87
FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL: UMA META- ANÁLISE”. GABRIELLE DO AMARAL JASMIN ORIENTADOR: PROF. DRA. RENATA PEREGRINO DE BRITO Rio de Janeiro, 08 de março de 2013.

A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO

“A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL: UMA

META-ANÁLISE”.

GABRIELLE DO AMARAL JASMIN

ORIENTADOR: PROF. DRA. RENATA PEREGRINO DE BRITO

Rio de Janeiro, 08 de março de 2013.

Page 2: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

“A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO

ORGANIZACIONAL: UMA META-ANÁLISE”

GABRIELLE DO AMARAL JASMIN

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Gestão das

Organizações

ORIENTADORA: RENATA PEREGRINO DE BRITO

Rio de Janeiro, 08 de março de 2013.

Page 3: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

“A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO

ORGANIZACIONAL: UMA META-ANÁLISE”

GABRIELLE DO AMARAL JASMIN

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Gestão das

Organizações

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor RENATA PEREGRINO DE BRITO (Orientador)

Instituição: IBMEC-RJ

_____________________________________________________

Professor LUCIA BARBOSA DE OLIVEIRA

Instituição: IBMEC-RJ

_____________________________________________________

Professor FLÁVIA DE SOUZA COSTA NEVES CAVAZOTTE

Instituição: IAG-PUC-RJ

Rio de Janeiro, 08 de março de 2013.

Page 4: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

J39

Gabrielle do Amaral Jasmin.

A gestão de recursos humanos e o desempenho

organizacional: uma meta-análise. / Gabrielle do Amaral

Jasmin. – Rio de Janeiro: [s.n.], 2013.

87 f.; il.

Dissertação de Mestrado Profissionalizante

Administração do IBMEC.

Orientador: Profa. Dra. Renata peregrino de Britto.

1. Organização de empresas. 2. Estratégia empresarial. 3.

Gestão de recursos humanos. 4. Desempenho

organizacional. I. Título.

CDD 658.1141

Page 5: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

v

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço aos meus pais que me apoiaram desde o inicio para que eu

conseguisse realizar este antigo desejo e por estarem do meu lado todo o tempo, além da

compreensão ao longo da realização deste curso.

Em especial, agradeço a minha orientadora, Prof. Renata Peregrino de Brito, pela

competência interesse e flexibilidade que apresentou ao longo da realização deste trabalho,

me orientando de forma atenciosa, objetiva e decisiva.

Agradeço ainda a professora Lucia Barbosa de Oliveira pelo apoio e orientação dado na área

relacionada à gestão de recursos humanos, ajudando a conduzir a pesquisa a ser realizada.

Page 6: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

vi

RESUMO

A adoção de uma estratégia empresarial diferenciada que se destaque no cenário atual é um

dos objetivos fundamentais das empresas na busca por melhores resultados e criação de valor

para os clientes. Diante dessa realidade, as principais linhas de pesquisa em estratégia

enfatizam a gestão dos recursos e das capacidades como essenciais e necessárias por esta

busca, podendo impactar inclusive os resultados organizacionais das empresas. Nessa linha,

percebe-se que os recursos das empresas são dinâmicos e capazes de contribuir na busca de

novas oportunidades e na geração de outros recursos em áreas afins. Um dos recursos

dinâmicos existentes, a Gestão dos Recursos Humanos, pode afetar as empresas por meio da

influência de suas práticas sobre os funcionários e sobre o universo que os rodeiam,

impactando tanto no cumprimento da missão e visão como no Desempenho Organizacional

das mesmas. De forma a verificar como a GRH se relaciona ao Desempenho Organizacional e

como ela aborda o Desempenho das empresas, este trabalho foi desenvolvido por meio de

uma meta-análise qualitativa da produção acadêmica disponível na ANPAD, cujos artigos

apresentavam ambos os termos simultaneamente. Após tal análise, percebeu-se que os estudos

de GRH, em sua maioria, não incorporam o trato do Desempenho Organizacional e que

quando a relação foi encontrada ela apresentou-se positiva e significante.

PALAVRAS-CHAVE: Estratégia Empresarial, Recursos e Capacidades, Gestão de Recursos

Humanos, Desempenho Organizacional.

Page 7: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

vii

ABSTRACT

A differentiated business strategy that stands out in the current scenario is one of the

companies’ fundamental objectives nowadays, looking forward better results and customers

value creation. In this scenario, the main lines of strategic research emphasize the

management of resources and capabilities as essential and necessary for them and it may even

impact companies’ organizational outcomes. Thus, it is clear that companies resources are

dynamic and able to contribute to the search for new opportunities and for generate new

others resources in related areas. One of the existing dynamic resources, Human Resources

Management, can affect companies through its influence in their practices on employees and

the universe around them, impacting both the companies mission and its vision as the

Organizational Performance. In order to verify how HRM relates to Organizational

Performance and how it addresses companies’ performance, this study was developed through

a qualitative meta-analysis of the academic production available in ANPAD, whose articles

had both terms simultaneously. After this analysis, it was noted that HRM studies, mostly, do

not include Organizational Performance tract and, in the cases this relationship was found,

almost of then pointed a positive and significant relation.

KEYWORDS: Business Strategy, Resources and Capabilities, Human Resource Management,

Organizational Performance.

Page 8: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

viii

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1 - O Desempenho Organizacional Por Alguns Pesquisadores ................................... 19

Figura 2 – Etapas do Processo de Coleta de Dados ............................................................... 40

Quadro 1 – Indicadores de Desempenho .............................................................................. 23

Quadro 2 – Etapas do Processo de Coleta de Dados ............................................................. 48

Page 9: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Base de Dados Pesquisada na ANPAD nos Eventos Destacados e nas Divisões

EOR, ESO e GRP ................................................................................................................ 42

Tabela 2 – Base de Dados Selecionados por Ano e Por Evento Após Leitura ....................... 45

Tabela 3 – Comparação do Total de Artigos x Artigos Selecionados .................................... 46

Tabela 4 – Classificação dos Artigos Quanto à Abordagem da Análise ................................ 51

Tabela 5 – Classificação dos Artigos quanto à Metodologia da Análise ................................ 52

Tabela 6 – Artigos Empíricos que Testaram e/ou Estudaram a Relação entre a GRH e o

Desempenho ........................................................................................................................ 55

Tabela 7 – Cruzamento das Variáveis e Indicadores de GRH e Desempenho Organizacional 57

Tabela 8 – Variáveis Dependentes e Independentes .............................................................. 59

Page 10: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

x

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução dos Artigos por Evento e Por Ano ...................................................... 45

Gráfico 2 – Divisão dos Artigos Selecionados pela Divisão Temática .................................. 50

Gráfico 3 – Classificação dos Artigos quanto à Metodologia da Análise............................... 52

Gráfico 4 – Classificação dos Artigos nas Áreas da GRH ..................................................... 53

Gráfico 5 – Classificação dos Artigos nas Dimensões do Desempenho................................. 53

Gráfico 6 – Efeito do GRH no Desempenho Organizacional pelo Método de Pesquisa ......... 56

Page 11: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

xi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 7

2.1 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL ........................................................................ 7

2.2 DESEMPENHO.................................................................................................. 15

2.2.1 O Estudo do Desempenho ................................................................................. 15

2.2.2 Diferenciação Existente entre as Dimensões do Desempenho............................ 17

2.2.2.1 Eficácia Organizacional ............................................................................ 20

2.2.2.2 Desempenho Operacional.......................................................................... 21

2.2.2.3 Desempenho Financeiro ............................................................................ 22

2.3 RECURSOS HUMANOS ................................................................................... 23

2.3.1 Gestão de Recursos Humanos ........................................................................... 23

2.3.2 Gestão Estratégica de Recursos Humanos ......................................................... 25

2.3.3 Práticas Relacionadas à Gestão de Recursos Humanos ...................................... 29

2.3.3.1 Recrutamento e Seleção ............................................................................ 31

2.3.3.2 Treinamento e Desenvolvimento ............................................................... 31

2.3.3.3 Avaliação e Gestão de Desempenho .......................................................... 32

2.3.3.4 Remuneração ............................................................................................ 33

2.3.3.5 Carreira e Sucessão ................................................................................... 33

2.3.4 Implicações Estratégicas da GRH e a Relação com o Desempenho ................... 34

Page 12: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

xii

3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 38

3.1 TIPO DE PESQUISA ......................................................................................... 38

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................... 39

3.2.1 Etapa I: Base de Dados Inicial .......................................................................... 40

3.2.2 Etapa II: Seleção pelas Palavras-Chave ............................................................. 42

3.2.3 Etapa III: Leitura .............................................................................................. 44

3.2.4 Etapa IV: Classificação ..................................................................................... 46

3.2.5 Etapa V: Análise ............................................................................................... 47

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................ 49

4.1 ANÁLISE DOS ARTIGOS SELECIONADOS ................................................. 49

4.1.1 Análise e Classificação Inicial .......................................................................... 49

4.1.2 Análise dos Artigos Empíricos .......................................................................... 55

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ................................................................................ 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 66

APÊNDICE - ARTIGOS UTILIZADOS NA META-ANÁLISE FINAL ........................ 74

Page 13: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

1

1 INTRODUÇÃO

Um dos objetivos fundamentais das empresas no cenário empresarial atual é a definição e

adoção de uma estratégia empresarial que permita que as mesmas consigam se destacar no

mercado altamente competitivo e alcançar resultados a níveis desejáveis para todos os agentes

envolvidos na sua busca. Dessa forma, uma empresa que queira se destacar e alcançar posição

estratégica e favorável frente aos seus concorrentes e face ao mercado deve se preocupar com

todos os agentes que a cercam, buscando melhoria nos seus resultados, formas de criar valor

para seus clientes, fornecedores e funcionários, e, com isso, alcançar vantagem competitiva

(BOSSE; PHILLIPS; HARRISON, 2009).

Para alcançar seus objetivos empresariais, as principais linhas de pesquisa em estratégia

preconizam a gestão de recursos e capacidades como essenciais para as empresas na busca por

competitividade, podendo impactar os resultados organizacionais e operacionais da empresa

(BARNEY, 1991; TEECE, PISANO E SHUEN, 1997). Segundo a Visão Baseada em

Recursos (Resource Based View ou RBV), tais estratégias envolvem diversas questões

internas das mesmas, como por exemplo as questões relacionadas aos recursos humanos

(BARNEY E AKIRAN, 2001).

Segundo Rugman e Verbeke (2002), o marco inicial para o estudo da Visão Baseada em

Recursos (RBV) foi a pesquisa realizada por Penrose em 1959. Depois, em 1984, Wernefelt

Page 14: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

2

enfatizou a importância dos recursos estratégicos para o desempenho das empresas e tal

campo de estudo ganhou destaque ao ser enfatizado em outros estudos que tentavam

compreender a razão dos diferentes desempenhos entre as empresas da mesma indústria, em

ambientes de ampla competição (AMIT E SCHOEMAKER, 1993; BARNEY, 1991,

PETERAF, 1993).

Com o passar dos anos, a visão baseada em recursos passou a influenciar o trabalho teórico e

empírico em outras disciplinas como a gestão de recursos humanos, marketing, sistemas de

informação, entre outras (BARNEY E ARIKAN, 2001). No entanto, cabe ressaltar que tais

disciplinas envolvem recursos e abrem portas para a disseminação do conceito de Dynamic

Capabilities (TEECE, PISANO E SHUEN, 1997).

Os recursos são dinâmicos e apropriados para contribuir com as oportunidades da empresa e

as capacidades de geração de novos recursos que possam vir a ser necessários na obtenção de

vantagem competitiva. Segundo Teece, Pisano e Shuen (1997), elas são capazes de construir,

integrar ou reconfigurar as capacidades operacionais das empresas.

Segundo Barney (1991), quando trata-se da Gestão de Recursos Humanos (GRH), enquanto a

maior parte das pesquisas empíricas centra-se nas implicações da teoria de gestão estratégica,

a teoria da RBV e Capacidades Dinâmicas tem apontado outras implicações em áreas afins.

Ou seja, as práticas relacionadas à Gestão de Recursos Humanos (GRH) podem afetar as

empresas ao influenciar as habilidades e a motivação dos funcionários (BARNEY E

WRIGHT, 1998).

Diante dessa realidade, a GRH apresenta-se ainda como uma das funções tradicionais da

organização e um dos principais conceitos utilizados no cenário corporativo atual. Segundo

Page 15: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

3

Barney e Wright (1998), o ambiente em que a GRH está inserida é considerado relevante para

o desempenho das empresas e os recursos humanos são um dos recursos mais importantes

para as mesmas, principalmente porque, sem eles, seria impossível que a empresa cumpra sua

missão ou até mesmo sua visão.

A grande variedade de recursos e capacidades existentes em uma empresa permitem que as

mesmas apresentem diferentes desempenhos quando comparadas com as demais (PETERAF,

1993). As empresas apresentam diferenças entre si no que se refere às suas características e

aos seus recursos e capacidades e são essas diferenças que refletem na capacidade de criação

de valor pelas organizações e na variabilidade do desempenho das mesmas (BARNEY, 1991;

PETERAF, 1993).

Com relação ao Desempenho Organizacional, Venkatraman e Ramanujan (1986) enfatizam

que uma questão importante a ser abordada diz respeito à delimitação do domínio do conceito

e à diferença existente entre o desempenho financeiro, operacional e a eficácia organizacional.

Muitos pesquisadores, como Combs, Crook e Shook (2005), Richard, Devinney, Yip e

Johnson (2009), Venkatraman e Ramanujan (1986), entre outros, estudam o conceito do

desempenho reconhecendo que o construto apresenta diferentes conceituações, entendimentos

e dimensionalidades.

Segundo Becker e Huselid (1998a), a evolução da GRH para o nível estratégico aconteceu

devido ao reconhecimento de que uma força de trabalho qualificada, motivada e alinhada às

necessidades da organização pode trazer para as empresas benefícios nos processos

organizacionais exigidos pelo mercado. Com isso, surgiu a Gestão Estratégica de Recursos

Humanos (GERH), um processo integrado com o objetivo de alcançar o ajuste entre os

Page 16: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

4

interesses estratégicos da organização e os interesses dos funcionários (HUSELID,

JACKSON E RANDALL, 1997).

Para Huselid (1995), o impacto das práticas de trabalho no desempenho das empresas

depende do grau de complementaridade entre elas e do grau de alinhamento entre o sistema de

RH e a estratégia competitiva. O autor afirma ainda que as práticas de GRH podem

influenciar o desempenho da empresa no momento em que fornecem estruturas

organizacionais que estimulam a participação dos funcionários e permitem que eles melhorem

a maneira de realizar seus trabalhos.

Dessa forma, entende-se que o estudo de GRH deve, em grande parte, estar associado ao

sucesso das empresas, revelado pelo desempenho das mesmas. Sob tal perspectiva, esta

pesquisa tem por objetivo verificar, por meio de um estudo meta-analítico, como a Gestão de

Recursos Humanos (GRH) se relaciona com o estudo do Desempenho Organizacional. Sendo

assim, o objetivo principal dessa pesquisa é analisar a produção científica nacional no campo

de administração que trata concomitantemente dos temas de Gestão de Recursos Humanos

(GRH) e o Desempenho Organizacional.

