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PROFESSORA A História de como me tornei Jaiane Dummer

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PROFESSORA

A História

de como me tornei

Jaiane Dummer

Essa é a história de como me tornei professora, talvez seja parecida com a história de vocês,

talvez não, mas espero que todas as nossas histórias terminem igual a essa!

Jaiane Dummer

Dizem que toda boa história tem que ter início, meio e fim. Por isso, vou começar bem do início.

Nasci no início dos anos 80, mais especificamente em 12 de agosto de 1983, no município de

Camaquã-RS. Logo ganhei uma irmã, que é 1 ano e 9 meses mais nova do que eu.

Como vocês já podem imaginar, uma de nossas brincadeiras era “brincar de escola”. Lembro-me que

não tínhamos um quadro para escrevermos, mas meu pai conseguiu para nós um quadro velho que

tinha a imagem de uma menininha loira brincando com blocos de montar (como os blocos tipo

engenheiro da xalingo que existem hoje) e mesmo por cima desta imagem, minha irmã e eu dávamos

aula uma para outra.

As brincadeiras de escola, ora eram compartilhadas e vivenciadas com muitos amigos que moravam

perto de nossa casa, ora eram brincadeiras solitárias. Lembro-me de brincar sozinha de escola e de

dar aula e falar com meus alunos imaginários, até mesmo passar-lhes sermão (só para constar, após

um tempo, meus pais conseguiram um quadro liso para nós, mas não era daqueles verdes, bonitos,

que vinham com o alfabeto escrito em cima com letras brancas, era um quadro marrom claro, que

acredito que era um compensado, algo improvisado, mas bem melhor do que o quadro da menina loira

montando blocos).

Jaiane Dummer

Minha mãe era professora, de educação física, mulher/professora batalhadora, que sempre lutou pelos

direitos da classe. Muitas vezes, ainda bem pequena a acompanhava em assembleias na capital, no

gigantinho em Porto Alegre, para as votações e decisões do sindicato e em passeatas em frente ao

palácio do governador.

Portanto, sabia que ser professora não era uma profissão fácil, por isso mesmo dizia a mim mesma,

“jamais serei professora”.

Na escola era uma aluna normal, cumpria bem meu papel de aluna, me comportava nas aulas (quase

sempre, pois tive minha fase de rebeldia na adolescência, de conversar demasiadamente nas aulas

com as amigas, mas nada que uma chamada de atenção da professora não fizesse com que baixasse

a cabeça, ficasse toda vermelha e encerrasse a conversa fora de hora), fazia os trabalhos, estudava

antes das provas e obtinha aprovação. Nunca rodei de ano!

Jaiane Dummer

Quando encerrei o ensino médio, precisava fazer uma escolha para minha futura profissão, sempre

tendo em mente, jamais ser professora! Minha primeira opção foi fazer odontologia, profissão com

prestígio social e que me renderia uma vida próspera! Logo que sai do ensino médio, prestei vestibular

para esse curso da UFPel (Universidade Federal de Pelotas). Naquele tempo as provas eram divididas

em duas fases, uma objetiva e a outra subjetiva. Se passasse da primeira fase, partia-se para a

segunda, onde era necessário escrever na prova, então não havia nem a possibilidade do chute, ou

você sabia a questão ou “nada feito”. Como vocês já sabem (pois estou contando a história de como

me tornei professora) não obtive aprovação.

No outro ano tentaria vestibular novamente, mas desta vez, para o curso de biologia, pois adorava

assistir ao globo repórter e vislumbrar os jornalistas fazendo suas reportagens em meio as matas

mostrando os animais e a diversidade da vida, pensei “quero fazer biologia para me tornar uma

bióloga”. Nesta segunda tentativa de ingressar na faculdade, meus pais puderam custear um curso pré-

vestibular em Pelotas-RS durante 6 meses. Me mudei para Pelotas com outras duas meninas e

dividíamos o apartamento. De manhã arrumávamos a casa, fazíamos almoço, estudávamos um pouco

e a tarde, íamos para o cursinho. Naquele final de ano prestei vestibular para a UFPel e para a FURG

(Universidade Federal de Rio Grande), também do Rio Grande do Sul, mas por falta de estudo acabei

reprovando nas duas tentativas. Tinha um sonho de estudar em Pelotas na federal, porque minha mãe

havia se formado lá e queria também experimentar esse momento de faculdade, universidade.

