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A Folha
No mundo em que hoje vivemos,
parece à partida que a edição de
um jornal em papel é ridícula...ou
que não faz sentido… ou que está
ultrapassada… mas engana-se
quem assim pensa! Em qualquer
altura da vida e em qualquer lugar
do mundo a forma de nos expres-
sarmos em “Liberdade” será sem-
pre uma vitória. Este pequeno
jornal, “A folha”, é prova disso.
Queremos continuar de uma for-
ma tradicional, mesmo sendo le-
galmente neste contexto uma das
formas possíveis, podermos ma-
nifestar os pensamentos, ideias,
vontades e trabalhos de todos os
que estão envolvidos neste con-
texto escolar. Todos sabemos que
hoje as novas tecnologias são, de
uma forma geral, mais aliciantes,
no entanto pegar numa caneta
e escrever o que nos vai alma,
vai com certeza encher mais
papel, e encher mais corações.
Por isso, se eu fosse uma ca-
neta não ficava deitada na
mesa… guardada num canto
qualquer… serviria para tentar
mudar também qualquer coi-
sa…
Já pensaram, realmente, na
força que uma caneta tem???
Pensem nisso… mas pensem
com vontade!!!
Professora
Águeda Antunes
E se eu fosse uma caneta….
Esta frase, tantas vezes cantada
pelo nosso querido e famoso
artista Jorge Palma, e entoada
pelos milhares de fás, não podia
estar mais certa. De facto, en-
quanto houver estrada para an-
dar , a gente vai continuar. E nes-
se sentido iremos continuar a
escrever este jornal no seguimen-
to das duas últimas edições. Os
desafios quando são lançados
parecem muitas vezes inatingí-
veis, mas de um certo modo
podem ser uma alavanca para
fazermos mais e melhor. Por
isso, agradecemos a todos os
que livremente quiseram con-
tribuir para que esta folha volte
a brotar, ou até se qui-
sermos, que volte a
voar livremente.
Bem hajam!
Professora
Águeda Antunes
Enquanto houver estrada para andar...
Jornal da Escola do Estabelecimento Prisional do Linhó
Junho de 2016
Volume 1, Edição 3
Início do Ano Letivo 0
Cursos CPJ 2,3
Textos dos reclusos a concurso 11
Semana Cultural 4, a 15
Testemunhos dos professores 7,9, 10,19
Testemunhos dos formandos 16,20, 21,22
Outros trabalhos dos forman-dos
23, 24, 25
Nesta edição:
Pontos de interesse especiais:
Imagens da semana
cultural
Cursos da CPJ
Testemunhos dos
formandos
Testemunhos dos
formadores
Em outubro de 2014, deu
início mais um curso EFA de
nível secundário promovido
pelo Centro Protocolar de
Formação Profissional para o
Sector da Justiça, como uma
nova aposta, pois nunca se
tinha ministrado esta área –
Técnico de Apoio à Gestão
Desportiva. A meu ver, uma
aposta ganha no que diz res-
peito ao número de forman-
dos que terminaram o curso,
assim como a forma como
desenvolveram as suas capaci-
dades e as competências que
adquiriram.
Ao longo destes dois anos,
muitos momentos me ficarão
na memória, de boa disposi-
ção, de positivismo, de res-
ponsabilidade, de empenho e
de vontade de mudar, porque
são estes os que quero recor-
dar.
Parabéns a todos e que tudo o
que levam daqui vos permita
fazer a diferença nas vossas
vidas.
A mediadora Maria do Céu
Gonçalves
Curso de Técnico de Apoio À Gestão Desportiva
Os formandos do
Curso de técnico de
apoio à Gestão
desportiva visto pela
professora de CLC
Teresa Machado
Página 2 A Folha Volume 1, Edição 3
A diferença entre o impossível e o possível reside na determinação de um homem. – Tommy Lasorda
Ser derrotado é normalmente uma condição tempo-
rária. Desistir é o que a faz permanente. “Marilyn vos
Savant, Cronista”
Simpáticos mas preguiçosos
eis a turma dos desportistas
Se fossem mais estudiosos,
seriam uns grandes cientistas. O Jailson é refilão
mas faz tudo no final.
Tem um bom coração
e sabe ser excecional.
O Edvaldo com calma,
vai devagar, devagarinho.
É uma boa alma,
que não se arma
em espertinho.
Superando as dificuldades,
o Malagueta destacou-se.
Aproveitou as oportunidades
e nos trabalhos esmerou-se
O Valério é esforçado
E assim vai conseguindo.
Um formando dedicado
No portefólio progredin-
do.
Sempre a falar,
eis o Josimar vaidoso.
Gosta é de passear,
fingindo ser estudioso.
O Fredilson caladinho
Lá se vai aplicando.
Um aluno educadinho
E um excelente formando
Em cima da jogada,
Está o Flávio à espreita.
A carteira é uma baralhada,
Mas os trabalhos ajeita.
E para finalizar
Eis o Carriere na boa.
Para além de estudar,
Tenta ser boa pessoa.
Formandos que conheci,
Durante este ano letivo.
E por tudo o que vi,
Deixo-vos um abraço
afetivo!
Bem hajam!
A formadora de CLC,
Teresa Machado
Curso de Padaria /Pastelaria
No âmbito das sessões de Apren-
der com Autonomia, os forman-
dos do curso de Pastelaria/
Panificação começaram a traba-
lhar o seu tema de vida – O pão
e a doçaria ao longo da histó-
ria – apresentando, aqui, uma
primeira parte deste trabalho de
pesquisa.
Tudo começou com os Lusitanos
há 2800 Anos. Na base dos bolos
estavam a farinha de bolota e o
mel, já que a farinha de cereais
não abundava na Lusitânia e o
açúcar não era conhecido. A
confeção de doces ocorria so-
mente em épocas de festa e desti-
nava-se aos membros do “clã”.
Com a chegada dos Romanos, há
cerca de 1800 anos, os doces
eram vendidos nas ruas e praças
das cidades, nesta altura já com
farinhas de cereais e o açúcar
excecionalmente, e em casa de
pessoas ricas e como condimento
especial.
Com a queda do Império Roma-
no, os doces passaram a ser con-
fecionados nos mosteiros ou
conventos e nas sés.
