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1 A FOLHA DE S.PAULO E O ESTADO DE S. PAULO DAS ELEIÇÕES 2002 Trabalho apresentado no XI Encontro Norte Nordeste de Ciências Sociais por Marcio Pinheiro e Gabriel Mendes

A FOLHA DE Sdoxa.iesp.uerj.br/wp-content/uploads/2014/03/gabrielNE.pdf · eleitoral de um determinado candidato, como e porque ele abre espaço para determinadas discussões e não

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    A FOLHA DE S.PAULO E O

    ESTADO DE S. PAULO DAS ELEIÇÕES 2002

    Trabalho apresentado no XI Encontro Norte Nordeste de Ciências Sociais por Marcio

    Pinheiro e Gabriel Mendes

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    INTRODUÇÃO

    O trabalho aqui apresentado é resultado de uma pesquisa iniciada no início do ano de

    2002 no DOXA (Laboratório de Pesquisas em Comunicação Política e Opinião Pública do

    IUPERJ). Com uma planilha, foram listadas todas as matérias, colunas, editoriais, fotos, charges,

    artigos, manchetes que contém o nome de um dos quatro principais candidatos à presidente da

    última eleição – Luiz Inácio Lula da Silva, José Serra, Anthony Garotinho, Ciro Gomes.

    Foi com base nessas planilhas que pretendemos analisar a cobertura “editorializada”

    (artigos, editoriais e colunistas) e das manchetes do jornal dos jornais paulistas Folha de S.Paulo

    e Estado de S. Paulo. Escolhemos ambos por serem jornais competitivos históricos além de terem

    sede no maior colégio eleitoral do país, São Paulo, que é também o estado onde o Partido da

    Social Democracia Brasileira e o Partido dos Trabalhadores surgiram (partidos que chegaram ao

    segundo turno da sucessão presidencial).

    Analisamos as candidaturas a partir da chamada parte “editorializada” e das manchetes,

    pretendemos mostrar como a opinião do jornal - o ponto de vista da empresa - está por trás da

    escolha do que é mais importante para ser noticiado e como se dá a distribuição de espaço e

    opiniões de seus colunistas.

    Discutimos, sobretudo, como que o olhar que o jornal tem da campanha enviesa sua

    relação como os fatos. E investigamos como, por vezes, o jornal acaba assumindo a estratégia

    eleitoral de um determinado candidato, como e porque ele abre espaço para determinadas

    discussões e não para outras e, especialmente, e qual o critério de escolha de pauta da Folha de

    S.Paulo e do Estado de S. Paulo, para assim enxergar o que o jornal acredita ser o mais

    importante para o país.

    É importante esclarecer aqui que a primeira página do caderno especial de eleições que a

    Folha e o Estadão publicaram durante toda a campanha serão consideradas primeiras páginas

    também e estão incluídas na observação realizada.

    O período de análise dos jornais vai do dia 21 de agosto até o último dia da eleição, 27 de

    outubro, o segundo turno, dividido em três períodos: dia 21/8 a 3/9; do dia 4/9 a 17/9; do dia 18/9

    ao dia do pleito do primeiro turno, 6/10; depois o segundo turno de 7/10 a 27/10. O marco inicial

    de 21/8 foi escolhido por ser o dia seguinte ao início do horário eleitoral no rádio e na TV e,

    portanto, o início da cobertura deste horário gratuito pelos jornais. Um fator imprescindível para

    a campanha e para a pauta dois jornais.

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    Antes de analisarmos a cobertura eleitoral nos dois jornais é importante saber alguns

    pontos dos manuais de redação de ambos os veículos.

    A Folha de São Paulo tem como projeto editorial o exercício de um jornalismo baseado

    no apartidarismo e que tenha compromisso apenas com o leitor. Acredita na sua independência

    editorial fundamentada em critérios de pluralidade, criticidade, modernidade e num jornalismo de

    mercado. É como esse pano de fundo que se investigará o comportamento do jornal.

    Já manual de redação O Estado de S. Paulo dedica, ao contrário da Folha, um ínfimo

    espaço ao tratamento e edição dos textos publicados. Solto no capítulo que trata de estilo

    jornalístico, o manual do Estadão pede, no item 20, que o jornalista do jornal faça “textos

    imparciais e objetivos. Não exponha opiniões, mas fatos, para que o leitor tire deles as próprias

    conclusões”. O item 21 completa: “Lembre-se de que o jornal expõe diariamente suas opiniões

    nos editoriais, dispensando comentários no material noticioso. As únicas exceções possíveis:

    textos especiais assinados e matérias interpretativas”.

    21 DE AGOSTO A 3 DE SETEMBRO DE 2002: DESCONSTRUÇÃO DE CIRO

    A quinzena que conta do início do horário eleitoral até o início do mês de setembro é

    marcada pelo que a campanha tucana chamou de “desconstrução” da candidatura Ciro Gomes.

    Desconstrução essa que teve amplo amparo nas primeiras páginas, colunas e editoriais tanto da

    Folha de S.Paulo como do Estado de S. Paulo.

    Na folha Ciro lidera em número de citação: 1374 vezes. Sua marca de entradas positivas

    cai para 7% e negativas sobe para 37%.Serra (1135 citações), Lula (870) e Garotinho vieram

    depois. Ciro Gomes dominou também a cobertura do Estadão: 758 aparições, seguido de Serra

    (641) e do candidato em primeiro lugar nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva ficou com 503

    entradas.

    O jornal também quebra outra espécie de “norma do jornalismo contemporâneo” nesta

    quinzena ao dar preferência a um candidato. Embora tenha dado mais espaço para Ciro Gomes

    neste período, a maior parte das matérias foram de viés negativo: enquanto o candidato do PSDB

    obteve 33% de matérias negativas, Ciro obteve 49% de matérias negativas. Um fato curioso visto

    que as pesquisas de opinião, publicadas pelo próprio jornal davam conta de que Ciro se isola em

    segundo lugar com 25% contra Serra com 15% (dados do Ibope publicados em 28/8 pelo

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    Estadão). Importante lembrar que Ciro começava a cair nas pesquisas, mas o fato é que ele ainda

    era o segundo lugar.

    Temos, portanto, claramente que tanto Folha de S.Paulo quanto Estado de S. Paulo não

    seguiram a regra da “corrida de cavalos” na qual os jornais dão maior cobertura, maior espaço e

    repercussão a quem está em primeiro lugar nas pesquisas.

    Com a debandada de apoios para o candidato da Frente Trabalhista, a candidatura

    pepesista começa a se credenciar para ir ao segundo turno com Lula. É nesse contexto que a

    credibilidade e atuação política de Ciro como homem público em plena ascensão serão postas em

    cheque pelos jornais paulistas em análise.

    FOLHA DE S.PAULO

    Tais procedimentos se fazem presente por dois meios na Folha. O primeiro deles é o

    colunismo (“César, Tancredo, Collor, FHC e ... Ciro?”, de Vinicius Torres Freire, em 23/8,

    sobre os presidentes que irrompem para a presidência como sendo homens acima do bem e do

    mal; “Jovem destemido ou Bonaparte do sertão”, de Josias de Souza, em 25/8, indagando se Ciro

    Gomes é na verdade arrojado ou autoritário; “Mijões, babacas e pilantras”, de Elio Gaspari, em

    28/8, ainda sobre o pretenso destempero de Ciro; “Política e futebol”, de Boris Fausto, em 26/8,

    sobre a tentativa de Ciro de tirar dividendos eleitorais de amistoso da seleção brasileira de

    futebol).

    O segundo, através de matérias de primeira página ( “Nobel estranha aliança de Ciro e

    Scheinkman”, em 26/8, sobre o fato de o economista brasileiro ultraliberal José Alexandre

    Scheinkman entrar na campanha do “socialista” Ciro Gomes; “Na terra de Getúlio, Ciro tenta

    fortalecer verniz trabalhista”, em 25/8, com especial atenção aqui para a palavra verniz) ou

    matérias no interior do jornal ( “Família Gomes disputa poder desde 1890”, em 26/8, sobre o

    poder da família Gomes em Sobral, no Ceará; “Coordenador de Ciro dá ambulância e cesta”,

    em 30/8, sobre suspeitas de compra de votos; “Ciro cria situação constrangedora ao falar de

    Patrícia”, em 30/8 e “Ciro pede desculpas e Patrícia o defende”, em 1/9, ambas sobre a “infeliz”

    declaração do pepesista de que o papel de Patrícia Pillar em sua campanha era a de dormir com

    ele).

    Foi precisamente no auge da candidatura de Ciro que começou a ser veiculado pela TV e

    pelo rádio a propaganda eleitoral que foi responsável por uma mudança de referência na

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    cobertura da Folha de S.Paulo. Logo no início do horário eleitoral a tática traçada pela equipe de

    Serra foi a do ataque a Ciro Gomes.

    Serra (que estava atrás nas pesquisas de intenção de voto) e Ciro Gomes deflagram um

    embate quase que diário nas páginas da Folha (como nas chamadas de primeira página “Ciro e

    Serra intensificam duelo”, em 23/8; “Serra ganha 1 minuto do horário de Ciro na TV”, em 31/8).

    Ou nas colunas “Semana vital para Ciro e Serra”, de Fernando Rodrigues, em 26/8, sobre a

    polarização entre Ciro e Serra; “Verdades e mentiras”, de Nelson de Sá, sobre as acusações de

    mentiroso que um candidato faz ao outro, “Ética bêbada”, de Janio de Freitas, em 22/8, em que o

    colunista critica a estratégia de campanha de Serra; “Serra volta a veicular ofensa de Ciro na

    TV”, em 30/8, sobre o episódio em que Ciro Gomes xingou o ouvinte de uma rádio na Bahia). Ou

    mesmo na defensiva chamada de primeira página “Essa gente ataria até Cristo, diz Ciro” ou

    “Candidato do PPS cita Jesus para atacar Serra”, ambas em 2/9.

    Resultado: O candidato tucano sobe nas pesquisas e o do PPS cai. A partir desse

    momento, a cobertura da Folha de S.Paulo sofre uma profunda transformação.

    Quando Ciro Gomes aumentou seus índices de intenção de voto nas pesquisas e a

    candidatura do PSDB ficou em situação delicada, a Folha detectou uma tendência de polarização

    entre o pepesista e José Serra. Polarização esta planejada pela campanha tucana. Serra tinha

    chances ainda, teria somente que forçar um duelo particular com Ciro. O embate entre os dois

    teria que se dar – por mais que Ciro estivesse muito à frente de Serra e quase perto de Lula.

