A Grande Farsa Da Tributação e Da Sonegação - Deoni Pellizzari

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Livro que trata da tributação, da sonegação e da corrupção como fenômenos diretamente relacionados entre si e com o grande Capital.

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  • A GRANDE FARSA DA TRIBUTAO E DA SONEGAO

    AUTOR: DEONI PELLIZZARI

    Rua Francisco Petuco, 140/apto.1003- Boa Vista

    CEP: 90520620 Porto alegre - RS

    Fone: (51) 3328.7475 - Residencial

    (51) 3224.1811 Profissional

  • (1a orelha)

    A Grande Farsa da Tributao e da Sonegao um livro

    chocante. Choca pelo que revela, pelo que desnuda, pelo que

    desmistifica. Choca pela sua linguagem direta, sem meios termos,

    apontando com preciso os caminhos e descaminhos do fisco num pas

    onde a carga tributria s faz aumentar a desigualdade social.

    Baseado na experincia do autor, que fiscal de tributos

    estaduais no Rio Grande do Sul, o livro revela por dentro uma

    realidade muito comentada mas pouco conhecida da populao.

    Desnuda corajosamente essa realidade e, por fim, desmistifica o

    que h de fantasia em torno dela.

    Disso tudo, brotam pelo menos duas teses inovadoras para a

    anlise do capitalismo no Brasil: a sonegao como forma de

    concentrao de renda e a sonegao como base da corrupo. Alm

    disso, traz uma concepo diferenciada a respeito da tributao no

    pas, taxando-a como mais um mecanismo de opresso sobre os

    assalariados.

    Outro mrito de A Grande Farsa da Tributao e da Sonegao,

    que esse talvez seja o primeiro trabalho que trata do fisco

    nacional de forma abrangente e, note-se, sob o ponto de vista dos

    contribuintes. Para isso, o autor aborda o tema de maneira simples

    e direta, abdicando da linguagem jurdica, analisando exemplos

    concretos e assumindo uma postura de defesa dos nicos e

    verdadeiros contribuintes - segundo a sua tese: os consumidores.

    (2a orelha)

    Deoni Pellizzari nasceu em Nova Bassano, interior do Rio

    Grande do Sul, em 1955. Formou-se em Administrao de Empresas

    pela Faculdade Porto-Alegrense de Cincias Contbeis e

    Administrativas em 1982. Seis anos depois concluiu tambm o curso

    de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

    Atualmente cursa a Escola Superior da Magistratura do RS. Passou

    por diversas empresas privadas, tanto no seu Estado quanto no

    centro do pas. Foi funcionrio concursado do Banco do Brasil. H

    quatro anos Fiscal de Tributos Estaduais do Estado do Rio Grande

    do Sul, mais conhecido como Fiscal do ICM, tendo exercido sua

    funo em vrias cidades gachas.

    AGRADECIMENTO

  • Nossos agradecimentos pela colaborao aos colegas e amigos Adagir

    Stradiotto, Jacques Tvora Alfonsin, Joo Batista Mezzomo, Jorge

    Humberto Pozza, Landro Oviedo, Luis Antnio Maia, Naira De Marchi

    Stradiotto, Slvio Melatti, Walmir Blanco e, em especial,

    colega, esposa e companheira Raquel M. Pirovano.

    N D I C E

    INTRODUO

    CAPTULO 1 - TRIBUTO - NOES BSICAS

    1.1 - Evoluo histrica

    1.2 - Conceito

    1.3 - Imposto

    1.3.1 - Diretos e indiretos

    1.3.2 - Progressivos e regressivos

    1.3.3 - Federais

    1.3.4 - Estaduais

    1.3.5 - Municipais

    1.4 - Algumas concluses generalizadas sobre os

    impostos

    1.5 - Taxas

    1.6 - Contribuio de melhoria

    1.7 - Contribuies sociais ou parafiscais

    1.7.1 - Para a seguridade social

    1.7.2 - Para as entidades profissionais ou

    econmicas

    1.8 - Emprstimos compulsrios

    CAPTULO 2 - CARGA TRIBUTRIA

    2.1 - No Brasil e no exterior

    2.2 - Servios pblicos

    2.3 - Distribuio da carga tributria por classe de

    renda

    2.4 - Carga tributria e o empresariado

    CAPTULO 3 _ QUEM PAGA A CONTA?

    CAPTULO 4 - FUGA TRIBUTRIA

    4.1 - Cumprimento das leis tributrias

    4.2 - Eliso tributria

    4.3 - Evaso tributria (sonegao)

    CAPTULO 5 - QUEM SONEGA

    5.1 - S sonega quem pode

    5.2 - Assalariado

    5.3 - Produtores rurais

    5.4 - Profissionais liberais

  • 5.5 - Empresas pequenas e microempresas

    5.6 - Empresas mdias

    5.7 - Empresas grandes

    5.8 _ Multinacionais

    5.9 - Atividades ilcitas

    CAPTULO 6 - COMO SONEGAM

    6.1 - Estratgia mais comum

    6.2 - Outras estratgias

    CAPTULO 7 - SONEGAO COMO FORMA DE MANUTENO DO PODER POLTICO

    PELO PODER ECONMICO

    7.1 _ Manuteno do poder

    7.2 - "Caixa 2"

    7.3 - "Caixinha"

    7.4 - Disputa eleitoral

    7.5 - Favores pblicos

    7.6 - O Estado, mau gestor?

    CAPTULO 8 - SONEGAO COMO FATOR DE CONCENTRAO DE RENDA

    8.1 - Concentrao

    8.2 - Capital de giro

    8.3 - A sonegao, sempre lucrativa

    8.4 - Os valores sonegados so desviados da empresa

    8.5 - Concordata/Falncia

    CAPTULO 9 - SONEGAO: A BASE DA CORRUPO

    9.1 - Corrupo

    9.2 - Quem so os corruptos

    9.3 - Tipos de corrupo

    9.3.1 - Corrupo fsica

    9.3.2 - Corrupo ideolgica

    9.4 - Quem ganha e quem perde com a corrupo

    9.5 - A quem interessa a corrupo

    9.6 - Corrupo privada

    9.6.1 - Mordomias

    9.6.2 - Outros exemplos de corrupo privada

    9.7 - A sonegao, a base da corrupo

    CAPTULO 11 - TRIBUTAO E IDEOLOGIA

    10.1 - A fora da ideologia

    10.2 - "A tributao, muito alta"

    10.3 - "A tributao, odiosa"

    10.4 - "No vale a pena pagar impostos, pois o

    Estado gasta mal"

    10.5 - "Para qu pagar os impostos se o Estado,

    corrupto e ineficiente"

    10.6 - "O leo, voraz"

    10.7 - "Sonegar para a economia crescer"

    10.8 - "Quem no sonega no fica rico"

    10.9 - "Tem que sonegar para poder competir"

    10.10 - "Lei do Gerson"

  • 10.11 - "Sentimento prprio de rebeldia"

    10.12 - O mito: "a galinha dos ovos de ouro"

    CAPTULO 11 - ECONOMIA INFORMAL

    11.1 - O que, economia informal

    11.2 - Fbrica de fundo de quintal

    11.3 - Microempresa

    11.4 - Mo-de-obra informal

    11.5 - Economia ilcita

    11.6 - Dlar paralelo

    11.7 - Ttulos ao portador e contas numeradas

    CAPTULO 12 - SONEGAO COMO DELITO PENAL

    12.1 - Sonegao, crime

    12.2 - O crime de sonegao nos pases desenvolvidos

    12.3 - A certeza da impunidade

    12.4 - Risco, e no ganho certo

    12.5 - Publicidade

    CAPTULO 13 - FISCALIZAO

    13.1 - Funcionalismo pblico

    13.2 - Fisco

    13.3 - Como a fiscalizao estadual atua

    13.4 - Envolvimento

    13.5 - Escolha da empresa a ser fiscalizada

    13.6 - Visita fiscal

    13.7 - Auditoria fiscal

    13.8 - Presses

    13.9 - "Acerto"

    13.10 - Falncia

    13.11 - Cobrana do crdito tributrio

    13.12 - Funo social do fisco

    13.13 - Reconhecimento e valorizao da funo

    fiscal

    CAPTULO 14 - CONCLUSO

    BIBLIOGRAFIA

    I N T R O D U O

    Quem quiser entender a tributao e a sonegao no Brasil,

    ter uma tarefa rdua pela frente. Praticamente no existem obras

    que tratem do assunto. As poucas que existem trazem uma

    interpretao legal, atrasada e conservadora.

    Como Fiscal de Tributos Estaduais, no poderamos deixar de

    fazer uma reflexo sobre a tributao, a sonegao e seus efeitos

    econmicos e sociais, sob pena de no entendermos a funo e,

  • conseqentemente, no desempenh-la adequadamente. evidente que,

    ao se analisar a tributao, principalmente sob o ponto de vista

    de um agente fiscal, a funo do fisco, seus dilemas, conflitos e

    contradies, bem como a sua funo social, o seu reconhecimento

    ou seu repdio pela sociedade, fazem parte deste contexto. Foi

    justamente no exerccio desta profisso, no dia a dia, que surgiu,

    para ns, a realidade da tributao nacional.

    Aos poucos comeamos a constatar o total desconhecimento, por

    parte da grande maioria dos contribuintes de fato, os

    consumidores, de como funciona a tributao neste pas, quais so

    os tributos, quanto eles representam, quem paga, como paga, quem

    recolhe ao cofres pblicos, quem se beneficia, quem sonega, etc.

    Desconhecimento aliado a uma infinidade de inverdades, tabus,

    mistificaes, fraudes e demais distores do sistema, criando

    essa verdadeira farsa que a tributao e a sonegao vigente.

    Agravando, em suma, a crise moral, tica e jurdica que estamos

    vivendo.

    Neste processo de vivncia da realidade e a necessidade

    pessoal de entend-la, buscamos, atravs da pesquisa e da

    reflexo, o sentido dos atos e fatos tributrios e suas

    conseqncias polticas, econmicas e sociais. Assim, chegamos s

    concluses que agora expomos, para o conjunto da sociedade, como

    forma de colaborao ao debate e ao entendimento deste tema, to

    importante para ela prpria.

    Pretendemos com esta publicao o desencadeamento de uma

    discusso na sociedade a respeito da tributao, sonegao,

    corrupo e seus efeitos reais. Em especial, gostaramos que o

    fisco, de um modo geral, fizesse uma reflexo e uma discusso da

    funo, do ponto de vista social, tico, moral e jurdico e

    descobrisse a sua importncia para o grupo social e a

    desempenhasse com lisura, independncia e eficcia, recebendo, com

    isso, o reconhecimento e a valorizao social to almejada.

    Obviamente, a discusso proposta de nada adianta se a sociedade

    no a fizer tambm, sobretudo os governantes e os polticos, assim

    como os consumidores, que so os que realmente suportam a carga

    tributria.

