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HENRICIULAN DJAVANA GHELLER PERGHER
A GESTÃO DE DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS:
O CASO DE UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA
JOINVILLE
2008
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGIAS – CCT
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
HENRICIULAN DJAVANA GHELLER PERGHER
A GESTÃO DE DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS:
O CASO DE UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA
Trabalho apresentado a Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Engenharia de Produção e Sistemas
Orientador: Janduhy Camilo Passos
JOINVILLE
2008
HENRICIULAN DJAVANA GHELLER PERGHER
A GESTÃO DE DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS:
O CASO DE UMA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA
Trabalho de Graduação aprovado no Curso de Engenharia de Produção e Sistemas da
Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção de
Bacharelado em Engenharia de Produção e Sistemas.
Banca Examinadora:
Professor: ______________________________________________ Janduhy Camilo Passos, Msc
Professora: ______________________________________________ Silene Seibel, Dr.
Professor: ______________________________________________ Lírio Nesi Filho, Dr.
Joinville/SC, 13 de junho de 2008.
"Terminar o momento, encontrar o final da jornada em cada passo do caminho, viver o maior número de boas horas, é sabedoria."
(Ralph Waldo Emerson)
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais Jaime e Rose, pois sempre me motivaram a continuar nessa
jornada acadêmica quando muitas vezes eu desanimei. Aos meus irmãos Darlan, Disraeli e
Diaragê pelo estímulo.
Agradeço ao Diogo, meu namorado, pelo apoio prestado e pelas atitudes sempre
positivas frutos de seu caráter, bondade e carisma.
Ao professor Janduhy Camilo Passos, por todo seu interesse, auxílio e conhecimento
a mim transmitido durante a orientação deste trabalho, além da infinita paciência.
A todos os meus amigos, mas especialmente ao Adelmo, André, Andréa, Arlindo,
Charlotte, Danielli, Daniella, Karen, Luciana, Márcia, Sávio, Tobias e Walério.
Agradeço por esse trabalho ao ser supremo e maior: Deus.
RESUMO
As empresas estão inseridas em um contexto social, político, econômico e cultural e, portanto, sofrem alterações ao longo do tempo em função das mudanças que ocorrem no seu ambiente externo. Sob esse enfoque, atualmente as organizações buscam compor os seus quadros funcionais com profissionais que detenham em seu perfil elementos como: preparo para função; dinamismo; disposição para mudanças; motivação, de modo a traduzir esforços em resultados efetivos. Nesse contexto, o presente trabalho aborda a realidade de uma organização bancária, enfatizando as evoluções ocorridas nas suas formas de avaliação de pessoas e do desempenho funcional desejado em conformidade com as novas demandas ambientais. Assim, foi empreendido um estudo de caso em uma instituição financeira pública com o intuito de examinar a gestão de desempenho por competências efetuada por ela. Para a empresa é importante mensurar o desempenho funcional, pois o seu quadro de colaboradores é composto por funcionários públicos admitidos através de concurso e, portanto, com estabilidade garantida. Para a consecução dos objetivos, a metodologia contemplou pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. Na instituição a Gestão de Desempenho por Competências surgiu de uma sugestão dos funcionários da organização e feita de maneira clara e justa, pois permite que todos avaliem e sejam avaliados. Além disso, permite que o funcionário planeje sua ascensão profissional, aliando seus objetivos de crescimento funcional e educação continuada, às metas da Instituição. Os resultados obtidos demonstram que a Gestão de Desempenho por Competências é uma boa ferramenta que dispõe a empresa para estruturar seu quadro funcional de acordo com suas estratégias.
PALAVRAS-CHAVE: Avaliação de pessoas, Competências, Gestão de Desempenho.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................10 1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA. .......................................10
1.2 JUSTIFICATIVAS.......................................................................................................11
1.3 OBJETIVO GERAL.....................................................................................................13
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................13
1.5 METODOLOGIA.........................................................................................................13
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................14 2.1 GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES: CONSIDERAÇÕES GERAIS ..14 2.1.1 Processos básicos na gestão de pessoas....................................................................18
2.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: ELEMENTOS BÁSICOS ................................21 2.2.1 Tipos e métodos de avaliação de desempenho .........................................................22
2.3 COMPETÊNCIAS NO ÂMBITO DAS ORGANIZAÇÕES.......................................27 2.3.1 Gestão e avaliação por competências .......................................................................29 2.3.2 O balanced scorecard...............................................................................................32
3 METODOLOGIA.......................................................................................................36
3.1 UNIVERSO E AMBIENTE DA PESQUISA..............................................................36
3.2 SUJEITO E OBJETO DE PESQUISA.........................................................................36
3.3 TIPO DE PESQUISA...................................................................................................37
3.4 MÉTODO DE ABORDAGEM....................................................................................37 3.4.1 Documentação indireta .............................................................................................37 3.4.2 Documentação direta ................................................................................................38
3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS .............................................................38
4 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL: UM ESTUDO DE CASO39
4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EMPRESA................................................................39
4.2 A GESTÃO DE DESEMPENHO NO BANCO X.......................................................40 4.2.1 Evolução da gestão de desempenho no Banco X .....................................................40 4.2.2 Objetivos da gestão de desempenho por competências............................................44
4.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS NO BANCO X ..........45 4.3.1 Mapeamento das competências ................................................................................46 4.3.2 Etapas do processo de avaliação...............................................................................48 4.3.3 O sistema de avaliação de desempenho na prática ...................................................51 4.3.4 Resultados obtidos após o término do processo .......................................................54
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................56 5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS........................................................57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................58
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Diferenças entre os modelos clássico e humanístico no desenho dos cargos .........16
Figura 2 – As cinco dimensões essenciais no desenho contingencial. .....................................17
Figura 3 – Os seis processos de Gestão de Pessoas..................................................................18
Figura 4 – Competências como fonte de valor individual e organizacional ............................27
Figura 5 – Perspectivas do Balanced Scorecard ......................................................................34
Figura 6 – Exemplo de utilização do BSC. ..............................................................................35
Figura 7 – Fluxograma Geral do Roteiro de Pesquisa..............................................................38
Figura 8– Menu de Consultas do Sistema GDP .......................................................................51
Figura 9 – Registro de Anotações do Sistema GDP.................................................................52
Figura 10 – Seleção de Avaliados do Sistema GDP.................................................................53
Figura 11 – Etapas do processo de gestão por competências. ..................................................55
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Histórico dos sistemas formais de avaliação do Banco X.......................................41
Tabela 2 - Comparação entre GDP e GDC...............................................................................43
Tabela 3 – Competências Fundamentais ..................................................................................46
Tabela 4 – Competências Específicas ......................................................................................47
Tabela 5 - Competências Gerenciais ........................................................................................48
Tabela 6 – Escala de conceitos da dimensão competências .....................................................50
LISTA DE ABREVIATURAS
ARH – Área de Recurso Humanos
AVD – Avaliação de Desempenho
BCS – Balanced Scorecard
CHA – Conhecimento, Habilidade e Atitude.
CMP – Conceito Médio Ponderado
ERP – Enterprise Resource Planning
GDC – Gestão de Desempenho por Competências
GEPES – Unidade Jurisdicionante do Banco X que cuida da Gestão de Pessoas
PDC – Plano de Desenvolvimento de Competências
ROCE – Retorno sobre o Capital Investido
SACR – Sistema de Remoção de Caixas Executivos e Escriturários dentro do Banco X
TAO – Banco de dados funcional onde se encontram todas as informações curriculares dos
funcionários do Banco X
TI – Tecnologia da Informação
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA.
O século XX trouxe grandes transformações que influenciaram as organizações nas
reformulações dos seus processos internos e formas de gestão. Em virtude das mudanças
ambientais no entorno organizacional, novas formas de adaptação foram buscadas,
intensificando-se o uso de ferramentas gerenciais e a observação da relação sistêmica entre os
recursos produtivos. Sob esse enfoque, destacam-se os elementos provenientes da gestão de
pessoas, como por exemplo, a importância do cargo para o trabalhador, as formas de
motivação e o exercício da liderança na empresa, a avaliação do desempenho produtivo.
Brandão e Guimarães (2001) apontam que a tecnologia da gestão de pessoas funciona como
uma catalisadora de energias da organização, à medida que alinha a gestão de recursos
humanos ao contexto e à estratégia da empresa e ajuda na harmonização de interesses.
A era da informação promoveu mudanças rápidas e intensas fazendo com que as
organizações, além de sofrerem transformações tecnológicas, alterassem seus valores e foco
de atuação no que se refere ao capital financeiro, que foi substituído pelo chamado capital
intelectual. Na atualidade o conhecimento é o maior bem de que uma empresa dispõe, pois
quanto maior o nível de conhecimento dos seus colaboradores, maior será sua capacidade para
aplicação das competências pessoais visando à resolução de possíveis problemáticas da
organização, bem como para a geração de novas alternativas que promovam o alcance dos
objetivos organizacionais.
A partir desse contexto, as organizações foram impelidas a buscar melhorias para a
gestão do desempenho funcional, considerando que a avaliação de desempenho é um processo
dinâmico que possibilita descobrir as potencialidades e dificuldades das pessoas,
fundamentando elementos como aumentos salariais, promoções e transferências.
O Banco X, organização na qual foi realizado o presente trabalho, além de estar
situada nessa conjuntura de mudanças, também se submete a determinados condicionamentos
que a tornam um caso específico e propício para observações no que se refere a sua gestão de
pessoas. Isso porque as suas relações de trabalho estão sujeitas a normas específicas de
11
empresa pública como o concurso público para admissão e a estabilidade consentida para os
empregados. Há também direitos individuais adquiridos que geram um cr1escimento
vegetativo da folha de pagamento, sem uma relação direta ou mesmo indireta com o aumento
da produtividade ou da eficiência da organização.
Apesar dos limitadores acima especificados, no ano de 2005 a empresa implantou um
novo modelo de avaliação funcional chamada Gestão de Desempenho por Competências
(GDC). O processo de avaliação disponibiliza informações sistematizadas que permitem o
gerenciamento do desempenho dos funcionários, vinculando esse desempenho aos objetivos
da Empresa. Do mesmo modo, esse processo objetiva direcionar as ações de capacitação para
o desenvolvimento e aprimoramento das competências necessárias para a melhoria dos
resultados do Banco, e para o crescimento profissional do funcionário.
O Banco X é uma das maiores instituições financeiras da América do Sul e possui
cerca de 82.500 colaboradores. Dentro dessa perspectiva, por ser uma organização de serviços
que lida com produtos intangíveis, seus funcionários necessitam estar comprometidos com
resultados, solucionando problemas e dispostos a prestar um atendimento com excelência aos
clientes, além de colaborarem com os gestores no gerenciamento do desempenho de sua
equipe.
Partindo desses pressupostos, a instituição mostra-se ciente de que a sua
competitividade, em um mercado em que os produtos comercializados e serviços prestados
são semelhantes, está diretamente relacionada aos diferenciais que o seu colaborador possa
realizar ao acolher o cliente e transmitir a imagem da empresa por meio de um atendimento
diferenciado.
Assim, compreendendo que os processos de avaliação funcional no âmbito do Banco
X são modernos e foram estruturados acompanhando a evolução da gestão de pessoas, em
conformidade com as novas demandas ambientais, surge o questionamento que originou o
presente trabalho: quais os pressupostos e etapas presentes na gestão de desempenho
efetuada pelo Banco X?
1.2 JUSTIFICATIVAS
1 Em postura ética e visando resguardar a identidade da instituição bancária pesquisada, a mesma será denominada de Banco X.
12
As pessoas são consideradas o maior ativo das organizações, pois elas criam,
interagem, elaboram produtos, prestam serviços e finalmente trazem os resultados. Portanto,
desenvolver pessoas que sejam capazes de estar alinhadas a esse cenário passou a ser um dos
maiores desafios das empresas.
No setor bancário, e especificamente, numa Instituição Pública onde os colaboradores
são contratados através de um concurso, torna-se imprescindível avaliar as pessoas que
prestam o serviço. O bom funcionamento da empresa depende muito da forma como é
desempenhado o poder executivo, por serem os servidores desta esfera os que mantêm contato
direto com os clientes.
Gerir o desempenho humano através da avaliação por competências é algo moderno e
de grande utilidade para o banco, pois permite que a empresa aloque e desenvolva pessoas
conforme sua necessidade e verifique potencialidades de modo a distribuir os colaboradores
de maneira estratégica. Embora a maior parte da mão de obra esteja no varejo, em contato
com o público, é no atacado que os maiores negócios são fechados. Tratar com grandes
investidores, realizar e estudar projetos empresariais e agrícolas, atender ao setor público,
captar recursos e conquistar novos clientes são atribuições que exigem competências e
conhecimentos específicos do profissional bancário.
