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resumo da história da interface gráfica
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A History of the GUI
Jeremy Reimer
p.2
Uma das primeiras pessoas a expressar essas ideias [desenvolver um computador com GUI]
foi Vannevar Bush. No início dos anos 1930 ele escreveu pela primeira vez sobre um
dispositivo chamado “Memex”, o qual ele imaginou como uma mesa contendo duas telas
gráficas com touch screen, com um teclado e um scanner acoplados. Ele permitiria que o
usuário tivesse acesso à todo conhecimento humano usando conexões similares a como
funcionam os hiperlinks. Naquela época, o computador digital ainda não havia sido inventado,
não havendo possibilidade de um dispositivo como esse funcionar de verdade, e a ideia de
Bush não foi amplamente lida e discutida.
No entanto, a partir de 1937 diversos grupos ao redor do mundo começaram a construir
computadores digitais. A Segunda Guerra Mundial forneceu a maior parte da motivação e
fundos para a produção de máquinas de calcular programáveis, para atividades desde calcular
as tabelas de tiros até descobrir os códigos secretos do inimigo. [...] Em 1945, Bush revisitou
suas ideias antigas em um artigo intitulado “Como Nós Podemos Pensar”, publicado na
Atlantic Monthly, e foi esse ensaio que inspirou um jovem Douglas Englebart a tentar e de
fato construir uma máquina do tipo.
p.3
Em 1962, Douglas publicou suas ideias em um ensaio seminal entitulado “Aumentando o
Intelecto Humano” Nesse artigo, Douglas defendeu que os computadores digitais poderiam
fornecer um método rápido de "aumentar a capacidade do ser humano de abordar uma
situação problemática complexa, a ganhar compreensão que sirvam às suas necessidades
particulares, e a criar soluções para os problemas". Ele imaginou o computador não como um
substituto ao intelecto humano, mas como uma ferramenta para aumentá-lo.
p.4
Douglas e sua equipe em crescimento trabalharam por anos para desenvolver as ideias e
tecnologia que finalmente culminariam em uma demonstração pública na frente de milhares
de profissionais da computação em 1968.
A mãe de todos os demos
A demonstração de Englebart foi uma extravagância multimídia: câmeras de televisão foram
treinadas para seu rosto e suas mãos, e as pequenas telas mostravam o que ele estava vendo.
As câmeras revezavam entre as três visões, mostrando com frequência mais de uma ao mesmo
tempo. Esse nível de demonstração foi necessário porque vários dos conceitos mostrados
eram completamente novos. O sistema foi chamado de NLS, ou oN-Line System, pois estava
também conectado entre múltiplos computadores.
O sistema de exibição foi baseado na tecnologia de gráficos vetoriais e podia mostrar ambos
texto e linhas sólidas na mesma tela. Por causa do espaço de memória limitado no computador
central, ele podia exibir apenas caracteres em caixa alta, embora as verdadeiras maiúsculas
fossem exibidas com o uso de uma linha curta horizontal acima das letras.
As mãos de Douglas operavam três dispositivos de entrada: um teclado padrão estilo máquina
de escrever, um teclado de acorde com cinco teclas (a combinação das cinco teclas poderia
produzir 25 ou 32 entradas separadas, o suficiente para todas as letras do alfabeto), e uma
pequena caixa retangular do tamanho de duas caixas de suco com três botões perto do topo,
conectada ao computador por um longo fio.
p.5
Esse foi o mouse inventado pelo próprio Douglas e construído por um de seus engenheiros.
[...] Mecanicamente ele era um pouco diferente do mouse moderno, onde suas duas rodas
conectadas ao potenciômetro interno rolavam diretamente na superfície da mesa, ao invés de
ser manipulada por uma única bolinha de mouse deslizando contra os rolos.No entanto, para o
usuário final ele operava praticamente igual ao mouse moderno. Outros dispositivos de
entrada foram testados (como telas sensíveis ao toque e canetas de luz), mas o teste com
usuários revelou que o mouse era a maneira mais natural de manipular um cursor na tela. Isso
continua verdadeiro até hoje.