A conquista da Hispânia pelos
Mouros possibilitou o desenvol-
vimento da agricultura e o cultivo
e a refinação do açúcar nas costas
do Mediterrâneo. Este desenvol-
vimento chegou ao sul do Tejo
onde eram plantados a Laranjeira,
o Limoeiro, e a amendoeira, além
de outras árvores de frutos. Isto
explica o desenvolvimento da
doçaria Regional Algarvia. No
norte de Portugal, cristão, a evo-
lução do comércio de importação
e exportação permitiu o desen-
volvimento da produção do açú-
car de cana a partir da Ilha da
Madeira (1430) e, mais tarde, o
Brasil (1530), o que possibilitou a
generalização do emprego do
açúcar na Pastelaria. Só nos finais
do Séc. XV, e devido às indús-
trias açucareiras, o seu consumo
Tais broas eram assadas da mes-
ma forma que os bolos, sobre
pedras quentes ou debaixo de
cinzas.
Foi em Roma, por volta de 500
a.C. que foi criada a primeira
escola para padeiros, tendo-se
tornado o principal alimento
daquela civilização, preparado em
padarias públicas.
Pode-se dizer que, com a expan-
são do Império Romano, o hábi-
to de consumir pão foi difundido
por grande parte da Europa.
Com o início da Idade Média, por
volta do ano 476 da era comum,
as padarias acabaram e a produ-
ção de pão voltou a ser caseira.
Assim, as pessoas voltaram a
comer pão sem fermento.
No século XVII, a França torna-
se um destaque mundial na fabri-
cação de pães, desenvolvendo
técnicas aprimoradas de panifica-
E em relação ao pão?
O nascimento do pão está associ-
ado ao nascimento da civilização,
já que a produção intencional dos
cereais que o podem constituir
tem início no momento em que o
homem decide tornar-se sedentá-
rio.
Segundo os historiadores, o pão
teria surgido juntamente com o
cultivo do trigo, na região da
Mesopotâmia, onde atualmente
está situado o Iraque. Supõe-se
que, a princípio, o trigo fosse
apenas mastigado.
Acredita-se que os primeiros pães
fossem feitos de farinha mistura-
da ao fruto do carvalho, a que se
chama bolota, landes ou noz.
Seriam alimentos achatados,
duros, secos e que também não
poderiam ser comidos logo de-
pois de prontos, por serem bas-
tante amargos. Assim, talvez
fosse necessário lavá-los em água
fervente, por diversas vezes,
antes de se fazer as broas que
eram expostas ao sol para secar.
ção.
O aparecimento da máquina
ocorre somente no século XIX,
com amassadeiras (hidráulicas
ou manuais), com um custo
muito alto e também com gran-
de rejeição. Os consumidores
mostraram-se “hostis” com o
pão feito mecanicamente. Pou-
co tempo depois, surge o motor
elétrico e a reclamação passa a
ser dos padeiros, porque cada
máquina substituía dois padei-
ros.
Hoje o trigo é tratado em moi-
nhos, é lavado, escorrido e
passado por cilíndricos que
separam o grão da casca.
O pão é um dos alimentos base
da alimentação portuguesa e
existe em diversas formas, não
se limitando ao simples pão de
trigo, de que o pão alentejano é
talvez o melhor representativo.
E o Pão???
Página 3 A Folha Volume 1, Edição 3
foi generalizado a todas as
faixas sociais, e não só em Por-
tugal mas também no resto da
Europa. Todavia, os conventos
continuaram a ser, até meados
de Séc. XIX, os principais cen-
tros de confeção de pastelaria
em Portugal. A pastelaria
industrial é incrementada com a
moda citadina dos estabeleci-
mentos hoteleiros e similares
em meados do séc. XIX, mas
especialmente após 1945. O
aumento do nível de vida das
populações urbanas permitiu-
lhes procurar estabelecimentos
que permitiam também, ao
público, saboreá-los e produzir
os doces em boas condições
higiénicas e com baixo custo de
produção.
Desde o norte de Portugal,
existe a broa de milho, o pão de
centeio da Serra da Estrela,
entre outros. O pão alentejano,
geralmente de grandes dimen-
sões e com miolo compacto, é
pensado para durar mais do que
um dia e é utilizado em diversos
pratos como as açordas e
as migas à alentejana.
No norte de Portugal, é célebre
a "broa de Avintes". Existem
outras espécies de pão, como
a fogaça, a rosca, as
“caralhotas” de Almeirim, o pão
-com-chouriço, os folares, as
"bolas", entre tantos outros.
O pão pode ser usado, para
pratos como o “torricado”,
onde um pão grande, torrado
com azeite e que é servido co-
mo acompanhamento, próprio
do centro do país, o bacalhau
espiritual, diversos ensopados e,
entre os doces, as rabanadas ou
fatias-paridas, os mexidos, etc.
Também o Pão de Rala, doce
conventual alentejano, leva pão.
Com a democratização dos preços e das normas de higiene e qualidade, os empresários de paste-
laria empregaram máquinas apropriadas e os locais de trabalho tornaram-se mais eficazes para
que cada trabalhador tivesse condições para produzir eficazmente.
A Semana Cultural foi um
desafio que se colocou a todos os
elementos da comunidade educativa
deste estabelecimento prisional e,
neste sentido, considero que todos
contribuíram afincadamente para o
sucesso desta atividade, proporcio-
nando aos nossos alunos uma sema-
na muito diferente e enriquecedora.
Como professora que acre-
dita na mudança e na melhoria no ser
humano, a Educação – que engloba a
formação de adultos -, desenvolve
conhecimentos, competências, pro-
fissionais e humanas, e também mo-
dela positivamente a personalidade
dos nossos formandos. O professor,
como protagonista da mudança, deve
ter presente os diferentes interesses
dos formandos e não esquecer as
expectativas que estes têm em relação
ao processo de ensino–
aprendizagem. O professor deve, igual-
mente, diagnosticar as necessidades do
aluno através de um apoio contínuo
com o intuito de, juntos, as superarem.
A Educação é um processo sistémico,
logo, um processo em construção e,
assim sendo, acredito que todos os
formadores envolvidos na Semana
Cultural, se empenha-
ram muito para que as
atividades desenvolvi-
das fossem ao encon-
tro das necessidades,
interesses e expetativas
dos formandos e para
que os objetivos deli-
neados fossem, efeti-
vamente, cumpridos.
Começo desde já por
agradecer a contribuição do Técnico
Superior de Reeducação, Dr. Rui Coe-
lho, e do Guarda Prisional, Chefe Can-
to, que sempre se mostraram disponí-
veis na preparação do evento e na reso-
lução de possíveis constrangimentos.