    Em sentido diverso, quando Ciro Gomes cai e Serra consegue subir nas pesquisas, o

    enfoque do jornal será o de mostrar a desestruturação da campanha de Ciro, diferentemente do

    que fez com Serra quando de sua queda. A possibilidade de debandada por parte de aliados, a

    escassez de apoios e o amadorismo da campanha do PPS. Isso pode ser visto na chamada de

    primeira página “Em alerta, Ciro revê sua tática após Serra crescer”, em 28/8; “Após queda,

    Ciro porá ‘sangue’ na campanha”, em 29/8; “Perdemos o primeiro round, admite Freire sobre a

    queda de Ciro”, em 2/9; “Para aliados, Ciro morreu pela boca”, em 29/8. Ou na coluna “Luz

    amarela e vermelha para Ciro”, de Fernando Rodrigues, em 28/8, sobre a queda do pepesista.

    ESTADO DE S. PAULO

    O Estado de S. Paulo também “comprou” a idéia da desconstrução de Ciro Gomes. O

    jornal reproduz as conseqüências do horário eleitoral enviesado claramente pró-Serra ou, em

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    determinados casos, anti-Ciro. Exemplos não faltam: em 23/8, Veríssimo critica o uso político do

    futebol no Ceará, especificamente sobre a “ajuda” que a CBF deu a Ciro Gomes em evento coma

    seleção brasileira de futebol.

    O viés negativo para a candidatura do pepesista é sempre reforçado pela parte opinativa.

    A colunista Dora Kramer criticou a candidatura Ciro sob vários pontos de vista. Desde seu “guru

    econômico” Mangabeira Unger (“Mangabeira em surpreendente intimidade com a lógica dos

    fatos” de 29/9) até artigos ofensivos como “TV testa pose de bom moço”, em 22/8, e “Atenção

    aos conselheiros” (29/8) no qual a colunista explica que “A Ciro cabe as correções dos próprios

    erros”.

    A outra frente opinativa do estado de S. Paulo é o “Espaço Aberto” na página A2, um

    espaço onde articulistas convidados pelo jornal expõem suas opiniões. Durante o período do

    horário eleitoral até o dia 3/9 ressaltamos o ataque a Ciro e a Lula pelo articulista Gilberto de

    Mello Kujawski que diz que “FH age fino como diplomata; Serra bate de frente; Ciro é impulsivo

    e Lula vulnerável” (“José Serra, o genérico de FHC?”, 22/8).

    Outro artigo que vale a pena ser lembrado no mesmo “Espaço Aberto” desse período foi

    “Lula, a história e a Petrobras” (27/8) de Jarbas Passarinho. No artigo o ex-senador diz que “os

    estaleiros nacionais não têm, ainda, capacidade para construir as plataformas”, ao contrário do

    que propunha no horário eleitoral o programa de Luiz Inácio da Silva.

    Ainda sobre Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de se manter ainda na dianteira das

    pesquisas de opinião, não protagonizou tantas primeiras páginas, colunas ou editoriais quanto

    seus adversários Ciro Gomes e José Serra tanto no Estadão como na Folha

    Já Anthony Garotinho é praticamente ignorado pelos espaços mais importante da Folha de

    São Paulo e do Estado de S. Paulo. Raramente figura na primeira página do jornal ou protagoniza

    alguma coluna.

    Na Folha, por exemplo, o candidato só foi contemplado com uma primeira página no dia

    22/8. A chamada era negativa para o candidato e versava sobre suspeitas de mal utilização do

    dinheiro do governo do Rio de Janeiro para a obtenção de benefício eleitoral (“Em três meses,

    Garotinho deu R$ 60 mi a prefeituras”). E destaque na coluna de Dora Kramer no Estadão (“Lei

    de Gérson, versão 2002”, 24/8) no qual a colunista diz que Benedita é obrigada a esconder “a

    bomba que Garotinho deixou para não prejudicar um possível apoio de Garotinho a Lula no

    segundo turno”. A exceção está na coluna do dia 3/9, o único durante todo o período eleitoral em

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    que Garotinho recebeu elogio de Dora Kramer (o elogio se deve por Garotinho tratar Rosinha de

    igual pra igual, sem desrespeitar as diferenças entre os gêneros (“Homens com H”).

    4 DE SETEMBRO A 17 DE SETEMBRO DE 2002: RESULTADOS DA

    DESCONSTRUÇÃO DE CIRO

    O desenrolar de situações marcantes na sucessão como o confronto entre Ciro Gomes e

    José Serra na justiça eleitoral, o retorno de Serra ao segundo lugar nas pesquisas de intenção de

    voto e, fundamentalmente, a mudança da estratégia eleitoral da candidatura Serra dominaram a

    cobertura desta quinzena.

    José Serra manteve a média de matérias com seu nome em relação à quinzena anterior

    (baixou de 1135 para 1100 na Folha e passou de 641 citações para 750 no Estadão). Relativa

    manutenção também observada no número de matérias negativas, positivas e neutras.

    FOLHA DE S.PAULO

    A respeito desse fim de batalha entre o tucano e o candidato do PPS no TSE, a Folha

    ainda dispensou importante espaço. Em sua coluna do dia 10/9, “Novo sobe e desce”, Janio de

    Freitas afirma que Nelson Jobim está comprometendo a lisura do processo eleitoral porque é

    amigo pessoal de Serra e do presidente Fernando Henrique Cardoso. Em “Coincidências

    demais”, de 7/9, Clóvis Rossi levanta suspeita sobre a atuação do TSE no julgamento de ações

    de Serra contra Ciro. Em “As armas de Ciro e Serra”, de 4/9, Fernando Rodrigues discorre sobre

    o embate entre Ciro e Serra que foi parar na Justiça. Na mesma linha, houve chamadas de

    primeira página dando relevância para o mesmo assunto.

    Outro tema que também recebeu grande atenção por parte da Folha de São Paulo foi o

    debate entre os presidenciáveis realizado na Rede Record de Televisão. Essa cobertura acabou

    por ter ênfase negativa para José Serra. Serra foi muito cobrado na sua relação com o governo

    FHC e por isso reclamou muito. Como já foi apontado nesse trabalho, a postura de Serra de não

    se assumir efetivamente como governista foi uma das questões mais delicadas de sua candidatura

    no pensamento editorial da Folha.

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    Isso fica claro nas colunas “Serra é cobrado por deficiências do governo FHC”, de 4/9, escrita

    por Renata Lo Prete; “Serra com FHC”, de Nelson de Sá, em 6/9 e outras (ver anexo).

    Ultrapassada essa conjuntura negativa para Serra, mas consolidado como candidato que

    vai ao segundo turno com Lula, o tucano iria apresentar seu novo estratagema de campanha.

    Tática eleitoral essa muito bem expressa na matéria de título “Serra deixa Ciro de lado e ataca

    Lula em visita ao Rio” (10/9). Como a campanha tucana já havia desconstruído a candidatura de

    Ciro, ou seja, destituiu Ciro da segunda colocação nas pesquisas, a Folha já começa a considerar

    Ciro “fora da disputa” e atribuindo eficazmente ao candidato do PPS a pecha de mentiroso e

    destemperado, o que se apresentava no horizonte do PSDB era a batalha direta com o líder das

    pesquisas: Lula.

    Da mesma maneira como ocorreu com Ciro, Serra inicia atacando e acaba por obrigar o

    adversário a demonstrar alguma reação (como nas matérias “Tucano critica Lula e diz que não

    participa de concurso de Papai Noel”, de 6/9; “Programa de tucano agora mira em Lula”, de

    11/9; “Serra cobra clareza de Lula sobre o MST”, de 11/9 também e na coluna “Agora é Lula”,

    de Fernando Rodrigues, em 11/9).

    É interessante notar, entretanto, que Lula responde, mas não de forma tão incisiva como

    Ciro fizera. A campanha de Lula parece não aceitar a polarização. A Folha, contudo, irá abordar

    o assunto como se houvesse essa polarização entre o petista e o tucano. Como pode ser visto nas

    chamadas de primeira página “Lula e Serra preparam ‘guerra fria’”, de 15/9; “Lula e Serra

    acirram as trocas de acusações” e “A 20 dias da eleição, Lula e Serra intensificam troca de

    ataques”, ambas do dia 17/9.

    A linha editorial da Folha em seu relacionamento com Lula manteve basicamente dois

    princípios básicos. O primeiro e já tradicional – como foi visto nas duas quinzenas anteriores – é

    o de apontar incoerências no PT. O segundo, mais difuso e menos determinado, fala da

    campanha em geral, da tentativa de polarização de Serra e de alguns ataques de Ciro Gomes.

    Sob a égide desse princípio primeiro, a Folha apresentou as chamadas de primeira página

    “Lula estreita laços com militares”, em 5/9; “Na Escola de Guerra, Lula muda discurso para

    agradar militares”, em 14/9 e ainda “Para Stédile, discurso de Lula não é de esquerda” e

    “Stédile classifica discurso de Lula como de ‘centro’ e critica alianças”, ambas de 16/9.

    Ainda sobre a postura “contraditória” de Lula, a Folha entrevistou o filósofo Denis Lerrer

    Rosenfeld e intitulou a matéria de “Filósofo aponta falta de coerência no PT”, em 8/9. E

    publicou a coluna de Vinicius Torres Freire, em 12/9, criticando a Reforma da Previdência que o

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    PT pretende realizar (“Uma revolução para o PT e Lula da Silva”) e “Quem te viu, quem te vê”,

    de Eliane Cantanhêde, em 13/9, sobre a aproximação de Lula dos militares.

    ESTADO DE S. PAULO

    Assim como no concorrente, neste período, há no Estado de S. Paulo uma forte tendência

    à polarização Serra-Lula e não mais a polarização Serra-Ciro. Afinal, Ciro já estava

    “desconstruído”. A Manchete do dia 10/9 explicita a forma da cobertura dali para frente: “Serra

    se isola em 2o ; Ciro empata com Garotinho” (dados do Ibope). A confirmação e a rápida

    conclusão do Estadão sobre a nova conjuntura eleitoral vem logo no dia seguinte “Confronto

    entre Serra e Lula refaz a antiga situação. Volta a polarização Serra-Lula” (11/9).

    Assim como na Folha, Ciro perde a liderança em número de aparições no Estadão (758) e

    passe a amargar um terceiro lugar (646 citações), enquanto, na outra ponta, a candidatura Serra

    ganha mais evidência (passa de 641 para 750 citações).