Com a invenção do mouse veio a invenção do cursor do mouse, que nesse sistema era uma
seta do tamanho de um caractere, apontando para cima. Ela era chamada de "inseto" pela
equipe de Douglas, mas esse termo não sobreviveu ao uso moderno.
[...] A demonstração contou com links em hipertexto, edição de documentos em tela cheia,
ajuda sensível ao contexto, colaboração em documentos conectados, e-mail, mensagem
instantânea, e até mesmo uma vídeoconferência! [...] o NLS permitia a exibição de janelas
múltiplas, mas não existia uma maneira óbvia de indicar os limites entre elas (como bordas,
barras com títulos, etc.).
p.6
Douglas e sua equipe continuariam trabalhando nessas ideias revolucionárias até o
fechamento do instituto em 1989, devido à falta de financiamento. No entanto, nunca houve
dinheiro suficiente para transformar essas ideias em produtos comerciais. Esse trabalho foi
assumido por uma companhia que a maioria das pessoas associa com papel antiquado.
Xerox PARC
A alta gerência da Xerox, temendo o falecimento inevitável de sua companhia em um futuro
"sem papel", decidiu que era melhor eles se certificarem de que controlariam a nova
tecnologia. Eles formaram o Palo Alto Research Center, ou PARC, em 1970.
p.7
Uma das primeiras coisas inventadas [no PARC] foi a impressor à laser, um complemento
natural aos produtos da Xerox. Mas uma impressora desse tipo demandava uma maneira mais
gráfica de um computador preparar os documentos para impressão. Como não haviam
computadores desse tipo naquela época, o PARC inventou o seu. Ele foi chamado de Alto, e
foi completado pela primeira vez em 1973.
O Alto não era um microcomputador, apesar de, como tal, seus componentes de trabalho se
encaixarem em uma torre em uma torre de tamanho pequeno que cabia embaixo da mesa. Sua
característica mais marcante era seu display, que era do mesmo tamanho e orientação que uma
página impressa, com vários recursos baseados em rasterização, gráficos de bitmap com uma
resolução de 606x808. Cada pixel podia ser ligado e desligado de forma independente, ao
contrário dos outros terminais da época que só conseguiam exibir caracteres fixos de texto, e
ao contrário também do NLS, baseado em vetor, que só exibia texto e linhas retas. Ele
também possuía um teclado e uma versão moderna do mouse de Englebart, novamente com
três botões. O cursor do mouse se tornou uma imagem em bitmap, e pela primeira vez tomou
a forma de seta em diagonal que conhecemos hoje, bem como sua mudança para outros
formatos conforme a tarefa executada.
p.8
O primeiro software desenvolvido para o Alto foi deveras grosseiro, e apenas um pouco
gráfico. Por exemplo, o gerenciador de arquivos exibia listas de diretórios em duas colunas
envoltas por caixas, mas não existiam "janelas" como conhecemos hoje. Um processador
gráfico de palavras, chamado Bravo, foi desenvolvido para a exibição na tela de diferentes
fontes e tamanhos de texto ao mesmo tempo, mas possuía uma interface um pouco diferente,
com menus na parte inferior ao invés da parte superior. [...] Havia também um editor de
gráficos em bitmap que funcionava de maneira parecida que o atual Paint, mas também
possuía uma interface única e diferente das demais.
p.9
Os pesquisadores do PARC perceberam que precisavam de uma interface consistente para
novas aplicações, e para que isso acontecesse deveriam desenvolver um novo código visual.
Esse foi o Smalltalk, a primeira GUI moderna.