Como objetivos secundários, pode-se destacar:

Uma sistematização do conceito de desempenho organizacional dentro do campo de

estratégia e sua interface com aspectos da GRH;

A constatação da frequência do estudo dos dois conceitos nos estudos científicos;

Page 17: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

5

A identificação de como os conceitos de desempenho organizacional e GRH são

tratados nos estudos científicos, suas variáveis e temas de maior incidência;

A verificação de como o estudo da GRH está relacionada às dimensões do

Desempenho Organizacional; e

A verificação de como cada subárea da GRH estuda o Desempenho Organizacional.

Este estudo foi motivado pela constatação da importância da gestão do capital humano à

medida que se percebe que as empresas estão buscando comportamentos e resultados que as

façam se destacar em seus mercados e frente aos seus concorrentes, conquistando com isso,

níveis consideráveis e reconhecidos de desempenho através de suas práticas internas.

Dessa forma, por meio de uma análise qualitativa, este estudo baseia-se no levantamento de

artigos teóricos e empíricos publicados em anais de encontros da Associação Nacional de Pós

Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), entre os anos de 2005 e 2011. A

justificativa para a delimitação do estudo a base da ANPAD foi devido à conveniência,

facilidade e representatividade encontrada na base de dados escolhida, bem como ao fato

desta ser atualmente o principal fórum de discussão acadêmica no campo de administração no

Brasil e que possui um universo amplo de trabalhos e artigos referentes à produção científica

nacional no campo da administração.

Ainda para justificar a delimitação do estudo, a escolha pelo período de tempo selecionado,

entre os anos de 2005 e 2011, foi devida a análise preliminar de uma maior gama de eventos a

partir do ano de 2005 e por considerar este um intervalo de tempo suficiente para que pudesse

trazer uma base representativa da produção recente no campo de administração.

Page 18: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

6

Quanto à organização deste trabalho, o mesmo está divido em cinco capítulos, incluindo esta

introdução. No segundo capítulo, é realizada um revisão da literatura existente, reunindo

estudos relacionados sobre o campo de estratégia, de desempenho e de recursos humanos.

Destaca-se ainda nesse capítulo a exploração de conceitos relacionados aos principais temas

do capítulo, como, por exemplo, gestão estratégica, estratégia competitiva, vantagem

competitiva, eficácia organizacional, gestão de recursos humanos, práticas de recursos

humanos, assim como possíveis relações entre esse construtos. Esse conjunto teórico foi

construído visando sustentar a metodologia utilizada e as conclusões e resultados que serão

apresentadas nos capítulos seguintes.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia aplicada neste estudo, a natureza e o tipo de

pesquisa adotado. Em seguida, serão expostas as formas de coleta e de tratamento dos dados e

as fases de seleção e análise dos estudos.

O quarto capítulo contém a análise e descrição dos resultados obtidos por meio da realização

da meta-análise. Por fim, no quinto e último capítulo, são apresentadas as conclusões e

considerações finais, seguidas pelas limitações enfrentadas pelo estudo e pelas sugestões para

pesquisas futuras.

Page 19: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

7

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, apresenta-se a revisão bibliográfica necessária para a realização da pesquisa

com o objetivo de fornecer o embasamento teórico a ser usado para a análise dos resultados.

Esta seção discorrerá sobre estratégia empresarial, sua história e evolução, além de apresentar

o conceito e definições do desempenho e suas principais dimensões. Na sequência, apresenta-

se uma discussão sobre a gestão de recursos humanos, suas práticas e possíveis intervenções

e/ou impactos no desempenho das empresas.

2.1 ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

Estratégia é hoje uma das palavras mais utilizadas no cenário empresarial e a primeira vista

parece tratar-se de um conceito consensual e único. Entretanto, apesar de em evidência

atualmente, o termo estratégia data da Grécia Antiga e ao longo da história apresentou

diferentes formas de aplicação. No campo dos negócios, estratégia empresarial é mais

recente, ganhando força somente a partir do século XX (GHEMAWAT, 2002).

Segundo Ghemawat (2002), estratégia inicialmente significava a ação de comandar ou

conduzir exércitos em tempo de guerra – um esforço de guerra. Tal conceito foi sendo

aperfeiçoado na época da revolução industrial e das fases pós-guerra, fazendo surgir uma

nova forma de ver a estratégia, como um meio de moldar as forças de mercado e influenciar o

Page 20: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

8

ambiente competitivo e aguçando o problema de alocação dos recursos escassos por toda a

economia através do uso de técnicas (GHEMAWAT, 2002).

Estratégia empresarial um conceito multidimensional e situacional e isso dificulta uma

definição de consenso (HAMBRICK, 1983). Em 1962, Chandler definiu estratégia como

sendo a determinação dos objetivos de longo prazo de uma empresa e a adoção das ações e

recursos adequados para atingir seus objetivos. Em 1977, Steiner e Miner defenderam tal

campo de estudo como o forjar de missões da empresa, o estabelecimento de objetivos à luz

das forças internas e externas, a formulação de políticas específicas e como estratégias para

atingir objetivos e assegurar a adequada implantação de forma que os fins e objetivos sejam

atingidos.

Mintzberg (1988) afirma que estrat gia uma for a mediadora entre a organiza o e o seu

ambiente competitivo: um padrão no processo de tomada de decisões organizacionais para

fazer face mesmo. Para Mintzberg e Quinn (1988), dependendo do contexto no qual é

empregada, a estratégia pode ter o significado de políticas, objetivos, táticas, metas,

programas, entre outros, numa tentativa de exprimir os conceitos necessários para defini-la.

Para eles, estratégia é um modelo ou plano que integra os objetivos, as políticas e as ações

sequenciais de uma organização, em um todo coeso.

Prahalad e Hamel (1990) e Maximiano (2006) também definiram estratégia envolvendo

conceitos como alta administração, seleção de meios, alocação de recursos, busca por

resultados consistentes, alcance da missão e dos objetivos gerais da organização, construção

do futuro, competências empresariais.

Page 21: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

9

O estudo da estratégia empresarial busca o entendimento da diferença existente entre as

empresas, suas capacidades para alcançar os seus objetivos e, com isso, explicar a

heterogeneidade do desempenho entre as mesmas. Segundo Fahey (1998), a postura

competitiva de uma empresa define como essa se diferencia de seus concorrentes atuais e

futuros sob a perspectiva dos consumidores. Essa diferenciação pode ser apresentada em

diversas dimensões, como a linha de produtos, as características e funcionalidades dos

produtos, a qualidade dos serviços, a disponibilidade, imagem, vendas e preço e quando

analisada sob a ótica de um produto específico se torna o fator determinante da escolha do

consumidor por aquele produto.

Porter (1980) defende que estratégia competitiva são ações ofensivas ou defensivas para criar

uma posição defensável e sustentável numa indústria, para enfrentar com sucesso as forças

competitivas e assim obter um retorno maior sobre o investimento. O objetivo é auxiliar a

tomada de decisão sobre como uma empresa se posiciona no mercado em resposta às

estratégias e posições de seus competidores de modo a ganhar uma vantagem competitiva

sustentável (PORTER, 1991). O autor ainda fundamenta que o alcance da vantagem

competitiva é possível através da obtenção do “lucro superior” no longo prazo e que o

desempenho da empresa é tratado como algo pontual e necessário por ser basicamente o

objetivo da empresa.

Os estudos foram seguidos por uma abordagem alternativa à defendida por Porter (1980),

enfatizando a visão baseada em recursos (Resource Based View) que emerge com uma

explicação para as persistentes diferenças de desempenho das empresas (BARNEY, 1991).

Nas últimas décadas, a RBV tem encontrado grande espaço na literatura estratégica, tendo

sido percebida como a principal corrente para explicar a vantagem competitiva. Essa

Page 22: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

10

abordagem amplia e refina o quadro de referência dos tomadores de decisão e considera que

toda empresa possui um portfolio de recursos físicos, financeiros, intangíveis (marca,

imagem), organizacionais (cultura organizacional, sistemas administrativos) e recursos

humanos e que eles são os meios para criar vantagens competitivas para a empresa

(BARNEY, 1991).

Uma pesquisa sobre o crescimento e os recursos das empresas, realizada por Penrose em

1959, é considerada pela maioria dos acadêmicos de estratégia, o marco inicial da RBV

(RUGMAN E VERBEKE, 2002). Em 1984, um artigo publicado por Wernerfelt no Strategic

Management Journal enfatizou a importância dos recursos estratégicos para o desempenho

das empresas, destacando a força dos recursos para a empresa em relação à posição do

mercado.

Vários estudos seguem o tema, dentre os quais se destacam os desenvolvidos por Amit e

Schoemaker (1993), Barney (1991) e Peteraf (1993) que focaram na tentativa de explicar a

fonte de diferentes desempenhos entre empresas de mesma indústria, em ambientes de ampla

competição. A persistência nesse campo de estudo permitiu que o debate ganhasse espaço na

pauta acadêmica, sendo melhor compreendido quando avaliada como uma fonte de vantagem

competitiva.

Depois de passar por um intenso período de desenvolvimento teórico e proliferação no início

de 1990, o estudo da RBV começou a ter impacto sobre a pesquisa empírica no campo

(BARNEY E ARIKAN, 2001). Ao mesmo tempo, a visão baseada em recursos começou a

influenciar o trabalho teórico e empírico em outras disciplinas, como a Gestão de Recursos

Humanos (GRH), marketing, sistemas de informação, e assim por diante.

Page 23: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

11

A RBV tem como objetivo principal o alcance de uma vantagem competitiva sustentável,

retornos e desempenhos superiores aos competidores e busca identificar a escolha de um

conjunto de recursos únicos, combinados em competências e habilidades que proporcionem o

atingimento desta vantagem (FAHEY, 2000). Diante desta definição, percebe-se a relação

existente no que se refere à singularidade dos recursos necessários e a sustentação da

vantagem competitiva da empresa.

Para Barney (1991), os recursos geradores de vantagem competitiva devem atender a quatro

condições básicas: possuírem valor, serem raros ou escassos, serem difíceis de imitar e serem

difíceis de substituir. Para ele, um pressuposto básico do RBV é que os pacotes de recursos e

capacidades subjacentes à produção são heterogêneos entre empresas.

Grant (1991) adicionou às condições básicas propostas por Barney (1991), a durabilidade,

transparência, dificuldade de transferência e de replicação. Peteraf (1993) defende a existência

de quatro macrocategorias para posicionar os mesmos elementos na construção da vantagem

competitiva:

Heterogeneidade dos recursos: Define a obtenção de recursos únicos e ainda recursos

particulares provenientes de inovação;

Mobilidade imperfeita: Engloba os aspectos de escassez e dificuldade de transferência

dos recursos;

Barreiras à competição ex post e ex ante: onstituem a imposi o de limites

concorrência ex post para que a vantagem da organização se sustente no tempo e a

partir dai, obter competitividade ex ante gera o de vantagem competitiva.

Page 24: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

12

Por fim, Krogh e Ross (1995), argumentam que a definição das estratégias competitivas deve

partir da compreensão das possibilidades estratégicas passíveis de serem operacionalizadas e

sustentadas por tais recursos, caracterizando-se como uma abordagem “de dentro para fora”.

Outra linha teórica relacionada à RBV defende que os recursos não são estáticos e imutáveis,

trazendo à tona o conceito de Dynamics Capabilities (TEECE, PISANO E SHUEN, 1997).

Capacidades dinâmicas são capazes de contribuir para as oportunidades atuais e gerar novos

recursos que possam vir a ser necessários para a obtenção de vantagem competitiva no tempo.

Pesquisas recentes sobre a evolução das capacidades organizacionais sugerem uma teoria

baseada em recursos dinâmicos (HELFAT, 2000). O conceito de capacidades dinâmicas

(TEECE, PISANO E SHUEN, 1997) tem atraído atenção crescente de pesquisadores, pois

envolvem a capacidade de adaptação e mudança porque elas constroem, integram ou

reconfiguram outros recursos das empresas (ZOLLO E WINTER, 2002; ZOTT, 2002).

A capacidade dinâmica têm sido, sem dúvida, relevante para a obtenção de vantagem

competitiva para as empresas por algum tempo. Para Teece (2000) a importância da teoria de

capacidades dinâmicas foi ampliada diante da economia global e, com isso, as fontes de

invenção, inovação e produção se tornaram mais diversificadas geográfica e

organizacionalmente.

A RBV evoluiu deixando em evidência que ela estende-se não só para os ativos de uma

organização, como também para as suas capacidades (HENDERSON E COCKBURN, 1994).

Um recurso refere-se a um ativo ou insumo, tangível ou intangível, para a produção que a

organização possui, controla ou tem. Uma capacidade de organização, por sua vez, refere-se à

Page 25: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

13

capacidade de uma organização para executar um conjunto coordenado de tarefas, utilizando

os recursos organizacionais com a finalidade de alcançar um resultado específico.

Segundo Helfat e Peteraf (2003), tanto os recursos como as capacidades podem evoluir e

mudar ao longo do tempo em diferentes aspectos. Para eles, as capacidades podem ser

classificadas como "operacional" ou "dinâmica", embora entendam que outras categorias

podem existir e balizar futuras análises.

Winter (2000) define uma capacidade operacional como uma rotina de alto nível (ou conjunto

de rotinas) que, juntamente com seus fluxos de execução, permitem o gerenciamento de uma

organização por meio de opções para a decisão e para o alcance de resultados significativos

para a empresa. Uma capacidade operacional geralmente envolve a execução de uma

atividade, tal como a fabricação de um determinado produto, usando um conjunto de rotinas

para executar e coordenar a variedade de tarefas necessárias para realizar a atividade.

Segundo Helfat e Peteraf (2003), o conceito de capacidade como um conjunto de rotinas

implica que, para que o desempenho de uma atividade construa uma capacidade para a

empresa, essa deve atingir certo nível de limiar de atividades práticas e/ou rotinas.

Diante do exposto acerca da RBV e das Capacidades Dinâmicas, pode-se perceber

similaridades entre os dois conceitos, evidenciando que a RBV evoluiu deixando em

evidência que ela estende-se não só para os ativos de uma organização, como também para as

suas capacidades (HENDERSON E COCKBURN, 1994).

Para Henderson e Cockburn (1994), um recurso refere-se a um ativo ou insumo, tangível ou

intangível, para a produção que a organização possui, controla ou tem. Uma capacidade de

Page 26: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

14

organização, por sua vez, refere-se à forma como uma organização executa um conjunto

coordenado de tarefas, utilizando os recursos organizacionais com a finalidade de alcançar um

resultado específico.

Segundo Helfat e Peteraf (2003), tanto os recursos como as capacidades podem evoluir e

mudar ao longo do tempo em diferentes aspectos. Para eles, as capacidades podem ser

classificadas como "operacional" ou "dinâmica", embora entendam que outras categorias

possam existir e balizar futuras análises.

Ainda sob a perspectiva da RBV e de Capacidades Dinâmicas, enquanto a maior parte da

pesquisa empírica centra-se nas implicações da teoria de gestão estratégica, a teoria

relacionada a esses conceitos tem apontado outras implicações em áreas afins, sendo uma das

mais importantes a Gestão de Recursos Humanos (BARNEY, 2001). Em 1991, Barney

defendeu que as práticas relacionadas à Gestão de Recursos Humanos (GRH) podem afetar o

esforço discricionário através de sua influência sobre as habilidades e a motivação dos

funcionários e através de estruturas organizacionais que fornecem empregados com a

capacidade de controlar como seus papéis são executados.