    (Captulo I)

    TRIBUTO - NOES BSICAS

    1.1 - Evoluo histrica

    A origem do tributo muito antiga, e a variao no tempo e

    no espao foi relativa a quem cobrou, quem pagou, como pagou e

    quanto pagou. Os primeiros tributos foram cobrados na antiguidade,

    quando os vencidos de guerra eram forados a entregar parte ou a

  • totalidade de seus bens aos vencedores. Aps essa poca, comeou a

    cobrana pelos chefes de estado de parte da produo dos sditos,

    por conta de tributos. Surgindo, portanto, o embrio do

    entendimento de que o tributo a contribuio dos particulares

    para a manuteno do Estado.

    Na Idade Mdia os tributos eram cobrados como se fossem uma

    ddiva dos servos para atendimento das despesas governamentais.

    Com a evoluo das concepes de Estado e a criao das cartas

    constitucionais, passaram a ser definidos como a contribuio dos

    administrados para a manuteno deste Estado, a fim de que promova

    o bem estar social

    Hoje, com uma base terica mais elaborada, e amparado por

    leis, o sistema tributrio brasileiro atual no inova em essncia:

    a classe dominante cobra tributos dos dominados pelo poder que

    tem, com o objetivo de ter mais poder e se manter sempre

    dominante, mesmo que para isso use da justificativa de que o que

    cobra destina-se s despesas do Estado na realizao do bem comum.

    Este , na prtica, o bem comum da classe dominante, e no de toda

    a populao.

    1.2 - Conceito

    O Cdigo Tributrio Nacional, ainda na verso de 1966 (sem a

    regulamentao prevista na nova Constituio Federal de 1988), em

    seu artigo 3, assim conceitua o tributo:

    "Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou

    cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato

    ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade

    administrativa plenamente vinculada."

    J o Modelo de Cdigo Tributrio para a Amrica Latina,

    da OEA/BID de 1967, no artigo 13, traz um conceito mais incisivo:

    "Tributo a prestao em dinheiro que o Estado, no exerccio

    de seu poder de imprio, exige com o objeto de obter recursos para

    o cumprimento de seus fins."

    No Brasil os tributos so compostos pelos impostos, taxas e

    contribuies de melhoria. So equiparados a eles as contribuies

    sociais ou parafiscais e os emprstimos compulsrios. A seguir

    veremos as caractersticas principais de cada um deles.

    1.3 - Imposto

    O imposto o tributo por excelncia. Sendo to importante

    que, por seu volume de arrecadao em relao aos demais tributos,

    normalmente confundido com o prprio tributo. comum se tratar

    o gnero (tributo), pela espcie (imposto). Em nosso trabalho, a

    anlise maior recai sobre os impostos e as contribuies sociais

    ou parafiscais, pois abrangem quase a totalidade dos recursos

  • arrecadados pelo poder pblico. O Cdigo Tributrio Nacional (CTN)

    de 1966, em seu artigo 16, assim define o imposto:

    "Imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma

    situao independente de qualquer atividade estatal especfica,

    relativa ao contribuinte."

    Alm do CTN existe uma infinidade de juristas e doutrinadores

    que tm outras definies de imposto. Vejamos dois:

    "Imposto a prestao exigida obrigatria e unilateral pelo

    Estado, ao indivduo, para cobrir as despesas feitas no interesse

    comum, sem levar em conta vantagens particulares que possa auferir

    como contribuinte." (Walter Paldes Valrio)

    "Imposto o processo de repartio dos encargos pblicos

    entre os cidados." ( Trotabas )

    Enfim, impostos so os recursos que o poder pblico toma dos

    administrados, sem contraprestao especfica, e que servem para

    custear suas atividades.

    1.3.1 - Diretos e indiretos tributrio

    Os impostos podem ser classificados em diretos e indiretos.

    Os diretos so aqueles que a pessoa que sofre o nus, que paga na

    realidade (contribuinte de fato) a mesma que recolhe aos cofres

    pblicos (contribuinte de direito). Ou seja, o contribuinte de

    fato o contribuinte de direito. So impostos diretos: Imposto

    de Renda (IR - somente na parte paga atravs da declarao da

    Pessoa Fsica); Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural

    (IPTR); Imposto sobre a Propriedade de Veculos Automotores

    (IPVA); Imposto de Transmisso "Causa Mortis" (ITCD); Imposto

    sobre a Transmisso "Inter Vivos" de Bens Imveis (ITBI); e o

    Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

    Os impostos indiretos so aqueles em que o contribuinte de

    fato no o mesmo que o de direito. Ou seja, quem recolhe o

    imposto aos cofres pblicos no quem o paga na realidade. O

    exemplo clssico o ICMS, em que o consumidor (contribuinte de

    fato), ao comprar uma mercadoria, paga o imposto ao comerciante

    (contribuinte de direito), e este fica com o dinheiro at o prazo

    estipulado, quando ento recolhe ao poder pblico. Portanto, o

    contribuinte de direito um mero depositrio do imposto. falsa

    a idia de que ele (normalmente as empresas), quem paga o ICMS.

    Pelo contrrio, cobra do consumidor e recolhe ao Estado, sendo na

    realidade o consumidor quem paga, quem sofre o nus do imposto.

    Assim acontece com todos os demais tributos indiretos.

    A grande maioria dos impostos so indiretos. No Brasil, em

    termos de volume de recursos, os impostos indiretos representam em

    torno de 95% da carga tributria. Os existentes aps a nova

    Constituio so: Imposto sobre a Importao de Produtos

    Estrangeiros (IIMP); Imposto sobre Exportao de Produtos

  • Nacionais ou Nacionalizados (IEXP); Imposto sobre Produtos

    Industrializados (IPI); Imposto de Renda e proventos de qualquer

    natureza (IR - imposto de renda pessoa jurdica e o imposto de

    renda pessoa fsica retido na fonte dos assalariados e o imposto

    de renda pessoa fsica dos profissionais liberais); Imposto sobre

    Operaes Financeiras e Seguros ou relativas a ttulos ou valores

    mobilirios (IOF); Imposto sobre operaes relativas Circulao

    de Mercadorias e sobre Servios de transportes interestadual e

    intermunicipal e de comunicao (ICMS); Adicional de Imposto de

    Imposto de Renda (AD/IR - na parte devida pelas empresas); Imposto

    sobre a Venda a Varejo de Combustveis e lubrificantes (IVVC) e

    Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza (ISSQN). Alm de todos

    os impostos, a princpio diretos, e que so cobrados pelas

    empresas ou profissionais liberais, junto com seus produtos ou

    servios, e por eles recolhidos.

    Muitos autores no classificam o Imposto de Renda Pessoa

    Jurdica (IR/PJ) como indireto, por entenderem que a empresa

    recolhe-o depois de calculado o lucro bruto e, em conseqncia,

    no repassa o seu custo. No concordamos com este entendimento por

    estarmos convictos de que, no Brasil, onde no existe um sistema

    de controle de custos pela populao, estes so invariavelmente

    repassados aos preos, transformando-se em imposto indireto. Mesmo

    no constando no balano como custo, o IR/PJ, repassado, pois

    quando o empresrio estipula suas metas de resultados computa a

    previso do IR para calcular seus preos. Ou seja, o empresrio

    quer ter um lucro lquido, no fim do ano, de "x" . Para tal,

    estipula o preo de venda como sendo "x", mais o custo de

    produo, gastos gerais, impostos, incluindo o IR/PJ previsto. No

    fim do ano pagar tudo, inclusive o IR/PJ, e sobrar o "x"

    estipulado. Tanto verdade que houve at demandas judiciais em

    funo de o governo ter alterado os valores do IR/PJ durante o

    exerccio. As empresas alegaram, entre outras coisas, que no

    incio do ano no estava prevista esta alterao, e que elas no

    tiveram condies de planejar suas atividades e projetar seus

    preos, sentindo-se prejudicadas com isso. O deputado Jos Serra,

    que foi o relator da Comisso do Sistema Tributrio do Congresso

    Constituinte, em entrevista ao jornal Folha de So Paulo, na

    edio do dia 10 de maio de 1987, diz "... Porque hoje o Imposto

    de Renda Pessoa Jurdica se transformou praticamente num imposto

    indireto, que onera o consumo, porque transferido para o preo".

    1.3.2 - Progressivos e regressivos

    Impostos progressivos so os que gravam mais os que ganham

    mais e gravam menos os que ganham menos, isto , so impostos com

    alquotas diferenciadas e que vo aumentando conforme a capacidade

    econmica do contribuinte. No Brasil, esse princpio muito pouco

  • utilizado e somente em alguns impostos est prevista a

    progressividade, como no ITBI de alguns municpios e no Imposto de

    Renda Pessoa Fsica (IR/PF), apesar que, neste ltimo, a medida

    ser muito tmida, pois s diferencia trs faixas de capacidade

    contributiva. Este um dos princpios mais justos e que deveria

    ser observado em todos os impostos, a exemplo dos pases

    desenvolvidos.

    Os regressivos so aqueles estipulados sem considerar o poder

    aquisitivo ou a capacidade contributiva dos contribuintes. Este

    princpio utilizado nos impostos indiretos que gravam os

    produtos e os servios, independentemente de quem vai compr-los.

    A carga tributria estipulada para os produtos e servios, e no

    para os contribuintes que iro consumi-los. Com isso, quem gasta

    tudo o que ganha no consumo de produtos e servios, a maioria dos

    assalariados, tem uma carga tributria, percentualmente ao seu

    ganho, muito maior do que aqueles que fazem poupana ou

    investimentos. A conseqncia do imposto regressivo que, quanto

    menor a remunerao do indivduo, tanto maior a proporo da

    carga tributria sofrida. Como J dissemos, a maioria dos impostos

    no Brasil so indiretos e de carter regressivo, penalizando mais

    os pobres do que os ricos. O que uma injustia fiscal e social.

    1.3.3 - Federais

    1.3.3.1 - IR / Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza

    O imposto de renda se divide em Imposto de Renda Pessoa

    Jurdica (IR/PJ) e Imposto de Renda Pessoa Fsica (IR/PF). O IR/PJ

    devido sobre o lucro lquido das empresas num percentual de 30%,

    em regra geral, que pode ser adicionado de mais 5 ou 10%,

    dependendo do lucro. Ele representa em torno de 40% do total de IR

    arrecadado pela Unio. Como J vimos, este imposto, que em

    princpio deveria ser um imposto direto, torna-se indireto pelo

    repasse do seu custo pelas empresas. Quem paga o IR/PJ so os

    consumidores dos produtos e servios das empresas que apresentam

    lucros contbeis, e estas so responsveis pelo recolhimento aos

    cofres do tesouro nacional.

    J o IR/PF pode ser subdividido em IR devido pelos

    assalariados, IR devido pelos profissionais liberais e IR devido

    pelas pessoas que obtm outras rendas. O Imposto de Renda Pessoa

    Fsica observa uma certa progressividade ao fazer distino, por

    faixas, de rendas. Assim, quem ganha pouco isento do imposto.

