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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA Myriam Conceição Moura e Melo Matrícula: 47679 Núcleo: FORMOSA Curso: MD - GESTÃO PÚBLICA A GESTÃO DO SUS: A necessidade de uma auditoria qualificada e mais eficiente Professor (a) Mário Luiz Orientador (a) Glória de Jesus BRASÍLIA- DF 2014

A GESTÃO DO SUS: A necessidade de uma auditoria ... · Myriam Conceição Moura e Melo A GESTÃO DO SUS: A necessidade de uma auditoria qualificada e mais eficiente Monografia apresentada

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

Myriam Conceição Moura e Melo

Matrícula: 47679 Núcleo: FORMOSA

Curso: MD - GESTÃO PÚBLICA

A GESTÃO DO SUS:

A necessidade de uma auditoria qualificada e mais

eficiente

Professor (a) Mário Luiz

Orientador (a) Glória de Jesus

BRASÍLIA- DF

2014

Myriam Conceição Moura e Melo

A GESTÃO DO SUS:

A necessidade de uma auditoria qualificada e mais

eficiente

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pós-graduação em Gestão Pública. Profª Orientador (a): Glória de Jesus

BRASÍLIA – DF

.2014

Dedico esse trabalho aos meus

familiares, por estarem sempre e de forma

incondicional ao meu lado no decorrer

dessa caminhada.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela força que a fé me traz;

Agradeço ao professor orientador do curso pelo incentivo para que eu me

debruçasse sobre o tema e motivasse os alunos a participar desse estudo.

E, sobretudo, aos meus familiares que tem acompanhado de perto e de forma

carinhosa todas as etapas da minha caminhada rumo a busca de conhecimentos.

Pisou nesta Terra um excelente

mestre da emoção. Ele conseguia

enxergar o belo num ambiente de pedras

e areias. No auge da fama e sob intensa

perseguição, ele fazia pausas e dizia:

“olhai os lírios do campo”;. Somente

alguém plenamente feliz e em paz é capaz

de gerenciar seus pensamentos e fazer de

uma pequena flor um espetáculo aos

meus olhos.

Augusto Cury, 2002

LISTA DE SIGLAS

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde COFEN – Conselho

Federal de Enfermagem

CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde

GM – Gabinete do Ministro

INAMPS – Instituto de Assistência Médica da Previdência Social

INTOSAI – Organização Internacional das Entidades Fiscalizadoras Superiores

MS – Ministério da Saúde

DENASUS – Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde OMS – Organização Mundial de Saúde

OPMES – Órteses, Próteses, Materiais Especiais e Sínteses

SAS – Secretaria de Atenção à Saúde

SGEP – Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa,

SNA – Sistema Nacional de Auditoria

SIA – Sistema de Informação Ambulatorial

SIH – Sistema de Informação Hospitalar

SUS – Sistema Único de Saúde

TCU – Tribunal de Contas da União

UBS – Unidade Básica de Saúde.

2

RESUMO

A gestão da administração pública tem como proposta assegurar que o bem

público seja realmente relacionado à qualidade. O Sistema Único de Saúde

constitui um dos maiores benefícios que a população recebe, tendo em vista a

necessária qualidade na atenção à saúde dos seus usuários. Para que seja

avaliado a eficiência e a eficácia do atendimento do SUS ao usuário, uma das

ferramentas de avaliação é a auditoria. A auditoria em saúde, a partir dos anos

70, tem se tornado uma ferramenta valiosa para a avaliação do uso de matérias,

custos, prestação de serviço e atendimento ao usuário. Na auditoria do serviço

de saúde pública as auditorias tem um significado relevante, pois dentro do

processo pode-se identificar falhas, necessidade redimensionar as práticas e

custos desenvolvidos e utilizados. Os vários tipos de auditoria, sendo que cada

uma delas tem características e objetivos específicos, sempre vai contar com a

competência do profissional em saúde, o que cada vez mais tem exigido dele a

multi-profissionalização. O auditor assume um papel relevante nas instituições,

tendo em vista que esse profissional tanto tem a experiência do gerenciamento

administrativo, procedimental, assistencial e conhecimento de custos. A auditoria

operacional tem ganhado espaço nas avaliações tendo em vista fazer parte de

um processo contínuo, abrangente e eficaz de avaliação de serviços prestados e

serviços oferecidos na área de saúde.

Palavras-chave: Administração; Financiamento; Auditoria; Avaliação, Relevância

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METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido a partir da proposta metodológica da pesquisa

bibliográfica, ou seja, constituída principalmente com base em material já elaborado,

como livros, artigos científicos, manuais, publicações em revistas, sítios relacionados

ao assunto, entre outros.

Será apresentada como qualitativa porque as técnicas estatísticas

apresentadas não foram primordiais para a análise das informações. Ainda será

descritiva, porque foi exposto as relações existentes entre a disponibilidade dos

recursos e sua utilização.

A partir dos objetivos de conhecer e analisar como se dá o processo de

auditoria no serviço de saúde e, poder relacionar os conhecimentos obtidos aos

objetivos propostos ao iniciar esse trabalho para traçar as considerações finais sobre

o tema abordado.

A revisão bibliográfica fundamentou-se em publicações, especialmente entre

os anos 2000 a 2012 sobre o tema: Gil (2000); Sá (2002); Viana (2003); Marques e

Almeida (2004); Albuquerque (2006); Biolchi e Cheade (2006); Melo (2007); Brondi

(2007); ‘Melo e Waitsman (2008); Remor (2008); Araujo (2008); Matos (2009);

Yoshitake (2009); Santos et al (2010); Ministério da Saúde (2010); Cordeiro (2012).

Assim como foram citados trabalhos da década anterior como subsídios para a

compreensão da atualidade na área de auditoria e financiamento na área de saúde.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10

CAPÍTULO I – A AUDITORIA COMO FERRAMENTA DA ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA ......................................................................................................... 14

1.1 Administração Pública ............................................................................... 14

1.2 Modelo de Administração Pública .............................................................. 15

CAPÍTULO II – AUDITORIA EM SAÚDE ........................................................ 18

2.1 Classificação da Auditoria em Saúde ......................................................... 18

CAPÍTULO III – A AUDITORIA NO SUS: FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO E

QUALIDADE ................................................................................................... 28

3.1 Conhecendo um pouco da história do SUS ................................................ 29

3.2 Auditoria no SUS: ferramenta de avaliação da eficiência e eficácia .......... 32

3.3 O Papel da Gestão na Auditoria ................................................................. 35

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 38

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 40

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INTRODUÇÃO

O tema desigualdades em saúde, no ano de 2000, passou a merecer um

olhar diferenciado, para além das diferenças entre grupos. Um dos marcos dessa

discussão no campo da saúde foi a estratégia formulada pela Organização Mundial

de Saúde – OMS – “Saúde Para Todos no Ano 2000”, visando o desenvolvimento de

ações baseadas na noção de saúde, destinadas a atingir a todos sem distinção de

credo, raça, condições socioeconômicas e culturais.

A auditoria surge como uma ferramenta de avaliação e controle das ações

desenvolvidas em gerência de saúde, tendo como finalidade avaliar a qualidade, a

propriedade e a efetividade dos serviços de saúde prestados à população, visando

melhoria progressiva da assistência de saúde, dentre outras metas pré-

estabelecidas ao se estabelecer as finalidades da auditoria.