Não posso também deixar de agradecer
o contributo de todos os reclusos faxi-
nas na montagem/desmontagem da
exposição e na assessoria da organiza-
ção da sala de cinema, das turmas dos
cursos de EFA Básico. Agradeço,
igualmente, à formadora de TIC que
muito se empenhou na produção dos
materiais de divulgação da Semana
Cultural.
No primeiro dia contámos
com a presença das principais individu-
alidades do Estabelecimento Prisional
(EP), nomeadamente da Dr.ª Isabel
Flores, Diretora do EP e da assessora,
Dr.ª Manuela Raimundo, assim como,
do Diretor do Agrupamento de Esco-
las de Alcabideche, Prof. Gomes.
Senti que todos estávamos em
sintonia, principalmente formadores e
formandos que puderam apresentar os
trabalhos desenvolvidos nas diferentes
áreas, deixando uma pequena amostra
do trabalho produzido nas sessões de
formação. Os formandos da turma B1
apresentaram os trabalhos dinamizados
pelos formadores Filipe Neves e Hele-
na França, destacando-se os postais
que escreveram para os seus familiares
e um livrinho onde compilaram vários
textos sobre a história de família de
cada um. Os formandos da turma B2
apresentaram os trabalhos dinamizados
pelos formadores, Águeda Antunes,
Ana Costa, Anabela Lima, Filipe Neves
e Helena França, destacando-se a ma-
queta que representava uma replica do
Cadillac Bar (este trabalho está relacio-
nado com o tema de vida). Os forman-
dos da turma B3A apresentaram os
seus trabalhos dinamizados pelos for-
Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016
Página 4 A Folha Volume 1, Edição 3
Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016
Águeda Antunes, e de LC, Sandra
Tomé. Os formandos do Curso de
Pastelaria, no 1.º dia, e no âmbito
da inauguração da exposição, em
que constavam os trabalhos realiza-
dos por todos os formandos do
Estabelecimento Prisional, realiza-
ram uma breve apresentação dos
seus trabalhos que figuravam na
exposição, pequenos panfletos com
receitas, realizados com a formado-
ra de TIC.
No segundo dia, 15 de
março, os formandos participaram
nos Jogos Matemáticos, dinamiza-
Página 5 A Folha Volume 1, Edição 3
dos pela formadora de Matemáti-
ca para a Vida, que contou com a
colaboração de todos os forma-
dores para a sua implementação.
Os formandos revelaram inte-
resse nos jogos, nomeadamente
o Ouri (jogo de origem cabo-
verdiana, para estimular a memo-
rização e o cálculo algébrico) e o
Hex ( jogo foi inventado pelo
matemático dinamarquês Piet
Hein e reinventado, mais tarde,
pelo matemático John Nash Hex
é um jogo de estratégia), sendo
estes os preferidos dos forman-
dos. A dobragem de Origami
desenvolveu-se na sala da turma
mador Filipe Neves, com a ajuda da
formadora Sandra Tomé. Destacou-se
uma apresentação do seu tema de vida
relacionado com a Agricultura Biológi-
ca. Os formandos do grupo B3C apre-
sentaram trabalhos realizados com a
formadora de LC sobre técnicas de
publicidade. A turma B3A apresentou
ainda um cartaz com a colaboração da
professora Águeda Antunes e profes-
sora Ana Costa. Os formandos das
turmas B3B, B3C e B3D apresentaram
os seus trabalhos, realizados no âmbito
do tema de vida, Líderes Históricos,
dinamizados pelas mediadoras, Deo-
nilde Gaião e Helena França, com a
participação de formadora de TIC,
Afinal existe outra Matemática
XXII (Descoberta da «outra » matemática) Ai o ponteiro da tortura naquela sala que a matemática tornava mais escura em vez de iluminá-la. Felizmente só o nada-de-mim ficava lá dentro. O resto corria no pátio-em-que-nos-sonhamos pássaro a aprender os cálculos do vento aos saltos para os ramos. Mas só quando voltava para casa à tardinha encontrava a minha verdadeira matemática à espera na lógica dura das teclas do piano, no perfil-oiro-pedra da vizinha, na flauta de água macia do tanque - chuva de Mozart nos zincos da Primavera… Matemática cantante.
José Gomes Ferreira
B3A, em que os formandos criaram
um pássaro, símbolo da paz.
No dia dezasseis, quarta
feira, no período da amanhã, os for-
mandos que se inscreveram previa-
mente participaram nas provas de
Atletismo e Basquetebol. Nestas, os
formandos revelaram muita entrega e
um gosto especial por estas modali-
dades. No período da tarde, os for-
mandos participaram no workshop de
percussão, dinamizado pelo forma-
dor Filipe Neves. Relembro que esta
atividade tinha um limite de inscri-
ções e, neste sentido, apenas partici-
param as turmas dos cursos EFA
Básico, à exceção da turma B3P. Foi
uma atividade de grande interesse,
em que todos os participantes esta-
vam muito envolvidos. Assim, pode-
mos considerar que o terceiro dia da
Semana Cultural foi o preferido de
todos os formandos, o período da ma-
nhã foi dedicado ao desporto, sendo as
atividades dinamizadas pelo curso EFA
de Desporto e a tarde foi dedicada ao
workshop, dinamizado pelo formador
Filipe Neves, com a grupo Nice Groo-
ve Batucada.
Na quinta feira de manhã, no
âmbito do tema de vida da turma B3A,
o tempo foi dedicado ao cinema. Os
formandos visionaram o filme “O Mar-
ciano”. À tarde, alguns formandos as-
sistiram à palestra do Doutor Luís Gra-
ça, intitulada “Amor como critério de deci-
são”, que nos proporcionou uma
reflexão relacionada com as esco-
lhas baseadas no Amor/Medo, e
respetivas consequências no nosso
projeto de vida.
Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016
Página 6 A Folha Volume 1, Edição 3
Na sexta feira a semana cultural
culminou com a cerimónia da Eucaristia
presidida pelo Senhor Padre Dâmaso. Foi
uma celebração muito marcante pela mensa-
gem que nos transmitiu, dando continuidade
à palestra que tínhamos assistido no dia ante-
rior. São estes momentos de esperança, tran-
quilidade, assertividade, resiliência e de liber-
dade que devemos proporcionar aos nossos
alunos tão especiais pelas suas vivências e
projetos de vida, na maior parte das vezes
sem rumo…
Mais uma vez, quero rei-
terar os meus agradecimentos a
todos os meus colegas que abraça-
ram esta causa com muito entusias-
mo e dedicação. São estas peque-
nas / grandes experiências que nos
fazem crescer interiormente; penso
que esta semana valeu a pena a
muitos níveis. Espero ter dado o
meu contributo para ajudar a cons-
truir uma cidadania responsável e
elevar o nível educativo desta po-
pulação tão especial. São experiên-
cias como esta que valem a pena,
dando sentido à vida de um pro-
fessor!
Linhó, 4 de maio de 2016
Anabela Lima
(Coordenadora dos cursos
EFA do EB Alcabideche)
Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016
tre “trabalhar para” e “trabalhar
com” os alunos.
Nunca esquecerei todos
estes momentos de trabalho, parti-
lha e construção do saber e da rela-
ção entre as pessoas. Saber colo-
carmo-nos no lugar do outro é
das aprendizagens mais difíceis, é
uma competência que devemos
trabalhar ao longo de toda a nossa
vida. E quando achamos que já
dominamos essa sabedoria volta
tudo à estaca zero, pois aí dei-
xamos de nos questionar e de com-
preender realmente o que vai na
cabeça de quem connosco se cruza.
Ficamos presos às nossas conce-
ções e facilmente nos tornamos
agentes de intolerância, preconcei-
to, abuso de poder, opressão, vio-
lência, etc.
Página 7 A Folha Volume 1, Edição 3
Nunca esquecerei a
importância que a Matemática
teve para esbater o sentimento de
injustiça em relação à remunera-
ção do trabalho em contexto
prisional. Bastou evidenciar to-
dos os custos e benefícios envol-
vidos e relativizar os valores atra-
vés do raciocínio proporcional.
Foi determinante ter-
mos instituído um circuito de
comunicação escrita, cuja face
mais visível são as coletâneas de
textos que editámos, e que nos
deu a maior expressão de liberda-
de e inteligência humana, ou seja,
a capacidade de sermos autores,
todos nós sem exceção.
Sinto-me privilegiado por ter
conseguido proporcionar experiências
inesquecíveis através da Nice Groove
Batucada. Ficámos todos muito posi-
tivamente afectados (formadores, for-
mandos, guardas, técnicos superiores
de reeducação, monitores de percus-
são) e o pensamento que ficou a reper-
cutir na minha mente foi:
- Enquanto seres humanos a
nossa inclinação será sempre para a
felicidade.
Filipe Gameiro das Neves
Hoje sinto que sinto que sou
um homem mais completo!
Mais completo porque con-
quistei e fui conquistado.
Conquistei o respeito de ho-
mens que, noutro contexto, tanto po-
deriam ter sido grandes amigos meus
como me poderiam ter feito sérias
maldades, estando eu no local errado,
à hora errada. E todos eles conquista-
ram o meu profundo respeito.
Não sei quem aprendeu mais,
se foi o formador ou se foram os for-
mandos, mas as evidências são claras
quando um poeta analfabeto consegue
passar a escrever a sua poesia, quando
um jovem adulto cheio de raiva no
coração consegue, através da batucada,
cooperar com a sua educadora e com
o seu pior inimigo, passando a olhá-los
sob uma nova perspetiva, ou quando
um professor aprende a diferença en-
Trabalhando pela primeira vez num EP
Na semana de 14 a 18 de Mar-
ço de 2016, promoveu-se a
Semana Cultural, na escola
do Estabelecimento Prisional
do Linhó, pela 1ª vez, com a
colaboração das
equipas pedagógicas e forman-
dos/ alunos das Escolas Ibn
Mucana e Alcabideche e Cursos
promovidos pelo Centro Proto-
colar de Formação Profissional
para o Sector da Justiça.
Mais uma oportunidade para
partilha de saberes entre todos
os elementos da comunidade
escolar e com todos os interve-
nientes externos que contribuí-
ram para o desenvolvimento das
diversas atividades planeadas.
Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016
Página 8 A Folha Volume 1, Edição 3
No âmbito da Semana Cultural,
os formandos do curso de Téc-
nico de Apoio à Gestão Des-
portiva, organizaram a Manhã
Desportiva na qual incluíram
as atividades de Basquetebol e
Atletismo
(corrida de velocidade). Para a
realização desta atividade, co-
laboraram todos os forman-
dos e formadora Sandra Bor-
ges, implicando um investi-
mento de vários dias para de-
finição de responsabilidades,
elaboração de cartazes de di-
vulgação,
folhetos informativos, inscri-
ções, a concretização do tor-
neio de basquetebol e a com-
petição de corrida de velocida-
de e, após a concretização da
atividade, os certificados de
participação e de vencedores.
De parabéns também estão os nossos
formandos do curso de pastelaria e pa-
nificação que puseram em prática as
competências adquiridas para confeção
de pastelaria e nos presentearam com
bolinhos diversos na sessão de inaugu-
ração da Exposição!!!
Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016
Página 9 A Folha Volume 1, Edição 3
A formadora de Cidadania e Em-
pregabilidade, analisando todo o
desenvolvimento da semana cul-
tural, efetuou um parecer muito
favorável e positivo no decorrer
das diversas atividades. Salienta
como pontos fortes todas a pro-
gramação e planificação das res-
ponsáveis, todos os trabalhos ex-
postos dos diversos Cursos do
E.P.L., como também toda a arti-
culação que surgiu pela primeira
vez entre os agrupamentos de Es-
colas Ibn Mucana e as Escolas de
Alcabideche.
A manhã desportiva foi um
ponto alto no interesse, parti-
cipação e entusiasmo por
parte dos formandos, pois
constituiu um momento ex-
celente de verdadeiro lazer e
hino à prática desportiva. Os
jogos matemáticos foram
autênticos desafios aos quais
os formandos responderam
com correção e motivação.
Os filmes visualizados, tanto
pelos formandos dos Cursos
B2,B3 e Secundário, apesar de
existirem problemas operacio-
nais, constituíram também um
ocasião de interesse e fuga ao
quotidiano em que os forman-
dos se inscrevem. Quanto ao
workshop de percussão, música
será sempre uma arte que faz
vibrar todos os seres humanos e
por isso foi também algo ines-
quecível para todos.