Dentro da avaliação por competências a empresa consegue traçar um perfil de seu
funcionário e direcioná-lo para área de atuação onde ele possa desempenhar melhor sua
função. Pela avaliação podem-se verificar correções que precisam ser feitas e direcionar o
avaliado a cursos que o preparem melhor para função.
De outro modo, ao se estudar a gestão do desempenho funcional em instituições
financeiras, busca-se contribuir com as demais instituições da prestação de serviços, sejam do
segmento bancário ou não, posto que todas elas lidem diretamente com satisfação da clientela,
sendo necessário, portanto, funcionários competentes e comprometidos com os resultados
organizacionais ao ofertarem um atendimento com qualidade. Assim, o estudo permitirá que
as demais organizações de serviço possam conhecer outros parâmetros de avaliação do
desempenho funcional possível de ser implementada ou adaptada a sua realidade
organizacional, a partir de uma instituição bancária de referência nacional.
13
1.3 OBJETIVO GERAL
Descrever a gestão de Desempenho por Competências efetuada no Banco X.
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
� Apresentar os processos básicos da gestão de pessoas e a sua importância no
âmbito das organizações;
� Identificar a evolução dos processos de avaliação de desempenho no banco em
estudo.
� Caracterizar as etapas da Gestão de Desempenho por Competências (GDC) na
instituição enfocada.
1.5 METODOLOGIA
Em acordo com os objetivos deste trabalho, optou-se por realizar pesquisa
bibliográfica e exploratória utilizando em seus procedimentos uma abordagem descritiva e
explicativa do fenômeno observado.
Para tanto, a pesquisa foi desenvolvida através de estudo de caso, operacionalizado
através de pesquisa documental e observação direta da realidade organizacional referente a
gestão do desempenho dos funcionários.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
No primeiro capítulo são apresentados os objetivos gerais e específicos, a justificativa,
bem como a metodologia aplicada no trabalho.
O segundo capítulo contempla a fundamentação teórica, com o intuito de buscar
informações necessárias para o correto entendimento do tema e ser usado como base para o
estudo que está sendo feito.
O terceiro capítulo define a metodologia de pesquisa utilizada no trabalho.
O estudo de caso é detalhado no quarto capítulo, que tem na sua introdução um breve
histórico da empresa, seguido da evolução do sistema a ser estudado.
E o quinto capítulo apresenta as considerações finais, as sugestões para trabalhos
futuros e as referências bibliográficas.
14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES: CONSIDERAÇÕES GERAIS
O primeiro marco de estruturação e formalização dos sistemas de gestão de pessoal
aconteceu com a introdução do modelo taylorista-fordista nas empresas, quando se definiram
alguns princípios para gestão de pessoas e contratualização das relações empregatícias. A
espinha dorsal desse modelo era a definição do cargo, ou seja, o conjunto de tarefas
associadas ao desempenho em um posto de trabalho. Além disso, havia o papel dos sindicatos
como interlocutores sociais, representando os interesses dos trabalhadores (FLEURY e
FLEURY, 2001).
Nota-se que a gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que
predomina nas organizações. Ela é contingencial e situacional, pois é dependente de aspectos
como: a cultura que existe em cada organização; a estrutura organizacional adotada; as
características do contexto ambiental e o negócio da organização; a tecnologia utilizada e os
processos internos, bem como uma infinidade de outras variáveis importantes
(CHIAVENATO, 1999).
A questão básica nessa temática é a escolha de como tratar as pessoas: se como
recursos ou parceiros da organização. Se consideradas recursos, os funcionários precisam ser
administrados através da aplicação das chamadas funções administrativas, ou seja,
planejamento, organização, direção e controle de suas atividades. No entanto, se os
colaboradores forem vistos como elementos parceiros da organização espera-se que estes
forneçam conhecimento, habilidades, capacidades e inteligência (CHIAVENATO, 1999).
Cada uma dessas vertentes subtende uma forma de condução da gestão de pessoas no
âmbito organizacional que pode variar desde um enfoque predominantemente autoritário,
baseado nos pressupostos tayloristas, no qual os trabalhadores não possuam nenhuma
autonomia; como também pode ser conduzida através de aspecto mais humanizado, originado
como substrato da Teoria das Relações Humanas e da Teoria Comportamental. Na Teoria
15
Comportamental são priorizadas as relações interpessoais, a ênfase recai no trabalho em
grupo, na autonomia e nos aspectos motivacionais que não se restringem apenas à questão
econômica como no taylorismo. As vertentes apontadas estarão refletidas na estrutura
organizacional da empresa, assim como na concepção ou desenho dos seus cargos,
evidenciando que o tratamento despendido às pessoas possui relação direta com esses fatores.
Em relação à estrutura ou desenho organizacional, sabe-se que esta é a forma
encontrada pela empresa para responder e se relacionar com as demandas ambientais e com os
chamados parceiros da organização ou steakholders. Assim, a gestão de pessoas é configurada
no âmbito da organização em conformidade com a missão da organização, sua visão e
objetivos estratégicos. Já o cargo traz consigo a noção do trabalho a ser realizado,
condensando as atividades e tarefas a ser desempenhadas por um funcionário. Portanto,
mostra a compreensão da empresa em torno da forma em que o trabalho deva ser executado,
bem como o que espera do seu executante, denotando a concepção da gestão administrativa
em relação ao valor do trabalho, além de estabelecer parâmetros para que o trabalho seja
avaliado.
Conforme aponta Chiavenato (1999), existem três modelos para conceber os cargos
nas organizações e cada um deles possui as suas especificidades, tendo sido concebido em
épocas diferentes na chamada Evolução do Pensamento Administrativo.
O primeiro modelo, denominado de clássico, está relacionado à Administração
Científica e o trabalho de Taylor e Ford. Por sua vez, o modelo humanista foi originado a
partir da Teoria das Relações Humanas que eclodiu a partir de 1930 nos EUA. Por último, o
chamado modelo contingencial é formado por elementos da teoria sistêmica e contingencial,
ensejando aspectos modernos em suas concepções que apontam para a influência do cargo na
motivação funcional, mostrando a importância da variabilidade de tarefas e a questão da
autonomia para eficiência e eficácia na execução das atividades.
No entendimento do modelo clássico as pessoas são vistas como um complemento da
máquina, atuando como mero recurso produtivo. Assim, o trabalho é fragmentado, as tarefas
divididas em operações elementares e rotineiras, uma vez que se busca a eficiência do
trabalhador ao seguir um método de trabalho pré-estabelecido. A gestão de pessoas, nesse
contexto, é caracterizada pelo controle e supervisão exaustivos visando o cumprimento do
método e a produtividade. Esse modelo traz limitações e desvantagens como monotonia,
desmotivação devido à simplicidade dos cargos que tendem a ser executados
individualizados, isolados e sob o monopólio da chefia.
16
O modelo humanístico se caracterizou como uma forma de reação aos efeitos
mecânicos da forma de gestão instituída. Portanto, baseado nas ciências sociais, permutou a
organização formal pela organização informal, a chefia pela liderança, o incentivo salarial
pelas recompensas sociais e simbólicas, o comportamento individual pelo comportamento em
grupo e o organograma pelo sociograma. No entanto sua ênfase recaiu no contexto de
operação do cargo, nos fatores que circundam o trabalhador no ato de execução das suas
atividades, e não no conteúdo da tarefa em si, fato que somente mais tarde veio a ser
considerado (CHIAVENATO, 1999). A figura 1 mostra as principais diferenças entre os
modelos Clássico e Humanístico:
MODELO CLÁSSICO MODELO HUMANÍSTICO
• Ênfase na tarefa e na tecnologia • Fundamentado na estrutura
organizacional • Busca na eficiência através do método e
racionalização do trabalho • Preocupação com o conteúdo do cargo • Baseado em ordens e imposições • Trabalhador executa e obedece • Conceito de homo economicus • Recompensas salariais e materiais
• Ênfase na pessoa e grupo social • Fundamentado na dinâmica de grupo das
equipes • Busca da eficiência através da satisfação
e interação das pessoas • Preocupação com o contexto do cargo • Baseado em comunicação • Trabalhador participa nas decisões • Conceito de homo social • Recompensas sociais e simbólicas
Figura 1 – Diferenças entre os modelos clássico e humanístico no desenho dos cargos Fonte: adaptado de Chiavenato (1999)
O modelo contingencial é uma abordagem ampliada e mais complexa dos que os
modelos antecessores, pois inclui três variáveis de modo simultâneo: as pessoas, a tarefa e a
estrutura da organização. O cargo não é visto como estável e permanente em função dos
objetivos e processos organizacionais, ao contrário, é dinâmico e se baseia na continua
mudança e revisão do cargo como uma responsabilidade básica colocada nas mãos do gerente
ou de sua equipe de trabalho. O modelo contingencial supõe a utilização das capacidades de
autodireção e autocontrole das pessoas e, sobretudo, objetivos definidos conjuntamente entre
o ocupante e seu gerente para tornar o cargo um verdadeiro fator motivacional
(CHIAVENATO, 1999).
Para tanto, é elaborado tendo em vista cinco dimensões que criam condições para a
satisfação intrínseca como resultado do cumprimento da tarefa que o ocupante realiza. Essas
condições fazem com que o cargo seja impregnado dos chamados fatores motivacionais ou
satisfacientes, permitindo que: a pessoa utilize várias de suas habilidades e competências
17
pessoais na execução das tarefas; que tenha certa autonomia, independência e autodireção na
execução das tarefas; que faça algo significativo, como sentido; que a pessoa se sinta
responsável pelo sucesso ou fracasso das tarefas em função de seus próprios esforços, como
também perceba e avalie o seu próprio desempenho enquanto executa o trabalho, sem
intervenção de terceiros ou da chefia (CHIAVENATO, 1999). A figura 2 demonstra como as
cinco dimensões interferem no trabalho a ser realizado, quando se manifestam em alto ou
baixo grau de ocorrência. Verifica-se que o desempenho humano no cargo é algo
extremamente contingencial, pois varia de pessoa para pessoa, de situação para situação, uma
vez que depende de inúmeros fatores condicionantes que o influenciam poderosamente
(CHIAVENATO, 1999).
Figura 2 – As cinco dimensões essenciais no desenho contingencial. Fonte: Chiavenato (1999).
Independente da forma de condução dos seus recursos humanos, toda empresa possui
elementos relativos à gestão de pessoas, os quais são agregados em conjuntos, denominados
processos, e relacionados a cada ciclo vivenciado pelo funcionário, desde sua admissão até o
processo de desligamento.
18
Desde a fase do recrutamento, no qual o indivíduo toma contato com as primeiras
impressões sobre a empresa, já são desenvolvidas ações que trazem em seu arcabouço a
concepção da empresa em relação ao seu contingente de funcionários. Exemplificando, tem-se
que uma empresa cuja estrutura seja mais rígida, com ênfase na departamentalização, e
cultura organizacional voltada para a execução, provavelmente tem seu enfoque em cargos
mais próximos dos padrões clássicos. Ao contrário, empresas cujos níveis organizacionais
sejam menores e a autonomia nas tarefas seja um fator presente, tende a executar seus
processos sob um enfoque contingencial, moderno e contemplando a questão das
competências funcionais.
2.1.1 Processos básicos na gestão de pessoas
Segundo Chiavenato (1999) o exercício da gestão de pessoas traz consigo a execução
de seis processos básicos, a saber: agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e
monitorar pessoas. Esses fatores constituem um sistema, portanto, influenciam-se
mutuamente e estão dinamicamente inter-relacionados, conforme ilustra a figura 3:
Figura 3 – Os seis processos de Gestão de Pessoas Fonte: Adaptado de Chiavenato (1999)
19
No processo de agregar pessoas à organização são desenvolvidas as atividades de
recrutamento e seleção de pessoal. De acordo com Robbins e Decenzo apud Passos (2005),
esse é um dos papéis mais críticos para o gestor de recursos humanos, dado que para incluir
novos indivíduos na organização é necessária uma análise criteriosa, uma vez que os mesmos
são determinantes para condução e execução dos objetivos organizacionais. Além disso,
várias são as técnicas de recrutamento e seleção, o que demanda do gestor de RH habilidades
e competências para efetuar análises e decisões que permitam a busca e a identificação do
profissional adequado ao perfil e as necessidades organizacionais.
É válido salientar que as organizações possuem variações em relação aos seus processos
de agregar pessoas, os quais podem ser desenvolvidos de modo tradicional, quando o enfoque
recai apenas nas operações e procedimentos visando o preenchimento da vaga e a manutenção
da empresa; ou de maneira estratégica e moderna quando busca a melhoria do capital
intelectual e agregar valores novos aos ativos intangíveis da organização, tendo como ponto
inicial uma visão integralizadora do homem e o desenvolvimento das suas capacidades
(CHIAVENATO, 1999).
