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7/23/2019 A Formao Do Livro Bblico e Sua Importncia Para a Prtica de F
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UNIVERSIDADE METODISTA DE SO PAULO
A FORMAO DO LIVRO BBLICO E SUAIMPORTNCIA PARA A PRTICA DE F
ADRIANO DE SOUZA DIAS
Petrpolis, RJ
Setembro de 2015
7/23/2019 A Formao Do Livro Bblico e Sua Importncia Para a Prtica de F
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Introduo
Para se compreender as questes referentes Bblia da poca contempornea
importante buscar os aspectos historiogrficos de sua elaborao. ssim sendo e!considerando que os escritos cristos so uma e"tenso dos escritos #udaicos! necessrio
se fa$ estabelecer uma interface entre a Bblia %udaica e a Bblia &rist. Pretendemos!
no curso deste trabalho! apresentar como o entendimento do te"to bblico na atualidade
depende de determinados conte"tos na poca em que foram escritos. Para isso! em um
primeiro momento! aborda'se acerca das escolas do antigo (srael) como se deu a
elaborao da escrita do te"to bblico e! bem como! a necessidade de se identificar o
processo de instruo dos escritores *escribas+! a formao das escolas crists!
essenciais para que o te"to bblico se estendesse at os nossos dias. Por fim! destacamos
a importncia dos preceitos bblicos para a humanidade como um todo nos dias de ho#e.
A formao literria do teto b!bli"o
formao literria do te"to bblico e sua posterior canoni$ao se desen,ol,eu a
partir de um conte"to sapiencial e acad-mico! contudo! no de forma restriti,a! pois! at
mesmo li,ros de contedo litrgico! #urdico e historiogrfico tambm pertenciam ao
g-nero sapiencial e doutrinal. Pode'se di$er que a Tortranscende o conceito de c/digo
de leis! sendo considerada um ,erdadeiro tratado de instruo! acolhida tanto pelos
sacerdotes e reis! como pelos sbios e profetas.
0o antigo 1riente! o ato da leitura e da escrita era considerado uma profisso2!
e"ercida apenas pelos escribas que e"erciam suas ati,idades nas principais cidades da
3esopotmia e do 4gito. 5 certa a importncia das escolas profissionais para a
alfabeti$ao dos israelitas! no entanto! isso no foi suficiente dar conta de uma parcela
maior da populao! tendo em ,ista que ,rios fatores negati,os contribuam para essa
negao! quais se#am6 aspectos sociais! econ7micos e polticos! mais ainda do que a
dificuldade de aprendi$agem dos signos ling8sticos.
#s rabinos e as $s"olas %rists
2 B91:! 3. 3. 1rigens do 4nsino. Porto legre6 4;P??? destaca que @saber ler e escre,er!
no 1riente ntigo! era considerado no somente um pri,ilgio! mas! sobretudo! uma superioridade social.:omente as famlias abastadas podiam assegurar a instruo de um futuro escriba! pois o custo dessaeducao era muito ele,ado! e os estudos bastante longos. *p. 2A>+
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1s rabinos no caracteri$a,am um grupo fechado que trata,am apenas de
questes legais! mas! possuam! sim! autoridade religiosa! despro,ida de qualquer poder
poltico ou militar. &om o crescimento das instituies sociais! nos sculos (( e (! foi
poss,el a criao e desen,ol,imento de academias permanentes em centros urbanos.
partir da! os rabinos se destacaram pelo estudo da Tor! apesar de estarem longe de
constituir um grupo homog-neo>!pois ha,ia! entre eles! diferenas de todas as ordens!
tal,e$! por isso! nem sempre eram respeitados pela comunidade #udaica! conquanto sua
autoridade fosse por ela reconhecida.
Pode'se afirma que o cristianismo antigo considera,a os princpios hel-nicos do
conhecimento! principalmente no que di$ respeito tica ou a arte de ,i,er. 0esse
sentido! a e"egese tornou'se um pilar da teologia crist por permitir uma interpretao
do te"to com base nos procedimentos da l/gica e da filosofia praticada pelos gregos.
# "uidado na elaborao da "pia dos manus"ritos
5 fato que tanto #udeus como cristos trata,am! com o de,ido esmero! os li,ros
sagrados. @4 como se e"plica que os rudes #udeus! ultrapassando as categorias culturais
do seu ambiente! tenham como tanto esmero culti,ado a historiografiaCD
*B4EE40&1I4=:E40B4=I4=! 4rhard. apud =;! Ierhard on! 2FA2! p. JKA+6 @ #ustificati,a relati,amentesimples6 por ser uma coletnea de muitos testemunhos de f! oriundos de apro"imadamente mil anos dehist/ria do antigo (srael! o antigo Eestamento no tem! nem pode ter! uma teologia homog-nea.D
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1s cristos! com o fito de $elar pela fiel transmisso do te"to sagrado! dispunham
de profissionais dos quais se encarrega,am dessa rdua e ,enerada tarefa! efetuada! #
no sculo ((! por diferentes copistas que sobre os manuscritos se debrua,am a fim de
re,is'los! corrigindo os poss,eis erros.