    Quem ganha relativamente bem paga uma alquota de 10%, e os que

    ganham mais pagam 25% dos seus rendimentos, aps as dedues

    previstas.

    O IR/PF sobre os salrios, praticamente todo descontado do

    trabalhador na folha de pagamentos, a ttulo de IR na fonte, e

  • recolhido ao governo federal pelas empresas. Com isso o IR/PF pago

    pelos assalariados, que seria um imposto essencialmente direto,

    torna-se indireto. Muito se tem discutido e reclamado do imposto

    de renda sobre os salrios, pois o governo prefere tributar estes,

    cujas cobrana e controle so de fcil execuo, do que tributar

    os ganhos de capital. Como os salrios no Brasil so baixos, na

    maioria dos casos, tribut-los chega s raias da injustia. por

    esta situao que o imposto de renda sobre os salrios cria um

    sentimento, na populao, de considerar normal, aceitvel e at

    necessrio sonegar impostos. E deixa-se de tributar a maior parte

    dos ganhos e rendas do capital, das grandes fortunas e dos altos

    ganhos da atividade primria. Nos pases desenvolvidos o IR pessoa

    fsica, o principal imposto, taxando inclusive os salrios; porm,

    h que se considerar que l, pelo poder aquisitivo, os salrios

    so rendas.

    Quanto atividade rural, com o "Plano Brasil Novo" foi

    ampliada a possibilidade de cobrana do Imposto de Renda sobre

    ela. preciso que no se criem mecanismos para escapar da

    tributao, como normalmente vem ocorrendo.

    O IR/PF incidente sobre os rendimentos dos profissionais

    liberais (mdicos, dentistas, engenheiros, advogados, etc.)

    tambm, um imposto indireto, pois quem o paga so os usurios dos

    servios. Como esses profissionais so os responsveis pelo seu

    recolhimento, geralmente podem repassar o custo para seus

    clientes, atravs do preo dos servios.

    O IR/PF incidente sobre outras rendas, como aluguis, ganhos

    de capital, "royalties", ganhos da atividade rural, etc.,

    declarado pelas pessoas que auferem estas rendas, que fazem sua

    prpria declarao, o que amplia enormemente a possibilidade de

    omisso e sonegao. Pagam e recolhem os valores declarados

    diretamente aos cofres pblicos. No entanto isto no quer dizer

    que o nus do imposto no seja repassado, o que acontece, por

    exemplo, nas rendas de aluguis em que o IR, transferido para o

    inquilino. Assim como, repassado atravs dos preos dos produtos

    agropecurios.

    Por outro lado, quanto forma de arrecadao, nos ltimos

    anos, os valores arrecadados giram em torno dos seguintes

    percentuais: 7% atravs da declarao e pagamento direto da pessoa

    fsica que obteve a renda (dos quais parte foi repassado, como J

    vimos); 53% atravs da reteno na fonte; e 40% so de IR sobre as

    pessoas jurdicas (empresas). Assim, no mnimo 93% do imposto de

    renda arrecadado tem um intermedirio entre quem realmente paga e

    o tesouro federal, e menos de 7% caracterizado como imposto

    direto.

    A receita desse imposto dividida entre a Unio, que fica

    com 53%; os Estados, com 21,5%, e os municpios, que auferem

  • 22,5%. Os 3% restantes so destinados para financiamento do setor

    produtivo do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

    1.3.3.2 - IOF / Imposto sobre Operaes de crdito, cmbio e

    seguros, ou relativas a ttulos ou valores

    mobilirios

    Imposto normalmente ligado atividade bancria. utilizado

    no somente como fonte de renda para o governo, mas tambm para

    estabelecer polticas econmico-financeiras. Quem o recolhe so

    as empresas do sistema financeiro, mas, na verdade, o dinheiro sai

    do bolso dos usurios dos servios bancrios. E isso se forem

    pessoas fsicas, porque quando o usurio uma empresa, o valor do

    imposto repassado como custo aos produtos ou servios e, mais

    uma vez, quem acaba pagando o consumidor final. O "Plano Brasil

    Novo" ampliou a cobrana deste imposto, taxando, inclusive, a

    poupana acima de 3.500 VRF e os saldos das aplicaes do dia

    13.03.90, alm de tributar demais aplicaes financeiras. Os

    recursos ficam exclusivamente para a Unio.

    1.3.3.3 - IPTR / Imposto sobre Propriedade Territorial Rural

    Este imposto mais conhecido como INCRA - nome do instituto

    que o administrava. Recentemente, foi transferida a competncia

    para a Secretaria da Receita Federal. um imposto teoricamente

    seletivo, por prever uma carga maior para as terras improdutivas.

    No entanto, deixa de s-lo na medida em que os proprietrios

    dessas terras no pagam o imposto. Este imposto no tem mecanismos

    para um controle maior. preciso que, agora, a Receita Federal os

    crie. Em diversos estudos foi constatado que o seu no pagamento

    grande. O economista Carlyle Ramos de Oliveira Vilarinho em sua

    tese de mestrado "Imposto Territorial Rural no Brasil:

    subtributao e evaso", defendida na Faculdade de Economia da

    UNICAMP - Campinas/SP -, em 1989, apresenta os seguintes dados: a

    sonegao do IPTR est em torno de 72%, com percentuais de 27 a

    52% entre proprietrios de at 100 ha, e 74 a 90%, entre os que

    possuem mais de 1000 ha. A sonegao maior se d nos latifndios

    por dimenso, em que 97,5% do imposto, sonegado.

    Quem paga o imposto o proprietrio de terras rurais, que

    tambm o responsvel pelo seu recolhimento ao tesouro da Unio. A

    receita do IPTR dividida entre a Unio e os municpios, da

    seguinte forma: 50% ficam para a Unio e os restantes 50% so

    rateados entre os municpios.

    1.3.3.4 - IGF / Imposto sobre Grandes Fortunas

  • Realmente seria um dos impostos mais justos, uma vez que

    tributaria os que tm mais, desde que os mesmos no pudessem

    repass-lo. Infelizmente este imposto s est previsto na

    Constituio Federal, mas ainda no foi regulamentado. Existem no

    Congresso Nacional vrios projetos de lei, porm nada foi definido

    at o momento. Portanto, no est sendo cobrado.

    1.3.3.5 - IIMP / Imposto sobre Importao de Produtos Estrangeiros

    Incide sobre as importaes em geral e utilizado como

    instrumento de poltica econmica, ao incentivar ou dificultar a

    importao de produtos, atravs de uma taxao menor ou maior.

    Assim, se o governo quer restringir a importao de certo produto,

    ele o taxa com uma alquota alta. J se quiser incentivar a

    importao, ele o isenta. O IIMP um imposto seletivo por dar um

    tratamento diferenciado para cada produto em funo da necessidade

    ou no da importao. Segundo as intenes do novo governo, ele

    ser reduzido e em muitos casos eliminado.

    Quem paga esse imposto sempre o consumidor do produto

    importado ou do produto gerado por ele. O responsvel pelo

    recolhimento aos cofres pblicos, no caso, a empresa. A receita

    do IIMP fica toda para a Unio.

    1.3.3.6 - IEXP / Imposto sobre Exportao de Produtos nacionais ou

    nacionalizados

    Tambm um imposto utilizado como instrumento de poltica

    econmica, aumentando ou diminuindo a alquota conforme o

    interesse do governo em exportar ou no certo produto. Dado o

    nosso modelo econmico exportador, o governo, alm de no tributar

    a exportao da maioria dos produtos, ainda d incentivos para o

    setor, isto , paga para que as empresas exportem. O novo governo

    tem prometido acabar com os incentivos. Dos produtos que so

    tributados, quem paga o imposto o consumidor estrangeiro que

    adquire o produto. O responsvel pelo recolhimento o exportador

    (empresa). A receita fica com a Unio.

    1.3.3.7 - IPI / Imposto sobre Produtos Industrializados

    Incide na industrializao dos produtos. seletivo e no-

    cumulativo. Seletivo, em funo da essencialidade do produto.

    Assim, a alquota cresce na medida em que o produto considerado

    suprfluo e decresce quando o produto considerado essencial. E

    no-cumulativo porque cada etapa da industrializao se credita do

    imposto da etapa ou etapas anteriores, fazendo com que cada uma s

    recolha o imposto referente ao valor adicionado nessa prpria

    etapa. O Valor adicionado, o valor da venda menos o valor da

  • compra. Quem paga o IPI, o consumidor do produto. E o responsvel

    pelo recolhimento, a empresa que industrializa o produto. A

    receita deste imposto, assim distribuda: a Unio fica com 43%, os

    estados com 29%, os municpios com 25%, e os 3% restantes, a

    exemplo do IR, vo para um fundo de financiamento econmico do

    Nordeste, Norte e Centro-oeste.

    1.3.4 - Estaduais

    1.3.4.1 - ICMS / Imposto sobre operaes relativas Circulao de

    mercadorias e sobre Servios de transportes interestadual e

    intermunicipal e de comunicao

    o principal imposto dos Estados. Na realidade ele

    representa mais de 95% da sua arrecadao tributria prpria. Tem

    uma grande importncia no s para o Estado, mas tambm para toda

    a populao, que a toda hora o est pagando. Assim, no preo de

    qualquer produto, (mercadoria), estar embutido 12, 17 ou 25% de

    ICMS, exceto nos produtos isentos. Evidentemente, ao comprarmos

    alguma mercadoria, no preo no est embutido somente o ICMS, mas

    tambm todos os demais impostos indiretos, tendo como conseqncia

    que, no mnimo, 25 a 30% de seu preo so impostos. Se computarmos

    todos os tributos, incluindo as contribuies sociais, este

    percentual no baixar de 35%.

    O ICMS um imposto seletivo, porm somente com trs

    alquotas, que so:

    12% para os produtos essenciais

    25% para os produtos suprfluos

    17% para os demais produtos

    As alquotas finais, para o consumidor, so sempre as mesmas,

    independentemente em que Estado for efetuado a compra. Nas vendas

    interestaduais para contribuintes de direito (empresas) de outros

    Estados a alquota diferenciada, podendo ser 12% (RS, SC, PR,

    SP, RJ e MG) ou 7% (demais estados) depende do Estado do

    destinatrio. Porm, quando este vende para os consumidores, cobra

    as alquotas finais, servindo, esta diferena, como instrumento de

    distribuio dos impostos entre os Estados, beneficiando o que

    consome com uma parcela superior.

    um imposto no-cumulativo, sendo creditado o imposto

    recolhido nas etapas anteriores, fazendo com que o produto, na

    etapa final, sempre tenha a mesma carga tributria,

    independentemente da quantidade de etapas de circulao. Assim, as

    empresas usam um conta corrente em que se creditam do imposto

    recolhido nas etapas anteriores e se debitam pelo imposto devido

    na operao da venda, recolhendo o saldo devedor. Na prtica

    funciona da seguinte forma: vamos supor que um comerciante compre

    de um atacadista uma mercadoria por Cr$ 100,00, e venda a mesma

  • por Cr$ 200,00. Quando da compra, ao pagar os Cr$ 100,00, o

    comerciante paga Cr$ 17,00 de ICMS (100 x 17% ), que lana como

    crdito no conta corrente. Na venda ele tem um dbito de Cr$ 34,00

    de ICMS ( 200,00 x 17% ). Fazendo o conta corrente ele tem um

    dbito de Cr$ 34,00 e um crdito de Cr$ 17,00, restando, portanto,

    outros Cr$ 17,00 a serem recolhidos (34,00 - 17,00 ). O

    consumidor, ao comprar o produto por Cr$ 200,00, paga Cr$ 34,00 de

    ICMS, sendo que Cr$ 17,00 foram recolhidos aos cofres do Estado

    pelo atacadista e Cr$ 17,00 sero recolhidos pelo comerciante. O

    consumidor, se comprasse direto do atacadista, e este vendesse

    pelo preo de varejo, Cr$ 200,00, tambm iria pagar os mesmos Cr$

    34,00 de ICMS que deveriam ser recolhidos pelo atacadista.