A aplicação das pessoas está relacionada à integração do indivíduo ao cargo para o qual
foi selecionado e a sua socialização na organização. Nesse sentido, faz-se necessário que o
mesmo adapte o seu comportamento a cultura e aos valores da empresa, bem como aos
direitos e deveres que deve observar. Para tanto, o processo de aplicação necessita e é
conduzido pelo projeto, análise e descrição do cargo e pela avaliação de desempenho, posto
que através dessas fases delimita-se o a função, determina-se tarefas e responsabilidades e
estabelecem-se mecanismos ou conceitos a serem alcançados.
Em relação ao processo de recompensar pessoas, Chiavenato (1999) afirma que os
mesmos são fundamentais para a motivação funcional e, por extensão, para o alcance dos
objetivos da organização, pois há uma relação direta entre estes e os objetivos individuais dos
colaboradores. Funcionários satisfeitos tendem a colaborar com maior entusiasmo para a
consecução dos objetivos organizacionais. Assim, os processos de oferecer recompensas
representam um lugar de destaque na gestão de pessoas e é integrado por decisões relativas à
como e quanto remunerar e que benefícios conceder.
Já para desenvolver pessoas, as organizações partem do pressuposto que estão inseridas
em um ambiente dinâmico e sujeito às mudanças, portanto, que requer adaptações constantes
nos seus processos de produção, nas formas de atender seus clientes, no desenvolvimento de
novos produtos e/ou serviços, dentre outros. Desse modo, uma vez que busca sintonia e
equilíbrio com o meio, é necessário que a empresa programe mecanismos de desenvolvimento
20
organizacional, de capacitação de seus colaboradores e promova uma eficiente comunicação
interna. Ou seja, elementos que a fortaleça diante do contexto ambiental de mudanças velozes.
Conforme Uehara e Serra apud Passos (2005) um processo de desenvolvimento de pessoas
deve sofrer avaliações constantes, averiguando-se procedimentos e metodologias utilizadas
nos treinamentos e capacitações e sua repercussão no comportamento das pessoas, da
organização ou das metas da instituição como meio de testar a sua validade, desempenho e
eficácia.
Os processos de manutenção do contingente humano estão relacionados às atividades
de higiene e segurança do trabalho visando a preservação da integridade física e mental dos
funcionários e a promoção da qualidade de vida no trabalho. Portanto, engloba as políticas de
segurança, o respeito às normas do Ministério do Trabalho, o planejamento e a instituição de
um ambiente de trabalho salutar. Tendo em vista que todas as organizações possuem objetivos
a serem atingidos, é necessário a existência de um sistema que proporcione a obtenção de
dados constantes sobre a posição dos objetivos em dado momento e sobre a própria situação
organizacional. “Portanto, dentro de todo sistema é imprescindível a existência de um outro
sistema, o de controle, pelo qual é assegurada a eficácia de outros sistemas de controle”
(UEHARA E SERRA apud PASSOS 2005).
Nesse sentido, Chiavenato (1999) coloca a necessidade de controlar e verificar os
resultados dos indivíduos, salientando o uso de banco de dados e de sistemas de informações
gerenciais visando facilitar o planejamento de recursos humanos e tomada de decisões
eficazes pelos níveis gerenciais no que se refere a gestão de pessoas. Conseqüentemente, deve
existir um monitoramento permanente como forma de realimentar as entradas do sistema de
gestão de pessoas, visando o reajustamento necessário do sistema, com o intuito de
proporcionar maior eficácia às ações do processo de gerir pessoas.
Na atualidade a gestão dos processos elencados é realizada sob o enfoque das
competências dos indivíduos, uma vez que as organizações atuam em um ambiente
caracterizado pelo dinamismo e competitividade, com grande número de informações e
concorrentes, além de consumidores cujas exigências aumentam a cada dia. Sob esse enfoque,
faz-se necessário que os funcionários estejam engajados e compromissados com a empresa,
buscando alternativas para a produção, atendendo clientes com maior perfeição, sugerindo
alternativas, aplicando conhecimentos diferenciados. Portanto, são trabalhadores não mais
passivos e sem expressão, mas pessoas que deve colaborar para o sucesso organizacional, o
que enseja a questão das competências e suas aplicações.
21
Considerando que o presente trabalho aborda o subsistema ou processo de aplicação de
pessoas, através da observação da gestão de desempenho funcional, o tópico seguinte
contempla os fundamentos da avaliação de desempenho, seus conceitos e principais técnicas.
2.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: ELEMENTOS BÁSICOS
Avaliar faz parte do ser humano, em todas as circunstâncias e momentos estamos
avaliando tudo o que acontece ao nosso redor. Tachizawa et al. (2004) afirma que as
organizações defrontam-se com a necessidade de avaliar os mais diferentes desempenhos,
pois buscam atrair e selecionar colaboradores que compartilham de seus valores e crenças.
Utilizam sistemas de reconhecimento para estimular e tentar garantir os desempenhos
considerados adequados e desejáveis às suas realidades.
Para Chiavenato (1999) a avaliação de desempenho pode ser definida como:
“a identificação, mensuração e administração do desempenho humano nas organizações. A identificação se apóia na análise dos cargos e procura determinar as áreas de trabalho que se deve examinar quando se mede o desempenho. A mensuração é o elemento central do sistema de avaliação e procura determinar como o desempenho pode ser comparado com certos padrões objetivos. A administração é o ponto-chave de todo sistema de avaliação. A avaliação deve ser mais do que uma atividade orientada para o passado, ou seja, deve estar orientada para o futuro para poder alcançar todo o potencial humano da organização”.
Para que haja a mensuração da avaliação de desempenho, devem-se conhecer os
principais objetivos relacionados a esse processo. Segundo Tachizawa et al. (2004) os
principais objetivos da avaliação de desempenho são:
• Adequação do indivíduo ao cargo e identificação das necessidades de treinamento
- após a realização da avaliação, os gestores poderão analisar o desempenho do
funcionário na execução das suas atividades e tarefas. Desse modo, poderão
instituir treinamentos visando aperfeiçoar possíveis lacunas ou até mesmo remover
o indivíduo para outro setor ou tarefas.
• Promoções – como a avaliação retrata o desempenho do funcionário, ela se
constitui em uma das fontes que possibilitam medir o mérito do colaborador em
possíveis promoções que venham a existir na empresa.
22
• Incentivo salarial ao bom desempenho – através da Avaliação de Desempenho
(AVD), tanto o funcionário possui subsídio para pleitear um aumento, quanto o
supervisor para aceitá-lo ou negá-lo.
• Melhoria de relacionamento entre supervisores e liderados – para os supervisores é
uma forma transparente de delinear metas, e para o liderado há clareza do que lhe é
esperado em termos de desempenho.
• Auto-aperfeiçoamento do funcionário – diante de um resultado ruim, o avaliado
tem noção dos pontos negativos que precisam ser melhorados, do que precisa
buscar para aperfeiçoar seu desempenho profissional.
• Estimativa do potencial de desenvolvimento dos empregados – o supervisor
consegue determinar o potencial de sua equipe, possibilitando delinear melhor as
estratégias da empresa.
• Estimulo à maior produtividade – fazer a avaliação de desempenho pode servir
como estímulo, para que o funcionário através de seus resultados mostre o seu
desempenho.
• Divulgação dos padrões de desempenho das instituições – pode servir como
referência para quem está mudando de emprego.
• Decisões sobre transferências, dispensas e progressão/ascensão profissional –
quando há disputa de cargos, principalmente nos casos de concorrência interna, a
avaliação de desempenho é um grande diferencial.
2.2.1 Tipos e métodos de avaliação de desempenho
Muitas empresas tratam o procedimento de avaliação de desempenho com muita
importância, pois através dela, conseguem traçar o perfil desejado de seus empregados e
identificar o grau de contribuição de cada funcionário para organização.
Para Chiavenato apud Lara e Silva (2004) a avaliação de desempenho, pode servir de
base às políticas de promoção das organizações. O processo é efetuado periodicamente,
normalmente com caráter anual, e consiste na análise objetiva do comportamento do avaliado
no seu trabalho, e posterior na comunicação dos resultados.
Para verificar o desempenho, cada empresa, dentro de suas características, nomeia os
responsáveis pela avaliação a ser realizada. Nos métodos tradicionais, os superiores avaliam
seus subordinados. Algumas empresas mais democráticas proporcionam ao próprio
funcionário a responsabilidade de se auto-avaliar. Outras procuram fazer com que o
23
funcionário avalie seu gerente, num processo que visa reduzir a diferença hierárquica. Outras
ainda, atribuem a AVD às equipes de trabalho, principalmente quando estas são auto geridas.
Algumas organizações centralizam o processo em uma comissão central. E há, outras, em que
a Área de Recursos Humanos (ARH) centraliza e monopoliza totalmente o processo de
avaliação. A seguir, conforme Chiavenato (1999) são conceituadas cada uma dessas
alternativas:
a) Auto-avaliação do desempenho: Algumas organizações com perfil mais aberto e
democrático utilizam a auto avaliação de desempenho, onde cada indivíduo é responsável por
sua performance, eficiência e eficácia tendo em vista determinados parâmetros fornecidos
pelo seu superior hierárquico ou pela tarefa.
b) Avaliação de desempenho do empregado: Obter informações acerca dos pontos
fortes e fracos de um colaborador é importante, porque interessa à administração de uma
empresa poder contar com uma força de trabalho bem treinada e produtiva. Segundo
Tachizawa et al. (2004), a avaliação individual evidencia: a melhoria da produtividade, o
potencial de desenvolvimento dos empregados, a necessidade de mais treinamentos, a
adequação do indivíduo ao cargo e a possibilidade de mapeá-lo para outro posto de trabalho,
uma eventual readaptação em face de um novo problema e a necessidade de inventivo salarial,
promoções ou dispensas. A avaliação deve ser feita através de um formulário com instruções
para ser preenchido e deve conter fatores que influenciam o trabalho no que diz respeito à:
produtividade, iniciativa, cooperação e absenteísmo – que são as ausências injustificadas ao
trabalho – e autodesenvolvimento. A avaliação deve estar de acordo com os objetivos da
empresa dentro de sua área de atuação e que reflita a missão, os objetivos e a natureza da
organização. Após o preenchimento do formulário, o empregado e o supervisor discutem os
pontos avaliados, e, após a plena concordância de ambos os resultados serão tabulados e
haverá análise de dados.
c) Avaliação de desempenho do supervisor: Antigamente a avaliação para cima, como
também é conhecida esse tipo de avaliação, era considerada um verdadeiro tabu, pois pode
causar reações adversas no início: gerentes inseguros e funcionários receosos de expressar sua
opinião. No entanto, ela é uma boa forma de que o grupo promova negociações e
intercâmbios com o gerente exigindo novas abordagens em termos de liderança, motivação
criatividade, compreensão, orientação, confiança e comunicação que tornem as relações de
trabalho mais livres e eficazes (CHIAVENATO, 1999).
d) Avaliação de desempenho da equipe de trabalho: Nessa avaliação pretende-se que o
gestor identifique a efetividade do fluxo interno do processo produtivo e a participação de
24
cada um no produto final do serviço, além de mostrar a importância do trabalho conjunto. O
método comparativo é utilizado nesse processo, isto é, cada colega é comparado com os
demais, devendo o conceito atribuído refletir essa visão do empregado avaliador. A média da
avaliação representará o desempenho do grupo (TASCHIZAWA et al., 2004).
e) Comissão de avaliação de desempenho: Algumas organizações adotam uma
comissão específica para esta finalidade. É feita uma avaliação coletiva feita por um grupo de
pessoas direta ou indiretamente interessadas no desempenho do funcionário. A comissão é
normalmente mista, sendo composta de pessoas de diversas áreas organizacionais. Apesar da
evidente distribuição de forças, esta alternativa é bastante criticada pelo seu aspecto
fortemente centralizador e pelo seu espírito de julgamento quanto ao passado. Por esta razão,
dificilmente a comissão central consegue focalizar a orientação e a melhoria contínua do
desempenho. Essa alternativa é onerosa, trabalhosa e demorada, já que todos os funcionários
devem passar pelo crivo da comissão. Além disso, as pessoas avaliadas se sentem
inferiorizadas, como se o seu desempenho dependesse de uma comissão central que a todos
julga, aprova ou desaprova. A avaliação de desempenho em seu sentido genérico pode ser
feita de diversas maneiras. A metodologia empregada sofre distinção entre as empresas
tradicionais em detrimento àquelas com características mais modernas.
