63
UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ABC CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES: TEORIA E PRÁTICA DO SISTEMA APLICADO À EMPRESAS DE SERVIÇOS Elaine Cristina de Souza Niterói 2000

A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ABC

CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES: TEORIA E PRÁTICA DO SISTEMA

APLICADO À EMPRESAS DE SERVIÇOS

Elaine Cristina de Souza

Niterói

2000

Page 2: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

2

ELAINE CRISTINA DE SOUZA

ABC

CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES: TEORIA E PRÁTICA DO SISTEMA

APLICADO À EMPRESAS DE SERVIÇOS

Monografia apresentada como exigência

final da disciplina Trabalho de Fim de

Curso II e do Curso de Ciências

Contábeis.

Orientador: Manoel Severino de Jesus

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

NITERÓI

Page 3: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

3

Souza, Elaine Cristina de

ABC Custeio Baseado em Atividades: Teoria e Prática do Sistema

Aplicado à Empresas de Serviços. Elaine Cristina de Souza – Rio de

Janeiro, 2000.

Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) – Universidade Federal

Fluminense, Centro de Estudos Sociais, 2000.

Orientador: Manoel Severino de Jesus.

1. 2. 3. I. Jesus, Manoel Severino

de (orient.) II.Universidade Federal Fluminense. Centro de Estudos

Sociais. III Título.

Page 4: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

4

A minha mãe, Beatriz, mulher que me inspira todos

os dias a continuar lutando pelos meus ideais.

A minha irmã, Sônia Regina, por ter sido firme nos

momentos em que precisei de firmeza e amiga

quando precisei de um ombro.

Page 5: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

5

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Manoel Severino de Jesus, pela orientação na elaboração desta monografia.

Ao Professor Juanito Ornelas de Avelar, pela revisão do texto.

Aos colegas de trabalho, pelo material fornecido e elucidação de questões.

A todos que, de alguma forma, contribuíram na elaboração desta monografia.

Page 6: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

6

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. 08

LISTA DE TABELAS............................................................................................. 09

CAPÍTULO 1 - CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES – ABC ................. 11

1.1 O CONCEITO DE CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES - ABC............ 11

1.1.1 Os Componentes do Modelo ABC ...................................................... 12

1.1.2 O Conceito de Atividades..................................................................... 13

1.1.3 Atribuindo Custos às Atividades.......................................................... 15

1.1.4 Identificação e Seleção dos Direcionadores de Custo.......................... 17

1.1.5 Atribuindo Custos ao Exemplo Apresentado........................................ 19

1.1.6 Atribuição dos Custos das Atividades aos Produtos............................. 22

1.2 ABC VERSUS OUTROS SISTEMAS DE CUSTEIO E GESTÃO.................. 27

1.2.1 TQM – Qualidade Total........................................................................ 27

1.2.2 Custeio Tradicional............................................................................... 28

1.2.3 Tratamento dos Custos Fixos................................................................ 30

1.3 PRINCÍPIOS DO ABM – GESTÃO BASEADA EM CUSTEIO POR

ATIVIDADES..........................................................................................

31

1.3.1 Diversos Usos do ABM........................................................................ 32

1.3.2 Atividades que não Agregam Valor...................................................... 33

1.3.3 Gerenciamento Estratégico baseado na Atividade: Clientes................ 35

CAPÍTULO 2 – CUSTEIO ABC APLICADO À EMPRESAS DE

SERVIÇOS.............................................................................................................

38

2.1 O CONCEITO DE SERVIÇOS.................................................................. 38

2.2 ABC NO SETOR DE SERVIÇOS.............................................................. 39

2.2.1 Mudando o Ambiente Competitivo...................................................... 42

2.2.2 Empresas de Serviço: um Ambiente Complexo para o Custeio de

Produtos e Serviços...............................................................................

43

2.2.3 Demanda de Custos de Produtos e Clientes para Empresas de

Serviços.................................................................................................

46

2.2.3.1 Gerenciar Produtos e Clientes............................................................... 46

2.2.3.2 Configurar a Cadeia de Prestação de Serviço ao Cliente...................... 49

Page 7: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

7

2.2.3.3 Orçando o Suprimento de Recursos da Organização............................ 51

2.3 ESTUDO DE CASO: O CASO DA EMPRESA HERZ................................. 52

2.3.1 Histórico da Empresa............................................................................ 52

2.3.2 A Implantação do Modelo ABC........................................................... 53

2.3.3 As Impropriedades Detectadas............................................................. 54

2.3.4 As Mudanças......................................................................................... 54

2.3.5 As Vantagens e as Desvantagens Detectadas pela Herz....................... 55

2.3.6 Relação Custo x Benefício.................................................................... 55

2.3.7 Trabalhando o Estudo de Caso: A relação entre Teoria e Prática......... 56

CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DO ABC................. 58

3.1 PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO ABC........................................................ 58

3.2 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO......................................................... 58

CONCLUSÃO......................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 62

Page 8: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

1.1.1 Atividades............................................................................................. 13

1.2.3.1 Custeio Tradicional............................................................................... 30

1.2.3.2 Custeio por ABC................................................................................... 31

1.3.2.1 Atividades que não Agregam Valor ..................................................... 33

Page 9: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

9

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

1.1.2 Levantamento das Atividades Relevantes dos Departamentos............. 15

1.1.5.1 Quadro de Volume, Preço Unitário e Tempo de Produção Total......... 19

1.1.5.2 Custos Diretos por Unidade.................................................................. 19

1.1.5.3 Custos Indiretos e Despesas.................................................................. 20

1.1.5.4 Mapa de Rateio dos CIF aos Departamentos de Produção................... 20

1.1.5.5 Levantamento dos Custos das Atividades............................................. 22

1.1.6.1 Levantamento dos Direcionadores de Atividades................................. 23

1.1.6.2 Direcionadores de Custos das Atividades............................................. 24

1.1.6.3 Custos Unitários.................................................................................... 25

1.1.6.4 Quadro Resumo – Departamentalização com ABC.............................. 25

1.1.6.5 Demonstração do Resultado................................................................. 26

1.2.1 ABC vs. Qualidade Total...................................................................... 28

1.3.2.2 Visão Tradicional vs. Visão ABC......................................................... 35

Page 10: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

10

Introdução

Os sistemas de custeio, hoje chamados tradicionais, que se baseiam no volume,

foram criados para empresas que competiam no mercado com base em estratégias de

redução de custos de produtos fabricados em grande escala para estoques. Estes sistemas

apropriam os custos indiretos com base em dados diretamente ligados ao volume de

produção, tal como horas de mão-de-obra direta.

Entretanto, há alguns anos, percebeu-se que tais sistemas distorciam o custo dos

produtos e dificultavam a gestão e mensuração de atividades de produção, à medida que as

empresas evoluíram para a produção de enorme variedade de produtos, em termos de tipos,

modelos, acabamentos e especificações, para atender às exigências dos clientes. Não

bastando isso, as empresas ainda tinham que competir mediante estratégias de melhor

qualidade, menor tempo de produção e entrega, além de uma agressiva redução de custos.

A percepção de que esses sistemas não supriam todas as necessidades da empresa

nasceu do novo enfoque que se passou a adotar, segundo o qual são as atividades para

produzir que consomem recursos, e os produtos consomem, por conseguinte, as atividades.

A partir do desempenho das atividades inicia-se o consumo de recursos. É então,

com o objetivo de discriminar as atividades que adicionam o valor e as que não adicionam

nenhum valor aos produtos, que este desempenho deve ser observado e analisado

cuidadosamente. As atividades são desempenhadas em resposta à necessidade de desenhar,

produzir, comercializar e distribuir os produtos de acordo com a real demanda dos clientes

e são elas que devem fazer parte dos objetivos de observação, coleta, registro e análise de

um sistema de custeio. E é exatamente esse pressuposto que permeia o sistema de custeio

baseado em atividades.

Este trabalho tem como objetivo contribuir para o entendimento conceitual e o

desenvolvimento do sistema de custeio baseado em atividades, a partir de um estudo de

caso que demonstra de forma real como uma empresa de serviços implementou o sistema e

os resultados por ela obtidos.

Page 11: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

11

CAPÍTULO 1

CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES – ABC

1.1 O CONCEITO DE CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES – ABC

“...o novo paradigma para a produção não é a automação,

robotização, ou até mesmo qualquer uma das tecnologias

orientadas para o uso de computadores,(...). O novo paradigma já

ganhou um título reconhecido mundialmente: ‘Filosofia de

Excelência Empresarial’ ou ‘Manufaturadora de Classe

Mundial’.”

Masayuki Nakagawa

A filosofia do modelo ABC, segundo os contadores públicos Capasso, Granda e

Smolje (1999), consiste em que as atividades da organização devem ser o centro de

análises e controles: as atividades são as que consomem recursos, e os produtos utilizam as

atividades. Este sistema de custeio estabelece uma relação concreta entre os custos

indiretos e os produtos, de maneira que possa representar, por exemplo, qual o percentual

da superfície da planta industrial é empregada num produto e, em conseqüência, alocar esta

mesma porção dos custos derivados da planta a seu custo unitário. O resultado de tudo isso

é uma alocação equilibrada de custos.

Segundo Ching (1997), o ABC é um método de rastrear os custos de um negócio ou

departamento para as atividades realizadas e de verificar como estas atividades estão

relacionadas para a geração de receitas e consumo dos recursos, e ainda avalia o valor que

cada atividade agrega para a performance do negócio ou departamento. Mas para que se

entenda melhor o conceito de ABC, Ching recomenda antes que se conheça o conceito de

atividades, que segundo ele está caracterizada pelo consumo de recursos para produzir um

output produto ou serviço.

Page 12: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

12

Outra conceituação do modelo ABC é dada por Cogan (1995), que diz que este

modelo procura atribuir aos produtos individuais a parcela de despesas indiretas consumida

por cada um deles, além das despesas diretas que já incidem normalmente sobre os

mesmos. Utiliza então o sistema bases de distribuição que procuram refletir quanto dos

recursos consumidos incidem em cada produto.

Martins (1998) escreve em sua obra que o ABC procura reduzir as

distorções que são causadas pelo rateio dos custos indiretos através das formas que são

normalmente utilizadas. E mais: o sistema ABC pode ser utilizado também nos custos

diretos, não os afetando tão significativamente quanto aos custos indiretos, mas é

recomendável. O que o modelo faz é verdadeiramente dar um tratamento adequado aos

custos indiretos de fabricação(CIF), pois devido a grande diversidade de produtos e

modelos fabricados, o que antes era tolerado, ou seja, alocações de CIF arbitrárias e

subjetivas, atualmente trariam enormes distorções no custo e preço dos produtos.

1.1.1 - Os Componentes do Modelo ABC

Ching (1997), classifica os componentes do ABC assim:

Entrada – é o que dá início a uma atividade, o que a dispara, como por exemplo as

informações, os pedidos de compra e os pedidos de venda.

Atividade – pode ser definida como aquilo que as pessoas ou sistemas fazem.

Recursos – entrada física de elementos requeridos para se efetuar uma atividade. São

exemplos de recursos: pessoas, tecnologia, instalações.

Saída – é constituída pelo produto físico de uma atividade. Pode ser um produto ou

serviço.

Gerador de Custo – é um conjunto de fatores que têm influência direta no custo e na

execução das atividades.

Medida de Atividade – instrumento que estabelece a dimensão quantificável para a saída

de uma atividade. Descreve quantas vezes se efetuo uma atividade.

Processo – rede de atividades relacionadas e interdependentes.

Na figura 1.1.1, vemos os componentes do modelo ABC e podemos exemplificá-los

através da atividade “processar ordens de compra” do seguinte modo:

Page 13: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

13

FIGURA 1.1.1

Entrada – pode ser uma requisição de compra ou um plano mensal que dispara a

atividade “processar ordens de compras” para que ela ocorra.

Recursos – pessoal que executa a atividade, fornecedores.

Gerador de Custo – política interna da empresa que exige que se proceda desta

forma; número de partes que é necessário comprar.

Saída – ordem de compra emitida.

Medida de Atividade – número de ordens de compra emitidas.

Processo – esta atividade faz parte do processo de suprimentos.

1.1.2 O Conceito de Atividades

Ching (1997) em sua obra diz que a “ atividade pode ser definida como aquilo que

as pessoas/sistemas fazem.”

Os contadores Capasso, Granda e Smolje (1999) conceituam a atividade como

forma de se entender melhor o conceito de custeio ABC. Segundo eles, entende-se por

atividades um conjunto de tarefas coordenadas e combinadas, cujo fim é agregar valor a

um objeto mediante a aplicação de recursos durante a execução de seus processos. São

exemplos de atividades a manutenção, a preparação de um pedido, a estocagem, o

recebimento de matéria-prima, etc. Estas serão as verdadeiras unidades de interesse no

Figura 1.1.1 : in Ching (1997:55), “o entendimento das atividades é fundamental para o ABM.”

Page 14: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

14

modelo ABC. Nesta etapa, são estabelecidas as atividades relevantes, as quais se prestará

atenção especial como objetos de mensuração e avaliação.

Após a identificação das atividades, continuam os contadores Capasso, Granda e

Smolje, deve-se alocar a elas os custos de todos os insumos ou recursos empregados para

atingir seus fins. Esta aplicação dos custos indiretos ou gerais da empresa pode ser feita de

maneira precisa medindo o uso efetivo dos recursos que cada atividade consome. É

sempre preferível esta atribuição direta, porém no caso da alocação dos custos indiretos às

atividades, onde isso não é possível, cabe empregar alguma base de distribuição.

Deve-se estabelecer quais os objetivos cujos custos se deseja conhecer, que ajustam

o resultado do produto de diferentes atividades, tais como artigos para venda, clientes,

projetos, serviços, unidades de negócio, entre outras, também chamados de saídas.