Jaiane Dummer

Nisso já haviam passado dois anos que eu havia concluído o ensino médio e na minha cidade (Camaquã-RS)

existia uma faculdade que oferecia o curso de biologia, mas apenas na área de licenciatura. Sabe aquela história

“não tem tu, vai tu mesmo”, pois é, foi isso o que aconteceu comigo. No outro ano prestei vestibular para essa

faculdade na minha cidade e consegui, e assim comecei a cursar biologia-licenciatura, mas sempre com a

esperança de não me tornar professora.

Essa faculdade que cursei, oferecia o curso de biologia concomitante com o curso de matemática, então durante

os oito semestres da faculdade, quatro tínhamos aula tanto do currículo de biologia como do currículo de

matemática. Após esses quatro semestre, a turma era dividida, os alunos da matemática “para um lado” e os

alunos da biologia “para o outro”. Assim, quem optava por biologia tinha habilitação para trabalhar a biologia no

ensino médio e ciências e matemática no ensino fundamental.

Nas férias do primeiro ano de faculdade, me casei, com meu namorado, hoje marido, Thiago Dummer, pois estáva

mos juntos desde o primeiro ano do ensino médio, casei-me com 20 anos, fomos morar na nossa casa, mas como

ganhávamos pouco e a minha faculdade era particular, meus pais continuaram bancando-a.

Jaiane Dummer

Na faculdade, o que eu queria mesmo era saber das cadeiras específicas de biologia, em aprender

sobre biologia, ir para o laboratório, fazer saída de campo e tudo o mais. Mas, tínhamos que fazer as

cadeiras pedagógicas, afinal de contas cursava um curso de licenciatura, mas não dava tanta

importância para essas disciplinas, quanto hoje e infelizmente durante todo o meu curso de graduação,

minha turma, realizou apenas duas saídas de campo e no laboratório, trabalhamos mais com plantas.

Durante a faculdade trabalhei em alguns lugares. Um desses lugares tinha relação com educação, fui

secretária de uma escola de educação infantil, contratada pelo CIEE durante dois anos, e, também fui

vendedora de livros em uma livraria na minha cidade por pouco mais de um ano. Esse emprego me

tornou mais próximas dos livros e aprendi a desenvolver um gosto maior pela leitura. Eu gostava de ler

livros que contassem uma história que me envolvesse e que me trouxesse uma lição, não achava que

deveria ler livros sobre educação, porque eram muito chatos (tive que ler alguns poucos na faculdade),

só falavam de teorias e nada de práticas e os livros específicos da área da biologia eram muito caros.

Em janeiro de 2007, me formei na faculdade com o título de Ciências Licenciatura Plena –

Habilitação em Biologia. Trabalhei mais um tempo nesta livraria, em que aprendi a me familiarizar e

gostar dos livros, mas logo depois consegui um contrato no estado, mas não para trabalhar como

professora, mas sim como secretária de escola com carga horária de 40h. Trabalhava em duas escolas

diferentes e alternava entre manhã, tarde e noite. Tinha contato com alguns professores, mas tudo na

superficialidade, já estava formada como professora, mas não estava atuando na área.

Passados pouco mais de um ano que eu estava trabalhando como secretária, abriu um concurso para professor de ciência em um

município bem próximo de onde moro. Inscrevi-me, estudei bastante e passei em primeiro lugar. Fiquei muito feliz com essa

aprovação, pois precisava muito de uma estabilidade profissional, afinal, após quase cinco anos casada, estava grávida do meu

primeiro filho. Lembro-me de dizer “um filho e estabilidade financeira, é tudo de bom! ”

E em junho de 2008 assumi meu concurso de professora de ciências, vinte horas, no município de Chuvisca. Naquela época,

trabalhei em duas escolas, em uma fiquei com duas turmas de ciências, uma de 6º série e outra de 7º série (atual 7º e 8º ano) e na

outra com duas turmas de 5º série (hoje, 6º ano) de matemática e com reforço de disciplina, em uma tarde. Já de saída ganhei turmas

de matemática, no meio do ano, inexperiente, pois a minha única experiência em sala de aula foi no estágio na faculdade, que

trabalhei durante um pouco mais de um mês em uma turma de ensino médio, trabalhando biologia.

