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A Guardia Da Floresta

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A GUARDIÃ DA FLORESTA

Cleusa Sarzêdas

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A GUARDIÃ DA FLORESTA Cleusa Sarzêdas

A Ursinha Julinha morava sozinha em uma casade papel. De papel amassado e misturado com água elátex, um suco leitoso extraído de uma árvore, a se-ringueira. Com essa mistura, ela levantou paredes eteto tão fortes que a chuva e o vento não derrubavam.Dentro, o ar circulava fresco e agradável devido apequenos orifícios feitos no alto de todas as paredes.Os móveis eram de cipó trançado e forrados com fo-lhas secas achadas no chão.

A ursinha muito trabalhou para ter seu lar e,toda prosa, agradecia cada elogio que recebia dosamigos que viviam na floresta.

Faceira, saía a passear com grande laço nacabeça, feito de folha comprida, na cor amarela. Ou-tro laço contornava-lhe a cintura e nos pés calçavasandalinha de cipó macio, na cor verde. Todas as tar-des ia à floresta colher alimentos para armazenar eusar na época do frio.

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Num ano de longo inverno, a água dos rioscongelou, espantando todos os viventes. As árvorestinham tanto gelo que a polpa dos frutos, queimadospelo frio, perdeu o sabor. Os pássaros que levavamnos pezinhos as sementes dos frutos que comiam,espalhando-as sobre a terra em novo plantio, foramfazer seus ninhos em outros lugares, bem longe dali.

Muito tempo se passou até que o rei Sol voltoua brilhar e derreteu todo o gelo. A Natureza reagiu eos frutos queimados caíram no chão, liberando assementes. Os galhos marrons foram substituídos porgalhos verdes, e a floresta sorriu. Os animais saíramde suas tocas, os pássaros retornaram trazendo no-vas sementes e refizeram os ninhos. Seus cantosencheram de alegria a floresta. Era a vida ressurgin-do.

Como os demais, Julinha saiu de sua casa,encontrou os companheiros e muita conversa rolou.Junto com Julião, um ursinho bom astral, foi passearno outro lado da floresta. Viram, então, algo esquisi-to se mexendo. Como era difícil ver o que se passava,aproximaram-se sorrateiros e verificaram, decepcio-nados, que eram animais racionais (homens) com serrase caminhões entrando sem nenhuma cerimônia nomundo dos irracionais (animais), trazendo morte ins-tantânea.

Preocupada, a ursinha pediu ao anjo protetorda floresta que os levasse muito rápido, por sobre asárvores, para junto dos companheiros, dentro da flo-

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resta. Lá chegando, reuniu o pessoal, expôs a situa-ção e planejou um ataque aos �racionais�. Julinha co-mandava a ação como um general. Os animais passa-ram por trilhas e alcançaram o bando se preparandopara a destruição. As serras prontas para derrubar asgrandes árvores, que cairiam sobre as pequenas, pro-vocando grande vazio na vegetação.

A ursinha, muito esperta, disse aos compa-nheiros: �Vamos atacá-los em bando. Os menoresirão na frente, os rasteiros subirão pelas suas pernas,tomando conta de todo o corpo deles e os maioreschegarão em seguida. Os macacos jogarão frutosmaduros sobre eles e os pássaros farão cocô em suascabeças. Enquanto isso, arrastaremos as serras paradentro do rio. Se, mesmo assim, não forem vencidos,usaremos a corneta e chamaremos nossos irmãosmaiores, que os expulsarão daqui.

Quando os �racionais� ligaram as serra, os ani-mais pequenos os atacaram em bando. Foi uma lou-cura! Tentaram livrar-se deles, mas o pavor cresceuquando tiraram as roupas, num frenesi, e viram seuscorpos cobertos de criaturas rastejantes. Os pássarosos bicavam e o cocô mole escorria-lhes pelo rosto;frutas atiradas das árvores se desfaziam sobre eles.Os �racionais� pulavam, gritavam e se debatiam depavor, mas não conseguiam se livrar dos teimososbichinhos com tantas perninhas. Não mais suportan-do as ferroadas, eles caíram inertes no chão.

As serras foram jogadas no fundo do rio. Osanimais maiores ficaram aguardando o despertar dos

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homens para, com sua presença ameaçadora, expulsá-los da floresta.

Trepados num grande jequitibá, a ursinhaJulinha e seus companheiros fizeram a maior festaquando viram o caminhão cheio de �racionais� sair dafloresta numa corrida só. Logo desceram, juntaram-se aos demais e saíram em caravana balançando osgalhos das árvores alegremente.

O vento compareceu à manifestação de vitó-ria, o Sol, com seus raios penetrantes, iluminou ocaminho pela mata. Os peixes vieram na beira do rioagradecer e os pássaros encheram o ar com a harmo-nia de seus cantos e o farfalhar de suas asas, pulandode galho em galho numa dança nunca vista.

No meio da alegria, que já durava muitos dias,mais uma aconteceu: o casamento da ursinha Julinhacom seu namorado, o ursinho Julião.

A Natureza foi a madrinha.

FIM