Avaliação e Auditoria tornam-se ferramentas presentes na estrutura

regimental do Sistema Único de Saúde, utilizadas para a melhoria da qualidade da

gestão, embora não fique bem claro os significados de uma e outra na área de

saúde, o que muitas vezes faz com que sejam utilizadas de forma equivocada,o que

tem provocado estudos que possibilitem entender a dinâmica dessas práticas

(MELO e WAITSMAN, 2008)

O cumprimento das finalidades das Auditorias far-se-á por intermédio do

desenvolvimento de atividades de auditoria, cujos objetivos, dentre outros são:

verificar a adequação, a legalidade a legitimidade, eficiência, eficácia do sistema e

serviços de saúde.

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Cabe, destacar aspectos significativos do histórico do processo de auditoria

em serviços de saúde. Melo e Waitsman, (2008) em seus estudos destacam que a

auditoria médica foi criada por Vergil Slee em 1943. E, que o termo audit foi proposto

para os serviços de saúde por Lambeck, com finalidade de avaliar a qualidade dos

processos e os resultados desses serviços, por meio de observações direta.

As auditorias, atualmente assumem uma função curativa, o que não tem

colaborado de forma significativa para sanar a problemática que se estabelece nos

setores de saúde pública. A partir dessa percepção, a proposta desse projeto de

pesquisa é destacar as desvantagens desse sistema de averiguação, assim como,

enfatizar as vantagens da Auditoria in loco e de aspecto preventivo.

Dentro dessa proposta, cabe destacar o papel do enfermeiro como ator

social diretamente relacionado com a gestão em saúde. Identificar os desafios que

esses profissionais encontram frente a complexidade que envolve o gerenciamento

em saúde pública;

Portanto, passa a ser objetivo desse estudo: analisar a auditoria na gestão

administrativa do bem público; b) definir o papel do auditor na área da saúde em

sua atuação frente ao Sistema de Único de Saúde (SUS), c) descrever aspectos

relacionados a auditoria e suas finalidades; d) compreender a função do auditor.

Os objetivos foram traçados como meta para buscar respostas para a

seguinte problemática: como a auditor pode contribuir com a administração pública,

utilizando a auditoria como ferramenta de avaliação?

A ineficácia do sistema de auditoria tem tornado esse serviço sujeito a

severas criticas, o que justifica pesquisa na área, visando investigar quais as

vantagens e desvantagens desse sistema como vem sendo realizado, por não

7

atender a proposta prevista desde 2000, que é justamente de averiguar quais os

desafios que encontra atualmente a gerência nos serviços em saúde.

Delimita-se o presente estudo em conceituar auditoria, compreender como

acontece o processo dentro da administração pública, apontar as desvantagens do

atual sistema de auditoria e apontar a auditoria operacional como uma das possíveis

soluções para a gestão de qualidade na área de saúde. A pesquisa classifica-se em

teórico-descritiva com levantamento bibliográfico, realizada a partir de análise das

principais questões envolvidas na atuação da auditoria na Gestão em Saúde,

publicada em artigos, periódicos, revistas eletrônicas sobre auditorias em saúde.

Coleta, análise e interpretação dos dados serão realizadas por meio da

seleção de artigos publicados na última década na área de Auditoria em Gestão em

Saúde, análise comparativa dos dados coletados para identificação de pontos em

comum, no que se refere às concepções sobre auditoria, tipos de auditoria e o papel

do técnico de saúde no processo.

Os resultados da pesquisa foram divididos em três capítulos, no primeiro

abordou-se a administração pública, a gestão do bem público e a auditoria no

serviço pública como instrumento na avaliação da qualidade das ações das

entidades públicas aos seus usuários.

O segundo capítulo teve o foco estabelecido na auditoria na área da saúde,

assim como trazer para a discussão os conceitos e elencar os diversos tipos de

auditorias realizadas na área da saúde, explicitando modalidades e objetivos.

No terceiro capítulo optou-se por dar ênfase à avaliação como ferramenta de

avaliação da qualidade no Sistema Único de Saúde, como forma de contextualizar

8

as ações que podem ser desenvolvidas na área, tanto no que se refere aos custos,

quanto atendimento ou prestação de serviços.

Posteriormente foram tecidas as considerações finais sobre as pesquisas

realizadas, cujo objetivo foi ampliar os conhecimentos na área de auditoria como

parte integrante das ações desenvolvidas na administração e gestão pública.

9

CAPÍTULO I

A AUDITORIA COMO FERRAMENTA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1.1 Administração Pública

No contexto da globalização estão ocorrendo mudanças de paradigmas nos

campos da economia e das finanças, comércio internacional, etc, que estão gerando

uma nova configuração no cenário socioeconômico, político e ambiental mundial.

Essas mudanças estão refletindo nos governos, nas administrações públicas e nas

formas de gestão pública, nos âmbitos locais, regionais, nacional e mundial (DI

PIETRO, 2000).

Para D´Angelo (2010, p. 56) a Administração Pública evoluiu à medida em

que o Brasil se viu na necessidade de aprimorar os conhecimentos dos cidadãos

para o enfrentamento dos problemas.

A Administração Pública deve ser gerenciada por pessoas que respeitam princípios morais, éticos e jurídicos, caso contrário, a população brasileira deparar-se-á com um administrador doméstico, cuja visão está circunscrita a pequenez de um conjunto de interesses particulares, onde o que menos interessa é o futuro dos administrados. (D´ANGELO, 2010, p. 59).

O caput do artigo 37 da Constituição Federal de 1988 prescreve o

seguinte:

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]

D´Angelo (2010, p. 65) reforça que os princípios esculpidos no artigo 37,

caput, da Constituição Federal de 1988 indicam que “as ideias básicas da

10

Administração Pública, as quais vinculam todo administrador público, sob pena de

infringir o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado”.

1.2. Modelo de Gestão Pública

“A concretização do processo para reduzir as enormes desigualdades

socioeconômicas e ambientais no Brasil exige uma administração pública

competente”. (MARTINS-PEREIRA, 2010, p. 25). Traz para a discussão e relevância

da administração e do gestor público, evidenciando dessa forma o quanto a gestão

de Competência nas instituições são fundamentais.

Ainda com ênfase no conceito de administração pública, pode-se acrescentar:

Para cumprir adequadamente o seu papel, a administração pública, nos seus diferentes níveis, federal, estadual e municipal, necessita estar bem estruturada, e dessa maneira atuar com eficiência, eficácia e efetividade em favor da sociedade (DI PEITRO, 2000, p. 27).

O modelo de gestão pública pode ser entendido como o elenco de propósitos,

premissas, orientações e normas legais que impõe o desdobramento em processos

específicos em estruturas de gestão pública e de gerência de recursos humanos,

nas recomendações para o comportamento gerencial, da lógica da dinâmica de

processo estratégico que se pretende alcançar. (DI PIETRO, 2000).

O entendimento das funções da administração pública, sua abrangência,

remete ao aprofundamento nos conceitos sobre desempenho e competência,

requisitos essenciais à gestão pública contemporânea. O esforço para melhorar o

desempenho dos governos passa pela formação de equipes de trabalho

11

comprometidas com as instituições e com as missões primordiais do Estado,

especialmente com a prestação de serviços de qualidade à população e com a

geração de estímulos ao desenvolvimento econômico do país (DI PIETRO, 2000).

A administração pública, como no caso desse estudo, destinado aos serviços

de financiamento em saúde pública, volta seus olhares para analisar como esse

serviço é administrado pelo Serviço Único de Saúde, entendendo que a sua

avaliação de qualidade passa pela utilização de ferramentas administrativas de

controle de qualidade, tais como os tipos de auditoria.

