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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE - UNIBAVE ADRIANA FELTRIN BÖGER KNIESS CRISTIANA MARIA SCHMOELLER INGRIA VIEIRA DA SILVA JÉSSICA WALTER NUNBERG SIMONE NUNES SPERRY A HISTÓRIA DAS QUATRO PRIMEIRAS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL 1

A HISTÓRIA DAS QUATRO PRIMEIRAS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL

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Page 1: A HISTÓRIA DAS QUATRO PRIMEIRAS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL

CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE - UNIBAVE

ADRIANA FELTRIN BÖGER KNIESS

CRISTIANA MARIA SCHMOELLER

INGRIA VIEIRA DA SILVA

JÉSSICA WALTER NUNBERG

SIMONE NUNES SPERRY

A HISTÓRIA DAS QUATRO PRIMEIRAS CONSTITUIÇÕES DO

BRASIL

ORLEANS, SC

MAIO/2012

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Page 2: A HISTÓRIA DAS QUATRO PRIMEIRAS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL

ADRIANA FELTRIN BÖGER KNIESS

CRISTIANA MARIA SCHMOELLER

INGRIA VIEIRA DA SILVA

JÉSSICA WALTER NUNBERG

SIMONE NUNES SPERRY

A HISTÓRIA DAS QUATRO PRIMEIRAS CONSTITUIÇÕES DO

BRASIL

Trabalho Acadêmico apresentado ao curso de Direito, requisitado pela disciplina de Teoria Geral do Estado.

ORLEANS, SC

MAIO/2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 4

1. CONSTITUIÇÃO DE 1824 5

1.1 Características da Constituição de 1824 7

2. CONSTITUIÇÃO DE 1891 9

2.1 Características da Constituição de 1891 10

3. CONSTITUIÇÃO DE 1934 11

3.1 Características da Constituição de 1934 11

4. CONSTITUIÇÃO DE 1937 12

4.1 Características da Constituição de 1937 13

CONCLUSÃO 14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 15

ANEXO 16

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INTRODUÇÃO

O Brasil é um Estado relativamente jovem. Apesar de ter sido descoberto no século

XVI, tornou-se independente de Portugal há menos de 200 anos. Desde então, vem

amadurecendo politicamente, o que pode ser demonstrado analisando-se a história das

Constituições.

Constituição: “Lei fundamental num Estado, que contém normas sobre a formação

dos poderes públicos, direitos e deveres do cidadão, etc., Carta Constitucional”.

(AURÉLIO – o dicionário da língua portuguesa)

Um Estado que não impõe limites para os indivíduos que nele vivem, se torna

insustentável, sem leis que garantam os direitos e determinem os deveres de seus cidadãos.

No Brasil, após a Independência, observa-se que as primeiras Constituições limitavam em

muito os direitos e liberdades do cidadão. Por outro lado, davam ao Estado amplos poderes, o

que permitia a opressão da maioria da população.

O presente trabalho vem enfatizar as quatro primeiras Constituições Brasileiras, bem

como suas principais características, como surgiram e o que trouxeram de novo. Sendo elas:

Constituição Brasileira de 1824, caracterizada como Imperial;

Constituição Brasileira de 1891, sendo Monárquica;

Constituição Brasileira de 1934, que seria a Democrática;

Constituição Brasileira de 1937, considerada Autoritária.

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1- CONSTITUIÇÃO DE 1824.

A Constituição do Império do Brasil de 1824, foi à primeira Constituição Brasileira.

Tal foi encomendada pelo imperador Dom Pedro I, proclamador da Independência e fundador

do Império do Brasil. Assim, a primeira Carta Constitucional do Brasil foi outorgada.

A elaboração da Constituição do Brasil de 1824 foi conturbada, pois logo após a

Proclamação da Independência, em 7 de setembro de 1822, foi iniciado um conflito entre

radicais e conservadores na Assembleia Constituinte, que iniciou uma disputa entre as

principais forças políticas pelo poder e onde ficou clara a polarização política entre os grupos

dos portugueses (chamado partido português), formado por militares de alta patente,

funcionários públicos graduados e comerciantes, e o grupo de brasileiros (chamado partido

brasileiro), formado sobretudo por membros da aristocracia rural. Neste último grupo se

observa a presença de três correntes políticas:

Conservadores, liderados por José Bonifácio de Andrada e Silva1, os quais

defendiam a supremacia do Executivo sobre o Legislativo;

Republicanos, ainda com pouca expressão, se farão notar no período

Regencial;

Liberais, ligados à maçonaria, liderado por Gonçalves Ledo2, defendem uma

monarquia constitucional nos moldes ingleses.

