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A D IVERSIDADE DA G EOGRAFIA B RASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 907 ESTUDO SOBRE A EXPANSÃO URBANA E DAS PRAÇAS PÚBLICAS EM UBIRATÃ ENTRE 2006 E 2013 MAURÍCIO ESCALDELAI FERNANDES 1 FÁBIO RODRIGUES DA COSTA 2 RESUMO: Nos últimos anos a cidade de Ubiratã tem passado por um processo acelerado de expansão urbana com o surgimento de novos loteamentos. Ao se criar um loteamento - conforme a legislação vigente - deve ser reservada área para a construção de equipamentos urbanos e comunitários dentre os quais as praças. Com base no exposto, o presente estudo tem como objetivo principal estudar a expansão urbana e a distribuição espacial das praças públicas em Ubiratã. A metodologia utilizada consta no levantamento bibliográfico e análise de legislação referente ao assunto, visitas a campo com o intuito de analisar a infraestrutura existente e realização de entrevistas com 1% da população urbana nos diversos bairros. Os resultados encontrados oferecem subsídios para melhorar as praças de Ubiratã com a finalidade de atender toda a população. Palavras-chave: Espaço urbano, Expansão urbana, Praças públicas. ABSTRACT: Recently, Ubiratã has been an accelerated process of urban expansion with the emergence of new allotment. To creat a new allotment according to civic legislation should be reserved areas for construction of urban and community spaces, like squares. Based on the above, this work aims to study the urban expansion and the spacial distribuition of public squares in Ubiratã. To develop this work, it was used the literature and law analysis related with the subject, field visits to analyze the infrastructure interviewing about 1% of the urban population in different neighborhoods. The results of this work helps to improve the square areas to serve better the Ubiratã population. Keywords: urban space, urban expansion, public squares. 1 Introdução Na cidade de Ubiratã existem inúmeras praças públicas conforme demonstrou o estudo realizado por Fernandes (2012), entretanto estas não estão distribuídas de forma homogênea pelo espaço urbano. Assim, o intuito da presente pesquisa é investigar a expansão urbana e se existem propostas de implantação de praças nos novos loteamentos com o intuito de descentralizá-las para atender a toda a população da cidade e não somente às pessoas que residem na área central. A construção de espaços públicos - no qual se incluem as praças - consta nas leis acerca dos loteamentos urbanos no qual parte da área deve ser reservada para a construção de equipamentos comunitários tais como escolas, postos de saúde e 1 Especialista em Geografia pela Universidade Estadual do Paraná em 2014. 2 Docente do curso de Geografia da Universidade Estadual do Paraná Campus de Campo Mourão

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ESTUDO SOBRE A EXPANSÃO URBANA E DAS PRAÇAS PÚBLICAS EM UBIRATÃ ENTRE 2006 E 2013

MAURÍCIO ESCALDELAI FERNANDES1

FÁBIO RODRIGUES DA COSTA2

RESUMO: Nos últimos anos a cidade de Ubiratã tem passado por um processo acelerado de expansão urbana com o surgimento de novos loteamentos. Ao se criar um loteamento - conforme a legislação vigente - deve ser reservada área para a construção de equipamentos urbanos e comunitários dentre os quais as praças. Com base no exposto, o presente estudo tem como objetivo principal estudar a expansão urbana e a distribuição espacial das praças públicas em Ubiratã. A metodologia utilizada consta no levantamento bibliográfico e análise de legislação referente ao assunto, visitas a campo com o intuito de analisar a infraestrutura existente e realização de entrevistas com 1% da população urbana nos diversos bairros. Os resultados encontrados oferecem subsídios para melhorar as praças de Ubiratã com a finalidade de atender toda a população. Palavras-chave: Espaço urbano, Expansão urbana, Praças públicas.

ABSTRACT: Recently, Ubiratã has been an accelerated process of urban expansion with the emergence of new allotment. To creat a new allotment – according to civic legislation – should be reserved areas for construction of urban and community spaces, like squares. Based on the above, this work aims to study the urban expansion and the spacial distribuition of public squares in Ubiratã. To develop this work, it was used the literature and law analysis related with the subject, field visits to analyze the infrastructure interviewing about 1% of the urban population in different neighborhoods. The results of this work helps to improve the square areas to serve better the Ubiratã population. Keywords: urban space, urban expansion, public squares.