Além dos tipos de avaliação de desempenho, a literatura contempla alguns métodos
que, tradicionalmente, possibilitam avaliar o desempenho dos colaboradores conforme
observado a seguir:
a) Métodos da Escala Gráfica: É o método de AVD mais utilizado, divulgado e
simples. Exige muitos cuidados, a fim de neutralizar a subjetividade e o pré-
julgamento do avaliador para evitar interferências. Trata-se de um método que
avalia o desempenho das pessoas através de fatores de avaliação previamente
definidos e graduados. Utiliza um formulário de dupla entrada, no qual as linhas
em sentido horizontal representam os fatores de avaliação de desempenho;
enquanto as colunas em sentido vertical representam os graus de variação daqueles
fatores. Os fatores são previamente selecionados para definir em cada empregado
as qualidades que se pretende avaliar.
b) Método da Escolha Forçada: Consiste em avaliar o desempenho dos indivíduos por
intermédio e frases descritivas de determinadas alternativas de tipos de
desempenho individual. Em cada bloco, ou conjunto composto de duas, quatro ou
mais frases, o avaliador deve escolher, forçosamente, apenas uma ou duas
alternativas, que mais se aplicam ao desempenho do empregado avaliado. As
25
frases podem variar, porém basicamente existem duas formas de composição: a) os
blocos são formados por duas frases de significado positivo e de duas de
significado negativo. O supervisor ou avaliador, ao julgar o empregado, escolhe a
frase que mais se aplica e a que menos se aplica ao desempenho do avaliado. b) Os
blocos são formados apenas por quatro frases com significado positivo. O
supervisor ou avaliador, ao julgar o empregado, escolhe as frases que mais se
aplicam ao desempenho do avaliado.
c) Método de Pesquisa de Campo: é feito pelo chefe, com assessoria de um
especialista (staff) em AVD. O especialista vai a cada sessão para entrevistar a
chefia sobre o desempenho de seus respectivos subordinados. Embora a avaliação
seja responsabilidade de cada chefe, há uma ênfase na função de staff em
assessorar da maneira mais completa.
d) Métodos dos Incidentes Críticos: Baseia-se no fato de que no comportamento
humano, existem certas características extremas, capazes de levar a resultados
positivos. Uma técnica sistemática, por meio da qual o supervisor imediato
observa e registra os fatos excepcionalmente positivos e os fatos excepcionalmente
negativos a respeito do desempenho dos seus subordinados. Focaliza tanto as
exceções positivas como as negativas no desempenho das pessoas.
e) Listas de Verificação: É um método baseado em uma relação de fatores de
avaliação a serem considerados (check-lists) a respeito de cada funcionário. Cada
um desses fatores de desempenho recebe uma avaliação quantitativa. A lista de
verificação funciona como uma espécie de lembrete para o gerente avaliar todas as
características principais de um funcionário. É um modelo simplificado do método
de escalas gráficas.
Nos modelos de avaliação mais modernos, todos os segmentos hierárquicos da
empresa são envolvidos de modo que a avaliação é descentralizada. O processo é flexível e
realizado por múltiplas fontes, sendo também denominada avaliação 360 graus. A referida
avaliação é feita de modo circular por todos os elementos que mantêm alguma interação com
o avaliado. Participam da avaliação o chefe, os colegas e pares, os subordinados, os clientes
internos e externos, os fornecedores, enfim, todas as pessoas em torno do avaliado, em uma
abragência de 360 graus. Essa forma de avaliação é mais rica por produzir diferentes
informações vindas de todos os lados e funciona no sentido de assegurar a adaptabilidade e o
ajustamento do funcionário às variadas demandas que ele recebe de seu ambiente de trabalho
ou de seus parceiros (CHIAVENATO, 1999).
26
Conforme o que foi descrito, existem diversos métodos de avaliação de desempenho,
tanto nos aspectos relacionados com a própria avaliação e com as prioridades envolvidas,
quanto na sua mecânica de funcionamento. Muitos métodos de avaliação são subjetivos, o que
pode comprometer o processo. Tachizawa et al. (2004), assim descreve alguns fatores que
podem distorcer os resultados da avaliação de desempenho:
• Leniência: é a tendência que têm algumas pessoas de abrandar o seu julgamento dos
avaliados; é o popular “panos quentes”.
• Efeito de halo: é a tendência a nivelar o julgamento de uma pessoa por cima ou por
baixo. Assim, quando um empregado é malvisto pelo avaliador, por ter serias
deficiências em alguns aspectos, pode acabar sendo mal avaliado em quesitos nos
quais não tenha mau desempenho. Por outro lado, os que são vistos como bons
empregados podem acabar recebendo nota alta em todos os quesitos, mesmo naqueles
que deixem a desejar.
• Falsidade: é a ocultação ou distorção proposital de informações sobre o julgamento do
avaliado, com o intuito de prejudicá-lo ou beneficiá-lo.
• Obstáculos políticos: quando o avaliador distorce a avaliação por interesse politico,
visando, por exemplo, manter uma boa imagem de seu setor ou ficar bem com algum
superior que seja “padrinho” de algum empregado avaliado.
• Obstáculo interpessoal: quando o avaliador se deixa levar por simpatias ou antipatias
pessoais, não conseguindo estabelecer distinção entre a qualidade do relacionamento
que mantem com o avaliado e o julgamento de seu desempenho profissional.
• Diferentes graus de rigor: quando alguns avaliadores são mais rigorosos do que outros,
empregados com bom desempenho podem ter avaliações menos favoráveis do que
outros cujo desempenho seja pior.
A melhor maneira de evitar esse problema é submeter os avaliadores a treinamento,
explicando-lhes os critérios a serem utilizados no processo de avaliação.
Uma vez que o presente trabalho aborda a gestão do desempenho funcional por
competências, conforme apontado no objetivo deste estudo, o tópico a seguir contempla os
elementos básicos sobre competência tanto no âmbito pessoal quanto organizacional, seus
conceitos e tipos.
27
2.3 COMPETÊNCIAS NO ÂMBITO DAS ORGANIZAÇÕES
A gestão de competências é um tema relativamente recente, tendo despertado interesse
cada vez maior nos responsáveis pelo gerenciamento de pessoas, pelo fato de, quando bem-
elaborada e conduzida, permitir uma efetiva alavancagem nos negócios da empresa (LARA E
SILVA, 2004).
A seguir, será conceituada competência, sua abrangência dentro do espaço
organizacional, sua aplicabilidade e sua operacionalidade quando se trata de avaliação
funcional baseada em competências.
Nas últimas duas décadas, vários teóricos vêm-se dedicando ao desafio de conceituar
competência. O termo pode ser encontrado de várias maneiras, sendo comumente utilizado
para “designar pessoa qualificada para realizar algo” (LARA E SILVA, 2004).
Nas organizações a palavra competência está relacionada à pessoa – seus
conhecimentos, habilidades, atitudes (CHA) – e à tarefa, associada a resultados.
A figura 4 ilustra a definição de competência por Fleury e Fleury (2001): um saber
agir (savoir faire) responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, e transferir
conhecimentos, recursos e habilidades para agregar valor econômico à organização e valor
social ao indivíduo.
Figura 4 – Competências como fonte de valor individual e organizacional Fonte: Fleury & Fleury, 2001.
O desenvolvimento de competências é uma condição imprescindível para que se
atinjam os resultados organizacionais.
Para Looy, Dierdonck e Gemmel apud Lara e Silva (2004), competências são
características humanas relacionadas com a eficácia e a eficiência profissionais. Depreendem-
28
se desse conceito noções de que: a) Competência é um processo cujos resultados podem ser
medidos; e b) Competência é um conceito indissociavelmente ligado a Pessoa.
Portanto, o desenvolvimento de competências individuais é uma condição
imprescindível para que se atinjam os resultados organizacionais.
Desde a década de 70, o conceito de competência vem sendo utilizado como um
conjunto de características que podem ser previstas e estruturadas, de modo a se estabelecer
um conjunto ideal de qualificações para que a pessoa desenvolva um desempenho superior em
seu trabalho (BOSE, 2004).
De acordo com essa idéia, muitos conceitos relacionados a essa temática apresentam
formulações parecidas ao que diz Parry apud Bose (2004), p. 64, a respeito de competência:
“um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados, que afetam a maior parte de uma tarefa (papel ou responsabilidade), correlacionado à performance, que possa ser medido contra parâmetros bem aceitos, e que pode ser melhorada através de treinamento e desenvolvimento”.
Modernamente identificar as competências individuais apenas confrontando-as ao
conjunto de requisitos relacionados à tarefa, é retornar ao modelo taylorista-fordista. Dutra
apud Bose (2004) afirma que essa forma de encarar competência tem se mostrado um pouco
instrumental, pois o fato de as pessoas possuírem o CHA, não garante que ele será
adequadamente mobilizado no sentido de agregar valor a organização.
Assim, nas décadas de 1980 a 1990 surgem novos modelos no entendimento de
competências que introduzem conceitos e modelos vinculados à ação, aos resultados e
realizações individuais, que extrapolam os limites da qualificação. Zarifian (2001) concorda e
afirma que o trabalho é um prolongamento direto dos fatores mobilizados pelo indivíduo
frente a uma situação profissional cada vez mais mutável e complexa, na qual o imprevisto é
cada vez mais cotidiano e rotineiro. Essa visão molda a definição de competência proposta
pelo autor:
• “Tomar iniciativa e assumir a responsabilidade do indivíduo diante de situações
profissionais com as quais se depara”. Essa competência demonstra a autonomia
do indivíduo frente ao trabalho, característica das principais mudanças ocorridas
no mundo profissional.
• “Entendimento prático de situações que se apóia em conhecimentos adquiridos e
os transforma na medida em que aumenta a diversidade das situações”. Essa
competência demonstra o aprendizado constante no mundo do trabalho.
29
• “A faculdade de mobilizar redes de atores em torno das mesmas situações, fazer
com que esses atores compartilhem as implicações de suas ações e assumam áreas
de co-responsabilidade”. O trabalho não consiste apenas de uma ação isolada, de
modo que as tarefas estão ligadas em torno de um objetivo comum.
Percebe-se pelos conceitos descritos que o conceito de competências atinge outro grau
de complexidade no mundo do trabalho e que é possível fazer uma relação entre as
competências individuais e a estratégia organizacional.
Assim são requeridas competências organizacionais, que se constituem em um
diferencial competitivo e vão determinar quais competências individuais são necessárias à
organização. Em relação a essa afirmativa, Ruas apud Bose (2004), 36, destaca que:
“o desenvolvimento de competências individuais é uma condição necessária, mas não suficiente para o desenvolvimento das competências organizacionais. Neste caso, iniciativas no desenvolvimento de competências gerenciais passam a ter sentido quando colocadas numa perspectiva de desenvolvimento de competências coletivas ou organizacionais. Somente nestas condições que a competência ganha estabilidade organizacional e passa a gerar valor agregado de forma ampliada”.
2.3.1 Gestão e avaliação por competências
A gestão por competências figura como alternativa aos modelos gerenciais
tradicionalmente utilizados pelas organizações, porque leva a empresa a desenvolver uma
atitude estratégica visando aumentar o desempenho global da corporação, através do
incremento do desempenho individual (UBEDA, 2003).
Na prática, propõe orientar esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos
diferentes níveis da organização (individual, grupal e organizacional), às competências
necessárias à consecução de seus objetivos, conforme explicam Brandão e Guimarães (2001).
De acordo com Dutra apud Bose (2004) um sistema de gestão por competências
coerente está de acordo com as seguintes premissas:
a) Foco no desenvolvimento em vez de foco no controle. Nos sistemas tradicionais,
as práticas e políticas de pessoas têm como objetivo principal o controle sobre os
trabalhadores, cabendo a esses um papel passivo. Entretanto, a obtenção do
comprometimento entre as organizações e as pessoas, estratégia que orienta o novo
modelo, tem como premissa um papel ativo entre as pessoas em sua gestão,
pautado nas idéias de desenvolvimento e satisfação de ambas.
30
b) Foco nos processos em vez de foco nos instrumentos. As organizações tendem a
buscar instrumentos ou procedimentos para equacionar seus processos de gestão de
pessoas. Entretanto o foco dos problemas geralmente recai sobre o
descontentamento da empresa ou da pessoa com a relação que ambas estabelecem.
Assim, com base na discussão dessas questões que os problemas podem vir a ser
solucionados, o que pressupõe a participação de ambos os agentes na construção
de instrumentos e procedimentos, garantindo transparência, simplicidade e
flexibilidade necessárias.
c) Foco no interesse conciliado em vez de foco no interesse da empresa. Os modelos
tradicionais não conseguem contemplar o dinamismo inerente à busca de
desenvolvimento e satisfação mútuos, pois privilegiam o interesse da empresa. O
novo modelo propõe uma alavancagem mútua, respeitando-se as diferenças
individuais e grupais.
d) Foco de modelo integrado e estratégico em vez de práticas desarticuladas.