Esta imputação, segundo os autores anteriormente citados, pode ser realizada de

forma direta ou mediante bases de alocação chamadas cost-drivers, ou direcionadores de

custos, que são unidades de mensuração do nível de operação de cada atividade

identificada previamente, estabelecendo uma quota por unidade de cost-driver, que logo se

aplica a cada unidade de venda. Dentro desta etapa se inclui o cálculo do custo unitário dos

produtos que se utilizam dos materiais e matérias-primas de forma direta, sem necessidade

de passar previamente pelas atividades. São exemplos de cost-drivers, unidades

produzidas, horas-máquina, horas de mão-de-obra direta, número de ordens de serviço

processadas, etc.

Segundo Martins (1998), uma atividade é uma combinação de recursos humanos,

materiais, tecnológicos e financeiros para se produzirem bens ou serviços. É composta por

um conjunto de tarefas necessárias ao se desempenho. As atividades são necessárias para a

concretização de um processo, que é uma cadeia de atividades correlatas, inter-

relacionadas.

O primeiro passo, para Martins (1998), é identificar as atividades relevantes dentro

de cada departamento, e se a empresa já possuir uma estrutura contábil que faça a

apropriação de custos por Centro de Custos, ou Centros de Trabalhos, Atividades, ou ainda

se cada Centro de Custos desenvolver uma atividade, serão necessárias apenas adaptações,

que serão importantes, mas o trabalho será bastante facilitado.

No exemplo dado por Martins (1998), admitiremos que foram selecionadas as

seguintes atividades relevantes:

Page 15: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

15

TABELA 1.1.2

Levantamento das Atividades Relevantes dos Departamentos

Departamentos Atividades

Compras Comprar Materiais

Desenvolver Fornecedores

Almoxarifado Receber Materiais

Movimentar Materiais

Administração da Produção Programar Produção

Controlar Produção

Corte e Costura Cortar

Costurar

Acabamento Acabar

Despachar Produtos

Depois de determinadas as atividades relevantes, é necessário atribuir o respectivo

custo e um direcionador.

1.1.3 Atribuindo Custos às Atividades

O custo de uma atividade, segundo Martins (1998), compreende todos os sacrifícios

de recursos necessários para desempenhá-la. Incluem-se aí os salários e encargos sociais,

materiais, depreciação, energia, uso de instalações, entre outros. Em alguns casos é

possível unir os itens de custos em um só, refletindo assim a natureza do gasto pelo seu

total. São exemplos:

Custo de Remuneração – salários, encargos e benefícios

Custo de Uso das Instalações – aluguel, imposto predial, água e luz

Custo de Comunicações – telefone, fax e correios

Custo das Viagens – passagens, locomoção, hotel e refeições

Em outros casos torna-se necessário o desmembramento de uma conta em diversas

subcontas, para evidenciar mais claramente os recursos utilizados pelas diversas atividades.

É exemplo disso a conta de Mão-de-Obra Indireta, que pode ser desmembrada para separar

as quantias gastas nas diferentes finalidades.

Ainda segundo Martins (1998), para se custear as atividades é necessário que se

conheça o razão geral da empresa. Geralmente são feitos também estudos da área de

engenharia, realizar entrevistas com os responsáveis pelos departamentos ou processos e

até com quem executa a atividade.

Page 16: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

16

Dependendo do grau de precisão que se deseja, as atividades podem ser divididas

em tarefas e estas em operações. Já um conjunto de atividades homogêneas

desempenhadas com a finalidade de atingir um fim específico constitui uma função, a

qual, normalmente, é desempenhada por um departamento.

O autor nos diz em sua obra que a atribuição de custos às atividades deve ser feita

da forma mais criteriosa possível, de acordo com a seguinte ordem de prioridade: alocação

direta, rastreamento e rateio.

A alocação direta se faz quando existe uma identificação clara, direta e objetiva de

certos itens de custos com certas atividades. Pode ocorrer com salários, depreciação,

viagens, material de consumo etc.

O rastreamento é uma alocação com base na identificação da relação de causa e

efeito entre a ocorrência da atividade e a geração dos custos. Essa relação é expressa

através de direcionadores de custos de primeiro estágio, também conhecidos como

direcionadores de custos de recursos (isto é: de recursos para as atividades). Alguns

exemplos desses direcionadores são: nº de empregados, área ocupada, tempo de mão-de-

obra (hora-homem), tempo de máquina (hora-máquina), quantidade de kwh, estimativa do

responsável pela área etc.

O rateio é realizado apenas quando não há a possibilidade de utilizar nem a alo-

cação direta nem o rastreamento.

Segundo Martins (1998) no que se refere ao processo de atribuição de custos às

atividades, podemos deduzir que a simples divisão de departamentos em centros de custos

já facilita este processo. Isto significa que, mesmo nos chamados “sistemas tradicionais de

custos”, a abertura dos departamentos em centros de custos já é uma evolução para se obter

maior grau de precisão, na medida em que identifica bases mais apropriadas de alocação,

principalmente se os centros de custos refletirem as atividades. Mas como nem sempre

num centro de custos se desenvolve uma atividade, isto é, os conceitos não são

necessariamente coincidentes, podem ocorrer três situações: um centro de custos executar

uma atividade; um centro de custos executar parte de uma atividade (tarefa); e um centro

de custos executar mais de uma atividade (pode ser uma função).

Portanto, devemos analisar a conveniência, ou não, de agregar dois ou mais centros

de custos ou de subdividir algum. Tudo vai depender do grau de precisão desejado, do

escopo do projeto ABC, da relação custo-benefício etc.

Para aplicar os conceitos do ABC em sua plenitude, segundo Martins, seria

Page 17: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

17

necessário, no segundo caso, reunir alguns centros de custos para termos uma atividade, e

no terceiro, desmembrar um centro de custos em suas várias atividades. Então o ideal é

reorganizar a Contabilidade de Custos, orientando os custos para as atividades. O ABC

trabalha com o conceito de centro de atividades.

Entretanto, quando o objetivo do ABC é apenas custear produtos, é possível

“aproximar” os conceitos de centro de custos e atividades, numa adaptação da teoria à

prática.

Algumas adaptações são necessárias: os departamentos ou centros de custos

auxiliares, isto é, os de suporte à produção, cujos custos possam ser diretamente alocados a

produtos, linhas ou famílias de produtos, podem não transitar pelos departamentos ou

centros de produção, indo diretamente para os produtos, linhas ou famílias. Também vale

aqui a observação: o objetivo é custear produtos e não outros objetos, como os processos.

Com relação às atividades de suporte cujos custos devam ser atribuídos a outras atividades

(por não poderem ser alocados diretamente aos produtos), a ordem de prioridade é a

mesma: alocação direta (às atividades), rastreamento e, em último caso, o rateio.

Portanto, quando o objetivo principal do ABC é custear produtos, um bom sistema

“tradicional” de custos, ou seja, bem departamentalizado e com boa separação dos centros

de custos, já pode atender, adequadamente, a estas duas primeiras etapas: identificação e

atribuição de custos às atividades relevantes. É possível, até, não haver diferenças

significativas entre o ABC e o sistema tradicional até este ponto.

Entretanto, a grande diferença, o que fará distinguir o Custeio Baseado em

Atividades do tradicional são as etapas finais.

1.1.4 Identificação e Seleção dos Direcionadores de Custos

A escolha dos direcionadores de custos, a grande diferença, é o que distingue o

ABC do sistema tradicional . Portanto, este é o grande desafio.

Segundo Martins (1998) “direcionador de custos é o fator que determina a

ocorrência de uma atividade”. As atividades exigem recursos para serem realizadas, então

entende-se que o direcionador é a verdadeira causa dos custos. Portanto, o direcionador de

custos deve refletir a causa básica da atividade e, conseqüentemente, da existência de seus

custos.

Faz-se necessária a distinção entre os dois tipos de direcionadores: os de primeiro

Page 18: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

18

estágio, também chamados de “direcionadores de recursos” e os de segundo estágio,

chamados “direcionadores de atividades”. Martins, em sua abordagem, descreve que o

primeiro identifica a maneira como as atividades consomem recursos e serve para custear

as atividades, ou seja, demonstra a relação entre os recursos gastos e as atividades.

As atividades, ao serem executadas, consomem recursos que devem ser alocados a

estas, seguindo a ordem já apresentada. Os direcionadores de recursos responderão às

seguintes perguntas: “o que é que determina ou influencia o uso deste recurso pelas

atividades?” Ou “como é que as atividades se utilizam deste recurso?”

Seguindo passo a passo o exemplo de Martins (1998): “Como a atividade Comprar

Materiais consome materiais de escritório?” A maneira como esta atividade se utiliza deste

recurso pode ser mensurada através das requisições feitas ao almoxarifado; assim, as

requisições de material identificam as quantidades utilizadas deste recurso (material de

escritório) para realizar aquela atividade (Comprar Materiais), O direcionador de recurso,

neste caso, é a quantidade necessária, e não as requisições; estas indicam o direcionador.

O segundo identifica a maneira como os produtos “consomem” atividades e serve

para custear produtos (ou outros custeamentos), ou seja, indica a relação entre atividades e

os produtos. Por exemplo, o número de inspeções feitas nas diferentes linhas de produto

define a proporção em que a atividade Inspecionar Produção foi consumida pelos produtos.

Por exemplo: “Como os produtos consomem a atividade Comprar Materiais?” O

número de pedidos e cotações emitidos para comprar um produto em relação ao número

total de cotações e pedidos indica a relação da atividade com aquele produto. Assim, o

direcionador desta atividade (Comprar Materiais) para os produtos é o número de pedidos

e cotações emitidos.

Para efeito de custeio de produtos, o direcionador deve ser o fator que determina ou

influencia a maneira como os produtos “consomem” (utilizam) as atividades. Assim, o

direcionador de custos será a base utilizada para atribuir os custos das atividades aos

produtos.

A distinção conceitual, prossegue Martins, entre direcionadores de recursos e

direcionadores de atividades (primeiro e segundo estágio) leva à distinção entre

direcionadores de custos e medidas de saída de atividades.

A quantidade de direcionadores com que se vai trabalhar depende do grau de

precisão desejado e da relação custo-benefício.

Os direcionadores variam de empresa para empresa, dependendo de como e porque

Page 19: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

19

as atividades são executadas.

1.1.5 Atribuindo Custos ao Exemplo Apresentado

Já definimos no exemplo dado no item I.II quais atividades são executadas pelos

departamentos. Assim, para custear tais atividades, devemos alocar a elas parte de cada

custo indireto dos departamentos, utilizando os “direcionadores de recursos”.

Nos quadros a seguir, temos a composição dos custos de cada departamento:

TABELA 1.1.5.1

Quadro de Volume, Preço Unitário e Tempo de Produção Total

Produto Volume de Produção

Mensal

Preço de Venda

(unit.)

($)

Tempo de Produção Total

Corte

Costura Acabamento

Camisetas 18000u 10,00 5400h 2700h

Vestidos 4200u 22,00 2940h 2520h

Calças 13000u 16,00 10400h 3900h

Total 18740h 9120h

TABELA 1.1.5.2

Custos Diretos por unidade ($)

Camisetas Vestidos Calças

Tecido 3,00 4,00 3,00

Aviamentos 0,25 0,75 0,50

MOD 0,50 1,00 0,75

Total 3,75 5,75 4,25

Page 20: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

20

TABELA 1.1.5.3

Custos Indiretos e Despesas

Custos Indiretos ($)

Aluguel 24.000

Energia Elétrica 42.000

Salários Pessoal Supervisão 25.000

Mão-de-obra Indireta 35.000

Depreciação 32.000

Material de Consumo 12.000

Seguros 20.000

Total 190.000

Despesas

Administrativas 50.000

Com Vendas 43.000

Comissões (5% de vendas) *24.020

Total 117.020

Supondo que toda a quantidade produzida foi vendida.

TABELA 1.1.5.4

Mapa de Rateio dos CIF aos Departamentos de Produção

Apoio Produção Total

Aluguel 4.200 4.600 4.200 6.000 5.000 24.000

Energia Elétrica 6.500 5.500 5.000 14.000 11.000 42.000

Salários Supervisão 3.900 3.350 5.250 7.000 5.500 25.000

Mão-de-Obra

Indireta

5.000 3.400 6.700 12.000 7.900 35.000

Depreciação 4.000 4.500 4.900 9.500 9.100 32.000

Material de

Consumo

2.000 1.000 1.800 4.200 3.000 12.000

Seguros 2.400 6.000 2.000 4.900 4.700 20.000

Subtotal 1 28.000 28.350 29.850 57.600 46.200 190.000

Rateio Compras (28.000) 6.000 5.000 9.500 7.500 0

Subtotal 2 0 34.350 34.850 67.100 53.700 190.000

Rateio

Almoxarifado

0 (34.350) 8.000 11.950 14.400 0

Subtotal 3 0 0 42.850 79.050 68.100 190.000

Rateio Adm.

Produção

0 0 (42.850) 23.950 18.900 0

Total Deptos. Prod. 0 0 0 103.000 87.000 190.000

Nº de horas

produtivas

18.740h 9.120h

Custo por hora 5,4963$/h 9,5395$/h

Page 21: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

21

Os direcionadores de recursos por nós escolhidos foram:

Aluguel — Área utilizada pelo pessoal e equipamentos necessários para executar as

tarefas que compõem a atividade. Trata-se de rastreamento, uma vez que a alocação direta

não é possível.

Energia Elétrica — Supondo que cada departamento possui um medidor de energia

elétrica, o valor alocado a eles é do consumo efetivo. Os departamentos de “Corte e

Costura” e “Acabamento” permitem um rastreamento com base nas horas-máquina

utilizadas por produto, através da segregação do tempo de corte e do tempo de costura..