1 – Introdução

Na cidade de Ubiratã existem inúmeras praças públicas conforme demonstrou

o estudo realizado por Fernandes (2012), entretanto estas não estão distribuídas de

forma homogênea pelo espaço urbano. Assim, o intuito da presente pesquisa é

investigar a expansão urbana e se existem propostas de implantação de praças nos

novos loteamentos com o intuito de descentralizá-las para atender a toda a

população da cidade e não somente às pessoas que residem na área central.

A construção de espaços públicos - no qual se incluem as praças - consta nas

leis acerca dos loteamentos urbanos no qual parte da área deve ser reservada para

a construção de equipamentos comunitários tais como escolas, postos de saúde e

1 Especialista em Geografia pela Universidade Estadual do Paraná em 2014.

2 Docente do curso de Geografia da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão

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praças. No entanto, nem sempre o que consta nas leis é realizado efetivamente na

prática.

Assim, o problema central que norteia o desenvolvimento da pesquisa é saber

se nos novos loteamentos existem praças públicas voltadas para atender as

necessidades da população? E quanto às praças já existentes no município, será

que estão em condições adequadas?

O objetivo geral é estudar a distribuição espacial das praças públicas em

Ubiratã e se existem praças nos loteamentos recentemente implantados. Os

objetivos específicos estabelecidos foram: i) verificar se foram implantadas praças

nos novos loteamentos; ii) avaliar a espacialização das praças e; iii) verificar o uso

das praças pela população.

Através da aquisição e análise das informações será possível ao poder

público municipal à tomada de decisões, auxiliando no planejamento; bem como na

melhoria das condições de infraestrutura das praças existentes, visto que a praça é

para muitos a única fonte de lazer. A pesquisa também contribuirá com futuros

estudos que tratem sobre os espaços públicos urbanos em Ubiratã.

2 - Área objeto de estudo

A cidade de Ubiratã está localizada na Mesorregião Centro Ocidental

Paranaense e é a sede do município. Tem como coordenadas geográficas de

referência 24º32’43’’latitude Sul e 52º59’16’’ longitude Oeste conforme figura 01.

Possui uma área territorial de 655,14 km² e uma densidade demográfica de 32,41

habitantes por km².

Conforme contagem populacional realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatísticas – IBGE, a população do município era de 21.558

habitantes dos quais 85,34% residiam na área urbana. A população estimada em

2014 é de 21.916 habitantes o que representa uma pequena taxa de crescimento

positiva em relação à 2010.

A economia é baseada na agropecuária, com destaque para a produção da

soja, do milho e criação de aves. No espaço urbano “[...] esta é uma cidade

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essencialmente voltada ao comércio e à prestação de serviços, predominando micro

empresas com uma média de 6,09 empregados por empresa” (CARVALHO, 2008).

Figura 1: Localização do município de Ubiratã Organização: Fernandes (2014)

3 - As praças públicas no espaço urbano

Antes de definir qual a importância das praças públicas no espaço urbano, é

preciso definir o que é o espaço urbano. Na definição de Corrêa (2000) é um espaço

fragmentado, articulado, reflexo, condicionante social, cheio de símbolos e campo de

lutas sendo um produto social resultado das ações acumuladas através do tempo e

engendradas por agentes que produzem e consomem espaço. Minaki (2007) pontua

que no atual raciocínio mercadológico capitalista, a produção do urbano implica

necessariamente na ocupação das áreas disponíveis e na maximização dos usos

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em função da tendência ao aumento do preço do solo urbano, resultando na falta de

espaços livres de edificações, em consequência da lógica da produção capitalista.

O fenômeno do crescimento acelerado da população urbana é denominado

de superurbanização, e este é normalmente acompanhado por desequilíbrios no

mercado de trabalho, distorções na distribuição de renda, déficits de infraestrutura

social e outros problemas que afligem a maioria dos países em desenvolvimento

(TOLOSA, 1978).

O rápido processo de urbanização vivenciado no Brasil a partir do século XX

esteve ligado ao aumento das taxas de crescimento natural (diminuição do índice de

mortalidade) e a migração rural-urbana pelas questões estruturais vividas no campo,

como o processo de concentração fundiária (SPÓSITO, 2005).