    Nesta quinzena (e em boa parte da cobertura do Estado de S. Paulo), duas observações são

    recorrentes. Primeiro, houve de fato um aumento da cobertura da candidatura Lula (candidato do

    PT que passa de 503 para 729 citações, liderando a cobertura. Nesse sentido, o jornal aceita a

    regra da “corrida de cavalos”, ou seja, dá espaço proporcional ao lugar que o candidato ocupa nas

    pesquisas de opinião). No entanto, tenham se acentuado as matérias negativas ligadas ao petista e,

    certas vezes, até preconceituosas, como veremos adiante.

    Em segundo temos que na polarização Serra -Ciro o jornal tomava claramente partido por

    José Serra, seja nas manchetes e principalmente nas colunas ou artigos de opinião. Exemplos não

    faltam.A parte de opinião do Estado de S. Paulo é totalmente desproporcional no equilíbrio

    negativo/positivo/neutro para os candidatos.

    O Estadão começa esta quinzena de 4/9 a 17/9 dando destaque em primeira página ao

    empate de Serra com Ciro: “Ciro cai mais e empata em 17% com Serra, revela Ibope” (4/9). No

    mesmo dia a colunista de economia Sonia Racy cobrou de Ciro uma definição acerca da

    participação de Patrícia Pillar na campanha (“Debate”, 4/9). No dia seguinte, outra colunista

    abria espaço para os porta-vozes da campanha tucana. Em “Debates em questão” (5/9), Dora

    Kramer diz que “para os tucanos, debates podem ser uma armadilha para Serra”. O viés pró-Serra

    e a preferência por fontes tucanas por parte dessas duas colunistas eram inegáveis.

  • 10

    O partidarismo de Kramer foi além nesta quinzena. Outras duas colunas dela foram

    explicitamente escritas sob viés e pontos de vistas de políticos e líderes ligados ao PSDB: em

    “PSDB suspende férias petistas” (11/9), a colunista diz que “tucanos querem derrubar imunidade

    de Lula”. Em 15/9 volta a ouvir apenas tucanos e, desta vez, o candidato ao governo de Minas

    Gerais. Em “Aécio quer evitar ressaca eleitoral”, Dora kramer escreve que “A amplitude da

    diplomacia de Aécio Neves parece excesso de esperteza. Isso tudo é para que não se consolidem,

    depois das eleições, inimizades contraídas durante a campanha”.

    A preferência pelas fontes tucanas foi observada também nas colunas de economia de

    Sonia Racy como a do dia 5/9, quando abriu espaço para um conhecido cientista político ligado

    ao PSDB. A notinha da coluna de Racy dava conta que “Sérgio Abranches diz que Serra não está

    empatado com Ciro e sim ligeiramente a cima”.

    Lembramos que a parte opinativa do Estado de S. Paulo não se limitava ao apoio a Serra,

    mas também a crítica às demais candidaturas. Na mesma coluna de 5/9, Sonia Racy publica uma

    notinha de ataque a Ciro Gomes: “Empresas associadas a Abrimaq não gostaram de declaração

    de Ciro”.

    Se era assim que o Estadão tratava Ciro chega ser impressionante o tratamento dado ao

    líder nas pesquisas nos espaços editorializados. Em editorial do dia 5/9 (escolho a mesma data

    dos exemplos anteriores para confirmar a explicitação do posicionamento do jornal diante das

    candidaturas), sob o título “Afinidade ideológica”, o Estado de S. Paulo critica Lula e seu

    partido: “há algo em comum entre o estatismo do PT e o nacionalismo militar”, comparando a

    candidatura Lula ao regime autoritário militar (1964-1985). Em outro editorial também bastante

    ilustrativo - “Lula bate continência” (17/9) – o jornal entende que “o lema de Lula é para cada

    platéia, uma mensagem agradável”. No “Espaço Aberto” da página A2 chama muito a atenção

    pela virulência e até desrespeito ao candidato Lula. O artigo “Paz amor e inexperiência” (16/9) de

    Fabio Giambiagi dá conta de que “se Lula for eleito e permanecer fiel às suas bases, vai arrasar o

    país”. Outros artigos do gênero foram publicados nesta quinzena (ver anexo)

    Lembramos que a quantidade de matérias de viés negativos para Lula subiu neste período

    de 29% para 35%, quase o mesmo de José Serra (com 36%); Ciro permaneceu com alto índice de

    matérias negativas (49%).

    Essa grande quantidade de matérias negativas para Ciro foram sem dúvida engrossadas

    pelas colunas. Dora Kramer se dedicou mais nesta quinzena à “desconstrução” da candidatura

    Ciro Gomes, mesmo de modo 1) “indireto”: em “Aprendiz do Bem-amado”(7/9), a colunista

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    desanda a criticar Paulo Pereira da Silva, candidato a vice na chapa de Ciro Gomes, classificado

    por ela como “O homem caricato reage com grosseria quando é enfrentado”. Ou mesmo direto 2)

    “Ciro é o campeão de rejeição: 34%” (11/9). Parece que a tal “desconstrução” estava dando certo.

    Mas não é justo pôr a força da “desconstrução” somente na colunista. As manchetes do

    Estadão ajudavam. A manchete de primeira página do dia 12/9 voltava a ser sobre o candidato do

    PPS: “Ciro diz que não vai renunciar e critica pesquisas”. No subtítulo: “Ciro negou que vá

    renunciar e atribuiu boatos à Serra”. Fica claro que o jornal embarcou no que dizia a campanha

    do tucano, teoria também confirmada e já explicitada acima sobre no jornal concorrente ao

    Estado de S. Paulo. Nesta mesma edição do dia 12 o jornal dá com destaque a matéria: “'Ciro

    caiu muito e a culpa é dele mesmo', diz Antonio Ermírio de Moraes”, que atribui a queda de Ciro

    às declarações do candidato contra empresários paulistas e o papel de sua mulher Ermírio.

    Está, portanto, reforçada a idéia de que o Estadão, assim como a Folha, embarcou na tese

    da auto-desconstrução de Ciro, algo tão proclamado pela campanha tucana. Essa última matéria

    (com Ermírio de Moraes), é importante lembrar, é em forma de reportagem embora seja baseada

    apenas na opinião do empresário (que por sinal, é colunista do jornal concorrente, da Folha de

    S.Paulo). Um Interessante modo de o jornal dar uma opinião, um apoio a um candidato (no caso,

    a José Serra) concomitantemente ao reforço da tese que Ciro se autodestruiu. Uma matéria,

    enfim, estranha, já que o próprio manual de redação do Estadão mostra em seu item 21: “Lembre-

    se de que o jornal expõe diariamente suas opiniões nos editoriais”.

    Por fim temos o tratamento dado ao candidato do PSB, que continuou sendo tratado com

    desdém por ambos os jornais paulistas. Nesta quinzena, a Folha de S.Paulo não figurou em

    nenhuma primeira página ou foi tema central de artigo, coluna ou editorial. O Estado de S. Paulo

    dedicou espaço ao candidato uma única vez nesta quinzena na coluna “Destino incerto” (7/9).

    Nela, Sonia Racy diz que “Analistas não parecem muito certos para quem migrariam os votos de

    Garotinho, caso ele decidisse renunciar na última semana de campanha eleitoral”.

    Tanto na Folha como no Estadão houve aumento no número de matérias com seu nome

    (foi de 168 para 194 entradas no primeiro e aumento de 143 para 197 no segundo) enquanto os

    índices de entradas positivas, negativas e neutras se mantiveram praticamente inalterados em

    ambos os jornais.

  • 12

    18 DE SETEMBRO A 6 DE OUTUBRO DE 2002: LULA (QUASE) PRESIDENTE

    Esta quinzena que conta do final do mês de setembro até a data da eleição no primeiro

    turno traz uma marca fundamental de alteração da cobertura jornalística da Folha de S.Paulo e do

    Estado de S. Paulo: a cobertura em relação a Lula passa a ser muito menos editorializada e mais

    voltada para a possibilidade real de o candidato petista ser eleito. Aumentam o número de

    matérias de como seria um governo do PT.

    Dessa forma, é notável perceber que o candidato do PT passa agora a ser o objeto central

    das primeiras páginas, editoriais, artigos e colunas de ambos os jornais. Bem como o abandono

    da idéia de Ciro ser um candidato competitivo: a desconstrução de sua candidatura já estava

    consumada.

    Com a preponderância de Lula nas pesquisas de opinião, aumentam, na Folha, o número

    de matérias negativas ao candidato (de 25% para 30%, seguindo a linha criticista de seu manual

    de redação). Já o Estadão, mesmo ainda apoiando José Serra nos editoriais e abrindo espaço para

    articulistas pró-PSDB, com a aproximação do pleito e a lideranças de Lula nas pesquisas de

    opinião, o jornal dá um espaço muito grande ao candidato na cobertura (passa de 729 aparições

    para 1853) e o número de matéria positivas sobre o petista fica em 35% contra 30% de matérias

    negativas).

    Ao contrário da Folha, que exacerba a crítica aos candidatos – especialmente quando eles

    crescem nas pesquisas de opinião, o Estado tende à uma cobertura menos crítica e mais factual

    embora os editoriais continuassem fiéis ao apoio a José Serra. Entretanto, ainda sobre o Estado de

    S. Paulo, é observada uma mudança nas colunas de Dora Kramer e Sonia Racy.

    Ressaltamos também que em ambos os jornais, houve grande aumento no número de

    entradas nesta quinzena para José Serra tanto na Folha (1548) quanto no Estadão (1136), os

    maiores índice registrado em toda a pesquisa. Tal situação pode ser evidenciada pelo fato de a

    Folha acreditar que Serra era o único candidato que poderia competir com Lula e forçar a

    realização do segundo turno entre os dois.

    FOLHA DE S.PAULO

    Mesmo que o editorial do dia 22/9 (“Haverá segundo turno”) garantisse categoricamente

    que a eleição presidencial não se encerraria no dia 6 de outubro, muito material foi produzido

  • 13

    tendo no horizonte a vitória de Lula. Esse material mereceu vasto espaço nas três primeiras

    páginas da Folha de São Paulo – ou seja, mereceu chamadas de primeira página, editoriais,

    colunas e artigos assinados – demonstrando assim a importância que o jornal dava para a

    iminente vitória do PT nas eleições presidenciais.