Será de salientar que a diversidade das propostas nesta semana
cultural, a união das equipas pedagógicas e a alegria dos forman-
dos foram a pedra de toque nesta semana cultural.
Assim, todos estão de parabéns.
Formadora
Helena Maria Lima França
A Semana Cultural, da escola do E. P. Linhó, decorreu
de 14 a 18 de março com um programa de atividades
educativas e culturais destinadas aos diversos elementos
da comunidade educativa. É um evento que se organiza
anualmente há dois anos; contudo, este ano, teve a parti-
cipação e colaboração da escola de Alcabideche e do
Centro Protocolar de Formação Profissional para o
Sector da Justiça.
Todas as atividades programadas tiveram uma grande
recetividade por parte dos nossos alunos, o que vem
realçar a importância da realização deste momento cultu-
ral no Projeto Educativo desta escola e na contribuição
para o interesse, empenho e participação dos alunos na
realização de outras atividades, desenvolvendo ainda
mais as suas aprendizagens.
Destacaram-se os dias 15 e 17 com duas palestras
direcionadas para os alunos do ensino secundário,
uma sobre Migrações e a outra sobre Ética, para as
quais foram convidados o Prof. Dr. Jorge Malheiros e
o Dr. Luís Graça. Os alunos participaram de uma
forma entusiasta e interessada nestas atividades.
A encerrar esta semana cultural, o senhor Padre Dâ-
maso proporcionou um momento solene com a Eu-
caristia que teve lugar no ginásio da escola.
Fernanda Duarte,
Coordenadora do ensino recorrente secundário
IBMucan
Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016
Página 10 A Folha Volume 1, Edição 3
As professoras Fernanda Duarte e Teresa Machado ela-
boraram um questionário com o intuito de proceder à
avaliação da Semana Cultural. Foram analisados 53 ques-
tionários e constatou-se o seguinte:
As duas atividades mais apreciadas – Exposição e Ma-
nhã Desportiva;
Seguidas da Visualização do filme, do Workshop de
Percussão, dos Jogos Temáticos e da Missa.
As palestras tiveram mais impacto junto dos alunos do
secundário.
Há uma minoria de alunos que não compareceu/não
participou.
As propostas de sugestões , para futuras ativida-
des a desenvolver na Semana Cultural, foram pou-
cas; no entanto, as propostas apresentadas inci-
dem, essencialmente, em mais atividades desporti-
vas, designadamente, torneios de futebol, dança
(capoeira e Hip Hop), música e teatro. É de salien-
tar, ainda, temas diversificados nas palestras e
Workshops variados.
Fernanda Duarte, coordenadora do ensino re-
corrente secundário
AVALIAÇÃO DA SEMANA CULTURAL
Semana Cultural 14 a 18 de março de 2016
Página 11 A Folha Volume 1, Edição 3
O professor de Filosofia, prof. Abel Leite, apresentou um bom desafio para os mui-
tos que participaram na nossa semana cultural. Pensou…pensou… Pôs mãos à obra
e captou uma fotografia magnífica.
Através da imagem divulgada e com uma frase apenas, pretendia conhecer o que ela
representaria para cada um dos participantes. As possibilidades foram algumas, mas
apenas uma frase mereceu o mérito….. E a frase vencedora foi……
“Estou aqui sozinha e abandonada nesta estrada,
mesmo assim consigo manter-me viva”
Aluno Pedro Monteiro, nº240, 11º L
E o PRÉMIO foi um
saboroso
Menu McDonald's
O júri, inspirado pela imagem, não quis dei-xar de apresentar as suas propostas:
“A natureza ensina-nos…”, prof. Abel Leite
“A grande lição que o tempo deixa perceber…”,
prof. Fernanda Duarte
“Para lá da imagem que o tempo trans-forma, para lá do que se aceita como "perfeito" fica um caminho, desenha-se um trilho.”,
prof. Fernanda Duarte
Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016 Exposição dos trabalhos
Página 12 A Folha Volume 1, Edição 3
Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016 Exposição dos trabalhos
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Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016 Exposição dos trabalhos
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Semana Cultural, 14 a 18 de março de 2016 Exposição dos trabalhos
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No passado mês de fevereiro,
decorreu uma sessão de partilha/
sensibilização com o Johnson
que veio partilhar a
sua experiência de vida e a forma
como mudou o seu modo de es-
tar, considerando que foi, segura-
mente, um elemento inspirador
para os nossos formandos dos
cursos promovidos pelo CPJ.
Atividades de Sensibilização
Ética na vida e no desporto….
Página 16 A Folha Volume 1, Edição 3
Também em fevereiro, dia 26, realizou-se uma palestra
junto dos formandos do curso de Apoio à Gestão Des-
portiva, com a participação do nosso selecionador naci-
onal da equipa sub 20 de hóquei, Luís Miguel Alves
Duarte.
Uma partilha de experiências na área do desporto, assim
como a consciencialização das diversas profissões envolvi-
das para a concretização, com sucesso, de qualquer moda-
lidade desportiva.
Como adepto incondicional do desporto que sou, fico cada vez mais triste com o atual estado e noção do desporto. Pierre
Coubertin expandiu o conceito de que “mais importante do que vencer é participar ”. Ele concebeu o movimento do desporto
olímpico com um principal objetivo: “Educar a juventude através do desporto, dentro do espírito da compreensão mútua e amizade”. Cada
vez mais este conceito está a perder-se, não porque os jovens não tenham interesse, mas porque os responsáveis desporti-
vos pensem apenas em resultados para a instituição que dirigem e menos no atleta. Cada vez mais o ”jogo sujo” está presen-
te no desporto, desde a combinação de jogos, até à administração de substâncias ou métodos de adulteração física nos atle-
tas. Para um jovem, como eu, que tem ídolos nos vários desportos que segue, estes escândalos que têm vindo a público,
fazem-me começar a pôr em causa o empenho destes meus ídolos. O que será se os meus ídolos forem uma farsa? Vou
desiludir-me um dia por ter discutido com um colega meu, que tal atleta é o melhor do mundo e que mais nenhum se esfor-
ça por ser como ele ou que o método de treino que ele usa é o mais indicado para ser o nº 1. Os atletas profissionais não
devem nunca esquecer que são exemplos para os jovens que estão a iniciar uma carreira desportiva. O código de conduta de
um desportista deve ser pautado pela verdade desportiva acima de tudo. O espírito desportivo não devia ser posto de lado
por somas incontáveis de dinheiro, ou por outro qualquer motivo que ponha em causa a verdade desportiva ou a integrida-
de do desportista.