A auditoria no setor público trata-se de um programa abrangente de reformas,

efetuado pelas administrações públicas, o que tem como proposta uma nova

posição da administração frente aos cidadãos. Os tipos de auditoria são

especificados de acordo com o centro de interesse que se espera avaliar: auditoria

financeira, auditoria de cumprimento de regularidade, auditoria de eficácia ou de

programas, auditoria de economia e eficiência, auditoria de sistemas e auditoria

operativa.

Para o entendimento do funcionamento e da aplicabilidade dessas ações, faz-

se necessários que sejam aprofundados os estudos e análise de pesquisas já

desenvolvidas, publicadas e disponíveis na revisão da literatura.

O conceito de auditoria (audit) foi proposto por Lambeck, em 1956 e tem

como premissa a “avaliação da qualidade da atenção com base na observação

direta, registro e história clínica do cliente. Entre os métodos propostos para avaliar

a qualidade em saúde está a auditoria. Ela teve início no ambiente hospitalar, foi

incorporada aos serviços ambulatoriais e, mas recentemente tem sido desenvolvidas

12

nas práticas pragmáticas das Unidades Básica de Saúde (BIOLCHI; CHEADE,

2006).

A auditoria tem, também, como proposta contribuir para a elaboração de Leis,

Decretos e Normas, a partir de detecções das distorções detectadas no SUS. Pois a

reforma implementada no sistema de saúde brasileira, ocorridas no final dos anos

80, trouxeram como questão para a discussão a garantia do direito a saúde, mas

também, a noção de equidade quanto à distribuição dos recursos da saúde (VIANA,

2003).

Para Marques e Almeida (2004), a Auditoria é uma verificação ou exame feito

por um auditor dos documentos de prestação de contas com o objetivo de o habilitar

a expressar uma opinião sobre os referidos documentos de modo a dar aos mesmos

a maior credibilidade.

Os autores acima citado contribuem para elucidar uma dúvida que se torna

urgente ser esclarecida, a diferença entre os setores públicos e privados em relação

a implementação de auditorias: quando se espera que as empresas apresentem de

forma transparente suas ações e demonstrações financeiras, em ambos os casos

público ou privados faz parte a legalidade e a legitimidade das suas ações, ficando

dessa forma isentas de quaisquer dúvidas quanto a sua forma de gerir as atividades

desenvolvidas, a qualidade, ou ainda, às questões relacionadas aos gastos. Para as

entidades públicas o que constitui interesse é que a gestão dos fundos públicos

tenha sido adequada, inclusive, dentro da legalidade.

1.3 Competências e Funcionalidades para Auditoria no Serviço de Saúde

13

Faz-se necessário reportarmos à análise de documentos oficiais na busca do

entendimento sobre funcionalidade e competências dos órgãos e das ações para

verificação de como acontece e é acompanhado as estratégias relacionadas ao

gasto público. É sabido que nem todos os gastos públicos estão disponíveis à

sociedade como deveriam, apesar da evolução dos portais de transparência, em

quantidade e funcionalidades (EVANGELISTA, 2010)

É de competência da SGEP - Secretaria de Gestão Estratégica e

Participativa, o papel de auditar os recursos aplicados no SUS. O Departamento

Nacional de Auditoria do SUS é componente federal do Sistema Nacional de

Auditoria (SNA). Além de ajudar no ressarcimento do Fundo Nacional de Saúde, o

departamento também tem a função de orientar o uso correto de verbas destinadas

à Saúde (BRASIL, 2011).

De acordo com a Lei nº 4.320/64, os Fundos de Saúde, instituídos no âmbito

de cada esfera, são considerados fundos especiais (BRASIL, 1990). É importante

acrescentar que a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90) em seu artigo 33 define

que os recursos financeiros do SUS serão depositados em conta específica e

movimentados sob a fiscalização dos Conselhos de Saúde.

A finalidade dos Fundos de Saúde é facilitar a administração dos recursos e

também a fiscalização dos mesmos por parte das instâncias de controle, garantindo

maior transparência na aplicação dos recursos financeiros do SUS (Anexo VIII-

Roteiro Fundo Municipal)

Deverão ser observados e analisados os aspectos normativos, orçamentários

e financeiros bem como a utilização dos recursos na atenção básica em

consonância com as normas legais (Lei nº 4.320/64, Lei nº 8.142/90, Lei nº 8.080/90,

14

Decreto nº 1234/94EC nº 29/00). A Contrapartida é a cota-participação de recursos

dos Municípios, Estados e Distrito Federal destinados para a área da saúde que

deverá ser inserida nos seus respectivos orçamentos como determina a Lei nº

8.142/90 art.4º inciso V. que pode ser verificada através das informações

disponibilizadas no Sistema de Informação sobre Orçamentos Públicos em Saúde -

SIOPS, o qual permite verificar o percentual de recursos do tesouro municipal

aplicados na saúde possibilitando, ao mesmo tempo, a verificação do cumprimento

da Emenda Constitucional N° 29/2000.

A Contrapartida e a vinculação prevista na EC/29/00 devem ser depositados

no Fundo de Saúde, a fim de que o balanço anual possa refletir toda a aplicação em

saúde, conforme estabelece a PT/GM/MS nº 3.925/98 e a referida emenda

constitucional. Para tanto, faz-se necessário verificar nos extratos bancários o

efetivo depósito da contrapartida do município referente ao recurso destinado as

ações da atenção básica (BRASIL, 2004).

Os Conselhos de Saúde são instâncias colegiadas, com poder deliberativo e

permanente do SUS em cada esfera de governo e consubstancia a participação da

sociedade organizada na administração da Saúde atuando na elaboração das

diretrizes gerais da política de saúde, controle da execução e utilização dos

recursos públicos na área da saúde (Lei 8.142/90 art.2º inciso V, Resolução nº 333

de 04/11/03 do Conselho Nacional de Saúde).

Na aplicação do Roteiro deve-se verificar a existência da paridade, os

aspectos da atuação principalmente nas deliberações, resoluções referente à

atenção básica (Anexo VII-Roteiro do Conselho Municipal de Saúde, BRASIL,

BRASIL, 2004).

15

É por intermédio do Relatório de Gestão, que constitui-se da prestação de

contas dos recursos recebidos do Ministério da Saúde, comprovando a aplicação

dos recursos transferidos fundo a fundo aos estados e municípios , a comprovação

dos resultados alcançados quanto à execução do Plano de Saúde e documentos

adicionais avaliados pelos órgãos colegiados de deliberação própria do SUS. (Lei nº

8.142/90 art.4º e Decreto nº 1.651/95 artigos 3º e 6º) (BRASIL, 1990).

O Relatório de Gestão deverá ser elaborado anualmente e, para que seja

efetivo, ser aprovado pelo Conselho de Saúde e encaminhado ao Tribunal de

Contas do Estado. Os municípios deverão apresentar Relatórios detalhados

elaborados trimestralmente, contendo dados sobre o montante e a fonte de recursos

aplicados, as auditorias concluídas ou iniciadas no período, bem como sobre a

oferta e produção de serviços na rede assistencial própria, contratada ou

conveniada, e devem apresentar ao Conselho de Saúde correspondente e em

audiência pública, nas Câmaras de Vereadores e nas Assembléias Legislativas

respectivas, para análise e ampla divulgação (Lei nº 8689/93, Art. 12 e Decreto nº

1651/95, Art. 6°, Alínea b, Parágrafos 1°, 2° e 3°).