    Tal evidência pode ser comprovada em colunas (“O fiel da balança, em 22/9 sobre o

    poder de Garotinho decidir se haveria segundo turno ou não, “Por um fio”, em 24/9, “De pontes e

    dinamites”, em 25/9, as três escritas por Eliane Cantanhêde entre outras várias) e artigos (“Todos

    trabalham para Lula”, de Chico Santa Rita, em 27/9 e “Dever das oposições”, de Mangabeira

    Unger, em 1/10, sobre o dever que Ciro e Garotinho tinham em renunciar às suas candidaturas

    para que Lula vencesse no primeiro turno, entre outros vários artigos; ver anexo)

    Embora a Folha tenha aceitado a estratégia da campanha de Serra de polar com Lula –

    como ficou evidente no final da quinzena anterior e ainda poderá ser observado nesta, aqui

    analisada - o jornal não hesitou em mostrar a má repercussão dessa estratégia eleitoral para o

    candidato tucano. As pesquisas de opinião apontaram que os ataques de Serra a Lula não haviam

    atingido o objetivo planejado. Pode-se observar que o número de matérias negativas com o nome

    de Serra aumenta de 26% para 31% enquanto o de positivas cai de 11% para 9%.

    O diagnóstico que o jornal fez dos ataques do candidato do PSDB a Lula é feito a partir de

    uma interpretação simples de alguns fatos. A Folha já havia sugerido a grande massa de ataques

    com que Serra procuraria atingir Lula. Só que – ao contrário do que havia ocorrido com a de Ciro

    Gomes – a candidatura de Lula não se abalou com os ataques tucanos. Além disso, a taxa de

    rejeição de Serra subiu. Conclusão óbvia: os ataques de Serra não surtiram efeito e a estratégia da

    campanha tucana malogrou.

    Todas essas articulações podem ser amparadas por matérias na Folha. Seja quando Serra

    aceita que o ataque feito a Lula – o de que era necessário um diploma universitário para governar

    o Brasil – foi despropositado ( primeira página “Diploma não é fundamental, afirma tucano”, em

    19/9), seja quando Serra tem problemas com FHC ( na nota “Crítica interna”, de 22/9) ou com

    seu publicitário Nizan Guanaes ( primeira página “Intensidade dos ataques a Lula divide Serra e

    Nizan”, em 24/9; “Publicitário nega discussão e acusa Dirceu”; e “Atritos, Garotinho e 2 º turno

    abalam a campanha de Serra”, ambas em 25/9) sobre o rumo agressivo que a propaganda

    eleitoral de Serra tomou.

    Mesmo assim, os retratos mais incisivos sobre esse fracasso da estratégia de José Serra

    foram dados pelos próprios colunistas do jornal. Como na comedida coluna de Fernando

  • 14

    Rodrigues, de 21/9,“A rejeição é o preço”; “Medo de atacar”, em 2/10, do mesmo autor, ou na

    mais crítica “Quando o eleitor diz não”, de Renata Lo Prete, em 23/9.

    Como já havia sido apresentado na observação da quinzena anterior, depois de sua queda

    nas pesquisas de opinião, Ciro Gomes foi considerado praticamente sem chances na eleição

    presidencial pela Folha de São Paulo. Isso se reflete na queda do número de matérias dispensadas

    para o candidato (caiu de 416 no período de 7 a 20 de agosto para 313 nessa última) e no número

    de editoriais, colunas, artigos assinados e chamadas de primeira página que tiveram o candidato

    do PPS como objeto central. Foram apenas duas chamadas de primeira página e uma coluna.

    Anthony Garotinho tem, nessa última quinzena do primeiro turno, seu pico de aparições.

    São 281 entradas no período de tempo aqui analisado contra 194 no passado.

    Na reta final da campanha, Garotinho melhorou seu desempenho nas pesquisas de

    opinião e quase chegou a ameaçar o segundo lugar de Serra Apesar de não apostar muito nessa

    hipótese durante a cobertura da campanha, a Folha deu primeira página no dia do pleito para

    “Garotinho disputa com Serra 2 º lugar, Lula segue na frente”.

    Apesar dessa chamada de primeira página, e do incremento no número de entradas

    positivas de Garotinho (de 5% para 14%), a Folha manteve o padrão de cobertura que teve com o

    candidato do PSB em toda a eleição. Por isso, Garotinho recebeu uma primeira página com

    acusações ( “Garotinho expõe dado exagerado sobre habitação”, em 25/9), outra com ataques de

    Serra ( “No horário eleitoral, tucano acusa Garotinho de mentir sobre o mínimo”, em 27/9), uma

    ácida crítica de Elio Gaspari em “O dia de Benedita”, de 2/10 e uma irônica crônica a respeito de

    seu desempenho em debates ( “O rei do auditório”, de Clóvis Rossi, em 5/10).

    ESTADO DE S. PAULO

    No Estadão, a parte editorializada sofre poucas mudanças, basicamente as colunas de

    Sonia Racy e Dora kramer. As colunistas reconhecem a dificuldade de Serra virar o jogo e já

    falam de como seria um governo Lula. Quanto aos editoriais, bem como o espaço para articulistas

    nas páginas A2 ou B2 não houve mudanças; abandonam suas convicções e opiniões. Mesmo

    com a grande possibilidade de vitória de Lula, Dora Kramer, Sonia Racy e os editoriais

    continuam a criticar Lula e, o editorial, a pedir voto para José Serra. Todo, no entanto, com uma

    coisa em comum: Lula era imbatível. Vamos perpassar rapidamente por alguns dos colunistas do

    Estado de S. Paulo.

  • 15

    Sonia Racy que mudou de postura a partir desta quinzena. Além de tratar Lula como

    candidato praticamente vitorioso chega a abrir espaço, ineditamente, para opiniões pró-PT.

    Na primeira situação temos as colunas “Pelo mandato fixo no BC” (2/10), na qual

    discorre que “se BC fosse independente, as coisas já estariam mais fáceis para Lula” e “BC: alta

    ansiedade” (27/9). Nesta última coluna, Racy acha que “independentemente de quem seja o

    escolhido do PT para presidir o BC, a ansiedade do mercado financeiro se concentra na data dom

    anúncio desse nome”. Outra coluna foi a de título “Ansiedade generalizada” (28/9) na qual diz

    que “aumentou e muito, ontem, a expectativa do mercado financeiro em relação à formação da

    equipe econômica de Lula”. A respeito de a colunista ter “lulado”, chamamos atenção para duas

    colunas: em “Eleições” (2/10), Racy diz ainda que “Nei Figueiredo, cientista político: a vitória

    de Lula é certa. No mesmo dia, em outra notinha (“Online”, 2/10), a colunista mostra que “Parte

    do mercado já começa avaliar que um governo Lula não seria tão ruim”.

    Outra mudança é verificada nas colunas de Dora kramer. A jornalista deixa claro que a

    candidatura Serra está imobilizada e que o candidato não tem muito a fazer. O que não muda é

    que, mesmo sem chances, José Serra ganha, nas colunas de opinião, espaço desproporcional a sua

    força na campanha. Em “O que é real não faz mal” (19/9) Kramer diz que “José Serra imprimiu

    excesso de força à mão quando disse que Lula é a favor da bomba atômica". Nas colunas de 24/9

    e 1/10 ocorrem ataques mais pesados a Serra: no primeiro, “A suspeita sumiu”(24/9), a jornalista

    explica que “as derrotas de Serra no TSE por causa do jogo pesado”. Em “Crime eleitoral”

    (1/10), Kramer condena que “usar eleitoralmente a disseminação do pânico numa cidade é um

    grave crime de lesa-pátria, como fizeram Garotinho e Serra”.

    O que não mudou muito na cobertura do Estado de S. Paulo foram as manchetes, que

    seguiram o mesmo padrão, especialmente em relação ao candidato do PT: a maior parte com

    matérias negativas a Lula. O Estado de S. Paulo chega a exagerar, como na manchete do dia 21/9:

    “Queda de Lula em pesquisa faz dólar cair e Bolsa subir”.

    E quando as manchetes não são anti-Lula, são, no mínimo, pró-Serra como as do dia 20/9:

    “Equipe de Serra decide manter ataques a Lula”; ao lado desta manchete vem esta outra: “Tasso

    diz que apóia tucano em segundo turno”. No dia 30/9 vem o vaticínio sobre a candidatura Ciro

    Gomes e o resultado do processo de “desconstrução” em manchete: “Brizola sugere, mas Ciro

    nega que vá renunciar”(30/9). Já no dia 4/10 a legenda da foto confirma a causa da

    “desconstrução” da candidatura do pepessista: “candidato ´foi destruído por ele mesmo´”.

  • 16

    Ainda sobre as manchetes, vale mencionar a volta de Anthony Garotinho. Sua cobertura

    no jornal aumentou muito (de 197 citações para 572). Conforme saíam resultados dos institutos

    de pesquisa e foi-se verificando sua disputa, em alguns momentos, pelo segundo lugar com José

    Serra, o Estadão abre espaço para o candidato do PSB, dando-lhe inclusive manchetes: “Lula

    sobe, Serra se mantém em 2o, Garotinho passa Ciro Manchete” (18/9), “Garotinho garante que

    será ele o rival de Lula no 2o. Turno” (20/9), “Lula e Garotinho crescem em pesquisa” (22/9) e

    “Garotinho: Vou para o 2º turno” (27/9). Interessante notar também que neste período analisado,

    O Estado de S. Paulo aumentou de 21% para 29% o número de matérias positivas e reduziu de

    32% para 20% o número de matérias negativas a Garotinho.

    Já no “Espaço Aberto” (página A2) e os artigos avulsos da página B2 (economia)

    continuaram a ser - quase em sua totalidade - o local do anti-lulismo ou do pró-serrismo.

    Nesta quinzena os colunistas e articulistas do “Espaço Aberto” pareciam reforçar cada vez

    mais sua ojeriza ao candidato Lula. Em “Massa falida” (23/9), Alcides Amaral escreve que

    “Precisamos do país unido, caso contrário virá sofrimento para o povo brasileiro; se a percepção

    for a de que estamos diante de uma 'massa falida' como diz Lula, aí nossas chances de êxito

    seriam bem menores”. No mesmo dia e na mesma página, encontramos o artigo “Cenários”

    (23/9), de Denis Lerrer Rosenfield: “O PT só sabe fazer alianças em posição de hegemonia,

    colocando os aliados como subalternos; se Lula ganhar não terá forte base de sustentação”.