A Assembleia Constituinte iniciou seu trabalho em 3 de maio 1923. Pretendia criar um

sistema de governo em que o imperador tivesse pouco poder de decisão sobre as questões

nacionais. Esse projeto de Constituição, apresentado pelo deputado Antonio Carlos de

Andrada, irmão de José Bonifácio, ficou conhecido como a Constituição da Mandioca. Além

de limitar os poderes do imperador, o projeto criava um sistema eleitoral que exigia do eleitor

ou candidato a cargos na Câmara ou Senado, uma renda equivalente a alqueires de mandioca.

1 Diplomou-se em filosofia e leis pela Universidade de Coimbra, Em 1808 e 1809 participou das lutas contra as invasões francesas, tendo conquistado as patentes de major, tenente-coronel e comandante. Adepto do sistema monárquico, não poupou, no entanto, críticas ao governo português e admoestações severas dirigidas aos ministros de estado. Na época da abdicação, José Bonifácio assumiu a tutoria dos filhos do imperador. Um decreto da regência, em dezembro de 1833, suspendeu-o da função. Preso em seu domicílio de Paquetá, aguardou o resultado do processo instaurado contra ele por conspiração, só encerrado em 1835.

2 Joaquim Gonçalves Ledo, político e jornalista brasileiro. Figura de destaque nas lutas pela independência e durante o reinado de D. Pedro I.

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Ao perceber a manobra Dom Pedro I, apoiado pelos portugueses, dissolveu a

Assembleia e, no ano seguinte, apresentou à nação uma Constituição que foi outorgada3 em

25 de março de 1824, sendo esta, influenciada pelas Constituições Francesa, de 1791 e

Espanhola, de 1812. Era um “belo documento de liberalismo do tipo francês”, com um

sistema representativo baseado na teoria da soberania nacional garantindo plenos poderes ao

imperado.

Mas a Constituição de 1824, na realidade, só começa a ter aplicação prática em 1826,

quando se instala o Parlamento e em 1828, quando se cria o Supremo Tribunal de Justiça,

dando-se forma aos quatro poderes nela previsto (Poder Legislativo, Poder Moderador, Poder

Judiciário, Poder Executivo), conforme a filosofia liberal das teorias da separação dos poderes

e de Benjamin Constant.

Esta Constituição era uma das mais liberais que existia em sua época, até mesmo

superando as europeias. Fora mais liberal em diversos pontos, e menos centralizadora que o

projeto da Constituinte, revelando que os “constituintes do primeiro reinado que estavam

perfeitamente atualizados com as ideias da época”. Apesar de a Constituição prever a

possibilidade de liberdade religiosa somente em âmbito doméstico, na prática ela era total.

Tanto os protestantes, como judeus e seguidores de outras religiões mantiveram seus templos

religiosos e a mais completa liberdade de culto. Continha uma inovação, que era o Poder

Moderador, cujo surgimento na letra da lei fora atribuída a Martim Francisco de Andrada, um

grande admirador de Benjamin Constant. Este poder serviria para "resolver impasses e

assegurar o funcionamento do governo".

O Poder Moderador - dizia o Art. 98. da Constituição - "é a chave de toda a

organização politica, e é delegado privativamente ao Imperador, como chefe

Supremo da Nação e seu primeiro representante para que incessantemente

vele sobre a manutenção da independencia, equilibrio e harmonia, dos mais

poderes politicos.”

Essa redação revela mais o conceito doutrinário que jurídico, do que deveria ser o

“quarto poder”. E é aí que reside a chave da organização política do Império. A figura do

monarca se impõe dominante com o seu poder transmitido hereditariamente, com as

3 Outorgada: significa que foi feita por pessoas que não foram eleitas como constituintes e que não foi aprovada pelo Congresso Nacional; nesse caso, a Carta é imposta à nação.

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aspirações democráticas do constitucionalismo que explodiu, a partir do fim do século XVIII,

com a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa de 1879.