Cabe aos órgãos e setores de competência analisar o roteiro observando os

tópicos mínimos exigidos pela legislação e se apresenta informação financeira

quanto aos gastos com as ações da Atenção Básica. (Anexo VI).

O Relatório de Gestão deverá ser elaborado refletindo os resultados dos

exames efetuados, de acordo com a forma ou tipo de auditoria. O Relatório deve ser

elaborado de maneira a conter os seguintes atributos de qualidade: concisão,

objetividade, convicção, clareza, integridade, coerência e ser conclusivo.

16

Após o preenchimento das planilhas referentes à estrutura, processo e

resultado, se efetivando a análise dos dados obtidos será elaborado a conclusão.

Devendo obedecer à lógica: estrutura, processo e resultado que deverá reportar-se

a aspectos realmente relevantes da realidade observada e diagnosticada. Não cabe

aqui apenas repetição pura e simples dos dados das planilhas, mas sim destacar ou

os aspectos que necessitem correção (impropriedades e irregularidades), ou os

aspectos positivos merecedores de destaque. Se forem detectadas irregularidades

deverá ser indicada a fundamentação legal.

A relação que se segue apresenta os instrumentos disponíveis nos sistemas

de informação do SUS e que poderão ser empregados na fase analítica da auditoria.

Importante ressaltar que na fase de auditoria operativa, um dos objetivos principais

será sempre a validação dos dados coletados nos diversos relatórios produzidos

pelo município. Mais do que a coleta pura e simples de um determinado dado, é

importante verificar os processos e fluxos de coleta de dados e geração dos

relatórios, permitindo avaliar se a produção apresentada esta em equilíbrio, acima

ou abaixo da capacidade instalada.

O exemplo que, acredita-se ser merecedor de destaque é: O sistema

SIA/SUS permite que seja apresentada produção de consultas acima da capacidade

instalada em termos de recursos físicos (consultórios), pois a capacidade máxima

aceita é o potencial de recursos humanos (carga horária). Como o cadastro do

CNES não faz crítica sobre a adequação da carga horária profissional em relação

aos consultórios médicos, permitindo cadastrar carga horária acima do limite físico, é

possível, em tese, que a produção apresentada esteja acima da capacidade real

(BRASIL, 2004).

17

CAPÍTULO II

AUDITORIA EM SAÚDE

Na administração pública, percebe-se que nem sempre existe uma qualidade

nos serviços prestados à população e para avaliar se realmente o modelo de gestão

está sendo desenvolvido com eficiência e eficácia, são realizadas as auditorias, que

nada mais são do que ferramentas de controle de qualidade.

Essas auditorias podem ser preventivas e/ou corretivas, in loco ou não

dependendo de vários fatores determinantes das ações determinadas. A seguir a

classificação da auditoria em saúde ilustrar-se-á cada uma delas, assim como,

demonstrar em cada caso qual será a mais indicada.

2.1 Classificações da Auditoria em Saúde

Manuais de normas e procedimentos de auditoria classificam a auditoria

quanto à causa, o tipo, a execução e a forma. As auditorias quanto à finalidade

podem ser de regularidade, operacional ou de desempenho e integrada. Quanto à

previsibilidade, as auditorias podem ser programadas e não programadas. Quanto

à causa ela pode ser regular ou ordinária e especial ou extraordinária. Quanto ao

tipo ela pode ser analítica, operativa, de gestão e contábil. Quanto à execução ela

pode ser prospectiva ou prévia, retrospectiva e concorrente. E quanto à forma ela

pode ser interna ou de 1ª parte, externa ou de 2ª parte e de 3ª parte. A seguir

destacam-se algumas definições de tipos de auditoria em saúde

a)Auditoria Regular ou Ordinária

18

“Inicia-se de ofício e obedece a programação estabelecida no planejamento

da coordenadoria de auditoria e controle, dividindo-se em: auditoria de gestão,

operacional, contábil, de programas e de sistemas” (SANTOS et al , 2010, p.5). É

uma auditoria programa e rotineira.

b)Auditoria Especial ou Extraordinária

As auditorias consideradas especiais apresentam como características: “São

as não previstas, não programadas e decorrentes de denúncias, indícios de

irregularidades, por determinação do Ministro de Estado da Saúde, por solicitação

de outros órgãos” (REMOR, 2008, P. 76).

c)Auditoria Analítica

Segundo Caleman, Moreira e Sanchez (1998 apud Bristot, 2008), as

atividades de auditoria concentram-se com maior frequência, na área de prestação

de serviços, entendendo que nesse âmbito envolve-se ás normas de acesso,

diagnóstico, tratamento e reabilitação. Essas atividades consistem em controlar e

avaliar o grau de atenção prestado pelo sistema, comparando-a com o modelo

definitivo. Segundo os autores acima citados, quando se fala em avaliar, aspectos

específicos e também do próprio sistema, a auditoria será analítica, no entanto se for

controlar, esta será operacional.

A auditoria analítica tem a função de analisar documentos, registros, contratos

e números produzidos pela área administrativa. Ela é uma auditoria que visa à

19

verificação das ações frequentes nos planos e aplicações de recursos conforme

planejado pelos gestores nas três esferas de governo (BRISTOT, 2008).

Assim, segundo o Ministério da Saúde (2010), para realizar esses

procedimentos que consistem em analisar relatórios e documentos é necessário que

o auditor tenha conhecimento das normativas do SUS (Manuais do SIA e do SIH,

entre outros presentes no site no MS) e das tabelas de procedimentos também

presentes na rede.

A auditoria analítica, como o próprio termo indica requer do auditor a

competência para a análise e reflexão sobre os dados coletados e para isso ele,

necessariamente, precisa estar por dentro de toda a gama de informações que

possam subsidiar sua prática.

d)Auditoria de Gestão “A auditoria de Gestão fornece uma análise da empresa ou organismo auditor,

e determina a aptidão da equipe, incluindo uma avaliação individual de cada

executivo e sua adequação à estratégia da organização”. (GRATERON, 1999, p.1

apud BRISTOT, 2008 ).

Segundo o mesmo autor acima citado, as auditorias de gestão são vistas

como uma revisão e avaliação da qualidade e da oportunidade da informação. Elas

podem ser realizadas por auditores gerenciais, internos ou externos e também pelo

órgão fiscalizador. A auditoria de gestão publica é fundamental para avaliar a

adequação dos programas e a existência de um controle efetivo sobre as receitas e

despesas. Ela também pode ser utilizada para avaliar se as oportunidades

20

oferecidas são aproveitadas de forma eficiente, eficaz e econômica, com objetivo de

oferecer maior qualidade aos serviços prestados, satisfazendo as necessidades dos

clientes.

Para Cordeiro (2010), dentro da filosofia da auditoria de gestão, destaca

como objetivos principais:

a). Participação da auditoria interna em todos os momentos empresariais:

ficando claro que o responsável pela auditoria interna deve participar de comitês de

negócios, grupos de planejamento estratégico, reuniões da qualidade, de forma que

ele ficasse totalmente integrado e obtivesse conhecimento detalhado das atividades

desenvolvidas na empresa, principalmente quando as mesmas estivessem

relacionadas às tomadas de decisões.

b). Foco da “atividade de auditoria” com participação inovadora: evidenciasse

a importância de haver ciclos de estudos internos nas empresas, esclarecendo o

que é e quais os objetivos da “atividade de auditoria”, e que os mesmos deveriam

ser disponibilizados tanto para funcionários quanto para os gestores, tornando-se

assim viável a discussões tanto no aspecto preventivo ou não dentro do ambiente de

cada organização.

c). Avaliação de indicadores não monetários: a auditoria de gestão deve ter

como foco o estabelecimento de padrões de excelência empresarial, através de

avaliação sob novas perspectivas, que não estejam voltadas para necessariamente

estejam voltadas para itens monetários.