    Trata-se de um imposto indireto, onde o contribuinte de fato

    o consumidor, e o contribuinte de direito o comerciante ou

    industrial.

    A receita do ICMS dividida entre o Estado, que fica com

    75%, e os municpios, que ficam com os 25% restantes, divididos,

    na sua maior parte, proporcionalmente ao valor adicionado gerado

    em cada municpio.

    1.3.4.2 - ITCD/ Imposto sobre transmisso "causa mortis" e

    doaes, de quaisquer bens ou direitos

    A nova Constituio Federal dividiu o antigo ITBI - imposto

    estadual que abrangia todas as transmisses de bens imveis - em

    dois impostos: o "causa mortis" (ITCD) e o "inter vivos" (ITBI),

    este, agora, municipal.

    O ITCD, na verdade um imposto cobrado sobre as heranas e

    doaes, que, na realidade, so partilhas antecipadas. No RS a

    alquota progressiva, de 0 a 8%, dependendo do valor do

    patrimnio do inventariado ou do doador.

    Quem paga o ITCD o herdeiro ou o doador, que tambm o

    responsvel pelo seu recolhimento. , portanto, um imposto direto.

    A receita do ITCD fica toda com o Estado.

    1.3.4.3 - IPVA / Imposto sobre a Propriedade de Veculos

    Automotores

    Este imposto cobrado sobre a propriedade de automveis,

    caminhes, embarcaes, etc. um imposto anual taxado, na maioria

    dos casos, em 5% do valor venal do veculo, valor este estipulado

    pela fazenda estadual, normalmente bem abaixo do valor de mercado.

    Quem paga e tambm recolhe o proprietrio do veculo, que

    para fazer o licenciamento anual necessita apresentar o

    comprovante do recolhimento do imposto. um imposto direto,

    exceto quando o proprietrio uma empresa, caso em que se

    transforma em indireto, por ser repassado.

  • A receita dividida entre o Estado e os municpios, de

    maneira que cada municpio fique com 50% do imposto relativo aos

    veculos ali emplacados.

    1.3.4.4 - Ad/IR / Adicional de Imposto de Renda sobre lucros,

    ganhos e rendimentos de capital

    um imposto criado com a nova Constituio Federal e de

    5% do IR pago Unio decorrentes de lucros, ganhos e rendimentos

    de capital.

    Quem paga quem teve o lucro, o ganho ou o rendimento de

    capital e que paga IR. de se considerar que este imposto, quando

    recolhido pelas empresas repassado para o preo dos produtos e

    servios, recaindo no bolso do consumidor. Quando o ganho ou

    rendimento de capital se d atravs do sistema financeiro, este

    responsvel por cobrar do cliente e por recolher ao Estado. A

    totalidade da receita arrecadada com o Ad/IR fica com o Estado.

    1.3.5 - Municipais

    1.3.5.1 - IPTU / Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial

    Urbana.

    um dos principais impostos municipais. Hoje, aps a nova

    Constituio Federal, em que foi aprovada a possibilidade de ser

    progressivo, este imposto poder ser utilizado, alm de

    instrumento de obteno de recursos, para estabelecer uma poltica

    de ocupao do solo urbano. Para tanto, certas prefeituras esto

    tributando mais os terrenos desocupados, tentando, com isso,

    desestimular a especulao com terras urbanas e possibilitar que a

    populao mais pobre tambm tenha espao para construir suas

    casas. As alquotas mais usadas so em torno de 1 a 1,5% do valor

    venal do imvel. Para os terrenos urbanos desocupados normalmente

    as alquotas so maiores.

    basicamente um imposto direto, em que o proprietrio paga

    e recolhe aos cofres municipais. Quando aquele uma empresa, esta

    repassa esse custo para o preo de seus produtos. Assim como nos

    aluguis, em que o imposto repassado para os inquilinos.

    A receita obtida pertence ao municpio em que est localizado

    o terreno ou o prdio.

    1.3.5.2 - ITBI / Imposto sobre a Transmisso "inter vivos" de Bens

    Imveis

    Imposto incidente na compra e venda de imveis. As alquotas

    variam de municpio para municpio, normalmente ficando entre 2 a

    4% do valor da transao ou da avaliao municipal. Quem paga o

  • imposto o comprador do imvel, que tambm o responsvel pelo

    seu recolhimento. A receita arrecadada fica toda com o municpio.

    1.3.5.3 - IVVC / Imposto sobre a Venda a Varejo de Combustveis

    lquidos e gasosos

    um imposto incidente, principalmente, sobre a gasolina e o

    lcool combustvel. A alquota varia de municpio para municpio,

    porm, prevista, enquanto no regulamentada pelo Senado, uma

    alquota mxima de 3% do valor da venda.

    Quem paga o consumidor do combustvel. O posto de revenda

    o responsvel por cobrar de quem abastece e recolher aos cofres

    municipais. No caso das empresas, novamente ocorre o repasse ao

    custo de seus produtos e servios.

    A receita deste imposto pertence, na sua totalidade, ao

    municpio em que vendido o combustvel.

    1.3.5.4 - ISQN / Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza

    Cobrado sobre todos os servios, exceto os de transportes

    intermunicipais e interestaduais e os de comunicao (abrangidos

    pelo ICMS). Assim, ele incide sobre os mais diversos servios

    prestados, como por exemplo: mdicos, de engenharia, advocatcios,

    de cabeleireiros, de reformas, de consertos, de assessoria, de

    construo civil, etc.. Enfim, sobre todos os servios prestados

    pelos profissionais liberais e pelas empresas de prestao de

    servios. A alquota varia de municpio para municpio, mas a mais

    utilizada de 3% do valor dos servios. A legislao federal

    limita as alquotas mximas em 2% sobre os servios de construo

    civil, 10% sobre diverses e 5% sobre os demais.

    Os profissionais liberais e as empresas so responsveis pelo

    seu recolhimento, mas o dinheiro sai do bolso do usurio, que, ao

    pagar o preo do servio, paga tambm, sem sentir o ISQN. A

    receita fica exclusivamente com o municpio, onde o servio,

    prestado.

    1.4 - Algumas concluses generalizadas sobre os impostos

    Fazendo uma anlise das caractersticas principais dos

    impostos, podemos concluir que:

    * As empresas nunca pagam impostos, pois todos os valores que

    elas recolhem so repassados como custo de seus produtos ou

    servios.

    * Quem praticamente paga todos os impostos neste pas so os

    consumidores, usurios ou proprietrios assalariados, que no

    podem repassar o valor dos impostos, por no venderem produtos e

    nem servios.

  • * Os consumidores, ao comprarem produtos e servios, esto,

    na realidade, pagando no preo destes os seguintes impostos: IR,

    IOF, IIMP, IPI, ICMS, IPVA, Ad/IR, IPTU, IVVC e ISQN. Alm das

    contribuies sociais, IAPAS, FGTS, PIS, FINSOCIAL, SESI, SESC,

    SENAI, SENAC e demais tributos.

    * Os impostos, da maneira que so cobrados, esto

    contrariando o previsto no 1 do artigo 145 da Constituio

    Federal, pois no observam o carter pessoal e nem esto graduados

    segundo a capacidade econmica do contribuinte. No primeiro caso,

    por incidirem sobre as mercadorias e servios; para ter carter

    pessoal, o imposto tem que incidir sobre uma situao ou condio

    pessoal do contribuinte, e no sobre os produtos ou servios. No

    segundo, porque no levam em conta a capacidade econmica do

    contribuinte, por serem impostos indiretos e taxados sobre as

    mercadorias e servios, independentemente da capacidade econmica,

    poder aquisitivo, de quem vai compr-los.

    * Impostos federais: IR, IPI, IIMP, IEXP, IOF, IPTR e

    IGF.

    * Imposto estaduais: ICMS, ITCD, IPVA, e AD/IR.

    * Impostos municipais: IPTU, ISQN, IVVC e ITBI.

    1.5 - Taxas

    A taxa, conforme o prprio inciso II do artigo 145 da

    Constituio Federal, cobrada "em razo do exerccio do poder de

    polcia ou pela utilizao, efetiva ou potencial, de servios

    pblicos especficos e divisveis, prestados ao contribuinte ou

    postos a sua disposio".

    Trata-se de uma contraprestao (pagamento) de um servio

    pblico prestado ou posto disposio, em benefcio de um

    determinado indivduo, identificado, que paga para o poder pblico

    lhe oferecer este servio, que s a ele interessa, e que o poder

    pblico s faz por solicitao do mesmo. So exemplos: taxa

    judiciria, taxa de inscrio de exame ou concurso, taxa para

    fazer identidade, taxa para obter a carteira de habilitao, etc.

    Existem, na realidade, uma infinidade de taxas, tanto na esfera

    federal e estadual quanto municipal. Cada esfera tem suas taxas,

    conforme os servios divisveis que oferece.

    A taxa praticamente impossvel de ser sonegada, uma vez

    que, cobrada antes da execuo do servio pblico especfico e

    divisvel. Mesmo porque o servio s pode ser prestado com seu

    prvio recolhimento, sob pena de responsabilidade do funcionrio

    pblico.

    Cabe observar que quem sofre o nus da taxa o usurio. No

    caso de uma empresa, certamente repassa este custo para seus

    clientes.

  • 1.6 - Contribuio de melhoria

    Devida pelo proprietrio de imvel valorizado por uma obra

    pblica. uma contribuio que o particular deve dar em razo de

    seu imvel ter se valorizado, o que muito justo, pois quando o

    poder pblico faz uma obra com recursos pblicos, utilizando

    recursos de toda a sociedade, valorizando um imvel particular, o

    proprietrio deste tem um enriquecimento sem nada ter feito para

    tal. No seria correto algum se enriquecer por uma obra pblica e

    no ressarcir, pelo menos, parte dos investimentos. A cobrana

    desta contribuio serve para cobrir as despesas da prpria obra.