Mas é exatamente na conciliação dessas tendências, na realidade, opostas e

conflitantes (a do autoritarismo implícito da monarquia com a democracia explicitado

constitucionalismo), que a concepção do Poder Moderador exerce o seu papel conceitual de

“chave de toda a organização política”. Sem o Poder Moderador segue-se o modelo clássico

do parlamentarismo inglês, segundo a máxima de que “o rei reina, mas não governa”. Com

amplas atribuições de Poder Moderador, como no modelo brasileiro, o parlamentarismo deixa

de ser possível e torna-se impraticável na medida em que é o monarca, e não a maioria

parlamentar da Câmera, que livremente escolhe, aprova e derruba o Ministério.

O Poder Moderador moldou o regime político que tivemos nos 65 anos de duração da

Carta de 1824. É a sua concepção, em última análise, que impulsiona a monarquia

constitucional no caminho de seu papel ativo em contraste com o papel passivo da monarquia

parlamentar. Era chamado, com muita propriedade, de Poder Real, Poder Imperial, Poder

Neutro ou Poder Conservador. Na prática, porém, foi aplicado apenas no Brasil e esta é uma

singularidade da Constituição Política do Império.

Examinada sob o aspecto de sua eficácia e considerada a partir de sua vigência, a

Constituição Brasileira de 1824 foi a de maior duração das sete que tivemos. A ser revogada

pelo Governo Republicano em 1889, depois de 65 anos, era a segunda Constituição escrita

mais antiga do Mundo, superada apenas pela dos Estados Unidos.

1.1- Características da Constituição de 1824:

Governo: monárquico, hereditário, constitucional e representativo. Forma unitária de

Estado, o que significa, mais explicitamente, que não existia a divisão dos Estados em

entes Federativos;

Território: as antigas capitanias hereditárias foram transformadas em províncias;

Religião oficial do Império: Católica Apostólica Romana, podendo todas às outras

religiões ter seu culto doméstico ou particular em casas para isso destinadas, sem

forma alguma exterior do Templo (Art.5º);

Capital do Império: Rio de Janeiro (1822/1889);

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Organização dos Poderes: Não se adotou a função tripartida de Montesquieu4, pois

além das funções legislativa, executiva e judiciária, adotou-se a função Moderadora5;

Poder Legislativo: exercido pela Assembleia Geral, com sanção do Imperador -

Bicameral6;

Eleições: Indiretas;

Sufrágio: Censitário, sendo vedado o direito de voto àqueles que não tiverem de renda

líquida anual cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos. Em

relação à capacidade eleitoral passiva, ou seja, o direito de ser eleito para ocupar

algum cargo político, também havia necessidade de comprovação de renda mínima

proporcional ao cargo pretendido (Art. 92., V e seguintes);

Poder Executivo: exercido pelo Imperador;

Poder Judiciários: independente e composto de juízes e jurados. O órgão de cúpula do

judiciário era o Supremo Tribunal de Justiça;

Quanto à alterabilidade: semirrígida;

Liberdades públicas: declaração de direitos e garantias.

Diferente das primeiras Constituições Francesas, a brasileira não se inicia por uma

declaração de direitos. Os constituintes preferiram colocá-las no final, sob o título “Das

Disposições Gerais, Garantias dos Direitos Civis e Políticos dos Cidadãos Brasileiros (Art.

179.). A inviolabilidade dos Direitos Civis e Políticos dos Cidadãos Brasileiros que tem por

base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, são garantidos pela Constituição do

Império” [...].

4 Elabora a teoria da separação dos poderes, em que a autoridade política é exercida pelos poderes executivo, legislativo e judiciário, cada um independente e fiscal dos outros dois. Seria essa a melhor garantia da liberdade dos cidadãos e, ao mesmo tempo, da eficiência das instituições políticas. Seu modelo é a monarquia constitucional britânica.

5 Designação da competência do imperador brasileiro para intervir na política nacional, com o objetivo de restabelecer o equilíbrio e a harmonia entre os três poderes do estado ou fazer valer sua posição pessoal.5

6 Câmara dos Deputados e Senado.8

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2 - CONSTITUIÇÃO DE 1891.