Salários do Pessoal da Supervisão e Mão-de-obra Indireta — Estes CIF permitem

a alocação direta às atividades através da folha de pagamento, ou rastreamento através de

folhas de registro de tempo ou processo de entrevistas.

Depreciação — Também permite a alocação direta através da análise do

imobilizado, nos departamentos produtivos. Nos de apoio, há dificuldade maior de se

alocar tais custos diretamente às atividades devido ao maior número de bens do

imobilizado sendo utilizados e, principalmente, pelo fato de tais bens serem

compartilhados por várias atividades. Se não for possível tal identificação faz-se necessária

a utilização de rateio.

Material de Consumo — Permite a alocação direta às atividades através das

requisições de material.

Seguros — É necessário o rastreamento do seguro dos bens de cada departamento

para as atividades.

O sistema ABC recebe muitas críticas no sentido que este método de custeio não

elimina a figura do rateio dos custos. Há então que se fazer aqui distinção entre o “rateio” e

o “rastreamento”.

Explica, então, Martins que rateio é a alocação dos custos de forma altamente

arbitrária e subjetiva, como, por exemplo, o “rateio” dos custos dos departamentos de

produção para os produtos através de hora-máquina, inclusive os custos que não se

relacionam diretamente com as máquinas, tal como o aluguel. Os critérios de rateio não

necessariamente indicam a verdadeira relação dos custos com o produto ou atividade, o

que acaba por gerar grandes distorções, como acontece com o método de Custeio por

Absorção, com ou sem departamentalização.

Já o rastreamento, prossegue Martins, procura analisar a verdadeira relação entre o

custo e a atividade através do direcionador de recurso. Ou seja, procura identificar o que é

Page 22: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

22

que efetivamente gerou o custo de maneira racional e analítica de forma a dirimir as

possíveis distorções.

A grande diferença entre os critérios de rateio e os direcionadores de recursos é que

o segundo indica uma relação mais verdadeira, obtida através de estudos e pesquisas e não

são resultados de mera arbitrariedade e subjetivismo.

Assim, com base nos direcionadores de recursos definidos, podemos atribuir os

custos (recursos) alocados para cada departamento às suas respectivas atividades. Dessa

forma, o custo de cada atividade será composto pelos mesmos componentes do custo do

departamento.

Os custos das atividades são:

TABELA 1.1.5.5

Levantamento dos Custos das Atividades

Departamentos Atividades Custos

Compras Comprar Materiais 16.000

Desenvolver Fornecedores 12.000

Total 28.000

Almoxarifado Receber Materiais 12.350

Movimentar Materiais 16.000

Total 28.350

Adm. Produção Programar Produção 16.000

Controlar Produção 13.850

Total 29.850

Corte e Costura Cortar 29.000

Costurar 28.600

Total 57.600

Acabamento Acabar 14.000

Despachar Produtos 32.200

Total 46.200

1.1.6 Atribuição dos Custos das Atividades aos Produtos

Segundo Martins (1998), uma vez identificadas as atividades relevantes, seus

direcionadores de recursos e respectivos custos, a próxima etapa é custear os produtos.

Para isso, é necessário o levantamento da qualidade e quantidade de ocorrência dos

direcionadores de atividades por período e por produto.

Assim, os direcionadores que foram escolhidos para levar o custo das atividades

Page 23: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

23

para os produtos demonstram a “melhor” relação entre atividade e produto. Os

direcionadores escolhidos foram:

TABELA 1.1.6.1

Levantamento dos Direcionadores de Atividades

Departamentos Atividades Direcionadores

Compras Comprar Materiais nº de pedidos

Desenvolver Fornecedores nº de fornecedores

Almoxarifado Receber Materiais nº de recebimentos

Movimentar Materiais nº de requisições

Adm. Produção Programar Produção nº de produtos

Controlar Produção nº de lotes

Corte e Costura Cortar tempo de corte

Costurar tempo de costura

Acabamento Acabar tempo de acabamento

Despachar Produtos apontamento de tempo

Para a atividade Comprar Materiais, admitindo-se que os pedidos são homogêneos,

o direcionador a ser utilizado é o número de pedidos de compra de material. Há casos em

que os pedidos têm características muito diferentes uns dos outros, requerendo esforços

diferentes para a realização da atividade de comprar. Nestes casos, haveria que se procurar

outra medida de atividade, tal como o tempo gasto por pedido, já que o “número de

pedidos” não representaria o esforço requerido.

Já para a atividade Desenvolver Fornecedores, o direcionador escolhido foi o

número de fornecedores para cada item de material (que é facilmente identificável com o

produto). Assim, se um produto possui mais fornecedores do que outro, este produto

“recebe” mais custo desta atividade do que um produto que possua menos fornecedores.

Para a atividade Receber Materiais, o direcionador de custos é o número de

recebimentos, também de material facilmente identificável com os produtos (tecido e

aviamentos).

Por sua vez a atividade Movimentar Materiais será direcionada aos produtos

conforme o número de requisições do departamento produtivo ao Almoxarifado.

Programar a Produção será direcionada de acordo com o número de linhas de

produtos. No caso, chegou-se à conclusão de que a melhor medida de saída desta atividade

era o número de itens de produtos a programar. Como são três produtos, o custo da

Page 24: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

24

atividade será dividido em três partes iguais. Entendeu-se que o trabalho de programação

era o mesmo para qualquer item a ser produzido e que não dependia da quantidade.

Já a atividade Controlar a Produção terá como direcionador o número de lotes

produzidos. Admitiu-se que o esforço exigido desta atividade estava relacionado ao

número de lotes produzidos, portanto, a serem controlados.

Para as atividades Cortar, Costurar e Acabar, os direcionadores são os tempos

gastos em cada produto para que a atividade seja efetuada. No Quadro Volume, Preço

Unitário e Tempo Total, o tempo apresentado como utilizado pelos produtos no

departamento de Corte e Costura é o tempo total das atividades Cortar e Costurar. Após um

levantamento, foi estabelecido o tempo gasto em cada atividade.

Para a atividade de Despachar Produtos, foi efetuado um levantamento do tempo

gasto com os despachos através do preenchimento de um relatório do tempo gasto pelo

funcionário.

Estando os direcionadores definidos, apresentamos a seguir a quantidade de

direcionadores para cada produto:

TABELA 1.1.6.2

Direcionadores de Custos das Atividades

Camisetas Vestidos Calças Total

nº de pedidos de compra 150 400 200 750

nº de fornecedores 2 6 3 11

nº de recebimentos 150 400 200 750

nº de requisições 400 1.500 800 2.700

nº de produtos 1 1 1 3

nº de lotes 10 40 20 70

horas utilizadas para cortar 2.160 h 882 h 2.600 h 5.642 h

horas utilizadas para costurar 3.240 h 2.058 h 7.800 h 13.098 h

horas utilizadas para acabar 2.700 2.520 3.900 9.120

apontamento de tempo 25 h 50 h 25 h 100 h

Para calcular o custo do produto, Martins nos ensina os seguintes cálculos:

Custo Unitário do Direcionador = Custo da Atividade /Nº total de direcionadores

Custo da atividade atribuído ao produto = custo unitário do direcionador x nº de

direcionadores do produto

Custo da atividade por unidade de produto = Custo da Atividade atribuído ao

produto /Quantidade produzida

Page 25: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

25

Por exemplo, a atividade Comprar Materiais, para as camisetas, ficaria:

Custo unitário do direcionador = $16.000/750 = 21,3333 $/pedido

Custo unitário atribuído ao produto = 21,3333 $/pedido x 150 pedidos = $3.200

Custo da atividade por unidade de produto = $3.200/18.000 u = 0,1778 $/u

Abaixo, o quadro com os custos unitários:

TABELA 1.1.6.3

Custos Unitários

Camisetas Vestidos Calças

Comprar Materiais $0,1778 $2,0317 $0,3282

Desenvolver Fornecedores $0,1212 $1,5584 $0,2517

Receber Materiais $0,1372 $1,5683 $0,2533

Movimentar Materiais $0,1317 $2,1164 $0,3647

Programar Produção $0,2963 $1,2698 $0,4103

Controlar Produção $0,1099 $1,8844 $0,3044

Cortar $0,6168 $1,0794 $1,0280

Costurar $0,3930 $1,0699 $1,3101

Acabar $0,2303 $0,9211 $0,4605

Despachar Produtos $0,4472 $3,8333 $0.6192

Total $2.6614 $17.3328 $5.3305

O quadro-resumo fica:

TABELA 1.1.6.4

Quadro-resumo — Departamentalização com ABC

Camisetas Vestidos Calças

Custos Diretos $3,75 $5,75 $4,25

Custos Indiretos $2.66 $17.33 $5.33

Custo Total $6,41 $23,08 $9,58

Preço de Venda $10,00 $22.00 $16.00

Lucro Bruto Unitário $3,59 ($1,08) $6,42

Margem % 35,9% -4,9% 40,1%

Ordem de Lucratividade 2º 3º 1º

Os vestidos no rateio direto (sem departamentalização) apresentam maior margem

bruta, mas, com a departamentalização, passam para o segundo lugar, com pequena

diferença na margem bruta. Agora, com o ABC, passam a apresentar margem negativa!

Page 26: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

26

Este fenômeno, segundo Martins (1998) - produtos que se pensava serem lucrativos

com o custeio tradicional revelarem-se deficitários com o uso do ABC - é comum sempre

que ocorrerem os seguintes fatores: alta proporção de custos indiretos nas atividades de

apoio; e diversidade de produtos, notadamente no que se refere à complexidade e a

diferentes volumes de produção.

Nessas circunstâncias, os produtos mais complexos fabricados em baixos volumes

serão revelados, com o ABC, menos lucrativos do que o esperado. Inversamente, os

produtos mais simples, fabricados em altos volumes, apresentarão margens maiores. Isso

ocorre porque, nos chamados sistemas tradicionais de custeio, as bases de rateio -

geralmente medidas de volume - não refletem o real consumo de recursos pelos produtos.

Sendo os custos indiretos relativamente baixos e a produção padronizada, não

haverá diferenças significativas entre os métodos. Entretanto, acreditamos que o ABC dá

mais transparência à análise dos custos, além de outras vantagens. Por fim, só nos basta

elaborar a Demonstração do Resultado:

TABELA 1.1.6.5

Demonstração do Resultado

Camisetas Vestidos Calças Total

Vendas $180.000 $92.400 $208.000 $480.400

Custos dos Produtos Vendidos $115.406 $96.948 $124.546 $336.900

Tecido $54.000 $16.800 $39.000 $109.800

Aviamentos $4.500 $3.150 $6.500 $14.150

Mão-de-obra direta $9.000 $4.200 $9.750 $22.950

Subtotal Diretos $67.500 $24.150 $55.250 $146.900

Comprar Materiais $3.200 $8.533 $4.267 $16.000

Desenvolver Fornecedores $2.182 $6.545 $3.273 $12.000

Receber Materiais $2.470 $6.587 $3.293 $12.350

Movimentar Materiais $2.370 $8.889 $4.741 $16.000

Programar Produção $5.333 $5.333 $5.333 $16.000

Controlar Produção $1.979 $7.914 $3.957 $13.850

Cortar $11.102 $4.533 $13.364 $29.000

Costurar $7.075 $4.494 $17.032 $28.600

Acabar $4.145 $3.868 $5.987 $14.000

Despachar Produtos $16.100 $32.200

Subtotal Atividades (CIF) $47.906 $72.798 $69.296 $190.000

Lucro Bruto $64.594 ($4.548) $83.454 $143.500

Despesas Administrativas — $50.000

Despesas com Vendas — $67.020

Lucro Antes do IR — $26.480

Page 27: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

27

1.2 ABC VERSUS OUTROS SISTEMAS DE CUSTEIO E GESTÃO

Segundo Ching (1997), muitas técnicas de gestão empresarial surgiram nas últimas

duas décadas, como gerência por objetivo, orçamento base-zero, teoria da restrição,

círculos de qualidade, organização matricial. Algumas destas técnicas trouxeram

contribuições significativas para a administração das empresas, outras constituíram-se em

modismos que não se sustentaram, outras não foram utilizadas apropriadamente, porém

nenhuma delas conseguiu responder às necessidades de desempenho competitivo das

organizações.

Através das diferenças encontradas entre os sistemas de custeio e gerenciamento

das informações, estaremos analisando as vantagens e desvantagens do custeio ABC.

1.2.1 TQM - Qualidade Total

Na última década, apareceram a filosofia da Qualidade Total e as técnicas a ela

associadas, com conceitos e princípios nunca antes formulados, todos visando atender ao

cliente. Mais recentemente, destaca-se o ABC — Activity Based Costing — ou Custeio

Baseado em Atividades. Estas duas ferramentas de gestão têm algo em comum: ambas

almejam a melhoria da competitividade e da lucratividade das empresas.

Uma das perguntas que surgem com freqüência é se o custeio por atividades (ABC)

complementa um programa de Qualidade Total, ou se pode ser inserido no contexto da

Qualidade Total. Onde cabe implementar a Qualidade Total e onde cabe implementar

ABC/ABM? Eles são conflitantes?

O autor citado diz em sua obra que o princípio básico do ABC difere do princípio

da Qualidade Total, que é o da eliminação da especialização por função e departamento

estanques nas organizações. Passa-se a olhar a empresa horizontalmente, isto é, por

processo de negócio para dar respostas mais rápidas às exigências e necessidades dos

clientes.

Esta Tabela mostra as maiores diferenças entre ABC e Qualidade Total.

Page 28: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

28

TABELA 1.2.1

ABC QUALIDADE TOTAL

Eficácia: fazer as coisas certas Eficiência: fazer as coisas do jeito certo.

(Do the right things) (Do the things right)

Por que fazemos o que fazemos? Como podemos melhorar o que estamos

fazendo?

Por que estamos fazendo isto? Como reduzir o custo do que estamos

fazendo?