Smalltalk
O Smalltalk foi concebido como uma linguagem de programação e ambiente de
desenvolvimento tão fácil de seu usado que até mesmo uma criança poderia entendê-lo, e em
muitos aspectos foi bem sucedido em seu objetivo. O Smalltalk foi a primeira linguagem de
programação orientada a objetos, onde o código do programa e os dados poderiam ser
encapsulados em unidades individuais chamadas objetos que poderiam ser reutilizadas por
outros programas sem que houvesse a necessidade de saber dos detalhes de implementação do
objeto. Também possuía funcionalidades modernas parecidas com o Java, como o
gerenciamento da memória automática, o que diminuía um pouco o trabalho duro dos
programadores. O ambiente de desenvolvimento do Smalltalk foi também a interface que os
programas de Smalltalk rodavam, e introduziram muitos os conceitos modernos de GUI.
Começou a ganhar forma em 1974 e foi continuamente atualizada e melhorada.
O Smalltalk era um ambiente de desenvolvimento gráfico [...], mas também era o ambiente
onde ele rodava. [...] O usuário abriria o Smalltalk pelo gerenciador de arquivos como um
programa normal, mas quando ele era aberto ele assumia totalmente a maneira como o
ambiente do Alto era apresentado.
p.10
As janelas individuais no Smalltalk eram limitadas por uma borda, e se destacavam sobre o
padrão cinza do background sobre o qual ficavam.Todas possuíam uma barra de título no
topo, que podiam ser utilizadas para identificar a janela e movê-las pela tela.
p.11
[...] As janelas poderiam se sobrepor a outras janelas na tela, e a janela selecionada era
movida para o topo da "pilha". O conceito de "ícones" também foi inventado nessa época –
pequenas representações icônicas de programas ou documentos que poderiam ser clicadas
para abrí-los ou manipulá-los. Os menus popup também foram inventados ao mesmo tempo –
o usuário poderia clicar um dos botões do mouse e menus gráficos e hierárquicos baseados na
tarefa executada apareceriam na última posição do cursor do mouse. Também aparecendo
pela primeira vez estavam as barras de rolagem, os botões redondos e as caixas de diálogo.
A combinação do Smalltalk com o Alto foi essencialmente um computador pessoal moderno
com uma GUI muito similar às que utilizamos hoje em dia. Os Altos possuíam rede e podiam
enviar e receber e-mails entre si, parecendo ideais para um ambiente de escritório. Grande
parte da equipe do PARC queria que a Xerox produzisse para o mercado o novo Alto III, com
o custo reduzido (o Alto original nunca esteve disponível para venda), mas a administração da
Xerox recusou a ideia.
p.12
Apple
O trabalho no computador de próxima geração Lisa da Apple, que começou como um
computador de comando tradicional baseado em texto para uso empresarial, foi transformado
pelo fluxo de funcionários do PARC. Seteve jobs se tornou um convertido à religião da GUI
quando seus funcionários conseguiram um tour pelas instalações do PARC. O Lisa se
tornaria, a partir de então, um computador gráfico, mas o design da interface ainda não havia
sido definido.
Vários protótipos diferentes para a interface do Lisa foram montados com base no Apple][I,
incluindo uma interface baseada em tarefas chamada de "Twenty Questions" [...] e um
navegador de arquivos de quatro colunas similar ao que apareceu no Smalltalk e reapareceria
mais tarde no NeXTstep e no Mac OSX. a equipe do Lisa eventualmente definiu uma
interface baseada em ícones onde cada ícone indicava um documento ou uma aplicação, e
desenvolveu a primeira barra de menu pull-down, onde todos os menus apareciam no topo da
tela.
p.13
Outras inovações da equipe do Lisa incluíam a ideia de marcadores ao lado de itens do menu
selecionados, e o conceito de atalhos no teclado para os comendos do menu mais frequentes.
O Lisa também mudou algumas convenções do PARC, como evitar barras de rolagem
proporcionais em tamanho para alturas fixas, e adicionando novas convenções, como a lata de
lixo para arrastar itens a serem deletados, e a ideia de "acinzentar" as opções de menu que não
estavam disponíveis no momento. O mouse de três botões, que foi alterado para dois botões
no Star pela simplicidade, foi simplificado ainda mais e possía apenas um botão no Lisa.