Rompendo com visões funcionalistas e sistêmicas sobre gestão de pessoas, seus
processos devem ser considerados como um todo monolítico que garante a
conciliação de interesses entre a empresa e as pessoas de forma transparente,
simples e flexível. Além disso, a gestão de pessoas deve influenciar e ser
influenciada pela estratégia organizacional, integrando-se a ela.
Fischer apud Bose (2004) concorda e observa ainda que além das premissas citadas
acima, empresas que desenvolveram seu sistema de gestão de pessoas mostram mudanças nos
processos de seleção de pessoas e na avaliação de desempenho.
A seleção passou a ampliar as exigências de qualificação e a avaliação de
desempenho passou a servir de ferramenta para o desenvolvimento individual, a gestão de
carreiras voltou-se para planos individuais de autodesenvolvimento.
Com esse novo enfoque, a avaliação de desempenho, em muitas organizações, passa a
ter o critério das competências, pois os métodos tradicionais apresentam limitações, fazendo
surgir a necessidade da busca de soluções criativas, inovadoras e condizentes com a realidade
das empresas atuais.
A avaliação por competências está de acordo com essa premissa, uma vez que
possibilita ao funcionário se desenvolver, identificando pontos de seu comportamento
organizacional e pessoal que precisam ser desenvolvidos.
O papel dos superiores e da área de RH passa a ser o de ajudar o funcionário a
relacionar seu desempenho às necessidades e à realidade da organização. Gramignia apud
31
Lara e Silva (2004) refere se a avaliação de desempenho por competências como um poderoso
meio de identificar os potenciais dos funcionários, melhorar o desempenho da equipe e a
qualidade das relações dos funcionários e superiores, assim como estimular aos funcionários a
assumir a responsabilidade pela excelência dos resultados pessoais e empresariais.
O gerenciamento baseado nas competências representa uma mudança cultural em
direção a um maior senso de responsabilidade e autogestão dos funcionários. É também uma
maneira simples de melhorar o desempenho. O primeiro passo é mapear as competências
técnicas, conceituais e as interpessoais, dentro de cada função. É importante salientar que
definir competência não é definir tudo aquilo que o funcionário faz, mas determinar quais
capacitações devem ser fomentadas, protegidas ou diminuídas.
Quando a empresa decide implantar um processo de avaliação baseado em
competências pessoais é imprescindível que ela tenha consciência da agilidade, mobilidade e
inovação que as organizações precisam para lidar com as mudanças constantes, ameaças e
oportunidades emergentes.
Bose (2004) afirma que são essas mudanças que levam a própria empresa a rever
muitas de suas estratégias organizacionais e também a levam a pensar em quais são as
competências necessárias ou desejáveis aos profissionais que integram seus quadros no
momento presente e também no futuro. As pessoas e seus conhecimentos e competências
passam a ser a base principal da empresa.
Assim, as pessoas deixam de ser “recursos” e passam a ser tratadas como seres
dotados de habilidades, conhecimentos, atitudes, sentimentos, emoções e aspirações. No
modelo de Gestão por Competência a avaliação é apenas uma ferramenta que auxilia o
funcionário a clarear para si mesmo e para a organização, quais as competências que possui e
quais deverão buscar desenvolver ou incrementar. Esse processo deverá sempre estar alinhado
as competências essenciais da própria organização.
A avaliação inicia-se pelo mapeamento das competências, que irá permitir colher
dados relativos às competências necessárias para o bom desempenho das atividades e perfil do
funcionário quanto a estas competências, categorizando-as em três blocos, que são:
• Competências Conceituais: conhecimento e domínio de conceitos e teorias que
embasam as técnicas; essas competências normalmente estão de acordo com os
princípios da empresa e são comuns a todos os funcionários.
• Competências técnicas: domínio de métodos e ferramentas específicas para
determinada área de trabalho; essas competências variam de acordo com a área de
32
atuação do funcionário e o grau de hierarquia que o funcionário ocupa na
organização.
• Competências interpessoais: permitir que as pessoas se comuniquem e interajam
de forma eficaz, de maneira a valorizar suas atitudes e valores pessoais.
Muitas empresas fazem a avaliação por competências usando as premissas do
balanced scorecard (BSC), que é uma ferramenta utilizada para medir o desempenho
organizacional sob quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos procedimentos internos da
empresa e do aprendizado e crescimento. Os conceitos do BSC bem como seus pressupostos
serão conceituados a seguir:
2.3.2 O balanced scorecard
O Balanced Scorecard (BSB) é uma metodologia disponível e aceita no mercado,
desenvolvida pelos professores da Harvard Business School: Robert Kaplan e David Norton
em 1992.
Segundo Cordeiro (2002) o BSC é um sistema que abrange os níveis estratégico, tático
e operacional, fornecendo um modelo para traduzir a visão e a estratégia de uma empresa em
um conjunto coerente de indicadores de desempenho.
Kaplan e Norton (1996) afirmam que a maior motivação do BSC é a constatação de
que num ambiente competitivo onde as mudanças são constantes, indicadores de desempenho
financeiro não bastam para conduzir a empresa a elevados níveis de competitividade. Para tal,
é necessária a criação de um scorecard que inclua medidas financeiras e não financeiras. As
medidas não financeiras devem ser perseguidas no presente para que, no futuro, seja obtido o
melhor resultado financeiro possível.
No BSC os métodos usados na gestão do negócio, dos serviços e da infra-estrutura,
baseiam-se normalmente em metodologias consagradas que podem utilizar a TI (tecnologia da
informação) e os softwares de ERP – sistemas de informação que integram todos os dados e
processos de uma organização – como soluções de apoio, relacionando-a a gerência de
serviços e garantia de resultados do negócio. (WIKIPEDIA, 2008).
Segundo Kaplan e Norton (1996) o Balanced Scorecard reflete o equilíbrio entre
objetivos de curto e longo prazo, entre medidas financeiras e não-financeiras, entre
indicadores de tendências e ocorrências e, ainda, entre as perspectivas interna e externa de
desempenho. Este conjunto abrangente de medidas serve de base para o sistema de medição e
gestão estratégica por meio do qual o desempenho organizacional é mensurado de maneira
33
equilibrada sob as quatro perspectivas. Dessa forma contribui para que as empresas
acompanhem o desempenho financeiro, monitorando, ao mesmo tempo, o progresso na
construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o
crescimento futuro.
O BSC decompõe a estratégia de uma maneira lógica, baseando-se em relações de
causa e efeito, vetores de desempenho e relação com fatores financeiros, conforme figura 5. É
composto por objetivos, indicadores, metas e iniciativas, nas quatro dimensões de negócio:
Perspectiva financeira: o BSC deve contar a história da estratégia, começando pelos
objetivos financeiros de longo prazo e relacionando-os às ações que precisam ser tomadas em
relação às demais perspectivas, para que o desempenho econômico seja alcançado no longo
prazo.
Perspectiva dos clientes: os indicadores de desempenho desta perspectiva incluem a
retenção e satisfação do cliente, conquista de clientes novos, lucratividade de clientes e
participação de mercado, além de direcionadores ou impulsionadores de performance
relacionados aos atributos que os clientes-alvo valorizam, como por exemplo, entrega rápida e
na data prometida e inovações constantes em produtos e serviços.
Perspectiva dos processos internos: constitui-se na análise dos processos internos da
organização, incluindo a identificação dos recursos e das capacidades necessárias para elevar
o nível interno de qualidade. Contudo, cada vez mais freqüentemente, os elos entre os
processos internos da companhia e os de outras, das companhias colaboradoras, estão muito
unidos, a ponto de exigirem que também sejam considerados. O BSC considera os processos
internos de toda a cadeia de valor da empresa e inclui o processo de inovação, de operações e
de pós-venda.
Perspectiva do aprendizado e crescimento: o objetivo desta perspectiva é oferecer a
infra-estrutura que possibilita a consecução de objetivos ambiciosos nas outras perspectivas.
Inclui metas de qualificação de funcionários, melhoria de sistemas de informação e
alinhamento de procedimentos e rotinas.
34
Figura 5 – Perspectivas do Balanced Scorecard Fonte: Kaplan e Norton, 1996.
A diferença entre o BSC e os demais processos de gestão baseado em indicadores de
desempenho é a existência de uma relação clara de causa e efeito entre os diversos
indicadores ( KAPLAN e NORTON apud Cordeiro (2002).
Assim como exemplo de aplicação do BSC, temos a figura 6 que mostra o retorno
sobre o capital investido (ROCE) como uma medida genérica de desempenho da perspectiva
financeira.
O direcionador ou impusionador desta medida, neste caso, é o alto grau de fidelidade
dos clientes atuais da empresa, que aparece como um primeiro indicador de desempenho da
perspectiva de clientes. Portanto a fidelidade dos clientes é incluído no BSC por acreditar
haver um grande influência do ROCE.
A entrega no prazo combinado é incluída no BSC por impulsionar a fidelidade dos
clientes. Este seria portanto um segundo indicador de desempenho da perspectiva clientes. Por
sua vez para entregar no prazo é necessario desenvolver processos com qualidade e tempo de
ciclo adequados. Portanto, estes seriam os impulsionadores da entrega no prazo e estariam
incluidos na perspectivas dos processos internos.
35
Por fim, para que a qualidade e o tempo de ciclo atinjam os valores desejados, os
processos precisam ser executados por funcionários qualificados e dotados de determinados
conhecimento e habilidades ( KAPLAN e NORTON, 1996).
Figura 6 – Exemplo de utilização do BSC. Fonte: Kaplan e Norton apud Cordeiro, 2002.
Dessa forma, as ações gerenciais continuam sendo acompanhadas pelos tradicionais
relatórios financeiros, mas passam a ser orientadas também para o alcance de metas
referentes a clientes, processos internos, inovações, funcionários e sistemas.
O acompanhamento, então, mantém indicadores de desempenho de curto prazo - como
é típico na perspectiva financeira - agrega medidas de médio e longo prazos, na tentativa de
projetar resultados futuros. E, como a estratégia organizacional representa um conjunto de
hipóteses sobre causa e efeitos, os objetivos e respectivos indicadores em cada perspectiva de
desempenho exercem influência uns sobre os outros ( KAPLAN E NORTON apud COSTA
(2005).
36
3 METODOLOGIA
3.1 UNIVERSO E AMBIENTE DA PESQUISA
O universo considerado nessa pesquisa são as instituições prestadoras de serviços
bancários. A pesquisa abrange a realidade dos bancos de caráter público, especificamente o
Banco X. Nesse sentido, uma vez que a organização em questão é de âmbito nacional, optou-
se pela coleta de dados na agência situada no município de Joinville/SC.
A escolha da Instituição para o estudo foi realizada com base nos seguintes critérios:
a) É um dos bancos mais antigo do Brasil, assim, possui representatividade em
virtude dos dados a serem obtidos;
b) A instituição possui um histórico já consolidado na realização de avaliações de
desempenho funcional, possibilitando a observação e análise do fenômeno;
Tais delimitações visaram buscar informações acerca do perfil dessa organização, com
o intuito de permitir o exame de seus métodos de avaliação funcional e a importância da
gestão de pessoas dentro da referida organização.
3.2 SUJEITO E OBJETO DE PESQUISA
De acordo com Ruiz apud Passos (2002), o sujeito de uma pesquisa pode ser definido
como a pessoa, o fato ou o fenômeno sobre o qual se quer saber algo. Desse modo, a
instituição financeira constitui-se no sujeito da pesquisa realizada.
Já o objeto da pesquisa, segundo o mesmo autor, define-se como aquilo que se
pretende conhecer relativo ao sujeito escolhido. Assim, para a pesquisa realizada, o objeto é a
avaliação de desempenho funcional desenvolvida pela instituição.
37
3.3 TIPO DE PESQUISA
Essa pesquisa pode ser caracterizada como um estudo de caso. Gil (1988) comenta que
o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo de um ou de poucos objetos de maneira
que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Becker (1994) concorda e complementa
afirmando que o estudo de caso possibilita observar, descrever e explorar aspectos de uma
realidade, e é o que se pretende com a presente dissertação, estudar profundamente a
avaliação por competências na Instituição, observando-a e descrevendo-a no contexto em que
está inserida.