O período imediato, posterior à proclamação da República entre 1889 e 1894, é

caracterizado pela hegemonia do exército recebendo, por isso, a denominação de

República da Espada. A República da Espada foi responsável pela transição do Regime

Monárquico para o Regime Republicano. A participação popular no processo foi nula e

a República resultou da junção de interesses políticos dos militares, da classe média

urbana e da elite cafeeira.

Após a deposição do imperador, ficaram claras as diferenças existentes entre

republicanos. A ala militar queria um Executivo forte e um regime centralizado,

enquanto a aristocracia cafeeira reivindicava o Federalismo que lhes permitiria

manobrar as economias estaduais sem a interferência do Governo Central. Os militares

assumiram o poder logo após a deposição do imperador, mas os cafeicultores ganharam

a disputa final.

Logo após a Proclamação da República, foi instalado um governo provisório

para dirigir o país enquanto não ficava pronta a nova Constituição. As principais

medidas do governo recém-empossado foram:

Expulsão da família real;

Transformação das províncias em Estados;

Dissolução de todo o Legislativo do Império;

Extinção da vitaliciedade do Senado;

Decreto da grande naturalização (todo estrangeiro residente no Brasil

tornava-se brasileiro, a não ser que manifestasse interesse contrário);

Extinção do Conselho de Estado;

Separação entre a Igreja e o Estado, criando a liberdade de culto e o

casamento civil;

Criação da bandeira da República.

A elaboração da Constituição brasileira de 1891 iniciou-se em 1890. Após um

ano de negociações, a sua promulgação ocorreu em 24 de fevereiro de 1891. Esta

Constituição vigorou durante toda a República Velha e sofreu apenas uma alteração em

1927. Os principais autores da Constituição da Primeira República foram: Prudente de

Morais e Rui Barbosa.

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Visando fundamentar juridicamente o novo regime, a primeira Constituição

Republicana do país foi redigida à semelhança dos princípios fundamentais da Carta

Norte-Americana, embora os princípios liberais democráticos oriundos daquela Carta

tivessem sido, em grande parte, suprimidos.

Isto ocorreu porque as pressões das oligarquias latifundiárias, através de seus

representantes, exerceram grande influência na redação do texto desta Constituição.

Muitos desejavam que o poder fosse mais centralizado. Desta forma seria mais fácil a

manipulação deste advinda daqueles grupos regionais à semelhança da forma que agiam

no extinto Império. Embora o Brasil tenha passado a ser uma República, na prática, o

poder continuou nas mesmas mãos.

Promulgada pelo Congresso Constitucional, elegeu indiretamente para a

Presidência da República o Marechal Deodoro da Fonseca.

2.1- Características da Constituição de 1891:

Consagrou o sistema presidencialista e a forma de Estado Federal. A forma de

Governo Republicano substituiu à Monarquia. Houve a previsão, pela primeira vez do

habeas corpus e como algumas características:

Forma de Governo e regime representativo: Adotou-se como forma de Governo,

sob o regime representativo, a República Federativa e, ainda, a união perpétua e

indissolúvel das antigas Províncias;

Distrito Federal: Capital de Brasil – Rio de Janeiro;

Religião: Não há mais religião oficial; o Estado Laico;

Organização dos Poderes: Extinção do Poder Moderador. Adotando-se a

“Tripartição dos Poderes”;

Poder Legislativo: Exercido pelo Congresso Nacional, com a sanção do

Presidente da República;

Poder Judiciário: orrgão máximo → Supremo Tribunal Federal;

Poder Executivo: Exercido pelo Presidente da República;

Quanto à alterabilidade: Rígida;

Declaração de Direito: Aboliu-se a pena de Galés, banimento e de morte.

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3- CONSTITUIÇÃO DE 1934.

A Constituição Brasileira de 1934, promulgada em 16 de julho pela Assembleia

Nacional Constituinte, foi redigida "para organizar um regime democrático, que

assegure à nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico",

segundo o próprio preâmbulo. Ela foi a que menos durou em toda a História Brasileira,

permaneceu durante apenas três anos, mas vigorou oficialmente apenas um ano

(suspensa pela Lei de Segurança Nacional). O cumprimento à risca de seus princípios,

porém, nunca ocorreu. Ainda assim, ela foi importante por institucionalizar a reforma da

organização político-social brasileira — não com a exclusão das oligarquias rurais, mas

com a inclusão dos militares, classe média urbana e industrial no jogo de poder.