Com o constante aumento das áreas urbanizadas no país é possível notar a

falta de áreas nas cidades para atender funções como saúde, educação e lazer

(MINAKI, 2007). Em razão da alta densidade populacional, a vida na cidade não

pode prescindir de infraestrutura, equipamentos e serviços urbanos para oferecer

qualidade de vida para seus habitantes.

Uma das consequências da falta de planejamento urbano, conforme Arfelli

(2007), é uma política habitacional que gera uma ocupação desordenada do solo

urbano degradando as cidades e gerando deficiências nas áreas de equipamentos

comunitários, serviços sociais, assistência sanitária e nas área de saúde e

educação, além da redução das áreas verdes e de lazer como jardins e praças.

As praças e áreas livres para lazer possuem funções, em princípio, atreladas

aos conceitos de lazer, mas por se inserirem no contexto urbano como ambiente

construído, passam a incorporar outros significados como elementos de ligação

entre setores da cidade, referenciais de localização ou histórico-culturais, impacto

visual, saneamento e conforto ambiental (ORTH, 2000).

No Brasil as primeiras praças que também eram denominados de adro ou

largo e tinham por função o lazer e surgiram ao entorno da igreja católica e eram

utilizadas para inúmeros eventos ligados a religiosidade (RIBEIRO, 2010). Na

atualidade, segundo Fernandes (2012), as praças possuem grande importância no

ambiente urbano uma vez que são locais de convívio social, localizadas em espaços

livres e públicos tendo como principal função o lazer.

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É importante destacar que as praças públicas representam uma célula no espaço urbano, constituindo importante referencial para muitos indivíduos. Cercadas de encontros e desencontros, as praças envolvem muitas gerações e representam diferentes momentos da história da cidade desde o início da sua formação até os dias atuais. (BOVO, 2009, p. 46).

As praças são elementos imprescindíveis no ambiente urbano gerando bem

estar à população, pois influenciam diretamente na saúde física e mental dos

usuários (ORTH, 2000). Conforme os estudos realizados por Costa (2008) as praças

desempenham no ambiente urbano as funções ecológica e ambiental, porque com a

presença da vegetação e do solo permeável existe uma contribuição para a

infiltração da água da chuva, diminuindo a impermeabilização do solo e melhorando

o clima e equilibrando a temperatura, reduzindo as ilhas de calor e a incidência

solar.

A praça também desempenha uma função estética ligada ao embelezamento

das cidades ao diversificar a paisagem tornando-a agradável aos olhos de quem a

vê, além da função social promovendo o convívio entre as pessoas. As funções das

praças variam conforme sua localização.

Em áreas centrais, a praça é a alternativa naturalista para a amenização das condições climáticas, da qualidade do ar e insolação. Além de espaço destinado ao lazer, serve também como espaço articulador e centralizador da circulação de pedestres. Também servem como pontos integradores dos meios de transporte coletivo de algumas cidades. Nas áreas habitacionais, a praça se consolida como área de lazer servindo para a convivência das pessoas. A chamada praça de bairro atrai os moradores das proximidades, que a frequentam a fim de desfrutar de momentos de tranquilidade em áreas arborizadas e ajardinadas. (GONÇALVES et al, 2013, p. 8).

Na compreensão de Fernandes (2012) mesmo com todas as opções de lazer

que concorrem com o uso das praças públicas estas continuam a ser por excelência

um importante espaço livre e público disponível a toda a sociedade, principalmente

nas pequenas cidades do interior do Brasil onde não existem variadas opções de

lazer.

No final do século XX, as praças passam por um esvaziamento relacionado

ao surgimento de outras formas de lazer, principalmente nos grandes centros

urbanos pela disseminação de novos padrões de consumo ditados pelos Shoppings

Center que são os locais de lazer e encontro em grandes cidades, bem como a

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televisão e a internet que tem contribuído para que as pessoas frequentem cada vez

menos os espaços públicos como as praças (JANESCH, 2009).

Como alternativas para atrair a população de volta às praças, estas passam

por uma remodelação tendo múltiplos usos e funções com a implantação de

corredores de circulação de pedestres e o retorno do comércio com a instalação de

lanchonetes, quiosques, mercados, camelôs e feiras livres.