O conceito do amor à camisola perdeu-se no tempo, tanto quanto o jogar e viver, por amor ao divertimento que nos é pro-
porcionado. Não basta colar uns logos bonitos nas camisolas a dizer “fair play”, “respect” só para “inglês ver”, tem que ser
posta em prática a cultura “anti jogo sujo” na vida e no desporto. Os magnatas desportivos enchem os bolsos com jogadas
de bastidores, enquanto um qualquer desportista se sacrifica diariamente para que estas máximas sejam postas em prática.
Onde está o fair play e o respect disto? Temos que ter consciência moral. É uma capacidade interior de orientação pessoal do
ser humano, somos juízes dos atos e das ações praticadas. O desporto desempenha um importante papel no plano formati-
vo e educativo de um indivíduo, este está em constante construção pessoal e desportiva. Os princípios morais não se im-
põem, constroem-se. O desporto foi criado para que o humano se sinta bem na vida, “Mente sã em Corpo são”. Mas afinal
o que é a ética na vida e no desporto? É um acordo que faço com os outros para que a convivência social seja possível em
harmonia, respeito, educação, carater e solidariedade. Amantes de desportos e da vida, tenhamos em consciência que ambos
temos deveres e direitos, mas temos a obrigação de deixar um exemplo credível para as gerações vindouras. Gostem do
essencial do desporto e da vida que é a verdade.
Paulo Rosales
(Formando do curso de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva)
Atividades
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Atividade do Karaté
Os formandos do curso EFA NS de técnico de apoio
a gestão desportiva, dia 19 de maio, tiveram a oportu-
nidade de conversar com o praticante de karaté Jamil-
son Júnior - atleta do ABV ALCABIDECHE e cam-
peão europeu.
Durante a palestra foi possível conhecer a história e a
evolução do karaté. Houve também uma pequena
demonstração do kata de karaté. Ao longo de uma
hora e meia o atleta falou sobre as suas experiências e
viagens em competições nesta modalidade. Para o
Fredilson foi interessante conhecer a história associada
as cores dos cinturões.
O formando Jailson destacou a importância do karaté
como forma de refúgio dos problemas pessoais.
Para o Carriere o momento mais importante na
palestra foi quando se falou do esforço físico e
das técnicas utilizadas nessa modalidade. O
Edvaldo destacou a união que se estabelece
entre o treinador e o atleta.
Foi, em conclusão,
uma manhã diferente e muito produtiva.
Só é de lamentar que o karaté não seja
tão reconhecido em Portugal como o futebol!
Torneio Final de Futebol de Rua—Junho de 2016
Para terminar o curso de técnico de apoio à gestão desportiva, nada melhor que colocar em prática as aprendizagens do cur-so. Neste âmbito foi realizado um torneio de futebol de rua nas 2 últimas semanas de junho, para toda a comunidade escolar do Linhó. As equipas foram formadas pelos formandos que se inscreveram e o torneio organizado e dinamizado pelo curso em questão. O futebol seja em que modalidade se realize, move multidões e faz bater corações, e assim foi mesmo numa co-munidade tão reduzida como esta.. È de salientar que este futebol pretende trabalhar as áreas da saúde e dos estilos de vida saudáveis, da igualdade de oportunidades, do diálogo intercultural, da inclusão social, da promoção de valores de paz, solidari-edade, responsabilidade social e do desenvolvimento humano em sim como a ética no desporto.
O que Distingue o Futebol de Rua do Futebol de 11 ou do Futsal?
O Futebol de Rua é uma competição intrinsecamente social mas, em termos técnicos, baseia-se nas leis internacionais do fu-tebol com adaptações: Equipas mistas, com jogadores de diferentes faixas etárias; número de jogadores: 4 jogadores de cam-po (1 guarda-redes, 3 jogadores) e até 4 suplentes (8 jogadores no máximo por equipa); Duração do Jogo: 2 x 7 minutos (14 minutos no total); Polivalência do espaço de jogo (praticado em qualquer local público com dimensões adequadas) (neste caso o átrio da escola); Utilização de tabelas de delimitação do campo de jogo: 1,10 metros de altura, etc.
Todas estas regras, foram trabalhadas e divulgadas pelo curso de técnico de apoio à gestão juntamente com a formadora de desporto, Sandra Borges.
Todo o torneio foi bastante positivo e motivador. Foi muito interessante perceber, que a maioria dos participantes foram corretos e de uma técnica e entrega ao jogo espetacular, espero que a nossa seleção de futebol de 11 consiga jogar com a mes-ma paixão.
Eu como expectante, fiquei muito surpresa com o talento de jogadores em especial aos que jogaram na final.
Parabéns a todos! Foram uns campeões!!!
Professora : Águeda Antunes
Testemunhos—Being an English teacher in Linhó
Página 18 A Folha Volume 1, Edição 3
Sei um ninho
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar… Miguel Torga
Dedico este poema do Miguel Torga a todos os meus formandos para que possam realizar
muitos voos, tenham a imaginação, a criatividade, a simplicidade, a humildade e a persis-
tência para se sentirem livres …
Espero, sinceramente, que cada um de vocês abrace o seu projeto de vida, encontrando o
vosso rumo. Acreditem nas vossas convicções baseadas no vosso próprio amor, e, com
base neste sentimento tão nobre, façam as vossas escolhas….e sejam felizes…
A professora
Anabela Lima
Being an English teacher in Linhó
Has its ups and downs,
A rollercoaster pushed by what happens
Outside the school grounds…
Every now and then the teacher steps aside
And the prepositions, adjectives and nouns
Give place to verbs such as
Listen, care, guide…
Life stole the boys from classroom seats
So English isn’t sometimes their cup of tea
A smile reaches their hearts and minds
as no word or teaching method would
These boys that hate being called so,
As they want to be seen as fierce man,
Read our inside and the thoughts
That we want to hide
Being a teacher in Linhó
Is a giving and getting reality
And when walking the classroom
doorway
Lost in thoughts and worries
Lighting the day, t
he boys surely say
“Teacher, you look so pretty today!”
Cada um tem o seu Ninho...