Segundo Barney (2001), os recursos socialmente complexos e as capacidades devem estar

entre as mais importantes fontes de vantagens competitivas sustentáveis para as empresas. Os

recursos humanos são exemplos de recursos socialmente complexos, ganhando com isso,

destaque nos estudos relacionados sobre este campo no que se refere aos impactos que eles

podem gerar no equilíbrio das empresas (WRIGHT E MCMAHAN, 1992; WRIGHT,

MCMAHAN, E MCWILLIAMS, 1994; BARNEY E WRIGHT, 1998).

Page 27: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

15

E é com base nessa relação que a estratégia competitiva procura entender a competição

existente entre as empresas no que se refere aos seus desempenhos e aos fatores que

determinam o porquê deles apresentarem-se diferentes uns dos outros.

2.2 DESEMPENHO

Uma análise das organizações e de suas realidades permite uma rápida constatação que cada

empresa é diferente das demais e que cada uma delas apresenta aspectos diferentes das outras

no que se refere ao tamanho, produtos, pessoas, localização, organização, história, resultados

organizacionais e operacionais (PETERAF, 1993).

Essas diferenças acabam refletindo na variabilidade do desempenho das mesmas. Com isso,

constata-se que o desempenho não é homogêneo e que varia entre as empresas individuais,

podendo inclusive ser determinado por diferentes fatores que influenciam e/ou explicam o

porquê dessa variabilidade.

Portanto, busca-se neste tópico explorar os principais conceitos, definições e variações entre

as definições do construto, suas principais dimensões, peculiaridades e especificidades bem

como sua importância para as organizações.

2.2.1 O Estudo do Desempenho

A análise de uma população aleatória de empresas em um certo período de tempo permite

verificar que elas podem se apresentar diferentes das outras, no que se refere à

heterogeneidade e ao portfolio de recursos de cada uma delas, apresentando assim diferentes

níveis de desempenho, ora superior, ora inferior em relação às outras empresas (BRITO E

VASCONCELOS, 2004). O porquê dessa diferença no que se refere ao desempenho se fazer

Page 28: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

16

presente na realidade das organizações é uma das principais questões relacionadas à estratégia

no momento em que a desafia a entender e explicar esta variabilidade no desempenho das

mesmas (WALKER, 2004, APUD BRITO E VASCONCELOS, 2004).

Segundo March e Sutton (1997), a ênfase no estudo do desempenho como variável

dependente é realmente mais explícita no campo da estratégia, mas a ideia de que o

desempenho deve ser previsto, entendido e determinado está presente em todas as áreas de

estudos organizacionais.

Para Venkatraman e Ramanujan (1986), o desempenho é o cerne da gestão estratégica. De

forma mais abrangente, Richard, Devinney, Yip e Jonhson (2009) afirmam que o desempenho

é uma das construções mais importantes da pesquisa em administração. Segundo eles, é

possível perceber uma conceituação multidimensional do desempenho que se relaciona

diretamente com os stakeholders, com as circunstâncias existentes nos mercados heterogêneos

de produtos e com o tempo.

Carneiro et al. (2005), baseados em análises de trabalhos anteriores a respeito do desempenho

e da multidimensionalidade que o envolve, afirmam que a maioria dos autores e

pesquisadores encontra dificuldades ao utilizar o conceito de desempenho e em como

conceituá-lo e mensurá-lo. Ainda nessa linha, Combs, Crook, Shook (2005), Richard,

Devinney, Yip e Jonhson (2009) e Venkatraman e Ramanujan (1986), destacam que o estudo

do conceito de desempenho organizacional frequentemente abordado de maneira incompleta

e sem a robustez necessária, pois se trata de um construto complexo e multidimensional.

Dessa forma e diante da complexidade e multidimensionalidade que envolve o estudo do

desempenho, Venkatraman e Ramanujan (1986) afirmam que uma questão importante que

Page 29: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

17

ainda deve ser abordada em relação ao construto é a de delinear o domínio do conceito. Essa

delimitação do domínio do conceito se faz importante devido à dificuldade encontrada por

autores e pesquisadores no que se refere à operacionalização e à pesquisa do construto.

O desempenho, por apresentar diferentes entendimentos, acaba sendo tratado de diversas

formas por autores e pesquisadores, visto que não há ainda nada concreto em relação à

operacionalização do conceito, de seus limites e de uma definição única para o mesmo. Com

isso, percebe-se a existência de uma gama de possibilidades acerca do construto no que tange

às mais diversas definições utilizadas e às diferentes análises existentes por parte dos

pesquisadores do tema.

Por fim, outro ponto a ser considerado no estudo do construto se refere à análise do

desempenho. Para Rumelt, Schendel, Teece (1991), esta análise deve refletir os

direcionamentos gerenciais derivados da capacidade do gestor fazer escolhas em situações de

atrito e incerteza no seu contexto social.

2.2.2 Diferenciação Existente entre as Dimensões do Desempenho

Essa seção tem como objetivo expor algumas das definições para o desempenho com base nas

ideias defendidas pelos principais pesquisadores do tema. Enquanto um grupo defende a

conceituação do desempenho como uma divisão que abrange a eficácia organizacional, o

desempenho operacional e o desempenho financeiro, outros pesquisadores defendem a

eficácia organizacional como o objetivo maior da empresa e o desempenho organizacional

como um subgrupo da eficácia.

De acordo com Venkatraman e Ramanujan (1986), o desempenho e a eficácia organizacional

estão permanentemente interligados de forma que não se fala em um conceito sem mencionar

Page 30: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

18

e/ou relacionar imediatamente ao outro. Dessa forma, entende-se ser preciso distinguir entre o

desempenho organizacional e a construção mais geral da eficácia organizacional

(VENKATRAMAN E RAMANUJAN, 1986).

A delimitação do domínio do desempenho em relação ao domínio da eficácia organizacional,

segundo o esquema proposto por esses pesquisadores apresenta a relação entre o desempenho

organizacional, o operacional e a dimensão financeira, evidenciando a ligação e a

dependência existente entre cada uma das esferas consideradas em relação à esfera seguinte.

e uma forma diferente, apon, arley e oenig defendem que o desempenho

organizacional aquilo que comumente considerado como desempenho financeiro em

outros estudos. Para eles, quando se fala em desempenho, se remete imediatamente ao

resultado financeiro das empresas.

Combs, Crook e Shook (2005), por sua vez, afirmam que o desempenho é a resultante social e

econômica da interação da empresa com o ambiente no qual ela está inserida. Afirmam que o

desempenho organizacional composto pelas medidas de retorno cont bil, crescimento e

valor de mercado. Resultados operacionais, como qualidade e inovação, seriam parte do

construto desempenho operacional, que atua como mediador da relação entre os recursos da

empresa e o desempenho organizacional.

Richard, Devinney, Yip e Jonhson (2009), por sua vez, argumentam que o desempenho

organizacional abrange três áreas específicas de resultados da empresa: desempenho

financeiro, desempenho do produto no mercado e o retorno do acionista. De uma forma mais

ampla, defendem que o desempenho é um tipo de indicador de eficácia, com ambas as

vantagens e desvantagens.

Page 31: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

19

Nesta perspectiva, quando se trata do desempenho financeiro, fala-se do lucro, dos retornos

sobre os ativos, do retorno sobre os investimentos. O desempenho do produto no mercado, por

sua vez, trata de questões relacionadas às vendas e à participação do mercado. Por fim, o

retorno do acionista busca a satisfação do mesmo no que se refere ao retorno total ao mesmo e

ao valor econômico agregado.

Esquematicamente, assim como realizado por Venkatraman e Ramanujan (1986), as demais

definições também podem ser representadas graficamente com o objetivo de facilitar o

entendimento e a assimilação do conceito e de como esses pesquisadores anteriormente

citados entendem e definem o construto.

Figura 1 - O Desempenho Organizacional Por Alguns Pesquisadores

Fonte: Elaborado Pela Autora

Page 32: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

20

Quando se trata da multidimensionalidade do desempenho, esta tem sido reconhecida como

uma de suas principais características por grande parte dos autores, e mesmo assim abordada

em formas distintas (COMBS, CROOK, SHOOK, 2005; RICHARD, DEVINNEY, YIP E

JONHSON, 2009; VENKATRAMAN e RAMANUJAM, 1986).

Conforme demonstrado na Figura 1, a abordagem clássica, apresentada por Venkatraman e

Ramanujan (1986), considera o desempenho organizacional como uma parte do conceito geral

de eficácia organizacional. Entendem-no como uma medida da eficácia organizacional na sua

abrangência mais ampla e esta forma de entender o construto é considerada a mais

abrangente, sendo escolhida por esta razão para balizar o estudo proposto.

As dimensões defendidas por esses autores enfatizam a relação existente entre o desempenho

organizacional, a dimensão operacional e a dimensão financeira. Dentro da esfera do

desempenho organizacional, insere-se a dimensão operacional e no centro das duas, a

dimensão financeira, que mesmo sendo a mais restrita, ainda domina as pesquisas em

estratégia.

2.2.2.1 Eficácia Organizacional

Venkatraman e Ramanujan (1986) defendem que a eficácia organizacional é um conceito

abrangente e a relação entre este conceito e o desempenho organizacional está

permanentemente presente nas discussões tanto que não se fala em desempenho

organizacional sem falar em eficácia organizacional.

Para Cameron e Whetten (1983, APUD MARITZ E BULGACOV, 2011), eficácia

organizacional é um construto mais amplo que capta o desempenho organizacional, mas com

aterramento na teoria organizacional que entretém as metas de desempenho alternativo. Este

Page 33: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

21

conceito além de ser mais abrangente e de conseguir captar o desempenho organizacional,

envolve ainda os resultados de desempenho internos que normalmente estão associados às

operações mais eficientes ou eficazes e a outras medidas externas que se relacionam com

aspectos mais abrangentes do que aqueles relacionados simplesmente à avaliação econômica,

tais como responsabilidade social corporativa.

Segundo Richard, Devinney, Yip e Jonhson (2009), a eficácia organizacional extrapola os

limites do que é comumente abordado pelo desempenho econômico e financeiro da empresa e

inclui aspectos sociais e ambientais impostos pela relação desta com seus stakeholders.

2.2.2.2 Desempenho Operacional

O desempenho operacional apresenta-se como uma das esferas de domínio do desempenho

organizacional segundo Venkatraman e Ramanujan (1986), apresentando como principais

indicadores de desempenho os indicadores não financeiros, como a tecnologia e a qualidade.

Segundo Combs, Crook e Shook (2005), ao discutirem o desempenho organizacional

mencionam que este é composto por três diferentes dimensões e que, quando se analisa os

resultados operacionais da empresa, estes deveriam ser considerados como parte do construto

desempenho operacional. Segundo eles, resultados como os de qualidade e inovação,

estritamente operacionais, atuam como mediadores da relação entre os recursos da empresa e

o desempenho organizacional da mesma.

Page 34: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

22

2.2.2.3 Desempenho Financeiro

As estratégias organizacionais e seus condicionantes atualmente tem sido objeto de estudo na

busca pelo entendimento e compreensão dos fatores determinantes do desempenho

organizacional, usualmente mensurado em termos financeiros e de participação de mercado.

Para Devinney et al. (2010), o desempenho de uma empresa pode ser concebido por gestores e

acadêmicos de maneiras diferentes. No entanto, pode-se afirmar que há um comum acordo de

que as medidas financeiras são fundamentais para a compreensão do desempenho das

empresas.

O desempenho financeiro é facilmente definido em termos de maximização de riqueza dos

proprietários. Para Griffin, Mahon (1997) pode ainda ser definido como resultados e objetivos

organizacionais tradicionais como lucratividade e rentabilidade. Segundo eles, mais de 70%

(setenta por cento) das medidas de desempenho financeiro foram utilizadas uma única vez, o

que dificulta o desenvolvimento de controles de validade e confiabilidade para a maioria das

medidas financeiras.

Medidas financeiras para analisar o desempenho podem ser extraídas de indicadores como o

crescimento das vendas, a rentabilidade (refletida por razões tais como o retomo sobre o

investimento, retorno sobre venda e retorno sobre o patrimônio), o lucro por ação, e assim por

diante.

Com base nas dimensões do desempenho defendidas por Venkatraman e Ramanujan (1986), é

possível identificar na literatura de estratégia, indicadores de desempenho diretamente

relacionados às práticas utilizadas na Gestão de Recursos Humanos (Quadro 1).

Page 35: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

23

Quadro 1 – Indicadores de Desempenho

Fonte: Adaptação dos indicadores apresentados por Combs, Crook, Shook, 2005; Brito e Brito, 2011 e

Maltz, Shenhar, Reilly, 2003.

2.3 RECURSOS HUMANOS

2.3.1 Gestão de Recursos Humanos

Toda e qualquer empresa, seja ela grande ou pequena, nacional ou multinacional, com altos

níveis de desempenho ou não, utiliza diversos tipos de recursos, tais como recursos

financeiros, naturais ou humanos.

Apesar de algumas convicções amplamente defendidas, muitas decisões organizacionais ainda

sugerem que o departamento de RH e os próprios recursos humanos são tratados como uma

prioridade relativamente baixa (BARNEY E WRIGHT, 1998). No entanto, a maioria dos

relatórios anuais das empresas enfatiza a função dos recursos humanos no desempenho das

empresas e que os recursos humanos ainda são considerados um dos recursos mais

importantes para as mesmas (BARNEY E WRIGHT, 1998), principalmente porque, sem eles,

seria impossível que a mesma cumpra sua missão ou até mesmo sua visão.

Page 36: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

24

Na teoria do capital humano, desenvolvida por Becker em 1964, os colaboradores, quando

tratados como ativos da empresa, podem e devem ser avaliados com base nas suas

competências. Com isso, entende-se que os recursos humanos podem ser considerados o

capital mais importante de uma empresa e a chave para o seu sucesso.

Diante dessa visão, o departamento de RH vem, com o tempo, ganhando força e espaço no

mundo corporativo. As mudanças no ambiente de negócios com a crescente globalização, as

demográficas em relação à força de trabalho, as tecnológicas e as intermináveis que as

organizações são submetidas levaram ao aumento no foco da rentabilidade das empresas

através do crescimento e à crescente importância da Gestão de Recursos Humanos

(DEVANNA, FOMBRUN, TICHY E WARREN, 1982).

Sob a ótica gerencial, a Gestão de Recursos Humanos (GRH) apresenta-se como uma das

funções tradicionais da organização e um dos principais conceitos utilizados no cenário

corporativo atual ao apresentar como finalidade básica, atividades que estejam voltadas para

os colaboradores, além de ajudar a empresa no alcance de seus objetivos e metas.

Bramble (1996) sugere que a GRH é influenciada por fatores como mudanças na tecnologia,

leis, valores sociais, e condições econômicas que existem fora da organização, bem como

fatores internos, tais como objetivos, estratégia, cultura e estrutura. Uma análise dos pontos

fortes e fracos da função de recursos humanos pode identificar características positivas e

negativas na busca pelo alcance dos objetivos estratégicos.