Como a interface requeria pelo menos duas ações para cada ícone (selecionar e abrir) o
conceito de duplo clique foi inventado para proporcionar essa funcionalidade. O duplo clique
se tornaria mais tarde uma maneira padrão de todas as GUIs abrirem um programa, até
mesmo aquelas que possuíam um mouse com dois botões.
A interface do Lisa inventou outros conceitos de GUI que utilizamos até hoje. Enquanto o
Smalltalk e o Xerox Star possuíam ícones que representavam arquivos, a interface do Lisa foi
a primeira a ter a ideia de ícones que poderiam representar todos os arquivos no sistema de
arquivos, que poderia depois ser navegado através de ums estrutura de diretório hierárquica
onde cada diretório abriria em uma nova janela. A ideia do "arrastar e soltar" também foi
inventada nessa época, e o conceito de utilizar o arrastar e soltar para manipular arquivos (por
exemplo, selecionar um grupo de arquivos com o mouse e então arrastá-los para uma nova
pasta para copiá-los) foi naturalmente desenvolvida desse conceito. Menos visível, mas ainda
assim importante para a interface foi a ideia de "bifurcações de recursos", que incorporava
informações sobre um arquivo separadamente do arquivo em si, e a ideia de "clategorias de
criador" significava que cada arquivo poderia ser delegado a uma aplicação que iria abrir
quando o usuário desse um duplo clique sobre aquele arquivo.
O trabalho no Lisa começou em 1979 mas o computador não foi lançado até 1983. Apesar de
suas características avançadas, o preço de US$10,000 e a dificuldade de escrever softwares
para a nova máquina limitou suas vendas. Uma versão mais barata e com menos
funcionalidades do Lisa foi necessária, e essa tarefa caiu sobre o próprio Steve Jobs. Seu
projeto Macintosh alcançou a meta de ser um computador gráfico de baixo custo, possuindo
uma uma tela pequena e monocromática de 9 polegadas (512x384px), uma meória de 128
kilobytes, não era multitarefa e não possuía a opção de trocar deum programa para outro, e
possuía apenas uma unidade para disquete. [...] Ele manteve a maior parte das funcionalidades
da GUI do Lisa, e compartilhava até mesmo alguns códigos de nível inferior, mas o software
operacional foi escrito do princípio para que servisse no pouco consumo de memória.
p.15
Outras GUIs durante os anos 1980
VisiOn
[...] era bastante desajeitado, utilizando o modo gráfico monocromático CGA (640x200px) e
era muito mais baseado em texto do que as outras GUIs. Por exemplo, ele não utilizava
nenhum ícone, requerindo que o usuário clicasse em rótulos de texto para iniciar programas
ou trabalhar com documentos. Ele não utilizava fontes proporcionalmente espaçadas, como o
Alto, o Star, o Lisa e o Macintosh possuíam; ao invés disso, todos os caracteres possuíam uma
largura fixa. Ele inclusve abandonou o cursor diagonal de mouse, voltando para 1968 e
utilizando um cursor vertical!
Windows 1.0
No geral, o VisiOn era desajeitado e um fracasso, mas seu mero anúncio inspirou Bill Gates a
surgir com um produto para competir com ele, chamado inicialmente de Interface Manager,
mas sendo renomeado mais tarde para um nome mais familiar ao Windows. Anunciado em
1983, as primeiras capturas de tela pareciam com um cruzamento entre o VisiOn e o
Microsoft Word para a interface DOS [...], mas quando foi lançado em 1985 ele possuía cores
e todos os ornamentos comuns à uma GUI, como barras de rolagem, controle de janelas,
widgets e menus [...].