    Com a nova Constituio Federal, a contribuio de melhoria

    pode ser exigvel, uma vez que foram eliminados os limites de

    cobrana existentes na Constituio anterior, que, na prtica, a

    impossibilitavam. A contribuio de melhoria pode ser cobrada por

    qualquer esfera pblica, desde que ela faa a obra. Assim, se uma

    obra pblica feita pelo municpio, a este cabe o direito de ser

    ressarcido de parte dos custos pelos proprietrios dos imveis

    valorizados. Se o Estado que faz a obra, a ele cabe cobrar. O

    mesmo acontece com a Unio.

    1.7 - Contribuies sociais ou parafiscais

    A nova Constituio Federal consagra que as contribuies

    sociais, tambm conhecidas por contribuies parafiscais, so

    tributos, ao trat-las no captulo do sistema tributrio nacional

    e, principalmente, ao definir que so aplicados a elas princpios

    gerais dos tributos. Conforme o artigo 149 da Constituio,

    compete Unio instituir contribuies sociais para a seguridade

    social, interveno do domnio econmico e para as entidades

    profissionais ou econmicas. O pargrafo nico do mesmo artigo d

    competncia para os Estados, o Distrito Federal e os municpios

    institurem contribuio, cobrada de seus servidores, para

    custeio, em benefcio destes, de sistemas de previdncia e

    assistncia social. exemplo de contribuio instituda pelos

    Estados o IPE (Instituto de Previdncia do Estado do Rio Grande do

    Sul).

    1.7.1 - Para a seguridade social

    1.7.1.1 - INSS (IAPAS - INPS) / Contribuio Previdenciria

    A contribuio previdenciria, mais conhecida por IAPAS ou

    INPS e agora INSS, era cobrada da populao para manuteno do

    Sistema Nacional de Previdncia Social (SINPAS). O SINPAS era

  • composto dos seguintes rgos: INAMPS - Instituto Nacional de

    Assistncia Mdica da Previdncia Social (competia assistir a

    populao previdenciria quanto medicina social); INPS -

    Instituto Nacional de Previdncia Social ( competia conceder e

    manter os benefcios e prestar a reabilitao profissional); IAPAS

    - Instituto de Administrao Financeira da Previdncia e

    Assistncia Social (competia promover a arrecadao, fiscalizao

    e cobrana das contribuies previdencirias e de terceiros e

    realizar a administrao patrimonial e financeira do sistema);

    FUNABEM - Fundao Nacional do Bem Estar do Menor (competia

    promover a execuo da poltica nacional do bem estar do menor);

    LBA - Fundao Legio Brasileira de Assistncia (competia prestar

    assistncia social populao carente); CEME - Central de

    Medicamentos (objetiva a distribuio de medicamentos,

    gratuitamente, ou a baixo custo, populao previdenciria); e

    DATAPREV - Empresa de Processamento de Dados da Previdncia

    Social.

    Com a reforma administrativa do novo governo esta estrutura

    est sendo alterada, tendo sido criado o Instituto Nacional do

    Seguro Social (INSS) que fundiu o IAPAS e o INPS. As demais

    alteraes esto por acontecer.

    A Seguridade Social se mantm com as contribuies dos

    empregados (8 a 10% do salrio, descontado em folha e recolhido

    pelas empresas); empregados domsticos (20% do salrio, sendo 8%

    pagos pelo empregado e 12% pelo patro, cabendo a este a

    responsabilidade do recolhimento); autnomos (10 ou 20% do

    salrio-base; na maioria das vezes, o custo da contribuio

    repassado aos usurios dos servios, e o recolhimento feito pelo

    profissional liberal ou pela empresa a quem foi prestado o

    servio); empresas (20% do valor da folha de pagamentos,

    honorrios de autnomos e pr-labore, mais 2% de acidente de

    trabalho e at 5,2% para terceiros - SENAI, SENAC, SESI, SESC.

    Todo o custo da previdncia das empresas, repassado para o custo

    dos produtos e servios e pago pelos consumidores); produtores

    rurais (2,5% do valor da venda de seus produtos; normalmente,

    tambm repassado); contribuies da Unio (provenientes de

    impostos, apostas nas hpicas, loto, esportiva, loteria federal;

    quem sofre o nus so os que pagam impostos e os apostadores, que

    so, na maioria, os trabalhadores) e demais segurados.

    Junto contribuio previdenciria recolhida pelas empresas

    h contribuies para o SENAC ou SENAI e SESC ou SESI. Estes

    rgos, alis, apesar de serem mantidos pelos consumidores, como

    vimos, so administrados e utilizados, demagogicamente, pelos

    empregadores como se fossem propriedade deles.

    Podemos concluir, portanto, que quem arca com os custos da

    previdncia social, direta ou indiretamente, so os trabalhadores.

    E as empresas no pagam absolutamente nada, apesar de serem

  • responsveis pelo recolhimento da maior parte destes recursos.

    Assim, o trabalhador no contribui somente com os 8 a 10% que lhe,

    descontado em folha, mas tambm com os 22 a 27,2% recolhidos em

    nome da empresa.

    1.7.1.2 - FGTS / Fundo de Garantia do Tempo de Servio

    O FGTS foi institudo pela Lei Federal n 5.107 de 13 de

    setembro de 1966, para substituir as indenizaes e a estabilidade

    prevista no artigo 492 da CLT (Consolidao das Leis do Trabalho),

    que assim dispe:

    "O empregado que contar mais de 10 (dez) anos de servio na

    mesma empresa no poder ser despedido seno por motivo de falta

    grave ou circunstncia de fora maior, devidamente comprovadas."

    A criao do FGTS foi, basicamente, uma exigncia das

    multinacionais para virem se instalar aqui, durante o regime

    militar. A garantia da estabilidade e a indenizao prevista na

    CLT no agradavam a estas empresas e nem s nacionais. Assim foi

    criada uma contribuio de 8% da folha de pagamento, recolhida

    pelas empresas, computada nos seus custos e depois cobrada dos

    consumidores de seus produtos ou servios - normalmente, os

    prprios trabalhadores. Com o FGTS, as empresas podem demitir a

    qualquer hora, no tendo nenhum custo, uma vez que a

    "indenizao", suportada pelo fundo. No fosse o FGTS, no

    teramos a rotatividade de mo-de-obra hoje existente nas empresas

    do Brasil, e certamente os salrios no seriam to baixos. At

    mesmo a multa prevista para as despedidas sem justa causa, que era

    de 10% do saldo da conta do trabalhador despedido e que, com a

    nova Constituio, de 40% custo das empresas pago pelos

    consumidores. O trabalhador brasileiro trocou, compulsoriamente, a

    estabilidade e a indenizao pelo tempo de servios da CLT por uma

    poupana prpria forada.

    Na instituio do FGTS foi prevista a destinao dos recursos

    do fundo para financiamento de habitaes para os trabalhadores. O

    que, em grande parte, no ocorreu, pois foi desviado muito desse

    dinheiro para outras obras e para habitaes, manses, casas de

    praia dos empregadores, etc. Tanto assim que, apesar de mais de

    24 anos de FGTS o "dficit" de habitaes para a classe

    trabalhadora nunca foi to alto.

    O FGTS, teoricamente, opcional, podendo o empregado

    escolher o tratamento do FGTS ou ser protegido pela estabilidade e

    demais direitos previstos na CLT. Porm, na prtica, a opo pelo

    sistema do FGTS compulsria, dado que as empresas no admitem

    funcionrios se estes no optarem pelo fundo.

    O Ministrio do Trabalho o responsvel pela fiscalizao do

    cumprimento da legislao do FGTS. A administrao do fundo fica

    com a Caixa Econmica Federal.

  • 1.7.1.3 - FINSOCIAL / Fundo de Investimento Social

    Criado pelo Decreto-Lei n 1.940 de 25 de maio de 1982, o

    FINSOCIAL uma contribuio social destinada a custear

    investimentos de carter assistencial em alimentao, habitao

    popular, sade, educao e amparo ao pequeno agricultor. Na poca

    a taxa era de 0,5% da receita bruta das empresas. Hoje, o

    percentual de 1,2% sobre o faturamento das empresas, e a

    destinao inclui parte para custeio das aposentadorias .

    A administrao do FINSOCIAL , feita pelo BNDES (Banco

    Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social), que aplica os

    recursos disponveis em programas e projetos elaborados segundo

    diretrizes estabelecidas pelo presidente da Repblica.

    Quem paga a contribuio social - FINSOCIAL - so os

    consumidores, junto com o preo dos produtos e dos servios. As

    empresas so responsveis por cobr-la dos consumidores e depois

    recolh-la aos cofres pblicos. A fiscalizao fica por conta da

    Receita Federal.

    1.7.1.4 - PIS / Programa de Integrao Social

    Criado pela Lei Complementar n 7/70, com a destinao de

    promover a integrao do empregado na vida e no desenvolvimento

    das empresas. uma contribuio incidente no faturamento destas.

    Inicialmente o percentual era de 0,75% do faturamento da empresa

    no sexto ms anterior ao recolhimento, e hoje de 0,65% do

    terceiro ms anterior.

    O art. 239 da Constituio Federal modificou a destinao

    destes recursos, que passam a financiar o programa do seguro-

    desemprego e o abono anual de um salrio mnimo para os

    assalariados que recebem at dois mnimos mensais. Disciplina,

    ainda, que pelo menos quarenta por cento destes recursos sero

    destinados a financiar programas de desenvolvimento econmico,

    atravs do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social.

    Os recursos do PIS so recolhidos na Caixa Econmica Federal,

    administrados pelo Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social

    e fiscalizados pela Receita Federal.

    As empresas so responsveis pelo seu recolhimento, mas

    igualmente repassam esse custo.

    1.7.1.5 - Contribuio social sobre IRPJ

    uma contribuio social devida pelas empresas que obtm

    lucros no fim do ano que devem recolher 10% do lucro lquido antes

    do Importo de Renda. Os recursos desta contribuio so destinados

    seguridade social, mais especificamente assistncia mdica.

  • Custeada pelos consumidores, recolhida aos cofres pblicos pelas

    empresas.

    1.7.2 - Para as entidades profissionais ou econmicas

    1.7.2.1 - Contribuio sindical - Empregados

    Todo empregado paga, a ttulo de contribuio sindical,

    anualmente, o valor correspondente a um dia de trabalho.

    Normalmente, a empresa desconta da folha de pagamento do ms de

    maro de cada ano. Ela fica responsvel por recolher estes valores

    aos sindicatos correspondentes categoria de seus empregados ou

    ao Ministrio do Trabalho. A distribuio dos recursos feita da

    seguinte forma: 60% para os sindicatos, 15% para as federaes

    sindicais, 5% para as confederaes e 20% fica para o Ministrio

    do Trabalho. Alm desta contribuio, cada categoria pode aprovar,

    em assemblia geral, uma contribuio assistencial.