21

e)Auditoria Contábil

Segundo Brandi (2007) a auditoria contábil, nada mais é do que a inclusão da

auditoria na área empresarial. Ela tem a função de adequar a eficácia dos controles,

integridade e confiabilidade das informações e registros, visando assegurar aquilo

que está definido pelas políticas, metas, planos e procedimentos, e compatibilidade

das operações e programas com os objetivos e metas de execução estabelecidas.

É necessário ressaltar de acordo com diversos autores, dentre eles Furaco e

Albuquerque (2004), a auditoria teve seu inicio no século XII na área contábil. Foi na

Inglaterra com a Revolução Industrial que essa ferramenta teve seu maior

desenvolvimento, pela sua implantação em grandes empresas e tendo

continuidades até os dias atuais.

Yoshitake (2009) deixa claro que a expressão “auditoria contábil”, pressupõe

que a relação entre auditoria e contabilidade. De acordo com ele a contabilidade

produz informações que podem oferecer subsídios que podem ser quantificados, é

passível de verificação e haver critério que possa ser utilizado nesse confronto. Ou

seja, o autor explica que o auditor precisa conhecer a contabilidade para poder

avaliar a informação e comunicar o resultado de sua opinião para terceiros de forma

critica e bem elaborada.

f)Auditoria Operacional

Para Araújo (2008) a Auditoria Operacional ou Performance Audit, como a

denominam os americanos, é a análise e avaliação do desempenho de uma

22

organização, ampla ou restrita ou seja pode ser de uma forma geral ou em partes,

cujo objetivo seja formular recomendações e pareceres que contribuirão para

melhorar os aspectos de economicidade, eficiência e eficácia. Essas ações podem

ser executadas no seu conjunto, ou de forma segregada, como é mais usada.

Auditoria operacional é o conjunto de procedimentos aplicados, com base em normas profissionais, sobre qualquer processo administrativo com o objetivo de verificar se eles foram realizados em observância aos princípios da economicidade, da eficiência, da eficácia e da efetividade. Portanto, o auditor, ao executar uma auditoria operacional, deverá emitir um relatório apresentando seus comentários sobre se a administração adquiriu seus insumos com qualidade e ao menor custo, se eles foram bem utilizados e no tempo certo, se os resultados propostos foram alcançados, assim como comentários sobre o impacto ocasionado pelo uso desses insumos (ARAÚJO, 2008, p. 31).

Conforme o próprio nome sugere, a auditoria operacional cabe a verificação

in loco, assim, os auditores vão ao local verificar as informações comparando-

as com os dados levantados pela auditoria analítica. Pode-se evidenciar que “A

auditoria operacional busca conhecer a ‘funcionalidade’ do sistema e não apenas

se ele existe em conformidade com as normas.” (SÁ, 2002, p. 449).

Das pesquisas de Araujo, pode-se destacar:

A auditoria operacional consiste em revisões metódicas de programas, organizações, atividades ou segmentos operacionais dos setores público e privado, com a finalidade de avaliar e comunicar se os recursos da organização estão sendo usados eficientemente e se estão sendo alcançados os objetivos operacionais. Resumindo, a auditoria operacional é um processo de avaliação do desempenho real, em confronto com o esperado, o que leva, inevitavelmente, à apresentação de recomendações destinadas a melhorar o desempenho e a aumentar o êxito da organização. (...) Emprega-se “auditoria operacional” como expressão genérica, amplamente reconhecida, aplicável tanto no setor público quanto ao privado e que transmite convenientemente a todos os interessados o significado do trabalho. (HALLER, 1985 apud ARAÚJO, 2008, p. 33).

23

No decorrer das pesquisas verifica-se que existem vários tipos de auditoria. A

diferença entre auditoria operacional e auditoria contábil, por exemplo, é que

enquanto a auditoria operacional irá responder a uma questão específica sobre

desempenho ou sobre resultado de programas desenvolvidos, a auditoria contábil

objetivará emitir uma opinião sobre a adequação de demonstrações contábeis, em

conformidade com os princípios fundamentais de contabilidade. (ARAÚJO, 2008).

Segundo Costa (1995), o incremento das atividades empresariais ampliou a

área de exame dos auditores internos. Além dos aspectos financeiros, ela passou a

abarcar também os aspectos relacionados com as questões operacionais. Daí a

expressão auditoria das operações ou operacional para designar um

“aprofundamento do âmbito da auditoria interna”. Todavia, não corroboramos o

entendimento de considerar auditoria operacional e auditoria interna como

expressões sinônimas, pois o conceito da primeira está relacionado ao objetivo do

trabalho, podendo ela ser realizada tanto por auditores internos quanto externos.

Para Matos (2009, p.10), embora já se observe alguns estudos sobre a

evolução da auditoria operacional mundialmente, ainda são escassos aqueles que

aprofundam na utilização da metodologia, fazendo com que seja pouca a literatura

sobre o tema. A compreensão da viabilidade maior para esse tipo de ação, deve-se

ao fato de que esse trata-se de um processo contínuo e mais abrangente, isso de

acordo com uma linha de pesquisa na área.

Albuquerque (2006 apud Matos, 2009) faz o seguinte comentário:

diferentemente das auditorias tradicionais, nas quais os procedimentos e rotinas são

perfeitamente definidos e os auditores executam, muitas vezes, programas-padrão,

nas auditorias operacionais o planejamento é dinâmico, flexível e contínuo,

estendendo-se por todo o curso dos trabalhos.

23

De acordo com Santos et al (2003), As auditorias operacionais diferem das

auditorias tradicionais, nas quais os procedimentos e rotinas são perfeitamente

definidos e os auditores executam, muitas vezes, programas-padrão. Nelas o

planejamento é dinâmico, flexível e contínuo, estendendo-se por todo o curso dos

trabalhos.

De acordo com a Organização Internacional das Entidades Fiscalizadoras

Superiores (INTOSAI, 1995), auditoria operacional é “a auditoria de economicidade,

eficiência e eficácia com que a entidade auditada utiliza seus recursos no

desempenho de suas atribuições”. Ainda completa que a auditoria operacional

objetiva determinar:

- se a administração desempenhou suas atividades com economicidade, de acordo

com princípios, práticas e políticas administrativas corretas;

- se os recursos humanos, financeiros e de qualquer outra natureza são utilizados

com eficiência, incluindo o exame dos sistemas de informação, dos procedimentos

de mensuração e controle do desempenho e as providências adotadas pelas

entidades auditadas para sanar as deficiências detectadas;

- a eficácia do desempenho das entidades auditadas em relação ao alcance de seus

objetivos e avaliar os resultados alcançados em relação àqueles pretendidos.

A Portaria no 63/96 do Tribunal de Contas da União (TCU) apresenta a

seguinte definição para a auditoria operacional: Auditoria que incide em todos os

níveis de gestão sob o ponto de vista da economicidade, eficiência e eficácia, nas

fases da programação, execução e supervisão. A auditoria de natureza operacional

consiste na avaliação sistemática dos programas, projetos, atividades e sistemas

governamentais, assim como dos órgãos e entidades jurisdicionadas ao tribunal.