Com relação aos equipamentos comunitários, trata-se dos equipamentos

públicos de educação, cultura, saúde, lazer e similares como as praças e as escolas,

já os equipamentos urbanos são os equipamentos públicos de abastecimento de

água, serviços de esgoto, energia elétrica, coleta de águas pluviais, rede telefônica e

gás canalizados sendo que estas áreas deverão ser transferidas para o município

(REGISTRO DE LOTEAMENTOS URBANOS, 2011).

Os percentuais a serem reservados para a construção destes equipamentos

comunitários são definidos por lei. Conforme a lei federal 6766/79 essas áreas

devem ser de 35% da área do loteamento. Em Ubiratã, 5% no mínimo serão

reservadas para equipamentos comunitários e 5% da área da gleba para áreas

verdes, independente da porcentagem que as ruas ou vias de circulação ocuparem

da área total do loteamento, a localização destas serão definidas pela prefeitura

municipal por ocasião do pedido de diretrizes, podendo estas áreas serem

descontínuas (LEI MUNICIPAL, 2105/2014).

4 - Metodologia

Para a realização da pesquisa foram adotados os seguintes procedimentos

metodológicos: levantamento bibliográfico sobre o tema, análise de legislação

referente ao assunto, análise da documentação referente aos loteamentos e visitas a

campo com o intuito de analisar a infraestrutura disponível.

Inicialmente foi realizado um levantamento de materiais bibliográficos: teses,

dissertações, livros, artigos, revistas, jornais e textos eletrônicos relacionados à

infraestrutura em loteamentos urbanos, com o objetivo de buscar fundamentação

teórica para a sustentação da pesquisa e também o levantamento de legislação

referente a loteamentos urbanos. Na sequência foram levantadas informações sobre

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o processo de construção e ocupação do espaço urbano de Ubiratã, por meio dos

planos diretores do município, lei orgânica municipal e documentos oficiais que

tratem do assunto.

Com o intuito de verificar o uso das praças por parte da população foram

aplicados questionários com 1% da população urbana de Ubiratã, totalizando 183

questionários distribuídos nas diversas áreas da cidade. Para se verificar a

implantação das praças e qual a infraestrutura destas nos novos loteamentos bem

como a espacialização destas pelo perímetro urbano da cidade foram realizadas

visitas a campo.

5 - Expansão urbana e espacialização das praças em Ubiratã

O município de Ubiratã passou nos últimos anos por um processo acelerado

de expansão urbana com a aprovação de inúmeros loteamentos (conforme quadro

1) inclusive muitos destes já estão sendo ocupados. Entre janeiro de 2006 até

janeiro de 2013 foram aprovados a construção de 1628 lotes em 14 loteamentos.

(Secretaria de Obras e Engenharia, 2014).

Quadro 1 - Loteamentos urbanos implantados em Ubiratã 2006-2013

Ano Data aprovação

Nome loteamento Número de lotes

Espacia- lização

2006 04/08/2006 Condomínio Jardim das Paineiras

150 1

2008 08/02/2008 Jardim Primavera I 59 2

2008 27/03/2008 Jardim Itaipu 42 3

2009 13/02/2009 Loteamento Porto Seguro I 32 4

2009 10/07/2009 Loteamento Porto Seguro II 36 5

2010 30/06/2010 Jardim Tropical 206 6

2010 17/06/2010 Parque dos Ipês 392 7

2011 07/06/2011 Residencial Parque das Flores 269 8

2011 01/08/2011 Jardim Primavera II 78 9

2011 27/06/2011 Loteamento Porto Seguro III 100 10

2012 12/11/2012 Loteamento João Paulo II 50 11

2012 12/11/2012 Jardim Paraíso 49 12

2013 10/01/2013 Loteamento Imperial 52 13

2013 10/01/2013 Jardim Tropical I 113 14 Fonte: Secretaria de Obras e Engenharia do município de Ubiratã

Organização: FERNANDES, Maurício Escaldelai, 2014

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Os motivos para a expansão urbana em Ubiratã estão relacionados

principalmente a três fatores: i) mobilidade da população do campo para a cidade, ii)

diversificação da economia, iii) políticas públicas de habitação. A mobilidade da

população do campo para a cidade está ligada inicialmente ao processo de

modernização da agricultura e ao predomínio de grandes propriedades no campo,

ocasionando a contínua saída de pessoas da área rural para a cidade. Outro

aspecto que contribuiu para a expansão urbana foi a diversificação no ciclo

econômico que anteriormente estava pautado na soja e no milho e agora conta com

a avicultura e a construção do abatedouro de aves que emprega inúmeras pessoas.