&Por 'ue "on(e"er a tra)etria da *!blia "omo do"umento
(istri"o + importante para a utiliao desses mesmos es"ritos na
prti"a da f+ "rist em nossos dias-./
Bblia um documento que se tornou um c/digo de refer-ncia para pautar a
,ida de qualquer pessoa! independente de sua crena religiosa e! principalmente!daqueles que se declaram cristos! pois nela poss,el encontrar um ,erdadeiro tratado
de bons princpios! ,irtudes! senso de #ustia! amor ao pr/"imo e respeito s leis e aos
homens.
Para se conhecer a Bblia como documento hist/rico! necessrio! considerar o
seu processo de elaborao! a cultura dos po,os que a compilaram! porque a despeito de
a Pala,ra de ;eus possuir um ,alor uni,ersal! os autores bblicos escre,eram para os
seus contemporneos
J
. ssim! para entender o que esses autores quiseram di$er! fa$'senecessrio antes conhecer o ambiente hist/rico em que foram escritosG.
@s condies epistemol/gicas! sociais! econ7mica e especficas deg-nero de nossos tempos so to diferentes das da antiguidade! que nenhumaafirmao bblica! por melhor ou mais rele,ante que se#a! pode ser,ir deestmulo ou norma para as nossas decises teol/gicas antes de tra$-'la paraesta nossa realidade e p7'la em dilogo com ela.D s narrati,as da teofania dacomunidade dos sculos ( e a.& so aspectos importantes daquelacomunidade e que se estendem at ho#e como um referencial de ,alor mpar
para aqueles que buscam por uma teologia e tica corretas! mas no
constituem uma lei eterna e imut,el! des,encilhada do tempo.D*I4=:E40B4=I4=! 2FFL! p. >2+
1utrossim! importante conhecer os processos de formao de seus escritos! alm
de compreender certas particularidades pr/prias da literatura #udaica e crist e
considerar as condies culturais respons,eis pela transmisso oral de seu contedo e
JI4=:E40B4=I4=. 4rhard. eoloias no Antio estamento6 Pluralidade e sincretismo da f em;eus no ntigo Eestamento. :o Meopoldo6 4ditora :inodal! >??K destaca que @as narrati,as da teofaniada comunidade dos sculos ( e a.& so aspectos importantes daquela comunidade e que se estendemat ho#e como um referencial de ,alor mpar para aqueles que buscam por uma teologia e tica corretas!
mas no constituem uma lei eterna e imut,el! des,encilhada do tempoDG0;M! 3ilagro. %urso de Ini"iao ao Antio e ao o3o estamento . :o Paulo6 4dies MoNola!2FFL.
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desta para a composio te"tual! identificando as alteraes de materiais utili$ados!
alm da caracterstica da e"egese #udaica imprescind,el para a interpretao te"tual.O
&onhecendo sua historiografia! pode'se ,alori$ar muito mais as 4scrituras! pois
de,ido ao seu difcil processo de formao! sua elaborao humani$ada acaba por se
apro"imar ainda mais das realidades humanas! ;eus ,oltando'se! cada ,e$ mais! para
o homem. @Pois as pala,ras de ;eus e"pressas por lnguas humanas se fi$eram
semelhantes linguagem humana! tal como outrora o ,erbo do Pai 4terno! ha,endo
assumido a carne da fraque$a humana! se fe$ semelhante aos homens.D *E(&01 ((!
apud0adal! 2FFL! p.2G+
0o plaus,el di$er que a Bblia constituda de um todo harm7nicoA! pois
@simplesmente no compreendemos muitas coisas! esbarramos em contradies e em
fatos que n/s cristos achamos estranhosD *=40;E1=! >??>6K+! no estamos nos
referindo ao princpio da inerrncia Q mas to'somente afirmando que de tanto de
humano h na formao da Bblia que ela se re,ela! cada ,e$ mais de ;eus. 1 problema
maior consiste em espirituali$ar tanto esta Pala,ra que ela quase se torna ob#eto de
idolatria! enquanto! na ,erdade! ;eus! em toda a sua sapi-ncia e amor incondicional
quis nos mostrar um des,o de seu carter por meio dela.