24

A auditoria de natureza operacional abrange duas modalidades: a auditoria de

desempenho operacional e a avaliação de programa. O objetivo da auditoria de

desempenho operacional é examinar a ação governamental quanto aos aspectos da

economicidade, eficiência e eficácia, enquanto a avaliação de programa busca

examinar a efetividade dos programas e projetos governamentais.

Ainda com esse pensamento de desempenho dentro da auditoria operacional,

pode-se destacar a seguinte definição:

Auditoria que verifica o “desempenho” ou “forma de operar” dos diversos órgãos e funções de uma empresa. Tal auditoria testa “como funciona” os diversos setores, visando, principalmente, a eficiência, a segurança no controle interno e a obtenção correta dos objetivos. (SÁ, 2002, p. 38).

A avaliação de desempenho tem sido objeto de estudos na área de gestão de

pessoas. Na prática organizacional, essa é uma questão controversa, por suas

próprias nuances. Assim, reconhece-se ser de suma importância a avaliação de

desempenho como ferramenta que permite a identificação das áreas de

aperfeiçoamento (BRANDÃO e GUIMARÃES, 2001)

A auditoria operacional é o exame objetivo e sistemático da gestão operativa

de uma organização, programa, atividade ou função e está voltada para a

identificação das oportunidades para se alcançar maior economicidade, eficiência e

eficácia, conforme texto a seguir:

As palavras em administração – economicidade, eficiência e eficácia – ganham uma conotação técnica. Representam formas de avaliar o desempenho de uma organização e têm definições diferenciadas. A economicidade refere-se à produção ao menor custo. A eficiência está diretamente relacionada com a utilização racional de recursos.

25 A eficácia corresponde à consecução dos resultados econômicos e sociais e interage com a eficiência. Em síntese podemos afirmar: eficiência é meio; eficácia é fim; eficiência é fazer bem; eficácia é fazer o que é certo. (ARAÚJO, 2008, p.40-41).

Segundo o mesmo autor resume os conceitos de economicidade, eficiência e

eficácia, que são os pilares da auditoria operacional, da seguinte forma: a)

Economicidade – é a capacidade de fazer, gastando pouco. É executar uma

atividade ao menor custo possível, ou seja, gastar menos; b) Eficiência – é a

capacidade de fazer as coisas direito. É apresentar um desempenho satisfatório sem

desperdícios, ou seja, gastar bem; c) Eficácia – é a capacidade de fazer as coisas

certas. É alcançar os objetivos ou metas previstas, ou seja, gastar sabiamente.

26

CAPÍTULO III

A AUDITORIA NO SUS: FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE

Se desejarmos honrar o sonho dos fundadores do SUS, não há outro caminho senão trabalhar para a superação do modelo de atenção piramidal, passivo, fragmentado. Daí nascerá uma rede horizontal integrada de serviços de saúde (unidades básicas, policlínicas, UPAs, laboratórios, farmácias, hospitais gerais, hospitais especializados) orquestrada por uma qualificada atenção primária. Afinal são as equipes de saúde da família que têm vínculos efetivos com as pessoas e as famílias. (PESTANA, 2008).

No novo organograma do Ministério da Saúde, estabelecido pelo Decreto nº

5974, de 2006 (de 29 de novembro de 2006), o Departamento Nacional de Auditoria

do SUS ficou ligado à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. O art. 30

desse decreto estabelece como função desse departamento a verificação, a

adequação, a resolubilidade e a qualidade dos procedimentos e serviços de saúde

disponibilizados à população. Essa verificação e os resultados obtidos, via de regra,

viabilizam não só o planejamento como também a estruturação e implementação

dos processos de auditoria.

Enquanto que as outras ferramentas utilizadas para a melhoria da gestão a

avaliação, o controle e a regulação – foram reunidas no departamento de

Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas, sendo a Secretaria de Atenção à

Saúde (SAS). A responsável pelo acompanhamento, avaliação e coordenação, em

âmbito nacional, as atividades das unidades assistenciais do Ministério.

A auditoria na área de saúde tem dentre seus objetivos averiguar e analisar a

qualidade e eficiência nos serviços prestados pelo SUS definindo a importância do

SNA, na intermediação do modo de fazer a política de saúde com o cidadão que

27

demanda essa política. Nessa perspectiva, princípios burocráticos, como a

formalidade das rotinas e formulários, têm dado sustentação à administração pública

gerencial e colaborado na efetividade e otimização do SNA, sistema que procura

traduzir a sua eficiência em ações e serviços como subsídios para melhoria do SUS,

respeitando o interesse da coletividade, ao reconhecer o cidadão como contribuinte

de impostos e com direito ao acesso às ações e serviços de saúde. É o caminhar

em direção ao aprimoramento do SUS como uma política pública.

Para tanto se faz necessário analisar e promover uma reflexão sobre o que é

o Sistema Único de Saúde no Brasil.

Ainda sob a lógica da referida estrutura de gestão e financiamento, o SUS

transformou-se no maior projeto público de inclusão social em menos de duas

décadas: 110 milhões de pessoas atendidas por agentes comunitários de saúde em

95% dos municípios e 87 milhões atendidos por 27 mil equipes de saúde de família.

Em 2007, 2,7 bilhões de procedimentos ambulatoriais; 610 milhões de consultas;

10,8 milhões de internações; 212 milhões de atendimentos odontológicos; 403

milhões de exames laboratoriais; 2,1 milhões de partos; 13,4 milhões de ultra-sons,

tomografias e ressonâncias; 55 milhões de seções de Fisioterapia; 23 milhões de

ações de vigilância sanitária; 150 milhões de vacinas; 12 mil transplantes; 3,1

milhões de cirurgias; 215 mil cirurgias cardíacas; 9 milhões de seções de radio

quimioterapia; 9,7 milhões de seções de hemodiálise e o controle mais avançado da

Aids no terceiro mundo (SANTOS, 2009).

O entendimento do sistema de saúde pública do Brasil pode nos mostrar o

quadro de funcionamento da saúde, a partir disso ampliar a nossa percepção da

28

amplitude do sistema de financiamento nessa área e como atua a autoria no

processo de acompanhamento dos gastos e investimentos na área.

3.1 Conhecendo um pouco da história do SUS

A Constituição Federal de 1988 trouxe significativos benefícios para a

população, especialmente na área da saúde, quando foi idealizado o programa que

possibilitou o acesso da população ao sistema de saúde pública.

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado na Constituição de 1988 e

regulamentado pela Lei Orgânica de Saúde (Lei nº 8.080/90 e Lei 8.142/90). O

intuito do sistema é buscar garantir o acesso da população brasileira à saúde, como

proposta para minimizar as desigualdades de assistência de saúde no país. Essa

proposta se respalda nas leis prevista na Constituição que defende “que a saúde é

um direito de todos e dever do Estado” e, possui três princípios básicos:

“universalidade que determina a todos o acesso à saúde, sem discriminação de cor,

etnia, classe social ou outras características pessoais ou sociais; eqüidade que

objetiva diminuir desigualdades, tratando todos igualmente e; integralidade que

proclama o ser humano como um todo e não em partes, tendo que ser atendido em

todas as suas necessidades biopsicossociais em todos os níveis hierárquicos do

sistema”. (BRASIL, 2001).

O SUS é financiado e gerido por impostos e contribuições sociais com

contribuições da população e de arrecadação dos governos federal, estadual e

municipal. Cabe, portanto a esses mesmos governos redistribuir a quantia para

suprir as necessidades locais de recursos materiais e humanos e, quando esses

29

recursos não são suficientes, o SUS conta com a participação complementar do

setor privado por meio de contratos e convênios. (BRASIL, 2001).