As políticas públicas desencadeadas pelo governo federal - com destaque para o

programa Minha Casa Minha Vida ofereceram condições para que a população de

menor renda pudesse adquirir uma casa - também contribuiram efetivamente para a

expansão urbana juntamente com o maior número de financiamentos oferecidos

pelo sistema bancário. Com relação às praças localizadas no perímetro urbano de

Ubiratã existem 13 que visam proporcionar lazer para a população conforme o

quadro 2.

Quadro 2 - Praças Urbanas de Ubiratã

Espacialização Nome da Praça Ano de Criação

I Praça Dona Rosa Pipino 1975

II Praça 31 de Março 1975

III Praça Pio XII 1975

IV Praça da Fé 1975

V Praça 4 de Novembro 1975

VI Praça Vereador Horácio José Ribeiro

1975

VII Praça Sol 1991

VIII Praça Raimundo Soares do Nascimento

1991

IX Praça da Produção 2002

X Praça Emílio de Menezes 2002

XI Praça dos Pioneiros 2002

XII Praça Tupã 2002

XIII Praça da Família 2013 Fonte: Pesquisa realizada pelo autor em 2014

Organização: FERNANDES, Maurício Escaldelai, 2014

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As praças urbanas de Ubiratã estão em sua maioria localizadas nas áreas

centrais da cidade conforme podemos observar na figura 2, sendo que algumas

destas estão muito próximas uma das outras fazendo com que algumas áreas da

cidade tenham duas praças e outras localidades não possuam nenhuma. Esta

disparidade faz com que parte da população tenha que se deslocar do seu

respectivo bairro para poder utilizar as praças públicas.

Outro aspecto que merece destaque é o tamanho das praças, algumas destas

são tão pequenas que não é possível a instalação de equipamentos e infraestruturas

para o uso da população, tal como a praça Raimundo Soares do Nascimento que

durante esta pesquisa observou-se que não passa de um pequeno espaço com

vegetação.

Figura 2: Localização das Praças no perímetro urbano de Ubiratã

Fonte: Prefeitura municipal de Ubiratã Organização: Fernandes (2014)

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Em Ubiratã as praças estão em sua maioria bem estruturadas e

conservadas, inclusive foram revitalizadas pela prefeitura através do setor

responsável, entretanto nem todas apresentam equipamentos e infraestruturas para

o uso da população, sendo este um dos aspectos que não atraem grande público.

Conforme informações obtidas junto à secretaria de Obras e Engenharia do

município de Ubiratã, está aprovado o projeto para a construção de uma praça no

Jardim Panorama, a Praça Japão, bem como estão em fase de execução de projeto

a revitalização da Praça Pio XII, localizada na área central, mas que não possui

atrativos para o uso da população.

Os loteamentos implantados no período pós 2006 estão distribuídos em

diferentes áreas da cidade em locais que antes eram vazios urbanos (áreas ociosas

em meio ao espaço urbano), ou em áreas antes ocupadas pelo espaço rural. Os

novos loteamentos estão localizados predominantemente na área sudoeste da

cidade. A proposta existente para a construção de praça pública não contempla os

novos loteamentos uma vez que a área escolhida para a construção da Praça Japão

se localiza no Jardim Panorama - um bairro antigo da cidade. Desta forma, os

moradores destas localidades não terão a sua disposição praças para seu uso uma

vez que ainda não existem propostas para a construção nestas áreas.

6 – Considerações finais

As praças são importantes espaços públicos de socialização e lazer urbano

utilizadas pela população, principalmente em cidades onde não existem variadas

opções de lazer. Por lei é obrigatório à reserva de parte da área do loteamento para

a construção de áreas institucionais e, entre estas, as praças, cabendo à prefeitura

definir em que local será instalada.

Em Ubiratã a presente pesquisa constatou boa quantidade de praças, além

do parque e dos equipamentos para atividades físicas existente no espaço urbano.