Jaiane Dummer

As turmas de ciências eram tranquilas, dava minhas aulas de uma maneira tradicional, achava que

estava inovando por usar imagens e PowerPoint! Mas as duas 5º séries quase me enlouqueceram,

eram turmas grandes e os alunos muito agitados e eu uma professora inexperiente, imaginem... Tinha

pesadelo, quase todas as noites com aqueles alunos! Mas como disse anteriormente, eu estava

grávida e antes de terminar aquele ano letivo, no início de dezembro tive que entrar em licença saúde,

pois meu bebê queria nascer antes e, sinceramente, me livrei daquela loucura que eram aquelas

quintas séries.

Em 13 de janeiro de 2009, nasce meu primeiro bebê, fiquei em licença maternidade até maio daquele

mesmo ano (pois naquela época tinha direito a apenas 4 meses de licença maternidade). Quando

retornei da licença, fiquei lotada em apenas uma escola e assumi a matemática de uma 8º série (hoje,

9º ano), as ciências de duas 7º séries e tinha uma tarde que ajudava no grupo ambiental que a escola

possuía. Foi muito legal assumir essa oitava série, consegui fazer um bom trabalho a ponto de no fim

do ano ser convidada para ser paraninfa desta turma, mesmo assumindo-a no final do mês de maio, ou

seja, não estava com eles desde o início do ano. Mas ainda não havia experimentado trabalhar um ano

letivo inteiro, o que não aconteceu em 2010, pois em outubro de 2009 já “tratei de encomendar” nosso

segundo filho, pois sempre foi desejo meu e de meu esposo termos dois filhos e bem próximos um do

outro.

Jaiane Dummer

Serei sincera com vocês de afirmar que não me recordo das turmas que trabalhei neste início do ano letivo

de 2010, pois em 20 de julho de 2010 nasceu nosso segundo filho e quase que eu dou à luz em um

seminário de educação que estava acontecendo em Chuvisca, mas tudo deu certo e eu o ganhei no hospital.

Neste ano, gozei minha licença maternidade até final de novembro e quando retornei para a escola, a

supervisora na época, achou melhor eu não assumir nenhuma turma, pois afinal de contas o ano letivo já

estava praticamente no fim e neste período fiquei nos “bastidores” da escola, ajudando no que fosse

necessário.

Assim, apenas em 2011 é que efetivamente fui professora durante o ano inteiro. Até o presente momento,

sempre tive turmas de matemática e de ciências. O que eu priorizava muito, e creio que isso é devido a

minha primeira experiência com aquela 5º série, era a questão do domínio da turma, de ter um bom

relacionamento com os alunos, que com o passar dos anos e com a experiência, fui conquistando essa

minha prioridade.

Então, nesta época já tinha conquistado meu espaço como professora entre os alunos, no sentido de não

ter mais problemas de disciplina com eles, mas ainda restava uma dúvida em relação a ser professora.

Jaiane Dummer

Lembro-me de uma formação que se deu dentro da escola. Uma psicóloga foi convidada para realizar

uma fala com os professores e, antes de começar sua fala ela perguntou: “Quem aqui é professora por

profissão e quem aqui é professora por vocação?” Na hora, todas se disseram professoras por vocação,

mas confesso que tive vontade, e era o que realmente eu sentia, em dizer que eu era professora por

profissão, que era professora não por vocação, mas porque foi a alternativa que a vida me deu, o que

eu tinha conseguido me tornar, mas sem ter a certeza de ser professora por vocação. Mas naquele

momento, tive vergonha de assumir isso perante as colegas de profissão, o que elas pensariam de

mim?