Nessa linha, a missão da GRH pode ser entendida por estabelecer o sistema que rege as

relações entre os seus colaboradores, definir a melhor forma de adequar cada um deles às

funções que irão exercer e estabelecer a integração dos colaboradores (BYARS E RUE, 2000,

Page 37: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

25

APUD SAHOO, DAS E SUNDARAY, 2011). Inclui no seu escopo funções e atividades que

englobam o planejamento dos recursos humanos, o recrutamento e a seleção do corpo

funcional, a integração dos recursos humanos, a análise e descrição de funções, a avaliação de

desempenho, questões de remuneração e incentivos, higiene e segurança no trabalho, a

formação profissional e desenvolvimento pessoal e a análise, controle e auditoria de recursos

humanos (SCHULER E JACKSON, 1987) .

Segundo Byars e Rue (2000, APUD SAHOO, DAS E SUNDARAY, 2011), a GRH busca

integrar os interesses estratégicos de uma organização com os de seus colaboradores e é muito

mais do que um conjunto de atividades relativas à coordenação e utilização ótima dos

recursos humanos de uma organização. Basicamente, o foco da GRH está na gestão de

pessoas por meio do desenvolvimento de uma relação entre o empregador e o empregado.

De acordo com Lawler et al. (2006), os profissionais de RH precisam desenvolver

determinadas competências, como comunicação, marketing e finanças, para que possam

entender o mercado em que a empresa está inserida e como ela gera valor para os clientes.

Além disso, precisam desenvolver essas competências para que consigam implementar a

função de parceiro estratégico, compreendendo os negócios, o planejamento estratégico,

desenho organizacional, gestão da mudança, a compreensão global e comunicação.

2.3.2 Gestão Estratégica de Recursos Humanos

Alinhado à GRH, a Gestão Estratégica dos Recursos Humanos (GERH) se preocupa em

garantir que ela esteja totalmente integrada à estratégia e às necessidades estratégicas da

empresa, que as políticas de RH possam cobrir tanto as áreas políticas como as hierarquias

Page 38: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

26

organizacionais e que as práticas de RH estejam ajustadas, aceitas e usadas por todo o corpo

funcional e gerencial como parte de seu trabalho diário (SCHULER, 1992).

Segundo Becker e Huselid (1998a) a evolução da GRH para o nível estratégico deu-se devido

ao reconhecimento de que uma força de trabalho qualificada, motivada e alinhada com as

necessidades da organização pode prover a organização de um ativo necessário nos processos

organizacionais requeridos pelos novos imperativos de mercado.

Entende-se a Gestão Estratégica de Recursos Humanos (GERH) como a prática que envolve o

uso produtivo das pessoas no alcance dos objetivos estratégicos da empresa e a satisfação das

necessidades individuais de funcionários. Busca alcançar os objetivos estratégicos da

organização por meio de práticas e atitudes que envolvam as pessoas visando a satisfação do

empregado e a satisfação de suas necessidades individuais.

Segundo Wright e McMahan (1992), Jackson e Schuler (1995) e Lavelle et al. (2009), as

definições mais comumente aceitas para descrever a GERH são as que enfatizam que esta é

uma função que envolve sistematicamente a ligação entre a filosofia da GRH com as práticas

utilizadas para atender as necessidades estratégicas e sociais das organizações.

Para Martin et al. (2005 a, b) e Ferguson e Reio (2009), a GERH envolve a concepção e a

implementação de um sistema de gestão estratégica voltado para os recursos humanos que

pode ser entendido como um conjunto de políticas internas consistentes e práticas voltadas

para atrair, desenvolver e manter o capital humano da empresa.

Fitz-Enz (1998) é da opinião que a GERH não é mais uma opção, mas um imperativo. Para

ele, é importante que a estratégia de recursos humanos possa refletir com precisão a estratégia

Page 39: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

27

de negócios da organização para assegurar um ajuste apropriado. Wright, McMahan e

McWilliams (1994), no entanto, afirmaram que a GERH tem desempenhado um papel

importante para o sucesso de uma empresa, porque está em uma posição chave para afetar os

clientes, os resultados de negócios e o valor dos acionistas.

De acordo com Stone (2002, APUD SAHOO, DAS E SUNDARAY, 2011), a GERH se

concentra nas atividades de recursos humanos relacionadas aos objetivos estratégicos das

organizações. Para ele, no ambiente competitivo, a ênfase deve ser dada em questões da

GERH voltadas para o sucesso a longo prazo do negócio. Objetivos de RH, estratégias e

políticas devem ser avaliados em termos de sua contribuição para alcançar os objetivos

estratégicos da organização e satisfazer as necessidades dos empregados.

Pode-se entender então que a GERH envolve um conjunto de políticas internamente

consistentes e práticas que são concebidas e implementadas para garantir que o capital

humano de uma empresa (empregados) possa contribuir para a realização dos objetivos de

negócio da empresa (BAIRD E MESHOULAM, 1988; DELERY E DOTY, 1996; HUSELID,

ET AL., 1997; JACKSON E SCHULER, 1995).

Ao tornar-se mais orientada para os negócios estrategicamente, pode-se esperar que sejam

desempenhados novos papéis pelo departamento de RH. Para Ulrich, Younger e Brockbank

(2008, p. 829, tradução), “os departamentos de RH são cada vez mais para operar como um

negócio dentro de um negócio e não como uma prática desconectada e isolada do conjunto de

RH”. Segundo ele, os departamentos de RH devem ter uma visão ou estratégia que define

onde eles estão indo, um conjunto de metas e investimentos essenciais para a realização desta

visão, além de uma estrutura organizacional que permita ao RH que realize os objetivos.

Page 40: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

28

Além dessa visão de que a estrutura de RH deve refletir a estrutura organizacional da

empresa, Ulrich, Younger e Brockbank (2008) defendem que a organização de RH está

posicionada para criar valor e fornecer recursos que são estrategicamente relevantes quando

se reflete a estrutura do negócio e que o trabalho de RH pode ser dividido em cinco diferentes

papéis e responsabilidades.

Centros de Serviços: Os centros de serviços exigem uma padronização dos processos

de RH, reduzindo assim a redundância existente. Centros de serviços oferecem novas

maneiras de fazer o trabalho tradicional de RH, tais como programas de assistência de

funcionários, administração, reivindicações de benefícios, entre outros.

RH Corporativo: Os profissionais de RH que realizam funções corporativas abordam

importantes áreas de necessidade dentro da organização, como a criação de uma

cultura e identidade consistente, aderência do trabalho do RH aos objetivos

corporativos, desenvolvimento do profissional de RH, entre outros.

Parceiro de Negócios: O RH integrado trabalha diretamente com gerentes de linha e de

cada equipe para esclarecer estratégia, executar auditorias, fazer a gestão de talentos e

da organização, fornecer estratégias de apoio para o RH. Os autores defendem que

esses profissionais desempenham uma série de funções importantes como se

envolverem em discussão e apoio a estratégia de negócios, representarem os interesses

de empregados e as implicações da mudança, definirem os requisitos para alcançar as

metas de negócio e identificarem onde os problemas podem existir, entre outras

atividades.

Page 41: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

29

Centros de Especialização: São centros de competência que operam como empresas de

consultoria especializadas dentro da organização. Agem como empresas que têm

vários clientes (unidades de negócios) e que utilizam seus serviços. Tais centros

apresentam operações baseadas na lógica da produção “empurrada” e “puxada”.

Executores Operacionais: Um grande número de departamentos de RH têm tentado

operacionalizar os centros de especialização e de incorporação do RH.

Diante disso, entende-se que a GERH é um processo integrado com o objetivo de alcançar o

ajuste estratégico entre os interesses da organização e os interesses dos funcionários. Uma

abordagem da GERH produz estratégias de RH que são integradas horizontal e verticalmente

com a estratégia de negócios e são também parte integrante dessa estratégia, contribuindo

para o processo de planejamento de negócios.

Portanto, os objetivos da GERH devem refletir os objetivos estratégicos das organizações.

Schuler e Jackson (1987) apontaram que as organizações podem melhorar seu ambiente na

busca para o sucesso ao fazer escolhas sobre as práticas adequadas de RH que sejam coerentes

com as relações de trabalho e que apoiem a estratégia corporativa.

2.3.3 Práticas Relacionadas à Gestão de Recursos Humanos

Jones e Wright (1992) afirmam que o uso das práticas de RH de alto desempenho no trabalho,

incluindo questões que envolvem o recrutamento, seleção, remuneração, sistemas de gestão

de desempenho e envolvimento dos funcionários e treinamento, podem melhorar os

conhecimentos, habilidades e capacidades do corpo funcional da empresa e dos futuros

potenciais para a empresa, aumentando a motivação e a retenção de funcionários-chave para a

empresa.

Page 42: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

30

Barney (1991) defende que as práticas relacionadas à GRH podem afetar o esforço

discricionário através de sua influência sobre as habilidades e a motivação dos funcionários e

através de estruturas organizacionais que fornecem empregados com a capacidade de

controlar como seus papéis são executados.

Para Huselid (1995), práticas de GRH influenciam as habilidades dos funcionários através da

aquisição e desenvolvimento do capital humano da empresa. Procedimentos de recrutamento

que oferecem um grande pool de candidatos qualificados, combinada com um regime de

seleção confiável e válido, terá uma influência substancial sobre a qualidade e o tipo de

habilidades que os novos funcionários possuem.

Segundo Huselid (1995), as práticas de GRH podem afetar a motivação dos funcionários,

incentivando-os a trabalhar mais e de forma mais inteligente. Exemplos de esforços para

orientar e motivar o comportamento dos funcionários incluem as avaliações de desempenho

que analisam o desempenho do indivíduo ou grupo de trabalho, vinculando estas avaliações

firmemente com sistemas de compensação de incentivo, o uso de sistemas de promoção

interna que se concentram no mérito do empregado e outras formas de incentivos destinados

para alinhar os interesses dos empregados com os dos acionistas.

Um outro ponto levado em consideração ao falar da GRH diz respeito à universalidade ou

relatividade de suas práticas, conforme apontado por Glanz e Bailey (1993), Godard e

Delaney (2000) e Whitfield e Poole (1997), entre outros. Eles questionam se as práticas e

políticas de RH são similares ou devem ser adequar às características do país em que está

inserido, ao tamanho e ao negócio de cada organização.

Page 43: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

31

2.3.3.1 Recrutamento e Seleção

Devido às pressões da concorrência, as necessidades constantes de redução de custos e de

pessoal, entre outros aspectos, fizeram do recrutamento uma prioridade hoje para a GRH. Um

recrutamento estratégico evita riscos e perda de tempo por localizar e atrair os candidatos

potenciais certos para as vagas certas dentro de uma organização. Além disso, um sistema de

recrutamento eficaz é capaz de satisfazer as necessidades dos candidatos, bem como as

necessidades da organização (SCHNEIDER ET AL, 1991).

O recrutamento é um chamariz, uma porta de entrada que envolve um conjunto de técnicas e

procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar

cargos específicos dentro da organização (CHIAVENATO, 2002). A seleção, segundo

Chiavenato (2002), faz parte do processo de provisão de pessoal, vindo logo depois do

recrutamento. Para ele, essa duas atividades devem ser tomadas como duas fases de um

mesmo processo.

Segundo Schneider et al. (1991), a contratação e a retenção dos principais recursos humanos

são questões críticas para as organizações, visto que quando não são feitas de forma correta

podem resultar no aumento de tempo de treinamento, em altos índices de rotatividade,

absenteísmo, acidentes, greves, insatisfação no trabalho e desempenho ruim.

2.3.3.2 Treinamento e Desenvolvimento

O treinamento é o conjunto de procedimentos formais que uma empresa utiliza para facilitar a

aprendizagem de seus funcionários, de forma que sua conduta resultante contribua para a

consecução dos objetivos e fins da organização. Para Chiavenato (2004), treinamento é um

processo educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemática e organizado através do

Page 44: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

32

qual as pessoas aprendem conhecimentos, habilidade e competência em função de objetivos

definidos.

No entanto, Chiavenato (2004) enfatiza que o desenvolvimento de pessoas está relacionado

com a educação e com a orientação para o futuro do que com o treinamento. O

desenvolvimento tem papel importante na melhoria do desempenho organizacional e no

crescimento individual, mas deve estar alinhado aos objetivos corporativos. A abordagem

estratégica do desenvolvimento do RH busca atender os objetivos específicos da organização,

além de buscar ajudar a organização e os indivíduos a competir de forma mais eficaz agora e

futuramente.

Hall (1995) postula que para agregar valor, as atividades de desenvolvimento de recursos

humanos precisam ser derivadas de uma estratégia explícita que esteja ligada à estratégia de

negócios. Além disso, a política de desenvolvimento do funcionário pode expressar o

compromisso da organização em desenvolver continuamente as habilidades e competências

dos funcionários, com o objetivo de maximizar a sua contribuição e dar-lhes a oportunidade

de aprimorar suas habilidades, seu potencial, bem como avançar suas carreiras e aumentar o

seu nível de confiança e satisfação.

2.3.3.3 Avaliação e Gestão de Desempenho

Segundo Schneider, Shaw e Beatty (1991), uma boa gestão de desempenho prevê formas dos

gerentes e funcionários conseguirem medir o que é importante para seu desenvolvimento, seus

comportamentos na busca pelos seus resultados e pela melhoria do seus desempenhos. A

abordagem que envolve o desenvolvimento dos recursos humanos visa atender os objetivos

Page 45: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

33

específicos da organização e ainda ajudar a organização e os indivíduos a competirem de

forma mais eficaz agora e no futuro.

No que se refere a avaliação de desempenho, esta envolve a identificação e mensuração das

ações que os colaboradores de uma organização realizaram durante determinado período.

Portanto, avaliar e gerenciar estrategicamente o desempenho dos funcionários é uma

responsabilidade da gestão de RH e uma parte do processo de gestão estratégica da

organização.

2.3.3.4 Remuneração

Uma forma de reforçar a cultura organizacional e os valores fundamentais da empresa e ainda

facilitar a realização e consecução dos objetivos estratégicos das empresas é a remuneração.

Organizações que buscam ganhar vantagem competitiva no mercado utilizam práticas de

remuneração que encorajam, facilitam e recompensam seus funcionários a terem um

comportamento adequado e a alcançar desempenhos desejáveis.

Um sistema de remuneração estratégica é um instrumento poderoso na busca por mudanças e

na determinação dos principais fatores da cultura de uma organização. Milkovich e Broderick

(1991) têm dado ênfase nas políticas e práticas de remuneração do empregado para reforçar

comportamentos que ajudam a alcançar os objetivos organizacionais e reforçar a sua cultura

desejada.

2.3.3.5 Carreira e Sucessão

Segundo Sullivan e Baruch (2009), tradicionalmente, as carreiras foram definidas em termos

de relação de um indivíduo a uma organização que emprega. Para Baruch e Peiperl (2000), o

Page 46: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

34

estudo de carreiras em contextos organizacionais apresenta-se com abordagens teóricas e

sistemáticas.

Defendem ainda que a GRH inclui práticas que se preocupam com a gestão de carreiras

quando no âmbito das organizações. As organizações assumiram mais responsabilidades

dentro desta área, com abordagens de longo prazo e práticas de gestão de carreira que ainda

precisam ser melhor compreendidas.

Cabe ressaltar que além dessas práticas acima citadas, existem outras relacionadas à GRH,

como por exemplo o Planejamento de Recursos Humanos, o Equilíbrio entre a Vida

Profissional e a Vida Pessoal, entre outras.

