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jorge-dos-santos-valpacos
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artigo pedagógico
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Modificabilidade Cognitiva Estrutural (MCE)
Os seres humanos so vistos como indivduos que tm a propenso nica para
modificar-se ou para ser modificado nas estruturas de seu funcionamento cognitivo,
medida que eles respondem s demandas de mudana de situaes de vida. Mudanas
ocorrem em resposta a estmulos externos e condies internas. A mudana estrutural
quando a mudana de uma parte afeta o todo ao qual pertence; quando o processo de
mudana modificado no seu ritmo, amplitude e direo; quando a mudana produzida
perpetuada refletindo autonomia, natureza auto-regulatria. Diz-se que a MCE ocorre
quando as mudanas so caracterizadas por um determinado grau de permanncia,
profundidade e quando so generalizadas. Os seres humanos so vistos como sistemas
abertos, acessveis a mudanas durante seu tempo de vida, correspondendo s condies
de mediao, desde que a interveno seja apropriadamente direcionada (em quantidade e
qualidade) necessidade do indivduo.
Experincia de Aprendizagem Mediada (EAM)
O desenvolvimento cognitivo acontece atravs de uma interao do indivduo e o meio
ambiente. Desta forma, a interao afetada por determinadas caractersticas do organismo
(incluindo aquelas de hereditariedade, maturao e similares) e qualidades do meio
ambiente (oportunidades de educao, status socioeconmico, experincia cultural, contatos
emocionais com outros significantes). A interao do organismo e o meio ambiente pode
CONFERNCIA MASTER
"A Experincia de Aprendizagem Mediada: Um Salto para a
Modificabilidade Cognitiva Estrutural"
Reuven Feuerstein Israel
acontecer como uma experincia direta de aprendizado, imediatamente posterior
exposio direta estimulao, e atravs de uma experincia mediada de aprendizagem
que requer a presena e a atividade de um ser humano para filtrar, selecionar, interpretar e
elaborar aquilo que foi experimentado. A EAM sustenta que os fatos ambientais e aqueles
relacionados ao organismo so determinantes distais do desenvolvimento cognitivo
(causando respostas diferenciadas em relao ao meio ambiente), enquanto a EAM constitui
o determinante proximal que influencia o desenvolvimento cognitivo estrutural e o potencial
da adaptabilidade e da modificabilidade atravs da experincia.
Uma mediao inadequada, direcionada a funes cognitivas, nas fases de entrada,
processo e sada do ato mental, no desenvolve, enfraquece ou fragiliza a contribuio para
a aprendizagem e para o comportamento cognitivo.
Para que a EAM acontea, um ser humano, intencionalmente, deve colocar-se entre o
estmulo e a resposta do aprendiz, com a inteno de mediar o estmulo ou a resposta do
aprendiz. Isto mediao no sentido de que a situao (estmulos e respostas) modificada
pela intensidade da qualidade, pelo contexto, pela freqncia e pela ordem e, ao mesmo
tempo, desperta, no indivduo, a vigilncia, a conscincia e a sensibilidade. A experincia de
interao pode ter a qualidade de repetir ou de eliminar vrios estmulos, relacionando
eventos no tempo ou no espao, ou imbuindo a experincia de significado.
A EAM requer a presena de trs parmetros que so o objeto de ateno deliberada
por parte do mediador: Intencionalidade e Reciprocidade, Transcendncia e Significado.
Alm disso, as variveis situacionais, no "encontro" (mediador e mediado) apresentam
oportunidade para mediar com outros importantes parmetros de experincia.
Regulao e controle do comportamento, sentimentos de competncia, diferenciaes
psicolgicas e individualizao, comportamento partilhado, persecuo de objetivos,
planejamento de objetivos e o comportamento para que se possa atingir objetivos,
competncia/novidade/complexidade, automudana, escolha otimista de alternativas e
sentimentos de pertencer a algo todos esses parmetros oferecem oportunidade ao
mediador de fazer escolhas planejadas e sistemticas para explorar o potencial de mediao
em situaes para encorajar o funcionamento cognitivo e estimular a modificabilidade.
O processo de mediao vai alm de uma simples e orientada tarefa de um produto,
de uma orientao de aprendizagem, objetiva tornar o indivduo capaz de agir
independentemente de situaes especficas, e isso torna o aprendiz capaz de se adaptar s
novas dimenses com as quais ele ir se defrontar.
A EAM afeta, de maneira significativa, a capacidade do indivduo de ser modificado
estruturalmente atravs da exposio direta a estmulos. Quanto mais o indivduo adquire a
EAM, maiores sero os benefcios adquiridos por aquela pessoa em funo da exposio
direta ao aprendizado; quanto menos EAM for recebida, menos uma pessoa estar apta a
aprender a partir da exposio direta e menos adaptvel o indivduo ser. Esta uma parte
central da estrutura e da aplicao de LPAD como uma metodologia de avaliao.