A Constituição de 1934 foi consequência direta da Revolução Constitucionalista

de 1932, quando a força pública de São Paulo lutou contra as forças do Exército

Brasileiro. Com o final da Revolução Constitucionalista, a questão do Regime Político

veio à tona, forçando desta forma as eleições para a Assembleia Constituinte em maio

de 1933, que aprovou a nova Constituição substituindo a Constituição de 1891, já

obsoleta devido ao dinamismo e evolução da política brasileira. Em 1934, a Assembleia

Nacional Constituinte, convocada pelo Governo Provisório da Revolução de 1930,

redigiu e promulgou a segunda Constituição Republicana do Brasil. Reformando

profundamente a organização da República Velha, realizando mudanças progressistas, a

Carta de 1934 foi inovadora, mas durou pouco: em 1937, uma Constituição já pronta foi

outorgada por Getúlio Vargas, transformando o presidente em ditador e o estado

"revolucionário" em autoritário.

3.1- Características da Constituição de 1934:

Considerada progressista para a época, a nova Constituição.

Instituiu o voto secreto;

Estabeleceu o voto obrigatório para maiores de 18 anos;

Propiciou o voto feminino, direito há muito reivindicado, que já havia sido

instituído em 1932 pelo Código Eleitoral do mesmo ano;

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Previu a criação da Justiça do Trabalho;

Previu a criação da Justiça Eleitoral;

Nacionalizou as riquezas do subsolo e quedas d'água no país;

De suas principais medidas, podemos destacar que a Constituição de 1934:

Prevê nacionalização dos bancos e das empresas de seguros;

Determina que as empresas estrangeiras devam ter pelo menos % de empregados

brasileiros;

Confirma a Lei Eleitoral de 1932, com Justiça Eleitoral, voto feminino, voto aos

18 anos (antes era aos 21) e deputados classistas (representantes de classes

sindicais);

Cria a Justiça do Trabalho;

Proíbe o trabalho infantil, determina jornada de trabalho de oito horas, repouso

semanal obrigatório, férias remuneradas, indenização para trabalhadores

demitidos sem justa causa, assistência médica e dentária, assistência remunerada

a trabalhadoras grávidas;

Proíbe a diferença de salário para um mesmo trabalho, por motivo de idade,

sexo, nacionalidade ou estado civil;

Prevê uma lei especial para regulamentar o trabalho agrícola e as relações no

campo (que não chegou a ser feita) e reduz o prazo de aplicação de usucapião a

um terço dos originais 30 anos.

4- CONSTITUIÇÃO DE 1937.

Em 10 de novembro de 1937, com um golpe liderado pelo Presidente Getúlio

Vargas, vista as eleições marcadas para 1938, inicia-se o Estado Novo que iria durar até

1945. Neste período conturbado, foi outorgada a Constituição de 1937 denominada de

Constituição Polaca, pois foi inspirada na Carta Ditatorial Polonesa de 1935. Ela foi

redigida pelo jurista Francisco Campos, ministro da Justiça na época, e obteve a

aprovação prévia de Vargas e do ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra.

A característica desta Constituição era concentração de poderes nas mãos do

chefe do Executivo, ficando a cargo do presidente da República à nomeação das

autoridades estaduais. Esse, por sua vez, cabia nomear as autoridades municipais.

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O Governo desta Constituição caracteriza-se desde o início pela centralização do

poder. Mas ela foi ao extremo com a ditadura de, o Estado Novo. Com ela Getúlio

implantou um regime autoritário de inspiração fascista que durou até o fim da II Grande

Guerra.

Após a queda de Vargas e o fim do Estado Novo em outubro de 1945, foram

realizadas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, junto à eleição

presidencial. Eleita a Constituinte, seus membros se reuniram para elaborar uma nova

constituição que entrou em vigor a partir de setembro de 1946, substituindo a Carta

Magna de 1937.

A Constituição de 1937 deu origem a vários acontecimentos na História política

do Brasil e, principalmente, formou o grupo de oposição a Getúlio que culminou no

golpe militar de 1964. Este, por sua vez, deu origem à Constituição de 1967, a outra

constituição republicana autoritária — a segunda e, até agora, a última.