A Reforma Sanitária que aconteceu no início dos anos 80 foi um dos

movimentos articuladores no processo de construção de SUS, dentre eles se

destaca o da Reforma Sanitária que encabeçou a luta pela viabilização do SUS -

sistema de saúde público pode-se afirmar que o SUS está instituído, mas a sua

legitimação depende de um esforço concentrado da sociedade brasileira.

(CANÔNICO e BRÊTAS, 2008).

A saúde, como direito constituído e garantido na Constituição Federal,

assegurado como um dever do Estado faz parte do texto da Lei Orgânica da Saúde

nº 8.080, de setembro de 1990, que regulamenta o SUS. Uma segunda lei, a 8.142,

de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do

SUS, instituindo duas instâncias colegiadas em cada esfera de governo (federal,

estadual e municipal): as Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde.

(BRASIL, 1990 apud MELO, 2008).

Na literatura encontram-se diversos estudos realizados, cujo objetivo é avaliar

o grau de satisfação de usuários dos serviços de saúde (SANTOS, 1995;

KLOETZEL et al MOIMAZ, 2010). Esse grau de satisfação permeia todos os âmbitos

envolvidos na prestação de serviço ao usuário da saúde pública, portanto envolve da

acolhida ao resultado final, que sempre deve ter o foco na qualidade e eficácia dos

serviços prestados.

A luta da população no sentido buscar seus direitos de acesso, da dignidade

humana, de humanização no atendimento, quais são os procedimentos a que ele

será submetido. E importante que o usuário seja esclarecido sobre sua condição de

30

saúde, sobre diagnóstico, prognóstico e terapêuticas, o que pode decorrer delas, a

duração do tratamento, a localização de sua patologia [...]. De consentir ou recusar

procedimentos ou tratamentos. (BRASIL, 2006)

De acordo com Backes (2009), é preciso que todos os atores sociais estejam

engajados e comprometidos, por meio de seus direitos e deveres, na luta pela

transformação da sociedade, para reforçar esses ideais cita a Carta dos Direitos dos

Usuários da Saúde. Entendendo o bem maior para a população ser a saúde, o

direito aos serviços de saúde de qualidade deve a meta das políticas públicas.

Soares, (1999 apud Bakes, 2009) destaca a relevância de compreender que o

SUS, por sua evolução de trajeto teve significativos avanços com o passar dos anos,

em sua proposta de atendimento alcançando mais benefícios e a ampliação

significativa em termos de cobertura e acesso aos seus usuários em todas as frentes

de disponibilidades. Graças a integração de Políticas Públicas na área de atenção e

saúde, o governo tem alcançado conquistas que são fundamentais ao bem estar e

saúde, e isso deve-se à articulação do Ministério Público com entidades civis na

defesa do caráter público do SUS, dessa forma tem possibilitado que se obtenha

possibilitando um sistema não mais de caráter emergencial, mas que o usuário

tenha garantido a continuidade de acesso, tratamento, benefícios e outras

vantagens na área da saúde, tanto preventiva quanto remediativa.

Na avaliação do usuário pelo Sistema Único de Saúde, no decorrer das

pesquisas de Moimaz (2010), destacamos alguns resultados negativos: a espera

prolongada para as consultas foi apontada como motivo número um. (KLOETZEL et

al., 1998 apud MOIMAZ, 2010), além da reclamação de não conseguir agendamento

31

de novas consultas, sabendo-se que essa prática auxilia e otimiza os serviços,

diminui o tempo de espera e evita longas filas.

O usuário tem apontado como indicador de qualidade o atendimento e o

desempenho profissional dos médicos, a acolhida e o interesse demonstrado no

atendimento, o que demonstra que a auditoria não se fundamenta somente nos

modelos de gestão ou na disponibilidade de material e acomodações, a prestação

de serviços é também um fator de verificação nas auditorias em saúde. O bom

atendimento, baseado na escuta do usuário, e o bom desempenho profissional é

fator determinante na confiabilidade do usuário e no vínculo do binômio usuário-

serviço de saúde. Esse vínculo otimiza o processo da assistência, permitindo que os

profissionais conheçam seus pacientes e as prioridades de cada um, facilitando-lhes

o acesso (MOIMAZ, 2010)

3.2 Auditoria no SUS: ferramenta de avaliação de eficiência e eficácia

Na área da saúde a auditoria foi introduzida no início do século XX, essa

ferramenta de verificação da qualidade da assistência, passou a ser desenvolvida

tendo como um dos recursos a análise de registros em prontuários. Atualmente, a

auditoria é adotada como ferramenta cujo objetivo é controlar e regulamentar a

utilização de serviços de saúde e, essa auditoria tanto pode acontecer na área

privada quanto na área pública especialmente na área privada, tem dirigido o seu

foco para o controle dos custos e da qualidade da assistência prestada. (PINTO e

MELO, 2010).

32

No Brasil, a auditoria médica e de enfermagem tem seus primeiros registros

na década de setenta e, é ainda, de forma inicial. Desde então, tem-se ampliado a

prática da auditoria em saúde, com uma progressiva absorção da mão-de-obra de

enfermeiras. Em 2001 as atividades desenvolvidas pela enfermeira auditora foram

aprovadas pelo Conselho Federal de Enfermagem através da Resolução n. 266/01

(COFEN, 2001 apud MELO e PINTO, 2010.

É preciso estar atento para o fato de que a auditoria não esta restrita ao setor

enfermagem/médica, mas a toda a área administrativa relacionada à organização e

estrutura de funcionamento do Sistema Único de Saúde. A prestação de serviço, às

compras e distribuição de material, agendamentos e contratação, dentre outros

inúmeros setores dos quais faz parte da máquina administrativa e funcional do

sistema.

Para o SUS (BRASIL, 1998), as ações de auditoria médico-administrativa

podem ser, basicamente, de três tipos:

a) tipo 1: auditoria analítica – baseia-se nas análises de relatórios,

documentos de acompanhamento dos serviços prestados, implantados, a fim de

controlar e avaliar o desempenho das Unidades de Saúde;

b) tipo 2: auditoria operacional – procede a verificação, “in loco”, quanto à

propriedade das informações obtidas para análises, coletando dados quantitativos

de resolubilidade e desempenho das unidades. Pode medir a eficiência e eficácia

das ações, a qualidade e o cumprimento das metas de programação e a satisfação

do usuário;

c) tipo 3: auditorias especiais – destinadas a orientar sobre processos na

apuração de denúncias, quando se referem a responsabilidades funcionais de maior

33

gravidade, cobranças indevidas ou alcance às verbas ou dinheiro público,

negligências, imperícias ou imprudências.

A auditoria, atualmente, se destaca como ponto de convergência de todos os

feitos, fatos e as informações originadas dos diversos segmentos de uma Unidade,

cuja finalidade é avaliar as informações no sentido de que sejam confiáveis,

adequadas, totais e seguras. Consequentemente, a execução de uma auditoria,

necessariamente, obriga-se a analisar os diversos segmentos da Unidade, assim

como os fatores externos que, de alguma forma, os influenciam, gerando dados para

análise.

O Sistema Nacional de Auditoria (SNA) veio a existir com a proclamação da

Constituição Federal de 1988, onde concebeu o Sistema Único de Saúde (SUS),

estabelecendo como tema central o acesso universal como um direito de todo

e qualquer cidadão brasileiro. E, juntamente com a Lei Orgânica da saúde nº.