Mudança radical; recomeçar. Melhoria continua; continuar.

Revolução. Evolução.

Quebrar as regras existentes. Modificar as regras existentes.

1.2.2 Custeio Tradicional

Segundo Ching (1997), as empresas estão “fragmentadas” em departamentos

estanques, em áreas funcionais compartimentalizadas, em seções, e cada seção representa

um centro de custo. Sob cada centro de custo, estabelecemos categorias de custos

“administráveis” ou “controláveis”, como salários, ordenados, depreciação, despesa de

viagem, de representação, telefone, materiais diversos etc.

A somatória dos custos controláveis fornece a dimensão dos recursos que a

organização põe à disposição de cada seção. Subindo em direção ao topo da hierarquia

organizacional, temos a somatória dos custos de cada área funcional; a somatória dos

custos de cada área constitui o total dos recursos de cada departamento e, assim

sucessivamente, de cada gerência, de cada diretoria. Outra característica do enfoque

tradicional são os relatórios de acompanhamento de despesas: atual versus orçado. Isto é,

quanto se gastou este mês, este trimestre, este ano contra o que foi orçado no mesmo

período e, igualmente, no mesmo período do ano anterior.

A pergunta que se faz neste momento é: para que servem esses relatórios além de

fornecerem informação para a gerência ou diretoria? Que ações efetivas podem ser

tomadas?

A máxima que se pode estabelecer então é: se as despesas do centro custo estão

abaixo ou no nível do valor orçado, os custos estão sob controle! Esta máxima está

ultrapassada.

Page 29: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

29

Por que técnicas tradicionais não fornecem informações apropriadas para se

tomarem decisões? A maioria das ações tomadas pelos gerentes são de curto prazo, tanto

relativamente à visão quanto às conseqüências. O que significa isto?

Quando as despesas reais são superiores em relação ao valores orçados ou, pior

ainda, quando a empresa está tendo prejuízo, a alta administração fica em pânico e toma a

decisão de cortar todas as despesas de forma indiscriminada. Congela as contratações (e

muitas vezes demite funcionários), corta as despesas de propaganda, suspende as viagens

dos funcionários, reduz a verba de treinamento e pára os investimentos. Em algumas

empresas, chega-se ao ridículo do corte do cafezinho, da suspensão do pãozinho da

refeição dos trabalhadores e da autorização da chefia para se tirar cópia xerox.

As ações mencionadas têm efeito apenas a curto prazo, porém acarretam

conseqüências desastrosas a médio prazo. Têm em vista sair do sufoco e da pressão. Pode-

se, no entanto, indagar se esta é uma ação correta.

O relatório de variação das despesas reais versus despesas orçadas ignora a eficácia

e quase sempre encoraja o desperdício. Não é verdade absoluta que o chefe que teve as

despesas de seu centro de custo menores que o nível orçado foi o mais eficaz. Isto significa

somente que gastou menos. Não sabemos, porém, se perdeu oportunidades, se deixou de

alavancar negócios para a empresa apenas para não gastar mais e, assim, não estourar o

orçamento e ficar malvisto.

Pior ainda é o comportamento daquele que, para não ter seu orçamento reduzido no

ano seguinte, faz de tudo para gastar o orçamento previsto (mesmo que não haja

necessidade) e, assim, justificar a manutenção de igual valor orçamentário para o ano

seguinte.

A Demonstração de Lucros e Perdas não fornece nenhuma pista para se tomar uma

decisão correta. Quem se orienta por uma análise vertical de L&P para tomar ações

corretivas certamente incorrerá nos erros mencionados anteriormente. Uma análise vertical

só nos informa que determinada despesa representa um percentual sobre as vendas e que

pode estar melhor ou pior percentualmente do que no orçamento. E mais nada!

As técnicas apresentadas enfocam o problema erroneamente. O controle de custos

concentra-se nos custos resultantes, aqueles que aparecem nas demonstrações financeiras, e

não nos fatores que originam os custos. Os custos não são meramente incorridos

(espontâneos), eles são causados! E é nos fatores geradores de custos que os

Page 30: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

30

administradores deveriam concentrar suas atenções e não nos cafezinhos, cópias xerox etc.

1.2.3 Tratamento dos Custos Fixos

A visão tradicional é de que os custos de produção podem ser classificados em

custos variáveis, segundo o nível de produção, e custos fixos. Esta classificação depende

do horizonte de tempo assumido, porque mais custos fixos se tornam variáveis a longo

prazo. Quais são os tratamentos tradicionais de custeio?

Dois são os tratamentos tradicionais de custeio:

o custeio total ou por absorção em que os custos variáveis são atribuídos aos

produtos mais uma alocação dos custos fixos de produção. A lucratividade do produto

concentra-se na margem bruta: receita de venda menos custo variável menos custo fixo;

o custeio direto em que os custos variáveis são atribuídos aos produtos e os

custos fixos são tratados como custos do período. A lucratividade do produto concentra-se

na margem de contribuição: receita de venda menos custo variável.

Ambas as abordagens podem facilmente levar a empresa a uma tomada de decisão

que não seja em seu melhor interesse. A figura seguinte mostra as diferenças entre os

sistemas de custeio tradicionais e o ABC.

FIGURA 1.2.3.1

Departamento

Conta Conta Conta

Despesa do Período

Despesas em Lucros e Perdas

Custeio Tradicional

Page 31: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

31

FIGURA 1.2.3.2

1.3 PRINCÍPIOS DO ABM - GESTÃO BASEADA EM CUSTEIO POR ATIVIDADES

Afinal, o que é o ABM e qual sua relação com o ABC? O ABM, segundo Ching

(1997), é a abreviatura de Activity Based Management. A expressão Gestão Baseada em

Custeio por Atividades será a utilizada daqui em diante. Enquanto o ABC é o processo

técnico ou a mecânica para levantamento das atividades, rastreamento dos custos para as

atividades e condução dessas atividades para produtos, clientes; o ABM é um processo que

utiliza as informações geradas pelo ABC para gerenciar uma empresa ou um negócio.

Podemos então afirmar que um banco de dados (data base) de atividades é a

espinha dorsal, ou a base (fundamentos) do ABM.

Os princípios do ABM — Gestão Baseada em Custeio — são os seguintes:

os custos não são meramente incorridos, ou seja, não ocorrem espontaneamente,

eles são causados;

gerencie atividades, não recursos e custos. Esta é a principal diferença entre a

gestão tradicional de custos, em que o enfoque são os custos resultantes, e a gestão baseada

em custeio, em que o enfoque se desloca para as atividades;

Custeio por ABC

Page 32: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

32

focalize os fatores geradores de custos, aquilo que origina a demanda de consumo

de recursos. Tome atitudes (ações) para reduzir ou eliminar os fatores geradores; a

conseqüência direta ocorrerá nos custos que serão reduzidos;

deixe os clientes direcionarem as atividades. Isto significa que, em vez de

realizarmos atividades para consumo interno da própria organização, isto é, para nós

mesmos, devemos estar constantemente nos questionando se o cliente pagaria por esta

atividade que estamos realizando;

enxugue as atividades dentro dos processos, de modo a atender a três requisitos

básicos:

— agilidade, no sentido de reduzir o tempo do ciclo operacional;

— menor custo;

— mais qualidade;

centralize o foco na redução ou eliminação das atividades que não agregam valor,

as atividades desnecessárias, duplicadas, retrabalhadas;

melhore as atividades continuamente, dentro do enfoque de melhoria contínua;

faça atividades corretas continuamente, sob o enfoque de fazer certo da primeira

vez;

preocupe-se em fazer a atividade correta e não em fazer a atividade do jeito certo.

1.3.1 - Diversos Usos do ABM

O ABM consiste em:

Custeio de produto - análise de rentabilidade de produto/linha de

produtos;

- racionalização de linha de produtos;

- precificação

Custeio de cliente - análise de rentabilidade do cliente;

- estabelecimento de níveis de serviço ao cliente.

Gastos de capital - decisão de fazer ou comprar;

- justificativa de investimento.

Gerenciamento de processos - análise do valor do processo;

- melhoria do tempo de ciclo operacional;

- redução de desperdícios e duplicidades.

Page 33: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

33

Redução de custos - minimização ou eliminação de atividades que não

agregam valor;

- foco nos fatores geradores de custos.

Medida de desempenho gerencial -balanceamento e racionalização da:

eficiência;

produtividade;

eficácia.

Orçamento - planejamento de recursos necessários com base em

atividades;

- previsão orçamentária.

1.3.2 Atividades que não Agregam Valor

Mostraremos a seguir os diversos grupos de atividades que não agregam valor, suas

categorias e o que existe de racional por trás delas.

Na Figura1.3.2.1, podemos observar estes grupos de atividades de valor não

agregado.

FIGURA 1.3.2.1

Custeio de atividades

Categorias de valor

não agregado

Racional

Correção Retificação de erros Não necessário se erro nunca

fosse cometido

Inspeção Teste para assegurar que

resultados são os

esperados

Não necessário se não

houvesse repetidas falhas na

operação

Estocagem Estocar produtos/material

por um período de tempo

Eliminado se produzisse

somente o que é necessário

quando necessário

Solução de problemas Problemas operacionais

de curto a médio prazo,

por exemplo, no chão da

fábrica

Não necessário se problema

não ocorresse da 1ª vez

Duplicação Reiteração de uma

atividade já realizada

Demora Qualquer período no qual

o processo operacional é

desnecessariamente

Page 34: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

34

suspenso

Tomemos o exemplo do custo de aquisição de mercadoria de um fornecedor. Que

custo seria esse? Somente o preço de compra é suficiente para pagar pela mercadoria?

Não! A esse custo seriam agregados os demais custos de:

solicitar a mercadoria;

programar a entrega;

receber a mercadoria;

inspecionar a mercadoria;

manusear as mercadorias adquiridas;

estocar a mercadoria;

reprogramar;

expedir;

pagar ao fornecedor.

Aparentemente, isto está correto. Juntamente com o custo de aquisição de

mercadoria, o fornecedor atrai um conjunto de outras atividades. No entanto, se

questionarmos essas atividades uma por uma, perceberemos que elas são dispensáveis, pois

não agregam valor!

O fornecedor “ideal” entrega:

mercadoria sem defeito, não sendo necessária a atividade de inspeção;

exatamente as quantidades corretas;

diretamente ao processo de produção (JIT) e, como conseqüência disso, não há

necessidade de atividades de manuseio, estocagem, programação de entrega,

reprogramação e recebimento;

com o emprego de transferência eletrônica para pedido, fatura e pagamento.

A classificação de atividades, principalmente ressaltando aquelas que não agregam

valor, é a melhor forma de gestão dos custos.

O quadro a seguir é um passo adiante da análise ABM. Em vez de mostrar somente

os recursos e as despesas por atividades, classifica-os por VA (do inglês value added) —

valor agregado — e NVA (non value added) — valor não agregado.

Esta análise permite concentrar esforços e atenção nas atividades NVA, procurando

eliminar ou minimizá-las (melhorando a eficácia da empresa) para depois atacar as

atividades VA (melhorando a eficiência).

Page 35: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

35

FIGURA 1.3.2.2

Visão Tradicional Visão do ABC

Departamento Manufatura Atividades VA NVA

Salários

Facilidades

Depreciação

Comunicação

Suprimentos

200.000

60.000

80.000

50.000

20.000

Fazer produto

Retrabalho de

produtos

Esperar trabalho

Mover material

Estocar material

Excesso

capacidade

Empacotar

150.000

50.000

30.000

12.000

17.000

50.000

41.000

410.000 200.000 210.000

1.3.3 Gerenciamento estratégico baseado na atividade: clientes

Segundo Kaplan (1998), com informações ABC mais precisas sobre custo de

produto, os gerentes poderiam adotar uma variedade de medidas para melhorar a

lucrarividade dos produtos. Atualmente, as organizações estão realizando análises mais

abrangentes do custo baseado na atividade. Eles estão ampliando o domínio da análise,

além dos custos de produçao e fábrica, analisando abaixo da linha de margem bruta,

considerando itens como marketing, vendas e despesas administrativas. A análise revela

que muitas demandas de recursos organizacionais surgem não só de produtos, mas também

de clientes e canais de distribuição e entrega.

Ao relacionar os custos aos clientes e aos canais de distribuição e entrega, os

gerentes têm um número ainda maior de oportunidades de aumentar a lucratividade de suas

organizações. Entre essas oportunidades estão:

Proteger os atuais clientes altamente lucrativos.

Redefinir os preços de serviços caros, com base no custo do serviço.

Oferecer descontos, se necessário, para fechar negócios com clientes de baixo

custo.

Negociar relacionamentos, proveitosos para todas as partes, que reduzam o custo

do atendimento de clientes cooperativos.

Deixar que os concorrentes conquistem clientes que causem prejuízos constantes.

Page 36: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

36

Tentar capturar clientes altamente lucrativos dos concorrentes.

Essas medidas devem permitir que os gerentes que dispõem de bons instrumentos

(ABC) melhorem muito sua lucratividade, especialmente em setores em que os

concorrentes não compreendem a economia de seus relacionamentos com os clientes.

Algumas pessoas condenam a tentativa de atribuir as despesas de vendas, marketing,

distribuição e administrativas (VMDA) a objetos de custo como clientes e canais de

marketing. Alegam que essas despesas são custos fixos e, portanto, sua atribuição a um

cliente específico seria arbitrária e equivocada.

Entretanto, prossegue Kaplan (1998), muitas empresas têm despesas de VMDA que

representam um percentual significativamente mais alto das vendas hoje do que, por

exemplo, há 30 anos. Suponhamos, por exemplo, que as despesas atuais de VMDA

representem 22 por cento das vendas, A maioria dos gerentes, extrapolando a experiência

de suas próprias organizações, diria que as despesas de VMDA eram menores décadas

atrás, representando, por exemplo, 15 a 20 por cento das vendas.