    1.7.2.2 - Contribuio sindical patronal

    Para manuteno dos sindicatos patronais toda empresa

    recolhe, a ttulo de contribuio sindical, um valor anual

    correspondente aplicao de um percentual sobre o seu capital

    social. As empresas pequenas, com capital social baixo, aplicam

    0,8%, e as empresas grandes, com capital social alto, aplicam

    0,002%. O recolhimento feito no ms de janeiro de cada ano.

    Sendo lanada como custo e cobrada junto com os produtos e

    servios, paga pelos consumidores. As empresas so responsveis

    pelo recolhimento ao seu sindicato patronal.

    1.7.2.3 - Demais contribuies

    Alm das contribuies sindicais, existe um grande nmero de

    entidades profissionais ou econmicas que cobram outras, como: OAB

    (Ordem dos Advogados do Brasil), CREA (Conselho Regional de

    Engenharia e Arquitetura), CRC (Conselho Regional de

    Contabilidade), e assim por diante. Estas contribuies so

    recolhidas por profissionais liberais e normalmente repassadas aos

    usurios de seus servios.

    1.8 - Emprstimos compulsrios

    A nova Constituio Federal, em seu artigo 148, assim dispe:

    Art. 148. A Unio, mediante lei complementar, poder

    instituir emprstimos compulsrios:

  • I - para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de

    calamidade pblica, de guerra ou sua iminncia;

    II - no caso de investimento pblico de carter urgente e de

    relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150,

    III, "b" (tem que estar institudo no ano anterior a sua

    vigncia).

    Pargrafo nico. A aplicao dos recursos provenientes de

    emprstimo compulsrio ser vinculada despesa que fundamenta sua

    instituio.

    A figura do emprstimo compulsrio no, desconhecida e j foi

    utilizada, h poucos anos, em vrias oportunidades. Todos se

    lembram do emprstimo compulsrio no preo da gasolina e do

    lcool, na compra de automveis e nas viagens ao exterior. A

    prtica tem demonstrado que estes emprstimos so impostos, pois o

    poder pblico no os est devolvendo.

    Os emprstimos compulsrios, quando recolhidos pelas

    empresas, geralmente, so lanados como custos e cobrados dos

    consumidores. Neste caso, na hiptese de devoluo, por parte do

    Estado, quem recebe a devoluo do emprstimo so as empresas, que

    dificilmente repassam estes valores para seus clientes, mesmo

    porque, na maioria dos setores, praticamente impossvel essa

    distribuio. Desse modo, a empresa se apropria destes recursos,

    mesmo no tendo sofrido o nus do emprstimo, obtendo um ganho sem

    causa.

    Polmica est sendo a discusso do enquadramento ou no como

    emprstimo compulsrio da reteno dos cruzados novos pelo "Plano

    Brasil Novo". Para ns, no h dvida alguma, mas o governo

    insiste em que no se trata de emprstimo compulsrio por faltar

    os pressupostos do artigo 148 da Constituio Federal. Concordamos

    que no h estes pressupostos; porm, os efeitos econmicos do

    bloqueio so de um emprstimo compulsrio. Isto se o governo

    devolver estes recursos, caso contrrio um confisco. A prpria

    legislao diz que independe do tratamento ou das formalidades

    dados para os tributos, e o que conta para enquadr-los so seus

    efeitos reais.

    (Captulo II)

    CARGA TRIBUTRIA

    2.1 - No Brasil e no exterior

    A carga tributria normalmente relacionada com o PIB

    (Produto Interno Bruto). A brasileira est em torno de 25% do PIB.

    Como o nosso PIB fiscal gira em torno de 250 bilhes de dlares,

    os brasileiros do para o Estado (poder pblico das trs esferas:

    Unio, estados-membros e municpios) o valor correspondente a mais

    de 60 bilhes de dlares anuais. Com o novo governo, certamente

  • ela crescer uma vez que foram ampliados o campo de abrangncia de

    vrios impostos, principalmente do IR e do IOF.

    Quando se discute nossa carga tributria sempre se procura

    compar-la com a dos outros pases. Conforme o jornal Folha de S.

    Paulo, edio de 16 de julho de 1989, pg. B.12, em que publica um

    quadro com os percentuais da carga tributria relacionada ao

    respectivo PIB, de 23 pases - quadro "segundo Revenew Statistics,

    OCDE, dados para 1985", que separa os tributos em trs grupos:

    Imposto de Renda, Contribuies Trabalhistas e Impostos Indiretos

    -, os nmeros so os seguintes:

    Pas Carga tributria

    Austrlia 28% do PIB

    Alemanha 36,5% " "

    Espanha 27,70% " "

    Estados Unidos 26,30% " "

    Frana 42% " "

    Itlia 33,90% " "

    Japo 25,20% " "

    Portugal 30,10% " "

    Sucia 49,20% " "

    Turquia 15,20% " "

    A carga tributria mdia dos 23 pases foi de 34,80% do PIB.

    Na mesma publicao, consta, como carga tributria do Brasil,

    18,3% do PIB. "Segundo a classificao FIPE - Fundao do

    Instituto de Pesquisa Econmica, dados para 1984." Se

    acrescentarmos os demais impostos, as contribuies sociais e

    considerarmos a evoluo da carga tributria de 1984 para c,

    iremos chegar aos 25% do PIB. Alis, nestes termos que so

    feitas as manifestaes sobre a carga tributria nacional, nos

    dias atuais.

    2.2 - Servios pblicos

    No possvel dizer se a carga tributria de um pas alta

    ou baixa sem comparar os servios prestados pelo poder pblico.

    Somente atravs da avaliao custo/benefcio pode-se chegar a uma

    concluso. Na comparao com os outros pases tambm devemos levar

    em conta a quantidade e a qualidade dos servios pblicos

    prestados por estes. Se compararmos os percentuais veremos que a

    carga tributria brasileira uma das mais baixas. Porm, se

    formos comparar os servios prestados aqui, poucos e de pssima

    qualidade, certamente iremos encontrar enormes diferenas, o que a

    torna altssima.

  • 2.3 - Distribuio da carga tributria por classes de renda

    Outra questo fundamental, na anlise da carga tributria,

    identificar quem a sofre. O trabalho de Ibrahim Eris, Cludia

    Eris, Dcio K. Kadota e Nessin Roberto Zagha, todos professores da

    Universidade de So Paulo, intitulado "Distribuio de renda e o

    sistema tributrio no Brasil" (Anais da ANPEC, Atibaia, dez. de

    1979) apresenta, na pg.304, a seguinte tabela:

    TABELA III _ NUS TRIBUTRIO

    POR CLASSE DE RENDA

    Renda mensal disponvel Carga tributria total

    (% sobre a renda)

    - 0 0,0

    0 - 1 36,0

    1 - 2 32,3

    2 - 5 25,5

    5 - 10 24,5

    10 - 15 22,7

    15 - 20 22,7

    20 - 30 22,3

    30 - 40 21,8

    40 - 50 20,5

    50 - 75 19,2

    75 - 100 17,5

    + 100 13,8

    Total 26,6

    1) A carga tributria total compreende os seguintes impostos:

    IRPF, IRPJ, IPI, ICM, Impostos nicos sobre Combustveis e

    Lubrificantes, sobre Energia Eltrica e sobre Minerais, ISI

    (imposto sobre Importao), PIS, FGTS, FUNRURAL.

    2) Expressa em unidades da mdia anual do maior salrio

    mnimo de 1975 (Cr$ 480,80).

    Como se v na tabela acima, dados de 1975, a carga tributria

    chegava a 36% para uma boa parcela de assalariados. Isso sem

    contar que no foram considerados todos os tributos e que a carga

    tributria de 1975 para c aumentou. Na realidade, hoje, um

    assalariado pode pagar at 50% do que ganha em tributos. Ou seja,

    do seu dinheiro, ao comprar alimentos, vesturios, utilizar

    transporte, pagar aluguel, etc., metade do valor pode ser

    tributos.

    J se analisarmos a carga tributria dos mais ricos do

    Brasil, a qual, segundo o demonstrativo, seria em torno de 14%,

    devemos considerar, principalmente quanto aos empresrios, que

  • estes conseguem repassar boa parte desta carga ao comprarem seus

    bens e produtos atravs das empresas. sabido que os empresrios

    jogam a maioria de suas despesas, tanto suas quanto a de seus

    familiares, nas empresas, e com isso a carga tributria dos

    produtos e servios que consomem, repassada indiretamente aos

    consumidores de seus produtos. Assim ocorre com veculos, casas,

    apartamentos, viagens, combustveis, bebidas, alimentos, etc., de

    uso particular dos empresrios e suas famlias. Embasados nisso

    acreditamos que este percentual irreal. O que nos fora a

    concluir que os empresrios praticamente no sofrem carga

    tributria alguma.

    Estratificando estes dados podemos dizer que os desempregados

    no sofrem carga tributria por no receberem rendas e nem terem o

    que gastar; que os empresrios repassam-na, assim como boa parte

    dos profissionais liberais; e que ela fica concentrada nas costas

    dos assalariados, principalmente da classe mdia.

    Outro aspecto fundamental da carga tributria brasileira a

    incidncia majoritria sobre a renda consumida, recaindo uma parte

    sobre a renda recebida e muito pouco sobre a acumulada. Um bom

    sistema tributrio, com uma justa distribuio da carga, tributa a

    renda recebida e, principalmente, a renda acumulada, incidindo o

    menos possvel sobre a renda consumida. Ou seja, justamente o

    inverso do nosso sistema.

    Considerando que a carga tributria brasileira mal

    distribuda, penalizando, principalmente a classe mdia

    assalariada e praticamente no atingindo os ricos, ela realmente

    muito alta para quem a sofre.

    2.4 - Carga tributria e o empresariado

    comum o empresariado e suas entidades de classe usarem os

    meios de comunicao para reclamarem que a carga tributria

    muito alta para as empresas, que elas no a suportam, que est

    inviabilizando os negcios, etc. Falam isso da boca para fora,

    pois suas empresas so altamente beneficiadas com o nosso sistema

    de tributao, tanto por nunca pagarem impostos, quanto pelos

    favores que recebem do governo, assim como pela manipulao desses

    recursos. E, mentirosamente, tentam demonstrar que so eles que

    pagam os impostos, que mantm o Estado, que produzem, conseguindo

    mistificar e mascarar a realidade para serem "reconhecidos" pela

    sociedade e receberem sempre mais vantagens pblicas e terem poder

    poltico.

    A iniciativa de reclamar deve partir dos que realmente pagam,

    os assalariados, e no dos intermedirios, simples depositrios

    dos tributos. Reclamar, por exemplo, por uma fiscalizao rigorosa

    e punio exemplar aos sonegadores, alm da exigncia para que o

    poder pblico aplique os recursos dos tributos em servios para

  • toda a populao, e no somente para beneficiar as minorias. E

    muito menos permitir que os tributos sejam utilizados para

    reprimir e oprimir o povo.