Mas essa incerteza continuou reinando em meu ser. Queria ter uma certeza em meu coração, mas o

que imperava era a dúvida. Lembro-me de assistir a uma palestra na Chuvisca de um professor que

disse: “- O que fazemos enquanto profissão precisa encantar os outros. Temos que fazer as pessoas

vibrarem com a nossa profissão! ” E eu tinha minhas dúvidas se eu causava esse efeito nos outros com

a minha profissão ou não. Neste dia este palestrante nos disse que fazia consultorias com professoras

e fazia a seguinte perguntas e elas: -“O que você faz que faz as pessoas vibrarem, que faz as pessoas

ficarem felizes? ” E ele relatou que uma dessas professoras que ele prestava consultoria, disse a ele

que todos vibravam com as bolachinhas que ela fazia, que quando ela as levava para a escola, todos

adoravam e queriam mais. Assim, essa professora largou essa profissão e hoje é dona de um negócio

próprio onde fabrica bolachas. E eu fiquei pensando – e o que eu faço que encanta as pessoas? Eu

ainda não tinha a resposta para essa pergunta.

Jaiane Dummer

Neste tempo também li um livro que dizia que “Deus deu uma mala para cada pessoa e que dentro dessa mala estavam as

ferramentas que precisamos para exercer nossa profissão.” E eu orava a Deus e pedia para que me mostrasse o que Ele tinha

colocado dentro da minha mala que eu ainda não sabia, e essa dúvida me angustiava.

Nesse tempo continuava com a incerteza e ministrando as minhas aulas da maneira que eu havia aprendido, de forma tradicional,

dando aulas e aplicando avaliações (provas). Mas uma questão me inquietava... a reclamação geral dos professores (e também

minha) em relação ao desinteresse dos alunos com os estudos e eu sempre dizia para minhas colegas e para mim mesma,

“precisamos fazer alguma coisa! ”

Muitas vezes estive envolvida com o grupo ambiental da nossa escola e não me lembro quem, um dia me disse que havia um

professor do IFSul (Instituto Federal Sul-rio-grandense, campus Camaquã) que estava à disposição da escola para qualquer coisa

que precisássemos. E eu estava precisando de alguém para ministrar uma palestra para os alunos sobre água, tema gerador daquele

ano do grupo ambiental. Assim, entrei em contato com o professor Josué Michels que prontamente atendeu a minha solicitação e

realizou a palestra na escola. A minha supervisora conhecia esse professor, pois haviam estudado na mesma universidade e assim

fizemos uma parceria entre o professor Josué e nossa escola, onde ele realizou uma formação com os alunos na temática da

sexualidade.

Jaiane Dummer

Passado algum tempo, este professor organizou um curso de Especialização no ensino de ciências –

Educar pela pesquisa no IFSul e convidou-me para cursá-lo. Assim, eu me inscrevi. Para o egresso

nessa especialização eram considerados os títulos e a elaboração de uma carta de intenções sobre o

que esperávamos do curso e quais experiências tínhamos com pesquisa na escola. Confesso, que a

experiência de pesquisa mais real que eu tive na escola foi com o grupo ambiental, onde desenvolvi

com três alunos uma pesquisa sobre o plantio direto e realizamos entrevistas com os produtores rurais

da região.

Essa formação foi um divisor de águas na minha vida! Recordo-me que no início do curso disse a uma

colega que já havia sido minha colega na graduação: “Com essa formação eu vou saber se eu sou ou

se eu estou professora! ”

E hoje eu posso afirmar que eu SOU professora e que dentro da minha mala tem livros, cadernos e

giz! E querem saber como eu tenho certeza disso?

