros Urbanos: a maior invenção da

humanidade”, quando o autor fala do desenvolvimento da tecnologia da informação

na Índia que:

“ainda é pobre, mas está crescendo a ritmo febril, e Bangalore, a quinta maior cidade indiana, está entre os maiores sucessos do subcontinente. A riqueza de Bangalore não vem de sua força industrial (embora ainda produza muitos têxteis), mas de sua força como cidade de ideias” (GLAESER, 2011,p.07)

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As cidades estão despontando em toda a parte “têm sido os motores da

inovação desde a época de Platão e Sócrates discutindo em um mercado ateniense.

As ruas de Florença nos deram o Renascimento, e as ruas de Birmingham nos

deram a Revolução Industrial” (GLAESER, 2011, p.03), elas concentram pessoas e

trazem ideias, seduzem à muitos com a esperança de acender financeiramente.

Esse movimento de êxodo do campo para a cidade vem ocorrendo ao longo da

história das civilizações, e se acentuando, conforme vão evoluindo os meios de

produção de uma sociedade.

Bibliografia

BASTOS, José Messias. Urbanização, comércio e pequena produção mesrcantil pesqueira na Ilha de Santa Catarina. In: SANTOS, Mauricio A. dos. Ensaios sobre Santa Catarina. Florianópolis: Ed Letras Contemporâneas, 2000. CAMPOS, Nazareno José de. Terras Comunais na Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: FCC Ed./Ed. Da UFSC, 1991. GLAESER, Edward L. Os centros urbanos: a maior intervenção da humanidade: como as cidades nos tornam mais ricos, inteligentes, saudáveis e felizes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. LEAL, Ana L.; BARROS, Daniel. “Aqui Vale a Pena Empreender: Florianópolis é a melhor cidade do Brasil para a criação de empresas, segundo um estudo inédito sobre empreendedorismo, conheça suas vantagens e lições”. In: REVISTA EXAME. Edição 1078- Ano 48- Nº 22- 26/11/2014 PELUSO JR, Victor Antônio. Estudo de Geografia Urbana de Santa Catarina. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 1991. SEBRAE/ SC. Santa Catarina em números: tecnologia- SEBRAE/ SC. Florianópolis: SEBRAE/ SC, 2010. SUGAI, Maria Inês. As intervenções-viárias e as transformações do espaço urbano: a via de contorno Norte-Ilha. Dissertação apresentada à faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1994. VIEIRA, Sheila. Indústria de Alta Tecnologia: reflexos da reserva de mercado e do neoliberalismo em Florianópolis. Florianópolis: Imprensa Universitária da UFSC, 1996. XAVIER, Mário. Polo Tecnológico de Florianópolis: origem e desenvolvimento. Florianópolis: Insular, 2010. JORNAIS: Jornal Diário Catarinense (16/11/2008) Jornal ND, 24/03/2012 SITES:

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http://www.pmf.sc.gov.br/sites/planodiretor/?cms=a+importancia+do+novo+plano+diretor, acessado em maio de 2015. https://www.acate.com.br/noticia/acate-apresenta-novo-programa-do-bndes-para-apoiar-inovacao-em-florianopolis, acessado em junho de 2012. http://www.sc401.com.br/?gclid=CLjRptOj1sYCFYeRHwoduWIPVg, acessado em maio

de 2015. http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2012/06/sc-401-na-capital-vira-polo-de-empresas-de-tecnologia-3794594.html, , acessado julho de 2015.