    No podemos aceitar essa falsa queixa dos empresrios, que

    querem diminuir a carga tributria, porm no reduzir os preos de

    suas mercadorias e receber quase todos os recursos pblicos. No

    adianta diminuir o custo tributrio, se no houver uma reduo

    real dos preos. So inmeros os exemplos em que os empresrios,

    com seu poder econmico e poltico, conseguiram diminuir impostos

    incidentes em seus produtos e, no entanto, no reduziram os preos

    dos mesmos. O exemplo mais gritante foi o da carne, no Plano

    Cruzado, em que baixou-se o ICM de 17% para 1%, e, no entanto, o

    preo do produto, ao invs de diminuir, aumentou. Outro exemplo

    dos automveis que, aps o cruzado tiveram diminudas as alquotas

    dos impostos e os preos tambm aumentaram. O mesmo ocorreu na

    passagem do ICM para o ICMS, maro de 1989, nos produtos em que a

    alquota era 17% e foi baixada para 12%. A esse respeito, o

    economista e professor Ibans Csar Cassel, em matria assinada no

    Jornal do Comrcio de 10 de abril de 1988, na pgina 01 do 2

    caderno, com o ttulo "IMPOSTOS INDIRETOS E PREOS", diz "...

    Entretanto, a reflexo que sempre me ocorre nessas situaes uma

    antiga convico que tenho: apesar de todos os aumentos nos

    tributos serem imediatamente repassados aos preos das

    mercadorias, elevando-os, a recproca parece no ser verdadeira.

    Ou seja, as redues dos impostos indiretos no implicam, na

    maioria das vezes, diminuies nos preos em nvel do consumidor".

    obvio que, se fossem acabados os favores, os incentivos

    fiscais e a sonegao, isto aliado a um governo srio, que

    realmente utilizasse os recursos pblicos em benefcio de toda a

    populao, poderamos reduzir a carga tributria, baixando o preo

    dos produtos e servios. Por outro lado, necessitamos fazer uma

    nova reforma tributria para que os ricos tambm paguem impostos e

    no s os intermedie.

    (Captulo 3 )

    QUEM PAGA A CONTA?

    Numa economia, em que no existe controle dos custos dos

    produtos e servios pela sociedade, qualquer gasto feito por uma

    empresa acaba sendo repassado aos produtos ou servios e pago

    pelos que iro consumi-los. Como a maioria absoluta dos

    consumidores so os assalariados, e sendo estes os nicos que no

    conseguem repassar estes custos, por no venderem nenhum produto

    ou servio, pode-se concluir que os consumidores assalariados so

    os que suportam praticamente todos os custos das empresas. Os

    empresrios, ao adquirirem bens e servios para uso particular,

  • seu e de sua famlia, (automveis, imveis, viagens, festas,

    combustveis, alimentos e etc.) atravs das empresas, para esse

    efeito, deixam de ser consumidores por no sofrerem o nus destas

    despesas ao transferi-las. Alm dos empresrios, muitos

    profissionais liberais tambm repassam suas despesas, transferindo

    o nus. Assim, so os assalariados que normalmente pagam o custo

    da matria-prima, o custo de fabricao, as despesas com pessoal,

    as despesas administrativas, as despesas de vendas, as despesas

    de publicidade, as despesas financeiras, inclusive a correo

    monetria e os juros dos emprstimos bancrios, os tributos e

    demais gastos das empresas, bem como os lucros. Dizer que todos

    estes custos no so repassados aos preos desprezar a

    capacidade gerencial dos nossos empresrios. A verdade que as

    empresas nunca sofrem o nus efetivo de qualquer encargo, ela

    sempre uma intermediria.

    Dessa maneira, os assalariados pagam as despesas das

    empresas, tanto as utilizadas no processo normal da atividade,

    como as utilizadas nos interesses e uso particular dos

    empresrios, scios, gerentes ou diretores. Pagam, alm dos

    custos e despesas normais, os acrscimos decorrentes de ms

    compras, despesas e gastos desnecessrios e da m administrao

    dos recursos. Pagam os custos e gastos de organizao dos

    empresrios para defenderem seus interesses, pois as contribuies

    sindicais dos sindicatos patronais, as contribuies para as

    entidades de classe (FIERGS, FIESP, FEDERASUL, FARSUL entre

    outras), so lanadas na contabilidade da empresa como custos e

    repassadas aos consumidores. Diferentemente das contribuies

    sindicais dos empregados, descontadas de seus salrios pela

    prpria empresa - que algumas vezes at se apropria de parte, ao

    no entregar tudo o que descontou aos sindicatos. Somam-se a isso

    os gastos feitos na represso aos trabalhadores em seus

    movimentos, como compra de espaos nos meios de comunicao,

    publicao de matrias pagas e apedidos, contratao de fora

    policial e profissionais para desarticular movimentos, etc. Os

    trabalhadores se organizam com recursos prprios e os empresrios

    se organizam com recursos dos prprios empregados. Ironicamente,

    os assalariados pagam para serem oprimidos.

    A tecnologia desenvolvida numa empresa, normalmente

    elaborada e criada pelos trabalhadores e paga pelos consumidores

    dos produtos vendidos por essa empresa. Isso ocorre porque os

    gastos com a pesquisa e desenvolvimento da tecnologia tambm so

    lanados como custos. No entanto, as empresas e os empresrios se

    apropriam desta tecnologia e utilizam-na para proveito prprio.

    Outro aspecto interessante a utilizao pelos empresrios

    de vultosas somas em propagandas, tanto para promoverem os

    produtos quanto para se auto promoverem, conseguindo apresentarem-

    se como os benfeitores da sociedade. Por outro lado, como so eles

  • que manipulam esses recursos de publicidade das empresas,

    manipulam os meios de comunicao para que estes sempre se

    manifestem a favor de seus interesses e contra os interesses de

    quem realmente paga toda essa publicidade, os consumidores. No

    atual estgio da sociedade os meios de comunicao so de uma

    importncia fundamental na formao da opinio pblica e nos

    encaminhamentos de medidas econmicas e polticas. Com essa

    importncia no justo que intermedirios dos recursos da

    publicidade os utilizem em proveito prprio. Necessrio se faz um

    controle maior dos meios de comunicao por parte dos

    trabalhadores, que so, em ltima instncia, os seus

    financiadores.

    O mesmo ocorre com as campanhas e apoios que as empresas do

    para "promoes sociais", eventos, filantropias, etc., fazendo

    caridade com dinheiro alheio. Desse jeito fcil ser "bonzinho".

    Na realidade, os empresrios utilizam o poder de barganha em

    funo dos recursos que manipulam das empresas, considerando

    sempre que estes recursos sejam seus e no das empresas, para

    influir nas decises econmicas e polticas.

    No se pode confundir o patrimnio das empresas como sendo

    bens particulares dos empresrios. As empresas so entidades com

    personalidade jurdica e patrimnio prprio. Os empresrios, ao

    aplicarem seu capital em uma empresa, transferem a propriedade

    deste para a entidade, recebendo em troca os lucros e os bens

    restantes em caso de dissoluo ou retirada da sociedade ou da

    firma individual. Eles ficam proprietrios das aes ou das quotas

    da sociedade e no dos seus recursos. Podem administr-los como

    representantes da empresa e no em nome prprio, no podendo,

    portanto, disp-los como se fossem propriedade particular, muito

    menos pagar despesas que no sejam estritamente necessrias

    atividade da empresa. As despesas particulares dos empresrios e

    sua famlia devem ser suportados pelos recursos do pr-labore, do

    lucro distribudo ou de outros bens particulares.

    A economia afinal, tem que ser discutida nos seus efeitos

    reais e no nos seus efeitos aparentes.

    (Captulo IV)

    FUGA TRIBUTRIA

    4.1 - Cumprimento das leis tributrias

    O esperado que todos cumpram seu dever fiscal. Porm, a

    realidade bem diferente, e a fuga tributria (no recolhimento)

    muito grande. No se sabe exatamente quanto sonegado e quanto

    deixado de cobrar, mesmo porque da essncia da sonegao o

    ocultamento dos dados. A fuga tributria varia muito de tributo

  • para tributo, mas, certamente, do total previsto em lei ela no

    baixa de 50, 60%. S a sonegao no deve baixar de 30 a 40% do

    que realmente deveria ser recolhido. Percentuais estes, geralmente

    aceitos pelos especialistas da rea.

    Os historiadores contam que desde que surgiram os tributos

    existem sonegadores, assim como desde que existe sociedade, h

    criminosos. Para ns, no basta simplesmente sabermos da

    existncia de sonegadores: preciso saber qual o efeito econmico

    e social da sonegao, para podermos nos posicionar a respeito. Os

    fiscais de tributos tm esta obrigao por dever de ofcio, mas os

    contribuintes devem saber o que representa e qual o efeito da fuga

    tributria.

    4.2 - Eliso tributria

    As maneiras de evitar o pagamento ou recolhimento de tributos

    podem ser divididas em dois grandes grupos: a eliso e a evaso

    tributrias.

    Entende-se por eliso o ato ou fato que tem por objetivo evitar o

    aparecimento da obrigao tributria, sem a prtica do dolo ou

    fraude. Ela tambm conhecida por economia de imposto, economia

    fiscal, poupana fiscal, eluso, evaso legal, evaso legtima e

    evaso lcita.

    A eliso tributria pode se apresentar sob duas formas

    distintas:

    1. Induzida ou permitida ou, ainda, organizada pela lei.

    2. Resultante de lacunas da lei.

    A eliso induzida ou permitida ou, ainda, organizada pela

    lei, fruto do legislador que, por razes extrafiscais, permite a

    prtica de certos negcios sem nus fiscal, os quais, por

    princpio, deveriam ser tributados, pois so perfeitamente

    enquadrados no campo de incidncia dos impostos previstos. Este

    tipo de eliso decorrente da imunidade, da no-incidncia, da

    iseno, das redues de base de clculo, dos prazos especiais,

    dos crditos simblicos, dos crditos presumidos; enfim, de todas

    aquelas figuras que fazem com que o contribuinte no recolha ou

    recolha parte do tributo, que, em tese, seria devido. Pode-se

    incluir neste tipo as anistias fiscais, moratrias e remisses

    fiscais.

    So exemplos: imunidade de impostos dos livros, jornais,

    peridicos e o papel destinado a sua impresso (Constituio

    Federal - CF - artigo 150, VI, "c"); no-incidncia do ICMS sobre

    operaes que destinem ao exterior produtos industrializados,

    excludos os semi-elaborados (CF artigo 155, X, "b"); iseno de

    impostos para as microempresas; reduo do valor venal dos

    veculos para o clculo do IPVA devido, quando a fazenda estadual

  • publica os valores que servem de base de clculo do imposto abaixo

    do valor de mercado.