Funes Cognitivas Deficientes
Uma mediao inadequada, direcionada a funes cognitivas, nas fases de entrada,
processo e sada do ato mental, no desenvolve, enfraquece ou fragiliza a contribuio para
a aprendizagem e para o comportamento cognitivo.
Estas deficincias no necessariamente aparecem in totum como um repertrio
completo de caractersticas cognitivas do indivduo que apresenta baixo funcionamento (por
exemplo, os que so privados de cultura, os deficientes em aprendizagem, etc).
Determinadas deficincias podem aparecer num determinado indivduo enquanto que em
outros podem estar ausentes. De maneiras diferentes, indivduos diferentes iro necessitar
de maior ou menor investimento numa dada funo ao invs de outra e sero mais ou
menos resistentes a mudanas, de acordo com o perfil de modificabilidade que emerge do
processo de avaliao. A presena de uma funo cognitiva deficiente, o equilbrio entre
deficincias e funes bem estabelecidas e/ou que possam ser modificadas, e sua evidncia
no perfil do indivduo, iro determinar a natureza da interveno, de acordo com a
quantidade de resistncia encontrada e a extenso do investimento que se faz necessrio
para venc-la.
As funes cognitivas deficientes podem ser analisadas medida em que se
manifestam nas trs fases do ato mental: a fase de entrada, a fase de elaborao e a fase
de sada. As fases de entrada e sada podem ser descritas como perifricas quando
comparadas fase de elaborao, que se constitui no ncleo do ato mental. Esta orientao
estabelece uma conexo de funes deficientes e fases do ato mental e ajuda a definir os
fatores especficos que esto prejudicando o trmino da tarefa com sucesso, sugerindo tipos
de estratgias para correo. Embora esta diviso seja artificial, de certa maneira (no sentido
de que a atividade mental entre as fases indivisvel), ela ajuda tanto no diagnstico quanto
na prescrio. As interaes de duas ou mais fases so de vital significado para o
entendimento da profundidade da deficincia cognitiva. Uma dimenso adicional o fator
afetivo-motivacional tem um efeito significativo nas trs fases do ato mental.
O Mapa Cognitivo
Para entender a origem da deficincia cognitiva, faz-se necessria uma anlise das
caractersticas da tarefa para a qual o indivduo foi convidado a responder. A anlise feita
com a ajuda do mapa cognitivo no qual elementos crticos requerem do indivduo respostas
relevantes para o que solicitado nas tarefas. Os componentes da tarefa interagem com as
funes cognitivas na elaborao e na produo de respostas que podem ser adequadas,
apropriadas, facilitando o aprendizado e a soluo de problemas, ou combinadas, o que
poder gerar falha, inadequao ou ineficincia de desempenho.
O mapa cognitivo inclui sete parmetros atravs dos quais pode-se analisar uma
tarefa: contedo, modalidade, fase, operao, nvel de complexidade, nvel de abstrao e
nvel de eficincia. As tarefas, assim, requerem domnio de elementos que, por sua vez,
requerem funes cognitivas adequadas para que o pensamento eficiente acontea num
processo orientado.
Objetivos do Programa de Enriquecimento Instrumental
Inmeros objetivos podem servir como normas na seleo e na produo de tarefas a
serem includas em programas projetados para desenvolver processos cognitivos,
comportamento para soluo de problemas, raciocnio criativo, raciocnio crtico, modos
filosficos de pensar, ou mesmo o pensamento lateral (como est presente no Programa De
Bono). Para se beneficiar de qualquer programa, os alunos devem ter a capacidade de
aprender a partir de experincias, quer essas experincias sejam intencionalmente
produzidas para desenvolver o raciocnio que venham a emergir de circunstncias informais
s quais os indivduos podem ser expostos em sua vida cotidiana. A capacidade para
aprender no pode ser considerada como algo universalmente e igualmente presente em
todos os indivduos. Algumas pessoas se beneficiam de cada exposio, seja ela acidental
ou incidental, no importa o quo organizada seja a experincia, ou se ela no significa uma
situao de aprendizado. Outros tm uma capacidade extremamente limitada de se
beneficiar destas oportunidades de aprendizado. Estes indivduos so expostos a
experincias, so confrontados com muitas e freqentemente poderosas fontes de estmulo,
e, no entanto, so muito pouco afetados por elas. Para os aprendizes que esto em
desvantagem, no o suficiente disponibilizar esses estmulos; eles precisam ajudar para
que os estmulos se tornem acessveis a eles.