Se acompanharam o crescimento econômico mundial, esses gerentes também

reconheceriam que, durante as três últimas décadas, o volume real de vendas no mínimo

triplicou. Mas se fossem realmente um custo fixo, considerando que o volume de vendas

triplicou, as despesas de VMDA deveriam representar apenas um terço do percentual de

vendas — por exemplo, 5 a 7 por cento — de há 30 anos.

Para Kaplan (1998), essa é a definição de custo fixo, “um custo que permanece

constante mesmo quando o volume de vendas aumenta ou diminui.” Se as despesas de

VMDA fossem apenas um custo variável, que aumenta proporcionalmente ao volume de

vendas, continuariam representando um percentual constante das vendas, ou seja, 15 a 20

por cento. Entretanto, na maioria das situações, as despesas de VMDA tornaram-se um

percentual crescente das vendas. Não são custos fixos. Nem são custos variáveis. São

custos supervariáveis, que estão aumentando mais rápido que o volume de vendas.

Para que uma categoria de despesa seja tratada como fixa, deve permanecer

constante (em valores absolutos), independentemente dos níveis de produção e vendas. Se

o valor absoluto da despesa não permanece constante quando o volume aumenta, não há

sentido em tratar a categoria de despesas como um custo fixo. Uma abordagem alternativa

e complementar é analisar o setor. Se uma despesa é fixa, o nível absoluto dessa despesa

deve ser o mesmo para todas as empresas do setor. Na menor empresa, a despesa

representará um alto percentual dos custos totais. Na maior empresa, a despesa

Page 37: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

37

representará um percentual extremamente reduzido desses custos. Entretanto, se a

categoria de despesa representa aproximadamente o mesmo percentual dos custos totais,

independentemente de volume, é mais exato descrever essa despesa como variável.

Kaplan (1998) nos ensina um último teste para diferenciar o custo fixo do custo

variável, chamado Regra do Um. Freqüentemente quando se deparam com indícios de

aumento dos custos proporcional às vendas ou mais rápido do que as vendas, os céticos

perguntam: “Como você pretende alocar o custo do diretor-presidente a todos os produtos

e clientes? A empresa precisa de um diretor-presidente, independentemente do volume de

produção e vendas. Evidentemente, a resposta é admitir que uma alocação da despesa do

diretor-presidente a produtos ou clientes específicos, na verdade, seria arbitrária.

Esse é um excelente exemplo de uma despesa de apoio à empresa, necessária a

todas as empresas, qualquer que seja sua atividade de produção e vendas. E as despesas de

apoio não devem ser alocadas à unidade (ou unidades) servida pelo recurso. Mas a maioria

dos departamentos, exceto a sala do diretor-presidente, possui mais de uma unidade de um

recurso: mais de um vendedor, mais de um funcionário da contabilidade, mais de um

profissional de recursos humanos, mais de um segurança, mais de um pesquisador de

mercado, mais de um economista ou analista financeiro.

A Regra do Um afirma que, desde que um departamento ou categoria de recurso

(por exemplo, um conjunto de máquinas semelhantes) tenha mais de uma unidade do

recurso, o suprimento desses recursos deve ser determinado pela demanda de trabalho do

departamento ou categoria de recurso cujas necessidades não podem ser atendidas por uma

unidade do recurso. Essa demanda é a base lógica para atribuição de custos.

A compreensão da natureza da demanda desse departamento, que exige cinco, sete

ou 13 pessoas, resultará na articulação das atividades executadas por esse recurso,

definindo a base (o gerador de custo) para atribuição de custos dos recursos desse

departamento às atividades e objetos de custo que estão criando a demanda desse trabalho.

Portanto, segundo Kaplan (1998),

“a análise ABC não deve se preocupar com a atribuição de custos

de uma única unidade do recurso, mas quando um departamento

tem várias unidades de um recurso (várias pessoas, vários

equipamentos), a análise revelará claramente a natureza das

atividades e os efeitos de custo que estão criando as demandas de

trabalho desse departamento e definindo a base para atribuição de

Page 38: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

38

seu custo.”

CAPÍTULO 2

CUSTEIO ABC APLICADO À EMPRESAS DE SERVIÇOS

2.1 O CONCEITO DE SERVIÇOS

Segundo Cogan (1995), o termo produto normalmente se aplica quando se está

enfocando um bem manufaturado:

“(...) na realidade, produto pode representar um bem ou um

serviço. Por outro lado os produtos manufaturados das indústrias

podem ser entendidos como serviços prestados sob a forma de

produtos. Numa outra visão nas empresas que prestam serviços

esses são os seus produtos.”

De uma maneira geral, costuma-se considerar como serviços os trabalhos

relacionados com o atendimento “on line” com o cliente externo que é o atendimento

direto a eles , a linha de frente da empresa. Esquece-se que também são serviços os

trabalhos de apoio interno das empresas do setor serviço — os serviços “off line”. Em

muitas prestadoras de serviços, essas funções representam a quase totalidade dos trabalhos.

Todas as empresas, inclusive as industriais, prestam os dois tipos de serviços.

Evidentemente nas empresas do setor serviço, as funções de contato direto com os clientes

são mais amplas que nas do setor manufatureiro. Por outro lado, as empresas de serviço e

as áreas de apoio das fábricas empregam a grande maioria da força de trabalho (na ordem

de dois terços), o que justifica os esforços de a elas se aplicarem as técnicas historicamente

desenvolvidas para as indústrias e nelas utilizadas tão somente pelas suas áreas de

manufatura.

Os serviços de atendimento direto aos consumidores revestem-se de características

muito próprias:

o serviço não é estocável e existe simultaneidade do consumo e da

produção. O serviço muitas vezes já é prestado na frente do consumidor que já o está

consumindo. Ao contrário das fábricas, onde um produto com defeito de fabricação

poderá ser corrigido ou substituído por outro, antes da entrega ao destinatário na prestação

de serviço, o trabalho fornecido já deverá ser feito na qualidade adequada, pois o cliente já

Page 39: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

39

o estará recebendo. Se a capacidade em termos quantitativos do serviço for superior à

demanda dos consumidores, a parcela não consumida representará serviços perdidos. O

contrário contudo equivale a uma baixa qualidade, pois corresponde a estocar os clientes

sob a forma de filas.

O serviço é relativamente intangível. A reputação, o primeiro contato, a

primeira impressão, são relevantes na satisfação do cliente. Deve-se prestar atenção a todos

os detalhes, pois a percepção do serviço é global: o que adianta assistir a um filme de boa

qualidade se o atendimento da bilheteira deixou a desejar, enquanto que a poltrona, a

visibilidade e a refrigeração do ambiente estavam deficientes.

Deve-se cuidar de tudo que compõe o trabalho de “interface”, pois um

defeito tem um impacto maior do que qualquer “algo mais”.

Importância deve ser destinada à seleção e ao treinamento das pessoas, pois

sua influência no resultado do trabalho é quase total.

O entendimento de que as áreas de suporte das empresas do setor serviço — a

chamada indústria de serviços — funcionam como se fosse uma fábrica, onde as máquinas

são representadas pelas mesas dos funcionários e os materiais são os documentos que se

movimentam pelas mesas, nos permite vislumbrar formas de aplicação de técnicas e

metodologias de trabalho no campo da gestão da qualidade e da produtividade, que foram

bem sucedidas nas indústrias, como o Just-in-Time, Qualidade Total, etc. Esses benefícios

se aplicam ao setor serviço (bancos, financeiras, corretoras, seguradoras, hospitais,

construtoras, etc.) e também às áreas de apoio das indústrias (Compras, CPD,

Contabilidade, etc.).

Alicerçado nesse raciocínio as técnicas do Activity-Based Costing (ABC)

desenvolvidas para os custos fabris também podem ser aplicadas às organizações do setor

serviços e nas funções de apoio das empresas.

2.2 ABC NO SETOR DE SERVIÇOS

Até agora, descrevemos o desenvolvimento do custeio e da gestão baseados na

atividade em ambientes de produção. Embora o ABC tenha suas origens nas fábricas,

atualmente muitas empresas de serviços também estão obtendo grandes benefícios com o

uso dessa abordagem.

Page 40: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

40

Segundo Kaplan (1998), na prática, a construção de um modelo ABC é

praticamente idêntica para ambos os tipos de empresas, o que não deve ser surpresa pois

mesmo em indústrias o sistema a ABC enfoca o componente de 'serviço' da fábrica e da

empresa como um todo.

De modo geral, o sistema ABC em indústrias mantém os elementos de mão-de-obra

e materiais diretos dos sistemas de custeio da produção da empresa. As mudanças surgem

quando se analisam as despesas indiretas e de apoio da fábrica. Essas despesas representam

desde o custo de prestação de serviços às operações de produção, ou seja, pedidos,

programação, transferência, preparação, projeto, inspeção, treinamento e suporte - todas as

atividades de serviços que permitem que os produtos sejam fabricados, mas não estão

diretamente envolvidas na produção.

Quando ampliamos o modelo ABC além da fábrica, a fim de incluir as atividades

de marketing, vendas, logística, compras e equipes de apoio da empresa, a orientação de

serviços do ABC torna-se ainda mais óbvia. O ABC, desde sua origem, voltou-se para o

serviço, e não para a produção. Assim, sua extensão para abranger organizações que

oferecem apenas serviços não envolve princípios adicionais.

As empresas de serviços têm exatamente os mesmos problemas gerenciais

enfrentados pelas indústrias. Precisam do custeio baseado na atividade para associar os

custos dos recursos que fornecem às receitas geradas pelos produtos e clientes específicos

atendidos por esses recursos. Somente pela compreensão dessa associação e da ligação

entre preços, recursos, uso e melhoria de processos, os gerentes podem tomar decisões

eficazes quanto aos segmentos de clientes que desejam servir, os produtos que oferecerão

aos clientes nesses segmentos, o método de fornecimento de produtos e serviços a esses

clientes e, finalmente, a quantidade e o mix de recursos necessários para que tudo isso

aconteça. Como praticamente todas as suas despesas operacionais são fixas, uma vez que o

suprimento de recursos está comprometido, as organizações de serviços precisam das

informações do ABC ainda mais do que as empresas de produção.

Por que o ABC teve origem nas fábricas, e não nas organizações de serviços? Uma

explicação é que as indústrias já tinham sistemas de custeio de produtos para atender a suas

necessidades de avaliação de estoque para incluir nos relatórios financeiros. Portanto,

quando esses sistemas se dissociaram das mudanças em produtos, clientes e processos de

negócios, os gerentes conseguiram visualizar com facilidade os efeitos do processo

Page 41: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

41

decisório baseado em seus sinais distorcidos.

A maioria das empresas de serviços, ao contrário, nunca teve necessidade de medir

os custos de seus produtos ou clientes e funcionaram por décadas sem sistemas de custos.

Evidentemente, não funcionaram sem sistemas financeiros.

As empresas de serviços gerenciavam operações por meio do controle orçamentário

de centros de responsabilidade. As empresas eram organizadas por departamentos

funcionais, os orçamentos definidos para cada departamento ou centro de responsabilidade

e o desempenho financeiro medido e gerenciado pela comparação dos resultados reais com

os valores orçados.

Na verdade, as empresas de serviços tinham sua própria versão dos sistemas de

controle operacional, embora não utilizassem muito o orçamento flexível, pois, como

discutimos mais detalhadamente, quase todos os custos de uma empresa de serviços vêm

de recursos comprometidos antes do uso; ou seja, são custos fixos a curto prazo.

Assim, embora as empresas de serviços fossem freqüentemente tão complexas e

diversificadas quanto as de produção, os gerentes não conheciam os custos dos serviços

produzidos e fornecidos nem o custo de servir a diferentes tipos de clientes. Talvez saiba

quanto a empresa gasta, por tipo de despesa,. em cada loja e em cada depósito. Mas não

sabe quanto custa receber uma caixa de latas de legumes em conserva de um fornecedor,

armazená-la em um centro de distribuição, transportá-la á loja de varejo e levá-la até a

prateleira.

De maneira similar, o presidente de um banco conhece as receitas e despesas por

partida individual (receita de juros, receita de taxas, despesas de varejo, custos de

processamento de dados), mas não sabe quanto custam os vários tipos de contas nem

conhece os custos de servir a cada tipo específico de cliente.

Durante décadas, essa falta de informações precisas sobre produtos e clientes não

foi uma preocupação, pois a maioria das empresas de serviços operava em mercados

benignos, não-competitivos. Muitas empresas de serviços, até recentemente, eram

altamente regulamentadas. No Canadá, e na Europa, estradas de ferro e empresas aéreas e

de telecomunicações nem sequer eram empresas privadas, mas governamentais, operadas

como monopólios.

Nesses ambientes não-competitivos, os gerentes de empresas de serviços não

sofriam pressões para reduzir os custos, melhorar a qualidade e a eficiência das operações,

lançar novos produtos lucrativos ou eliminar produtos e serviços que causassem prejuízos.

Page 42: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

42

Os legisladores estabeleciam preços suficientes para cobrir os custos operacionais de

empresas ineficientes. As leis impediam a entrada de concorrentes mais eficientes nos

mercados em que empresas de serviços regulamentadas ou públicas operavam e os

contribuintes subsidiavam possíveis prejuízos de empresas operadas pelo governo.

Na falta de pressões competitivas fortes, os gerentes de organizações de serviços

não tinham grandes demandas de informações sobre custos de produtos, clientes e

processos. Conseqüentemente, os sistemas financeiros na maioria das organizações de

serviços eram simples. Permitiam que os gerentes orçassem despesas por departamento

operacional e medissem e monitorassem os gastos reais em relação aos orçamentos de cada

departamento funcional.