    Os ataques a Lula – já que a candidatura Ciro já havia sido “desconstruída” – continuam:

    “A desculpa dos vencedores” (24/9) de Jarbas Passarinho; “Lula, o câmbio e o espelho” (26/9),

    de Roberto Macedo que afirma que “se eleito, Lula vai colher resultados do que continua

    plantando no campo cambial”. Em outro artigo avulso (“Navio-escola Brasil”, 30/9), o professor

    Marcelo de Paiva Abreu pergunta e duvida da “estratégia de governo do PT”.

    Portanto, fica cada vez mais claro que a parte editorializada do jornal se posiciona quase

    que totalmente anti-Lula ou pró-Serra enquanto as reportagens seguem um padrão oposto

    buscando equilíbrio ente matérias de viés positivo e negativo. As reportagens assinadas vão

    mostrando a hegemonia do candidato petista e este, não tendo uma ”agenda negativa”, faz com

    que Lula ganhe grande número – especialmente devido sua colocação nas pesquisas ( “Lula pode

    vencer em 1º turno”, de 25/9) – matérias positivas.

    Para encerrar temos os editoriais que, embora muito ciente da hegemonia e da força do

    candidato do PT, não abriu mão em nenhum momento de suas convicções e não abandonou em

    nenhum momento o candidato do jornal: José Serra. Editorial de 6/10, por exemplo, reforça

  • 17

    aquele de 17 de junho (“A união em torno de Serra”) quando o Estadão apoiou o candidato do

    PSDB à presidência explicitamente pela primeira vez. No editorial do dia 6/10 (“Democracia

    consolidada”), dia da eleição, o Estado de S. Paulo volta a lembrar que “A eventual vitória de

    Serra, seria uma alternativa muito mais tranqüilizadora”.

    SEGUNDO TURNO- 7 A 27 DE OUTUBRO DE 2002: A DERROTA DE SERRA E O

    GOVERNO LULA

    O candidato do PT no período que comporta todo o segundo turno será o candidato mais

    noticiado na Folha de S.Paulo ( 61% das matérias para Lula e 39% para Serra) e no Estado de S.

    Paulo (67% ocupado por Lula e apenas 33% de espaço para Serra).

    Nos primeiros dias, a cobertura dos jornais paulistas se voltaram para a formação de

    alianças e a reaglutinação de forças para o segundo turno.

    FOLHA DE S.PAULO

    É fundamental que se note aqui que, em relação a Lula, esse assunto de alianças no

    segundo turno, mais uma vez, fez vir à tona o que a Folha acha da candidatura de Lula. Apontar

    as “contradições” do candidato foi mais uma vez um dos pilares da cobertura do jornal em

    relação ao petista. Essa “incoerência” teria seu fundamento no fato de Lula estar procurando para

    alianças setores da direita do cenário político brasileiro. O contato do candidato do PT com os

    conservadores foi, mais uma vez, criticado pela Folha de S.Paulo. Tal evento é evidenciado, desta

    vez, essencialmente em duas colunas de Nelson de Sá (“Quem não quer mudança”, de 9/10 e “A

    direita de Lula”, de 11/10).

    Antes de se partir para a análise do que se pode chamar de um segundo momento na

    corrida eleitoral do segundo turno, – a enxurrada de ataques mais uma fez proferida por Serra

    contra Lula - é oportuno atentar para a interpretação que a Folha fez do resultado das eleições de

    6 de outubro.

    O jornal deixa claro que os bons resultados da esquerda nas eleições e a expressiva

    votação de Lula no primeiro turno são muito mais a face de um desejo de mudança do que de

    crença em Lula, como político, e no PT como partido. Como nas colunas “O alcance da onda”,

    de Boris Fausto, em 21/10 e “Coro dos descontentes”, de Otávio Frias Filho, em 24/10 por mais

  • 18

    arriscado que seja, parece apropriado aqui afirmar que essas duas colunas expressam de maneira

    clara e evidente o que o próprio jornal pensa a respeito da eleição e, por conseqüência, de Lula e

    do PT. Pensamento esse que fica claro na cobertura que o jornal faz das eleições.

    Depois desse pequeno desvio, é apropriado se retornar para o que acima foi chamado de

    “segundo momento” da cobertura da campanha no segundo turno. Esse momento está baseado no

    combate que Serra proporá a Lula através de seu horário eleitoral e, não menos importante,

    através de declarações suas e de aliados à imprensa.

    Se essa era a estratégia da campanha do PSDB, a Folha, ao que parece, mais uma vez,

    aceitou o jogo e insuflou a discussão acerca da dicotomia eleição – crise. Isso fica óbvio em pelo

    menos três chamadas de primeira página que têm Serra como pivô: “Escalada do câmbio traz

    novas acusações”, de 11/10, que mostra Serra chamando Lula para a discussão sobre a alta do

    dólar; “Serra usa dólar para desafiar Lula; PT aponta ‘terrorismo eleitoral’”, no mesmo dia. E

    ainda “PSDB unifica discurso do caos depois de falar com FHC”, em 17/10.

    Além dessa questão do “terrorismo econômico”, a Folha abriu espaço para a repercussão

    da declaração da atriz Regina Duarte em propaganda eleitoral de José Serra, na qual afirmava que

    tinha medo de um eventual governo de Lula. A Folha de S.Paulo abriu espaço para discussão da

    polêmica que a campanha de Serra queria fomentar. Como na coluna “Regina Duarte e o bibelô”,

    de Clóvis Rossi, em 18/10, sobre os comentários preconceituosos de Lula sobre a atriz depois da

    veiculação do propaganda de Serra e na “De patrulheiros e cultura”, de Nelson de Sá, em 23/10.

    Ou nas chamadas de primeira página “Artistas criticam Regina Duarte”, em 22/10 e “PT é

    culpado por tática do ‘medo’, diz Garotinho”, em 23/10). A única postura dentro da Folha de

    crítica à agressividade dos ataques de Serra a Lula e ao que o colunista chamou de “terrorismo”

    de Regina Duarte, foi a do colunista Janio de Freitas em “Os efeitos do sucesso”, de 20/10.

    A terceira vertente dos ataques do candidato do PSDB ao do PT falam da postura de Lula

    em relação a ida a debates. Lula afirmava que, na condição de candidato líder nas pesquisas, só

    iria a um debate. Serra bradava que vários debates tinham sido agendados pelo petista ainda no

    primeiro turno e que os compromissos deveriam ser cumpridos. Com a negativa de Lula, Serra

    utilizaria o argumento de que Lula teria medo de debates, de que o petista teria algo a esconder da

    população.

    Assim, sobre essa questão, a Folha publicaria em 12/10 o editorial “Mais e melhores

    debates”, clamando pela ida do petista aos debates agendados já que o debate serviria para um

    esclarecimento cada vez maior dos eleitores. E, sintomaticamente, reafirmando a tese de que aqui

  • 19

    se pretende tratar, a Folha, alguns dias depois, em 17/10, coloca na primeira página “Restrição de

    Lula a debate frustra eleitor e mídia”.

    É dessa forma que se “encerra” a primeira metade da campanha do segundo nas páginas

    da Folha de S.Paulo. A partir desse momento, o foco da Folha mudaria substancialmente e, como

    já havia ocorrido no fim do primeiro turno com a possibilidade de vitória de Lula, o jornal

    abordará mais as eleições atrelada a um futuro governo Lula e menos a disputa eleitoral e os

    ataques entre os dois candidatos concorrentes.

    Esse movimento pode ser percebido a partir da divulgação dos resultados das primeiras

    pesquisas de opinião já no segundo turno do pleito (chamadas de primeira página “Lula alcança

    58%; Serra tem 32%”, em 13/10; “Lula vai a 61%; Serra mantém 32%”, em 20/10 e depois

    “Lula mantém a vantagem sobre Serra”, em 24/10).

    Assim, a Folha concluiu que a eleição estava já praticamente decidida. Era muito

    improvável que Serra conseguisse alcançar Lula em poucos dias. Essa impressão naturalmente,

    por conta de responsabilidade de imprensa, só poderia ficar evidente em colunas assinadas

    (“Agora, a lógica é aposta”, de Clóvis Rossi, em 13/10, sobre a vitória iminente de Lula; “Fim

    de festa”, de Nelson de Sá, em 25/10; “O vermelho e o azul”, Eliane Cantanhêde, em 13/10; “E

    se o Palmeiras for campeão”, de Vinicius Torres Freire, em 14/10 e “Acabou”, de Fernando

    Rodrigues, em 21/10).

    Sob a responsabilidade da empresa Folha (exceção única foi a chamada de primeira

    página do dia 23/10 “Área econômica derrubou Serra, diz Bresser”), o jornal não poderia atestar,

    antes da eleição, a derrota de Serra. Entretanto, poderia mudar o foco de seu material noticioso a

    respeito da eleição.

    A Folha voltou então suas atenções para o provável governo Lula. Nessa categoria são

    listáveis várias colunas: “O PT no poder”, de Luis Nassif, em 9/10; “O sub e a águia”, de Clóvis

    Rossi, em 17/10; “O terceiro turno” e “E, por falar em medo...”, ambas do mesmo Clóvis Rossi,

    em 19/10; “Um governo de esquerda possível”, de Vinicius Torres Freire, em 21/10, entre outras.

    É possível constatar, pois, que, mesmo com a eleição não decidida oficialmente, a Folha

    privilegiou em seu noticiário a transição para o governo do PT. Nos dias que antecederam a

    eleição, a campanha foi praticamente ignorada em detrimento dessa discussão.

  • 20

    ESTADO DE S. PAULO

    O que ocorre de mais significativo é a alteração das colunas de Dora kramer e Sonia

    Racy, algo semelhante ao que ocorrera na semana anterior. Os editoriais, ao contrário, nada

    mudam.

    Mesmo sabendo que a vitória de Lula, àquela altura era algo quase inevitável, o Estado de

    S. Paulo não abandonou suas convicções e reforçou seu oposicionismo ao PT em editoriais (“O

    que causa medo” de 17/10, em que diz que “a eleição de Lula não é interessante para o país”).