2.3.4 Implicações Estratégicas da GRH e a Relação com o Desempenho

Wright e McMahan (1992), baseando-se na teoria de Barney (1991) a respeito dos recursos da

empresa, sustentam que os recursos humanos podem constituir uma fonte de vantagem

competitiva sustentada quando adicionam valor aos processos de produção das empresas e

quando as habilidades que os empregados da empresa possuem são raras. Além disso, pode-se

considerar fonte de vantagem competitiva o caso em que a combinação que o investimento

empregado em capital humano de uma empresa não pode ser facilmente imitado por seus

concorrentes e quando seus recursos humanos não são facilmente substituídos por máquinas e

outros avanços tecnológicos.

Com isso, alguns estudos como o de Begin (1991, APUD HUSELID, 1995), Cappelli e Singh

(1992), Jackson e Schuler (1995), Porter (1985), Schuler (1992) e Wright e McMahan (1992)

destacam que as práticas relacionadas à GRH podem ajudar a criar uma fonte de vantagem

Page 47: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

35

competitiva sustentável, especialmente quando elas estão alinhadas com a estratégia

competitiva de uma empresa.

Para Huselid (1995), o impacto das práticas de trabalho de alta performance no desempenho

da empresa depende do grau de complementaridade, ou ajuste interno, entre essas práticas e

do grau de alinhamento, ou ajuste externo, entre o sistema de práticas de RH de uma empresa

e a sua estratégia competitiva.

A presunção é que as práticas mais eficazes da GRH, que ao mesmo tempo exploram o

potencial de complementaridades ou sinergias entre essas práticas e ajudam a implementar a

estratégia competitiva de uma empresa, são fontes de vantagem competitiva sustentada.

(HUSELID, 1995).

Embora a GRH não seja uma condição suficiente em si para a vantagem competitiva, ela

ainda pode desempenhar um papel necessário para estimular a mudança e começar o processo

na organização (MUELLER, 1996).

Assim, a literatura sugere que o comportamento dos funcionários dentro das empresas tem

implicações importantes no desempenho organizacional e que as práticas de GRH podem

afetar o desempenho de cada funcionário através de sua influência sobre as competências e

motivação e através de estruturas organizacionais que permitem aos funcionários melhorar a

forma como seu trabalho é realizado.

Segundo Boudreau (1991), Jones e Wright (1992) e Kleiner (1990) um dos temas importantes

nas áreas de GRH é a relação existente entre suas políticas e práticas e o desempenho da

empresa.

Page 48: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

36

Para Huselid (1995), as práticas de GRH também podem influenciar o desempenho da

empresa através do fornecimento de estruturas organizacionais que estimulam a participação

dos funcionários e lhes permite melhorar a forma como seus trabalhos são realizados. Equipes

multifuncionais, rotação de tarefas e círculos de qualidade são exemplos de tais estruturas.

Fisher, Schoenfeldt e Show (1999, APUD SAHOO, DAS E SUNDARAY, 2011) afirmam que

organizações que adotam estratégias e práticas de RH consistentes com as demandas de seus

ambientes internos e externos terão um melhor desempenho.

Para Porter (1985), o efeito da relação de complementaridade entre a estratégia competitiva e

as práticas de RH sobre o desempenho da empresa é consistente com a teoria da cadeia de

valor, destacando com isso a importância da GRH para apoiar a entrega de uma empresa de

valor e margem de lucro.

Huselid (1995) defende que a organização política de recursos humanos pode, se devidamente

configurada, fornecer uma contribuição direta e economicamente significativa para o

desempenho da empresa. Afirma ainda que uma empresa com atividades atuais e potenciais

voltadas para os Recursos Humanos apresenta diretrizes e direcionamentos importantes no

desenvolvimento e na execução do seu plano estratégico de negócios.

Para Huselid (1995), as práticas de uma empresa de RH devem estar relacionadas a pelo

menos duas dimensões de seu desempenho:

Se as práticas de GRH aumentam o esforço dos funcionários, é esperado que a sua

utilização afete diretamente os resultados intermediários, tais como volume de

negócios e produtividade, sobre as quais os empregados têm controle direto.

Page 49: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

37

Se os retornos dos investimentos em práticas de GRH excedem os seus custos reais, os

funcionários apresentam-se mais envolvidos para com a empresa e há uma maior

produtividade, como consequência é possível verificar uma melhora no desempenho

financeiro corporativo.

Em resumo, o uso de práticas eficazes de GRH pode aumentar o desempenho da empresa.

Especificamente, recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação de

desempenho, sistemas de compensação e carreira e sucessão que reconhecem e premiam o

mérito do empregado têm sido amplamente associados ao nível de valor da empresa e dos

resultados (HUSELID, 1995).

Sendo assim, este estudo busca entender como e se a pesquisa sobre a GRH está associada

e/ou vinculada ao desempenho organizacional das empresas e se esse caminho teórico

estudado se reflete na produção científica brasileira.

Page 50: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

38

3 METODOLOGIA

Este capítulo tem por objetivo apresentar o detalhamento e a justificativa para a escolha da

metodologia da pesquisa, assim como o esclarecimento das suas limitações, visando atingir os

objetivos do estudo.

3.1 TIPO DE PESQUISA

O principal interesse desse estudo é investigar a produção científica no campo de

administração que trata concomitantemente dos temas de Gestão de Recursos Humanos

(GRH) e Desempenho Organizacional. Mais especificamente, busca-se descrever como a

pesquisa sobre GRH está associada e/ou vinculada ao Desempenho Organizacional das

empresas, principalmente no que se refere aos efeitos que as práticas de GRH podem gerar

nas diferentes dimensões do Desempenho Organizacional de uma empresa.

Dessa forma, para o desenvolvimento desta pesquisa, escolheu-se a meta-análise qualitativa

dos artigos já publicados sobre o tema, buscando sistematizar os resultados de diferentes

estudos voltados para tal questão de pesquisa em uma revisão sistemática da literatura.

Page 51: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

39

Segundo Tonelli et al. (2003), o uso dessa técnica de análise apresenta certa recorrência nos

trabalhos brasileiros nas áreas de Marketing, Administração da Informação, Produção,

Administração Pública e Organizações, e parece ser interessante fonte de pesquisa para novos

trabalhos.

termo meta-an lise em si foi introduzido em 1976 por Gene Glass como sendo “an lise de

resultados de an lises estatísticas tendo como proposta o desenho de conclusões gerais”

(HEDGES, 1992, p. 3). Na literatura, encontra-se ainda como denominação para a técnica de

investigação por meio de análise em resultados de pesquisas já realizadas em determinados

temas, metaevolução ou metaestudo (PATTON, 2002).

Baseada em um processo sistemático, para o desenvolvimento dessa dissertação, definiu-se

como método a meta-análise qualitativa e/ou meta-estudo. Este método inicia-se com o

levantamento prévio do material bibliográfico produzido, que é utilizado como base de dados

para a realização da pesquisa. Após essa etapa, para a realização da meta-análise os dados das

publicações são codificados para que seja realizada em seguida uma análise dos mesmos com

o objetivo de identificar as informações e relações importantes definidas no objeto de

pesquisa.

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa foca-se na análise da produção científica do campo de administração no

Brasil sobre a GRH e o Desempenho Organizacional, e, busca portanto conhecer as

características da interseção dos dois temas. Para isso, dividiu-se o processo de coleta de

dados em cinco diferentes etapas, a saber: Base de Dados Inicial, Seleção pelas Palavras-

Chave, Leitura dos Artigos Selecionados, Classificação dos Artigos Selecionados e Análise

dos Artigos Selecionados.

Page 52: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

40

Figura 2 – Etapas do Processo de Coleta de Dados

Fonte: Elaborado Pela Autora

3.2.1 Etapa I: Base de Dados Inicial

Definido o método a ser utilizado, decidiu-se que seria necessária a utilização de uma base de

artigos empíricos e teóricos que pudessem representar o estado da arte da pesquisa em

administração. Para tanto, foi selecionada a base de artigos publicados em anais dos principais

eventos no campo de administração organizados pela Associação Nacional de Pós Graduação

e Pesquisa em Administração (ANPAD), entre os anos de 2005 e 2011.

A escolha por este universo para a pesquisa justifica-se por entender a abrangência e

representatividade da base da ANPAD, visto que esta alcança uma gama maior de estudos do

que as bases de artigos publicados em periódicos do campo. O período de tempo selecionado,

entre 2005 e 2011, foi considerado um intervalo de tempo suficiente para que pudesse trazer

uma base representativa da produção recente no campo de administração.

Page 53: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

41

Dessa forma, para a composição da base de dados, foram pesquisadas todas as publicações

dos eventos EnANPAD, 3Es, EnEO e EnGPR assim distribuídos:

Sete encontros da ANPAD (EnANPAD no período de 2005 a 2011);

Quatro encontros promovidos pela Divisão Acadêmica de Estudos em Estratégia (3Es

no período de 2005 a 2011);

Três encontros promovidos pela Divisão de Estudos Organizacionais da ANPAD

(EnEO no período de 2006 a 2010);

Três encontros promovidos pela Divisão Acadêmica de Gestão de Pessoas e Relações

de Trabalho (EnGPR no período de 2007 a 2011).

Cabe ressaltar que tais eventos foram escolhidos com base na relevância dos mesmos face ao

tema escolhido para esta dissertação. Ainda, dentro do amplo espectro de temas abordados

nos encontros EnANPA , foram selecionados as divisões “E R – Estudos rganizacionais”,

“ES – Estrat gia em rganiza ões” e “GPR – Gestão de Pessoas e Rela ões de Trabalho”

pela maior aderência ao tema de interesse nessa pesquisa.

O universo inicial dos artigos contidos nessas divisões e nos eventos temáticos acima

mencionados totalizou 3479 publicações, conforme a Tabela 1.

Page 54: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

42

Tabela 1 – Base de Dados Pesquisada na ANPAD nos Eventos Destacados e nas Divisões EOR, ESO e

GRP Fonte: ANPAD

Diante desses 3479 artigos disponíveis, entendeu-se ser necessário a realização de um filtro,

por meio da busca por palavras-chave nos resumos e abstracts dos artigos, que permitisse que

os mesmos fossem analisados e separados de acordo com a aderência ao objetivo deste

trabalho.

3.2.2 Etapa II: Seleção pelas Palavras-Chave

Após o levantamento inicial da base dos artigos disponíveis na ANPAD, separando-os por

ano e por eventos, foi realizada uma análise dos resumos e abstracts dos artigos publicados

nesses eventos. O objetivo desta etapa foi selecionar artigos que estivessem relacionados à

GRH e ao Desempenho Organizacional ao mesmo tempo para especificar melhor a pesquisa e

balizar a meta-análise a ser realizada.

Tal seleção foi realizada por meio de palavras-chave que representam alguma relação com os

temas de interesse. Para a escolha das palavras-chave utilizadas, levou-se em consideração

termos e palavras citadas ao longo da revisão bibliográfica anteriormente realizada.

Page 55: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

43

Gestão de RH: RH, Recursos Humanos, Capital Humano, Gestão de Pessoas, Práticas

e Políticas de RH, Desenvolvimento de RH, Remuneração, Remuneração Estratégica,

Políticas e Práticas de Remuneração, Gestão por Competências, Retenção de RH,

Motivação, Treinamento e Desenvolvimento, Recrutamento e Seleção,

Comprometimento, Aprendizagem Organizacional, Liderança, Satisfação no Trabalho,

Carreira e Capacidade Gerencial;

Desempenho: Desempenho Financeiro, Desempenho Empresarial, Desempenho

Organizacional, Desempenho Operacional, Resultados Organizacionais, Resultados

Obtidos, Performance, Vantagem Competitiva, Estratégia, Estratégia Competitiva,

Estratégia Organizacional, Gestão Estratégica, Comportamento Estratégico,

Comportamento Organizacional, Eficácia Organizacional, Crescimento, Produtividade

e Lucratividade.

É importante destacar que as palavras-chave acima foram objeto de busca nos resumos e

abstracts dos artigos selecionados, sendo elas traduzidas para o inglês e/ou outra língua

quando necessário.

Sendo essa etapa de grande importância para os resultados, o processo de seleção foi refeito

por um outro pesquisador para um dos eventos listados. O resultado desse processo de dupla

checagem mostrou uma concordância de 97,6%, entre os dois pesquisadores, sendo que em

um universo de 331 artigos (9,5% da base inicial de artigos), apenas 8 artigos apresentaram-se

em discordância.

Page 56: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

44

Ao final do processo, 91 artigos foram selecionados por conter palavras relacionadas a GRH e

ao Desempenho Organizacional simultaneamente e, posteriormente, os mesmos foram

submetidos à análise de conteúdo.

3.2.3 Etapa III: Leitura

A análise do conteúdo foi realizada por meio da leitura dos artigos selecionados com o

objetivo de verificar se os mesmos estavam aderentes ao trabalho a ser realizado e, em

seguida, classificá-los e organizá-los de forma a extrair o maior número de resultados e

conclusões que mostrassem a relação entre os dois conceitos principais deste estudo: GRH e

Desempenho Organizacional.

O primeiro resultado da análise de conteúdo apontou a eliminação de 8 artigos que, apesar de

apresentarem as palavras-chave em seus resumos ou abstracts não tratavam em seu conteúdo

os temas aqui definidos. Ou seja, nesses casos, apesar dos conceitos GRH e Desempenho

Organizacional e ou palavras-chave relacionadas à esses conceitos aparecerem nos resumos, a

leitura dos mesmos indicou que não se tratavam de artigos relacionados diretamente ao

Desempenho Organizacional e/ou à GRH.

Dentre os 8 artigos eliminados, 5 deles encontravam-se nos eventos temáticos 3Es, EnEO e

EnGPR e os outros 3 eram dos eventos da EnANPAD. Logo, dos 91 inicialmente

selecionados, a análise do conteúdo permitiu obter-se uma base de 83 artigos para serem

classificados e para a realização da meta-análise proposta, distribuídos conforme a Tabela 2.

Page 57: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

45

Tabela 2 – Base de Dados Selecionados por Ano e Por Evento Após Leitura

Fonte: Elaborado Pela Autora

Gráfico 1 – Evolução dos Artigos por Evento e Por Ano

Fonte: Elaborado Pela Autora

A distribuição dos artigos por evento e por ano, conforme demonstrado no Gráfico 1, aponta

uma evolução na quantidade de artigos que contemplam os dois temas estudados quando sob

a ótica do EnANPAD, principalmente nos dois últimos anos considerados. No que tange os

eventos 3Es e EnGPR, é possível perceber uma constância na quantidade de artigos

relacionados ao longo do período considerado.

Page 58: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

46

Tabela 3 – Comparação do Total de Artigos x Artigos Selecionados

Fonte: Elaborado Pela Autora

Analisando os artigos selecionados, percebe-se uma maior incidência daqueles provenientes

dos eventos da EnANPAD e um incremento ao longo dos últimos anos. Já nos eventos

temáticos percebe-se um comportamento com padrão mais estável ao longo dos anos,

representando apenas 20,7% do total de artigos selecionados. Além disso, a comparação entre

a quantidade total de artigos (3479 artigos) e a quantidade de artigos selecionados (83

artigos), percebe-se que o universo escolhido para a realização da meta-análise representa

apenas 2,5% do total de artigos.

3.2.4 Etapa IV: Classificação

Tendo selecionado 83 artigos, os mesmos foram classificados de acordo com sua abordagem

– teórico ou empírico – e de acordo com o tipo de metodologia utilizada – qualitativo,

quantitativo ou quali-quantitativo. Considerou-se artigo quantitativo aqueles que buscaram

quantificar os dados por meio de métodos de análise estatística, com ou sem intenção de

generalizar os resultados da amostra para a população de interesse.