2.2.1 Mudando o ambiente competitivo

Segundo Kaplan (1998), entretanto, durante as duas últimas décadas do século XX,

o ambiente competitivo para a maioria das empresas de serviços tornou-se tão desafiador e

exigente quanto o das empresas de produção.

Desde a década de 70, o movimento de desregulamentação mudou completamente

as regras de operação para as empresas de serviços. Restrições de preços, de mix de

produtos, geográficas e competitivas foram praticamente eliminadas do setor de serviços

financeiros.

Hoje, as empresas de transporte podem entrar e sair de mercados e determinar os

preços dos serviços que oferecem aos clientes. As empresas de telecomunicações

competem agressivamente com base em preço, qualidade e serviço. O reembolso de

seguro-saúde está se afastando dos esquemas simples de recuperação dos custos.

As empresas de serviços públicos estão cruzando fronteiras anteriormente

impermeáveis, passando a competir em várias regiões geográficas. Até os monopólios do

governo como os correios estão experimentando a concorrência das empresas privadas. Por

exemplo a Federal Express e a UPS oferecem entrega noturna de cartas e pacotes; as

empresas de telecomunicações permitem o envio de documentos via fax, e a Internet e a

World Wide Web permitem a transmissão de correspondência, mensagens e documentos

através de redes eletrônicas internacionais.

Além disso, a tendência em direção à privatização, que está dominando totalmente

o mundo, muda as regras do jogo para empresas anteriormente operadas pelo governo.

Page 43: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

43

Essas empresas precisam se transformar em entidades privadas, competitivas. Até os

varejistas locais, historicamente protegidos de pressões nacionais ou globais, estão

enfrentando a concorrência ferrenha de novas empresas — comerciantes de massa

eficientes de todos os tipos de produtos: alimentos, brinquedos, materiais de escritório,

móveis e produtos para animais.

Mais do que nunca, os gerentes de empresas de serviços precisam de informações

para melhorar a qualidade, pontualidade e eficiência das atividades que executam, além de

compreender precisamente o custo e a lucratividade de cada um de seus produtos, serviços

e clientes,

2.2.2 Empresas de serviços: um ambiente complexo para o custeio de

produtos e serviços

Segundo Kaplan (1998), as empresas de serviços são candidatas ideais ao custeio

baseado na atividade, mais ainda que as empresas de produção. Primeiro, praticamente

todos os seus custos são indiretos e aparentemente fixos. As empresas de produção podem

associar componentes importantes dos custos (materiais diretos e mão-de-obra direta) a

produtos específicos. As empresas de serviços têm um volume mínimo ou não têm

materiais diretos e a maior parte do seu pessoal oferece suporte indireto, e não direto, a

produtos e clientes.

Provavelmente pelo seu isolamento de forças competitivas poderosas, a maioria das

empresas de serviços não possuía um grande número de engenheiros industriais para

estudar e padronizar suas operações de mão-e-obra direta para os funcionários que

prestavam serviços diretos a seus produtos e clientes. Conseqüentemente, as empresas de

serviços não tinham uma plataforma para medição de custos diretos que permitisse o

desenvolvimento de sistemas de atribuição de custos a produtos e clientes específicos.

O grande componente dos custos aparentemente fixos em organizações de serviços

surge porque, ao contrário das empresas de produção, essas empresas quase não tinham

custos de materiais, principal fonte de custos variáveis a curto prazo.

Nas empresas de serviços, praticamente todos os recursos são fornecidos

previamente. Os recursos fornecem a capacidade necessária para executar o trabalho para

os clientes durante cada período. As flutuações da demanda de produtos e clientes

específicos para as atividades executadas durante o período utilizando esses recursos não

Page 44: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

44

influencia as despesas de curto prazo associadas ao fornecimento dos recursos.

No estágio de proposta de um projeto ABC, um executivo de banco perguntou por

que o banco precisava desenvolver um sistema ABC para atribuir custos a produtos e

clientes. As decisões não deveriam ser baseadas em custos marginais? O consultor ABC

respondeu com uma outra pergunta: por que você acredita que os custos marginais se

destinam a lidar com uma transação ou um cliente adicional?

Evidentemente, a resposta é que o custo marginal (da forma como é

convencionalmente definido — o aumento das despesas resultante de uma transação ou

cliente adicional) é basicamente zero. Por exemplo, uma transação em um caixa eletrônico

exige o consumo de um pequeno pedaço de papel para impressão do recibo, e nenhum

outro gasto adicional. O acréscimo de um novo cliente pode exigir que o banco envie um

demonstrativo mensal, envolvendo o custo do papel, de um envelope, de um selo, mas não

vai muito além disso. O acréscimo de um passageiro em um avião exige em muitos casos

mais uma lata de refrigerante e um saquinho de amendoim, nada mais. O tratamento de

mais um paciente em um hospital ou serviço de assistência médica talvez envolva uma

despesa adicional em remédios e curativos. Mas, para uma empresa de telecomunicações,

aceitar mais um telefonema de um cliente ou mais uma transferência de dados não envolve

despesas adicionais.

Portanto, se as empresas de serviços quisessem tomar decisões sobre produtos e

clientes baseadas em custos marginais de curto prazo, ofereceriam uma gama completa de

todos os produtos e serviços a todos os clientes a preços que tenderiam a zero. Mas,

evidentemente, as empresas ficariam limitadas e não conseguiriam recuperar os custos de

todos os recursos (fixos) necessários para oferecer o serviço ao cliente. Somente a

incorporação total das idéias do custeio baseado na capacidade permitirá que as empresas

de serviços avaliem e administrem sua estrutura de custos, sua oferta de serviços e seus

relacionamentos com os clientes.

Nas empresas de serviços, as decisões que incorrem em custos são quase totalmente

independentes das decisões dos clientes que geram receitas. As decisões que incorrem ou

subtraem custos, envolvem o acréscimo ou a contratação do suprimento dos recursos

necessários para prestar o serviço, por exemplo:

O acréscimo de uma nova cidade na rota de uma empresa aérea.

A construção de uma nova linha férrea ou a aquisição de novas locomotivas

e vagões de transporte em uma ferrovia.

Page 45: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

45

A contratação de novos médicos ou o acréscimo de uma sala de cirurgia em

um hospital.

A ampliação da rede de uma empresa de telecomunicações.

A construção de uma agência ou uma loja adicional de um banco ou

varejista.

Entre as decisões de consumo que geram receitas incluem-se:

O tamanho do demonstrativo mensal de saldos de contas.

O alcance dos telefonemas de longa distância.

O número de milhas veadas pelos passageiros.

O número e o tipo de procedimentos de assistência médica solicitados.

Nas empresas de produção, os custos associados ao atendimento das demandas dos

clientes e as receitas associadas à venda de produtos aos clientes são associados por meio

dos custos diretos aos custos de materiais, mão-de-obra e energia necessários para fabricar

o produto. As empresas de serviço não possuem essa relação direta.

Todas as associações entre os custos de recursos fornecidos e seu uso por cada

produto e cliente específico devem ser inferidas e estimadas, um processo idêntico ao

utilizado pelo ABC para associar recursos diretos de produção a produtos. Além disso, um

evento gerador de receita — pegar um avião, enviar um contêiner via trem, obter

tratamento médico, dar um telefonema de longa distância, receber um quilowatt de energia

e usar uma conta bancária durante um mês — cria demandas e exige serviços fornecidos

por várias unidades organizacionais de uma empresa de serviços.

As empresas de serviços são o contexto ideal para compreender por que as

empresas precisam de sistemas diferentes para controle operacional e para medição dos

custos e da lucratividade de produtos e clientes. Para monitoramento e controle a curto

prazo (diário, semanal, mensal), as empresas de serviços precisam de um sistema de

controle operacional que ofereça feedback sobre as despesas incorridas em cada uma de

suas unidades organizacionais, além de outras medidas de desempenho como qualidade e

tempo de resposta.

Algumas organizações de serviços possuem sistemas altamente detalhados para

medir despesas, a cada partida individual, em cada um dos milhares de centros de custo e

responsabilidade diferentes, Mas informações sobre quanto a empresa está gastando em

cada um desses centros, por tipo detalhado de despesa, não dizem coisa alguma sobre o

custo de processamento de cada transação de cliente que se beneficia dos recursos

Page 46: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

46

oferecidos a dezenas de diferentes unidades organizacionais.

Por exemplo, considere o caso simples de uma empresa de telecomunicações que

está atendendo a uma solicitação de urna nova conexão feita por um de seus clientes. O

processo envolve pessoas de vários departamentos, inclusive serviço de atendimento ao

cliente, verificação de crédito, planejamento, despacho, engenharia, cobrança e serviço ao

cliente. O custo de execução desse serviço básico difere muito se o cliente modificar o

pedido reclamar do resultado, não pagar a conta ou desejar um acréscimo de capacidade.

Não se pode ver esse processo da perspectiva de controle de custos em centros de

responsabilidade. Um sistema de custeio baseado na atividade de Estágio III consegue

medir o consumo de recursos em diversos centros de responsabilidade para cada produto e

cliente específico e para cada atividade e processo de negócios que oferece produtos aos

clientes. Somente urna análise do processo de ponta a ponta, utilizando uma perspectiva

ABC, revela o custo de execução de serviços básicos a clientes específicos.

2.2.3 Demanda de custos de produtos e clientes para empresas de serviços

Por que as empresas de serviços consideram útil compreender o custo de atividades,

processos de negócios, produtos e clientes? Segundo Kaplan (1998), são três as classes

abrangentes de decisões gerenciais que exigem informações sobre custos:

Gerenciar produtos e clientes.

Configurar a cadeia de prestação de serviço ao cliente.

Orçar o suprimento de recursos da organização.

Para cada uma dessas aplicações, Kaplan fornece detalhes que nos ajudam a

entendê-las melhor.

2.2.3.1 Gerenciar produtos e clientes

Conforme Kaplan (1998) destaca em sua obra, as empresas de serviços oferecem,

em geral, um conjunto altamente diverso de ofertas. Os bancos de varejo têm diferentes

tipos de contas e poupanças, além de vários tipos de empréstimos para pessoa física e

jurídica; as empresas de telecomunicações oferecem vários planos e serviços de

Page 47: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

47

telefonemas locais e de longa distância, além de recursos de transmissão de voz, dados e

vídeo; as empresas de transportes oferecem serviços que incluem várias origens e destinos

(cada uma dessas combinações pode ser considerada um produto único); as empresas de

assistência médica, obviamente, oferecem tratamento para uma ampla variedade de

enfermidades e condições, e os estabelecimentos de varejo estocam dezenas de milhares de

itens diferentes. Cada produto, com suas características especiais, cria exigências

diferentes sobre os recursos organizacionais. As empresas de serviços devem avaliar

continuamente a economia da variedade de sua linha de produtos, tomar decisões

relacionadas a preços, qualidade, receptividade e lançamento e descontinuidade de

produtos específicos. O custo e a lucratividade de cada produto é vital para essas decisões.

Por exemplo, uma empresa de telecomunicações pode oferecer recursos ponto a

ponto através de um circuito dedicado ou de uma linha ISDN segura. A instalação e

manutenção do circuito privado é cara, exigindo uma força de vendas e engenharia

especializada, além de manutenção especial. Uma linha ISDN pode oferecer qualidade de

serviço semelhante a um custo muito menor, pois já existem linhas ISDN em grande parte

da rede e essas linhas são mantidas por equipes padrão de engenharia e manutenção. Ao

compreender as diferenças significativas na estrutura de custo total entre as linhas

dedicadas particulares e as linhas ISDN compartilhadas, a empresa pode atribuir preços

diferentes a esses serviços para que os clientes que precisam de tráfego ponto a ponto

possam ser atendidos pela capacidade existente de linhas ISDN a um custo reduzido.

Mas além de decisões relacionadas a produtos, continua o autor, as empresas de

serviços precisam focalizar a economia dos clientes muito mais do que as empresas de

produção. Considere uma indústria que fabrica um produto padrão. A empresa pode

calcular o custo de produção do item independentemente de como seus clientes o utilizam;

os custos de produção são .‘independentes do cliente’. Somente os custos de marketing,

vendas, processamento de pedidos, fornecimento e serviço relacionados ao produto podem

ser específicos ao cliente. No caso de empresas de serviços, ao contrário, até mesmo os

custos operacionais básicos de um produto padrão são determinados pelo comportamento

do cliente.

Considere um produto padrão corno uma conta bancária. Como veremos em

seguida, o cálculo de todos os custos associados a essa conta é relativamente simples,

usando-se os métodos ABC, e a atribuição de receitas a esse produto, inclusive juros sobre

os saldos mensais e taxas de serviço, também é um procedimento simples. A análise

Page 48: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

48

revelará se esse produto é lucrativo ou não. Entretanto, essa maneira de ver total ou média

ocultará a enorme variação na lucratividade desse produto para diferentes tipos de clientes.

Segundo Kaplan (1998), um cliente pode manter um saldo bastante alto em sua

conta, fazendo poucos depósitos e saques. Esse cliente gera receitas altas e utiliza pouco os

recursos do banco. Um outro cliente talvez administre sua conta mais de perto, mantendo

um saldo mínimo disponível e fazendo vários depósitos e saques. Talvez essa conta seja

pouquíssimo lucrativa, pelos preços atuais.As empresas de serviços precisam identificar a

lucratividade diferencial de cada cliente, mesmo dos que utilizam produtos padrão.

A empresa de serviços pode determinar e controlar a eficiência de suas atividades

internas, mas é o cliente que determina de forma definitiva a quantidade da exigência de

atividades operacionais.Além de uma conta bancária padrão, talvez o cliente tenha uma

conta de poupança, um cartão de crédito, uma hipoteca e um empréstimo pessoal.