3.4 MÉTODO DE ABORDAGEM
3.4.1 Documentação indireta
No que diz respeito à natureza da pesquisa a documentação indireta consistiu na
realização de uma pesquisa bibliográfica, explicativa e exploratória. Em relação à pesquisa
bibliográfica, Oliveira apud Passos (2002) diz que a finalidade da mesma é conhecer os
diferentes modos de contribuição científica proporcionada sobre determinado assunto ou
fenômeno. Esse tipo de pesquisa caracteriza-se pelo estudo sistematizado desenvolvido com
base em material publicado em livros, revistas, jornais etc., o qual pode constituir-se em
fontes primárias ou secundárias. Portanto, fornece instrumental analítico para qualquer outro
tipo de pesquisa (VERGARA apud PASSOS, 2002).
Dessa forma, tendo em vista as particularidades do tema proposto, fez-se necessário
utilizar a pesquisa bibliográfica como meio de obter uma fundamentação teórica, essencial,
que subsidiou as análises realizadas nesse trabalho e que serão vistas posteriormente. De
acordo com Gil (1991), as finalidades da pesquisa exploratória são proporcionar maior
familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou construir hipóteses. Santos
(2006) concorda que a pesquisa exploratória visa conhecer os fatos e fenômenos relacionados
ao tema.
A pesquisa explicativa tem a função de explicar e conhecer a teoria a respeito de um
fato/fenômeno/processo o que propícia aprofundar o conhecimento com a realidade
identificando os porquês dos fatores que determinam à ocorrência (SANTOS 2006).
A pesquisa também pode ser classificada como documental, pois se baseou em
materiais institucionais e didáticos da empresa para coleta de informações. As interfaces do
38
programa utilizado para fazer a avaliação de desempenho também foram utilizadas como
documento para demonstrar e melhor entender o processo como um todo.
3.4.2 Documentação direta
A documentação direta foi realizada na forma de observação direta, que nada mais é
do que o procedimento de coleta de dados no qual um avaliador verifica o que realmente
acontece quando uma ação é executada, além disso, interpreta os eventos em termos de sua
experiência ou de diretrizes. A pesquisadora está em contato com o objeto da pesquisa e pode
ver o que realmente acontece na execução do procedimento estudado.
3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Considerando a natureza descritiva do trabalho realizado, os dados deste estudo de
caso foram interpretados e expressos baseando-se nos marcos teóricos que contornaram a
pesquisa através de análise qualitativa do fenômeno observado.
Como forma de esclarecer a metodologia utilizada, a figura 7 retrata o fluxograma
geral do roteiro da pesquisa empreendida.
Figura 7 – Fluxograma Geral do Roteiro de Pesquisa Fonte: Autora, 2008
QUESTÃO PROBLEMA
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
DOCUMENTAÇÃO INDIRETA
OBSERVAÇÃO DIRETA E PESQUISA DOCUMENTAL
CONCLUSÕES
DOCUMENTAÇÃO DIRETA
39
4 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL: UM ESTUDO
DE CASO
4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EMPRESA
O estudo de caso foi desenvolvido no Banco X, instituição pública brasileira. Desde
sua fundação até o início deste século, o Banco teve uma história fragmentada, repleta de
crises e rupturas. Sua administração se alternava, funcionando ora sob a intervenção direta do
governo, ora sob o controle de empresários financiando apenas a iniciativa privada, sem a
ingerência do governo. (COSTA, 2005).
Uma das principais transformações na história recente do Banco deu-se em 1986, com
a extinção da denominada “conta movimento”, que provia automaticamente com recursos do
governo. Esse mecanismo assegurava ao Banco X suprimento automático de recursos para as
operações permitidas aos demais intermediários financeiros. Em contrapartida, a empresa foi
autorizada a atuar em todos os segmentos de mercado franqueados às demais instituições
financeiras, buscando no mercado recursos de que necessita para cumprir suas funções
A entrada do Banco X em novos negócios e mercados exigiu a realização de grandes
mudanças – na estrutura, na estratégia, na tecnologia, no posicionamento e na cultura
organizacional. Para a implantação do Plano Real pelo Governo, o Banco assumiu papel
estratégico. Em 1990, o Banco X implantou uma série de ações, para que a empresa pudesse
fazer frente à nova conjuntura e manter certo nível de competitividade. Dentre elas, é possível
destacar os investimentos realizados em tecnologia, cerca de US$ 2 bilhões para automação
da rede de agências e instalação de terminais de auto-atendimento. Houve grande
modernização na estrutura do banco. Houve também redução no quadro de pessoal, que
passou de 119.380 funcionários para atuais 85.200.
Outro aspecto importante do processo de reestruturação do Banco foi a
implementação, em 1996, de um plano de ajustes que possibilitou a contabilização de créditos
inadimplidos, o saneamento de contas, a descentralização do processo decisório, a adoção de
um modelo de gestão colegiada, a diminuição de níveis hierárquicos, o combate à
40
inadimplência e a recuperação de créditos junto à União, conforme descreve Bruno Faria
(1996).
Nesse mesmo ano, o Banco implantou uma nova arquitetura organizacional, baseada
em premissas de gestão por unidades estratégicas de negócios, agilidade, flexibilidade,
concentração de negócio e integração de esforços na sua rede de distribuição.
O ano 2000 marcou a expansão da empresa na Internet, com o lançamento de seu
abrigando sites de investimentos, agronegócios, negócios internacionais, relações com
investidores, notícias, cultura e esportes.
Nos últimos anos o Banco X adotou a configuração de Banco múltiplo, que trouxe
vantagens para instituição como redução de custos, racionalização de processos e otimização
da gestão financeira e fisco tributária.
4.2 A GESTÃO DE DESEMPENHO NO BANCO X
4.2.1 Evolução da gestão de desempenho no Banco X
O Banco X faz a avaliação do desempenho de seus funcionários desde a década de 60.
A avaliação de desempenho na organização, nos moldes como é feita hoje, teve início em
1982 e se chamava Avaliação de Desempenho Funcional (ADF) e tinha um caráter formativo
e informativo, o que possibilitava orientar a capacitação do funcionário.
Em 1998 a empresa aperfeiçoou a ADF, implementando um modelo denominado
internamente Gestão do Desempenho Profissional (GDP). Esse modelo foi criado com o
objetivo de alinhar o desempenho individual, departamental e organizacional, a partir de
parâmetros definidos pela estratégia corporativa. Intenção subjacente era minimizar
distorções, subjetividades e vieses no processo de avaliação até então vigente, que era
centrado fundamentalmente na observação do comportamento dos funcionários, sem
estabelecer metas ou avaliar os resultados correspondentes.
Em 2005, com objetivo de disponibilizar informações sistematizadas e que
permitissem gerenciar o desempenho dos funcionários, foi implantada a avaliação por
múltiplas fontes no Banco X. Essa mudança tinha como propósito, direcionar as ações de
capacitação para o desenvolvimento e aprimoramento das competências necessárias para a
melhoria dos resultados do Banco, e para o crescimento profissional do funcionário, além de
democratizar as relações de trabalho.
41
Assim, para alinhar a gestão de desempenho à estratégia organizacional, foram
utilizadas as premissas do Balanced Scorecard que se baseia em quatro diferentes
perspectivas de desempenho: resultado econômico, estratégia e operações; satisfação do
cliente; comportamento organizacional e processos internos. Essas perspectivas incluem tanto
indicadores quantitativos de resultados em diferentes níveis, como as competências
profissionais desejadas. Essas competências constituíam comportamentos passíveis de
observação no trabalho que retratassem a combinação de conhecimentos, habilidades e
atitudes necessárias no desempenho do trabalho que agregassem valor para os indivíduos, os
grupos e a organização (COSTA, 2005).
A Gestão de Desempenho por Competências (GDC) foi concebida e desenvolvida a
partir de críticas e sugestões do funcionalismo entre as quais, aquelas recebidas no 4° Fórum
de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Sócio Ambiental, realizado em 2003, onde a
empresa ouviu diversas solicitações de seus funcionários sobre os mais vários assuntos
relacionados à empresa.
A tabela 1 mostra a evolução dos sistemas de avaliação de funcionários do Banco X ao
longo dos anos.
Tabela 1 - Histórico dos sistemas formais de avaliação da Instituição
Ano Sistema Foco da Avaliação Sentido da Avaliação Ciclo
1960 Boletim de Informação 42 pontos
Comportamento Descendente Anual
1972 FIA – Ficha Individual de Avaliação
Comportamento Descendente Anual
1983
ADF – Avaliação de Desempenho Funcional
Comportamento Descendente Anual, com
acompanhamento trimestral.
1998 GDP – Gestão de Desempenho Profissional
Desempenho = atingimento de resultados por meio de metas + fatores comportamentais
Descendente e Ascendente
Semestral
2005
GDC – Gestão de Desempenho
por Competências
Desempenho = atingimento de resultados por meio do cumprimento de metas + desenvolvimento de competências e planejamento de carreira
Múltiplas Fontes: • Descendente
• Ascendente
• Lateral
• Auto-avaliação
Semestral
Fonte: Banco de dados, 2008.
42
Conforme informação da tabela 1 percebe-se a existência de uma evolução nos
sistemas de avaliação de desempenho no Banco X, condizente com a perspectiva histórica de
administração que fundamentava cada década relativa, as formas de gestão de pessoas
implementadas nas organizações.
Assim observa-se que de 1960 a 1983 foram utilizados sistemas de avaliação cujo
enfoque recaiu no comportamento do funcionário, coincidindo como o desenvolvimento da
teoria comportamental na literatura.
Em 1990 houve a abertura da economia no Brasil, o que trouxe o conceito de
globalização e o advento da internet. A concorrência se acirrou em virtude da entrada de
novos bancos e criação de produtos. Diante desses acontecimentos em 1998, o Banco X lança
a GDP e passa a avaliar o funcionalismo através de novas perspectivas: o atingimento de
metas e o desempenho.
Um dos grandes diferenciais apresentado pela GDP, foi a avaliação no sentido
ascendente em detrimento ao que vinha sendo utilizado até 1998, onde apenas o funcionário
era avaliado. Na avaliação no sentido ascendente, o funcionário também avaliava o seu
superior imediato, o que deixava o processo mais transparente.
Em 2005, o Banco X buscando sistematizar informações sobre o desempenho de seus
funcionários e aprimorar o processo avaliatório lança a Gestão de Desempenho por
Competências, que se caracteriza pela avaliação no sentido global. A principal mudança foi a
inclusão da auto avaliação, onde o funcionário avalia o próprio rendimento e a avaliação dos
pares, que se caracteriza pela avaliação de seus colegas, de mesmo nível hierárquico.
Houve grandes mudanças entre os dois últimos processos de avaliação. Em relação às
perspectivas de desempenho, a GDP utilizava apenas os conceitos do BSC em detrimento à
atual GDC que se utiliza deles também, no entanto, acrescenta a perspectiva sociedade, que
visa avaliar o funcionário no que diz respeito as suas ações em sociedade e colaboração como
cidadão inserido na comunidade em que vive.
A tabela 2 retrata as modificações entre a antiga Gestão de Desempenho Profissional
(GDP), sendo substituída pela atual Gestão de Desempenho por Competências (GDC).
43
Tabela 2 - Comparação entre GDP e GDC
O que mudou? Gestão de Desempenho Profissional -
GDP Gestão de Desempenho por
Competências – GDC
Perspectivas de Desempenho
• Resultado Econômico • Estratégia e Operações • Satisfação dos Clientes • Processos Internos • Comportamento Organizacional
• Financeira • Clientes • Processos Internos • Comportamento Organizacional • Sociedade (perspectiva nova)
Dimensões Metas e Fatores Competências e Metas
Itens Avaliados 13 fatores iguais para todos
• Dez competências fundamentais para todos os funcionários
• Competências específicas em quantidade variável e customizada de acordo com área de atuação e papel ocupacional do funcionário
• Cinco Competências gerenciais, para gestores de equipes.
Fontes de Avaliação
Duas fontes: • Superior imediato (descendente) • Subordinados (ascendente via
Pesquisa de Clima Organizacional)
Múltiplas fontes: • Superior imediato (descendente) • Subordinados (ascendente) • Pares (colegas) • Auto-avaliação
Escala de Pontuação Quantitativa: 1 a 6 Pontos Quantitativa: 1 a 5 Pontos
Manifestação formal de concordância com a avaliação ou discordância.
Obrigatória, ao final do período avaliatório.
A concordância ou discordância se dá através da auto-avaliação, que influência o placar final do funcionário.
Foco Atingimento de metas e comportamento do funcionário.
Atingimento de metas, desenvolvimento de competências e planejamento de carreira.
Fonte: Banco de dados, 2008.
As dimensões de avaliação também foram alteradas, antes a GDP limitava-se ao
cumprimento das metas e fatores organizacionais, na atual GDC além desses fatores, são
avaliadas ainda, as competências.