No que se refere à GRH, os artigos analisados foram ainda classificados de acordo com os

cinco grandes grupos, baseado na referência bibliográfica realizada, sendo eles: Recrutamento

e Seleção, Treinamento e Desenvolvimento, Avaliação/Gestão de Desempenho,

Remuneração, Carreira e Sucessão. Cabe ressaltar que quando não foi possível classificar os

artigos nesses grandes grupos da GR , o artigo foi classificado na categoria “ utros”.

Page 59: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

47

Ainda nessa etapa, no que tange o Desempenho Organizacional, os artigos foram classificados

de acordo com a segmentação conforme Venkatraman e Ramanujan (1986). Para eles, o

desempenho é representado pelas dimensionalidades da Eficácia Organizacional, do

Desempenho Operacional e do Desempenho Financeiro.

Por fim, a etapa da leitura dos artigos mostrou ainda que nem todos os 83 artigos selecionados

testavam ou investigavam a relação entre a GRH e o Desempenho Organizacional. Ou seja, os

artigos tratavam dos dois temas de interesse, mas não necessariamente desenvolviam algum

debate sobre a relação entre os mesmos. Dessa nova seleção, resultaram 67 artigos empíricos

que abordam os efeitos da GRH no Desempenho Organizacional das empresas e 19 artigos

teóricos, não analisados neste momento.

3.2.5 Etapa V: Análise

A última etapa do processo metodológico teve como objetivo verificar como a produção

acadêmica da área tem abordado os efeitos da GRH no Desempenho Organizacional das

empresas, seja por meio do estudo dos dois conceitos, seja por meio do teste da relação

existente entre eles.

Quando diante do estudo dos dois conceitos, a análise realizada foi baseada na compilação

dos dados apresentados e das conclusões existentes nos estudos analisados. Quando diante do

teste da relação entre os dois conceitos (13 artigos dentre os 48 artigos), a análise realizada foi

baseada no levantamento das variáveis e indicadores considerados para a GRH e para o

Desempenho Organizacional e posteriormente uma compilação de acordo com os principais

grupos da GRH e as três dimensões do Desempenho Organizacional definidas.

Page 60: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

48

Quadro 2 – Etapas do Processo de Coleta de Dados

Fonte: Elaborado Pela Autora

Os resultados das etapas de classificação dos artigos selecionados e de análise dos efeitos da

GRH no Desempenho Organizacional serão apresentados no próximo capítulo.

Page 61: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

49

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo tem por objetivo apresentar os resultados obtidos na realização da meta-análise,

com o detalhamento da análise e a descrição dos resultados obtidos.

4.1 ANÁLISE DOS ARTIGOS SELECIONADOS

4.1.1 Análise e Classificação Inicial

Os 83 artigos foram classificados segundo alguns critérios em relação à natureza dos artigos,

ao tipo de abordagem utilizado e aos métodos de pesquisa (Etapa III). Além disso, tais artigos

ainda foram separados de acordo com os cinco grandes grupos de GRH previamente definidos

e com as dimensões do Desempenho Organizacional defendidas por Venkatraman e

Ramanujan (1986). Para cada uma das análises apresentadas, foram criadas tabelas para

auxiliar na contagem, tanto em termos absolutos como em termos relativos, além de auxiliar

na visualização dos dados, de forma resumida e condensada.

A primeira classificação realizada foi baseada na divisão temática dos artigos. Para tanto,

definiu-se três reas de interesse dos artigos a serem destacadas: “Estrat gia”, “ rganiza o”

e “Gest o de Pessoas”. Como divisão de Estratégia, considerou-se os artigos provenientes do

Page 62: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

50

tema ESO e dos eventos 3Es, contemplando 9 artigos (11%). Como divisão de Organizações,

considerou-se os artigos provenientes do tema EOR e dos eventos EnEO, consolidando 15

artigos (18%). Por fim, como divisão de Gestão de Pessoas foram considerados os artigos do

tema GPR e dos eventos EnGPR, agrupando 59 artigos (71%) dentro dos selecionados.

Gráfico 2 – Divisão dos Artigos Selecionados pela Divisão Temática

Fonte: ANPAD

O Gráfico 2 apresenta a distribuição dos artigos de acordo com as três principais áreas de

interesse, demonstrando que a maioria dos artigos está presente na área relacionada à GRH.

Ou seja, esta é a área que apresenta maior relação entre os dois conceitos estudados nesta

dissertação, evidenciando que os artigos ali contidos e apresentados, tratam inclusive da área

de pesquisa que engloba o desempenho organizacional.

Merece ainda destaque a relação dos artigos selecionados por área de interesse em relação aos

artigos inicialmente disponíveis. A área de GRH apresentava inicialmente 924 artigos

disponíveis, dos quais apenas 6,4% (59 artigos) foram selecionados por apresentarem tanto o

conceito GRH como o conceito Desempenho Organizacional. As demais áreas – Estratégia e

Page 63: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

51

Organizações – apresentaram inicialmente 1305 e 1250 artigos respectivamente, mas na

seleção dos mesmos para a meta-análise, esse número corresponde a um universo de apenas 9

e 15 artigos respectivamente (0,7% e 1,2%).

No que diz respeito à classificação dos artigos, Etapa IV, quanto à abordagem da análise, os

mesmos foram classificados em artigos teóricos e empíricos. Dos 83 artigos, percebe-se, pela

Tabela 4, uma predominância dos artigos empíricos, correspondendo a 80,7% do total (67 de

83 artigos). Percebe-se ainda que, tanto para os artigos teóricos como para os empíricos, a

maior parte é proveniente dos eventos da EnANPAD, sendo que a maioria deles é proveniente

dos eventos EnANPAD 2010 e 2011, correspondendo a 20, 9% e 19,4% respectivamente do

67 artigos empíricos.

Tabela 4 – Classificação dos Artigos Quanto à Abordagem da Análise

Fonte: ANPAD

Destaca-se ainda o aumento da quantidade de artigos empíricos disponíveis nos últimos dois

eventos do EnANPAD, equivalente a 15 e 13 artigos em 2010 e 2011, diferentemente dos

anos anteriores em que o número de artigos disponíveis não ultrapassava a quantidade de 10

artigos empíricos por evento.

Quanto ao método utilizado, considerando apenas os 67 artigos empíricos, estes foram

classificados como qualitativos, quantitativos e qualitativos/quantitativos. Pela Tabela 5,

apresentada a seguir, é possível observar uma predominância de artigos quantitativos em

Page 64: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

52

relação aos demais, correspondendo a 41 artigos (Quantitativos e Qualitativos/Quantitativos)

dentre os 67 artigos empíricos e representando 61,1% dos artigos empíricos analisados.

Tabela 5 – Classificação dos Artigos quanto à Metodologia da Análise

Fonte: Elaborado Pela Autora

Gráfico 3 – Classificação dos Artigos quanto à Metodologia da Análise

Fonte: Elaborado Pela Autora

No que se refere à Gestão de Recursos Humanos, os 67 artigos empíricos foram agrupados

nos grandes grupos previamente estabelecidos, a saber: Recrutamento e Seleção,

Treinamento e Desenvolvimento, Avaliação/Gestão do Desempenho, Remuneração, Carreira

e Sucessão e Outros, conforme o Gráfico 4.

Page 65: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

53

Gráfico 4 – Classificação dos Artigos nas Áreas da GRH

Fonte: Elaborado Pela Autora

Gráfico 5 – Classificação dos Artigos nas Dimensões do Desempenho

Fonte: Elaborado Pela Autora

De acordo com o Gráfico 4, pode-se perceber a predominância de artigos que tratam do grupo

de Treinamento e Desenvolvimento (34,4%), seguido do grupo de Remuneração (22,4%). É

importante destacar que a soma dos totais dos seis grupos de GRH excede o total dos artigos

em virtude da menção e citação de mais de um dos grupos nos artigos.

Page 66: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

54

É importante ainda mencionar que outros termos relacionados à GRH foram encontrados nos

artigos, como por exemplo, satisfação, motivação, comportamento organizacional,

comprometimento organizacional, cultura organizacional, clima organizacional, gestão por

competências, qualidade de vida e equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, envolvimento,

entre outros. Esses termos, no entanto, não foram medidos separadamente visto que sempre

que suas aparições aconteciam estavam atreladas a um dos cinco grandes grupos destacados

anteriormente.

Em relação ao Desempenho Organizacional, utilizando o conceito defendido por

Venkatraman e Ramanujan (1986), assim como as demais categorizações realizadas, os

artigos foram separados e classificados nas três dimensões existentes. O Gráfico 5 apresenta a

quantidade de vezes que as dimensões do desempenho foram mencionados ou apresentados

nos 67 artigos empíricos analisados (134 menções ou aparições).

Desse gráfico, é possível perceber que as duas dimensões que mais aparecem nos artigos são

as dimensões da Eficácia Organizacional e do Desempenho Operacional, representando

35,1% e 42,5% respectivamente do total de menções e aparições. A justificativa para a

Eficácia Organizacional e o Desempenho Operacional serem as dimensões mais citadas é

devido ao tratamento que a grande parte dos artigos encontrados dão ao desempenho

organizacional das empresas, analisando-os de forma operacional e internamente às empresas

e/ou de forma global e/ou organizacional.

Em relação aos indicadores utilizados, no caso da dimensão da Eficácia Organizacional, os

principais indicadores encontrados foram os de eficiência e efetividade organizacional. Foram

apontados ainda indicadores relacionados ao bem estar social e criação de valor para as

empresas. No caso da dimensão operacional, os principais indicadores utilizados foram

Page 67: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

55

indicadores relacionados à produtividade, competitividade, melhoria de processos das

empresas e inovação.

Assim como no caso dos grupos de GRH, para essa classificação, a soma dos totais de cada

uma das dimensões apresentadas no Gráfico 5 excede o total dos artigos devido a aparição

e/ou consideração de mais de uma das dimensões nos artigos selecionados.

4.1.2 Análise dos Artigos Empíricos

Em seguida, analisaram-se os artigos 67 artigos empíricos com o objetivo de verificar se e

como os mesmos estudaram e/ou testaram a relação existente entre a GRH e o Desempenho

Organizacional. O que se percebeu foi que em 48 deles (71,6%), tal relação foi considerada

e/ou estudada, conforme demonstrado na Tabela 6.

Tabela 6 – Artigos Empíricos que Testaram e/ou Estudaram a Relação entre a GRH e o Desempenho

Fonte: Elaborado Pela Autora

Quando a análise é realizada por meio do método de pesquisa utilizado, tem-se que a maioria

deles utilizou como método para a análise Estudos de Caso e Estatística Descritiva,

correspondendo a 29,2% e 27,1% respectivamente. Dois outros métodos, com frequência um

pouco menor, também merecem destaque, sendo eles a Regressão Linear Múltipla e Meta-

Análise, correspondendo a 18,8% e 12,5% do total respectivamente.

Page 68: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

56

Gráfico 6 – Efeito da GRH no Desempenho Organizacional pelo Método de Pesquisa

Fonte: Elaborado Pela Autora

A relação entre o recrutamento e seleção e o desempenho organizacional, apesar de ser citada

24 vezes nos 48 artigos empíricos, conforme anteriormente analisado, não trouxe muitos

resultados diretos de como essa prática de RH pode influenciar o desempenho organizacional.

No âmbito do treinamento e desenvolvimento, tal relação foi destacada 28 vezes nos 48

artigos empíricos analisados, trazendo resultados no que se refere aos efeitos e impactos desta

prática de RH no desempenho das empresas.

Quando se trata da relação entre a remuneração e desempenho organizacional, percebe-se que

6 estudos (12,5% dos 48 artigos) tratam especificamente dessa relação, destacando os

impactos desta prática de RH no desempenho das empresas. Por outro lado, ao falar das

práticas de RH relacionadas à Carreira e Sucessão, quando tratadas sob a luz do desempenho

organizacional, em 4 artigos dos 6 artigos em que esse tema foi tratado, foi apontado um

Page 69: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

57

efeito positivo ao olhar os efeitos que essas práticas podem gerar no desempenho das

empresas.

Cabe ressaltar, no entanto, que nem todos os 48 artigos que estudaram e/ou testaram a relação

trouxeram resultados concretos acerca dos efeitos existentes entre os dois conceitos estudados

por essa dissertação, sendo esses encontrados apenas nos artigos que apresentaram como

método de pesquisa a Regressão Linear Múltipla, PLS e Correlação, totalizando 13 artigos.

A análise dos 13 artigos, através do cruzamento entre as variáveis de GRH e variáveis de

Desempenho, permitiu a consolidação da quantidade de vezes que os indicadores dos grupos

de RH foram apresentados e/ou estudados sob a ótica das dimensões do desempenho,

conforme apresentado na Tabela 7.

Tabela 7 – Cruzamento das Variáveis e Indicadores de GRH e Desempenho Organizacional

Fonte: Elaborado Pela Autora

Por essa tabela, é possível perceber que a dimensão da Eficácia Organizacional totaliza 27

indicadores estudados e listados (23%), a dimensão Desempenho Operacional totaliza 32

indicadores estudados (27%) e por fim, a dimensão do Desempenho Financeiro totaliza 59

indicadores (50%). Sob a ótica dos grupos de GRH, o grupo Treinamento e Desenvolvimento

é o que apresenta a maior quantidade de indicadores nas três dimensões do desempenho

(38%), seguido do grupo Carreira e Sucessão, respondendo por 29% dos indicadores

estudados.

Page 70: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

58

Sob a ótica das variáveis da GRH, realizou-se uma consolidação da quantidade de vezes que

tais indicadores foram estudados/listados nesses 13 artigos analisados, conforme a Tabela 8.

Page 71: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

59

Tabela 8 – Variáveis Dependentes e Independentes

Fonte: Elaborado Pela Autora

Page 72: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

60

Percebe-se que os indicadores de GRH com maior incidência foram os indicadores Trabalho

em Equipe e Autonomia/Prestígio, representando 9% e 8% respectivamente, e que o grupo

Treinamento e Desenvolvimento representa 38% do total dos indicadores estudados, sendo

também seguido pelo grupo Carreira e Sucessão (29%). Quando trata-se das variáveis sob a

ótica do Desempenho Organizacional, percebe-se que a dimensão do desempenho financeiro

representa 50% do total dos indicadores considerados.

Por fim, diante desse cruzamento entre as variáveis, foi possível ainda listar, pelos resultados

encontrados, se a relação entre os dois conceitos apresentava-se positivo, neutro ou negativo.

Dos 13 artigos analisados que apresentaram tais variáveis, 11 indicaram que a relação entre as

variáveis testadas era positiva e significante. Os 2 artigos restantes indicaram não apresentar

relação positiva entre os conceitos nem nível de significância relevante para a pesquisa. Em

um deles, é defendido que os valores pessoais dos funcionários não apresentaram correlações

significativas com a componente realização do bem-estar ocupacional e que os valores

organizacionais e o bem estar ocupacional apresentaram efeitos mais significativos para o

componente de realização. No outro, os pesquisadores indicam que não ter sido possível

comprovar a existência de relação entre as variáveis aqui estudadas (GRH e Desempenho).