    A eliso resultante de lacunas da lei decorrncia das

    "brechas" dos textos legais, que especialistas descobrem e com as

    quais orientam seus negcios, de maneira que eles sejam feitos sem

    a incidncia do imposto, ou com um nus menor, por ser a lei mal

    elaborada. O legislador, ao elaborar as leis, deve procurar prever

    todos os casos e situaes. Porm isto quase impossvel. No se

    conseguindo fazer leis perfeitas, h a possibilidade de estudiosos

    aproveitarem essas falhas para no recolherem impostos, ou

    recolherem menos que o previsto no princpio geral.

    O exemplo mais comum desse tipo de eliso a praticada pelo

    planejamento tributrio, que organiza e ordena os negcios de

    maneira que as operaes realizadas sofram a menor carga

    tributria, alcanando um maior resultado econmico. No incio da

    dcada de 80 houve uma avalanche de cises, formando diversas

    empresas e dividindo o patrimnio e as atividades no sentido de

    recolher menos impostos, principalmente o IR. Para escapar da

    tributao na sucesso de bens so criadas fundaes, que recebem

    os bens, os quais so administrados e controlados pelos herdeiros,

    conseguindo, com isso, transferi-los de fato e beneficiar-se das

    isenes previstas para estas entidades.

    de se salientar que a eliso no pode desacatar a lei e

    muito menos ser alcanada por meio ilcito ou fraudulento,

    hipteses essas em que deixar de ser uma eliso para ser uma

    evaso tributria (sonegao).

    A questo da eliso pode ser resolvida por vontade poltica

    de no dar benefcios desnecessrios e de promover uma melhor

    elaborao das leis tributrias, evitando lacunas. Na questo dos

    benefcios fiscais, deve haver uma maior discusso, inclusive um

    maior questionamento sobre sua validade, pois, seria muito mais

    justo reduzir-se a carga tributria global do que proporcionar

    essas vantagens a setores privilegiados. Esses benefcios servem

    mais para negociatas entre os governos e os empresrios do que

    como incentivo, uma vez que, em funo de benefcios a estes

    setores, os demais so taxados com alquotas bem superiores. Para

    o consumidor, tanto faz no pagar imposto sobre alguns produtos e

    pagar com alquotas superiores os demais, como pagar uma alquota

    mdia e razovel em todos os produtos. Alm disso, os consumidores

    no tm nenhuma garantia de que, com esses benefcios, os produtos

    fiquem mais baratos, uma vez que no h controle de preos.

    4.3 - Evaso tributria ( Sonegao )

    Entende-se por evaso tributria tanto o simples no

    pagamento ou no-recolhimento do tributo previsto em lei, quanto a

    ao consciente, espontnea, dolosa ou intencional do

  • contribuinte, que, valendo-se de meios ilcitos, visa evitar ou

    eliminar, reduzir ou retardar o pagamento ou recolhimento de

    tributo considerado devido por lei.

    Porm, h que se diferenciar a sonegao simples da dolosa ou

    fraudulenta. A sonegao primeira a que resulta da falta de

    pagamento do imposto, sem qualquer malcia ou sem o emprego de

    ardil ou fraude. o simples no pagamento. A Segunda a gerada

    da fraude ou da m-f do contribuinte, que usa meios, manobras, ou

    ardis para se furtar ou se subtrair do pagamento do imposto.

    A evaso tributria, alm de sonegao tambm conhecida

    por: sonegao fiscal, sonegao tributria, evaso ilegal, evaso

    ilegtima, fraude fiscal, fraude tributria, fraude (propriamente

    dita), fraude ilcita, fraude ilegal, etc. Por ser expresso mais

    conhecida, mais comum e mais representativa, preferimos utilizar

    simplesmente sonegao. Assim, ao utilizarmos o termo sonegao,

    estamos, geralmente, nos referindo fraudulenta.

    A sonegao, que, alm de infrao administrativa tributria,

    tambm figura delituosa criminal, prevista na Lei 4.729/65, ,

    na maioria das vezes, praticada em conjunto com outros delitos

    penais: estelionatos, adulteraes de documentos, tanto pblicos

    quanto particulares, declaraes falsas, subornos, utilizao

    indevida de ttulos de crdito, falsificao de documentos,

    falsidade ideolgica, etc.

    A sonegao fiscal praticada atravs de infraes, que

    podem ser materiais ou formais.

    Infrao formal o no cumprimento das formalidades

    previstas nas leis tributrias, ou seja, a ao ou omisso

    praticada pelos contribuintes em desacordo com a lei, no que se

    refere a documentos exigidos, informaes a serem prestadas e

    demais obrigaes acessrias. No do um prejuzo em si ao Estado,

    porm podem proporcionar e facilitar a prtica de infraes

    materiais, assim como prejudicar a administrao tributria, ao

    no fornecerem os dados necessrios para um bom acompanhamento da

    arrecadao.

    A material a sonegao em si, o no pagamento ou

    recolhimento do tributo devido. Causa prejuzo direto ao poder

    pblico, e decorre do no cumprimento de uma obrigao material.

    Na pratica, toda infrao material acompanhada de uma ou mais

    infraes formais.

    So previstas multas tanto para as infraes materiais quanto

    para as formais. No entanto, quando existem as duas no mesmo

    fato, geralmente cobrada apenas a multa material, juntamente com

    o tributo sonegado, corrigido monetariamente.

    (Captulo V)

    QUEM SONEGA

  • 5.1 - S sonega quem pode

    S sonega tributos quem tem chances para isso, isto , quem

    manipula esses valores e tem a responsabilidade de recolh-los aos

    cofres pblicos. O sistema tributrio brasileiro est estruturado

    de tal forma que existem dois tipos de contribuintes: O de fato e

    o de direito. O primeiro aquele que realmente paga, que sofre o

    nus do imposto. J o segundo o que tem a responsabilidade de

    cobrar do contribuinte de fato (consumidor) e recolher aos cofres

    pblicos. Este sistema utilizado em quase todos os tributos

    existentes. Tanto assim que cerca de 95% do montante

    arrecadado de forma indireta. Isto quer dizer que a empresa

    (contribuinte de direito) fica com os recursos at o prazo

    previsto em Lei para o seu recolhimento aos cofres pblicos.

    Evidentemente, o consumidor, ao fazer compras num

    supermercado ou loja, no tem a opo de pagar ou no os impostos,

    pois estes J esto includos no prprio preo dos produtos. No

    entanto, a empresa, que J cobrou os impostos do consumidor e

    depositria de seu valor, pode cumprir a lei e recolh-los aos

    cofres pblicos ou pode se apropriar deste dinheiro, fraudando o

    fisco. Nos impostos indiretos somente quem intermedirio,

    depositrio, que poder sonegar.

    Alm das empresas, os profissionais liberais tambm exercem

    essa funo de intermedirios dos tributos indiretos, ficando com

    este dinheiro at o prazo previsto para o seu recolhimento.

    Grande parte dos impostos ditos diretos e contribuies

    parafiscais, pagos pelos assalariados so descontados na folha de

    pagamento pelas empresas, que retm esse dinheiro para o recolher

    no prazo previsto, restando a possibilidade de as empresas

    sonegarem esses tributos. o que acontece, por exemplo, com o

    Imposto de Renda Pessoa Fsica - devido pelos empregados e retido

    na fonte -, o INPS, as contribuies sindicais, etc. Estes

    tributos, a princpio diretos, pela sua sistemtica de

    recolhimento, se transformam em tributos indiretos.

    5.2 - Assalariado

    Podemos dizer que o trabalhador assalariado, em tese, no

    sonega. Diante dos mtodos do sistema arrecadador poucas chances

    ele tem, pois mesmo os tributos ditos diretos ele paga junto com o

    preo das compras ou so descontados em folha.

    Na prtica, sobrariam alguns impostos diretos para o

    assalariado pagar diretamente ao poder pblico, como IPVA, ITCD,

    IPTU, ITBI. Porm, estes, alm de serem pouco representativos,

    poucas possibilidades oferecem de sonegao, uma vez que existem

    mecanismos paralelos de verificao. Assim, o pagamento do IPVA

  • verificado todo ano por ocasio do licenciamento do veculo, alm

    das verificaes dos guardas de trnsito. Na escritura e no

    registro do imvel verificado o pagamento do ITCD, ITBI e muitas

    vezes do IPTU.

    O mximo que pode existir, por parte dos assalariados, o

    no pagamento, a sonegao simples, e nunca a fraudulenta, a

    apropriao indbita. Alm do mais, so tributos sobre

    propriedade, difceis de serem escondidos. Se no h cobrana

    destes impostos, por desleixo do poder pblico.

    5.3 Produtores rurais

    Os produtores rurais, excetuando-se as empresas agrcolas ou

    rurais, tambm quase no tm chances de sonegar impostos indiretos

    por no manipularem os valores dos mesmos, uma vez que a maioria

    dos seus produtos so isentos ou tm os impostos diferidos ou

    suspensos. No entanto, h sonegao do Imposto de Renda e do

    Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (INCRA),

    principalmente por parte dos grandes produtores e latifundirios.

    5.4 - Profissionais liberais

    Estes apresentam uma sonegao acentuada no IR quando prestam

    servios sem registros, ou melhor, sem recibo, sonegando, tambm,

    em muitos casos, o ISQN. So exemplos clssicos a sonegao nos

    servios prestados por mdicos, dentistas, arquitetos, advogados,

    engenheiros, etc. Tanto assim que, ao se procurar um

    profissional liberal, comum ele apresentar dois preos: um com

    recibo e outro sem recibo. Aqui o IR/PF e o ISQN tambm so

    impostos indiretos, na medida em que o profissional os cobra junto

    com os servios.

    bom salientar que este tipo de sonegao, em princpio,

    diferente da praticada pelas empresas e empresrios, pois os

    profissionais liberais tm um relacionamento direto com o

    consumidor e descontam o valor do imposto do prprio usurio, na

    maioria das vezes, no se apropriando de nenhum recurso alm do

    valor de seus servios. No o que acontece com a sonegao

    praticada pelos empresrios e empresas, dado que muito raro e

    quase inexistente o fato de o comerciante, ao vender seus

    produtos, descontar os impostos que no sero recolhidos. Pelo

    contrrio, ele cobra o imposto e depois no recolhe aos cofres

    pblicos, apropriando-se desses recursos. Tanto assim que quando

    se vai a um supermercado, ou a uma loja, no se encontra dois

    preos para as mesmas mercadorias.

    Para exemplificar, vamos fazer um paralelo entre um produto e

    um servio que valem igualmente Cr$ 1000,00, includa a carga

    tributria de 30%. Tanto no servio (tratamento de um dente)

  • quanto no produto (um aparelho), Cr$ 300,00 dos Cr$ 1000,00 so de

    tributos. No caso do dentista, ele ir dizer que o preo Cr$

    1000,00 com recibo e Cr$ 700,00 sem recibo. J na loja, o preo

    Cr$ 1000,00, e o consumidor nunca saber se os Cr$ 300,00 sero

    recolhidos pelo comerciante ou no.

    Analisando-se os dois casos, d muito bem para identificar a

    diferena. O dentista ficar com os mesmos Cr$ 700,00 do servio

    dele, e o paciente ir pagar s