Entretanto estão mal distribuídos pelo espaço privilegiando a área central da cidade.

O Poder público tem investidos na área de lazer com a construção do parque

do lago e de academias ao ar livre para a prática de exercícios físicos espalhadas

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em várias localidades, além da existência de projetos para a revitalização da Praça

Pio XII e do Parque Ênio Pipino que no momento não oferece atrativos para o seu

uso uma vez que é apenas uma área de bosque sem infraestrutura ou equipamentos

que promova seu uso. Espera-se que com a revitalização possa se tornar um local

atrativo para a população.

Não foi encontrada nenhuma proposta por parte do poder público para a

instalação de praças nas áreas que estão sendo loteadas recentemente. Por isso se

recomenda que com o aumento da ocupação destas áreas o município deve estudar

a possibilidade de implantação de praças nos espaços em que foram destinados

para o município pelo loteador durante o processo de aprovação do loteamento.

A falta de segurança é um dos motivos da não frequência da população às

praças, assim como a distância. Desta forma o município deve investir em

segurança para os usuários e na melhor espacialização das praças.

7 – Referências ARFELLI, Amauri Chaves, Áreas Verdes e de lazer considerações para sua compreensão e definição na atividade urbanística de parcelamento do solo. Disponível em: <http://www.justitia.com.br/artigos/3d0b6b.pdf > Acesso em: 13 Mar. 2014. BOVO, Marcos Clair. Áreas Verdes urbanas, Imagem e Uso: um estudo geográfico sobre a cidade de Maringá-PR. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente, 2009. CARVALHO, Selene Cotrim Ribeiro; SPERANÇA, Alceu; SPERANÇA, Regina. Ubiratã: História e Memória. Ubiratã: Edição do autor, 2008. COSTA, Silvia Kimo. Percepção ambiental e revitalização: as praças do bairro Salobrinho, Ilhéus, Bahia. Dissertação ( Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) - Universidade Estadual de Santa Cruz. Ilhéus, 2008. FERNANDES, Maurício Escaldelai. Análise das estruturas e equipamentos das praças urbanas de Ubiratã (PR) . Monografia (Bacharelado em Geografia) - Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão. Campo Mourão, 2012. GONÇALVES, Felipe Sobczynski, et al . As praças que a gente viu! As praças que a gente quer! Disponível em: < http://www.cbce.org.br/cd/resumos/295.pdf>. Acesso em 05 de Set. de 2013.

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JANESCH, Zuleide Maria. Análise das Praças Centrais da Cidade de Rolândia – PR. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) - Universidade Estadual de Maringá-UEM. Maringá, 2009. Lei federal 6766/79. Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6766.htm> Acesso em: 14 Jan. 2015. Lei municipal 2105/2014. Altera o inciso II do Art. 10 da Lei Municipal nº 1901/2011, que dispõe sobre o parcelamento do solo para fins urbanos no município de Ubiratã e dá outras providências. Disponível em : <http://www.controlemunicipal.com.br/inga/sistema/arquivos/46/090514104237_lei_2105_pdf.pdf > Acesso em :14 Jan.2015. MINAKI, Mônica As praças públicas de Araçatuba/SP: A análise de um indicador da qualidade ambiental urbana, Dissertação (Mestrado em Geografia) Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente, 2007. GOIÁS. Ministério Público. Centro de apoio operacional do meio ambiente e Urbanismo. REGISTRO DE LOTEAMENTOS URBANOS: Orientações Básicas. Goiás, 2011. Disponível em: < http://www.mpgo.mp.br/portal/arquivos/2013/04/03/14 _43_16_73_orientacoes_basicas_registro_loteamentos.pdf >. Acesso em: 14 Jan. 2015. RIBEIRO, Zenilda Lopes. As praças como espaço de lazer em Sorriso/MT. Anais do XVI Encontro Nacional dos Geógrafos. Disponível em : <http://www.agb.org.br/evento/download.php?idTrabalho=1100 > Acesso em : 20 Mai. 2014 SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e urbanização. São Paulo: Contexto, 2005. TOLOSA, Hamilton C. Política urbana e redistribuição de renda. In: TOLEDO, Ana Helena Pompeu de; CAVALCANTI, Marly (org). Planejamento urbano em debate. São Paulo: Cortez & Moraes, 1978.