Page 73: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

61

5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Uma das preocupações atuais e cada vez mais crescente das empresas é a busca pela sua

manutenção no cenário empresarial altamente competitivo na qual elas estão inseridas e, por

meio dessa busca, alcançar o destaque e reconhecimento por suas práticas de gestão,

resultados e atividades por parte de todos os agentes que a cercam e que de alguma forma são

impactados. Dessa forma, a grande maioria das empresas busca adotar uma estratégia

empresarial bem estruturada que lhes permita além de alcançar níveis desejáveis e

satisfatórios ainda alcançar vantagem competitiva no mercado em que se inserem.

Para tanto, a implementação de uma estratégia bem estruturada e a boa gestão dos recursos e

capacidades das empresas em prol da alta competitividade e dos resultados operacionais e

organizacionais é uma tarefa árdua em vista da dinamicidade dos recursos e da volatilidade e

rapidez com que novos recursos são gerados. Com isso, é desafio das empresas a adoção de

práticas de gestão que sejam capazes de trazer para as empresas resultados, destaque e

reconhecimento no cenário empresarial atual.

Dessa forma, a presente pesquisa se propôs a entender, por meio de uma meta-análise, como

as práticas de gestão aplicadas sob os recursos das empresas e/ou nas próprias empresas são

Page 74: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

62

capazes de impactar o desempenho delas. E mais especificamente, verificar como a Gestão de

Recursos Humanos está relacionada ao desempenho organizacional das empresas.

Considerando como conceitos principais desse estudo a GRH e o Desempenho

Organizacional, foi também objetivo dessa dissertação entender como o segundo é tratado e

estudado pelos principais pesquisadores do tema, como o estudo da GRH está relacionado às

dimensões escolhidas do desempenho organizacional e como cada subárea da GRH estuda o

mesmo.

Pela análise da produção acadêmica recente foi possível extrair que os estudos de GRH, em

sua maioria, não incorporam o trato do Desempenho Organizacional. Os artigos, de uma

forma geral, enfatizam que as pessoas são geradoras de valor e recursos inestimáveis para as

empresas, como anteriormente destacado por Barney e Wright (1998). Da mesma forma,

alguns dos artigos empíricos que testaram a relação (5 artigos) ressaltam que falta à área de

RH um reconhecimento por parte das empresas, pois a GHR é muitas vezes tida como uma

atividade secundária nas empresas e não como geradora de vantagens competitivas e de

resultados mais perceptíveis pela força de trabalho, assim como defendido por Devanna e

Fombrum (1984) e Ulrich (2008).

Dentre os principais aspectos do Desempenho Organizacional está o impacto na eficácia

organizacional, ao tratar as práticas de RH com foco no bem estar e lazer dos funcionários.

Três artigos apontaram que na maioria das empresas analisadas sob esta ótica, as ações de

lazer voltadas para o funcionário e para o seu bem estar são tratadas como ferramentas de

estratégia de gestão de pessoas e acabam por influenciar a melhoria do processo produtivo das

empresas, trazendo impactos positivos no desempenho das mesmas. Em relação aos impactos

dessas práticas sobre as empresas, os resultados apontam principalmente para a questão da

Page 75: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

63

produtividade, motivação, controle, comunicação interna, imagem, integração e retenção dos

empregados.

No que se refere à avaliação de desempenho organizacional, foi possível perceber que há um

aumento significativo no número de artigos com este tema e que a dimensão organizacional

ainda prevalece nas pesquisas de avaliação de desempenho das empresas e dos funcionários.

Ou seja, a análise de desempenho da organização como um todo ainda é a mais adotada.

Em relação às praticas que envolvem diretamente o funcionário e sua interação com a

empresa, de maneira geral os artigos empíricos apontam para uma relação positiva entre a

GRH e comprometimento do funcionário, em todos os seus subgrupos. Neste sentido,

Scheible e Bastos (2005) sugerem que as práticas de RH são mediadoras na relação entre o

comprometimento do funcionário e o desempenho das organizações.

De uma forma geral, seis dos artigos analisados e que tratam do comprometimento individual

e organizacional apontam, em sua maioria, para a existência de efeitos positivos quando

relacionados com o Desempenho Organizacional. Apesar dessa idéia, apesar de Scheible e

Bastos (2005) e Binder (2007) enfatizarem em seus artigos que a relação entre

comprometimento e desempenho tem sido uma das mais difíceis de elucidar e que, na maioria

das vezes, o desempenho organizacional das empresas é influenciado pelo nível de

comprometimento das pessoas.

Ainda sob esta ótica do funcionário, assim como defendido por Huselid (1995), os artigos

indicam que um colaborador satisfeito e motivado tende a oferecer organiza o sua plena

potencialidade, desempenhando suas competências ao máximo e trazendo melhores resultados

para a organização. O mesmo estudo destaca que quando as aspirações e necessidades dos

Page 76: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

64

funcionários são supridas pela organização, propiciando um ambiente organizacional

agradável para desenvolverem suas atividades, os indivíduos tendem a se empenharem mais

em prol da organização, o que faz com que os resultados e o desempenho organizacional

sejam afetados positivamente.

Diante das conclusões apresentadas, pode-se entender que este estudo atingiu os objetivos

inicialmente propostos, apesar de algumas limitações e restrições encontradas ao longo do seu

desenvolvimento.

Uma limitação que merece destaque é a ocasionada pelo tipo de estudo escolhido para essa

pesquisa. A realização de uma meta-análise não abrange todos os estudos disponíveis acerca

do tema e dos construtos estudados, visto a necessidade de se limitar o universo que irá

compor tal método. Neste caso, tal universo foi limitado aos eventos do ANPAD entre 2005 e

2011 e a restrição ocorreu com o objetivo de facilitar a análise e a consolidação dos dados

encontrados.

Além disso, a metodologia aplicada para a seleção dos artigos que iriam compor a meta-

análise foi baseada na busca dos construtos nos resumos e abstracts dos artigos dos eventos

escolhidos, eliminando nesse caso, possíveis artigos que tratavam dos construtos estudados –

GRH e Desempenho Organizacional – por não estarem ou serem mencionados nos mesmos.

Devido ao levantamento e apontamento a respeito das limitações deste estudo e dos resultados

obtidos com a metodologia utilizada, é possível levantar sugestões para estudos futuros que

poderão ampliar a abordagem realizada no presente trabalho.

Page 77: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

65

Ou seja, com relação às pesquisas futuras, sugere-se que este estudo seja aplicado a um

universo de artigos maior que o escolhido e contemplar ainda outras bases de artigos

acadêmicos, além da base da ANPAD. Essa maior abrangência de artigos permitiria a

obtenção de um universo de artigos maior que correlacionassem os dois construtos e a relação

existente entre eles, bem como traria uma maior quantidade de resultados a respeito da relação

estudada.

Por fim, entende-se com isso que os novos estudos devem contemplar ainda mais resultados

que evidenciem a relação existente entre a GRH e o Desempenho Organizacional e que o

aprofundamento dos estudos nesses campos pode trazer novas formas de tratar esses conceitos

dentro das organizações, alinhando diretamente a GRH às estratégias corporativas das

empresas.

Page 78: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMIT, R.; SCHOEMAKER, P. (1993), Strategic assets and organizational rents, In:

Strategic Management Journal, 14: 33-46.

ANSOFF, H. I. (1965), Estratégia Empresarial - São Paulo: McGraw-Hill, 1977, (Trad. ed.

1965).

BAIRD, L.; MESHOULAM, I. (1988), Managing the two fits of strategic human resource

management. In: Academy of Management Review, v. 13, p.116-128.

BARNEY, J. B. Strategic fator markets: Expectations, luck, and business strategy, In:

Management Science, 32, October, 1986.

BARNEY, J. B. Firm resources and sustained competitive advantage. In: Journal of

Management, v. 17, n. 1, p. 99-120, 1991.

BARNEY, J.B. (1995), Looking Inside for Competitive Advantage, In: Academy of

Management Executive, 9: 49–67.

BARNEY, J. B.; AKIRAN, A. M. (2001), The Resourced Based View: Origins and

Implications

BARNEY, J. B.; WRIGHT, P. M. (1998), On Becoming a Strategic Partner: The Role Of

Human Resources In Gaining Competitive Advantage

BARUCH, Y.; PEIPERL, M. (1997), Career Management Practices: An Empirical Survey

and Implications. In: Human Resource Management, v. 39, p. 347-366.

BECKER, B. E.; HUSELID, M. A. (1998a), High performance work systems and firm

performance: a synthesis of research and managerial implications. In G. R. Ferris (Ed.),

Research in personnel and human resource management (Vol. 16, pp. 53-101). Oxford,

England: JAI Press Inc.

BECKER, B. E.; HUSELID, M. A. (1998b), Human resources strategies, complementarities,

Page 79: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

67

and firm performance. In Relatório de Pesquisa/1998, New Brunswick, NJ, School of

Management and Labor Relations at Rutgers University and suny-Buffalo School of

Management.

BOUDREAU, J. W. (1991), Utility analysis in human resource management decisions. In M.

D. Dunnette & L. M. Hough (Eds.), Handbook of industrial and organizational psychology

(2d ed.), Vol. 2: 621–745. Palo Alto, CA: Consulting Psychologists Press.

BRAMBLE, T. (1996), Strategy in context: The impact of changing regulatory regimes on

industrial relations management in the Australian vehicle industry, In: Asia Pacific Journal

of Human Resources, v. 34, n. 3, p. 48-62.

BRITO, L. A. L.; VASCONCELOS, F. C. Desempenho das Empresas Brasileiras: Efeitos

Ano, Ramo de Negócios e Firma Individual, In: Brazilian Administration Review – BAR, v.

1, n. 1, July – December, 2004

BRITO, L. A. L.; VASCONCELLOS, F. C. (2004), A Heterogeneidade do Desempenho, suas

Causas e o Conceito de Vantagem Competitiva: Proposta de uma Métrica, In: Revista de

Administração Contemporânea, Edição Especial, p. 107-129

BRITO, L. A. L; VASCONCELOS, F. C. D. (2009), The variance composition of firm growth

rates. In: Brazilian Administration Review, v. 6, n. p. 118-136.

BRITO, R. P.; BRITO, L. A. L. (2002), Vantagem Competitiva, Criac ão de Valor e seus

Efeitos sobre o Desempenho. In: Revista de Administração de Empresas, S o Paulo, v. ,

n. 1, p. 070-084, janeiro/fevereiro

CAMPBELL, J. P. (1977), On the nature of organizational effectiveness. In P. S. Goodman,

J. M. Pennings, & Associates, New perspectives on organizational effectiveness, pp. 13-55,

San Francisco: Jossey-Bass.

CAPPELLI, P.; SINGH, H. (1992), Integrating strategic human resources and strategic

management. In D. Lewin, O. S, Mitchell, & P. Sherer, Research frontiers in industrial

relations and human resources, p. 165–192, Madison, WI: Industrial Relations Research

Association.

CAPON, N; FARLEY, J. U; HOENIG, S. (1990), Determinants of financial performance: a

meta-analysis. In: Management Science, v. 36, n. 10, p. 1143-1159.

CARNEIRO, J.; SILVA, J. F.; ROCHA, A.; HEMAIS, C. (2005), Conceptualization and

measurement of business performance: a multidimensional approach. In: Anais do

International Meeting of the Iberoamerican Academy of Management, Lisboa, Portugal, n.

4.

CHANDLER, A. Strategy and structure: chapters in the history of american industrial

enterprise - Cambridge, Mass.: MIT Press, 1962.

CHIAVENATO, I. Recursos humanos. Ed. Compacta, 7 – São Paulo: Atlas, 2002

CHIAVENATO, I. Recursos humanos: O capital humano das organizac ões. - S o Paulo:

Atlas, 2004.

Page 80: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

68

COMBS, J. G; CROOK, T. R; SHOOK, C. L. (2005), The dimension of organizational

performance and its implications for strategic management research. In: D. J. KETCHEN,

D. J; BERGH, D. D. (Orgs). Research methodology in strategy and management. San

Diego: Elsevier, p. 259-286.

CONNOLLY, T.; CONLON, E. J.; DEUTSCH, S. J. (1980), Organizational effectiveness: A

multiple constituency approach. In: Academy of Management Review, n 5, p. 211-217.

DELANEY, J. T.; HUSELID, M. A. (1996), The Impact of Human Resource Management

Practices on Perceptions of Organizational Performance, In: Academy of Management

Journal, v. 39, p. 949–69

DELERY, J. E.; DOTY, D. H. (1996). Modes of theorizing in strategic human resource

management: Test of universalistic, contingency, and configurational performance

predictions. In: The Academy of Management Journal, v. 39(4), p. 802–835.

DELERY, J.; SHAW, J. (2001), The Strategic Management of People in Work Organizations:

Review, Synthesis, and Extension. In: Ferris, G. (ed.) Research in Personnel and Human

Resources Management, v. 20. Oxford: Elsevier Science

DEVANNA, M. A. & FOMBRUN, C. N. (1984), A framework for strategic human resource

management, In: John Wiley & Sons, New York, pp. 33-51.

DEVANNA, M. A.; FOMBRUN, C.; TICHY, N.; WARREN, L. (1982), Strategic planning

and human resource management. In: Human Resource Management, v. 22: p. 11–17.

DEVINNEY, T. M; YIP, G. S; JOHNSON, G. (2010), Using frontier analysis to evaluate

company performance. In: British Journal of Management, v. 21. n. 4 p. 921-938.

FAHEY, T. J. (1998), Recent Changes in an Upland Forest in South-Central New York, In:

Journal of the Torrey Botanical Society, v. 125, n. 1, p. 51-59, janeiro-março

FAHEY, J. (2000), The resource-based view of the firm: some stumbling blocks on the road

to understanding sustainable competitive advantage. In: Journal of European Industrial, v.

24 (2/3/4), p. 94-104.

FERGUSON, K. L.; REIO, T. G. JR. (2009). Human resource management systems and firm

performance. In: Journal of Management Development, v. 29 (5), p. 471–494.

FITZ-ENZ, J. Human value management - San Francisco: Jossey-Bass, 1998.

GUEST, D. E. (1997). Human resource management and performance: a review and

research agenda. In: International Journal of Human Resource Management, v. 8 (3), p.

263-276.

GHEMAWAT, P. (2002), Competition and business strategy in historical perspective. In:

Business History Review, v. 76, n. 1, p. 37-74.

GHEMAWAT, P. (2005), Regional Strategies for Global Leadership. In: Harvard Business

Review, dezembro.

GLANZ, E. F.; BAILEY L. K. (1993), Benchmarking. In: Human Resource Management, v.

Page 81: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

69

31 (1/2), p. 9-20.

GODARD, J., & DELANEY J. T. (2000), Reflections on the „high performance‟

paradigm‟simplications for industrial relations as a field. In: Industrial and labor Relations

Review, v. 53 (3), p. 482-502.

GRANT, R. M. (1991), The resource based theory of competitive advantage, In: California

Management Review, v. 33.

GRAVE, P. S.; MENDES, A. A. Pensamento Estratégico Contemporâneo: Possíveis

fundamentos antigos da estratégia como uma medida administrativa atual ou em busca ao elo

perdido? In: XXV ENANPAD, 25o, Anais. Campinas: ANPAD, setembro. 2001.

GRIFFIN, J. J.; MAHON, J. F. (1999), “Painting a Portrait” Business and Society, Vol. 38,

pp. 126-133.