Quanto aos itens avaliados, anteriormente todos os funcionários eram avaliados por 13
itens comportamentais iguais. Na GDC, os colaboradores são avaliados por suas
competências. As competências a serem avaliadas estão dividas em três grupos, a saber: a)
fundamentais - que são as competências requeridas a todos os funcionários avaliados e
perfazem um total de dez. b) específicas – em número variável e customizado de acordo com
a área de atuação funcional e c) competências gerenciais – que são atribuídas aos funcionários
que ocupam cargo de gerente na empresa.
As fontes de avaliação também sofreram significativa alteração, na atual GDC todos
são avaliados pelo seu superior imediato e pelos colegas de mesmo segmento hierárquico, os
44
pares. Aqueles que possuem subordinados realizam a avaliação destes. Por fim, todos fazem
sua auto-avaliação. Na GDP, os subordinados eram avaliados pelos seus superiores diretos. A
avaliação do superior era feita através da pesquisa de clima organizacional e o resultado era
assim atribuído ao supervisor.
A escala de pontuação também foi alterada no novo processo de avaliação. Continua
quantitativa, no entanto, a escala passou a ser de 1 a 5 pontos, a anterior era de 1 a 6 pontos.
Em relação à manifestação do funcionário, o novo modelo de avaliação por
competências foi elaborado de modo a atrelá-la à auto-avaliação, interferindo no processo de
pontuação interna do funcionário. A pontuação interna serve de parâmetro e critério quando o
funcionário almeja galgar sua ascensão profissional dentro da empresa. No modelo antigo o
funcionário era obrigado a se manifestar concordando ou não com sua avaliação.
Por fim, em relação ao foco da nova avaliação de desempenho, o novo modelo de
avaliação pretende que o funcionário esteja propenso ao atingimento de metas,
desenvolvimento de competências e planeje sua carreira.
De modo específico optou-se por comparar as duas últimas avaliações de desempenho
e se estudar a última, devido à pesquisadora ter sido submetida aos dois tipos de avaliação e
ter um padrão melhor para análise, e ainda, porque a GDP possuía uma abertura e um enfoque
mais moderno que foi consolidado com a criação da GDC.
4.2.2 Objetivos da gestão de desempenho por competências
Tendo o pressuposto de que o domínio de certas competências confere à organização
um desempenho superior ao de seus concorrentes, a gestão por competências busca direcionar
esforços para desenvolver competências fundamentais à consecução dos objetivos
organizacionais (PRAHALAD e HAMEL, 1995).
Acima os autores citados descrevem objetivos gerais que fazem as empresas
utilizarem a gestão por competências nas organizações. Ao criar a Gestão de Desempenho por
Competências como sistema de avaliação de sua mão-de-obra, o Banco X se pautou nos
seguintes objetivos específicos em que o novo modelo de avaliação é útil e que estão em
consonância com a idéia dos autores:
a) contribuir com o planejamento da carreira, pois o desenvolvimento de competências
está diretamente relacionado ao desenvolvimento da carreira e ascensão profissional;
45
b) Facilitar a consecução dos objetivos organizacionais, porque a empresa dimensiona
as competências requeridas de acordo com as metas e propósitos da instituição;
c) Subsidiar outros subsistemas e programas de gestão de pessoas.
4.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS NO BANCO X
A Gestão de Desempenho por Competências – GDC considera que desempenho do
funcionário é constituído pos suas competências e pelos resultados gerados com a aplicação
dessas competências em sua atuação profissional. Avalia-se em que nível as competências dos
funcionários são expressas em suas ações no trabalho e a contribuição que essas ações trazem
para o resultado da unidade.
Para que haja o entendimento do processo é necessário conhecer e conceituar alguns
termos que a empresa utiliza na elaboração de sua avaliação de desempenho, assim como é
importante mapear as competências utilizadas na referida avaliação.
Acordo de Equipe: O acordo de equipe tem natureza qualitativa, nele são discutidas
as competências que deverão ser expressas para atingir os resultados esperados pela depencia
do banco onde o funcionário está situado. O acordo é formulado após uma reunião com a
equipe e são feitas as orientações e discussões onde são acordados o que será esperado de
cada funcionário da equipe quanto à expressão das competências avaliáveis. Nesse momento
também poderá ser definido um calendário de eventos (cursos e outras formas de
capacitação) e ainda, traçar um planejamento para futuras ausências. Nessa reunião também ,
a equipe deve equalizar o entendimento em relação às competências a serem avaliadas e
definir por quais competências específicas cada integrante será avaliado, assim como o
desempenho esperado de cada um.
Registro de anotações: As anotações (feedback) são comentários feitos para os
avaliados sobre seu desempenho e seu comportamento no trabalho. Tem como objetivo
realimentar o processo interacional para aprimorar comportamentos e melhorar a relação entre
as pessoas. Esse registro não é obrigatório, no entanto, a filosofia do modelo de avaliação
prevê como forma de participação ativa e efetiva de todos os funcionários no processo; além
de subsidiar o avaliador na atribuição de conceitos. O registro de anotação pode ocorrer até o
encerramento do prazo de cada fonte de avaliação e deve estar vinculada a uma competência
observada.
46
Feedback de reconhecimento: São comentários de valorização feitos para uma pessoa
sobre suas realizações ou comportamentos considerados bons, adequados, pertinentes. São
importantes, mesmo quando os esforços não trazem os resultados desejados.
Feedback de aprimoramento: São comentários de valorização feitos para uma pessoa
sobre suas realizações ou comportamentos considerados inadequados, imprecisos.
Representam opiniões que ofereçam oportunidades de crescimento, com sugestões e
indicações de ações para o desenvolvimento da competência observada.
Ciclo avaliatório: é o período em que a Gestão de Desempenho por Competência é
semetral e coincide com o ciclo de negócios da instituição de janeiro a junho e julho a
dezembro.
4.3.1 Mapeamento das competências
As competências profissionais representam combinações sinérgicas de conhecimentos
habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional, dentro de determinado
contexto ou estratégia organizacional. Mapear competências profissionais consiste em
identificar, através de pesquisa, as competências relevantes às áreas do Banco e descrevê-las
objetivamente como comportamentos observáveis, que indiquem um desempenho esperado. É
o processo de identificação e localização das competências profissionais necessárias para a
concretização de resultados.
As competências profissionais a serem avaliadas são classificadas em:
Fundamentais: são dez competências e devem ser expressadas por todos os
funcionários. Essa compentencias fundamentais estão distribuídas nas cinco perspectivas do
BSC: financeira, clientes, comportamento organizacional, processos internos e sociedade
conforme tabela 3:
Tabela 3 – Competências Fundamentais
PERSPECTIVAS COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS
Financeira
1. Demontrar conhecimento dos produtos e serviços relacionados à estratégia de sua área de atuação. 2. Identificar e aproveitar oportunidades para o Banco, analisando o ambiente interno e externo
Clientes 3. Prestar atendimento com cortesia e agilidade, considerando as expectativas do cliente (interno e externo) e as orientações da Empresa.
Comportamento Organizacional
4. Demonstrar iniciativa para solucionar problemas e para aprender continuamente. 5. Colaborar com os colegas de trabalho, a fim de concretizar os objetivos da Empresa em um clima de harmonia.
Processos Internos
6. Identificar riscos na realização das atividades sob sua responsabilidade e implementa ações adequadas.
47
Processos Internos
7. Operar sistemas e aplicativos de informática para realizar com agilidade e qualidade os serviços. 8. Comunicar-se (por escrito ou oralmente) de forma clara, objetiva e acessível ao interlocutor. 9. Organizar suas atividades para realizá-las no tempo previsto, possibilitando a continuidade do processo de trabalho.
Sociedade 10. Direcionar suas ações, levando em consideração os impactos sociais, ambientais e economicos e os principios de responsabilidade socioambiental adotados pela Empresa.
Fonte: Banco de dados, 2008.
Específicas: Surgem devido à complexidade das atividades do Banco, que exigem
uma grande diversidade de competências. O conjunto fixo e imutável de conhecimentos,
habilidades e atitudes de que dispunha um profissional bancário tradicional não atende mais
as demandas da Organização. Assim reconhecendo a especificidade de desempenho em cada
área do Banco e ciente de que as competências variam de acordo com a área de atuação na
unidade e com o papel ocupacional desempenhado, foi inserida também na avaliação por
competências, a avaliação de competências específicas, conforme tabela 4 que exemplifica
algumas competências específicas de postos de trabalho do Banco X.
Tabela 4 – Competências Específicas
Gerentes de Relacionamento Caixas
Executivos Atendentes em Agência com
Perfil Rural
Membros do Comitê de
Administração da Agência
Identifica as causas dos conflitos na relação com o cliente e adota ações para evitar novas ocorrências.
Idem Idem Idem
Identifica as reais necessidades dos clientes de sua carteira, adotando postura pro ativa para prestar atendimento diferenciado.
* * *
Presta consultoria sobre produtos e serviços do Banco, auxiliando o cliente na escolha daquela mais adequado ao seu perfil.
*
Presta consultoria sobre produtos e serviços do Banco, auxiliando o cliente na escolha daquela mais adequado ao seu perfil.
*
Monitora e avalia a pós-venda de produtos e serviços do Banco, para garantir a satisfação do cliente.
*
Monitora e avalia a pós-venda de produtos e serviços do Banco, para garantir a satisfação do cliente.
*
Perspectiva
Clientes
Adota ações para elevar o índice de satisfação do cliente, a partir da análise de diferentes indicadores corporativos.
*
Adota ações para elevar o índice de satisfação do cliente, a partir da análise de diferentes indicadores corporativos.
Idem
Fonte: Banco de dados, 2008.
48
Gerenciais: São as competências relevantes aos funcionários do Segmento Gerencial
e são características de funcionários que possuem equipe geridas por eles. A tabela 5
demonstra quais as características gerenciais requeridas aos funcionários que ocupam esse
cargo na empresa.
Tabela 5 - Competências Gerenciais
Competências gerenciais
1 Estimula a participação dos funcionários nas decisoes da equipe, incentivando o dialogo, a troca de idéias e o compartilhamento de conhecimentos.
2 Mobiliza os esforços das pessoas para propositos comuns, estimulando o comprometimento com as estratégias, os resultados e os principios de responsabilidade socioambiental do Banco.
3 Orienta a atuação da equipe, fornecendo as informações necessárias para a realizacao do trabalho e comunicando suas expectativas sobre o desempenho das pessoas.
4 Promove o desenvolvimento profissional dos membros da equipe, valorizando suas competências e oferecendo oportunidades de capacitação e feedback freqüente.
5 Adota medidas preventivas e corretivas para melhoria continua da saúde e qualidade de vida de sua equipe.
Fonte: Banco de dados, 2008.
De modo conclusivo, observa-se que o mapeamento das competências específicas e
gerenciais está de acordo com a área de atuação do funcionário dentro da empresa. São
requeridas conforme o posto de trabalho e grau de exigência da função.
Tanto as competências específicas quanto as gerencias, conferem à GDC um caráter
mais justo na hora da formalização da avaliação, pois avalia o funcionário de acordo com o
seu posto de trabalho e as exigências.
4.3.2 Etapas do processo de avaliação
Cada funcionário terá vinculado ao seu posto de trabalho, um perfil de competências
específicas, conforme exemplifica a tabela 4, pela quais ele será avaliado durante o ciclo. A
atribuição desse perfil é de responsabilidade do gestor de equipe, até o prazo estipulado no
cronograma de cada ciclo avaliatório. Cabe ao funcionário, observado o cronograma,
selecionar as competências específicas não requeridas nas suas atividades. Esse procedimento
impedirá a atribuição de conceitos para essas competências, por qualquer avaliador. Os
funcionários do segmento técnico e de serviços auxiliares serão avaliados nas dez
Competências Fundamentais (tabela 3) e nas Específicas (tabela 4) vinculadas ao seu perfil de
competências, estabelecido de acordo com a área de atuação da dependência em que eles
trabalham.
49
O ciclo avaliatório é contínuo e semestral (janeiro a junho e julho a dezembro) que
coincide com o ciclo de negócios da empresa e é composto por três etapas:
1) Planejamento – No planejamento do processo são feitas a seleção de avaliados, a
atribuição de perfis de competências específicas e o registro do Acordo de Equipe.
2) Acompanhamento – O acompanhamento deve ocorrer ao longo de todo ciclo
avaliatório. Sua qualidade é determinante para o sucesso do processo de avaliação
e para o atingimento dos objetivos. Nesta etapa é que ocorrem os registros de
anotações, com base na observação da expressão das competências no trabalho. Os
conteúdos das anotações podem contemplar tanto comentários de valorização,
reconhecendo comportamentos positivos do avaliado, quantos comentários acerca
da expressão indevida de uma determinada competência e as respectivas
indicações de ações de aprimoramento.