8.080/1990, onde ela regulamenta o SUS e estabelece competências comuns às

três esferas de governo, ou seja, a definição das instâncias e mecanismos de

controle, de avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde no SUS na

esfera Federal, Estadual e Municipal. (BRASIL, 2007).

Segundo a Lei 8.080/90, em seu artigo 16, inciso XIX, na qual prevê a

criação do Sistema Nacional de Auditoria (SNA) e fundamenta como competência da

direção nacional do SUS “estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a

avaliação técnica e financeira do SUS em todo o território nacional, em cooperação

técnica com os estados, os municípios e o Distrito Federal”. (BRASIL, 2007, p. 140).

O SUS exige um Sistema de Auditoria que contemple as suas necessidades,

com ações Descentralizadas, Autônomas, Transparente, Integradas aos outros

34

Instrumentos de Regulação do Sistema como: Regulação do Acesso, Controle,

Monitoramento, Avaliação, Vigilâncias, Ouvidorias e outros. A Auditoria é um

Processo Dinâmico, Sistêmico e deve estar Interligado aos demais Processos de

Apoio à Gestão, inclusive de Programação e Planejamento.

A auditoria tem como proposta proteger o bem público, orientar os

profissionais de saúde que atuam no SUS e os gestores de saúde do Sistema Único

de Saúde, para garantir a eficiência do serviço prestado é o dever dos auditores.

Avaliar as dimensões da desigualdade em saúde – equidade, tem sido tema de

políticas pública em saúde, Conforme Viana (2003), essas reformas políticas

buscam responder as duas questões centrais: como otimizar os escassos recursos

destinados ao setor, e como organizar um sistema de saúde eficaz e com

capacidade suficiente para atender as necessidades de saúde da população.

3.3 Papel da Gestão na Auditoria

Dentre os atores envolvidos no processo de consolidação do SUS e o avanço

da Reforma Sanitária Brasileira encontra-se a figura do gestor. Em 2006, o Ministério

da Saúde ficou consolidada a relevância deste cargo pela criação do Pacto de

Gestão, que se propõe atingir metas sanitárias a serem alcançadas de acordo com

diferentes espaços territoriais. Cabe, portanto, ao gestor atuar na perspectiva de

assegurar que seja construído de um modelo de atenção em saúde, capaz de

responder aos desafios atuais de gestão e às necessidades da população, que se

encontra na sua responsabilidade.

No trabalho da gestão, outra habilidade a ser considerada, refere-se ao modo

como são estabelecidas as relações entre gestores e trabalhadores de saúde, “[...]

35

considerar os profissionais de saúde e os usuários como atores em potencial na

produção das ações de saúde, inclusive compreendendo-os como autônomos e co-

responsáveis do trabalho em saúde”. “O gestor também deve ser hábil para compor

consensos e alianças socialmente construídas, se contrapondo à racionalidade

gerencial burocratizada, normativa e tradicional” (BARRÊTO et al 2010, p. 304).

Considerando-se os vários fatores que contribuem para a forma como as

auditorias do serviço público de saúde vêm sendo desenvolvidas, essa pesquisa

propõe destacar as desvantagens do modelo atual como forma de alerta, oferecendo

os resultados da pesquisa como subsídios para novos estudos.

Dentro do que considera a auditoria convencional, os tipos de auditoria que

abrange a atuação dos enfermeiros são: auditoria prospectiva, concorrente, e

retrospectiva. A diversidade de modalidade refere-se aos vários objetivos aos quais

elas se propõem. .

As auditorias realizadas antes da ocorrência de um determinado evento, é

aquela auditoria preliminar ou prospectiva, ou ainda a pré-auditoria. Compete ao

enfermeiro auditor, juntamente, com a equipe multidisciplinar, a análise das

solicitações e as autorizações, desencadeando o processo de emissão das guias ou

documentos, comprovantes de autorizações. Essa fase tende a ser bem gerenciada,

para evitar problemas operacionais futuras nas seguintes fases (concorrente e a

retrospectiva) (PAES & MAIA, 2005)

O papel do auditor, que tem um papel fundamental nessa fase contribui como

suporte técnico operacional para a equipe multidisciplinar, sendo que nas reuniões

de negociações quando se trata de acordos de contratos, definições de taxas,

pacotes, tabelas de materiais e medicamentos, cadastros de OPMES, ressaltando a

36

sua atuação em instituições hospitalares ou operadoras de planos de saúde.

Nessas ações busca-se um atendimento de qualidade nessas negociações,

procurando sempre ser satisfatórias para ambas as partes já que se faz necessária

que a finalização dos processos, preferencialmente,devem ser de forma satisfatória

para ambos.

37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A auditoria, embora tenha registros datados e 2600 aC., somente no séc. XII

ganha essa denominação. Na Revolução Industrial se desenvolve, mas ainda

relacionada à área de contabilidade. No setor da saúde ela teve início nos Estados

Unidos, no início do século XX, quanto teve o objetivo de verificar a qualidade da

assistência prestada, como instrumento de aperfeiçoamento de programas e

serviços de saúde, cujo foco é a economicidade, eficiência e eficácia dos programas.

Para entender o papel da auditoria na gestão pública é fundamental destacar

as contribuições de Waitsman, Rodrigues e Paes-Souza (2006, p. 22 apud Melo,

2008 ), a auditoria é uma avaliação em que o principal objetivo é “a qualidade dos

serviços prestados no campo da saúde”, tendo em vista que a qualidade da atenção

à saúde depende de alguns requisitos nas dinâmicas sejam cumpridos pela

prestadora, à competência profissional dos envolvidos e a estrutura e funcionamento

das instituições.

A auditoria no âmbito da administração pública, como atividade de pesquisa,

visa buscar soluções para problemáticas relacionadas à eficiência, efetividade,

resultados, formulações e implementações de programas. O gestor constitui peça

central no processo de auditoria e análise desenvolvidas no processo, pois cabe a

ele a responsabilidade da gestão que esta sendo desenvolvida.

A auditoria de natureza operacional tem a propriedade de verificar in loco do

cenário dos procedimentos, atividades e as condições de estrutura e funcionamento

das instituições, no caso do funcionamento de saúde, avalia essencialmente tudo o

que está relacionado à eficiência e eficácia da assistência ao usuário, isso envolve:

38

atendimento, disponibilidade, qualidade, efetividade, atendimento às normas e leis,

adesão às políticas públicas de saúde, dentre outras ações.

É preciso deixar claro que as auditorias não se prendem somente aos dados

quantitativos, antes a avaliação tem uma abordagem qualitativa, pois pode ser

inseridas com êxito nas pesquisas sociais, tendo em vista que essencialmente

avaliam a satisfação e a qualidade do serviço prestado aos usuários, envolvendo

recursos humanos, materiais, tecnológicos, infraestrutura, dentre outros aspectos

observados.

Baseada na revisão da literatura pode-se concluir que auditoria é uma ação

de avaliação sistemática e formal de alguma atividade, função, programa ou gestão,

realizada por profissionais designados, com competência comprovada para a função

e, que não estejam envolvidos diretamente na sua execução, para avaliar se a

atividade esta sendo realizada de acordo com os objetivos, aos quais foram

propostas. Ou ainda, a partir de suas averiguações fornece subsídios para análise

sobre a qualidade da organização, decisões a serem tomadas, dentre outras

constatações. A auditoria tem como meta alertar sobre problemas, limitações ou

deficiências, assim como apontar alternativas de correção ou de ações preventivas.

39

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