4.1- Características da Constituição de 1937.

Concentra os poderes Executivo e Legislativo nas mãos do Presidente da

República;

Estabelece eleições indiretas para presidente, que terá mandato de seis anos;

Acaba com o federalismo;

Acaba com o liberalismo;

Estabelece a pena de morte;

Retira do trabalhador o direito de greve;

Permitia ao governo expurgar funcionários que se opusessem ao regime;

Previu a realização de um plebiscito para referendá-la, o que nunca ocorreu.

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CONCLUSÃO

A história do Estado Brasileiro pode ser melhor compreendida se analisarmos a história de suas Constituições. Nos períodos ditatoriais nossas constituições davam pouco, ou nenhum, direito aos cidadãos mais necessitados, privilegiando a elite e os militares.

A primeira Constituição, a de1824, foi outorgada no Império por Dom Pedro I. Este, por sua vez, fortaleceu o seu poder com a criação do Poder Moderador, que permitia ao soberano intervir nos assuntos dos poderes Legislativo e Judiciário. Estabeleceu eleições indiretas e censitárias (homens livres, proprietários e condicionados ao seu nível de renda).

Em 1891 é promulgada, pelo Congresso Constitucional, a segunda Constituição Brasileira, a qual elegeu indiretamente para a Presidência da República Marechal Deodoro da Fonseca. O presidencialismo, eleições diretas para a Câmara e o Senado e mandato presidencial de quatro anos, foram criados, sendo estabelecidos o voto universal, não-obrigatório e não-secreto.       Promulgada em 1934, pela Assembleia Constituinte no primeiro governo de

Getúlio Vargas, surge à terceira Constituição. Esta tornou o voto obrigatório e secreto; ampliou o direito de voto para mulheres e cidadãos de no mínimo 18 anos de idade; os trabalhadores adquirem o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o repouso semanal e as férias anuais remunerados e a indenização por dispensa sem justa causa.

    Em 1937 é outorgada, no de governo Getúlio Vargas, a quarta Constituição do Brasil. Institui-se o regime ditatorial do Estado Novo: a pena de morte, a suspensão de imunidades parlamentares, a prisão e o exílio de opositores. A liberdade partidária é suprimida e a independência dos poderes e a autonomia federativa extinta.

Apesar da Constituição de 1824 ser caracterizada como Imperial; a de 1891 como Monárquica e a de 1934 como Democrática, todas elas apresentavam caráter autoritário, representado pela figura do imperador Dom Pedro I, pelos militares e pelo ditador Getúlio Vargas. Conclui-se que cada uma das Constituições, neste trabalho citadas, apresentavam uma grande divergência entre o Brasil nelas descrito e o Brasil real.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Aurélio – O Dicionário da Língua Portuguesa. 8ª ed. Curitiba: Positivo, 2011.

- LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13ª ed. São Paulo: Saraiva 2009.

- PETTA, Nicolina Luiza de. História uma Abordagem Integrada. 1ª ed. São Paulo:

Moderna, 1999.

- PORTO, Walter Costa. Coleção, Constituições Brasileiras, 1937. Brasília: Ministério

da Ciência e Tecnologia, Centro de Estudos Estratégicos, 2001.

- REIS. André. (2008) Histórico Das Constituições Brasileiras. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.artigonal.com.br/constituiçõesbrasileiras.patel.mht (acesso em: 21 abril de 2012).

- VILLA, Marco Antonio. A História das Constituições Brasileiras – 200 anos de luta contra o arbítrio. São Paulo: Leya, 2011.

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ANEXO

A HISTÓRIA DAS QUATRO PRIMEIRAS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL

No início onde o caos imperavaA ideia cafeeira se prolongava.Ao Rei queriam mandarPor motivos usurpar,Mas o esperto imperadorNa independência pensou:“INDEPENDENCIA OU MORTE!” Aí surgem, avançam sinais de soberania popular.SERÁ?!

O Imperador a Portugal queria nos atrelar...A soberania monárquica queria continuar,Mas a Constituição de 1824 a faz contrariar.Outorgada, erigida assim engatinha a Democracia.A lança da História assim é lançada,E na primeira emenda é declamada.