HALL, D.T. (1995), Executives career and learning: Aligning selection and development, In:

Human Resource Planning, v. 18, n. 2, p. 14-23.

HAMBRICK, D. (1983), High Profit Strategies in Mature Capital Goods Industries: A

Contingency Approach. In: Academy of Management Journal, v.26, p.687-707.

HANNAN, M. T.; FREEMAN, J.; MEYER, J. W. (1976), Specification of models for

organizational effectiveness. In: American Sociological Review, v. 41, p. 136-143.

HEDGES, L. V. (1992), Meta-analysis, In: Journal of Educational Statistics, v. 17, n. 4.

HELFAT C. (2000), Guest editor‟s introduction to the special issue: the evolution of firm

capabilities. In: Strategic Management Journal, v. 21, p. 955–959.

HELFAT, E.; PETERAF, M. A. (2003), The dynamic resource-based view: capability

lifecycles constance. In: Strategic Management Journal, v. 24, p. 997–1010.

HENDERSON, R.; I. COCKBURN. (1994), Measuring Competence? Exploring Firm Effects

in Pharmaceutical Research. In: Strategic Management Journal. 15: 63-94.

HUSELID, M. A. (1995), The impact of human resource management practices on turnover,

productivity, and corporate financial performance. In: Academy of Management Journal, v.

38 (3), p. 635-672.

HUSELID, M.A.; JACKSON, S.E; RANDALL, R.S. (1997), Technical and strategic human

resource management effectiveness as determinants of firm performance, In: Academy of

Management Journal, v. 40 (1), p. 171-188.

JACKSON, S. E.; SCHULER, R. S. (1995), Understanding human resource management in

the context of organizations and their environments, In: Annual Review of Psychology, v. 46,

p. 237–264.

JONES, G. R.; WRIGHT, P. M. (1992), An economic approach to conceptualizing the utility

of human resource management practices. In K. Rowland & G. Ferris (Eds.), Research in

personnel and human resources management, vol. 10, p. 271–299. Greenwich, CT JAI Press.

Page 82: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

70

KLEINER, M. M. (1990), The role of industrial relations in firm performance. In: J. A.

Fossum & J. Mattson (Eds.), Employee and labor relations: 4.23–4.43. Washington, DC:

BNA Press

KROGH, G.; ROOS, J. (1995), A perspective on knowledge, competence and strategy. In:

Personnel Review, v. 24, n. 3, p. 56-76.

LAVELLE, J. J.; MCMAHAN, G. C.; HARRIS, C. M. (2009), Fairness in human resource

management, social exchange relationships, and citizenship behavior: Testing linkages of the

target similarity model among nurses in the United States, In: The International Journal of

Human Resource Management, v. 20 (12), p. 2419–2434.

LAWLER, E. E.; BOUDREAU, J. W.; ALBERS, M. S. (2006) Achieving Strategic

Excellence: An Assessment of Human Resource Organizations, In: Stanford Business Books,

Stanford, CA.

LODI, J. B., (1969), Estratégia de negócios: planejamento a longo prazo. In: Revista de

Administração de Empresas, Rio de Janeiro: FGV, v. 9, n. 1, p. 5- 32, março.

MALTZ, A.; SHENHAR, A.; REILLY, R. (2003), Beyond the balanced scorecard: Refining

the search for organizational success measures. In: Long Ranging Planning, 36, p. 187-204.

MARCH, J. G.; SUTTON, R. I. Organizational performance as a dependent variable.

Organization Science, v. 8, n. 6, p. 698-706, Nov./ Dec. 1997.

MARITZ, Q. R. S.; BULGACOV, S. (2011), The Concept of Performance on Organizational

Studies and Strategy: a Multi-Dimensional Model of Analysis, In: Revista de Administração

Contemporânea, Curitiba, v. 15, n. 4, art. 2, pp. 580-607, julho/agosto.

MARTIN A. F. ET AL. (2005a), Strategic human resource management: Integrating the

universalistic, contingent, configurational and contextual perspectives, In: International

Journal of Human Resource Management, v. 16 (5), p. 633–659.

MARTIN A. F. ET AL. (2005b), Researching on SHRM: An analysis of the debate over the

role played by human resources in firm success. In: Management Revue, v. 16 (2), p. 213–

241.

MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração. Edição compacta, Editora Atlas,

2006.

MEIRELLES, A. M. (1995), O planejamento estratégico no Banco Central do Brasil e a

viabilidade estratégica em uma unidade descentralizada da autarquia: um estudo de caso.

Dissertação (Mestrado em Administração) - CEPEAD/FACE/UFMG - Belo

Horizonte: UFMG, p. 229.

MELLO, R.B.; MARCON, R. (2006), Heterogeneidade do Desempenho de Empresas em

Ambientes Turbulentos, In: Revista de Administração de Empresas, v. 46, n. 2.

MILKOVICH, G.T.; BRODERICK, R.F. (1991), Developing a compensation strategy, In:

Rock, ML and Berger, L (Eds.), The compensation handbook, McGraw-Hill, New York, 25.

Page 83: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

71

MINTZBERG, H. (1988), Generic strategies: toward a comprehensive framework. In:

Advances in strategic management, Greenwich, Conn.: Jay Press, 1988. v.5. p.1-67.

MINTZBERG, H.; QUINN J.B. (1988), Strategy-Making in Three Modes, In: The Strategic

Process-concepts, contexts and cases, (Ed.), Prentice-Hall Inc.

MUELLER, G. (1996), Human Resources as Strategic Assets: An Evolutionary Resource-

based Theory, In: Journal of Management Studies, v. 33, p. 757–785.

OLIVEIRA, A. M. B; OLIVEIRA, A. J. (2011), Human Resource Management: a Meta-

analysis of its Effects on Organizational Performance, In: Revista de Administração

Contemporânea, Curitiba, v. 15, n. 4, art. 5, pp. 650-669, julho/agosto.

PATTON, M. Q., Qualitative Research & Education Methods - California: Sage

Publications, 2002.

PETERAF, M. A. (1993), The cornerstones of competitive advantage: a resource-based view,

In: Strategic Management Journal, v. 14, p. 179-191.

PETERAF, M. A.; BARNEY, J. B. (2003), Unraveling The Resource-Based Tangle, In:

Managerial and Decision Economics Manage. Decis. Econ. 24: 309–323 (2003) Published

online in Wiley InterScience (www.interscience.wiley.com).

PETERAF, M. A. (1993), The cornerstones of competitive advantage: a resource based view,

In: Strategic Management Journal, vol 14, p. 179-191

PORTER, M. Competitive strategy: techniques for analizing industries and competitors - New

York: The Free Press, 1980.

PORTER, M. E. (1981). The contribution of industrial organization to strategic management.

In: Academy of Management Review, v. 6, p. 609–620.

PORTER, M. E. Competitive advantage: Creating and sustaining superior performance -

New York: Free Press, 1985.

PORTER M. E. (1991), Towards a dynamic theory of strategy In: Strategic Management

Journal, Winter Special Issue 12, p. 95–118.

PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. (1990), The core competence of the corporation. In:

Harvard Business Review, v. 68, n. 3, p. 79-91.

RICHARD, P. J.; DEVINNEY, M., YIP, G. S.; JOHNSON, G. (2009), Measuring

Organizational Performance: Towards Methodological Best Practice, In: Journal of

Management.

ROGERS, E. W.; WRIGHT, P. M. (1998). Measuring organizational performance in

strategic human resource management: problems, prospects, and performance information

markets. In: Human Resource Management Review, v. 8 (3), p. 311-331.

RUGMAN, A. M.; VERBEKE, A. (1987), Does competitive strategy work for small

business?, In: Journal of Small Business and Entrepreneurship, v. 5, n. 3, p. 45-50.

Page 84: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

72

RUGMAN, A.; VERBEKE, A. (2002), Edith Penrose's contribution to the resource-based

view of strategic management, In: Strategic Management Journal, v. 20 (8), p. 769-780.

RUMELT, R. P.; SCHENDEL, D.; TEECE, D. J. (1991), Strategic Management and

Economics, In: Strategic Management Journal, v. 12, Issue Special Issue: Fundamental

Research Issues in Strategic and Economics, p. 5-29.

SAHOO, C. K.; DAS, S.; SUNDARAY, B. K. (2011), Strategic Human Resource

Management: Exploring The Key Drivers, In: Employment Relations Record, v. 11, n. 2.

SCHMALENSEE, R. (1985), Do markets differ much? In: The American Economic Review,

v. 75, n. 3, p. 341-351.

SCHNEIDER, E.; SHAW, D. G.; BEATTY, R. W. (1991), Performance measurement: A tool

for strategy execution, In: Human Resource Management, v. 30, n. 3, p. 279-302.

SCHULER, R. S. (1992), Strategic human resource management: Linking people with the

needs of the business. In: Organizational Dynamics, v. 20, p. 19–32.

SCHULER, R. S.; JACKSON, S. E. (1987), Linking competitive strategies with human

resource management practices, In: Academy of Management Executive, v. 1, p. 207-219.

SOMAYA, D.; TEECE, D. J. (2007), Patents, licensing and entrepreneurship: effectuating

innovation in multi-invention contexts. In: Entrepreneurship, Innovation, and the Growth

Mechanism of the Free-Market Enterprise, SHESHINSKI, E.; STROM, R. J.; BAUMOL,

W. J. (eds). Princeton University Press: Princeton, NJ; 185 – 212.

STEINER, G. A.; MINER, J. B. Management policy and strategy: Text, Readings and Cases

– New York, McMillan Publishers Inc., 1977.

SULLIVAN, S. E.; BARUCH B. (2009), Advances in career theory and research: A critical

review and agenda for future exploration. In: Journal of Management, v. 35, p. 1542-1571.

TEECE, D. (2007), Explicating Dynamic Capabilities: The Nature and Microfoundations of

(Sustainable) Enterprise Performance, In: Strategic Management Journal.

TEECE, D.; PISANO, G.; SHUEN, A. (1997), Dynamic capabilities and Strategic

Management, In: Strategic Management Journal, v.18 (7), p. 509-522.

TEECE, D. J. (2000), Managing Intellectual Capital: Organizational, In: Strategic, and

Policy Dimensions, Oxford University Press: Oxford, U.K.

TONELLI, M. J.; CALDAS, M. P.; LACOMBE, B. M. B.; TINOCO, T. (2003), Produc o

acade mica em recursos humanos no Brasil: 1991-2000. In: Revista de administrac

empresas, v. 43, n. 1, p. 107-122.

ULRICH, D.; YOUNGER, J.; BROCKVANK, W. (2008), The twenty-first-century hr

organization, In: Human Resource Management, v. 42, n.4, p. 829-850

VENKATRAMAN, N; RAMANUJAM, V. (1986), Measurement of business performance in

strategy research: a comparison of approaches. In: Academy of Management Review, v. 11,

n. 4, p. 801-814.

Page 85: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

73

VENKATRAMAN, N.; SUBRAMANIAM, M. (2002), Theorizing the Future of Strategy:

Questions for Shaping Strategy Research in the Knowledge Economy, In: Handbook of

Strategy and Management, Eds. A. Pettigrew, H. Thomas and R. Whittington, Sage

Publications: London.

WERNERFELT, B. (1984), A Resource-based View of the Firm, In: Strategic Management

Journal, v. 5, p. 171-180

WINTER, G. (2000). A comparative discussion of the notion of validity in qualitative and

quantitative research. In: The Qualitative Report, v. 4, 1998.

WHITFIELD, K.; POOLE, M. (1997), Organizing employment for high performance:

theories, evidence and policy. In: Organization Studies, v. 18 (5), p. 745-764

WRIGHT, P. M.; MCMAHAN, G. C. (1992), Theoretical Perspective for Strategic Human

Resource Management, In: Journal of Management, v. 18, p. 295–320.

WRIGHT, P. M.; MCMAHAN, G. C.; MCWILLIAMS, A. (1994), Human resources and

sustained competitive advantage: A resource based perspective, In: International Journal of

Human Resource Management, v. 5, n. 2, p. 301- 326.

ZOLLO M., WINTER S. G. (2002), Deliberate learning and the evolution of dynamic

capabilities. In: Organization Science, v. 13 (3), p. 339–351.

ZOTT, C. (2002), Dynamic capabilities and the emergence of intra-industry differential firm

performance: insights from a simulation study. In: Working paper, INSEAD.

Page 86: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

74

APÊNDICE - ARTIGOS UTILIZADOS NA META-ANÁLISE FINAL

ENANPAD 2005:

1. Práticas de Gestão Democrática como Mediador da Relação entre Comprometimento e

Desempenho

Alba Couto Falcão Scheible, Antônio Virgílio Bittencourt Bastos

ENANPAD 2006:

1. Cultura de Aprendizagem e Desempenho em Organizações. Validação de Escala de

Medida e Análise de Suas Relações

Elisabeth Aparecida Correa e Tomas de Aquino Guimarães

2. Sistemas de Gerenciamento de Recursos Humanos de Alto Desempenho e Influência na

Criação de Valor Econômico

Vera Lúcia Rett Carreira , Leonardo Fernando Cruz Basso e Diogenes Manoel

Leiva Martin

3. Práticas Inovadoras de Gestão de Pessoas e Desempenho Organizacional no Brasil

João Carlos de Aquino Teixeira e Elizabeth Loiola

ENANPAD 2007:

1. Comprometimento e Entrincheiramento: Integrar ou Reconstruir? Uma Exploração das

Relações entre estes Construtos à luz do Desempenho

A C F S A V A C

Aguiar Rodrigues

2. Efetividade Das Equipes De Trabalho: Clima Organizacional Como Variável Preditora Do

Desempenho

Marcelo Bedani

3. Desempenho Social No Âmbito Dos Empregados E Os Resultados Financeiros Das

Page 87: A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · “A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL:

75

Empresas

Carla Camargo Leal, Diogenes Manoel Leiva Martin e Emerson Fernandes Marc al

ENANPAD 2008:

1. Discurso De Eros E Prática De Thânatos: o esconderijo da dor e a Síndrome do Estoicismo

Hercúleo

J H F T nia Maria Baibich-Faria e Dirceu Zorzetto Filho

ENANPAD 2010:

1. Valores Organizacionais e Valores Humanos como fatores de impacto no Bem-estar

Ocupacional

Leticia Seicenti da Silva, Juliana Barreiros Porto, Tatiane Paschoal

ENANPAD 2011:

1. Múltiplos Vínculos com o Trabalho e suas Relações com o Desempenho: um Estudo entre

Professores do Ensino Superior no Brasil

Diva Ester Okazaki Rowe e Ana Paula Moreno Pinho

3Es 2011

1. A Influência das Práticas de Gestão do Conhecimento na Eficácia Organizacional: Um

Estudo em Empresas Atuantes na Indústria de Software no Brasil

Marcos Antonio Gaspar, Silvio Aparecido dos Santos, Denis Donaire, Marcio

Shoiti Kuniyoshi e Leandro Campi Prearo

EnGPR 2009

1. Os Impactos das Percepções e Atitudes dos Funcionários sobre a Produtividade e

Qualidade em Empresas de Manufatura

Rosemeri Rosalin Paulin e Bruno Henrique Rocha Fernandes

2. A Relação Entre A Remuneração Dos Executivos E O Desempenho Financeiro: Um

Estudo Com Empresas Industriais Brasileiras

Elizabeth Krauter e Almir Ferreira de Sousa