3) Encerramento - Nessa etapa são atribuídos definitivamente, os conceitos a
respeito das competências expressas pelo avaliado e devem manter coerência com
as anotações realizadas ao longo do ciclo, na fase do acompanhamento.
Durante o ciclo avaliatório são possíveis as seguintes classificações do andamento da
GDC do funcionário:
• Sem equipe: situação em que o funcionário não está vinculado a nenhuma equipe.
• Em acompanhamento: situação em que o funcionário está vinculado a uma
equipe, sendo possível o registro de anotações;
• Em encerramento: situação em que o funcionário poderá atribuir e/ou receber
conceitos;
• Encerrada: situação em que já constam conceitos atribuídos para o funcionário;
• Não avaliável: situação em que o funcionário não será avaliado no período, por
não ter trabalhado pelo menos 90 dias.
Uma vez feitas a seleção dos avaliados e atribuição de competências específicas,
gerenciais e fundamentais é realizada a avaliação global sob quatro dimensões:
• Auto-avaliação: atribuição de conceitos pelo funcionário para o próprio
desempenho. A auto-avaliação é um exercício de autocrítica, é a oportunidade para
refletir e se manifestar sobre cada uma das competências que a empresa espera que
o funcionário expresse em seu trabalho.
• Superior: atribuição de conceitos pelo gestor da equipe para os subordinados;
50
• Subordinados: atribuição de conceitos pelos subordinados para o gestor da
equipe;
• Pares: atribuição de conceitos, pelos funcionários de uma mesma equipe, para o
desempenho de seus colegas. Os pares são aqueles funcionários vinculados a um
mesmo gestor, integrantes de uma mesma equipe, independentemente de
pertencerem ao um mesmo nível hierárquico ou prefixo.
Nessa etapa as competências e os conceitos são atribuídos por todas as fontes de
avaliação, a partir da observação direta da expressão das competências por parte dos
avaliados. A atribuição deve ser coerente com as observações e anotações emitidas ao
avaliado, durante todo o período avaliatório.
É responsabilidade de cada avaliador acompanhar o desempenho de seus avaliados,
fornecendo os feedbacks necessários, que subsidiarão a finalização do processo avaliatório.
Todas as fontes de avaliação têm pesos idênticos na composição do resultado da Avaliação de
Desempenho. Dessa forma, a responsabilidade por este resultado torna-se compartilhado por
isso, é extremamente importante que cada um atribua conceitos aos seus avaliados, inclusive a
si.
A escala de conceitos possui cinco pontos, e além destes qualquer avaliador poderá
assinalar X ou Y, conforme mostra a tabela 6:
Tabela 6 – Escala de conceitos da dimensão competências
Escala de conceitos da Dimensão Competências
1 Não expressou a competência requerida
2 Expressou pouco a competência
3 Expressou moderadamente a competência
4 Expressou muito a competência
5 Expressou a competência de forma exemplar
X Quando não for possível observar a demonstração da competência
Y Quando as atividades exercidas pelo funcionário não requeiram está competência
Fonte: Banco de dados, 2008.
Os conceitos “1” e “5” exigem registro de justificativa, que poderá ser visualizado
pelo avaliado, avaliador e gestor de equipe. E os registros de “1” e “2” exigem registro de
anotação (feedback), que também poderá ser visualizado pelo avaliado, avaliador e gestor de
equipe.
51
4.3.3 O sistema de avaliação de desempenho na prática
A avaliação de desempenho dentro da instituição é feito por um software de
automação bancária usado pelo Banco X. Esse sistema foi criando em 1998, ano em que a
empresa inaugurou seu centro tecnológico e que lançou a Gestão de Desempenho – GDC.
Dentro desse software estão compilados dezenas de subsistemas ou aplicativos que permitem
que o atendimento aos clientes seja feito e que os serviços bancários possam ser realizados,
nele também, estão localizados os sistemas de consulta interna da empresa, além de todos os
serviços privativos dos funcionários do banco.
Um desses aplicativos chama-se GDP, onde é feita a avaliação de desempenho por
competências. As opções do sistema GDP são auto-explicativas, e, de acordo com o número
digitado, o funcionário tem a oportunidade de fazer e consultar a GDC ao longo do ciclo
avaliatório.
Na figura 8 está demonstrado o menu do aplicativo GDP que permite o processo de
avaliação de desempenho.
Figura 8– Menu de Consultas do Sistema GDP Fonte: Banco de dados, 2008.
52
.
Assim ao digitar-se, por exemplo, o numero “02” no campo: “Anotações” o
funcionário terá a opção de registrar uma anotação para uma de suas fontes avaliáveis. Como
se trata de uma avaliação global, onde as múltiplas fontes (superior, auto-avaliação e pares),
são passíveis de terem seu desempenho avaliado, o funcionário poderá escolher para quem
fará o registro de anotação.
Para melhor entendimento do processo, a figura 9 traz a tela da opção “02”
selecionada:
Figura 9 – Registro de Anotações do Sistema GDP Fonte: Banco de dados, 2008.
Ao acionar a tela que mostra a figura 9, o funcionário terá que selecionar a pessoa que
para quem fará a anotação. Para que isso seja possível ele deve acionar a tecla “F4” que
remeterá a tela demonstrada na figura 10. Após escolher o avaliado, ele deverá registrar a
anotação de modo a encerrar o processo.
53
A figura 10 mostra as opções possíveis de registro de anotação de um funcionário da
empresa.
Figura 10 – Seleção de Avaliados do Sistema GDP Fonte: Banco de dados, 2008.
Após a elaboração da anotação o funcionário deverá encerrar o processo acionando a
tecla “F5” que o validará.
No dia seguinte, o funcionário que recebeu a anotação receberá um e-mail, avisando-o
de que ele possui uma anotação em sua GDC. O funcionário recebedor da referida anotação,
poderá então consultá-la. O registro de anotação ficará armazenado dentro do próprio sistema
GDC, que poderá ser acessado a qualquer momento tanto pelo funcionário que registrou a
anotação, quanto pelo colaborador que recebeu a anotação.
54
4.3.4 Resultados obtidos após o término do processo
Após término do ciclo avaliatório é feita a média das notas obtidas por todas as fontes
de avaliação. Nessa etapa também, todas as anotações e feedbacks já foram registrados e o
funcionário dispõe de fontes de consulta para saber qual foi o seu desempenho naquele
semestre.
O funcionário deverá ser orientado a elaborar após o ciclo avaliatório o Plano de
Desenvolvimento de Competências – PDC, que consiste em ajudar o funcionário no seu
desenvolvimento, no planejamento de sua carreira e na orientação de sua trajetória
profissional. Através dele é possível planejar e solicitar ações de capacitação como, por
exemplo, cursos e treinamentos. A elaboração do PDC também está inserida no sistema GDC
e, o próprio sistema, mediante consulta das competências que obtiveram as menores notas, irá
sugerir os cursos disponíveis para aprimorar àquelas competências. Caso haja uma média
inferior a 3,50 pontos, será apresentada uma ferramenta de diagnóstico específico, com
perguntas fechadas, para ajudá-lo a identificar as possíveis causas de seus problemas de
desempenho. A elaboração do PDC é algo voluntário e disponível dentro do sistema GDC,
não sendo obrigatória sua confecção ao longo do ciclo avaliatório.
Caso algum integrante tenha obtido conceito igual ou inferior a 2,50 na média dos
conceitos por competência, além do funcionário ser orientado a elaborar o PDC o responsável
a quem o funcionário está subordinado deverá ser orientado a:
• Priorizar cursos vinculados às competências nas quais ele apresentou "gap";
• Consultar as anotações, disponíveis e recebidas com suas justificativas e conceitos,
de modo a detalhar cada perspectiva para que o funcionário seja orientado.
• Acompanhá-lo durante o próximo ciclo avaliatório de modo que adote ações para
melhoria do desempenho de maneira tempestivas para que a expressão da
competência seja aprimorada.
• Entrar em contato com a área de RH (Gepes) responsável pela agência onde o
funcionário está localizado, nos casos em que o funcionário mantiver a lacuna na
mesma competência, mesmo após as medidas acima. A Gepes irá analisar e propor
novas alternativas de solução para o problema.
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O Banco X possui um catálogo de cursos auto-instrucionais e presenciais
desenvolvidos para que os funcionários planejem sua ascensão profissional. Os cursos
disponíveis estão de acordo com as competências que a empresa requer de modo a preencher
as lacunas ou deficiências em seu quadro funcional.
A figura 11 ilustra todas as etapas do processo da gestão de desempenho por
competências de forma resumida. As fases de Planejamento, Acompanhamento e
Encerramento estão de acordo com o andamento do ciclo avaliatório.
Figura 11 – Etapas do processo de gestão por competências. Fonte: Universidade Corporativa do Banco X – Curso Gestão de Desempenho por Competências: Caderno 4 (2005). É possível verificar as atividades ligadas a cada etapa GDC ao longo do ciclo
avaliatório. Se as etapas forem cumpridas de acordo com o proposto pela avaliação de
desempenho, a empresa poderá contar com dados fidedignos em seu banco de dados e mapear
as competências que a instituição possui em seu quadro funcional.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gestão de competências é algo relativamente novo no Brasil, que tem gerado
interesse cada vez maior nos responsáveis pelo gerenciamento de pessoas, pois quando bem
elaborada e conduzida costuma alavancar os negócios na empresa. É uma forma de se
conseguir resultados a longo prazo, pois durante o período de avaliação e condução do
processo é necessário identificar competências e desenvolver o funcionário de modo a
alcançar os propósitos organizacionais.
Para fazer uso da gestão por competências a empresa necessita identificá-las com
clareza, saber quais as deficiências de seu quadro funcional, quais os problemas que retardam
e atrasam a obtenção dos macroobjetivos estratégicos.
O propósito desse trabalho, conforme descreve o objetivo geral, consistia em
descrever a avaliação de desempenho promovida pelo Banco X. Para tanto, o questionamento
realizado tinha como intuito verificar os pressupostos, etapas e elementos da gestão de
desempenho efetuada pela Instituição.
Assim, observou-se que o banco em estudo, avalia seus funcionários desde a década
de 60, e que adotou em 2005 a Gestão de Desempenho por Competências - tema objeto desse
estudo.
Verificou-se pelo estudo que a empresa realiza sua avaliação de desempenho em duas
etapas anuais, que coincidem com o ciclo de negócios da organização. Num primeiro
momento a empresa mapeia as competências pelas quais avaliará seus funcionários e as divide
em três segmentos: fundamentais, específicas e gerenciais, de acordo com a função exercida
pelo colaborador.
Em seguida, ao longo do semestre, o funcionário realiza a avaliação de seu superior,
seus colegas hierárquicos e subordinados, quando houver. Por fim faz sua auto-avaliação
encerrando o ciclo avaliatório. Durante a GDC, o funcionário pode realizar feedbacks para
todos que fazem parte de sua gama de avaliados, reconhecendo ou sugerindo melhorias.
Para compreensão dos elementos presentes na GDC foi necessário discorrer sobre a
bibliografia acerca dos assuntos em pauta. Assim, conforme mostra o capítulo 2, buscou-se
conceituar gestão de pessoas e seus pressupostos. Para alcançar uma melhor compreensão do
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que estava sendo estudado, houve a necessidade de se mapear as competências tanto no
campo individual como no contexto organizacional. Por fim conhecemos um pouco da
história da empresa objeto do trabalho conforme capítulo 3.
Ainda no capítulo 3, houve o desenvolvimento desse estudo de caso, que permitiu
conhecer a ferramenta utilizada pelo Banco X para avaliar seus funcionários, de modo a
identificar em que parte do desenvolvimento funcional a empresa deve trabalhar para alcançar
os objetivos negociais que almeja.
A pesquisadora deste trabalho é funcionária da empresa estudada desde 2000, e
possuía especial interesse nesse assunto, pois pôde conhecer melhor o processo de avaliação
ao qual também é submetida e perceber a melhora em relação ao anterior - vigente até 2005.
Em maior contato com o assunto, a pesquisadora passa a ser uma disseminadora de
conhecimento acerca da gestão de desempenho por competências e pode galgar posições
dentro da empresa em cargos afins a esse tema.
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
O vasto tema gestão de pessoas e a área de avaliação por competências possuem uma
diversidade enorme de sub tópicos que podem servir de base para novos estudos. Na área
financeira com a acirrada concorrência que presenciamos; estudos que envolvam a gestão do
capital intelectual nesse contexto possuem inúmeros questionamentos a serem respondidos. O
funcionalismo do setor público com suas muitas peculiaridades pode também servir de base
para estudos relacionados a treinamento e avaliação e por fim implantação de melhorias
identificadas em seus mecanismos de avaliação funcional.
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