Testemunhos
Findo este ano letivo, e após uma reflexão
sobre uma frase proferida pelo Papa Fran-
cisco, "porque todo o homem é maior
que o seu erro", hoje eu entendo a pro-
fundidade desta frase, depois de vários
meses de contacto permanente com os
formandos a quem lecionei as áreas de
Cidadania e Empregabilidade e Aprender
com Autonomia. Quando entrei pela pri-
meira vez no EP, senti uma mistura de
medo e curiosidade, havia um turbilhão de
ideias na minha mente , ideias essas que se
foram desmistificando ao longo do contac-
to com os formandos e todo o meio envol-
vente. Trabalhei de alma e coração, muitas
vezes com a sensação de que não conse-
gui transmitir as competências e os co-
nhecimentos que deveria e queria trans-
mitir, mas é gratificante chegar ao fim e
um dos formando dizer-me " professora
sempre que vejo um papel ou o Páteo
sujo lembro-me das aulas da professora
(aulas sobre educação ambiental) e re-
pudio os comportamentos que levam a
esta situação no Páteo".
Para mim este desabafo foi importante,
porque revelou que algo ficou na mente
deste jovem nas suas atitudes e compor-
tamentos futuros.
Foi importante o empenho e a
vontade de aprender e traba-
lhar dos formandos. Tenho de
salientar o entusiasmo dos for-
mandos no trabalho sobre as
líderes mundiais, nos quais se
empenharam afincadamente.
E porque acredito que nada na vida acontece por acaso, esta passagem pelo E.P. tornou-me um ser
humano mais sensível, mais rico e com muita vontade de ajudar, colaborar, transmitir e dar sentido à
frase proferida pelo Papa Francisco que também é o lema da Associação Confiar, a qual tive o privi-
légio de conhecer e com a qual me identifico.
"Todo o homem é maior que o seu erro"
Temos que acreditar
Eu acredito
Deonilde Gaião
Página 19 A Folha Volume 1, Edição 3
Opinião dos formandos desporto….
Página 20 A Folha Volume 1, Edição 3
Desde o início do curso até ao seu término cresci, amadureci, mudei espiritualmente e psicologicamente. Hoje tenho mais respon-
sabilidade, não posso esquecer que essa mudança partiu da minha predisposição para tal, porém não devo e não posso esmorecer
o trabalho PACIENTE, AMÁVEL e INCANSÁVEL que a professora Sandra Borges dedicou a este curso e aos seus formandos,
e a mim em particular.
Os seus trabalhos reflexivos foram extremamente capacitantes para mim, porque talvez sem eles não tivesse aberto a mentalidade
como a abri.
Toda a mudança e crescimento como pessoa e homem, seja em contexto de formação ou não, devo-o à professora de desporto
(Sandra Borges), como também não esqueço o trabalho de ligação, apoio e mediação que a pessoa de seu nome Maria do Céu
Gonçalves teve no curso e em particular com cada formando.
Quero agradecer e parabenizar as duas pessoas anteriormente referidas, mas também ao estabelecimento prisional e ao CPJ pela
existência do curso e pela sua conclusão com satisfação.
Wilson Velgi
Com este curso de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva, além de adquirir bastante conhecimento na área da Gestão Desportiva,
também foi um enorme passo na minha reintegração na sociedade e na minha evolução como Homem.
Por isso, um enorme obrigado a CPJ e a todos os Formadores envolvidos neste projeto, e desejo que este tipo de cursos tenha
continuidade e que continue a ter bastante influência positiva nesta fase da reclusão em que nos encontramos.
Jailson Gomes Fernandes
Desporto é saúde, satisfação, equilíbrio e motivação.
No curso de técnico de Apoio à gestão Desportiva, aprendi mais sobre a prática desportiva, por exemplo, futebol, basquetebol,
ginástica, organização de torneios e eventos. Também acabei por conseguir evoluir mais na arte da pintura e desenho.
Valério Pontes
Venho aqui deixar a minha nota sobre este curso de Apoio à Gestão Desportiva.
Desporto para mim é algo muito importante para todas as idades pois, para mim, este curso vai ser muito vantajoso e uma mais-
valia para um futuro próximo.
Entrei nesta formação com o objetivo de adquirir mais experiência a nível da Gestão Desportiva, este curso além de me dar esta
formação também me deu equivalência ao 12º ano, que por si é muito bom.
O balanço que faço destes dois anos de formação posso dizer que é um curso que nos dá mais capacidades a nível de conhecimen-
to também a nível desportivo, pois também nos dá a oportunidade de poder concluir o 12º ano. É um curso muito vantajoso que
me irá proporcionar a nível profissional desempenhar atividades desportivas no meu projeto profissional que tenho desde 2007.
Sair com mais esta aptidão irá ajudar-me bastante com os jovens com quem irei trabalhar no futuro.
Para mim o Desporto é liberdade, é saúde, alegria e união.
Flávio Varela
Este curso fez-me ver o desporto como um meio de união interpessoal e intrapessoal. Adquiri mais conhecimentos sobre valores
sociais como o respeito, igualdade e integração. Aprendi que todos temos o direito à prática desportiva, independentemente da
raça, género, orientação religiosa e aptidão física.
Consigo agora entender o desporto como herança de todos os homens e mulheres do mundo, não só como uma atividade física e
intelectual mas também como um promotor da tolerância, da amizade, do respeito e da disciplina. A união faz a força e o desporto
ensinou-me a alcançar objetivos em grupo com o propósito de alcançar os meus limites pessoais e não desistir porque não sou o
melhor.
Um formando…
É um curso necessário e preciso para os atletas, amantes do desporto e praticantes de exercício físico, procurando melhorar a per-
formance do estado da sua saúde física e psicológica.
Como amante do desporto, estou bastante satisfeito com a oportunidade, a abertura, a realização e conclusão do curso.
Gostei da experiência, da disponibilidade e orientação dos formadores em relação ao conteúdo das matérias lecionadas e praticadas
durante a formação, tirando o empenho, uma e outra postura menos correta de formandos e formadora. No geral, gostei da apren-
dizagem e aproveitamento final de todos.
Desejo a continuidade e melhoramento do ensino e formações no E.P. para melhor orientação e evolução de todos os reclusos.
Rui Tiquina
Testemunhos
Página 21 A Folha Volume 1, Edição 3
O curso de desporto fez-me ver, aprender e gostar mais ainda das modalidades desportivas, e saber os seus benefícios
e os seus valores. Aprendi também a ter uma maior relação entre o treino técnico e prático para sair bem preparado
para o mercado de trabalho. E acima de tudo ajudou-me a crescer psicologicamente e a manter um melhor respeito
pelos colegas e adversários.