1 elemento teol/gico importante! pois quem se define somente apartir do presente no capa$ nem de se entender nem de se corrigir. 1elemento teol/gico importante! pois @;eusD ou @incondicionalD ou @o todoDou @o que me afeta incondicionalmenteD *Paul Eillich+ se nos depara nostestemunhos de f bblicos. Portanto! o estudo da teologia bblica tem paran/s uma funo esclarecedora e crtica. lm disso e sobretudo! o ntigoEestamentoRa Bblia Sebraica contm uma enorme quantidade ainda noe"plorada de autoconhecimento humano bem como de crtica social ereligiosa! de modo que mesmo leituras repetidas t-m! a cada f! efeitoanimador. *I4=:E40B4=I4=! >??K6>> Q rifo nosso+
ssim! obser,ando o processo da elaborao da Bblia! poss,el identificar que;eus! em nada! quis facilitar a ,ida de ningum! tendo em ,ista que @quem
sinceramente procura ;eus! no raro detido por dificuldades que lhe pro,-m do
contato com a pr/pria Pala,ra de ;eusD *B4EE40&1?22. ;ispon,el em6 http6RRTTT.cih.uem.brRanaisR>?22RtrabalhosR>AF.pdfUA
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,ida ,irtuosa que reflete em toda a sociedade a lu$ que emana do pr/prio ;eusK! porque
a ,ida de f das pessoas e dos grupos desenrola'se em situaes hist/ricas! sociais e
concretasL. 0esse sentido! o li,ro sagrado tem o condo de promo,er uma mudana
radical na ,ida do homem.
@1 mundo ho#e melhor de,ido influ-ncia da Bblia. 3esmo ospr/prios inimigos da Bblia admitem que nenhum li,ro em toda hist/ria dahumanidade te,e tamanha influ-ncia para o bem) eles reconhecem o seuefeito sadio na ci,ili$ao. 3ilhes de pessoas antes de conhecerem! amareme obedecerem a este Mi,ro! eram escra,os do pecado! dos ,cios! da idolatria!do medo! das supersties! da feitiaria. 4ram mundanas! ,aidosas!iracundas! desconfiadas! etc. 3as! depois que abraaram este Mi,ro! foram
por ele transformadas em criaturas sal,as! alegres! libertas! feli$es!santificadas. bandonaram todo o mal em que antes ,i,iam e tornaram'se
boas pessoas para a famlia! para a sociedade e para a ptria.DI(MB4=E1!
>??G! p.>O+
demais! ap/s percorrer tantos anos desde a sua elaborao at os nossos dias e
permanecer sempre com uma temtica atual e necessria e! partir dela! pode'se ou,ir
muitos testemunhos de uma transformao de ,ida.
=esta afirmar! de forma categ/rica! que o contedo essencial da Pala,ra sinali$a
uma clara mensagem de sal,ao proposta por meio da ,inda do 3essias como o
restaurador da condio humana de pecado! no se podendo desconsiderar que @os
autores bblicos no se propem como ob#eti,o primeiro transmitir uma hist/ria! mas
uma mensagem de f! e a partir da f ela de,e ser lida.D *0;M! 2FFL! p.2G+. ;e,e'se!
ainda! considerar a importncia social da pala,ra que orientada para a comunidade!
algumas ,e$es! o autor sagrado a ,o$ do seu po,o) a sua obra recebida pelo po,o!
que nela se reconhece.F
*I*4I#RA6IA
3=M! abiana Pereira do. $ntre a reliio e a (istria6 a Bblia comodocumento. &ongresso (nternacional de Sist/ria. :o Paulo! >>'>G :etR>?22. ;ispon,elem6 V http6RRTTT.cih.uem.brRanaisR>?22RtrabalhosR>AF.pdfU
K ,erdade bblica no se trata to'somente de um comp-ndio hist/rico que retrata apenas a realidade dopo,o israelita! mas de,e ser considerado um elemento que compe os fundamentos da f a ser ,i,enciadaem todo tempo! nesse sentido! @ de importncia fundamental que os te"tos sagrados! como e"presses def dos antepassados bblicos! de,em ter o seu canal de e"presso na ,ida e no tempo contemporneos!de,endo ser normati,os para o fa$er teol/gico e para a pr/pria ,ida de f.D *I??O! p. 2J+LI4=:E40B4=I4=! 4rhard! op. cit. p. >O.F:S=4(04=! %. Pala3ra e 7ensaem do Antio estemun(o. >. ed. :o Paulo6 4ditora Eeol/gica R4ditora :inodal! >??G.
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B91:! 3argaret 3archiori! &:E=1! (eda Bandeira! P(=4:! Metcia de ndrade*orgs+. #riens do $nsino. Porto legre6 4;P???
B4EE40&1??K.
I(MB4=E1! nt7nio. A *!blia atra3+s dos s+"ulos6 a historia e formao do li,ro dosli,ros. =io de %aneiro6 &P;! 2FLA.
I??>.
:S=4(04=! %. Pala3ra e 7ensaem do Antio estemun(o. >. ed. :o Paulo6 4ditoraEeol/gica! >??G