Ao ser revogada,É a segunda mais antiga Constituição escrita revelada.O governo monárquico hereditário queria continuar,E assim, as características da Carta Magna vamos falar.Antigas capitanias em províncias transformaram-se...

A religião católica exercida e acatada.O Rio de Janeiro como Capital ficou,Onde a organização dos Poderes observou:Legislativo, Executivo, Judiciário,Mas ao Poder Moderador eram subordinados.

Eleições indiretas,O sufrágio apenas aos poderosos consentia.Semirrígida nossa Constituição era, Mas direitos humanos garantia.SE ERA APLICADA JÁ NÃO SE SABIA.

Dom Pedro I seu trono perdeu E ao seu filho cedeu,O período regencial assim se estendeu .Os deputados da Assembleia a Dom Pedro II protegeram.

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No período regencial os conflitos se sucederam, As principais revoltas começavam:BALAIADA, FARROUPILHA, SABINADA,Ao governo provocavam.

Neste contexto, a difícil sustentação dos cargos regenciais balançavam...Em 1840 movimentos arquitetavam.Dom Pedro II antecipadamente imperador se tornava.O governo foi frágil, assim institui-se, O Segundo Reinado assim se revelava .

Do Poder Moderador um progressivo abandono se fundou,O povo brasileiro assim cansou.O Imperador a nada mudou, E NEM SUA FILHA O SALVOU.Após a euforia da Lei Aurea o trono a princesa perdeu...

O Regime Monárquico caia E a República se erguia.O povo disso nada participou,Mas a elite aos militares se juntou.

Assim inicia-se a Constituição de 1891,Onde o período da República se instalava;Como principal medida o governo provisório mandava;Da expulsão da Família Real;As províncias em Estado se transformava.

E as principais características da Constituição de 1891 se revelavam,Onde a República Federativa se eleva;O Executivo não mais se surbodinava;Onde o Rio de Janeiro como capital continuava;E a religião católica não mais se perpetuava.

Laico é o Estado, onde o Poder Moderador se acabava.Da abolição das galés ao Habeas Corpus,Assim a Constituição de 1891 se findava.E em julho de 1934 a nova Constituição se promulgava...Ela foi a que menos durou,Em apenas três anos terminou,Mas por somente um ano vigorou .Importante por unir as classes ao jogo do poder...

Organizando e reformando,A República Velha vai se moldando.Progressista e inovadora assim se caracteriza,Onde o voto é secreto, o direito feminino se consumouE a maioridade ao voto se obrigou.

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Finalmente a Justiça do Trabalho se criouE nossas riquezas naturais se nacionalizou.Proibindo o trabalho infantil,FINALMENTE O TRABALHADOR SEUS DIREITOS ADQUIRIU.E em 1937 a quarta Constituição surgiu...

Tendo como base a Polonesa ,Que o Estado social consagrou,Mas longe da originalA Carta Magna aos juristas não agradou.Querendo imitar o fascismo europeu nada mudou,Mas da Constituição Estadual dos Gaúchos se aproximou.

Reduzindo o papel das Assembleias na elaboração de leis.Outorgada novamente por Francisco Campos,A primeira República Autoritária obtivemos.Tentando consolidar o poder de Vargas,O Executivo concentrou,Poderes na mão do presidente que somente a ele beneficiou.Assim o Estado Novo uma ditadura virou.

A Constituição de 1937 a vários acontecimentos originou.Na história do Brasil consequências ficou.Entre suas características tirou mais direitos do que colocou;Ao trabalhador greve não podia,Mas o governo podia tirar quem quisesse que lhe opusesse.

Acaba com o Federalismo e com o Liberalismo,Estabelece eleições diretas para seis anos mandar,Beneficiando e manipulando o que bem quisesse.

FALAMOS ASSIM DAS QUATRO PRIMEIRAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRASE AO NOSSO MODO IRONICAMENTE AS DECLARAMOS.COMO MACHADO DE ASSIS ASSIM VAMOS DIZER:“AINDA ESTAMOS NA FASE DA INFÂNCIA CONSTITUCIONAL”,MAS QUANDO VAMOS CRESCER?!

Autoria: Adriana Feltrin Böger Kniess, Cristiana Maria Schmoeller, Ingria Vieira da Silva, Jéssica Walter Nurnberg e Simone Nunes Sperry.

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