p.16
Outra saída utilizada foi o uso de janelas em mosaico, ao invés de janelas que se
sobrepunham. Essa decisão foi tomada pelas mesmas pessoas da Xerox PARC que decidiram
deixar as janelas em mosaico no Star para evitar que o usuário se confundisse, mas Bill Gates
não gostou muito e todas as versões futuras do Windows possuíam o modelo de janelas que se
sobrepunham.
p.17
Tandy DeskMate
A Tandy Computers lançou a primeira versão de suas próprias GUIs em 1984. Chamada de
DeskMate, ela foi projetada para ser usada primeiramente com o teclado, utilizando teclas de
função como atalhos para menus, e não possuía janelas que se sobrepunham. Era difícil de ser
utilizada e não alcançou muito sucesso além de acompanhar os PCs da Tandy por alguns
anos.
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GEM
No final de 1985 a Digital Research apresentou o GEM, uma GUI em janelas para o DOS, e
também para o novo computador ST do Atari que foi lançado no mesmo ano. O GEM era
bastante similar à GUI do Lisa/Macintosh, tão similar que a Apple processaria a Digital
Research, resultando que a versão de PC sofreu alterações severas. Estranhamente, a versão
para Atari foi permitida e continuou intocada. Ela também utilizava uma única barra de menu
no topo da tela.
Amiga Workbench
[...] Possuía algumas novas ideias, como a possibilidade de mover janelas para cima e para
baixo na "pilha", e a habilidade de selecionar, mover e trabalhar em uma janela sem
automaticamente trazê-la para a frente. Possuía também uma única barra de menu no topo que
normalmente era escondida da visão do usuário e ativada utilizando o botão direito do mouse.
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GEOS
Em 1986 a Berkeley Softworks lançou o GEOS, uma GUI parecida com o GEM para
computadores mais antigos como o Commodore 64 e o Apple ][. Mais tarde ele foi levado ao
PC com o nome de GeoWorks e por um breve período de tempo se tornou um concorrente do
Microsoft Windows.
p.20
Mais GUIs dos anos 1980
Windows 2.0
O Windows foi atualizado para a versão 2.0 no final do ano de 1987, abandonando as janelas
em mosaico em favor do atual modelo tradicional de janelas que se sobrepunham. Esse
lançamento, juntamente com os softwares de aprimoramento vendido pela HP chamado
NewWave, fez com que a Apple processasse a Microsoft pela "olhar e sentir" de sua GUI. A
Apple acabou perdendo a causa, embora a HP já tivesse retirado o NewWave do mercado
naquela época.
Acorn
Também em 1987, a companhia do Reino Unido Acorn Computers introduziu sua primeira
GUI juntamente com o que era o primeiro microcomputador baseado em RISC com 32 bits, o
Acorn A305/A310. Essa GUI utilizava barras de rolagem com tamanho proporcional e
introduziu um novo conceito: uma "Doca" ou prateleira na parte inferior da tela onde haviam
atalhos para abrir programas utilizados frequentemente e onde ferramentas poderiam ser
mantidas. A GUI, chamada de "Arthur", também foi a primeira a contar com um monitor anti-
aliased de fontes na tela, e até mesmo um modo com 16 cores!
p.21
É importante notar que a maioria das GUIs lançadas na medade dos anos 80 parecia usar
fontes de largura fixa, como o GEM, o Windows 1.0, o Amiga Workbench e o Arthur. Na
verdade todas essas GUIs suportavam o uso de fontes com espaçamento proporcional em suas
aplicações, mas utilizam fontes de largura fixa no sistema (menus e etiquetas de ícones) por
uma questão de clareza. A razão para isso era por causa da baixa resolução das telas de
exibição (geralmente de 640x200px) dos hardwares daquele tempo. Até mesmo o Macintosh,
com sua resolução vertical maior de 384px, possuía uma fonte de sistema especialmente
projetada (Chicago) que era fácil de ler, mesmo quando estava "acinzentada" como uma
opção não disponível do menu. Conforme as resoluções de tela aumentavam, as GUIs
geralmente migravam para fontes espaçadas proporcionalmente, até mesmo para textos
padrão de sistema.