Portanto, antes de tornar uma atitude radical em relação a um cliente que possuí

uma conta não lucrativa, os gerentes devem compreender o relacionamento entre o banco e

esse cliente e agir com base na lucratividade total do relacionamento e não apenas com

base na lucratividade de um único produto.

Do ponto de vista comercial, um banco pode ganhar ou perder dinheiro (após a

aplicação do custo de capital apropriado, ajustando-se o risco) em um empréstimo

comercial, mas como esse empréstimo pode estabelecer um relacionamento entre o banco e

a empresa, talvez o banco tenha lucros suficientes na administração de fundos de truste,

investimentos e negociações da empresa, tornando o relacionamento comercial altamente

lucrativo.

Mas um cliente marginal que não usa outros serviços comerciais ou de investimento

do banco é um grande candidato à redefinição de preços, atividades de marketing

agressivas ou eliminação (se todas as outras tentativas de gerar um relacionamento

lucrativo fracassarem).

Outros clientes podem parecer não-lucrativos por serem recentes. Muitas empresas

de serviços investem recursos consideráveis em campanhas de marketing para atrair novos

clientes. Devido a esse alto custo de aquisição de novos clientes e ao tempo necessário para

estabelecer um relacionamento abrangente e profundo (que inclua, por exemplo, múltiplas

ofertas de produtos), os novos clientes podem parecer não-lucrativos.

As empresas de serviços precisam diferenciar a economia de clientes recém-

adquiridos da economia de clientes antigos. Assim, além de identificar a variação das

Page 49: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

49

demandas de diferentes segmentos de clientes, também precisam prever a variação

longitudinal de demandas de clientes ao longo do tempo, a fim de obter a lucratividade

total do ciclo de vida. Os sistemas de custeio baseados na atividade oferecerão às empresas

de serviços os detalhes necessários para a gestão inteligente de cada um de seus clientes ao

longo do tempo.

Segundo Kaplan (1998), as empresas talvez tenham dificuldade em direcionar suas

ofertas e modificar o comportamento no nível de cada cliente específico. Como têm

milhões ou dezenas de milhões de clientes, muitas empresas de serviços precisam agrupar

os clientes em segmentos de mercado gerenciáveis.

As empresas podem ter de três a cinco segmentos ou, se possuírem bancos de dados

sofisticados e informações de consumo, podem chegar a 100 ou 200 segmentos. Em lugar

de gerar relatórios e administrar a lucratividade para cada cliente, as empresas de serviços

talvez prefiram que seus sistemas ABC calculem informações sobre custos e lucratividade

em nível de segmento.

À medida que passam, então, a compreender as características e as preferências

desses segmentos, continua Kaplan (1998), podem determinar os segmentos mais

lucrativos que desejam procurar e manter e os que devem perder ênfase. Talvez não seja

possível servir a todos os segmentos de maneira lucrativa. Conhecendo suas capacidades

internas (ou competências essenciais), as empresas podem selecionar as proposições de

valor que desejam oferecer aos segmentos almejados, permitindo que atraiam negócios

significativos de clientes que fazem parte desses segmentos e tornando-se altamente

lucrativas em todos os segmentos almejados.

Clientes não-lucrativos em segmentos não-almejados são os principais candidatos a

‘descontinuação’. O sistema ABC oferece aos executivos as informações e a confiança de

que precisam para seguir uma estratégia de segmentação lucrativa. O diretor-presidente de

um banco explicou da seguinte maneira sua motivação para desenvolver um sistema ABC:

2.2.3.2 Configurar a cadeia de prestação de serviço ao cliente

Segundo Kaplan (1998), as empresas de serviços poderão adequar suas ofertas e o

método de fornecimento se compreenderem as preferências dos clientes em diferentes

segmentos, a fim de satisfazer essas preferências.

Seguindo o exemplo dado por Kaplan em sua obra, uma empresa de

Page 50: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

50

telecomunicações conduziu um estudo de segmentação de mercado baseado nas

necessidades para identificar as diferentes exigências e expectativas de mais de cem mil

empresas clientes.

A equipe do projeto fez um levantamento usando uma amostra representativa de

clientes e agrupou os entrevistados em segmentos com base na similaridade de suas

pontuações em vários fatores, representando diferentes demandas de serviços e inúmeros

atributos independentes. Seis segmentos foram identificados:

Empresas voltadas para o serviço

Empresas conscientes do crescimento/custo.

Empresas de grande contato com o público.

Empresas concentradas no lucro.

Empresas controladoras de dados.

Empresas que mantêm o statu quo.

Entretanto, a empresa percebeu que à análise de segmentos baseada nas

necessidades forneceu apenas uma parte importante da economia dos relacionamentos com

os clientes. Também era preciso compreender seus custos atuais de fornecimento de

produtos, serviços e suporte ao cliente, a fim de desenvolver canais eficientes de marketing

e fornecimento para todos os segmentos empresariais. Com esse objetivo, a empresa

recorreu ao custeio baseado na atividade.

Com as informações do ABC, a equipe do projeto analisou a atratividade dos seis

segmentos de empresas e a oportunidade de fazer a reengenharia de processos de negócios,

a fim de melhorar o desempenho nos processos valorizados por cada segmento. Usando

essa análise, a equipe de projeto selecionou três dos seis segmentos que deveriam servir de

alvo para o desenvolvimento de negócios agressivos.

Para cada segmento almejado, a equipe de projeto identificou a proposição de valor

— os produtos, serviços, relacionamento e mecanismos de entrega — que ofereceria aos

clientes de cada segmento. Por exemplo, uma proposição de valor diferenciada

compreendia a oferta de marketing e recursos de vendas dedicados a clientes específicos,

bem como o desenvolvimento de políticas de remuneração capazes de encorajar os

representantes de vendas a desenvolver relacionamentos sólidos com esses clientes

almejados. Uma outra proposição de valor incluiu a oferta de serviços-padrão estáveis, de

baixo custo e altamente confiáveis.

Anteriormente, a empresa de telecomunicações oferecia uma ampla gama de

Page 51: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

51

produtos e serviços a todos os seus clientes. Hoje, percebeu a grande variação nas

necessidades e na disponibilidade financeira de seus mais de cem mil clientes. Ao observar

as necessidades de segmentos específicos, atraentes, a empresa conseguiu concentrar seus

recursos limitados de marketing, desenvolvimento de produtos e serviços e suporte ao

cliente, a fim de capturar negócios nos segmentos almejados, mantendo a oferta de

produtos, serviços e suporte padrão à base de clientes não almejada.

A assistência médica é um outro setor em que a compreensão obtida a partir da

análise ABC pode exercer um profundo impacto sobre a qualidade e a eficiência do

serviço. Um exemplo simples: um estudo ABC revelou que o custo de uma diálise renal

feita em casa, em relação a uma diálise renal feita em um hospital, era muito mais alto do

que o estimado pelo sistema de custos do hospital, desenvolvido com base em princípios

de custeio preestabelecidos.

Além disso, os indícios de capacidade substancial ociosa em instalações de

assistência médica terão implicações drásticas e surpreendentes no que se refere a onde os

pacientes podem ser tratados ao menor custo. O tratamento de pacientes nas instalações

existentes poderia ser muito. mais barato do que se acreditava anteriormente, já que o custo

da capacidade ociosa independe do custo da capacidade utilizada.

Como as organizações de serviços estão muito próximas de seus clientes, as

decisões relacionadas a oferta de produtos, recursos, preço e fornecimento devem integrar

as preferências dos clientes (como as reveladas pelo estudo de marketing baseado nas

necessidades) e o custo de satisfação dessas preferências.

As empresas de serviços tomarão decisões mais eficazes se combinarem sua análise

de custos baseados na atividade com informações confiáveis sobre atributos e recursos

valorizados pelos clientes em diferentes segmentos de mercado. Desse modo, podem

selecionar os segmentos que desejam abordar com base no crescimento e na lucratividade,

adequando suas ofertas de serviços para esses segmentos e permitindo que cada um deles

se torne isoladamente lucrativo.

2.2.3.3 Orçando o suprimento de recursos da organização

Segundo Kaplan (1998), um modelo preciso de custeio baseado na atividade, que

associa despesas organizacionais relacionadas às capacidades de suprimento de recursos às

atividades executadas e, em seguida, às demandas por produto ou cliente específico,

Page 52: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

52

facilitará as decisões sobre o suprimento adequado de recursos.

As empresas de serviços normalmente orçam e administram seus custos por centros

de responsabilidade. Sem um modelo ABC, os gerentes de empresas de serviços não têm

como associar decisões de orçamento que autorizam o suprimento de recursos para centros

de responsabilidade específicos às demandas de produtos e clientes para as atividades e

serviços prestados por esses centros de responsabilidade. Precisam definir orçamentos em

negociações anuais entre os chefes dos centros de responsabilidade e a equipe executiva

sênior.

Um modelo ABC pode ser usado como base para o processo de orçamento de uma

organização Assim, as decisões que autorizam gastos nos centros de responsabilidade são

associadas à produção dessas unidades requerida pelo volume previsto e pelo mix de

produtos e clientes. O modelo permite que a empresa de serviços forneça recursos para

produtos e clientes que contribuem com a lucratividade a longo prazo e identifiquem em

que processos fundamentais da cadeia de prestação de serviços uma redução de custos

pode ser necessária.

2.3 ESTUDO DE CASO – IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA ABC EM UMA EMPRESA

DE SERVIÇOS: O CASO DA EMPRESA HERZ

Veremos agora um exemplo de implantação do sistema ABC em uma empresa

prestadora de serviços do ramo de Administração, Compra e Venda de Imóveis. A empresa

em questão será chamada pelo nome fictício de Herz, mas todos os dados referente ao

projeto e a empresa são reais.

2.3.1 Histórico da Empresa

A Herz é uma empresa atuante no ramo de administração de condomínios, locação

e compra e venda de imóveis, a quase 70 anos, no Brasil. Constitui-se, no setor, como uma

das maiores empresas do país, alocando 400 funcionários distribuídos por 11 agências

situadas nos principais pontos da cidade.

Os principais produtos oferecidos pela Herz são: o contrato de administração de

condomínio, que é um pacote composto por contabilização dos registros de entrada e saída,

Page 53: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

53

pagamentos de todas as despesas realizadas pelo condomínio, débito em conta das cotas de

IPTU, água, energia elétrica, telefonia e gás, assessoramento nas reuniões de condomínio,

folha de pagamento para os funcionários do condomínio, entre outros; e o contrato de

aluguel de imóveis, que oferece o mesmo benefício de débito em conta das diversas

concessionárias e o seguro fiança, que garante o recebimento do aluguel mesmo que o

inquilino atrase o pagamento. Na verdade, os clientes da Herz possuem algo muito

parecido com uma conta bancária, onde podem movimentar seu capital de acordo com a

disponibilidade.

Visando manter a liderança no ramo, a Herz procura se adaptar às mudanças que o

mercado vem exigindo. Em 1992, o processo de Qualidade Total foi implantado. Em 1998,

foi a vez do Planejamento Estratégico Empresarial, com o objetivo de promover uma

estratégia de atuação e crescimento. Os funcionários que trabalham diretamente com o

público participam, antes da atuação, de um treinamento, organizado em uma escola

interna à empresa, através do qual se procura preparar pessoas para gerenciar contas de

condomínio, objetivando atender, da melhor maneira possível, a exigência dos clientes,

fator que vem se apresentando como fundamental para o sucesso da empresa.

No intuito de ampliar ainda mais essa posição de destaque, a presidência, partindo

de uma idéia do consultor interno da empresa acerca do modelo ABC, incumbiu a diretoria

financeira de analisar a possibilidade de implantação do sistema a partir do ano 2000. Após

contatos com Robert Kaplan, um dos idealizadores do sistema, a empresa, vislumbrando os

possíveis benefícios, contratou um escritório de consultoria para o assessoramento na

implantação do ABC.

2.3.2 A Implantação do Modelo ABC

Estabeleceu-se, como primeiro passo, que todos os gerentes da Herz assistissem a

uma palestra, que procurava explicitar o que era o ABC. Contudo, para muitos desses

gerentes, a proposta não pareceu ser tão clara. A equipe à qual cabia a organização do

projeto contactou os funcionários, esclarecendo os principais pontos do modelo e o seu

funcionamento. De imediato, houve dificuldades para a compreensão de alguns aspectos,

como, por exemplo, a noção de custos, mas tais dificuldades foram, com o tempo,

solucionadas, de acordo com a evolução da implantação do modelo.

Page 54: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

54

O início foi marcado por alguns obstáculos. As pessoas, em geral, evitavam falar

sobre o que faziam, seu tempo livre, ou medir diretamente suas atividades. Notava-se um

certo receio, sobretudo pelo fato de alguns funcionários terem sido dispensados durante o

período de implantação do ABC, o que fez surgir algumas adversidades ao modelo.

De fato, parte das demissões resultava do sistema: analisavam-se os processos e,

dentro deles, o que poderia ser melhorado. Outras demissões, contudo, já estavam

previstas. Ressalte-se que por serem alguns processos da Herz demasiadamente

burocráticos, estes vêm sendo cortados com a implantação do sistema.

2.3.3 As Impropriedades Detectadas

Mensurar o preço final é a meta do projeto, o que ainda não foi conseguido.

Tornou-se, na verdade, uma das maiores dificuldades do sistema, pois o custo da infra-

estrutura é alto: a matriz, por ser muito grande, consome muitos recursos. Pela atividade da

linha de frente, que são as agências, o custo seria muito baixo. Percebeu-se, então, que, por

essas atividades, o custo do produto final seria pequeno, o que se configuraria como algo

negativo, pois o preço cobrado não seria o verdadeiro.

Além disso, o ABC não permite que se leve os custos de infra-estrutura para as

agências. A Herz, primeiramente, teria que reestruturar o seu back office, de modo a alocar

o custo no produto final. Em síntese, as atividades que agregam valor ao produto são

pequenas, e existem muitas outras atividades de infra-estrutura que não agregam valor ao

produto, o que acaba por reduzir o preço final do serviço e não cobrir o total dos custos.