    Mudança brusca, no entanto, é verificada na coluna de Dora Kramer. A responsável pela

    coluna “coisas da Política” tenta equilibrar opiniões positivas e negativas para Lula e Serra. Em

    “A negação da antiga lenda” (10/10), Kramer diz que “tanto Lula quanto Serra teriam o mesmo

    número de deputados em suas bases, considerando as coligações da eleição”. Outro exemplo de

    tentativa de equilíbrio está na coluna em que abre espaço para o então ministro das Relações

    Exteriores, Celso Lafer, que “critica Serra e Lula pelo que considera excessos retóricos dos

    candidatos” (“Lafer critica excessos retóricos”, de 11/10). Embora também mantivesse sua

    postura crítica em relação a candidatura Lula como na nota “Faltou rumo” (20/10): “Faltou Lula

    dizer o que ele entende por 'mudança na política econômica’”. Ou mesmo em “Malan volta ao

    embate” (19/10) onde explica que para o então ministro da fazenda, “Lula tem que abandonar as

    ambigüidades.

    Outra mudança significativa da colunista Dora kramer – assim como ocorreu no

    colunismo da Folha de S.Paulo – foi no trato com Serra, considerado já derrotado. Em “O

    candidato e o presidente” (15/10) ela pergunta se “conseguirá José Serra dar a volta por cima?”.

    E responde no mesmo artigo: “as possibilidades são cada vez menores”. Em nota, abaixo desta

    coluna (“Sob controle”, 15/10), Kramer prevê que “se o eleito for Lula, possivelmente enfrentará

    mais dificuldades com os seus radicais do que com os conservadores”. A proeminente vitória de

    Lula é tão forte para a jornalista que em “Dom de ganhar, arte de perder” (18/10) ela diz que “a

    consolidação do favoritismo de Lula faz com que, a cada 24 horas subtraídas do dia da eleição,

    José Serra seja menos candidato e Lula mais presidente”. E chega a seu máximo no dia 25/10 na

    coluna “FH quer tucano na oposição” na qual afirma ser “meramente formal a posição dos

    partidos que apoiaram José Serra, de aguardar o resultado da votação de domingo para anunciar

    seus destinos a partir de então”. Idéia que Kramer já havia sentenciado um pouco antes na coluna

  • 21

    do dia 20/10 (“O impossível não acontece”): “Analistas não vêem a mais remota chance de Serra

    virar o jogo em uma semana”.

    Outra mudança notável nos artigos de Dora Kramer é o abandono de fontes tucanas. Pela

    primeira vez no período ela abre espaço para o senador já eleito do PT, Cristóvão Buarque. “Na

    opinião de Buarque, da mesma forma que a eleição de Tancredo Neves pelo Congresso

    representou a transição do autoritarismo para a democracia, a chegada de Lula ao Palácio do

    Planalto significa o início de um novo ciclo”( “Reverência à lei da gravidade”, 26/10).

    Mudança de conteúdo semelhante foi verificada nos artigos de outra colunista, Sonia

    Racy. A jornalista econômica ainda chega a veicular algumas notinhas ofensivas a Lula, mas, por

    outro lado, passa a tratá-lo como futuro presidente: “PT não vai anunciar equipe econômico

    imediatamente após a vitória” (“De peso” , 17/10).

    Ao contrário de Dora Kramer, o ponto de vista tucano continuou muito presente na coluna

    de Racy. Em 8/10 a colunista conta que “Nei Figueiredo, consultor político, esteve ontem com

    FHC e conta que o presidente vai agora participar ativamente da nova fase da campanha de José

    Serra”. Já em 26/10, volta a abrir espaço para representantes da campanha tucana: “Para Ermírio

    de Moares, Lula fez promessas durante sua campanha que não vai poder cumprir” (“Povo

    esperança”, 26/10). No dia seguinte, o mesmo antipetismo em vigência: “Presidente mundial da

    Alcoa informa que a vitória de Lula ainda gera medo grande entre investidores estrangeiros”;

    outra notinha no mesmo 27/10 dá conta que “a preocupação do mercado financeiro em relação

    ao futuro presidente do BC no caso de uma eventual vitória de Lula, é legítima”. Assim como

    ocorria na Folha, este era o tal “terrorismo econômico” propagado pelo Estado de S. Paulo.

    Importante lembrar dos colunistas Joelmir Beting e Veríssimo, que não mudam o teor de

    suas colunas com os rumos do segundo turno: Joelmir já passa a tratar Lula como eleito

    (“Caneta”, de 18/10, o colunista fala que “não dá para adivinhar o poder da caneta em um

    governo Lula”) e Veríssimo, em colunas sempre humoradas e irônicas, continuou na defesa do

    candidato do PT ( “A audácia”, 15/10 , no qual trata, em texto irônico, sobre o fato de Lula ter

    bebido um vinho caro).

    Mas o que não é alterado em nenhum momento em toda a campanha, assim como os

    editoriais, é o “Espaço Aberto” (página A2) e os artigos de opinião da página B2 (caderno de

    Economia). Todos sempre - com uma exceção de um artigo de frei Beto em 16/10 em que diz que

    “o resultado do pleito de 6 de outubro comprovou que 76% do eleitorado quer mudanças” - com

    ataques atrozes a Lula. No primeiro artigo de opinião no segundo turno que falou diretamente

  • 22

    sobre um dos dois candidatos, João Mellão Neto diz que “com a perspectiva de vitória do PT, a

    patrulha ideológica volta a atacar” (11/10). Já o artigo do professor Marcelo de Paiva Abreu

    (“Ruptura e continuidade”) em 14/10 pergunta: "PT pagador de promessas: com os eleitores ou

    com o FMI?". No dia seguinte, é publicado o artigo do jornalista Luiz Carlos Lisboa (“Eleitos,

    temei”, 15/10) no qual explica que “Lula foi criado pela marquetagem”. Outra crítica, agora ao

    PT, vem de outro jornalista, José Nêumane. Em “Lula e a revolução” (9/10), explica que “O

    problema do PT é seu apreço pela burocracia”. Sem contar os debates sobre o “caso Regina

    Duarte” que, nas palavras de Denis Lerrer Rosenfield ( “O Medo”, 19/10), “que criticam fala da

    atriz podem ser as vítimas de amanhã”, numa explícita crítica aos petistas. A lista de artigos anti-

    Lula continua: “O temerário preparo de Lula”, de Roberto Macedo em 24/10, “O deslumbre dos

    neoPTados” de Mauro Chaves em 26/10 entre outros muitos.

    Apesar de ser fortemente criticado pelos colunistas, editoriais e articulistas do “Espaço

    Aberto”, Lula, no segundo turno, ganha muita visibilidade. O candidato do PT tem mais do dobro

    de citações que Serra nas últimas semanas de eleições (1407 para Serra e 2817 para Lula)

    Curioso que o candidato do PSDB tenha ainda 29,5% de matérias negativas e 30,5% de

    matérias positivas a eles no geral contra 40% das matérias positivas a Lula e 20,5% de matérias

    negativas ao candidato do PT. Mas é importante lembrar: esses números se referem ao todo, ou

    seja, à parte editorializada e não-editorializada.

    Para encerrarmos a análise do segundo turno, vamos às manchetes de primeira página.

    Embora o jornal tenha buscado um favorecimento a Serra neste espaço nobre ao longo da

    cobertura eleitoral, não dava mais para ir a frente com esta tática. Os fatos eram fortes demais

    para se pensar num apoio a Serra via manchete: “'Só um cataclismo nos tira a vitória', diz

    Lula”(19/10); “Pesquisa: Lula tem 61% e Serra 32%” (20/10); “Se eleito, Lula quer conduzir

    economia” (20/10); “Lula tem excesso de indicações para equipe de transição” (25/10); “PT

    anuncia equipe de transição na 3º-feira”(26/10); “Pesquisa indicam vitória histórica de Lula”

    (27/10).

  • 23

    CONCLUSÃO

    Na Folha de S.Paulo e no Estado de S.Paulo, no período analisado, cremos que o mais

    marcante acontecimento na cobertura tenha sido o ocaso Ciro Gomes. A desconstrução de sua

    candidatura teve amplo espaço nas páginas da Folha de São Paulo e Estado de S. Paulo. E a tese

    da auto-desconstrução teve corroboração de ambos os jornais.

    Em ambos também é sintomático um sentimento de repúdio ao PPS. Repúdio esse que

    pode ser observado em editoriais, colunas, entrevistas e reportagens que tinham como objetivo

    último enraizar em Ciro a pecha de mentiroso e destemperado.

    Lembramos que essa estratégia de desconstrução foi originária da campanha de José

    Serra, especialmente durante o horário eleitoral. Contudo, cabia ao jornal decidir se aceitava essa

    estratégia tucana como pauta jornalística ou não.

    No mesmo sentido, outro movimento dos jornais em relação a Ciro é bastante

    questionável. Quando Ciro Gomes subiu nas pesquisas e quase chegou a empatar com Lula, a

    campanha de Serra percebeu que a única maneira de se manter competitiva era polarizar com

    Ciro Gomes atacando-o. Tal tática também teve o consentimento de ambos os jornais

    Quando Ciro Gomes caiu nas pesquisas e Serra conseguiu voltar ao posto de segundo

    lugar, a estratégia tucana foi a de polarizar com Lula para forçar a realização do segundo turno. A

    Folha e Estadão, sintomaticamente, abriram espaço para essa polarização deslocando Ciro Gomes

    de vez para a margem da sucessão. Postura que não haviam tido com Serra quando de sua caída

    para o terceiro lugar.

    Outro candidato que também teve tratamento hostil de ambos os jornais foi Anthony

    Garotinho. O candidato do PSB – que acabou em terceiro lugar no pleito - foi praticamente

    ignorado pela Folha e pelo Estadão. Recebeu espaço privilegiado somente para notícias

    negativas. Pode-se constatar como a opinião do jornal em relação ao candidato condiciona muitas

    vezes o que vai ser noticiado sobre ele. O caso de Garotinho é ilustrativo. Como a Folha e

    Estadão antipatizam com Anthony Garotinho, todas as vezes que o candidato figurou nas

    primeiras páginas desses jornais, a notícia era depreciativa em relação ao candidato.

    A mesma lógica, às vezes com mais intensidade às vezes com menos, se repete com os

    outros candidatos. Como, por exemplo, no caso da iminente vitória de Lula. A partir do momento

    em que a Folha e Estadão não acreditavam mais numa vitória de Serra, passaram a fazer matérias

    sobre como seria um governo Lula.

  • 24

    Na Folha é gritante a associação que o jornal faz entre Lula e suas supostas incoerências

    políticas. Essa faceta perpassou toda a campanha merecendo inúmeras colunas e chamadas de

    primeira página no jornal. O exemplo da suposta aproximação de Lula com os militares foi tão

    marcante que o próprio ombudsman da Folha detectou a postura crítica do jornal em relação ao

    petista. Esse tipo de exploração de contradição do candidato do PT foi muito explorado também

    pelo Estado de S. Paulo, principalmente nos editoriais e artigos do “Espaço Aberto”.