"O IMPORTANTANTE É GOSTARMOS DE DESPORTO E NÃO GOSTARMOS SÓ DE GANHAR"
Marco Carriere
Este curso é um curso que é muito bom para o meu futuro porque tem muito a ver com o desporto, e hoje em dia o
desporto está muito na moda porque faz bem à nossa saúde.
É uma experiência nova que eu fiz ao longo destes dois anos, aprendi e adquiri novas competências, e uma delas foi a
ter ética no desporto e muitas coisas mais.
Espero que um dia eu possa pôr em prática todas as competências que adquiri e vivenciei com este curso profissional,
pois quero-me enquadrar no mercado de trabalho e se for na área do desporto, será muito bom.
Edvaldo Guerreiro
Para mim o curso de técnico de apoio à gestão desportiva é um curso fundamental para nós porque o desporto está
ligado a diversas coisas, como a nossa saúde.
O desporto para mim é o nosso bem-estar, satisfação, compromisso, valores e ética. Ao longo destes dois anos aprendi
imensas coisas relacionadas ao desporto e a nossa saúde.
Josimar da costa Marques
Este curso de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva trouxe-me várias vantagens: adquiri conhecimentos e ajudou-me
na minha reintegração na sociedade. Aprendi vários temas, novos conhecimentos relacionados com desporto, desen-
volvi a minha capacidade ao longo desse percurso com muitas atividades e organizações desenvolvida por nós alunos.
Fez-me com que eu veja um futuro com mais uma porta a abrir com adquisição do certificado. Também é um refúgio,
onde ocupo os meus tempos, para esquecer do contexto onde eu me encontro. E espero que deem continuidade a esse
grande projeto, porque é mais uma maneira de aproximar as pessoas e proporcionar momentos diferentes e, principal-
mente, dar-lhes a conhecer a importância que o desporto oferece.
DESPORTO
O meu porto de abrigo,
Modalidade de confraternização e de amizade.
Onde não há diferenças de idade,
Sim! a busca de um ombro amigo.
É um bem-estar físico e mental,
Faz-nos sentir bem a nível espiritual;
Um “pequeno” “GRANDE” refúgio para os meus problemas;
Esse “tempo” que leva as minhas “cenas” e
preenche o meu “eu”!!
Fredilson Brito
Apenas uma Opinião
Página 22 A Folha Volume 1, Edição 3
Neste mundo das coisas, já estive disposto a quase tudo… pelas coisas.
Hoje neste mesmo mundo das coisas, estou disposto a quase nada… pelas coisas.
De vez em quando, gosto de parar para pensar até que ponto poderei estar a gostar das coisas… algo me diz que é, ou deve-
ria ser, mais fácil desistirmos das coisas do que das pessoas, ou desistirmos do mundo. E é compreensível que possam surgir
questões do género; e se o mundo e as pessoas já desistiram de nós? Ou se nunca se tiverem sequer importado? Bem… o
mundo… ainda que o mundo nunca se tenha importado, ou tenha desistido de nós, no mínimo, e apesar de qualquer coisa, o
mundo ainda nos dá o oxigénio. Ou não?! O máximo que podemos dar ou fazer pelo mundo, estará sempre longe de equiva-
ler ao mínimo daquilo que o mundo pode dar ou fazer por nós. E, muito sinceramente, não sei se o mundo precisa de nós
tanto como nós precisamos dele. Mas ok. Continuemos mais preocupados com as coisas… com as nossas coisas.
As coisas são coisas. Meras coisas… por mais valor que lhes dermos. Por isso, não é de ânimo leve que reconheço que essas
meras coisas possam ter tamanha influência na minha vida.
Não sou anti-coisas. Nem acredito que as coisas não nos façam falta. Apenas acredito que TU és muito mais valioso, e muito
mais importante de que qualquer coisa.
A linha de pensamento que vou expondo não é consensual com o discurso do certinho, ou do moralista. Não coincide com a
argumentação utópica desta ou daquela parte. Porém, se colocar as pessoas à frente das coisas, faz de mim portador desta ou
daquela característica… que assim seja. Desde que continue a colocar as pessoas à frente das coisa… tudo bem!
Formando anónimo
Trabalhos realizados na área disciplinar LC
Página 23 A Folha Volume 1, Edição 3
”Coração sem dono…”,
Miguel Silva, B3D, 2016
“Liberdade”, Jonatan Rodrigues, B3D, 2016
“RAP, nota musical”,
Milton Moniz, B3D, 2016
Caligramas construídos pelos Formandos da turma B3D
Testemunhos
Página 24 A Folha Volume 1, Edição 3
Falar da vida
Na janela da minha cela
Sempre que te vejo escondo-me
para que não me vejas,
não me vejas a chorar.
Vivo sem alegria
só vivo com a tristeza.
Maldita solidão
que me dá cabo do meu coração.
Mas quando sair
tudo vai passar.
Sinto amor,
sinto que me deixas e abandonas.
Formando
Ricardo Silva
Janeiro 2016
Poema para música de Mendonça,
cantor tradicional cigano de Portugal
(foto em cima)
Trabalho realizado
em Linguagem e Comunicação B1
Amor de Mãe
Passatempos
Página 25 A Folha Volume 1, Edição 3
Rir faz bem!
O que diz o livro de Matemática para o livro de História?
– Não me venhas com histórias porque já estou cheio de problemas!
O que é um piolho em cima da cabeça de um careca? É um sem-abrigo!
No hospital diz o médico: Você é dador de sangue? - Não, eu sou o da dor de cabeça!
Vai um velhote na auto-estrada quando a mulher liga:
- Sim? Olha querido, tem cuidado! Deu nas notícias que anda um carro em sentido contrário! - Um? Eles são às dezenas!
Como se faz omeleta de chocolate? Com ovos de Páscoa!
Porque é que a água foi presa? Porque matou a sede.
Ficha técnica
Página 26 A Folha Volume 1, Edição 3
Realização: Águeda Antunes (Professora TIC-EB Alcabideche) - Formadora do EP Linhó
Correção ortográfica: Sandra Tomé (Formadora LC -EB Alcabideche) - Formadora do EP Linhó
Contribuição : Formandos , Formadores do EP Linhó, Ano letivo 2015/2016
Impressão: CPJ; EB Alcabideche e EP Linhó
Obrigada a todos que participaram, para o ano há mais!!