NeXTSTEP
1988 viu o lançamento do NeXTSTEP, a nova GUI e sistema operacional para o computador
NeXT de Steve Jobs, seu primeiro projeto grandioso após deixar a Apple em 1985. O
NeXTSTEP introduziu uma aparência 3D chanfrada e afiada para todos os componentes da
GUI, foi a primeira a utilizar o "X" para indicar a ação de fechar janela, e introduziu a ideia de
uma tira de menu vertical no canto esquerdo superior, que poderia também ser "arrancado"
em qualquer ponto para que o usuário pudesse deixar menus específicos em qualquer ponto da
tela.
p.22
O NeXTSTEP também possuía um Dock que poderia estar em qualquer lado da tela (mas por
padrão estava localizado no lado direito).
p.23
OS/2
Também em 1988 veio a primeira versão gráfica do OS/2, um projeto criado para substituir o
DOS que era (na época) um esforço colaborativo entre a IBM e a Microsoft. O OS/2 1.0 era
somente textual, mas a versão 1.1 veio com uma GUI conhecida como Gerenciador de
Apresentação. Era visualmente parecido com o Windows 2.0.
O X marca o local
Antes do final dos anos 80, novas GUIs começaram a aparecer nas estações de trabalhos Unix
manufaturadas pela AT&T e Sun (Open Look) e DEC e HP (Motif Open Software
Foundation ou OSF). Elas rodavam no topo de uma arquitetura em janelas conectadas
conhecida como X, que mais tarde seria a base para as GUIs no Linux. Essas eram GUIs
simples que tentavam imitar a aparência do Microsoft Windows mas ainda permitiam o
acesso ao poder da embaixo da shell do Unix. O X também introduziu uma nova ideia de GUI
onde meramente movendo o cursor do mouse sobre uma janela a ativaria automaticamente e
permitiria que o usuário digitasse nela.
p.24
O objetivo inicial do X Window System (que foi inventado no MIT em 1984) foi apenas para
fornecer a estrutura para a exibição de vários shells de comando e um relógio em um único
monitor grande na estação de trabalho. A filosofia do X era "separar política e mecanismos" o
que significava que ele iria lidar com pedidos básicos de gráficos e janelas, mas deixaria a
aparência geral da interface para o programa individual.
p.25
Os anos 1990 e seguintes
No início dos anos 90, a popularidade de outras plataformas de computadores pessoais caiu
drasticamente, deixando apenas o Windows e o Macintosh como sobreviventes da guerra das
GUIs.
Windows
O Windows alcançou um nível de popularidade sem precedentes com o lançamento da versão
3.0 em 1990 e a 3.1 em 1992. Enquanto não possuía muitas das funcionalidades do Macintosh
(como o gerneciamento de arquivos baseado em ícones), ele era forte e possuía ícones com
boa aparência, vendendo milhões de cópias. O lançamento do Windows 95 cimentou a
liderança da Microsoft na venda de GUIs, tornando-se um dos programas mais populares de
todos os tempos.
p.26
OS/2 nos anos 1990
A popularidade do Windows 3 e a baixa nas vendas do OS/2 causou uma divisão entre a IBM
e a Microsoft sobre o futuro de ambos os produtos. A IBM assumiu todo o desenvolvimento
futuro do OS/2 e deixou o Windows com a Microsoft. Em 1992, a IBM lançou uma nova
versão do OS/2, 2.0, com uma novíssima interface chamada Workplace Shell. A Workplace
Shell pegou algumas ideias do NeXTSTEP (as quais a IBM licenciou da NeXT mas nunca
tinha usado) e contava com a possibilidade de mudar a aparência da interface arrastando e
soltando ícones, fontes e cores de fundo em praticamente qualquer lugar do desktop.