Estes indivduos necessitam de ampliar o nmero de encontros com estmulos, para
que possam se tornar modificados e possam adquirir mais experincia a partir desta
exposio. Eles devem se tornar mais flexveis para que as suas formas anteriores de
raciocnio e o esquema estabelecido possam interagir com os novos dados, atravs de
novas formas de perceb-los, novas maneiras de elabor-los, e maneiras novas e mais
adequadas de responder a eles. Atravs deste processo de assimilao do novo e do mais
complexo, e de ser modificado justamente por meio deste processo de assimilao em
direo a uma melhor acomodao nova situao, eles se tornaro mais aptos a se
beneficiarem da experincia.
Sem o aumento do processo de assimilao e acomodao, a simples apresentao
de dados afetar muito pouco a populao de indivduos de baixo funcionamento. Em outras
palavras, o objetivo principal de um programa que visa enriquecer indivduos de baixo
funcionamento ser o de torn-los permeveis ao programa, atravs da criao, nesses
indivduos, de pr-requisitos para o aprendizado, que o aumento de sua modificabilidade.
Para este fim, inmeros subobjetivos tornam-se necessrios. Estes subobjetivos devem
guiar a construo do programa e a seleo de seus materiais e contedo. Mais ainda, eles
devem ser considerados na elaborao didtica e tcnica do programa, que guiar a
interao do professor (transformado em mediador) e o aprendiz (transformado em
mediado). Na subseo que segue, apresentaremos os seis subobjetivos que escolhemos
como base para o Programa de Enriquecimento Instrumental, cujo objetivo principal
capacitar indivduos a aprender melhor o que lhes est sendo oferecido pela vida ou pela
educao.
Subobjetivos do Programa de Enriquecimento Instrumental
Correo de Funes Cognitivas Deficientes
O que apresentamos como pr-requisitos de aprendizado definimos neste momento
como objetivos. O objetivo mais importante est direcionado para a correo de funes
deficientes que caracterizem o indivduo que tem problemas de aprendizado e
modificabilidade reduzida. Este objetivo requer que o programa tanto seja projetado quanto
aplicado de maneira implcita, na forma em que as tarefas so estruturadas, e de maneira
explcita, na forma em que as tarefas so apresentadas. O programa , portanto, projetado
para corrigir aquelas funes cognitivas deficientes, que so responsveis pela reduzida
propenso do indivduo para a aprendizagem.
Aquisio do Repertrio de Pr-requisitos
O segundo subobjetivo o de preparar os alunos de maneira sistemtica e intencional
com os pr-requisitos informacionais, padres verbais, tipos de relaes e modos de
operao que eles necessitam para fazer os exerccios.
Produo de Generalizao e Transferncia
O terceiro subobjetivo construir, no prprio programa, uma propenso
generalizao e transferncia, como uma dimenso do processo de aprendizagem. Este
subobjetivo, o mais negligenciado em muitos outros programas, atingido, principalmente,
atravs do insight. O insight capacita o aprendiz a reconhecer que as funes que se
aplicam numa dada tarefa so relevantes e podem ser aplicadas em outras. O insight ,
tambm, orientado para a descoberta (atravs de um processo de auto-reflexo) dos tipos
de modificaes produzidas na prpria estrutura cognitiva de uma pessoa atravs da
exposio a determinadas experincias. Estas sero a fonte de novas estratgias que
podem ser aplicadas a outras situaes.
Desenvolvimento da Motivao Intrnseca
O desenvolvimento de um sistema motivacional intrnseco o quarto subobjetivo que
no deve ser esquecido durante o desenvolvimento de programas para o aprendiz que
apresenta desvantagem. Esta motivao intrnseca se faz necessria para assegurar que o
aprendiz ir aplicar aquelas regras, princpios, estratgias e conjuntos aprendidos, mais os
comportamentos para soluo de problemas em situaes nas quais no existe uma
solicitao explcita para que se aja dessa forma, como na sala de aula (em particular), ou
em situaes da prpria vida (em geral).
Desenvolvimento de Motivao Intrnseca voltada para Tarefas
A criao de uma motivao intrnseca voltada para tarefas requer a produo de tipos
de tarefas que iro motivar o aprendiz em desvantagem e estimular a prontido para agir em
resposta ao apelo da prpria tarefa. Para que seja estimulante, o Enriquecimento
Instrumental torna estas tarefas acessveis aos que esto aprendendo, oferecendo-lhes a
mediao necessria, cuidadosamente monitorada com relao a necessidades individuais,
para ajud-los a terem sucesso. Quando os alunos alcanam o sucesso, o mediador deixa
que trabalhem de maneira independente.
Modificao no Papel do Aprendiz
O sexto subobjetivo, provavelmente o mais importante para que se possa lidar com os
alunos que esto em desvantagem, criar um sentimento de no serem apenas
reprodutores passivos de unidades de informao que lhes so oferecidas como algo pronto,
mas como pessoas que so convocadas a gerar novas informaes que no existiriam sem
a sua contribuio direta.
R.F. de MLE para SCM