2.3.4 - As Mudanças

Implementaram-se reestruturações no setor de Recursos Humanos e no

Departamento de Compra e Venda de Imóveis. No RH, evidenciou-se que a atividade de

recrutamento e seleção era muito dispendiosa, o que conduziu à terceirização do serviço.

Na Compra e Venda, houve uma adequação dos custos, que eram altos, através da

separação da área de captação de novos clientes do departamento de Vendas e inclusão na

área de produtos, que cuida da compra e venda dos produtos da Herz. O objetivo era mudar

o enfoque do departamento de Vendas e tornar essa atividade mais competitiva no

mercado.

Page 55: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

55

A equipe responsável pelo ABC está, por enquanto, custeando as atividades e

organizando-as por departamento. Obtendo-se um ABC livre de impropriedades, ele

poderá ser usado como base para o orçamento. Contudo o sistema de custeio vigente é o

tradicional, e o ABC está sendo utilizado apenas como ferramenta de gestão.

2.3.5 As Vantagens e as Desvantagens Detectadas pela Herz

Selecionamos alguns dos itens mais marcantes que se apresentaram durante o

processo de implantação do sistema ABC na Herz, que se configuraram como vantagens

ou desvantagens para a empresa. A seguir, a relação desses fatos:

Vantagens

Pleno conhecimento das atividades realizadas pormenorizadas;

Desburocratização dos processos propiciado pelo melhor conhecimento das

atividades;

Reestruturação da empresa com conseqüente saída de alguns funcionários e

contratação de outros mais competentes.

Desvantagens

A implantação do sistema foi complexa, tendo sido todo o processo feito

manualmente, sem o uso de um sistema – software – de ABC. Os cálculos foram

feitos em planilhas eletrônicas;

Futuramente será muito difícil trabalhar sem um sistema próprio;

As atividades que não eram rotineiras possuíram um grau de dificuldade maior para

serem medidas e geraram desmotivação nos funcionários;

Como forma de proteção do seu posto de trabalho, houve a apresentação, por parte

de alguns funcionários, de valores irreais, dificultando a medição;

No início todos os gerentes trabalharam sobre os resultados gerados pelo ABC, mas

após algum tempo se acomodaram.

2.3.6 Relação Custo x Benefício

Page 56: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

56

O custo gerado pela contratação do escritório de consultoria foi alto, mas o projeto

em si não foi muito dispendioso para a Herz. A equipe, formada por duas estagiárias e uma

assistente para projetos, e o próprio projeto, tiveram seus custos previstos no orçamento da

empresa para o ano 2000.

A equipe deixa bem claro que os benefícios trazidos pelo ABC compensam todo o

investimento realizado. Um gerente que seja contratado hoje pela Herz para atuar em

quaisquer de seus setores na Matriz ou em uma das suas agências, ao analisar uma planilha

do ABC, é capaz de ter pleno conhecimento de todas as atividades que são realizadas e,

assim, saber que estratégias traçar, quais os pontos críticos, fortes ou fracos, que devem ser

trabalhados.

2.3.7 Trabalhando o Estudo de Caso: A Relação entre a Teoria e a

Prática

Nakagawa(1994) cita em sua obra as inúmeras aplicações do sistema ABC, entre as

quais destaca apenas algumas, que nos permitirão traçar um comparativo entre o caso Herz

e a teoria desse sistema:

Análise estratégica de custos: trata-se de conhecer os custos de produtos,

serviços, projetos, clientes etc., com o propósito de viabilizar à empresa ações estratégicas.

A presidência da Herz, ao tomar a decisão de implementar o sistema ABC na empresa,

vislumbrou a possibilidade de conhecer o custo exato de seus serviços e, por conseguinte,

cobrar um preço justo.

Gestão do Processo da Qualidade Total: o ABC desempenha em conjunto

com a ABM, CMS (sistemas de gestão de custos) e SCM (gestão estratégica de custos) o

papel de agente de mudanças na empresa, onde a busca do contínuo aperfeiçoamento

(kaizen) e a eliminação de todas as formas de desperdícios têm como propósitos a

e1iminação (defeito zero) ou redução substancial de custos da não conformidade e a

melhoria contínua da criação de valor para os clientes. A Herz, ao manter uma escola

interna para treinamento dos seus funcionários, buscava o melhoramento contínuo. O

processo de Qualidade Total, que já existia na empresa, passou apenas a ser trabalhado em

conjinto com o ABC.

Reengenharia de produtos e processos: busca-se através desta inovação

metodológica criar o breakpoint, que é o momento em que, aplicando-se o

Page 57: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

57

ABC/ABM/CMS/SCM, se inicia um movimento dinâmico de mudanças em projetos de

produtos e nas atividades relevantes de todos os processos, acompanhado de benefícios

estratégicos para os clientes e para a empresa, que superam os custos de sua

implementação. No caso da Herz, a desburocratização de algumas atividades e a

eliminação de outras, com a saída de alguns funcionários, mostrou os benefícios que o

ABC foi capaz de gerar para a empresa.

Elaboração de orçamentos com base em atividades: é a aplicação do

processo de análise de atividades e seus respectivos custos à elaboração de orçamentos

operacionais e de investimentos. A Herz, por estar passando pelo processo de

implementação do sistema ABC, ainda não pôde utilizar os dados obtidos com o modelo

para a geração de um orçamentos, mas este ponto faz parte dos planos da equipe de

projetos.

Complementação do sistema de informações para a gestão econômica: por

se tratar de um facilitador do processo de mudanças estratégicas, o ABC complementa os

conceitos e metodologias desenvolvidos para o desenho e a implementação com sucesso de

um sistema de informações para a gestão econômica. Algumas mudanças esrtatégicas já

ocorreram na Herz, por conta do novo sistema. O novo enfoque dado a área de Vendas é

um exemplo disso.

Pricing, taxas e tarifas: o ABC vem sendo muito utilizado para as

estratégias de pricing, taxas e tarifas em diversos segmentos da economia, tanto no setor

público como no privado. E esta é a meta da Herz: usar o ABC para encontrar o preço do

seu produto final, o contrato de serviços com o cliente.

Decisões sobre terceirizações: a aplicação do ABC neste caso tem como

propósito dar o adequado suporte aos procedimentos de outsourcing, geralmente

acompanhados de terceirizações de panes de produtos e processos que não constituem o

core dos processos de negócios. Foi o caso da terceirização do processo de recrutamento e

seleção da Herz, ocorrida logo após os primeiros resultados gerados pelo ABC, onde

visualizava-se claramente que o custo, além de alto, não compunha o conjunto de negócios

da empresa.

Estes são apenas alguns pontos sobre o sistema ABC e sua aplicabilidade. Cada

empresa terá evidentemente problemas específicos, diferentes dos problemas encontrados

pela Herz. Porém o ABC vem se mostrando muito eficaz na prática e, caso a empresa

esteja convencida de que sua implementação é a solução, deve antes traçar as estratégias

Page 58: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

58

adequadas para cada situação-problema.

Page 59: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

59

CAPÍTULO 3

CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DO ABC

3.1 PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO ABC

Identifica as reais fontes geradoras de custo em função dos geradores de custo,

podendo, desta forma, identificar exatamente quais e onde os recursos vêm sendo

consumidos.

Identifica o grau de valor agregado que cada atividade atribui ao negócio.

Identifica o custo efetivo dos produtos e processos em função da eliminação das

distorções propiciadas pelos atuais sistemas de rateio, atribuindo aos objetos de custeio os

custos efetivamente incorridos.

Permite a gestão do portfólio de produtos, analisando a rentabilidade individual

de cada produto e sua contribuição para o negócio. É base para determinação de

remuneração, preços e tarifas.

Incentiva a integração entre as áreas envolvidas nos processos e atividades,

maximizando os esforços para a resolução de problemas e aumento da qualidade.

Permite realizar benchmarking com outras empresas do mesmo setor,

comparando os custos unitários dos geradores de custo, permitindo uma análise

comparativa com as melhores práticas do mercado.

Permite estabelecimento de cost targets para cada atividade, possibilitando a

gestão desses custos na fonte, eliminando arbitrariedades nos processos de redução de

custos.

3.2 Fatores Críticos de Sucesso

Segundo Cangi (in CRC São Paulo,1994) , os principais pontos de sustentação de

um projeto de ABC são os patrocinadores internos, a efetiva participação do usuário e a

metodologia apropriada.

Ressalta Cangi em sua obra que os patrocinadores internos — presidência e alta

administração — devem estar convencidos de que esse novo modelo de gestão irá

Page 60: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

60

efetivamente auxiliar a empresa, devendo transmitir esse sentimento aos demais

funcionários.

Para conseguir total participação do usuário é necessária um comunicação

totalmente transparente, mostrando quais os reais objetivos da introdução do novo

conceito, ressaltando e reconhecendo que sua colaboração é imprescindível. Todas as

informações coletadas devem ser informadas e validadas pelos usuários do novo sistema,

garantindo o comprometimento de todos.

A metodologia é fundamental para o sucesso da implementação. É importante,

também, conhecer muito bem os processos que ocorrem na empresa e as atribuições

principais de cada departamento

O primeiro passo é definir o grupo de trabalho. Estabelecidos os prazos e as

responsabilidades, é necessário ministrar um treinamento conceitual com técnicas de coleta

de dados e princípios básicos de utilização do software suporte.

A criação da base de dados é o primeiro passo a ser cumprido.

Inicia-se por um mapeamento detalhado, identificando atividade, geradores de

custos e indicadores de desempenho.

Após esse mapeamento é necessário associar recursos às atividades. Salários e

despesas devem ser associados às atividades que efetivamente consumiram esses recursos.

Os volumes dos geradores de custos serão obtidos com os usuários mediante o

estabelecimento de novos procedimentos para coleta de informações atualmente

desconhecidas.

Os indicadores de desempenho são utilizados para identificar novas oportunidades

de redução de custo. Sua análise compreende verificar o índice de retrabalho e perdas

existente em cada processo.

Após a coleta dos dados, efetua-se o cadastramento no software para processamento

das informações. Em um primeiro momento, as novas informações poderão causar

surpresas. E necessária, então, uma revisão e apresentação dos novos resultados às áreas

para validação dos dados e emissão dos relatórios para análise.

Como se pode observar na metodologia para implementação desta primeira fase do

projeto, o comprometimento e a participação dos usuários devem ser totais.

A segunda fase envolve um nível mais detalhado de informações, havendo a

associação dos volumes dos geradores de custo aos objetos de custeio.

Nessa etapa, identifica-se o volume dos geradores consumidos pelos objetos de

Page 61: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

61

custeio (produtos e clientes).

A utilização do ABC como simples instrumento de redução de custos não é correta.

Na verdade, por ser um novo modelo de gestão, deverá identificar, por conseqüência de

sua implementação, recursos inadequadamente utilizados.

O que tentamos mostrar com essas considerações finais foi uma forma resumida de

como o ABC deve ser implementado na empresa, passo a passo.

Page 62: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

62

CONCLUSÃO

A utilização do ABC em empresas de serviços exige uma apreciação detalhada do

custeio dos recursos comprometidos. Observando-se as organizações de serviços pode-se

pensar que todos os seus custos são fixos, independentemente da quantidade e do mix de

utilização. Uma visão tão ingênua bloquearia a motivação para desenvolver sistemas

baseados na atividade nesses contextos. Mas quando se percebe que os gerentes

determinam o suprimento de recursos comprometidos antes das demandas de serviços

geradas por produtos e clientes, as razões para associar o uso de recursos a essas demandas

tornam-se muito mais convincentes. Os gerentes precisam das informações provenientes de

um modelo ABC para tomar decisões sobre os produtos e serviços que desejam oferecer,

os segmentos de clientes a que desejam servir, o método de fornecimento de produtos e

serviços a esses clientes e o suprimento de recursos necessário para seus produtos, serviços

e clientes. Os gerentes usarão as informações ABC para desenvolver produtos e serviços

que possam ser fornecidos aos clientes a preços que cubram os custos dos recursos

utilizados, permitindo-lhes servir os clientes em relacionamentos lucrativos.

Esta obra foi feita com o objetivo de auxiliar no entendimento conceitual do

desenvolvimento do sistema de custeio baseado em atividades. A partir de um caso prático,

tentou demonstrar como o sistema ABC pode ser uma ferramenta de gestão de custos

eficaz no combate às ineficiências dos sistemas tradicionais de custeio.

Page 63: A Filosofia Do Modelo ABC - Oficial

63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPASSO, Carmelo M., GRANDA, Fernando E., SMOLJE, Alejandro R..Custeio

Baseado em Atividades (ABC) vs. Métodos Tradicionais de Custeio. Revista Brasileira

de Contabilidade , n.º 116, p.72-81, mar/abr.1999.

CHING, Hong Yuh. Gestão Baseada em Custeio por Atividades. 2ª ed. – São Paulo: Atlas,

1997.

COGAN, Samuel. Activity-Based Costing (ABC) A poderosa estratégia empresarial. 1ª

ed.- São Paulo: Pioneira, 1995.

CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Custo como Ferramenta Gerencial, 8. 1ª ed. – São Paulo: Atlas, 1995.

KAPLAN, Robert S.,COOPER, Robin. Custo e Desempenho: Administre seus Custos

para ser Mais Competitivo. 1ª ed., São Paulo: Futura, 1998.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 5ª ed. Rev. – São Paulo: Atlas, 1996.

NAKAGAWA, Masayuki. ABC: Custeio Baseado em Atividades. 1ª ed. – São Paulo:

Atlas, 1994.

_________. Gestão Estratégica de Custos: Conceitos, Sistemas e Implementação. 1ª ed. –

São Paulo: Atlas,1991.