    Para finalizar, falemos sobre duas especificidades observadas na cobertura do Estado de

    S. Paulo: 1) Foi o único jornal de circulação nacional a apoiar um candidato formalmente em

    editorial (dia 17/6 e 6/10) e ter procurado manter um equilíbrio nas reportagens, que, segundo

    manual de redação do jornal, devem ser imparciais. O jornal foi honesto desde o início, ou seja: a

    parte opinativa é pró-Serra enquanto a parte não-editorializada buscava os preceitos do dito

    “bom-jornalismo”, ou seja, o equilíbrio e a imparcialidade; 2) já que não permite o uso de opinião

    nas reportagens, o jornal não mediu esforços para, na parte editorializada expor argumentos que

    favorecessem a candidatura de José Serra, bem como a de atacar as candidaturas Luiz Inácio Lula

    da Silva e Ciro Gomes.

  • 25

    Anexo: gráficos Folha e Estadão

    FOLHA DE S. PAULO 21/08 a 03/09

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    José Serra Garotinho Lula Ciro Gomes

    Estado de S. Paulo 21/08 a 03/09

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    José Serra

    (PSDB)

    Garotinho (PSB) Lula (PT) Ciro Gomes

    (PPS)

  • 26

    FOLHA DE S.PAULO 04/09 a 17/09

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    José Serra Garotinho Lula Ciro Gomes

    Estado de S. Paulo 04/09 a 17/09

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    José Serra

    (PSDB)

    Garotinho (PSB) Lula (PT) Ciro Gomes

    (PPS)

  • 27

    FOLHA DE S.PAULO 18/09 a 06/10

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    45%

    José Serra Garotinho Lula Ciro Gomes

    Estado de S. Paulo 18/09 a 06/10

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    45%

    50%

    José Serra

    (PSDB)

    Garotinho (PSB) Lula (PT) Ciro Gomes

    (PPS)

  • 28

    FOLHA DE S.PAULO 07/10 a 27/10

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    José Serra Lula

    Estado de S. Paulo 07/10 a 27/10

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    José Serra (PSDB) Lula (PT)

  • 29

    Alguns artigos, colunas e manchetes mencionados:

    21/8 a 3/9 Folha de S.Paulo

    “César, Tancredo, Collor, FHC e ... Ciro?”, de Vinicius Torres Freire, em 23/8

    “Jovem destemido ou Bonaparte do sertão”, de Josias de Souza, em 25/8

    “Mijões, babacas e pilantras”, de Elio Gaspari, em 28/8

    “Política e futebol”, de Boris Fausto, em 26/8

    “Nobel estranha aliança de Ciro e Scheinkman”, em 26/8

    “Na terra de Getúlio, Ciro tenta fortalecer verniz trabalhista”, em 25/8

    “Família Gomes disputa poder desde 1890”, em 26/8

    “Coordenador de Ciro dá ambulância e cesta”, em 30/8

    “Ciro cria situação constrangedora ao falar de Patrícia”, em 30/8

    “Ciro pede desculpas e Patrícia o defende”, em 1/9

    “Ciro e Serra intensificam duelo”, em 23/8

    “Serra ganha 1 minuto do horário de Ciro na TV”

    “Semana vital para Ciro e Serra”, de Fernando Rodrigues, em 26/8

    “Verdades e mentiras”, de Nelson de Sá

    “Ética bêbada”, de Janio de Freitas, em 22/8

    “Serra volta a veicular ofensa de Ciro na TV”, em 30/8

    “Essa gente ataria até Cristo, diz Ciro” e “Candidato do PPS cita Jesus para atacar Serra”, ambas em 2/9

    “Em alerta, Ciro revê sua tática após Serra crescer”, em 28/8

    “Após queda, Ciro porá ‘sangue’ na campanha”, em 29/8

    “Perdemos o primeiro round, admite Freire sobre a queda de Ciro”, em 2/9

    “Para aliados, Ciro morreu pela boca”, em 29/8

    “Luz amarela e vermelha para Ciro”, de Fernando Rodrigues, em 28/8

    21/8 a 3/9 Estado de S. Paulo

    “Mangabeira em surpreendente intimidade com a lógica dos fatos” de Dora Kramer, 29/9

    “TV testa pose de bom moço”, de Dora Kramer em 22/8, e

    “Atenção aos conselheiros” de Dora Kramer em 29/8

    “José Serra, o genérico de FHC?” de Gilberto de Mello Kujawski em 22/8

    “Lula, a história e a Petrobrás” de Jarbas Passarinho, em 27/8

    “Lei de Gérson, versão 2002”, de Dora Kramer, em 24/8

    “Homens com H”, de Dora Kramer em 3/9

  • 30

    4/9 a 17/9 Folha de S.Paulo

    10/9, “Novo sobe e desce”, Janio de Freitas

    “Coincidências demais”, de 7/9, Clóvis Rossi

    “As armas de Ciro e Serra”, de 4/9, Fernando Rodrigues

    “Frente de Ciro lança suspeitas sobre TSE”, em 6/9

    “Ciro abre guerra contra o TSE”; “Serra acusa rival de coronelista”, em 7/9

    “PPS sobe tom contra TSE e diz que FHC segue Fujimori”, em 9/9

    “Nelson Jobim rebate ataques da Frente de Ciro”, em 10/9 e

    “TSE concede 1 º direito de resposta a Ciro contra Serra”, em 8/9).

    Ou no editorial “Campanha negativa”, de 4/9.

    colunas “Serra é cobrado por deficiências do governo FHC”, de 4/9, por Renata Lo Prete

    “Serra com FHC”, de Nelson de Sá, em 6/9

    “Serra deixa o amigo FHC apanhando sozinho”, de Josias de Souza, em 8/9;

    “A vida como ela é nos debates”, de Renata Lo Prete, em 9/9

    “Paz e amor, no tiroteio”, de Nelson de Sá, em 11/9

    “O debate dos espertos que viraram bobos”, de Elio Gaspari, em 4/9

    coluna “Agora é Lula”, de Fernando Rodrigues, em 11/9).

    chamadas de primeira página “Lula e Serra preparam ‘guerra fria’”, de 15/9

    “Lula e Serra acirram as trocas de acusações”

    “A 20 dias da eleição, Lula e Serra intensificam troca de ataques” e “Serra omitiu empresa à

    Justiça em eleições” , ambas do dia 17/9.

    “É? Não é.”, 15/9, de Elio Gaspari

    “Procura-se José Serra, o legítimo”, 15/9 de Josias de Souza

    “Lula estreita laços com militares”, em 5/9

    “Na Escola de Guerra, Lula muda discurso para agradar militares”, em 14/9 “Para Stédile, discurso de Lula não é

    de esquerda” e “Stédile classifica discurso de Lula como de ‘centro’ e critica alianças”, ambas de 16/9.

    “Uma revolução para o PT e Lula da Silva” de Vinicius Torres Freire, em 12/9

    “Quem te viu, quem te vê”, de Eliane Cantanhêde, em 13/9

    4/9 a 17/9 Estado de S. Paulo

    “Serra se isola em 2o ; Ciro empata com Garotinho”.

    A confirmação vem da nova polarização vem logo no dia seguinte “Confronto entre Serra e Lula refaz a antiga

    situação. Volta a polarização Serra-Lula” (11/9).

  • 31

    “Ciro cai mais e empata em 17% com Serra, revela Ibope”(4/9).

    “Debate”, de Sonia Racy, em 4/9.

    “Debates em questão”(5/9), Dora Kramer

    “PSDB suspende férias petistas” (11/9), Dora kramer

    “Aécio quer evitar ressaca eleitoral”(15/9), Dora kramer

    “Serra não está empatado com Ciro e sim ligeiramente a cima”, 5/9 Sonia Racy

    “Empresas associadas a Abrimaq não gostaram de declaração de Ciro”, 5/9, Sonia Racy

    “Afinidade ideológica”, editorial, 5/9

    “Lula bate continência” (17/9), editorial

    “Paz amor e inexperiência” (16/9) de Fabio Giambiagi

    “Boatos sobre subida de Lula e receio a ataques a NY fazem dólar subir e bolsa cair”, 16/9

    “Aprendiz do Bem-amado”(7/9), Dora Kramer

    “Ciro é o campeão de rejeição: 34%”, (11/9), Dora Kramer

    “Ciro diz que não vai renunciar e critica pesquisas”, manchete 12/9

    “'Ciro caiu muito e a culpa é dele mesmo', diz Antonio Ermírio de Moraes”, 12/9

    18/9 a 6/10 Folha de S.Paulo

    “Matemática eleitoral” de Fernando Rodrigues, em 18/9, sobre a possibilidade de as eleições acabarem no primeiro

    turno

    “Lula chega a 48% dos votos válidos, diz Ibope”, manchete de 18/9

    “Lula sobe a abre 25 pontos sobre Serra”, manchete de 22/9

    “O ataque final dos mercados contra Lula”, de Vinicius Torres Freire, em 20/9

    “Pensando o impensável”, de Clóvis Rossi, em 22/9.

    “Dólar atinge segunda maior cotação do real”, manchete de 19/9;

    “PT prepara texto conjunto com a Bolsa para conter ira do mercado”, manchete de 20/9

    “Dólar bate recorde, e Bolsas desabam”, manchete de 24/9.