Jaiane Dummer

Jaiane Dummer

Neste curso tive a oportunidade de conhecer e fazer muitas coisas, como por exemplo, ler um livro do Paulo Freire –

Pedagogia da autonomia. Você deve estar se perguntando: “Como uma professora com mais de 5 anos de profissão

nunca tinha lido Paulo Freire?” Mas é a pura verdade! Foi nesta especialização, no IFSul, a primeira vez que li uma

obra de Paulo Freire. Claro que já havia ouvido falar dele na graduação e em palestras, mas eu nunca havia lido

nada dele. E tem uma frase nesse livro que, quando eu a li, parece-me que caiu uma venda dos olhos. A frase é a

seguinte: “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua

construção”. Nossa! Quando li isso pensei – mas é isso que tenho feito, transmitir conhecimento e eu não podia mais

continuar fazendo isso.

Jaiane Dummer

Assim, nesta especialização, tive a oportunidade de conhecer a obra – Educar pela Pesquisa – de Pedro

Demo, onde ele defende que a pesquisa precisa ser atitude cotidiana da sala de aula e não algo que se faça

apenas dentro das universidades e em laboratórios. Que a pesquisa é uma das melhores maneiras de

ensinar, pois possibilita que o aluno produza e reconstrua seu conhecimento (assim como Paulo Freire tratou

em sua obra). Com isso, os atributos do professor e do aluno mudam. O professor não é mais o detentor do

conhecimento, mas sim um orientador do processo, alguém que aponta caminhos e o aluno passa de objeto

a sujeito da sua aprendizagem, tornando-se parceiro do professor nesta empreitada. Assim, fica fácil

entender a fala de Paulo Freira quando afirma que quem ensina, aprende e quem aprende, ensina. Antes

desse curso achava essa fala lorota, pensava “como vou aprender com meu aluno se é eu que estou

ensinando?” Mas hoje entendo o que Paulo Freire falava, pois através da pesquisa eu tenho a oportunidade

de aprender com meu aluno. E essa é uma das vantagens de trabalhar com a pesquisa dentro da sala de

aula, pois quando apenas transmitimos conhecimentos, ensinamos todos os anos a mesma coisa e não

temos a chance de aprender coisas novas, mas quando fazemos da nossa sala de aula, momento de

pesquisa, um leque enorme de possibilidades se abrem para novas aprendizagem, tanto do professor,

quanto do aluno.

Nesta especialização aprendi também que professor precisa estar sempre lendo. Antes dava a

desculpa que livros eram caros e como iria comprá-los se recebo pouco?! Mas percebi que livros

paradidáticos e que tratam da temática de educação não são livros caros, são livros acessíveis, que

custam o mesmo que outros livros que não falam de educação, como romances e livros de autoajuda,

que costumamos adquirir. Entendi o quanto é importante investir em minha profissão, adquirindo e

lendo esse tipo de literatura. Deixando de estudar apenas em livros didáticos. Não quero aqui

desmerecer essa ferramenta tão importante na vida do professor, só estou afirmando que é necessário

nos aventurar em outros tipos de leituras.

E falando em estudar em livros didáticos (o que continuo fazendo), também aprendi nessa

especialização que posso buscar outras fontes de pesquisa e estudo para o meu trabalho que é a

internet. Antes desse curso, usava a internet apenas para pegar exercícios e imagens, hoje uso esse

recurso de uma outra forma, acessando artigos em sites como da capes, repositórios de universidades

e revistas sobre educação. Nestas páginas tenho a oportunidade de entrar em contato com projeto e

ideias para a minha sala de aula, onde a prática está aliada com a teoria. E essa é outra verdade que

descobri na especialização. A prática precisa estar vinculada com a teoria. A realidade é a seguinte:

nós, professores de sala de aula, temos a prática e os professores universitários (na sua grande

maioria) tem apenas a teoria. O que precisamos fazer é aliarmos a teoria com a prática. Esse fato, nos

dá uma visão melhor de onde queremos chegar!