O OS/2 2.0 também possuía a habilidade, graças ao contrato de licença com a Microsoft, de
rodar uma cópia embutida do Windows 3.1 em uma máquina virtual. Isso permitia ao usuário
rodar as aplicações do Windows 3.1 tanto em tela cheia como em uma janela dentro do
desktop do OS/2 [...].
p.27
BeOS
Apesar dessa aparente homogeneização das interfaces de software, ainda havia espaço para a
inovação. O Windows 95 introduziu o conceito de Menu Iniciar, por onde todos os programas
poderiam ser abertos, e a Barra de Tarefas onde todos os programas abertos poderiam ser
alternados entre si. O BeOS, introduzido como parte do computador BeBox em 1995 e como
um sistema operacional para o PC em 1998, introduziu a ideia de "Agrupamento da Barra de
Tarefas" onde as tarefas eram classificadas por tipo de aplicação, então cada documento
carregado em um processador de texto poderia ser encontrado em um submenu abaixo
daquele processador de texto. O BeOS também acrescentou a ideia da barra de título parecida
com o Smalltalk, permitindo ao usuário movê-la para a esquerda ou para a direita ao longo da
parte superior da janela, de modo que as aplicações de fundo ainda ficassem visíveis.
p.28
Mac OS X e Aqua
A Apple não ficou parada, desenvolvendo sua nova GUI chamada Aqua para seu novo
sistema operacional Mac OS X, um resultado da junção com a NeXT e em seu núcleo uma
nova versão no NeXTSTEP. O Aqua introduziu a ideia de uma GUI onde cada janela era
armazenada duplamente na memória, de forma que qualquer redesenho acontecesse fora da
tela e não fosse visível [...].
O Aqua também introduziu diversas funcionalidades agradáveis ao olhar como a minimização
animada das janelas, e o conceito de "folhas" onde uma caixa de diálogo parece surgir em
zoom de sua aplicação em anexo. Na última versão do OSX da Apple, uma nova
funcionalidade chamada Expose fez uma reviravolta na maneira de trocar de aplicações,
crescendo e encolhendo cada janela de aplicação aberta para que ela se ajustassem todas em
uma tela.
p.29
Conclusões
A história do desenvolvimento das GUIs é uma longa e complicada história. Enquanto é fácil
encontrarmos indivíduos como Douglas Engelbart e Alan Kay, que fizeram grandes
contribuições para o avanço do estado da arte, a verdadeira história é que as GUIs foram
desenvolvidas por diversas pessoas durante um longo período de tempo. Dizer que "a Apple
inventou a GUI" ou "a Apple roubou a ideia da PARC" é excessivamente simplista, e dizer
que a "Xeroz inventou a GUI" também. Na verdade, cada equipe emprestou livremente de
todas as GUIs que foram criadas no passado, adicionando suas contribuições únicas, e
pavimentando o caminho para que outras equipes evoluíssem no futuro.
Muitas pessoas consideram que as GUIs estão estagnada, com pequenas diferenças em seu
desktop, janelas, mouse, ícones e cursos do Lisa original de 1983. Em alguns aspectos isso
ocorreu porque as pessoas ficaram familiarizadas com o estilo de interface gráfica do
Lisa/Macintosh e projetos futuros alavancaram essa familiaridade. No entanto, dada a
extremamente longa gestação das GUIs do seu mais humilde início, e considerando que as
vendas dos cumputadores pessoais aumentaram exponencialmente apenas na metade dos anos
1990, é provavelmente mais acertado assumir que as GUIs estão evoluindo lentamente para a
interface ideal.
p.30
Enquanto foram feitas algumas tentativas [...] de mudar radicalmente a maneira que
interagimos com uma GUI, as chances desses tipos de mudanças serem implementadas
amplamente nas GUIs parece remota.
No entanto, conforme olhamos para a frente para Longhorn e as futuras versões do Mac OS
X, nós podemos ver que apesar de muitas das funcionalidades centrais da GUI permanecerem
inalteradas deste deu lançamento, o potencial para adicionar novas funcionalidades e maneiras
de interação permanece ilimitado.