    “O fiel da balança”, em 22/9 sobre o poder de Garotinho decidir se haveria segundo turno ou não, de Eliane

    Cantanhêde

    “Por um fio”, em 24/9, de Eliane Cantanhêde

    “De pontes e dinamites”, em 25/9, de Eliane Cantanhêde

    “Todos para Lula”, de Nelson de Sá, em 26/9,

    “O vermelho e o azul”, de Renata Lo Prete, em 30/9

    “Lula e as mulheres pobres” e “Os últimos atos”, de Mauro Francisco Paulino

    “Todos trabalham para Lula”, de Chico Santa Rita, em 27/9

    “Dever das oposições”, de Mangabeira Unger, em 1/10, sobre o dever que Ciro e Garotinho tinham em renunciar às

    suas candidaturas para que Lula vencesse no primeiro turno

    “Staub apóia Lula e afirma que petista é um estadista”, manchete em 23/9;

    “Para Sarney, ‘temos que passar pelo gargalo do PT’”, em 24/9;

  • 32

    “Lula aceita apoio com ‘baile no fim’”, em 28/9;

    “Lula atinge 49% dos votos válidos”, de 29/9

    “Com 49% dos votos válidos, Lula fica a 1 ponto de vencer no primeiro turno”, de 29/9

    “Brizola aguarda chamado de Lula e deve apoiá-lo”, de 29/9

    “Diploma não é fundamental, afirma tucano”, manchete em 19/9

    “Crítica interna”, manchete de 22/9

    “Intensidade dos ataques a Lula divide Serra e Nizan”, em 24/9

    “Publicitário nega discussão e acusa Dirceu”, manchete em 25/9

    “Atritos, Garotinho e 2 º turno abalam a campanha de Serra”, ambas em 25/9

    ,“A rejeição é o preço”, Fernando Rodrigues, de 21/9

    “Medo de atacar”, Fernando Rodrigues em 2/10

    “Quando o eleitor diz não”, de Renata Lo Prete, em 23/9

    “Movimentos mínimos”, editorial de 3/10,

    “Por um ponto”, de Eliane Cantanhêde, em 29/9 e

    “Penúltimos sinais”, de Janio de Freita,. em 29/9

    “Na reta final, FHC subirá no palanque de Serra pela 1 ª vez” , manchete em 28/9

    “Imagens de FHC ficam engavetadas” , manchete em 28/9.

    “Lula sobe 2 pontos, e Ciro cai 3 no Ibope”, manchete em 18/9

    “Em crise, Ciro lança programa sem aliados”, de 28/9

    “Presidenciável resiste à pressão e mantém candidatura”, de 2/10.

    “Votos úteis”, de Janio de Freitas em 26/9

    “Garotinho disputa com Serra 2 º lugar, Lula segue na frente”, manchete em 6/10

    “Garotinho expõe dado exagerado sobre habitação”, em 25/9

    “No horário eleitoral, tucano acusa Garotinho de mentir sobre o mínimo”, em 27/9

    “O dia de Benedita”, de Elio Gaspari de 2/10

    “O rei do auditório”, de Clóvis Rossi, em 5/10

    18/9 a 6/10 Estado de S. Paulo

    “Governo Lula, ano 1” (Joelmir Beting 2/10) e na nota

    “Pânico ou burrice” (Joelmir Beting 1/10) na qual explica que “Lula não é um devorador de criancinha

    “Pelo mandato fixo no BC” ( Sonia Racy, 2/10)

    “BC: alta ansiedade” (Sonia Racy 27/9)

    “Ansiedade generalizada” (Sonia Racy 28/9)

    “Eleições” (Racy 2/10)

    “Online”, (Racy 2/10), - “Parte do mercado já começa avaliar que um governo Lula não seria tão ruim”.

  • 33

    “O que é real não faz mal” (Kramer 19/9) - “José Serra imprimiu excesso de força à mão quando disse que Lula é a

    favor da bomba atômica".

    “A suspeita sumiu” Kramer (24/9)

    “Crime eleitoral” (Kramer 1/10) - “usar eleitoralmente a disseminação do pânico numa cidade é um grave crime de

    lesa-pátria, como fizeram Garotinho e Serra”

    “Serra à moda do tuareg” (26/9), Kramer

    “Carrinhos de mão” (Veríssimo 26/9) - “o setor financeiro tenta forjar um pânico com a provável eleição do Lula”.

    “A reinauguração”, 5/10) - Veríssimo

    manchetes, dia 21/9: “Queda de Lula em pesquisa faz dólar cair e Bolsa subir”.

    20/9: “Equipe de Serra decide manter ataques a Lula”

    30/9: “Brizola sugere, mas Ciro nega que vá renunciar”(30/9)

    4/10: “candidato ´foi destruído por ele mesmo´”

    “Lula sobe, Serra se mantém em 2o, Garotinho passa Ciro Manchete” (18/9)

    “Garotinho garante que será ele o rival de Lula no 2o. Turno” (20/9)

    “Lula e Garotinho crescem em pesquisa” (22/9)

    “Garotinho: Vou para o 2º turno” (27/9)

    “Diploma é dispensável, diz FHC”, em 21/9

    “Massa falida” (23/9), Alcides Amaral

    “Cenários” (23/9), de Denis Lerrer Rosenfiel -: “O PT só sabe fazer alianças em posição de hegemonia, colocando

    os aliados como subalternos; se Lula ganhar não terá forte base de sustentação”

    “A desculpa dos vencedores” (24/9) de Jarbas Passarinho

    “Lula, o câmbio e o espelho” (26/9)

    Rubem de Freitas Novaes (“Para onde vamos?”, 1/10) - “com a vitória de Lula, corremos os risco de ver no Brasil

    políticas e métodos que nunca deram certo”

    “Entre verdades e ilusões” (5/10) de Sylvio Lazzarini Neto : “não há como negar que o modelo hoje defendido pelos

    petistas faliu, e faz tempo”

    editorial do dia 6/10 (“Democracia consolidada”) - “A eventual vitória de Serra, seria uma alternativa muito mais

    tranqüilizadora”.

    7/10 a 27/10 Folha de S.Paulo

    “Tudo, menos anjo”, de Nelson de Sá, em 10/10;

    “Negociações abertas”, de Fernando Rodrigues, em 9/10

    editorial “A dança das alianças”, de 10/10

    “O atrativo”, de Janio de Freitas, em 11/10.

    “Quem não quer mudança”, de 9/10 de Nelson de Sá

    “A direita de Lula”, de 11/10 de Nelson de Sá

  • 34

    “O alcance da onda”, de Boris Fausto, em 21/10

    “Coro dos descontentes”, de Otávio Frias Filho, em 24/10

    “Matar ou morrer”, de Eliane Cantanhêde, em 11/10).

    “Escalada do câmbio traz novas acusações”, de 11/10

    “Serra usa dólar para desafiar Lula; PT aponta ‘terrorismo eleitoral’”, no mesmo dia. “PSDB unifica discurso do

    caos depois de falar com FHC”, em 17/10.

    “Regina Duarte e o bibelô”, de Clóvis Rossi, em 18/10

    “De patrulheiros e cultura”, de Nelson de Sá, em 23/10

    “Artistas criticam Regina Duarte”, em 22/10 e

    “PT é culpado por tática do ‘medo’, diz Garotinho”, em 23/10

    “Os efeitos do sucesso”, de 20/10, Janio de Freitas

    12/10 o editorial “Mais e melhores debates”, clamando pela ida do petista aos debates agendados

    primeira página “Restrição de Lula a debate frustra eleitor e mídia”. 17/10

    primeira página “Lula alcança 58%; Serra tem 32%”, em 13/10

    “Lula vai a 61%; Serra mantém 32%”, em 20//10

    “Lula mantém a vantagem sobre Serra”, em 24/10).

    “Agora, a lógica é aposta”, de Clóvis Rossi, em 13/10, sobre a vitória iminente de Lula;

    “Fim de festa”, de Nelson de Sá, em 25/10;

    “O vermelho e o azul”, Eliane Cantanhêde, em 13/10;

    “E se o Palmeiras for campeão”, de Vinicius Torres Freire, em 14/10 e

    “Acabou”, de Fernando Rodrigues, em 21/10).

    primeira página do dia 23/10 “Área econômica derrubou Serra, diz Bresser”

    “O PT no poder”, de Luis Nassif, em 9/10, sobre a imprevisibilidade de um governo do PT frente a uma crise aguda

    na economia

    “O sub e a águia”, de Clóvis Rossi, em 17/10, sobre o relacionamento do próximo presidente brasileiro com os

    Estados Unidos;

    “O terceiro turno” e “E, por falar em medo...”, ambas do mesmo Clóvis Rossi, em 19/10, sobre o perigo de Lula

    cair nas armadilhas do mercado;

    “Um governo de esquerda possível”, de Vinicius Torres Freire, em 21/10, entre outras.

    “Lula 2002 toma Romanée-Conti 1997”, de Elio Gaspari, em 9/10

    “A guerra das estrelas”, de Marcelo Coelho, em 19/10, sobre o fato de Lula não deixar clara nenhuma de suas

    posições políticas.

    Fábio Wanderlei Reis “Depois das ventanias”, em 10/10

    “Erro na contagem”, de Janio de Freitas, em 8/10

    “Quando a lei subtrai a liberdade”, de Luís Francisco Carvalho Pinto, em 9/10

    “Desconstrução”, de Otávio Frias Filho, em 10/10

    “Nem céu, nem inferno”, de Eliane Cantanhêde, em 20/10

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    primeira página “Cobertura da Folha foi eqüidistante”, em 25/10

    7/10 a 27/10 Estado de S. Paulo

    “A hora da verdade” (7/10) - editorial

    “O que se espera de Lula”, 11/10 - editorial

    “Para Lula entender a sua vitória” (14/10)

    “O que causa medo” (17/10), editorial - “a eleição de Lula não é interessante para o país”. Ou seja, a convicção do

    jornal não é abalada pela provável derrota de José Serra.

    “procurando motivos para o otimismo”, editorial de 22/10

    “Malan volta ao embate” (Kramer 19/10)

    “FH quer tucano na oposição” (Kramer 25/10)

    “Reverência à lei da gravidade”, (Kramer 26/10).

    “PT e PSDB já trocam papéis”(Kramer 24/10)

    João Mellão Neto diz que “com a perspectiva de vitória do PT, a patrulha ideológica volta a atacar” (11/10).

    artigo do professor Marcelo de Paiva Abreu (“Ruptura e continuidade”) em 14/10 pergunta: "PT pagador de

    promessas: com os eleitores ou com o FMI?".

    artigo do jornalista Luiz Carlos Lisboa (“Eleitos, temei”, 15/10) no qual explica que “Lula foi criado pela

    marquetagem”.

    José Nêumane. Em “Lula e a revolução” (9/10), explica que “O problema do PT é seu apreço pela burocracia”.

    Denis Lerrer Rosenfield ( “O Medo”, 19/10)

    “O temerário preparo de Lula”, de Roberto Macedo em 24/10

    “O deslumbre dos neoPTados” de Mauro Chaves em 26/10 entre outros muitos.

    “'Só um cataclismo nos tira a vitória', diz Lula”(19/10)

    “Pesquisa: Lula tem 61% e Serra 32%” (20/10)

    “Se eleito, Lula quer conduzir economia” (20/10)

    “Lula tem excesso de indicações para equipe de transição” (25/10)

    “PT anuncia equipe de transição na 3º-feira”(26/10)

    “Pesquisa indicam vitória histórica de Lula” (27/10)