Jaiane Dummer

O trabalho final dessa especialização foi a produção de um artigo através da elaboração de um projeto na

perspectiva do educar pela pesquisa. No ano em que cursei essa especialização, estava lecionado apenas

a disciplina de matemática e eram com essas turmas que precisava desenvolver meu projeto. Foi um

desafio muito grande, pois trabalhar com a pesquisa nas aulas de ciências parecia mais fácil do que

trabalhar com pesquisa nas aulas de matemática. Lembro de ter comentado isso com o professor Josué

Michels que me disse o seguinte: “não é mais difícil é só diferente!”. Encarei o desafio e elaborei meu

projeto que teve como título: “Matemática e fumicultura: uma proposta pelo educar pela pesquisa”. E vocês

devem estar se perguntando, “por que fumicultura?” Bom, isto deve-se pelo fato de que onde leciono, o

cotidiano dos alunos perpassa pela produção de fumo, sendo o carro-chefe da economia do município onde

trabalho. E um dos pressupostos do educar pela pesquisa é valorizar o cotidiano do aluno. Assim, elaborei

temas que envolviam fumicultura e matemática e os alunos, através da pesquisa, solucionaram os

problemas relacionados a esses temas. Se vocês querem ver a trabalho na íntegra, basta acessar o site

abaixo:

Jaiane Dummer

http://www.pesquisanaescola.com.br/relato-de-experiencia-no-enem/

Jaiane Dummer

Esse trabalho foi uma maneira prática de trabalhar com o educar pela pesquisa.

Os professores da especialização sempre nos incentivavam para que publicássemos nossos artigos, assim submeti este trabalho no

ENEM (Encontro Nacional de Educação Matemática), onde foi aceito e eu tive a oportunidade de participar desse grande evento, ter

meu artigo publicado nos anais deste e ainda apresentá-lo. Foi uma experiência inédita, pois não havia participado de um evento de

tamanha magnitude e muito menos apresentado trabalho. De tudo que tive a oportunidade de ouvir nesse evento, fica evidente que

a pesquisa é uma das soluções para a educação. E fica a dica, é interessante investirmos em eventos como esse, pelo menos uma

vez ao ano participar desse tipo de formação, isso nos motiva e nos deixa em contato com o que está sendo feito por outros profissio

nais da nossa área. Nos deixa informados e atualizados.

Essa especialização também me possibilitou ingressar em um mestrado profissional na área de ensino de ciências e matemática,

onde tenho aprendido muito com os professores e com as leituras. Algo muito interessante que aprendi é que, segundo os escritos

do autor Maurice Tardiff, professor é a única profissão que a vivenciou por, pelo menos, 10 anos ou mais, pois quando éramos

alunos, já tínhamos a experiência do professor diante dos nossos olhos e querendo ou não esse fato ajuda na construção de

professores que somos hoje, ou seja, você, enquanto professor, carrega traços dos seus professores, quando você ainda era um

estudante no ensino fundamental. E sabe qual é a lição que eu tiro disso? Que se nós queremos mudanças na educação, essa

precisa começar conosco, pois se formos professores diferentes, os alunos que escolherem essa profissão, nos terão marcados

em sua memória como uma maneira diferente de ser professor e a mudança se dará de uma forma natural, pois ensinarão como

foram ensinados, sem transmissão de conteúdos mas sim construindo conhecimento.

Professor nunca pode parar de estudar e precisa se especializar sempre, pois essa profissão que

escolhemos pode até ser a mais difícil, mas também é a mais bonita!

E sabe como eu aprendi isso?

Com uma frase. E essa frase mexeu muito comigo para a tomada de decisão de SER professora!

Eu a ouvi de um pastor: “Se você quer ser feliz na vida, invista nas pessoas!”...

Quando eu ouvi isso, algo vibrou dentro de mim, por entender que a profissão que eu escolhi INVESTE

em pessoas, que essa é a melhor profissão para se investir nas pessoas, pois por nossas mãos

passam muitas vidas e a marca que eu quero deixar nesses alunos e a de ter investido em suas vidas,

mostrando a eles a capacidade que possuem de conhecer e de participar de uma maneira bela neste

mundo.

Todos esses fatos fazem com que hoje eu afirme que SOU PROFESSORA! E espero do fundo do meu

coração que você que leu essa história também afirme, não importando sua trajetória: “HOJE EU SOU

PROFESSOR!”

Jaiane Dummer